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Centro Universitário de Excelência BARBARA ROCHA FRANCA ESTHEFANNY SOUSA GUILHERME FERREIRA MAGALHÃES LUISE SANTOS DE OLIVEIRA MARIA EDUARDA OLIVEIRA EVANGELISTA MILENA SANTOS DE MENEZES YASMIN DE JESUS OLIVEIRA YURI BELÉM SILVA EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS POLÍTICAS DE SAÚDE NO BRASIL Jequié Abril - 2025 SUMÁRIO •Ações Sanitárias de 1500 até o primeiro Reinado. •Era Vargas (1930 a 1945): O início da previdência social e a centralização da saúde. •Governo de Eurico Gaspar Dutra •Saúde: Era Vargas(1951-1954) e Juscelino Kubitschek (1956-1961) •Regime Militar(1960) •Criação das Leis nº 8080 e nº 8142 •COMO SURGIU O SUS- E COMO ERA ANTES DO SISTEMA https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm Títacoesulo AÇÕES SANITÁRIAS DE 1500 ATE O PRIMEIRO REINADO Durante o período conhecido como “Brasil Colônia”, os indivíduos relacionavam as doenças existentes com castigos divinos, os quais estavam diretamente ligados à religião. Em decorrência disso, é verídico dizer que o curandeirismo era o principal modelo de saúde. Assim, os pajés, físicos, boticários e cirurgiões-barbeiros desenvolviam práticas de saúde através da manipulação de plantas, uso de banhos, inalação de vapores e outras técnicas. Além disso, com a vinda dos padres jesuítas ao Brasil, surgiram as primeiras Santas Casas de Misericórdia, em Santos (1543) e em Salvador (1549). Em 1808, com a chegada da Família Real ao Brasil, instituíram-se, no país, políticas médicas de intervenção na condição de vida e saúde da população, com ênfase na vigilância e controle de epidemias. SAÚDE PUBLICA NO BRASIL IMPÉRIO Em 1822, teve início, no Brasil, o período imperial, com a proclamação da independência por Dom Pedro I. Sob esse viés, nessa época, houve avanços na saúde, como a criação de faculdades, órgãos criados para fiscalizar a saúde pública, medidas de saneamento básico e, também, iniciou-se a fase da Era Bacteriológica. PRIMEIRA REPÚBLICA (1889-1930): SAÚDE E O ESTADO HIGIENISTA Em decorrência do crescimento industrial no Brasil, as cidades industriais passaram a concentrar muitas pessoas e, por causa disso e da falta de saneamento básico, começaram a ocorrer epidemias de doenças. Para exemplificar, casos de enfermidades como a varíola, a malária, a febre amarela e a peste eram frequentes nas grandes cidades, como o Rio de Janeiro. Por conseguinte, ações sanitaristas começaram a ser elaboradas, com a criação da Diretoria Geral de Saúde Pública (DGSP), a qual foi desenvolvida pelo decreto n.º 2.449, de 1.º de fevereiro de 1897, e regulamentada pelo decreto n.º 2.458, de 10 de fevereiro de 1897. Suas atribuições principais foram as seguintes: direção dos serviços sanitários dos portos marítimos e fluviais, fiscalização do exercício da medicina e farmácia, estudos sobre doenças infectocontagiosas, organização de estatísticas demográfico-sanitárias e auxílio às unidades da federação, mediante solicitação de seus governantes, em situações especiais, como epidemias. REFORMAS SANITÁRIAS DE OSWALDO CRUZ Oswaldo Cruz foi um médico sanitarista brasileiro que teve papel fundamental no combate a epidemias como cólera, peste bubônica, febre amarela, varíola e malária no Brasil. Em 1900, participou da criação do Instituto Soroterápico Federal, que futuramente se tornaria a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e também esteve envolvido com o Instituto Serumtherápico, atual Instituto Butantan.Assumiu a Diretoria Geral de Saúde Pública em 1903, onde reformulou o Código Sanitário e promoveu grandes reestruturações nos órgãos de saúde. Durante a campanha de vacinação contra a varíola em 1904, enfrentou forte resistência popular, o que culminou na Revolta da Vacina. Apesar disso, seu trabalho ajudou a consolidar a ideia da vacinação como um bem coletivo. Após deixar o cargo em 1909, passou a se dedicar ao Instituto de Manguinhos, onde promoveu campanhas de erradicação da febre amarela no Pará, saneamento da Amazônia e combate à malária. Ingressou na Academia Brasileira de Letras em 1913 e foi eleito prefeito de Petrópolis pouco antes de falecer, em 1917, aos 44 anos, por insuficiência renal. EXPANSÃO DA SAÚDE PÚBLICA PARA O INTERIOR: CAMPANHAS CONTRA DOENÇAS ENDÊMICAS Na Primeira República, o Brasil passou por um período em que foi necessário adotar providências para prevenir surtos de doenças endêmicas no país, sendo elas: malária, doença de Chagas e ancilostomose. Essas doenças eram predominantes nas áreas rurais, o que gerou uma preocupação maior com a saúde pública brasileira. A ancilostomose chamou a atenção do mundo no início do século XX e deu origem aos primeiros planos sistemáticos de controle para uma endemia em larga escala. Depois de um tempo, passou a ser vista com pouca importância, pois já haviam surgido medicamentos anti- helmínticos eficazes, além do desenvolvimento dos países mais ricos, o que reduziu a propagação da ancilostomose. A redescoberta da doença ocorreu em 1637, quando o médico holandês Piso acompanhava o governador Maurício de Nassau durante uma epidemia, na qual as pessoas apresentavam desconfortos intestinais, anemia e, às vezes, hidropsia, condição muito comum entre os escravizados. Em 1838, Dubiniencontrou o parasita nos intestinos de uma mulher falecida de pneumonia, identificando-o como Ancylostoma duodenale. Após encontrá-lo em outras autópsias, passou a realizar pesquisas sistemáticas. Desde então, a saúde pública precisou agir para monitorar os casos de ancilostomose no país, iniciando campanhas educativas e medidas de prevenção. A doença de Chagas recebeu esse nome em homenagem ao médico e pesquisador brasileiro Carlos Chagas, que a descobriu em 1909. As primeiras observações ocorreram em 1907, quando Chagas foi enviado a Lassance, no norte de Minas Gerais, para combater a malária entre os trabalhadores da Estrada de Ferro Central do Brasil. Lá, ele obteve conhecimento sobre o barbeiro, oinseto que estava se popularizando por atacar o rosto das pessoas enquanto dormiam. Ao examinar o inseto, Chagas encontrou um novo parasita, que chamou de Trypanosoma cruzi. Ele percebeu que as pessoas infectadas por esse parasita apresentavam febre prolongada, fortes dores de cabeça, feridas na região da picada, mal-estar, falta de apetite, entre outros sintomas. Em 22 de abril de 1909, o médico sanitarista Oswaldo Cruz anunciou à Academia Nacional de Medicina a descoberta da nova doença: a tripanossomíase americana, conhecida como doença de Chagas. Ainda não existe vacina contra a doença, mas há diversos meios de prevenção. A malária, muitas vezes utilizada como exemplo de fracasso, foi, na verdade, um sucesso enquanto campanha de controle, ainda que tenha ficado longe da meta da erradicação. Quando o Brasil iniciou ações sistemáticas de controle da malária, no início da década de 1950, a imensa maioria dos casos ocorria fora da região Amazônica, que era até então despovoada. Ao longo de vinte anos, a malária foi eliminada da região costeira do país e das áreas urbanas, restando apenas alguns focos remanescentes. FOCO NA SAÚDE URBANA: POLÍTICAS VOLTADAS PARA A MODERNIZAÇÃO DAS CIDADES, MAS NEGLIGÊNCIA DAS ÁREAS RURAIS Mais da metade dos habitantes da Terra vive nas cidades, o que faz com que o território urbano aumente cada vez mais. Consequentemente, esses espaços ficam mais modernos em diversos aspectos, principalmente no que se refere à saúde urbana. Atualmente, existem diversos meios de promover uma saúde de qualidade aos moradores dessas áreas, como campanhas contra endemias, oferta de saneamento básico e ações individuais, por exemplo, lavar as mãos com frequência, realizar exames de rotina, manter as vacinas em dia, entre outros cuidados. No entanto, mesmo com esses avanços, algumas localidades ainda sofrem mais do que outras, como é o caso das áreas rurais. Muitas vezes, essas regiões carecem de infraestrutura básica, incluindo o saneamento. Essa negligência pode contribuir para o surgimentoe a propagação de certas endemias nessas áreas, refletindo o descaso com regiões que deveriam receber atenção igualitária. COMO SURGIU O SUS- E COMO ERA ANTES DO SISTEMA Criado há mais de três décadas, o SUS representou uma grande mudança no sistema de saúde brasileiro 27 de janeiro de 2021 O Sistema Único de Saúde (SUS), vezes defendido e vezes alvo de intensos debates, trata milhões de brasileiros todos os anos. Com origem na década de 1980, é considerado um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo, sendo o único a ‘garantir assistência integral e completamente gratuita’, conforme informações da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais. A criação do SUS Conforme documentado pela secretaria, a origem do SUS remonta a 1988 quando foi assinada a Constituição Federal Brasileira – até hoje vigente. No artigo 196 do texto consta que: “a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem a redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. O SUS disponibiliza à população todas as vacinas consideradas necessárias pela OMS / Crédito: Pixnio Mesmo antes de a Constituição assegurar o direito à saúde, vários grupos que integravam o movimento sanitário idealizaram e lutaram nos anos 70 e 80 por um sistema público de saúde. E foi assim, desde de o mês de setembro de 2000, que o SUS passou a ser administrado a partir de recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados e dos Municípios. Antes do SUS Conforme informa o site do médicoDrauzio Varella, antes do SUS ser criado, a saúde pública era liderada pelo Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social (Inamps), criado em 1977. Contudo, esse sistema não fornecia acesso universal à saúde, pois somente quem trabalhava em empregos formais e contribuíam com a Previdência Social eram atendidos. Agência do Inamps na década de 1960 / Crédito: Divulgação/ Acervo Xico Tebaldi De acordo com o médico sanitarista e mestre em saúde pública Hêider Aurélio Pinto, o Inamps surgiu pela pressão das grandes companhias, que não queriam que seus funcionários perdessem dias de trabalho por motivo de doença. O sistema era mantido tanto pelo governo, quanto pelo empregador e também pela população. As pessoas que não se encaixavam na categoria exigida tinham de buscar o sistema privado ou mesmo instituições como as Santas Casas de Misericórdia e os hospitais universitários, que realizavam atendimento gratuito. O número dessas instituições, no entanto, era muito pequeno para a demanda. Assim, foi com a criação do SUS que a saúde passou a ser universal e pensar no brasileiro como um ser humano e não uma máquina. Sede Institucional da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia, em São Paulo / Crédito: Wikimedia Commons Serviços Assim, o Programa Nacional de Imunização (PNI), promovido pelo SUS, é responsável, por exemplo, por 98% do mercado de disponibilização de vacinas em solo brasileiro. É através desse sistema que o Brasil disponibiliza gratuitamente todas as vacinas indicadas pela OMS para combater diversas doenças no país. Através do SUS, o Brasil também conta com o maior sistema público de transplante de órgãos do mundo. Dados divulgados em 2019 pelo Ministério da Saúde indicam, por exemplo, que 96% dos procedimentos médicos de transplante são realizados através do sistema de saúde. Além disso, o sistema também oferece assistência gratuita para os brasileiros vítimas de HIV e também àqueles que possuem problemas renais crônicos, tuberculose, hanseníase e câncer. https://redetb.org.br/como-surgiu-o-sus-e-como-era-antes-do-sistema/blog-details.html https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/almanaque/o-sistema-de-saude-publico-brasileiro-antes-do-sus.phtml https://www.saude.mg.gov.br/component/gmg/story/7152-sus-27-anos-transformando-a-historia-da-saude-no-brasil#%3A~%3Atext%3DO%20SUS%20foi%20criado%20em%2Ca%20toda%20a%20popula%C3%83%C2%A7%C3%83%C2%A3o%20brasileira.%26text%3DJ%C3%83%C2%A1%20em%201990%2C%20o%20Congresso%2Cpreceitos%20que%20seguem%20at%C3%83%C2%A9%20hoje. https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/galeria/historia-foto-constituicao-de-1988-ulysses-guimaraes.phtml https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/CON1988_05.10.1988/art_196_.asp https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/historia-hoje/fim-dieta-paleolitica-saude-ciencia-arqueologia.phtml https://drauziovarella.uol.com.br/saude-publica/antes-do-sus/ https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/historia-hoje/patroa-e-condenada-por-manter-empregada-durante-35-anos-em-condicoes-analogas-a-escravidao.phtml https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/historia-hoje/historia-greve-contra-reforma-da-previdencia-para-cidade-de-paris-nesta-sexta-feira.phtml https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/coronavirus/para-vice-diretora-da-oms-brasileiros-nao-serao-vacinados-em-massa-contra-covid-19-em-2021.phtml REFORMA SANITÁRIA BRASILEIRA No início da década de 1970, surgiu o movimento da Reforma Sanitária Brasileira, uma mobilização social que se opunha à Ditadura Militar e buscava não apenas melhorias no sistema de saúde, mas também melhores condições de vida para os cidadãos brasileiros. A expressão "Reforma Sanitária" passou a ser utilizada para se referir ao conjunto de ideias e propostas de mudanças estruturais na área da saúde pública. Como consequência desse movimento, consolidaram-se propostas que resultaram na universalização do direito à saúde, oficializada pela Constituição Federal de 1988, com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS). Esse avanço só foi possível graças à atuação de grupos de médicos, sanitaristas e outros profissionais da saúde pública, que integraram discussões políticas com o objetivo de transformar o modelo de atenção à saúde no país. AVANÇOS NA SAÚDE: A Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde, realizada em Alma-Ata (1978), resultou em acordos entre os países, incluindo o Brasil, com o objetivo de promover melhorias no campo da saúde. É importante destacar alguns princípios estabelecidos, como o reconhecimento da saúde como um direito humano fundamental, a valorização do bem-estar físico, mental e social, a existência das desigualdades em saúde, a importância da participação comunitária e a responsabilidade governamental na garantia desse direito, entre outros aspectos essenciais para a consolidação de uma saúde coletiva equitativa. Além disso, outros fatores foram fundamentais para o avanço da saúde no Brasil, como a criação da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO) em 1979, da Associação dos Médicos Sanitaristas, da Associação Paulista de Saúde Pública, e o surgimento de diversas organizações de profissionais da área, como o Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (CEBES). Sob esse viés, essas associações são consideradas movimentos sociais, pois atuam na luta por um sistema de saúde mais justo. VIII CONFERÊNCIA NACIONAL A Conferência Nacional de Saúde é principal espaço democrático para a construção de políticas públicas de saúde no Brasil. Com a participação da sociedade civil e representantes do governo, o fórum é organizado com a finalidade de avaliar, planejar e fixar ações e diretrizes que melhorem a qualidade dos serviços de saúde pública, proporcionando melhor qualidade de vida para toda a população. A 8ª Conferência Nacional de Saúde (CNS) é considerada um marco na história das conferências e para a saúde pública no Brasil. Realizada em 1986,foi a primeira Conferência Nacional da Saúde aberta à sociedade e seu relatório final serviu de base para o capítulo sobre Saúde na Constituição Federal de 1988, o que resultou na criação do Sistema Único de Saúde (SUS). CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 A Constituição Federal de 1988 instituiu o Sistema Único de Saúde (SUS), que garante o acesso universal e gratuito à saúde. O SUS é financiado por recursos públicos e pode contar com a participação complementar deinstituições privadas. o Art. 196. afirma que a saúde é direito para todos e é dever do estado garantir e promover saúde aos cidadãos. O Art. 197. Afirma relevância pública as ações e serviços de saúde nos termos da lei sobre a regulamentação, fiscalização e controle, mantendo sua execução corretamente. E por fim o Art. 198. Diz que as ações devem seguir uma hierarquia e se manter organizada, seguindo as seguintes diretrizes : I – descentralização, com direção única em cada esfera de governo; II – atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; III – participação da comunidade. ERA VARGAS(1930 a 1945): O INÍCIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL E A CENTRALIZAÇÃO DA SAÚDE . O período Vargas, de 1930 a 1945, foi fundamental para a configuração do Estado brasileiro, com transformações significativas em várias áreas da sociedade, incluindo a saúde e a previdência social. Durante esse período, Getúlio Vargas consolidou o poder centralizado e promoveu diversas reformas que impactaram a estrutura do país. O marco inicial para a criação do sistema previdenciário brasileiro foi a fundação dos Institutos de Aposentadoria e Pensão (IAPs), entre 1933 e 1938. Esses institutos foram um dos principais instrumentos do governo Vargas para integrar a saúde ao trabalho formal e garantir os direitos dos trabalhadores. Eles eram responsáveis pela arrecadação das contribuições dos trabalhadores e dos empregadores, o que permitia garantir o pagamento de benefícios em caso de aposentadoria, invalidez ou morte. Além dos benefícios previdenciários, os IAPscomeçaram a atuar na área da saúde, oferecendo assistência médica para os trabalhadores e seus dependentes. Isso incluía consultas médicas, internações hospitalares e medicamentos. Com a centralização dos IAPs, também houve a implementação de políticas de prevenção de doenças e assistência social, como a criação de redes de hospitais e clínicas para atendimento médico e de seguridade social. Os trabalhadores urbanos, especialmente aqueles com carteira assinada, começaram a ser beneficiados por um sistema de saúde que estava atrelado diretamente ao seu vínculo empregatício. Esse modelo visava garantir que a proteção social não dependesse da caridade ou de iniciativas individuais, mas de um sistema organizado e regulado pelo Estado. Com a formalização do trabalho urbano e a criação dos IAPs, a saúde passou a ser vista como um direito do trabalhador, vinculado à sua condição de empregado, e não apenas como uma questão de assistência social. INÍCIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL Com a Revolução de 1930 e a ascensão de Getúlio Vargas ao poder, foi iniciado um processo de modernização do Estado brasileiro. Vargas implementou uma série de reformas trabalhistas e sociais que tinham como foco a proteção do trabalhador e a organização das classes sociais em um sistema mais estruturado. Antes da década de 30, as iniciativas relacionadas ao bem-estar social eram bastante limitadas e se restringiam a poucos grupos da sociedade, como militares e funcionários públicos. A FUNDAÇÃO DO INPS E A CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO • 1933: A criação da Caixa de Aposentadoria e Pensões dos Ferroviários e de outras caixinhas de aposentadorias e pensões setoriais foi um marco importante no início da previdência social no Brasil. • 1934: O Instituto de Aposentadoria e Pensões (IAP) foi criado para centralizar as questões de aposentadoria, pensões e outras formas de seguridade social, inicialmente focadas nos trabalhadores urbanos. • 1938: Com a criação da Lei Eloy Chaves, que formalizou a constituição de caixas de aposentadorias e pensões, começou a se formar um sistema previdenciário mais estruturado no Brasil. Além disso, em 1943, Vargas promulgou a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que passou a regulamentar uma série de direitos trabalhistas e sociais, incluindo a aposentadoria e o acesso a benefícios para o trabalhador. CENTRALIZAÇÃO DA SAÚDE Na saúde, Vargas também implementou um processo de centralização. O Estado passou a ter um papel mais ativo na organização da saúde pública e na implementação de políticas sanitárias, refletindo a influência das ideias higienistas que estavam em voga na época. • Fundação do Ministério da Saúde: Em 1930, ainda sob o governo provisório, o Brasil viu um esforço para modernizar a gestão pública, o que incluiu a área da saúde. Em 1934, foi criado o Departamento Nacional de Saúde no Ministério da Educação e Saúde, que mais tarde se transformaria no Ministério da Saúde em 1953. • Campanhas de Saúde Pública: Durante a Era Vargas, o governo também promoveu diversas campanhas sanitárias de combate a doenças endêmicas, como a malária, a febre amarela e a tuberculose. Essas campanhas estavam frequentemente relacionadas a políticas de "higienização" das cidades e do campo, como a erradicação do Aedes aegypti no Rio de Janeiro, visando o controle de doenças como a dengue. • Centralização e Nacionalização: Ao longo dessa época, a centralização do poder político e administrativo no governo de Vargas estendeu-se também para a saúde, com a criação de órgãos federais de controle sanitário e a implementação de políticas públicas de saúde que buscavam uma uniformização das condições sanitárias em todo o país. CRIAÇÃO DO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E SAÚDE PÚBLICA (1930) Uma das primeiras medidas foi a criação do Ministério da Educação e Saúde Pública, que visava unificar e centralizar as políticas públicas dessas duas áreas essenciais para o bem-estar social. A decisão de juntar as áreas de educação e saúde teve uma forte influência das ideias higienistas e de modernização que estavam em voga na época, e refletia a crença de que a saúde pública e a educação eram interdependentes e deveriam ser tratadas de maneira conjunta para promover o progresso do país. Objetivos do Ministério: • Educação: Desenvolver e organizar o sistema educacional brasileiro, buscando ampliar o acesso à educação e melhorar a qualidade do ensino, com especial atenção à educação primária. • Saúde: Implementar políticas de saúde pública, combatendo doenças endêmicas e promovendo ações de profilaxia e higiene, especialmente nas áreas urbanas e no campo. O governo também buscava centralizar a gestão da saúde, que até então era descentralizada entre os estados e municípios. A saúde pública, sob a responsabilidade desse Ministério, ficou marcada por uma série de campanhas sanitárias e de erradicação de doenças, como a febre amarela e a malária, e pela introdução de campanhas educativas sobre higiene e cuidados preventivos. Essas campanhas foram muitas vezes coordenadas com esforços educacionais para difundir o conhecimento e modificar comportamentos da população. O Brasil enfrentou diversos desafios no combate às doenças endêmicas, como a malária, a tuberculosee a hanseníase. Essas doenças eram prevalentes, especialmente em áreas rurais e nas grandes cidades, e sua propagação era um reflexo das condições precárias de saúde pública no país. O governo de Vargas, por meio do Departamento Nacional de Saúde, iniciou uma série de campanhas para erradicar o mosquito transmissor da malária. A mais importante foi a Campanha de Erradicação do Aedes aegypti, que, embora estivesse mais focada na prevenção da febre amarela, também impactou no controle da malária, já que o controle de mosquitos tinha efeitos indiretos na redução de outras doenças transmitidas por eles. A tuberculose, especialmente no contexto urbano, foi outra doença grave que afetava a população brasileira, com alta taxa de mortalidade. Uma das mais notáveis iniciativas contra a tuberculose foi a criação de uma campanha nacional de conscientização e tratamento, que começou oficialmente em 1939. Uma parte importante das campanhas de saúde pública era a conscientização da população. O governo Vargas investiu na educação sanitária, com materiaiseducativos e ações de promoção de hábitos de higiene, como ventilação de ambientes, controle de locais insalubres e o incentivo ao tratamento médico regular. A criação de órgãos como o Departamento Nacional de Saúde (DNS) e a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) possibilitou uma atuação mais coordenada e ampla do governo federal no combate às doenças endêmicas. O governo Vargas também focou na centralização das políticas de saúde e na coordenação das campanhas sanitárias, estabelecendo parcerias com médicos, sanitários e cientistas que desenvolviam estudos sobre essas doenças. Embora o controle de saúde fosse centralizado no governo federal, houve também uma tentativa de descentralizar a execução de políticas para os estados, levando campanhas de vacinação e controle de doenças para diferentes regiões do Brasil. implementou o Plano SALTE (Saúde, Alimentação, Transporte e Energia), um plano econômico que visava modernizar a infraestrutura do país plano SALTE foi a primeira experiência de planejamento do país focava em melhorar as condições de saúde pública, o abastecimento alimentar, o sistema de transporte e a geração de energia foi crucial para a reconstrução pós-guerra contou com suporte técnico e financeiro dos Estados Unidos que resultou na construção da Rodovia Presidente Dutra, que liga o Rio de Janeiro a São Paulo Período Pós-Guerra e Governo Dutra (1945-1951) Expansão do Modelo Previdenciário e Organização Mundial da Saúde (OMS) 1. Contexto: Redemocratização do Brasil, necessidade de proteção social e saúde 2. Governo Dutra: Implementação de políticas sociais, incluindo a expansão da previdência e saúde 3. Leis e Decretos - Lei nº 3.807/1960: Criação do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) - Decreto-Lei nº 9.263/1946: Regulamentação da previdência para trabalhadores urbanos 4. Expansão da Previdência - Ampliação da cobertura: Inclusão de novos grupos, como trabalhadores rurais e domésticos - Aumento dos benefícios: Melhoria dos benefícios, incluindo aposentadorias e pensões 5. Organização Mundial da Saúde (OMS) - Criação: 1948, com o objetivo de promover a saúde e o bem-estar global - Influência: Contribuição para a expansão da saúde pública no Brasil 6. Instituições - Instituto Nacional do Seguro Social (INSS): Responsável pela gestão da previdência - Caixas de Aposentadoria e Pensões (CAPs): Instituições que administravam a previdência para categorias específicas - Ministério da Saúde: Criado em 1953, para gerenciar a saúde pública no Brasil DESAFIOS E LEGADO: 1. Desigualdade: Persistência da desigualdade na cobertura e nos benefícios 2. Financiamento: Desafios para financiar a expansão da previdência e saúde 3. Legado: Contribuição para a construção do sistema de proteção social e saúde brasileiro Período de Transição (1951-1955) 1. Getúlio Vargas: Retorno ao poder, continuidade das políticas sociais 2. Reformas: Tentativas de reforma da previdência e saúde, incluindo a criação de um sistema único O GOVERNO DE EURICO GASPAR DUTRA SAÚDE : ERA VARGAS(1951-1954) e JUSCELINO KUBITSCHEK(1956-1961) Consolidação dos IAPs como Principais Provedores de Assistência Médica Durante os governos de Getúlio Vargas (segunda fase, 1951–1954) e Juscelino Kubitschek (1956–1961), o Brasil viveu um período de intensificação da industrialização e do crescimento urbano, o que exigiu a ampliação das políticas sociais, especialmente nas áreas de previdência e saúde. Nesse contexto, os Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAPs) consolidaram-se como os principais provedores de assistência médica aos trabalhadores formais urbanos. SOU+SUS: Breve história dos Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs) Já no governo Juscelino Kubitschek, marcado pelo lema “Cinquenta anos em cinco”, houve uma forte ênfase no desenvolvimento econômico e na infraestrutura, o que também se refletiu em iniciativas no setor da saúde. Houve ampliação de serviços hospitalares ligados aos IAPs, acompanhando o crescimento urbano acelerado e a demanda por atendimento médico nos grandes centros. O modelo institucional manteve-se centrado nos trabalhadores com carteira assinada, financiado pelo sistema tripartite (Estado, empregador e empregado), o que reforçava o caráter seletivo e excludente da assistência. A consolidação dos IAPs nesse período consolidou uma lógica corporativa na saúde, em que o acesso aos serviços era um direito vinculado ao trabalho formal e à contribuição previdenciária. Esse modelo, embora limitado em termos de universalidade, foi a base para o futuro Sistema Nacional de Previdência Social (INPS, criado em 1966) e, décadas depois, para a discussão da universalização do direito à saúde com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS). https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fsoumaissus.blogspot.com%2F2015%2F04%2Fbreve-historia-dos-institutos-de.html&psig=AOvVaw3_csdWHMEjK8C2ZRCaCRxk&ust=1743985271684000&source=images&cd=vfe&opi=89978449&ved=0CBcQjhxqFwoTCNju7bCSwowDFQAAAAAdAAAAABAE INDUSTRIALIZAÇÃO E URBANIZAÇÃO ACELERADA: PROBLEMAS DE INFRAESTRUTURA SANITÁRIA EM CIDADES EM CRESCIMENTO Introdução: Durante os governos de Getúlio Vargas (1951-1954) e Juscelino Kubitschek (1956-1961), o Brasil passou por um processo intenso de industrialização e urbanização. Esse crescimento econômico e urbano, embora marcante para o desenvolvimento nacional, trouxe desafios significativos, especialmente no que se refere à infraestrutura sanitáriadas cidades brasileiras. A rápida expansão populacional nas áreas urbanas não foi acompanhada por políticas públicas adequadas em saneamento e saúde, o que agravou a vulnerabilidade social e sanitária da população. Desenvolvimento industrial e urbano: • Vargas (1951-1954): retomou o nacionalismo econômico, com ênfase na industrialização e na criação de empresas estatais, como a Petrobras (1953). • Kubitschek (1956-1961): implementou o ambicioso Plano de Metas, com o lema “cinquenta anos em cinco”, promovendo rápida expansão da infraestrutura, indústria de base e construção de Brasília. Essa aceleração industrial incentivou o êxodo rural, intensificando o crescimento das cidades sem o devido planejamento urbano. Segundo Fausto (2012), “o processo de urbanização brasileiro foi desordenado, marcado pela ausência de políticas eficazes de habitação e saneamento, o que provocou a proliferação de favelas e áreas sem infraestrutura mínima”. Problemas de infraestrutura sanitária: As cidades passaram a enfrentar uma série de problemas sanitários, como: • Déficit de saneamento básico (falta de esgoto tratado, água potável e coleta de lixo); • Aglomerações urbanas precárias, com surgimento e expansão de favelas; • Aumento de doenças infecciosas e parasitárias (diarreias, verminoses, febre tifoide, tuberculose); Desigualdade no acesso à saúde, já que os serviços públicos eram voltados aos trabalhadores formais (Institutos de Aposentadoria e Pensão – IAPs), deixando grande parte da população urbana desassistida. “As mudanças estruturais do país ocorreram sem a preocupação em adaptar os serviços básicos urbanos, incluindo os de saúde e saneamento, às novas demandas da população” (Hochman, 1998). Impactos na saúde pública: A saúde durante esse período era tratada principalmente como uma questão previdenciária, e não como um direito universal. Os programas de assistência médica estavam atrelados aos institutos de previdência, o que excluía grande parte da população informal. Apesar de esforços pontuais, como o SAMDU (Serviço de Assistência Médica Domiciliar de Urgência) no governo JK, a ausência de uma política abrangente de saúde e de urbanização deixou milhões vulneráveis a condições sanitárias precárias. Atualmente, a doença da Malária mata mais de 400 mil pessoas por ano no planeta Terra. No Brasil, durante o governo de Juscelino Kubitschek houve as primeiras tentativas de controle da doença. No ano de 1958 se tornou a mais importante endemia. Foi quando o Brasil assumiu o compromisso junto com a Organização Mundial da Saúde, de fazer a conversão, dosMARIA DA CONCEICAO QUIRINO DOS SANTOSMARIA DA CONCEICAO QUIRINO DOS SANTOS