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. 1 UERJ Técnico em Enfermagem FUNDAMENTOS DE ENFERMAGEM: Semiologia e Semiotécnica: atuação do técnico de enfermagem nos diversos procedimentos de assistência ao paciente/cliente .............................................................. 1 Processo de comunicação e relação profissional-paciente ............................................................... 22 Assistência de enfermagem ao paciente visando atender as necessidades de: conforto, segurança e bem-estar, higiene e segurança ambiental ............................................................................................ 27 Assistência do técnico de enfermagem ao paciente visando atender as necessidades terapêuticas 38 Registro de enfermagem ................................................................................................................... 38 Prevenção e controle de infecções ................................................................................................... 42 Administração de Medicamentos ...................................................................................................... 63 Normas de biossegurança em enfermagem ...................................................................................... 76 Processo do trabalho em enfermagem ............................................................................................. 99 ÉTICA E LEGISLAÇÃO EM ENFERMAGEM: A Ética aplicada à Enfermagem; Código de Ética profissional em Enfermagem; Lei do Exercício Profissional em Enfermagem ...................................... 100 O Direito e o cuidado à saúde nas diferentes fases de vida da mulher, da criança, do adolescente, adulto e idoso ...................................................................................................................................... 146 Direito à saúde no ambiente de trabalho ......................................................................................... 152 ENFERMAGEM NA SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: ABORDAGEM AMBULATORIAL E HOSPITALAR: Assistência à Saúde da Criança e Adolescente nas diferentes fases da vida. Prevenção de agravos fisiológicos e sociais. Situações de violências. Acompanhamento do Processo de Crescimento e Desenvolvimento. Cuidados de enfermagem à Saúde da Criança (recém nascido, lactente, pré-escolar e escolar) e Adolescente. Intervenções de Enfermagem à clientela nas unidades de internação e ambulatorial ......................................................................................................................................... 154 ENFERMAGEM NA SAÚDE DA MULHER NAS DIFERENTES FASES DA VIDA: ABORDAGEM AMBULATORIAL E HOSPITALAR: Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher. Saúde sexual e saúde reprodutiva. Pré-natal, parto e puerpério. Aleitamento Materno. Controle dos cânceres do colo do útero e da mama. Atuação do técnico de enfermagem na assistência à gestante/puérpera sadia e portadora de patologias diversas e na assistência imediata ao recém-nato ...................................... 233 ENFERMAGEM NO CENTRO CIRÚRGICO E NA RECUPERAÇÃO ANESTÉSICA: ABORDAGEM AMBULATORIAL E HOSPITALAR: Atuação do técnico de enfermagem no período perioperatório. Circulação de sala cirúrgica. Fundamentos da instrumentação cirúrgica. Cuidados de enfermagem ao paciente na fase de recuperação anestésica. Prevenção da infecção do sítio cirúrgico. Cirurgia Segura....... .......................................................................................................................................... 314 ENFERMAGEM NA UNIDADE DE CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO: Processamento de produtos para a saúde. Atuação do técnico de enfermagem na unidade de Centro de Material e Esterilização ........................................................................................................................................ 346 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 2 ENFERMAGEM MÉDICO-CIRÚRGICA: ABORDAGEM AMBULATORIAL E HOSPITALAR: Atuação do técnico de enfermagem na assistência aos pacientes com alterações dos sistemas digestivo, cardiovascular, respiratório, renal, geniturinário, endócrino, ortopédico, hematológico e doenças transmissíveis ...................................................................................................................................... 365 Atuação do técnico de enfermagem à pessoa em situação cirúrgica nos períodos pré e pós-operatórios, bem como nas complicações cirúrgica. Atuação do técnico de enfermagem na assistência ao paciente em situação de alta complexidade: terapias intensiva e semi-intensiva ............................................... 410 Reanimação cardio-pulmonar. Manejo de drogas vasoativas ......................................................... 434 Assistência do técnico de enfermagem em oncologia ..................................................................... 446 ENFERMAGEM EM SAÚDE COLETIVA: Vigilância Epidemiológica: determinantes no processo saúde-doença; perfil epidemiológico brasileiro; indicadores de saúde .................................................. 453 Doenças imunopreveníveis. Programa Nacional de Imunização ..................................................... 473 Participação do técnico de enfermagem nos programas especiais de saúde pública; controle de doenças transmissíveis, doenças não transmissíveis e doenças sexualmente transmissíveis ............ 524 ENFERMAGEM SAÚDE MENTAL. Atuação do técnico de enfermagem diante de pacientes que demandam cuidado em saúde mental ................................................................................................. 557 ENFERMAGEM NAS SITUAÇÕES DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA. Atuação do técnico de enfermagem em situações de: choques, parada cardio-respiratória, edema agudo de pulmão, crise convulsiva, hemorragias e crise hipertensiva ....................................................................................... 574 Candidatos ao Concurso Público, O Instituto Maximize Educação disponibiliza o e-mail professores@maxieduca.com.br para dúvidas relacionadas ao conteúdo desta apostila como forma de auxiliá-los nos estudos para um bom desempenho na prova. As dúvidas serão encaminhadas para os professores responsáveis pela matéria, portanto, ao entrar em contato, informe: - Apostila (concurso e cargo); - Disciplina (matéria); - Número da página onde se encontra a dúvida; e - Qual a dúvida. Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhá-las em e-mails separados. O professor terá até cinco dias úteis para respondê-la. Bons estudos! 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 1 Caro(a) candidato(a), antes de iniciar nosso estudo, queremos nos colocar à sua disposição, durante todo o prazo do concurso para auxiliá-lo em suas dúvidas e receber suas sugestões. Muito zelo e técnica foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação ou dúvida conceitual. Em qualquer situação, solicitamos a comunicação ao nosso serviço de atendimento ao cliente para que possamos esclarecê-lo. Entre em contato conosco pelo e-mail: professores@maxieduca.com.br A semiologia é definida por Posso et al. como a investigação e o estudo dos sinais e sintomas apresentados pelo paciente sob o ponto de vista da enfermagem. Brunner e Suddarth consideram que inspeção, palpação, percussão e ausculta são instrumentos básicos para o exame físico, complementados por equipamentos especiais para melhor definição de detalhes. Entretanto, a observação sistematizada na realização do exame físico tem sido pouco exercida na prática assistencial do enfermeiro e no ensino de graduação em enfermagem. Uma assistência de enfermagem qualificada, requer uma avaliação detalhada do paciente por meio do exame físicoumbilical - É mediana, simétrica, com depressão circular ou linear e entre a distância xifopubiana. Problemas de enfermagem: protrusão, deslocamento para cima, baixo ou lateralmente, tumorações (inflamatórias, neoplásicas), coloração azulada ou amarelada periumbilical, hérnias (manobra da tosse). Ausculta Precede a palpação e a percussão pois estas podem alterar os sons intestinais. Ausculta-se sempre nos 04 quadrantes, um mínimo de 15 segundos em cada um. O som auscultado é denominado de ruídos peristálticos ou hidroaéreos (RHA). O normal é escutar 05 ruídos por minuto ou no mínimo um a cada dois minutos. Temos o peristaltismo normal, aumentado, diminuído ou ausente. Problema de enfermagem: borborigmo, íleo paralítico. Palpação Antes de realizá-la deve-se prestar atenção aos seguintes pontos: - Observar se há dor - Fazer inicialmente palpação superficial - Aproveitar a fase inspiratória para aprofundar mais a palpação - Distrair a atenção do cliente, para relaxá-lo - Observar suas reações - Verificar sensibilidade, mobilidade, consistência dos órgãos. - Sempre observar uma ordem a palpar. O peritônio é indolor podendo ocorrer contrações involuntárias devido as mãos frias, cócegas. A) Palpação superficial - Verifica-se: - Parede abdominal - observa-se: espessura, turgor. Pode estar aumentada (edema, adiposidade), diminuída (desnutrição, desidratação), flácida (aumentos repetidos do abdome). - Tensão da parede - Soluções de continuidade da parede: hérnias, abaulamentos da parede. - Sensibilidade. B) Palpação profunda - Em seguida a palpação superficial, aumentando gradativamente a pressão exercida pela mão que palpa. É empregada para palpar as vísceras, massas ou tumores. Se encontrar tumores verificar a localização, volume, forma (malignos são irregulares e os benignos são mais regulares), consistência (malignos são mais duros), sensibilidade (malignos são geralmente indolores), mobilidade (malignos são geralmente fixos). Sinal de irritabilidade peritoneal: Sinal de Blumberg ou de descompressão dolorosa. 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 19 e) Exame dos órgãos - Estômago - é de difícil palpação, é indolor e se houver hipersensibilidade pode ser por afecção gástrica. - Ceco e apêndice - o apêndice é de difícil palpação e é indolor. Localiza-se no ponto de McBurney. Problema de enfermagem: apendicite. Sinais e sintomas de apendicite: - Sinal de Rovsina - é a mobilização de gases para o ceco, se houver dor rovsing + - Blumberg + no ponto de McBurney - Sinal de Psoas - Diferença da temperatura axilar e retal igual a 1ºC - Fígado - não é palpável, técnicas para palpá-lo: simples e bimanual, em garra (método de Mathieu). - Baço - no adulto não é palpável, técnica para palpá-lo: em decúbito dorsal, posição de Shuster. - Rins - são indolores, duros, de consistência firme, superfície lisa e regular. O rim direito é mais baixo que o esquerdo, por isto é, mais fácil ser palpado. Sinal de Giordano. - Bexiga - não é visível e nem palpável. - Reto - examina-se a região anal e perianal. O ânus é fechado em diafragma por pregas cutâneas radiadas e suaves. Para examiná-la faz-se o toque retal. O cliente se posiciona (posição litotômica), examina-se com a polpa digital a pele perianal a procura de lesões, hemorróidas, fissuras. Com o toque retal observa-se o esfíncter anal, sensibilidade, secreções, fecaloma, etc. Percussão O som predominante é o timpanismo, próprio das vísceras ocas. Os som variará conforme o tamanho das vísceras, a quantidade de sólidos, líquidos e gases. 17) Exame físico da genitália feminina Genitália feminina: compreendem a vulva, formados pelos grandes lábios, pequenos lábios, clitóris, meato da uretra, glândulas Skene, introito vaginal, hímen, glândulas e ducto de Bartholin, períneo, vagina, útero e os anexos (tuba uterina, ligamentos e ovários). No exame físico é realizado inspeção e palpação. A cliente deve ser colocada em posição ginecológica. O examinador senta-se em frente aos genitais da cliente. Inspeção: observa a morfologia, a presença ou não de lesões e a distribuição de pelos. A inspeção do orifício vaginal é realizada tracionando os grandes e pequenos lábios para baixo e para trás e separando no sentido lateral. Observam-se, então, a coloração, a forma, a amplitude, a presença de hiperemia dos orifícios glandulares. Problemas: cistocele, retocele, corrimento vaginal e prolapso uterino. Exame dos órgãos externos: Pelos pubianos - Normal: Possui o formato de triângulo invertido. A quantidade varia de mulher para mulher. A pele é discretamente mais pigmentada que em outras partes do corpo. A mucosa é rosada e tem aparência úmida. Problemas de enfermagem: Lêndeas e piolhos nas bases dos pelos; hirsutismo; quantidade de pelo diminuída; lesões (associadas a pruridos, DST); Placas esbranquiçadas com espessamento do tecido cutâneo mucoso (lesões pré-cancerosas); edemas; varicosidades; prurido (faltam de higiene, diabetes, alergias); eritemas (inflamações ou reações alérgicas). Pequenos e Grandes Lábios - Observa-se: simetria, aspecto e alterações da pele, desenvolvimento compatível com a idade, consistência de tecidos. Normal: Os grandes lábios são simétricos, textura homogênea e consistência macia. Na infância são planos e na idade adulta são cheios e curvos. Na menopausa tornam-se mais finos. Os pequenos lábios são simétricos, mas podem ser assimétricos. Em virgens são juntos e após relações sexuais e partos vaginais ficam abertos, caindo para os lados. Problemas de enfermagem: Assimetrias; leucoplasias; atrofias (antes da menopausa), exsudações; edemas; lesões; parasitas e nódulos. Clitóris - Normal: formado por tecido erétil. A porção visível não excede a 01 cm. Sua coloração é rosada. Problemas de enfermagem: inflamações (apresenta coloração vermelho-cereja viva); lesões (DST ou neoplastias). Uretra - Normal: Localizada posteriormente ao clitóris. Tem a mesma coloração rosada das membranas que o cercam. Não há drenagem de secreções. Problemas de enfermagem: eritemas; drenagem de secreções; hiperemia; dor à palpação. Glândulas de Bartholin - Normal: Localizam-se perto da extremidade posterior do orifício vaginal. Não são palpáveis. Problemas de enfermagem: edema; drenagem de secreções e dor (inflamações). Orificio vaginal - Normal: Localiza-se imediatamente após o meato uretral. Ele pode ser uma abertura fina vertical ou grande com bordas irregulares, dependendo do início da vida sexual. Problemas de enfermagem: cistocele, retocete, corrimento vaginal, prolapso uterino (1º, 2º, 3º grau). 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 20 Períneo - Normal: É um músculo que se localiza entre o intróito vaginal e os anus. Problemas de enfermagem: Roturas, fistulas. Exame dos órgãos internos: é necessário o espéculo vaginal, que afastará as paredes da vagina, permitindo a visualização do colo do útero, e do conteúdo vaginal. Pode-se colher material do colo do útero e também da vagina quando há secreções ou rotineiramente para prevenção do câncer uterino (Papanicolau). A palpação é realizada enluvada e a bexiga vazia. A primeira estrutura a ser palpada é o períneo. Depois penetrando mais a mão palpa-se o colo do útero, investigando sua consistência e formato. Para palpar os outros órgãos deve-se usar a palpação bimanual, isto é, a outra mão é pousada sobre o abdome para auxiliar a mão que está na vagina. 18) Exame físico da genitália masculina Genitália masculina: compreende o pênis, bolsa escrotal, testículos, epidídimos, o cordão espermático, a próstata e as vesículas seminais. A uretra é uma estrutura comum aos aparelhos urinário e genital. Devem-se avaliar as regiões inguinais, linfonodos, região perineal e pélvica. É utilizada a inspeção, palpação e transluminação. O cliente pode estar de pé ou decúbito dorsal horizontal. - Pênis: a) Prepúcio:ao ser tracionado permite a exposição completa da glande. Problemas: fimose, parafimose, lesões e ulcerações. b) Glande: há um sulco que secreta uma secreção gordurosa (esmegma). Problemas: acúmulo de esmegma (balanite), lesões devido as DST ou carcinomas, área de endurecimento fibroso. c) Meato uretral: localizado na ponta da glande. Problemas: estenose, hipospádia e epispádia. d) Uretra: não é dolorida a palpação, não existe drenagem de secreção no momento da expressão da uretra. Problemas: palpação dolorosa (uretrite), drenagem de secreções (infecções), áreas endurecidas, estenose de uretra. - Escroto: observa-se a simetria da pele, úlceras, presença dos testículos e massas escrotais. Problemas: escoriações da pele, lesões, dor, massas, nódulos, assimetria, neoplasias, edemas, varicocele, hidrocele, hérnias, criptorquidias. - Períneo: é simétrico e sem lesões. Problemas: lesões e DST. - Próstata: é examinada pelo toque retal. É palpada sobre a superfície ventral da parede retal. Quando há queixa de fenômenos urinários irritativos: disúria, polaciúria, estrangúria, associados à diminuição da força do jato urinário, isto é, denominado de prostatismo (decorrente de uma hiperplasia e próstata). 19) Exame físico dos membros O cliente a ser examinado deve encontrar-se de pé, decúbito dorsal horizontal, ou sentado. Utiliza-se a inspeção, palpação e movimentação simultaneamente, observando: - Ossos: devem ser simétricos e alinhados. Problemas: Deformação com angulação para dentro: genu valgo, coxa valgo e hálux valgo. Deformidade com angulação para fora: geno varo, coxa vara, perna vara, pé varo e hálux varo. Deformações localizadas e associadas a sinal flogístico: abscesso, tumor e fraturas. Defeitos ósseos. - Músculos: variam conforme o tipo físico e atividade de cada cliente. Mede-se a circunferência bilateral para avaliar o grau de massa muscular. Problemas: alteração da massa muscular (distrofia, atrofia ou hipertrofia), agenesia, abscesso, nódulos, tumores. -Tônus muscular: hipertonia (rigidez) e hipotonia (flacidez). -Motilidade: Involuntária: tremores, tiques e miastemia -Plegias (ausência de movimentos): hemi, mono, para e tetra. -Paresias (perda da força, sem perder o movimento): hemi, mono, para e tetra. -Força muscular: é maior do lado dominante, está diretamente ligada ao sexo, idade e condicionamento físico. Avalia-se em movimento contra resistência. Problemas: algia (contraturas e distensões) e fraqueza muscular. - Articulações: avalia-se em relação à amplitude dos movimentos ativos e passivos e condições dos tecidos circundantes. Limitação do movimento: artrite reumatoide, osteoporose, inflamações dos tecidos periarticulares, contusão e entorse. Serão classificadas como: móveis, semimóveis e imóveis. Inflamação: sinovite, bursite e febre reumática. Deformidade: contratura, luxação, artrite reumatóide, fratura e artropatia degenerativa. Alterações de movimentação: paralisia, mioclonia (espasmos musculares regulares) e tetania. 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 21 Nódulos; Artralgia; Crepitações e estalidos - Rede venosa: para realizar o exame é necessário garrotear o membro, avaliando a presença de varizes e edema. - Número de dedos das mãos e pés: sindactilia e polidactilia. - Pele - Marcha - Pulsos. Bibliografia POTTER, Patrícia A.; PERRY, Anne G. Grande Tratado de Enfermagem Prática: Clínica e Prática Hospitalar. 3.ed. São Paulo: Santos, 1998, 999 p. TIMBY, Bárbara K. Conceitos e Habilidades Fundamentais no Atendimento de Enfermagem. 6.ed. Porto Alegre:Artmed, 2001. GEORGE, Júlia B.(cols.) Teorias de Enfermagem: Fundamentos da Prática Profissional. 4.ed., Porto Alegre: Artmed, 2000. HORTA, Wanda de Aguiar. Processo de Enfermagem. Ribeirão Preto: Pedagógica, 1979. MEZZOMO, Augusto Antônio. Serviço de prontuário do paciente: organização e técnica. 4. ed., São Paulo: Cedas, 1991. Questões 01. (SES/PE - Analista em Saúde - Enfermeiro Assistencial - UPENET/IAUPE) Na Consulta de Enfermagem, o Enfermeiro realiza o exame clínico. Sobre o exame do abdome, leia as afirmativas abaixo: I. O abdome pode ser dividido em nove regiões. Na região do epigastro, encontram-se a cárdia, o estômago, o piloro parte do fígado, o cólon transverso e o pâncreas. II. O enfermeiro, ao inspecionar um abdome, pode encontrar um abdome plano, arredondado, protuberante, ou até, escavado. Na suspeita de presença de ascite, está indicada a mensuração da circunferência abdominal. III. A presença de ruídos aéreos deve ser descrita quanto à frequência e intensidade. Os ruídos hidroaéreos hipoativos estão presentes em distúrbios eletrolíticos, íleo paralítico e isquemia de cólon. IV. A percussão do abdome auxilia na determinação do tamanho e da localização de vísceras sólida e na avaliação da presença e distribuição de gases líquidos e massas. Estão CORRETAS (A) I, II e IV, apenas. (B) I, II, III e IV. (C) II, III e IV, apenas. (D) III e IV, apenas. (E) I e III, apenas. 02. (FUMUSA - Enfermeiro – CAIPIMES) Os procedimentos que constituem as bases do exame clínico são: a entrevista, a inspeção, a palpação, a percussão e a ausculta. Considerando a percussão dígito-digital, analise as afirmativas abaixo, dê valores verdadeiro (V) ou falso (F) e assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de cima para baixo. ( ) Os sons encontrados são maciço, submaciço, timpânico e claro pulmonar. ( ) O som timpânico é encontrado em regiões desprovidas de ar (músculo, fígado, coração). Esse som transmite sensação de dureza e resistência. ( ) O som maciço é obtido em regiões que contenham ar, recobertas por membrana flexível, como o estômago. ( ) Trata-se do golpeamento com um dedo a borda ungueal ou a superfície dorsal da segunda falange do dedo médio ou indicador da outra mão, que se encontra espalmada e apoiada na região a ser examinada. (A) V – V – V – V. (B) F – V – V – F. (C) V – F – F – V. (D) F – V – V – V. Gabarito 01.B / 02.C 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 22 RELACIONAMENTO INTERPESSOAL TERAPÊUTICO ENFERMEIRO – PACIENTE1 1. Introdução Em 1947, Helena Willis Render, foi a primeira autora a introduzir a idéia de que o relacionamento entre o (a) enfermeiro (a) e o paciente, é de um potencial terapêutico significativo. Em 1952, a enfermeira, médica e educadora, Hildegard E. Peplau, escreveu um livro que revolucionou o ensino e a prática da enfermagem psiquiátrica nos Estados Unidos, tendo como enfoque o potencial terapêutico do relacionamento de pessoa para pessoa. Desde então, a enfermagem psiquiátrica vem ampliando sua visão utilizando os conceitos originalmente propostos por Render e Peplau. (TAYLOR, 1992) Para Stuart & Laraia (2002), “ o relacionamento terapêutico entre enfermeira e paciente é uma experiência de aprendizado mútuo e uma experiência emocional corretiva para o paciente. Nessa relação, a enfermeira utiliza a si próprio e as técnicas clinicas especificadas na trabalho com o paciente para gerar introvisão e alteração comportamental do paciente”. Também para Stuart & Laraia os objetivos de um relacionamento terapêutico são direcionados no sentido do crescimento do cliente e incluem o seguinte. Auto – realização, auto – aceitação, e auto – respeito aumentados. Senso claro de identidade pessoal e da integração pessoal melhorada. Capacidade de formar relacionamentos íntimos, interdependentes e interpessoais com capacidade de dar e receber amor. Melhoria da função e capacidade aumentada de satisfazer as necessidades e alcançar objetivos pessoais realistas. Segundo Taylor (1992), “ a enfermeira possui uma ferramenta singular que pode ter mais influência sobre o cliente do que qualquer medicamento ou terapia: ele (a) mesmo. ” Para tanto, faz-se necessário uma auto-análise que constitui um aspecto essencial paraser capaz de fornecer os cuidados de enfermagem terapêuticos, como: Autoconsciência Esclarecimento dos valores Exploração dos sentimentos Capacidade de servir como exemplo Senso de ética e responsabilidade 1.1 Fases do Relacionamento de acordo com Stuart & Laraia (2002) Há quatro fases sequenciais do relacionamento entre o (a) enfermeiro (a) e o cliente: 1. Fase de Pré- interação: explorar seus próprios sentimentos, fantasias e medos, analisando seus pontos fortes e suas limitações profissionais. Obter dados sobre o paciente, quando possível. Planejar o primeiro encontro com o paciente. 2. Fase introdutória ou de orientação: determinar o motivo pelo qual o cliente procurou ajuda, estabelecer confiança, aceitação e comunicação franca, explorar os pensamentos, os sentimentos e as ações do cliente identificando os problemas, definir objetivos com o cliente, bem como, estabelecer acordo mútuo para incluir nomes, funções, responsabilidades, expectativas, finalidade, local de encontro, condições para o término e confidencialidade. 3. Fase de trabalho: investigar os estressores relevantes, promover o desenvolvimento da introvisão do paciente e o uso de mecanismos de adequação construtivos, discutir e superar os comportamentos de resistência. 1 Disponível em: http://www.psiquiatriageral.com.br/enfermagem/relacionamento_interpessoal_terapeutico_enfermeiro_paciente.htm. Processo de comunicação e relação profissional-paciente 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 23 4. Fase de encerramento: estabelecer a realidade da separação, rever o progresso da terapia e o alcance dos objetivos, explorar mutuamente os sentimentos de rejeição, perda, tristeza e raiva ajudá-lo transferir para suas interações com os outros o que aprendeu no relacionamento, enfermeiro (a) – cliente. A última fase necessita de um cuidado especial para ser realizada, uma vez que, o término do relacionamento pode ser uma experiência traumática tanto para o (a) enfermeiro (a) quanto para o cliente, porque compartilham muitas coisas pessoais e importantes. Alguns clientes podem ficar deprimidos, e inconscientemente, acreditar que foram pessoalmente responsáveis pela perda do (a) enfermeiro (a), outros podem reagir de maneira agressiva ou até mesmo negar ter conhecimento sobre o término da relação. Assim, o profissional também experimentará um senso de perda, vista que, investiu muito tempo, energia, pensamentos e emoções no cliente. Caso não reconheça este sentimento de perda, ele pode demonstrar uma preocupação indevida com o bem-estar futuro do cliente, encorajando-o a permanecer por mais algumas sessões, ou estimulando sua dependência. Enfatizando que, tem um efeito muito negativo os clientes não receberem uma oportunidade para expressar seus sentimentos em uma situação assim ou não obterem auxilio para lidar com os mesmos, com grande possibilidade de reativar antigos sintomas já manifestados. 2. Comunicação Facilitadora Para Stuart & Laraia (2002) a teoria da comunicação é relevante para a prática de enfermagem psiquiátrica por três motivos principais. Primeiro, a comunicação estabelece um relacionamento terapêutico, porque implica na condução de informações e a troca de pensamentos e sentimentos. Segundo, a comunicação é um meio pelo qual as pessoas influenciam o comportamento das outras, tornando assim possível um bom resultado da intervenção de enfermagem direcionada a promover a alteração comportamental adaptativa. Terceiro, a comunicação é o próprio relacionamento. 2.1 Níveis de Comunicação Comunicação verbal: ocorre através das palavras, escritas ou faladas, e é essencial entre o (a) enfermeiro (a) e o cliente. Comunicação não verbal: ocupa todos os cinco sentidos e engloba tudo que não envolve a palavra escrita ou falada. As cinco categorias são: 1. Indícios vocais são ruídos e sons para linguísticos ou extra fala. 2. Indícios de ação são todos os movimentos do corpo, incluindo a expressão facial e postura. 3. Indícios de objeto são o uso, intencional ou não, de objetos por uma pessoa, como roupas ou outros pertences. 4. Espaço é a distância física entre duas pessoas 5. Toque é o contato físico entre duas pessoas, sendo a comunicação não verbal mais pessoal. 2.2 O processo da comunicação A comunicação humana é um processo dinâmico que é influenciado pelas condições psicológicas e fisiológicas dos participantes. São identificados cinco componentes funcionais: 1. Emissor: o gerador da mensagem. 2. Mensagem: a informação transmitida do emissor para o receptor. 3. Receptor: aquele que recebe a mensagem, cujo comportamento é influenciado por ela. 4. Retorno: a resposta do receptor para o emissor. 5. Contexto: o local onde a comunicação ocorre. Para se obter uma comunicação eficaz é necessário que ela seja voltada para a preservação do auto respeito do (a) enfermeiro (a) e do cliente e que a comunicação da aceitação e compreensão precede a quaisquer sugestões de informações. O quadro abaixo identifica várias técnicas de comunicação terapêutica com definições, exemplos, valor terapêutico e ameaças não terapêuticas. 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 24 Quadro 1.1 Técnicas de comunicação terapêutica Técnica Definição Exemplo Valor terapêutico Ameaça não terapêutica Ouvir Processo ativo de receber as informações e examinar a sua própria reação às mensagens recebidas Manter o contato visual e a comunicação não verbal receptiva. Comunicam de modo não verbal, o interesse e aceitação do enfermeiro ao paciente. Falha em ouvir Amplas aberturas Estimular o paciente a escolher o tema da discussão “O que você está pensando?” Indica a aceitação pelo profissional e o valor da iniciativa do paciente Rejeição das respostas, domínio do profissional. Reafirmação Repetir para o paciente o pensamento principal que ele expressou “Você disse que sua mãe te abandonou quando você tinha 5 anos de idade. ” Indica que o profissional está escutando atentamente o paciente. Falta de atenção e interpretação pelo profissional. Esclarecimento Tentar pôr em palavras as ideias vagas do paciente. “Não estou certa do que você quer dizer, poderia repetir?” Ajuda a esclarecer os sentimentos, ideias e percepções. Falha em sondar, compreensão presumida. Reflexão Orientar ideias, sentimentos, dúvidas e satisfação de volta para o paciente “Você está tenso e ansioso, e isso tem relação com a conversa que você teve com sua mãe ontem?” Confirma que o profissional compreende o que o paciente está dizendo, e indica empatia interesse e respeito por ele. Sentimentos e respostas impróprias à experiência cultural e ao nível de instrução do paciente. Focalização Questões ou afirmações que ajudem o paciente a ir além do assunto de interesse. “Acho que deveríamos falar mais sobre você e seu pai. ” Permite o paciente discutir os assuntos centrais. Mudar de tema. Identificar os temas Ressaltar os temas ou problemas que surgem repetidamente “Percebi que em todos os seus relacionamentos você foi ferido por um homem. Você acha que isso é um tema fundamental. Permite melhor exploração e compreensão dos problemas importantes do paciente. Fornecer aconselhamento, reafirmar, desaprovar. Silêncio Falta de comunicação verbal por motivo terapêutico. Sentar com o paciente e comunicar de modo não verbal, o interesse e o envolvimento. Dar tempo ao paciente para pensar e ter discernimento, enquanto transmite apoio, compreensão e aceitação. Questionar o paciente, falha em quebrar o silêncio não terapêutico. Humor Libera energia por meio de um comentário cômico sobre a imperfeição. “Isso dá um novo significado geral à palavra‘nervoso’, disse com ar de brincadeira”. Pode promover o discernimento tornando conscientes os temas reprimidos. Subestimar o paciente, tentar evitar intimidade não terapêutica; Fonte: STUART, G.W & Laraia, M.T Enfermagem psiquiátrica 4 ed. Rio de Janeiro: Reichmann & Affonso editores 2002. 3. Dimensões do relacionamento Stuart & Laraia (2002), defendem que o profissional enfermeiro deve adquirir determinadas habilidades e qualidades para iniciar e continuar um relacionamento terapêutico, dos quais fazem parte em especial a comunicação verbal e não verbal comentados anteriormente. Em geral, dividem-se da seguinte maneira: 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 25 Dimensões responsivas: implicam autenticidade, respeito, compreensão empática e senso da realidade. Elas são essenciais na fase de orientação do relacionamento para estabelecer confiança e uma comunicação franca. E continuam a ser úteis em todas as fases do tratamento e término, além de permitir que o cliente atinja a introvisão. Dimensões orientadas pela ação: incluem a confrontação, a proximidade, a auto revelação do (a) enfermeiro (a), catarse emocional e teatralização. Favorecem o progresso do relacionamento terapêutico identificando os obstáculos ao crescimento do cliente e ressaltando a necessidade não só da compreensão interna, como também da ação externa e alteração do comportamento. Quadro 1.2 Dimensões responsáveis e de ação para o relacionamento terapêutico entre enfermeiro e paciente Dimensão Característica Dimensões responsivas Autenticidade Implica que o profissional é uma pessoa aberta coerente, autentica e acessível. Respeito Sugere que o paciente seja tratado como uma pessoa digna que é valorizada e aceita sem restrição. Compreensão empática Vê o mundo do paciente a partir da estrutura de referência interna do mesmo, com sensibilidade para os atuais sentimentos e com a capacidade verbal de comunicar essa compreensão em linguagem acessível ao paciente. Senso de realidade Implica o uso de terminologia específica, em vez de abstrações, na discussão dos sentimentos, experiências e comportamentos do paciente. Dimensões de ação Confronto Expressão pelo (a) enfermeiro (a) das discrepâncias percebidas no comportamento do paciente para expandir sua autoconsciência. Imediatismo Quando a atual interação entre o profissional e o paciente é usado para aprender sobre a conduta do paciente em outros relacionamentos interpessoais. Auto revelação do (a) enfermeiro (a) Quando o profissional dá informações sobre si mesmo e sobre suas ideias, valores, sentimentos e atitudes para facilitar a cooperação, o aprendizado, a catarse ou o apoio do paciente. Catarse emocional O paciente é estimulado a falar sobre os aspectos mais preocupantes da vida, para efeito terapêutico. Teatralização Atuar em uma determinada situação para aumentar a auto compreensão do paciente nas relações humanas e aprofundar sua capacidade de observar uma situação de um outro ponto de vista, permite que ele experimente um novo comportamento em um ambiente seguro. Fonte: STUART, G.W & Laraia, M.T Enfermagem psiquiátricas 4 ed.. Rio de Janeiro: Reichmann & Affonso editores 2002. 3.1 Impasses terapêuticos Os impasses terapêuticos, ou bloqueios na progressão do relacionamento entre o (a) enfermeiro (a) e o paciente, são de três tipos principais: Resistência. Transferência. Contratransferência. São originados de uma série de motivos, porém criam, sem exceção, barreiras no relacionamento terapêutico. Porém, o profissional deve lidar com eles o mais breve possível, visto que, eles provocam sentimentos intensos no (a) enfermeiro (a) e no paciente, como ansiedade e apreensão até frustração, amor ou raiva intensa (STUART & LARAIA, 2002). 3.2 Resistência É uma tentativa do paciente de não perceber os aspectos que geram ansiedade nele próprio, tornando- se uma relutância natural ou uma defesa. Com frequência essa resistência resulta da má vontade do paciente de mudar quando se reconhece a necessidade de mudança, e geralmente, este comportamento 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 26 é demonstrado durante a fase de trabalho do relacionamento, porque ele comporta a maior parte de resolução de problemas. Vejamos algumas formas de resistência: Supressão e repressão de informações pertinentes Intensificação dos sintomas Auto depreciação e visão negativa quanto ao futuro Busca forçada em relação à saúde, na qual o paciente experimenta uma recuperação súbita, mas de curta duração Inibições intelectuais, que podem evidenciar-se quando o paciente diz que não tem nada em mente ou que é incapaz de pensar sobre seus problemas; falta ou chega atrasado às consultas; ou mostra-se desatento, silencio ou sonolento Comportamento de teatralização ou irracional Conversa superficial Compreensão intelectual, na qual o paciente verbaliza auto compreensão com o uso correto da terminologia, embora continue com comportamento inadaptado, ou uso da defesa da intelectualização quando não existe introvisão Desprezo pela normalidade, que fica evidente quando o paciente desenvolveu o discernimento mas se recusa a assumir a responsabilidade pela mudança com base em que a normalidade não é tão atraente Reações de transferência 3.3 Transferência É uma resposta inconsciente em que o paciente experimenta sentimentos e atitudes pelo enfermeiro que estavam originalmente associados a figuras significativas em sua vida. O termo refere-se a um conjunto de reações que tentam reduzir ou aliviar a ansiedade. Essas reações de transferência só são perigosas para o processo terapêutico quando permanecem ignoradas, sendo os principais tipos, as reações hostis e as reações dependentes. 3.4 Contratransferência É um impasse terapêutico criado pelo profissional, frequentemente em resposta a uma resistência do paciente. Refere-se a uma resposta emocional especifica dada pelo (a) enfermeiro (a) ao paciente, as quais não são justificadas pelos fatos reais, mas sim, um conflito prévio experimentado com tópicos como autoridade, afirmação sexual e independência. Em geral, essas reações são de três tipos: reações de amor ou preocupação intensos, reações de hostilidade ou aversão intensa, reações de ansiedade intensa. Dificuldade de criar empatia com o paciente em determinados aspectos do problema. Sentir-se deprimida durante ou depois da sessão. Falta de empenho na implementação do acordo, como chegar atrasada ou acelerar a prorrogação Sonolência durante as sessões Sentir raiva ou impaciência com a falta de vontade de mudar do paciente Estimular a dependência, o elogio ou o afeto do paciente Discutir com o paciente ou tender a “empurrar” o paciente antes que este esteja pronto Tentar ajudar o paciente em questões não relacionadas com os objetivos de enfermagem identificados Envolvimento pessoal ou social com o paciente Devaneios ou preocupações com o paciente Fantasias sexuais ou agressivas em relação ao paciente Ansiedade recorrente, intranquilidade ou culpa relacionadas com o paciente Tendência a focalizar apenas um aspecto da informação apresentada pelo paciente ou visualiza-la apenas de uma maneira. Necessidade de defender as intervenções de enfermagem com o paciente perante os outros 3.5 Transgressão de limites Ocorrem quando o profissional sai dos limites do relacionamento terapêutico e estabelece um relacionamento social, comercial ou pessoal com um paciente. Segue alguns exemplos: O paciente sai com a enfermeira para almoçar ou jantar. O relacionamento profissional transforma-se em relacionamento social 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 27 A enfermeira vai a uma festa a convite do paciente A enfermeira regularmente faz revelações de cunho pessoal ao paciente O paciente apresenta a enfermeiraaos membros da família, como a um filho ou filha, com a finalidade de um relacionamento social. A enfermeira aceita presentes vindos do trabalho do paciente A enfermeira concorda em encontrar o paciente para tratamento fora do ambiente usual, sem justificativa terapêutica A enfermeira frequenta as obrigações sociais do paciente O paciente dá à enfermeira um presente caro A enfermeira rotineiramente abraça ou tem contato físico com o paciente A enfermeira mantém algum tipo de relação comercial com o paciente 4. Superação dos impasses terapêuticos Para superar os impasses terapêuticos, o enfermeiro deve-se estar preparado à exposição de sentimentos e emoções intensos dentro do relacionamento entre enfermeiro (a) e cliente. De início, o profissional deve reconhecer os impasses e comportamentos que indicam sua existência, então refletir e esclarecer o sentimento, enfocando de maneira mais objetiva possível o que está acontecendo. Por fim, os objetivos do relacionamento e as áreas de necessidade e de problemas do cliente são revistas. Isso, provavelmente ajudará no desenvolver de um pacto terapêutico compatível com o processo do relacionamento entre ambos. Referências Bibliográficas TAYLOR, Cecelia Monat. Fundamentos de Enfermagem Psiquiátrica. 13ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992. STUART, G.W & LARAIA, M.T Enfermagem psiquiátricas 4 ed. Rio de Janeiro: Reichmann & Affonso editores 2002. SEGURANÇA DO PACIENTE Dez Passos para Segurança do Paciente Passo 1 Identificação do Paciente A identificação do paciente é prática indispensável para garantir a segurança do paciente em qualquer ambiente de cuidado à saúde, incluindo, por exemplo, unidades de pronto atendimento, coleta de exames laboratoriais, atendimento domiciliar e em ambulatórios. Erros de identificação podem acarretar sérias consequências para a segurança do paciente. Falhas na identificação do paciente podem resultar em erros de medicação, erros durante a transfusão de hemocomponentes, em testes diagnósticos, procedimentos realizados em pacientes errados e/ou em locais errados, entrega de bebês às famílias erradas, entre outros. Para assegurar que o paciente seja corretamente identificado, todos os profissionais devem participar ativamente do processo de identificação, da admissão, da transferência ou recebimento de pacientes de outra unidade ou instituição, antes do início dos cuidados, de qualquer tratamento ou procedimento, da administração de medicamentos e soluções. A identificação deve ser feita por meio de pulseira de identificação, prontuário, etiquetas, solicitações de exames, com a participação ativa do paciente e familiares, durante a confirmação da sua identidade. Medidas sugeridas - Enfatize a responsabilidade dos profissionais de saúde na identificação correta de pacientes antes da realização de exames, procedimentos cirúrgicos, administração de medicamentos / hemocomponentes e realização de cuidados. - Incentive o uso de pelo menos dois identificadores (ex.: nome e data de nascimento) para confirmar a identidade de um paciente na admissão, transferência para outro hospital e antes da prestação de cuidados. Em pediatria, é também indicada a utilização do nome da mãe da criança. - Padronize a identificação do paciente na instituição de saúde, como os dados a serem preenchidos, o membro de posicionamento da pulseira ou de colocação da etiqueta de identificação, uso de cores para identificação de riscos, placas do leito. Assistência de enfermagem ao paciente visando atender as necessidades de: conforto, segurança e bem-estar, higiene e segurança ambiental 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 28 - Desenvolva protocolos para identificação de pacientes com identidade desconhecida, comatosos, confusos ou sob efeito de ação medicamentosa. - Desenvolva formas para distinguir pacientes com o mesmo nome. - Encoraje o paciente e a família a participar de todas as fases do processo de identificação e esclareça sua importância. - Realize a identificação dos frascos de amostra de exames na presença do paciente, com identificações que permaneçam nos frascos durante todas as fases de análise (pré-analítica, analítica e pós-analítica). - Confirme a identificação do paciente na pulseira, na prescrição médica e no rótulo do medicamento/hemocomponente, antes de sua administração. - Verifique rotineiramente a integridade das informações nos locais e identificação do paciente (ex.: pulseiras, placas do leito). - Desenvolva estratégias de capacitação para identificar o paciente e a checagem da identificação, de forma contínua, para todos os profissionais de saúde. Pontos de atenção - Nunca utilize idade, sexo, diagnóstico, número do leito ou do quarto para identificar o paciente. - Verifique continuamente a integridade da pele do membro no qual a pulseira está posicionada. - No caso de não aceitação de qualquer tipo de identificação aparente (ex.: pulseira ou etiqueta), por parte do paciente ou dos familiares, utilize outras formas para confirmar os dados antes da prestação dos cuidados, como uso de etiquetas com a identificação do paciente posicionadas no lado interno das roupas. Passo 2 Cuidado Limpo e Cuidado Seguro Higienização das mãos Higienizar as mãos é remover a sujidade, suor, oleosidade, pelos e células descamativas da microbiota da pele, com a finalidade de prevenir e reduzir as infecções relacionadas a assistência à saúde. Quando proceder à higienização das mãos: 1. Antes e após o contato com o paciente. 2. Antes e após a realização de procedimentos assépticos. 3. Após contato com material biológico. 4. Após contato com o mobiliário e equipamentos próximos ao paciente. Medidas sugeridas I. Higienização das mãos com água e sabão - Molhe as mãos com água. - Aplique sabão. - Esfregue as palmas das mãos. - Esfregue a palma da mão sobre o dorso da mão oposta com os dedos entrelaçados. - Esfregue as palmas das mãos com os dedos entrelaçados. Esfregue o dorso dos dedos virados para a palma da mão oposta. - Envolva o polegar esquerdo com a palma e os dedos da mão direita, realize movimentos circulares e vice-versa. - Esfregue as polpas digitais e unhas contra a palma da mão oposta, com movimentos circulares. - Friccione os punhos com movimentos circulares. - Enxágue com água. - Seque as mãos com papel-toalha descartável e use o papel para fechar a torneira. - Higienização das mãos com fórmula à base de álcool - Posicione a mão em forma de concha e coloque o produto, em seguida espalhe-o por toda a superfície das mãos. - Esfregue as palmas das mãos. - Esfregue a palma da mão sobre o dorso da mão oposta com os dedos entrelaçados. - Esfregue as palmas das mãos com os dedos entrelaçados. 5. Esfregue o dorso dos dedos virados para a palma da mão oposta. - Envolva o polegar esquerdo com a palma e os dedos da mão direita, realize movimentos circulares e vice-versa. - Esfregue as polpas digitais e unhas contra a palma da mão oposta, com movimentos circulares. - Friccione os punhos com movimentos circulares. - Espere que o produto seque naturalmente. Não utilize papel-toalha. 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 29 Pontos de atenção - Lave as mãos com água e sabão quando visivelmente sujas, contaminadas com sangue ou outros fluidos corporais. - Use preferencialmente produtos para higienização das mãos à base de álcool para antissepsia rotineira, se as mãos não estiverem visivelmente sujas. - Lave as mãos com água e sabão, com antisséptico ou as higienize com uma formulação alcoólica antes e após a realização de procedimentos. - Nunca use simultaneamente produtos à base de álcool com sabão antisséptico. 5. O uso de luvas não substitui a necessidade de higienização das mãos. 6. Na ausência de pia com água e sabão, utilize solução à base de álcool. - Encoraje os pacientes e suas famílias a solicitarque os profissionais higienizem as mãos. - Estimule os familiares e visitantes a higienizar suas mãos, antes e após o contato com o paciente. Passo 3 Cateteres e Sondas Conexões Corretas A administração de fármacos e soluções por cateteres, sondas e seringas é prática de enfermagem comum que pode ser desenvolvida em ambientes de atendimento à saúde. A infusão de soluções em vias erradas, como soluções que deveriam ser administradas em sondas enterais serem realizadas em cateteres intravenosos, devido a possibilidade de conexão errada, é um evento frequente, porém pouco documentado, que pode causar graves consequências e até a morte do paciente. A capacitação, a orientação e o acompanhamento contínuo sobre os riscos à segurança do paciente frente às conexões erradas devem ser destinados a todos os profissionais de saúde. Medidas sugeridas - Oriente os pacientes e familiares a não manusear os dispositivos, não devendo realizar conexões ou desconexões, e que sempre solicitem a presença do profissional de enfermagem. - Identifique cateteres arteriais, venosos, peridurais e intratecais com cores diferentes para garantir o manuseio seguro. - Evite a utilização de injetores laterais nos sistemas arteriais, venosos, peridurais e intratecais. - Realize a higienização das mãos antes de manipular os sistemas de infusão. - Realize a desinfecção das conexões de cateteres com solução antisséptica alcoólica e gaze, por três vezes com movimentos circulares, antes de desconectar os sistemas. - Verifique todos os dispositivos, desde a inserção até a conexão, antes de realizar as reconexões, desconexões ou administração de medicamentos e soluções. - Posicione os sistemas de infusão (equipos, buretas, extensões) em diferentes sentidos, como os de infusão intravenosa posicionados para a porção superior do leito, no sentido da cabeça do paciente, e sistemas de infusão de dietas enterais em direção à porção inferior, no sentido dos pés. - Realize a passagem de plantão entre turnos e entre unidades de internação com dupla checagem das conexões dos dispositivos. - Padronize o uso de seringas específicas e sistemas de infusão com conexão Luer Lock para administração de medicamentos por via oral ou por sondas enterais. - Utilize somente equipos de cor azul para infusão de dietas enterais. - Identifique a bomba de infusão na qual a dieta está sendo administrada. - Lembre-se de que toda a instituição deve fornecer capacitação para uso de novos dispositivos. - Priorize a escolha de cateteres, sondas e seringas desenvolvidos com dispositivos que previnam conexões incorretas e contribuam para a segurança do paciente. - Incentive o paciente e seus familiares a participar da confirmação dos medicamentos e soluções que serão administrados, a fim de assegurar a infusão correta durante os cuidados domiciliares e nas instituições de saúde. Passo 4 Cirurgia Segura Este passo apresenta medidas para tornar o procedimento cirúrgico mais seguro e ajudar a equipe de saúde a reduzir a possibilidade de ocorrência de danos ao paciente, promovendo a realização do procedimento certo, no local e paciente corretos. A utilização de uma ou de várias listas de verificação (check-list) traz inúmeras vantagens. Os serviços devem elaborar suas listas específicas, dependendo da complexidade dos procedimentos que são realizados. Medidas sugeridas - Estimule a comunicação eficaz e adequada entre os membros da equipe, eliminando quaisquer dúvidas a respeito de quais procedimentos serão realizados e os materiais que deverão ser utilizados. 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 30 - Identifique corretamente o paciente e o oriente para participar da marcação do local da intervenção cirúrgica. - Verifique se o prontuário pertence ao paciente, se os procedimentos cirúrgicos e anestésicos foram planejados e se estão anotados no prontuário, e se os exames laboratoriais e de imagem são de fato do paciente. - Confirme se os materiais imprescindíveis para realizar o procedimento encontram-se na sala e se o carrinho de emergência está completo. - Desenvolva listas de verificação específicas e as utilize nas diferentes etapas do processo. Por exemplo: lista de montagem de sala cirúrgica, lista de conferência dos documentos em prontuário, lista de verificação do carrinho de anestesia. - Estimule a cultura de segurança do paciente, implantando a lista de verificação recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) que define três fases distintas: checar imediatamente antes (sign in - realizado antes da indução anestésica); checar antes (time out - realizado antes da incisão na pele) e checar depois (sign out - realizado antes de o paciente sair da sala de cirurgia): a) Checar imediatamente antes (Sign in - antes da indução anestésica): • Confirmação do paciente: identificação do paciente, do local da cirurgia, do procedimento a ser realizado e preenchimento do consentimento informado. • Marcação do local da intervenção cirúrgica pelo profissional que irá realizar o procedimento e/ou pelo paciente. • Realização dos procedimentos de segurança para anestesia, pelo anestesista, como a conferência do equipamento de anestesia. • Monitoramento de oximetria. - Verificação de alergias. - Verificação das dificuldades de ventilação ou risco de aspiração. - Avaliação de possíveis perdas sanguíneas ou risco de aspiração. b) Checar antes (Time out - antes da incisão na pele): - Confirmação de todos os membros que compõem a equipe, apresentando-se pelo nome e função. - Confirmação do paciente, local da cirurgia e tipo de procedimento. - Verificação pelo cirurgião dos pontos críticos da cirurgia, duração do procedimento e perdas sanguíneas. • Verificação pelo anestesista dos pontos críticos da anestesia. - Verificação pela enfermagem dos pontos críticos da assistência, como indicadores de esterilização e equipamentos necessários para a cirurgia. - Realização de antibioticoterapia profilática. Verificação da necessidade de equipamentos radiográficos. c) Checar depois (Sign out - antes do paciente sair da sala de cirurgia): • Confirmação do procedimento realizado. - Conferência dos instrumentais, compressas e agulhas. - Conferência, identificação e armazenamento correto de material para biópsia. - Anotação e encaminhamento de problemas com algum equipamento. - Cuidados necessários na recuperação anestésica. - Solicite uma pausa nas atividades dos profissionais para a realização de cada etapa da lista de verificação, que deverá ser feita em voz alta. - Registre no prontuário que o procedimento de verificação foi realizado, bem como os nomes dos profissionais que participaram. Pontos de atenção - A marcação cirúrgica deve ser clara e sem ambiguidade, devendo ser visível mesmo após o paciente preparado e coberto. - O local é marcado em todos os casos que envolvam lateralidade (direito/ esquerdo), múltiplas estruturas (dedos das mãos/pés, lesões) ou múltiplos níveis (coluna vertebral). - Se houver recusa do paciente em demarcar determinada região, ou o paciente não estiver orientado, a instituição deverá adotar mecanismos que assegurem o local correto, a intervenção correta e o paciente correto. Passo 5 Sangue e Hemocomponentes Administração Segura A administração intravenosa de sangue total ou hemocomponentes pode ser definida como a transferência de sangue e hemocomponentes de um indivíduo (doador) para outro (receptor). Está indicada para pacientes que sofreram perda sanguínea significante ou alterações hematológicas decorrentes de doenças ou procedimentos (ex.: choque, traumatismo, hemorragia, doenças sanguíneas, intervenções cirúrgicas, entre outros). A infusão só poderá ocorrer após a confirmação da identidade do paciente e sua compatibilidade com o produto (glóbulos vermelhos, plaquetas, fatores de coagulação, plasma fresco congelado, glóbulos brancos). A administração deve limitar-se, sempre que possível,ao componente sanguíneo que o indivíduo necessita, pois a administração do produto específico é mais 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 31 segura e evita reações em decorrência da infusão de componentes desnecessários. Erros na administração de sangue total e hemocomponentes comprometem a segurança do paciente. Medidas sugeridas - Confirme a identificação do paciente na pulseira, na prescrição médica e no rótulo do hemocomponente, antes da sua administração. Esta verificação deverá ocorrer DUAS vezes antes de iniciar a infusão. - Administre sangue total ou hemocomponentes provenientes de bancos de sangue qualificados, que realizam testes de identificação de doenças transmitidas pelo sangue (HIV, hepatite, sífilis) e mantêm controle de qualidade dos seus produtos quanto a coleta, análise, preparo, armazenamento e transporte. - Mantenha o sangue e alguns componentes por no máximo 30 minutos em temperatura ambiente antes de iniciar a infusão, ou de acordo com o protocolo institucional. - Aqueça os componentes apenas em equipamentos apropriados e em temperatura controlada. Nunca utilize aquecimento em banho-maria ou micro-ondas. - Avalie os sinais vitais do paciente imediatamente antes do procedimento. - Avalie a permeabilidade do cateter intravenoso e a ausência de complicações, como infiltração ou flebite, antes da instalação do produto. - Realize a infusão em via exclusiva. - Permaneça junto ao paciente nos primeiros 15 minutos após a instalação para identificar possíveis sinais de reações adversas (aumento da temperatura corpórea, exantema ou rash cutâneo, prurido, edema, vertigem, cefaleia, tremores, calafrios e dor). Após este período avalie o paciente a cada 30 ou 45 minutos. - Interrompa imediatamente a administração na vigência de um ou mais sinais de reação adversa e mantenha a permeabilidade do cateter intravenoso com solução salina. Proteja a extremidade do equipo para evitar contaminação e encaminhe a bolsa contendo o sangue total ou hemocomponente ao banco de sangue para análise. Verifique a pressão arterial, frequência cardíaca, frequência respiratória e temperatura do paciente. - Comunique imediatamente o ocorrido ao médico responsável pelo atendimento do paciente. - Mantenha a infusão por no máximo quatro horas, devido ao risco de contaminação e ou alterações do produto, seguindo o protocolo da instituição. - Realize a infusão de solução salina, após a administração do produto, com o objetivo de manter a permeabilidade do cateter. - Despreze a bolsa de sangue após a infusão em sacos ou recipientes que evitem vazamentos e resistam às ações de punctura e ruptura, conforme RDC - Resolução da Diretoria Colegiada – RDC nº 306, ANVISA, que dispõe sobre o regulamento técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. Pontos de atenção - Quanto à utilização de bomba de infusão, certifique-se do respaldo técnico e científico do fabricante para esta indicação, atentando à ocorrência de hemólise. - Certifique-se de que o paciente declarou consentimento para a infusão de sangue e hemocomponentes. Passo 6 Paciente Envolvido com sua Segurança O paciente pode e deve contribuir para a qualidade dos cuidados à sua saúde, fornecendo informações importantes a respeito de si mesmo e interagindo com os profissionais da saúde. Ele deve ser estimulado a participar da assistência prestada e encorajado a fazer questionamentos, uma vez que é ele quem tem o conhecimento de seu histórico de saúde, da progressão de sua doença e dos sintomas e experiências com os tratamentos aos quais já foi submetido. Além disso, desenvolver um ambiente que proporcione cuidados centrados no paciente, tornando-o, bem como seus familiares, agentes ativos na busca de sua segurança, promove interesse, motivação e satisfação com o cuidado prestado, aspectos que possibilitam ter um bom resultado nas condições de saúde. Medidas sugeridas - Estimule o paciente ou algum responsável (família, responsável legal, advogado) a participar das decisões do cuidado. - Identifique características específicas quanto à maturidade, condições clínicas e legais que possibilitam assumir suas responsabilidades, como pacientes pediátricos, psiquiátricos, anestesiados, em tratamento intensivo ou emergencial. 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 32 - Analise as fragilidades do paciente e a fase do tratamento ou doença, como a fadiga, estresse, dor e desconforto, associadas à ansiedade e ao medo, uma vez que estes aspectos podem influenciar as respostas do paciente. - Propicie o fortalecimento do vínculo do paciente e família com a equipe, pois estes fornecem informações sobre os sintomas, a história e o tratamento. - Compartilhe decisões sobre o tratamento e procedimento, por meio de informações referentes aos potenciais benefícios, riscos e prejuízos sobre cada opção que for apresentada. - Avalie as dificuldades de comunicação, barreiras de linguagem, falta de entendimento das orientações, fatores sociais e de personalidade que prejudicam a tomada de decisão adequada. Deve-se proceder à resolução desses aspectos por meio de processos institucionais e envolvimento da família. - Utilize meios adequados e linguagem compreensível para disponibilizar as informações aos diferentes grupos de pessoas. - Utilize recursos que se adaptem aos pacientes que tenham barreiras visuais, auditivas e de fala. - Respeite o tempo de cada paciente para compreender as informações fornecidas. - Crie estratégias para verificar se o paciente compreendeu as informações, repetindo-as, caso os objetivos não tenham sido alcançados. - Permita que o paciente consulte as informações registradas no prontuário a respeito dos seus cuidados e tratamento, mantendo os documentos devidamente preenchidos, claros e sem rasuras. - Entenda que o paciente tem o direito de saber se os profissionais que irão cuidar dele são competentes para prestar uma assistência segura. - Leve em consideração perguntas, queixas e observações do paciente, pois ele é a última barreira para impedir que eventos adversos ocorram. - Eduque o paciente para a cidadania, estimulando-o a conhecer seus direitos e responsabilidades. - Disponibilize tempo para responder aos questionamentos do paciente e família, ouvir suas observações e promover a educação para a saúde. Passo 7 Comunicação Efetiva A comunicação é um processo recíproco, uma força dinâmica capaz de interferir nas relações, facilitar e promover o desenvolvimento e o amadurecimento das pessoas e influenciar comportamentos. Existem diversas formas de comunicação, como verbal, não verbal, escrita, telefônica, eletrônica, entre outras, sendo fundamental que ocorra de forma adequada permitindo o entendimento entre as pessoas. O paciente recebe cuidados de diversos profissionais e em diferentes locais, o que torna imprescindível a comunicação eficaz entre os envolvidos no processo. Medidas sugeridas I – Passagem de plantão - Transmita informações sobre o paciente em ambiente tranquilo, livre de interrupções e com tempo disponível para esclarecer as dúvidas do outro profissional. - Comunique as condições do paciente, os medicamentos que utiliza, os resultados de exames, a previsão do tratamento, as recomendações sobre os cuidados e as alterações significativas em sua evolução. - Informe sobre os procedimentos realizados e, no caso de crianças, qual familiar acompanhou sua realização. - Registre as informações em instrumento padronizado na instituição para que a comunicação seja efetiva e segura. I – Registro em prontuário - Verifique se os formulários onde estão sendo realizados os registros são do paciente. - Coloque data e horário antes de iniciar o registro da informação. 3. Registre as informações em local adequado, com letra legível e sem rasuras. - Faça uso apenas de abreviaturas e siglas padronizadas, observando as quenão devem ser utilizadas. - Realize o registro de modo completo e objetivo, desprovido de impressões pessoais. - Siga o roteiro de registro da informação estabelecido pela instituição. - Coloque a identificação do profissional ao final de cada registro realizado. Pontos de atenção - Recomenda-se a padronização dos instrumentos para o registro das informações e dos métodos de comunicação entre os profissionais. 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 33 - A gravidade do paciente e a complexidade dos cuidados favorecem a ocorrência de erros de omissão ou de distorção da comunicação entre os profissionais, comprometendo, assim, a segurança do paciente. - O paciente tem o direito de conhecer os registros realizados em seu prontuário clínico. - As informações referentes às condições clínicas do paciente são restritas a ele próprio, aos profissionais envolvidos e aos que são autorizados pelo paciente ou legalmente estabelecidos. - As instituições definem a forma de identificação dos profissionais, que normalmente incluem o nome completo, assinatura, categoria, registro profissional e carimbo. - As prescrições verbais ou telefônicas só poderão ocorrer em situações de emergência, cujo procedimento deve estar claramente definido pela instituição. Medidas de segurança devem ser implementadas, como repetir em voz alta, de modo completo, a informação dada pelo emissor, com documentação em formulário, prazo para a validação da prescrição e conferência com outro profissional. Passo 8 Prevenção de Queda A queda pode ser definida como a situação na qual o paciente, não intencionalmente, vai ao chão ou a algum plano mais baixo em relação à sua posição inicial. A avaliação periódica dos riscos que cada paciente apresenta para ocorrência de queda orienta os profissionais a desenvolver estratégias para sua prevenção. Fatores de risco para ocorrência de queda: 1. Idade menor que 5 anos ou maior que 65 anos. 2. Agitação/confusão. 3. Déficit sensitivo. 4. Distúrbios neurológicos. 5. Uso de sedativos. 6. Visão reduzida (glaucoma, catarata). 7. Dificuldades de marcha. 8. Hiperatividade. 9. Mobiliário (berço, cama, escadas, tapetes). 10. Riscos ambientais (iluminação inadequada, pisos escorregadios, superfícies irregulares). 11. Calçado e vestuário não apropriado. 12. Bengalas ou andadores não apropriados. Medidas sugeridas - Identifique os pacientes de risco com a utilização de pulseiras de alerta. 2. Oriente os profissionais e familiares a manter as grades da cama elevadas. - Oriente o paciente e acompanhante a solicitar ao profissional auxílio para a saída do leito ou poltrona. - Oriente o acompanhante a não dormir com criança no colo. - Oriente o acompanhante a avisar a equipe toda vez que for se ausentar do quarto. - Disponibilize equipamentos de auxílio à marcha, quando necessário. - Crie ambiente físico que minimize o risco de ocorrência de quedas, como barras de segurança nos banheiros, corrimões nas escadas, utilização de fitas antiderrapantes, placas de informação. - Adeque os horários dos medicamentos que possam causar sonolência. - Oriente a utilização de calçados com sola antiderrapante e adequados ao formato dos pés. - Realize periodicamente manutenção das camas, berços e grades. 1. Monitore e documente as intervenções preventivas realizadas. Pontos de atenção - O uso de contenção mecânica, em caso de agitação ou confusão do paciente, deve ser criteriosamente analisado, uma vez que requer a autorização de familiares, definição de protocolos institucionais e utilização de equipamentos apropriados. - Oriente o profissional de saúde a comunicar e registrar casos de queda, implementando medidas necessárias para diminuir danos relacionados à sua ocorrência. Passo 9 Prevenção de Úlcera por Pressão Úlcera por pressão é uma lesão na pele e ou nos tecidos ou estruturas subjacentes, geralmente localizada sobre uma proeminência óssea, resultante de pressão isolada, ou combinada com fricção e/ou cisalhamento. A avaliação periódica dos riscos que cada paciente apresenta para a ocorrência de úlceras por pressão orienta os profissionais a desenvolver estratégias para sua prevenção. Fatores de risco para úlcera por pressão: 1. Grau de mobilidade alterado. 2. Incontinência urinária e/ou fecal. 3. Alterações da sensibilidade cutânea. 4. Alterações do estado de consciência. 5. Presença de doença vascular. 6. Estado nutricional alterado. Medidas sugeridas - Avalie o risco do paciente para desenvolvimento de úlceras por pressão na admissão em qualquer serviço de saúde, realize reavaliações periódicas e utilize escalas específicas. - Proteja a pele do paciente do excesso de umidade, ressecamento, fricção e cisalhamento. - Mantenha os lençóis secos, sem vincos e sem restos alimentares 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 34 - Utilize dispositivos de elevação (elevador, trapézio), rolamentos ou lençóis ao realizar a transferência do paciente da cama para a maca, da cama para a poltrona, entre outras. - Hidrate a pele do paciente com cremes à base de ácidos graxos essenciais. 6. Realize mudança de decúbito conforme protocolos institucionais. - Incentive a mobilização precoce passiva e/ou ativa, respeitando as condições clínicas do paciente. - Utilize superfícies de suporte e alívio da carga mecânica para minimizar os efeitos do excesso de pressão causado pela imobilidade, como o uso de almofadas, travesseiros ou coxins apropriados. - Providencie colchão de poliuretano (colchão caixa de ovo) para o paciente acamado. Pontos de atenção - Não é recomendada a utilização de luvas com água em substituição aos dispositivos de prevenção. - Havendo o aparecimento de úlceras por pressão, deve-se tratá-las conforme protocolos institucionais, monitorando e documentando sua evolução. - Utilize escalas para avaliação de úlceras por pressão, como a Escala de Braden e a Escala de Norton. Passo 10 Segurança na Utilização da Tecnologia A segurança na utilização da tecnologia compreende o benefício e o impacto no uso de um ou mais recursos, em prol do restabelecimento da saúde do paciente. Visa identificar soluções que têm como propósito promover melhorias específicas em áreas de maior risco na assistência à saúde, para que a tecnologia seja utilizada de maneira apropriada. A seguir estão descritas algumas medidas para promoção de segurança na utilização de alguns equipamentos utilizados na área da saúde. Medidas sugeridas - Consulte o manual do fabricante de qualquer equipamento. - Avalie se o equipamento apresenta condições adequadas para o uso. - Simule o funcionamento normal do aparelho, desconecte o plugue da tomada e verifique se o alarme de bateria começa a soar. - Efetue a limpeza programada do equipamento e/ou sempre que necessário. -. Verifique o adequado funcionamento do equipamento. - Verifique em que condições encontra-se o equipamento, se foi realizada a manutenção e a programação para manutenção preventiva e calibração do equipamento. - Peça orientações ao serviço de engenharia ou manutenção da instituição sobre o uso adequado de equipamentos quando houver qualquer dúvida. - Leia o manual simplificado do equipamento desenvolvido pela instituição, que deve estar visível e legível no aparelho. Siga a sequência correta para o manuseio. - Informe as condições de uso, disparo do alarme e anormalidades ao paciente e/ou familiar. - Explique ao paciente como acionar o profissional em caso de urgências. - Posicione o equipamento em local seguro para prevenir quedas e acidentes. - Faça as anotações na ficha de atendimento ou no prontuário do paciente descrevendo a orientação fornecida, as condições do equipamento e o uso no paciente. - Monitore o paciente com frequência, analisando as condições do equipamento em uso. - Analise se o equipamento tem condições técnicas para o atendimento das necessidades clínicas do paciente,participando do processo de adequação da tecnologia aplicada ao cuidado de enfermagem. Pontos de atenção - Conheça as diferentes alternativas tecnológicas, auxiliando na escolha do equipamento mais adequado. - Verifique e aplique as legislações pertinentes. - Conheça e siga os protocolos específicos no uso e manuseio de cada equipamento. - Conheça as condições de substituição, empréstimo, obsolescência e ou alocação do recurso tecnológico. - Certifique-se de que possui habilidade e conhecimento técnico para o manuseio do equipamento com segurança. - Em caso de falta do recurso tecnológico necessário, o enfermeiro deve verificar se há alternativas. - Se o paciente referir alergia a algum produto / conexão / tubo do equipamento, registre na ficha de atendimento ou no prontuário e realize a substituição. - Na recusa do paciente em utilizar o equipamento, explique os benefícios e indicações para o tratamento de saúde e identifique os motivos para a rejeição. Se necessário o enfermeiro deve avaliar as condições do paciente, sua opinião e a possibilidade de substituição do equipamento. 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 35 http://www.ebah.com.br/ Questões 01. Com relação à segurança do paciente e de acordo com a Classificação Internacional de Segurança do Paciente da Organização Mundial da Saúde, assinale a alternativa que apresenta a definição de risco. (A) Redução, a um mínimo aceitável, do risco de dano desnecessário associado ao cuidado de saúde. (B) Evento ou circunstância que poderia ter resultado, ou resultou, em dano desnecessário ao paciente. (C) Incidente com potencial dano ou lesão. (D) Probabilidade de um incidente ocorrer. (E) Incidente que resulta em dano ao paciente. Gabarito 01.D Comentários 01. Resposta: D Risco é a probabilidade de um incidente ocorrer. MEDIDAS DE HIGIENE E DE SEGURANÇA NOS SERVIÇOS DE ENFERMAGEM Boas práticas em higiene hospitalar e técnicas corretas de limpeza fazem parte dos princípios de qualquer instituição de saúde para se evitar contaminações e a disseminação de infecções, já que um hospital concentra inúmeros microrganismos, bactérias e vírus nocivos à saúde dos pacientes e também dos trabalhadores. Qualificar a equipe profissional que atua nas áreas aonde a higienização faz-se necessária em período integral é um dos pilares para um atendimento de qualidade, proporcionando segurança, conforto e bem- estar ao paciente e aos colaboradores da instituição. A enfermagem é parte integrante deste processo e em muitas instituições ela é a responsável pelo setor de Higienização, estando à frente na tomada de decisões. Através da higienização, proporciona-se aos clientes internos e externos um ambiente limpo e esteticamente organizado, livre de mau odor, visando conforto, segurança e bem estar. A utilização de boas práticas durante a execução dos processos de limpeza, além de eliminar a sujidade visível e reduzir a carga contaminante das superfícies, evita a disseminação de microrganismos através da adoção de medidas de controle, preserva a saúde ocupacional e o meio ambiente. Há três tipos de limpezas: concorrente, terminal e de manutenção. A limpeza concorrente é aquela realizada enquanto o paciente encontra-se no apartamento, nas dependências da instituição de saúde. O funcionário retira o lixo e os resíduos depositando-os em sacos plásticos, recolhe a roupa suja para encaminhar à lavanderia e recolhe outros materiais, como jornais e revistas, por exemplo. A limpeza terminal é realizada após a saída do paciente, seja por alta, óbito ou transferência. Este ato compreende a limpeza de superfícies, sejam elas verticais ou horizontais, e a desinfecção do mobiliário. E temos a limpeza de manutenção, que têm como objetivo, manter o padrão da limpeza das dependências, nos intervalos entre as limpezas concorrentes ou terminais. Neste caso, deve-se estar atento à reposição de materiais de higiene, recolhimento de resíduos, manutenção das superfícies limpas e secas etc. Como são classificadas as áreas de serviços de saúde? As áreas são classificadas de acordo com o risco potencial de transmissão de infecções: 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 36 - Áreas críticas: são aquelas onde existe um risco aumentado de infecções, onde se realizam muitos procedimentos de risco. Ex: OS, UTI, CC, CO, locais onde se encontram pacientes imunocomprometidos etc. - Áreas semicríticas: ocupadas por pacientes com moléstias infecciosas de baixa transmissibilidade e doenças não infecciosas, ambulatórios, quartos ou enfermarias de pacientes etc. - Áreas não críticas: áreas não ocupadas por pacientes e onde não se realizam procedimentos de risco. Ex. áreas administrativas. Como a enfermagem pode contribuir no processo de Higienização do ambiente? Fazendo o que lhe compete, como, por exemplo: - Após a saída do paciente (alta, óbito ou transferência) recolher materiais provenientes da assistência: bombas de infusão, equipos, soros, perfurocortantes, comadres, roupas etc.; E uma observação: a equipe de higienização só deve iniciar a limpeza terminal após a retirada destes materiais, ou seja, quanto mais a enfermagem demorar, maior tempo para liberação do quarto; - Recolher os perfurocortantes de locais inadequados (piso, bancadas, leitos etc.); - Fechar coletores de perfuro cortantes; - Realizando a limpeza do leito enquanto o paciente está internado. Lembrando que não compete ao funcionário da higiene higienizar o leito ocupado, pois representa risco à segurança do paciente; - Realizar a limpeza de materiais e equipamentos relacionados à assistência: equipamentos de RX, bombas de infusão, equipamentos utilizados para monitoramento dos pacientes etc. Os protocolos desenvolvidos em busca da padronização das ações de higiene devem ser validados pelo SCIH (Serviço de Controle de Infecção Hospitalar). Algumas dicas para a equipe de higienização e liderança: - NUNCA recolher PC (perfurocortante) de locais inadequados - NUNCA fechar coletores de PC - Segurar coletores de PC pelas alças - Não utilizar pano de chão para limpeza do piso (o ato de torcer o pano pode levar ao acidente) - NUNCA encostar o saco de resíduos no corpo - Segurar o saco de resíduos pelas bordas etc. Lavando as mãos No dia-a-dia de nosso trabalho executamos grande variedade de procedimentos, muitos deles repetidas vezes. Em geral, a importância que lhes é conferida associa-se ao grau de complexidade, à tecnologia envolvida, à capacidade de provocar danos ou complicações ao paciente e à frequência de realização. A pouca adesão dos profissionais da área de saúde à prática de lavagem das mãos reflete em parte essa situação, pois é procedimento simples, comum na esfera social como hábito de higiene, o que certamente não lhe confere o valor e o status de alta tecnologia. E muitas são as justificativas usadas pela equipe para não fazê-lo, como, dentre outras: falta de pias e degermantes adequados, sobrecarga de serviço, situações de emergência. Em contrapartida, os especialistas são unânimes em afirmar que este é um dos procedimentos mais significativos para a prevenção e o controle da infecção hospitalar, sendo-lhe atribuída a possibilidade de redução acentuada da carga microbiana quando as mãos são lavadas com água e sabão e com degermantes como povidine ou clorexidina, destaca-se também o uso do álcool gel. Luvas esterilizadas e de procedimento Outra barreira utilizada para o controle da disseminação de microrganismos no ambiente hospitalar são as luvas, esterilizadas ou não, indicadas para proteger o paciente e o profissional de contaminação. As luvas esterilizadas, denominadas luvas cirúrgicas, são indicadas para a realização de procedimentos invasivos ou manipulação de material estéril, impedindo a deposição de microrganismos no local. Exemplos: cirurgias, suturas, curativos,cateterismo vesical, dentre outros. As luvas de procedimento são limpas, porém não esterilizadas, e seu uso é indicado para proteger o profissional durante a manipulação de material, quando do contato com superfícies contaminadas ou durante a execução de procedimentos com risco de exposição a sangue, fluidos corpóreos e secreções. Não há nenhum cuidado especial para calçá-las, porém devem ser removidas da mesma maneira que a luva estéril, para evitar que o profissional se contamine. 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 37 Precauções-padrão As precauções-padrão devem ser utilizadas no atendimento de todos os pacientes sempre que houver risco de contato com sangue, líquidos corpóreos, secreções e excreções, peles não-íntegras e mucosas. São ações das precauções-padrão: - Lavar as mãos: antes e após o contato com o paciente; após descalçar as luvas, pois nelas podem haver pequenos furos ou ocorrer contaminação durante a remoção; após contato com sangue, secreções e excreções, equipamentos e artigos contaminados; entre a realização de procedimentos com o mesmo paciente, como curativo, aspiração traqueal, coleta de sangue, etc.; entre a manipulação de um paciente e outro; entre a realização do mesmo procedimento em pacientes diferentes, como esvaziamento de urina do sistema de drenagem fechado; - Utilizar luvas estéreis antes da execução de procedimento asséptico e luvas de procedimento sempre que existir a possibilidade de contato com sangue, líquidos corpóreos, secreções e excreções, mucosa, pele não-íntegra e artigos, equipamentos e superfícies contaminados; retirar as luvas imediatamente após o uso e antes de tocar em outro paciente ou qualquer material ou superfície, como caneta, telefone, papeleta, maçaneta de porta, etc.; - Usar avental limpo não-estéril ou impermeável (quando necessário) nos casos de risco de contato com respingos de líquidos corporais e/ou sangue; retirá-lo após o término do procedimento; - Utilizar máscara, protetor de olhos e protetor de face sempre que realizar procedimentos sujeitos a risco de respingos de líquidos corporais e/ou sangue como, por exemplo, aspiração de secreção traqueal; - Manter os cuidados adequados com os artigos e equipamentos de uso em pacientes, no tocante à limpeza, desinfecção ou esterilização; - Prevenir acidentes com materiais perfurocortantes: ter cuidado com o uso, manipulação, limpeza e descarte de agulhas, bisturis e similares; não remover as agulhas contaminadas das seringas; não realizar o reencape das agulhas; usar recipiente apropriado para o descarte de materiais perfurocortantes; - Realizar o controle ambiental: fazer a limpeza e descontaminação de superfícies ambientais e mobiliário, quando contaminados com sangue e/ou líquidos corporais; - Cuidar das roupas usadas: utilizar luvas de procedimento ao manusear as roupas sujas de sangue, líquidos corporais, secreções e excreções, evitando o contato direto com pele e mucosas, bem como com a própria roupa; - Utilizar quarto privativo nos casos em que haja risco de contaminação ambiental. Precauções de contato As precauções de contato são indicadas para pacientes colonizados ou infectados por microrganismos veiculados por contato direto ou indireto (ex: objetos), que tenham grande importância epidemiológica - como infecção por agentes multirresistentes. Além das medidas de precaução-padrão, as precauções de contato envolvem as medidas de uso de quarto privativo ou comum para pacientes que apresentem a mesma doença ou microrganismo; o uso de avental na possibilidade de risco de contato das roupas do profissional com área ou material infectante quando da realização de higiene do paciente com diarreia, incontinência fecal/urinária e ferida com secreção não-contida pelo curativo; manutenção do paciente no quarto/enfermaria, evitando sua saída; uso exclusivo de artigos e equipamentos pelo paciente; limpeza e desinfecção ou esterilização dos mesmos após a alta do paciente. Os familiares devem ser orientados quanto aos cuidados a serem tomados para evitar risco de contaminação. Precauções respiratórias As precauções respiratórias para aerossóis exigem as medidas de utilização das precauções-padrão; quarto privativo, sendo obrigatórios: manter a porta fechada; utilizar máscara apropriada (tipo N95) ao prestar cuidados a pacientes com suspeita ou doença confirmada de transmissão por aerossóis; manter o paciente no quarto, evitando sua saída - caso haja necessidade de transportá-lo, colocar máscara comum tipo cirúrgica. As precauções respiratórias para gotículas necessitam de medidas de utilização das precauções- padrão; quarto privativo ou comum para pacientes com a mesma doença; uso de máscara comum, tipo cirúrgica, por todas as pessoas que entrem no quarto no período de transmissão da doença - sendo necessário desprezá-la à saída do quarto; manter o paciente no quarto, evitando sua saída - caso haja necessidade de transportá-lo, colocar máscara comum tipo cirúrgica no mesmo. 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 38 Precauções empíricas As precauções empíricas são indicadas para os casos de pacientes sem diagnóstico definitivo, porém com indícios de infecção por agentes que necessitem de precauções. Devem permanecer até que haja confirmação ou esclarecimento do diagnóstico. Nestes casos inserem-se: - Precauções de contato: diarreias agudas de etiologia infecciosa, erupção vesicular, abcessos ou feridas com exsudato que extravase a cobertura; - Precauções para aerossóis: erupção vesicular, tosse com febre e infiltração de lobo pulmonar em qualquer local em paciente HIV positivo; - Precauções para gotícula: meningite, exantema petequial e febre. http://bvsms.saude.gov.br Caro leitor esse assunto foi abordado no tópico Processo de comunicação e relação profissional- paciente. ANOTAÇÕES DE ENFERMAGEM2 As Anotações de Enfermagem, fornecem dados que irão subsidiar o enfermeiro e a equipe de enfermagem nos estabelecimentos de saúde para planejamento e prescrição de cuidados. Também, suporte para análise reflexiva dos cuidados ministrados, respectivas respostas do paciente e resultados esperados da Evolução de Enfermagem. Portanto, a Anotação de Enfermagem é fundamental para o desenvolvimento da Sistematização de Enfermagem (SAE), pois é fonte de informações essenciais para assegurar a continuidade da assistência. Contribui, ainda, para a identificação das alterações do estado e das condições do paciente, favorecendo a detecção de novos problemas, a avaliação dos cuidados prescritos e, por fim, possibilitando a comparação das respostas do paciente aos cuidados prestados (CIANCIARULLHO et al, 2001). Algumas regras são importantes para elaboração das Anotações de Enfermagem, dentre as quais: - Devem ser legíveis, completas, claras, concisas, objetivas, pontuais e cronológica; - Devem ser precedidas da data e hora, conter assinatura e identificação do profissional ao final de cada registro; - Não conter rasuras, entrelinhas, linhas em branco ou espaços; - Não escrever de lápis, sempre caneta azul, vermelha e/ou preta (varia com cada norma de cada instituição) - Conter observações efetuadas, cuidados prestados, seja, eles os já padronizados, de rotina e específico; - Devem, ainda, constar das respostas do paciente frente ao cuidados prescritos pelo enfermeiro, intercorrências, sinais e sintomas observados; - Devem priorizar a descrição de características, como tamanho mensurado (cm, mm, etc.), quantidade (ml, l, etc.), coloração e forma; - Não conter termos que deem conotação de valor (bem, mal, muito, pouco, etc.); - Conter apenas abreviaturas previstas na literatura; - Devem ser referente aos dados simples, que não requeiram maior aprofundamento científico. Não é correto, por exemplo, o técnico ou auxiliar de enfermagem anotar dados referentes ao exame físico doque detectará suas necessidades, para posterior intervenção de com o intuito de restabelecer sua saúde e proporcionar seu retorno a sua vida privada. SEMIOTÉCNICA EM ENFERMAGEM Entende-se por semiotécnica o estudo e metodização das ações que sucedem ao exame físico (POSSO). Trata-se de um campo de estudo onde estão inseridas as mais diversas técnicas realizadas pelo enfermeiro, técnico de enfermagem e auxiliar de enfermagem. Envolve o conhecimento dos fundamentos da prática de Enfermagem, com o domínio de conceitos e habilidades. É essencial à prática de Enfermagem. As habilidades são necessárias para o cuidado de uma grande variedade de pacientes, em bom estado de saúde e daqueles com doenças brandas e crônicas; buscando satisfazer as necessidades básicas do indivíduo. Os pacientes se dirigem aos hospitais porque precisam de acompanhamento e tratamento clínico especializados. A hospitalização desafia o censo de privacidade do paciente, bem como o controle de sua vida. O paciente se torna vulnerável e dependente total ou parcial dos cuidados da equipe de saúde Será preciso que o paciente abra mão, pelo menos em certo grau, de parte de sua rotina. Dependendo da complexidade exibida pelo problema de saúde, o paciente e sua família podem também receber treinamento, aconselhamento, coordenação de serviços e ajuda para lidar com as mudanças causadas na vida diária face às mudanças no estado de saúde. Exame Físico Caracteriza-se por ser a parte da avaliação clínica em que o enfermeiro levanta dados pertinentes ao estado físico do paciente permitindo a identificação de problemas de enfermagem. Reúne informações que podem direcionar o enfermeiro sobre o que investigar no exame físico e complementa os dados do diagnóstico de enfermagem. Normas Gerais para Execução do Exame Físico - Solicitar a colaboração do paciente; - A iluminação deve ser adequada (homogênea e sem sombras); - Respeitar a privacidade do paciente; - Explicar sobre os procedimentos realizados; - Realizar o exame no sentido céfalo-caudal (podálico); - As mãos do examinador devem estar aquecidas e as unhas, curtas; - O paciente deve estar relaxado e confortável; - Em órgãos pares (ouvidos, olhos, rins, outros) deve-se iniciar o exame pelo lado não-afetado; - Monitorar a expressão facial do paciente em relação a manifestações de desconforto ou dor; - Evitar interrupções e/ou interferências; - Evitar comentários e expressões acerca dos problemas encontrados; Instrumentos e Aparelhos Usados para a Execução do Exame Físico; Alguns instrumentos e aparelhos auxiliam o enfermeiro na avaliação física do paciente; FUNDAMENTOS DE ENFERMAGEM: Semiologia e Semiotécnica: atuação do técnico de enfermagem nos diversos procedimentos de assistência ao paciente/cliente 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 2 - Estetoscópio; - Esfigmomanômetro; - Fita métrica; - Termômetro; - Balança antropométrica; - Espátula; - Agulhas; - Bolas de algodão secas e em álcool; - Garrote; - Lanterna; - Martelo de reflexos; Métodos Propedêuticos de Avaliação Física A avaliação física é obtida através da utilização dos métodos propedêuticos: inspeção, palpação, percussão e ausculta. Inspeção É o ato de observar e inspecionar. É um método em que se utiliza o sentido da visão na avaliação do aspecto, cor, forma, tamanho e movimento das diversas áreas corporais. A inspeção pode ser estática, quando é realizada como o paciente em repouso, ou dinâmica, na qual o examinador observa os movimentos corporais do paciente e as alterações decorrentes dos mesmos. No primeiro contato com o paciente faz-se uma inspeção geral em que o enfermeiro observa o estado aparente de saúde, nível de consciência, estado nutricional e de hidratação, estatura, postura, atividade motora, cor da pele, higiene pessoal, humor e tipo de fala. A inspeção específica é realizada no exame dos diversos aparelhos. Palpação É a utilização do sentido do tato com o objetivo de explorar a superfície corporal - palpação superficial - e os órgãos internos - palpação profunda. A palpação confirma dados da inspeção e permite a obtenção de novos indícios como alteração da textura, tamanho, forma, consistência, sensibilidade (tátil, térmica e dolorosa), elasticidade, temperatura, posição e característica de cada órgão, resistência muscular, presença de massas e outros. Existem várias técnicas de palpação e sua escolha depende do local a ser examinado e do que se pretende investigar. - Mão espalmada (usa-se toda a palma de uma ou de ambas as mãos). - Mão em garra. - Mão espalmada, usando-se apenas as polpas digitais e a parte ventral dos dedos. Uma das mãos superpondo-se à outra. - Em pinça, formada pelo polegar e indicador. - Com o dorso das mãos. - Digitopressão (comprime-se uma área com a polpa do polegar ou indicador). - Fricção com algodão. - Palpação bimanual (uma das mãos aproximada a estrutura a ser examinada e a outra realiza a palpação). Percussão É o golpeamento leve de uma área a ser pesquisada, utilizando-se a parte ulnar dos dedos: percussão dígito-digital percussão com a borda cubital da mão ou com instrumento próprio, originando sons vibratórios. No golpeamento leve da estrutura e na interpretação do som gerado utilizam-se os sentidos do tato e da audição. A percussão é utilizada principalmente para se delimitar é órgãos, detectar coleções de líquido ou ar e perceber formações fibrosas teciduais. O som gerado da percussão tem características próprias quanto a intensidade, timbre e tonalidade, refletindo a densidade da superfície subjacente. Quanto mais densa a área percutida, maior, menos discernível e mais breve será o som. O som é influenciado pela espessura da parede e pela natureza das estruturas subjacentes. O som maciço é obtido quando se percutem regiões sólidas, desprovidas de ar, como baço, fígado, rins e músculos; o som submaciço decorre da percussão de regiões relativamente densas, com quantidade restrita de ar, como a região de transição entre o parênquima pulmonar e um órgão sólido; timpânico é o som produzido pela percussão de cavidades fechadas que contêm ar, como o estômago. A percussão pode ser realizada levemente golpeando-se diretamente a estrutura percussão direta, utilizando-se o dedo médio ou a borda cubital da mão. A percussão indireta ou dígito-digital é realizada 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 3 pressionando-se o dedo médio de uma das mãos sobre a área a ser percutida enquanto, com o dedo médio da outra mão, golpeia-se a falange distal com movimentos rápidos e repetidos, que devem ser iniciados da articulação do punho. Somente o dedo médio deve comprimir a parede, evitando o abafamento do som pelos outros dedos. Ausculta Consiste na aplicação do sentido da audição para ouvir sons ou ruídos produzidos pelos órgãos. Esses sons são decorrentes da vibração das estruturas entre sua origem e a superfície corporal. A vibração sonora pode ser captada diretamente pelo ouvido do examinador - ausculta direta - ou com auxílio do estetoscópio - ausculta indireta. A ausculta é geralmente usada para avaliar ruídos respiratórios normais e patológicos, bulhas cardíacas normais e suas alterações, fluxo sangüíneo passando pelos vasos e ruídos do trato gastrintestinal. Os tipos de som variam de acordo com o órgão auscultado e são caracterizados quanto a duração, intensidade, altura, ritmo e timbre. Exame físico da cabeça A cabeça posiciona-se na linha média do corpo - ereta. Problemas de desvio são comuns nos torcicolos, nos problemas de audição, estrabismos. Movimentos anormais mais frequentes são os tiques, os tremores etc. O exame completo da cabeça compreende a avaliação do: crânio, face, olhos, nariz, seios paranasais, boca, orelhas. 1) Crânio Na avaliação do crânio utiliza-se as técnicas de inspeção e palpação. Verifica-se: Tamanho e2 CIANCIARULLO, T.I. et al (Orgs). Sistema de assistência de enfermagem: evolução e tendências. São Paulo: Ícone, 2001. EBISUI, C.T.N. Procedimentos de Enfermagem. Reedição revisada e ampliada. São Paulo: Copidart, 2002. Assistência do técnico de enfermagem ao paciente visando atender as necessidades terapêuticas Registro de enfermagem 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 39 paciente, como abdome distendido, timpânico, etc.; visto que, para a obtenção destes dados, é necessário ter realizado o exame físico prévio, que constitui ação privativa do enfermeiro. As Anotações de Enfermagem são registros de: - Todos os cuidados prestados – incluem as prescrições de enfermagem e médicas cumpridas, além dos cuidados de rotina, medida de segurança adotadas, encaminhadas ou transferência de setor, entre outros; - Sinais e sintomas – incluem os identificados através da simples observação e os referidos pelo paciente. Importante destacar que os sinais vitais mensurados devem ser registrados pontualmente, ou seja, os valores exatos aferidos, e não normotenso, normocárdico, etc.; - Intercorrências – incluem o fatos ocorridos com o paciente e medidas adotadas. Devem ser registradas em formulário/documentos, com cabeçalho devidamente preenchido com os dados do paciente, de acordo com os critérios estabelecidos na instituição. RESOLUÇÃO COFEN Nº 545/20173 Anotação de Enfermagem e mudança nas siglas das categorias profissionais. O Conselho Federal de Enfermagem – Cofen, no uso das atribuições que lhe são conferidas pela Lei nº 5.905, de 12 de julho de 1973, e pelo Regimento Interno da Autarquia, aprovado pela Resolução Cofen nº 421, de 15 de fevereiro de 2012, e CONSIDERANDO o art. 8º, inciso IV, da Lei n° 5.905, de 12 de julho de 1973 que dispõe sobre a competência do Cofen em baixar provimentos e expedir instruções, para uniformidade de procedimento e bom funcionamento dos Conselhos Regionais; CONSIDERANDO o disposto no art. 22, X e XI, do Regimento Interno do Cofen, aprovado pela Resolução Cofen nº 421/2012, que autoriza o Conselho Federal de Enfermagem a baixar Resoluções, Decisões e demais instrumentos legais no âmbito da Autarquia; CONSIDERANDO o prescrito no artigo 23, inciso XIV, do Regimento Interno do Cofen, que dispõe sobre a competência do Plenário do Cofen em deliberar sobre pareceres e instruções para uniformidade de procedimentos, e regular funcionamento dos Conselhos Regionais de Enfermagem; CONSIDERANDO a Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, e o Decreto nº 94.406, de 08 de junho de 1987, que regulamentam o exercício da Enfermagem; CONSIDERANDO a Resolução Cofen n.º 311/2007, que aprovou a reformulação do Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem; CONSIDERANDO o disposto na Resolução Cofen nº. 358/2009 que dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem – SAE, nas Instituições de Saúde Brasileiras; CONSIDERANDO a Resolução Cofen nº. 429/2012, que dispõe sobre o registro das ações profissionais no prontuário do paciente, e em outros documentos próprios da enfermagem, independente do meio de suporte – tradicional ou eletrônico; CONSIDERANDO a deliberação do Plenário do Cofen, durante a realização de sua 486ª ROP, bem como todos os documentos acostados ao Processo Administrativo Cofen no 0348/2016; RESOLVE: Art. 1º Ficam adotadas as normas contidas nesta Resolução para a anotação e o uso do número de inscrição, ou autorização, nos Conselhos Regionais, pelos integrantes das várias categorias compreendidas nos serviços de Enfermagem. Art. 2º A anotação do número de inscrição dos profissionais de Enfermagem é feita com a sigla do Coren, acompanhada da sigla da Unidade da Federação onde está sediado o Conselho Regional, seguida do número de inscrição, separados todos os elementos por hífen. § 1º Os dados contidos no artigo segundo deverão constar do carimbo do profissional, pessoal e intransferível; § 2º Em ambos os casos descritos no parágrafo anterior, o profissional deverá apor sua assinatura sobre os dados descritos ou rubrica. 3 http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-05452017_52030.html - Acesso em 04/09/2018 às 15h45min. 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 40 Art. 3º As categorias profissionais de enfermagem deverão ser indicadas pelas seguintes siglas: a) ENF, para Enfermeiro; b) OBST, para Obstetriz. c) TE, para Técnico de Enfermagem; d) AE, para Auxiliar de Enfermagem, e e) PAR , para Parteira. Art. 4º A anotação do número de autorização é feita com a sigla AUT seguida da sigla da Unidade da Federação onde está sediado o Conselho Regional e do número da autorização, separadas as siglas por barra e o número por hífen. Parágrafo único A categoria referida neste artigo é o Atendente de Enfermagem, que é indicado pela sigla AT. Art. 5º É obrigatório o uso do carimbo, pelo profissional de Enfermagem nos seguintes casos: I – em recibos relativos a percepção de honorários, vencimentos e salários decorrentes do exercício profissional; II – em requerimentos ou quaisquer petições dirigidas às autoridades da Autarquia e às autoridades em geral, em função do exercício de atividades profissionais; e, III – em todo documento firmado, quando do exercício profissional, em cumprimento ao Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem. Art. 6º A inobservância do disposto na presente Resolução submeterá o infrator às normas contidas no Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem. Art. 7º Os Conselhos Regionais observarão a presente norma e divulgarão os termos desta Resolução, zelando por sua estrita observância bem como promovendo as medidas necessárias à punição dos infratores, nos termos da legislação em vigor. Art. 8º A presente Resolução entra em vigor na data de sua assinatura e publicação no Diário Oficial da União, revogada a Resolução Cofen nº 191/1996 e demais disposições em contrário. Brasília-DF, 9 de maio de 2017 MANOEL CARLOS N. DA SILVA Questões 01. (IF-PA - Auxiliar de Enfermagem – FUNRIO/2016) As anotações de enfermagem são registros importantes para a continuidade e avaliação da assistência prestada aos usuários da unidade de saúde. A correta anotação de enfermagem deve obedecer aos seguintes princípios, EXCETO: (A) fazer sempre as anotações somente ao final da jornada de trabalho para evitar rasuras. (B) ler a anotação anterior antes de realizar o novo registro. (C) utilizar terminologia adequada, evitando abreviaturas não previstas na literatura. (D) priorizar a descrição de características como tamanho, quantidade, coloração e formato. (E) registrar todas as medidas de segurança utilizadas par proteger o paciente. 02. (Pref. Fortaleza-CE - Técnico em Enfermagem – 2016) A importância do registro no prontuário reside no fato de que a equipe de enfermagem é a única que permanece continuamente ao lado do paciente, podendo informar, com detalhes, todas as ocorrências clínicas. Sobre a anotação de enfermagem, marque o item correto. (A) Caso o tratamento prescrito não seja realizado, não é necessário fazer anotação. (B) Os dados podem ser registrados a caneta ou lápis, preferencialmente sem rasuras. (C) O registro deve ser realizado após a prestação do cuidado, verificando intercorrências e identificando a hora exata do evento. (D) Ao final do registro, deve-se assinar a anotação e colocar o número de inscrição do Conselho Regional de Enfermagem, quando for norma da instituição de saúde. 03.(TJ-PE - Técnico em Enfermagem – FCC) Ao proceder o registro de informações escritas na anotação de enfermagem recomenda-se 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 41 (A) realizar o registro imediatamente após a ocorrência dos fatos e da execução do procedimento. (B) utilizar termos como “bom”, “regular”, “normal”, pois tornama leitura mais objetiva. (C) manter espaço em branco entre um registro e outro. (D) usar corretivos e borrachas para correção de erros de documentação, ocultando o registro inicial. (E) descrever o fato, emitir opiniões e juízo de valor, baseando-se em princípios pessoais e éticos da profissão. 04. (TER-AL - CESPE) As anotações de enfermagem são registros realizados pelos membros da equipe de enfermagem sobre as ocorrências e sobre todos os cuidados prestados aos pacientes, devendo, obrigatoriamente, ser acompanhadas da assinatura e do número do registro no COREN da pessoa que as realizou. ( )Certo ( )Errado 05. (UFRN) Em relação aos registros e às anotações de enfermagem no prontuário do paciente, é importante que: (A) as anotações se limitem aos aspectos relativos à doença ou ao agravo do paciente, pois as demais anotações são desnecessárias. (B) as informações sejam breves e resumidas, devendo-se usar abreviaturas e códigos, pois o importante são os dados estatísticos. (C) as informações sejam registradas de forma clara, objetiva e completa, com grafia legível, a devida assinatura e o número do registro do profissional no Conselho. (D) as anotações de enfermagem e checagem não contenham a assinatura nem o número do registro do profissional no Conselho, pois não se trata de um documento oficial. Gabarito 01.A / 02.C / 03.A / 04.Certo / 05.C Comentários 01.Resposta: A De maneira geral, toda anotação de enfermagem deve ser precedida de data e hora e após cada registro. Escrever de forma clara é obedecer uma sequência dos fatos, tanto lógica, quanto cronológica, para que seja possível o entendimento dos fatos pelo cliente/ paciente. Ainda nesse contexto inclui o que já foi citado anteriormente, sobre a escrita legível, e deve ser livre de correções com “branquinho”, “esparadrapo”, riscos ou afins. Em caso de erro, deve-se utilizar a palavra “digo” e continuar. Para que não haja esquecimento da cronologia ou do momento dos cuidados e situações ocorridas com o paciente, os registros devem ser realizados logo após sua constatação ou realização. 02.Resposta: C Devem ser precedidas da data e hora, conter assinatura e identificação do profissional ao final de cada registro. 03.Resposta: A Devem ser legíveis, completas, claras, concisas, objetivas, pontuais e cronológica; 04.Respota: Certo Conter observações efetuadas, cuidados prestados, seja, eles os já padronizados, de rotina e específico. Devem ser precedidas da data e hora, conter assinatura e identificação do profissional ao final de cada registro. 05.Respota: C Devem ser legíveis, completas, claras, concisas, objetivas, pontuais e cronológica. 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 42 INFECÇÃO HOSPITALAR Qualquer tipo de infecção adquirida após a entrada do paciente em um hospital ou após a sua alta quando essa infecção estiver diretamente relacionada com a internação ou procedimento hospitalar, como, por exemplo, uma cirurgia. O diagnóstico de infecção hospitalar envolve o uso de alguns critérios técnicos, previamente estabelecidos: -Observação direta do paciente ou análise de seu prontuário. -Resultados de exames de laboratório. -Quando não houver evidência clínica ou laboratorial de infecção no momento da internação no hospital, convenciona-se infecção hospitalar toda manifestação clínica de infecção que se apresentar após 72 horas da admissão no hospital. -Também são convencionadas infecções hospitalares aquelas manifestadas antes de 72 horas da internação, quando associadas a procedimentos médicos realizados durante esse período. -Os pacientes transferidos de outro hospital são considerados portadores de infecção hospitalar do seu hospital de origem. -As infecções de recém-nascidos são hospitalares, com exceção das transmitidas pela placenta ou das associadas a bolsa rota superior a 24 horas. Qualquer pessoa que é obrigada a internar-se em ambiente hospitalar para tratamento médico está sujeita a contrair uma infecção hospitalar, que está diretamente relacionada ao tempo de internação e procedimento a ser realizado. Em procedimentos cirúrgicos sempre existem mais riscos de contrair infecção do que em uma internação sem procedimentos já que Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) ou Centros Cirúrgicos são locais onde há muito mais chances de contrair infecção. Sintomatologia Os sintomas são relacionados ao local do procedimento ou envolvem algum sistema, como respiratório ou urinário. Pacientes graves podem ter comprometimento de todo o organismo. Tratamento Após o diagnóstico de infecção hospitalar, o tratamento é feito sempre com antibióticos injetáveis e por período de 14 a 30 dias. Prevenção A prevenção de infecções hospitalares por todo o mundo depende muito mais da instituição hospitalar e de seus trabalhadores do que dos pacientes, já que ninguém se interna com intenção de contrair doenças dentro do hospital. Os cuidados para não ocorrer elevado número de infecções e sua prevenção e controle envolvem: - medidas de qualificação da assistência hospitalar; - de vigilância sanitária e outras, tomadas no âmbito do município e estado. Assepsia é o processo pelo qual são afastados os micro-organismos patogênicos de um local ou objeto. Em um hospital, a assepsia é essencial para evitar as infecções. São exemplos de assepsia: - O ato de lavar as mãos (impede a transferência de micro-organismos presentes na mão do agente de saúde para o paciente). - A esterilização dos materiais. - Não tossir, espirrar, e nem mesmo falar sobre material esterilizado. - Uso de papel toalha para as mãos. - Não sentar nas camas dos pacientes. - Não colocar materiais no chão (comadre, bacia). - Remoção das bactérias da pele (banho, limpeza). Prevenção e controle de infecções 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 43 Fica claro, portanto, que as medidas para a prevenção das infecções hospitalares são de responsabilidade do hospital e de seus funcionários. A padronização das técnicas de assepsia é o meio mais eficaz de evitar as infecções hospitalares. Os hospitais devem contar com uma Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) para: - fazer o diagnóstico de casos de infecção hospitalar; - padronizar as técnicas de assepsia; - promover o treinamento de funcionários; - ajudar no planejamento do espaço físico do hospital; - controlar a utilização de antibióticos no trato das infecções (para impedir o uso abusivo), entre outras atribuições. Fonte de infecção relacionada ao ambiente O ar, a água e as superfícies inanimadas verticais e horizontais fazem parte do meio ambiente de uma instituição de saúde. Particularmente no hospital, o ambiente pode tornar-se foco de infecção hospitalar, embora estudos tenham demonstrado não ser esse o principal meio de transmissão. Os cuidados com o ambiente estão centrados principalmente nas ações de limpeza realizadas pelo Serviço de Higiene Hospitalar. Há uma estreita relação deste com o Serviço de Prevenção e Controle de Infecção Hospitalar, cabendo-lhe as seguintes incumbências: - padronizar produtos a serem utilizados na limpeza; - normatizar ou indicar o uso de germicidas para as áreas críticas ou para as demais, quando necessário; - participar de treinamentos e dar orientação técnica à equipe de limpeza; - participar da elaboração ou atualização de manuais a respeito do assunto. Fonte de infecção relacionada à equipe de saúde A equipe de saúde tem importante papel na cadeia de transmissão da infecção hospitalar ou domiciliar. As práticas adotadas para sua prevenção visam controlar a propagação de microrganismos que habitam o ambiente hospitalar e diminuir os riscos do paciente vir a adquirir uma infecção. Por outro lado, tanto as medidas gerais como as específicas de prevenção e controle de infecção implantadasna instituição também direcionam-se para proteger o próprio trabalhador que ali desempenha sua função, quer seja prestando assistência direta ao paciente, como no caso do auxiliar de enfermagem ou do enfermeiro, quer seja indiretamente, como o funcionário da higiene hospitalar, da lavanderia ou da nutrição e dietética. Toda a equipe de saúde tem responsabilidade com relação à prevenção da infecção hospitalar, devendo fazer correto uso das técnicas assépticas, dos equipamentos de proteção individual (EPI) e ou coletivo (EPC), quando necessário. Por sua vez, o empregador tem a responsabilidade de disponibilizar os recursos necessários à efetivação desses cuidados. A prevenção e o controle da infecção fundamentam-se nos princípios de assepsia, mediante a utilização de medidas para impedir a penetração de microrganismos (contaminação) em local onde não estejam presentes. As técnicas de assepsia devem ser utilizadas por todos os profissionais de saúde em todos os procedimentos, e são agrupadas sob a denominação de assepsia médica e cirúrgica. A assepsia médica, refere-se às medidas adotadas para reduzir o número de microrganismos e evitar sua disseminação; e a assepsia cirúrgica, para impedir a contaminação de uma área ou objeto estéril. As medidas que visam reduzir e prevenir o crescimento de microrganismos em tecidos vivos são denominadas antissepsia. A adesão da equipe às medidas gerais de prevenção e controle de infecção ainda dependem da conscientização e mudança de hábitos dos profissionais. Entretanto, sua adoção implica a realização de atos simples e de fácil execução, tais como: - lavar sempre as mãos antes de realizar qualquer procedimento - um dos mais importantes meios para prevenir a infecção cruzada; - manter os cabelos longos presos durante o trabalho, pois quando soltos acumulam sujidades, poeira e microrganismos, favorecendo a contaminação do paciente e do próprio profissional; - manter as unhas curtas e aparadas, pois as longas facilitam o acúmulo de sujidades e microrganismos; - evitar o uso de joias e bijuterias, como anéis, pulseiras e demais adornos, que podem constituir-se em possíveis fontes de infecção pela facilidade de albergarem microrganismos em seus sulcos e reentrâncias, bem como na pele subjacente; 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 44 - não encostar ou sentar-se em superfícies com potencial de contaminação, como macas e camas de pacientes, pois isto favorece a disseminação de microrganismos. Infecção É a resposta inflamatória provocada pela invasão ou presença de micro-organismos em tecidos orgânicos. Infecção Comunitária É a infecção constatada ou em incubação no ato da admissão hospitalar do paciente, desde que não relacionada com internação anterior. São também comunitárias: - a infecção que está associada à complicação ou extensão da infecção já presente na admissão hospitalar, a menos que haja troca de micro-organismos com sinais ou sintomas fortemente sugestivos da aquisição de nova infecção; - a infecção em recém-nascido, cuja aquisição por via transplacentária é reconhecida ou foi comprovada e que se tornou evidente logo após o nascimento (exemplo: herpes simples, toxoplasmose, rubéola, citomegalovirose, sífilis, Aids); - as infecções de recém-nascidos associadas com bolsa rota superior a 24 horas (vinte e quatro horas). Princípios: - evidência clínica, derivada da observação direta do paciente ou da análise de seu prontuário; - resultados de exames de laboratório, ressaltando-se os exames microbiológicos, a pesquisa de antígenos, anticorpos e métodos de visualização realizados; - evidências de estudos com métodos de imagem; - endoscopia; - biópsia e outros. Critérios gerais - quando na mesma topografia em que foi diagnosticada infecção comunitária, for isolado um germe diferente, seguido do agravamento das condições clínicas do paciente, o caso deverá ser considerado infecção hospitalar; - quando se desconhecer o período de incubação do microrganismo e não houver evidência clínica e ou dado laboratorial de infecção no momento da internação, convenciona-se como infecção hospitalar toda manifestação clínica de infecção que se apresentar a partir de 72 (setenta e duas) horas após a admissão; - são também convencionadas infecções hospitalares aquelas manifestadas antes de 72 (setenta e duas) horas da internação, quando associadas a procedimentos diagnósticos e ou terapêuticos, realizados durante esse período; - as infecções do recém-nascido são hospitalares, com exceção das transmitidas de forma transplacentária e aquelas associadas à bolsa rota durante esse período; - pacientes provenientes de outro hospital que se internam com infecção, são considerados portadores de infecção hospitalar do hospital de origem. Nestes casos, a Coordenação Estadual/Distrital/Municipal e ou hospital de origem deverão ser informados para computar o episódio como infecção hospitalar naquele hospital. CLASSIFICAÇÃO DAS CIRURGIAS POR POTENCIAL DE CONTAMINAÇÃO DA INCISÃO CIRÚRGICA. - as infecções pós-cirúrgicas devem ser analisadas conforme o potencial de contaminação da ferida cirúrgica, entendido como o número de microrganismos presentes no tecido a ser operado; - a classificação das cirurgias deverá ser feita no final do ato cirúrgico, pelo cirurgião, de acordo com as seguintes indicações: Cirurgias Limpas São aquelas realizadas em tecidos estéreis ou passíveis de descontaminação, na ausência de processo infeccioso e inflamatório local ou falhas técnicas grosseiras, cirurgias eletivas com cicatrização 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 45 de primeira intenção e sem drenagem aberta. Cirurgias em que não ocorrem penetrações nos tratos digestório ou urinário. - artroplastia de quadril; - cirurgias cardíacas; - herniorrafia; - neurocirurgia; - cirurgias ortopédicas eletivas; - anastomose porto-cava; - anastomose esplenectomia; - mastectomia; - enxertos cutâneos; - vagotomia supra-seletiva sem drenagem; - cirurgias vasculares; - cirurgias torácicas; - cirurgias sobre o trato respiratório intratorácico ou baixo. - cirurgias de peritônio: baço, fígado, pâncreas, músculos, ossos, articulações, ovários, trompas, pele, tecido celular subcutâneo, próstata sem acesso uretral, bexiga sem acesso uretral, ureter, bacinetes. O índice ideal máximo de infecção esperado neste tipo de cirurgia é de até 2%, porém, segundo o Colégio Americano de Cirurgiões, pode atingir até 5%. Cirurgias Potencialmente Contaminadas São aquelas realizadas em tecidos colonizados por flora microbiana pouco numerosa ou em tecidos de difícil descontaminação, na ausência de processo infeccioso e inflamatório e com falhas técnicas discretas no transoperatório. Cirurgias com drenagem aberta enquadram-se nessa categoria. Ocorre penetração nos tratos digestivo, respiratório ou urinário sem contaminação significativa. - histerectomia abdominal; - cirurgia eletiva de intestino delgado; - cirurgia de vias biliares; - cirurgia esofágica, gástrica, duodenal e de íleo; - feridas traumáticas limpas; - cirurgias de ouvido externo; - cirurgia de uretra; - cirurgia de útero cujo acesso não seja o vaginal; - quebra menor da técnica asséptica; - drenagem mecânica. O índice ideal máximo de infecção esperado neste tipo de cirurgia é de até 10%. Cirurgias Contaminadas São aquelas realizadas em tecidos colonizados por flora bacteriana abundante, cuja descontaminação seja difícil ou impossível, bem como aquelas em que tenham ocorrido falhas técnicas grosseiras e na ausência de supuração local. - apendicectomia sem supuração; - cirurgia de cólon, reto e ânus; - cirurgia de vulva e vagina; - cirurgia de vias biliares em presença de bile contaminada; - cirurgia intranasal; - cirurgia oral e dental; - cirurgia de orofaringe; - fraturas expostas; - fraturas traumáticas recentes; - cirurgiascom quebra da técnica asséptica (por exemplo: massagem cardíaca a céu aberto). Estes procedimentos apresentam um índice de infecção esperando elevado, entretanto não superior a 15-20%. 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 46 Cirurgias infectadas São todas as intervenções cirúrgicas realizadas em qualquer tecido ou órgão, em presença de processo infeccioso (supuração local) e ou tecido necrótico. - cirurgia de reto e ânus com pus; - cirurgia abdominal em presença de conteúdo de cólon e pus; - nefrectomia com infecção; - feridas traumáticas abertas tardias (depois de 10 horas); - parto normal ou cesariana com bolsa rota há mais de 6 horas. O índice de infecção esperando para estes procedimentos varia de 28 a 40% Tipos De Infecções Infecções Preveníveis São aquelas passíveis de serem controladas e reduzidas a níveis aceitáveis. Ex: pacientes em uso de cateteres vesicais, venosos etc. Infecções Não-Preveníveis São aquelas que dependem basicamente do hospedeiro (paciente) e sua imunidade e não tanto dos fatores externos. Ex: infecção em RN prematuros, pacientes terminais, idosos, imunodeprimidos etc. Infecção Cruzada É a infecção transmitida de paciente para paciente, geralmente por intermédio de profissionais de saúde e que também é considerada infecção hospitalar. Colonização – é o aumento de um ou mais tipo de microrganismo sem causar uma reação patogênica. Isolamento Define-se como isolamento o conjunto de medidas adotadas para fazer uma barreira que impeça a disseminação de agentes infecciosos de um paciente para outro, para os visitantes e ou para o meio ambiente. Está indicado nas doenças transmissíveis, em situações definidas e, apenas durante o período de transmissibilidade das doenças. Portanto, esta recomendação sobre isolamento deve se completar com o período de incubação e de transmissão das doenças. Chama-se de isolamento, toda vez que for necessário quarto individual; nas precauções, o quarto será individual apenas quando possível. Normas gerais de isolamento Para todo paciente que necessite de qualquer tipo de isolamento, deve-se: - orientar todos os familiares antes da admissão do paciente na área de isolamento quanto ao provável tempo de internamento nessa área, cuidados e medidas de biossegurança; - proibir visitas aos pacientes isolados, principalmente de crianças; - os prontuários e papeletas não deverão ser levados para dentro da área de isolamento. As anotações poderão ser em papel à parte e logo repassadas para o prontuário; - a mobília do local de isolamento deverá ser mínima e os utensílios alimentares, descartáveis; - o material para curativos deverá ser unitário e calculado de acordo com o número de curativos a serem realizados; - a roupa de cama e a do paciente deverão ser delicadamente trocadas e encaminhadas à lavanderia em sacos duplos; - objetos de uso pessoal deverão ser desinfetados. Doenças que requerem isolamento total São as doenças altamente contagiosas e com grande virulência, que podem ser transmitidas pelo ar e pelo contato direto e ou indireto. Tais doenças requerem quarto privativo, ficando o 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 47 paciente/doente sozinho ou junto com outras pessoas com a mesma doença. A porta do quarto deverá estar sempre fechada. É obrigatório para se entrar no quarto de paciente em Isolamento Total o uso de: - precaução Universal ou Padrão (avental, máscara, luvas - ao manipular o paciente/doente -, óculos); - a lavagem das mãos antes e após manuseio do paciente e ou procedimentos; - os aventais deverão ser individuais. E, antes de deixar o quarto, o profissional de saúde deve dispensá-los em local apropriado. Deve-se calcular a quantidade de aventais para cada período de 24 horas de acordo com o número de funcionários que irão utilizá-los; - máscaras e luvas deverão ser de uso pessoal, utilizadas uma única vez, devendo ser colocadas em área limpa e dispensadas em área contaminada. Nunca se deve deixar a máscara pendurada no pescoço, e, ao utilizá-la deve cobrir a boca e o nariz. IMPORTANTE: A limpeza e desinfecção da área deverão ser feitas diariamente, e após alta ou óbito, conforme normatização da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH). Deverão ser normatizadas tanto as técnicas quanto os materiais de limpeza, os equipamentos de proteção individual e as soluções a serem usadas (detergente neutro, desinfetantes). Todo pessoal que trabalhe no setor quer administrativo, quer técnico, deverá ser sistematicamente treinado e ou avaliado clinicamente e imunologicamente. Doenças a Serem Isoladas Isolamento Respiratório: - Caxumba; - Coqueluche; - Estreptococo beta-hemolítico (amigdalite, escarlatina); - Herpes zoster (contato com imunodeprimido); - Meningite por Haemophilus; - Meningite meningocócica; - Pneumonia estafilocócica; - Rubéola; - Sarampo; - TB (escarro positivo); Isolamento Protetor: - Agranulocitose; - Dermatite bolhosa, vesicular ou eczematosa extensa; - Imunodeprimido grave; - Queimadura extensa. Medidas para a prevenção e o controle de infecções4 Controle de Infecção em Serviços de Saúde O Programa de Controle de Infecção em Serviços de Saúde é sinônimo de controle de qualidade. Por isso, essa atividade está sendo desenvolvida pela Anvisa com muito engajamento, em parceria com Vigilâncias Sanitárias estaduais, municipais, hospitais públicos e privados, instituições de ensino e profissionais de saúde. A meta maior é divulgar ações que possam prevenir as infecções adquiridas nas unidades de saúde - hospitais, clínicas e ambulatórios. Programa Nacional de Controle de Infecção Hospitalar As atividades do Programa Nacional de Controle de Infecção Hospitalar (PCIH) foram delineadas pela Lei nº 9431, de 6 de janeiro de 1997, que dispõe sobre a obrigatoriedade dos hospitais manterem um Programa de Infecções Hospitalares e criarem uma Comissão de Controle de Infecções Hospitalares (CCIH) para execução deste controle. 4 http://www.anvisa.gov.br 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 48 LEI Nº 9.431, DE 6 DE JANEIRO DE 19975 Dispõe sobre a obrigatoriedade da manutenção de programa de controle de infecções hospitalares pelos hospitais do País. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1º Os hospitais do País são obrigados a manter Programa de Controle de Infecções Hospitalares - PCIH. § 1° Considera-se programa de controle de infecções hospitalares, para os efeitos desta Lei, o conjunto de ações desenvolvidas deliberada e sistematicamente com vistas à redução máxima possível da incidência e da gravidade das infecções hospitalares. § 2° Para os mesmos efeitos, entende-se por infecção hospitalar, também denominada institucional ou nosocomial, qualquer infecção adquirida após a internação de um paciente em hospital e que se manifeste durante a internação ou mesmo após a alta, quando puder ser relacionada com a hospitalização. Art. 2° Objetivando a adequada execução de seu programa de controle de infecções hospitalares, os hospitais deverão constituir: I - Comissão de Controle de Infecções Hospitalares; II - (VETADO) Art. 3° (VETADO) Art. 4° (VETADO) Art. 5° (VETADO) Art. 6° (VETADO) Art. 7° (VETADO) Art. 8° (VETADO) Art. 9° Aos que infringirem as disposições desta Lei aplicam-se as penalidades previstas na Lei n° 6.437, de 20 de agosto de 1977. Art. 10. (VETADO) Art. 11. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 12. Revogam-se as disposições em contrário. Brasília, 6 de janeiro de 1997; 176º da Independência e 109º da República. FERNANDO HENRIQUE CARDOSO As diretrizes e normas que viabilizaram o planejamento do programa foram definidaspela Portaria GM nº 2.616, de 12 de maio de 1998. De acordo com esta Portaria, as Comissões de Controle de Infecções Hospitalares devem ser compostas por membros consultores e executores, sendo esses últimos representantes do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) e responsáveis pela operacionalização das ações programadas do controle de infecção hospitalar. 5 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9431.htm - Acesso em 04/09/2018 às 15h45min. 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 49 Portaria nº 2.616, de 12 de maio de 19986 O Ministro de Estado da Saúde, Interino, no uso das suas atribuições que lhe confere o art. 87, inciso II da Constituição, e Considerando as infecções hospitalares constituem risco significativo à saúde dos usuários dos hospitais, e sua prevenção e controle envolvem medidas de qualificação da assistência hospitalar, de vigilância sanitária e outras, tomadas no âmbito do Estado, do Município e de cada hospital, atinentes ao seu funcionamento; Considerando que o Capítulo I art. 5º e inciso III da Lei nº 8.080 de 19 de setembro de 1990, estabelece como objetivo e atribuição do Sistema Único de Saúde (SUS), “a assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção e recuperação da Saúde com a realização integrada das ações assistenciais e das atividades preventivas”, Considerando que no exercício da atividade fiscalizadora os órgãos estaduais de saúde deverão observar, entre outros requisitos e condições, a adoção, pela instituição prestadora de serviços, de meios de proteção capazes de evitar efeitos nocivos à saúde dos agentes, clientes, pacientes e dos circunstantes (Decreto nº 77.052, de 19 de janeiro de 1976, art. 2º, inciso IV); Considerando os avanços técnico-científicos, os resultados do Estudo Brasileiro da Magnitude das Infecções hospitalares. Avaliação da Qualidade das Ações de Controle de Infecção Hospitalar, o reconhecimento mundial destas ações como as que implementam a melhoria da qualidade da assistência à Saúde, reduzem esforços, problemas, complicações e recursos; Considerando a necessidade de informações e instrução oficialmente constituída para respaldar a formação técnico-profissional, resolve: Art. 1º Expedir, na forma dos anexos I, II, III, IV, e V, diretrizes e normas para a prevenção e o controle das infecções hospitalares. Art. 2º As ações mínimas necessárias, a serem desenvolvidas, deliberada e sistematicamente, com vistas à redução máxima possível da incidência e da gravidade das infecções dos hospitais, compõem o Programa de Controle de infecções Hospitalares. Art. 3º A secretaria de Política de Saúde, do Ministério da Saúde, prestará cooperação técnica às Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, a fim de orientá-las sobre o exato cumprimento e interpretação das normas aprovadas por esta Portaria. Art. 4º As Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde poderão adequar as normas conforme prevê a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Art. 5º A inobservância ou o descumprimento das normas aprovadas por esta Portaria sujeitará o infrator ao processo e às penalidades previstas na Lei nº 6.437, de 20 de agosto de 1977, ou outra que a substitua, com encaminhamento dos casos ou ocorrências ao Ministério Público e órgãos de defesa do consumidor para aplicação da legislação pertinente (Lei nº 8.078/90 ou outra que a substitua). Art. 6º Este regulamento deve ser adotado em todo território nacional, pelas pessoas jurídicas e físicas, de direito público e privado envolvidas nas atividades hospitalares de assistência à saúde. Art. 7º Esta Portaria entrará em vigor na data de sua publicação. Art. 8º Fica revogada a Portaria nº 930, de 27 de agosto de 1992. 6 http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/1998/prt2616_12_05_1998.html - Acesso em 04/09/2018 às 15h46min. 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 50 Programa de Controle de Infecção Hospitalar ANEXO I ORGANIZAÇÃO 1. O Programa de Controle de Infecção Hospitalares (PCIH) é um conjunto de ações desenvolvidas deliberada e sistematicamente, com vistas à redução máxima possível da incidência e da gravidade das infecções hospitalares. 2. Para a adequada execução do PCIH, os hospitais deverão constituir Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), órgão de assessoria à autoridade máxima da instituição e de execução das ações de controle de infecção hospitalar. 2.1 A CCIH deverá ser composta por profissionais da área de saúde, de nível superior, formalmente designados. 2.2 Os membros da CCIH serão de dois tipos: consultores e executores. 2.2.1 O presidente ou coordenador da CCIH será qualquer um dos membros da mesma, indicado pela direção do hospital. 2.3 Os membros consultores serão representantes, dos seguintes serviços: 2.3.1 serviço médico; 2.3.2 serviço de enfermagem; 2.3.3 serviço de farmácia; 2.3.4 laboratório de microbiologia; 2.3.5 administração. 2.4 Os hospitais com número de leitos igual ou inferior a 70 (setenta) atendem os números 2.3.1 e 2.3.2. 2.5 Os membros executores da CCIH representam o Serviço de Controle de Infecção hospitalar e, portanto, são encarregados da execução programada de controle de infecção hospitalar; 2.5.1. Os membros executores serão, no mínimo, 2 (dois) técnicos de nível superior da área de saúde para cada 200 (duzentos) leitos ou fração deste número com carga horária diária, mínima, de 6 (seis) horas para o enfermeiro e 4 (quatro) horas para os demais profissionais. 2.5.1.1. - Um dos membros executores deve ser, preferencialmente, um enfermeiro. 2.5.1.2. - A carga horária diária, dos membros executores, deverá ser calculada na base da proporcionalidade de leitos indicado no número 2.5.1. 2.5.1.3. - Nos hospitais com leitos destinados a pacientes críticos, a CCIH deverá ser acrescida de outros profissionais de nível superior da área de saúde. Os membros executores terão acrescidas 2 (duas) horas semanais de trabalho para cada 10 (dez) leitos ou fração. 2.5.1.3.1. Para fins desta Portaria, consideram-se pacientes críticos: 2.5.1.3.1.1. pacientes de terapia intensiva (adulto, pediátrico e neonatal); 2.5.1.3.1.2. pacientes de berçário de alto risco; 2.5.1.3.1.3. pacientes queimados; 2.5.1.3.1.4. pacientes submetidos a transplantes de órgãos; 2.5.1.3.1.5. pacientes hemato-oncológicos; 2.5.1.3.1.6. pacientes com Síndrome da Imunodeficiência Adquirida. 2.5.1.4 - Admite-se, no caso do número 2.5.1.3., o aumento do número de profissionais executores na CCIH, ou a relativa adequação de carga horária de trabalho da equipe original expressa no número 2.5.1; 2.5.1.5 - Em hospitais com regime exclusivo de internação tipo paciente-dia, deve-se atender aos números 2.1, 2.2 e 2.3, e com relação ao número 2.5.1., a carga de trabalho dos profissionais será de 2 (duas) horas diárias para o enfermeiro e 1 (uma) hora para os demais profissionais, independente do número de leitos da instituição. 2.5.1.6 - Os hospitais poderão consorciar-se no sentido da utilização recíproca de recursos técnicos, materiais e humanos, com vistas à implantação e manutenção do Programa de Controle da infecção Hospitalar. 2.5.1.7 - Os hospitais consorciados deverão constituir CCIH própria, conforme os números 2 e 2.1, com relação aos membros consultores, e prover todos os recursos necessários à sua atuação. 2.5.1.8 - O consórcio deve ser formalizado entre os hospitais componentes. Os membros executores, no consórcio, devem atender aos números 2.5.1, 2.5.1.1, 2.5.1.2, 2.5.1.3 e 2.5.1.4. 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 51 COMPETÊNCIAS 3. A CCIH do hospital deverá: 3.1 elaborar, implementar, manter e avaliar programa de controlede infecção hospitalar, adequado às características e necessidades da instituição, contemplando no mínimo, ações relativas a: 3.1.1 implantação de um Sistema de Vigilância Epidemiológica das Infecções Hospitalares, de acordo com o Anexo III; 3.1.2 adequação, implementação e supervisão das normas e rotinas técnico-operacionais, visando a prevenção e controle das infecções hospitalares; 3.1.3 capacitação do quadro de funcionários e profissionais da instituição, no que diz respeito à prevenção e controle das infecções hospitalares; 3.1.4 uso racional de antimicrobianos, germicidas e materiais médico-hospitalares; 3.2 avaliar, periódica e sistematicamente, as informações providas pelo Sistema de Vigilância Epidemiológica das infecções hospitalares e aprovar as medidas de controle propostas pelos membros executores de CCIH; 3.3 realizar investigação epidemiológica de casos e surtos, sempre que indicado, e implantar medidas imediatas de controle; 3.4 elaborar e divulgar, regularmente, relatórios e comunicar, periodicamente, à autoridade máxima de instituição e às chefias de todos os setores do hospital, a situação do controle das infecções hospitalares, promovendo seu amplo debate na comunidade hospitalar; 3.5 elaborar, implantar e supervisionar a aplicação de normas e rotinas técnico-operacionais, visando limitar a disseminação de agentes presentes nas infecções em curso no hospital, por meio de medidas de precaução e de isolamento; 3.6 adequar, implementar e supervisionar a aplicação de normas e rotinas técnico-operacionais, visando à prevenção e ao tratamento das infecções hospitalares; 3.7 definir, em cooperação com a Comissão de Farmácia e Terapêutica, política de utilização de antimicrobianos, germicidas e materiais médico-hospitalares para a instituição; 3.8 cooperar com o setor de treinamento ou responsabilizar-se pelo treinamento, com vistas a obter capacitação adequada do quadro de funcionários e profissionais, no que diz respeito ao controle das infecções hospitalares; 3.9 elaborar regimento interno para a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar; 3.10 cooperar com a ação do órgão de gestão do SUS, bem como fornecer, prontamente, as informações epidemiológicas solicitadas pelas autoridades competentes; 3.11 notificar, na ausência de um núcleo de epidemiologia, ao organismo de gestão do SUS, os casos diagnosticados ou suspeitos de outras doenças sob vigilância epidemiológica (notificação compulsória), atendidos em qualquer dos serviços ou unidades do hospital, e atuar cooperativamente com os serviços de saúde coletiva; 3.12 notificar ao Serviço de Vigilância Epidemiológica e Sanitária do organismo de gestão do SUS, os casos e surtos diagnosticados ou suspeitos de infecção associadas à utilização de insumos e/ou produtos industrializados. 4. Caberá à autoridade máxima da instituição: 4.1 constituir formalmente a CCIH; 4.2 nomear os componentes da CCIH por meio de ato próprio; 4.3 propiciar a infraestrutura necessária à correta operacionalização da CCIH; 4.4 aprovar e fazer respeitar o regimento interno da CCIH; 4.5 garantir a participação do Presidente da CCIH nos órgãos colegiados deliberativos e formuladores de política da instituição, como, por exemplo, os conselhos técnicos, independente da natureza da entidade mantenedora da instituição de saúde; 4.6 garantir o cumprimento das recomendações formuladas pela Coordenação Municipal, Estadual/Distrital de Controle de Infecção Hospitalar; 4.7 Informar o órgão oficial municipal ou estadual quanto à composição da CCIH e às alterações que venham a ocorrer; 4.8 fomentar a educação e o treinamento de todo o pessoal hospitalar. 5. À Coordenação de Controle de Infecção Hospitalar do Ministério da Saúde, compete: 5.1 definir diretrizes de ações de controle de infecção hospitalar; 5.2 apoiar a descentralização das ações de prevenção e controle de infecção hospitalar; 5.3 coordenar as ações nacionais de prevenção e controle de infecção hospitalar; 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 52 5.4 estabelecer normas gerais para a prevenção e controle das infecções hospitalares; 5.5 estabelecer critérios, parâmetros e métodos para o controle de infecção hospitalar; 5.6 promover a articulação com órgãos formadores, com vistas à difusão do conteúdo de conhecimento do controle de infecção hospitalar; 5.7 cooperar com a capacitação dos profissionais de saúde para o controle de infecção hospitalar; 5.8 identificar serviços municipais, estaduais e hospitalares para o estabelecimento de padrões técnicos de referência nacional; 5.9 prestar cooperação técnica, política e financeira aos Estados e aos Municípios, para aperfeiçoamento da sua atuação em prevenção e controle de infecção hospitalar; 5.10 acompanhar e avaliar as ações implementadas, respeitadas as competências estaduais/distrital e municipais de atuação, na prevenção e controle das infecções hospitalares; 5.11 estabelecer sistema nacional de informações sobre infecção hospitalar na área de vigilância epidemiológica; 5.12 estabelecer sistema de avaliação e divulgação nacional dos indicadores da magnitude e gravidade das infecções hospitalares e da qualidade das ações de seu controle; 5.13 planejar ações estratégicas em cooperação técnica com os Estados, Distrito Federal e os Municípios; 5.14 acompanhar, avaliar e divulgar os indicadores epidemiológicos de infecção hospitalar. 6. Às Coordenações Estaduais e Distrital de Controle de Infecção Hospitalar, compete: 6.1 definir diretrizes de ação estadual/distrital, baseadas na política nacional de controle de infecção hospitalar; 6.2 estabelecer normas, em caráter suplementar, para a prevenção e controle de infecção hospitalar; 6.3 descentralizar as ações de prevenção e controle de infecção hospitalar dos Municípios; 6.4 prestar apoio técnico, financeiro e político aos municípios, executando, supletivamente, ações e serviços de saúde, caso necessário; 6.5 coordenar, acompanhar, controlar e avaliar as ações de prevenção e controle de infecção hospitalar do Estado e Distrito Federal; 6.6 acompanhar, avaliar e divulgar os indicadores epidemiológicos de infecção hospitalar; 6.7 informar, sistematicamente, à Coordenação de Controle de Infecção Hospitalar, do Ministério da Saúde, a partir da rede distrital, municipal e hospitalar, os indicadores de infecção hospitalar estabelecidos. 7. Às Coordenações Municipais de Controle de Infecção Hospitalar, compete: 7.1 coordenar as ações de prevenção e controle de infecção hospitalar na rede hospitalar do Município; 7.2 participar do planejamento, da programação e da organização da rede regionalizada e hierarquizada do SUS, em articulação com a Coordenação Estadual de controle de infecção hospitalar; 7.3 colaborar e acompanhar os hospitais na execução das ações de controle de infecção hospitalar; 7.4 prestar apoio técnico às CCIH dos hospitais; 7.5 informar, sistematicamente, à Coordenação Estadual de controle de infecção hospitalar do seu Estado, a partir da rede hospitalar, os indicadores de infecção hospitalar estabelecidos. Programa de Controle de Infecção Hospitalar ANEXO II CONCEITOS E CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DAS INFECÇÕES HOSPITALARES 1. Conceitos básicos. 1.1. Infecção comunitária (IC): 1.1.1 é aquela constatada ou em incubação no ato de admissão do paciente, desde que não relacionada com internação anterior no mesmo hospital. 1.1.2 São também comunitárias: 1.1.2.1 a infecção que está associada com complicação ou extensão da infecção já presente na admissão, a menos que haja troca de microrganismos com sinais ou sintomas fortemente sugestivos da aquisição de nova infecção; 1.1.2.2 a infecção em recém-nascido, cuja aquisição por via transplacentária é conhecida ou foi comprovada e que tornou-se evidente logo após o nascimento (exemplo: herpes simples, toxoplasmose, rubéola,citomegalovirose, sífilis e AIDS); 1.1.2.3 As infecções de recém-nascidos associadas com bolsa superior e 24 (vinte e quatro) horas. 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 53 1.2. Infecção hospitalar (IH): 1.2.1 é aquela adquirida após a admissão do paciente e que se manifeste durante a internação ou após a alta, quando puder ser relacionada com a internação ou procedimentos hospitalares. 2. Critérios para diagnóstico de infecção hospitalar, previamente estabelecidos e descritos. 2.1 Princípios: 2.1.1 o diagnóstico das infecções hospitalares deverá valorizar informações oriundas de: 2.1.1.1 evidência clínica, derivada da observação direta do paciente ou da análise de seu prontuário; 2.1.1.2 resultados de exames de laboratório, ressaltando-se os exames microbiológicos, a pesquisa de antígenos, anticorpos e métodos de visualização realizados. 2.1.1.3 evidências de estudos com métodos de imagem; 2.1.1.4 endoscopia; 2.1.1.5 biópsia e outros. 2.2 Critérios gerais: 2.2.1 quando, na mesma topografia em que foi diagnosticada infecção comunitária, foi isolado um germe diferente, seguido do agravamento das condições clínicas do paciente, o caso deverá ser considerado como infecção hospitalar; 2.2.2 quando se desconhecer o período de incubação do microrganismo e não houver evidência clínica e/ou dado laboratorial de infecção no momento da internação, convenciona-se infecção hospitalar toda manifestação clínica de infecção que se apresentar a partir de 72 (setenta e duas) horas após a admissão; 2.2.3 são também convencionadas infecções hospitalares aquelas manifestadas antes de 72 (setenta e duas) horas da internação, quando associadas a procedimentos diagnósticos e/ou terapêuticos, realizados durante este período; 2.2.4 as infecções recém-nascido são hospitalares, com exceção das transmitidas de forma transplacentária e aquelas associadas a bolsa rota superior a 24 (vinte e quatro) horas; 2.2.5 os pacientes provenientes de outro hospital que se internam com infecção, são considerados portadores de infecção hospitalar do hospital de origem infecção hospitalar. Nestes casos, a Coordenação Estadual/Distrital/Municipal e/ou o hospital de origem deverão ser informados para computar o episódio como infecção hospitalar naquele hospital. 3. Classificação das cirurgias por potencial de contaminação da incisão cirúrgica 3.1 as infecções pós-cirúrgicas devem ser analisadas conforme o potencial de contaminação da ferida cirúrgica, entendido como o número de microrganismos presentes no tecido a ser operado; 3.2 a classificação das cirurgias deverá ser feita no final do ato cirúrgico, pelo cirurgião, de acordo com as seguintes indicações; 3.2.1 Cirurgias Limpas - são aquelas realizadas em tecidos estéreis ou passíveis de descontaminação, na ausência de processo infeccioso e inflamatório local ou falhas técnicas grosseiras, cirurgias eletivas com cicatrização de primeira intenção e sem drenagem aberta. Cirurgias em que não ocorrem penetração nos tratos digestivos, respiratório ou urinário; 3.2.2 Cirurgias Potencialmente Contaminadas - são aquelas realizadas em tecidos colonizados por flora microbiana pouco numerosa ou em tecidos de difícil descontaminação, na ausência de processo infeccioso e inflamatório e com falhas técnicas discretas no trans-operatório. Cirurgias com drenagem aberta enquadram-se nesta categoria. Ocorre penetração nos tratos digestivos, respiratório ou urinário sem contaminação significativa. 3.2.3 Cirurgias Contaminadas - são aquelas realizadas em tecidos recentemente traumatizados e abertos, colonizados por flora bacteriana abundante, cuja descontaminação seja difícil ou impossível, bem como todas aquelas em que tenham ocorrido falhas técnicas grosseiras, na ausência de supuração local. Na presença de inflamação aguda na incisão e cicatrização de segunda intenção, ou grande contaminação a partir do tubo digestivo. Obstrução biliar ou urinária também se incluem nesta categoria. 3.2.4 Cirurgias Infectadas - são todas as intervenções cirúrgicas realizadas em qualquer tecido ou órgão, em presença de processo infeccioso (supuração local) e/ou tecido necrótico. ANEXO III VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA E INDICADORES EPIDEMIOLÓGICOS DAS INFECÇÕES HOSPITALARES 1. Vigilância Epidemiológica das infecções hospitalares é a observação ativa, sistemática e contínua de sua ocorrência e de sua distribuição entre pacientes, hospitalizados ou não, e dos eventos e condições que afetam o risco de sua ocorrência, com vistas à execução oportuna das ações de prevenção e controle. 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 54 2. A CCIH deverá escolher o método de Vigilância Epidemiológica mais adequado às características do hospital, à estrutura de pessoal e à natureza do risco da assistência, com base em critérios de magnitude, gravidade, redutibilidade das taxas ou custo; 2.1 São indicados os métodos prospectivos, retrospectivos e transversais, visando determinar taxas de incidência ou prevalência. 3. São recomendados os métodos de busca ativos de coleta de dados para Vigilância Epidemiológica das infecções hospitalares. 4. Todas as alterações de comportamento epidemiológico deverão ser objeto de investigação epidemiológica específica. 5. Os indicadores mais importantes a serem obtidos e analisados periodicamente no hospital e, especialmente, nos serviços de Berçário de Alto Risco, UTI (adulto/pediátrica/neonatal) Queimados, são; 5.1. Taxa de Infecção Hospitalar, calculada tomando como numerador o número de episódios de infecção hospitalar no período considerado e como denominados o total de saídas (altas, óbitos e transferências) ou entradas no mesmo período; 5.2. Taxa de Pacientes com Infecção Hospitalar, calculada tomando como numerador o número de doentes que apresentam infecção hospitalar no período considerado, e como denominador o total de saídas (altas, óbitos e transferências) ou entradas no período; 5.3. Distribuição Percentual das Infecções Hospitalares por localização topográfica no paciente, calculada tendo como numerador o número de episódios de infecção hospitalar em cada topografia, no período considerado e como denominador o número total de episódios de infecção hospitalar ocorridos no período; 5.4. Taxa de Infecções Hospitalares por Procedimento, calculada tendo como numerador o número de pacientes submetidos a um procedimento de risco que desenvolveram infecção hospitalar e como denominador o total de pacientes submetidos a este tipo de procedimento. Exemplos: Taxa de infecção do sitio cirúrgico, de acordo com o potencial de contaminação. Taxa de infecção urinária após cateterismo vesical. Taxa de pneumonia após uso de respirador. 5.5 Recomenda-se que os indicadores epidemiológicos dos números 5.1 e 5.2 sejam calculados utilizando-se no denominador o total de pacientes/dia, no período. 5.5.1. O número de pacientes/dia é obtido somando-se os dias totais de permanência de todos os pacientes no período considerado. 5.6 Recomenda-se que o indicador do inúmero 5.4 pode ser calculado utilizando-se como denominador o número total de procedimentos dia. 5.6.1. O número de pacientes/dia é obtido somando-se o total de dias de permanência do procedimento realizado no período considerado. 5.7. Outros procedimentos de risco poderão ser avaliados, sempre que a ocorrência respectiva o indicar, da mesma forma que é de utilidade o levantamento das taxas de infecção do sitio cirúrgico, por cirurgião e por especialidade. 5.8. Frequência das Infecções Hospitalares por Microrganismos ou por etiologia, calculada tendo como numerador o número de episódios de infecção hospitalar por microrganismo e como denominador o número de episódios de infecções hospitalares que ocorreram no período considerado. 5.9. Coeficiente de Sensibilidade aos Antimicrobianos, calculado tendo comonumerador o número de cepas bacterianas de um determinado microrganismo sensível e determinado antimicrobiano e como denominador o número total de cepas testadas do mesmo agente com antibiograma realizado a partir das espécimes encontradas. 5.10. Indicadores de uso de antimicrobianos. 5.10.1 Percentual de pacientes que usaram antimicrobianos (uso profilático ou terapêutico) no período considerado. Pode ser especificado por clínica de internação. É calculado tendo como numerador o total de pacientes em uso de antimicrobiano e como denominador o número total de pacientes no período. 5.10.2 Frequência com que cada antimicrobiano é empregado em relação aos demais, É calculada tendo como numerador o total de tratamentos iniciados com determinado antimicrobiano no período, e como denominador o total de tratamentos com antimicrobianos iniciados no mesmo período. 5.11 Taxa de letalidade associada a infecção hospitalar, é calculada tendo como numerador o número de óbitos ocorridos de pacientes com infecção hospitalar no período considerado, e como denominador o número de pacientes que desenvolveram infecção hospitalar no período. 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 55 5.12 Consideram-se obrigatórias as informações relativas aos indicadores epidemiológicos 5.1, 5.2, 5.3 e 5.11, no mínimo com relação aos serviços de Berçário de alto risco, UTI (adulto/ pediátrica/neonatal) e queimados. 6. Relatórios e Notificações 6.1 A CCIH deverá elaborar periodicamente um relatório com os indicadores epidemiológicos interpretados e analisados. Esse relatório deverá ser divulgado a todos os serviços e à direção, promovendo-se seu debate na comunidade hospitalar. 6.2 O relatório deverá conter informações sobre o nível endêmico das infecções hospitalares sob vigilância e as alterações de comportamento epidemiológico detectadas, bem como as medidas de controle adotadas e os resultados obtidos. 6.3 É desejável que cada cirurgião receba, anualmente, relatório com as taxas de infecção em cirurgias limpas referentes às suas atividades, e a taxa média de infecção de cirurgias limpas entre pacientes de outros cirurgiões de mesma especialidade ou equivalente. 6.4 O relatório de vigilância epidemiológica e os relatórios de investigações epidemiológicas deverão ser enviados às Coordenações Estaduais/ Distrital/Municipais e à Coordenação de Controle de Infecção Hospitalar do Ministério da Saúde, conforme as normas específicas das referidas Coordenações. Programa de Controle de Infecção Hospitalar ANEXO IV LAVAGEM DAS MÃOS 1. Lavagem das mãos é a fricção manual vigorosa de toda a superfície das mãos e punhos, utilizando- se sabão/detergente, seguida de enxágue abundante em água corrente. 2. A lavagem das mãos é, isoladamente, a ação mais importante para a prevenção e controle das infecções hospitalares. 3. O uso de luvas não dispensa a lavagem das mãos antes e após contatos que envolvam mucosas, sangue ou outros fluidos corpóreos, secreções ou excreções. 4. A lavagem das mãos deve ser realizada tantas vezes quanto necessária, durante a assistência a um único paciente, sempre que envolver contato com diversos sítios corporais, entre cada uma das atividades. 4.1 A lavagem e antissepsia cirúrgica das mãos é realizada sempre antes dos procedimentos cirúrgicos. 5. A decisão para a lavagem das mãos com uso de antisséptico deve considerar o tipo de contato, o grau de contaminação, as condições do paciente e o procedimento a ser realizado. 5.1 A lavagem das mãos com antisséptico é recomendada em; - realização de procedimentos invasivos; - prestação de cuidados a pacientes críticos; - contato direto com feridas e/ou dispositivos, tais como cateteres e drenos. 6. Devem ser empregadas medidas e recursos com o objetivo de incorporar a prática da lavagem das mãos em todos os níveis de assistência hospitalar. 6.1 A distribuição e a localização de unidades ou pias para lavagem das mãos, de forma a atender à necessidade nas diversas áreas hospitalares, além da presença dos produtos, é fundamental para a obrigatoriedade da prática. Programa de Controle de Infecção Hospitalar ANEXO V RECOMENDAÇÕES GERAIS. 1 A utilização dos antissépticos, desinfetantes e esterilizantes seguirá as determinações da Portaria nº 15, de 23 de agosto de 1988, da Secretaria de Vigilância Sanitária (SVS)/ do Ministério da Saúde e o 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 56 Processamento de Artigos e Superfícies em Estabelecimentos de Saúde/MS, 2ª edição, 1994, ou outras que as complementem ou substituam. 1.1 Não são recomendadas, para a finalidade de antissepsia, as formulações contendo mercuriais orgânicos, acetona, quaternário de amônio, líquido de Dakin, éter e clorofórmio. 2. As normas de limpeza, desinfecção e esterilização são aquelas definidas pela publicação do Ministério da Saúde, Processamento de Artigos e Superfícies em Estabelecimentos de Saúde, 2ª edição, 1994 - princípios ativos liberados conforme os definidos pela Portaria nº 15, SVS, de 23 de agosto de 1988, ou outras que a complementem ou substituam. 3. As normas de procedimentos na área de Microbiologia são aquelas definidas pela publicação do Ministério da Saúde - Manual de Procedimentos Básicos em Microbiologia Clínica para o Controle de Infecção Hospitalar, 1ª edição, 1991, ou outras que as complementem ou substituam. 4. As normas para lavanderia são aquelas definidas pela publicação do Ministério da Saúde - Manual de Lavanderia Hospitalar, 1ª edição, 1986, ou outras que as complementem ou substituam. 5. A Farmácia Hospitalar seguirá as orientações contidas na publicação do Ministério da Saúde - Guia Básico para a Farmácia Hospitalar, 1ª edição, 1994, ou outras que as complementem ou substituam. (Of. nº 31/98) 2. Repercussões da Portaria MS 2.616 / 98 para o controle de infecções A Portaria 2.616/98 representou a adequação da antiga regulamentação ministerial às novas determinações da Lei Federal 9.431 de 06 de janeiro de 1997. A partir de um projeto de lei que aperfeiçoava a Portaria MS 930/ 92, esta lei, aprovada pelo Congresso, foi vetada em vários de seus artigos, causando um profundo impacto negativo, principalmente diante dos profissionais, que de alguma forma atuavam no controle efetivo das infecções hospitalares. Apesar da controvérsia instalada, a referida lei teve como aspecto positivo a destacar ter tornado obrigatória a existência de uma Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) e de um Programa de Controle de Infecções Hospitalares (PCIH), definido como um conjunto de ações desenvolvidas deliberada e sistematicamente, tendo como objetivo a redução máxima possível da incidência e gravidade das infecções nosocomiais. Como as portarias anteriores, a 2.616/98 é composta por cinco anexos com as diretrizes e normas para a prevenção e o controle das infecções hospitalares. O anexo I trata da organização e competências do programa e da comissão de controle de infecção. No anexo II temos conceito e critérios diagnósticos das infecções hospitalares; no anexo III temos orientações sobre a vigilância epidemiológica das infecções hospitalares e seus indicadores; nos anexos IV e V observamos recomendações sobre a lavagem das mãos e outros temas como uso de germicidas, microbiologia, lavanderia e farmácia, dando ênfase à observância de publicações anteriores do Ministério da Saúde. O anexo I mantém as definições da CCIH e PCIH da Lei Federal. Há uma melhor especificação da composição da CCIH, que deverá ter seus membros formalmente designados pela direção do hospital, incluindo seu presidente, que fará obrigatoriamente parte do conselho diretivo da instituição. Os membros são divididos em consultores e executores, sendo estes últimos encarregados da execução do PCIH, representando o ex- Serviço de Controle de Infecção Hospitalar(SCIH). Uma importante novidade é que a sua composição deve ser informada ao órgão oficial municipal ou estadual. Na composição deste serviço observamos uma importante alteração, ao recomendar preferentemente um enfermeiro e que o segundo profissional de nível superior não seja necessariamente um médico. À carga horária recomendada anteriormente (6 horas diárias para o enfermeiro e 4 horas diárias para o outro profissional, para cada 200 leitos) foram acrescidas duas horas adicionais de trabalho diário para cada 10 leitos destinados aos pacientes críticos (terapia intensiva, berçário de alto risco, queimados, transplante de órgãos, pacientes hemato-oncológicos ou com AIDS). Isto parte do princípio que a vigilância e as medidas de controle nestas unidades requerem atenção diferenciada. Entretanto, esta composição deve acompanhar a política de recursos humanos do hospital como um todo, particularmente nas instituições com deficiências de pessoal em outras áreas essenciais do atendimento. A competência da CCIH na Portaria 2616/98 é uma somatória do que foi atribuído à CCIH e ao SCIH na recomendação anterior, acrescidas de novas e importantes determinações, de acordo com as características e necessidades da instituição. Dentre estas se destacam: o uso racional de antimicrobianos, germicidas e materiais médico-hospitalares. Além disso, em conjunto com a Comissão de Farmácia e Terapêutica, deve definir uma política de utilização de antimicrobianos e na ausência de 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 57 um núcleo de epidemiologia deve informar às autoridades sanitárias, os casos diagnosticados ou suspeitos de doenças de notificação compulsória, relatar as informações epidemiológicas solicitadas e os casos suspeitos de estarem relacionados à utilização de insumos ou produtos industrializados. Estas novas recomendações objetivam tornar mais atuante as ações de controle de infecção, integrando-as na estrutura administrativa da instituição, substituindo seu papel eminentemente consultivo para participar com maior profundidade dos processos decisórios. Além disso, aprimora a integração do controle de infecção com as autoridades sanitárias. Outro aspecto importante introduzido por esta nova portaria é a atribuição de competências específicas ao Estado, seja a nível federal, estadual ou municipal. Para a Coordenação de Controle de Infecção Hospitalar do Ministério da Saúde ficou a definição das diretrizes e sua coordenação geral, apoiando a descentralização das ações, estabelecendo as normas, critérios, parâmetros e métodos para o controle de infecções. É deste nível a responsabilidade para promover a articulação com órgãos formadores, para a difusão do conhecimento do controle de infecções, cooperando com a capacitação dos profissionais de saúde, identificando serviços de referência. Destacamos que muitas destas atividades, mesmo sem estar formalmente estabelecidas, já foram desenvolvidas pelo Ministério da Saúde, mas depois foram inexplicavelmente abandonadas. Além disto, o Ministério da Saúde, através da Secretaria de Política de Saúde e da Coordenação de Controle de Infecção Hospitalar, deve cooperar técnica, política e financeiramente com as ações desenvolvidas pelos Estados e Municípios, acompanhando e avaliando-as, procurando estabelecer um sistema nacional sobre infecção hospitalar, divulgando indicadores da sua magnitude, gravidade e qualidade das ações de controle. Assim os dados seriam coletados regionalmente e encaminhados ao Ministério da Saúde para uma consolidação de caráter nacional. Logo, compete às coordenações Estaduais e Municipais definir as normas locais, descentralizando efetivamente as ações, prestando apoio técnico, financeiro e político aos municípios, acompanhando, avaliando e divulgando os indicadores epidemiológicos de infecção hospitalar, além de informá-los periodicamente ao Ministério da Saúde. Para os municípios cabe adicionalmente acompanhar os hospitais nas ações de controle de infecção, prestando apoio técnico à sua execução. De acordo com o que foi noticiado pela imprensa leiga, existe uma tendência a se tornar as infecções hospitalares uma doença de notificação compulsória. Apesar da importância inquestionável de termos dados nacionais a respeito deste problema de saúde pública, esta medida deve ser repensada, tendo em vista o questionável valor prático de sua implantação nestes moldes e principalmente das possíveis repercussões no atendimento à saúde, particularmente para os que são assistidos pela iniciativa privada, onde muitas vezes as patologias de notificação compulsória não são cobertas pela preestabelecida abrangência contratual de assistência. Assim tememos as sérias consequências para cada um destes pacientes, que ficariam a mercê de seus próprios recursos, de eventuais demandas jurídicas contra os hospitais ou seus convênios, ou estariam sobrecarregando o sistema público de atendimento, como já acontece com a maioria das doenças que atualmente são de notificação compulsória. A nosso ver, seria preferível que as instituições fossem efetivamente obrigadas a notificar periodicamente seus indicadores epidemiológicos de infecção hospitalar e estes dados seriam consolidados em um sistema de vigilância epidemiológica, como aliás está recomendado atualmente. Os critérios diagnósticos de infecção hospitalar, discutidos no anexo II, sofreram uma importante alteração no que refere à classificação das infecções em recém-nascidos. Assim, passaram a ser consideradas comunitárias, além das transmitidas de forma transplacentária, aquelas associadas à bolsa rota por período superior a 24 horas. Outro ponto enfatizado é a necessidade de se informar os casos de IH adquiridas em outro hospital à Coordenação Estadual/Distrital/Municipal ou à instituição de origem. Este mesmo anexo apresenta uma classificação das cirurgias por potencial de contaminação, que, de acordo com sua recomendação, deverá ser feita pelo cirurgião, ao final do ato operatório. Basicamente, o princípio que norteia estes critérios, coincide com o exposto no decorrer deste livro, ou seja, o intraoperatório determina a classificação e não mais aquelas “famosas” listas de procedimentos, que o classificavam arbitrária e previamente. Assim, as cirurgias limpas são as realizadas sem intercorrências em tecidos estéreis. As operações potencialmente contaminadas ocorrem em tecidos colonizados com flora pouco numerosa e em tecidos estéreis, mas com falhas técnicas discretas ou drenagem. Os procedimentos contaminados são executados nos casos de tecidos recentemente traumatizados ou abertos, falhas técnicas grosseiras, inflamação aguda, cicatrização em segundo intenção, ou em locais com flora bacteriana abundante. Finalmente, as cirurgias infectadas são aquelas realizadas em presença de supuração ou necrose. No anexo III, o conceito de vigilância epidemiológica das infecções hospitalares determina a observação ativa, sistemática e contínua da sua distribuição e dos eventos e condições que afetam sua ocorrência. Inclui também a possibilidade de avaliar pacientes não hospitalizados, nos métodos de 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 58 vigilância pós alta e principalmente que as atividades devem ser realizadas “com vistas à execução oportuna das ações de prevenção e controle”, ou seja, a consolidação e interpretação dos dados deve ser ágil, indicando rapidamente as prioridades das ações de controle, possibilitando resultados práticos desta atividade. Permanece a recomendação pelos métodos ativos de vigilância, que deverão ser adequados às características do hospital. Foi introduzida também a possibilidade de realizar o método apenas em determinados setores do hospital, de acordo com as opções desenvolvidas pelos componentes da metodologia NNIS. É obrigatório pelo menos o cálculo da taxa de infecção hospitalar; taxa de pacientes com infecção hospitalar;distribuição percentual dos episódios de IH; e a taxa de letalidade associada a infecção hospitalar. Os dois primeiros podem ser obtidos em relação ao total de diárias (pacientes-dia) e não apenas em relação às saídas, calculando-se assim a taxa de densidade, que melhor reflete a exposição dos doentes a estes episódios. É recomendado que a frequência das infecções por microrganismos seja calculada a partir do número de episódios de infecção hospitalar e não pelo total de agentes isolados, caso em que obtemos a sua distribuição. É sugerido que o dimensionamento do consumo de antibióticos seja feito através do cálculo do percentual de pacientes que utilizaram estas drogas e pela frequência relativa do emprego de cada princípio ativo. Ressaltamos que o cálculo da Dose Diária Definida, recomendada pelo Manual de Farmácia Hospitalar editado pelo próprio Ministério da Saúde, é um melhor indicador da utilização destas drogas. O anexo IV é dedicado especificamente à lavagem das mãos, identificada como a mais importante ação para o controle das infecções hospitalares, devendo ser realizada após contatos que envolvam mucosas, secreções, excretas e sangue ou outros fluídos corpóreos. Mesmo na assistência a um único paciente ela deve ser realizada sempre que envolver a manipulação de outro sítio corporal. Adicionalmente é recomendada a lavagem com antissépticos na realização de procedimentos invasivos, prestação de cuidados a doentes críticos e no contato direto com feridas ou dispositivos invasivos como cateteres e drenos. Por sua vez, o anexo V traz recomendações gerais sobre o uso de germicidas (mantendo a proibição do emprego de vários antissépticos tradicionais), normas para limpeza, desinfecção e esterilização, além de orientações para os procedimentos na área de microbiologia, lavanderia e farmácia, sempre recomendando o seguimento das orientações definidas em portarias e normas previamente elaboradas pelo Ministério da Saúde. De acordo com as ações do Programa, foram estabelecidas as seguintes prioridades: Realização de um inquérito nacional sobre a situação das infecções hospitalares. Este item refere-se a uma das metas do Contrato de Gestão, cuja ação está especificada como "Elaboração de diagnóstico sobre infecção hospitalar no Brasil". Elaboração de um mapeamento sobre o cumprimento das exigências da Portaria GM nº 2616/98, no que diz respeito à implantação do PCIH no âmbito estadual, municipal e nos serviços de saúde. Dados levantados em novembro/dezembro de 1999 demonstram que dos 6387 hospitais consultados, apenas 40% apresentaram a constituição formal de PCIH. Realização de visitas às autoridades de saúde dos estados para levantamento de dados, visando a complementação do estudo citado no item anterior e a obtenção de subsídios necessários à implantação definitiva do programa em todo território nacional. Atualização do material técnico-científico, contando com a participação de profissionais especializados nas diversas áreas pertinentes ao controle de infecção hospitalar. A importância do desenvolvimento dessas tarefas é reforçada por trabalhos reconhecidos internacionalmente. Como exemplo, podemos citar estudos internacionais afirmando que um programa de controle de infecção hospitalar bem conduzido reduz em 30% a taxa de infecção do serviço. Além disso, um PCIH em pleno funcionamento garante a orientação de ações básicas de assistência á saúde e previne o uso indiscriminado de antimicrobianos e germicidas hospitalares, evitando a resistência e contribuindo para uma sensível diminuição dos custos hospitalares globais. Embora o controle do fenômeno da resistência microbiana tenha aspectos que envolvem ações intersetoriais que não se restringem ao âmbito do sistema de saúde, as medidas de prevenção aqui elencadas são dirigidas à prevenção e contenção de microrganismos multirresistentes no âmbito dos Serviços de Saúde. Microrganismos multirresistentes são microrganismos resistentes a diferentes classes de antimicrobianos testados em exames microbiológicos. Alguns pesquisadores também definem microrganismos pan-resistentes, como aqueles com resistência comprovada in vitro a todos os antimicrobianos testados em exame microbiológico. São considerados, pela comunidade científica internacional, patógenos multirresistentes causadores de infecções/colonizações relacionadas à assistência em saúde: Enterococcus spp. resistente aos glicopeptídeos, Staphylococcus spp. resistente 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 59 ou com sensibilidade intermediária à vancomicina, Pseudomonas aeruginosa, Acinetobacter baumannii, e Enterobactérias resistentes a carbapenêmicos (ertapenem, meropenem ou imipenem). Tem ocorrido um aumento dos casos de enterobactérias resistentes aos carbapenêmicos em vários centros brasileiros. Estas bactérias produzem uma enzima (carbapenemase) que inativa todos os antibióticos beta- lactâmicos, incluindo os carbapenêmicos. A Klebsiella pneumoniae carbapenemase (KPC) é uma enzima que foi identificada inicialmente em Klebsiella pneumoniae pela primeira vez em 2001, nos Estados Unidos, mas pode ser produzida por outras enterobactérias. Assim sendo, as medidas de controle de microrganismos multirresistentes aqui preconizadas aplicam-se, não somente às bactérias portadoras do gene KPC, mas aos demais microrganismos multirresistentes. Medidas de prevenção e controle de infecções relacionadas à assistência à saúde por microrganismos multirresistentes7 Administração dos Serviços de Saúde: - Prover meios técnicos, financeiros, administrativos, laboratoriais e recursos humanos para a apropriada identificação, prevenção e interrupção da transmissão de microrganismos multirresistentes. - Não devem ser adotadas quaisquer medidas que induzam à discriminação do indivíduo com infecção ou colonização por microrganismos multirresistentes. Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH): - Manter o sistema de vigilância epidemiológica das infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) que permita o monitoramento adequado de patógenos multirresistentes, em parceria com o laboratório de microbiologia. - Fortalecer a política institucional de uso racional de antimicrobianos. - Enfatizar a importância da higienização das mãos para todos os profissionais de saúde, visitantes e acompanhantes (Segurança do paciente em serviços de saúde: Higienização das Mãos). - Reforçar a aplicação de precauções de contato em adição às precauções-padrão para profissionais de saúde, visitantes e acompanhantes. - Avaliar a necessidade de implementar medidas de coorte em relação a profissionais de saúde e pacientes. - Avaliar a necessidade de implantar coleta de culturas de vigilância, de acordo com o perfil epidemiológico da instituição. - Enfatizar as medidas gerais de prevenção de IRAS no manuseio de dispositivos invasivos (Manual de Orientações para Prevenção de Infecção Primária de Corrente Sanguínea e Trato Respiratório). - Enfatizar as medidas gerais de higiene do ambiente (Segurança do paciente em serviços de saúde: Limpeza e Desinfecção de Superfícies). - Aplicar, durante o transporte interinstitucional e interinstitucional, as medidas de precauções de contato, em adição às precauções-padrão para os profissionais que entram em contato direto com o paciente, incluindo o reforço nas medidas de higiene do ambiente. - Comunicar, no caso de transferência interinstitucional e interinstitucional, se o paciente é infectado ou colonizado por microrganismos multirresistentes. - Não se recomenda a interrupção da assistência em serviços de saúde como medida de controle de microrganismos multirresistentes. Medidas sanitárias que conduzam a interrupção da assistência em serviços de saúde devem ser avaliadas criteriosamente, em conjunto com as autoridades locais e entre os níveis de gestão do sistema de saúde. Secretarias de Saúde Municipais, Estaduais e Distritoforma Normal - varia conforme a raça e idade. Método de mensuração do perímetro cefálico (PC): - Aplicar a fita métrica em volta do crânio passando sobre as sobrancelhas. - Ler a cifra situada no ponto de encontro das duas partes da fita métrica depois de certificar-se da sua posição correta. PC = 65 a 74,9cm - cabeça ovoide, comum nos negros. PC = 75 a 79,9cm - cabeça arredondada, comum nos brancos PC = 80 a 90cm - cabeça achatada Alterações: macrocefalia - crânio anormalmente grande Microcefalia - crânio anormalmente pequeno As alterações de forma podem surgir devido a: aplicações de instrumentos no crânio ao nascimento da criança, doenças orgânicas, sífilis e anemias hemofílicas congênitas. 2) Cabelos O exame do cabelo inclui o que cobre a cabeça, o das sobrancelhas e os cílios. Normalmente, a cor, a textura e a distribuição - sua presença ou sua ausência em locais incomuns para o gênero e para a idade - são registradas. O cabelo também é examinado devido à presença de resíduos incomuns, como sangue, no caso de traumas na cabeça, lêndeas (ovos de infestação de piolhos) ou escamações decorrentes de lesões no couro cabeludo. À medida que evolui o exame, também são observadas as características dos pelos do corpo. 3) Couro cabeludo Normal - O couro cabeludo é liso, sem descamações ou lesões, pediculose, sujidade, seborreia ou caspa. Para avaliá-lo utiliza-se a técnica de corrida: separa-se o cabelo em locais aleatoriamente escolhidos, investigando-se a pele, e palpando o crânio na busca de contornos incomuns. Avaliam-se: presença de saliências (tumores, tumefações, hematomas), depressões, afundamentos, pontos dolorosos, integridade da pele, a consistência da tábua óssea, suturas e fontanelas. Alterações: Inflamações (foliculites, abscessos) Pediculose: lêndeas e piolhos Sujidade, seborreia. 4) Face Na avaliação da face são utilizadas as técnicas de inspeção e palpação. Verifica-se: 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 4 - Simetria - na avaliação da simetria compara-se um lado com o outro. A perda da simetria pode ser observada nas paralisias faciais, na presença de tumorações (abscesso dentário, edema alérgico, anomalia congênita, tumores, aumento das glândulas salivares etc.). - Pele - deve ser examinada buscando alterações de cor, lesões (acnes, cloasma gravídico, manchas etc.), edema, excesso de umidade, secura ou oleosidade. - Expressão fisionômica ou mímica facial - esta denuncia o estado de humor do indivíduo (tristeza, desânimo, esperança, desespero, ódio, alegria etc.). - Fácies - são traços específicos que certas doenças expressam na face. - Movimentos - Pode ser: involuntários (tremores, tiques nervosos, espasmos) e voluntários: onde avalia-se a função motora do 7º. par do nervo craniano, com os seguintes movimentos: - enrugar a testa - fechar os olhos cerradamente -mostrar os dentes - assobiar - encher as bochechas de ar Também é avaliado a função do 5º. Par de nervo craniano com o movimento: - projetar o queixo para frente e movimentá-lo para os lados. 5) Olhos Na avaliação dos olhos utiliza-se as técnicas de inspeção e palpação. Avalia-se: estruturas externas, estruturas do olho propriamente dita, movimentos oculares, fundo do olho e acuidade visual. Questionar pruridos, ardência, irritação (esfrega o olho), lacrimejamento, secreção, embaçamento, diplopia. Indicar qual o olho atingido. Usa óculos, lentes, olho falso, cego. Estruturas externas - Pálpebras - o tecido palpebral é frouxo, com pouca resistência e sem lesões. As pálpebras fecham- se totalmente e abrem-se simetricamente. Alterações: edema, xantelasma, equimoses, blefarite (ulcerativa - queda dos cílios / não ulcerativa - crostas), hordéolos (infecção estafilocócica das glândulas palpebrais), o não fechamento das pálpebras (exoftalmia, ptose, mongolismo). - Cílios - os cílios devem ser implantados e distribuídos uniformemente. - Sobrancelhas - são bastante variáveis de indivíduo para indivíduo. Alteração - a principal alteração está relacionada com sua queda na hanseníase, sífilis, cicatrizes, desnutrição acentuada. Estrutura dos Olhos Propriamente Dita - Conjuntiva - a conjuntiva palpebral é a membrana vermelha lisa e úmida que recobre a parte interna das pálpebras. É normalmente rósea, deve ser umedecida continuamente pelo lacrimejamento fisiológico. Para avaliá-la: - peça o cliente para olhar para cima. - pressione com o polegar a pálpebra inferior para baixo e observar a conjuntiva pedindo ao cliente para olhar para fora e para dentro respectivamente. - peça ao cliente para olhar para baixo. - pince com o polegar e o indicador a pálpebra superior e inverta-a com um cotonete, observe a conjuntiva. Alterações: palidez (anemias), conjuntivite. - Esclerótica - é a camada subjacente que deve ser esbranquiçada e clara ou amarelada nas pessoas de raça negra ou idosos. Alterações: icterícia, pterígio. - Córnea - camada lisa e transparente que recobre a íris. Normalmente não tem vasos. Para avaliá-la utiliza-se de uma lanterna de bolso iluminando de forma tangencial o olho. Alterações: arco senil (halo esbranquiçado ao redor da córnea), processos ulcerosos, opacidade, corpos estranhos. - Irís - é a camada pigmentada localizada atrás da córnea. - Pupila - orifício circular situado centralmente à íris. As pupilas normais são redondas ou levemente ovóide e do mesmo tamanho (de 2 a 4 mm). A igualdade do diâmetro da pupila denomina-se isocoria e a desigualdade anisocoria. Quando o diâmetro está aumentado fala-se em midríase e o diâmetro diminuído é a miose. Exame da reação pupilar - diminua a luz na área de exames 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 5 - oriente o paciente para olhar diretamente em frente - traga um feixe de luz (da lanterna), partindo da frente na direção do olho. - observe a pupila do olho estimulado, bem como do olho não-estimulado. - repita o exame, estimulando diretamente o outro olho. Avalia os reflexos: - fotomotor direto - contração da pupila na qual se fez o estímulo. - fotomotor consensual - contração da pupila oposta. - acomodação - as pupilas se contraem simultaneamente ao olharem para um objeto que está próximo e dilatam-se ao olharem para um objeto mais distante. - Convergência: teste que avalia o III, IV e VI pares de nervos cranianos Testes avaliam os 3º., 4º., e 6º pares de nervos cranianos. - Globos oculares - Posição - ocupa a cavidade orbitária e sua posição anterior é tangente à linha dos cílios. Alterações: exoftalmia, enoftalmia. - Movimentos - o globo ocular move-se graças à ação dos músculos retos e oblíquos. O exame dos movimentos oculares testam os 3º., 4º. e 6º. pares de nervos cranianos. Para avaliá-los peça ao cliente que, sem movimentar a cabeça para os lados, realize os seguintes movimentos: - olhar para a esquerda - olhar para cima e para baixo à esquerda - olhar para direita - olhar para cima e para baixo à direita. Alteração: a mais frequente é o nistagmo. - Fundo do Olho - Fundoscopia Examina-se a retina através do oftalmoscópio. Para utilizá-lo é necessário que: - coloque o cliente num quarto escuro - sua cabeça deve estar na mesma altura do examinador - o cliente deve fixar o olhar em um ponto de aproximadamente 6m de distância. - examine um olho de cada vez, levantando com o dedo polegar a pálpebra do olho que será examinado, enquanto a palma da mão repousa sobre a região frontal. O oftalmoscópio é colocado no olho do examinador de modo que o olho a ser examinado seja do mesmo lado a do examinado. - dirija o foco de luz para a pupila do cliente. Normalmente será visto um reflexo de cor firme e nítida vermelho-alaranjada. Alterações: na arteriosclerose - vasos: há um aumento do brilho fazendo com que elas se pareçam com "fios de cobre" e "fios de prata" quanto maisFederal: - Reforçar, de acordo com as determinações da Portaria 2.616 de 12 de maio de 1998, a atuação das coordenações de controle de IRAS, de modo a oferecer apoio técnico aos serviços de saúde com o objetivo de prevenir e controlar as IRAS, bem como a seleção e a disseminação de microrganismos multirresistentes. 7 http://portal.anvisa.gov.br 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 60 Recomendações Gerais - Ao realizar o teste de sensibilidade a antimicrobianos (TSA) de enterobactérias isoladas de pacientes hospitalizados, o laboratório de microbiologia deverá compulsoriamente testar imipenem e meropenem. A resistência ou sensibilidade intermediária ao ertapenem não deverão mais ser utilizadas para a triagem de Klebsiella pneumoniae produtoras de carbapenemases. No Brasil, um elevado número de amostras de K. pneumoniae produtoras de cefotaximases apresentam simultaneamente, perda de porinas, e consequentemente, são falsamente detectadas como produtoras de carbapenemases. - Os resultados dos testes de sensibilidade aos carbapenêmicos devem ser liberados de acordo com os critérios interpretativos descritos acima, sem alteração das categorias. - Ao liberar os resultados de amostras não sensíveis a imipenem ou a meropenem, incluir no laudo a seguinte nota: Enterobactéria possivelmente produtora de carbapenemase (KPC, IMP dentre outras). Os laboratórios que não possuem capacidade instalada para comprovação molecular do mecanismo de resistência ou tipagem de microrganismos deverão encaminhar as amostras suspeitas da produção de carbapenemase prontamente aos Laboratórios Centrais de Saúde Pública (LACEN). Enviar cultura pura, crescida em ágar nutriente ou TSA, em microtubo de tampa rosqueada ou equivalente. Os usuários de sistemas de automação deverão verificar a possibilidade de adequação do sistema aos critérios interpretativos definidos deste documento. Na impossibilidade de adequação, o laboratório deverá realizar, de modo suplementar, o TSA aos carbapenêmicos por disco difusão ou método dilucional não automatizado (microdiluição em caldo, diluição em ágar ou gradiente em ágar). - O laboratório de microbiologia deverá notificar o serviço de controle de infecção hospitalar (SCIH) prontamente sobre a detecção de amostras suspeitas de serem produtoras de carbapenemases. - Considerando as dificuldades no tratamento das infecções por enterobactérias não sensíveis aos carbapenêmicos, recomenda-se a determinação da concentração inibitória mínima (CIM) para tigeciclina, polimixina B ou colistina por método dilucional não automatizado. A continuidade do tratamento com polimixina B ou colistina deve ser subsidiada pela confirmação da sensibilidade por determinação da CIM. - Não há critérios interpretativos para o método de Kirby-Bauer, segundo o EUCAST, para discos de ceftazidima com potência de 30 µg. Portanto, o seu uso clínico deve ser subsidiado pela avaliação da sensibilidade por determinação da CIM. Questões 01.(Pref. Patos-PB - Enfermeiro – CPCON/2017) Uma Comissão de Controle de Infecção Hospitalar deverá ser composta por (A) qualquer profissional que trabalhe na instituição, desde que seja CLT. (B) profissionais de diversas áreas não necessitando de formação superior. (C) profissionais de diferentes formações podendo também ser técnicos administrativos que conheçam os problemas hospitalares. (D) apenas pessoal da enfermagem. (E) profissionais da área de saúde, de nível superior, formalmente designados. 02.(SESAU-RO - Farmacêutico – FUNRIO/2017) São competências da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) do hospital, segundo o Anexo I da Portaria MS 2.616/98, EXCETO: (A) avaliar, periódica e sistematicamente, as informações providas pelo Sistema de Vigilância Epidemiológica das infecções hospitalares e aprovar as medidas de controle propostas pelos membros executores de CCIH. (B) realizar investigação epidemiológica de casos e surtos, sempre que indicado, e implantar medidas imediatas de controle. (C) definir, em cooperação com a Comissão de Farmácia e Terapêutica e de Farmacoeconomia, a lista de antimicrobianos, germicidas e materiais médico-hospitalares com custo menor visando economizar recursos das unidade de saúde. (D) elaborar regimento interno para a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar. (E) notificar ao Serviço de Vigilância Epidemiológica e Sanitária do organismo de gestão do SUS, os casos e surtos diagnosticados ou suspeitos de infecção associadas à utilização de insumos e/ou produtos industrializados. 03.(EBSERH – Enfermeiro – IBFC/2016) Para a adequada execução do Programa de Controle de Infecções Hospitalares (PCIH), os hospitais deverão constituir Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), órgão de assessoria à autoridade máxima da instituição e de execução das ações de 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 61 controle de infecção hospitalar. Considerando a composição dos membros da CCIH, analise as afirmativas abaixo, dê valores Verdadeiro (V) ou Falso (F) e assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de cima para baixo. ( ) A CCIH deverá ser composta por profissionais da área de saúde, de nível superior, formalmente designados. Os membros da CCIH serão de dois tipos: consultores e executores. ( ) O presidente ou coordenador da CCIH será sempre um médico, indicado pela direção do hospital. ( ) Um dos membros executores deve ser, obrigatoriamente, um enfermeiro. ( ) Os membros executores serão, no mínimo, 2 (dois) técnicos de nível superior da área de saúde para cada 200 (duzentos) leitos ou fração deste número com carga horária diária, mínima, de 6 (seis) horas para o enfermeiro e 4 (quatro) horas para os demais profissionais. (A) V,V,V,F; (B) V,F,F,V; (C) F,V,V,V; (D) V,F,V,V; (E) V,F,F,F. 04. (TRT - 9ª REGIÃO (PR) - Técnico Judiciário – Enfermagem – FCC) Na prevenção e controle de infecção hospitalar, o técnico de enfermagem utiliza (A) luvas de procedimento quando existir o risco de contato com sangue, durante o banho no leito. (B) máscara na assistência de enfermagem ao paciente portador de erisipela. (C) óculos ao assistir o paciente com tuberculose. (D) máscara e luvas durante o transporte de todos os pacientes ao centro cirúrgico. (E) avental de manga longa quando na presença de suor. 05. (EBSERH - Farmacêutico – IBFC) De acordo com a Portaria GM/MS nº. 2616, de 12 de maio de 1998, que expede, na forma dos anexos I, II, III, IV e V, diretrizes e normas para a prevenção e o controle das infecções hospitalares, os membros da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) serão de dois tipos: consultores e executores. A respeito desses membros, considere as afirmativas abaixo: I. O serviço de farmácia somente poderá ser membro da CCIH como membro executor. II. Um dos membros executores deverá ser preferencialmente um enfermeiro. III. O laboratório de microbiologia poderá ser membro da CCIH como membro consultor. Sobre as afirmativas acima, assinale a alternativa correta: (A) Somente a afirmativa I é incorreta. (B) Somente a afirmativa II é incorreta. (C) Somente a afirmativa III é incorreta. (D) Todas as afirmativas são incorretas. 06. (DEPEN – Enfermagem – CESPE) Julgue os itens seguintes, acerca do controle da infecção hospitalar. A infecção hospitalar é aquela adquirida após a admissão do paciente no hospital, manifestando-se apenas durante a internação. ( ) Certo ( ) Errado 07. (CAISM PHILIPPE PINEL - Técnico de Enfermagem – CETRO) Quanto à realização correta do procedimento da técnica de lavagem de mãos em ambiente hospitalar, é correto afirmar que é (A) o método mais utilizado para o controle de infecção, apesar de não ser o mais eficaz. (B) pouco relevante se o ambiente hospitalar for constantemente desinfetado. (C) relevante em ambienteshospitalares com alto risco de infecção, mas pouco necessário em atendimento ambulatorial. (D) o método mais simples e mais indicado para o controle de infecções. 08. (DEPEN – Enfermagem – CESPE) Julgue os itens seguintes, acerca do controle da infecção hospitalar. 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 62 A infecção comunitária é aquela constatada ou encubada no ato da admissão, desde que não esteja relacionada com internação anterior no mesmo hospital. ( ) Certo ( ) Errado Gabarito 01.E / 02.C / 03.B / 04.A / 05.A / 06.Errado / 07.D / 08.Certa Comentários 01.Resposta: E 2.1 A CCIH deverá ser composta por profissionais da área de saúde, de nível superior, formalmente designados. 02.Resposta: C 3.7. Definir, em cooperação com a Comissão de Farmácia e Terapêutica, política de utilização de antimicrobianos, germicidas e materiais médico-hospitalares para a instituição; 03.Resposta: B De acordo com a Portaria MS 2.616 / 98, que regulamenta as ações de controle de infecção hospitalar no país. (V) A CCIH deverá ser composta por profissionais da área de saúde, de nível superior, formalmente designados. Os membros da CCIH serão de 2 tipos: consultores e executores. (F) O presidente ou coordenador da CCIH será qualquer um dos membros da mesma, indicado pela direção do hospital. (F) Um dos membros executores deve ser, preferencialmente, um enfermeiro. (V) Os membros executores serão, no mínimo, 2 (dois) técnicos de nível superior da área de saúde para cada 200 (duzentos) leitos ou fração deste número com carga horária diária, mínima de 6 (seis) horas para o enfermeiro e 4 (quatro) horas para os demais profissionais. 04.Resposta: A Deve-se usar luvas de procedimentos para qualquer tipo de procedimento para segurança do profissional e do paciente. 05.Resposta: A PORTARIA Nº 2616, DE 12 DE MAIO DE 1998 Anexo I 2. Para a adequada execução do PCIH os hospitais deverão constituir Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), órgão de assessoria à autoridade máxima da instituição e de execução das ações de controle de infecção hospitalar. 2.1 A CCIH deverá ser composta por profissionais da área de saúde, de nível superior, formalmente designados. 2.2 Os membros da CCIH serão de dois tipos: consultores e executores. 2.2.1 0 presidente ou coordenador da CCIH será qualquer um dos membros da mesma, indicado pela direção do hospital. 2.3 Os membros consultores serão representantes, dos seguintes serviços: 2.3.1 - serviço médico; 2.3 2 - serviço de enfermagem; 2.3.3 - serviço de farmácia; 2.3.4 - laboratório de microbiologia; 2.3.5 - administração. 2.5.1.1 - Um dos membros executores deve ser, preferencialmente, um enfermeiro. 06. Resposta: Errado 1.2.1 é aquela adquirida após a admissão do paciente e que se manifeste durante a internação ou após a alta, quando puder ser relacionada com a internação ou procedimentos hospitalares. 07. Resposta: D Lavagem das mãos é essencial para medida de segurança para o profissional, quanto para o paciente. Deve ser realizada no início e término de cada procedimento. 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 63 08. Resposta: Certa 1.1.1 é aquela constatada ou em incubação no ato de admissão do paciente, desde que não relacionada com internação anterior no mesmo hospital. ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS8,9,10 O medicamento é uma substância empregada no diagnóstico, tratamento, cura, alívio ou prevenção das alterações da saúde. O enfermeiro deve avaliar o efeito que os medicamentos têm na restauração ou manutenção da saúde, e fornecer a educação contínua para o cliente, família ou pessoal de cuidado de saúde domiciliar sobre a finalidade e os efeitos colaterais dos medicamentos. A administração de medicamentos é um processo que envolve uma sequência de ações a serem desenvolvidas pelo profissional de enfermagem, a fim de obter os melhores resultados junto ao paciente, sem desperdício de recursos. Durante a fase de preparo o profissional de enfermagem deve ter muita atenção para evitar erros, assegurando ao máximo que o paciente receba a medicação corretamente. Formas de Apresentação do Medicamento Cápsula: forma de dosagem sólida para uso oral; medicamento na forma de pó, líquido ou óleo, e envolto por concha gelatinosa; a cápsula é colorida, a fim de auxiliar na identificação do produto. Comprimido: forma de dosagem em pó comprimido em discos ou cilindros endurecidos; além do medicamento primário, contém ligantes (adesivos, para possibilitar que o pó permaneça junto), desintegrantes (para promover a dissolução do comprimido), lubrificantes (para facilitar a fabricação) e expansores (para o tamanho conveniente do comprimido). Comprimido com proteção entérica: comprimido para uso oral revestido com materiais que não se dissolvem no estômago; os revestimentos dissolvem-se no intestino, onde o medicamento é absorvido. Disco intraocular: pequeno disco oval flexível que contém duas camadas externas macias e uma camada média que contém o medicamento; quando umedecido pelo líquido ocular, libera o medicamento por até uma semana. Drágea: forma de dosagem sólida para uso oral; formato semelhante à cápsula e revestido, para facilitar a deglutição. Elixir: líquido claro que contém água e/ou álcool; destinado a uso oral; geralmente possui adoçante adicionado. Extrato: forma de medicamento concentrada, feita pela separação da porção ativa do medicamento de seus outros componentes (por exemplo, o extrato líquido é o medicamento feito em solução de fonte vegetal). Glicerite: solução de medicamento, combinado à glicerina para uso externo, que contém pelo menos 50% de glicerina. Linimento: preparação que comumente contém álcool, óleo ou emoliente saponáceo, aplicada à pele. Loção: medicamento em suspensão líquida aplicado externamente, para proteger a pele. Pasta: preparação semissólida, mais espessa e mais rígida que a pomada; é absorvida através da pele com maior lentidão que a pomada. Pastilha: forma de dosagem arredondada e achatada que contém medicamento, flavorizante, açúcar e mucilagem; dissolve-se na boca, para liberar o medicamento. Pílula: forma de dosagem sólida que contém um ou mais medicamentos, modelada em forma de glóbulo, ovoides ou alongada; as pílulas verdadeiras raramente são utilizadas, porque foram substituídas pelos comprimidos. Placa ou disco transdérmico: medicamento contido dentro de placa ou disco com membrana semipermeável, a qual permite que os medicamentos sejam absorvidos através da pele de forma lenta durante um intervalo de tempo prolongado. Pomada (unguento): preparação semissólida, aplicada externamente, que contém, em geral, um ou mais medicamentos. 8 EBISUI, C.T.N. Procedimentos de Enfermagem. Reedição revisada e ampliada. São Paulo: Copidart, 2002. 9 https://www.slideshare.net/Andreadcss/9-certos-na-administrao-de-medicamentos 10 http://ba.corens.portalcofen.gov.br/parecer-coren-ba-0212013_8112.html Administração de Medicamentos 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 64 Solução: preparação líquida que pode ser utilizada por via oral, parenteral ou externa; também pode ser instilada em órgão ou cavidade corporal (por exemplo, irrigações vesicais); contém água com um ou mais compostos dissolvidos; deve ser estéril para uso parenteral. Supositório: forma de dosagem sólida misturada com gelatina e moldada na forma de projétil para a inserção em cavidade corporal (reto ou vagina); dissolve-se, quando alcança a temperatura corporal, liberando o medicamento para a absorção. Suspensão: partículas de medicamento finamente divididas dispersas em meio líquido; quando a suspensão permanece parada, as partículas depositam-se no fundo do frasco; comumente, um medicamento oral e não é administrada por via intravenosa. Tintura:solução de medicamento em álcool ou água-álcool. Xarope: medicamento dissolvido em solução concentrada de açúcar; pode conter flavorizantes, para tornar o sabor do medicamento mais agradável. Tipos de Ação de Medicamento Os medicamentos variam consideravelmente no modo pelo qual atuam em seus tipos de ação. Os fatores diferentes das características do medicamento também influenciam as ações dele. Um cliente pode não responder da mesma maneira a cada dose sucessiva de um medicamento. Da mesma forma, idêntica dosagem do medicamento pode provocar respostas muito diferentes em clientes diversos. Depois que um enfermeiro administra um medicamento, ele sofre absorção, distribuição, metabolismo e excreção. Exceto quando administrados por via intravenosa, os medicamentos levam tempo para penetrar na corrente sanguínea. A quantidade e a distribuição de um medicamento em diferentes compartimentos corporais alteram-se constantemente. Quando é prescrito um medicamento, o objetivo consiste em obter um nível sanguíneo constante dentro de uma faixa terapêutica segura. As doses repetidas são necessárias para alcançar uma concentração terapêutica constante de um medicamento, porque uma parcela do medicamento sempre está sendo excretada. A concentração sérica máxima (a concentração de pico) do medicamento geralmente ocorre exatamente antes que o final do medicamento seja absorvido. Depois de atingir o máximo, a concentração sérica do medicamento cai progressivamente. Com as infusões intravenosas, a concentração máxima ocorre rapidamente, mas o nível sérico também começa a cair imediatamente. Todos os medicamentos possuem meia-vida sérica, o tempo que demoram para que os processos de excreção diminuam a concentração sérica do medicamento pela metade. Para manter um platô terapêutico, o cliente deve receber doses fixas regulares. Por exemplo, demonstrou-se que os medicamentos para a dor são mais efetivos, quando fornecidos durante todo o dia, em vez de serem administrados quando o cliente se queixa de maneira intermitente de dor. Desta maneira, um nível quase constante do medicamento analgésico é mantido. Depois de uma dose inicial de medicamento, o cliente recebe cada dose sucessiva, quando a dose anterior alcança sua meia-vida. O cliente e o enfermeiro devem seguir a programação regular de dosagem bem como aderir às doses e intervalos de doses prescritos. Os esquemas de sondagem são estabelecidos pela instituição em que o enfermeiro está empregado. Quando informa os clientes a respeito dos esquemas de dosagem, o enfermeiro deve utilizar linguagem familiar ao cliente. Por exemplo, ao orientar um cliente sobre um medicamento que tem duas doses ao dia, o enfermeiro deve instruí-lo a tomar um medicamento pela manhã e novamente à noite. O conhecimento dos intervalos de tempo da ação do medicamento também ajuda o enfermeiro a prever o efeito de um medicamento. Com este conhecimento, ele pode instruir o cliente sobre quando esperar uma resposta. Efeitos Medicamentosos É essencial que o enfermeiro compreenda todos os efeitos que os medicamentos podem ter, quando são tomados ou administrados aos clientes: Efeitos Terapêuticos: é a resposta fisiológica esperada ou previsível gerada por um medicamento. Cada medicamento possui um efeito terapêutico desejado para o qual é prescrito. Por exemplo, a nitroglicerina é utilizada para reduzir a carga de trabalho cardíaca e aumentar o aporte miocárdico de oxigênio. Um único medicamento pode ter muitos efeitos terapêuticos. Por exemplo, a aspirina é analgésica, antitérmica e anti-inflamatória, reduzindo a agregação plaquetária (agrupamento). É importante que o enfermeiro conheça para qual efeito terapêutico um medicamento é prescrito, o que lhe permite informar corretamente o cliente sobre o efeito pretendido do medicamento. Efeitos Colaterais: são os efeitos secundários e não-pretendidos que um medicamento causa de maneira previsível. Tais efeitos podem ser inócuos ou lesivos. Quando suficientemente graves para negar 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 65 os efeitos benéficos da ação terapêutica de um medicamento, o médico pode interromper o medicamento. Com frequência, os clientes, param de tomar medicamentos por causa dos efeitos colaterais. Efeitos Adversos: são geralmente considerados respostas graves ao medicamento. Por exemplo, um cliente pode ficar comatoso, quando um medicamento é ingerido. Se ocorrem as respostas adversas ao medicamento, o médico pode interromper o medicamento. Alguns efeitos adversos são efeitos inesperados que não foram descobertos durante a experimentação do medicamento. Quando acontece esta situação, os profissionais de saúde são obrigados a reportar o efeito adverso ao FDA. Efeitos Tóxicos: podem-se desenvolver depois da ingesta prolongada de um medicamento ou quando um medicamento se acumula no sangue por causa do metabolismo ou excreção comprometidos. As quantidades excessivas de um medicamento dentro do corpo podem ter efeitos letais, dependendo da ação do medicamento. Por exemplo, os níveis tóxicos de morfina podem provocar depressão respiratória grave e morte. Os antídotos estão disponíveis para tratar tipos específicos de intoxicação medicamentosa. Por exemplo, o Narcan é utilizado para reverter os efeitos da intoxicação por opióides. Reações Idiossincrásicas: os medicamentos podem provocar efeitos imprevisíveis, como uma reação idiossincrásica, na qual um cliente reage em excesso ou de forma deficiente a um medicamento ou apresenta reação diferente do normal. Por exemplo, uma criança que recebe um anti-histamínico pode ficar extremamente agitada ou excitada, em vez de sonolenta. É impossível avaliar os clientes para as respostas idiossincrásicas. Reações Alérgicas: constituem outra resposta imprevisível a um medicamento; elas constituem 5% a 10% das reações medicamentosas. Um cliente pode tornar-se imunologicamente sensibilizado à dose inicial de um medicamento. Com a administração repetida, o cliente desenvolve uma resposta alérgica ao medicamento, a seus conservantes químicos ou a um metabólito. O medicamento, ou substância química, atua como um antígeno, deflagrando a liberação de anticorpos. A alergia medicamentosa de um cliente pode ser branda ou grave. Os sintomas alérgicos variam, dependendo do indivíduo e do medicamento. Entre as diferentes classes de medicamentos, os antibióticos provocam uma alta incidência de reações alérgicas. As reações brandas podem ser: - Urticárias – erupções cutâneas elevadas, com formato irregular, com tamanhos e formas variados; as erupções apresentam margens avermelhadas e centros pálidos. - Exantema – vesículas pequenas e elevadas, geralmente avermelhadas; frequentemente, distribuídas sobre todo o corpo. - Prurido – coceira na pele; acompanha a maioria dos exantemas. - Rinite – inflamação das mucosas que revestem o nariz; provoca edema e secreção aquosa clara. As reações anafiláticas ou graves caracterizam-se pela constrição súbita dos músculos bronquiolares, edema da faringe e laringe, bem como sibilância e falta de ar graves. Os anti-histamínicos, epinefrina e broncodilatadores podem ser usados para tratar as reações anafiláticas. O cliente também pode tornar-se gravemente hipotenso, necessitando de medidas de reanimação de emergência. Um cliente com história conhecida de alergia a medicamento deve evitar a reexposição e usar um bracelete ou medalha de identificação, o que alerta os enfermeiros e os médicos para a alergia, caso o cliente esteja inconsciente, quando receber o cuidado médico. Interações Medicamentosas Quando um medicamento modifica a ação de outro medicamento, ocorre uma interação medicamentosa. As interações medicamentosas são comuns em indivíduos que tomam vários medicamentos. Um medicamento pode potencializar ou diminuir a ação de outros medicamentos, e alterar a maneira pela qual outro medicamento é absorvido, metabolizadoou eliminado do corpo. Quando dois medicamentos possuem efeito sinérgico, ou agem de maneira sinérgica, o efeito dos dois medicamentos combinados é maior que o dos medicamentos, se fornecidos em separado. Por exemplo, o álcool é um depressor do sistema nervoso central que possui um efeito sinérgico com anti-histamínicos, antidepressivos, barbitúricos e analgésicos narcóticos. Uma interação medicamentosa nem sempre é indesejável. Com frequência, um médico combina medicamentos, para criar uma interação que tenha efeito benéfico sobre a condição do cliente. Por exemplo, um cliente com hipertensão (pressão arterial alta) que não pode ser controlada com medicamento, recebe tipicamente vários medicamentos, como diuréticos e vasodilatadores, que atuam em conjunto para controlar a pressão arterial. 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 66 Os “9 certos” para uma Administração Medicamentosa Segura 1. Paciente Certo: Certifica-se de que a medicação corresponde com o prontuário do paciente, e ao administrar, certifica-se se realmente é o paciente. Ex. “Como é o nome do Sr (a)” Nunca podemos dizer: “Seu Fulano olha seu remédio...” Sempre devemos perguntar o nome completo mesmo que conhecemos o paciente. Erros podem acontecer. 2. Medicamento Certo: Certifica-se se o medicamento que foi dispensado da farmácia realmente corresponde com a prescrição médica. 3. Dose Certa: Observar atentamente na prescrição médica a dose correta da medicação, e a forma que veio apresentada da farmácia. Ex. Prescrição Médica: Benzetacil 800.000UI IM; E a apresentação da medicação da Farmácia é Benzetacil 1.200.000UI IM. 4. Via Certa: Toda atenção é pouca. Observar e ler atentamente qual a via a ser administrada. Ex.: (Via Oral-VO, Sublingual-SL, Intramuscular-IM, Endovenosa/Intravenosa-EV/IV). 5. Hora Certa: Atentar-se quanto ao horário correto para administração da medicação, evitando atrasos e antecipações. 6. Tempo Certo: Na aplicação da medicação, respeitar o tempo previsto na prescrição, por exemplo, se for em 30 minutos, ou em quatro horas, controlar adequadamente o gotejamento ou programar corretamente as bombas de infusão contínua ou bombas de seringa, controlando, dessa forma, a infusão conforme prescrição. 7. Validade Certa: Antes de preparar a medicação sempre conferir a data de validade, NUNCA aplicar medicação vencida. Estabelecer uma rotina de verificação e controle de validade nos setores, em parceria com a farmácia. 8. Abordagem Certa: Antes de administrar o medicamento deve-se esclarecer ao paciente qualquer dúvida existente referente ao mesmo e deve-se levar em consideração o direito de recusa do medicamento, pelo cliente. O primeiro passo sempre é dizer ao paciente qual medicação será administrada, qual é a via, principal ação do medicamento e como será feita a administração, sobretudo, medicações que hajam colaboração e ação do cliente como as sublinguais a explicação deve ser dada. 9. Registro Certo: Após aplicar a medicação registrar no prontuário checando com rubrica e ainda anotando queixas, suspensão ou não aceitação de medicação. Só para lembrar: https://www.slideshare.net/Andreadcss/9-certos-na-administrao-de-medicamentos Recomendações Gerais - Todo medicamento a ser administrado no cliente deve ser prescrito pelo médico ou odontólogo; - A prescrição deve ser escrita, assinada e carimbada. Somente em caso de emergência, a Enfermagem pode atender prescrição verbal, que deve ser transcrita pelo médico logo que possível; - Toda prescrição de medicamento deve conter: data, nome do cliente, registro, enfermaria, leito, idade, nome do medicamento, dosagem, via de administração, frequência, assinatura e carimbo do médico; - A prescrição do cliente ou cartão de medicamento deve ser mantido à vista do executante; - Lavar as mãos antes de preparar e administrar o medicamento e, logo após o procedimento; - Fazer a desinfecção concorrente da bandeja antes do preparo e depois da administração do medicamento; - Manter o local de preparo de medicação sempre em ordem e limpo, utilizando álcool a 70% para desinfetar a bancada; - Preparar o medicamento em ambiente com boa iluminação; - Concentrar a atenção no trabalho, evitando atividades paralelas, distrações e interrupções, que podem aumentar a chance de cometer erros; 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 67 - Ler e conferir o rótulo da medicação três vezes – quando pegar o medicamento, antes de colocar o medicamento no recipiente próprio para administração, e ao colocar o recipiente na prateleira ou desprezar o invólucro; - Nunca administrar medicamento sem rótulo; - Fazer desinfecção das ampolas e/ou dos frascos antes de quebrar e/ou aspirar a medicação; - Preparar somente quando tiver certeza do medicamento prescrito, dosagem e via de administração; - Proteger a seringa ou frasco com medicamento para evitar contaminação, podendo ser usado o próprio invólucro se não contaminado; - Observar o aspecto e as características da medicação antes de prepará-la; e antes de administrá-la (sinais de decomposição, turvação, deterioração, precipitação, etc.); - Devolver no final do plantão os medicamentos não utilizados e em hipótese alguma acumular “sobras”; - Manter a bandeja sempre a vista durante a administração, nunca deixando-a sozinha junto ao paciente; - Antes de administrar o medicamento, conferir cuidadosamente a identidade do paciente; - Permanecer junto ao paciente até que tome o medicamento; - A administração do medicamento deve ser feita pelo profissional que o preparou; - Não se deve nunca esquecer de registrar o medicamento que o paciente tenha recebido (checar a medicação); - Anotar qualquer anormalidade após a administração do medicamento (vômito, diarreia, erupções, urticária, etc.); - Após a administração do medicamento, checar a prescrição imediatamente, evitando administração dobrada; - Em caso de recusa do medicamento, o profissional de enfermagem deve relatar imediatamente o fato ao(a) enfermeiro(a) e/ou médico e anotá-la no prontuário. Convencionalmente em nosso meio, quando o medicamento não foi administrado por algum motivo, o horário correspondente é circundado, “bolado” à caneta e a justificativa anotada no prontuário do paciente; - Utilizar luvas de procedimentos para medicações via sonda gástrica ou nasogástrica, via retal e parenteral; - Utilizar técnica asséptica ao manusear material esterilizado; - Nunca reencapar agulhas ou concitá-las da seringa para desprezar; - As luvas de procedimentos e o algodão devem ser desprezados na lixeira com saco branco leitoso, para lixo infectante, dentro da enfermaria do paciente, conforme Programa de Gerenciamento de Resíduos da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH); - Em caso de dúvida, nunca administrar o medicamento até que ela seja esclarecida. Vias de Administração de Medicamentos Vias oral, sublingual, gástrica e retal – administração de medicamento por via digestiva. Os medicamentos via oral são fornecidos pela boca e deglutidos com líquidos, apresentam um início de ação mais lento e um efeito mais prolongado que os medicamentos parenterais. Em geral, os clientes preferem a via oral. Via parenteral – administração de um agente terapêutico por outra via que não seja a do trato alimentar (aparelho digestório). Via vaginal – introdução e absorção de medicamentos no canal vaginal. O medicamento pode ser introduzido sob a forma de: supositório, comprimido, óvulo, lavagem, irrigação, creme ou gel. Via tópica ou cutânea – aplicação de medicamentos na pele. Sua ação pode ser local ou geral. Exemplos: pomada, antisséptico, etc. Via nasal – consiste em levar à mucosa nasal um medicamento líquido. Via Respiratória: as passagens mais profundas do trato respiratório proporcionam grande área de superfície para a absorção do medicamento. Os medicamentos podem ser administradosatravés das vias nasais, via oral ou tubos colocados dentro da boca do cliente até a traqueia. Os medicamentos administrados pela via de inalação são prontamente absorvidos e atuam rapidamente por causa da rica rede vascular alveolocapilar presente no tecido pulmonar. Os medicamentos inalados podem ter efeitos locais ou sistêmicos. Via ocular – aplicação de colírio ou pomada na conjuntiva ocular (saco conjuntival inferior). Há, também, o fornecimento intraocular de medicamento que envolve a inserção de medicamento semelhante a uma lente de contato dentro do olho do cliente. O disco do medicamento ocular possui duas camadas mais externas que contêm o medicamento. O disco é inserido dentro do olho do cliente de forma 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 68 muito parecida com uma lente de contato, podendo permanecer no olho dele por até uma semana. A pilocarpina, um medicamento usado para tratar o glaucoma, é o disco de medicamento mais comum. Via Auricular – introdução de medicamento no canal auditivo. Colocar o paciente em posição que você consiga administrar, manter a cabeça do paciente ereta e pingar a solução puxando o pavilhão auditivo para baixo e para frente. Instilações na garganta – a garganta pode ser pulverizada ou embrocada pela aplicação de um antisséptico ou anestésico. Procedimentos de Administração Via Oral Material: - 01 bandeja; - 01 copinho; - medicamento prescrito. Procedimento: - Conferir a prescrição médica e medicação a ser administrada; - Identificar os copinhos com o nome do paciente, nome da medicação, horário e número do leito; - Lavar as mãos; - Diluir o medicamento se necessário; - Conferir novamente a medicação e prescrição médica verificando data, paciente, hora, via de administração e dose; - Levar a bandeja de medicação junto ao leito do paciente; - Perguntar o nome do paciente sem sugestionar; - Oferecer o medicamento; - Observar se o paciente ingeriu a medicação; - Lavar as mãos; - Checar na prescrição médica; Cuidados importantes: - Agitar o frasco de medicamento líquido antes de entorná-lo pelo lado oposto ao do rótulo, evitando assim, que o líquido escorra sobre ele, tornando difícil a leitura; - Os frascos multidoses deverão ser diluídos quando abertos; - Frascos multidoses que ficam “estocados” no posto, verificar sempre a data de validade e condições de armazenamento antes de administrá-lo ao paciente. Se necessário trocar o frasco na farmácia; - Segurar o recipiente graduado (copinho) e vidro ao nível dos olhos para despejar o líquido até a altura correspondente à dose, facilitando desse modo a colocação precisa do medicamento; - Colocar comprimidos, drágeas ou cápsulas no recipiente sem tocá-las diretamente com a mão; - Se houver dificuldade na identificação do medicamento, não administrá-lo. Devolva-o à farmácia e solicite outro medicamento com identificação legível; - Se um paciente recebe vários medicamentos simultaneamente, a prática mais segura é a de usar recipientes separados, possibilitando a identificação segura dos medicamentos que efetivamente o paciente recebeu. Em casos de aceitação parcial ou perdas acidentais de uma parte deles, será possível registrar adequadamente o ocorrido e/ou repor a medicação perdida; - Observar se o paciente não está com indicação de jejum, controle hídrico, além de fatores que influenciam a administração, como sonda nasogástrica, condições relativas à deglutição, náuseas, vômitos, entre outros; - No caso de administração de medicação sublingual, observar a colocação do medicamento sob a língua do paciente e orientá-lo para que deixe ali, sem mastigá-lo ou engoli-lo, até ser totalmente dissolvido, não se devem oferecer líquidos com a medicação sublingual; - No uso de medicação via Sonda Nasoenteral-SNE ou Sonda Nasogástrica-SNG: lavar (10 a 20ml de água pela seringa sob pressão) logo após a administração da medicação, a fim de evitar obstrução da mesma. Importante: na ausência do copo graduado ou seringa utilizar as medidas abaixo como referência de administração medicamentosa líquida. Colher de café = 2,5ml Colher de chá = 5ml Colher de sobremesa = 10ml Colher de sopa = 15ml 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 69 Via retal As formulações destinadas para uso retal podem ser sólidas ou líquidas. Formulações sólidas: denominada supositório – possuem formato e consistência que facilita sua aplicação, não devendo ser partido. Dissolve-se em contato com a temperatura corporal e é indicado principalmente para a estimulação da peristalse para facilitar a defecação. Quando efetivo, os resultados manifestam-se dentro de 15 a 30 minutos, mas podem tardar até uma hora. Formulação líquida: pode ser em grande quantidade, denominada lavagem intestinal (de 1000 a 2000ml) ou em pequena quantidade, chamada de clister (150 a 500ml). Geralmente são usadas na lavagem intestinal para a remoção das fezes em caso de “fecaloma” (fezes endurecidas), preparo para procedimentos cirúrgicos ou exames (ex.: colonoscopia); Material: - 01 Frasco de Clister ou Fleet Enema (conforme prescrição médica); - Papel higiênico; - 01 comadre; - 01 par de luvas de procedimento; - 01 sonda retal. Procedimento: - Explicar ao paciente o procedimento; - Preparar o material; - Mornar quando for solução glicerinada ou soro fisiológico; - Lavar as mãos, calçar luvas de procedimentos; - Colocar biombo, para não expor o paciente; - Colocar o paciente em posição de Sims, (decúbito lateral esquerdo e perna direita fletida); - Afastar a prega interglútea e instilar o líquido; - Introduzir a sonda retal lubrificada (ex: xilocaína gel ou óleo mineral) no ânus do paciente; - Colocar o paciente na comadre, deixando o papel higiênico à mão, nos casos de pacientes dependentes ou encaminhá-lo ao banheiro; - Fazer a higiene íntima; - Retirar o material usado; - Limpar e organizar o material; - Retirar as luvas de procedimentos; - Lavar as mãos; - Fazer anotação de enfermagem no prontuário; Observação: No caso de irrigação gota a gota acrescentar um equipo ao material, procedendo a mesma forma de instalação, deixando o sistema instalado até o final da solução. Via Parenteral Preparo da Medicação: - Observar o prazo de validade, o aspecto da solução, bem como a integridade do frasco; - Certificar que todo o medicamento está contido no corpo da ampola, pois o estreitamento do gargalo faz com que uma parte do medicamento muitas vezes, fique na sua parte superior; - O mesmo cuidado deve ser observado com o pó liofilizado no frasco da ampola; - Lavar as mãos com água e sabão; - Observar a integridade dos invólucros que protegem a seringa e a agulha; - Monte a seringa com a agulha respeitando a técnica asséptica; - Desinfetar toda a ampola com algodão embebido em álcool a 70% destacando o gargalo, no caso do frasco ampola, levantar a tampa metálica e desinfetar a borracha; - Proteger o gargalo da ampola com algodão na hora de quebrá-lo; - Aspirar ao diluente (no caso de frasco ampola) introduzi-lo dentro do frasco e deixe que a força da pressão interna do frasco, desloque o ar para o interior da seringa; - Homogeneizar o diluente com o pó liofilizado sem sacudir; - Introduzir o ar da seringa para o interior do frasco. Este procedimento visa aumentar a pressão dentro do frasco, facilitando a retirada do medicamento, visto que os líquidos movem-se de uma área de maior pressão para a de menor pressão; - Manter o frasco invertido para baixo, enquanto aspira ao medicamento; - Proteger a agulha com o protetor e o êmbolo da seringa com o próprio invólucro; - Identificar o material com fita adesiva com o nome do paciente, número do leito, medicamento, horário, dose e via de administração; 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 70 Via Intradérmica É a introdução do medicamento naderme. É raramente usada para tratamento, porém incide na disseminação de vacinas. Volumes máximos administrados – 0,1 a 1,0ml. Locais de aplicação: Face interna ou ventral do antebraço; Região escapular (parte superior das costas); Parte inferior do deltoide direito (exclusivamente para a vacina BCG). Material: - 01 bandeja; - 01 seringa de 3ml ou 5ml; - 01 agulha para injeção 03X07; - 01 bola de algodão; - 05ml de álcool; - Luvas de procedimentos; - Medicamento prescrito. Procedimento: - Lavar as mãos; - Preparar a medicação fazendo a desinfecção da ampola e após a aspiração do medicamento, trocar a agulha; - Orientar o paciente quanto ao procedimento; - Calçar luvas de procedimentos; - Posicionar a agulha em ângulo de 15º em relação à superfície da pele; - Introduzir a agulha com o bisel para cima para formar uma pápula; - Checar na prescrição médica; Observação: Não fazer a antissepsia da região, o que causaria o desenvolvimento de reações falso- positivas em testes de hipersensibilidade e a redução da atividade das vacinas administradas. Via Subcutânea É a introdução do medicamento na região subcutânea. Utilizada para drogas que não necessitem de absorção imediata e sim quando se deseja uma absorção continua. Podem ocorrer lesões inflamatórias locais, sendo de grande importância o rodízio da aplicação como um método profilático. Volume máximo administrável – 2 ml. Locais de aplicação: Parte superior externa dos braços; Face lateral externa e frontal das coxas; Regiões glúteas, direita e esquerda; Região abdominal – hipocôndrios direito e esquerdo, exceto a região periumbilical; Regiões supraescapular e infraescapular; Faces externas, anterior e posterior dos braços; Região intermediária lateral das costas (próxima ao quadril direito e esquerdo). Material: - 01 bandeja; - 01 seringa de 1ml; - 01 agulha 13X25; - Luvas de procedimentos; - 02 Bolas de algodão; - 05ml do álcool a 70%; - Medicamento prescrito. Procedimento: - Lavar as mãos; - Preparar a medicação fazendo a desinfecção da ampola e, após a aspiração do medicamento, trocar a agulha; - Orientar o paciente quanto ao procedimento; - Calçar luvas de procedimentos; - Fazer antissepsia da pele de cima para baixo; - Posicionar a agulha em ângulo de 90º em relação à superfície da pele; - Introduzir a agulha com bisel para baixo; - Não friccionar o local após a aplicação; - Retirar luvas e lavar mãos; - Checar na prescrição medica. Via Intramuscular É aplicada no tecido muscular através da pele, tendo a desvantagem de ser dolorosa pela introdução da agulha e absorção do medicamento. O desconforto da aplicação desse medicamento pode ser minimizado com os seguintes cuidados: 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 71 - Manter a técnica asséptica durante todo o procedimento; - Ao escolher o local de aplicação, observe a condição do músculo; - Assegure a privacidade do paciente, sem expô-lo desnecessariamente; - Não hesitar em aplicar a injeção; - Injetar lentamente as soluções; - Fazer uma pressão no local administrado com a extremidade dos dedos, para auxiliar na absorção da droga; - Checar na prescrição médica. Volume máximo administrável – 5 ml. Algumas bibliografias informam volume máximo de 4ml outras 5ml. Locais para aplicação: Regiões deltoideanas; Região dorsoglútea; Região ventroglútea; Região anterolateral da coxa (músculo vastolateral). Recomendações importantes: - Não administrar medicamentos por via intramuscular na região dorsoglútea em crianças de 0 a 2 anos, adultos excessivamente magros ou com mais de 60 anos; - Priorizar a região vastolateral da coxa em crianças menores de 1 ano; - Não administrar diclofenaco de sódio e penicilina benzatina na região deltoide, em qualquer idade. Nessas medicações só usar agulhas 30x8; - Rodiziar o local de aplicação. Material: - 01 bandeja; - 01 seringa de 3ml ou 5ml; - 01 agulha 30X06, 30X07 ou 30X08; - 02 bolas de algodão; - 05ml do álcool a 70%; - Luvas de procedimentos; - Medicamento prescrito. Procedimento: - Lavar as mãos; - Escolher a seringa de acordo com o volume a ser injetado; - Preparar a medicação fazendo a desinfecção da ampola e, após a aspiração do medicamento, trocar a agulha; - Orientar o paciente quanto ao procedimento; - Calçar luvas de procedimentos; - Fazer antissepsia da pele de cima para baixo; - Posicionar a agulha em ângulo de 90º em relação à superfície da pele; - Introduzir a agulha com bisel para baixo; - Aspirar antes de injetar o medicamento, verificando se algum vaso foi atingido; - Injetar lentamente o líquido; - Fazer uma leve compressão no local após a administração; - Retirar luvas e lavar as mãos; - Checar na prescrição médica; Via Endovenosa A via endovenosa é usada quando se deseja uma ação rápida do medicamento ou porque outras vias não são propícias. Sua administração deve ser feita com muito cuidado, considerando-se que a medicação entra direto na corrente sanguínea, podendo ocasionar sérias complicações ao paciente, caso as recomendações preconizadas não sejam observadas. As soluções administradas por essa via devem ser cristalinas, não oleosas e sem flocos em suspensão. Alguns acidentes podem acorrer na administração de medicamentos endovenosos: - Esclerose da veia: aplicação sucessiva no mesmo local; - Abscessos: administração de medicamentos fora da veia, antissepsia inadequada no local da punção e material contaminado; - Hematoma: extravasamento de sangue da veia no espaço intersticial por transfixação da veia; - Flebite: longa permanência de dispositivos endovenosos ou drogas irritantes; - Êmbolos: deslocamento de resíduos de medicamentos mal diluídos ou coágulos de sangue podem agir como êmbolos; 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 72 - Infiltração: passagem do líquido para o tecido subcutâneo. Ocorre por deslocamento da agulha ou pela sua penetração na parede do vaso. - Choque: quando se aplica determinado medicamento, pode ocorrer o estado de choque, vasodilatação geral, palidez, vertigem, agitação, cianose, ansiedade, tremores. Pode se tratar do choque pirogênico que ocorre quando existe pirogênio no medicamento, ou seja, substância produzida por bactéria, produzindo reações como febre e alergias; choque anafilático devido à hipersensibilidade do paciente ao medicamento. Volume máximo administrável – não há limite, exceto nos casos em que a patologia contraindique volumes elevados. Locais de aplicação: - Região cefálica (crianças); - Região temporossuperficial e regiões epicranianas; -Região dos membros superiores: braço (cefálica e basílica), antebraço (intermediária cefálica, intermediária basílica, mediana e radial); - Ulnar; - Mão: rede do dorso da mã;. - Região dos membros inferiores: perna (face posterior do joelho), safena magna e tibial anterior; pé (rede do dorso do pé). Nesta região somente em casos extremos. Observação: Observar orientações adicionais na Rotina de Prevenção de Infecção de Corrente Sanguínea da CCIH. Material: - Mesmo da injeção intramuscular; - Acrescentando em caso de grande volume de medicação: - 01 bandeja; - 01 Equipo; - 01 cateter intravenoso (abocath ou jelco); - 01 pacote de gaze; - 30 cm de esparadrapo ou micropore; - Medicamento; - Luvas de Procedimentos. Procedimento: - Lavar as mãos; - Preparar a medicação fazendo a desinfecção da ampola e, após a aspiração do medicamento, trocar a agulha; - Posicionar o paciente deitado ou sentado; - Orientar o paciente quanto ao procedimento; - Calçar luvas de procedimentos; - Inspecionar as condições da veia e selecionar a mais apropriada; - Garrotear o braço aproximadamente 10 cm acima da veia escolhida. Para facilitar a visualização da veia na mão e braço, convém o paciente cerrar o punho durante a inspeção e a punção venosa; - Fazer antissepsia dapele de cima para baixo; - Fixar a veia e fazer a punção; - Inserir o cateter ou agulha em um ângulo de 15º a 30º graus mantendo a pele esticada com o bisel voltado para cima, facilitando a introdução; - Retirar o garrote; - Administrar lentamente o medicamento, evitando assim reações adversas, já que muitos medicamentos podem produzir efeitos indesejáveis de imediato. Nesses casos, interrompa a aplicação e comunique o fato o(a) enfermeiro(a) ou médico; - Retirar o cateter ou agulha e comprimir o local; - Retirar luvas e lavar as mãos; - Checar na prescrição médica. Recomendações importantes: - Seguir Rotina de Controle de Infecção para acesso vascular para a manutenção da punção; - Evitar punção venosa de membros inferiores em pacientes adultos; - O local escolhido deve ser seguro, de fácil acesso, confortável ao paciente; - O seguimento escolhido deve ser mais longo que a agulha; 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 73 - Evitar “tapinha” sobre o local a ser puncionado, pois permitem o rompimento da veia no momento da punção; - Não puncionar membros com fístula arteriovenosa para hemodiálise, paresia, paralisia ou membro do mesmo lado em que foi feita uma mastectomia. Venóclise Administração endovenosa de regular quantidade de líquido através de gotejamento controlado, para ser infundido num período de tempo pré-determinado. É indicada principalmente para repor perdas de líquidos do organismo e administrar medicamentos. As soluções mais utilizadas são a glicosada 5%, fisiológica 0,9% e ringer simples. Recomendações importantes: - Atentar para a identificação, registrando no rótulo: o nome do paciente, a solução a ser injetada, os medicamentos e seus complementos do soro, caso houver, tempo em que a solução deverá ser infundida, número de gotas por minuto, início e término, data e assinatura; - Estabelecer a punção venosa em local longe de articulações e de fácil acesso, para facilitar manutenção da via e oferecer conforto ao paciente; - Não puncionar veias esclerosadas (são veias com paredes espessas e endurecidas), devido a deficiência circulatória; - Realizar a punção com técnica asséptica, mantendo todo o conjunto de punção limpo, inclusive sua fixação, prevenindo infecção; - Manter as conexões do sistema bem adaptadas evitando extravasamento de solução, contaminação, refluxo sanguíneo e entrada de ar; - Manter a observação constante no local, a fim de detectar precocemente a infiltração nos tecidos adjacentes; - Retirar o dispositivo da punção e providenciar outra via de acesso venoso, na presença de sinais de flebite (edema e hiperemia local). Comunicar o caso o(a) enfermeiro(a); - Garantir a infusão do volume e dosagem dentro do tempo estabelecido. Para isto, deve-se controlar constantemente o gotejamento, que não deve ser alterado em casos de atraso, para evitar a sobrecarga cardíaca; - Orientar aos pacientes que deambulam manterem o frasco elevado para promover gotejamento contínuo, evitando refluxo, coagulação sanguínea e obstrução do cateter; - Orientar o paciente não abrir ou fechar o gotejamento; - Registrar no local da punção data, hora e assinatura do profissional responsável; - Administração de medicações de horário pela “borrachinha” do equipo: fazer desinfecção do local antes da introdução da agulha; - Não injetar medicamentos perfurando o frasco de soro ou deixar agulhar tipo “suspiro” para evitar contaminação do sistema; - Evitar excesso de polifix ou tree-wall. Outras Vias Parenterais: - Epidural; - Intratecal; - Intraóssea; - Intraperitoneal; - Intrapleural; - Intra-arterial. Cálculos para gotejamento. Ex.: SG 5%, 500ml em 8horas. 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 74 Questões 01. (SES/PR - Assistente de Farmácia - IBFC/2016) Não é considerada como via parenteral de administração de medicamentos a via: (A) Retal (B) Subcutânea (C) Intravenosa (D) Intramuscular 02. (IF/PA - Auxiliar de Enfermagem - FUNRIO/2016) A administração de medicamentos pode ser feita por várias vias. Indique a alternativa de uma via enteral. (A) Otológica (B) Intradérmica (C) Tópica (D) Oral (E) Oftálmica 03. (CLIN - Auxiliar de Enfermagem do Trabalho - COSEAC) Considerando-se a administração de medicamentos por via parenteral, é correto afirmar que: (A) os medicamentos parenterais têm forma de creme e óvulos, que são introduzidos com o auxílio de um aplicador de uso individual. (B) para a administração de medicamentos por esta via deve-se usar o conta-gotas, e o paciente deve manter a cabeça inclinada para trás. (C) as formulações destinadas para uso nesta via podem ser sólidas ou líquidas e são indicadas principalmente para a estimulação da peristalse. (D) utilizam-se comumente nesta via as formas de administração subcutânea, intradérmica, intramuscular e endovenosa. 04. (IF Sertão/PE - Técnico em Enfermagem) A paciente A.J, internada em enfermaria, foi prescrito para ser administrado 500 ml de soro fisiológico, via endovenosa, em 8 horas. Quantas gotas por minuto será administrada nessa prescrição? (A) 7 gotas por minuto (B) 21 gotas por minuto (C) 42 gotas por minuto (D) 15 gotas por minuto (E) 64 gotas por minuto 05. (IF Sertão/PE - Técnico em Enfermagem) Sobre as vias de administração de medicamentos, assinale a alternativa incorreta: (A) As vias de administração parenterais diferem em relação ao tipo de tecido em que o medicamento será administrado. (B) A via intradérmica constitui uma alternativa parenteral para a administração de medicamentos que precisam de uma lenta absorção. (C) Na utilização da via subcutânea, a medicação é introduzida na hipoderme, proporcionando uma absorção gradual e sistêmica. (D) Na utilização da via intramuscular, o medicamento é introduzido no tecido muscular, sendo apropriado para a administração o volume máximo até 0,5 mL. (E) A via endovenosa permite a administração de grandes volumes de líquidos e, também, de soluções que, por serem irritantes ou por sofrerem a ação dos sucos digestivos, são contraindicadas pelas demais vias parenterais e pela via oral, respectivamente. 06. (IF Sertão/PE - Técnico em Enfermagem) Chega ao posto de enfermagem uma prescrição médica em que está solicitado a administração de 350 mg de ampicilina. Na unidade tem frascos com 1,0 grama que deve ser diluído em 10ml de água destilada. Após diluição, quanto deve ser aspirado? (A) 3,5 ml (B) 3,0 ml (C) 2,5 ml (D) 2,0 ml (E) 1,5 ml 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 75 07. (EBSERH - Técnico em Enfermagem - IBFC/2016) Considerando o Protocolo de segurança na prescrição, uso e administração de medicamentos do Ministério da Saúde, analise as afirmativas abaixo e assinale a alternativa correta: I. As prescrições verbais devem ser restritas às situações de urgência/emergência, devendo ser imediatamente escritas no formulário da prescrição, após a administração do medicamento. II. Realizar a antissepsia do local da aplicação para administração de medicamentos por via parenteral. III. Não deverão ser administrados medicamentos em casos de prescrições vagas como: “fazer se necessário”. (A) I, II e III estão corretas (B) I, II e III estão incorretas (C) Apenas I e II estão corretas (D) Apenas II e III estão corretas (E) Apenas III está correta Gabarito 01.A / 02.D / 03.D / 04.B / 05.D / 06.A / 07.A Comentários 01. Resposta: A Parenteral NÃO passa pelo trato gastrointestinal. 02. Resposta: D Enteral vem do grego enteron (intestino): são as vias: oral, sublingual e retal. 03. Alternativa: D Os medicamentos em via Parenterais são aqueles que o fármaco não passa pelo trato gastrointestinal. 04. Resposta: B 1 h -------------------------- 60 minutos 8 h ------------------------ x minutos x= 480 minutos. T (minutos)Gota= Volume total x 20 / T (minutos) Gota= 500 x 20 / 480 Gota= 10000 / 480 Gota= 20,88 aproximadamente 21 gotas por minuto 05. Resposta: D O volume máximo administrado na via intramuscular varia dependendo do músculo, mas pode chegar até 5mL. 06. Resposta: B 1,0 g – 10 ml água destilada 350 mg de ampicilina = 0,35 g – X 1,0 x= 0,35 . 10 X = 3,5 /1,0 X= 3,5 ml 07. Resposta: A PROTOCOLO DE SEGURANÇA NA PRESCRIÇÃO, USO E ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS* Protocolo coordenado pelo Ministério da Saúde e ANVISA em parceria com FIOCRUZ e FHEMIG 5.1.4 Utilização de expressões vagas Expressões vagas como “usar como de costume”, “usar como habitual”, “a critério médico”,“se necessário” (sem indicação de dose máxima, posologia e condição de uso), “uso contínuo” e “não parar” devem ser abolidas das prescrições. Quando for preciso utilizar a expressão “se necessário”, deve-se obrigatoriamente definir: Dose; posologia; dose máxima diária deve estar claramente descrita; e condição que determina o uso ou interrupção do uso do medicamento. Exemplo: paracetamol comprimido de 500mg uso oral. Administrar 500mg de 6 em 6h, se temperatura igual ou acima de 37,5ºc. Dose máxima diária 2 gramas (quatro comprimidos de 500mg). 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 76 BIOSSEGURANÇA, IRAS e CCIH Conforme conceitua o Ministério da Saúde, Biossegurança compreende um conjunto de ações destinadas a prevenir, controlar, mitigar ou eliminar riscos inerentes às atividades que possam interferir ou comprometer a qualidade de vida, a saúde humana e o meio ambiente. Desta forma, a biossegurança se caracteriza como estratégica e essencial para a pesquisa e o desenvolvimento sustentável, sendo de fundamental importância para avaliar e prevenir os possíveis efeitos adversos de novas tecnologias à saúde. As ações de biossegurança em saúde são primordiais para a promoção e manutenção do bem-estar e proteção à vida. A evolução cada vez mais rápida do conhecimento científico e tecnológico propicia condições favoráveis, possibilitando ações que colocam o Brasil em patamares preconizados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em relação à biossegurança em saúde. No Brasil, a biossegurança começou a ser institucionalizada a partir da década de 80, quando o Brasil passou a fazer parte do Programa de Treinamento Internacional em Biossegurança, ministrado pela OMS, que teve como objetivo estabelecer pontos focais na América Latina para o desenvolvimento do tema (BRASIL)11. Medidas de Biossegurança12 A palavra Biossegurança significa, genericamente, segurança nas atividades que evoluem de organismos vivos. E entende-se, ainda, que o termo Biossegurança se aplica ao conjunto de ações voltadas para a prevenção, minimização ou eliminação de riscos inerentes às atividades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços - riscos que podem comprometer a saúde do Homem, dos animais, do meio ambiente ou a qualidade dos trabalhos desenvolvidos. Ao profissional de enfermagem cabe a consciência de sua responsabilidade quanto à prática da biossegurança em todos os seus procedimentos de trabalho e, também, junto aos seus pacientes, para que, protegendo-se, possa garantir suas boas condições de saúde e, assim, estar apto para o cuidado com o próximo. Medidas de proteção e segurança (individual, coletiva, para si e para o paciente) são recomendadas aos profissionais de saúde, em especial ao enfermeiro ao exercer a prática do cuidado em estabelecimentos de saúde. Os profissionais que atuam na área da saúde, historicamente, não eram considerados como trabalhadores da categoria de grandes riscos para acidentes de trabalho, mas nos dias atuais os riscos biológicos rodeiam a classe. Na década de 80, com o surgimento da AIDS, as questões de biossegurança começaram a ser estabelecidas, sendo promovida a proteção profissional. Os serviços de saúde possuem muitas áreas de insalubridade, com graduação variável, que dependem de sua hierarquização e complexidade (ex. hospital terciário ou posto de saúde), do tipo de atendimento prestado (ex. atendimento exclusivo a moléstias infectocontagiosas) e do local de trabalho do profissional (ex. laboratório, endoscopia, lavanderia, etc.). Os riscos de agravo à saúde (ex. radiação, calor, frio, substâncias químicas, estresse, agentes infecciosos, ergonômicos, etc.) podem ser variados e cumulativos. Por suas características, encontram-se nos serviços de saúde exemplos de todos os tipos de risco, agravados por problemas administrativos e financeiros (ex. falta de manutenção de equipamentos) e alguns decorrentes de falhas na adaptação de estruturas antigas a aparelhos de última geração. Todos os profissionais que atuam - direta ou indiretamente - na prestação de serviços em hospitais ou em qualquer outra atividade ligada à saúde estão sujeitos a desenvolver doenças relacionadas ao trabalho. A exposição a riscos de contaminação ocupacional depende do ambiente de trabalho de cada um. Constatou-se que com 70% das contaminações pelo vírus HIV em todo o mundo por ocasião de acidente de trabalho, 43% envolvem a categoria da área de enfermagem. 11 Texto extraído de BRASIL. Ministério da Saúde. Biossegurança em saúde: prioridades e estratégias de ação. Brasília: Ministério da Saúde, 2010. 242 p. (Série B. Textos Básicos de Saúde) 12 Conteúdo adaptado de SÃO PAULO. Secretaria do Estado da Saúde de São Paulo. Programa Estadual de DST/AIDS. Biossegurança: atualidades em DST/Aids. 2. ed. rev. e amp. São Paulo, 2003. e de ZORZE, Cleide Maria Ferreira da Silva; KARAGULIAN, Patrícia Partamian. Biossegurança em enfermagem. In: MURTA, Genilda Ferreira (org.). Saberes e Práticas: guia para ensino e aprendizado de enfermagem. 3. ed. rev. e amp. São Caetano do Sul, SP: Difusão, 2007. Normas de biossegurança em enfermagem 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 77 Várias são as doenças que os profissionais de saúde poderão adquirir ao longo de suas carreiras; algumas poderão ser combatidas com vacinas; outras, com cuidados nos equipamentos de segurança. Medidas de Biossegurança em Serviços de Saúde Na área da saúde, o tema “Biossegurança” suscita reflexões por parte dos profissionais, uma vez que estão mais suscetíveis a contrair doenças advindas de acidentes de trabalho, através de procedimentos que envolvem riscos biológicos, químicos, físicos e ergonômicos (BOLICK, 2000; MASTROENI, 2004). Os profissionais que prestam assistência direta à saúde ou manipulam material biológico no seu cotidiano devem ter conhecimento suficiente acerca de biossegurança para uma prática eficaz e segura (CARVALHO, 1999; COSTA & COSTA, 2003). O profissional de limpeza e desinfecção de superfícies em serviços de saúde está exposto a riscos, e o objetivo das medidas de biossegurança é identificar riscos à saúde e ao meio ambiente decorrentes da exposição à matéria orgânica e aos agentes biológicos e do manuseio de produtos químicos e materiais perigosos. A utilização de precauções básicas auxilia os profissionais nas condutas técnicas adequadas à prestação dos serviços, por meio do uso correto de EPI, de acordo com a NR n° 6, da Portaria nº 3.214, de 08 de junho de 1978 (BRASIL). Essas medidas devem gerar melhorias na qualidade da assistência e diminuição de custos e infecções. Ao Serviço de Limpeza e Desinfecção de Superfícies em Serviços de Saúde competem os procedimentos para a remoção de sujidades, detritos indesejáveis e micro-organismos presentes em qualquer superfície, visando manter o ambiente dentro dos padrões estabelecidos pelos serviços de saúde. As medidas de biossegurança em serviços de saúde evitam os riscos inerentes ao uso de produtos químicos e materiais biológicos. Têm a finalidade de minimizar os riscos envolvidos no uso desses materiais pelos profissionaisda instituição. Incluem procedimentos para aquisição, armazenamento, transporte e manuseio desses produtos. As medidas de biossegurança podem ser isoladas ou estarem inseridas em um plano de prevenção e controle de riscos biológicos, químicos e materiais perigosos. Os acidentes de trabalho são aqueles que ocorrem pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a perda ou a redução permanente ou temporária da capacidade para o trabalho (BRASIL) e podem ser provocados por agentes biológicos, ergonômicos ou mecânicos. Podem ser evitados por meio da instituição de medidas preventivas que visem à segurança do funcionário durante suas atividades rotineiras, como: - Não substituir as escadas por cadeiras, usando-as apenas em superfícies planas. - Não manusear equipamentos elétricos com as mãos molhadas. - Não misturar produtos de limpeza e desinfecção de superfícies. - Utilizar cintos de segurança para a limpeza de janelas e vidros. - Proteger as tomadas elétricas de paredes molhadas. - Não correr nas dependências dos serviços de saúde. - Manter postura adequada para evitar problemas de coluna. - Não levar ou levantar objetos muito pesados sem ajuda. - Obedecer aos horários de intervalos a fim de prevenir o estresse. - Notificar os acidentes após a ocorrência. - Utilizar EPI e EPC sempre que necessário. - Receber as vacinas recomendadas. Os profissionais, quando acidentados, devem comunicar seus acidentes em formulário próprio, denominado Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), no prazo de 24 horas, e encaminhá-lo aos setores competentes. Glossário - Desinfecção: remoção de agentes infecciosos, na forma vegetativa, de uma superfície inerte, mediante a aplicação de agentes químicos ou físicos. - Desinfetante: são agentes químicos capazes de destruir micro-organismos na forma vegetativa em artigos ou superfícies, sendo divididos segundo seu nível de atividade em: alto nível, médio nível ou nível intermediário e baixo nível. 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 78 - Detergente: todo produto que possui como finalidade a limpeza e que contém na sua formulação tensoativos que reduzem a tensão superficial da água, facilitando sua penetração, dispersando e emulsificando a sujidade. - Limpeza: consiste na remoção das sujidades mediante aplicação de energias química, mecânica ou térmica em um determinado período de tempo. Pode ser: - Química – ação de produtos saneantes com a finalidade de limpar por meio da propriedade de dissolução, dispersão e suspensão da sujeira. - Mecânica – ação física aplicada sobre a superfície para remover a sujeira resistente à ação do produto químico (esfregar, friccionar, escovar). - Térmica – ação do calor que reduz a viscosidade da graxa e da gordura, facilitando a remoção pela ação química. - Medicina do Trabalho: especialidade médica que se ocupa da promoção, preservação e monitoramento da saúde do trabalhador. Executa ações preventivas e emergenciais. - Produtos Saneantes: substâncias ou preparações destinadas à higienização, desinfecção ou desinfestação domiciliar, em ambientes coletivos e/ou públicos, em lugares de uso comum e no tratamento de água. - Serviço de Limpeza e Desinfecção de Superfícies em Serviços de Saúde: executa ações de limpeza/desinfecção preventivas e emergenciais no ambiente dos serviços de saúde. - Serviços de Saúde: estabelecimento destinado ao desenvolvimento de ações de atenção à saúde da população em regime de internação ou não, incluindo a atenção realizada em consultórios e domicílios. - Risco Biológico: risco determinado pela exposição a agentes biológicos por inalação, contato ou manuseio (direto ou indireto) de sangue e fluidos corpóreos. Bibliografia BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Segurança do paciente em serviços de saúde: limpeza e desinfecção de superfícies. Brasília: Anvisa, 2010. Controle da População Microbiana13 Entendendo a estruturação da cadeia de transmissão (onde e como vivem, como se transmite) dos principais agentes infecciosos, pode-se intervir rompendo o elo e evitando a contaminação do ambiente. Dessa forma, eliminando as doenças infecciosas, procura-se aumentar o tempo de vida da espécie humana. Sabe-se que os seres humanos apresentam necessidades de maior amplitude além das biológicas, ou seja, as de ordem social, política e econômica: moradias adequadas, boa higiene, educação, bom relacionamento social com a comunidade em que vivem e trabalham, bons serviços de assistência à saúde (profissionais e centros de saúde), escolas gratuitas e salários decentes, por exemplo. A carência destas necessidades implica condições diretamente relacionadas à disseminação de doenças, especialmente as parasitárias. Considerando tais fatos, o profissional de saúde é capaz de atuar na saúde individual de forma, muitas vezes, simples, através de orientações e tratamentos, e assim prevenir e curar as doenças parasitárias. Entretanto, quando se trata de saúde coletiva, com a participação do meio ambiente e de outros fatores de ordem socioeconômica, faz-se necessária a adoção de medidas mais complexas. Nesse caso, as decisões de natureza política exercem importante papel, de maneira direta, na relação parasito- hospedeiro-meio ambiente, intervindo e rompendo a cadeia de transmissão. Saneamento Básico Fala-se muito em saneamento básico. Conhecemos seu significado? É importante para a população? Sanear quer dizer limpar. Assim, pode-se definir saneamento como o conjunto de medidas que visam tornar as condições ambientais apropriadas à vida. O saneamento básico consiste em abastecimento e purificação da água, coleta de lixo, construção de redes de esgoto, controle da poluição, limpeza dos lugares públicos pelos órgãos do governo. Enfim, significa conservar os meios naturais e eliminar o que representa risco à saúde da população. A água contaminada é um deles, podendo transmitir muitas doenças parasitárias como diarreias, cólera, esquistossomose (barriga d’água) e outras verminoses. Durante as chuvas, as águas de 13 Conteúdo adaptado de BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da Educação na Saúde. Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores da Área de Enfermagem. Profissionalização de auxiliares de enfermagem: cadernos do aluno: fundamentos de enfermagem. 2. ed. rev., 1. reimpr. Brasília: Ministério da Saúde; Rio de Janeiro: Fiocruz, 2003. 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 79 abastecimento podem vir a se contaminar pela drenagem dos campos contaminados em decorrência de enxurradas. Por sua vez, as piscinas e lagos recreativos também podem apresentar considerável contaminação, oferecendo riscos às pessoas. Considerando tais fatos, a água deve ser sempre adequadamente tratada e, para ser ingerida, fervida ou filtrada. Esterilização e Desinfecção São procedimentos de remoção dos agentes infecciosos. Esterilização É a destruição de todas as formas de vida microbiana (matando os esporos) existentes em determinado objeto (em sua superfície ou interior). Pode ser realizada através de métodos físicos ou químicos (vapor seco e vapor saturado sob pressão e agentes químicos). Desinfecção É o processo que remove ou mata a maioria dos micro-organismos patogênicos (não necessariamente matando os esporos) existente em uma superfície inerte. Pode ser feita por vapor úmido, por processos físicos (pasteurização e água em ebulição ou fervura) ou por processos químicos por meio da imersão em soluções germicidas (álcool etílico a 70%, cloro e compostos clorados, fenólicos, formaldeído, etc.). Assepsia É um conjunto de medidas que visam reduzir o número de micro-organismos e evitarsua disseminação ou contaminação de uma área ou objeto estéril. Pode ser classificada em: - assepsia médica: auxilia a diminuir o número de micro-organismos, impedindo sua passagem de pessoa para pessoa (técnica asséptica); - assepsia cirúrgica: torna e mantém os objetos e áreas livres de todos os micro-organismos (técnica estéril). Antissepsia São medidas que visam diminuir e prevenir o crescimento de micro-organismos, mediante aplicação de um agente germicida. Referência BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da Educação na Saúde. Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores da Área de Enfermagem. Profissionalização de auxiliares de enfermagem: cadernos do aluno: instrumentalizando a ação profissional 1. 2. ed. rev., 1. reimpr. Brasília: Ministério da Saúde; Rio de Janeiro: Fiocruz, 2003. Ambiente Hospitalar Processamento de Artigos Hospitalares Descontaminação é o processo que visa destruir micro-organismos patogênicos, utilizado em artigos contaminados ou em superfície ambiental, tornando-os, consequentemente, seguros ao manuseio. Pode ser realizada por processo químico, no qual os artigos são imersos em solução desinfetante antes de se proceder a limpeza; por processo mecânico, utilizando-se máquina termodesinfectadora ou similar; ou por processo físico, indicando-se a imersão do artigo em água fervente durante 30 minutos - método não indicado por Padoveze, pois, segundo ele, há impregnação de matéria orgânica quando aplicado a artigos sujos. A limpeza é o ato de remover a sujidade por meio de fricção e uso de água e sabão ou soluções detergentes. Há várias fórmulas de detergentes disponíveis no mercado, variando do neutro a específicos para lavadoras. Ainda nesta classificação, podemos apontar os enzimáticos, utilizados para limpeza de artigos por imersão, bastante recomendados, atualmente, por sua eficácia na limpeza - são capazes de remover a matéria orgânica da superfície do material em tempo inferior a 15 minutos (em média, 3 minutos), não danificam os artigos e são atóxicos e biodegradáveis. Limpar é procedimento que deve sempre preceder a desinfecção e a esterilização; quanto mais limpo estiver o material, menor a chance de falhas no processo. A matéria orgânica, intimamente aderida ao material, como no caso de crostas de sangue e secreções, atua como escudo de proteção para os micro- organismos, impedindo que o agente desinfetante/esterilizante entre em contato com a superfície do artigo, tornando o procedimento ineficaz. 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 80 Para a realização da descontaminação e limpeza dos materiais, recomenda-se adotar as seguintes medidas: - os procedimentos só devem ser feitos por profissionais devidamente capacitados e em local apropriado (expurgo); - sempre utilizar sapatos fechados, para prevenir a contaminação por respingos; - quando do manuseio de artigos sujos, estar devidamente paramentado com equipamentos de proteção: avental impermeável, luvas de borracha antiderrapantes e de cano longo, óculos de proteção e máscara ou protetor facial; - utilizar escovas de cerdas macias, evitando a aplicação de materiais abrasivos, como palhas de aço e sapólio; - as pinças devem estar abertas quando de sua imersão na solução; - desconectar os componentes acoplados, para uma efetiva limpeza; - enxaguar os materiais em água corrente potável; - secar os materiais com tecido absorvente limpo, atentando para o resultado da limpeza, principalmente nas ranhuras das pinças; - armazenar o material ou encaminhá-lo para desinfecção ou esterilização. Desinfecção é o processo de destruição de micro-organismos em estado vegetativo (com exceção das formas esporuladas, resistentes ao processo) utilizando-se agentes físicos ou químicos. O termo desinfecção é aplicado tanto no caso de artigos quanto de superfícies ambientais. A desinfecção pode ser de: - alto nível: quando há eliminação de todos os micro-organismos e de alguns esporos bacterianos; - nível intermediário ou médio: quando há eliminação de micobactérias (bacilo da tuberculose), bactérias na forma vegetativa, muitos vírus e fungos, porém não de esporos; - baixo nível: quando há eliminação de bactérias e alguns fungos e vírus, porém sem destruição de micobactérias nem de esporos. Os processos físicos de desinfecção são a pasteurização e a água em ebulição ou fervura. A pasteurização é uma desinfecção realizada em lavadoras automáticas, com exposição do artigo em água a temperaturas de aproximadamente 60 a 90 graus centígrados por 10 a 30 minutos, conforme a instrução do fabricante. É indicada para a desinfecção de circuitos de respiradores. A água em ebulição ou fervura é utilizada para desinfecção de alto nível em artigos termorresistentes. Consiste em imergir totalmente o material em água fervente, com tempo de exposição de 30 minutos; após, o material é retirado com o auxílio de pinça desinfetada e luvas de amianto de cano longo. Em seguida, deve ser seco e guardado em recipiente limpo ou desinfetado. Ressalve-se que esse procedimento é indicado apenas nas situações em que não se disponha de outros métodos físicos ou químicos. A desinfecção de artigos hospitalares por processo químico é feita por meio de imersão em soluções germicidas. Para garantir a eficácia da ação, faz-se necessário: que o artigo esteja bem limpo, pois a presença de matéria orgânica reduz ou inativa a ação do desinfetante; que esteja seco, para não alterar a concentração do desinfetante; que esteja totalmente imerso na solução, sem a presença de bolhas de ar; que o tempo de exposição recomendado seja respeitado; que durante o processo o recipiente seja mantido tampado e o produto esteja dentro do prazo de validade. Esterilização é o processo utilizado para destruir todas as formas de vida microbiana, por meio do uso de agentes físicos (vapor saturado sobre pressão - autoclave e vapor seco estufa) e químicos (óxido de etileno, plasma de peróxido de hidrogênio, formaldeído, Glutaraldeído e ácido peracético). A esterilização pelo vapor saturado sob pressão é realizada em autoclave, que conjuga calor, umidade, tempo e pressão para destruir os micro-organismos. Nela podem ser esterilizados artigos de superfície como instrumentais, baldes e bacias e artigos de espessura como campos cirúrgicos, aventais e compressas, e artigos críticos e semicríticos termorresistentes e líquidos. Na estufa, o calor é produzido por resistências elétricas e propaga-se lentamente, de maneira que o processo é moroso e exige altas temperaturas - vários autores indicam a esterilização por esse método apenas quando haja impossibilidade de submeter o material à autoclavação, como no caso de pós e óleos. O material a ser processado em estufa deve ser acondicionado em caixas metálicas e recipientes de vidro refratário. Frise-se que a relação tempo-temperatura para a esterilização de materiais por esse método é bastante controvertida e as opiniões muito divergentes entre os diversos autores. 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 81 Fonte de Infecção Relacionada ao Ambiente O ar, a água e as superfícies inanimadas verticais e horizontais fazem parte do meio ambiente de uma instituição de saúde. Particularmente, no hospital o ambiente pode se tornar foco de infecção hospitalar, embora estudos tenham demonstrado não ser esse o principal meio de transmissão. Os cuidados com o ambiente estão centrados, principalmente, nas ações de limpeza realizadas pelo Serviço de Higiene Hospitalar. Há uma estreita relação deste com o Serviço de Prevenção e Controle de Infecção Hospitalar, cabendo-lhe as seguintes incumbências: padronizar produtos a serem utilizados na limpeza; normatizar ou indicar o uso de germicidas para as áreas críticas ou para as demais, quando necessário; participar de treinamentosavançado o grau de arteriosclerose, retina: aparecem manchas brancas. Na hipertensão: focos de hemorragia. No diabético observa-se pontinhos vermelhos. - Acuidade Visual A visão central, ou a capacidade para ver perto e à distância, é chamada de acuidade visual. Este teste avalia o 2º. par de nervo craniano. Utiliza-se a Carta de Snellen para avaliar a capacidade de discriminar objetos à distância e o cartaz de Jaeger para avaliar os objetos próximos, cada linha desse cartaz tem letras ou símbolos impressos em ordem decrescente de tamanho. No Hospital podemos nos afastar à 6 m e pedir para o paciente falar quantos dedos está enxergando ou pedir para que leia algo à 35 cm dele. Procedimento: - a carta de Snellen é colocada a uma distância de 20 pés ou seja 6 m do cliente, sentado na sua frente; - pedir ao cliente que cubra um olho; - o examinador vai mostrando as filas de letras da carta ao cliente e este dirá o que está vendo; - repetir o exame com o outro olho. Obs.: Se o cliente usa óculos ou lentes, este exame deve ser realizado com uso destes. A acuidade visual é expressa em uma fração, cujo: - Numerador é uma constante e corresponde à distância de onde a carta é colocada. - Denominador é uma distância variável que assinala a distância máxima, para cada fila de letras da carta, o qual uma pessoa com acuidade visual normal ainda a diferencia claramente. 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 6 É considerada acuidade visual normal, cuja pessoa consegue ler até a fila n. 8 da carta de Snellen, isto é, esta pessoa tem uma visão 20/20. Alteração: qualquer leitura até uma fila antes da n. 8 é considerada anormal, portanto deve ser encaminhada a um oftalmologista. No caso do Cartaz de Jaeger este é colocado à uma distância de 35 cm do cliente. 6) Nariz O nariz tem a mucosa úmida, rosada e vermelha, sem desvio de septo, lesões ou pólipos. Na avaliação utiliza-se as técnicas de inspeção e palpação. Examinar a pele que recobre externamente o nariz. Palpar com o polegar e o indicador para perceber modificações da pirâmide nasal. Funções do nariz: via aérea, olfato, umidificador do ar, aquecimento do ar inspirado, filtragem. A mucosa nasal produz muco que aumenta a umidade relativa do ar para quase 100 %. Isso evita o ressecamento do epitélio e possível infecção. Os pelos nasais impedem a penetração de partículas. Também é utilizado o espéculo nasal e o foco de luz para examinar o nariz; da seguinte maneira: - o cliente deve estar com a cabeça levemente reclinada e apoiada na altura dos olhos do examinador (posição de farejador). - coloque o espéculo no nariz do cliente e vai abrindo-o até o máximo e observando o assoalho, septo e cornetos, pele, forma do nariz. - pesquisar ausência ou distorção do olfato. O ar deve movimentar-se silencioso. - repita o exame na outra narina. Alterações: observar a presença de corpos estranhos secreções, lesões, desvio de septo, edema, sujidade e obstrução. Sintomas relacionados ao nariz: obstrução, secreção e hemorragia. 7) Seios paranasais São examinados pela palpação da seguinte maneira: - apoie a cabeça com uma das mãos - com a outra mão palpe os seios maxilares exercendo pressão moderada com as polpas dos dedos indicador e médio, sobre o osso zigomático ao lado do nariz. - coloque os mesmos dedos abaixo das sobrancelhas acima do globo ocular, para palpar os seios frontais. - com as polpas dos dedos mínimos palpe ao lado das fossas lacrimais para examinar os seios etmoidais. Alterações: dor à digito pressão e secreções expelidas pela comunicação das cavidades ósseas com as fossas nasais. Estas secreções podem ser: - serosas (fluidas, brancas) comuns na rinite alérgica e infecções iniciais do aparelho respiratório. - muco purulentas (viscosas, amareladas) comuns nas sinusites agudas e infecções respiratórias prolongadas. 8) Orelhas/pavilhões auditivos Exame da orelha externa: inicia-se com a inspeção. - Pavilhão auricular: as orelhas são posicionadas quase verticalmente, alinhadas com os olhos, formatos similares e proporcionais ao tamanho da face. Observar a movimentação da pele atrás e na frente das orelhas, além da cartilagem, para que se determine a existência ou não de sensibilidade. Palpar para detectar pontos de dor, inflamações e tumefações. Alterações: anomalias congênitas (de forma e de implantação) e adquiridas (cor, lesões etc.). - Orelha externa: para avaliá-la utiliza-se o otoscópio. O exame realiza-se da seguinte maneira: - selecione um espéculo auricular de calibre apropriado ao cliente e adapte-se ao otoscópio. - tracione suavemente o pavilhão auricular para cima e para trás, estando a cabeça do cliente levemente inclinada para o lado oposto. - sustente o otoscópio com a outra mão e introduza suavemente e progressivamente no orifício do canal auditivo externo. - vá observando a medida que introduz o aparelho. No canal auditivo externo encontra-se: cerume (geralmente de cor amarelo à marrom), pele íntegra, pelos, sensibilidade normal à tração e pressão pré-auricular. Membrana timpânica (cor branca - nacarada) onde pode ser observado o cabo do martelo. 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 7 Alterações: acúmulo de cerume, processos inflamatórios (dos à tração e pressão pré-auricular), corpos estranhos, secreções, lesões, edema, retrações, perfurações e cicatrizes. Exame da Orelha Média e Interna Serão avaliadas as funções de condução ou transmissão (atinge o ouvido externo e médio) e percepção ou neurossensorial (atinge o ouvido interno) das ondas sonoras, isto é, a acuidade auditiva. Utiliza-se: relógio, voz falada e sussurrada e provas de Weber e Rinne. A acuidade auditiva superficial ou capacidade para ouvir e discriminar sons, pode ser avaliada fazendo- se o teste da voz ou o teste do tique-taque do relógio. Teste da voz falada: - o cliente deve estar sentado, olhando para frente - o examinador fica ao lado ou atrás do cliente e fala próximo ao seu ouvido - depois afasta-se 50cm e fala - repetir com o outro ouvido Obs.: Pedir ao cliente para tampar o ouvido que não está sendo avaliado. Teste da voz sussurrada: - cliente sentado e olhando para frente - o examinador sussurra próximo ao ouvido do cliente - afasta-se 40 cm do cliente e sussurra - repetir com o outro ouvido Obs.: Pedir ao cliente para tampar o ouvido que não está sendo avaliado. Teste do tique-taque do relógio: - cliente sentado, olhando para frente - o examinador coloca o relógio próximo ao ouvido do cliente - o examinador afasta 90 cm o relógio do ouvido do cliente - repetir com o outro ouvido. Obs.: Pedir ao cliente para tampar o ouvido que não está sendo avaliado. O resultado é expresso em fração, cujo denominador é a distância que o som é ouvido por uma pessoa normal e o numerador é a distância que o som é ouvido pelo cliente. Valores normais: relógio 90cm/90cm; voz falada: 50 cm/50cm Voz sussurrada: 40cm/40cm. Alteração: quando o som não é ouvido a uma distância inferior ou igual a considerada normal. Para realização das provas de Weber e Rinne, necessita-se do uso do Diapasão de 512 ou 1024Hz. Prova de Weber - vibrar o diapasão - colocá-lo no ápice do osso frontal verticalmente - pedir ao cliente que assinale se as vibrações são "ouvidas" igualmente em ambas as orelhas ou se há lateralização, isto é, o som é ouvido de forma mais clara no ouvido com perda auditiva por condução. Caso haja lateralização pode ser: - por alteração de condução do ouvido na qual ocorreu a lateralização. Causa: obstrução do canal auditivo externo. - por alteração de percepção do ouvido contrário aquele no qual ocorreu a lateralização. Causa: lesão do nervo auditivo. Prova de Rinne - coloque a diapasão vibrando sobre a apófise mastóide - peça ao cliente que informe quando deixar de "ouvir" a vibração ee dar orientação técnica à equipe de limpeza; participar da elaboração ou atualização de manuais a respeito do assunto. Métodos e Frequência da Limpeza, Desinfecção e Descontaminação De maneira geral, a limpeza é suficiente para reduzir os micro-organismos existentes nas superfícies hospitalares, reservando-se os processos de desinfecção e descontaminação para as áreas em que há deposição de matéria orgânica. Para a descontaminação, indica-se a aplicação de desinfetante sobre a matéria orgânica; em seguida, aguardar o tempo de ação, remover o conteúdo descontaminado com papel absorvente ou tecidos e realizar a limpeza com água e solução detergente. Na desinfecção, remover a matéria orgânica com papel absorvente ou tecidos, aplicar o desinfetante sobre a área atingida, aguardar o tempo de ação, remover o desinfetante com papel absorvente ou pano e realizar a limpeza com água e solução detergente. O desinfetante habitualmente utilizado para a descontaminação e desinfecção de superfícies é o cloro orgânico (clorocide) ou inorgânico (hipoclorito de sódio a 1%), com tempo de exposição de 10 minutos. A limpeza das áreas hospitalares é um procedimento que visa remover a sujidade e detritos orgânicos de superfícies inanimadas, que constituem ótimo habitat para a sobrevivência de micro- organismos no âmbito hospitalar. O agente químico utilizado na limpeza é o detergente, composto de substância tensoativa que facilita a remoção da sujeira. A limpeza pode ser do tipo concorrente e terminal. O primeiro tipo é feito diariamente e consiste na limpeza do piso, remoção de poeira do mobiliário, limpeza completa do sanitário, reposição de material de higiene e recolhimento do lixo, repetido conforme a necessidade; o segundo é realizado periodicamente, de acordo com a área de risco do hospital, e consiste na limpeza de paredes, pisos, tetos, janelas, portas e sanitários. Fonte de Infecção Relacionada à Equipe de Saúde A equipe de saúde tem importante papel na cadeia de transmissão da infecção hospitalar ou domiciliar. As práticas adotadas para sua prevenção visam controlar a propagação de micro-organismos que habitam o ambiente hospitalar e diminuir os riscos do paciente vir a adquirir uma infecção. Por outro lado, tanto as medidas gerais como as específicas de prevenção e controle de infecção implantadas na instituição também se direcionam para proteger o próprio trabalhador que ali desempenha sua função, quer seja prestando assistência direta ao paciente - como no caso do auxiliar de enfermagem ou do enfermeiro - quer seja indiretamente, como o funcionário da higiene hospitalar, da lavanderia ou da nutrição e dietética. Toda a equipe de saúde tem responsabilidade com relação à prevenção da infecção hospitalar, devendo fazer correto uso das técnicas assépticas, dos equipamentos de proteção individual (EPI) e ou coletivo (EPC), quando necessário. Por sua vez, o empregador tem a responsabilidade de disponibilizar os recursos necessários à efetivação desses cuidados. A prevenção e o controle da infecção se fundamentam nos princípios de assepsia, mediante a utilização de medidas para impedir a penetração de microrganismos (contaminação) em local onde não estejam presentes. As técnicas de assepsia devem ser utilizadas por todos os profissionais de saúde em todos os procedimentos, e são agrupadas sob a denominação de assepsia médica e cirúrgica. A primeira refere-se às medidas adotadas para reduzir o número de microrganismos e evitar sua disseminação; a segunda, para impedir a contaminação de uma área ou objeto estéril. As medidas que visam reduzir e prevenir o crescimento de micro-organismos em tecidos vivos são denominadas antissepsia. 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 82 A adesão da equipe às medidas gerais de prevenção e controle de infecção ainda depende da conscientização e mudança de hábitos dos profissionais. Entretanto, sua adoção implica a realização de atos simples e de fácil execução, tais como: - lavar sempre as mãos antes de realizar qualquer procedimento - um dos mais importantes meios para prevenir a infecção cruzada; - manter os cabelos longos presos durante o trabalho, pois quando soltos acumulam sujidades, poeira e micro-organismos, favorecendo a contaminação do paciente e do próprio profissional; - manter as unhas curtas e aparadas, pois as longas facilitam o acúmulo de sujidades e micro- organismos; - evitar o uso de joias e bijuterias, como anéis, pulseiras e demais adornos, que podem se constituir em possíveis fontes de infecção pela facilidade de albergarem micro-organismos em seus sulcos e reentrâncias, bem como na pele subjacente; - não encostar ou sentar-se em superfícies com potencial de contaminação, como macas e camas de pacientes, pois isto favorece a disseminação de micro-organismos. Luvas Esterilizadas e de Procedimento Outra barreira utilizada para o controle da disseminação de micro-organismos no ambiente hospitalar são as luvas, esterilizadas ou não, indicadas para proteger de contaminação o paciente e o profissional. As luvas esterilizadas (estéreis), denominadas luvas cirúrgicas, são indicadas para a realização de procedimentos invasivos ou manipulação de material estéril, impedindo a deposição de microrganismos no local. Exemplos: cirurgias, suturas, curativos, cateterismo vesical, dentre outros. As luvas de procedimento são limpas, porém não esterilizadas, e seu uso é indicado para proteger o profissional durante a manipulação de material, quando do contato com superfícies contaminadas ou durante a execução de procedimentos com risco de exposição a sangue, fluidos corpóreos e secreções. Não há nenhum cuidado especial para calçá-las, porém devem ser removidas da mesma maneira que a luva estéril, para evitar que o profissional se contamine. Precauções-Padrão e Isolamento As normas relativas às precauções e ao isolamento se constituem na adoção de medidas que possibilitam a prevenção da transmissão de micro-organismos e que têm por objetivo principal proteger o paciente e o profissional de saúde. As mais utilizadas nos serviços de saúde, institucionalizados ou domiciliares, fundamentam-se no – Guideline - do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) de Atlanta e no HICPAC (Hospital Infection Control Practices Advisory Committee), nos EUA, publicado em 1996. Os micro-organismos podem ser transmitidos por contato com gotículas, aerossóis e exposição a sangue e outros líquidos corpóreos, como veremos a seguir: - por contato – ocorre, principalmente, através das mãos dos profissionais ou por contato com artigos e equipamentos contaminados. Exemplos: herpes simples, diarreia infecciosa; - por gotículas - ocorre através de gotículas produzidas pela fala, tosse, espirro e aspiração orotraqueal. As gotículas podem atingir até 1 metro de distância e rapidamente se depositam no chão, não permanecendo suspensas no ar. Exemplos: coqueluche, difteria, rubéola, meningite bacteriana; - por aerossóis - pequenas partículas contendo micro-organismos eliminados durante a respiração, tosse ou espirro se ressecam, podendo permanecer durante horas suspensas no ar. As partículas ressecadas são capazes de atingir distâncias maiores que 1 metro. Algumas doenças, como a tuberculose e o sarampo, são transmitidas dessa forma; - por exposição a sangue e outros líquidos corpóreos - a transmissão ocorre quando estes estão contaminados e entram em contato com mucosa ou pele não-íntegra. Por exemplo, o vírus da imunodeficiência humana (HIV), os vírus da hepatite B e C. Esse sistema de precauções e isolamento indica dois níveis de precauções, a saber: - precauções-padrão, indicadas a todos os pacientes; - precauções baseadas no modo de transmissão dos agentes infecciosos: precauções de contato e precauções respiratórias para gotículas e aerossóis. Precauções-Padrão As precauções-padrão devem ser utilizadas no atendimentode todos os pacientes sempre que houver risco de contato com sangue, líquidos corpóreos, secreções e excreções, peles não-íntegras e mucosas. 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 83 São ações das precauções-padrão: - lavar as mãos antes e após o contato com o paciente; após descalçar as luvas, pois nelas podem haver pequenos furos ou ocorrer contaminação durante a remoção; após contato com sangue, secreções e excreções, equipamentos e artigos contaminados; entre a realização de procedimentos com o mesmo paciente, como curativo, aspiração traqueal, coleta de sangue, etc.; entre a manipulação de um paciente e outro; entre a realização do mesmo procedimento em pacientes diferentes, como esvaziamento de urina do sistema de drenagem fechado; - utilizar luvas estéreis antes da execução de procedimento asséptico e luvas de procedimento sempre que existir a possibilidade de contato com sangue, líquidos corpóreos, secreções e excreções, mucosa, pele não-íntegra e artigos, equipamentos e superfícies contaminados; retirar as luvas imediatamente após o uso e antes de tocar em outro paciente ou qualquer material ou superfície, como caneta, telefone, papeleta, maçaneta de porta, etc.; - usar avental limpo não-estéril ou impermeável (quando necessário) nos casos de risco de contato com respingos de líquidos corporais e/ou sangue; retirá-lo após o término do procedimento; - utilizar máscara, protetor de olhos e protetor de face sempre que realizar procedimentos sujeitos a risco de respingos de líquidos corporais e ou sangue - como, por exemplo, aspiração de secreção traqueal; - manter os cuidados adequados com os artigos e equipamentos de uso em pacientes, no tocante à limpeza, desinfecção ou esterilização; - prevenir acidentes com materiais perfurocortantes: ter cuidado com o uso, manipulação, limpeza e descarte de agulhas, bisturis e similares; não remover as agulhas contaminadas das seringas; não realizar o reencape das agulhas; usar recipiente apropriado para o descarte de materiais perfurocortantes; - realizar o controle ambiental: fazer a limpeza e descontaminação de superfícies ambientais e mobiliário, quando contaminados com sangue e/ou líquidos corporais; - cuidar das roupas usadas: utilizar luvas de procedimento ao manusear as roupas sujas de sangue, líquidos corporais, secreções e excreções, evitando o contato direto com pele e mucosas, bem como com a própria roupa; - utilizar quarto privativo nos casos em que haja risco de contaminação ambiental. Precauções de Contato As precauções de contato são indicadas para pacientes colonizados ou infectados por microrganismos veiculados por contato direto ou indireto (ex: objetos) que tenham grande importância epidemiológica - como infecção por agentes multirresistentes. Além das medidas de precaução-padrão, as precauções de contato envolvem as medidas de: - uso de quarto privativo ou comum para pacientes que apresentem a mesma doença ou micro- organismo; - o uso de avental na possibilidade de risco de contato das roupas do profissional com área ou material infectante quando da realização de higiene do paciente com diarreia, incontinência fecal/urinária e ferida com secreção não-contida pelo curativo; - manutenção do paciente no quarto/enfermaria, evitando sua saída; - uso exclusivo de artigos e equipamentos pelo paciente; limpeza e desinfecção ou esterilização dos mesmos após a alta do paciente. Os familiares devem ser orientados quanto aos cuidados a serem tomados para evitarem risco de contaminação. Precauções Respiratórias As precauções respiratórias para aerossóis exigem as medidas de utilização das precauções-padrão; quarto privativo, sendo obrigatórios: manter a porta fechada; obrigatório o uso de máscaras (N95 ou PFF2) com capacidade de filtrar partículas menores do que 3 µm - a máscara deve ser colocada antes de entrar no quarto e retirada somente após a saída do mesmo - ao prestar cuidados a pacientes com suspeita ou doença confirmada de transmissão por aerossóis; manter o paciente no quarto, evitando sua saída - caso haja necessidade de transportá-lo, colocar nele máscara comum tipo cirúrgica. As precauções respiratórias para gotículas necessitam de medidas de utilização das precauções padrão; quarto privativo ou comum para pacientes com a mesma doença; uso de máscara comum tipo cirúrgica por todas as pessoas que entrem no quarto no período de transmissão da doença - sendo necessário desprezá-la à saída do quarto; manter o paciente no quarto, evitando sua saída - caso haja necessidade de transportá-lo, colocar no paciente máscara comum tipo cirúrgica 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 84 Precauções Empíricas As precauções empíricas são indicadas para os casos de pacientes sem diagnóstico definitivo, porém com indícios de infecção por agentes que necessitem de precauções. Tais precauções devem ser adotadas até que haja confirmação ou esclarecimento do diagnóstico. Nestes casos inserem-se: - precauções de contato: diarreias agudas de etiologia infecciosa, erupção vesicular, abcessos ou feridas com exsudato que extravase a cobertura; - precauções para aerossóis: erupção vesicular, tosse com febre e infiltração de lobo pulmonar em qualquer local em paciente HIV positivo; - precauções para gotícula: meningite, exantema petequial e febre. Referência BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da Educação na Saúde. Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores da Área de Enfermagem. Profissionalização de auxiliares de enfermagem: cadernos do aluno: fundamentos de enfermagem. 2. ed. rev., 1. reimpr. Brasília: Ministério da Saúde; Rio de Janeiro: Fiocruz, 2003. Controle dos Riscos Os meios de controle dos riscos a que estão expostas as pessoas no interior de um estabelecimento de saúde são: uso de equipamento de Proteção Coletiva – EPC (sinalização, exaustores, câmara de fluxo laminar, chuveiro de emergência, extintores de incêndio, cabine para radioisótopos, lava olho, entre outros); equipamentos de Proteção Individual (luvas, máscaras, óculos ou protetor facial, avental, touca); imunização; e procedimentos que devem estar descritos em documentos como o Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional do estabelecimento - PCMSO. Ex.: programa periódico de vacinas. Métodos para redução e prevenção de acidentes: desenvolver no ambiente de trabalho a cultura da biossegurança; avaliar a biossegurança no contexto global da instituição - como ocorre com os processos da qualidade; aplicar de forma planejada as ferramentas da qualidade para a avaliação e correção do sistema de biossegurança. Assim, existem os denominados níveis de biossegurança. - nível de biossegurança 1 (NB-1): é adequado ao trabalho que envolva agentes bem caracterizados, conhecidos por não provocarem doença em seres humanos e que possuam o mínimo risco ao pessoal do hospital e ao meio ambiente. - nível de biossegurança 2 (NB-2): semelhante ao NB-1, é adequado ao trabalho que envolva agentes de risco moderado para as pessoas e para o meio ambiente. - nível de biossegurança 3 (NB-3): é aplicável para hospitais clínicos de diagnóstico, ensino e pesquisa ou produção, nos quais o trabalho com agentes exóticos possa causar doenças sérias - ou potencialmente fatais, como resultado de exposição por inalação. - nível de biossegurança 4 (NB-4): é indicado para os trabalhos que envolvem agentes exóticos e perigosos, que exponham o indivíduo a um alto risco de contaminação de infecções que podem ser fatais, além de apresentarem um potencial elevado de transmissão por aerossóis. Higiene e Segurança do Trabalho A higiene no trabalho é a ciência cujos objetivos são reconhecer, avaliar e controlar os riscos provenientes do trabalho. Esses riscos são fatores decorrentes do ambiente ou dos processos produtivosutilizados, que podem provocar acidentes, afetar a saúde, o conforto ou a eficiência do trabalhador. Tais riscos se classificam como processos produtivos, sendo eles operacionais ou ambientais. Os riscos produtivos de operação se referem às condições do ambiente relativas ao processo operacional, como máquinas desprotegidas, pisos escorregadios, etc.; riscos produtivos de ambiente se referem aos provenientes de ação agressiva dos produtos e do ambiente, como presença de gases, ruído, calor, etc.; já os riscos ambientais são agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho, capazes de causar danos à saúde do trabalhador em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição. Os agentes físicos são as diversas formas de energia a que possam estar expostos os trabalhadores, tais como ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas (calor e frio), radiações ionizantes (alfa, beta, gama e raios-X), radiações não ionizantes (infravermelho, ultravioleta, radiações laser e micro- ondas), bem como os infrassons e ultrassons. 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 85 Os agentes químicos são as substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo por via respiratória, cutânea ou digestiva, nas formas aerodispersoides sólidos e líquidos, que são poeiras, fumos, névoas e neblina, ou através de gases e vapores. Na determinação dos riscos, sempre devemos considerar o tempo de exposição, concentração ou intensidade dos agentes, características dos agentes e estudo do ambiente de trabalho através de levantamentos qualitativos, quantitativos, tempo real de exposição e susceptibilidades individuais. É preciso mudar os hábitos e a qualidade de trabalho para que a higiene neste se torne satisfatória. Nessas mudanças se faz necessário resgatar o valor humano. Referência Bibliográfica Segurança e medicina do trabalho - Editora Atlas S/A- 61ª edição – 2007 Infecção Relacionada à Assistência à Saúde (IRAS) / Comissão de Infecções Hospitalares Entende-se que infecções relacionada à assistência à saúde (IRAS) e infecção hospitalar têm o mesmo significado. Pode-se considerar a infecção hospitalar a adquirida no ambiente hospitalar e a IRAS adquirida em estabelecimento de atenção à saúde. Infecção Relacionada à Assistência à Saúde (IRAS): é aquela adquirida após a admissão do paciente, que se manifesta durante a internação ou após a alta e que pode ser relacionada com a internação ou procedimentos hospitalares. As IRAS são transmitidas através de microrganismos (bactérias, vírus, fungos, etc.) que penetram no organismo, através de uma porta de entrada, que podem ser via: respiratória, pele, via digestiva, via urogenital (FERNANDES, 2000). - Considera-se IRAS quando não há evidência de infecção presente ou incubada no momento da admissão; - Quando na mesma topografia de Infecção Comunitária for isolado um outro germe, seguindo-se agravamento das condições clínicas do paciente; - Infecção que se apresenta mais de 72 horas após a admissão, quando se desconhece o período de incubação e não houve evidência clínica e/ou se desconhece no momento da admissão; - São também convencionadas IRAS as que apresentam antes de 72 horas na internação quando associadas a procedimentos diagnósticos e/ou terapêuticos do período. - Toda infecção em recém - nascido, exceto as transmissões por via transplacentária e aquelas associadas à bolsa rota por mais de 24 horas; - Infecção adquirida no hospital e que se torna evidente após a alta hospitalar. São considerados os seguintes fatores de risco para IRAS: - Internação superior a 7 dias; - Tempo de internação no pré-operatório; - Estado nutricional do paciente (albumina ou transferrina sérica, IMC); - Presença de infecção em qualquer sítio no momento da cirurgia; - Cirurgia de médio e grande porte; - Cateter venoso central; - Cateter urinário; - Traqueostomia; - Cânula de intubação endotraqueal; - Leucemia, linfoma, AIDS; - Paciente com doenças agudas ou crônicas descompensadas (diabetes); - Todos os pacientes em UTI, berçário de alto risco, idosos; - Fatores relacionados ao procedimento cirúrgico (operações limpas, potencialmente contaminadas, contaminadas, infectadas), quebra de técnicas, tempo de operação, operações de urgência. Infecção Hospitalar14 O Ministério da Saúde, já em 1983, reconhecia o problema da infecção hospitalar em nosso país e baixava uma portaria, padronizando definições para uso nacional. Nesta Portaria, de nº 196, de 24 de 14 Conteúdo extraído de SEEGMÜLLER, Edimara Fait; PENTEADO FILHO, Sérgio Ricardo; SOUZA, Virgínia Helena Soares de. A Infecção, O Isolamento e o Coorte. In: MOZACHI, Nelson. O hospital: manual do ambiente hospitalar. 2.ed. Curitiba: Os Autores, 2005. 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 86 junho, sobre infecção hospitalar, constam no seu anexo III os critérios para identificação e diagnóstico da infecção hospitalar. Infecção É a resposta inflamatória provocada pela invasão ou presença de microrganismos em tecidos orgânicos. Infecção Comunitária É a infecção constatada ou em incubação no ato da admissão hospitalar do paciente, desde que não relacionada com internação anterior. São também comunitárias: - a infecção que está associada à complicação ou extensão da infecção já presente na admissão hospitalar, a menos que haja troca de microrganismos com sinais ou sintomas fortemente sugestivos da aquisição de nova infecção; - a infecção em recém-nascido, cuja aquisição por via transplacentária é reconhecida ou foi comprovada e que se tornou evidente logo após o nascimento (exemplo: herpes simples, toxoplasmose, rubéola, citomegalovirose, sífilis, Aids); - as infecções de recém-nascidos associadas com bolsa rota superior a 24 horas (vinte e quatro horas). Infecção Hospitalar É qualquer infecção adquirida após a internação do paciente e que se manifesta durante a internação, ou mesmo após a alta, ou quando puder ser relacionada com a internação ou procedimento hospitalar. Considerada, também, como infecção nosocomial e infecção institucional. O diagnóstico de Infecção Hospitalar deverá se basear em critérios previamente estabelecidos e descritos: Princípios: - evidência clínica, derivada da observação direta do paciente ou da análise de seu prontuário; - resultados de exames de laboratório, ressaltando-se os exames microbiológicos, a pesquisa de antígenos, anticorpos e métodos de visualização realizados; - evidências de estudos com métodos de imagem; - endoscopia; - biópsia e outros. Critérios Gerais - quando na mesma topografia em que foi diagnosticada infecção comunitária, for isolado um germe diferente, seguido do agravamento das condições clínicas do paciente, o caso deverá ser considerado infecção hospitalar; - quando se desconhecer o período de incubação do microrganismo e não houver evidência clínica e ou dado laboratorial de infecção no momento da internação, convenciona-se como infecção hospitalar toda manifestação clínica de infecção que se apresentar a partir de 72 (setenta e duas) horas após a admissão; - são também convencionadas infecções hospitalares aquelas manifestadas antes de 72 (setenta e duas) horas da internação, quando associadas a procedimentos diagnósticos e ou terapêuticos, realizados durante esse período; - as infecções do recém-nascido são hospitalares, com exceção das transmitidas de forma transplacentária e aquelas associadas à bolsa rota durante esse período; - pacientes provenientes de outro hospital que se internam com infecção, são considerados portadores de infecção hospitalar do hospital de origem. Nestes casos, a Coordenação Estadual/Distrital/Municipal e ou hospital de origem deverão ser informados para computar o episódio como infecção hospitalar naquele hospital.Aspectos Históricos das Infecções Hospitalares15 As infecções hospitalares constituem um grave problema de saúde pública no país. O início das preocupações com a infecção hospitalar no Brasil acompanhou o processo de industrialização acelerado 15 Texto adaptado da ANVISA – Ministério da Saúde, 2000. 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 87 que se iniciou no governo de Juscelino Kubischek e também a ocorrência de surtos por estafilococo resistentes a penicilina, pelos relatos vindos de países com medicina tecnologicamente avançada. Estes trabalhos enfatizavam uma preocupação predominante com medidas ambientais, como o lixo e contaminação aérea, ou voltados para os procedimentos invasivos, como as técnicas assépticas, mas já encontrávamos referências ao isolamento de microrganismos resistentes, selecionados em decorrência ao emprego indiscriminado de antimicrobianos. A partir de 1968 e principalmente durante os anos 70, juntamente com a implantação de um modelo altamente tecnológico de atendimento (chegamos até ao transplante cardíaco), surgiram as primeiras comissões de controle de infecção hospitalar do país. - 1963 - Hospital Ernesto Dornelles (RS) - 1ª CCIH. - 1976 - Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) obriga hospitais a constituírem CCIH. - 1976 - Decreto do MS n° 77.052 de 19/01/1976, em seu Artigo 2°, Item IV ‹ determinou que nenhuma instituição hospitalar pode funcionar no plano administrativo se não dispuser de meios de proteção capazes de evitar efeitos nocivos à saúde dos agentes, pacientes e circunstantes. A fiscalização é responsabilidade dos órgãos estaduais - que devem avaliar as condições de exercício das profissões e ocupações técnicas e auxiliares diretamente relacionadas com a saúde. - 1983 - Portaria nº 196 - Ministério da Saúde – determinando a obrigatoriedade da existência de CCIH - busca passiva. - 1985 - Notícia da morte do presidente Tancredo Neves supostamente relacionada com deficiências no controle das IHs. - 1988 - Portaria nº 232 - Ministério da Saúde - Programa Nacional de Controle de IH. A década de oitenta foi a mais importante até o momento para o desenvolvimento do controle de infecção hospitalar no Brasil. Começou a ocorrer uma conscientização dos profissionais de saúde à respeito do tema e foram criadas várias comissões de controle nos hospitais. O Ministério da Saúde criou em 31/01/83 um grupo de trabalho integrado por seus representantes, ao lado de membros do Ministério da Educação e da Previdência Social, que elaborou um documento normativo, gerando a Portaria MS 196/83, de 24/06/83 que recomendava aos hospitais brasileiros a criação de Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) e dava orientações práticas sob a forma de anexos. Este mesmo grupo elaborou um manual e realizou em 1984 na Capital Federal, com financiamento da OPAS, um curso internacional que serviu de base para a elaboração do “Curso de Introdução ao Controle das Infecções Hospitalares”. O drama do presidente eleito Tancredo Neves comoveu a nação, os projetos que estavam em andamento ganharam um novo impulso e o Ministério da Saúde pode desencadear uma atividade que iria mudar definitivamente os rumos do controle de infecção no Brasil. Ele optou por desenvolver uma política de capacitação de recursos humanos em controle de infecção ao invés de adotar postura fiscalizadora. Assim, em 1985 realizou um levantamento das instituições brasileiras que já tivessem CCIH em funcionamento e elaborou cursos macro regionais para capacitar multiplicadores. Foram credenciados 41 centros de treinamentos, que já nos seus quatro primeiros anos deram a mais de 8.000 profissionais de saúde as ferramentas básicas para atuação nesta área do conhecimento. Ganhando força no Ministério, o programa de controle de infeções acabou contribuindo em várias normas técnicas como: reaproveitamento de materiais descartáveis e esterilização por óxido de etileno. Organizou um curso de especialização em farmácia hospitalar, editou o “Manual de procedimentos básicos em microbiologia clínica” e várias publicações com levantamentos bibliográficos nacionais sobre infecção hospitalar; comunicados sobre a interdição cautelar dos desinfetantes e esterilizantes; legislação brasileira sobre infecção hospitalar; uma biografia de Semmelweis; além de manual e cartaz sobre lavagem das mãos. Avaliando suas atividades, este programa facilitou a implantação de muitas CCIH, normalizando suas ações; divulgou o controle de infecção entre as autoridades sanitárias, profissionais de saúde e administradores hospitalares; contribuiu para o surgimento de lideranças nacionais sobre o tema, que em um trabalho voluntário, cooperativo e conjunto, difundiu normas que aprimoraram o nível de assistência fornecida à população; facilitou a troca de experiência entre os profissionais de saúde, inclusive apoiando a realização de eventos específicos; destacou a importância para a política sanitária do envolvimento dos hospitais. Vários projetos estavam em andamento, quando nos anos 90 se viu um progressivo esvaziamento do programa. Sua coordenadora em 1993 acreditava que cerca de 10% dos hospitais brasileiros tinham CCIH, número bem maior do que os 2,3% estimados em 1980 pelo Colégio Brasileiro dos Cirurgiões, mas evidentemente, bem aquém das expectativas. A Organização Mundial de Saúde promoveu, no período de 1983 a 1985, um estudo da prevalência de infecção hospitalar em 14 países. Mesmo reconhecendo que a amostra não foi necessariamente representativa, foi ressaltada a importância das infecções hospitalares (IH), cuja prevalência foi de 8,7%, 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 88 oscilando de 3% a 21%. No Brasil em 1994, o Ministério da Saúde avaliou a magnitude das infecções hospitalares e a qualidade das ações de controle em 99 hospitais terciários localizados nas capitais brasileiras vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS). A taxa de pacientes com IH foi 13,0% e a taxa de infecção 15,5%. Os maiores índices foram obtidos nas unidades de terapia intensiva e queimados. Das demais clínicas o destaque foi para neonatolgia e clínica cirúrgica. A Lei Federal 9.431 de 06/01/97 instituiu a obrigatoriedade da existência da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) e de um Programa de Controle de Infecções Hospitalares (PCIH), definido como um conjunto de ações desenvolvidas deliberada e sistematicamente, tendo como objetivo a redução máxima possível da incidência e gravidade das infecções nosocomiais. Em 13/05/98, o Ministério da Saúde editou a Portaria 2.616/98, com diretrizes e normas para a execução destas ações, adequando-as à nova legislação. Estruturação da CCIH Embora grande parte das infecções hospitalares seja de origem endógena e portanto de difícil prevenção, é considerável o número de infecções hospitalares que podem ser evitadas. O controle das infecções hospitalares passa, portanto, por um conjunto de ações que ao serem implementadas repercutem diretamente na melhoria da qualidade dos serviços prestados pelos hospitais. Esse conjunto de ações constitui o Programa de Controle de Infecções Hospitalares (PCIH) deve ser implantado em nível hospitalar, municipal/distrital, servindo como base de uma pirâmide, em cujo topo está o Programa Nacional de Controle de Infecções Hospitalares. Daí, se conclui que o PCIH a nível central só será realmente efetivo quando contar com uma base forte e bem estruturada. A composição da CCIH deve respeitar as características do hospital. Porém, deve ser constituída de no mínimo um representante dos seguintes setores: corpo clínico, enfermagem e administração. É recomendável que a CCIH tenha a seguinte constituição: 1. Um representante do corpo clínico; 2. Um Representante da Diretoria Administrativa; 3. Um Representante da Farmácia; 4. Um Representantedo Laboratório de Microbiologia; 5. Um Representante da Diretoria de Enfermagem; 6. Membros do Núcleo de Controle de Infecção Hospitalar. O presidente é indicado pelo diretor clínico, dentre os membros da Comissão, e nomeado em ato oficial. As ações e serviços voltados para a prevenção e o controle de infecções hospitalares devem ser organizados de maneira a obedecer os princípios, diretrizes e normas de organização, direção e gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) definidos através da lei 8080 de 19 de setembro de 1990. Assim cada nível de organização político administrativa do país está encarregado de desenvolver suas ações de Controle de Infecção Hospitalar com abrangência sobre sua população. Em termos de legislação, o PCIH é um dos programas mais favorecidos entre os existentes no Ministério da Saúde, contando desde 1983 com três portarias e desde 1997 com uma lei. No entanto, se ressente antes de tudo do cumprimento efetivo de toda essa legislação. Um PCIH, em qualquer dos seus níveis, necessita de decisão e vontade política do dirigente da área da saúde. A Portaria 196 de 24 de junho de 1983 constituiu em sua época um grande avanço: já orientava como organizar uma Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), sua instalação e atribuições. Foi responsável pela orientação de bons programas e pela formação de muitos profissionais de saúde, uniformizando as várias tentativas isoladas anteriores, no País. Descrevia já as cirurgias quanto ao seu potencial de contaminação e listava alguns exemplos de procedimentos cirúrgicos segundo essa classificação. Este item foi ainda contemplado na Portaria MS 930 de agosto de 1992. Essa portaria apresentava como alguns notáveis programas em relação ao anterior, entre eles: maior liberdade de escolha na vigilância epidemiológica nas infecções hospitalares sugerindo como opção preferencial a busca ativa de casos; a hierarquização das atribuições e competências nos diversos níveis administrativos a nível hospitalar e dos órgãos de administração pública; a criação do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) como órgão executor do programa de controle de infecção hospitalar, com funções distintas da CCIH; a responsabilidade da CCIH na padronização do uso dos antimicrobianos no hospital. Em 6 de janeiro de 1997, foi publicada a LEI 9.431, com sete vetos em doze artigos. Embora estabeleça claramente a obrigatoriedade para todos os hospitais constituírem suas Comissões de Controle de 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 89 Infecção Hospitalar, sofreu com os vetos do Sr. Presidente da República um grande golpe, pois o primeiro deles corresponde ao artigo que se refere ao Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH). Em 12 de maio de 1998, foi publicada a Portaria 2616 que mantinha o programa elaborado por uma CCIH com membros consultores e executores, estes últimos representando o extinto SCIH. Essa portaria aprimora as competências dos diversos níveis (Federal, Estadual/Distrital, Municipal e do hospital), e mantém a possibilidade de criação de consórcio entre os hospitais, favorecendo a utilização recíproca de recursos técnicos, materiais e humanos, com vistas à implantação e manutenção do PCIH. Ressalta-se ainda, na Portaria 2616, o anexo que se refere à lavagem das mãos com descrição simples e objetiva deste ato tão representativo e tão eficaz na prevenção e controle da infecção hospitalar. Também ficou definida como infecção comunitária, as infecções de recém-nascidos associadas com bolsa rota superior a 24 (vinte e quatro horas). Foram acrescentadas à lista de indicadores epidemiológicos de informação obrigatória e a taxa de letalidade. O número de membros da CCIH foi estabelecido, assim como a sua carga horária nos hospitais com leitos para pacientes críticos. A CCIH é antes de tudo um órgão de assessoria da autoridade máxima da Instituição com o papel de programar e executar ações que visem controlar as infecções hospitalares. São membros consultores representantes dos serviços: médico, de enfermagem, de farmácia, de administração, do laboratório de microbiologia, podendo este núcleo ser ampliado e estendido a outros profissionais de saúde, conforme legislação de cada Estado. Ao SCIH, que é composto pelos membros executores, cabe o cumprimento do que é determinado pela legislação vigente e atuação direta junto à comunidade hospitalar, visando pôr em prática as ações programadas de controle de infecção hospitalar. O SCIH é representado, no mínimo, por dois profissionais de nível superior da área de saúde, obedecendo uma relação de 2 profissionais para cada 200 (duzentos) leitos hospitalares ou fração. Preferencialmente um dos dois profissionais deve ser enfermeiro com carga horária diária de 6 (seis) horas e os demais profissionais, de 4 (quatro) horas dedicadas ao controle de infecção. Para instituições tipo hospital-dia, a carga horária diária para o enfermeiro é de 2 (duas) horas e de l (uma) hora, para os demais profissionais. Ao implantar um PCIH, o diretor do estabelecimento de saúde seguirá os seguintes passos: - Nomear os membros do PCIH através de Portaria - Apresentar os nomeados ao Corpo Clínico do Hospital. - Propiciar infraestrutura física, material e humana necessária para operacionalização do PCIH - Comunicar a composição da CCIH as autoridades competentes. Cabe à CCIH do hospital entre outras competências: - Elaborar o regimento interno da CCIH. - Implantar um sistema de vigilância epidemiológica das infecções hospitalares. - Capacitar os funcionários e profissionais de saúde em controle de infecção hospitalar. - Elaborar e implementar normas e rotinas técnico-operacionais, visando prevenir e tratar as infecções hospitalares. - Atuar em cooperação com as demais Comissões do hospital, em especial com a Comissão de Farmácia e Terapêutica. - Elaborar ata das reuniões ordinárias e extraordinárias. - Elaborar e divulgar, regularmente, relatórios e comunicar, periodicamente, à autoridade máxima da instituição, às chefias e a todos os setores do hospital, a situação do controle das infecções, promovendo o seu amplo debate na comunidade hospitalar. Programa do Controle de Infecção Hospitalar O Programa de Controle de Infecção Hospitalar (PCIH) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVS/MS tem como competências a definição das diretrizes de CIH a nível federal, apoiando as ações descentralizadas em controle de infecção hospitalar, além de coordenar as ações nacionais estabelecendo normas gerais para o controle das infecções hospitalares. Um PCIH, a qualquer nível de decisão, é antes de tudo um programa de controle de qualidade com fins educativos. Visa uma mudança de comportamento da equipe de saúde, devendo portanto se abster de medidas punitivas ou autoritárias. O PCIH deve obedecer à legislação vigente. Trata-se de um conjunto de ações desenvolvidas, deliberadas e sistematizadas, Com vistas à redução máxima possível da incidência e da gravidade das Infecções hospitalares. 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 90 Cabe à CCIH a elaboração do PCIH, que deve incluir, no mínimo, as seguintes atividades: - Vigilância epidemiológica (VE). O modelo a ser adotado depende das características do hospital e da disponibilidade de recursos. A vigilância epidemiológica permite um diagnóstico situacional mais preciso para o planejamento das ações. A VE possibilita a identificação de casos e de surtos de IH, e a implementação de medidas imediatas de controle. Por meio da VE devem ser elaborados relatórios, periodicamente, para posterior divulgação aos profissionais. - Normas para uso racional de antimicrobianos, germicidas e materiais médicos hospitalares. A utilização inadequada dos antimicrobianos aumenta a pressão seletiva, o que colabora para o aparecimento de microrganismos multirresistentes, dentre eles: Gram-negativos resistentesàs cefalosporinas de 3° geração (ceftriaxona, ceftazidima, cefoperazona e cefotaxima) e à amicacina; Enterococos resistentes à ampicilina, à gentamicina ou à vancomicina; S. epidermidis e S. aureus resistentes à oxacilina e à vancomicina. Além disto, a transmissão cruzada dentro da instituição hospitalar aumenta a disseminação dessas bactérias, principalmente através dos profissionais da área da saúde. - Processos para prevenção de transmissão de microrganismos. O objetivo básico da padronização de medidas de precaução e isolamento é a prevenção da transmissão de microrganismos de um paciente, portador são ou doente, para outro - tanto de forma direta como indireta. Esta prevenção abrange tanto os pacientes quanto os profissionais de saúde, pelo risco ocupacional em acidentes com materiais contaminados. - Normas e rotinas técnicas operacionais. Os procedimentos, cada vez mais especializados, requerem padronizações escritas para que toda a equipe tenha conhecimento sobre o método mais adequado para sua execução. A comunicação tem sido um problema nas instituições hospitalares, tornando necessário implementar padronizações escritas, até mesmo para respaldo legal da instituição. - Padronizações das medidas de prevenção e controle de infecção hospitalar. As medidas de prevenção e controle de infecção hospitalar têm sido utilizadas com o objetivo de diminuir o risco de infecção no ambiente hospitalar e devem estar padronizadas de acordo com as características da instituição. Elas têm como objetivo a prevenção de infecção de corrente sanguínea, infecção pulmonar, infecção de sítio cirúrgico, infecção urinária e precauções e isolamentos. - Treinamento dos profissionais da saúde em relação à prevenção e ao controle da IH. A atuação dos profissionais que prestam assistência direta ao paciente é fundamental para a prevenção de infecção. Para tanto, é necessário que tenham conhecimento adequado dos métodos. O conhecimento das medidas de controle - somente pelo profissional do controle de IH – não é suficiente para a prevenção. É por meio do treinamento, da divulgação dos manuais, das rotinas e padronizações que o conhecimento será propagado para todos os profissionais de saúde. O treinamento é peça fundamental para prevenção de infecção. Classificação das Cirurgias por Potencial de Contaminação da Incisão Cirúrgica - as infecções pós-cirúrgicas devem ser analisadas conforme o potencial de contaminação da ferida cirúrgica, entendido como o número de microrganismos presentes no tecido a ser operado; - a classificação das cirurgias deverá ser feita no final do ato cirúrgico, pelo cirurgião, de acordo com as seguintes indicações: Classificação das Cirurgias por Potencial de Contaminação da Incisão Cirúrgica Cirurgias Limpas São aquelas realizadas em tecidos estéreis ou passíveis de descontaminação, na ausência de processo infeccioso e inflamatório local ou falhas técnicas grosseiras, cirurgias eletivas com cicatrização de primeira intenção e sem drenagem aberta. Cirurgias em que não ocorrem penetrações nos tratos digestório ou urinário. - artroplastia de quadril; - cirurgias cardíacas; - herniorrafia; - neurocirurgia; - cirurgias ortopédicas eletivas; - anastomose porto-cava; - anastomose esplenectomia; - mastectomia; - enxertos cutâneos; - vagotomia supra-seletiva sem drenagem; 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 91 - cirurgias vasculares; - cirurgias torácicas; - cirurgias sobre o trato respiratório intratorácico ou baixo. - cirurgias de peritônio: baço, fígado, pâncreas, músculos, ossos, articulações, ovários, trompas, pele, tecido celular subcutâneo, próstata sem acesso uretral, bexiga sem acesso uretral, ureter, bacinetes. O índice ideal máximo de infecção esperado neste tipo de cirurgia é de até 2%, porém, segundo o Colégio Americano de Cirurgiões, pode atingir até 5%. Cirurgias Potencialmente Contaminadas São aquelas realizadas em tecidos colonizados por flora microbiana pouco numerosa ou em tecidos de difícil descontaminação, na ausência de processo infeccioso e inflamatório e com falhas técnicas discretas no transoperatório. Cirurgias com drenagem aberta enquadram-se nessa categoria. Ocorre penetração nos tratos digestivo, respiratório ou urinário sem contaminação significativa. - histerectomia abdominal; - cirurgia eletiva de intestino delgado; - cirurgia de vias biliares; - cirurgia esofágica, gástrica, duodenal e de íleo; - feridas traumáticas limpas; - cirurgias de ouvido externo; - cirurgia de uretra; - cirurgia de útero cujo acesso não seja o vaginal; - quebra menor da técnica asséptica; - drenagem mecânica. O índice ideal máximo de infecção esperado neste tipo de cirurgia é de até 10%. Cirurgias Contaminadas São aquelas realizadas em tecidos colonizados por flora bacteriana abundante, cuja descontaminação seja difícil ou impossível, bem como aquelas em que tenham ocorrido falhas técnicas grosseiras e na ausência de supuração local. - apendicectomia sem supuração; - cirurgia de cólon, reto e ânus; - cirurgia de vulva e vagina; - cirurgia de vias biliares em presença de bile contaminada; - cirurgia intranasal; - cirurgia oral e dental; - cirurgia de orofaringe; - fraturas expostas; - fraturas traumáticas recentes; - cirurgias com quebra da técnica asséptica (por exemplo: massagem cardíaca a céu aberto). Estes procedimentos apresentam um índice de infecção esperando elevado, entretanto não superior a 15-20%. Cirurgias Infectadas São todas as intervenções cirúrgicas realizadas em qualquer tecido ou órgão, em presença de processo infeccioso (supuração local) e ou tecido necrótico. - cirurgia de reto e ânus com pus; - cirurgia abdominal em presença de conteúdo de cólon e pus; - nefrectomia com infecção; - feridas traumáticas abertas tardias (depois de 10 horas); - parto normal ou cesariana com bolsa rota há mais de 6 horas. O índice de infecção esperando para estes procedimentos varia de 28 a 40% Tipos de Infecções Infecções Preveníveis São aquelas passíveis de serem controladas e reduzidas a níveis aceitáveis. Ex: pacientes em uso de cateteres vesicais, venosos etc. 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 92 Infecções Não-Preveníveis São aquelas que dependem basicamente do hospedeiro (paciente) e sua imunidade e não tanto dos fatores externos. Ex: infecção em RN prematuros, pacientes terminais, idosos, imunodeprimidos etc. Infecção Cruzada É a infecção transmitida de paciente para paciente, geralmente por intermédio de profissionais de saúde e que também é considerada infecção hospitalar. Colonização – é o aumento de um ou mais tipo de microrganismo sem causar uma reação patogênica. Isolamento Define-se como isolamento o conjunto de medidas adotadas para fazer uma barreira que impeça a disseminação de agentes infecciosos de um paciente para outro, para os visitantes e ou para o meio ambiente. Está indicado nas doenças transmissíveis, em situações definidas e, apenas durante o período de transmissibilidade das doenças. Portanto, esta recomendação sobre isolamento deve se completar com o período de incubação e de transmissão das doenças. Chama-se de isolamento, toda vez que for necessário quarto individual; nas precauções, o quarto será individual apenas quando possível. Normas Gerais de Isolamento Para todo paciente que necessite de qualquer tipo de isolamento, deve-se: - orientar todos os familiares antes da admissão do paciente na área de isolamento quanto ao provável tempo de internamento nessa área, cuidados e medidas de biossegurança; - proibir visitas aos pacientes isolados, principalmente de crianças; - os prontuários e papeletas não deverão ser levados para dentro da área de isolamento. As anotações poderão ser em papel à parte e logo repassadas para o prontuário; - a mobília do local de isolamento deverá ser mínima e os utensílios alimentares,descartáveis; - o material para curativos deverá ser unitário e calculado de acordo com o número de curativos a serem realizados; - a roupa de cama e a do paciente deverão ser delicadamente trocadas e encaminhadas à lavanderia em sacos duplos; - objetos de uso pessoal deverão ser desinfetados. Doenças que Requerem Isolamento Total São as doenças altamente contagiosas e com grande virulência, que podem ser transmitidas pelo ar e pelo contato direto e ou indireto. Tais doenças requerem quarto privativo, ficando o paciente/doente sozinho ou junto com outras pessoas com a mesma doença. A porta do quarto deverá estar sempre fechada. É obrigatório para se entrar no quarto de paciente em Isolamento Total o uso de: - precaução Universal ou Padrão (avental, máscara, luvas - ao manipular o paciente/doente -, óculos); - a lavagem das mãos antes e após manuseio do paciente e ou procedimentos; - os aventais deverão ser individuais. E, antes de deixar o quarto, o profissional de saúde deve dispensá-los em local apropriado. Deve-se calcular a quantidade de aventais para cada período de 24 horas de acordo com o número de funcionários que irão utilizá-los; - máscaras e luvas deverão ser de uso pessoal, utilizadas uma única vez, devendo ser colocadas em área limpa e dispensadas em área contaminada. Nunca se deve deixar a máscara pendurada no pescoço, e, ao utilizá-la deve cobrir a boca e o nariz. Importante A limpeza e desinfecção da área deverão ser feitas diariamente, e após alta ou óbito, conforme normatização da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH). Deverão ser normatizadas tanto as técnicas quanto os materiais de limpeza, os equipamentos de proteção individual e as soluções a serem usadas (detergente neutro, desinfetantes). Todo pessoal que trabalhe no setor quer administrativo, quer técnico, deverá ser sistematicamente treinado e ou avaliado clinicamente e imunologicamente. 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 93 Doenças a Serem Isoladas Isolamento Respiratório: - Caxumba; - Coqueluche; - Estreptococo beta-hemolítico (amigdalite, escarlatina); - Herpes zoster (contato com imunodeprimido); - Meningite por Haemophilus; - Meningite meningocócica; - Pneumonia estafilocócica; - Rubéola; - Sarampo; - TB (escarro positivo); Isolamento Protetor: - Agranulocitose; - Dermatite bolhosa, vesicular ou eczematosa extensa; - Imunodeprimido grave; - Queimadura extensa. Medidas de Prevenção e Controle de Infecção em Ambientes de Saúde O risco de transmissão de infecção para o trabalhador de área de saúde (TAS) depende da hierarquização e complexidade da atividade que desenvolve (hospital terciário ou unidade primária de saúde), do tipo de atendimento prestado às pessoas (imunodeprimido) e função que desempenha (hospital, endoscopia, patologia, odontologia, terapia intensiva, lavanderia, patologia clínica, enfermagem, limpeza, entre outros). Enquanto existirem condições no ambiente de trabalho capazes de provocar danos à saúde ou à integridade física do trabalhador, considera-se, então, que há riscos ocupacionais. Os riscos são variáveis e dependem também de problemas administrativos, financeiros, treinamento, educação continuada, normas e rotinas, existência de EPI, EPC e outros. Os procedimentos operacionais padronizados para uso pelos profissionais de saúde em hospitais é um reconhecimento de que os critérios de biossegurança, em geral, são aplicados. O potencial infeccioso desconhecido das amostras do paciente é o risco mais significativo encontrado. Isto significa que mesmo um procedimento mais simples como a retirada de rolhas de recipientes à vácuo, não deverá ser efetuado em uma área aberta por pessoas destreinadas, que carecem de compreensão de aerossóis infecciosos e de desinfecção apropriada após o extravasamento. A biossegurança para evitar e prevenir a infecção dos trabalhadores da área de saúde implica em seu treinamento efetivo, utilização dos equipamentos de proteção, cuidados preventivos individuais, seguir as normas e procedimentos vigentes, com a finalidade de estabelecer uma organização para garantir a segurança em todas as áreas do mesmo. A análise das medidas de biossegurança pressupõe uma apreciação quanto aos princípios fundamentais para o manuseio de materiais e equipamentos dentro do ambiente hospitalar, incluindo diversos aspectos que podem minimizar o risco dos profissionais de saúde acidentarem-se ao exercerem suas atividades laborais. Para isso, é primordial que tenham máxima atenção durante o desempenho de seu exercício profissional como, por exemplo, não usando os próprios dedos como anteparo, bem como não realizando o reencapamento ou retirada de seringas com as próprias mãos. Mesmo com o uso de material estéril, este precisa ser descartado em recipientes próprios com resistência elevada à perfuração e com fechamento adequado, pois esta é uma das principais formas de prevenir a infecção dos profissionais, além da propagação da doença dentro do ambiente hospitalar, o descarte é uma etapa fundamental enquanto medida preventiva. Outra medida elementar é que esses recipientes somente podem ter 2/3 de sua capacidade total utilizada, a fim de evitar possíveis vazamentos e a consequente contaminação do ar ou das pessoas que manipularem esses invólucros. Mas, quando o acidente não puder ser evitado, o profissional de saúde deve adotar medidas que objetivem a redução do risco de infecção, procedimentos simples, como a lavagem exaustiva da área externa com água e sabão, bem como o uso de soluções antissépticas degermantes, a realização de exames que detectem possíveis problemas ou doenças que possam ser desenvolvidas, a ingestão da medicação adequada a cada caso, a vacinação se for esta a recomendação ou tomar a atitude necessária a cada caso. 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 94 Em caso de exposição de mucosas, é preciso que o local seja lavado com água ou com solução fisiológica. No entanto, precisa ser evitada a exposição da área afetada a outros possíveis danos, pois assim o risco do ataque de outras possíveis infecções hospitalares é reduzido, praticamente eliminado. Nesse sentido, há necessidade do profissional de saúde comunicar a ocorrência do acidente de trabalho, registrando o ocorrido no setor responsável, estabelecendo medidas precoces para o tratamento da lesão, além de buscar retirar suas dúvidas quanto aos procedimentos a serem adotados. Entretanto, ainda são poucas as estruturas de atendimento e notificação para os casos de acidentes com profissionais de saúde nos hospitais e hospitais brasileiros, dificultando a análise sobre a verdadeira incidência de acidentes de trabalho envolvendo esses profissionais no ambiente hospitalar, reduzindo o monitoramento de suas tendências atuais e evolutivas. Outro problema que também merece destaque refere-se ao fato de que o sistema de vigilância e acompanhamento não registra casos de acidentes de trabalho ocorridos no setor informal, mesmo representando uma parcela significativa desses acontecimentos. O trabalhador deve receber informações antecipadas da natureza do trabalho que irá desempenhar, tais como: riscos, responsabilidades, normas básicas de higiene rigorosa e rotinas estabelecidas pela instituição. A exposição ocupacional inclui o contato das membranas mucosas (olho, boca, entre outros), pele não íntegra, bem como por acidentes percutâneos, ao sangue, fluidos orgânicos (secreção e excreção), potencialmente transmissores do Human immunodeficiency vírus (HIV), Hepatitis B Vírus (HBV) e Hepatitis C Vírus (HCV), que eventualmente possa ocorrer no ambiente de trabalho. Estes fatores são os mais relevantes em caso de infecções, pois são aqueles que podem causar danos mais severos à saúde desses profissionais. A infecção ocupacional pode ser compreendida como aquela adquirida pelo trabalhador de saúde noambiente a partir de uma exposição ocupacional. Todavia, independente disso, toda e qualquer infecção hospitalar deve ser evitada, seja junto aos pacientes ou aos funcionários do hospital. Os profissionais de saúde são aqueles que mais estão submetidos aos riscos ocupacionais, seja por meio de ferimentos, erupções e outras dermatoses. Também é o segmento da área de saúde em que mais inexistem programas de imunização e estudos sobre as possibilidades de exposição a riscos potenciais. Os profissionais da área de saúde estão submetidos a numerosos riscos, principalmente no que se refere aos agentes biológicos, essencialmente quando não ocorre o cumprimento da utilização de medidas protetivas individuais e/ou coletivas. Além disso, deparam-se com barreiras institucionais, pressões econômicas e técnicas para que as medidas de biossegurança mínimas sejam efetivamente implantadas. A unidade de saúde deve manter um banco de dados contendo informações sobre todas as atividades desenvolvidas na prevenção e controle de doenças ocupacionais transmitidas através do sangue, fluidos orgânicos e outras doenças infectocontagiosas, como tuberculose, rubéola e tétano. Desse modo, uma das principais medidas de prevenção contra as infecções é a realização do acompanhamento sorológico. Deve ser solicitada a sorologia para HIV e hepatite B e C, imediatamente após o acidente, o que funciona como prévia. ELISA ANTI-HIV: Profissionais de saúde vacinados previamente contra hepatite B devem solicitar o anti-HBS, se o resultado der positivo, não é necessário o acompanhamento sorológico. Trabalhador vacinado com anti-HBs negativo, e para os não vacinados, solicitar HBsAg e anti-HBC. Repetir, neste caso, as sorologias após 6 meses da exposição ao cliente Fonte HBsAg positivo ou cliente- Fonte desconhecido. Quando o trabalhador tiver utilizado gamaglobulina hiperimune imediatamente após o acidente, a realização da sorologia anti-HBsAg só deve ser realizado 12 semanas após o acidente. Os principais critérios para a prevenção ou realização de exames ou vacinação em casos de contato com pessoas contaminadas com HIV, HBV e HCV, deve-se considerar o risco de aquisição ocupacional quando houver contato comprovado com material infectante, sorologia negativa do trabalhador, realizada até 15 dias após o acidente, bem como a ocorrência de soro conversão durante o acompanhamento e a ausência de outros determinantes de risco para o contágio com o agente. Com relação aos riscos pós-exposição de material biológico com HIV, é imprescindível que o profissional tenha consciência do tamanho da profundidade da lesão, se existe sangue visível no dispositivo do acidente e se este dispositivo foi previamente colocado em leito intravascular (agulhas). Assim, ciente Fonte com alto título de HIV nos casos acima (>vol.sg.>título de HIV), o risco excede 0,3%; é preciso verificar se existiu a exposição do material em exposição da mucosa, média de 0,1%, se a pele também teve algum tipo de contato com o material, verificar se a média foi igual ou superior a 0,1%, pois 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 95 assim o risco será aumentado também se houver um contato prolongado, áreas extensas, perdas de integridade da pele e alto título viral inoculante. Sobre o risco de pós-exposição ao material biológico pelo contato com HVB, caso entre 6 a 40% dos casos, apresenta-se como agente efetivo de transmissão de doenças em TAS, originadas após o contato com material biológico. Com relação ao risco de pós-exposição ao material biológico HVC, existe risco de 3 a 10% dos casos por possuir cerca de 10 vezes mais possibilidades de complicação que o HBV. Cerca de 30 a 70% dos infectados por esse vírus podem evoluir para a cronicidade 18. Os principais cuidados locais, em casos de exposição ao HIV, HVB e HCV: - As cavidades locais com a área exposta devem ser imediatas; - Lavar a área exaustivamente com água e sabão, em caso de exposição percutânea, e colocar solução antisséptica (álcool a 70%, PVP-1 ou clorohexidina); - Lavar exaustivamente com água ou solução fisiológica, após exposição em mucosas; - No caso de ingestão, provocar o vômito; - Realizar curativo se necessário; - Comunicar à chefia imediata. Nesse caso, é imprescindível a necessidade de evitar acidentes com materiais perfurocortantes com o manuseio adequado dos equipamentos, máquinas e demais elementos utilizados, acondicionamento adequado em recipientes próprios e, conforme já citado antes, não deixar ultrapassar 2/3 de sua capacidade de utilização, bem como determinar normas e procedimentos a serem seguidos, não esquecendo as Normas Reguladoras (NRs) existentes para cada caso. Para chamar a atenção das pessoas que frequentam ou que trabalhem nos estabelecimentos de saúde, é importante que haja uma sistemática de identificação dos riscos existentes em cada setor ou unidade do estabelecimento. Por isso, de acordo com as necessidades e a gravidade dos riscos existentes, é necessária a presença de material informativo e de divulgação, como cartazes, folhetos, adesivos, entre outros, que transmitam e que sejam tomados cuidados preventivos ante o risco presente. Assim, símbolos identificados de substâncias, cores diferenciadas, etiquetas adequadas, textos alusivos, que indiquem os riscos e as atitudes adequadas a tomar, devem fazer parte do ambiente do estabelecimento de saúde. Classificação de Riscos dos Agentes Biológicos16 Os agentes biológicos que afetam o homem, os animais e as plantas são distribuídos em classes de risco assim definidas: - Classe de risco 1 (baixo risco individual e para a coletividade): inclui os agentes biológicos conhecidos por não causarem doenças em pessoas ou animais adultos sadios. Exemplo: Lactobacillus sp. - Classe de risco 2 (moderado risco individual e limitado risco para a comunidade): inclui os agentes biológicos que provocam infecções no homem ou nos animais, cujo potencial de propagação na comunidade e de disseminação no meio ambiente é limitado, e para os quais existem medidas terapêuticas e profiláticas eficazes. Exemplo: Schistosoma mansoni. - Classe de risco 3 (alto risco individual e moderado risco para a comunidade): inclui os agentes biológicos que possuem capacidade de transmissão por via respiratória e que causam patologias humanas ou animais, potencialmente letais, para as quais existem usualmente medidas de tratamento e/ou de prevenção. Representam risco se disseminados na comunidade e no meio ambiente, podendo se propagar de pessoa a pessoa. Exemplo: Bacillus anthracis. - Classe de risco 4 (alto risco individual e para a comunidade): inclui os agentes biológicos com grande poder de transmissibilidade por via respiratória ou de transmissão desconhecida. Até o momento não há nenhuma medida profilática ou terapêutica eficaz contra infecções ocasionadas por estes. Causam doenças humanas e animais de alta gravidade, com alta capacidade de disseminação na comunidade e no meio ambiente. Esta classe inclui principalmente os vírus. Exemplo: Vírus Ebola. - Classe de risco especial (alto risco de causar doença animal grave e de disseminação no meio ambiente): inclui agentes biológicos de doença animal não existentes no País e que, embora não sejam obrigatoriamente patógenos de importância para o homem, podem gerar graves perdas econômicas e/ou na produção de alimentos. 16 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Ciência e Tecnologia. Classificação de risco dos agentes biológicos. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2006. 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 96 Questões 01. (UEL - Agente Universitário de Nível Médio - Técnico em Enfermagem – UEL/COPS) Sobre as normas de biossegurança, considere as afirmativas a seguir. I. As luvas de procedimento sãoconsideradas resíduos comuns e não precisam de acondicionamento especial. II. Os sacos de lixo de cor branca, no ambiente hospitalar, acondicionam materiais recicláveis. III. Os materiais perfurocortantes são considerados infectantes e devem ser descartados em recipiente rígido e impermeável. IV. Os artigos críticos requerem passar por esterilização antes de serem utilizados nos pacientes. Assinale a alternativa correta. (A) Somente as afirmativas I e II são corretas. (B) Somente as afirmativas I e IV são corretas. (C) Somente as afirmativas III e IV são corretas. (D) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. (E) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. 02. (UEL - Agente Universitário de Nível Médio - Técnico em Enfermagem – UEL/COPS) Sobre as precauções com a transmissão por via aérea ou respiratória, considere as afirmativas a seguir. I. A transmissão por aerossóis ocorre através de partículas suspensas no ar. II. Os artigos e equipamentos utilizados no isolamento por aerossóis são de uso exclusivo do paciente. III. O paciente em isolamento por gotículas usará máscara comum quando for transportado. IV. Na transmissão por gotículas, é obrigatório o uso de máscara do tipo N95. Assinale a alternativa correta. (A) Somente as afirmativas I e II são corretas. (B) Somente as afirmativas I e IV são corretas. (C) Somente as afirmativas III e IV são corretas. (D) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. (E) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. 03. (Pref. Maravilha/SC - Enfermeiro - Saúde da Família - Pref. Maravilha/SC) As infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) são definidas colo aquelas que resultam de procedimento diagnóstico e/ou tratamento realizado em pacientes ou as infecções adquiridas pelo profissional de saúde durante a assistência ao paciente em qualquer serviço de saúde. O termo infecção hospitalar fica restrito às infecções adquiridas no ambiente hospitalar, enquanto as infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) é mais abrangente, pois as infecções podem ocorrer em qualquer em qualquer local/área/serviço/unidade onde ocorra a assistência/cuidado ao paciente, seja em hospitais, clínicas (cirúrgicas, odontológicas, estéticas, etc.), ambulatórios ou domicílios. Para prevenir e controlar a infecção é necessário que os seis elementos que compõem a cadeia estejam presentes e intactos: agente infeccioso, fonte, porta de saída, modo de transmissão, porta de entrada e hospedeiro suscetível. Portanto, para prevenir a transmissão de microrganismos, é necessário “quebrar” a cadeia em uma ou mais das ligações, atuando nos seguintes elos: fonte, modo de transmissão e hospedeiro suscetível. Medidas estas relacionadas com as atividades do Centro de Material e Esterilização (CME). Marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas. ( ) Realizar limpeza, desinfecção e esterilização de materiais, equipamentos e ambiente de acordo com a classificação crítico, semicrítico ou não crítico. ( ) Realizar a higiene de mãos e usar medidas protetoras de barreiras. ( ) Uso de protetores individuais (EPI) máscara/óculos de proteção, avental, luvas de procedimentos de acordo com o modo de transmissão. ( ) Uso de recipientes para coleta de perfuro cortantes somente quando se tem certeza que o material está contaminado. Assinale a sequência correta. (A) V, F, V, F. (B) F, V, F, V. (C) V, V, V, F. (D) V, V, F, F. 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 97 04. (Pref. Carandaí/MG - Técnico em Enfermagem - REIS & REIS) Assinale a alternativa que aponta o que não é competência do Comitê de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) de cada hospital: (A) Supervisionar e controlar as faltas dos profissionais de enfermagem, para que não haja problema na escala diária; (B) Adequar, implementar e supervisionar normas e rotinas técnico operacionais, visando à prevenção e controle das infecções hospitalares; (C) Realizar investigação epidemiológica de casos e surtos, sempre que indicado, e implantar medidas imediatas de controle; (D) Implantar um sistema de Vigilância Epidemiológica das infecções hospitalares. 05. (Assembleia Legislativa/SP - Técnico Legislativo - Técnico de Enfermagem – FCC) As infecções relacionadas a assistência à saúde (IRAS) são definidas como aquelas que resultam de procedimento diagnóstico e/ou tratamento realizado em pacientes ou as infecções adquiridas pelo profissional da saúde durante a assistência ao paciente em qualquer serviço de saúde. As medidas que o profissional de enfermagem deve utilizar na prevenção das IRAS, dentre outras, são: I. Realizar limpeza, desinfecção e esterilização de materiais, equipamentos e ambiente de acordo com a classificação (não crítico, semicrítico ou crítico). II. Realizar a higiene de mãos e usar equipamento de proteção coletiva (EPC) como os recipientes para coleta de materiais perfurocortantes. III. Usar as medidas protetoras de barreira, de forma obrigatória, utilizando protetores faciais (máscara e óculos de proteção), avental e luvas estéreis no contato com sangue, secreções e fluidos corpóreos. Está correto o que se afirma em: (A) I, apenas. (B) I e II, apenas. (C) I e III, apenas. (D) II e III, apenas. (E) I, II e III. 06. (SES/PE - Analista em Saúde - Enfermeiro Uteísta - UPENET/IAUPE) A infecção do trato urinário (ITU) é um dos tipos de infecção hospitalar relacionada a procedimentos invasivos das mais comuns, podendo ser responsável por até 40% de todas as infeções nosocomiais. Em aproximadamente 6-7%, a instalação da sonda pode causar bacterimia transitória e ainda ser uma importante causa de infecção sanguínea hospitalar. Qual das medidas abaixo é recomendada para prevenção desse tipo de infecção? (A) Aderir à sondagem intermitente, utilizando um espaço de tempo de 2 horas entre a realização do procedimento. (B) Utilizar sistema aberto ao meio ambiente e estéril para a realização do cateterismo urinário. (C) Realizar a higienização das mãos imediatamente antes e após sondagem, ou manipulação de quaisquer componentes do cateter urinário. (D) Trocar periodicamente, a cada três dias, o cateter vesical, utilizando técnica asséptica. (E) Realizar manipulações diárias do cateter ou antissepsia do meato, com soluções antissépticas ou pomadas bactericidas. 07. (Pref. Lagarto/SE - Agente Técnico em Enfermagem – AOCP) É a condição de segurança alcançada por um conjunto de ações destinadas a prevenir, controlar, reduzir ou eliminar riscos inerentes às atividades que possam comprometer a saúde humana, animal e vegetal e o ambiente. Tal conceito refere-se à (A) Biossegurança. (B) Barreiras de contenção. (C) Classe de risco. (D) Agentes Biológicos. (E) Análise de Risco. 08. (Pref. Lagarto/SE - Agente Técnico em Enfermagem – AOCP) Os agentes biológicos humanos e animais são divididos em cinco classes, de acordo com critérios de patogenicidade. O risco individual, que para a comunidade é baixo, aplica-se a agentes biológicos bem caracterizados, têm probabilidade nula ou baixa de provocar infecções no homem ou em animais sadios e de risco potencial mínimo para o profissional do laboratório e para o ambiente, refere-se a qual classe de risco? 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 98 (A) Classe de Risco 2. (B) Classe de Risco 1. (C) Classe de Risco 3. (D) Classe de Risco 4. (E) Classe de Risco 5. 9. (ILSL – Enfermeiro – IBFC) Em relação à prevenção e controle de infecção hospitalar, leia as frases abaixo e a seguir assinale a alternativa que corresponde a resposta correta: I- A lavagem das mãos é a fricção manual vigorosa de toda a superfície das mãos e punhos, utilizando- se sabão/detergente, seguida de enxágue abundante em água corrente, sendo, isoladamente, a ação mais importante para a prevenção e controle das infecções hospitalares. II- A lavagem das mãos é realizada sempre antesdos procedimentos cirúrgicos, e está dispensada na utilização de luva antes e após contatos que envolvam mucosas, sangue ou outros fluidos corpóreos, secreções ou excreções. III- Infecção hospitalar é aquela adquirida após a admissão do paciente e que se manifeste durante a internação ou após a alta, quando puder ser relacionada com a internação ou procedimentos hospitalares. IV- Considera-se infecção hospitalar aquela infecção em recém-nascido, cuja aquisição por via transplacentária é conhecida ou foi comprovada e que tornou-se evidente logo após o nascimento (exemplo: herpes simples, toxoplasmose, rubéola, citomegalovirose, sífilis e AIDS), devendo ser controlada vigorosamente. (A) todas as frases estão corretas. (B) as frases I e III estão corretas. (C) as frases I, II e III estão corretas. (D) as frases III e IV estão corretas. 10. (UFS – Enfermeiro - UFS/COPESE) Sobre as competências da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), analise as afirmativas e assinale a opção INCORRETA. (A) Avaliar periódica e sistematicamente as informações providas pelo sistema de vigilância epidemiológica das infecções hospitalares e aprovar medidas de controle propostas pelos membros do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH). (B) Implantar um sistema de vigilância epidemiológica das infecções hospitalares. (C) Notificar ao Serviço de Vigilância Epidemiológica e Sanitária do organismo de gestão do SUS os casos e surtos diagnosticados ou suspeitos de infecções associadas à utilização e/ou produtos industrializados. (D) Elaborar regimento interno para a CCIH. (E) Informar ao órgão oficial municipal ou estadual a composição dos membros da CCIH e as alterações que venham a ocorrer. 11. (UFS – Enfermeiro - UFS/COPESE) A higienização das mãos é a medida mais antiga, eficaz e barata de prevenir a infecção relacionada à assistência à saúde. A respeito desse assunto, julgue os itens subsequentes. I. Ao realizar um procedimento com luvas, a higienização das mãos é uma medida desnecessária; II. Caso as mãos não estiverem visivelmente sujas, a realização da higienização pode ser realizada com produtos à base de álcool; III. Os agentes antissépticos utilizados para higienização das mãos devem ter ação antimicrobiana imediata e sem efeito residual ou persistente. Não devem necessariamente conter alergênicos ou irritantes para pele; IV. As mãos dos profissionais que atuam em serviços de saúde podem ser higienizadas, utilizando-se: água e sabão, preparação alcoólica e antisséptico. Estão CORRETOS somente os itens constantes na opção: (A) I, II e IV. (B) II, III e IV. (C) II e IV. (D) I e IV. (E) I, II e III. 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 99 Gabarito 01.C / 02.D / 03.C / 04.A / 05.B / 06.C / 07.A / 08.B / 09.B / 10.E / 11.C A análise do processo de trabalho em saúde, das características e condições de inserção da enfermagem nesse processo, possibilita desenhar com mais clareza qual tem sido o objeto de intervenção da enfermagem seja ele um indivíduo, uma família ou uma comunidade. A enfermagem brasileira, especificamente, institucionalizou-se no bojo do processo de intensa divisão do trabalho médico na sociedade moderna, principalmente para preencher os vazios desse processo, assumindo hegemonicamente as funções administrativas, no contexto hospitalar, local privilegiado enquanto forma de organização do trabalho para a materialização do modelo clínico, centrado na prestação de serviços a indivíduos, com ênfase no cuidado curativo. No contexto de transformação da sociedade, de reforma sanitária, de construção do campo científico da saúde coletiva e de revisão das práticas de enfermagem, pode-se verificar um movimento na enfermagem para rever as bases com as quais tem construído seus saberes. A enfermagem, enquanto campo científico, tem se apropriado de teorias com base no materialismo histórico e dialético para desenvolver e planejar intervenções e pesquisas que venham a transformar sua prática, principalmente na área de saúde coletiva, ampliando seu objeto de análise para além do corpo biológico. Há um conjunto de estudos sobre o processo de trabalho do enfermeiro que mostra a predominância de atividades gerenciais, sobretudo com ênfase no gerenciamento dos serviços. A posição de gerente da assistência de enfermagem e da organização institucional atribuída ao profissional enfermeiro vem sendo investigada, no Brasil, desde os anos 1980 e pesquisas recentes confirmam a ênfase no trabalho gerencial do enfermeiro, em especial, com base na concepção de gerenciamento do cuidado. Estes estudos permitem fundamentar o pressuposto de que o processo de trabalho do enfermeiro compõe-se de duas dimensões complementares: assistencial e gerencial. Na primeira, o enfermeiro toma como objeto de intervenção as necessidades de cuidado de enfermagem e tem por finalidade o cuidado integral, no segundo, o enfermeiro toma como objeto a organização do trabalho e os recursos humanos em enfermagem, com a finalidade de criar e implementar condições adequadas de cuidado dos pacientes e de desempenho para os trabalhadores. Ao considerar que o cuidado é a marca e o núcleo do processo de trabalho de enfermagem, entende- se que as atividades gerenciais do enfermeiro deveriam ter como finalidade a qualidade do cuidado de enfermagem, de modo que a cisão entre a dimensão assistencial e gerencial compromete essa qualidade e gera conflitos no trabalho do enfermeiro, seja do profissional com a sua própria prática, seja na sua relação com a equipe de enfermagem e a equipe de saúde. O processo de trabalho de enfermagem apresenta a característica da divisão técnica do trabalho que envolve diferentes categorias – enfermeiro, auxiliar e técnico de enfermagem. É um processo que fragmenta a assistência e o cuidado e indica a necessidade de recomposição dos trabalhos e de mudança da concepção de processo saúde-doença na perspectiva do cuidado integral e da integralidade da saúde. Considerando que o cuidado caracteriza o núcleo do trabalho de enfermagem e também as concepções de cuidado integral e cuidado ampliado, entende-se que o cuidado de enfermagem é abordado e executado de duas formas distintas: por um lado, o cuidado com foco nos procedimentos e no raciocínio clínico, que é predominante nas práticas de enfermagem e, por outro, o que se denomina cuidado ampliado, o qual agrega os procedimentos e a clínica à comunicação e interação com os clientes, de forma contextualizada a cada momento e situação de cuidado. Entende-se que a análise do processo de trabalho de enfermagem volta-se para as necessidades de cuidado de enfermagem como seu objeto de intervenção central, executado, sobretudo pelos auxiliares e técnicos de enfermagem e o gerenciamento do cuidado e da unidade como o trabalho nuclear do enfermeiro. Também se considera que tanto os enfermeiros quanto os auxiliares e técnicos de enfermagem usualmente, referem-se às atividades de gerenciamento como parte burocrática, associando-as ao registro do trabalho executado. O gerenciamento em enfermagem, especialmente no ambiente hospitalar, sofre forte influência da administração clássica, em particular do modelo taylorista/fordista e burocrático, caracterizado por divisão Processo do trabalho em enfermagem 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 100 do trabalho, hierarquia, autoridade legal, sistema de procedimentos e rotinas, impessoalidade nas relações interpessoais e outros. A gerência consiste em atividade meio cuja ação central baseia-se na articulação e integração que possibilita a transformação do processo de trabalho, ao mesmo tempo que também pode se transformar mediante as situações do cotidiano das organizações de saúde, e assim se compõe de quatro dimensões: técnica, política, comunicativa e de desenvolvimento da cidadania. Essa concepção de gerênciamove-se ao diapasão a 2cm do orifício do canal auditivo externo. Pede para avisar quando deixar de escutar. - repetir do outro lado. Na prova de Weber o normal é que não haja lateralização. Na prova de Rinne o normal é que a condução aérea seja maior que a condução óssea. Se houver distúrbio de condução o cliente não escuta pela via aérea. Se for de percepção estarão diminuídas ou abolidas ambas as vias. Devemos investigar: dificuldade de audição, vertigem, otalgia, otorreia, prurido, tonturas, zumbidos. Perda da Audição: pode ser unilateral ou bilateral. Pode desenvolver-se devagar ou subitamente. A história ocupacional é de grande importância. Tipos de surdez: de condução ou transmissão (quando atinge ouvido externo e médio) e de percepção ou neurossensorial (quando atinge ouvido interno). 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 8 Vertigem: sensação de girar ou virar, enquanto em repouso. Pesquisar duração, início, evolução, tipo de medicação que faz uso. Otalgia: infecções em pontos distantes (faringite, amigdalite, cárie dentária e sinusite) ou afecções no ouvido externo ou médio. Otorréia: indica infecção aguda ou crônica. Secreção sanguinolenta - carcinoma ou trauma Secreção aquosa, clara - extravasamento de líquor Serosa, mucopurulenta ou purulenta - afecções no ouvido externo, otite média, furúnculos Prurido: pode ser em casos de eczema no canal auditivo, diabetes, hepatite. Zumbido: percepção de ruídos, sem que haja estímulo externo (atribui-se à irritação de células sensoriais) Causas: -Óticas: tampão de cerume, corpo estranho, otite externa, inflamações, obstrução tubária, medicamentos. -Não óticas: hipertensão arterial, climatério, hipertireoidismo. 9) Boca A boca é um conjunto de estruturas banhadas pela saliva (produção diária=680 à 1500 ml),flora microbiana própria, importante na mastigação e fonação. A saliva é composta de várias substâncias, dentre elas enzimas responsáveis pela digestão. Suas funções são: lubrificação, proteção física, limpeza mecânica dos dentes e mucosa bucal, ação antibacteriana. A boca é limitada anteriormente pelos lábios, inferiormente pelo assoalho da boca, onde repousa a língua. As bochechas representam os limites laterais, o teto é formado pelos palatos duro e mole. Os pilares anteriores e a úvula formam o limite posterior. Para examina-la devemos usar luvas de procedimento e se necessário, abridor de boca. Devemos pesquisar dor e halitose. As técnicas usadas para avaliar a boca são inspeção e palpação. Lábios - são formados pela transição pele-mucosa umedecidos pela saliva. Devem variar de rosado a acastanhado. Analisa-se cor, características morfológicas. Alterações: cianose ou palidez, queilose (rachadura das comissuras labiais (na presença de pus, denominado queilite, associado a avitaminose), sangramentos, edema alérgico, lábio leporino, herpes, ressecamento. Cavidade bucal - para avaliá-la é necessário retirar próteses, usar abaixador de língua e fonte de luz. Utiliza-se a inspeção e quando necessário da palpação. Examina-se: - Dentes - fase transitória com 20 dentes e completa-se com aproximadamente dois anos e meio. Com 20 anos completa-se a fase permanente com 32 dentes. Avalia-se o número, estado dos dentes, implantação, cor, higiene. Alterações: ausência, condições de higiene, cáries e uso de prótese dentária. - Bochechas e gengivas - as bochechas tem coloração de um vermelho mais vivo. A gengiva é formada por tecido fibroso denso recoberto de mucosa pálida, devendo ser avaliada a cor, consistência, forma, desenvolvimento e presença de lesões. Alterações: edema e coloração vermelho-escura (associada a acúmulo de tártaro ou avitaminose C), palidez, icterícia, cianose (aumento de hemoglobina), estomatites (inflamação da mucosa que evolui com eritema, ulceração, exsudação e cicatrização), gengivite, atrofia ou hipertrofia gengival. - Língua - situa-se medialmente, musculatura lisa recoberta de mucosa úmida avermelhada possuindo papilas em seu dorso. As filiformes estão concentradas nas laterais, os fungiformes no ápice e as valadas (de 7 a 12) no "V" lingual. Para avaliá-la, observe-a em três posições: repouso, para fora e tocando o palato duro. Verificando em todas estas posições: localização, tamanho, cor, umidade, movimento e lesões da língua. Alterações: língua saburrosa (camada esbranquiçada que surge na ausência de mastigação por 24 horas), língua seca e acastanhada (aparece na desidratação associada a acidose metabólica, vômitos, febre, medicamentos), glossite(vermelho vivo com sensibilidade a alimentos quentes),lisa(atrofia das papilas gustativas ocasionada por anemia ou desnutrição proteica), escrotal (sulcos irregulares que lembram a pele escrotal, ocasionada pela deficiência de vitaminas do complexo B), macroglossia (aumento global da língua: hipotireoidismo). 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 9 - Palato duro e mole - são róseos a vermelhos com linhas simétricas. Inspecionar e palpar à procura de lesões, tumefações e ulcerações. É comum o Tórus Palatino (crescimento ósseo benigno na linha média do palato duro). - Pilares ou arcos anteriores e posteriores - é o local onde se aloja as tonsilas. - Tonsilas - muitas vezes não são visíveis. Avalia-se a integridade e aspecto das mesmas. Alterações: angina purulenta, faringite, halitose. - Úvula - é rósea, está localizada na linha média e com forma de cone. Glândulas salivares - são as parótidas (em frente ao ouvido), as submandibulares (no arco da mandíbula) e as sublinguais (no assoalho da boca). Sintomas das doenças na cavidade oral: dor, ulceração, sangramento, massa, halitose. 10) Exame físico do pescoço O pescoço é o apoio à cabeça em um alinhamento intermediário. Os pontos de referência do pescoço são os principais músculos da região cervical - esternocleidomastóideo e trapézio. Estes dividem o pescoço em: região anterior, lateral e posterior. O exame do pescoço deve avaliar: pele e musculatura, cadeias ganglionares (linfonodos), traqueia, tireoide, mobilidade, vasos sanguíneos (jugulares e carótidas). O pescoço tem uma forma cilíndrica, regular (sem abaulamentos e depressões) e grande mobilidade (ativa e passiva), livre e indolor. Utiliza-se em seu exame a inspeção e a palpação. Pele - além de seguir o roteiro normal, deve verificar a presença de sinais flogísticos e fístulas nas áreas dos linfonodos e glândulas salivares. Forma e volume - apresentam variações conforme o biótipo. As alterações são decorrentes de aumento da tireoide, linfonodos, parótidas e tumores. Mobilidade - tem amplitude de 180º, executa movimentos de flexão, extensão, rotação e lateralidade. Observa-se a existência de contratura, resistência e dor. A alteração mais comum é o torcicolo (dor e dificuldade na movimentação) e a rigidez de nuca (meningite). Traqueia - teve mostrar-se no centro do pescoço, na linha média. Cadeias ganglionares - nos adultos geralmente não são palpáveis, exceto em indivíduos extremamente magros (palpam-se pequenas massas móveis). Os linfonodos são avaliados quanto: localização, consistência, mobilidade, alterações da pele (presença de sinais flogísticos e fistulização), sensibilidade, tamanho ou volume. Tireoide - normalmente não é palpável, exceto em indivíduos muito magros. Tem volume, consistência, temperatura, mobilidade normal e é indolor. Para realizar o exame da tireoide o cliente deve estar sentado de modo que seu pescoço fique na altura dos cotovelos do examinador, quando estiver de pé. O exame é realizado de 2 maneiras: De frente - o cliente inclina a cabeça para a direita, enquanto os polegares do examinador palpam a glândula do lado direito. O exame é repetido do outro lado. Por trás - desta maneira irá confirmar o que foi verificado na posição anterior. A cabeça do cliente deve ser inclinada ligeiramente para o lado.favorece a interação com a assistência, contudo, historicamente, na saúde e na enfermagem, os processos de cuidar e de administrar quase não se tocam correndo de forma paralela nas instituições hospitalares, o que pode ser modificado com a promoção de uma aliança desses dois eixos que permitirá constituir o cuidar gerenciando e o gerenciar cuidando, interpretado como uma construção para a enfermagem brasileira e um novo paradigma. Nesta mesma direção alguns estudos fazem referência à gerência participativa, que visa a qualificar a assistência através da articulação dos processos de trabalho assistencial e gerencial, articulação esta que se entende por gerenciamento do cuidado, que também é caracterizado pela ênfase na comunicação e interação profissional de enfermagem e paciente e entre os profissionais. Ética O profissional de enfermagem atua sob um conjunto de valores pessoais e profissionais quando se relaciona com um paciente. Cada paciente possui um sistema pessoal de valores. O profissional de enfermagem não deve permitir que os seus valores entrem em conflito com os do paciente. A objetividade enriquece a habilidade do profissional em atuar de modo inteligente e disciplinado quando assiste pacientes com problema de saúde. Ele deve se empenhar em desenvolver uma autoconsciência para entender atitudes e sentimentos e para controlar o comportamento nas relações profissionais com os pacientes. No ambiente de assistência de saúde, os valores do profissional de enfermagem, do paciente e da sociedade interagem. Inevitavelmente, conflitos de valores surgem, os quais podem causar dilemas éticos. A ética determina a conduta apropriada e é tão importante quanto os direitos legais. O profissional precisa constantemente lembrar-se da ética, quando lidar com pacientes e com outros profissionais de saúde. Uma vez que o profissional de enfermagem está ciente dos valores que motivam o comportamento pessoal e profissional, é mais fácil ajudar os pacientes a identificar os valores que influenciam seus próprios comportamentos e atitudes. A frequência e a intensidade com as quais a pessoa pratica comportamento de promoção de saúde dependem do valor dado na redução da ameaça da doença e na promoção da saúde. Os profissionais de enfermagem ajudam os pacientes a elucidarem seus valores pessoais, ordenam prioridades de valore, minimizam conflitos, conseguem uma estabilidade entre valores e comportamentos relacionados à prevenção de doenças e à promoção de saúde e recebem tratamento ético. A competência de um profissional está na habilidade em ajudar os pacientes a compreenderem a si próprios e ao impacto de alguns comportamentos no seu bem-estar. Valores e Ética A singularidade da profissão de enfermagem está na complexidade e diversidade de papéis e responsabilidades assumidas por seus membros. O profissional de enfermagem atua como uma conexão entre o paciente e outros profissionais de saúde, para assegurar que os direitos do paciente sejam respeitados. Atualmente, o profissional está apto a se empenhar visando o objetivo de proporcionar um atendimento completo e abrangente para uma gama maior de pacientes. A assistência de saúde é realizada numa sociedade pluralística onde existem muitos sistemas de crenças e fé. Com tanta diversidade moral e cultural, frequentemente é difícil definir valores comuns de assistência de saúde. O profissional de enfermagem tem conhecimento de valores e ética e os usa para proporcionar uma boa assistência para o paciente. Depende do próprio profissional a tentativa de resolver dilemas éticos que surgem durante sua interação com o paciente. Se ele sabe claramente o que eles valorizam e por que, estará apto a tomar, e ajudar os pacientes a tomarem, decisões éticas responsáveis. ÉTICA E LEGISLAÇÃO EM ENFERMAGEM: A Ética aplicada à Enfermagem; Código de Ética profissional em Enfermagem; Lei do Exercício Profissional em Enfermagem 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 101 Uma pessoa que ingressa na profissão de enfermagem possui um conjunto de valores pessoais que guiarão suas ações. Esses valores são o resultado de uma escolha ou hábitos pessoais. Um jovem adulto que ingressa na carreira de enfermagem será incapaz, a princípio, de identificar todos os atributos de um enfermeiro profissional. Mas, após socializar-se com a profissão, ele logo verificará a interação de valores pessoais e profissionais. Dois valores primários identificados por Hall (1973) são o valor próprio e equivalência. O valor próprio é a crença de uma pessoa em se considerar valiosa para as pessoas importantes de sua vida. o valor próprio está relacionado à confiança, à expressão de emoções e à capacidade de se relacionar com as outras pessoas. O valor de equivalência é a crença de que outras pessoas têm valor equivalente a si mesmo. Hall sugere que estes dois valores primários devem existir conjuntamente. Ter um sentimento positivo pelos outros requer que uma pessoa primeiro avalie a si própria. Esses dois valores primários são “forças orientadoras” na vida pessoal e profissional do enfermeiro. Existem muitos outros valores, como a confiabilidade e a competência, que o enfermeiro adquire durante a socialização. Se os valores pessoais são similares aos ideais para o trabalho, os profissionais assumem seu papel com pouca dificuldade; se eles são incompatíveis, o profissional de enfermagem provavelmente se sentirá frustrado e insatisfeito. Definição de Valores e Ética Um valor é uma convicção pessoal sobre a importância sobre uma dada ideia ou comportamento. Dar valor a um certo comportamento ou ideia é achá-los preferíveis a outros. Os valores que um indivíduo retém reflete necessidades pessoais, culturais, influências sociais e relacionamento com pessoas de importância pessoal. Os valores variam ente as pessoas, desenvolvem-se e mudam com o tempo. Um sistema de valores bem desenvolvido faz com que a tomada de decisões seja uma tarefa relativamente sem conflitos. A ética consiste nos princípios ou padrões que determinam a conduta apropriada. O termo origina-se da palavra grega “ethos”, que significa costume. A ética refere-se ao que é certo e errado, o que é dever ou obrigação. Sendo uma característica de todas as profissões, a ética protege os direitos dos homens. Os valores influenciam como um indivíduo percebe os outros e como ele age. Quando os valores entram em conflito, a ética frequentemente entra em cena e o resultado é o dilema. Não há situação absolutamente certa ou errada, mas uma pessoa não deve comprometer os valores de outra quando tentar resolver um dilema ético. Por exemplo, um enfermeiro de uma comunidade, solicitado por um colega de trabalho para entrar em greve, precisa decidir-se entre a lealdade a seus colegas e aos pacientes. As pessoas apegam-se a valores em um contínuo de relativa importância. Valores relacionados formam sistemas de valores, como aqueles relacionados à religião, saúde, liberdade e auto respeito. Um sistema objetivo de valores permite a uma pessoa ser flexível ao tomar decisões e facilita uma ótima interação com terceiros. Valores éticos, morais e legais não estão necessariamente relacionados. Uma crença moral é uma forte convicção de que alguma coisa é absolutamente certa ou errada em todas as situações. Desta maneira, o que é uma questão moral para uns é dilema ético para outros (por exemplo, aborto). Um direito legal é uma reivindicação justa ou algo que é devido de acordo com as garantias legais e está frequentemente relacionado aos valores éticos (por exemplo, no caso da remoção de um sistema de suporte de vida de um paciente em coma), mas não está necessariamente relacionado a todas as situações (por exemplo, o direito ao tratamento de saúde é uma questão ética e não um direito legal). Dois tipos específicos de valores são os terminais e instrumentais. Um valor terminal envolve finalidade ou objetivos desejados,As mãos e os dedos do examinador rodeiam o pescoço do cliente, ficando os polegares fixos na nuca. O lobo direito é palpado pela mão esquerda, enquanto a mão direita afasta o esternocleidomastóideo. O lobo esquerdo é o contrário. É avaliado o volume, consistência, mobilidade, superfície (lisa, nodular, irregular), temperatura da pele e sensibilidade. 11) Exame físico do tórax O tórax é a cavidade cercada pelas costelas e pela coluna vertebral. Trata-se da região em que estão localizados os pulmões e o coração. O exame físico do tórax tem como objetivo o estudo: mamas, pulmões, coração e coluna vertebral. Pontos de referência anatômica - Ângulo de Luís (localiza-se na junção do manúbrio com o corpo do esterno, identifica o 2º. Espaço intercostal e corresponde à bifurcação da traqueia e ao arco da aorta). - Costelas e espaços intercostais - Clavículas - Apêndice xifoide - Ângulo de Charpy (utilizado para avaliação do biótipo). Nos normolíneos 70 a 80º, nos longilíneos - menos que 90º e nos brevelíneos - maior que 80º. - Ângulo da escápula (delimitação inferior da região escapular). - Espinha da escápula. - Apófise espinhosa (corresponde à 7ª vértebra cervical). 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 10 - Rebordos costais Linhas torácicas Médio esternal Para-esternal direita Para-esternal esquerda Hemiclavicular direita Hemiclavicular esquerda Axilar média Axilar anterior Axilar posterior Médio espinhal Para-espinhal direita Para-espinhal esquerda Escapular direita Escapular esquerda Regiões torácicas Esternal Supra-esternal Supraclavicular direita e esquerda Clavicular direita e esquerda Infra clavicular direita e esquerda Mamária Infra mamária Axilar Infra-axilar Espinhal Supra espinhal Infra espinhal Interescapular Escapular direita Escapular esquerda Infra escapular direita Infra escapular esquerda. As linhas e as regiões torácicas são importantes, pois estas servem de descrição topográfica dos achados do exame da parede torácica. Inspeção do Tórax INSPEÇÃO ESTÁTICA - realiza-se uma observação comparativa do hemitórax seguindo uma ordem: anterior, lateral e posterior. O cliente deve estar sentado ou em pé. Observa-se os seguintes pontos: Forma - os dois hemitórax são simétricos, sendo o direito um pouco mais desenvolvido. Há 3 formas limites do tórax normal conforme o biótipo. O tórax tem o diâmetro anteroposterior (DAP) menor que o diâmetro transverso (DT). O DT deve ter até o dobro do DAP variar conforme a idade. Tipos patológicos de tórax - pode haver variações na aparência do tórax em consequência de anomalias musculoesqueléticas, doenças cardíacas ou respiratórias ou trauma. - Enfisematoso, barril, globoso ou em tonel - O diâmetro anteroposterior é aproximadamente igual ao diâmetro transverso. Ex.: enfisema pulmonar. - Em quilha, cariniforme ou peito de pombo - o esterno é proeminente e desviado anteriormente. Defeito congênito ou adquirido (raquitismo). - Sapateiro ou peito escavado - Há uma depressão na porção inferior do esterno. Pode ser congênito ou devido ao raquitismo. - Chato - O diâmetro ântero-posterior é bem menor que o diâmetro transverso. A parede anterior perde a convexidade, o ângulo de Luís fica mais avantajado. Defeito congênito ou doença caquetizante. - Em sino - aumento exagerado da parte inferior. Comum nas ascites ou hepatoesplenomegalias. 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 11 - Cifoescoliótico ou escoliótico - Defeito congênito ou adquirido por tuberculose, raquitismo, traumatismo, poliomielite, etc. Normal não há abaulamentos e retrações na região torácica. Sua presença é sugestiva de patologias. - Cifótico - curvatura da coluna dorsal. Problemas de enfermagem: - Abaulamentos unilaterais - derrame pleural, escoliose acentuada, pneumotórax, má formação, trauma, etc. - Abaulamentos localizados - hipertrofia cardíaca, tumores, má formação, trauma, etc. - Abaulamentos expiratórios - verifica-se na fossa supra clavicular. - Sinal de ancoragem - o cliente para respirar utiliza dos músculos acessórios (esternocleidomastóideo e escaleno). O cliente fica sentado com os membros superiores ao lado do tórax, apoiados no leito. - Posição de assobio - o tempo expiratório é forçado, o cliente prolonga a expiração ao mesmo tempo que aperta os lábios, deixando apenas uma fenda central. - Retração inspiratória ou tiragem - diminui a expansibilidade torácica, há acúmulo de secreção nos pulmões. - Depressões do hemitórax - quando há lesões fibróticas do pulmão o cliente respira há depressão no hemitórax. 12) Exame dos pulmões - INSPEÇÃO DINÂMICA - na inspeção dinâmica verifica-se: - Frequência respiratória: o seu valor varia conforme a idade, nível de atividades físicas e estado emocional. O normal no adulto é de 16 a 20 incursões por minuto - eupneia. Problemas de enfermagem: taquipneia (aumento da frequência respiratória), bradipnéia (diminuição da frequência respiratória) apneia (ausência da frequência respiratória), dispneia, ortopnéia. - Tipo respiratório - Verifica-se a movimentação do tórax e abdome. Normal: há 3 tipos respiratórios: respiração torácica (comum nas mulheres), respiração abdominal e respiração tóraco-abdominal (comum em homens). Problemas de enfermagem: a troca do tipo de respiração é importante em paciente com nível de consciência deprimido respiração tipo torácica em homens com abdome agudo e respiração abdominal em mulheres com pleurites. - Ritmo - para analisá-lo deve-se desviar por no mínimo 2 minutos a seqüência, a forma e a amplitude das incursões respiratórias. A inspiração dura aproximadamente a metade da expiração. Problemas de enfermagem: Cheyne Stokes Kussmaul Biot Palpação - investiga-se: - Expansibilidade torácica - a expansibilidade torácica é igual em regiões simétricas, pode variar com o sexo (sendo mais nítida nas bases no homem e nos ápices nas mulheres). - Manobra de Ruaut - para avaliar os ápices pulmonares, coloca-se as mãos nas fossas supra claviculares e os dedos polegares unindo formando um ângulo. O normal é observar a elevação das mãos na inspiração profunda. Problema de enfermagem: assimetria unilateral com aumento e/ou diminuição dos movimentos respiratórios. Ex.: derrame pleural, pneumonia, dor pleural, obstrução brônquica. Assimeria bilateral. Ex.: enfisema pulmonar. Percussão - A percussão da parede torácica é transmitida ao tecido subjacente, refletida de volta e percebida pelo tato e pela audição do examinador. Utiliza-se a percussão dígito-digital, onde o cliente é colocado sentado ou deitado, percute-se a face posterior, anterior e laterais do tórax. Os locais da parede posterior do tórax para percussão são acima, entre e abaixo das escápulas, nos espaços intercostais. Os ossos não são percutidos. O examinador deve iniciar no topo e descer, indo de um lado a outro, para comparação. O som normal é o claro pulmonar. Problemas de enfermagem: som timpânico, hipersonoridade, submaciez e maciez. Ausculta - Faz-se ausculta do tórax, estando o cliente sentado com o tórax descoberto. Solicite ao cliente que respire mais profundamente com os lábios entreabertos, sem fazer ruídos. O trânsito de ar pelo trato respiratório na inspiração é capaz de produzir três tipos de sons normais da respiração: 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 12 - Bronquial, traqueal, brônquico ou tubular - audível sobre a traqueia, é um ruído intenso (como se assoprasse dentro de um tubo). A fase inspiratória dura a metade da fase expiratória. - Bronquiovesicular - é uma combinação de som traqueal e murmúrio vesicular. Audível na área de projeção da traqueia e brônquios maiores, nas regiões infra claviculares, interescapular (regiões apicais dos pulmões, especialmente à direita). Igual intensidadeem ambas as fases do ciclo respiratório. - Vesicular ou murmúrio vesicular - é produzido pela turbulência do ar ao entrar nos bronquíolos e alvéolos. É um som de tom baixo, mais intenso e de duração maior na inspiração do que na expiração (quase não se ouve). Audível em todos os campos pulmonares. Problemas de Enfermagem: encontramos os ruídos adventícios que são verificados em processos patológicos que comprometem a árvore brônquica. Podem ser classificados em: Estertores Secos - Roncos - são secreções espessas nos grandes brônquios. São sons não tão altos, contínuos, escutados nas vias aéreas maiores. - Sibilos - são secreções espessas nos brônquios secundários e bronquíolos, mais intenso na expiração. Ex.: bronquite, crises asmáticas, broncoespasmo. Estertores Úmidos - Crepitantes - são ruídos finos, homogêneos, mesma altura, timbre e intensidade. Auscultado na fase inspiratória, modifica-se com a tosse. Ex.: pneumonia, edema agudo (fase inicial). - Subcrepitantes ou bolhosos - são ruídos mais grossos e de tonalidade mais grave, diferente quanto a tonalidade e timbre. Auscultado no final da inspiração e início da expiração, não se modifica pela tosse. Ex.: bronquites, pneumonia, broncopneumonias. - Atritos pleurais - são sons do tipo fricção ou grosseiros, causados por duas superfícies pleurais ressecadas que se movimentam uma sobre a outra. Sintomas de doença pulmonar: tosse, produção de expectoração, hemoptíse, sibilos, cianose, dor torácica. 13) Exame do coração É necessário conhecer a projeção do coração e os grandes vasos da base na parede torácica. - Borda direita - Veia cava superior e o átrio direito (borda esternal direita). - Borda esquerda - Artéria aorta artéria pulmonar e ventrículo esquerdo (borda esternal esquerda). Realiza-se a inspeção e palpação simultaneamente. O cliente deve estar em decúbito dorsal elevado a 30º e o examinador do lado direito ou esquerdo. Investigam-se: - Pele: presença de cianose-central e periférica - Unhas: presença de pequenas linhas marrom-avermelhadas no leito - Olhos: Hipertelorismo (grande afastamento dos olhos) cardiopatia - Boca: palato muito arqueado e com petequeias - cardiopatia congênita - Tórax muito escavado - Membros: edema, cianose - Abaulamentos (aneurisma da aorta, cardiomegalia, derrame pericárdico, alterações da caixa torácica), depressões ou achatamentos precordiais (olhando de maneira tangencial e frontal). - Análise do ictus cordis ou choque da ponta ou ponto de impulso máximo (PIM) ou ponto apical. Varia de acordo com o biótipo, localiza-se no cruzamento da linha média clavicular esquerda com o 4º. ou 5º espaço intercostal. Consiste em um impulso normal, periódico e circunscrito, sentido como uma pulsação suave de 1 a 2 cm de diâmetro. Este pode alterar sua localização em estado patológicos e fisiológicos. Os fisiológicos são: - normolíneos - 4º espaço intercostal esquerdo, 6 a 10 cm da linha médio esternal. - brevelíneos - 4º espaço intercostal esquerdo, a mais de 8 cm da linha médio esternal. - longilíneos - 5º espaço intercostal esquerdo, a menos de 8 cm da linha médio esternal. Nas patologias pode estar desviado (hipertrofia ou dilatação do ventrículo esquerdo) ou ausentes. Em deformidades da caixa torácica, derrames pleurais ou pericárdicos, obesidade, mamas aumentadas e tumores. - Pulsações epigástricas - podem ser vistas ou palpadas, correspondendo à transmissão na 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 13 parede abdominal das pulsações aórticas. Problemas: quando estas pulsações forem intensas, por hipertrofia ventricular direita. - Pulsações supra esternal ou na fúrcula esternal - podem aparecer e dependem das pulsações na croça da aorta. Problema: quando estas aparecem intensas por hipertensão arterial, aneurisma aórtico, insuficiência aórtica, hipertireoidismo. Ausculta Pode ser realizada com o cliente em várias posições: deitada, em decúbito lateral, sentado ou em pé. É necessário silêncio absoluto. Os focos de ausculta são:- Mitral (FM) - localiza-se na sede do ictus cordis, 5º espaço intercostal e, na linha hemiclavicular. Na cardiomegalia desloca-se para a linha axilar anterior. - Aórtico (FAo) - localiza-se no 2º espaço intercostal D na linha paraesternal. - Aórtico acessório (FAA) - localiza-se no 3º espaço intercostal E na linha paraesternal (ponto ERB). - Pulmonar (FP) - localiza-se no 2º espaço intercostal E na linha paraesternal. - Tricúspide (FT) - localiza-se na base do apêndice xifoide, ligeiramente para a E. A ausculta cardíaca começa no foco apical e vai ao longo da borda esternal esquerda até o foco aórtico e pulmonar. Após, coloca-se o cliente em decúbito lateral esquerdo e ausculta o foco mitral à procura de sopro ou ritmo tríplice. Devemos observar: - Ritmo: Classificando-o em regular ou irregular. - Frequência - número de batimentos cardíacos em 1 minuto. OBS.: É importante a contagem simultânea do pulso apical (ictus cordis) e do pulso radial, pois em determinadas patologias poderá haver variação de um pulso para o outro. - Bulhas cardíacas 1ª. Bulha (B1) - Corresponde ao fechamento das valvas mitral e tricúspide. Melhor ouvida no ictus cordis (ápice cardíaco)® TUM. 2ª. Bulha (B2) - Corresponde ao fechamento das valvas aórtica e pulmonar, timbre mais agudo, duração menor que a 1ª. Bulha (melhor ouvida nos focos aórtico e pulmonar - base do coração) ®TÁ. A abertura das valvas só pode ser ouvida se estas estiverem lesadas. - Arritmias cardíacas - é quando há alteração no ritmo, frequência ou ambos. 14) Exame físico da coluna vertebral A coluna vertebral para o exame físico divide-se em: cervical, torácica, e lombossacra. O cliente deve estar em pé com os pés um pouco separados, membros superiores ao lado do corpo. Devemos pesquisar dor, massas, depressões através da inspeção e palpação. Observam-se: - Face anterior - Face lateral - onde são observadas as curvaturas normais: lordose cervical, cifose dorsal e lordose lombar. - Face posterior - é observada através de uma linha imaginária que passa nos ombros, pontas escapulares, cristas ilíacas, pregas glútea e poplíteas, que deve estar no mesmo nível. Depois imagina- se uma linha vertical, ligando as apófises espinhosas seguindo a linha Inter glútea. Problemas: lordose (condição em que a curva lombar natural da espinha se mostra exagerada), cifose (é um aumento na curvatura da área torácica) e escoliose (curvatura lateral pronunciada da espinha). Avaliar: movimentos da coluna (flexão lateral, extensão, flexão, rotação) e as posturas - estática, sentada, deitada e dinâmica. 15) Exame físico das mamas Utiliza-se a inspeção e palpação. Faz-se a inspeção estática e dinâmica. A cliente deve estar sentada ou em pé, com os braços ao longo do corpo. Inspeciona: - tamanho e simetria - contorno - textura - características da pele Palpação A cliente deve estar em decúbito dorsal com os braços levantados e as mãos na nuca com o travesseiro sobre os ombros. Palpa-se utilizando as polpas dos dedos anular, indicados e médio em movimentos circulares, comprimindo delicadamente o tecido mamário contra a parede torácica. Deve-se encaminhar de modo sistemático, investigando a elasticidade e consistência dos tecidos, resposta a estímulos, táteis, sensibilidade dolorosa, presença de massas. Faz-se em seguida a expressão do mamilo verificando a saída de secreção ou não. 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 14 Mamas - o tamanho varia entre as mulheres, são relativamente simétricas. Tem forma arredondada, textura macia, superfície lisa sem depressões ou abaulamentos. A consistência e a elasticidade vão desde o tecido firme e elástico ao flácido e macio. Problemas: sinais inflamatórios, retração da pele, assimetria mamária, nódulos, edema, lesões e ulcerações, hipersensibilidade e dor. Mamilos e aréolas - sãosimétricos, arredondados ou ovalados e superfície contínua. São evertidos (protuso), não apresentam secreções e possuem capacidade erétil. Problemas: assimetria, retração da aréola ou do mamilo (plano), inversão mamilar(invertido), drenagem de secreção, edema, ulcerações, fissuras, hipersensibilidade, ausência de ereção aos estímulos. Axilas - Palpa-se a axila após cada exame das mamas. Os gânglios axilares não são palpáveis. Os linfonodos supra e infra claviculares devem ser palpados. Problemas: erupções da pele, pigmentação incomum, nódulos sensíveis e sem mobilidade, sinais flogísticos. Para registrar os achados devemos dividir a mama em 4 quadrantes e como um relógio. 16) Exame físico do abdome A maioria dos órgãos gastrintestinais e acessórios para a digestão situam-se no abdome. Para o exame abdominal devemos reconhecer. a) Pontos de referência anatômica - rebordo costal - crista ilíaca - prega inguinal - cicatriz umbilical b) Exame físico A realização do exame abdominal deve ter a seguinte ordem: inspeção, ausculta, percussão e palpação. Abdômen A cavidade abdominal é dividida em 4 quadrantes. Duas linhas imaginárias cruzam a cicatriz umbilical para dividirem o abdômen em quadrantes: superior direito, superior esquerdo, inferior direito, inferior esquerdo. Pode ser dividido também em 9 regiões: epigástrica, umbilical, suprapúbica, hipocôndrios direito e esquerdo, flancos direito e esquerdo, inguinais direito e esquerdo. Forma e Volume Variam de acordo com a idade, sexo, estado de nutrição. Tipos de Abdômen Abdômen globoso: apresenta-se globalmente aumentado com predomínio nítido do diâmetro anteroposterior sobre o transversal. - Gravidez avançada, ascite, obesidade, obstrução intestinal, tumores policísticos do ovário. Abdômen em ventre de batráquio: observa-se predomínio do diâmetro transversal sobre o anteroposterior. - Ascite em fase de regressão - é consequência da pressão exercida pelo líquido sobre as paredes laterais do abdômen. Abdômen pendular: estando o paciente de pé, as vísceras pressionam a parte inferior da parede abdominal produzindo uma protusão. - flacidez do abdômen no período puerperal. Abdômen em avental: encontrado em pessoas obesas, sendo conseqüência do acúmulo de tecido gorduroso na parede abdominal, cai como um avental sobre as coxas do paciente. Abdômen escavado: percebe-se nitidamente que a parede abdominal está retraída. -Pessoas muito emagrecidas. Cicatriz Umbilical Normal - forma plana ou levemente retraída. Tem valor prático o encontro da protusão da cicatriz umbilical que indica a existência de uma hérnia ou o acúmulo de líquido. ABAULAMENTO OU RETRACÕES Quando ocorre, torna o abdômen assimétrico e irregular, indicando alguma anormalidade e para identificar é necessário a palpação para saber a localização, forma tamanho, mobilidade. - as causas mais comuns: hepatomegalia, retenção urinária, tumores de ovário e útero, tumores pancreáticos, fecaloma, útero grávido. 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 15 Movimentos Respiratórios: nos indivíduos do sexo masculino, observam-se movimentos respiratórios no andar superior do abdômen, caracterizando a respiração tóraco-abdominal. Pulsações: podem ser observadas e palpadas no abdômen de pessoas magras e quase sempre refletem as pulsações da aorta abdominal. Peristálticos (ondas peristálticas): deve-se fazer a diferenciação entre peritaltismo normal e ondas peristálticas anormais, correlacionando-se o achado com o quadro clínico do paciente. O aparecimento de movimentos peristálticos visíveis indica obstrução em algum segmento do tubo digestivo. Deve-se analisar: localização, direção das ondas peristálticas. Pontos Dolorosos Há áreas na parede abdominal cuja compressão, ao despertar sensação dolorosa, pode indicar comprometimento do órgão ali projetado. Ponto gástrico: compreendem o ponto xifoidiano (abaixo do apêndice xifoide) e ponto epigástrico (corresponde ao meio da linha xifoumbilical) - o 1º é observado na cólica biliar e nas afecções do estômago e duodeno e o 2º nos processos inflamatórios do estômago e duodeno. Ponto biliar ou ponto cístico: situa-se no ângulo formado pela reborda costal direita e borda externa do músculo reto abdominal. Ao comprimir o local pede-se ao paciente que inspire profundamente. Nisto o diafragma abaixará o fígado, fazendo com que a vesícula biliar alcance a extremidade do dedo que está comprimindo a área. (nos casos de colecistite tal manobra desperta dor inesperada - sinal de Murphy). Ponto apendicular ou ponto de Mc Burney: situa-se geralmente na extremidade dos dois terços da linha que une a espinha ilíaca ântero-superior direita ao umbigo. Quando suspeita de apendicite aguda, este ponto deve ser comprimido com os 4 últimos dedos, fazendo-se uma pressão progressiva, contínua, procurando-se averiguar se isto provoca dor, depois, descomprime-se a região, com o que se determina um estiramento rápido do peritônio, se estiver inflamado, despertará dor aguda e intensa (dor que ocorre com a descompressão - sinal Blumberg - peritonite localizada). Pontos ureterais: situam-se na borda lateral dos músculos reto-abdominais em 2 alturas: na intersecção com uma linha horizontal que passa pelo umbigo e no cruzamento da linha que passa pela espinha ilíaca anteroposterior. A palpação destes pontos deve ser feita com as mãos superpostas comprimindo-se a parede com as polpas digitais dos dedos indicador, médio anular e mínimo (cólica renal). Resistência da Parede Abdominal Normal: é a de músculo descontraído. Ao se deparar com uma musculatura contraída, saber diferenciar uma contração voluntária de uma involuntária. Na voluntária: solicite ao paciente para respirar profundamente, flexionar as pernas, desviar sua atenção para outros assuntos. Involuntário - denominada "defesa da parede abdominal". A contratura muscular involuntária obedece a um reflexo visceromotor, cujo estímulo nasce no peritônio inflamado (peritonite). A defesa da parede abdominal pode ser localizada ou generalizada (abdômen em tábua). Continuidade da parede abdominal: Hérnias - protusão da parede abdominal por onde penetram uma ou mais estruturas infra abdominais (alças intestinais). A inspeção nota-se tumefação na região da hérnia. Sinais e Sintomas mais comuns no Abdome Disfagia - dificuldade na deglutição. Pode ser disfagia orofaríngea e disfagia esofagiana. Orofaríngea: o alimento permanece no todo ou em parte na cavidade bucal após a tentativa de deglutição. Esofagiana: tem a sensação de parada do bolo alimentar no esôfago, embora não possa localizar precisamente o nível da obstrução. A disfagia pode ocorrer para sólidos (obstrução mecânica) ou para líquidos e sólidos (alteração da motilidade). Odinofagia - é a dor que surge com a ingestão de alimentos. Localiza-se atrás do esterno, mais alta, mais baixa, sendo relatada como urente, em punhalada, construtiva ou espasmódica. Pirose - azia, queimação ou queimor. Sintoma considerado patognomônico do refluxo gastresofagiano. 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 16 De localização retroesternal, percebida no apêndice xifoide, podendo propagar-se para a região epigástrica, para ambos os lados do tórax ou, mais comumente em direção ascendente, até o nível do esterno. Ocorre, quase sempre, após as refeições, podendo ser desencadeadas por frituras, bebida alcoólica, café, frutas cítricas, chocolate, alimentos fermentados ou pelo decúbito. Acompanha-se, às vezes, de regurgitação de pequenas quantidades de líquido azedo ou amargo. Dor Esofagiana - (não depende do ato de ingerir) - ocorre sensação de opressão retroesternal irradiando para o pescoço, ombros e MMSS. O caráter da dor depende da doença básica. Podendo ser: urente (esofagite); em cólica, constritiva ou dilacerante (Ca de estômago); dor de grande intensidadeacompanhada de outros sintomas (ruptura do esôfago, perfuração). Regurgitação - entende-se como volta do alimento ou secreções contidas no esôfago ou estômago à cavidade bucal. As causas podem ser: mecânica ou motora. Mecânica - estenoses, neoplasias, obstruções. Motoras - espasmo, acalasia. A regurgitação ocorre quase sempre após as refeições. Pode ser ATIVA quando surge durante ou imediatamente após as refeições, decorrente da incoordenação motora do esôfago; PASSIVA quando se manifesta tardiamente, com o paciente deitado, quase sempre à noite (representa grande risco, pela possibilidade de aspiração para a árvore respiratória. Eructacao (arroto) - ocorre como consequência da ingestão de maior quantidade de ar durante as refeições ou em situações de ansiedade. Soluço - é causado por contrações espasmódicas do diafragma. Pode ser devido: doenças do SNC, irritação do nervo frênico ou do diafragma, doenças que comprometem o mediatismo, pleura e órgãos intra-abdominais. Sialose - sialorréia ou ptialismo - caracteriza-se pela produção excessiva de secreção salivar. Vômitos - devem ser observados e analisados a quantidade, frequência e características do material analisado. Assim, o conteúdo que se apresentar coagulado e acidificado sugere que permaneceu no estômago. Conteúdo quase totalmente inalterado sugere que não alcançaram o estômago ou permaneceram pouco tempo no local. Hematêmese - vômito com sangue. Caracteriza-se a hemorragia digestiva alta, quando o sangue expelido apresentar-se vermelho vivo, sugere que o sangue não sofreu ação do suco gástrico. Comum no sangramento de varizes esofagianas, ingestão de sangue na epistaxe, pós-operatório de amigdalectomia, Ca de esôfago, úlceras, etc. - o aspecto borra de café ocorre quando o sangue sofreu ação do suco gástrico e sugere um sangramento lento do esôfago, cárdia, estômago ou duodeno. - aspecto e odor fecalóide - podem indicar obstrução intestinal. - vômito bilioso ou amarelo-esverdeado - cólica biliar. Alterações do hábito intestinal Constipação: ou obstipação. Quando as fezes ficam retidas por mais de 48 horas. Para caracterizar a constipação é importante saber a consistência das fezes, que podem ser um pouco mais duras, ressecadas ou em cíbalos (fezes em pequenas bolas, como as dos caprinos). A adequada progressão das fezes no intestino depende de muitos fatores, destacando-se a composição do bolo fecal, em especial da quantidade de fibras na alimentação. Tem importante papel no ritmo intestinal as condições psicológicas do paciente. Fatores Fisiopatológicos que Participam da Gênese da Constipação Mecânico - lesões que ocluem a luz ou impedem a contração das paredes do intestino; Neurogênico - comprometimento das estruturas nervosas; Metabólico - hormonais - hipotireoidismo, ureia; Psicogênico - alterações emocionais; 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 17 Medicamentosa - antiácidos, anticolinérgicos, opiáceos; Alimentação inadequada - dieta pobre em fibras; Relacionados com a inibição reiterada do reflexo da evacuação - "não atender ao chamado do intestino". Fezes Mecônio: são as primeiras fezes do RN, formadas por resíduos das secreções do tubo digestivo fetal e líquido amniótico. O mecônio é uma pasta espessa, pegajosa, de cor verde-escura, quase negra. Quando iniciada a alimentação, tornam-se mais liquefeitas, de cor preto-esverdeada com traços amarelados - fezes lácteas. Quando alimentado com leite materno, são de cor amarelo-gema, pastosas, com brilho, algumas vezes são mais claras podendo apresentar-se esverdeadas. No início poderá haver 6 ou mais evacuações diárias, passando depois para uma em 24 ou 48 horas. O cheiro é suigêneris e a reação é ácida. Na alimentação artificial as fezes são claras consistentes, menos ácidas e as alimentações menos frequentes, cheiro desagradável. À medida que o leite for substituído por outros alimentos, as fezes adquirem as características das fezes do adulto. Normal: a cor castanha normal é produzida pela presença de pigmentos biliares (alimentos podem alterar a cor). O ritmo do peristaltismo é outro fator que determina se as fezes apresentam teor liquido ou se são bem formadas. Apresentam um cheiro forte e penetrante, conhecido por todos (suigeneris), alguns elementos podem alterar o odor das fezes. A frequência das evacuações varia de pessoa para pessoa, o profissional precisa conhecer o ritmo normal de evacuações do paciente, considera-se normal desde 3 evacuações/dia até uma evacuação a cada 2 dias. Fica difícil avaliar a quantidade de material fecal eliminada, o único meio é a observação e o paciente informar sobre o aumento ou diminuição do volume das fezes. A forma normal depende do diâmetro do reto, a maneira de avaliar é o próprio paciente e precisa estar alerta para o aparecimento de fezes afiladas. Alterações das Fezes - Fezes diarreicas esverdeadas indicam intensa fermentação, de modo que a bilirrubina, oxida-se em biliverdina. - Fezes esbranquiçadas (esteatorréia), volumosas, brilhantes, lustrosas e fétidas ocorrem em função da quantidade de gordura em combinação com sais de cálcio. Estas fezes são próprias da síndrome de mal absorção (lipídeos, carboidratos, proteínas). - Fezes claras semelhantes a massa de vidraceiro são próprias da icterícia obstrutiva. Esta cor se deve à ausência nas fezes de bilirrubina e sua consequente transformação em estercobilina, que é a substância que da cor as fezes. - Fezes negras sugerem ingestão de ferro ou hemorragia. - Fezes com sangue vivo sugerem hemorragia da porção inferior do trato gastrointestinal provenientes do cólon e reto (hemorroidas, enterorragia). Diarreia É o sintoma mais comum nas doenças do intestino delgado, é definida como o aumento do teor das fezes e do número de evacuações. Pode ser por: uso de laxativos, defeitos da digestão e absorção de nutrientes, por endotoxinas bacterianas, medicamentos, por comprometimento da mucosa devido a alterações inflamatórias, neoplásicas ou isquêmicas e alterações da motilidade do intestino. Distenção Abdominal Caracteriza-se por aumento do volume do ventre (ascite, meterorismo, fecaloma, neoplasias). Flatulência Acumulação anormal de gases no intestino, evidenciada pelo maior número de flatos e pela quantidade de gases emitidos de forma ruidosa pelo intestino. Tenesmo Tipo especial de sensação dolorosa perineal, cuja característica principal é a dor ser acompanhada de desejo imperioso de defecar. O paciente sente dor intensa, espasmódica e tem a impressão de que a defecação será abundante, mas elimina apenas pequena quantidade de fezes e muco. 1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO . 18 Prurido Anal Manifestação clínica que aparece em diferentes condições e pode tornar-se muito incômodo. Suas causas principais: má higiene, enterobíase, doenças anorretais cutâneas, hemorroidas. Meteorismo Distensão abdominal por gases produzidos no intestino. Dor Epigastrica Percebida na linha mediana, poucos centímetros abaixo do apêndice xifoide; dor contínua e intensa na parte alta do abdômen. Inspeção O abdome é plano, apresentando ligeira depressão na parte superior e uma ligeira proeminência na inferior. Sua rede venosa superficial não é visível. A pulsação mediana supra umbilical da aorta abdominal é somente observada em indivíduos magros. Investiga-se: - Forma e volume - variam de acordo com a idade, o sexo e o estado de nutrição do cliente. Problemas de enfermagem: abdome globoso (abscesso, abdome agudo), abdome em batráquio (ascite), abdome em avental (obeso), retraído ou escavado (Desidratação de 3º. Grau, caquexia), abdome pendular (visceroptose). - Abaulamento localizado - distensão dos segmentos do tubo digestório, visceromegalias acentuadas, tumores, hérnias, etc. - Pele - cicatrizes, lesões. - Pelos - Cicatriz