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Aloreatividade.
O receptor para antígeno do linfócito T é composto por duas cadeias polipeptídicas – a cadeia alfa e a cadeia beta, cada uma delas tendo uma porção variável e uma porção constante e é muito parecido com o domínio FAB da imunoglobulina. A diferença é que o TCR está sempre transmembrana e a imunoglobulina pode ser transmembrana no linfócito B ou ser secretada também quando o linfócito B amadurece. O TCR está sempre na superfície da célula e só vai reconhecer o antígeno quando o antígeno é apresentado por outra célula, ou seja, quando está na superfície de outra célula que é chamada de célula apresentadora de antígeno. O TCR reconhece a molécula da MHC junto com o peptídeo que está dentro da fenda. Já o anticorpo, tanto quando ele está na superfície da célula B como quando livre, ele vai reconhecer moléculas que sejam solúveis. 
Então, no reconhecimento, o TCR entra em contato tanto com a molécula de MHC como com o peptídeo. Também foi visto que essa propriedade do TCR é adquirida no timo, porque tanto a molécula do TCR como os anticorpos são codificados por genes que sofrem um rearranjo gênico. O que esse rearranjo gênico tem de especial? É aleatório! É tudo muito ao acaso. Então esse gene vai gerar proteínas que tem alguns pedaços – o CDR3 principalmente – que é uma sequência qualquer, podendo reconhecer qualquer coisa. Só que aí tem alguns problemas: reconhecer qualquer coisa poderia reconhecer o próprio organismo! Então, através da evolução, o sistema acabou fixando mecanismos para impedir que as células que produzem essas sequências geradas ao acaso - e que algumas delas podem reconhecer o próprio organismo - sejam eliminadas ou controladas para que não haja uma autoimunidade, que é patológica. Por outro lado, para reconhecer uma célula que está infectada com um vírus, os linfócitos T tem que reconhecer não só o vírus como também o próprio MHC. Então todo linfócito T tem que ser parcialmente autorreativo para permitir que ele reconheça uma célula desse mesmo organismo e que está infectada com o vírus. 
Só que autorreatividade é uma coisa, autoimunidade é outra! Autoimunidade é uma situação patogênica, é uma situação de doença. Autorreatividade é uma propriedade do receptor do linfócito T, uma propriedade necessária e fisiológica para que os linfócitos T funcionem.
A restrição pelo MHC é essa propriedade de reconhecer determinado alelo, mas não reconhecer outro alelo. Exemplo: o Xa e o Xb têm o alelo a e o alelo b no mesmo antígeno X. Esse antígeno, por acaso, conseguiu se ligar ao mesmo MHC – os peptídeos antigênicos não se ligam igualmente a qualquer alelo, mas existem alguns peptídeos que conseguem se ligar a mais de um alelo, que é o caso desse exemplo: Esse peptídeo X consegue se ligar tanto a molécula b como a molécula a. Só que o mesmo TCR não vai conseguir reconhecer o antígeno X quando ele é apresentado por outro MHC e se aquele MHC tiver apresentando outro peptídeo, aquele TCR também a princípio não vai reconhecer, embora exista certo nível de reação cruzada. (O que é reação cruzada? O TCR consegue reconhecer determinado MHC + peptídeo, mas também consegue reconhecer outro. Isso acontece para o TCR e para os anticorpos também). 
Resumindo! Dois antígenos de diferentes alelos podem se ligar ao mesmo MHC; 
O mesmo TCR não vai reconhecer o antígeno X quando ele é apresentado por outro tipo de MHC (Ex: O TCR reconhece o antígeno X apresentado pelo MHC a, mas não reconhece esse mesmo antígeno X se for apresentado pelo MHC b);
O TCR também não vai reconhecer outro peptídeo apresentado pelo MHC. (Ex: O TCR reconhece somente o antígeno X. Se for apresentado o antígeno Y, ele não irá reconhecer).
No caso do linfócito T, essa reação cruzada é superimportante porque os TCRs, no timo, vão sofrer seleção positiva. A seleção positiva é que permite que continuem amadurecendo todos os linfócitos T que reconhecem o MHC próprio junto com peptídeos self. Esse sinal é importante para o linfócito T continuar o seu amadurecimento no timo, se ele não receber esses sinais, as células morrem e não amadurecem. Então no timo, esses TCRs estão reconhecendo MHC + self e na periferia, eles vão ter uma reação cruzada, reconhecendo o MHC self + peptídeos do agente infeccioso em questão. Todo linfócito T, então, tem uma reação cruzada quando ele entra em ação reconhecendo o antígeno estranho + MHC próprio, porém lá no timo, ele reconheceu MHC próprio + antígeno próprio. 
Então só para lembrar que o TCR também faz rearranjo e esse rearranjo, que é um evento ao acaso, pode gerar um número astronômico de TCR diferentes (1018), então obviamente que no meio desses todos pode haver alguns que reconheçam com afinidade muito alta o antígeno self + MHC self: Esses vão ser deletados na seleção negativa. 
Timócitos imaturos -> Quando amadurecem, passam por uma seleção positiva onde aqueles que não reconhecem o antígeno próprio acabam morrendo (só os autorreativos são selecionados e os que não conseguem reconhecer nada morrem por apoptose) -> A segunda etapa é a seleção negativa, onde são eliminadas aquelas que são muito reativas (possuem o perigo de gerar uma doença autoimune) -> As que passam, vão para a periferia.
O TCR daquele organismo só reconhece o MHC daquele próprio organismo, mas e no transplante de órgãos, o que acontece? Ocorre rejeição! Mas porque existe a rejeição do órgão da outra pessoa? Às vezes temos dificuldades de compreensão, porque é dito que lá no timo o linfócito T aprendeu a reconhecer as moléculas de MHC próprio, a seleção positiva foi para aqueles alelos. Então porque ele está reconhecendo os outros alelos? Têm várias explicações, as moléculas de MHC são parecidas entre si nos vários alelos, então ainda existe uma grande chance de haver reação cruzada. Então veremos como isso foi descoberto!
Nos anos 60 – 70, as pessoas começaram a se interessar para saber qual era a frequência dos linfócitos T que reconheciam um antígeno em particular. Por exemplo: Quantos linfócitos T, em um coelho, são capazes de reconhecer algum epítopo da proteína da clara do ovo? E a resposta foi que essa frequência de linfócitos T capazes de reconhecer uma proteína estranha é de 1 em 10.000 a 1 em 1.000.000. Só que aí eles foram ver qual era a frequência de linfócitos T daquele coelho capaz de reconhecer células de coelho de outra linhagem. E para surpresa, essa frequência é muito maior, cai para 1 em 10 e 1 em 100. Porque que isso acontece? Primeiro, todo TCR passa pela seleção positiva e os alelos do MHC são parecidos entre si, então reação cruzada é uma parte da explicação. Mas a outra parte da explicação é que os genes que compõem o domínio variável da cadeia alfa e da cadeia beta – o CDR3 sofreu rearranjo, mas tem mais dois que são o CDR1 e o CDR2 que são variáveis, mas que não são frutos do rearranjo, eles estão no gene V que existe em grande quantidade, então tem muita variabilidade no CDR1 e no CDR2. Só que esses genes passam de uma geração para outra, então é uma variabilidade que está sujeita a seleção natural porque está no genoma e vai passar ou não pra outra geração. Essa seleção natural atua sobre os indivíduos e o gene do TCR coevolui com os genes do MHC porque eles são ligante e receptor: Então ao longo da evolução, as moléculas que interagem uma com a outra passam por um processo de seleção natural ao mesmo tempo. É de se esperar então que isso seja diferente na região CDR3, que tem rearranjo ao acaso, criando uma sequência que não existe no genoma e que não vai passar para o indivíduo da próxima geração: Um V encontrando com um J qualquer, com um D qualquer. – Então alguns pesquisadores detectaram que lá na região CDR1 e CDR2 da cadeia alfa e beta, que são região que participam do reconhecimento da molécula do MHC, são codificadas por genes que passam de uma geração para outra e portanto sofrem seleção natural e como o ligante do produto desses genes é o MHC, há uma tendência intrínseca do próprio TCR de reconhecer a molécula de MHC por ser seu receptor. A terceira explicaçãoé que na seleção negativa, eu só vou eliminar aqueles que reconhecem com alta afinidade o MHC próprio, mas aqueles que reconhecem outros MHCs que são muitos parecidos, não são eliminados. Então isso faz com que as células que sobram vão ter uma tendência muito grande de reconhecer moléculas de MHC, não só as do próprio (com uma afinidade basal, já que os de afinidade alta foram eliminados na seleção negativa), mas também os de outros alelos, podendo ou não ser em alta afinidade. 
Os genes do MHC, não só são altamente polimórficos – tem vários alelos – como também existe poligenia. Então existe poligenia, polimorfismo e co-dominância, porque você tem dois cromossomos – um que veio do pai e um que veio da mãe – e você expressa ambos os alelos. Só pro MHC de classe I são três genes no homem (A, B e C) e como a nossa população é muito monogâmica (não existe cruzamento entre familiares), todo mundo é heterozigoto, tendo em um locus dois alelos diferentes. Nos outros genes, vão ter outros alelos, mas expressamos todos eles: Então uma célula de um indivíduo expressa seis moléculas de MHC de classes I diferentes (A,B,C que vieram da mãe – A,B,C que vieram do pai). Homem: Genes A,B,C. / Camundongo: Genes K,L,B.
As moléculas de MHC de classe II são mais numerosas ainda, porque essa molécula tem duas cadeias: alfa e beta, um dímero. Ainda podemos ter que a cadeia alfa k, por exemplo, que veio da mãe pode parear com a cadeia beta b que veio do pai. Então além de ter a molécula igual a da mãe e a molécula igual a do pai, ainda tem uma cadeia em que um alelo veio da mãe e um alelo veio do pai: Essa situação é quando você tem uma cadeia vinda de cada parental. O número de alelos diferentes que tem no MHC de classe I e no MHC de classe II continua aumentando e em relação as cadeias - em humanos, chama-se Dp alfa e beta, Dq alfa e beta e Dr alfa e beta e em camundongos, são só duas. Além disso, quando a região do gene do MHC é uma região grande no genoma, na hora da meiose para produzir o óvulo ou o espermatozoide, você tem a chance de fazer recombinação. Como os genes são parecidos, às vezes o pareamento não é perfeito, você pode ter recombinação entre por exemplo, a cadeia beta do Dq com a cadeia beta do Dr e isso acaba gerando novos alelos. Esse é um dos mecanismos pelos quais tentam se explicar como apareceu uma grande quantidade de alelos na população. Então, na meiose, você pode ter também a recombinação criando um novo alelo, que é a mistura de um alelo do pai com um alelo da mãe. EXEMPLO: temos um pai que tem um conjunto de alelos (representando a parte do genoma que codifica o MHC) do tipo a e do tipo b e temos uma mãe que tem o tipo c e d. Na hora de fazer os gametas, você não tem só o tipo específico codificado por cada parental, tem também uma recombinação entre o tipo (ex) c e d, gerando um novo alelo r. Então essa pessoa já tem uma coisa nova! Isso é o crossing-over na meiose dos cromossomos e acontece o tempo todo! Por isso que mesmo entre irmãos, é difícil ter aceitação em transplantes: Essa recombinação pode acontecer só com o pai, só com a mãe, ou com os dois ao mesmo tempo, gerando um filho com alelos diferentes dos deles.
É só o MHC que é diferente de uma pessoa para a outra? É só o alelo do MHC? Não. Além dos alelos do MHC, os peptídeos que eles vão apresentar também são diferentes. Porque isso? A fenda que o MHC usa para reconhecer o peptídeo são feitas de alfa-hélice e folhas-beta e possui vários aminoácidos que são responsáveis por reagir com os aminoácidos dos peptídeos. Então não é qualquer peptídeo que consegue entrar na fenda, depende do alelo. As diferenças entre os distintos alelos do MHC estão justamente concentradas na fenda, tanto na classe I como na classe II. No MHC de classe I, as diferenças de aminoácidos nos diferentes alelos estão no chão da fenda como também no alfa 1 e alfa 2. O alfa 3 não é variável e é onde o CD8 interage. É parecido na classe II, onde a cadeia alfa não é muito polimórfica, mas a cadeia beta é, a diferença está justamente no chão da fenda. O meu repertório de linfócitos T é tolerante não só ao meu MHC, mas também aos meus peptídeos. Outra pessoa é tolerante ao conjunto da aquela pessoa, que é diferente. 
Se você fizer transplante entre gêmeos idênticos ou camundongos da mesma linhagem, você não tem rejeição, mas se você pegar um pedaço de pele de um camundongo a e colocar em um camundongo b, 14 dias depois 100% dos animais terão rejeitado o transplante. 
(O quanto os MHC têm que ser parecidos para não haver rejeição? O ideal é que eles sejam idênticos e quanto maior a diferença entre eles, mais rejeição vai ter. Basta apenas uma diferença e a rejeição acontece! Por isso que as pessoas transplantadas devem tomar drogas imunossupressoras, porque é muito difícil ter um idêntico. Essas pessoas são susceptíveis a várias doenças por estarem imunossuprimidas de uma forma não-específica).
Um experimento foi feito para mostrar que a rejeição de órgãos é uma resposta imunológica. Então ele mostrava que se pegasse um camundongo do tipo b que recebeu um transplante de pele de camundongo do tipo a e esperar 14 dias, essa pele vai necrosar pelos alelos serem diferentes. Espera-se um tempo, o camundongo se recupera e faz um novo transplante da mesma pele tipo a pro camundongo b: esse segundo transplante vai ser rejeitado muito mais rápido, em 6 dias. Porque isso? Porque tem memória! Essa é uma resposta imunológica do sistema adaptativo/adquirido, que é mais rápida e mais eficiente. Outra coisa que fizeram foi pegar células T do baço desse camundongo que já tinha rejeitado o transplante uma vez e colocou em um camundongo que iria ter pela primeira vez um transplante de pele do tipo a. O transplante a primeira vez leva 14 dias para rejeitar, mas nesse caso, como ele estava com linfócitos T de um camundongo que já tinha rejeitado aquela pele, aí a rejeição foi em 6 dias, o que demonstra que essas células T do baço são as responsáveis pela memória. 
Atenção! Essa rejeição de 6 dias só ocorre se for do mesmo animal, nesse exemplo, o camundongo a. Se o segundo transplante viesse de um camundongo c, levaria mais 14 dias porque seria a primeira vez. Se o transplante for do mesmo camundongo a, mas em outro lugar, por exemplo o primeiro na pele e o segundo o fígado, é mais complicado porque os MHCs são os mesmos por ser o mesmo alelo, mas pode ser que leve mais tempo pelos antígenos serem diferentes. 
Um transplante então pode ser atacado por linfócitos T CD4, linfócitos T CD8, mas também por anticorpos (mas os principais são os linfócitos). Tiveram algumas tentativas para aumentar a vida do transplante: Se não fizer nada depois do transplante, haverá a rejeição em 14 dias; Se tratar o camundongo com anticorpos anti-CD8, também não acontece nada e há rejeição em 14 dias; Mas se tratar com anticorpo anti-CD4 e depletar essas células desse camundongo que recebeu o transplante, atrasa um pouquinho a rejeição porque as células CD4 tem um papel central na rejeição; Agora se eu der os dois anticorpos, tanto CD4 como CD8, há um sinergismo entre os dois e consegue-se atrasar um pouco mais a rejeição. Mas esse tratamento não é específico: Se aplicar esses anticorpos anti-CD4, há a depleção de todas as células CD4, que são importantes também contra infecção viral, infecção contra bactérias e outras coisas. Isso é só para mostrar que há vários tratamentos experimentais que estão sendo testados, também com objetivo de gerar mecanismos de tolerância (que veremos em outras aulas) já que não se pode usar esses anticorpos para sempre e ficar para sempre sem células de defesa.
Um outro exemplo é em relação a quão parecido tem que ser o MHC para não haver rejeição. Relaciona-se a sobrevivência do enxerto e o tempo depois do transplante, junto com as diferenças: Quando não há diferença nenhuma, com MHC idêntico tanto de classe I como de classe II, há uma sobrevivência de 100%; Se você tiver 1 ou 2 diferenças no MHC de classe I, mas tiver 0 na classe II, também é bastante bom mas se aumentarpara 3 ou 4 diferenças, já é bem pior; E aí quando acontece diferenças no MHC de classe II – As células CD4 tem papel muito importante na rejeição do transplante, são elas que reconhecem MHC de classe II! (Ela repetiu isso constantemente). – com 0 diferenças na classe I mas 1 ou 2 diferenças na classe II, depois de 4 meses, já tem só 70% de sobrevivência. 
MHC. Esse “M” vem do inglês “major”, que significa principal. Complexo de Histocompatibilidade Principal. É o principal porque quando tem diferença nele, a rejeição é super rápida, mas existem outras diferenças entre as pessoas que não estão no MHC, estão em outros alelos, em outro background (Todo o resto que não é MHC). 
EXEMPLO! Temos um camundongo amarelo e um camundongo laranja. Os dois tem MHC do tipo a, só que eles são de linhagens diferentes, o background genético deles é diferente. Nesse caso, a rejeição demora mais, mas acaba acontecendo: Em vez de demorar 14 dias, demorou 60 dias para ter rejeição. A explicação para isso é que a diferença está no “minor” (menor) e não no “major”! E o que é o “minor”? É o conjunto de todos os outros alelos, que podem ser polimórficos e diferentes de um indivíduo para o outro. A tipagem pro transplante é feita no “major”, porque o “minor” é grande demais para se fazer. Só que se tiver alguma diferença no “minor”, a rejeição acaba acontecendo uma hora ou outra. O que se pode fazer hoje em dia, como já dito, é usar as drogas imunossupressoras.
Ativação de Linfócitos T.
Um linfócito T que está marcado que é quiescente – ele está em repouso: Essa célula quase não tem citoplasma, com a maior parte de núcleo, já que ela não tá proliferando e nem secretando nada. Depois que essa célula for ativada, ela vai virar um blasto, o citoplasma cresce muito em relação ao núcleo e o aparelho de Golgi e o RE ficam mais aparentes porque a célula começa a secretar um monte de coisas. O que é preciso para que a célula T se ative e comece a proliferar? Ela tem que reconhecer primeiro o MHC + o peptídeo. Então há a célula dendrítica, que é uma célula da imunidade inata que foi ativada ao reconhecer o patógeno por receptores da imunidade inata – como os da família TOLL ou outros – e esse reconhecimento dos patógenos pela imunidade inata aumenta a expressão de MHC de classe II na dendrítica. A dendrítica então vai expressar o MHC junto com o peptídeo, que é resultado do processamento daquele antígeno ou patógeno que entrou. Então a bactéria é morta, as suas proteínas são degradadas – são clivadas, formando peptídeos – e esses peptídeos se alojam na fenda do MHC e são apresentados pro linfócito T. O linfócito reconhece esse conjunto peptídeo + MHC com seu TCR e isso a gente chama de primeiro sinal, que é indispensável para ele se ativar e é específico, porque aquele TCR reconhece aquele conjunto e não outros. Pode até ter uma reação cruzada e reconhecer algum outro, mas não vai reconhecer qualquer conjunto de MHC + peptídeo. Esse é o primeiro sinal e isso vai ser quando o TCR liga no MHC + peptídeo, várias coisas acontecem dentro da célula. Esses sinais têm que ser traduzidos de alguma forma: o fato de ter reconhecido e ligado no MHC leva um monte de sinais para dentro da célula, provocando a sua ativação (ela vai sair de G0, vai entrar em G1, G2, mitose, as fases do ciclo celular) e vai proliferar. Então o primeiro sinal acontece quando a cadeia alfa e beta se ligam ao peptídeo + MHC, sendo que a parte intracitoplasmática (que é a parte transmembrana) e a parte do citoplasma dessas cadeias são muito curtas e não conseguem sozinhas enviar essa sinalização: Elas são auxiliadas nisso por um conjunto de outras moléculas que são chamadas de CD3. Existe a CD3 ԑ, CD3 Δ e CD3 γ (épsilon, delta e gama). Elas formam dímeros (γ-ԑ e ԑ-Δ), que ficam próximas ao TCR e esse conjunto CD3 e TCR ficam na membrana. 
Se faltar alguma dessas moléculas do CD3, o TCR nem vai para a membrana! Ele é degradado porque elas funcionam como chaperonas e garantem que o TCR fique estável na membrana. Células mutantes que não tem uma dessas cadeias, não tem o TCR na superfície ou tem muito pouco. O CD3 e o TCR funcionam em conjunto e apesar de quem faz o reconhecimento antigênico é a cadeia alfa e beta, essas outras moléculas tem uma parte citoplasmática maior e são elas que vão conseguir fazer com que a transmissão de sinal inicie. Exatamente como esse sinal é iniciado, as pessoas ainda não sabem. O que se sabe é que segundos depois que o TCR reconheceu o MHC + peptídeo, você já tem tirosina quinase sendo ativada e muita fosforilação acontecendo, levando a uma cascata de eventos que vão culminar na ativação da célula. 
Tem uma outra cadeia chamada de zeta que forma dímeros zeta-zeta, que praticamente não tem porção extracelular mas tem uma porção intracitoplasmática bem grande. Essa cadeia zeta tem três domínios ITAM, que são as iniciais para Motivo de Ativação por Tirosina em Imunorreceptores. O motivo é então um conjunto de aminoácidos, uma sequência não exatamente sempre igual, mas o importante é que ela tem o aminoácido tirosina que é passível de ser fosforilado e quando ele é fosforilado, um monte de outras coisas acontece. Então esses motivos ITAM são importantes para essa transmissão de sinal. Se faltar o zeta, o TCR também não vai para a membrana!
EXEMPLO! Temos então o MHC, o peptídeo, o TCR (alfa e beta) e as cadeias do CD3. Também tem a molécula do CD4, que vai ajudar no reconhecimento e na porção intracitoplasmática, existem enzimas que fazem parte da cascata bioquímica que vai acontecer na ativação. A LCK é uma tirosina quinase que fica associada ao CD4 na porção intracitoplasmática. Nas células que são CD8, essa enzima fica associada a molécula CD8. E a FIM (Ou FIN, hahahaha), que é uma outra tirosina quinase, fica associada as moléculas do CD3. Aí quando tem o reconhecimento, aparecem as tirosinas quinases que foram fosforiladas. Quem fez essas primeiras fosforilações foi a FIM e a LCK. Quando essas moléculas estão fosforiladas, elas passam a ser reconhecidas por uma outra enzima que também é uma tirosina quinase – só que de outra família, o nome dela é ZAC-70 (Ela não vai cobrar nome de enzima! Ela quer passar a ideia de que é uma cascata!). Então depois que houve a fosforilação, – a cadeia zeta foi fosforilada – o ZAC-70 passa a reconhecer essa cadeia, que se ativa e passa a fosforilar outras coisas. Ela vai ativar uma fosfolipase C, que vai quebrar um lipídio da membrana chamado PiP2 e ao ser clivado, ele vai gerar o diacilglicerol e o inositol-3-fosfato. Essas duas moléculas são mensageiros secundários que foram então gerados pela clivagem do PiP2, que é um dos lipídios da membrana. O inositol-3-fosfato vai migrar pro RE e vai abrir canais de cálcio: isso porque na célula, a concentração de cálcio dentro dela não é muito alta, mas a célula tem estoque de cálcio dentro da mitocôndria, dentro do RE. Quando a célula é ativada, – e isso serve para vários tipos celulares – você tem o cálcio liberado em alguns casos e quem faz isso é o IP3, porque ele se liga as proteínas que estão na membrana do RE, que são canais que se abrem com essa ligação. Essa concentração de cálcio aumentada no citoplasma ativa várias outras enzimas. Por outro lado, o diacilglicerol vai ativar uma outra enzima chamada PKC, e a PKC vai ativar fatores nucleares de transcrição – um deles é o NFkapaB – que estão presentes em todas as nossas células e eles estão envolvidos em indução de transcrição ao se ligar em alguns genes. Esse NFkapaB, quando a célula está inativa, fica retido no citoplasma e não consegue ir para núcleo porque está com um inibidor, chamado de IkapaB. Na ativação, há a fosforilação do IkapaB, que é degradado e vai soltar o NFkapaB, que vai para o núcleo induzir a transcrição de uma série de genes. A célula ativada tem que transcrever vários genes diferentes e cada gene precisa de vários fatores de transcrição. 
Ela não quer que decore os nomes! Ela quer que saiba que são vários fatores diferentes, com proteínas diferentes que tem que ser ativadas,que normalmente essas proteínas estão no citoplasma quando essa célula está inativa e quando são ativadas, esses fatores conseguem ir para o núcleo e no núcleo, eles vão se ligar a região promotora de diferentes genes. Outra coisa que é importante é: Depois que acontece a clivagem e o surgimento de IP3 e diacilglicerol, tem essa bifurcação e cada um vai ter uma ação dentro da célula, que será simultânea. 
O cálcio liberado na ação do IP3 ativa uma fosfatase que se chama calcineurina – na verdade, o cálcio ativa primeiro a calmodulina, que ativa a calcineurina e a calcineurina é uma fosfatase -, que retira fosfato. Ela vai retirar fosfato de um outro fator de transcrição chamado NFAT, que na célula em repouso, fica fosforilado. Só que quando a calcineurina tira o fosfato do NFAT, ele consegue migrar para o núcleo e se liga em promotores genéticos. 
Então tudo isso é em decorrência do primeiro sinal (Ufa) que era o TCR reconhecendo o MHC + peptídeo. Só que não basta o primeiro sinal, porque estamos vendo que além do primeiro sinal, existe um segundo sinal que também é imprescindível para que a célula T se ative e é dado por um outro conjunto – molécula CD28 na superfície da célula T reconhecendo a molécula B7 que está na APC. Essa célula vai se ativar, vai produzir IL-2 e ela começa a proliferar, continuando a produzir IL-2 que faz com que mais células se ativem. 
Antes de falar do segundo sinal, vamos falar de drogas que inibem a ativação do Linfócito T. Uma droga comum utilizada em transplante é a Ciclosporina A e também uma outra molécula que é o FK-506: Essas duas drogas atuam justamente naquela calcineurina. No início, se usou drogas mais genéricas, que atuavam na proliferação celular de qualquer célula, sendo muito citotóxicas. Depois veio uma outra geração de imunossupressores que foram purificados a partir de microrganismos (Ciclosporina A e o FK-506), sendo um produto de fungo e um de bactéria. Ambos inibem a ativação do NFAT, que é um dos fatores nucleares de transcrição e que atuam justamente na calcineurina. A ciclosporina não tem só efeito nos linfócitos T, também tem efeito nos linfócitos B porque ele também tem calcineurina, NFAT, etc. 
Vamos para o segundo sinal! No segundo sinal, a molécula CD28 que está no linfócito T reconhece a molécula B7 presente na célula dendritica. A célula dendrítica só expressa B7 se ela estiver sido ativada na imunidade inata. Por isso a ativação da imunidade inata é importante: Ela é necessária para que a imunidade adquirida possa acontecer porque, se não, as dendríticas, que são as principais APC, não vão apresentar na membrana a B7 (que é um conjunto de moléculas). Então, o segundo sinal é o CD28 do linfócito T reconhecendo a B7 da célula dendrítica. Isso vai provocar outra cascata de sinalização, com algumas partes da cascata como a ativação e mac quinases que fosforilam resíduos de serina e treonina, podem ser ativadas via segundo sinal e outras são ativadas via PKC do primeiro sinal. Algumas coisas são comuns, mas outras são exclusivas do segundo sinal e são importantes para que o linfócito T seja ativado. Se a célula T receber o primeiro sinal mas não receber o segundo sinal, a célula T entra em apoptose (morte celular programada) ou elas ficam em estado anérgico (a célula não consegue proliferar e nem exercer suas funções). A apoptose é super complexa, tem várias vias. Uma das formas é pela liberação de citocromo c da mitocôndria, porém existem moléculas que contrabalançam e impedem que essa apoptose ocorra tão facilmente. Uma das moléculas é a BCL-2, que se coloca na membrana da mitocôndria e a estabiliza. Mas essa BCL-2 não é produzida o tempo inteiro na célula, mas ela vai ser induzida pelo segundo sinal: Quando o linfócito T consegue receber o segundo sinal, ela aumenta a produção de BCL-2 e impede a apoptose. Então o segundo sinal é um sinal anti-apoptótico, entre outras coisas!

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