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FORMAÇÃO DO SOLO: PEDOGÊNESE Reconhecer uma introdução à Pedogênese. Debater sobre fatores de formação dos solos. Estudar o intemperismo. Conhecer a Geologia e tipos de rochas. Relacionar a Pedogênese à Geologia dos Solos. TEMA DE APRENDIZAGEM 2 1 4 UNIASSELVI INICIE SUA JORNADA Os solos são formados por um conjunto de agentes atuando sobre a rocha ma triz. Dentre estes, encontra-se a ação do tempo, do clima e do relevo, das plantas e animais. Esses fatores são chamados de agentes formadores do solo. De forma geral, o processo de formação de solos é chamado de intemperismo, ou seja, fenômenos físicos, químicos e biológicos que atuam sobre a rocha e conduzem à formação de partículas não consolidadas. A diversidade de solos encontrados no Brasil reflete as variações que ocorrem na natureza dos fatores de formação. Ressalta-se que é preciso, sobretudo, que a matéria orgânica seja misturada com o material mineral para que o solo possa existir de verdade. Assim, neste tema, você vai estudar os fatores e processos de formação do solo, sejam eles ativos (clima, organismos) ou passivos (rocha, relevo, tempo), além dos agentes físicos e químicos do processo de intemperismo. Para comple mentar sua aprendizagem, ainda serão abordados os tipos de rochas e a geologia, bem como sua classificação em rochas ígneas, metamórficas e sedimentares. PLAY NO CONHECIMENTO Para complementar o tema que será discutido a seguir, você está sendo convidado a ouvir o podcast preparado especialmente para você, estudante. O tema do pod cast que preparamos é Pedogênese. Nesse podcast, serão comentados conteúdos sobre fatores e processos de formação de solos, bem como o material de origem voltada para rochas e sua classificação. Vamos juntos nesta jornada! Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem VAMOS RECORDAR? Que tal recordar os tópicos da Pedogênese de forma interativa e bastante visual? No vídeo O Que é Pedogênese? Processo de Origem ou Formação do Solo, você terá acesso a esse conteúdo incrível, que o ajudará a adentrar o tema de estudo. Além disso, você também encontrará informações sobre fatores e processos de formação responsáveis pela gênese dos mais variados tipos de solos, nos distintos ambientes que compõem o planeta. 1 5 TEMA DE APRENDIZAGEM 2 DESENVOLVA SEU POTENCIAL PEDOGÊNESE INTRODUÇÃO À PEDOGÊNESE A formação do solo (pedogênese) ocorre quando as modificações causadas nas rochas pelo intemperismo se tornam, sobretudo, estruturais, com impor tante reorganização e transferência dos minerais formadores do solo (argi lominerais e oxi-hidróxidos de ferro e de alumínio) entre os níveis superiores do manto de alteração (WERLANG et al., 2019). Posteriormente, entram em ação a fauna e a flora do solo que, ao realizarem suas funções vitais, modifi cam e movimentam grandes volumes de material, mantendo o solo aerado e renovado na sua parte exposta. A pedogênese leva à formação de um perfil de solo. A estruturação de um perfil ocorre na posição vertical a partir da rocha fresca, na base, sobre a qual se formam o saprólito e o solum, que constituem, juntos, o manto de alteração ou regolito, a ser estudado com maior aprofundamento a seguir. 1 1 UNIASSELVI INDICAÇÃO DE LIVRO Livro: Pedologia - Solos dos Biomas Brasileiros Essa obra tem como objetivo central cobrir uma lacuna no en tendimento da Pedologia e Pedogênese atreladas aos biomas brasileiros. Esse entendimento versa didaticamente sobre di ferentes ambientes de formação do solo, tais como pampa gaúcho, mata atlântica, cerrado, floresta amazônica, caatinga e pantanal. além desses biomas principais, o livro também aborda a pedologia dentro de ambientes como solos das pradarias mis tas, solos de tabuleiros costeiros, solos de restingas e áreas úmi das costeiras e solos das ilhas oceânicas. Vale a pena a leitura! FATORES DE FORMAÇÃO DOS SOLOS Estudos realizados em várias partes do mundo atestam que os diversos tipos de solos são controlados por cinco principais fatores e quatro principais processos de formação (Figura 1) (REICHARDT; TIMM, 2016): 1 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 2 Figura 1 - Fatores que controlam a formação do solo / Fonte: a autora. Descrição da Imagem: na imagem, há um fluxograma explicando a pedogênese com seus fatores e processos de formação. A partir do círculo central com denominação de Pedogênese, há círculos para os fatores de formação do solo, de onde saem linhas os representando, tais como clima (representado por imagem do sol entre nuvens), material de origem (representado por imagem de rochas), relevo (representado por imagem de paisagem), orga nismos (representado por imagem de minhocas no solo) e tempo (representado por imagem de relógio), também dispostos em círculos com suas respectivas imagens; e há também um círculo para os processos, com imagens representando adições, remoções, transportes e transformações, representados por figuras. EU INDICO Para complementar seus estudos, que tal se aprofundar no tema acessando o do cumento sobre Intemperismo e Pedogênese? Esse material contém detalhes que podem auxiliar na sua aprendizagem. Aproveite! Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem 1 8 UNIASSELVI O clima e os organismos são os fatores ativos porque, durante determinado tem po e condições de relevo, agem diretamente sobre as rochas (tipos de materiais de origem). Já as rochas, o relevo e o tempo são os fatores passivos. Qualquer solo é o resultado da ação combinada de todos esses cinco fatores de formação. A seguir, será mostrado como age cada um dos cinco fatores na formação do solo (TORRES; MENEZES; NETO, 2015). 1. Clima: é o fator que, geralmente, exerce maior influência sobre todos os outros fatores que auxiliam na formação dos solos. Os elementos do clima que atuam diretamente no intemperismo das rochas são a temperatura, precipitação e a umidade. Um material derivado de uma mesma rocha poderá formar solos diferentes se decomposto em condições climáticas diferentes. Porém, rochas diferentes podem formar solos parecidos em exposição a longo período, em um mesmo ambiente climático. Os principais elementos do clima (temperatura, precipitação e umida de) regulam o tipo e a intensidade de intemperismo das rochas, o crescimento dos organismos e a distinção entre os horizontes pedogenéticos. O oxigênio e o gás carbônico dissolvidos na água são os responsáveis pela maior parte das reações químicas nos minerais. 1 9 TEMA DE APRENDIZAGEM 2 Portanto, quanto mais quente e mais úmido for o clima, mais rápida e intensa será a decomposição das rochas, que fornecem materiais muito intemperizados, como solos espessos e com abundância de minerais secundários (principalmen te argilominerais e óxidos de ferro e de alumínio) e pobres em cátions básicos (principalmente cálcio, magnésio e potássio). Os minerais secundários são ar gilominerais e óxidos. Já no clima árido e/ou muito frio, os solos são normalmente pouco espessos, contêm menos argila e mais minerais primários, que pouco ou nada foram afe tados pelo intemperismo. Nos solos de clima quente e úmido (solos tropicais), a grande quantidade de chuva faz com que maiores volumes de água se infiltrem, solubilizando e arrastando para o nível freático e cursos d’água muitos nutrientes da solução do solo, onde as cargas elétricas são neutralizadas, conferindo ao solo propriedades ácidas. Nessas condições, encontram-se em exuberantes florestas com árvores cons tantemente verdes, que produzem grandes quantidades de resíduos orgânicos, que se decompõem rapidamente. A maior parte dos solos das regiões áridas e semiári das é neutra ou alcalina, enquanto a maioria dos solos em regiões úmidas é ácida. 2. Organismos vivos: o solo é habitado por inúmeras espécies, formando um ecossistema. Os microrganismos fazem parte do solode maneira indissociável, sendo responsáveis por inúmeras reações bioquímicas relacionadas não só com a transformação da matéria orgânica, mas tam bém com o intemperismo das rochas (PELINSON et al., 2021). 4 1 UNIASSELVI Assim, os microrganismos do solo desempenham papel fundamental na gê nese (formação) do solo e, ainda, atuam como reguladores de nutrientes, pela decomposição da matéria orgânica e ciclagem dos elementos, atuando, portanto, como fonte e dreno de nutrientes para o crescimento das plantas. INDICAÇÃO DE FILME Filme: Solo Fértil Sinopse: Solo Fértil se trata de uma obra em forma de do cumentário disponível em algumas plataformas de streaming, que traz uma ideia de agricultura regenerativa, abordando o potencial do solo nesse processo. Comentário: como o próprio nome sugere, esse filme vai mos trar a você, estudante, o quanto o solo pode ser rico em vida e nos ajudar a ter uma ambiente mais equilibrado e sustentável. Um grande documentário, didático e com ótima atuação. Os microrganismos do solo, também chamados coletivamente de microbiota, são representados por cinco grandes grupos: bactérias, actinomicetos ou ac tinobactérias, fungos, algas e protozoários. Apesar de constituírem somente 1 a 4% do carbono total e ocuparem menos de 5% do espaço poroso do solo, a diversidade e a quantidade de microrganismos são bem elevadas. Entretanto, como o solo é normalmente um ambiente estressante, limitado por nutrientes, somente 15% a 30% das bactérias e 10% dos fungos se encontram em estado ativo. Os componentes microbianos vivos do solo são também denominados biomassa microbiana, e as bactérias e fungos respondem por cerca de 90% da atividade microbiana do solo. APROFUNDANDO Apesar de constituírem somente 1 a 4% do carbono total e ocuparem menos de 5% do espaço poroso do solo, a diversidade e a quantidade de microrganismos são bem elevadas. 4 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 2 Os microrganismos são responsáveis pelos processos de mineralização, represen tando eles próprios uma quantidade considerável de nutrientes potencialmente disponíveis para as plantas. Em condições ideais, a microbiota do solo permite que os nutrientes sejam, gradualmente, liberados para a nutrição das plantas, sem perdas por lixiviação. A diminuição da microbiota do solo prejudica a fixação temporária dos nu trientes, incrementando suas perdas e resultando no empobrecimento do solo. De uma maneira geral, os microrganismos estão envolvidos em vários processos de grande interesse agronômico, particularmente no que se refere à agricultura orgânica e à rotação de culturas. Dentre os processos, podem ser destacados: Decomposição da matéria orgânica Produção de substâncias promotoras ou inibidoras Ação antagônica aos patógenos Ciclagem de nutrientes Transformações bioquímicas como nitri cação e oxirredução Fixação biológica do nitrogênio Figura 2 - Processos de interesse agronômico envolvendo microrganismos / Fonte: a autora. Descrição da Imagem: na imagem, há um fluxograma circular com várias caixas interligadas, apresentando os processos que geralmente são intermediados pelos microrganismos no solo, dispostos na seguinte sequência: 1) decomposição da matéria orgânica (cor laranja), 2) ciclagem de nutrientes (cor verde claro), 3) transformações bioquímicas como nitrificação e oxirredução (cor verde lima), 4) fixação biológica do nitrogênio (verde bandeira), 5) ação antagônica aos patógenos (azul claro), 6) produção de substâncias promotoras ou inibidoras (azul escuro). 4 1 UNIASSELVI Os organismos vivos viabilizam a estabilidade estrutural do solo. Isso acontece devido à presença dos microrganismos que provocam a acumulação de matéria orgânica, a mistura dos perfis e promovem a ciclagem dos nutrientes no solo (FINKLER et al., 2018). INDICAÇÃO DE LIVRO Livro: Microbiologia e Bioquímica do Solo Para se aprofundar a respeito dos organismos vivos do solo, su giro a leitura do livro: Microbiologia e Bioquímica do Solo. Você terá acesso a uma leitura fascinante sobre o mundo vivo dos solos. Aproveite a leitura! 3. Material de origem: o material originário se refere a todo material não consolidado a partir do qual o solo se formou. Outro ponto interessante é que os materiais que dão origem ao solo podem ser classificados como autóctones, ou seja, originam-se da ação intempérica junto ao material parental (rocha subjacente). Já os materiais que foram conduzidos de outras áreas e que não estão relacionados com o embasamento são classificados como alóctones. 4 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 2 E, por último, os materiais pseudoautóctones são todos aqueles que resultam de um processo de mistura dos produtos locais ao longo das encostas. As rochas são um tipo de material de origem do solo. 4. Relevo: existe uma grande diversidade de formas na superfície terrestre que se configura em diferentes paisagens caracterizadas pelo relevo. As sim, podemos dizer que os conjuntos irregulares que a superfície terrestre apresenta são denominados de relevo. O relevo deriva de um processo de configuração superficial da crosta terrestre, afetando diretamente o desenvolvimento dos solos. Logo, exerce influência sobre a dinâmica da água, erosão, microclimas e, por consequência, na temperatura do solo. É a ação do relevo que reflete, de forma direta, na dinâmica das águas, seja em um sentido vertical através da infiltração, seja no sentido lateral, pelo escoa mento das águas da chuva, e também nos processos de drenagens do solo, ou seja no sentido longitudinal, que determina a configuração dos rios, conforme é apresentado a seguir. VOCÊ SABE RESPONDER? O que são solos coluviais? 4 4 UNIASSELVI Rios com ilhas no leito Rios retos R ios curvos Retilíneos Entomosados Figura 3 - Tipos de rios conforme a curvatura / Fonte: a autora. Meândricos Descrição da Imagem: na imagem, há um fluxograma apresentando três formatos de rios que se encontram representados por círculos verdes vazios: retos (retilíneos) (círculo verde escuro cheio), rios com ilhas no leito (entomosados) (círculo verde claro cheio) e rios curvos (meândricos) (círculo verde intermediário cheio). De acordo com as características geomorfológicas do relevo, podemos encontrar diferentes tipos de solos, assim, solos de encostas são diferentes de solos das planícies. Devido à topografia, encontramos denominações diferentes para os solos: aluviais, coluviais e eluviais. SOLOS ALUVIAIS São solos que foram transportados pela água corrente e depositados nas laterais dos rios, formando as planícies aluviais ou diques marginais. Os materiais constituintes desses solos são de origem cumulativa de resíduos minerais ao longo do tempo, oriundos de regiões de dentro da bacia hidrográfica. SOLOS COLUVIAIS São solos resultantes de fragmentos minerais de rochas alteradas, advindas de cama das mais profundas misturadas a partículas de solo advindas dos locais de maior ele vação. Esses solos são encontrados, de forma geral, em locais de terreno com declive. 4 5 TEMA DE APRENDIZAGEM 2 SOLOS ELUVIAIS São solos derivados somente do material de origem, ou seja, não sofrem influência pelo transporte de material mineral particulado de regiões próximas. 5. Tempo: o estágio inicial da formação do solo pode ser exemplificado como uma superfície de um afloramento rochoso, em que musgos e lí quens começam a se desenvolver sobre uma delgada camada de rocha decomposta. Com o passar do tempo, as características desse solo co meçam a se tornar distintas, em que os horizontes vão se espessando e se tornando diferentes, e o solum pode atingir alguns metros. Portanto, a característica principal de influência do/pelo tempo é a espessura, pois solos jovens são normalmente menos espessos que os velhos. A exposição do material de origem na superfície terrestre ocorre tanto por eventos lentos e contínuos como pela deposição dinâmica de sedimentosnas várzeas dos rios, assim como por derrame de lavas e cinzas de erupções vulcâ 4 1 UNIASSELVI nicas ou desbarrancamento súbito, que remove todo o regolito de uma encosta íngreme e expõe a rocha inalterada subjacente. Esses eventos representam o início do novo ciclo de formação do solo (tempo zero). Ao ficar exposta na atmosfera, a rocha se intemperiza para se equilibrar com as novas condições de organismos vivos e elementos do clima atmosférico, e, em seguida, as plantas e microrganismos se estabelecem, alimentando-se da água armazenada e dos nutrientes liberados pela decomposição dos minerais. Ao longo do tempo, outras mudanças vêm a ocorrer como a formação e translocação de argila, a remoção de sais minerais e adições de húmus. Essas transformações ocorrem para haver um novo equilíbrio dinâmico com a na tureza, e quando os solos atingem esse estado, tornam-se espessos e com hori zontes bem definidos (maduros). No início da sua formação, são denominados pouco desenvolvidos. O período para que um solo passe do estágio jovem para o maduro varia com o tipo de material de origem, condições de clima e grau de erosão, precisando de centenas a muitos milhares de anos para ser completado. O tempo necessário para a formação da espessura do solo a partir de um material é assunto de vários estudos (DAIBERT; SANTOS, 2014). INTEMPERISMO O intemperismo é o conjunto de modificações de ordem física (desagregação) e química (decomposição) que as rochas sofrem ao surgir na superfície da Terra. Os produtos do intemperismo, rocha alterada e solo, estão sujeitos a outros processos, como erosão, transporte e sedimentação, que acabam levando à ex posição continental, com o consequente aplainamento do relevo. Quanto mais afastados se encontram os materiais do perfil em relação à rocha parental, mais diferenciados em termos de composição, estrutura e texturas eles vão se tornando. A pedogênese e o intemperismo são dependentes do clima e do relevo, ocorrendo de maneira distinta nos diferentes estágios morfoclimáticos do globo, levando à formação de perfis em processo de decomposição de hori zontes de diferente espessura e composição. O intemperismo é classificado em função dos mecanismos predominantes de atuação, tal como é apresentado a seguir (BERTOLLO et al., 2019): 4 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 2 Intemperismo químico Intemperismo físico Figura 4 - Tipos de intemperismo do solo / Fonte: a autora. Descrição da Imagem: na imagem, há um fluxograma apresentando uma seta na direção vertical com os dois tipos de intemperismo de solo: intemperismo físico (círculo azul na posição inferior dentro da seta) e intemperismo químico (círculo verde na posição superior dentro da seta). 1. Intemperismo físico: os processos intempéricos que atuam como me canismos modificadores das propriedades físicas dos minerais e rochas são denominados de intemperismo físico. Isso causa a degradação das rochas, separando os grãos minerais antes coesos, e sua fragmentação, transformando a rocha inalterada em material descontínuo e friável. As rochas têm sua origem em condições extremas de temperatura e pressão, em sua maioria, e, quando expostas à atmosfera, ficam sujeitas às condições de umidade, de temperatura, precipitação e de pressão diferentes daquelas de origem. As variações de temperatura causam a expansão e contração térmica nos materiais rochosos, levando à fragmentação dos grãos minerais. Já os minerais com diferentes coeficientes de dilatação térmica se comportam de forma diferenciada às variações de temperatura, provocando o deslocamento relativo entre os cristais, rompendo a coesão inicial entre os grãos. 4 8 UNIASSELVI Também a mudança periódica de umidade pode causar expansão e contração, provocando o enfraquecimento e fragmentação das rochas. Esse mecanismo de ex pansão e contração dos materiais rochosos é eficiente nos desertos, onde a diferença de temperatura entre o dia e a noite é muito acentuada (BERTOL et al., 2010). As rochas possuem fissuras que, quando preenchidas com água e, posterior mente, congeladas, sofrem um aumento de volume de cerca de 9%, exercendo pressão nas paredes, causando esforços que terminam por aumentar a rede de fraturas e fragmentação da rocha. A cristalização de sais dissolvidos nas águas de infiltração tem efeito parecido com o congelamento, pois o crescimento desses minerais também favorece a expansão das fissuras e a fragmentação das ro A temperatura causa a expansão térmica das rochas chas. Essa cristalização pode chegar a exercer pressões enormes sobre as paredes das rochas, devido à expansão térmica. Quando as partes mais profundas dos corpos rochosos sobem a níveis mais superficiais, acontece o alívio da pressão, e os corpos rochosos expandem, cau sando a abertura de fraturas grosseiramente paralelas à superfície ao longo da qual a pressão foi aliviada. Essas fraturas recebem o nome de juntas de alívio, e também fazem parte dos mecanismos do intemperismo físico. Outro efeito do intemperismo físico é a quebra das rochas pela pressão causada devido ao desenvolvimento das raízes das plantas nas suas fissuras. Portanto, quando as rochas são fragmentadas e, consequentemente, aumentando a superfície exposta ao ar e à água, o intemperismo físico abre caminho e facilita o intemperismo químico. 2. Intemperismo químico: quando as rochas afloram à superfície da Terra, seus minerais entram em desequilíbrio e, através de uma série de reações químicas, transformam-se em outros minerais, que, por sua vez, são mais estáveis nesse novo ambiente (com pressões e temperaturas baixas e grande concentração de água e oxigênio) (WERLANG et al., 2019). O principal agente do intemperismo químico é a água da chuva, que infiltra e percola as rochas. Essa água possui grande concentração de oxigênio, que reage com o dióxido de carbono atmosférico, adquirindo caráter ácido, e se tornando cada vez mais ácido quando entra em contato com o solo, pois a respiração das plantas pelas raízes e a oxidação da matéria orgânica enriquecem o ambiente com dióxido de carbono. 4 9 TEMA DE APRENDIZAGEM 2 Quando a degradação da matéria orgânica não é completa, vários ácidos orgânicos são formados reagindo com as águas percolantes, tornando-as muito ácidas e aumentando seu poder de oxidação dos minerais. Os constituintes solúveis das rochas intemperizados são transportados pelas águas que drenam o perfil de alteração (fase solúvel). Em consequência, o material que resta no perfil de alteração (fase residual) se torna enriquecido nos constituintes menos solúveis que estão nos minerais primários residuais, que resistiram à ação intempérica e nos minerais secundários que se formaram no perfil (TORRES; MENEZES; NETO, 2015). Granitos são importantes rochas ácidas e claras que contêm feldspatos. As mudanças climáticas e fenômenos tectônicos colocam em desequilíbrio o manto de alteração dos continentes, removendo a vegetação e o tornando vul nerável à erosão mecânica. As reações do intemperismo químico podem ser representadas pela seguinte equação genérica: mineral + solução de alteração -> mineral ll + solução de lixiviação Na maioria dos ambientes da superfície terrestre, as águas percolantes têm pH entre 5 e 9, onde as principais reações do intemperismo químico são: Hidrólise Dissolução Oxirredução Oxirredução Reações do intemperismo químico do solo 5 1 Figura 5 - Reações do intemperismo químico do solo / Fonte: a autora. Descrição da Imagem: na ima gem, há as principais reações de intemperismo químico do solo dispostas em um cone que apre senta base maior no lado superior e base menor no lado inferior. Dentro do cone, há círculos com as principais reações: dissolução (círculo em verde no lado esquer do superior do interior do cone), hidrólise (círculo em azul no lado direito superior do interior do cone) e oxirredução (círculo em laranjano lado inferior do interior do cone). UNIASSELVI A hidrólise é a reação de sais de ácido fraco, como o ácido silícico, e bases for tes, como hidróxido de sódio, o hidróxido de potássio, o hidróxido de cálcio e o hidróxido de magnésio. A hidratação dos minerais ocorre pela atração entre os dipolos das moléculas de água, e as cargas elétricas não neutralizadas das superfícies dos grãos, onde as moléculas de água entram na estrutura mineral, formando um novo mineral (BERTOL et al., 2010). A dissolução é a solubilização completa de alguns minerais, ocorrendo com frequência em terrenos calcários, levando à formação de relevos cársticos, ca racterizados por cavernas e dolinas. Já a oxidação é a reação que acontece com transferência de elétrons, modificando o número de elétrons dos minerais en volvidos, logo, adquirindo outras propriedades. Por exemplo, o piroxênio pode se transformar em goethita através de uma reação de oxidação. GEOLOGIA E TIPOS DE ROCHAS As rochas são consideradas o material geológico do qual o solo é originário, sendo um fator de resistência à sua formação, exercendo passividade à ação do clima e dos organis mos. A maior ou menor velocidade com que o solo se forma depende do tipo de mate rial originário, uma vez que, sob condições idênticas de clima, organismos e topografia, certos solos se formam mais rapidamente do que outros (DAIBERT; SANTOS, 2014). Existe uma grande variedade de rochas (materiais de origem), porém os mais comuns podem ser agrupados em quatro categorias: CATEGORIA 1 Materiais derivados de rochas claras (ou ácidas), como granitos, gnaisses, xistos e quartzitos. CATEGORIA 2 CATEGORIA 3 Materiais derivados de rochas ígneas escuras (ou básicas), como basalto, diabásios, gabros e anfibolitos. Materiais derivados de sedimentos consolidados, como arenitos, ardósias e rochas calcárias. 5 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 2 CATEGORIA 4 e depósitos orgânicos. Sedimentos inconsolidados, como aluviões recentes, dunas de areia, cinzas vulcânicas O solo que é formado sobre a superfície terrestre se origina de vários tipos di ferentes de rochas (FINKLER et al., 2018). EM FOCO Confira a aula referente a este tema. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem NOVOS DESAFIOS Neste tema, você conheceu a pedogênese. Com base nas suas novas aprendiza gens, seu conhecimento sobre solos está evoluindo cada vez mais. É possível que você já visualize o solo de outra forma. Você também poderá acessar os materiais indicados no decorrer do tema para complementar sua abordagem. Os materiais foram selecionados com cuidado para que você construa uma apren dizagem consolidada e embasada em conceitos, definições e reflexões críticas sobre Pedogênese. Também foi possível conhecer a importância dos fatores e processos de formação do solo, responsáveis pela sua origem. A partir da atuação do clima, material de origem, relevo, organismos e tempo em conjunto com as adições, remoções, transportes e transformações de materiais, uma grande variedade de solos é gerada na natureza. Você também pôde conhecer a classificação de um dos principais materiais originários do solo: as rochas. Esse importante recurso para a gênese do solo pode ser classificado em magmáticas (ou ígneas extrusivas e intrusivas), sedimentares e metamórficas. Vamos relembrar o que foi estudado nesta tema? ■ Os solos no processo de formação são controlados por cinco principais fatores: ativos (clima e organismos) e passivos (rocha, relevo e tempo). 5 1 UNIASSELVI ■ Os principais elementos do clima (temperatura e umidade) regulam o tipo e a intensidade de intemperismo das rochas, o crescimento dos or ganismos e a distinção entre os horizontes pedogenéticos. ■ Os organismos auxiliam no processo de decomposição e formação da matéria orgânica do solo. ■ Os materiais que dão origem ao solo podem ser classificados como au tóctones (que se originam da ação do intemperismo do material parental - rocha subjacente); alóctones (materiais que foram conduzidos de outras áreas) e pseudoautóctones (que resultam de um processo de mistura dos produtos locais ao longo das encostas). ■ As rochas (materiais de origem) podem ser agrupadas em quatro cate gorias: a) materiais derivados de rochas claras; b) materiais derivados de rochas ígneas escuras; c) materiais derivados de sedimentos consolidados; d) sedimentos inconsolidados. ■ A partir da lixiviação, da erosão e da cobertura vegetal, o relevo afeta o desenvolvimento do solo. ■ Além do mais, devido à topografia, encontramos denominações diferen tes para os solos: aluviais, coluviais e eluviais. ■ O período para que um solo passe do estágio jovem para o maduro varia com o tipo de material de origem, condições de clima e grau de erosão. ■ Intemperismo é o conjunto de modificações de ordem física (desagre gação) e química (decomposição) que as rochas sofrem ao surgirem na superfície da Terra. ■ Os produtos do intemperismo, rocha alterada e solo, estão sujeitos a outros processos, como erosão, transporte e sedimentação. ■ O intemperismo é classificado como físico e químico, em função dos mecanismos predominantes de atuação. ■ Os processos intempéricos que atuam como mecanismos modifica dores das propriedades físicas dos minerais e rochas (morfologia, resis tência, textura, dentre outros) são denominados de intemperismo físico. ■ O principal agente do intemperismo químico é a água da chuva, que infiltra e percola as rochas. ■ As principais reações do intemperismo químico são: hidratação, dis solução, hidrólise e oxidação.