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DESCRIÇÃO
Introdução ao estudo dos solos, por meio dos principais processos de
formação, propriedades e sistemas de classificação, além da definição
dos horizontes.
PROPÓSITO
Compreender a importância e os processos responsáveis pela
formação dos solos, como os solos se relacionam com o ambiente e
como podem ser classificados, considerando suas propriedades, sua
morfologia e seus horizontes, bem como sua caracterização no
Sistema Brasileiro de Classificação dos Solos (SiBCS).
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Reconhecer os elementos de estudo dos solos
MÓDULO 2
Classificar os solos
INTRODUÇÃO
O solo é um dos componentes mais importantes do ambiente. Um
retrato de processos geológicos milenares que contam a história de sua
formação, a partir da rocha matriz e através de processos físicos,
químicos e biológicos do planeta. É por meio do solo que a vegetação
se nutre e cresce, dando abrigo a diversas espécies. É o solo que nutre
os cultivos que se tornarão alimento para a população e que abriga os
principais processos de transformação da matéria, recebendo e
disponibilizando nutrientes através da ação de diversos organismos. O
solo é, portanto, um habitat. Por suas características podemos
compreender o processo de infiltração da água da chuva, que garante
a manutenção de aquíferos e que, em última instância, é fonte de água.
O solo é uma sentinela dos impactos da ação antrópica sobre a
superfície do planeta. É por meio dele que uma série de efeitos
negativos se propaga na natureza, atingindo diferentes ecossistemas e
sua biodiversidade.
No entanto, apesar de parecer inquestionável, a percepção atual da
importância dos solos e dos processos que ocorrem nele não é tão
distante assim. A Pedologia, ramo da ciência dedicado ao estudo da
gênese, morfologia e classificação dos solos, foi lançada em 1880, na
União Soviética, por Dokuchaev. O pesquisador russo percebeu que o
solo não era apenas um simples amontoado de materiais não
consolidados com diferentes níveis de degradação, mas era resultado
da interação de inúmeros fatores com o material de origem, produzindo
o solo.
Nos próximos módulos, vamos discutir os principais processos
responsáveis pela formação dos solos, seus principais fatores
determinantes, como se relacionam com o ambiente e como podemos
caracterizá-los. Em seguida, vamos entender o processo de
classificação dos solos, as principais características dos horizontes que
formam seu perfil e o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos.
MÓDULO 1
 Reconhecer os elementos de estudo dos solos
O QUE É SOLO?
O solo é resultado de diversos processos, o que torna difícil apresentar
uma definição simples para ele. De toda forma, podemos definir o solo
através dos processos responsáveis por sua formação. O solo se refere
à camada de material que foi física, química e biologicamente alterada,
recobrindo as rochas e outros materiais inalterados na superfície
terrestre.
De acordo com o Manual Técnico de Pedologia, a melhor definição do
solo é a estabelecida pela Soil Taxonomy, em 1975:
SOLO É A COLETIVIDADE DE
INDIVÍDUOS NATURAIS, NA SUPERFÍCIE
DA TERRA, EVENTUALMENTE
MODIFICADO OU MESMO CONSTRUÍDO
PELO HOMEM, CONTENDO MATÉRIA
ORGÂNICA VIVA E SERVINDO OU
SENDO CAPAZ DE SERVIR À
SUSTENTAÇÃO DE PLANTAS AO AR
LIVRE. EM SUA PARTE SUPERIOR,
LIMITA-SE COM O AR ATMOSFÉRICO OU
ÁGUAS RASAS. LATERALMENTE,
LIMITA-SE GRADUALMENTE COM
ROCHA CONSOLIDADA OU
PARCIALMENTE DESINTEGRADA, ÁGUA
PROFUNDA OU GELO. O LIMITE
INFERIOR É TALVEZ O MAIS DIFÍCIL DE
DEFINIR. MAS O QUE É RECONHECIDO
COMO SOLO DEVE EXCLUIR O
MATERIAL QUE MOSTRE POUCO EFEITO
DAS INTERAÇÕES DE CLIMA,
ORGANISMOS, MATERIAL ORIGINÁRIO E
RELEVO, ATRAVÉS DO TEMPO.
(IBGE, 2007, p.31).
Ou seja, o solo é resultado de um processo de transformações a partir
de um material de origem, a rocha matriz, e recebe influência contínua
de outros fatores.
É COMPOSTO, PORTANTO, POR
ELEMENTOS DA ROCHA MATRIZ,
MINERAIS RECÉM-TRANSFORMADOS,
MATÉRIA ORGÂNICA MORTA DE
ORIGEM ANIMAL E VEGETAL, AR E
ÁGUA EM SEUS POROS, RAÍZES VIVAS
DAS PLANTAS QUE SE ESTABELECEM
SOBRE SUA SUPERFÍCIE, MICRO-
ORGANISMOS E ANIMAIS, COMO
VERMES E ARTRÓPODES, QUE FAZEM
DO SOLO PALCO DE PROCESSOS
ECOLÓGICOS ÚNICOS.
(RICKLEFS, 2010).
Foto: Shutterstock.com.
Neste módulo vamos discutir os principais processos que formam o
solo, os fatores que controlam o intemperismo, como isso determina e
quais são as principais propriedades dos solos. Além disso, vamos
explorar como o solo se relaciona com o meio ambiente, sendo
importante sentinela das transformações que ocorrem na superfície do
planeta.
FATORES E PROCESSOS DE
FORMAÇÃO DOS SOLOS
Os solos se caracterizam pelo processo contínuo de transformação ao
qual estão submetidos, modificando-se à medida que se desenvolvem
sobre a rocha matriz. Ainda que atinjam um estado com propriedades
relativamente estáveis, permanecem em um fluxo constante.
CAMADA INFERIOR
A rocha matriz se decompõe vagarosamente através da ação da chuva
e outros fatores. A verdade é que todas as rochas da Terra vêm
sofrendo a ação dos agentes de erosão há bilhões de anos.
A chuva que corre pelas encostas, os rios, as ondas e a corrente do
mar, o vento carregado de areia, as mudanças bruscas de temperatura
e a ação biológica atuam alterando a forma e a dimensão das rochas. A
água, com sua enorme capacidade de dissolver substâncias, forma
ácidos que, por sua vez, desagregam as rochas. Muitas vezes,
algumas rochas e minerais se esfarelam nas nossas mãos, dando
origem aos grãos e às partículas que formam os solos. De acordo com
os diferentes tipos de rocha, teremos diferentes tipos de solo. Assim, a
água transporta compostos entre as diferentes camadas, removendo e
trazendo substâncias entre elas. O solo é, portanto, um compartimento
dinâmico!
CAMADA SUPERIOR
A vegetação possui papel-chave na contribuição de compostos
orgânicos que se concentram na parte superior do solo. Os restos de
folhas, galhos, raízes e os corpos dos animais mortos formam a
matéria orgânica. Esta sofre ataque dos diversos organismos que
vivem no solo, fazendo com que se decomponha e libere nutrientes que
possam novamente ser utilizados pelas plantas e outros organismos. A
matéria orgânica tem grande importância para os solos, principalmente
para aqueles que já sofreram muita ação do tempo, pois possui uma
capacidade de retenção de água e nutrientes muitas vezes maior do
que argilas.
Considerando a história geológica da Terra, podemos pensar que
inicialmente não havia o solo, apenas a camada da crosta terrestre
composta pelas rochas originárias ou rocha matriz. A partir daí,
diversos fatores e processos atuaram sobre a rocha matriz para que
fossem formados os sedimentos que comporiam o solo. A ação lenta do
clima, da água e dos organismos que se estabeleceram sobre a crosta
contribuíram para formação do solo a partir da rocha matriz ao longo de
milhões de anos.
Imagem: Shutterstock.com.
 Processo de formação do solo e estabelecimento dos diferentes
horizontes.
O intemperismo destaca-se entre os principais processos
responsáveis pela formação dos solos, ou seja, pela pedogênese.
O intemperismo caracteriza-se pela alteração física (desagregação) e
química (decomposição) do material rochoso próximo à superfície da
Terra, por meio da ação das águas superficiais. O processo de
congelamento e derretimento da água proporciona um efeito físico de
transformação da rocha, fragmentando-a em pedaços menores.
Quimicamente, a água possui papel na dissolução de minerais, como o
cloreto de sódio e o sulfato de cálcio. Tais processos de modificação da
rocha matriz proporcionam a estrutura básica do solo.
Foto: Shutterstock.com.
Os fatores que controlam o processo de intemperismo são aqueles que
determinarão as características e propriedades físico-químicas do solo.
Assim, dependendo de como o intemperismo ocorre, os solos poderão
variar em textura, ou seja, em relação à composição de silte, argila e
areia; cor,variando entre solos vermelhos, amarelos ou cinza-
esbranquiçados; concentração de matéria orgânica; profundidade e
organização e delimitação de seus horizontes.
Entre os fatores que controlam o intemperismo destacam-se o clima, o
relevo, a matéria orgânica, o tempo de exposição e o tipo de rocha
matriz em que se forma o solo. Vamos conhecer mais sobre eles a
seguir.
CLIMA
Fator determinante no intemperismo, em especial no que se refere à
precipitação e temperatura. O clima controla a natureza e a velocidade
das reações químicas que ocorrem durante a pedogênese.
RELEVO
Responsável por controlar o papel do escoamento das águas
superficiais e, portanto, afeta a infiltração da água no solo e o processo
de dissolução e lixiviação de compostos.
ORGANISMOS
Revelam principalmente a importância da matéria orgânica como
constituinte do solo e da ação da fauna, determinando suas
propriedades. Formada a partir de atividade biológica que ocorre sobre
o solo, em especial com a contribuição das plantas, a matéria orgânica
influencia as reações químicas, afetando a acidez, refletindo na
solubilidade de diversos compostos, como o alumínio.
TEMPO DE EXPOSIÇÃO DA ROCHA
Quanto maior o tempo de exposição da rocha matriz, maior o efeito dos
processos de desagregação e decomposição.
TIPOS DE ROCHA
A composição mineralógica da rocha matriz pode torná-la mais ou
menos suscetível a transformações. Por exemplo, enquanto quartzitos
são muito resistentes ao intemperismo, mármores são rochas
facilmente alteráveis. As rochas geralmente são classificadas em:
rochas magmáticas (formadas pelo resfriamento e solidificação do
magma), sedimentares (originadas da intemperização de rochas pré-
existentes) e metamórficas (originadas a partir das rochas magmáticas
ou sedimentares, submetidas à alta temperatura e pressão).
Imagem: Solos,PES; ARENHARDT, 2015, p. 22, adaptado por Angelo
Souza.
 Processos responsáveis pela formação das rochas magmáticas,
sedimentares e metamórficas.
Algumas denotações costumam representar o solo como resultado da
interação destes cinco fatores em uma equação:
Esse modelo foi apresentado por Jenny em seu livro Factors of Soil
Formation, de 1941, e tem sido adotado por estudiosos do tema, pela
possibilidade de se isolar quatro fatores e de se trabalhar com a
variabilidade de apenas um, os chamados estudos em sequência
(TULLIO, 2019).
Imagem: Formação, classificação e cartografia dos solos, TULLIO,
2019, p. 5.
 Processos preponderantes para a formação do solo.
Esses fatores, através do efeito do intemperismo, caracterizarão os
diferentes tipos e as propriedades do solo. Por exemplo:
 EXEMPLO
A argila é formada a partir da percolação do hidrogênio através do
granito, deslocando íons de potássio e magnésio, que se combinam
com o ferro, alumínio e silício remanescente. Essas partículas possuem
papel fundamental na capacidade de retenção de água e nutrientes no
solo, devido à sua afinidade química com elementos como o fósforo,
nutriente limitante para a atividade biológica.
Foto: Shutterstock.com.
Sabendo-se do papel da argila em reter nutrientes, por exemplo,
algumas iniciativas de restauração de ambientes aquáticos eutrofizados
têm despejado ativamente argila em corpos hídricos, para que ela
“capture” os elementos presentes na coluna d’água e os mantenha
retidos no sedimento. Consequentemente, os produtores primários
desses ambientes diminuiriam seu crescimento, recuperando parte da
qualidade da água desses mananciais.
 ATENÇÃO
A argila é um dos principais componentes do phoslock, que aprisiona o
fósforo disponível na coluna d’água, reduzindo o grau de eutrofização.
Imagem: Pavel Kapysh / Shutterstock.com.
O processo de formação da argila deixa explícito o papel que o
hidrogênio possui nas transformações químicas do solo. O hidrogênio
deriva principalmente do ácido carbônico, formado quando o dióxido de
carbono reage com a água da chuva, e da oxidação da matéria
orgânica nas camadas superiores do solo. Estima-se que, em sistemas
tropicais, a decomposição da matéria orgânica, caracterizada por
processos de transformação internos, seja mais relevante e aceleraria
o processo de intemperismo.
O intemperismo ocorre de forma distinta nas diferentes regiões do
planeta. Em condições climáticas estáveis, partículas de areia e argila
tendem a resistir ao intemperismo. No entanto, em solos ácidos, a
argila é decomposta nas camadas superficiais do solo e seus íons
solúveis são carreados para camadas inferiores.
Foto: Shutterstock.com.
 A podzolização é um processo típico de solos ácidos.
Como a argila é a grande responsável pela retenção de nutrientes,
esse processo, também conhecido como podzolização, reduz a
fertilidade das camadas superiores do solo. Esse tipo de solo é
frequente em regiões de clima frio, que apresentam lenta
decomposição da serapilheira, produzindo ácidos orgânicos nas
camadas superiores.
Esse efeito se acentua em regiões úmidas, onde o carreamento
descendente das partículas do solo, promovido pela água da chuva, faz
com que o material formador de argila não seja transportado de baixo
para cima, ou seja, a partir do intemperismo da rocha matriz.
Já em ambientes quentes e úmidos, destaca-se o processo de
laterização. Esse processo também é caracterizado pela decomposição
da argila, porém resulta na lixiviação de sílica, causando o predomínio
de óxidos de ferro e alumínio em seu perfil. Como consequência, temos
solos avermelhados, como ocorre na maioria do território brasileiro. A
decomposição da argila faz com que, em muitas partes das regiões
tropicais, os solos possuam baixa capacidade de reter nutrientes. Solos
sem húmus e argila perdem facilmente seus nutrientes.
Foto: RICKLEFS, 2010, p. 7.
 A laterização é um processo típico de sistemas quentes e úmidos.
Na foto, um perfil do solo na Amazônia equatoriana.
Em regiões montanhosas (onde as camadas pobres em nutrientes são
frequentemente removidas pela erosão do solo) e em áreas com
elevada atividade vulcânica (onde o material parental contribui através
do aporte de nutrientes contido em suas cinzas), os solos tendem a ser
mais férteis.
 SAIBA MAIS
Outro fator determinante para a fertilidade dos solos e que contribui
para o seu processo de formação é a característica da vegetação que
aporta matéria orgânica, rica em nutrientes, que se dispersa nas
camadas superficiais do solo. Neste sentido, o solo possui relação
direta com o meio ambiente e as principais nuances dessa relação
serão discutidas na próxima seção.
SOLO E MEIO AMBIENTE
Foto: Shutterstock.com.
Entender o funcionamento do solo é um dos primeiros passos para
entender a organização dos sistemas naturais.
A fertilidade do solo é que determina a exuberância da vegetação que
se forma acima dele e que explica padrões distintos de produtividade
primária, altamente correlacionados à biodiversidade. Assim, além de o
solo ser o substrato no qual as raízes das plantas crescem, muitos
animais utilizam esse compartimento como habitat e vivem enterrados.
 ATENÇÃO
É no solo que vários processos ecossistêmicos-chave ocorrem
principalmente relacionados à ciclagem de nutrientes, como a fixação
biológica do nitrogênio, caracterizando-se como importante sítio de
transformação da matéria. Além disso, há uma fauna de organismos
que ocupa a serapilheira que se acumula sobre o solo, criando um
sistema ecológico complexo e diverso.
Assim, as características e os processos que ocorrem no solo têm
papel fundamental para o meio ambiente. Da mesma forma, é o solo
que sente o processo de degradação da natureza e de sobrecarga que
o crescimento e o padrão de consumo da população humana
provocam.
A busca por solos férteis foi determinante para a transição de um
comportamento nômade para o estabelecimento de populações
humanas e o desenvolvimento da agricultura.
 SAIBA MAIS
No passado, as civilizações se instalavam nas regiões de solos de alta
fertilidade,geralmente na proximidade de rios, como é o caso do Nilo,
Tigre e Eufrates, na Mesopotâmia, e dos rios Indo, Yang-Tse e Huang-
Ho, na Índia e na China. As inundações causavam grandes aportes de
nutrientes no solo, tornando viável o estabelecimento de comunidades
organizadas, que deram origem às grandes civilizações.
A exploração do solo para a produção de alimento sempre esteve no
cerne dos desafios da relação entre a humanidade e o meio ambiente.
Na verdade, atribui-se à dependência da humanidade dos solos o
avanço da Pedologia, fazendo-se necessário:
(I)
Corrigir a fertilidade natural dos solos, depauperada ao longo dos anos
de exploração agrícola e agravada pela erosão.
 
(II)
Elevar a fertilidade natural de solos originalmente depauperados.
 
(III)
Neutralizar a acidez do solo.
 
(IV)
Agrupar solos apropriados para determinadas culturas.
 
(V)
Preservar os solos contra os perigos da erosão. (IBGE, 2007).
Neste ponto, é importante diferenciar a Pedologia da Edafologia.
PEDOLOGIA
Considera o solo como um corpo natural, como um produto da ação da
natureza, submetido à ação de intemperismos.

EDAFOLOGIA
Se dedica aos componentes biológicos do solo, em especial à
vegetação.
O potencial de complementaridade dessas ciências garante o uso
sustentável dos solos diante de perspectivas distintas.
Na verdade, outras ciências contribuem para o estudo dos solos, por
meio do olhar específico sobre determinadas dimensões e aspectos
desse compartimento, como a Microbiologia, a Geologia e a
Engenharia Civil.
Imagem: SILVA; AMARAL, 1995, p. 18.
 Contribuição e foco das diversas ciências relacionadas ao estudo
dos solos.
O manejo inadequado do solo e das culturas que se estabelecem sobre
ele afeta seu funcionamento e compromete sua capacidade de prover
benefícios para as pessoas. Na tentativa de recompor essa
capacidade, o uso excessivo de adubos e fertilizantes tende a agravar
ainda mais o processo de degradação do solo.
Entre os principais processos que determinam a degradação dos solos
destacam-se a erosão, a salinização, a desertificação, a compactação
e a degradação química. Vamos conhecer, com mais detalhes, cada
um deles a seguir.
EROSÃO
É um processo natural, mas que pode ser intensificado pela ação
humana. Ocorre pela transformação e pelo desgaste do terreno devido
à ação de agentes externos, como chuva, vento e sol. Esse fenômeno
provoca uma série de problemas ambientais, com a intensificação da
lixiviação e ocorrência de assoreamento e deslizamentos de encostas e
morros.
SALINIZAÇÃO
Apesar de também ser um processo natural, intensifica-se pela
aplicação de métodos incorretos de agricultura, causando o acúmulo de
sais minerais no solo. Em regiões de clima árido ou semiárido, como a
Caatinga brasileira, com as altas taxas de evaporação da água, esse é
um problema comum e afeta a possibilidade de cultivo.
Imagem: SILVA; AMARAL, 1995, p. 106.
 Representação do processo de salinização, comum em sistemas
áridos e semiáridos.
DESERTIFICAÇÃO
Refere-se ao processo de degradação e esgotamento do solo, também
comum em regiões áridas e semiáridas. O balanço hidrológico negativo
(evapotranspiração maior que a precipitação) causa sérios déficits
hídricos no solo. A desertificação é fortemente associada às práticas
antrópicas, como as queimadas, o desmatamento, a mineração e o uso
intensivo pela agropecuária.
COMPACTAÇÃO
Caracteriza-se pelo aumento da densidade do solo, reduzindo sua
porosidade e permeabilidade. O pisoteio do gado, o tráfego de
máquinas agrícolas e o manejo do solo em condições inadequadas de
umidade são as principais razões desse processo. A compactação
afeta o crescimento e desenvolvimento de plantas, reduz a
movimentação da água na subsuperfície, as trocas gasosas e o
deslocamento de nutrientes.
DEGRADAÇÃO QUÍMICA
Leva à perda da fertilidade do solo e da diversidade e está atrelada ao
uso indiscriminado de defensivos agrícolas, ao descarte incorreto de
resíduos industriais e ao desmatamento. A degradação química pode
afetar o lençol freático e a vegetação local, prejudicando o
funcionamento e as interações de todo o ecossistema.
Com o avanço do entendimento da importância e do funcionamento
dos solos, o seu papel no processo de recarga hídrica ganhou
destaque, bem como a relação com a vegetação que se forma sobre o
solo. Em uma área onde o solo está coberto por vegetação, as gotas
de chuva caem lentamente e vão se infiltrando até chegar aos lençóis
freáticos, onde ficarão armazenadas e também alimentarão as
nascentes que formarão os córregos e rios.
Sem a vegetação, o impacto da água da chuva causa a erosão do solo,
carreando grandes volumes de sedimento para corpos hídricos
presentes na bacia de drenagem.
Imagem: Shutterstock.com, adaptado por Angelo Souza.
 A infiltração da água no solo alimenta os aquíferos que garantem a
manutenção dos fluxos hídricos em nascentes e rios.
Algumas ferramentas dedicadas a entender o papel da vegetação para
a qualidade da água, por meio da restauração florestal ou da
conservação das plantas, utilizam como medida integradora o impacto
que a vegetação possui no solo. A lógica dessas ferramentas é a
seguinte:
Se mantivermos ou recuperarmos a vegetação, vamos diminuir a
erosão do solo e o carreamento de sedimentos que, em última
instância, comprometem a qualidade da água. Um exemplo claro do
papel da relação entre solo, floresta, água e bem-estar humano.
O crescimento da população humana levou a um aumento na demanda
da produção de alimento no contexto nacional e internacional, atrelado
à busca de crescimento econômico, o que provocou grandes mudanças
no uso do solo. Em especial, convertendo áreas de vegetação nativa,
florestais ou não, em áreas de cultivo. No Brasil, a Mata Atlântica, porta
de entrada no processo de ocupação do território nacional, foi o bioma
mais impactado, sofrendo desde a exploração do pau-brasil até o
crescimento urbano vigente no país, passando pelo ciclo do café e da
cana-de-açúcar. Algumas estimativas apontam que a cobertura original
do bioma chegou a apenas 7% do original, comprometendo a
sobrevivência de diversas espécies e a capacidade da natureza em
prover benefícios.
Foto: Shutterstock.com.
 Mata Atlântica
 SAIBA MAIS
Uma tentativa bem-sucedida de recompor a capacidade do solo de
funcionar como uma “caixa d’água” foi realizada ainda no século XIX,
liderada pelo então imperador Dom Pedro II. Ele associou a falta de
água pela qual a cidade do Rio de Janeiro passava ao uso inadequado
do solo, com a conversão de florestas para o cultivo de café. Decidiu,
então, recompor grande parte da floresta que cobria os morros da
cidade, no território que atualmente compreende o Parque Nacional da
Floresta da Tijuca, uma das maiores florestas urbanas do mundo.
Nos dias atuais, técnicas que acoplam cultivo, pecuária e manutenção
da floresta têm sido apresentadas como uma boa forma de manejo do
solo. Entre essas técnicas, destaca-se o manejo de pastagem
ecológica, em que o pasto é dividido para atender tanto às
necessidades do solo, como a absorção da água, quanto à produção
animal. Há também sistemas agroflorestais, que reúnem cultivo
agrícola e florestal, produzindo alimento ao mesmo tempo em que se
recupera a natureza.
Foto: Luisaazara / Shutterstock.com.
 Sistema agroflorestal na cidade de Petrópolis (RJ), integrando
produção de alimento, conservação da biodiversidade e proteção do
solo.
Em especial, neste que é considerado o século das cidades, é prevista
a expansão urbana em todo o planeta que, combinada com estimativas
de eventos extremos de precipitação, deverá provocar grandes
desastres em diversas cidades, causados pela impermeabilização do
solo. A impermeabilização dos solos se refere à cobertura permanente
de dada superfície de terreno e do seu solo com materiais artificiais
impermeáveis, como o asfalto e o cimento, tal como ocorre no processo
de urbanização.A Comissão Europeia produziu um documento dedicado a estabelecer
boas diretrizes para o ordenamento do território na tentativa de reduzir
os impactos negativos da impermeabilização dos solos. O documento
Orientações sobre as melhores práticas para limitar, atenuar ou
compensar a impermeabilização dos solos destaca o papel da
infraestrutura verde nas cidades para garantir a recarga de aquíferos e
diminuir os riscos associados às inundações (COMISSÃO EUROPEIA,
2012).
Em 2012, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças no Clima
apontou um gasto de cerca de 21 bilhões de dólares para as cidades
da América Latina se adaptarem às novas condições de inundações e
cerca de 14 bilhões de dólares para as condições de seca (IPCC,
2012).
Imagem: COMISSÃO EUROPEIA, 2012.
 Potencial efeito da impermeabilização do solo para a sua
capacidade de reter água.
Mas o solo não é só fundamental para a produção de alimento e água.
É também casa de uma fauna única, que produz e processa a matéria
orgânica que se acumula sobre o solo ou na camada de serapilheira
(camada superficial que cobre o solo de áreas vegetadas, composta
por restos vegetais e animais). Talvez, ao olhar para o solo, você nunca
tenha se atentado à quantidade de animais que habitam esse
compartimento. Apesar de muitos serem apenas visualizados com o
auxílio de lupas e microscópios, possuem importância na fragmentação
de materiais orgânicos, principalmente vegetais.
O solo é um ambiente peculiar e certamente exige uma série de
adaptações para se viver nesse compartimento. Tanto que a maioria
são organismos invertebrados com grande capacidade de mobilidade,
escavando o solo para fugir de predadores, buscar alimento ou se
proteger da luz solar e de variações de temperatura.
Entre os grupos de organismos abundantes no solo, destacam-se os
ácaros, colêmbolos, formigas e minhocas.
Foto: Shutterstock.com.
Os ácaros ocupam as camadas superiores do solo e da serapilheira,
onde normalmente são mais numerosos que os outros artrópodes, e
são importantes para a fertilidade do solo.
Foto: Shutterstock.com.
Os colêmbolos são insetos com 5 ou 6mm de comprimento e se
alimentam de matéria orgânica em decomposição, liquens, fungos,
esporos e até grãos de pólen. São encontrados nos fungos que
crescem sobre folhas, solos úmidos e ainda sob cascas de árvores ou
troncos apodrecidos.
Foto: Shutterstock.com.
As formigas não possuem asas na grande parte de seu ciclo de vida,
ocupando o solo e sendo importantes agentes na decomposição de
restos vegetais e animais.
Foto: Shutterstock.com.
Por fim, e falando em decomposição, as minhocas são um grupo de
animais tradicionalmente associado ao solo. O tamanho pode variar de
poucos centímetros até 2 metros, quando são chamadas de
minhocuçu. São fundamentais na formação e distribuição do húmus
(partículas finas de detritos orgânicos) nas camadas superficiais do
solo, alimentando-se de restos de vegetais enquanto escavam galerias
para se abrigarem. Sua atividade garante a fertilidade, por meio da
deposição de dejetos, e a estrutura, pois as galerias ajudam na
aeração do solo, na drenagem da água e na penetração das raízes das
plantas.
A relação do solo com o meio ambiente deixa explícita a importância
desse compartimento para garantir o funcionamento de diversos
processos, incluindo aspectos ecológicos e produtivos, que em última
instância afetam nosso bem-estar, através da provisão de alimento,
água e biodiversidade. Todas essas funções do solo estão
intrinsecamente relacionadas à manutenção de suas propriedades,
tema que vamos discutir com mais detalhes na próxima seção.
PLANTAS INDICADORAS DO
SOLO
Neste vídeo, discutiremos aspectos que revelam como a vegetação
que se estabelece acima do solo é também reflexo da tipologia abaixo
dele.
CONSTITUIÇÃO E
PROPRIEDADES FÍSICAS DO
SOLO
Como vimos na seção anterior, o solo é resultado de diversos
processos que possuem colaboração da rocha matriz, contribuindo
para os componentes minerais; da vegetação com o componente
orgânico, que se organizam de formas distintas, constituindo estruturas
específicas que sofrem influência da água que percola em seu interior e
dos organismos que circulam em seus horizontes superficiais. Esses
constituintes permitem estabelecer diferentes fases para o solo: sólida,
líquida e gasosa.
A fase sólida se refere ao material mineral e orgânico.
A fase líquida, à água ou à solução do solo (elementos orgânicos e
inorgânicos em solução).
Por fim, a fase gasosa se refere aos gases produzidos e consumidos
pelas raízes das plantas e pela atividade microbiana e animal no solo.
Da mesma forma, podemos entender que o solo é constituído de uma
parte viva, incluindo a presença dos próprios organismos como
importantes constituintes do solo.
Imagem: PES; ARENHARDT, 2015, p. 25, adaptado por Angelo Souza.
 Estimativa das contribuições de cada uma das fases do solo.
A CONTRIBUIÇÃO E A ORGANIZAÇÃO
DE CADA UM DESSES CONSTITUINTES
CONTROLARÃO AS PROPRIEDADES DO
SOLO. MAS QUAIS SÃO ESSAS
PROPRIEDADES? DE QUE MANEIRA
PODEMOS CARACTERIZAR O SOLO?
COMO VOCÊ AVALIARIA?
Muitas das propriedades são observáveis e permitem distinguir
determinados tipos de solo. Algumas características rotineiramente
observadas em sua descrição são a cor, a textura, a estrutura, a
porosidade e a cerosidade. Essas são propriedades importantes,
inclusive para estabelecer a classificação, nos mais diversos sistemas,
incluindo o brasileiro.
Veja a seguir como cada uma dessas propriedades é utilizada e
contribui no estudo dos solos.
COR
Por meio da cor, é possível fazer inferências sobre o conteúdo de
matéria orgânica, os tipos de óxidos de ferro que conferem cor
avermelhada ao solo e os processos de formação. A cor foi a principal
propriedade do solo para se desenvolver a Carta de Cores de Munsell,
que considera as variações da cor para a classificação do solo. Quanto
mais escura a cor, maior a quantidade de matéria orgânica no solo.
Cores claras já estariam relacionadas com a presença de compostos
como carbonatos e argilas despigmentadas. As cores vermelho e
amarelo estão associadas à presença de óxidos de ferro: hematita e
goethita, respectivamente. Veja na seção Explore + uma sugestão de
vídeo explicando como funciona a Carta de Cores de Munsell para
solos.
TEXTURA
A textura tem grande influência no comportamento físico-hídrico e
químico do solo, sendo de grande importância no manejo de solos
utilizados para a agricultura. A textura é expressa através da proporção
dos componentes granulométricos da fase mineral do solo, ou seja,
areia, silte e argila. De acordo com a classificação de tamanho de
partículas no país, a argila se refere às partículas minerais que são
menores que 0,002mm, o silte se refere às partículas entre 0,002 e
0,05mm e a areia, às partículas maiores que 0,05mm. Esta pode ser
classificada em areia fina (0,05-0,2mm) e areia grossa (0,2-2mm).
Esses compostos minerais são os principais constituintes do solo,
entretanto, é possível encontrar a presença de frações mais grosseiras
que a areia, como cascalhos (2-20mm), calhau (20-200mm) e
matacões (>200mm).
A análise granulométrica é feita em laboratório, a partir da coleta de
amostras e separação das frações constituintes do solo e do cálculo da
contribuição relativa de cada uma delas. Quanto maior for a
contribuição de partículas finas (argila, silte), menor é a porosidade do
solo, o que reflete em inúmeros processos, como, por exemplo, a
infiltração de água no solo. Cada classificação pode estabelecer um
número maior ou menor de classes e subclasses para a textura do
solo, refinando o papel de cada um desses constituintes na distinção
deles.
Imagem: Shutterstock.com.
 Formas de classificação do solo com base na proporção de areia
(sand), silte (silt) e argila (clay).
ESTRUTURA
Refere-se ao arranjo estabelecido entre as partículas primárias entre si
com outras substâncias encontradas no solo, comomatéria orgânica e
óxidos de ferro e alumínio. É na análise da estrutura que podemos
identificar a presença de agregados (unidades estruturais separadas
entre si) e que possuem influência no desenvolvimento das plantas no
solo (desenvolvimento do sistema radicular, disponibilidade de água e
nutrientes e erosão).
A estrutura geralmente é caracterizada de acordo com o tipo (blocos
angulares e subangulares, colunar, granular, laminar, maciça e
prismática), tamanho (muito pequena, pequena, média, grande e muito
grande) e grau de desenvolvimento (solta, fraca, moderada e forte).
Imagem: IBGE, 2007, p. 55.
 Exemplos do tipo de estrutura do solo.
CONSISTÊNCIA
A consistência se refere à adesão e coesão de partículas do solo.
Assim, pode ser reflexo de outras propriedades, como a textura, a
presença de matéria orgânica e a mineralogia. A consistência é
observada em diferentes condições de umidade: consistência seca
(grau de resistência à quebra ou ao esboroamento do torrão),
consistência úmida (friabilidade do torrão ligeiramente úmido) e
consistência molhada (capacidade do material em ser moldado e
capacidade de aderência).
Consistência seca: solta, macia, ligeiramente dura, dura, muito dura e
extremamente dura.
Consistência úmida: solta, muito friável, friável, firme, muito firme,
extremamente firme.
Consistência molhada: não plástica, ligeiramente plástica e muito
plástica; não pegajosa, ligeiramente pegajosa e muito pegajosa.
POROSIDADE
A porosidade é visualizada na análise do perfil de solo. E é descrita
conforme a quantidade dos poros (poucos, comuns ou muitos) e o
tamanho (pequenos, médios, grandes ou muito grandes).
CEROSIDADE
Geralmente avaliada a olho nu, com auxílio de lupa ou em laboratório,
a cerosidade ocorre nas superfícies dos agregados ou nos poros. Está
relacionada à deposição de material inorgânico ou argila, conferindo
caráter brilhante ou lustroso. Caracteriza-se em virtude do grau de
desenvolvimento (fraca, moderada ou forte) e da quantidade (pouco,
comum ou abundante).
Imagem: Pablo Busatto Figueiredo/Wikimedia Commons/CC0.
Além dessas propriedades, a Embrapa Solos estabelece outras
propriedades, como a presença de nódulos e concreções minerais, de
minerais magnéticos, carbonatos, manganês, sulfetos, florescências
(resultado do acúmulo de sais após evaporação) e coesão.
Entender essas e outras propriedades do solo é fundamental para
estabelecer a melhor estratégia para seu uso e manejo, bem como
para as intervenções necessárias, a fim de garantir a manutenção de
suas funções, em consonância com os aspectos físicos, químicos e
biológicos, que fazem do solo a essência da biosfera em nosso planeta.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. ANALISE AS AFIRMAÇÕES ABAIXO E IDENTIFIQUE
AS VERDADEIRAS:
A EROSÃO É UM PROCESSO NATURAL QUE NÃO LEVA À
DEGRADAÇÃO DO SOLO, EXCETO EM SOLOS SALINIZADOS.
O INTEMPERISMO SE REFERE À ALTERAÇÃO FÍSICA
(DESAGREGAÇÃO) E QUÍMICA (DECOMPOSIÇÃO) DO MATERIAL
ROCHOSO PRÓXIMO À SUPERFÍCIE DA TERRA PELO
ESCOAMENTO SUPERFICIAL.
A PODZOLIZAÇÃO É UM PROCESSO TÍPICO DE SOLOS ÁCIDOS DE
REGIÕES QUENTES.
A) Apenas I
B) Apenas II
C) Apenas III
D) I e II
E) II e III
2. A COLORAÇÃO DO SOLO É UM IMPORTANTE
INDICATIVO DE SEUS CONSTITUINTES, SENDO
INCLUSIVE UTILIZADA PARA A CLASSIFICAÇÃO
DELES. QUAIS DOS SEGUINTES COMPOSTOS SÃO OS
PRINCIPAIS RESPONSÁVEIS POR CONFERIR
COLORAÇÃO AVERMELHADA E AMARELADA AO
SOLO, RESPECTIVAMENTE?
A) Óxidos de ferro goethita e óxidos de ferro hematita
B) Óxidos de ferro goethita e sílica
C) Óxidos de ferro hematita e óxidos de ferro goethita
D) Óxidos de ferro hematita e sílica
E) Óxidos de ferro hematita e argila
GABARITO
1. Analise as afirmações abaixo e identifique as verdadeiras:
A erosão é um processo natural que não leva à degradação do solo, exceto em solos
salinizados.
O intemperismo se refere à alteração física (desagregação) e química (decomposição)
do material rochoso próximo à superfície da Terra pelo escoamento superficial.
A podzolização é um processo típico de solos ácidos de regiões quentes.
A alternativa "B " está correta.
A erosão intensiva leva à degradação de quaisquer tipos de solo e a
podzolização é mais frequente em regiões frias.
2. A coloração do solo é um importante indicativo de seus
constituintes, sendo inclusive utilizada para a classificação deles.
Quais dos seguintes compostos são os principais responsáveis
por conferir coloração avermelhada e amarelada ao solo,
respectivamente?
A alternativa "C " está correta.
Óxidos de ferro hematita e goethita são responsáveis pela coloração
avermelhada e amarelada do solo, respectivamente.
MÓDULO 2
 Classificar os solos
INTRODUÇÃO
Foto: Shutterstock.com
No módulo anterior, discutimos a importância dos solos, como podemos
reconhecer seus principais elementos e processos de formação. Vimos
que os solos se formam a partir da atuação de diferentes fatores que
interagem para definir suas propriedades. Discutimos também como o
solo é afetado pelas ações humanas, sofrendo diferentes processos de
degradação, como a intensificação dos processos de erosão e
salinização, da degradação química e da compactação do solo. Além
disso, apresentamos o impacto da impermeabilização do solo no
equilíbrio dos diversos processos dependentes da infiltração da água
no solo.
ESSAS CARACTERÍSTICAS PODERIAM
SER AGRUPADAS E DEFINIDAS EM UM
SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO? QUAIS
AS VANTAGENS DE UM SISTEMA DE
CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS? QUAIS
ATRIBUTOS SERIAM IMPORTANTES
PARA SEREM MENSURADOS E
UTILIZADOS NESSE SISTEMA?
Esses e outros aspectos serão explorados neste módulo. Em especial,
daremos destaque ao Sistema Brasileiro de Classificação do Solo e
como as diferentes classes estabelecidas se distribuem no território
nacional.
HORIZONTES DO SOLO
No módulo anterior, discutimos que o solo se forma a partir de um
processo lento de degradação da rocha matriz, por processos físicos e
químicos, constituindo o componente mineral do solo. Esses
fragmentos se acumulam e se transformam sobre a rocha matriz,
permitindo a ação e ocupação de organismos nesse substrato. O
estabelecimento das plantas nas camadas superficiais permite um
grande acúmulo de matéria orgânica que se mistura mais ou menos em
um gradiente até a rocha matriz. O reflexo deste processo diferenciado
da ação do tipo de rocha matriz, do tempo de exposição, da vegetação
e do clima é o que estabelece perfis distintos do solo.
O perfil do solo se refere à presença, ao tamanho, à separação e às
características das diferentes camadas que se formam no gradiente
rocha matriz – serapilheira. Algumas abordagens diferenciam os termos
horizontes e camadas do solo.
O Manual Técnico de Pedologia, por exemplo, define o horizonte do
solo pela:
SEÇÃO DE CONSTITUIÇÃO MINERAL OU
ORGÂNICA, À SUPERFÍCIE DO TERRENO
OU APROXIMADAMENTE PARALELA A
ESTA PARCIALMENTE EXPOSTA NO
PERFIL E DOTADA DE PROPRIEDADES
GERADAS POR PROCESSOS
FORMADORES DO SOLO, QUE LHE
CONFERE CARACTERÍSTICAS DE
INTER-RELACIONAMENTO COM
OUTROS HORIZONTES COMPONENTES
DO PERFIL, DOS QUAIS SE DIFERENCIA
EM VIRTUDE DE DIVERSIDADE DE
PROPRIEDADES, RESULTANTES DA
AÇÃO DA PEDOGÊNESE.
(IBGE, 2007, p.34).
Os horizontes representam, portanto, uma diminuição da influência de
fatores climáticos e biológicos, à medida que aumentamos a
profundidade e a importância das características da rocha matriz. O
termo camada se refere aos horizontes que tiveram pouca ou nenhuma
influência dos processos pedogenéticos na definição de suas
propriedades.
Os horizontes se diferenciam em genéticos e diagnósticos.
HORIZONTES GENÉTICOS
A abordagem é de natureza mais genética, como o próprio nome
sinaliza, e as definições são mais qualitativas.

HORIZONTES DIAGNÓSTICOS
As conceituações se referem à distinção deles para atender a fins
taxonômicos de delimitação de classes e, portanto, têm definição
desejavelmente mais quantitativa.
De acordo com a Embrapa Solos, podemos estabelecer horizontes
diagnósticoscom características distintas para superficiais
(equivalentes aos horizontes O e A) e subsuperficiais (horizontes B e
C). Ao todo são mais de 20 tipologias de diagnósticos que estão
diretamente relacionadas à presença de horizontes específicos,
restritos a determinados tipos de solo, como veremos na seção
seguinte.
De forma genérica e simplificada, o perfil do solo pode ser dividido em
quatro grandes divisões de caráter genético: os horizontes O, A, B e C.
O HORIZONTE O
Se caracteriza, em especial, pela presença de serapilheira,
principalmente folhas e outras formas de matéria orgânica morta. É
nessa camada que se concentra a maioria dos organismos que
habitam o solo. Nela podemos encontrar diversos organismos
detritívoros responsáveis pelo consumo da matéria orgânica morta
típica desse horizonte. O horizonte O é formado em condições com boa
drenagem. Em condições com drenagem deficitária, as características
dessa camada são distintas e este horizonte é denominado horizonte
H.
O HORIZONTE A
Frequentemente apresenta duas subdivisões: A1 e A2. O horizonte A1
caracteriza-se por uma camada rica em húmus, constituindo-se em
material orgânico parcialmente decomposto que se mistura com o
material mineral. O horizonte A2 caracteriza-se pela lixiviação extensiva
de minerais do solo. A lixiviação se refere ao processo de carreamento
de compostos químicos pela ação da água. Sabe quando preparamos
um chá? Estamos lixiviando os compostos químicos contidos na erva,
fruto ou folha que utilizamos no preparo para a água. No caso do solo,
em virtude de os minerais serem dissolvidos pela água, ou melhor,
carreados pela água, é nessa camada que as raízes das plantas se
concentram, garantindo a eficiência na absorção dos nutrientes
contidos neste “chá”.
O HORIZONTE B
Se caracteriza pela baixa concentração de material orgânico, tendo sua
composição química similar à da rocha subjacente. Nesse horizonte, se
acumulam alguns compostos lixiviados da camada A2, como minerais
de argila e os óxidos de alumínio e ferro (eluviação). Em alguns casos,
a camada que se forma pelo acúmulo desse material é reconhecível e
chamada de horizonte E.
O HORIZONTE C
Se caracteriza pela presença de material mineral pouco alterado,
semelhante à rocha matriz. Nessa camada, acumulam-se carbonatos
de cálcio e de magnésio, principalmente em regiões secas,
caracterizando-se como uma camada dura, por vezes impenetrável.
Algumas abordagens ainda incluem um horizonte D ou horizonte R,
caracterizado pela rocha matriz.
Imagem: Shutterstock.com. Adaptado por Angelo Souza.
 Horizontes do solo considerando suas principais camadas.
Além dessa categorização geral e simplificada dos horizontes do solo,
é possível adicionar prefixos e sufixos, que auxiliam na descrição deles
e na distinção das propriedades de um mesmo horizonte. Por exemplo:
 EXEMPLO
O prefixo d é usado para os horizontes superficiais a fim de designar
avançado grau de decomposição do material orgânico. Já o prefixo k é
utilizado para atribuir presença de carbonatos alcalino-terrosos,
remanescentes do material originário, comumente carbonato de cálcio
nos horizontes A, B e C.
Assim, a partir dessa classificação é possível adicionar especificidades
que contribuem para caracterizar como cada horizonte se apresenta.
Uma definição completa do uso de prefixos e sufixos na qualificação
dos horizontes é apresentada no Manual Técnico de Pedologia
elaborado pelo IBGE.
 ATENÇÃO
Cabe ressaltar que nem sempre a transição entre os horizontes ocorre
de forma simples e que a identificação e determinação deles pode
exigir certo esforço dos pesquisadores, pois variam especialmente em
relação à nitidez (clareza na distinção dos horizontes) e à topografia
(forma como os horizontes se separam).
A nitidez permite classificar a transição em abrupta, clara, gradual e
difusa, em uma sequência de decaimento na nitidez.
Imagem: Formação, classificação e cartografia dos solos, TULLIO,
2019, p. 11.
 Variações na nitidez da transição entre os horizontes do solo.
Já a topografia pode designar transições planas, onduladas, irregulares
e quebradas, em uma sequência que representa a linearidade na
distinção das camadas.
Imagem: Formação, classificação e cartografia dos solos, TULLIO,
2019, p. 12.
 Variações na topografia da transição entre os horizontes do solo.
SISTEMA BRASILEIRO DE
CLASSIFICAÇÃO DO SOLO
Entre os principais aspectos do estudo dos solos, o estabelecimento de
um sistema de classificação permite distinguir as diferentes
propriedades do solo de forma objetiva e hierárquica. No Brasil, a ideia
de classificação dos solos ocorreu no final do século XIX, por meio do
conhecimento e da identificação dos horizontes e suas camadas, do
aprimoramento das técnicas de diagnósticos e da experiência de outros
países.
No entanto, a criação de um sistema de classificação que pudesse
atender às expectativas dos estudos vigentes só ocorreu a partir da
década de 1970 e foi concluída no final da década de 1990 (1999).
Assim, surge o Sistema Brasileiro de Classificação dos Solos (SiBCS).
O SiBCS foi criado com o intuito de apresentar os diferentes tipos de
solos que ocorrem em território nacional. Desde sua primeira edição,
vem sendo atualizado, estando em sua quinta edição, disponibilizada
em 2018. De forma geral, o SiBCS é um sistema taxonômico de solos,
hierárquico, multicategórico e aberto. Seu intuito é classificar todos os
solos do território brasileiro.
Imagem: EMBRAPA, 2018.
 Quinta edição do SiBCS (2018).
A partir destas características, é possível estabelecer uma chave de
classificação formada por seis níveis, em uma forma análoga ao
estabelecido para a identificação de espécies: ordem, subordem,
grande grupo, subgrupo, família e série. Por ser um sistema aberto,
recebe atualizações a cada nova edição, garantindo seu
aprimoramento e os ajustes revelados pelo avanço do estudo dos solos
no país.
Para classificar um solo em diferentes níveis, é preciso comparar as
propriedades do perfil de solo, considerando os requisitos de cada
classe estabelecidos pelo SiBCS. Na perspectiva da ordem, as
características diferenciais mais importantes são aquelas relacionadas
diretamente ao processo de formação do solo ou que afetam esses
processos.
Para distinguir as subordens, há a prevalência de fatores, como a
intensidade e especificidade que afetaram os processos dominantes no
primeiro nível, e revela o grau de desenvolvimento de características
relacionadas aos agentes formadores do solo, como a quantidade de
compostos específicos que alteram sua coloração.
Nos grandes grupos, destacam-se o tipo e arranjamento dos
horizontes, a atividade de argila, as condições de saturação de bases,
o alumínio, o sódio e/ou os sais solúveis. Neste nível, é evidenciada a
importância dos horizontes ou das propriedades que podem afetar o
uso e o manejo dos solos, relacionados ao desenvolvimento das
plantas e ao movimento de água no solo. Neste nível é possível,
portanto, extrair informações importantes sobre a fertilidade dos solos.
Nos subgrupos, a característica central da classe é avaliada,
considerando a existência de solos típicos ou intermediários entre
classes nos três primeiros níveis, indicando assim a presença de
características extraordinárias. No quinto (família) e sexto (série)
níveis categóricos, as classes são formadas por adição de termos
apropriados, com base em características específicas. No entanto, o
uso desses níveis categóricos ainda está em debate.
CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS
BRASILEIROS
A classificação de um solo parte da lógica da avaliação dos dados
morfológicos, físicos, químicos e mineralógicos. Além disso, aspectos
ambientais que podem influenciar a categorização, como as
características da vegetação e o clima local, também podem ser
incorporados na classificação dos solos.
O Brasil encontra-se quase em sua totalidade em território tropical, com
pouca modificação de seu relevodesde o período Cretáceo, fazendo
com que o clima seja o fator predominante para a formação do solo em
seu território. Assim, as características da rocha matriz e do relevo
possuem importância secundária na pedogênese
Foto: Shutterstock.com.
Para uma classificação adequada do solo, é necessário fazer uma
descrição morfológica precisa de seu perfil, durante a coleta do
material de campo. Neste sentido, algumas observações são
especialmente relevantes, como a altura e a flutuação do lençol
freático, a profundidade das raízes, a atividade biológica em cada um
dos horizontes definidos, bem como o grau de coesão e compactação
deles. Porém, uma análise laboratorial pode revelar a necessidade de
ajustes nas designações dos horizontes e na caracterização feita em
campo.
 ATENÇÃO
Das características morfológicas relevantes para a caracterização do
solo, a coloração das camadas superficiais e subsuperficiais, a textura,
a estrutura, a cerosidade e a consistência são fundamentais para sua
aplicação no SiBCS (ver módulo 1).
De acordo com a Embrapa, a classificação dos solos permanece um
desafio, em que o 5º e o 6º níveis ainda se encontram em discussão.
No próprio site da instituição, é possível encontrar uma classificação
ilustrada para os solos, considerando as ordens e respectivas
subordens do sistema de classificação.
Imagem: Angelo Souza.
 Sistema Brasileiro de Classificação dos Solos, com as 6 diferentes
categorias.
De acordo com a Embrapa Solos, o Brasil possui 13 tipos de solos que
estão descritos na tabela a seguir:
Classes
Elementos
formativos
Termos de conotação
e de memorização
ARGISSOLO ARGI
Do latim argila, “argila”;
conotativo de solos com
processo de
acumulação de argila
CAMBISSOLO CAMBI
Do latim cambiare,
“trocar”, “mudar”;
conotativo de solos em
formação
(transformação).
Horizonte B incipiente.
CHERNOSSOLO CHERNO
Do russo chomiy,
“preto”; conotativo de
solos ricos em matéria
orgânica, com
coloração escura.
ESPODOSSOLO ESPODO Do grego spodos,
“cinza vegetal”;
conotativo de solos com
horizonte de
acumulação iluvial de
matéria orgânica
associada à presença
de alumínio. Horizonte
B espódico.
GLEISSOLO GLEI
Do russo gley, “massa
do solo pastosa”;
conotativo de excesso
de água. Horizonte glei.
LATOSSOLO LATO
Do latim lat, “tijolo”;
conotativo de solos
muito intemperizados.
Horizonte B latossólico.
LUVISSOLO LUVI
Do latim luere, “lavar”;
conotativo de
translocação de argila.
Horizonte B textural,
com alta saturação por
bases e Ta.
NEOSSOLO NEO
Do grego neo, “novo”;
conotativo de solos com
pouco desenvolvimento
pedogenético.
NITOSSOLO NITO
Do latim nitidus,
“brilhante”; conotativo
de superfícies
brilhantes nas unidades
estruturais. Horizonte B
nítico.
ORGANOSSOLO ORGANO
Do latim organicus,
“pertinente ou próprio
dos compostos de
carbono”; conotativo de
solos com maior
expressão da
constituição orgânica.
Horizonte H ou O.
PLANOSSOLO PLANO
Do latim planus,
“plano”; conotativo de
solos desenvolvidos em
planícies ou depressões
com encharcamento
estacional. Horizonte B
plânico.
PLINTOSSOLO PLINTO Do grego plinthos,
“ladrilho”; conotativo de
materiais argilosos
coloridos que
endurecem quando
expostos ao ar.
Horizonte plíntico.
VERTISSOLO VERTI
Do latim vertere, “virar”,
“inverter”; conotativo de
movimento de material
de solo na superfície e
que atinge a
subsuperfície
(expansão/contração).
Horizonte vértico.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem
horizontal
 Quadro: Classe de solos estabelecidos no país.
Extraído de Sistema Brasileiro de Classificação dos Solos (SiBCS),
EMBRAPA, 2018.
A seguir conheça as características de cada tipo de solo:
ARGISSOLOS
São solos bem evoluídos, com alto teor de argila, apresentando
mobilização de argila na camada superficial.
CAMBISSOLOS
São solos pouco desenvolvidos, com horizonte B incipiente.
CHERNOSSOLOS
Possuem desenvolvimento médio, podendo apresentar ou não acúmulo
de carbonatos de cálcio.
ESPODOSSOLOS
Referem-se a solos que sofrem com a podzolização e eluviação de
compostos aluminosos que podem ou não conter ferro; possuem a
presença de húmus ácido.
GLEISOSSOLOS
São saturados de água (hidromórficos), com alto teor de matéria
orgânica e intensa redução de compostos de ferro.
LATOSSOLOS
São altamente evoluídos, laterizados, possuem argilominerais e
hidróxidos de ferro e alumínio.
LUVISSOLOS
Possuem horizonte B textural com argila de alta atividade, com o
horizonte superior lixiviado.
NEOSSOLOS
São pouco desenvolvidos, sem horizonte B, com predominância de
características da rocha matriz.
NITOSSOLOS
Referem-se a solos bem evoluídos, fortemente estruturados em blocos
e com alta cerosidade.
ORGANOSSOLOS
São orgânicos, onde a matéria orgânica constitui o próprio solo.
PLANOSSOLOS
São solos que perdem grande parte de argila da camada superficial
para as camadas subsuperficiais.
PLINTOSSOLOS
Apresentam segregação e concentração localizada de ferro
(plintitização).
VERTISSOLOS
São solos com desenvolvimento restrito e presença de argilas
expansivas.
Apesar da existência de todos esses tipos de solo em território
nacional, o mais importante em termos de extensão ocupada é o
latossolo, presente em praticamente todo o país. São solos geralmente
profundos com mais de 2m, bem desenvolvidos e de cor amarela a
vermelho-escura. Essa coloração se dá pela concentração elevada de
óxidos e hidróxidos de ferro e alumínio.
A predominância de latossolos em território reforça o clima como fator
predominante para explicar as características do solo brasileiro, uma
vez que essa tipologia é característica de regiões de clima tropical
úmido e semiúmido.
A caracterização das ordens define as grandes diferenças nas
características dos solos, à medida que a classificação fica mais
refinada, principalmente em relação à cor dos de mesma ordem, como
é o caso dos latossolos. Para esses, identificamos quatro subordens:
brunos, amarelos, vermelhos e vermelho-amarelos.
Como se pode ver, as diferenças estão relacionadas principalmente à
coloração nos diferentes horizontes identificados:
Imagem: EMBRAPA.
 Quatro subordens de latossolos: bruno, amarelo, vermelho e
vermelho-amarelo.
COMO CLASSIFICAR OS
SOLOS?
No vídeo a seguir, apresentamos as principais metodologias e os
passos relacionados à classificação dos solos, considerando o SiBCS.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. EM UM GRADIENTE A PARTIR DA ROCHA MATRIZ
ATÉ A SUPERFÍCIE DO SOLO, A ORDEM CORRETA
DOS HORIZONTES DO SOLO É:
A) O, A, B, C, D e E
B) O, A, B, E, D e C
C) A, B, O, C, D e E
D) D, C, B, E, A e O
E) D, E, C, B, A e O
1. O LATOSSOLO É O TIPO DE SOLO MAIS COMUM NO
BRASIL. CONSIDERANDO OS DIFERENTES NÍVEIS DE
CATEGORIZAÇÃO PREVISTOS PELO SIBCS, O TERMO
LATOSSOLO SE REFERE A:
A) A – Ordem
B) B – Subordem
C) C – Grande grupo
D) D – Família
E) E – Série
GABARITO
1. Em um gradiente a partir da rocha matriz até a superfície do
solo, a ordem correta dos horizontes do solo é:
A alternativa "D " está correta.
A ordem correta em um gradiente da rocha matriz até a superfície do
solo segue a sequência, começando pelo horizonte D, seguido do
horizonte C, B, A, chegando ao horizonte O, que é o mais superficial.
1. O latossolo é o tipo de solo mais comum no Brasil.
Considerando os diferentes níveis de categorização previstos pelo
SiBCS, o termo latossolo se refere a:
A alternativa "A " está correta.
Os latossolos são uma das 13 ordens de solo presentes no Brasil.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apresentamos os principais constituintes e as propriedades do solo,
seu processo de formação e como isso determina o estabelecimento de
seus diferentes horizontes e contribui para o sistema de classificação
brasileiro, o SiBCS. Você aplicará esse conhecimento ao longo de sua
formação e carreira, não devendo esquecer que o solo é uma das
principais fontes de vida da Terra, especialmente para a espécie
humana.Os solos possuem relação intrínseca com o funcionamento de todo o
planeta. Esta fina camada do globo é o que subsidia a vida que se
estabelece sobre ele. O solo tem importância para as plantas, como
suporte e fonte de água e nutrientes, e para os animais, como fonte de
alimento e local para deslocamento e construção de abrigos. Assim, o
solo tem papel fundamental para o nosso bem-estar, não fornecendo
apenas as propriedades medicinais e estéticas de suas argilas, mas
nutrindo as formas de vida que tornam este planeta a única
oportunidade de manutenção de nossa espécie.
No entanto, apesar da enorme dependência dos solos, a ação
antrópica tem causado a degradação deles de diversas maneiras, em
especial através de seu uso insustentável, intensificando processos
erosivos, ocupando o território de forma irregular e removendo a
vegetação protetora. A variedade de solos existentes no país deixa
explícita a demanda de um olhar atento às suas propriedades e
características, para que sejam estabelecidas as melhores opções para
seu manejo em todo o território nacional.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
COMISSÃO EUROPEIA. Orientações sobre as melhores práticas
para limitar, atenuar ou compensar a impermeabilização dos solos.
Bélgica, 2012.
EMBRAPA. Sistema Brasileiro de Classificação dos Solos (SiBCS).
5. ed. Rio de Janeiro, 2018.
IBGE. Manual Técnico de Podologia. 2. ed. Rio de Janeiro, 2007, p.
316.
IPCC. Managing the risks of extreme events and disasters to
advance climate change adaptation. Cambridge: Cambridge
University Press, 2012.
PES, L. Z.; ARENHARDT, M. H. Solos. Santa Maria: UFSM, Colégio
Politécnico, Rede e-Tec Brasil, 2015, p. 90.
RICKLEFS, R. E. A Economia da Natureza. 6.ed. Rio de Janeiro:
Editora Guanabara Koogan, 2010.
SILVA, J. R. T.; AMARAL, E. F. Pedologia: uma visão sintética. Rio
Branco: Universidade Federal do Acre, 1995, p. 124.
TULLIO, L. Formação, classificação e cartografia dos solos. Ponta
Grossa: Atena Editora, 2019, p. 126.
EXPLORE+
Para ampliar seus conhecimentos sobre o conteúdo apresentado,
pesquise:
Sobre os animais que vivem no solo, no guia produzido pela
Universidade de São Paulo (USP).
Sobre a impermeabilização do solo, no documento produzido
pela Comissão Europeia, com orientações sobre como
minimizar o impacto negativo desse processo.
Sobre como funciona a diagnose do solo, a partir da análise
de seus horizontes pelas instituições especializadas no tema,
no site da Embrapa Solos.
Sobre como classificar, diagnosticar e representar os solos
brasileiros e seus horizontes, no Manual Técnico de
Pedologia, produzido pelo IBGE.
Assista também a vídeos:
Sobre a classificação dos solos utilizando a Carta de Cores
de Munssell, no canal 2Engenheiros, no YouTube.
Sobre como funciona o SiBCS, no vídeo produzido pelo
Laboratório de Pedologia da Universidade de Campinas
(UNICAMP).
CONTEUDISTA
Aliny Patricia Flauzino Pires
 CURRÍCULO LATTES
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