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METODOLOGIA CIENTÍFICA AULA 5 Prof. Cristiano Caveião 2 CONVERSA INICIAL É bem provável que você já tenha escutado falar sobre a submissão de um projeto de pesquisa a um comitê de ética, no qual os pesquisadores entram em um jogo de empurra para ver quem vai cadastrar o projeto na Plataforma Brasil (se não ouviu, não tem problema, pois vai conhecer agora). Normalmente, para quem não tem o hábito de trabalhar com a Plataforma Brasil, ela causa muita insegurança e gera muitas dúvidas, mas não se preocupe, pois é sobre esse assunto que vamos discorrer neste tópico. Vamos descobrir quando precisamos submeter um projeto a um comitê de ética, quais elementos devem constar no projeto e, por fim, o que é e como funciona a Plataforma Brasil. No fim desse encontro, você estará ansioso para postar um projeto e testar seus conhecimentos! Mas, antes disso, vamos falar um pouco sobre a história da pesquisa com seres humanos, pois foi da necessidade que surgiu a obrigatoriedade de submissão de pesquisas aos comitês de ética. Para facilitar a compreensão sobre o tema, serão apresentados os seguintes tópicos: • Histórico da pesquisa envolvendo seres humanos; • Comitês de ética em pesquisa envolvendo seres humanos; • Resolução 466 de 2012 e Resolução 510 de 2016; • Termos de consentimento e de assentimento; • Plataforma Brasil. TEMA 1 – HISTÓRICO DA PESQUISA ENVOLVENDO SERES HUMANOS A pesquisa vem da curiosidade humana, nós fazemos perguntas, queremos respostas e, para isso, pesquisamos, indo em busca de novas descobertas. Essa curiosidade e a busca por respostas é o que nos difere dos demais animais e o desejo de saber vem de longa data, porém, o conhecimento aliado à ética não é tão histórico assim (Brasil, 2002). O primeiro documento oficial apontando a necessidade de inserir a ética em pesquisas surgiu após a Segunda Guerra Mundial e foi decorrente do julgamento dos nazistas no Tribunal de Nuremberg, assim, surgiu o código de Nuremberg. Esse documento apesar de não ter auxiliado as tantas vítimas do 3 holocausto, já que foi concebido após os horrores da Guerra, tem grande importância, pois tornou-se o guia para elaboração de pesquisas com seres humanos (Brasil, 2002). No entanto, apesar do referido código já existir na década de 1960, isso não foi suficiente para que pesquisadores distorcessem o seu entendimento e realizassem pesquisas que ferissem os códigos éticos. Isso fez com que uma nova declaração fosse emitida pela associação médica mundial: Declaração de Helsinque, que dispõem sobre os princípios básicos para toda pesquisa científica: 1. É dever do médico, na pesquisa clínica, proteger a vida, saúde, privacidade e dignidade do ser humano. 2. Pesquisa Clínica envolvendo seres humanos deve estar em conformidade com os princípios científicos [...] 3. Cuidados apropriados devem ser tomados na conduta da pesquisa que possa afetar o ambiente, e o bem-estar de animais usados para pesquisa deve ser respeitado. [...] 5. O comitê tem o direito de monitorar estudos em andamento. O pesquisador tem a obrigação de fornecer informações de monitorização ao comitê, [...] 6. Pesquisas clínicas envolvendo seres humanos somente deverão ser conduzidas por indivíduos cientificamente qualificados e sob a supervisão de um médico competente. [...] 7. Todo projeto de pesquisa clínica envolvendo seres humanos deve ser precedido pela avaliação cuidadosa dos possíveis riscos e encargos para o paciente e outros. [...] 8. [...] Os investigadores devem interromper qualquer investigação se a relação risco/benefício tornar-se desfavorável ou se houver provas conclusivas de resultados positivos e benéficos. 9. Pesquisas clínicas envolvendo seres humanos apenas deverão ser conduzidas se a importância dos objetivos excede os riscos e encargos inerentes ao paciente. Isto é de importância especial quando os seres humanos são voluntários saudáveis. 10. A Pesquisa clínica é justificada apenas se há uma probabilidade razoável de que as populações nas quais a pesquisa é realizada se beneficiarão dos resultados da pesquisa. 11. Os sujeitos devem ser voluntários e participantes informados no projeto de pesquisa. 12. O direito do paciente de resguardar sua integridade deve sempre ser respeitado. [...] 15. Para sujeitos de pesquisa que forem legalmente incompetentes, incapazes física ou mentalmente de dar o consentimento ou menores legalmente incompetentes, o investigador deverá obter o consentimento informado do representante legalmente autorizado, de acordo com a legislação apropriada. [...] 16. Quando um sujeito considerado legalmente incompetente, como uma criança menor, é capaz de aprovar decisões sobre a participação no estudo, o investigador deve obter esta aprovação, além do consentimento do representante legalmente autorizado. [...] 18. Ambos autores e editores têm obrigações éticas. (CREMESP, 2002) 4 Perceba que, além do código de Nuremberg, mais 18 cláusulas tiveram que ser inseridas na declaração de Helsinque e nem o repúdio realizado há poucos anos impediu que a ética faltasse a alguns pesquisadores. No entanto, após esse ato histórico, os números de casos de pesquisas que ultrapassassem os preceitos éticos foram minimizados e só voltaram ao cenário mundial na década de 1980, devido aos avanças das pesquisas biomédicas que envolviam fetos, células e demais materiais orgânicos. Assim, surgem as Diretrizes Internacionais que incluíra, não apenas os preceitos éticos médicos, como os biomédicos. No Brasil, as discussões também aconteciam, e em 1988 o Conselho Nacional de Saúde instituiu a resolução n. 1/88, que dispunha sobre as questões sanitárias, éticas e de biossegurança. No entanto, o documento não surtiu o efeito esperado e em 1996 foi instaurada a resolução n. 196 (CNS 196/96), que possui como característica fundamental o fato de não ser um código moral ou de lei, permitindo assim a análise crítica dos valores bioéticos (Brasil, 2002). A CNS n. 196/96 instituiu o CONEP e os CEPs (que veremos em seguida) e determinou que todas as pesquisas envolvendo seres humanos deveriam ser submetidas ao comitê, delegando a responsabilidade da criação dos CEPs às instituições que realizam pesquisas com seres humanos. A resolução determina ainda que são consideradas pesquisas envolvendo os seres humanos aquelas que de forma “individual ou coletivamente, envolva o ser humano, de forma direta ou indireta, em sua totalidade ou partes dele, incluindo o manejo de informações ou materiais”, ou seja, põem um limite nas pesquisas biomédicas, trazendo-as à luz da bioética, e destaca ainda que podem ser considerados como os riscos relacionados a pesquisa danos psicológicos, morais, sociais, espirituais e intelectual (Brasil, 1996). Outro ponto de destaque é o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, que impõe o esclarecimento dos principais itens da pesquisa aos participantes. Essa resolução perdurou por quase 20 anos e foi alterada pela resolução n. 544/2012, que veremos em breve. 5 TEMA 2 – COMITÊS DE ÉTICA EM PESQUISA ENVOLVENDO SERES HUMANOS O comitê de ética vem para apontar o certo e o errado, afinal, algumas pessoas tem a errônea ideia de que pela ciência tudo vale, e muitas vezes nem mesmo o valor da ciência e conhecimento é o que se está em jogo, mas sim o valor financeiro da descoberta. Estes esquecem do que diz a Declaração de Helsinque: “o bem-estar dos participantes da pesquisa deve prevalecer sobre os interesses da ciência e da sociedade” (Kottow, 2008, p. 8). Por isso, os comitês de ética são colegiados interdisciplinares e independentes, existentes nas instituições que realizam pesquisas que possuem a finalidade de “defender os direitos e interesses dos participantes em sua integridade e dignidade, e para contribuir com o desenvolvimentodas pesquisas dentro dos padrões éticos” (Brasil, 2017). Para garantir esse papel dos comitês de ética e normatizar sua atuação, foi criado a CONEP (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa), que está submetido ao Conselho Nacional de Saúde (CNS). A CONEP foi criada em 1996, por meio da resolução n. 196 e, entre suas atribuições, a principal delas é: “implementar as normas e diretrizes regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos, aprovadas pelo Conselho” (Brasil, [S.d.]). Assim, ela exerce seu papel por meio das funções consultiva, educativa, deliberativa e normativa. Resumindo de uma forma mais direta a relação entre CEP e CONEP, o segundo normatiza o primeiro e os dois trabalham de forma conjunta, consultiva e deliberativa para examinar os aspectos éticos das pesquisas realizadas com seres humanos, principalmente aquelas que envolvem a área da genética e “reprodução humana, novos dispositivos para a saúde, pesquisas em populações indígenas, pesquisas conduzidas do exterior e aquelas que envolvam aspectos de biossegurança” (Brasil, [S.d.]). Com relação às atribuições e funções de um CEP, destacam-se: 6 Figura 1 – Funções de um Comitê de ética em pesquisa (CEP) Fonte: Brasil, 1996. Atualmente, no Brasil existem 848 comitês de ética cadastrados no CONEP, e considerando o número total de CEPs, 46,5% encontram-se cadastrados na região Sudeste; em seguida vem a região Nordeste (20%); as regiões Norte e Centro-Oeste são macrorregiões que possuem o menor número de comitês de ética, 69 e 68 respectivamente. O trâmite de um projeto dentro de um CEP é relativamente demorado, tendo em vista que os comitês, de uma forma geral, têm reuniões mensais e nem sempre o projeto é aceito na primeira avaliação do CEP, existindo várias etapas até chegar a devolutiva ao pesquisador (Figura 2). Revisar todos os protocolos de pesquisa envolvendo seres humanos, buscando garantir e resguardar a integridade e os direitos dos voluntários participantes nas referidas pesquisas e emitir um parecer por escrito; Manter a guarda confidencial de todos os dados obtidos na execução de sua tarefa e arquivamento do protocolo completo, que ficará à disposição das autoridades sanitárias Manter comunicação regular e permanente com a CONEP/MS Acompanhar o desenvolvimento dos projetos por meio de relatórios anuais dos pesquisadores Requerer instauração de sindicância à direção da instituição em caso de denúncias de irregularidades de natureza ética nas pesquisas Receber dos sujeitos da pesquisa ou de qualquer outra parte denúncias de abusos ou notificação sobre fatos adversos que possam alterar o curso normal do estudo Desempenhar papel consultivo e educativo, fomentando a reflexão em torno da ética na ciência 7 Figura 2 – Trâmite de um projeto dentro de um Comitê de Ética em Pesquisa Fonte: Brasil, 2017. Existem mais de 13 mil pessoas atuando de forma voluntária nos comitês de ética no Brasil, exercendo funções de relatores, coordenadores, secretários e assessores, os quais têm um mandato de três anos, podendo ser prorrogável, e se houver a substituição de um dos membros, a CONEP deve ser informada. As equipes atuantes nos CEPs devem contar com no mínimo sete integrantes de áreas diversas, caracterizando uma equipe multidisciplinar e multiprofissional; a relação entre homens e mulheres deve ser equitativas, não podendo um sexo exceder o outro (Brasil, [S.d.]b; Brasil, 2002). A constituição dos CEPs, bem como demais informações a respeito dessa temática, pode ser verificada por meio do manual operacional para comitês de ética em pesquisa, lançado pelo Ministério da Saúde, no ano de 2007. TEMA 3 – RESOLUÇÃO N. 466, DE 2012, E RESOLUÇÃO N. 510, DE 2016 Em dezembro de 2012, na 240ª Reunião Ordinária do Conselho Nacional de Saúde, por meio da Resolução 466/2012, o plenário promulga as novas diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Entre os itens disponíveis na resolução destacamos a alteração e inclusão de alguns termos, como: 8 Figura 3 – Inclusão de termos na Resolução 466/2012 Fonte: CREMESP, [S.d.]. Bem como a ampliação dos aspectos éticos a serem avaliados pelos CEPs, “e o fato de o consentimento livre e esclarecido passar a ser visto como um “processo”, que culmina com a assinatura de um termo específico” (CREMESP, [S.d.]), ou seja, inicialmente o participante da pesquisa deverá ser esclarecido sobre todos os processos que envolvam a pesquisa, como os riscos e benefícios, e, para isso, o pesquisador deverá utilizar termos claros e objetivos, adequados à classe social, econômica e cultural, e dar a liberdade de o participante buscar esclarecimentos em outras fontes. Após todas as dúvidas sanadas, o pesquisador poderá ceder o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) para o sujeito da pesquisa assinar. Outro ponto a ser considerado está relacionado aos riscos e benefícios da pesquisa, em que a nova resolução dispõe que tão logo constatada a superioridade significativa de uma intervenção sobre outra(s) comparativa(s), o pesquisador deverá avaliar a necessidade de adequar ou suspender o estudo em curso, visando oferecer a todos os benefícios do melhor regime. (Novoa, 2014) Complementando a resolução n. 466/2012, tem-se a resolução n. 510/2016, que vem para complementar a sua antecessora, já que a nova resolução dispõe que todos os itens não previstos nela devem ser considerados aqueles dispostos na 466/2012. Sua promulgação, para os pesquisadores, é vista como um avanço para a pesquisa brasileira, pois a nova resolução traz as diretrizes para as pesquisas sociais e humanas, o que antes era abordado apenas pesquisa médicas e biomédicas (Guerreiro; Minayo, 2019). Assentimento livre e esclarecido anuência de participante de pesquisa criança, adolescente ou legalmente incapaz Assistência integral é aquela prestada para atender complicações e danos decorrentes do estudo Benefício da Pesquisa proveito direto ou indireto, imediato ou posterior, auferido pelo participante da pesquisa 9 A resolução 510/2016 traz a definição de pesquisas humanas e sociais, mencionando que são aquelas que por mais que possuam intervenção, sem a utilização do corpo humano, buscam compreender as questões relacionadas a “existência, vivência e saberes das pessoas e dos grupos, em suas relações sociais, institucionais, seus valores culturais, suas ordenações históricas e políticas e suas formas de subjetividade e comunicação” (Brasil, 2016) Nessa resolução, evidencia-se a atribuição dos comitês de ética e do CONEP, indicando que sua única preocupação e objeto de avaliação é a questão ética da participação daqueles que sofrerão alguma intervenção. Isso se faz necessário, tendo em vista que anteriormente era muito comum os comitês solicitarem correções e ajustes em itens que não contemplavam as relações éticas da pesquisa. Com a abertura para pesquisas humanas e sociais, o CONEP esclarece que nem todos os tipos de pesquisa com intervenção precisam ser submetidos a um comitê de ética, como pesquisas de opinião pública sem identificação do pesquisado; pesquisa que utiliza informações de acesso público e ou de domínio público; pesquisa com bancos de dados, onde o pesquisador desconheça a procedência do dado. Para as pesquisas sociais e humanas, o TCLE foi alterado para registro de assentimento e consentimento, podendo ser escrito sonoro, ou de outra forma qualquer, desde que atenda os preceitos sobre objetividade e clareza da pesquisa (Guerreiro; Minayo, 2019). Vamos agora falar mais profundamente sobre o termo de consentimento e assentimento. TEMA 4 – TERMO DE CONSENTIMENTO E DE ASSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO De antemão, destacamos que a aplicação do Termo de Consentimento ou de Assentimento para pesquisas clínicas é obrigatório ea não obrigatoriedade mencionada na resolução n. 510/2016 não se aplica às intervenções realizadas dessa natureza. Entretanto, vale destacar que o processo de consentimento e assentimento está pautado na relação de confiabilidade entre participante e pesquisador, o que dispensa o registro escrito, podendo, então, aplicar o melhor método de registro de concordância (áudio, vídeo etc.). Tendo isso esclarecido, vamos ao assunto do tópico: consentimento e assentimento. Os dois termos 10 parecem tão semelhantes, não é mesmo? Mas vamos descobrir o que os difere no âmbito da pesquisa? Iniciando pelas definições de cada nomenclatura segundo o dicionário, as duas palavras são sinônimas, assim, sugere-se que consentimento é o ato de consentir, de manifestar-se favorável ou, ainda, autorizar; e assentimento vem de assentir, que significa permitir, concordar ou aprovar (Dicio, [S.d.]). Já na Resolução n. 510/2016 os termos são assim definidos: assentimento livre e esclarecido: anuência do participante da pesquisa - criança, adolescente ou indivíduos impedidos de forma temporária ou não de consentir, na medida de sua compreensão e respeitadas suas singularidades, após esclarecimento sobre a natureza da pesquisa, justificativa, objetivos, métodos, potenciais benefícios e riscos. A obtenção do assentimento não elimina a necessidade do consentimento do responsável; […] consentimento livre e esclarecido: anuência do participante da pesquisa ou de seu representante legal, livre de simulação, fraude, erro ou intimidação, após esclarecimento sobre a natureza da pesquisa, sua justificativa, seus objetivos, métodos, potenciais benefícios e riscos. (Brasil, 2016) Assim, compreende-se que o termo de assentimento será aplicado apenas a situações que envolvem menores ou legalmente incapazes e, por meio dele, após os participantes da pesquisa serem esclarecidos e orientados, um responsável ou representante legal assina o termo de consentimento. Já o termo de consentimento é aplicado aos próprios participantes da pesquisa. Em qualquer um dos termos é preciso que a informação seja clara, de fácil compreensão, que informe os riscos e os benefícios da pesquisa. Destaca-se também que o participante deve se voluntariar para participar, não sendo permitida a promessa de cunho financeiro ou de qualquer outra natureza. 11 Entre os direitos dos participantes, encontram-se: Figura 4 – Direitos do participante da pesquisa, segundo a resolução 510/2016 Fonte: Brasil, 2016. Antes da promulgação da resolução n. 510/2016, era muito comum encontrar pesquisas em que os participantes da pesquisa haviam lido e assinado o TCLE, porém, não haviam compreendido seus direitos ou mesmo os riscos e benefícios aos quais estavam se expondo. Motivo que levou à alteração na nova resolução. O termo de consentimento ou assentimento a ser aplicado ao participante da pesquisa deverá ser disponibilizado ao CEP, por meio da Plataforma Brasil, conforme veremos a seguir. TEMA 5 – PLATAFORMA BRASIL O que é a Plataforma Brasil? É uma base de dados do sistema CEP/CONEP que contém todos os protocolos de pesquisa que envolvem seres humanos. Por meio dela, os Comitês de ética acompanham os protocolos de pesquisa postados e apresentam os pareceres e ainda realizam o acompanhamento de cada pesquisa. A Plataforma Brasil pode ser acessada por meio do link: . Além disso, por meio da Plataforma Brasil é possível verificar diversas informações, como consultar um CEP, verificar as normativas e resoluções que envolvem a área da pesquisa, verificar pesquisas aprovadas, e outras. Sabendo o que é a Plataforma Brasil, vamos passar a conversar sobre a submissão de um projeto e os documentos necessários. Para submeter um projeto, é preciso que ele já esteja desenhado, constando itens como: resumo, introdução, objetivo geral e especifico, a indenização devido aos danos causados em decorrência da pesquisa Apontar quais informações podem ser públicas e quais não podem o ressarcimento financeiro das despesas de sua participação, Ter respeitada sua privacidade Desistir de participar da pesquisa quando quiser 12 justificativa, hipóteses, metodologia, fundamentação teórica, riscos, benefícios, cronograma, custos, considerações finais e referências. Além disso, será preciso providenciar alguns documentos que serão solicitados durante o cadastro do seu projeto (Uninter, [S.d.]): • Orientações para pesquisa on-line – TCLE; • Análise de Mérito do Orientador Responsável; • Carta ao Coordenador; • Concordância do Serviço Envolvido; • Declaração de Tornar Público os Resultados; • Declaração de Uso Específico do Material e ou Dados Coletados; • Dispensa TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido; • Elementos do Protocolo de Pesquisa para o Comitê de Ética em Seres Humanos; • Termo de Assentimento; • Termo de Confidencialidade de Dados; • Termo de Consentimento Livre e Esclarecido; • Termo de Responsabilidade do Pesquisador; Será preciso avaliar quais documentos se aplicam ao seu projeto e quais não se aplicam, afinal, seria um tanto incoerente preencher uma declaração de dispensa de TCLE e durante a submissão do projeto postar o TCLE para apreciação do CEP. Normalmente, os orientadores auxiliam nessa etapa, informando quais documentos devem ser preenchidos e quais podem ser dispensados. Mas antecipamos que os documentos Carta ao Coordenador, Declaração de Uso Específico do Material ou Dados Coletados, Termo de Confidencialidade dos Dados e Termo de Responsabilidade do Pesquisador sempre serão solicitados. Normalmente, os próprios CEPs fornecem os modelos dos documentos. Tendo os documentos assinados e digitalizados, iniciamos a postagem na Plataforma Brasil! Inicialmente, precisamos ter um cadastro na plataforma. Para isso, deve-se acessar “cadastre-se”, escolher a opção “ambiente de produção” e preencher os campos solicitados. Agora vamos cadastrar o projeto de pesquisa! 13 Acesse a plataforma, entre com seu login e senha, clique em “nova submissão” e preencha todos os dados solicitados. Alguns campos podem gerar dúvidas, então, apresentamos esclarecimentos na figura abaixo: Figura 5 – Primeira parte do formulário de submissão de projeto da Plataforma Brasil Fonte: CNS, 2018. Vale destacar que a instituição proponente é a indicação de para qual CEP você quer enviar o projeto, ou seja, a qual CEP o projeto será submetido. Os pesquisadores que não possuem vínculo institucional podem assinalar a opção “sem proponente” que o CONEP se encarregará de encontrar um CEP para enviar o projeto. A próxima parte de preenchimento será mais voltada para a pesquisa em si, então, você encontrará questionamentos sobre o envolvimento de seres humanos, populações vulneráveis, se a pesquisa é clínica etc. A partir daí vêm alguns campos que solicitam tudo que você já possui em seu projeto, como título público (o título que aparece em caso de consulta pública), título principal (aquele que consta em seu projeto), expansão do acrônimo (normalmente não utilizamos), pesquisador principal (se não for aquele que está preenchendo o formulário, então deverá ser acrescentado nesse campo), sendo uma pesquisa 14 clínica então vários outros campos destinados apenas a esse tipo de pesquisa irão abrir, não sendo apenas algumas poucas partes serão preenchidas ainda, tais como: desenho (método), financiamento (lembre-se, todo projeto tem custo – papel, impressão, caneta etc.), a parte seguinte será apenas para inserir os itens presentes no seu projetos: resumo, introdução, hipótese, metodologia, desfecho primário (resultado que se espera) e secundário (demais possíveis resultados esperados), número de participantes, país que pretende realizar a pesquisa, cronograma (que deverá ser inseridomanualmente na plataforma), por fim, o sistema permitirá que você anexe o projeto e demais documentos (aqueles citados anteriormente) e aqui temos uma dica muito importante: os documentos não devem estar renomeados com acentos ou pontuação! Faça da seguinte forma: carta_coordenacao ou termo_de_consentimento. Sem espaço ou qualquer caractere especial; caso contrário, o sistema não irá anexar o documento. Nessa mesma tela irá aparecer o campo para gerar a folha de rosto, que deverá ser assinada pelo CEP proponente e anexada na plataforma, conforme consta na imagem abaixo: Figura 6 – Como adquirir a folha de rosto na Plataforma Brasil Fonte: CNS, 2018. E lembre-se de salvar seu progresso, pois após alguns minutos de funcionamento a plataforma Brasil fecha a submissão e, se você não tiver salvo, terá que reiniciar todo o processo! Postando a folha de rosto, basta finalizar e aguardar o retorno do CEP. 15 Saiba mais Para saber mais sobre a Plataforma Brasil, incluindo vídeos de sua operacionalização, acesse: . NA PRÁTICA Conforme estudamos nesta aula, todas as pesquisas que envolvem seres humanos como sujeitos de pesquisas necessitam da análise do projeto pelo Comitê de Ética. Acesse o site da Plataforma Brasil e verifique quais são os Comitês disponíveis em sua região: . Aproveitando essa oportunidade, realize também seu o cadastro na Plataforma Brasil (, mas para isso também é necessário ter o cadastro do seu currículo na Plataforma Lattes (). FINALIZANDO A aula de hoje se iniciou com a forma como surgiram as pesquisas em saúde e os impactos que tiveram nos participantes, por não possuírem uma regulamentação. Depois da Segunda Guerra Mundial, foi promulgado o Código de Nuremberg, que não foi suficiente para assegurar a segurança dos participantes, então saiu a Declaração de Helsinque, que ampliou o cuidado. Porém, nos anos 1980/1990 esta declaração ficou obsoleta, então, novas atualizações foram realizadas no âmbito mundial. No Brasil, a Resolução 196/44 foi um marco na pesquisa em saúde e perdurou por quase 20 anos, até que a Resolução 466/2012 veio substitui-la, ampliando a questão da preocupação ética com os participantes da pesquisa e atenuando a relação dos princípios bioéticos. Não atendendo toda a demanda de pesquisas, em 2016 foi promulgada a Resolução 510/2016, que coloca em seu rol de estudos as pesquisas que envolvem as ciências humanas e sociais, desfazendo a percepção de que apenas pesquisa médicas e biomédicas mereciam ser submetidas aos comitês de éticas. A resolução faz menção também aos tipos de pesquisa que devem ser submetidos aos comitês de ética 16 e os que não precisam, também ampliando as possibilidades de realização dos termos de consentimento e assentimento. Por fim, vimos o que é a Plataforma Brasil e como faz para cadastrar um projeto de pesquisa. 17 REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Comitês de Ética em Pesquisa. Mapa dos CEP’s. [s/d]. Disponível em: . Acesso em: 1 mar. 2021. _____. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Ética em Pesquisa (CONEP). Saiba mais sobre as comissões intersetoriais do CNS. [s/d]. Disponível em: . Acesso em: 1 mar. 2021. _____. Ministério da Saúde. Resolução n. 196, de 10 de outubro de 1996. Aprova as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. 1996. Disponível em: . Acesso em: 1 mar. 2021. _____. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Manual operacional para comitês de ética em pesquisa/Ministério da Saúde, Conselho Nacional de Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2002. Disponível em: . Acesso em: 1 mar. 2021. _____. Ministério da Saúde. Resolução n. 510, de 7 de abril de 2016. Dispõe sobre as especificidades éticas das pesquisas nas ciências humanas e sociais e de outras que utilizam metodologias próprias dessas áreas. 2016. Disponível em: . Acesso em: 1 mar. 2021. _____. Ministério da Saúde. Conheça a CONEP. Comissão Nacional de Ética em Pesquisa em seres Humanos. Brasília, 2017. Disponível em: . Acesso em: 1 mar. 2021. CNS – Conselho Nacional de Saúde. Manual de Usuário Pesquisador. Plataforma Brasil. Unidade Técnica Plataforma Brasil. Assessoria Plataforma Brasil. 2018. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/1996/res0196_10_10_1996.html http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/1996/res0196_10_10_1996.html 18 . Acesso em: 1 mar. 2021. CREMESP – Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo. Centro de Bioética do CREMESP. Pesquisas com seres humanos. [s/d]. Disponível em: . Acesso em: 1 mar. 2021. _____. Centro de Bioética do CREMESP. Declaração de Helsinque, 2002. Disponível em: . Acesso em: 1 mar. 2021. DICIO – Dicionário Online de Português. Significado de Consentimento. [s/d]. Disponível em: . Acesso em: 1 mar. 2021. GUERREIRO, I. C. Z.; MINAYO, M. C. A aprovação da Resolução CNS n. 510/2016 é um avanço para a ciência brasileira. Saúde Soc., v. 28, n. 4, p. 299-310, São Paulo, 2019. Disponível em: . Acesso em: 1 mar. 2021. KOTTOW, M. História da ética em pesquisa com seres humanos. RECIIS – R. Eletr. de Com. Inf. Inov. Saúde. Rio de Janeiro, v. 2, sup. 1, 2008. Disponível em: . Acesso em: 1 mar. 2021. NOVOA, P. C. R. O que muda na Ética em Pesquisa no Brasil: Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde. Einstein, v. 12, n 1, 2014. Disponível em: . Acesso em: 1 mar. 2021. UNINTER. Coordenação de Pesquisas e Publicações Acadêmicas. Documentos para submissão de projetos. [S.d.]. Disponível em: 19 . Acesso em: 1 mar. 2021.