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Faculdade de Ciências Económicas e Empresariais Departamento de Ciências Económicas Curso: Economia Cadeira: Macroeconomia 1 LABORAL Tema: Determinantes da inflação no crescimento económico de Moçambique Discente Docente: Edson Garrine · Angela Macome · Josué · Melucha Augusto · Micaela Samo Gudo · Paula Botão · Yandra Manjate · Zema Caetano Maputo, Maio de 2025 Índice Introdução 2 1.1 Objectivo Geral 3 1.2 Objectivos Específicos 3 1.3 Problemática 3 1.4 Metodologia 3 Revisão da Literatura 4 INFLAÇÃO 5 Fatores da Inflação 6 Fatores Internos: 6 Fatores Externos: 6 Impacto no Crescimento Econômico: 6 Tipos básicos de inflação e causas 6 Consequências da inflação 8 Políticas anti-inflacionárias 8 O custo da inflação 9 A RELAÇÃO ENTRE DESEMPREGO, INFLAÇÃO 9 Wilian Phillips 10 Conclusão 11 Referências 12 Introdução A inflação é um dos fenômenos econômicos mais relevantes e impactantes em uma sociedade, caracterizando-se pelo aumento generalizado e contínuo dos preços de bens e serviços, o que resulta na redução do poder de compra da moeda. Esse fenómeno afecta directamente a estabilidade econômica, a qualidade de vida da população e o bem-estar social. A inflação pode ser provocada por diversos fatores, como o aumento nos custos de produção, a expansão da demanda, a escassez de oferta e questões estruturais do sistema econômico. Controlar e administrar a inflação de forma eficaz é essencial, dado que suas consequências podem ser profundas e abrangem desde o empobrecimento da população até desequilíbrios econômicos e sociais. Além disso, a medição precisa da inflação, por meio de índices confiáveis e amplamente aceitos, desempenha um papel crucial na formulação de políticas econômicas e na tomada de decisões estratégicas. O presente trabalho tem como objectivo analisar a inflação como um dos indicadores mais relevantes para a economia. Para isso, abordaremos os conceitos básicos relacionados ,entender os factores que a determinam e como impacta o crescimento econômico é crucial para a formação de políticas eficazes. 1.1 Objectivo Geral · Investigar o fenómeno da inflação, a fim de compreender sua influência na estabilidade económica e no bem-estar da sociedade. 1.2 Objectivos Específicos · Analisar os diferentes tipos de inflação (de custos, de demanda, estrutural e de oferta) · Identificar as principais consequências da inflação para a economia e a população. 1.3 Problemática A inflação é um fenómeno que, quando descontrolado, compromete a estabilidade económica, reduz o poder de compra e amplia as desigualdades sociais. Diante disso, questiona-se: Quais são as principais causas e impactos da inflação, e como podem ser implementadas políticas eficazes para controlá-la sem prejudicar o crescimento económico e o bem-estar da população? 1.4 Metodologia Este estudo será conduzido com base em uma revisão bibliográfica, utilizando artigos acadêmicos, relatórios econômicos, pdf e fontes confiáveis de análise econômica, sobre a inflação, bem como estudos de caso que abordem políticas anti-inflacionárias em diferentes contextos econômicos. Revisão da Literatura A inflação é amplamente estudada como um fenômeno econômico que afecta a estabilidade financeira, a distribuição de renda e o bem-estar social. Ela é definida como o aumento contínuo e generalizado dos preços de bens e serviços, resultando na diminuição do poder de compra da moeda. De acordo com os estudos, a inflação pode ser classificada em tipos, como inflação de demanda, de custos, de oferta e estrutural, sendo cada uma influenciada por factores específicos como expansão monetária, aumento dos custos de produção ou expectativas econômicas. Diversos autores destacam que a inflação elevada gera impactos significativos, como o empobrecimento da população, o aumento das desigualdades sociais, a redução dos investimentos e a instabilidade econômica. Além disso, ela interfere nas decisões empresariais e governamentais, dificultando o planejamento e a análise econômica. Os estudos também apontam para a importância da medição da inflação por meio de índices de preços, como o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que permitem monitorar as variações de preços ao longo do tempo. Esses índices são essenciais para avaliar a eficácia de políticas econômicas e orientar decisões estratégicas. Quanto ao controle da inflação, a literatura apresenta diferentes políticas, como a política monetária restritiva, a política fiscal contracionista, o controle de preços e intervenções no mercado cambial. Apesar disso, os autores concordam que não há uma solução única ou universal, pois as medidas adotadas devem ser adaptadas ao contexto econômico específico de cada país. Por fim, a literatura destaca que, embora a inflação seja inevitável em economias dinâmicas, sua gestão eficiente é fundamental para garantir a estabilidade econômica, promover o crescimento sustentável e proteger o bem-estar da sociedade. Palavras-chave: Inflação, estabilidade económica, poder de compra, políticas anti-inflacionárias, impacto social, desigualdade económica, bem-estar económico. INFLAÇÃO Inflação é um fenômeno econômico que consiste no aumento generalizado dos preços de bens e serviços ao longo do tempo. A inflação resulta em uma diminuição do poder de compra da moeda, ou seja, a mesma quantidade de dinheiro passa a comprar menos produtos e serviços. A inflação é calculada por meio de índices de preços, que comparam os preços atuais com os preços de um período anterior. A taxa de inflação pode ser homóloga, mensal ou média: · Taxa de inflação homóloga: Compara o IPC do mês atual com o mesmo mês do ano anterior. · Taxa de inflação mensal: Compara o IPC do mês atual com o mês anterior. · Taxa de inflação média: Compara a variação do IPC dos últimos 12 meses com a média dos 12 meses anteriores. Uma inflação controlada é essencial para a estabilidade econômica de um país, mas quando o processo inflacionário se torna descontrolado, pode ocorrer o fenômeno de hiperinflação. A inflação é um problema social muito importante e diante dela, podemos nos envolver em crises políticas. A elevação do nivel geral dos preços faz com que as pessoas fiquem mais pobres. Em termos reais, as pessoas perdem a capacidade de compra em relação a quantidade de moeda de que dispõem. O problema é colocado em termos reais porque é assim que se mede o poder aquisitivo de uma sociedade, comparando com base num preço monetário, no caso, numa dada moeda, em relação a preços que essa moeda pode adquirir. Como sabemos, todas as coisas produzidas tem um preço de referência dado por uma moeda qualquer. Portanto, o bem-estar individual, social e de todo o sistema econômico depende do preço relativo e não somente de mudanças no preço de uma dada mercadoria. Fatores da Inflação A inflação em Moçambique é influenciada por diversos fatores internos e externos, que, por sua vez, impactam o crescimento econômico do país. Fatores Internos: 1. Política Monetária e Fiscal: Decisões do Banco de Moçambique sobre taxas de juros e controle da oferta monetária, bem como políticas fiscais do governo, afetam diretamente a inflação. 2. Estrutura do Mercado: A dependência de importações, especialmente de alimentos e combustíveis, torna o país vulnerável a choques externos, influenciando os preços internos. 3. Expectativas de Inflação: As percepções dos agentes econômicos sobre a inflação futura podem levar a ajustes nos preços e salários, alimentando o processo inflacionário. Fatores Externos: 1. Taxa de Câmbio: A desvalorização do metical encarece as importações, pressionando os preços internos. 2. Choques Climáticos: Fenômenos como o El Niño afetam a produção agrícola, reduzindo a oferta de alimentos e elevando os preços. 3. Instabilidade Política: A violência pós-eleitoral e a instabilidade política podem perturbar as cadeias de abastecimento e reduzir a confiança dos investidores, impactandonegativamente a economia. Impacto no Crescimento Econômico: Embora a inflação seja uma variável macroeconômica importante, estudos indicam que, em Moçambique, o consumo e o investimento são os principais determinantes do crescimento do PIB. Variáveis como inflação, taxas de juros e taxas de câmbio não demonstraram efeito significativo sobre o crescimento econômico no período analisado . Tipos básicos de inflação e causas Podemos considerar de maneira geral os seguintes tipos de inflação. Todos estão relacionados às causas. Assim, temos: Inflação de custos A formação de preços nas unidades de produção depende dos custos gerais com a aquisição dos fatores de produção e outros insumos necessários à produção de bens e serviços. Se esses custos forem crescentes, as empresas tendem a repassá-los à formação de preços de bens produzidos. Com isso, há tendência a elevação de preços no mercado. Isso também é uma causa importante de inflação. Inflação de oferta Muitos fatores podem afetar a estrutura da oferta do sistema económico. Entre eles, podemos considerar os custos de produção, tecnologia, sazonalidade, etc. Esses fatores, normalmente, podem provocar a retração da curva de oferta, causando, com isso, excesso de demanda que tende a pressionar os preços de equilibrio para cima. A escassez de oferta pode levar a elevação dos preços, sendo uma das causas de inflação. Inflação estrutural Como já mencionado, a expectativa dos agentes em relação ao comportamento dos preços futuros pode afetar decisões presentes. A expectativa da inflação afeta a taxa de juros reais, conforme mostramos na relação dada pelo efeito Fisher. Como sabemos, a taxa de juros reais é fator determinante de investimentos produtivos. Esse cenário de expectativa pode gerar configuração estrutural do sistema econômico em que os agentes buscam antecipadamente se proteger de perdas futuras sobre seus ganhos/rendimentos, podendo induzir um ciclo negativo para toda a atividade económica. Inflação de demanda É um processo inflacionário causado pela expansão da renda. Em função da expansão da renda, os meios de pagamentos ficam acima da capacidade de expansão real da economia, causando elevação dos preços pelo lado da demanda. A taxa de expansão dos rendimentos monetários estaria acima da taxa de crescimento real da economia. Como consequência disso, esses efeitos recaem sobre o nível geral dos preços. A teoria quantitativa da moeda ofereceu uma boa ilustração dessa causa de inflação provocada pelo desajuste entre a produção real e o rendimento nominal. São muitas causas da inflação, além daquelas que caracterizam cada tipo de inflação. Basicamente temos problema do excesso de expansão monetária. A emissão desajustada por parte da autoridade monetária de grande quantidade de dinheiro. Consequências da inflação A inflação gera um efeito cascata na economia, com diversas implicações para além do campo econômico, como nas áreas política e social. São consequências dela: · Empobrecimento da população; · Diminuição do poder de compra dos indivíduos; · Aumento generalizado dos preços dos produtos; ✓ Redução da oferta de empregos; · Elevação dos níveis de pobreza em uma sociedade; · Crescimento das taxas de juros; · Perda de investimentos internacionais; · Diminuição da qualidade de vida da população; · Concentração de renda da população; · Queda de investimentos públicos e privados no setor produtivo. Políticas anti-inflacionárias Para reduzir a inflação, os decisores políticos podem adotar várias políticas anti inflacionárias. Algumas das principais políticas são: Política monetária restritiva: O banco central pode aumentar as taxas de juros para reduzir a oferta de dinheiro na economia. Isso torna o crédito mais caro e desestimula o consumo e o investimento, o que pode ajudar a reduzir a inflação. Política fiscal contracionista: O governo pode reduzir seus gastos e aumentar a arrecadação de impostos para reduzir a demanda agregada na economia. Isso pode ajudar a reduzir a inflação, mas também pode ter efeitos negativos na atividade econômica. Controle de preços: O governo pode controlar os preços de certos produtos ou serviços para evitar aumentos excessivos. No entanto, essa política pode levar a escassez de produtos e distorções no mercado. Política cambial: O governo pode intervir no mercado cambial para controlar a taxa de câmbio e evitar a inflação importada. Isso pode ajudar a reduzir a inflação, mas também pode ter efeitos negativos na balança comercial. Política de rendas: O governo pode negociar com sindicatos e empresas para limitar os aumentos salariais e de preços. Isso pode ajudar a reduzir a inflação, mas também pode levar a conflitos sociais. É importante ressaltar que não existe uma política anti-inflacionária única que seja eficaz em todas as situações. Os decisores políticos devem avaliar cuidadosamente as condições econômicas e escolher as políticas mais adequadas para reduzir a inflação de forma sustentável. O custo da inflação A inflação tem vários custos, entre eles: · Redução do poder de compra: A inflação aumenta os preços dos produtos, o que diminui o poder de compra da população. · Desestímulo aos investimentos: A inflação gera incerteza, o que desestimula os investimentos. · Aumento da dívida pública: A inflação aumenta o custo da dívida pública, pois as taxas de juros precisam compensar a inflação e pagar um prêmio de risco. · Desvalorização da moeda: A inflação desvaloriza a moeda nacional em relação a moedas estrangeiras. · Aumento da pobreza: A inflação aumenta os níveis de pobreza na sociedade. · Diminuição da qualidade de vida: A inflação diminui a qualidade de vida da população. · Concentração de renda: A inflação concentra a renda da população. · Queda de investimentos públicos e privados: A inflação diminui os investimentos públicos e privados no setor produtivo. · Dificuldade em analisar preços: A inflação dificulta analisar se os produtos estão caros ou baratos. · Dificuldade em comparar receitas, custos e lucros: A inflação torna mais difícil comparar receitas reais, custos e lucros ao longo do tempo. A RELAÇÃO ENTRE DESEMPREGO, INFLAÇÃO Para os clássicos, a economia estaria sempre em pleno emprego, não havendo a possibilidade teórica de desemprego. Diante de alguma crise econômica os fatores de produção baixariam seus preços (salários) e sempre encontraríamos alguma atividade econômica que empregaria estes recursos antes ociosos. O desemprego seria voluntário, ou seja, de pessoas que não desejavam trabalhar e se mantinham à margem do processo produtivo. À época também era muito fácil os clássicos associarem o desemprego ao desvio de caráter, ou seja, causado pela lassidão, pelo vício ou inaptidão física contra a qual a pessoa não lutou e não se adaptou. Por outro lado, a inflação não era preocupante, pois estava situada em patamares relativamente baixos. Quando ela ocorria de maneira mais abrupta podia ser associada facilmente a má sorte na economia, como a causada por secas, por acidentes ou epidemias. Por outro lado, inflações históricas estavam associadas à necessidade de financiamento das guerras ou à má gestão de senhores feudais e governantes em busca de realização de suas ambições pessoais. No caso das guerras, a inflação era justificada para atender as necessidades de soberania dos povos, que é sempre um valor supremo. No caso da má gestão, a solução estava na escolha de governantes mais esclarecidos e preocupados com o bem comum. Novamente a grande depressão de 1929 foi um divisor de águas no entendimento do problema. Primeiro, porque o grande desemprego gerado não poderia estar associado a nenhum aspecto de iniciativa voluntária dos empregados. Segundo, porque ocorreram deflações e inflações no período de recuperação até o grande conflito mundial de 1939, sem que tivesse havido um pronunciamento de que a economia estaria voltando ao equilíbrio, ao pleno emprego. No entanto, a preocupação com o entendimento da inflação voltou a diminuir a partir da SegundaGuerra Mundial com a predominância das políticas econômicas keynesianas. Wilian Phillips A curva de Phillips de curto prazo é um conceito macroeconómico que descreve a relação entre a inflação e o desemprego no curto prazo. A principal afirmação da curva de Phillips é que existe uma correlação negativa entre estas duas variáveis, ou seja, quando uma aumenta, a outra diminui. A curva de Phillips de curto prazo considera apenas o efeito direto do aumento da empregabilidade ou do desemprego na inflação. A relação entre a inflação e o desemprego é explicada pelo facto de que, quando a taxa de desemprego é elevada, a economia gera menos rendimento. Isto pode ser devido a menos empregos criados ou a empregos com salários mais baixos. Com menos procura por bens e serviços, as empresas têm menos poder para aumentar os preços. No entanto, a globalização e a diversificação geográfica da produção têm afetado a eficácia desta relação. Para os bens comerciáveis, a relação entre inflação e desemprego é global, sendo mais importante a taxa de desemprego global do que a de cada país individualmente Em macroeconomia, a curva de Phillips, representa uma relação de trade-off entre inflação e desemprego, que permite analisar a relação entre ambos, no curto prazo. Segundo esta teoria, desenvolvida pelo economista neozelandês William Phillips, uma menor taxa de desemprego leva a um aumento da inflação, e uma maior taxa de desemprego a uma menor inflação. Contudo, esta relação não é válida no longo prazo, uma vez que a taxa de desemprego é basicamente independente da taxa de inflação conforme outras variáveis vão se alterando. A Recuperação do pleno emprego, com pouca atenção para as questões monetárias, como as ligadas à inflação. O período de grande prosperidade das décadas de 1950 e 1960 fez com que tanto a inflação como o desemprego não fossem problemas centrais para os economistas. Em 1958 Phillips encontrou uma grande regularidade nos pares de pontos para cada um dos cerca de 90 anos da economia inglesa que foram analisados, distribuídos ao longo de uma curva. Conclusão A inflação, embora seja um elemento natural de economias dinâmicas, pode trazer grandes desafios quando não é controlada. Ela afecta não apenas o poder de compra da população, mas também a estabilidade económica e social de um país. Portanto, adoptar políticas económicas eficazes para combatê-la é fundamental para garantir a sustentabilidade do crescimento económico, proteger o bem-estar da população e evitar crises económicas prolongadas. A conscientização sobre suas causas e impactos é indispensável para que indivíduos e governos possam agir de forma mais eficiente diante desse fenómeno. Referências · Barro, Robert. J.; Sala-i-Martin, X. 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