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MANUAL DE DICAS 1ª FASE OAB DIREITO TRIBUTÁRIO @PROFESSORNOVAIS 2 PROFESSOR RAFAEL NOVAIS – TRIBUTÁRIO (@ProfessorNovais) INTRODUÇÃO E CONCEITO 1. O conceito de tributo encontra-se expressamente definido no art. 3º do CTN, ao determinar: Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. 2. A Prestação Pecuniária objetiva facilitar a operacionalização das despesas públicas, determinando que o tributo deve ser pago em dinheiro (moeda). Entretanto, o art. 156, XI, CTN autoriza o pagamento mediante a Dação em Pagamento de Bens Imóveis (o poder público não será obrigado a aceitar o imóvel, sendo necessário identificar sua utilidade para a administração pública). 3. O elemento Compulsório decorrer exatamente de sua instituição em lei. O direito tributário adota o Princípio da Legalidade em suas relações (arts. 5º, II e 150, I, CF). 4. Em regra, os tributos serão criados por Lei Ordinária (aprovado por maioria simples). Contudo, em 7 específicos tributos apenas a Lei Complementar (criados por maioria absoluta) poderá instituí-los: Empréstimos Compulsórios, Imposto sobre Grandes Fortunas – IGF, Impostos Residuais e Contribuições Sociais da Seguridade Social Residual, IBS, CBS e Imposto Seletivo. 5. Nas espécies relacionadas à Lei Ordinária, existindo relevância e urgência, caberá a utilização de Medida Provisória. Entretanto, nas matérias reservadas à Lei Complementar não caberá Medida Provisória (art. 62, §1º, III, CF). 6. Tributo não constitui sanção de ato ilícito. Atente-se para aplicação do princípio tributário do pecunia non olet (dinheiro não cheira), pouco se importando com a origem do dinheiro, se licita ou ilícita (art. 118, CTN). 7.A cobrança dos tributos será feita mediante atividade administrativa plenamente vinculada. O agente fiscalizador não atuará de forma discricionária (optando de deveria cobrar os tributos), mas sim de forma vinculada (bastando a ocorrência do fato gerador). 8. As principais finalidades tributárias dividem-se em: fiscal, objetivando a arrecadação (Exs.: ICMS, ISS, IR), extrafiscal, pretendendo a proteção e a intervenção no setor social ou econômico (Exs.: II, IE, IPI, IOF) e parafiscal,existindo separação entre competência em sentido estrito - criação do tributo - e capacidade tributaria ativa - fiscaliza, executa e arrecada a exação (Exs.: CIDE, ITR). ESPÉCIES TRIBUTÁRIÁS 9. Impostos (art. 16, CTN e art. 145, I, CF): Caracteriza-se como espécie tributária meramente contributiva, desvinculada a qualquer contraprestação estatal (tributo não vinculado). Seus fatos geradores incidem sobre manifestações de riquezas dos contribuintes. 10. As receitas arrecadadas com impostos não estariam previamente vinculadas, utilizando-as aos serviços públicos “uti universi” – universais. 11. Taxas (art. 77, CTN e art. 145, II, CF): Tributo de feição contraprestacional e competência comum, sua cobrança dependerá de atividade realizada pelo poder público para o contribuinte (tributo vinculado). Detém dois diferentes fatos geradores: exercício regular do poder de polícia e utilização de serviço público específico e divisível. 12. Taxa de Polícia (art. 78, CTN): O poder de polícia, essencial ao ramo administrativista, conceitua-se como conjunto de limitações à liberdade individual em favor da coletividade. Existindo exercício regular do poder de 3 PROFESSOR RAFAEL NOVAIS – TRIBUTÁRIO (@ProfessorNovais) polícia, os entes políticos podem cobrar esta taxa. O STF entende como cabível o exercício presumido do poder de polícia. 13. Taxa de Serviços Públicos (art. 79, CTN): Aplicável aos serviços públicos específicos e divisíveis quando utilizados, efetiva ou potencialmente, pelo contribuinte. Considerando que apenas uma parcela determinável da sociedade utilizará tais serviços, haverá incidência de taxa. 14. Diante da ausência de especificidade e divisibilidade, o STF pacificou entendimento quanto à inconstitucionalidade da cobrança de taxas sobre os seguintes serviços: limpeza das vias e logradouros públicos, segurança pública, pavimentação, conservação de estradas e iluminação pública (Súmula Vinculante 41). 15. Contribuições de melhoria (art. 81, CTN e art. 145, III, CF): Seu fato gerador consiste na realização de obras públicas que promovam valorização imobiliária nos imóveis dos contribuintes. Caráter contraprestacional, pois será necessário que qualquer dos entes realize a obra e ocorra valorização do imóvel (tributo vinculado). 16. A cobrança da Contribuição de Melhoria respeitará dois limites: total (correspondente ao teto – não pode exceder a totalidade do valor gasto na obra) e o individual (a cobrança será realizada de forma individual e proporcional à valorização de cada imóvel). 17. Além das características anteriores, para exigência da contribuição de melhoria será necessário o respeito a específicos requisitos (art. 82, CTN): publicação prévia de edital (contendo informações relevantes sobre descrição, orçamento, delimitação da zona beneficiada, entre outros), prazo para impugnação (não inferior a 30 dias), além do processamento administrativo. 18. Empréstimos Compulsórios (art. 148, CF e art. 15, CTN): Tributo de competência exclusiva da União, somente podendo ser criado mediante lei complementar (maioria absoluta, vedada Medida Provisória). Tratando-se de mero empréstimo, deve ser restituído em dinheiro, cabendo em três situações: guerra externa (ou sua iminência), calamidade pública (casos fortuitos ou fora maior) e investimento público (de caráter urgente e relevante). 19. Tratando-se dos casos de calamidade pública ou guerra externa não será necessário o respeito aos princípios da anterioridade anual e nonagesimal, sendo possível sua cobrança imediatamente após sua publicação. Por outro lado, os casos de investimento público, ainda que relevante e urgente, respeitará ambas as anterioridades. 20. Contribuições Especiais (art. 149 e 149- A, CF): Tributos criados com objetivos previamente determinados, intervindo nas áreas sociais e/ou econômicas. Segundo a jurisprudência dividem-se em: contribuições especiais sociais, contribuições de intervenção no domínio econômico (CIDE), contribuições corporativas e contribuições para custeio do serviço de iluminação pública (COSIP). 21. Contribuições especiais sociais: Serão instituídas e cobradas como mecanismo de aplicação na defesa dos direitos sociais (art. 6º, CF). Subdivide-se em: seguridade social, seguridade social residual e sociais genéricas. 22. Dentre as contribuições sociais, destacam-se aquelas aplicáveis diretamente à seguridade social, aqui compreendidas como P.A.S – Previdência, Assistência e Saúde (art. 195, CF). 22. Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE): Utilizadas, como o próprio nome sugere, para que a União possa intervir na proteção do elemento social e econômico, estimulando ou desestimulando atividades. 4 PROFESSOR RAFAEL NOVAIS – TRIBUTÁRIO (@ProfessorNovais) 23. Contribuições Corporativas: Instituídas pela União como mecanismo de proteção aos interesses das categorias profissionais ou econômicas, dividindo-se em duas modalidades: contribuição sindical (utilizadas para manutenção do sindicato dos trabalhadores) e contribuição anuidade (instituída para manutenção das entidades de representação e fiscalizatórias de profissões regulamentadas, a exemplo do CREA). 24. O STF afasta natureza tributária para as anuidades da OAB, considerando-a autarquia especial sui generis (ADI nº 3.026/DF). 25. Contribuições para custeio do Serviço de Iluminação Pública (COSIP): Instituída pelos municípios e DF, tal contribuição objetiva o pagamento da energia gastapela municipalidade para iluminação pública bem como custear sistemas de monitoramento para segurança e preservação de logradouros públicos, sendo facultada a cobrança na fatura de consumo de energia elétrica. PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS 26. Princípio da Legalidade (art. 150, I, CF): Baseando-se na máxima da legalidade, a instituição ou aumento de tributos dependerá da edição de lei. Entretanto, atente-se as pontuais exceções ao princípio da legalidade: a) Alíquotas do II, IE, IPI e IOF que podem ser alteradas por ato do poder executivo; b) Redução e restabelecimento das alíquotas da CIDE – Combustíveis que poderá ocorrer por ato do poder executivo; c) Definição das alíquotas do ICMS – Combustíveis, definidas por deliberação dos Estados e Distrito Federal; d) Determinação do prazo para pagamento do tributo e definição das obrigações acessórias, não sendo matérias exclusivas da lei; e) Atualização monetária podendo ser realizada por ato do poder executivo. 27. Princípio da isonomia (art. 150, II, CF): Considerando o direito fundamental da igualdade, a norma tributária não poderá realizar tratamento desigual entre contribuintes que estiverem em situação equivalente, nem tão pouco realizar distinção sobre ao cargo ocupado e rendimentos recebidos. 28. O princípio da isonomia será base para o princípio da capacidade contributiva (art. 145, §1º, CF), compreendido como a possibilidade de analisar os elementos pessoais do contribuinte para aplicação da norma tributária. 29. Princípio da Segurança Jurídica (art. 150, III, CF): Denominado também de princípio da não surpresa, configura-se pela conjunção de outros três princípios-regras (irretroatividade, anterioridade anual e nonagesimal) que objetivam conceder segurança ao contribuinte para não ser surpreendido com a repentina cobrança de nova carga tributária. 30. Princípio da Irretroatividade (art. 150, III, a, CF): Consiste na proibição aos entes federados em realizar a cobrança de tributos sobre fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado. 31. Princípio da Anterioridade Anual (art. 150, III, b, CF): Denominado ainda de princípio da anterioridade do exercício financeiro, estabelece vedação aos entes políticos quanto a exigência de nova carga tributária no mesmo exercício financeiro em que tenha sido instituído ou aumentado. 32. Princípio da Anterioridade Nonagesimal (art. 150, III, c, CF):Também chamado de noventena, determina proibição aos entes exigirem tributos antes de 5 PROFESSOR RAFAEL NOVAIS – TRIBUTÁRIO (@ProfessorNovais) decorridos 90 (noventa) dias da publicação da lei que os houver instituído ou aumentado. 33. Verdadeiras exceções existem aos princípios da anterioridade (anual e nonagesimal), autorizando a cobrança no mesmo exercício financeiro e/ou antes de 90 (noventa) dias. Para melhor elucidação sobre tais exceções, verifique: Quadro das Exceções às Anterioridades Anual Nonagesimal Empréstimos Compulsórios (Guerra ou Calamidade) Empréstimos Compulsórios (Guerra ou Calamidade) IEG IEG II, IE, IOF, IPI II, IE, IOF, IR Cont. Sociais Seguridade Social Base de cálculo IPTU ICMS e CIDE – Combustíveis Base de cálculo IPVA 34. Princípio da Vedação ao Confisco (art. 150, IV, CF): Conduz pela proibição na utilização dos tributos com efeito confiscatório, evitando que os entes políticos se utilizem de elevada carga tributária para retirar o direito de propriedade do contribuinte. Para o STF, a vedação ao confisco engloba todo o crédito tributário, ou seja, o tributo e a multa tributária. 35. Princípio da Liberdade de Tráfego (art. 150, V, CF): Consiste na proibição em estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder público. Ressalte-se que, a luz do STF, o pedágio não mais detém natureza tributária (ADI nº 800/RS). 36. Princípios oponíveis à União (art. 151, CF): Dividindo-se em três outros princípios, notadamente: unidade geográfica (proibição na distinção entre os entes políticos), uniformidade da tributação da renda (não poderá haver distinção de IR entre servidores públicos e títulos da dívida ativa) e a proibição de isenções heterônomas (não será permitida à União conceder isenções aos tributos que não são de sua competência, salvo exceções relacionadas ao ISS e ICMS exportações, além da concessão mediante tratados e convenções internacionais). 37. Princípio da não discriminação de procedência ou destino (art. 152, CF): Estados, DF e municípios não poderão estabelecer diferença na tributação de bens ou serviços, em decorrência do destino ou procedência, mesmo que estrangeiro. IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS 38. A imunidade tributária conceitua-se como a não incidência constitucionalmente qualificada, quando a própria Constituição Federal retira o poder de tributar sobre algumas situações, pessoas ou bens. Trata- se do maior benefício tributário existente no ordenamento, pois a desoneração origina-se da própria Carta Magna. 39. Imunidade é diferente de isenção, pois está última é espécie de exclusão do credito tributário prevista em lei (ato infraconstitucional). 40. A Imunidade Tributária desonerará o dever de pagamento dos tributos, não retirando o dever de cumprir às obrigações acessórias afetas a formalidades (certidões, cadastros, livros, dentre outros). 41. De forma genérica, a Constituição Federal determina imunidades tributárias dos impostos, dividindo-as em (art. 150, VI, CF): Recíproca, Religiosa, Instituições, Cultural e Obras Musicais Nacionais. 42. Imunidade Recíproca (art. 150, VI, a, CF): Não incidirá impostos sobre o patrimônio, renda ou serviços entre os entes políticos (União, Estados, Distrito Federal e 6 PROFESSOR RAFAEL NOVAIS – TRIBUTÁRIO (@ProfessorNovais) Municípios). A imunidade também será estendida às Autarquias e Fundações Públicas, além da aceitação jurisprudencial para Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista que prestem serviços públicos. 43. Imunidade Religiosa (art. 150, VI, b, CF): Retira dos entes o dever de cobrar impostos sobre os templos de qualquer culto. Essa imunidade compreende a estrutura física dos templos, além de todas as riquezas que envolvam a entidade religiosa, a exemplo do IPVA sobre os veículos utilizados pela instituição. Em recente atualização, Igrejas passaram a também gozar de imunidade do IPTU quando forem apenas inquilinas/locatárias de imóveis pertencentes a particulares (art. 156, §1ºA, CF). 44. Jurisprudência aponta para aplicação da imunidade tributária religiosa quanto ao IPTU sobre cemitérios religiosos (RE 578.562/BA), estacionamento das igrejas (RE 144.900/SP) e extensões de imóveis religiosos (RE 325.822/SP). Entretanto, a Maçonaria não se enquadra no conceito de religião e sim como filosofia de vida, não alcançando tal imunidade (RE 562.351/RS). 45. Imunidade de Instituições (art. 150, VI, c, CF): Afastando a incidência dos impostos sobre o patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, observados os requisitos previstos em lei. 46. Imunidade Cultural (art. 150, VI, d, CF): Também denominada de imunidade de imprensa, consiste na proibição em cobrar impostos sobre livros, jornais periódicos e o papel destinado à sua impressão. A jurisprudência do STF aponta pela aplicação da imunidade aos filmes e papeis fotográficos necessários à publicação de jornais e periódicos (Súmula 657, STF). 47. Imunidade sobre Obras Musicais Nacionais (art. 150, VI, e, CF): Objetivando combater a pirataria nacional, retira a incidência dos impostos sobre os fonogramas e videofonogramasmusicais produzidos no Brasil, contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros, bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser. LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 48. A expressão Legislação Tributária divide-se em (art. 96, CTN): Leis, Tratados e Convenções Internacionais, Decretos e as Normas Complementares. 49. As Leis são responsáveis pela instituição, extinção, majoração ou redução dos tributos, definição dos fatos geradores das obrigações tributárias principais, fixação de alíquotas e bases de cálculo, cominação de penalidades em infrações cometidas, hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades (art. 97, CTN). 50. Os Tratados e Convenções Internacionais Tributários gozam de especial poder na medida em que revogam ou modificam a legislação com eles incompatíveis e devem ser observadas pelas que lhes sobrevenham (art. 98, CTN). 51. Os Decretos conceituam-se como aqueles expedidos pelos Chefes do Poder Executivo dos entes políticos, como forma de regulamentar o conteúdo das leis (art. 99, CTN). 52. As Normas complementares serão utilizadas em complemento das leis, tratados e convenções internacionais e decretos, 7 PROFESSOR RAFAEL NOVAIS – TRIBUTÁRIO (@ProfessorNovais) subdividindo-se em: atos normativos (expedido pelas autoridades administrativas), decisões administrativas normativas (tomada pelos órgãos de jurisdição administrativa que a lei conceda efeitos normativos), práticas reiteradas (costumes) e os convênios (celebrados entre os entes políticos). 53. A vigência no espaço da legislação tributária rege-se pelo princípio da territorialidade, tendo aplicação no espaço territorial de cada ente político tributante. Entretanto, existem exceções que permitem a aplicação fora dos limites territoriais, notadamente os convênios e as leis de normas gerais expedidas pela União. 54. Quanto a vigência no tempo da legislação tributária, será aplicável a previsão estampada na Lei de Introdução das Normas do Direito Brasileiro – LINDB (Decreto-lei nº 4.657/42), determinando liberdade ao legislador em estipular o momento de início da vigência, podendo ocorrer em três hipóteses:  Vacatio Legis: A lei expressamente estabelece prazo para início da sua vigência;  Data de Publicação: Utilizadas em normas de pouca repercussão social/econômica,entram em vigor na data de sua publicação;  Omissão: Inexistindo previsão sobre a vigência, a norma irar viger em 45 dias após sua publicação; e em aplicação internacional, entrará em vigor em 3 meses. 55. À aplicação da legislação tributária rege-se pela regra da irretroatividade, aplicando-se às novas normas imediatamente aos fatos geradores futuros e aos pendentes. Contudo, existem verdadeiras exceções que autorizam à retroação da legislação tributária nos seguintes casos: lei meramente interpretativa, deixar de definir como infração ou contrário à ação ou omissão, cominar penalidade menos severa ou instituir novos critérios de fiscalização e maiores garantias ao credito. 56. Existindo necessidade de integração da legislação tributária, será utilizada a seguinte sequência (art. 108, CTN): OBRIGAÇÕES TRIBUTÁRIAS E O FATO GERADOR 57. A obrigação tributária nasce quando o contribuinte ou responsável tributário externa no mundo a hipótese de incidência, ou seja, praticam o fato gerador do respectivo tributo. O posterior lançamento tributário declarará a existência da obrigação tributária e constituirá o crédito tributário. 58. A Obrigação Tributária Principal classifica-se como aquela originada da lei e correspondente ao pagamento do tributo ou penalidade pecuniária, extinguindo-se juntamente com o crédito dela decorrente (obrigação de dar). 59. Já a Obrigação Tributária Acessória decorre da legislação tributária, tendo como finalidade as prestações, positivas e negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. Em termos mais simples, tais obrigações 1º) Analogia: situações previstas em lei, analogicamente aplicável aos casos omissos. 2º) Princípios gerais do direito tributário: isonomia, não confisco, dentre outros. 3º) Princípios gerais do direito público: contraditório, ampla defesa, etc. 4º) Equidade: solução mais humana e justa ao caso concreto. 8 PROFESSOR RAFAEL NOVAIS – TRIBUTÁRIO (@ProfessorNovais) correspondem a meras formalidades (Ex.: CNPJ, Livros Fiscais, Declarações, etc.). SUJEITOS DA RELAÇÃO TRIBUTÁRIA 60. Os sujeitos da relação tributária dividem-se em Ativo (pessoa jurídica de direito público com atribuição de exigir o tributo) e Passivo (contribuinte ou responsável tributário, pessoa física ou jurídica, que tenha o dever de pagamento dos tributos, multas e cumprimento das obrigações acessórias). 61. Ocorrendo desmembramento territorial, o novo ente se subrrogará dos créditos deixados pelo anterior. Em outros termos, poderá ocorrer modificação do sujeito ativo quando o novo ente tomar a posição do antigo credor desmembrado. 62. Considera-se contribuinte o sujeito que tenha relação direta e pessoal com a situação ensejadora do fato gerador (pratica a hipótese de incidência), ao passo em que o responsável tributário caracteriza-se pelo terceiro que se responsabiliza pelo pagamento do tributo cujo fato gerador não tenha realizado, mas a lei lhe imponha o encargo (não pratica a hipótese de incidência). 63. A solidariedade tributária (art. 124, CTN) caracteriza-se pela existência da pluralidade de sujeitos passivos obrigados ao pagamento de tributos, não existindo benefício de ordem. Divide-se nas modalidades de fato (todos praticam o fato gerador) e de direito (determinado por lei). 64. O domicílio tributário ganha importância para identificação correta dos sujeitos da relação, enviando a correta comunicação, intimações e cobranças. Em regra, o sujeito passivo poderá eleger onde será seu domicílio (regra da eleição). Contudo, na falta ou recusa da eleição, existem outras regras específicas (art. 127, CTN). RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA 65. Nos termos do Código Tributário Nacional, as hipóteses de responsabilidade tributária dividem-se em: aquisição de bens imóveis, móveis, causa mortis, empresarial, terceiros, pessoal dos terceiros e por infrações. 66. Na responsabilidade pela aquisição de bens imóveis, o sujeito que adquirir o bem torna-se responsável pelo pagamento dos tributos devidos. Entretanto, existem duas exceções: prova de sua quitação (perante o tabelião do CRI comprova que não existem dívidas lançadas) ou a aquisição tenha ocorrido por meio da arrematado em hasta pública (aquisição em leilão judicial). Tratando-se de aquisição de bens móveis, o raciocínio será o mesmo, ou seja, o adquirente responderá pelas dívidas tributárias que acompanhem o bem. 67. Existindo sucessão causa mortis, inicialmente o espólio será chamando a realizar o pagamento durante o processo de inventário ou arrolamento de bens. Finalizado o processo e distribuído o conjunto patrimonial, os herdeiros passam a responder pelas anteriores dívidas na proporção do quinhão hereditário. 68. As hipóteses de sucessão empresarial classificam-se como a responsabilização de novas espécies/formas empresariais pelas dívidas deixadas pela anterior (elemento de continuidade da atividade empresarial precedente). Desdobram-se em: Transformação, Incorporação, Fusão, Cisão e Aquisição (arts. 132 e 133, CTN). 69. A responsabilidade de terceiros se caracteriza pelo rol de sujeitos que serão chamados a responder pelo pagamento dos tributos no lugar do contribuinte, quando impossível a exigência diretamente deles (art. 134, CTN). Caso essesterceiros atuem com excessos, praticando infrações ou 9 PROFESSOR RAFAEL NOVAIS – TRIBUTÁRIO (@ProfessorNovais) ilegalidades, a responsabilidade para a ter cunho pessoal (art. 135, CTN). 70. Realizando infrações às normas tributárias, haverá o dever de pagamento das multas por meio da responsabilidade por infrações. Sua aplicação não dependerá da intenção do agente, atuando com dolo ou culpa (responsabilidade objetiva). Merece destaque o instituto denominado de Denúncia Espontânea, por meio do qual o devedor confessa a realização de infrações que ocasionaram o inadimplemento de tributos. Caso o fisco ainda não tivesse conhecimento sobre tais infrações, a confissão beneficiará o devedor retirando às multas, pagando apenas o tributo atualizado monetariamente e acrescido dos juros. CRÉDITO TRIBUTÁRIO 71. O crédito tributário decorre da obrigação tributária principal (correspondendo ao pagamento do tributo e/ou penalidade pecuniária), surgindo com o lançamento tributário (compreendido como procedimento administrativo destinado a verificar a ocorrência do fato gerador do tributo, matéria tributária, calcular o valor devido e aplicar penalidade). 72. Constituído o crédito tributário, sua exigibilidade poderá ser suspensa nas seguintes hipóteses (art. 151, CTN): moratória, depósito do montante integral e em dinheiro, reclamações e os recursos administrativos, concessão de medida liminar em mandado de segurança, concessão de medida liminar ou de tutela antecipada em outras espécies de ação judicial e o parcelamento. 73. O término da exigibilidade do crédito tributário será encontrado com sua extinção nos casos a seguir (art. 156, CTN): pagamento, compensação, transação, remissão, decadência, prescrição, conversão do deposito em renda, pagamento antecipado e homologação do lançamento, consignação em pagamento, decisão administrativa irreformável, decisão judicial transitada em julgado e a dação em pagamento de bens imóveis. 74. As modalidades de exclusão do crédito tributário, por sua vez, impedem a própria constituição do crédito através do lançamento, dividindo-se em (art. 175, CTN): isenção e a anistia. 75. No estudo tributário podemos identificar a existência de 3 (três) diferentes espécies de certidões expedidas pelo poder público, quais sejam: Certidão Positiva/Certidão de Dívida Ativa – CDA (aquela que aponta a existência de créditos tributários que podem ser exigidos do contribuinte – arts. 201 ao 104 CTN), Certidão Negativa (responsável por apontar a inexistência de dívidas tributárias por parte do contribuinte – art. 205, CTN) e a Certidão Positiva com Efeitos de Negativa (aponta a existência de dívidas ainda não vencidas, com penhora em execução ou com sua exigibilidade suspensa – art. 206, CTN). IMPOSTOS EM ESPÉCIE 76. São Impostos Federais (arts. 153 e 154, CF): Imposto de Importação (II), Imposto de Exportação (IE), Imposto sobre Renda e proventos de qualquer natureza (IR), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), Imposto sobre propriedade Territorial Rural (ITR), Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF), Imposto Extraordinário de Guerra (IEG), Imposto Seletivo (IS), além da possibilidade instituição dos Impostos Residuais. 77. São Impostos Estaduais (art. 155, CF): Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD), Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e prestação de Serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação (ICMS) e o Imposto sobre a Propriedade de Veículo Automotor (IPVA). 10 PROFESSOR RAFAEL NOVAIS – TRIBUTÁRIO (@ProfessorNovais) 78. São Impostos Municipais (art. 156, CF): Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU), Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis (ITBI), e o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN). 79. IBS: Com o advento da Reforma Tributária, a Constituição Federal concedeu competência compartilhada para Estados, Distrito Federal e Municípios criarem o Imposto sobre Bens e Serviços com o objetivo de substituírem até 2033 o ICMS e o ISS. 80. CBS: Com o advento da Reforma Tributária, a Constituição Federal concedeu competência para a União instituir a Contribuição sobre Bens e Serviços com o objetivo de substituir até 2033 a COFINS e a CSLL.