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MANUAL DE DICAS 
1ª FASE OAB 
DIREITO TRIBUTÁRIO 
 
@PROFESSORNOVAIS 
 
 
 
 
 
2 PROFESSOR RAFAEL NOVAIS – TRIBUTÁRIO (@ProfessorNovais) 
INTRODUÇÃO E CONCEITO 
1. O conceito de tributo encontra-se 
expressamente definido no art. 3º do CTN, ao 
determinar: Tributo é toda prestação 
pecuniária compulsória, em moeda ou cujo 
valor nela se possa exprimir, que não 
constitua sanção de ato ilícito, instituída 
em lei e cobrada mediante atividade 
administrativa plenamente vinculada. 
2. A Prestação Pecuniária objetiva facilitar a 
operacionalização das despesas públicas, 
determinando que o tributo deve ser pago em 
dinheiro (moeda). Entretanto, o art. 156, XI, 
CTN autoriza o pagamento mediante a Dação 
em Pagamento de Bens Imóveis (o poder 
público não será obrigado a aceitar o imóvel, 
sendo necessário identificar sua utilidade para 
a administração pública). 
3. O elemento Compulsório decorrer 
exatamente de sua instituição em lei. O 
direito tributário adota o Princípio da 
Legalidade em suas relações (arts. 5º, II e 
150, I, CF). 
4. Em regra, os tributos serão criados por Lei 
Ordinária (aprovado por maioria simples). 
Contudo, em 7 específicos tributos apenas a 
Lei Complementar (criados por maioria 
absoluta) poderá instituí-los: Empréstimos 
Compulsórios, Imposto sobre Grandes 
Fortunas – IGF, Impostos Residuais e 
Contribuições Sociais da Seguridade Social 
Residual, IBS, CBS e Imposto Seletivo. 
5. Nas espécies relacionadas à Lei Ordinária, 
existindo relevância e urgência, caberá a 
utilização de Medida Provisória. Entretanto, 
nas matérias reservadas à Lei 
Complementar não caberá Medida 
Provisória (art. 62, §1º, III, CF). 
6. Tributo não constitui sanção de ato 
ilícito. Atente-se para aplicação do princípio 
tributário do pecunia non olet (dinheiro não 
cheira), pouco se importando com a origem do 
dinheiro, se licita ou ilícita (art. 118, CTN). 
7.A cobrança dos tributos será feita mediante 
atividade administrativa plenamente 
vinculada. O agente fiscalizador não atuará 
de forma discricionária (optando de deveria 
cobrar os tributos), mas sim de forma 
vinculada (bastando a ocorrência do fato 
gerador). 
8. As principais finalidades tributárias 
dividem-se em: fiscal, objetivando a 
arrecadação (Exs.: ICMS, ISS, IR), 
extrafiscal, pretendendo a proteção e a 
intervenção no setor social ou econômico 
(Exs.: II, IE, IPI, IOF) e parafiscal,existindo 
separação entre competência em sentido 
estrito - criação do tributo - e capacidade 
tributaria ativa - fiscaliza, executa e arrecada 
a exação (Exs.: CIDE, ITR). 
ESPÉCIES TRIBUTÁRIÁS 
9. Impostos (art. 16, CTN e art. 145, I, CF): 
Caracteriza-se como espécie tributária 
meramente contributiva, desvinculada a 
qualquer contraprestação estatal (tributo não 
vinculado). Seus fatos geradores incidem 
sobre manifestações de riquezas dos 
contribuintes. 
10. As receitas arrecadadas com impostos 
não estariam previamente vinculadas, 
utilizando-as aos serviços públicos “uti 
universi” – universais. 
11. Taxas (art. 77, CTN e art. 145, II, CF): 
Tributo de feição contraprestacional e 
competência comum, sua cobrança 
dependerá de atividade realizada pelo poder 
público para o contribuinte (tributo vinculado). 
Detém dois diferentes fatos geradores: 
exercício regular do poder de polícia e 
utilização de serviço público específico e 
divisível. 
12. Taxa de Polícia (art. 78, CTN): O poder 
de polícia, essencial ao ramo administrativista, 
conceitua-se como conjunto de limitações à 
liberdade individual em favor da coletividade. 
Existindo exercício regular do poder de 
 
 
 
3 PROFESSOR RAFAEL NOVAIS – TRIBUTÁRIO (@ProfessorNovais) 
polícia, os entes políticos podem cobrar esta 
taxa. O STF entende como cabível o exercício 
presumido do poder de polícia. 
13. Taxa de Serviços Públicos (art. 79, 
CTN): Aplicável aos serviços públicos 
específicos e divisíveis quando utilizados, 
efetiva ou potencialmente, pelo contribuinte. 
Considerando que apenas uma parcela 
determinável da sociedade utilizará tais 
serviços, haverá incidência de taxa. 
14. Diante da ausência de especificidade e 
divisibilidade, o STF pacificou entendimento 
quanto à inconstitucionalidade da cobrança de 
taxas sobre os seguintes serviços: limpeza 
das vias e logradouros públicos, 
segurança pública, pavimentação, 
conservação de estradas e iluminação 
pública (Súmula Vinculante 41). 
15. Contribuições de melhoria (art. 81, CTN 
e art. 145, III, CF): Seu fato gerador consiste 
na realização de obras públicas que 
promovam valorização imobiliária nos 
imóveis dos contribuintes. Caráter 
contraprestacional, pois será necessário que 
qualquer dos entes realize a obra e ocorra 
valorização do imóvel (tributo vinculado). 
16. A cobrança da Contribuição de Melhoria 
respeitará dois limites: total (correspondente 
ao teto – não pode exceder a totalidade do 
valor gasto na obra) e o individual (a 
cobrança será realizada de forma individual e 
proporcional à valorização de cada imóvel). 
17. Além das características anteriores, para 
exigência da contribuição de melhoria será 
necessário o respeito a específicos requisitos 
(art. 82, CTN): publicação prévia de edital 
(contendo informações relevantes sobre 
descrição, orçamento, delimitação da zona 
beneficiada, entre outros), prazo para 
impugnação (não inferior a 30 dias), além do 
processamento administrativo. 
18. Empréstimos Compulsórios (art. 148, 
CF e art. 15, CTN): Tributo de competência 
exclusiva da União, somente podendo ser 
criado mediante lei complementar (maioria 
absoluta, vedada Medida Provisória). 
Tratando-se de mero empréstimo, deve ser 
restituído em dinheiro, cabendo em três 
situações: guerra externa (ou sua iminência), 
calamidade pública (casos fortuitos ou fora 
maior) e investimento público (de caráter 
urgente e relevante). 
19. Tratando-se dos casos de calamidade 
pública ou guerra externa não será 
necessário o respeito aos princípios da 
anterioridade anual e nonagesimal, sendo 
possível sua cobrança imediatamente após 
sua publicação. Por outro lado, os casos de 
investimento público, ainda que relevante e 
urgente, respeitará ambas as anterioridades. 
20. Contribuições Especiais (art. 149 e 149-
A, CF): Tributos criados com objetivos 
previamente determinados, intervindo nas 
áreas sociais e/ou econômicas. Segundo a 
jurisprudência dividem-se em: contribuições 
especiais sociais, contribuições de 
intervenção no domínio econômico (CIDE), 
contribuições corporativas e contribuições 
para custeio do serviço de iluminação 
pública (COSIP). 
21. Contribuições especiais sociais: Serão 
instituídas e cobradas como mecanismo de 
aplicação na defesa dos direitos sociais (art. 
6º, CF). Subdivide-se em: seguridade social, 
seguridade social residual e sociais genéricas. 
22. Dentre as contribuições sociais, 
destacam-se aquelas aplicáveis diretamente à 
seguridade social, aqui compreendidas 
como P.A.S – Previdência, Assistência e 
Saúde (art. 195, CF). 
22. Contribuições de Intervenção no 
Domínio Econômico (CIDE): Utilizadas, 
como o próprio nome sugere, para que a 
União possa intervir na proteção do elemento 
social e econômico, estimulando ou 
desestimulando atividades. 
 
 
 
4 PROFESSOR RAFAEL NOVAIS – TRIBUTÁRIO (@ProfessorNovais) 
23. Contribuições Corporativas: Instituídas 
pela União como mecanismo de proteção aos 
interesses das categorias profissionais ou 
econômicas, dividindo-se em duas 
modalidades: contribuição sindical 
(utilizadas para manutenção do sindicato dos 
trabalhadores) e contribuição anuidade 
(instituída para manutenção das entidades de 
representação e fiscalizatórias de profissões 
regulamentadas, a exemplo do CREA). 
24. O STF afasta natureza tributária para as 
anuidades da OAB, considerando-a 
autarquia especial sui generis (ADI nº 
3.026/DF). 
25. Contribuições para custeio do Serviço 
de Iluminação Pública (COSIP): Instituída 
pelos municípios e DF, tal contribuição 
objetiva o pagamento da energia gastapela 
municipalidade para iluminação pública bem 
como custear sistemas de monitoramento 
para segurança e preservação de logradouros 
públicos, sendo facultada a cobrança na fatura 
de consumo de energia elétrica. 
PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS 
26. Princípio da Legalidade (art. 150, I, CF): 
Baseando-se na máxima da legalidade, a 
instituição ou aumento de tributos dependerá 
da edição de lei. Entretanto, atente-se as 
pontuais exceções ao princípio da 
legalidade: 
a) Alíquotas do II, IE, IPI e IOF que podem 
ser alteradas por ato do poder 
executivo; 
b) Redução e restabelecimento das 
alíquotas da CIDE – Combustíveis 
que poderá ocorrer por ato do poder 
executivo; 
c) Definição das alíquotas do ICMS – 
Combustíveis, definidas por 
deliberação dos Estados e Distrito 
Federal; 
d) Determinação do prazo para 
pagamento do tributo e definição das 
obrigações acessórias, não sendo 
matérias exclusivas da lei; 
e) Atualização monetária podendo ser 
realizada por ato do poder executivo. 
27. Princípio da isonomia (art. 150, II, CF): 
Considerando o direito fundamental da 
igualdade, a norma tributária não poderá 
realizar tratamento desigual entre 
contribuintes que estiverem em situação 
equivalente, nem tão pouco realizar distinção 
sobre ao cargo ocupado e rendimentos 
recebidos. 
28. O princípio da isonomia será base para o 
princípio da capacidade contributiva (art. 
145, §1º, CF), compreendido como a 
possibilidade de analisar os elementos 
pessoais do contribuinte para aplicação da 
norma tributária. 
29. Princípio da Segurança Jurídica (art. 
150, III, CF): Denominado também de 
princípio da não surpresa, configura-se pela 
conjunção de outros três princípios-regras 
(irretroatividade, anterioridade anual e 
nonagesimal) que objetivam conceder 
segurança ao contribuinte para não ser 
surpreendido com a repentina cobrança de 
nova carga tributária. 
30. Princípio da Irretroatividade (art. 150, III, 
a, CF): Consiste na proibição aos entes 
federados em realizar a cobrança de tributos 
sobre fatos geradores ocorridos antes do 
início da vigência da lei que os houver 
instituído ou aumentado. 
31. Princípio da Anterioridade Anual (art. 
150, III, b, CF): Denominado ainda de princípio 
da anterioridade do exercício financeiro, 
estabelece vedação aos entes políticos 
quanto a exigência de nova carga tributária no 
mesmo exercício financeiro em que tenha sido 
instituído ou aumentado. 
32. Princípio da Anterioridade 
Nonagesimal (art. 150, III, c, CF):Também 
chamado de noventena, determina proibição 
aos entes exigirem tributos antes de 
 
 
 
5 PROFESSOR RAFAEL NOVAIS – TRIBUTÁRIO (@ProfessorNovais) 
decorridos 90 (noventa) dias da publicação da 
lei que os houver instituído ou aumentado. 
33. Verdadeiras exceções existem aos 
princípios da anterioridade (anual e 
nonagesimal), autorizando a cobrança no 
mesmo exercício financeiro e/ou antes de 90 
(noventa) dias. Para melhor elucidação sobre 
tais exceções, verifique: 
Quadro das Exceções às Anterioridades 
Anual Nonagesimal 
 
Empréstimos 
Compulsórios 
(Guerra ou 
Calamidade) 
Empréstimos 
Compulsórios 
(Guerra ou 
Calamidade) 
IEG IEG 
II, IE, IOF, IPI II, IE, IOF, IR 
Cont. Sociais 
Seguridade Social 
Base de cálculo 
IPTU 
ICMS e CIDE – 
Combustíveis 
Base de cálculo 
IPVA 
 
34. Princípio da Vedação ao Confisco (art. 
150, IV, CF): Conduz pela proibição na 
utilização dos tributos com efeito 
confiscatório, evitando que os entes políticos 
se utilizem de elevada carga tributária para 
retirar o direito de propriedade do contribuinte. 
Para o STF, a vedação ao confisco engloba 
todo o crédito tributário, ou seja, o tributo e a 
multa tributária. 
35. Princípio da Liberdade de Tráfego (art. 
150, V, CF): Consiste na proibição em 
estabelecer limitações ao tráfego de pessoas 
ou bens por meio de tributos interestaduais ou 
intermunicipais, ressalvada a cobrança de 
pedágio pela utilização de vias conservadas 
pelo Poder público. Ressalte-se que, a luz do 
STF, o pedágio não mais detém natureza 
tributária (ADI nº 800/RS). 
36. Princípios oponíveis à União (art. 151, 
CF): Dividindo-se em três outros princípios, 
notadamente: unidade geográfica (proibição 
na distinção entre os entes políticos), 
uniformidade da tributação da renda (não 
poderá haver distinção de IR entre servidores 
públicos e títulos da dívida ativa) e a 
proibição de isenções heterônomas (não 
será permitida à União conceder isenções aos 
tributos que não são de sua competência, 
salvo exceções relacionadas ao ISS e ICMS 
exportações, além da concessão mediante 
tratados e convenções internacionais). 
37. Princípio da não discriminação de 
procedência ou destino (art. 152, CF): 
Estados, DF e municípios não poderão 
estabelecer diferença na tributação de bens 
ou serviços, em decorrência do destino ou 
procedência, mesmo que estrangeiro. 
IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS 
38. A imunidade tributária conceitua-se 
como a não incidência constitucionalmente 
qualificada, quando a própria Constituição 
Federal retira o poder de tributar sobre 
algumas situações, pessoas ou bens. Trata-
se do maior benefício tributário existente no 
ordenamento, pois a desoneração origina-se 
da própria Carta Magna. 
39. Imunidade é diferente de isenção, pois 
está última é espécie de exclusão do credito 
tributário prevista em lei (ato 
infraconstitucional). 
40. A Imunidade Tributária desonerará o 
dever de pagamento dos tributos, não 
retirando o dever de cumprir às obrigações 
acessórias afetas a formalidades (certidões, 
cadastros, livros, dentre outros). 
41. De forma genérica, a Constituição Federal 
determina imunidades tributárias dos 
impostos, dividindo-as em (art. 150, VI, CF): 
Recíproca, Religiosa, Instituições, Cultural 
e Obras Musicais Nacionais. 
42. Imunidade Recíproca (art. 150, VI, a, 
CF): Não incidirá impostos sobre o 
patrimônio, renda ou serviços entre os entes 
políticos (União, Estados, Distrito Federal e 
 
 
 
6 PROFESSOR RAFAEL NOVAIS – TRIBUTÁRIO (@ProfessorNovais) 
Municípios). A imunidade também será 
estendida às Autarquias e Fundações 
Públicas, além da aceitação jurisprudencial 
para Empresas Públicas e Sociedades de 
Economia Mista que prestem serviços 
públicos. 
43. Imunidade Religiosa (art. 150, VI, b, CF): 
Retira dos entes o dever de cobrar impostos 
sobre os templos de qualquer culto. Essa 
imunidade compreende a estrutura física dos 
templos, além de todas as riquezas que 
envolvam a entidade religiosa, a exemplo do 
IPVA sobre os veículos utilizados pela 
instituição. Em recente atualização, Igrejas 
passaram a também gozar de imunidade 
do IPTU quando forem apenas 
inquilinas/locatárias de imóveis 
pertencentes a particulares (art. 156, §1ºA, 
CF). 
44. Jurisprudência aponta para aplicação da 
imunidade tributária religiosa quanto ao IPTU 
sobre cemitérios religiosos (RE 578.562/BA), 
estacionamento das igrejas (RE 144.900/SP) 
e extensões de imóveis religiosos (RE 
325.822/SP). Entretanto, a Maçonaria não se 
enquadra no conceito de religião e sim como 
filosofia de vida, não alcançando tal imunidade 
(RE 562.351/RS). 
45. Imunidade de Instituições (art. 150, VI, 
c, CF): Afastando a incidência dos impostos 
sobre o patrimônio, renda ou serviços dos 
partidos políticos, inclusive suas 
fundações, das entidades sindicais dos 
trabalhadores, das instituições de educação 
e de assistência social, sem fins lucrativos, 
observados os requisitos previstos em lei. 
46. Imunidade Cultural (art. 150, VI, d, CF): 
Também denominada de imunidade de 
imprensa, consiste na proibição em cobrar 
impostos sobre livros, jornais periódicos e o 
papel destinado à sua impressão. 
A jurisprudência do STF aponta pela aplicação 
da imunidade aos filmes e papeis fotográficos 
necessários à publicação de jornais e 
periódicos (Súmula 657, STF). 
47. Imunidade sobre Obras Musicais 
Nacionais (art. 150, VI, e, CF): Objetivando 
combater a pirataria nacional, retira a 
incidência dos impostos sobre os fonogramas 
e videofonogramasmusicais produzidos no 
Brasil, contendo obras musicais ou 
literomusicais de autores brasileiros e/ou 
obras em geral interpretadas por artistas 
brasileiros, bem como os suportes materiais 
ou arquivos digitais que os contenham, salvo 
na etapa de replicação industrial de mídias 
ópticas de leitura a laser. 
LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 
48. A expressão Legislação Tributária 
divide-se em (art. 96, CTN): Leis, Tratados e 
Convenções Internacionais, Decretos e as 
Normas Complementares. 
49. As Leis são responsáveis pela instituição, 
extinção, majoração ou redução dos tributos, 
definição dos fatos geradores das obrigações 
tributárias principais, fixação de alíquotas e 
bases de cálculo, cominação de penalidades 
em infrações cometidas, hipóteses de 
exclusão, suspensão e extinção de créditos 
tributários, ou de dispensa ou redução de 
penalidades (art. 97, CTN). 
50. Os Tratados e Convenções 
Internacionais Tributários gozam de 
especial poder na medida em que revogam ou 
modificam a legislação com eles 
incompatíveis e devem ser observadas pelas 
que lhes sobrevenham (art. 98, CTN). 
51. Os Decretos conceituam-se como 
aqueles expedidos pelos Chefes do Poder 
Executivo dos entes políticos, como forma de 
regulamentar o conteúdo das leis (art. 99, 
CTN). 
52. As Normas complementares serão 
utilizadas em complemento das leis, tratados 
e convenções internacionais e decretos, 
 
 
 
7 PROFESSOR RAFAEL NOVAIS – TRIBUTÁRIO (@ProfessorNovais) 
subdividindo-se em: atos normativos 
(expedido pelas autoridades administrativas), 
decisões administrativas normativas 
(tomada pelos órgãos de jurisdição 
administrativa que a lei conceda efeitos 
normativos), práticas reiteradas (costumes) 
e os convênios (celebrados entre os entes 
políticos). 
53. A vigência no espaço da legislação 
tributária rege-se pelo princípio da 
territorialidade, tendo aplicação no espaço 
territorial de cada ente político tributante. 
Entretanto, existem exceções que permitem a 
aplicação fora dos limites territoriais, 
notadamente os convênios e as leis de 
normas gerais expedidas pela União. 
54. Quanto a vigência no tempo da 
legislação tributária, será aplicável a 
previsão estampada na Lei de Introdução das 
Normas do Direito Brasileiro – LINDB 
(Decreto-lei nº 4.657/42), determinando 
liberdade ao legislador em estipular o 
momento de início da vigência, podendo 
ocorrer em três hipóteses: 
 Vacatio Legis: A lei expressamente 
estabelece prazo para início da sua 
vigência; 
 Data de Publicação: Utilizadas em 
normas de pouca repercussão 
social/econômica,entram em vigor na 
data de sua publicação; 
 Omissão: Inexistindo previsão sobre a 
vigência, a norma irar viger em 45 dias 
após sua publicação; e em aplicação 
internacional, entrará em vigor em 3 
meses. 
 
55. À aplicação da legislação tributária 
rege-se pela regra da irretroatividade, 
aplicando-se às novas normas imediatamente 
aos fatos geradores futuros e aos pendentes. 
Contudo, existem verdadeiras exceções que 
autorizam à retroação da legislação 
tributária nos seguintes casos: lei meramente 
interpretativa, deixar de definir como infração 
ou contrário à ação ou omissão, cominar 
penalidade menos severa ou instituir novos 
critérios de fiscalização e maiores garantias 
ao credito. 
56. Existindo necessidade de integração da 
legislação tributária, será utilizada a 
seguinte sequência (art. 108, CTN): 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OBRIGAÇÕES TRIBUTÁRIAS E O FATO 
GERADOR 
 
57. A obrigação tributária nasce quando o 
contribuinte ou responsável tributário externa 
no mundo a hipótese de incidência, ou seja, 
praticam o fato gerador do respectivo tributo. 
O posterior lançamento tributário declarará a 
existência da obrigação tributária e constituirá 
o crédito tributário. 
 
58. A Obrigação Tributária Principal 
classifica-se como aquela originada da lei e 
correspondente ao pagamento do tributo ou 
penalidade pecuniária, extinguindo-se 
juntamente com o crédito dela decorrente 
(obrigação de dar). 
 
59. Já a Obrigação Tributária Acessória 
decorre da legislação tributária, tendo como 
finalidade as prestações, positivas e 
negativas, nela previstas no interesse da 
arrecadação ou da fiscalização dos tributos. 
Em termos mais simples, tais obrigações 
1º) Analogia: situações previstas em lei, 
analogicamente aplicável aos casos omissos. 
2º) Princípios gerais do direito tributário: 
isonomia, não confisco, dentre outros. 
3º) Princípios gerais do direito público: 
contraditório, ampla defesa, etc. 
4º) Equidade: solução mais humana e justa ao 
caso concreto. 
 
 
 
8 PROFESSOR RAFAEL NOVAIS – TRIBUTÁRIO (@ProfessorNovais) 
correspondem a meras formalidades (Ex.: 
CNPJ, Livros Fiscais, Declarações, etc.). 
SUJEITOS DA RELAÇÃO TRIBUTÁRIA 
60. Os sujeitos da relação tributária 
dividem-se em Ativo (pessoa jurídica de 
direito público com atribuição de exigir o 
tributo) e Passivo (contribuinte ou 
responsável tributário, pessoa física ou 
jurídica, que tenha o dever de pagamento dos 
tributos, multas e cumprimento das 
obrigações acessórias). 
61. Ocorrendo desmembramento territorial, 
o novo ente se subrrogará dos créditos 
deixados pelo anterior. Em outros termos, 
poderá ocorrer modificação do sujeito ativo 
quando o novo ente tomar a posição do antigo 
credor desmembrado. 
62. Considera-se contribuinte o sujeito que 
tenha relação direta e pessoal com a 
situação ensejadora do fato gerador (pratica a 
hipótese de incidência), ao passo em que o 
responsável tributário caracteriza-se pelo 
terceiro que se responsabiliza pelo 
pagamento do tributo cujo fato gerador não 
tenha realizado, mas a lei lhe imponha o 
encargo (não pratica a hipótese de 
incidência). 
63. A solidariedade tributária (art. 124, CTN) 
caracteriza-se pela existência da pluralidade 
de sujeitos passivos obrigados ao 
pagamento de tributos, não existindo 
benefício de ordem. Divide-se nas 
modalidades de fato (todos praticam o fato 
gerador) e de direito (determinado por lei). 
64. O domicílio tributário ganha importância 
para identificação correta dos sujeitos da 
relação, enviando a correta comunicação, 
intimações e cobranças. Em regra, o sujeito 
passivo poderá eleger onde será seu domicílio 
(regra da eleição). Contudo, na falta ou recusa 
da eleição, existem outras regras específicas 
(art. 127, CTN). 
 
RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA 
65. Nos termos do Código Tributário Nacional, 
as hipóteses de responsabilidade tributária 
dividem-se em: aquisição de bens imóveis, 
móveis, causa mortis, empresarial, 
terceiros, pessoal dos terceiros e por 
infrações. 
66. Na responsabilidade pela aquisição de 
bens imóveis, o sujeito que adquirir o bem 
torna-se responsável pelo pagamento dos 
tributos devidos. 
Entretanto, existem duas exceções: prova de 
sua quitação (perante o tabelião do CRI 
comprova que não existem dívidas lançadas) 
ou a aquisição tenha ocorrido por meio da 
arrematado em hasta pública (aquisição em 
leilão judicial). Tratando-se de aquisição de 
bens móveis, o raciocínio será o mesmo, ou 
seja, o adquirente responderá pelas dívidas 
tributárias que acompanhem o bem. 
67. Existindo sucessão causa mortis, 
inicialmente o espólio será chamando a 
realizar o pagamento durante o processo de 
inventário ou arrolamento de bens. Finalizado 
o processo e distribuído o conjunto 
patrimonial, os herdeiros passam a 
responder pelas anteriores dívidas na 
proporção do quinhão hereditário. 
68. As hipóteses de sucessão empresarial 
classificam-se como a responsabilização de 
novas espécies/formas empresariais pelas 
dívidas deixadas pela anterior (elemento de 
continuidade da atividade empresarial 
precedente). Desdobram-se em: 
Transformação, Incorporação, Fusão, 
Cisão e Aquisição (arts. 132 e 133, CTN). 
69. A responsabilidade de terceiros se 
caracteriza pelo rol de sujeitos que serão 
chamados a responder pelo pagamento dos 
tributos no lugar do contribuinte, quando 
impossível a exigência diretamente deles (art. 
134, CTN). Caso essesterceiros atuem com 
excessos, praticando infrações ou 
 
 
 
9 PROFESSOR RAFAEL NOVAIS – TRIBUTÁRIO (@ProfessorNovais) 
ilegalidades, a responsabilidade para a ter 
cunho pessoal (art. 135, CTN). 
70. Realizando infrações às normas 
tributárias, haverá o dever de pagamento das 
multas por meio da responsabilidade por 
infrações. Sua aplicação não dependerá da 
intenção do agente, atuando com dolo ou 
culpa (responsabilidade objetiva). Merece 
destaque o instituto denominado de Denúncia 
Espontânea, por meio do qual o devedor 
confessa a realização de infrações que 
ocasionaram o inadimplemento de tributos. 
Caso o fisco ainda não tivesse conhecimento 
sobre tais infrações, a confissão beneficiará o 
devedor retirando às multas, pagando apenas 
o tributo atualizado monetariamente e 
acrescido dos juros. 
CRÉDITO TRIBUTÁRIO 
71. O crédito tributário decorre da 
obrigação tributária principal 
(correspondendo ao pagamento do tributo 
e/ou penalidade pecuniária), surgindo com o 
lançamento tributário (compreendido como 
procedimento administrativo destinado a 
verificar a ocorrência do fato gerador do 
tributo, matéria tributária, calcular o valor 
devido e aplicar penalidade). 
72. Constituído o crédito tributário, sua 
exigibilidade poderá ser suspensa nas 
seguintes hipóteses (art. 151, CTN): 
moratória, depósito do montante integral e em 
dinheiro, reclamações e os recursos 
administrativos, concessão de medida liminar 
em mandado de segurança, concessão de 
medida liminar ou de tutela antecipada em 
outras espécies de ação judicial e o 
parcelamento. 
73. O término da exigibilidade do crédito 
tributário será encontrado com sua extinção 
nos casos a seguir (art. 156, CTN): 
pagamento, compensação, transação, 
remissão, decadência, prescrição, conversão 
do deposito em renda, pagamento antecipado 
e homologação do lançamento, consignação 
em pagamento, decisão administrativa 
irreformável, decisão judicial transitada em 
julgado e a dação em pagamento de bens 
imóveis. 
74. As modalidades de exclusão do crédito 
tributário, por sua vez, impedem a própria 
constituição do crédito através do lançamento, 
dividindo-se em (art. 175, CTN): isenção e a 
anistia. 
75. No estudo tributário podemos identificar a 
existência de 3 (três) diferentes espécies de 
certidões expedidas pelo poder público, quais 
sejam: Certidão Positiva/Certidão de Dívida 
Ativa – CDA (aquela que aponta a existência 
de créditos tributários que podem ser exigidos 
do contribuinte – arts. 201 ao 104 CTN), 
Certidão Negativa (responsável por apontar 
a inexistência de dívidas tributárias por parte 
do contribuinte – art. 205, CTN) e a Certidão 
Positiva com Efeitos de Negativa (aponta a 
existência de dívidas ainda não vencidas, com 
penhora em execução ou com sua 
exigibilidade suspensa – art. 206, CTN). 
IMPOSTOS EM ESPÉCIE 
76. São Impostos Federais (arts. 153 e 154, 
CF): Imposto de Importação (II), Imposto de 
Exportação (IE), Imposto sobre Renda e 
proventos de qualquer natureza (IR), Imposto 
sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto 
sobre Operações Financeiras (IOF), Imposto 
sobre propriedade Territorial Rural (ITR), 
Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF), 
Imposto Extraordinário de Guerra (IEG), 
Imposto Seletivo (IS), além da possibilidade 
instituição dos Impostos Residuais. 
77. São Impostos Estaduais (art. 155, CF): 
Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis e 
Doação (ITCMD), Imposto sobre a Circulação 
de Mercadorias e prestação de Serviços de 
transporte interestadual e intermunicipal e de 
comunicação (ICMS) e o Imposto sobre a 
Propriedade de Veículo Automotor (IPVA). 
 
 
 
10 PROFESSOR RAFAEL NOVAIS – TRIBUTÁRIO (@ProfessorNovais) 
78. São Impostos Municipais (art. 156, CF): 
Imposto sobre a Propriedade Predial e 
Territorial Urbana (IPTU), Imposto sobre a 
Transmissão de Bens Imóveis (ITBI), e o 
Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza 
(ISSQN). 
79. IBS: Com o advento da Reforma 
Tributária, a Constituição Federal concedeu 
competência compartilhada para Estados, 
Distrito Federal e Municípios criarem o 
Imposto sobre Bens e Serviços com o objetivo 
de substituírem até 2033 o ICMS e o ISS. 
80. CBS: Com o advento da Reforma 
Tributária, a Constituição Federal concedeu 
competência para a União instituir a 
Contribuição sobre Bens e Serviços com o 
objetivo de substituir até 2033 a COFINS e a 
CSLL.

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