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BIOQUÍMICA 
AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Benisio Ferreira da Silva Filho 
 
 
 
 
 
 
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INTRODUÇÃO 
O entendimento do metabolismo celular é crucial para profissionais da 
área de saúde, pois fornece uma base fundamental para compreender o 
funcionamento e a regulação do organismo humano. A glicólise, primeira fase do 
metabolismo, é um processo no qual a glicose é quebrada para produzir energia 
na forma de ATP. Conhecer os detalhes desse processo é essencial para 
entender as condições metabólicas, como a diabetes, e para otimizar estratégias 
terapêuticas relacionadas à regulação da glicose. 
O ciclo de Krebs, ou ciclo do ácido cítrico, é uma etapa central na 
produção de energia celular. Durante esse ciclo, os produtos finais da glicólise 
são completamente oxidados, gerando moléculas precursoras e NADH, FADH2 
e H+, que alimentam a cadeia respiratória. Profissionais de saúde precisam 
compreender o ciclo de Krebs para avaliar efetivamente a eficiência energética 
das células, diagnosticar disfunções metabólicas e desenvolver intervenções 
terapêuticas direcionadas a distúrbios metabólicos específicos. 
A fosforilação oxidativa, última fase do metabolismo, ocorre na membrana 
mitocondrial interna e é vital para a síntese maciça de ATP. Compreender esse 
processo é crucial para profissionais de saúde, pois a maioria das células do 
corpo humano depende da fosforilação oxidativa para obter a maior parte de sua 
energia. Mutações genéticas ou disfunções nesse sistema podem levar a uma 
variedade de distúrbios, incluindo doenças neurodegenerativas e distúrbios 
metabólicos, destacando a importância de um profundo conhecimento nessa 
área para a prática clínica e a pesquisa biomédica. 
TEMA 1 – METABOLISMO 
 O metabolismo é um processo complexo e dinâmico que ocorre em todas 
as células vivas, sendo a soma total de atividades catabólicas, responsáveis pela 
quebra de moléculas, e anabólicas, dedicadas à construção de moléculas. O 
catabolismo envolve a degradação de substâncias complexas em componentes 
mais simples, liberando energia no processo. Em contrapartida, o anabolismo 
utiliza essa energia para sintetizar moléculas complexas necessárias para o 
crescimento, manutenção e funcionamento celular. 
 
 
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Dentro desse contexto, o metabolismo celular compreende uma série de 
reações químicas interconectadas que visam manter o equilíbrio e a homeostase 
nas células. Em suma, metabolismo é a ocorrência de duas atividades: uma de 
quebra de moléculas ou catabolismo e a outra de construção de moléculas, o 
anabolismo. Metabolismo é, portanto, a soma total de processos químicos que 
ocorrem em uma célula viva (ou seja, a soma do que ocorre catabolicamente e 
anabolicamente). 
1.1 Energia, catabolismo e anabolismo 
Um grande desafio para os estudantes da área de ciências biológicas e 
da saúde é entender o conceito de Energia. A partir daí, fica fácil entender por 
que ao longo do estudo e também de outras o ATP é tão importante. A molécula 
de adenosina trifosfato tem que ser produzida pela célula em grande quantidade 
porque é ela que vai ser quebrada sem trazer prejuízo a célula e da sua quebra 
surge a energia em forma de calor. Portanto em bioquímica quando falamos de 
energia, estamos na verdade falando de calor, que se origina da quebra de 
moléculas, preferencialmente ATP (podendo também ser GTP – guanosina 
trifosfato) (Figura 1). 
Figura 1 – Adenosina Trifosfato (ATP) 
 
Crédito: Dream01/Shutterstock. 
 
 
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Assim, para que a célula gere calor dentro dela capaz de agitar os átomos 
e promover o movimento, é necessário que a célula produza uma molécula que 
seja fácil de ser quebrada em grande quantidade. Quanto mais energia 
necessária, mais moléculas para quebrar. Como a célula não vai ficar quebrando 
qualquer molécula, pois traria prejuízo, por exemplo, para produzir calor 
(energia), a célula quebraria uma proteína com uma função importante ou outra 
molécula com função crucial. Neste caso, ela constrói e quebra uma que não 
traga nenhum prejuízo e o ATP é importante e possui vários caminhos para que 
seja construído. 
Outro detalhe importante é que o ATP após sua quebra pode ser 
reconstituído de diversas maneiras não havendo de fato uma perda. Após a 
quebra do ATP, surge o ADP (adenosina difosfato) e o fósforo inorgânico que 
fica livre é adicionado em alguma molécula, que em outras reações pode sair 
dessas moléculas que foram fosforiladas e adicionadas ao ADP reconstituindo o 
ATP novamente. É cíclico (Figura 2). 
Figura 2 – Fosforilação 
 
Crédito: VectorMine/Shutterstock. 
 
 
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Essa liberação de energia é o que permite o movimento de proteínas 
permitindo que atividades como catabolismo, transporte e anabolismo seja 
possível. A atividade celular funciona, pois existe liberação de energia gerada da 
quebra de moléculas (principalmente o ATP). E a célula também depende das 
ações de quebra e síntese de moléculas. 
• Anabolismo – Formação de moléculas complexas a partir de substâncias 
simples por células vivas; 
• Catabolismo – Termo geral utilizado para as reações catalisadas por 
enzimas em uma célula, através das quais moléculas complexas são 
degradadas a moléculas mais simples, com liberação de energia (Figura 
3). 
Para entendermos e aprendermos sobre metabolismo, é apresentada a 
sequência de eventos metabólicos: glicólise, Ciclo de Krebs e fosforilação 
oxidativa. 
Figura 3 – Anabolismo e catabolismo 
 
Crédito: Ph-HY/Shutterstock. 
 
 
 
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TEMA 2 – GLICÓLISE 
Resumo do que é a glicólise: 
• Sequência de reações no citoplasma da célula que produz ATP sem a 
participação de oxigênio molecular (O2); 
• A quantidade produzida mesmo pequena é positiva: 2 ATPs de lucro ATPs 
nas reações iniciais para produção de 4 ao final; 
• Além do ATP, é produzido também o piruvato, produto final da via 
glicolítica. É ele que entra na mitocôndria e faz parte do ciclo do ácido 
cítrico. 
Os organismos vivos predominantemente oxidam carboidratos, sendo a 
glicose a principal fonte de energia celular nesse processo. Originária das 
plantas e presente em diferentes níveis da cadeia alimentar, a glicose é uma 
molécula altamente energética. No entanto, para que as células aproveitem essa 
energia, é essencial convertê-la em uma forma utilizável, ou seja, em ATP 
(adenosina trifosfato), a molécula essencial no transporte e armazenamento de 
energia. 
A respiração celular, também conhecida como síntese de ATP, inicia-se 
com a glicólise, o primeiro passo no catabolismo de carboidratos. Antes de 
explorarmos as etapas dessa glicólise, é crucial compreender elementos como 
o NAD (nicotinamida adenina dinucleotídeo), uma coenzima que age como 
carreador de elétrons e hidrogênio, capturando energia para a produção de ATP. 
Essa molécula, ao alternar entre as formas oxidada (NAD+) e reduzida (NADH), 
desempenha um papel vital no processo metabólico. 
A glicólise ocorre no citosol, não requer oxigênio e consiste em uma série 
de reações catalisadas por diferentes enzimas. Mesmo que a glicose seja uma 
molécula rica em energia, a glicólise demanda um investimento energético 
inicial, recuperado ao final do processo. Esse investimento ocorre na fosforilação 
da glicose, onde duas moléculas de ATP são utilizadas. Ao longo das etapas 
subsequentes, ocorre a produção de ATP, destacando a eficiência do 
metabolismo celular na conversão da glicose em piruvato, uma molécula 
essencial para a produção de energia. 
 
 
 
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Figura 4 – Glicólise e enzimas glicolíticas 
 
Crédito: Julee Ashmead/Shutterstock. 
Dessa forma, a glicólise se desdobra em dois estágios, conforme 
mencionado anteriormente. Inicialmente, a glicose passa por uma fase 
preparatória, durante a qual é energicamente preparada para a subsequente 
quebra. Esse processo demanda o uso de duas moléculas de ATP. Na fase 
compensatória, as duas moléculasresultantes, cada uma com três carbonos, 
sofrem oxidação em várias etapas até se converterem em duas moléculas de 
piruvato. Nesse segundo estágio, ocorre a redução de duas moléculas de NAD+ 
para NADH, e quatro moléculas de ATP são geradas, embora haja um saldo 
líquido positivo de apenas duas moléculas de ATP, pois duas foram consumidas 
no início da glicólise. 
 
 
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Esse intricado processo metabólico destaca a eficiência da célula na 
obtenção de energia a partir da glicose, envolvendo a cuidadosa regulação de 
reações químicas interconectadas. O papel fundamental do NAD como 
carreador de elétrons é evidenciado nesse contexto, demonstrando como a 
energia é capturada e utilizada ao longo das diferentes etapas da glicólise. 
Compreender esses mecanismos é essencial para os profissionais da saúde, 
pois permite uma visão aprofundada das condições metabólicas e, 
consequentemente, uma abordagem mais precisa no diagnóstico e tratamento 
de distúrbios relacionados ao metabolismo celular. 
TEMA 3 – CICLO DO ÁCIDO CÍTRICO (CICLO DE KREBS) 
 Resumo do Ciclo de Krebs 
• Produz apenas 2 ATPs; 
• Tem papel importante por passar elétrons para o NAD e FAD, 
convertendo-os em NADH e FADH2; 
• O NADH e o FADH2 tem papel importantíssimo na Fosforilação oxidativa, 
afinal, a partir da produção deles nesta reação, na próxima serão 
produzidos 28 ATPs. Produzi-los é importantíssimo; 
• Tudo começa com o piruvato que foi formado na glicólise anteriormente... 
O Ciclo de Krebs, conhecido como Ciclo do Ácido Cítrico, é uma 
sequência de reações que se desenrola na matriz mitocondrial dos eucariotos e 
no citoplasma dos procariotos. Vale ressaltar a complexa estrutura da 
mitocôndria, com suas duas membranas limitantes e a membrana interna 
pregueada em cristas mitocondriais. O interior da mitocôndria, denominado 
matriz mitocondrial, é o palco onde ocorrem essas reações metabólicas cruciais. 
Essa etapa faz parte do metabolismo de organismos aeróbios, que 
utilizam oxigênio na respiração celular. Em contrapartida, organismos 
anaeróbios empregam mecanismos alternativos, como fermentação lática, 
acética e alcoólica. No Ciclo de Krebs, o piruvato proveniente da glicólise é 
oxidado a H2O e CO2, diferenciando-se da redução a lactato ou outros produtos 
da fermentação. 
Além da glicólise, outros macronutrientes, como lipídeos e proteínas, 
podem ser degradados em seus constituintes (ácidos graxos e aminoácidos) 
 
 
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para ingressar no Ciclo de Krebs. No entanto, eles também são convertidos em 
acetil-CoA, a forma predominante pela qual a maioria dos combustíveis entra no 
ciclo. Acetil-CoA, juntamente com as coenzimas NAD e FAD, desempenha um 
papel crucial na descarboxilação, um processo vital no ciclo. 
O primeiro passo significativo ocorre com a entrada do piruvato na matriz 
mitocondrial, onde é convertido em acetil-CoA por um complexo enzimático. 
Essa conversão envolve a liberação de uma molécula de CO2, resultando em 
uma estrutura com um carbono a menos. As nuances dessas etapas são 
visualizadas na Figura 5, ilustrando a complexidade e a precisão do Ciclo de 
Krebs na produção de moléculas energéticas essenciais. 
Figura 5 – Ciclo de Krebs, Ciclo do Ácido Cítrico, Ciclo do Ácido Tricarboxílico 
 
Crédito: Kadambari Pathania/Shutterstock. 
 
 
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O Ciclo de Krebs é inaugurado com a primeira etapa de condensação, em 
que o acetil-CoA se combina ao oxaloacetato para produzir citrato, uma molécula 
com seis carbonos. A segunda etapa envolve a conversão do citrato para 
cisaconitato, com a saída de uma molécula de água e a formação de isocitrato 
por hidratação. Na terceira etapa, ocorre a conversão do isocitrato para α-
cetoglutarato (cinco carbonos), acompanhada por uma reação de 
descarboxilação e a primeira transferência de elétrons, resultando em NADH. A 
quarta etapa envolve novamente a descarboxilação, convertendo o α-
cetoglutarato em succinil-CoA (quatro carbonos) e outra redução do NAD. Na 
quinta etapa, o succinil-CoA é convertido em succinato, associando um fosfato 
(Pi) a uma molécula de GDP, gerando GTP. A sexta etapa converte succinato 
em fumarato, com a transferência de elétrons pelo FAD, sendo reduzido a 
FADH2. Na sétima etapa, ocorre a hidratação do fumarato, formando o L-malato. 
Na última etapa, o L-malato é oxidado a oxaloacetato, reduzindo o NAD. 
Analisando o Ciclo de Krebs em sua totalidade, percebemos uma série de 
reações bioquímicas em que a energia armazenada na acetil-CoA é liberada 
progressivamente por meio de reações de oxidação-redução, conduzidas por 
coenzimas carregadoras de elétrons (NAD e FAD). Para cada molécula de acetil-
CoA que ingressa no ciclo, há a liberação de duas moléculas de CO2, três 
moléculas de NADH e uma molécula de FADH2, além da geração de uma 
molécula de GTP (equivalente a ATP) por fosforilação. Além disso, os 
intermediários do ciclo desempenham funções cruciais em outras vias, 
especialmente na biossíntese de aminoácidos. Assim, as principais funções do 
Ciclo de Krebs incluem a produção de agentes redutores (NAD e FAD) e a função 
anaplerótica, em que intermediários participam de outras vias metabólicas. 
Na respiração celular, inspiramos O2 e expiramos CO2, sendo este último 
produzido no Ciclo de Krebs e liberado na atmosfera como um resíduo gasoso 
do processo aeróbico. Portanto, a respiração desempenha um papel 
estritamente metabólico, resultando na excreção de CO2 como um subproduto 
do metabolismo celular, uma consequência inerente à síntese de ATP. 
 
 
 
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TEMA 4 – FOSFORILAÇÃO OXIDATIVA E A GRANDE PRODUÇÃO DE ATP 
 Resumo da fosforilação oxidativa 
• Agora o oxigênio será usado; 
• Quase toda energia disponível pela queima de carboidratos, gorduras e 
outros produtos alimentares nos estágios iniciais da oxidação é 
primeiramente salva na forma de elétrons de alta energia removidos dos 
substratos por NAD e FAD; 
• A membrana interna capta a grande quantidade de energia liberada para 
promover a conversão de ADP + Pi em ATP. Por essa razão, o termo 
fosforilação oxidativa é usado para descrever esta última série de 
reações; 
• O NADH transfere seus elétrons para o oxigênio por meio de três grandes 
complexos enzimáticos; 
• As várias proteínas envolvidas estão agrupadas em três grandes 
complexos enzimáticos respiratórios, cada um contendo proteínas 
transmembrana que sustentam o complexo junto à membrana 
mitocondrial interna; 
• Cada complexo da cadeia tem afinidade maior para elétrons do que o seu 
predecessor, e os elétrons fluem sequencialmente de um complexo para 
outro até que sejam finalmente transferidos para o oxigênio, o qual tem, 
entre os componentes da cadeia, a mais alta afinidade pelos elétrons; 
• A íntima associação entre os carreradores de elétrons (NADH e FADH2) 
e as moléculas proteicas torna possível a fosforilação oxidativa; 
• Essa migração de elétrons entre os complexos proteicos gera o 
bombeamento de H+ através da membrana interna: 
Da matriz mitocondrial Espaço intermembranas 
Esse movimento de H+ tem duas consequências principais: 
1. Gera um gradiente de pH através da membrana mitocondrial interna; 
2. O movimento gera um gradiente de voltagem (potencial de membrana) 
através da membrana mitocondrial interna, com o lado interno e o lado 
externo positivo (como resultado da expulsão de íons positivos). 
 
 
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• O gradiente de pH dirige H+ de volta à matriz exercendo assim uma força 
próton-motriz; 
• O gradiente eletroquímico de prótons através da membrana mitocondrial 
interna é utilizado para direcionar a síntese de atp no crítico processo; 
• Fluindo através do gradiente eletroquímico a passagem de H+ pela 
enzima ATP-sintase que como um motor promove a reação 
energeticamente desfavorável entre ADP e Pi produzindo ATP; 
• Funcionamento por catálise rotatória. 
A cadeia respiratória, ou cadeia transportadora de elétrons, desempenhaum papel crucial na utilização da energia armazenada nos NADH e FADH2, que 
foram gerados durante a glicólise e o Ciclo de Krebs, para a produção de ATP. 
Como observamos, as células realizam reações químicas em que os 
carregadores têm a capacidade de transferir a energia contida nas ligações 
químicas de uma molécula orgânica inicial, como a glicose, até um sistema final 
capaz de sintetizar novas moléculas de ATP. 
Nos eucariotos, os carreadores de elétrons estão localizados na 
membrana interna da mitocôndria. No caso dos procariotos, que não possuem 
mitocôndria, a respiração celular ocorre no citosol, utilizando invaginações da 
própria membrana plasmática para realizar a cadeia respiratória. Essa 
diferenciação na estrutura celular destaca a adaptabilidade dos organismos em 
diferentes domínios da vida. 
Os elétrons provenientes do NADH e FADH2 atravessam complexos 
proteicos inseridos na membrana da crista mitocondrial, sendo direcionados em 
direção ao oxigênio. Os principais componentes desse sistema transportador de 
elétrons incluem complexos proteicos denominados complexo I, complexo II, 
complexo III e complexo IV. Cada um desses complexos desempenha um papel 
específico na transferência ordenada de elétrons, contribuindo para a criação de 
um gradiente protônico que, por sua vez, impulsiona a síntese de ATP. A 
complexidade e a coordenação desses processos ilustram a sofisticada 
maquinaria molecular envolvida na produção de energia nas células. 
 
 
 
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Figura 6 – Fosforilação oxidativa 
 
Crédito: W.Y. Sunshine/Shutterstock. 
O trajeto dos elétrons pela cadeia respiratória inicia-se com o NAD 
reduzido proveniente do ciclo de Krebs, reduzindo o complexo I, enquanto o 
complexo II reduz o FAD, ambos retornando oxidados para a glicólise e o Ciclo 
de Krebs, evidenciando o contínuo ciclo de reciclagem desses carregadores. 
Nos complexos I, III e IV, além da função de centros de oxidação-redução, a 
dissipação de energia transforma esses complexos em bombas de prótons, 
aumentando a concentração de prótons no espaço intermembrana da 
mitocôndria. Esses prótons retornam à matriz mitocondrial pela ATP sintase, 
que, ao alterar sua conformação com o retorno do próton, utiliza essa energia 
para a síntese de ATP. 
Todo esse caminho percorrido pelos elétrons visa liberar sua energia, 
essencial para bombear prótons para fora da parte interna da mitocôndria, 
resultando em uma carga positiva (H+). A matriz, por sua vez, adquire uma carga 
negativa. O retorno dos prótons à matriz ocorre pelo complexo proteico ATP 
sintase, posterior à etapa que envolve o complexo IV, onde elétrons, prótons e 
O2 se combinam para formar água. 
 
 
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A fosforilação oxidativa, fundamental para a formação de ATP, ocorre com 
o retorno dos prótons. Esse processo implica na adição de fosfato à molécula de 
ADP, catalisada pela ATP sintase. A presença de O2 é crucial como aceptor final 
nas múltiplas transferências de elétrons iniciadas desde a oxidação inicial da 
glicose. Este processo é complementar à cadeia respiratória, onde a fosforilação 
oxidativa é promovida. 
O ATP gerado na mitocôndria é liberado para ser usado como fonte de 
energia pela célula, enquanto os NAD e FAD retornam para dar continuidade ao 
processo de respiração celular. Importante notar que os elétrons só percorrem 
as proteínas da membrana da crista mitocondrial na presença de O2. Em sua 
ausência, a cadeia respiratória não ocorre, resultando na ausência de produção 
de ATP. 
Na respiração aeróbia de procariotos, são produzidas 38 moléculas de 
ATP por molécula de glicose, enquanto nos eucariotos, a produção é de 36 
moléculas de ATP. Essa diferença se deve à perda de energia quando os 
elétrons atravessam as membranas mitocondriais que separam a glicólise (no 
citoplasma) da cadeia de transporte, uma separação ausente nos procariotos. 
Em microrganismos que realizam anaerobiose com um aceptor inorgânico 
de hidrogênio, a produção de ATP é variável, menor que 38, mas superior a 2. 
Aqueles que fermentam, usando uma molécula orgânica como aceptor final de 
hidrogênio, geram 2 moléculas de ATP por molécula de glicose. 
TEMA 5 – QUANDO FALTA OXIGÊNIO: FERMENTAÇÃO 
 Pelo que foi apresentado, acredito que vocês entenderam que o sistema 
funciona da seguinte forma: 
• O produto da glicólise (pirutvato) vai até a mitocôndria, é convertido em 
acetil CoA e entrando na matriz mitocondrial, inicia o ciclo de Krebs (acetil 
CoA + Oxalacetato enzimaticamente convertidos em citrato). O ciclo de 
Krebs produzirá NADH, FADH2 e H+ que irão fazer a fosforilação oxidativa 
funcionar. Uma reação gera um produto que alimenta a outra dando uma 
continuidade e no final o oxigênio garante que haverá o funcionamento da 
cadeia fosforilativa. Mas, e se falta oxigênio? 
 
 
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Após a conclusão da glicólise, caso haja disponibilidade de oxigênio, as 
duas moléculas de piruvato resultantes da quebra da glicose são transportadas 
para o interior da mitocôndria, onde se desencadeia o processo de respiração 
celular. No entanto, na ausência de oxigênio, o piruvato segue o caminho da 
fermentação. Esse processo metabólico fermentativo ocorre independentemente 
do uso de oxigênio, gerando uma molécula orgânica, dióxido de carbono e duas 
moléculas de ATP. Essa adaptação metabólica demonstra a versatilidade das 
células em ajustar seus caminhos bioquímicos de acordo com a disponibilidade 
de oxigênio no ambiente. 
• A fermentação é uma forma de manter a célula ativa, produzindo mesmo 
que pouco ATP apenas com a glicólise. 
A fermentação, um processo metabólico intrinsecamente distinto da 
respiração celular, dispensa não apenas o oxigênio, mas também um sistema 
de transporte de elétrons. Nesse cenário, uma molécula orgânica desempenha 
o papel de aceptor final de elétrons. Essa rota metabólica culmina na produção 
constante de 2 moléculas de ATP, e o processo se caracteriza pela regeneração 
do NAD, um coadjuvante essencial nesse contexto bioquímico. Essa 
flexibilidade metabólica revela como as células podem se adaptar a condições 
variáveis para garantir sua sobrevivência e funcionamento adequado. 
• O processo é similar e possui a mesma dinâmica em células eucarióticas 
animais ou procarióticas. O produto final é determinado pela enzima 
existente nessa célula. Se a célula possui lactato desidrogenase o 
piruvato será convertido em lactato. Se a célula possui álcool 
desidrogenase, o piruvato será convertido em álcool. 
Nos músculos, quando as mitocôndrias não conseguem suprir a demanda 
energética durante atividades intensas, como exercícios físicos vigorosos, as 
células acionam a fermentação lática. Essa alternativa permite uma produção 
rápida, embora menos eficiente, de ATP para atender às exigências imediatas 
do organismo em movimento. 
O propósito subjacente à fermentação é liberar o NAD, essencial para 
capturar hidrogênio na quebra da glicose, sem depender do oxigênio. O ácido 
lático resultante desse processo contribui para a acidificação muscular, 
 
 
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associada a câimbras, fadiga e dores musculares, perceptíveis durante esforços 
físicos intensos, quando os músculos parecem queimar. 
Além disso, é importante reconhecer que certos microrganismos seguem 
uma rota metabólica diferente, realizando a respiração celular sem a presença 
de oxigênio, denominada respiração anaeróbia. Nesse caso, o aceptor final de 
elétrons não é o oxigênio, mas compostos inorgânicos como nitratos e sulfatos 
presentes no ambiente. Ao comparar com a fermentação, a respiração anaeróbia 
é mais eficiente energeticamente, embora menos vantajosa do que a respiração 
aeróbia em termos de produção global de energia. Essa diversidade de 
estratégias energéticas ressalta a incrível adaptabilidade dos organismos a 
diferentes condições ambientais. 
NA PRÁTICA 
Sugestões para estudar bioquímica: 
1. Estabeleça uma dinâmica de interação entre oselementos, desenhando 
a célula ou o tecido e posicionando os elementos envolvidos; 
2. Identifique as interações entre os elementos, compreendendo quem 
interage com quem, os produtos gerados e as consequências; 
3. Crie uma sequência de eventos visualmente compreensível, destacando 
o início, as reações e o fim com o produto desejado ou sua eliminação; 
4. Priorize a compreensão da dinâmica de interações antes de se preocupar 
com os nomes complicados, memorizando-os posteriormente. 
FINALIZANDO 
Saiba mais 
Se você leu o assunto, recomendo que você aprofunde seus estudos com 
a leitura do Biologia molecular da célula. Sempre faça uso de leitura 
complementar e lembre-se da importância de se estudar bioquímica 
ALBERTS, B. et al. Biologia molecular da célula. 6. ed. Porto Alegre: 
Artmed, 2017. 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
ALBERTS, B. et al. Biologia molecular da célula. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 
2017. 
LEHNINGER, A. L.; NELSON, D. D.; COX M. M. Lehninger Princípios de 
Bioquímica. 7. ed., São Paulo: Sarvier, 2019. 
LAURALEE S. Fisiologia humana: das células aos sistemas. 7. ed. São Paulo: 
Cengage Learning, 2011. 
 
 
	FINALIZANDO

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