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1 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | Daniele Lima dos Anjos Reis Kátia Simone Kietzer [Organizadoras] MANUAL DE ORIENTAÇÕES PARA A EDUCAÇÃO PERMAMENTE EM CENTRO CIRÚRGICO Hospital Regional de Tucuruí – PA Editora Neurus 2021 2 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | CORPO EDITORIAL Editor-chefe Tassio Ricardo Martins da Costa Enfermeiro, Universidade do Estado do Pará (UEPA). Editor-chefe, Editora Neurus. Coordenador de Unidade Básica de Saúde (UBS). Professor Universitário. Consultor em Desenvolvimento de Pesquisa em Ciências da Saúde e Membro franqueado na empresa Forever Living. Belém, Pará, Brasil. Conselho Editorial Maicon de Araujo Nogueira Enfermeiro. Mestre em Ensino em Saúde na Amazônia (ESA), Universidade do Estado do Pará (UEPA). Doutorando, Programa de Doutorado Profissional em Ensino em Saúde na Amazônia (ESA). Universidade do Estado do Pará (UEPA). Belém, Pará, Brasil. Sting Ray Gouveia Fisioterapeuta. Mestre em Gestão de Empresas, Faculdade Pitágoras em Marabá. Doutorando em Educação Física, Universidade Católica de Brasília (UCB), Marabá, Pará, Brasil. Adriana Letícia dos Santos Gorayeb Enfermeira. Mestre em Ensino em Saúde na Amazônia (ESA). Doutoranda, Programa de Doutorado Profissional em Ensino em Saúde na Amazônia (ESA). Universidade do Estado do Pará (UEPA). Reitora do Centro Universitário da Amazônia (UniFAMAZ), Pará, Brasil. Simone Aguiar da Silva Figueira Enfermeira. Mestre em Ensino em Saúde na Amazônia (ESA). Doutoranda, Programa de Doutorado Profissional em Ensino em Saúde na Amazônia (ESA). Docente na Universidade do Estado do Pará (UEPA), Campus Santarém, Pará, Brasil. Selma Kazumi da Trindade Noguchi Fisioterapeuta. Mestre em Ensino em Saúde na Amazônia (ESA). Doutoranda, Programa de Doutorado Profissional em Ensino em Saúde na Amazônia (ESA). Universidade do Estado do Pará (UEPA). Docente na Escola Superior da Amazônia (ESAMAZ). Belém, Pará, Brasil. Sarah Lais Rocha Enfermeira. Mestre em Ensino em Saúde na Amazônia (ESA). Doutoranda, Programa de Doutorado Profissional em Ensino em Saúde na Amazônia (ESA). Docente na Universidade do Estado do Pará (UEPA), Campus Marabá. Coordenadora do curso de Enfermagem da Faculdade Carajás, Pará, Brasil. 3 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | Suanne Coelho Pinheiro Viana Enfermeira. Mestre em Políticas de Saúde, Universidade Federal do Pará (UFPA). Responsável Técnica pelo curso de Enfermagem, Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC/PA), Belém, Pará, Brasil. Anne Caroline Gonçalves Lima Enfermeira. Mestre em Ciências da Educação e da Saúde. Instituto de Capacitação Profissional (ICAPI). Especialista em Enfermagem Obstétrica. Docente da Universidade do Estado do Pará (UEPA). Belém, Pará, Brasil. Isis Ataíde da Silva Enfermeira. Mestre em Saúde da Amazônia. Universidade Federal do Pará (UFPA). Especialista em Oncologia na Modalidade Residência Uniprofissional em Saúde. Hospital Ophir Loyola/Universidade do Estado do Pará (UEPA). Belém, Pará, Brasil. Daniel Figueiredo Alves da Silva Fisioterapeuta. Mestre em Ensino em Saúde na Amazônia (ESA). Doutorando, Programa de Doutorado Profissional em Ensino em Saúde na Amazônia (ESA). Docente no Centro Universitário Metropolitano da Amazônia (UniFAMAZ), Belém, Pará, Brasil. Elcilane Gomes Silva Médica, Doutoranda, Programa de Doutorado Profissional em Ensino em Saúde na Amazônia (ESA), Universidade do Estado do Pará (UEPA). Belém, Pará, Brasil. Alfredo Cardoso Costa Biólogo, Doutorando, Programa de Doutorado Profissional em Ensino em Saúde na Amazônia (ESA), Docente na Universidade do Estado do Pará (UEPA). Belém, Pará, Brasil. Renata Campos de Sousa Borges Enfermeira. Mestre em Ensino em Saúde na Amazônia (ESA). Doutorando, Programa de Doutorado Profissional em Ensino em Saúde na Amazônia (ESA). Docente na Universidade do Estado do Pará (UEPA). Tucuruí, Pará, Brasil. Nathalie Porfirio Mendes Enfermeira, Universidade do Estado do Pará (UEPA). Mestre em Enfermagem, Universidade Federal do Pará (UFPA). Especialista em Saúde do Idoso, modalidade residência. Coordenadora de Centro Cirúrgico HPSM-MP, SESMA. Docente no Centro Universitário FIBRA. Belém, Pará, Brasil. Leopoldo Silva de Moraes Enfermeiro. Biólogo, Doutor, Programa de Pós-graduação Stricto Sensu. Doutorado em Neurociências e Biologia Celular, Universidade Federal do Pará (UFPA). Belém, Pará, Brasil. David José Oliveira Tozetto Médico intensivista, Doutorando no Programa de Pós Graduação Stricto Sensu. Doutorado Profissional em Ensino em Saúde na Amazônia (ESA), Universidade do Estado do Pará (UEPA). Coordenador Adjunto do curso de medicina, UEPA, Marabá, Pará, Brasil. 4 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | FICHA CATALOGRÁFICA M294 Manual de orientações para a educação permanente em centro cirúrgico / Organizadoras: Daniele Lima dos Anjos Reis, Kátia Simone Kietzer – Belém: Neurus, 2021. PDF 124 p. ISBN 978-65-89474-02-9 1. Medicina. 2. Saúde. 3. Enfermagem. I. Reis, Daniele Lima dos Anjos (Organizadora). II. Kietzer, Kátia Simone (Organizadora). III. Título. CDD 610 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) elaborada por Editora Neurus – Bibliotecária Elaborada por Bibliotecária Janaina Ramos – CRB-8/9166 O conteúdo, os dados, as correções e a confiabilidade são de inteira responsabilidade dos autores A Editora Neurus e os respectivos autores desta obra autorizam a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e de pesquisa, desde que citada a fonte. Os artigos publicados são de inteira responsabilidade de seus autores. As opiniões neles emitidas não exprimem, necessariamente, o ponto de vista da Editora Neurus. Editora Neurus Belém-PA 2021 5 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | DEDICATÓRIA Toda honra e toda glória ao Senhor Jesus! A Ele dedico esta obra, fruto de um sonho antigo que hoje torna-se realidade. Nesta caminhada acadêmica Ele deixou permanecer ao meu lado apenas as pessoas certas, aquelas que de maneiras diferentes contribuíram para que eu pudesse concluir mais uma etapa importante em minha carreira. Gratidão aos meus queridos pais, Gilza e Raimundo, pela presença, pela compreensão, e por serem meu porto seguro em todas as situações em que eu mais precisei de apoio. Às minhas irmãs do coração, Eva, Regiane, França e Suzane, por me mostrarem diariamente o sentido do amor fraterno. A vocês dedico cada vitória alcançada. Gratidão especial também aos meus mais verdadeiros amigos. Incentivo, parceria e lealdade sempre foram inesgotáveis vindo de você, Renata. Parte desse sonho também foi sonhado por você, não tenho palavras para expressar o quanto sou grata por isso. Aos meus companheiros fiéis, de sempre e para sempre, Tiago, Alana, Dino e Danilo, vocês fazem parte de cada capítulo de minha história! E à minha amiga-irmã em Cristo Arielly, por me aproximar cada vez mais do amor de Jesus. Gratidão à minha orientadora doutora Kátia Simone Kietzer, que na sua compreensão infinita foi capaz de acreditar no meu potencial e que esse sonho seria possível, independente do momento vivenciado. Nada é tão nosso quanto os nossos sonhos! E por fim, gratidão especial destino à equipe de enfermagem do Centro Cirúrgico do Hospital Regional de Tucuruí-PA, uma família que me acolheu há 09 anos e que contribui até os dias atuais para o meu crescimento enquanto pessoa e profissional. Cada palavra deste manual é dedicada a cada membro desta equipe maravilhosa, afinal, o maior propósito deste produto é contribuirde segurança, visando uma avaliação integral do paciente e podendo ser adaptada para a realidade das instituições de saúde que a utilizam (SANTOS, DOMINGUES, EDUARDO; 2020). Esta estratégia busca neutralizar as omissões por falhas humanas em locais onde as mesmas têm maior chance de ocorrer, quando há excesso de informação, múltiplas etapas de um processo, repetições, distrações e afastamento planejado de procedimentos de rotina, locais onde são mais potenciais de erros ou falhas em equipes restritas como as que atuam no centro cirúrgico (OMS, 2014). Apenas uma pessoa conduzirá/coordenará a implementação do Checklist durante o procedimento cirúrgico; esta será responsável pela realização de verificações de segurança da lista. Esse condutor/coordenador nomeado será muitas vezes um membro da equipe de enfermagem da sala cirúrgica. Este Checklist divide a cirurgia em três fases, cada um referente a um momento específico no fluxo normal de um procedimento (OMS, 2014; BRASIL, 2013): o 1º período – Antes da indução anestésica: Deve-se confirmar com o paciente sua identificação, o tipo de procedimento planejado, o sítio cirúrgico e seu consentimento para a cirurgia e a anestesia. A equipe deve confirmar visualmente o sítio cirúrgico correto e sua demarcação; a reserva de hemoderivados e vaga em Unidade de Terapia 35 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | Intensiva (UTI); a conexão de um monitor multiparâmetros ao paciente e seu funcionamento; revisar verbalmente com o anestesiologista o risco de perda sanguínea do paciente, dificuldades nas vias aéreas, histórico de reação alérgica e se a verificação completa de segurança anestésica foi concluída. o 2º período – Antes da incisão cirúrgica: A Pausa Cirúrgica é uma pausa momentânea feita pela equipe imediatamente antes da incisão cutânea a fim de confirmar que as várias verificações essenciais para a segurança cirúrgica foram empreendidas e que envolveram toda equipe. Neste momento, a equipe fará uma pausa imediatamente antes da incisão cirúrgica para realizar os seguintes passos: a apresentação de cada membro da equipe pelo nome e função; a confirmação da realização da cirurgia correta no paciente correto, no sítio cirúrgico correto; a revisão verbal, uns com os outros, dos elementos críticos de seus planos para a cirurgia; a confirmação da administração de antimicrobianos profiláticos nos últimos 60 minutos da incisão cirúrgica; a confirmação da acessibilidade dos exames de imagens necessários. o 3º período – Antes do paciente sair da sala de cirurgia: A equipe deverá revisar em conjunto a cirurgia realizada por meio dos seguintes passos: confirmação do nome do procedimento realizado; a conclusão da contagem de compressas, instrumentais e agulhas; a identificação de qualquer amostra cirúrgica obtida; a revisão de qualquer funcionamento inadequado de equipamentos ou questões que necessitem ser solucionadas; a revisão do plano de cuidado e as providências quanto à abordagem pós- operatória e da recuperação pós-anestésica antes da remoção do paciente da sala de cirurgia. Em cada período deve-se permitir ao condutor confirmar que a equipe concluiu suas tarefas antes de prosseguir. Quando as equipes cirúrgicas se familiarizarem com os passos do Checklist, elas poderão integrar as verificações em seus padrões familiares de trabalho e verbalizar sua finalização a cada passo, sem a intervenção explícita do coordenador (OMS, 2014). Estudos relevantes realizados em diferentes países, segundo Santos, Domingues, Eduardo (2020) mostram o benefício da utilização Checklist de Cirurgia Segura na redução de complicações e mortalidade pós-operatórias, quando comparado os níveis antes e após a implantação da ferramenta, além de reduzir o número de erros possíveis de serem prevenidos. PÚBLICO-ALVO Esta proposta está direcionada para a equipe multiprofissional do Centro Cirúrgico, envolvendo enfermeiros, técnicos de enfermagem, cirurgiões e anestesiologistas. LOCAL DE REALIZAÇÃO Propõe-se executar esta proposta como forma de treinamento em serviço, dentro das dependências físicas do Centro Cirúrgico. PROPOSTA DE EXECUÇÃO DA AÇÃO Atualmente as metodologias ativas têm sido cada vez mais associadas aos métodos de abordagem nos processos de Educação Permanente em Saúde. Elas são estratégias de 36 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | ensino-aprendizagem compostas por métodos e técnicas que utilizam experiências reais ou simuladas com o intuito de instigar a busca de conhecimento (SALVADOR et al., 2019). A incorporação desses métodos no contexto das novas tendências pedagógicas, considerando a integração ensino-serviço, caracteriza-se como uma potencialidade para educadores, estudantes e trabalhadores, no contexto da atenção à saúde hospitalar, uma vez que propicia a reflexão e o debate sobre a aprendizagem no contexto da prática em saúde e em enfermagem, estimulando a ressignificação de saberes e fazeres (ADAMY et al., 2018). Diante do exposto, propõe-se pautar a execução desta ação em associação com estratégias ativas, considerando que para alcançar a Cirurgia Segura é necessário treinamentos contínuos e adesão dos profissionais de saúde ao Checklist de Cirurgia Segura. ESTRATÉGIAS EDUCACIONAIS SUGERIDAS PARA A ABORDAGEM O uso de métodos ativos propicia o despertar da curiosidade à medida que inserem os indivíduos na teorização e facilitam que estes tragam elementos da sua vivência para as discussões (GVOZD et al., 2017). Assim, sugere-se utilizar como estratégia de abordagem inicial a dinâmica “Árvore Temática”, tendo como foco a ideia central do treinamento em questão. Logo após, segue-se com a exposição dialogada e interativa, associando os conceitos apresentados na dinâmica anterior pelos profissionais aos conceitos apresentados pelos facilitadores da ação. Por fim, sugere-se seguir com uma simulação realística de caso clínico, pois, de acordo com Magnago (2020) esta técnica possibilita a aquisição de novos conhecimentos, conceitos, habilidades técnicas, tomadas de decisão e comportamentos, além de oportunizar o trabalho em equipe e fortalecer o vínculo profissional. DESCRIÇÃO DA EXECUÇÃO DA AÇÃO Para melhor entendimento, a proposta de execução desta ação está melhor detalhada abaixo em 03 (três) etapas: o Primeira etapa – Dinâmica “Árvore Temática”: A técnica da “árvore temática” consiste em fixar, inicialmente, uma imagem no formato de tronco de árvore em uma parede. Neste momento, serão distribuídos papéis no formato de folhas para cada participante e dado o comando eles de escreverem nesta folha as suas percepções sobre como garantir a segurança do paciente que se submeterá a procedimento cirúrgico. Sugere-se que o facilitador lance a pergunta: “O que você entende por Checklist de Cirurgia Segura?”. Após, as folhas devem ser fixadas na parede junto ao tronco, formando uma árvore. Com essa metodologia será possível identificar a visão geral que os participantes têm sobre a temática, além de auxiliar no direcionamento da execução da segunda etapa, favorecendo o pensamento crítico-reflexivo. o Segunda etapa – Exposição dialogada e interativa: A realização desta etapa deve ser enriquecida pelo uso de slides. A apresentação deve estar pautada na execução do Checklist de Cirurgia Segura. A tabela abaixo expõe os possíveis tópicos a serem discutidos durante a exposição dialogada e interativa: 37 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | Tabela 01 – Temas e Abordagem da exposição dialogada e interativa TEMA ABORDAGEM Segurança do Paciente Explanar sobre os marcos históricos que envolvem a Portaria do Ministério da Saúde nº 529/2013, que instituiu o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP); a campanha “Cirurgias Seguras Salvam Vidas”; os dez objetivos essenciaispara a segurança cirúrgica Termos e definições sobre cirurgia segura Explanar sobre os termos e definições de relevância para o entendimento por parte da equipe cirúrgica no que se refere à cirurgia segura: Lista de Verificação; Demarcação de Lateralidade; Condutor/Coordenador da Lista de Verificação; Segurança Anestésica; Equipe Cirúrgica. Pré-operatório seguro Explanar sobre as responsabilidades das equipes da unidade de internação do paciente e do centro cirúrgico na realização de um pré-operatório adequado. Sugere-se incluir na abordagem as fichas de avaliação pré-operatória ou protocolos existentes na instituição, delimitando funções de cada membro das equipes. Admissão do paciente no Centro Cirúrgico Explanar sobre o procedimento de admissão do paciente no centro cirúrgico, ressaltando o profissional responsável para tal tarefa (que geralmente é realizada pelo técnico de enfermagem sob a supervisão do enfermeiro do setor), bem como quais ações este profissional deverá executar. Execução da do Checklist de Cirurgia Segura Explanar sobre a utilização sistemática da Lista de Verificação de Cirurgia Segura (Checklist de Cirurgia Segura) como uma estratégia para reduzir o risco de incidentes cirúrgicos. Abordar os 3 períodos: Antes da indução anestésica (Check In); Antes da incisão cirúrgica (Time Out ou Pausa Cirúrgica) e Antes de sair da sala cirúrgica (Check Out), especificando as ações a serem desenvolvidas em cada uma delas. Formulário e Quadro do Checklist de Cirurgia Segura Apresentar à equipe o Formulário e o Quadro do Checklist de Cirurgia Segura adotado pela instituição e explanar sobre a utilização de ambos. Fonte: Autoria própria. o Terceira etapa – Simulação realística de caso clínico: O objetivo central da simulação realística é aprimorar a educação, o treinamento, a avaliação de performance, o ensaio clínico e a pesquisa (MAGNAGO, 2020). Nesta etapa, considerando que os participantes já estejam familiarizados com os componentes do Checklist de Cirurgia Segura (que foram abordados e discutidos na etapa anterior), o facilitador deverá orientar que cada o participante assume o papel de um integrante da equipe cirúrgica (cirurgiões, anestesiologista, instrumentador, circulante, enfermeiro) e um paciente. O grupo deverá eleger um coordenador que conduzirá a lista. Após, deverá ser apresentado um caso clínico de um paciente que se submeterá a procedimento cirúrgico. Para a simulação do caso, a equipe receberá o formulário de Checklist de Cirurgia Segura, bem como poderá fazer uso do Quadro de Cirurgia Segura da instituição. Deverá ser simulada a admissão do paciente no setor, o intraoperatório e o pós-operatório imediato, focando no Protocolo de Cirurgia. O objetivo desta ação é simular situações para a aplicabilidade real, sanando possíveis dúvidas em relação ao preenchimento do Checklist de 38 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | Cirurgia Segura e sensibilizando a equipe para seu uso efetivo, de forma que os profissionais possam adquirir segurança em sua prática. Tal processo possibilita a compreensão da temática em questão, além de propiciar o desenvolvimento de competências, habilidades e atitudes necessárias ao trabalho em saúde (GVOZD, 2017). MATERIAIS NECESSÁRIOS o Sala reservada para reuniões de pequenos grupos; o Sala de operação; o Imagem no formato de tronco de árvore; o Papéis em forma de folha; o Pincel atômico; o Fita adesiva transparente; o Datashow; o Computador; o Protocolo de Cirurgia Segura da instituição; o Formulário de Checklist de Cirurgia Segura; o Quadro de Checklist de Cirurgia Segura. CARGA HORÁRIA Sugere-se realizar este treinamento em um período de 01 hora e 30 minutos. PERIODICIDADE DA EXECUÇÃO DA AÇÃO Considerando que a implementação do Checklist de Cirurgia Segura é um processo que deve ser gradativo, sendo imprescindível a adesão de toda a equipe multiprofissional, propõe-se que este treinamento seja realizado trimestralmente, identificando as possíveis fragilidades e barreiras para sua execução, de forma que o foco para os próximos treinamentos esteja pautado na resolução dos problemas identificados a priori. ESTRATÉGIAS DE AVALIAÇÃO DA AÇÃO Propõe-se aplicar um questionário do tipo antes e depois da execução do treinamento (pré e pós-teste), através da plataforma do Google Forms, com a temática envolvendo o Protocolo de Cirurgia Segura. Além disso, o feedback oral entre facilitadores e profissionais 39 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | torna-se essencial em treinamentos em serviço. Para a avaliação de forma individual sugere- se a aplicação do instrumento padrão de avaliação, indicado nos anexos deste manual. RESUMO DO CAPÍTULO REFERÊNCIAS ADAMY, E. K. et al. Tecendo a educação permanente em saúde no contexto hospitalar: relato de experiência. Revista de Enfermagem do Centro-Oeste Mineiro, v. 08, p. 01-08, 40 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | 2018. Disponível em: http://www.seer.ufsj.edu.br/indexphp/ recom/article/view/1924. Acesso em: 03 jan. 2019. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 529, de 1º de abril de 2013. Institui o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP). Brasília: Ministério da Saúde, 2013a. GVOZD, R. et al. Uso de dinâmica de grupo como estratégia de abordagem do tema liderança saudável. Revista de Enfermagem do Centro-Oeste Mineiro, v. 7:e1262, p. 1-8, 2017. Disponível em: http://seer.ufsj.edu.br/index.php/recom/article/view/1262/1737. Acesso em: 01 jan. 2021. MAGNAGO, T. S. B. S. et al. Simulação realística no ensino de segurança do paciente: relato de experiência. Rev. Enferm. UFSM – REUFSM, v. 10, n. e13, p. 1-16, 2020. Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/reufsm/article/view/36616/html. Acesso em: 30 dez. 2020. MANRIQUE, B. T. Segurança do paciente no centro cirúrgico e qualidade documental relacionadas à infecção cirúrgica e à hospitalização. Acta Paulista de Enfermagem. v. 28, n. 04, jul-ago, p. 355-360, 2015. Disponível em: http:// http://www.redalyc.org/pdf/3070/ 307040999011.pdf. Acesso em: 04 maio 2018. SALVADOR, C. A. B. et al. Simulação realística, estratégia metodológica para a formação de profissionais na área da saúde: uma revisão integrativa. Rev. Bra. Edu. Saúde, v. 9, n.4, p. 58-64, out-dez, 2019. Disponível em: https://www.editoraverde.org/gvaa.com.br/ revista/index.php /REBES/article/view/6466/6479. Acesso em: 08 jan. 2021. SANTANA, H. T. Aplicação da Lista de Verificação de Segurança Cirúrgica da Organização Mundial da Saúde: análise da segurança do paciente cirúrgico em serviços de saúde do Distrito Federal. Dissertação (Doutorado) – Universidade de Brasília, Brasília, 2015. Disponível: http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/20233/ 3/2015_HeikoTherezaSantana.pdf. Acesso em: 04 maio 2018. SANTOS, E. A., DOMINGUES, A. N., EDUARDO, A. H. A. Surgical safety Checklist: knowledge and challenges for the surgical center team. Revista Enfermería Actual. Edición Semestral Nº 38, Enero 2020. Disponível em: https://www.scielo.sa.cr/pdf/ enfermeria/n38/1409-4568-enfermeria-38-75.pdf. Acesso em: 02 jan. 2021. Organização Mundial da Saúde – OMS. Manual de Implementação Lista de Verificação de Segurança Cirúrgica da OMS 2009: Cirurgia Segura Salva Vidas. Tradução de OPAS. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde; Agência Nacional de Vigilância Sanitária, 2014. Organização Mundial da Saúde – OMS. Segundo desafio global para a segurança do paciente: Cirurgias seguras salvam vidas (orientações para cirurgia segura da OMS) / Organização Mundial da Saúde; tradução de Marcela Sánchez Nilo e Irma Angélica Durán. Rio de Janeiro: Organização Pan-Americana da Saúde; Ministérioda Saúde; Agência Nacional de Vigilância Sanitária, 2009. SILVA, P. H. A. et al. Safe surgery: analysis of physicians’ protocol adherence and its potential impact on patient safety. Rev Col Bras Cir, v. 47:e20202429, 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rcbc/v47/0100-6991-rcbc-47-e20202429.pdf. Acesso em: 10 jan. 2021. http://seer.ufsj.edu.br/index.php/recom/article/view/1262/1737 https://periodicos.ufsm.br/reufsm/article/view/36616/html 41 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | CAPÍTULO VII CONTROLE DE INFECÇÃO E BIOSSEGURANÇA EM CENTRO CIRÚRGICO Renata Campos de Sousa Borges Karen Silva de Castro Lauany Silva de Medeiros Ana Beatriz Capela Cordovil Nayara de Fátima Cardoso Pereira da Silva Milena Coelho Fernandes Caldato Genislaine Ferreira Pereira Daniele Lima dos Anjos Reis Kátia Simone Kietzer INTRODUÇÃO A Infecção Relacionada à Assistência à Saúde (IRAS), está diretamente associada a um maior tempo de internação, aumento do risco para a mortalidade e elevação de despesas hospitalares. Entre as taxas mais expressivas a Infecção Sítio Cirúrgico (ISC) representa até 20% das infecções nosocomiais, podendo abranger até 11% nos pacientes submetidos a um procedimento cirúrgico, o tempo de internação poderá aumentar em média 6 a 10 dias, implica no acréscimo de 2 a 11 vezes o risco de morte após um procedimento cirúrgico além, do aumento de até o dobro dos custos em atendimento e tratamento (FIELDS et al., 2020; CARVALHO et al., 2017; GIUDICE et al., 2019). A etiologia de tais taxas de ISC variam de forma multifatorial e heterogênea como, o tipo de procedimento cirúrgico, comorbidades do indivíduo, rotinas organizacionais e hábitos profissionais. Podem ser classificadas de três formas de acordo com os planos e profundidade dos tecidos acometidos, que são: as superficiais limitadas a pele ou tecido subcutâneo, as profundas envolvendo tecido muscular e fáscia e as de órgão ou cavidade situada na área interna anatômica do procedimento cirúrgico (ANVISA, 2016). Neste cenário, o controle das IRAS e as medidas para a segurança do paciente estão inseridas entre as prioridades universais da Organização Mundial de Saúde (OMS), por meio da campanha global para cirurgia segura, com recomendações e definições de padrões nas três fases dos procedimentos cirúrgico, pré, intra e pós-operatório, que influenciam na redução das taxas de infecção. Tais diretrizes enfatizam prioritariamente comportamento dos profissionais, vestimenta, sistema de ventilação (trânsito de microrganismo pelo ar da flora cutânea ou oral), formas de acesso ao bloco cirúrgico, quantitativo de profissionais por procedimento e protocolos de antibioticoterapia profilática (OMS, 2016). Diante da complexidade de ações para o controle de infecções no centro cirúrgico, suscita-se a integração das medidas de biossegurança, que abrangem um conjunto de ações direcionadas aos profissionais, usuários e o ambiente da exposição aos riscos biológicos, 42 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | bem como a escolha adequada de práticas para prevenir infecções (DEPARTAMENTO DO TRABALHO DOS EUA, 2012). OBJETIVO Apresentar um conjunto de estratégias ativas abrangentes para a aplicação de uma atividade de educação permanente baseada em intervenções para o controle de infecção e biossegurança no Centro Cirúrgico. TEMÁTICA DA CAPACITAÇÃO O controle de infecção em um setor com procedimentos prioritariamente invasivos abrange uma diversidade de medidas que envolvem desde o quadro clínico do paciente, até rotinas institucionais, como o tipo e tempo da cirúrgica, o potencial de contaminação da ferida operatória e a contínua atualização dos protocolos assistenciais para a equipe baseados em evidências científicas (CDC, 2016). Desta forma, entre as principais medidas preventivas que poderão influenciar pontualmente para a redução das ISC, a Profilaxia Antibiótica Cirúrgica (PAC) é consenso entre as principais evidências que sua administração deverá ocorrer antes da incisão cirúrgica preferencialmente nos 60 minutos que antecedem o procedimento, devendo-se considerar a padronização e o período de ação de cada antibioticoterapia para o melhor momento de aplicação assim como, a suspenção no pós-operatório (ANVISA, 2009). Ainda entre as medidas de controle pré-operatória, a remoção de cabelos ou pelos, é desaconselhada com restrição imperativa para a utilização de lâminas, podendo influenciar para o aumento do atrito e irritação no local da incisão cirúrgica. Em casos de extrema necessidade recomenda-se a utilização de tricotomizadores elétricos realizado fora do bloco cirúrgico (OMS, 2016; ANVISA, 2016; SCHWARTZ et al., 2018). O controle da glicose faz parte das ações pré, intra e pós-operatório e deve ser aplicada de forma rigorosa em pacientes diabéticos ou não, para a redução do risco de infecção e manutenção de um processo de cicatrização favorável à ferida operatória. Como também o controle da normotermia é imperativa assim como, a utilização de dispositivos para aquecer o paciente no intra e pós-operatório influenciam na redução das ISC (OMS, 2016; ALLEGRANZI et al., 2018). Ademais, é importante ressaltar outras prevenções básicas, que são as medidas de controle relacionadas a técnica cirúrgica e o ambiente do bloco operatório, como utilização de soluções a para antissepsia da pele do sítio cirúrgico a base de Gluconato de Clorexidina (CHG) alcoólica, bem com lavagem das mãos da equipe com sabão antimicrobiano ou solução alcoólica antes da inserção das luvas estéreis, com preservação peculiar da técnica correta, ou seja, ficção completa de ambas as mãos, unhas até região acima do cotovelo com reforço do processo em mãos e punho (SCHWARTZ et al., 2018). Em síntese, com referência a biossegurança do ambiente cirúrgico, recomenda-se a limitação do fluxo pessoas no setor e entre os profissionais da equipe o incentivo massivo quanto a utilização de Equipamento de Proteção Individual de forma constante e adequada com proteção completa de cabelos, boca e nariz e coibição do uso de adornos. Em suma, destaca-se que a excelência da aplicabilidade das medidas de controle de infecção está 43 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | relacionada a padronização de rotinas e aplicabilidade de forma coletiva e contínua (GIUDICE et al., 2019). PÚBLICO-ALVO Haja vista que o controle de infeção e as medidas de biossegurança demandam uma abordagem coletiva, o principal público-alvo deste capítulo são as equipes multidisciplinares que atuam em setores do Centro Cirúrgico como: equipe de enfermagem, anestesiologista, cirurgiões, equipe de apoio e limpeza. LOCAL DE REALIZAÇÃO Com o propósito de estimular a transformação de hábitos e vivências no local de trabalho e a construção de um saber coletivo nas ações do dia a dia, propõem-se que esta estratégia educativa seja desenvolvida in loco em áreas coletivas do setor. PROPOSTA DE EXECUÇÃO DA AÇÃO À vista do tema proposto, sugere-se a execução de uma ação educativa baseada no resgate de correntes pedagógicas construtivistas centradas na autonomia dos participantes como sujeito ativo do processo de aprendizado e na construção do conhecimento. Tal base teórica, foi reafirmada na concepção de diversos educadores que contribuíram para as formações em saúde abertas ao diálogo mútuo baseado nas experiências prévias dos participantes, operacionalizadas de acordo com a rotina do serviço de saúde e problematização das diretrizes técnicas (BECKER, 2017). ESTRATÉGIAS EDUCACIONAIS SUGERIDAS PARA A ABORDAGEM Os métodos ativos representam práticas pedagógicas inovadoras com o ensino em uma perspectiva crítica e transformadora em sintonia com aparato tecnológico e em conectividade com a complexidade dos acontecimentosreais. Neste processo, busca-se afinar o diálogo entre a teoria e prática, por meio da pesquisa, investigação, problematização do conhecimento e ressignificação de ações assistenciais em valores e reflexões (SOARES; CUNHA, 2017). Dessa forma, propõem-se a utilização de três métodos ativos como estratégias educacionais: técnica educativa de aquecimento, conhecida como “quebra gelo” com o propósito de deixar os participantes confortáveis e motivados a participar. Em seguida, deverá ser utilizada uma estratégia ativa denominada de Brainstorming ou tempestade de ideias adequada ao arranjo de uma roda de conversa com o objetivo estimular a exposição de ideias e levantar os conhecimentos prévios dos participantes sobre a temática. No fechamento, será aplicado o feedback colaborativo como ferramenta para avaliação parcial da ação e aprofundamento teórico da temática destacando os pontos positivos, e de melhora no setor. 44 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | DESCRIÇÃO DA EXECUÇÃO DA AÇÃO À vista do supracitado, a capacitação deverá ser executada na sequência de três etapas conforme a descrição a seguir. o Primeira etapa – Dinâmica de aquecimento “Convivendo com os inimigos invisíveis”: Inicialmente deve-se realizar o levantamento do número de participantes, para indicar a produção e impressão de imagens ilustrativas semelhantes a um jogo de cartas, tamanho unitário de 9 cm de altura por 6 cm de largura, contendo cartas com metade do número de participantes em imagens ilustrativas de profissionais de saúde e a outra metade com imagens e nomes dos principais microrganismos da microbiota infectante de feridas cirúrgicas. De acordo com a revisão integrativa realizada no estudo de Santos et al. (2015), as ISC são causadas principalmente por bactérias Gram-negativas e fungos, a seguir são apresentados alguns dos microrganismos apontados no estudo: Staphylococcus aureus (maior frequência), Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosa, Staphylococcus epidermidis, Klesbsiella spp e Enterobacter spp (menor frequência), poderão ser acrescentados outros agentes infectantes de acordo com as atualizações científicas. A seguir, os facilitados deverão oferecer as cartas com o lado oposto ao da imagem ilustrativa e cada participante deve retirar uma carta. Feito isto, os participantes que retirarem as cartas com imagens de microrganismo, serão convidados a utilizar alguns acessórios cômicos como perucas, nariz de palhaço, óculos coloridos, travessas divertidas e máscaras de carnaval, tornando-os assim diferentes entres os profissionais de saúde participantes. Em síntese, o objetivo da dinâmica além de proporcionar um momento inicial de descontração é relembrar aos participantes a presença dos microrganismos invisíveis a olho nu no setor assim como, os com maior potencial para a etiologia da ISC. Serão necessários em torno de 15 minutos para a aplicação desta dinâmica. o Segunda etapa – Brainstorming/tempestade de ideias: Esta estratégia poderá ser aplicada por meio de uma roda de conversa, e o facilitador deverá lançar aos participantes alguns temas para estimular a discursão coletiva de forma sincrética (levantamento dos conhecimentos prévios), norteado pelas seguintes questões norteadoras: Quais as principais medidas preventivas para o controle de infecção em um centro cirúrgico? Quais as estratégias relacionadas ao comportamento da equipe poderão influenciar no controle de infecções? Qual o período ideal para a administração da PAC? Que medidas de controle de infecção deveram ser aplicadas no pré, intra e pós-operatório? Portanto, o objetivo desta etapa, além de realizar um levantamento do entendimento da equipe em relação a temática proposta, é o diagnóstico situacional das rotinas do setor e a adesão da equipe. Serão necessários em torno de 30 minutos para a aplicação desta estratégia. o Terceira etapa – Feedback coletivo: Para a execução desta etapa o facilitador deverá produzir um material didático gráfico visual prévio do tipo slide/ diagrama/ mapa conceitual de forma dinâmica e objetiva (tópicos e imagens) baseado nos principais temas da capacitação, objetivando o aprofundamento teórico. À vista 45 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | disso, sugerem-se como principais subtemas para a produção do material teórico: as medidas de controle pré, intra e pós-operatória, a padronização da PAC, a limitação da remoção de pelos e cabeços no sítio cirúrgico, as medidas de controle da glicose e temperatura, medidas de prevenção básica da técnica cirúrgica e do ambiente do bloco operatório e as medidas de biossegurança entre a equipe. Alguns temas poderão necessitar de maior ou menor ênfase, priorizando a discussão para as possíveis fragilidade de tema discutidas na etapa anterior. Tendo em vista o exposto, os facilitadores devem iniciar destacando os pontos positivos já praticados pela equipe e enfatizar os de melhora na realidade do setor, suscitando compromissos para mudanças posteriores. Para esta etapa, serão necessários em torno de 20 a 30 minutos para a execução. Vale ressaltar que a aplicação do feedback tem o objetivo de regular o processo de ensino e aprendizagem fornecendo de forma contínua informações tanto para os participantes, quanto para o facilitador numa via de mão dupla interativa, que deverá estabelecer compromissos para transformações de ações futuras (PRICINOTE; PEREIRA, 2017). MATERIAIS NECESSÁRIOS o Sala reservada para reuniões de pequenos grupos; o Papel fotográfico ou couchê o Objetos cômicos (perucas e óculos coloridos, tiaras etc.); o Cadeiras; o Datashow e Computador; o Canetas e Papel A4. CARGA HORÁRIA Para a execução de toda a capacitação poderá se utilizar do tempo máximo de 01 hora e 30 minutos. PERIODICIDADE DA EXECUÇÃO DA AÇÃO Sugere-se que a capacitação deverá ser aplicada pelo menos uma vez a cada semestre ou de acordo com a entrada de novos profissionais no setor e os pareceres das equipes de auditoria de vigilância interna ou externa com referência a adesão da equipe as medidas preventivas e taxas de ISC (ALLEGRANZI et al., 2018). ESTRATÉGIAS DE AVALIAÇÃO DA AÇÃO Entre as estratégias de avaliação aponta-se o feedback como instrumento da avaliação formativa, que possui os atributos necessários para assegurar uma avaliação adequada e poderá ser aplicado de forma coletiva. Para a avaliação de forma individual sugere-se a aplicação do instrumento padrão de avaliação, indicado nos anexos deste manual. 46 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | RESUMO DO CAPÍTULO REFERÊNCIAS Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Critérios Diagnósticos de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde. Cap.1 Infecção do Sítio Cirúrgico. Anvisa, 2016. ALLEGRANZI B. et al. A multimodal infection control and patient safety intervention to reduce surgical site infections in Africa: a multicentre, before–after, cohort study. Lancet Infect Dis; 18: 507–15. 2018. 2020. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1016/ S1473- 3099(18)30107-5. Acesso em: 26 de dezembro. 47 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | BECKER, F. Paulo Freire e Jean Piaget: teoria e prática. Revista Eletrônica de Psicologia e Epistemologia Genéticas, v.9, número especial, p.7-47, 2017. CARVALHO R.L.R. et al. Incidence and risk factors for surgical site infection in general surgeries. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 25:e2848, 2017.DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1518-8345.1502.2848. Acesso 25 de dezembro 2020. CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION (CDC). Procedure-Associated Module: surgical site infection event. Atlanta; 29 p. 2016. Disponível em: http://www.cdc.gov/nhsn/pdfs/ pscmanual/9pscssicurrent.pdf.Acesso: 26 de dezembro 2020. DEPARTAMENTO DO TRABALHO DOS EUA. Patógenos transmitidos pelo sangue. In: Normas de segurança e saúde ocupacional. 2012 OSHA.gov. Disponível em:https://www.osha.gov/pls/oshaweb/owadisp.show_document?p_table=STANDARDS& p_id=10051 . Acesso em 26 de dezembro de 2020. FIELDS AC. et al. Preventing Surgical Site Infections: Looking Beyond the Current Guidelines. JAMA. Mar 17;323(11):1087-1088. 2020 Doi: 10.1001/jama.2019.20830. PMID: 32083641. GIUDICE D. et al. Hospital controle de infecção e comportamento da equipe de cirurgia. Cent Eur J Saúde Pública.:27 (4): 292-295. 2019. Doi: 10.21101 / cejph.a4932. PubMed PMID: 31951688. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Guidelines for the Prevention of Surgical Site Infection. Organização Mundial da Saúde Original. 2016. Disponível em: http://www.who.int/gpsc/global-guidelines-web.pdf?ua=1. Acesso 25 de dezembro 2020. OMS. Segundo desafio global para a segurança do paciente: Manual - cirurgias seguras salvam vidas OMS. Organização Pan-Americana da Saúde. Anvisa, 2009. PRICINOTE SCMN, PEREIRA ERS. [Medical students’ views on feedback in the learning environment]. Rev Bras Educ Med [Internet]. 2016 [cited 2017 Dec 10];40(3):470-80. SANTOS, W. B. et al. Microbiota infectante de feridas cirúrgicas: análise da produção científica nacional e internacional Rev. SOBECC, SÃO PAULO. 21(1): 46-51, jan-mar. 2016. DOI: 10.5327/Z1414-4425201600010007. Acesso 25 de dezembro 2020. SCHWARTZ X. et al. Adherence to surgical hand antisepsis: Barriers and facilitators in a tertiary care hospital. Am J Infect Control. Jun;46(6):714-716, 2018. DOI: 10.1016/j.ajic.2017.12.011. Acesso 25 de dezembro 2020. SOARES, S.R., CUNHA, M. I. Qualidade do ensino de graduação: concepções de docentes pesquisadores. Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior. 22 (2), 316-331, 2017. Disponível em: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=219152264003. Acesso em: 06 de janeiro 2021. http://dx.doi.org/10.1590/1518-8345.1502.2848 http://osha.gov/ https://www.osha.gov/pls/oshaweb/owadisp.show_document?p_table=STANDARDS%26p_id=10051 https://www.osha.gov/pls/oshaweb/owadisp.show_document?p_table=STANDARDS%26p_id=10051 http://www.who.int/gpsc/global-guidelines-web.pdf?ua=1 https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=219152264003 48 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | CAPÍTULO VIII ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM DURANTE UMA PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA Ana Caroline de Oliveira Coutinho Rafael Vulcão Nery Ana Beatriz Capela Cordovil Daniele Lima dos Anjos Reis Kátia Simone Kietzer Renata Campos de Sousa Borges Milena Coelho Fernandes Caldato Nathália Menezes Dias INTRODUÇÃO A Parada Cardiorrespiratória (PCR) é um agravo de emergência quando o indivíduo apresenta a interrupção de forma súbita da respiração e do pulso arterial, e ainda a perda de consciência (BARBOSA et al., 2018; CARVALHO et al., 2020). De acordo com Carvalho et al. (2020) a PCR ocorre em função de comorbidades ou fatores associados, como a alimentação, patologias cardíacas e respiratórias, sedentarismo e obesidade. O enfermeiro é um dos profissionais atuantes na ocorrência da PCR, pois frequentemente, realiza as primeiras avaliações e ainda, as manobras de reanimação cardiopulmonares. Dessa forma, sua participação nesta ocorrência deve ocorrer de forma sistematizada, com planejamento e coordenação, necessitando, ainda, de domínio técnico- científico e emocional (CARVALHO et al., 2020). A American Heart Association (AHA) define protocolos para situações emergenciais específicos, o que se torna relevante para a realização dos procedimentos. Os atendimentos requerem embasamento em legislações, além de um perfil para que o profissional desempenhe de forma adequada as suas funções. Sendo assim, o profissional de enfermagem carece de demanda, conhecimento científico atualizado, além das habilidades necessárias à realização dos procedimentos (BARBOSA et al., 2018). OBJETIVO Apresentar um planejamento de atividades de educação permanente baseadas na assistência de enfermagem durante uma PCR. 49 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | TEMÁTICA DA CAPACITAÇÃO O atendimento durante a PCR ocorre em diversas etapas, que permeiam o reconhecimento dos seus sinais até as manobras de ressuscitação cardiopulmonares mais complexas. As intervenções rápidas neste agravo requerem agilidade e eficácia com que é realizada a cadeia de sobrevida. Esta consiste em reconhecer a emergência, aplicando, por sua vez, o Suporte Básico de Vida (SBV), a desfibrilação de forma precoce e, por fim, o Suporte Avançado de Vida em Cardiologia (ACLS) (SILVA et al., 2020). De acordo com Silva et al. (2020), o SBV é constituído por técnicas sequenciais de compressões no tórax, abertura das vias aéreas, respiração artificial e desfibrilação, enquanto o ACLS ou Suporte Avançado de Vida (SAV) refere-se à administração de medicamentos e ao tratamento da etiologia da PCR. O enfermeiro é um dos profissionais atuantes na ocorrência da PCR, pois frequentemente realiza as primeiras avaliações e, ainda, as manobras de reanimação cardiopulmonares. Dessa forma, sua participação nesta ocorrência deve ocorrer de forma sistematizada, com planejamento e coordenação, necessitando, ainda, de domínio técnico- científico e emocional (CARVALHO et al., 2020). De acordo com Silva et al., (2015), com os avanços tecnológicos e científicos, há um aumento anual referente ao quantitativo de procedimentos cirúrgicos, o que gera impactos na ocorrência de efeitos adversos. Dentre esses, aqueles ocasionados pela enfermagem, destacam-se os erros de medicações, quedas de pacientes, extubação, queimaduras, hemorragias e ainda, a parada cardiorrespiratória, que pode ainda ser classificada como evento adverso relacionado a notificações hospitalares (SILVA et al., 2015). No contexto do centro cirúrgico (CC), verifica-se que que o atendimento à PCR ocorre por meio do Suporte Avançado de Vida, cujas ações técnicas sucessivas são as compressões torácicas, abertura de vias aéreas, uso da ventilação artificial, desfibrilação, simultâneos à administração de medicamentos para o tratamento da etiologia da PCR (SANTOS et al., 2020). Em um estudo realizado por Mendonça (2018), verificou-se que 92,3% dos enfermeiros atuantes no centro cirúrgico de um hospital, já haviam presenciado uma PCR, enquanto 57,7% referiam o sentimento de incapacidade para prestar assistência a este procedimento. Neste mesmo estudo notou-se ainda que um dos fatores considerados facilitadores ao manuseio da PCR em centro cirúrgico, foram destacados pelos profissionais de enfermagem o trabalho em equipe multiprofissional, experiências anteriores, a calma, a satisfação em uma manobra exitosa de ressuscitação cardiopulmonar e ainda, a capacitação no atendimento à PCR (MENDONÇA, 2018). Dessa forma, sabe-se que a capacitação para o atendimento à PCR é complexa pois requer capacidade cognitiva-motora, e ainda as habilidades interpessoais. Para isso, é necessário que os métodos educativos sejam aprimorados de forma eficaz à equipe, como exemplo da simulação realística, que emprega um modelo de aprendizagem articulando a teoria à prática, aperfeiçoando o indivíduo e o coletivo (SANTOS et al., 2020). Assim, a simulação nos serviços de saúde in situ, auxilia no aprendizado, desenvolve a educação permanente e modifica comportamentos, o que favorece a melhoria da segurança do paciente a qualidade prestada no serviço (OLIVEIRA, 2018). 50 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | PÚBLICO-ALVO O principal público-alvo desta capacitação é a equipe de enfermagem atuante no Centro Cirúrgico (enfermeiros e técnicos de enfermagem). LOCAL DE REALIZAÇÃO A fim de promover a transformação dos hábitos e do conhecimentoteórico e prático referente à PCR, propõe-se que este plano de educação permanente seja desenvolvido nas dependências do Centro Cirúrgico. PROPOSTA DE EXECUÇÃO DA AÇÃO ESTRATÉGIAS EDUCACIONAIS SUGERIDAS PARA A ABORDAGEM A intervenção educativa sugerida basear-se-á em um relato de experiência descrito por Gonçalves (2017) no qual utilizou-se de estratégias diversas para a educação permanente para a equipe de enfermagem durante uma PCR. DESCRIÇÃO DA EXECUÇÃO DA AÇÃO O desenvolvimento da ação educativa deverá ocorrer em três etapas, com foco na atualização sobre emergência, a importância do trabalho em equipe e o manejo da PCR. o Primeira etapa – Vídeo motivacional: Inicialmente, propõe-se que o facilitador explane um vídeo sobre motivação e liderança, e a importância de uma equipe estar equilibrada e unida em emergências, como a PCR. o Segunda etapa – Caso Clínico: Em seguida, será disposto um caso clínico referente à PCR, e por meio da roda de conversa, os profissionais irão relatar quais seriam suas intervenções para o caso clínico, justificando-as. Assim, o facilitador terá a percepção do conhecimento dos profissionais e se estão de acordo com os protocolos mais atualizados e considerados referência em urgência e emergência. o Terceira etapa – Simulação Realística: Nesta, é necessário que haja um participante que atue como paciente em situação emergencial de PCR. Por conseguinte, a equipe terá que prestar assistência do suporte básico de vida, com as compressões torácicas e ainda a abertura de vias aéreas. Feito isso, a equipe precisará fornecer o suporte avançado, através das medicações para o tratamento da possível etiologia da PCR. Será necessário ainda, o uso de um manequim para a realização das compressões torácicas. o Quarta etapa – Avaliação: Esta etapa consistirá na avaliação da ação educativa, bem como dos possíveis erros cometidos pela equipe no manejo da PCR. Esta avaliação poderá ser realizada através de um teste, em que o facilitador terá a percepção dos profissionais após a atividade de educação permanente. 51 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | MATERIAIS NECESSÁRIOS o Datashow; o Computador; o Vídeo motivacional; o Caixa de Som; o Papel para impressão; o Maca; o Manequim; o Carrinho de emergência; o Ambu. CARGA HORÁRIA Sugere-se realizar esta ação em um período de 01 hora e 30 minutos. PERIODICIDADE DA EXECUÇÃO DA AÇÃO Este ciclo de intervenções deverá ocorrer trimestralmente no setor de Centro Cirúrgico, ou sempre que for verificada necessidade de atualização pela equipe. ESTRATÉGIAS DE AVALIAÇÃO DA AÇÃO Após a aplicação dos vídeos motivadores, dos casos clínicos e da simulação realística, sugere-se realizar um teste escrito, para que o facilitador verifique o aprendizado da equipe de enfermagem. Além disso, o facilitador deve demonstrar os possíveis erros de técnicas na manobra de ressuscitação pulmonar e na ventilação artificial, por meio do manequim, realizando, assim, as compressões em intervalos e em quantidade adequada à cada caso. 52 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | RESUMO DO CAPÍTULO 53 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | REFERÊNCIAS BARBOSA, I.S.L. et al. O conhecimento do profissional de enfermagem frente à parada cardiorrespiratória segundo as novas diretrizes e suas atualizações. Revista de Divulgação Científica Sena Aires, v. 7, n. 2, p. 117-126, 2018. CARVALHO, S.S. et al. Conhecimento de enfermeiros intervencionistas em urgência frente à parada cardiorrespiratória. Research, Society and Development, v. 9, n. 7, p. e80973721-e80973721, 2020. GONÇALVES, V.M.A. Educação permanente e parada cardiorrespiratória: um relato de experiência no âmbito da enfermagem. Gerais: Revista de Saúde Pública do SUS/MG, v. 2, n. 2, p. 47-58, 2017. MENDONÇA, D.C.J. Conhecimento da equipe de enfermagem do centro cirúrgico sobre parada cardiopulmonar. 48f. Trabalho de Conclusão de Curso (bacharel em enfermagem) -Universidade de Brasília, Ceilândia, 2018. OLIVEIRA, I.C. Avaliação da simulação realística como intervenção educativa para capacitação de enfermeiros em ressuscitação cardiopulmonar. 88f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Saúde) – Universidade Federal de São Carlos, 2018. SANTOS, L.R. et al. A utilização do objective structured clinical examination para avaliação em ressuscitação cardiopulmonar no centro cirúrgico. Research, Society and Development, v. 9, n. 11, 2020. SILVA, F.E.A. et al. Atuação do enfermeiro durante a parada cardiorrespiratória em pacientes críticos: revisão de literatura/Nursing Perfomance During Cardiorespratory Arrest In Critically Ill Paientes: Literature Review. Brazilian Journal of Health Review, v. 3, n. 2, p. 2783-2796, 2020. SILVA, F.G. et al. Análise de eventos adversos em um centro cirúrgico ambulatorial. Revista Sobecc, v. 20, n. 4, p. 202-209, 2015. 54 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | CAPÍTULO IX INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA Daniele Lima dos Anjos Reis Kátia Simone Kietzer Josenilda Rodrigues Gaia Oliveira Renata Campos de Sousa Borges Milena Coelho Fernandes Caldato Maria Yasmin da Silva Moia Patrick Nery Igreja Ana Caroline de Oliveira Coutinho Rafael Vulcão Nery INTRODUÇÃO O Centro Cirúrgico é conceituado como um conjunto de elementos destinados à atividade cirúrgica e à recuperação anestésica e pós-operatória imediata (CARVALHO; BIANCHI, 2016). Entre as atividades desempenhadas pela equipe de enfermagem no setor emerge a de instrumentador cirúrgico, sendo este o profissional que auxilia a equipe cirúrgica e fornece os instrumentais para o ato operatório (GOMES, 2013). A Resolução nº 214/98 do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) define a instrumentação cirúrgica como atividade da enfermagem, não sendo, entretanto, ato privativo da mesma, e determina que o profissional de enfermagem atuando como instrumentador cirúrgico subordina-se exclusivamente ao enfermeiro responsável pelo Centro Cirúrgico (COFEN, 1998). A profissão de instrumentador surgiu da necessidade dos avanços e desenvolvimentos das cirurgias e o primeiro registro da atuação de um instrumentador cirúrgico data de 1859, quando o mestre Jean Henri Dumont, com o intuito de agilizar os procedimentos cirúrgicos e amenizar o sofrimento dos feridos em uma batalha, exerceu essa função (BRONZATT, FERRETI, PONTELI; 2007). A equipe de enfermagem tem suma importância na atuação durante a instrumentação cirúrgica, uma vez que deve entender quais os tempos cirúrgicos e quais as finalidades dos instrumentais, além do conhecimento da montagem da mesa cirúrgica (OLIVEIRA et al., 2017). OBJETIVO Apresentar estratégias para a capacitação em Instrumentação Cirúrgica, por meio da abordagem com métodos ativos de ensino-aprendizagem. 55 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | TEMÁTICA DA CAPACITAÇÃO Este treinamento tem como temática a Instrumentação Cirúrgica. No ambiente hospitalar, o Centro Cirúrgico é um setor muito importante por requerer ações decisivas e por exigir detalhes minuciosos para assegurar a execução de técnicas assépticas (ROSA, 2009). A História registra que as primeiras intervenções cirúrgicas ocorreram em decorrência dos feridos em combates em grandes guerras pelo mundo, que aconteceram entre os povos antigos. A atribuição da enfermagem nesse período era muito pequena, como os cuidados com os pacientes, limpeza e manutenção do ambiente. Com o passar do tempo, os procedimentos evoluíram e com a descoberta da anestesia houvea necessidade de aprimorar as questões relativas à instrumentação cirúrgica (AVELAR; GRAZIANO; SILVA, 1998). A instrumentação cirúrgica surgiu no Século XX, período de grande desenvolvimento dos procedimentos cirúrgicos e, consequentemente, o instrumentador cirúrgico começou a ganhar grande relevância, exigindo maior qualificação profissional (BRASIL, 2015; TURRINI et al., 2012; AVELAR; GRAZIANO; SILVA, 1998). O instrumentador cirúrgico deve agir com tranquilidade e competência; o cirurgião dependerá integralmente da sua presteza e dedicação, visto que pode ser uma atividade estressante para profissionais inexperientes. O profissional de instrumentação cirúrgica atua junto à equipe cirúrgica tendo como responsabilidade zelar pelo perfeito funcionamento do instrumental e equipamentos usados pelo cirurgião e assistente (SOBECC, 2017; ROSA, 2009). Depende dele a organização dos materiais que o cirurgião precisará no procedimento e ainda a verificação do ambiente, devidamente preparado e higienizado para receber o paciente e o restante de sua equipe; ele é o primeiro a chegar e o último a sair da sala de operação (GOMES, 2013). No contexto acadêmico, considerando que a função do enfermeiro no Centro Cirúrgico como instrumentador deve ser evidenciada desde a sua formação, torna-se fundamental o desenvolvimento de práticas que possam desenvolver as habilidades dos discentes. Além disso, capacitar as equipes de enfermagem que já atuam no setor pode contribuir para a melhoria das práticas de enfermagem perioperatória. PÚBLICO-ALVO Esta proposta está direcionada para a equipe de enfermagem do Centro Cirúrgico, (enfermeiros e técnicos de enfermagem). Considerando a ampla abordagem do tema, sugere-se ainda incluir a equipe de enfermagem da Central de Material e Esterilização (CME) para participação da capacitação no tema. LOCAL DE REALIZAÇÃO Propõe-se executar esta proposta de duas maneiras, em momentos distintos: 1- como forma de treinamento em serviço, dentro das dependências físicas do Centro Cirúrgico e 2- como um evento científico mais abrangente, fora do setor de trabalho. 56 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | PROPOSTA DE EXECUÇÃO DA AÇÃO ESTRATÉGIAS EDUCACIONAIS SUGERIDAS PARA A ABORDAGEM O uso de tecnologias na saúde tem sido cada vez mais referido quando se trata da implementação de ações relacionadas à Educação Permanente. Nesse sentido, as tecnologias educacionais estão sendo amplamente utilizadas pela enfermagem, consideradas como ferramentas para aprimorar o ensino e instrumentos facilitadores para construção e reconstrução do conhecimento (NIETSCHE et al., 2012; PAES; COSTA, 2017). Assim, sugere-se utilizar uma tecnologia educacional para implementar essa proposta de capacitação, através da utilização de um Manual. Além disso, combinar a ministração de conteúdos teóricos e práticos possibilita uma aprendizagem significativa. DESCRIÇÃO DA EXECUÇÃO DA AÇÃO Para melhor entendimento, a proposta de execução desta ação está melhor detalhada abaixo em 03 (três) etapas: o Primeira etapa – Apresentação do Manual de Instrumentação: Considera-se a utilização de um manual que deve ser elaborado a partir do pressuposto de que a equipe de enfermagem tem suma importância na atuação durante a instrumentação cirúrgica, uma vez que deve entender quais os tempos cirúrgicos e quais as finalidades dos instrumentais, além do conhecimento da montagem da mesa de instrumentação cirúrgica (OLIVEIRA et al., 2017). Sugere-se utilizar uma tecnologia rica em imagens, objetivando facilitar o entendimento. Para compô-lo propõem-se os seguintes conteúdos: O instrumental cirúrgico na cirurgia; Instrumentos para diérese; Instrumentos para hemostasia; Instrumentos para separação; Instrumentos para síntese; Instrumentos para assepsia; Esquema de montagem de uma mesa básica; Montagem de mesa de instrumentação cirúrgica básica: Laparotomia exploratória e Parto cesáreo. o Segunda etapa – Exposição dialogada e interativa: A realização desta etapa deve ser enriquecida pelo uso de slides. A apresentação deve estar pautada na participação efetiva dos profissionais considerando seus conhecimentos prévios a respeito da temática em questão, caracterizando um estilo de aprendizagem significativa fortemente defendido por Mitre et al. (2008), que referem o processo de continuidade como aquele no qual o estudante é capaz de relacionar o conteúdo apreendido aos conhecimentos prévios, e o processo de ruptura como aquele que surge a partir de novos desafios, levando o aprendiz a ultrapassar as suas vivências e possibilitando a ampliação de suas possibilidades de conhecimento. O conteúdo programático teórico sugerido está na Tabela 01, na qual estão especificados os temas, objetivos e métodos para abordagem. o Terceira etapa – Prática de Instrumentação Cirúrgica: Para esta etapa, apontam-se duas opções: 57 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | 1ª OPÇÃO: Prática real, com implementação dos conhecimentos teóricos sobre a temática em um procedimento cirúrgico real. Isso implicará na necessidade de ajustar com a equipe cirúrgica e coordenação setorial a possibilidade de os participantes da capacitação, juntamente com o facilitador, participarem do procedimento realizando a instrumentação. Para tal, torna-se necessária a organização em equipes de pequenos grupos, considerando a limitação de pessoas dentro da sala de operação, bem como a disponibilização de materiais estéreis extras (escova de degermação, avental cirúrgico, luva estéril, etc.). 2ª OPÇÃO: Prática simulada, em um ambiente simulado, representando uma sala de operação, com dramatização e montagem de uma mesa de instrumentação cirúrgica e a abordagem com o paciente cirúrgico em sala de operação, utilizando-se um manequim. A simulação em laboratórios de Enfermagem pode diminuir o medo e a insegurança, facilitando o processo ensino-aprendizagem (GOMES, GERMANO, 2007). Esta é uma poderosa ferramenta de treinamento de competências, pois permite ao participante atuar em ambiente seguro e controlado, de modo a repetir o desempenho de uma tarefa inúmeras vezes, seguido de feedback imediato, adequado e sistematizado (IGLESIAS, PAZIN-FILHO; 2015). O conteúdo programático prático sugerido está na Tabela 02, na qual estão especificados os temas, objetivos e métodos para abordagem. Tabela 01 – Temas, Objetivos e Métodos da exposição dialogada e interativa TEMA OBJETIVO MÉTODO A profissão de instrumentador cirúrgico no Brasil Abordar o histórico da profissão no país Aula expositiva e interativa Utilização de slides Roda de conversa para debate em grupo Legislações e regulamentação da profissão no Brasil Fornecer bases teóricas e legais sobre a profissão no país, como as resoluções do COFEN e Projetos de Leis Funções do Instrumentador cirúrgico Descrever as atividades desempenhadas pelo instrumentador cirúrgico antes, durante e após a realização do procedimento cirúrgico Aula expositiva e interativa Utilização de slides Código de Ética do Instrumentador Cirúrgico Apresentar os aspectos éticos envolvidos na profissão Discussão em grupo O instrumental cirúrgico na cirurgia Nortear o discente quanto aos objetivos dos instrumentais cirúrgicos e suas classificações Aula expositiva e interativa Utilização de slides Acompanhamento pelo Manual de Instrumentação Cirúrgica Apresentação prática dos instrumentais cirúrgicos, que foram dispostos em uma mesa Instrumentais utilizados nos tempos cirúrgicos Apresentar os variados instrumentais cirúrgicos utilizados nos procedimentos de acordo com os tempos cirúrgicos: diérese, hemostasia, exérese e síntese Cuidados no manuseio e contagem dos instrumentais cirúrgicos Disseminar a relevância da responsabilidade técnica do instrumentadorcirúrgico quanto aos cuidados necessários com os instrumentais antes, durante e após a realização do procedimento cirúrgico Aula expositiva e interativa Utilização de slides Fonte: Autoria própria. 58 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | Tabela 02 – Temas, Objetivos e Método da prática de Instrumentação Cirúrgica TEMA OBJETIVO MÉTODO Paramentação cirúrgica Demostrar os três componentes da paramentação cirúrgica estéril: degermação das mãos e antebraços; vestimenta do avental esterilizado com técnica asséptica; calçamento de luvas estéreis Resgate da prática de lavagem cirúrgica das mãos e antebraços com escova de degermação; utilização de avental e luvas estéreis Montagem da mesa básica de instrumentação cirúrgica Evidenciar os objetivos de montar uma mesa de instrumentação cirúrgica; a localização ideal da mesa e do instrumentador, e a formação completa de uma equipe cirúrgica Utilização de imagens e aplicação prática Utilização de slides Demonstrar as atividades que devem ser executadas antes de dispor os instrumentais na mesa Utilização de campos estéreis e cobertura da mesa de instrumentais Demonstrar as atividades que devem ser executadas ao dispor os instrumentais na mesa, considerando a divisão em quatro quadrantes, de acordo com os tempos cirúrgicos Abertura de uma bandeja de instrumentais e organização das pinças: quadrante 01: material de diérese; quadrante 02: material de hemostasia e preensão; quadrante 03: material de síntese e quadrante 04: afastadores e materiais especiais Demonstrar as atividades que devem ser executadas depois de dispor os instrumentais na mesa Realização de antissepsia de a área ser operada, por meio de um paciente simulado (boneco manequim); colocação dos campos estéreis sobre o paciente, com fixação pela pinça Backaus; disposição da mesa de instrumentais em posição adequada Mímica cirúrgica Apresentar os principais gestos executados pelos cirurgiões para solicitação de instrumentais cirúrgicos Demonstração prática e por imagens da mímica cirúrgica Utilização de slides Fonte: Autoria própria. MATERIAIS NECESSÁRIOS o Sala reservada para reuniões de pequenos grupos; o Sala de operação; o Datashow; o Computador; o Mesa de instrumentação; o Capote cirúrgico; 59 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | o Luva estéril; o Escova de degermação; o Bandeja básica de Instrumental Cirúrgico (Ex.: cesariana, laparotomia exploratória). CARGA HORÁRIA Sugere-se realizar este treinamento em um período de 02 horas, caso realizado nas dependências físicas do setor; ou carga horária mais extensa, como 08 horas, caso realizado como evento científico fora do setor. PERIODICIDADE DA EXECUÇÃO DA AÇÃO Propõe-se que esta capacitação seja realizada semestralmente, ou quando houver entrada de novos profissionais de enfermagem no setor. ESTRATÉGIAS DE AVALIAÇÃO DA AÇÃO Sugere-se realizar uma avaliação prática, entrelaçando os conteúdos teóricos e práticos abordados durante a capacitação. Nesta avaliação, pode-se solicitar aos participantes a montagem de uma mesa cirúrgica básica, de forma que eles possam verbalizar a divisão da mesa conforme os tempos cirúrgicos e a classificação dos instrumentais colocados em mesa. Para a avaliação de forma individual sugere-se a aplicação do instrumento padrão de avaliação, indicado nos anexos deste manual. 60 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | RESUMO DO CAPÍTULO REFERÊNCIAS AVELAR, M. C. Q.; GRAZIANO, K. U.; SILVA, A. A instrumentação cirúrgica na formação do enfermeiro. Rev. bras. enferm., Brasília, v. 42, n. 1-2-3-4, p. 68-7, Dec.1989. BRASIL. CÂMARA DOS DEPUTADOS PROJETO DE LEI N.º 3.869, DE 2015 (Do Sr. Goulart) Coordenação de Comissões Permanentes - DECOM - P_6748 CONFERE COM O ORIGINAL AUTENTICADO PL 3869/2015. 61 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | BRONZATT, J. A. G.; FERRETI, H. H.; PONTELI, S. R. C. A visão da equipe de enfermagem sobre o instrumentador cirúrgico. Rev. SOBECC, São Paulo, v. 12, n 1, p. 22- 26, jan./mar., 2007. CARVALHO, R. BIANCHI, E. R. F. Enfermagem em Centro Cirúrgico e Recuperação. São Paulo: Manole, 2016. CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM – COFEN. Resolução COFEN Nº 214 de 10 de novembro de 1998. Dispõe sobre a instrumentação cirúrgica. Rio de Janeiro, 10 de novembro de 1998. GOMES, J. R. A. A. A prática do enfermeiro como instrumentador cirúrgico. Rev. SOBECC, São Paulo, vol. 18, n. 1, p. 54-63, jan./mar. 2013. GOMES, C. O.; GERMANO, R. M. Processo de ensino-aprendizagem no laboratório de enfermagem: visão de estudantes. Revista Gaúcha de Enfermagem, v. 28, n, 3, p. 401- 408, 2007. IGLESIAS, A. G.; PAZIN-FILHO, A. Emprego de simulações no ensino e na avaliação. Medicina, Ribeirão Preto, v. 48, n. 3, p. 233-240, 2015. NIETSCHE, E. A. et al. Tecnologias inovadoras do cuidado em enfermagem. Rev Enferm UFSM, v. 02, n. 01, pag. 182-189, Jan-Abr, 2012. PAES, E. D.; COSTA, C. S. Guia do produto educacional Coisa de professor: compartilhamento de ideias e saberes em tecnologia educacional. Dissertação (mestrado). Colégio Pedro II, Rio de Janeiro, 2017. MITRE, S. M. et al., Metodologias ativas de ensino-aprendizagem na formação profissional em saúde: debates atuais. Ciência & Saúde Coletiva, vol. 13, n. Sup 2, p. 2133-2144, 2008. OLIVEIRA, S. C. M. et al. Manual de Instrumentação Cirúrgica: tecnologia elaborada na monitoria de enfermagem perioperatória. Conexão Fametro 2017: arte e conhecimento. In: V Encontro de Monitoria e Iniciação Científica. Fortaleza, 2017. ROSA, M. T. L. Manual de instrumentação cirúrgica. 3ª edição. São Paulo. Rideel, 2009. TURRINI, R. N. T. et al. Ensino de enfermagem em centro cirúrgico: transformações da disciplina na Escola de Enfermagem da USP (Brasil). Rev. esc. enferm. USP, São Paulo, v. 46, n. 5, p. 1268-1273, Oct. 2012. SOBECC. Associação Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgico, Recuperação Anestésica e Centro de Material de Esterilização. Diretrizes de práticas em enfermagem cirúrgica e processamento de produtos para a saúde. 7. ed. rev. e atual. São Paulo: SOBECC; 2017. 62 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | CAPÍTULO X ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NOS CUIDADOS EMERGENCIAIS AO RECÉM-NASCIDO Tania de Sousa Pinheiro Medeiros Keise Helaine Moreira da Silva Pinto Lauany Silva de Medeiros Paulo Henrique Pinto Pinheiro Maria Yasmin da Silva Moia Patrick Nery Igreja Daniele Lima dos Anjos Reis Kátia Simone Kietzer INTRODUÇÃO Segundo a United Nations International Children's Emergency Fund (UNICEF), a mortalidade infantil vem diminuindo drasticamente desde 2000, o que acontece principalmente devido a melhora da qualidade e do acesso aos serviços de saúde disponíveis para a população. Entretanto, de acordo com Estimativa de Mortalidade Infantil das Nações Unidas, em 2016, morreram mundialmente cerca 15 mil crianças antes do seu quinto aniversário, 7000 delas vieram à óbito nos primeiros 28 dias de vida (UNICEF, 2019; OMS, 2020). Tal estimativa se agrava ao se comparar dados de 2000 a 2017, que apesar de revelarem uma diminuição 56,56% nos óbitos, a proporção de mortes de menores de 5 anos durante o período neonatal passou de 41% para 46% no mesmo intervalo de tempo (OMS, 2020; SALAM et al., 2020). Isto acontece, provavelmente, porque este período é considerado umas das fases mais dinâmicas e complexas do ciclo de vida do ser humano, pois acarreta uma série de transformações na qual o recém-nascido (RN) passa de um estado de inteira dependência a uma posiçãode autossuficiência no que tange a oxigenação e nutrição. Nesta constante, alguns RNs podem manifestar uma série de problemas durante este período de amadurecimento e adaptação dos sistemas que são capazes culminar em situações graves que necessitaram de cuidados emergenciais por parte da equipe de saúde (DEMITO et al., 2017). Diante da complexidade desses cuidados os profissionais de saúde, em especial a equipe de enfermagem, devem possuir um conjunto de informações e de habilidades para que possam reconhecer precocemente as emergências e intervir de forma correta nelas. Nesse cenário, passando a serem coadjuvantes no período neonatal, pois grande parte da mortalidade infantil é potencialmente evitável quando associada a práticas assistenciais emergenciais de qualidade (FOMIRGA et al., 2018). OBJETIVO 63 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | Apresentar um plano de educação permanente voltado ao Centro Cirúrgico acerca da assistência de enfermagem nos cuidados emergenciais ao recém-nascido com enfoque na utilização das metodologias ativas. TEMÁTICA DA CAPACITAÇÃO As emergências são eventos que não escolhem vítimas dentro do setor hospitalar, podendo ocorrer com diferentes tipos de pacientes, normalmente de maneira inesperada e abrupta. Embora em alguns casos sejam previsíveis, tais situações se tornam mais preocupantes quando ocorrem com o público infantil, em especial aos recém-nascidos (FILÓCOMO et al., 2017). Esses casos exigem intervenções rápidas, imediatas e singulares na tentativa de diminuir os danos que poderão exacerbar as lesões existentes colocando em risco a qualidade e a vida do RN. Sendo estas intervenções denominadas Suporte Básico de Vida (SBV) ou Suporte Avançado de Vida (SAV) que são um conjunto de procedimentos sequenciais invasivos ou não que devem ser aplicados em casos de emergências (BRASIL, 2012). Desta forma, elas podem ser clínicas ou cirúrgicas, dependendo da gravidade do comprometimento orgânico. Entre as principais medidas emergenciais ao RN, encontram-se primeiramente a avaliação do RN que deve ser realizada imediatamente após o nascimento ou na sua entrada no setor, sendo que por ela irá se verificar a saúde do concepto e se há necessidade de alguma intervenção emergencial (FONTANA et al., 2009). Outras medidas de suporte a vida do RN é a Reanimação Cardiopulmonar (RCP) que é um conjunto de manobras destinadas a garantir a oxigenação dos órgãos quando há Parada Cardiorrespiratória (PCR) que é caracterizada pela interrupção da atividade mecânica cardíaca, pulmonar e cerebral. No que se refere ao recém-nascido esta ação necessita ser realizada com prudência, haja a vista, que as complicações quando feita incorretamente incluem fratura de costelas, com pneumotórax e hemotórax, e laceração de fígado (BRASIL, 2014). Os cuidados com a respiração e medicação do RN também necessitam serem levados em consideração, pois estudos atuais demostram que a Síndrome do Desconforto Respiratório (SDR) é uma das doenças mais prevalentes entre os recém-nascidos e é responsável pelo maior índice de mortalidade neonatal. E os erros de medicação podem ocasionar prejuízos que vão desde a não administração de fármacos, até eventos adversos graves e morte (SEGUR et al., 2019; BIAVATI; BONIATTI; FALCI, 2018). Infere-se, portanto, que medidas básicas como o modo correto de posicionar a criança, a manutenção da permeabilidade das vias aéreas, a massagem cardíaca e os tipos de ventilação podem salvar vidas. Nessa constante, uma boa assistência ao RN exige tanto infraestrutura como profissionais capacitados e integrados para atender a situações rotineiras e emergenciais (BRASIL, 2012; LEITE et al., 2020). PÚBLICO-ALVO Levando em consideração as características ímpares que distingue o setor do centro cirúrgico das demais clínicas e as particularidades da assistência em saúde, a educação 64 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | permanente deste capítulo deverá ser voltada à equipe de enfermagem que atua no setor supracitado (enfermeiros e técnicos de enfermagem). LOCAL DE REALIZAÇÃO Propõem-se que a ação aconteça in loco, em área coletiva reservada dentro do setor do Centro Cirúrgico, a fim de estimular a participação dos profissionais. PROPOSTA DE EXECUÇÃO DA AÇÃO Diante do exposto, propõem-se que a educação permanente em questão seja embasada na teoria experiencial, com destaque para as vivências que constituem o processo de ensino e aprendizagem, a autonomia do participante e as vertentes da formação continuada. Nesse contexto, esta proposta surge como forma de construir o aprendizado, procedimental e atitudinal por meio de situações cotidianas que expõe o participante a circunstâncias motivadoras para a aprendizagem (RIBEIRO et al., 2015). ESTRATÉGIAS EDUCACIONAIS SUGERIDAS PARA A ABORDAGEM As metodologias ativas são meios facilitadores do processo ensino-aprendizagem que proporcionam ao indivíduo a participação e emancipação no seu processo de aquisição de conhecimentos. Nesse viés, entende-se que as ações que envolvem a proteção da saúde do RN são essenciais, entretanto, necessitam ser cuidadosamente desenvolvidas levando em consideração que o desconhecimento das particularidades do processo de amadurecimento pode gerar intervenções capazes de piorar a saúde do neonato (SILVA et al., 2020). Levando isto em consideração, recomenda-se a utilização de metodologias ativas capazes de promover o interesse dos participantes e entrelaçar a teoria e a prática diária, sendo elas: a dinâmica inicial também conhecida como “quebra gelo” que visa promover um ambiente agradável e receptível ao ensino; a aula teórico-prática baseada na simulação realística que permite a experiência prática, em ambiente seguro, e por fim um Checklist com uma reflexão do que já é feito no setor. DESCRIÇÃO DA EXECUÇÃO DA AÇÃO Para melhor compreensão da execução da educação permanente, esta foi dividida em três etapas principais: o Primeira etapa – Dinâmica Inicial: Sugere-se que a ação em questão seja iniciada com a dinâmica “O que é... O que é”, na qual o facilitador deve, primeiramente, confeccionar uma frase de preferência sobre educação ou a importância da capacitação sobre emergência, escrevê-la em uma cartolina com letras grandes, e posteriormente fracioná-la em sílabas ou por partes em folhas sulfites separadas com uma quantidade aproximada do número de participantes, após isto deve reservar esta produção. Antes de ser iniciada a ação, o facilitador deve colocar aleatoriamente as palavras fracionadas da frase em cadeiras e a partir do momento que todos os participantes 65 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | se encontram na sala solicitar a eles que cada um pegue uma folha e que verifiquem “O que é” que está escrito, deixando que os próprios participantes tenham iniciativa própria para formar a frase escolhida para a atividade, preferencialmente sobre o som de alguma música. Depois de formada a oração, todos deverão ler a frase completa, já colocada na parede ou painel, na íntegra. Em suma esta ação possui o intuito favorecer a interação e o diálogo entre os participantes de forma rápida e diligente, além de propiciar a descontração e a movimentação do grupo, identificando o processo de construção coletiva do conhecimento e discutindo a importância e a articulação do trabalho em equipe articulação, sendo uma das dimensões inerentes ao trabalho em no setor hospitalar em especial em emergências. o Segunda etapa – Aula Teórico-Prática: Esta estratégia visa promover a capacitação dos profissionais por meio de uma aula teórica e prática. Propõem- se, então, que a estratégia seja iniciada a partir do fundamento que nenhum dos trabalhadores saibam dos procedimentos para a assistência a RN em emergências, assimofertando um aparato geral sobre o conteúdo, por meio de uma aula dialogada e nivelando o conhecimento de todos os presentes. Posteriormente, deve-se iniciar a parte prática da estratégia, que deve acontecer com o auxílio da simulação realística, na qual os facilitadores apresentarão casos de pacientes fictícios, com sinais e sintomas e os participantes deverão demostrar as ações que devem ser tomadas em cada tipo de emergência citada. À vista disso, recomenda-se a simulação das seguintes ocorrências: avaliação inicial ao RN, parada cardiorrespiratória, medicação e RN com líquido amniótico meconial, sendo aconselhado a oferecer maior ou menor ênfase de acordo com as emergências que mais ocorrem no setor. Após cada simulação, o facilitador deve promover um feedback das intervenções propostas pelos participantes, se foram corretas ou erradas e como deveria ser realizada. A partir disso, deve-se fazer novamente a simulação realística agora com ações corretas que visam além de promover novos conhecimento, a avaliação de mudança de conduta. Cabe destacar que estas simulações poderão ser realizadas com auxílios de bonecos de RN, travesseiros personalizados de reanimação cardiopulmonar, material de ventilação, dentre outros disponíveis. Esta técnica possibilita aos participantes o desenvolvimento das habilidades e competências necessárias em um ambiente hospitalar, permitindo que os mesmos cometam erros que os farão crescer e amadurecer, sem arriscar a segurança do paciente (DE OLIVEIRA COSTA et al., 2017). o Terceira etapa – Checklist: Considerando a relevância de monitorar riscos e estabelecer padrões de conformidade assistencial, recomenda-se que neste momento a própria equipe de saúde que participa da ação em conjunto com o facilitador criem um Checklist das atitudes que devem ser tomadas por cada um dos profissionais durante uma emergência a um RN no setor, assim organizando o trabalho e promovendo a segurança do paciente. Para isto o facilitador deve começar este momento dando ênfase nas condutas já realizadas e questionando aos profissionais como se pode melhorar, quais das funções ensinadas cada um dos profissionais gostaria de implementar e o que acharam das estratégias. 66 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | Anotando sucintamente todas as colocações para posterior criação do Checklist para futuras mudanças no que tange a assistência de enfermagem nos casos de emergência a RNs. MATERIAIS NECESSÁRIOS o Sala reservada para reuniões de pequenos grupos; o Cadeiras; o Datashow; o Boneco infantil de RCP; o Computador; o Canetas; o Papel A4; o Material de Oxigenação; o Material de Aspiração; o Travesseiros de RCP; o Material para ventilação. CARGA HORÁRIA A educação permanente em questão deverá ter uma carga horária total de 1 hora e 30 minutos, sendo distribuída de 15 a 20 minutos para a dinâmica inicial e a roda de conversa; e de 45 minutos a 1 hora para a aula teórico-prática. PERIODICIDADE DA EXECUÇÃO DA AÇÃO Propõem-se que o intervalo de tempo entre as capacitações deva acontecer segundo a necessidade do setor e da instituição. Todavia, é recomendando que a educação permanente seja aplicada semestralmente ou quando houver entrada de novos profissionais ou rotatividade da equipe de enfermagem do setor. ESTRATÉGIA DE AVALIAÇÃO DA AÇÃO O método de análise dos conhecimentos dos profissionais deverá ser realizado através da avaliação formativa. Sugere-se, portanto, duas estratégias de avaliação, uma coletiva realizada durante toda prática por meio de erros e acertos na simulação realística, após a explicação dos conteúdos pelo facilitador; e uma individual promovida com a utilização de um questionário do tipo antes e depois da execução do treinamento (pré e pós-teste), através da plataforma do Google Forms. 67 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | RESUMO DO CAPÍTULO REFERÊNCIAS BIAVATI, Diane Pereira; BONIATTI, Marcio Manozo; FALCI, Diego Rodrigues. Impacto de uma intervenção eletrônica e educacional na incidência de erros de medicação em uma uti neonatal. SEFIC 2018, 2018. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de atenção à saúde. Departamento de ações programáticas estratégicas. Atenção à saúde do recém-nascido: guia para os profissionais de saúde. 2. Ed. Brasília, 2012. 68 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de atenção à saúde. Departamento de ações programáticas estratégicas. Manual AIDPI neonatal. Organização Pan-Americana da Saúde, 5 ed. Brasília, 2014. DEMITTO, Marcela de Oliveira et al. Gestação de alto risco e fatores associados ao óbito neonatal. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 51, 2017. DE OLIVEIRA COSTA, Raphael Raniere et al. Percepção de estudantes da graduação em enfermagem sobre a simulação realística. Revista Cuidarte, v. 8, n. 3, p. 1799-1808, 2017. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/comunicados-de-imprensa/mortalidade- materna-e-na-infancia-mulheres-e-criancas-estao-sobrevivendo-cada-vez-mais. Acessado 07/01/2020. FILÓCOMO, F.R.F; HARADA, M.J.C.S; MANTOVANI, R; OHARA, C.V.S; Perfil dos acidentes na infância e adolescência atendidos em um hospital público. Ed. Acta Paul Enferm, v. 30, n. 3; 2017. FORMIGA, Cibelle Kayenne Martins Roberto; SILVA, Laryssa Pereira da; LINHARES, Maria Beatriz Martins. Identification of risk factors in infants participating in a Follow-up program. Revista CEFAC, v. 20, n. 3, p. 333-341, 2018. LEITE, H. D. C. S. et al. Fatores ambientais relacionados à omissão dos cuidados de enfermagem. Ciencia y enfermeira, v. 26, 2020. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Levels & Trends in Estimates developed by the UN Inter-agency Group for Child Mortality: Estimation United Nations Child Mortality. 2020. FONTANA, Rosane Teresinha; LIMA, Fabiane de; DUTRA, Ariéla Müller. Construção de saberes em primeiros socorros: relato de experiência. Rev. enferm. UFPE on line, p. 1222- 1228, 2009. SALAM, Asharaf Abdul; AL-KHRAIF, Rshood M. Child Mortality Transition in the Arabian Gulf: Wealth, Health System Reforms, and Development Goals. Frontiers in Public Health, v. 7, p. 402, 2020. SEGUR, Priscila de Castro; MORERO, Juceli Andrade Paiva; OLIVEIRA, Cleide Terezinha. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO RECÉM-NASCIDO COM SÍNDROME DO DESCONFORTO RESPIRATÓRIO. REVISTA UNINGÁ, [S.l.], v. 56, n. S2, p. 141-159, mar. 2019. SILVA, Rafael Pires et al. Estratégias do uso de metodologia ativa na formação de acadêmicos de enfermagem: relato de experiência. Research, Society and Development, v. 9, n. 6, p. e160963543-e160963543, 2020. 69 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | CAPÍTULO XI MONTAGEM DA SALA OPERATÓRIA Maria Yasmin da Silva Moia Patrick Nery Igreja Tania de Sousa Pinheiro Medeiros Lauany Silva de Medeiros Daniele Lima dos Anjos Reis Kátia Simone Kietzer INTRODUÇÃO Para que o serviço no centro cirúrgico ocorra com qualidade, além da boa gerência do enfermeiro e preparo da equipe, a estrutura do setor e funcionalidade dos equipamentos deve ser adequada (SILVA; FURLAN; SILVA, 2018). Desse modo, a falta ou falha de equipamentos e/ou materiais necessários durante uma cirurgia podem ocasionar atrasos durante um procedimento cirúrgico, podendo gerar complicações ao paciente (LIMA; SOUSA; CUNHA, 2013). A conferência de materiais e equipamentos é designada ao enfermeiro responsável pelo setor, podendo ser atribuída ao técnico de enfermagem ou equipe cirúrgica, sendo realizada previamente ao procedimento (LIMA; SOUSA; CUNHA, 2013). Apesar de a checagem da sala operatória (SO) ser rotina, deve lhe ser dada maiorpara a qualificação da assistência de enfermagem no Centro Cirúrgico. Profª. Daniele Lima dos Anjos Reis 6 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | PREFÁCIO Caro(a) leitor(a), A constante imprescindibilidade de ofertar a prática da assistência à saúde de forma qualificada em afinamento à implementação de normas e rotinas mundiais, sustenta-se no constante aperfeiçoamento técnico de profissionais de saúde. À vista disso, o desenvolvimento da educação permanente norteada por instrumentos didáticos, configuram- se como ferramentas para que tais diretrizes sejam efetivamente compreendidas. Como parte do compromisso com a qualidade dos serviços oferecidos em um Centro Cirúrgico e com o permanente fluxo do processo de formação para o trabalho e pelo trabalho, este interessante “Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico” aborda a descrição de recursos que oportunizam o redirecionamento entre teoria e prática do decurso de trabalho para viabilizar processos didáticos e pedagógicos concretos que envolvem conteúdos de ensino e propósitos de aprendizagem implementados de forma significativa. Nesta proposta, para a composição desta obra contou-se com as contribuições de diferentes profissionais de saúde e educadores na área do ensino em saúde, evidenciando uma diversidade de olhares, concepções distintas e paradoxalmente preservando a homogeneidade para descortinar a complexidade dos processos de ensinar, e disponibilizando alternativas favoráveis para o desenvolvimento de planos educativos de trabalho nas formações profissionais dos serviços de saúde. Em suma, registro a grandeza da estima em participar da construção e apresentação deste produto educativo que envolve um grande elo de amizade e torcida solidária que culmina em esforços na busca pela primazia profissional no ensino em saúde, descrevendo propostas motivadoras, compreensíveis e triviais de trabalho para tornar as desafiadoras práticas de educação permanente executáveis. Boa leitura a todos! Profª. Me Renata Campos de Sousa Borges 7 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | COLABORADORES Ana Beatriz Capela Cordovil Graduanda no curso de Bacharel em Enfermagem, pela Universidade do Estado do Pará (UEPA), em Tucuruí-PA. Integrante do Núcleo de Pesquisa em Educação e Saúde da Amazônia (NUPESA). Lattes: http://lattes.cnpq.br/2569386118398812 E-mail: anabeatrizcapelac@gmail.com Ana Caroline de Oliveira Coutinho Enfermeira. Pós-graduanda em Unidade de Terapia Intensiva, pela Faculdade Venda Nova do Imigrante (FAVENI); e em Auditoria dos Serviços de Saúde e Gestão Hospitalar, pela Faculdade Estratego. Docente do curso Técnico de Enfermagem da Faculdade de Teologia, Filosofia e Ciências Humanas Gamaliel (FATEFIG), em Tucuruí-PA. Lattes: http://lattes.cnpq.br/1937818847359463 E-mail: coutinhoanacaroline@gmail.com Cláudia Cristina Pinto Girard Enfermeira. Mestre em Enfermagem pela Universidade do Estado do Pará (UEPA). Docente do curso de Graduação em Enfermagem da UEPA, em Tucuruí-PA. Integrante do Núcleo de Pesquisa em Educação e Saúde da Amazônia (NUPESA). Lattes: http://lattes.cnpq.br/0034223651771939 E-mail: claudiarupali@gmail.com Fabiany Bezerra Barbosa Graduanda no curso de Graduação em Enfermagem, pela Faculdade de Teologia, Filosofia e Ciências Humanas Gamaliel (FATEFIG). Lattes: http://lattes.cnpq.br/3025625955137085 E-mail: fabianny933@gmail.com Genislaine Ferreira Pereira Enfermeira. Especialista em Gestão Pública, pela Faculdade do Meio Ambiente e Tecnologia de Negócios (FAMATEC); e em Enfermagem Oncológica, pela Faculdade de Tecnologia Machado de Assis. Assistencialista na Prefeitura Municipal de Tucuruí-PA. Lattes: http://lattes.cnpq.br/6908831505900114 E-mail: genislaine_fp@hotmail.com Guilherme Henrique do Nascimento Alves Graduando no curso de Bacharel em Enfermagem, pela Universidade do Estado do Pará (UEPA), em Tucuruí-PA. Membro do Programa Institucional de bolsas de Iniciação Cientifica (PIBIC/CNPQ). Integrante do Núcleo de Pesquisa em Educação e Saúde da Amazônia (NUPESA). Lattes: http://lattes.cnpq.br/1281172190911821 E-mail: henryalves116@gmail.com http://lattes.cnpq.br/2569386118398812 mailto:anabeatrizcapelac@gmail.com http://lattes.cnpq.br/1937818847359463 mailto:coutinhoanacaroline@gmail.com http://lattes.cnpq.br/0034223651771939 mailto:claudiarupali@gmail.com http://lattes.cnpq.br/3025625955137085 mailto:fabianny933@gmail.com http://lattes.cnpq.br/6908831505900114 mailto:genislaine_fp@hotmail.com http://lattes.cnpq.br/1281172190911821 mailto:henryalves116@gmail.com 8 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | Julyany Rocha Barrozo de Souza Enfermeira. Especialista em Enfermagem em Centro Cirúrgico e Central de Material e Esterilização, pelo Instituto Carlos Chagas (INCAR); e em Enfermagem Obstétrica, pelo Centro Universitário UNIFAMAZ. Docente do curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade de Teologia, Filosofia e Ciências Humanas Gamaliel (FATEFIG), em Tucuruí-PA. Lattes: http://lattes.cnpq.br/0515729819059715 E-mail: julyany_rbs@yahoo.com.br Josenilda Rodrigues Gaia Oliveira Enfermeira. Especialista em Enfermagem em Centro Cirúrgico e Central de Material e Esterilização, pelo Instituto Carlos Chagas (INCAR). Lattes: http://lattes.cnpq.br/8020076835444937 E-mail: enfajosygaiaoliver@gmail.com Karen Silva de Castro Graduanda no curso de Bacharel em Enfermagem, pela Universidade do Estado do Pará (UEPA). Integrante do Núcleo de Pesquisa em Educação e Saúde da Amazônia (NUPESA). Lattes: http://lattes.cnpq.br/1789819841097653 E-mail: silvakaren2021@gmail.com Keise Helaine da Silva Pinto Enfermeira. Especialista em Urgência e Emergência, pelo Centro Universitário UNIFAMAZ. Docente do curso de Graduação em Enfermagem da Universidade do Estado do Pará (UEPA), em Tucuruí-PA. Coordenadora da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal do Hospital Regional de Tucuruí-PA. Lattes: http://lattes.cnpq.br/9698223872178864 E-mail: enf.keisepinto@hotmail.com Lauany Silva de Medeiros Graduanda no curso de Bacharel em Enfermagem, pela Universidade do Estado do Pará (UEPA), em Tucuruí-PA. Integrante do Núcleo de Pesquisa em Educação e Saúde da Amazônia (NUPESA). Lattes: http://lattes.cnpq.br/1997921019751995 E-mail: lauanymedeiiros@gmail.com Leiliane do Socorro Prestes da Silva Enfermeira. Especialista em Enfermagem Obstétrica e Ginecológica, pela Escola Superior da Amazônia (ESAMAZ). Coordenadora do Centro Cirúrgico do Hospital Regional de Tucuruí- PA. Lattes: http://lattes.cnpq.br/9803107508169245 E-mail: lelybps@gmail.com Maria Yasmin da Silva Moia Enfermeira. Coordenadora do Programa de Saúde na Escola da Prefeitura Municipal de Mocajuba. Pós-Graduanda em Terapia Intensiva pela Faculdade Venda Nova do Imigrante (FAVENI). Lattes: http://lattes.cnpq.br/8468858899483420 E-mail: yayasilvayaya@gmail.com http://lattes.cnpq.br/0515729819059715 mailto:julyany_rbs@yahoo.com.br http://lattes.cnpq.br/8020076835444937 mailto:enfajosygaiaoliver@gmail.com http://lattes.cnpq.br/1789819841097653 mailto:silvakaren2021@gmail.com http://lattes.cnpq.br/9698223872178864 mailto:enf.keisepinto@hotmail.com http://lattes.cnpq.br/1997921019751995 mailto:lauanymedeiiros@gmail.com http://lattes.cnpq.br/9803107508169245 mailto:lelybps@gmail.com http://lattes.cnpq.br/8468858899483420 mailto:yayasilvayaya@gmail.com 9 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | Milena Coelho Fernandes Caldato Médica. Docente dos Programas de Mestrado e Doutorado Profissional Ensino em Saúde na Amazônia, pela Universidade do Estado do Pará (UEPA), em Belém-PA. Doutora em Medicina (Endocrinologia Clínica), pela Universidade Federal deimportância, visto que influenciará na segurança do paciente a ser atendido. Além disso, devido ao surgimento de tecnologias, novos materiais cirúrgicos e maior demanda de cirurgias nos hospitais, os profissionais precisam de constante atualização quanto a esse assunto (LIMA; SOUSA; CUNHA, 2013). OBJETIVO Este capítulo abordará sobre propostas de estratégias ativas para a realização de capacitação à equipe de enfermagem sobre a montagem e cuidados com os equipamentos da sala de cirurgia. TEMÁTICA DA CAPACITAÇÃO O Centro Cirúrgico é um dos setores de maior complexidade de um hospital, em face de existir grande possibilidade de riscos à saúde do paciente, como também alto nível de estresse e sua especificidade. Com o intuito de minimizar riscos e permitir um ambiente com condições técnicas adequadas para o ato cirúrgico é de grande valia uma montagem de sala operatória de qualidade (SMELTZER; BARE, 2018). 70 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | Os principais objetivos da montagem de sala operatória são disponibilizar recursos humanos e materiais adequados para o procedimento a ser realizado. Tendo em vista isso, foi realizado um estudo no Rio de Janeiro, em que se comparou e observou a interferência de interrupções e distrações na sala de cirurgia e foi possível concluir que conversas paralelas e toques de telefone não trouxeram prejuízo para a continuidade do ato cirúrgico, todavia a ausência de material indispensável e falhas em equipamentos propiciaram altas taxas de interrupções, ocasionalmente de até meia hora (LIMA; SOUSA; CUNHA, 2013). Desta forma, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária definiu equipamentos básicos de uma sala de cirurgia, sendo que esta obrigatoriamente deve contar com: uma mesa cirúrgica, duas mesas de instrumentação cirúrgica, foco central e acessórios, um equipamento de anestesia, duas mesas auxiliares, um bisturi elétrico, dois hampers, dois baldes para lixo, um coletor para perfurocortante, instalações hidráulicas, e instalações elétricas , saída de gases (oxigênio, vácuo, óxido nitroso) (CARVALHO; BIANCHI, 2016). O enfermeiro deve ser supervisor da montagem de sala operatória, tendo como base protocolos institucionalizados no hospital. Esse profissional também define a escala dos funcionários, fazendo a distribuição dos técnicos de enfermagem para cada cirurgia programada, período e função. Sendo assim, o profissional circulante tem o dever de prover materiais e recursos para a sala de cirurgia, de acordo com a necessidade de cada processo cirúrgico. E é dever da equipe de enfermagem executar as seguintes etapas da montagem (RIBEIRO; BONFIM; SILVEIRA, 2011): o Verificar as condições de limpeza da sala operatória, antes de equipá-la com os equipamentos e materiais necessários; o Prover materiais e equipamentos solicitados de acordo com a cirurgia a ser realizada; o Testar o funcionamento de todas as tomadas e equipamentos fixos; o Solicitar medicações, soluções e kit de materiais descartáveis à farmácia; o Providenciar aventais, campos, caixa de instrumentais, manoplas e todo material avulso que for necessário; o Organizar os materiais, mesas e equipamentos que serão utilizados, de tal forma que facilite o acesso. Ao término da cirurgia o enfermeiro deve orientar a desmontagem da sala de operações, e o encaminhamento de materiais para seus devidos fins. É importante ressaltar que a instituição precisa disponibilizar Procedimento Operacional Padrão (POP) com materiais/instrumentos necessários para cada tipo de procedimento cirúrgico, para que haja padronização no setor. PÚBLICO-ALVO Essa temática deve ser utilizada para capacitar/atualizar enfermeiros, técnicos de enfermagem ou profissional responsável pela montagem da sala dentro da equipe cirúrgica. 71 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | LOCAL DE REALIZAÇÃO Recomenda-se que seja realizada dentro do Centro Cirúrgico, em um momento ocioso, prioritariamente no início do expediente da equipe. A parte teórica pode ser realizada no posto de enfermagem ou sala reservada e a prática em uma sala operatória sem cirurgia eletiva agendada, pois desse modo, facilitará o ensino e a prática devido esta conter todo o material necessário para exemplificação da temática. PROPOSTA DE EXECUÇÃO DA AÇÃO ESTRATÉGIAS EDUCACIONAIS SUGERIDAS PARA A ABORDAGEM Devido a observação da realidade em que há diferença entre a formação dos profissionais da saúde e sua realidade de atuação, os educadores buscaram novas formas de ensinar, envolvendo o pensamento crítico, utilizando métodos ativos (SOBRAL; CAMPOS, 2012). Com o passar dos anos, os profissionais são ainda mais cobrados quanto ao aprimoramento, principalmente no Centro Cirúrgico, visto que atuam no cuidado ao paciente durante o pré-operatório imediato, transoperatório e pós-operatório imediato, de acordo com os padrões recomendados, além de auxiliar a equipe para que o procedimento anestésico- cirúrgico ocorra com segurança (RIBEIRO; BONFIM; SILVEIRA, 2011). Por isso, o treinamento da equipe de enfermagem em sala operatória é necessário para o sucesso do procedimento cirúrgico, visto que eles necessitam de conhecimento sobre o procedimento, materiais necessários, anestesia, instrumentais, entre outros (RIBEIRO; BONFIM; SILVEIRA, 2011). Diante disso, sugere-se duas estratégias ativas para ensino desta temática. A primeira consiste na simulação de um trecho de um procedimento em que houve falha de checagem anterior ao início da cirurgia e a segunda consiste em uma abordagem de ensino da temática através de treinamento teórico-prático. DESCRIÇÃO DA EXECUÇÃO DA AÇÃO o Primeira etapa – Simulação de falha na montagem de SO: Esta etapa tem o objetivo de estimular o participante a refletir sobre a importância em aprender sobre a temática, antes de prosseguir com o treinamento. Inicialmente, o facilitador escolherá 2 participantes para realizarem a atividade. Esta irá simular a situação de que está sendo realizado uma cirurgia e foi necessário intubar o paciente. Um dos participantes será o “cirurgião” e o outro será o “instrumentador”. O paciente será simulado através de um boneco. O cirurgião pedirá ao instrumentador os materiais necessários para a realização do procedimento, os quais já deverão estar organizados antes de iniciar o procedimento. O instrumentador vai até a bandeja e coloca-a em uma mesa de mayo para auxiliar o procedimento. O médico inicia o procedimento e solicita o laringoscópio, com a lâmina e cabo necessários. No entanto, ao tentar utilizar, o médico percebe que a lâmpada não está funcionando, testa-se todas as lâminas 72 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | e nenhuma funciona, então ao verificar o problema, o profissional percebe que as pilhas não estão funcionando e que não há pilhas reserva para troca. Diante disso, deve-se refletir aos seguintes questionamentos: - Essa falha poderia ser evitada? - Em que momento a falha ocorreu? - Como a falha poderia ser evitada? - Quais as consequências dessa falha para o ato cirúrgico/paciente? Também pode ser simulado com a falta ou falha de outros equipamentos, como bisturi elétrico, caixas de instrumentais ou materiais descartáveis, ficando a critério do facilitador. o Segunda etapa – Treinamento teórico-prático: O treinamento consistirá em abordagem teórica e atividade prática para fixação do conteúdo. Para a teoria, pode-se fazer uso do Procedimento Operacional Padrão (POP) de Montagem de SO da instituição. O facilitador deverá abordar os seguintes tópicos através de slides: - Conceito geral sobre a SO, montagem e circulação; - Competências do circulante/responsável pela montagem da SO; - Importância da padronização e montagem correta da SO; - Passo a passo das atividades a serem desenvolvidasna montagem da sala operatória; - Possíveis falhas e consequências para o paciente. Quanto à prática, será necessária a disponibilização de uma SO provida de equipamentos, onde será realizado o passo-a-passo das atividades que devem ser desenvolvidas pelo responsável para a montagem da SO. É importante que esta SO esteja com falta de alguns materiais e equipamentos desconectados, para que o participante possa presenciar desde a previsão de materiais até a checagem de funcionamento dos equipamentos. Pode ser escolhido uma cirurgia (por exemplo: laparotomia exploratória, apendicectomia etc.) para demonstração do material necessário de acordo com a cirurgia a ser realizada. MATERIAIS NECESSÁRIOS o Manequim de ressuscitação cardiopulmonar adulto ou boneca infantil; o Laringoscópio: cabo sem pilha, lâminas 0, 1, 4 reta e/ou curva, a depender do manequim utilizado; o Bandeja para intubação; o Espaços: SO e posto de enfermagem ou sala reservada; o Materiais e equipamentos da instituição, de acordo com a cirurgia escolhida; 73 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | o POP de montagem de SO da instituição; o Datashow; o Cadeiras; o Computador. CARGA HORÁRIA Propõe-se a realização em até 04 horas, podendo ser dividida em dois momentos. PERIODICIDADE DA EXECUÇÃO DA AÇÃO Recomenda-se que esta ação seja realizada a cada mudança na equipe de enfermagem, pois será necessária a demonstração da padronização para facilitar a dinâmica de trabalho no local. ESTRATÉGIAS DE AVALIAÇÃO DA AÇÃO Ao final, de forma individual, deverá ser aplicado o instrumento padrão de avaliação sobre o treinamento (em anexo a este manual), ou o feedback interativo, para auxiliar na melhoria de abordagens futuras. 74 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | RESUMO DO CAPÍTULO 75 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | REFERÊNCIAS CARVALHO, R. BIANCHI, E. R. F. Enfermagem em Centro Cirúrgico e Recuperação. São Paulo: Manole, 2016. LIMA, A. M; SOUSA, C. S; CUNHA A. L. S. M. Segurança do paciente e montagem de sala operatória: estudo de reflexão. Rev enferm UFPE on line., Recife, v. 7, n. 1, p. 289-94, jan., 2013. Disponível em: . Acesso em: 29 de dezembro de 2020. RIBEIRO, M. B.; BONFIM, I. M.; SILVEIRA, C. T. Estratégias de capacitação da equipe de enfermagem de um centro cirúrgico oncológico. Rev SOBECC, São Paulo, v. 16, n. 3, p. 21-29, jul./set. 2011. Disponível em: . Acesso em: 12 de janeiro de 2021. SILVA, A. F.; FURLAN, A. P.; SILVA, T. S. Iatrogenias da equipe de enfermagem em uma unidade cirúrgica: o papel do enfermeiro na prevenção dessas ocorrências. 2018. 74 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Enfermagem) - Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, Lins-SP, 2018. Disponível em: . Acesso em: 08 de janeiro de 2021. SMELTZER, S. C.; BARE, B. G. Brunner e Suddarth Tratado de Enfermagem Médico- Cirúrgica. 11. ed. Rio De Janeiro: Guanabara Koogan, 2018. SOBRAL, F. R.; CAMPOS, C. J. G. Utilização de metodologia ativa no ensino e assistência de enfermagem na produção nacional: revisão integrativa. Rev. esc. enferm. USP, São Paulo, v. 46, n. 1, Feb. 2012. Disponível em: . Acesso em: 11 de janeiro de 2021. https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/download/10232/10827 https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/download/10232/10827 76 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | CAPÍTULO XII HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA EM CENTRO CIRÚRGICO Genislaine Ferreira Pereira Daniele Lima dos Anjos Reis Kátia Simone Kietzer Renata Campos de Sousa Borges Milena Coelho Fernandes Caldato INTRODUÇÃO A humanização em saúde pode ser entendida como a base da assistência, tendo como objetivo estabelecer medidas éticas a serem seguidas pelos trabalhadores, para que estes possam realizar um cuidado que respeite a dignidade dos pacientes (AVILA et al., 2018). Para mais, Brezolin et al. (2020) afirmam que a humanização consiste na valorização de todos os sujeitos envolvidos no contexto da saúde, sendo estes, os usuários, os trabalhadores e os gestores. Infelizmente, existem alguns impasses que dificultam a realização de um cuidado humanizado, tais como: sobrecarga de trabalho, falta de recursos, remuneração baixa, comunicação ineficaz entre os sujeitos e falta de educação continuada, por conseguinte, tais fatores ocasionam a mecanização da assistência (FIGUEIREDO et al., 2018). Neste contexto, um dos principais setores de um hospital que enfrenta esta problemática é o Centro Cirúrgico, marcado por equipamentos e rotinas diferenciadas, que podem ser vistos como ameaçadores pelos pacientes (BREZOLIN et al., 2020). Diante disso, como forma de reverter esse quadro de mecanização e levar a humanização aos serviços de saúde, Medeiros e Batista (2016) dizem que a temática deve ser fomentada nas diretrizes curriculares dos cursos da saúde, as instituições devem oferecer educação permanente para com os profissionais atuantes, bem como deve haver avaliação e acompanhamento dessa humanização nos serviços. Por fim, temos que a instituição ao oferecer educação continuada aos seus trabalhadores acerca da temática, deve planejar e implementar suas ações com base na Política Nacional de Humanização (PNH), assim sendo, o profissional poderá aprender, aprimorar e incorporar aspectos interpessoais à tarefa assistencial (RAMOS et al., 2018). OBJETIVO Expor a importância da realização de educação permanente, com auxílio da Simulação Realística, para a resolução de problemáticas decorrentes da mecanização à saúde em Centro Cirúrgico. 77 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | TEMÁTICA DA CAPACITAÇÃO Com o intuito de consolidar a importância da humanização nos serviços de saúde, o governo brasileiro, no ano de 2003, instaurou a PNH, conhecida também como “HumanizaSUS”. Por meio de tal política, os trabalhadores da saúde passam a compreender que a humanização vai muito além de benevolência ou bondade, sendo caracterizada por uma assistência que preza pelos direitos, justiça e ética (BRASIL, 2013; BREZOLIN, 2020). A partir disso, devemos entender que a PNH possui algumas diretrizes que guiam seu trabalho em prol da humanização, baseado em orientações clínicas, éticas e políticas. Segundo Brasil (2013), essas diretrizes são: acolhimento, gestão participativa e cogestão, ambiência, clínica ampliada, valorização do trabalhador e defesa de direitos dos usuários. Ademais, proporcionar o entendimento acerca da PNH para os profissionais da saúde, objetiva: construir relações de confiança entre os sujeitos envolvidos no processo de saúde, estabelecer compromisso e vínculos entre equipes/serviços, proporcionar trabalho em equipe, estabelecer uma boa rede socioafetiva (BRASIL, 2013). Assim sendo, a forma escolhida para trabalhar as diretrizes da PNH com os profissionais atuantes no Centro Cirúrgico foi a estratégia ativa da Simulação Realística. A primeira evidência de utilização de simulação na prática clínica em saúde consiste no desenvolvimento de uma pelve feminina pelos Grégorie, pai e filho, no século XVIII, em Paris, para o ensinamento de técnicas obstétricas. Tal fato foi positivo, tendo em vista que foram registradas reduções nas taxas de óbitos maternos e infantis daépoca (YAMANE et al., 2019). PÚBLICO-ALVO É necessário que a humanização seja abordada com todos os trabalhadores que realizam contato com o paciente. Assim sendo, o público-alvo desta ação será a equipe multiprofissional atuante no Centro Cirúrgico. LOCAL DE REALIZAÇÃO Propõe-se executar esta ação em áreas coletivas do Centro Cirúrgico. PROPOSTA DE EXECUÇÃO DA AÇÃO ESTRATÉGIAS EDUCACIONAIS SUGERIDAS PARA A ABORDAGEM Sugere-se utilizar como estratégia ativa de abordagem a Simulação Realística. Esta consiste em uma metodologia ativa que, diferente de metodologias tradicionais de ensino, possibilita que o indivíduo vivencie, em um ambiente planejado, condições da vida real. Assim sendo, com esta estratégia é possível compreender o contexto problematizado, para que este seja transformado (FONSECA; AFONSO, 2015). Ademais, segundo Souza, Antonelli e Oliveira (2016) a Simulação Realística proporciona aos indivíduos envolvidos na prática: aquisição de habilidades técnicas e de 78 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | gerenciamento de crises, espírito de liderança, estimulação do trabalho em equipe, entre outras habilidades que engradecem e trazem qualidade para a assistência prestada. DESCRIÇÃO DA EXECUÇÃO DA AÇÃO Para a realização de uma boa simulação, Carneiro et al. (2019) recomendam que aconteça planejamento, implementação e evolução das atividades com processo avaliativo de forma integral. Assim sendo, deve-se seguir as seguintes etapas: o Primeira etapa – Escolha dos mediadores: Dependendo do número de trabalhadores que compõe a equipe de multiprofissional do setor em questão, deve-se escolher o indivíduo ou indivíduos que ficarão responsáveis por organizar a simulação. Sugere-se que a escolha se dê por meio de sorteios, sendo que cada ciclo de simulação possua mediadores (preferencialmente, devem participar apenas a equipe do setor) diferentes, para que todos os profissionais possam realizar, em algum momento, esta função. o Segunda etapa – Apresentação da temática, divisão das duplas, divisão dos temas e formulação dos objetivos a serem alcançados: Sabendo que a PNH propõe 6 (seis) diretrizes a serem seguidas pelos serviços de saúde para que se alcance a humanização, estas, então, serão as temáticas abordadas no momento da ação. Assim sendo, o mediador explanará sobre as diretrizes (acolhimento, gestão participativa e cogestão, ambiência, clínica ampliada, valorização do trabalhador e defesa de direitos dos usuários) para os demais profissionais do setor. Após serem oferecidos os temas, o mediador deve formar 3 (três) duplas de profissionais e, posteriormente, separar 2 (duas) diretrizes para cada. Sugere-se que a escolha das duplas, bem como a dos temas aconteça por meio de sorteios. A partir disso, cada dupla ficará encarregada de organizar uma simulação com base em seus temas propostos. Para mais, a partir do momento que a temática é delimitada, é necessário que os objetivos a serem alcançados com a ação sejam traçados por cada dupla. o Terceira etapa – Elaboração do roteiro e organização do cenário: Neste momento, o mediador, juntamente com cada dupla, deverá planejar a situação a ser simulada, devendo elencar os acontecimentos, o número de atores envolvidos na simulação e os materiais que serão utilizados. É interessante que todo o roteiro seja organizado em uma folha de papel. Ademais, a tabela abaixo explana alguns exemplos de situações que podem ser abordadas de acordo com temáticas escolhidas, bem como os objetivos que se esperam alcançar. 79 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | Tabela 01 – Exemplos de situações a serem simuladas TEMÁTICA EXEMPLO DE SITUAÇÃO A SER SIMULADA OBJETIVO Acolhimento e defesa do direito dos usuários Um profissional realizando um mau acolhimento de outro profissional (como se este fosse um paciente). Proporcionar reflexão aos profissionais sobre como o paciente se sente quando não recebe um bom acolhimento Ambiência e gestão participativa e cogestão Em um cenário com materiais e móveis bagunçados, profissionais e pacientes enfrentando estresse, ocasionando intrigas. Promover a importância da organização (a qual deve ser realizada de forma conjunta) do ambiente nas relações interpessoais, bem como na saúde dos pacientes. Clínica ampliada e valorização do trabalhador Um profissional tomando todas as decisões a respeito de um paciente, sem diálogo com o próprio indivíduo e demais membros da equipe. Posteriormente, o paciente enfrentando alguma complicação. Promover conhecimento sobre a importância do diálogo entre equipe-equipe e equipe-paciente, uma vez que tal ação reflete diretamente no quadro do paciente, auxiliando em sua recuperação. Fonte: Autoria própria. Por conseguinte, com a situação devidamente planejada, o mediador e os demais funcionários devem organizar o cenário da simulação, deixando este o mais próximo possível da realidade. o Quarta etapa – Realização da simulação: Este é o momento de realização da simulação. Aqueles funcionários que não foram selecionados para desempenhar nenhum papel na simulação devem estar presentes no momento como observadores. Ainda, é interessante que a atividade seja filmada. o Quinta etapa – Discussão e avaliação da simulação: Após o final da simulação, deverá ser realizado o momento de debriefing. MATERIAIS NECESSÁRIOS Deverão ser utilizados materiais reais (exemplos: macas, carro de anestesia, bisturis, formulários, insumos, etc.) e disponíveis no centro cirúrgico. Estes materiais variarão para cada situação simulada. 80 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | CARGA HORÁRIA Estima-se que todo o processo de execução da ação dure, em média, 01 hora e 30 minutos, para que assim o momento não se torne cansativo. Abaixo segue a divisão de tempo para cada etapa. o 1ª etapa: 5 minutos. o 2ª etapa: 10 minutos. o 3ª etapa: 15 minutos. o 4ª etapa: 30 minutos. Cada dupla poderá usar, no máximo, 10 minutos para sua simulação. o 5ª etapa: 30 minutos. PERIODICIDADE DA EXECUÇÃO DA AÇÃO Sugere-se que a atividade seja realizada trimestralmente. ESTRATÉGIAS DE AVALIAÇÃO DA AÇÃO Para a avaliação da ação sugere-se realizar o debriefing, o qual segundo Coutinho et al. (2017) é um momento de reflexão, debate e esclarecimentos acerca da simulação realizada. Sendo assim, sentados em uma roda de conversa e visualizando a filmagem da simulação, todos os funcionários devem elencar os pontos positivos e negativos da atividade, evidenciando o que pode ser melhorado para um momento futuro. Ademais, neste momento, o mediador deve realizar explicações acerca da importância das diretrizes da PNH, trazendo informações pertinentes que confirmem suas eficiências para o aprimoramento da assistência humanizada. Ainda, todo o processo deve ser realizado na base do diálogo, ou seja, todos os funcionários devem ser instigados a expressarem suas opiniões e construírem o conhecimento em conjunto. Como forma de avaliar individualmente cada profissional, é interessante que o mediador observe o desempenho de cada profissional, percebendo o grau de interesse e participação, bem como a capacidade de trabalhar em equipe. 81 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | RESUMO DO CAPÍTULO REFERÊNCIAS AVILA, L. I. et al. Construção moral do estudante de graduação em enfermagem como fomento da humanização do cuidado. Texto & Contexto – Enfermagem, v. 27, n. 3, e4790015, 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104- 07072018000300315&script=sci_arttext. Acesso em: 06 de jan. de 2021. https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-07072018000300315&script=sci_arttexthttps://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-07072018000300315&script=sci_arttext 82 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Política Nacional de Humanização (PNH). Brasília: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_humanizacao_pnh_folheto.pd f. Acesso em: 06 de jan. de 2021. BREZOLIN, C. A. et al. A importância da humanização do cuidado em centro cirúrgico. Saúde em Redes, v. 6, n. 2, p. 289-295, 2020. 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Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o recurso mais crítico das equipes cirúrgicas é a própria equipe em si. A equipe que trabalha mais unida no uso de seus conhecimentos e habilidades em benefício do paciente cirúrgico pode prevenir muitas complicações que ameaçam a vida. Contudo, as equipes cirúrgicas têm recebido poucas orientações ou estrutura para promover um trabalho de equipe efetivo, e assim minimizar os riscos para a promoção de intervenções cirúrgicas mais seguras (OMS, 2008). Neste sentido, o uso das Metodologias Ativas (MA) surge como alicerce, no princípio teórico Freiriano, com proposta de uma educação libertadora, estimulando a autonomia dos educandos para a autogerência do seu processo educacional. Sendo assim, a MA utiliza-se da problematização como estratégia de ensino-aprendizagem, com a meta de alcançar e motivar tais educandos para interagir com registros de enfermagem ineficientes, apresentando um cenário educacional no próprio serviço de saúde (DIAS; VOLPATO, 2017). Neste contexto, espera-se que as sugestões das técnicas com o uso de MA compreendidas neste capítulo possam ser instrumentos úteis para o planejamento da educação permanente para a equipe de enfermagem que atua no Centro Cirúrgico, na reflexão das ações que contribuam com processo da atuação e padronização dos registros de enfermagem, com o fortalecimento da equipe, para uma atuação mais efetiva e mais segura para os usuários. OBJETIVO Sugerir um modelo de capacitação em serviço com foco nas anotações de enfermagem no período perioperatório, com o uso de métodos ativos. 84 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | TEMÁTICA DA CAPACITAÇÃO Os registros realizados no prontuário do paciente são considerados documentos legais de defesa dos profissionais que atuam na área da enfermagem, refletem todo o empenho e força de trabalho da equipe, além de contribuírem com a comunicação e informação de dados, valorizando suas ações e a segurança do paciente, subsidiando o plano de cuidados e análise reflexiva das ações prestadas (COFEN, 2016). Neste sentido, o ambiente da prática da equipe de enfermagem perioperatória tem sido mantido isolado, atrás de portas duplas das salas de cirurgias e pelo uso de terminologias inerentes aos procedimentos cirúrgicos, mal compreendidos por profissionais não familiarizados (SMELTZER; BARE, 2005). Neste contexto, a segurança pode ser alcançada por meio de ações complementares que minimizem complicações e possíveis falhas (AMARAL; OLIVEIRA, 2013). A ausência de protocolos que estabelecem as rotinas das anotações e registros desta equipe no período perioperatório contribui para as falhas técnicas, ameaçam a atuação segura destes profissionais e os expõem à insegurança e desamparo na prestação dos cuidados aos pacientes cirúrgicos e ausência de respaldo legal (COFEN, 2016). Portanto, a capacitação destes trabalhadores em serviço auxilia-os no desenvolvimento de competências e habilidades, atitudes essenciais para o exercício dos Registros de Enfermagem no período perioperatório, que além de garantirem a comunicação efetiva na equipe de saúde, fornecem também o respaldo legal, pois constituem o único documento que relata todas as ações da enfermagem junto ao paciente (COFEN, 2016). A documentação de enfermagem, para ser considerada autêntica e válida, deverá estar legalmente constituída por assinatura do autor do registro, inexistência de rasuras, emendas, borrão ou cancelamento, características que poderão gerara desconsideração jurídica do documento segundo o Código do Processo Civil – CPC (BRASIL, 1973; COFEN, 2016). O Guia de Recomendações para Registro de Enfermagem (COFEN, 2016) estabelece algumas normas para a elaboração das Anotações destes profissionais no prontuário do paciente e outros documentos de Enfermagem, com o objetivo de norteá-los para a prática, garantindo a qualidade das informações e respaldo legal. Sendo assim, destacamos que: o Devem ser legíveis, completas, claras, concisas, objetivas, pontuais e cronológicas; ser precedidas de data e hora, conter assinatura e identificação do profissional ao final de cada registro; o Não conter rasuras, entrelinhas, linhas em branco ou espaços; o Constar das respostas do paciente frente aos cuidados prescritos pelo enfermeiro, intercorrências, sinais e sintomas observados; o Efetuar as anotações imediatamente após a prestação do cuidado ou orientação fornecida ou informação obtida; priorizar a descrição de características, como tamanho mensurado (cm, mm etc.), quantidade (ml, l etc.), coloração e forma; 85 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | o Não conter termos que deem conotação de valor (bem, mal, muito, pouco, etc.) e conter apenas abreviaturas previstas em literatura; o Devem ser referentes aos dados simples, que não requeiram maior aprofundamento científico; o Não é permitido escrever a lápis ou utilizar corretivo líquido; os registros não devem ser alterados ou corrigidos uma vez que uma anotação esteja completa. REGISTROS NA ADMISSÃO NO CENTRO CIRÚRGICO o Data e hora da admissão clara: o paciente claramente identificado pelo nome e pelo seu registro no hospital em cada página, escritos legivelmente ou digitados e cada anotação assinada, datada e com a hora; o Condições do nível de consciência; o Condições de chegada (deambulando, cadeira de rodas etc.); o Confirmar o tempo de jejum; o Confirmar esvaziamento da bexiga; o Condições de higiene pessoal (oral e banho); o Condições da pele (tricotomia, conforme o protocolo); o Acesso venoso: local da inserção, tipo de acesso, características do local de acesso (sinais flogísticos, hematomas, hiperemia, por exemplo); o Nome completo e Coren do responsável pelos procedimentos. REGISTROS NO INTRAOPERATÓRIO o Procedimentos/cuidados realizados, conforme prescrição ou rotina institucional (posicionamento do paciente, instalação e/ou retirada de eletrodos, monitor, placa de bisturi e outros dispositivos – acesso venoso, sondas etc.); o Composição da equipe cirúrgica; o Dados do horário de início e término da cirurgia, conforme preconizado pela Instituição; o Tipo de curativo e local; o Intercorrências durante o ato cirúrgico; o Encaminhamento à Sala de Recuperação Pós-Anestésica (SRPA); 86 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | o Nome completo e Coren do responsável pelos procedimentos. REGISTROS NO PÓS-OPERATÓRIO IMEDIATO o Data e hora da recepção do paciente na SRPA; o Nível de consciência; o Sinais vitais; o Posicionamento no leito; o Presença de cateteres e infusão (anotar quando houver bomba de infusão), drenos, sondas, curativos, trações e imobilizações; o Anotar aspecto das secreções de drenos e sondas; o Sinais e sintomas observados (cianose, palidez cutânea, dor, náuseas, vômitos, tremores hipotensão etc.); o Características e local do curativo cirúrgico, conforme prescrição ou rotina institucional; o Instalação e/ou retirada de dispositivos, conforme prescrição ou rotina institucional (sondas, acesso venoso etc.); o Exames (laboratoriais e/ou imagem); o Intercorrências e providências adotadas; o Orientações prestadas; o Encaminhamento/transferência de unidade hospitalar; o Nome completo e Coren do responsável pelos procedimentos. PÚBLICO-ALVO Esta ação está direcionada para a equipe de Enfermagem (enfermeiros e técnicos de enfermagem) que executam funções no setor do Centro Cirúrgico. LOCAL DA REALIZAÇÃO Sugere-se que as intervenções educativas sejam desenvolvidas in loco (Centro Cirúrgico), considerando a garantia da participação dos profissionais de enfermagem e da possibilidade da interação da equipe no ambiente de trabalho. 87 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | PROPOSTA DE EXECUÇÃO DA AÇÃO ESTRATÉGIAS EDUCACIONAIS SUGERIDAS PARA A ABORDAGEM As MA de ensino-aprendizagem são baseadas na tríade ação-reflexão-ação, sendo o seu uso uma estratégia de fortalecimento da Educação Permanente em Saúde, para promover o conhecimento através da problematização de fatos da realidade, como proposta para focar o processo de ensinar e aprender na busca da participação ativa de todos os envolvidos, centrados na realidade em que estão inseridos (FREIRE, 2011; DIAS, VOLPATO, 2017). Para a execução da ação sugerimos três técnicas com foco na MA: A Exploração dos Conceitos Institucionais; a Roda de Conversa e a Simulação Realística. A Exploração dos Conceitos Institucionais é uma atividade interativa dinâmica introdutória, considerada uma estratégica para garantir que todos os educandos sejam participantes, quebrando as barreiras existentes no local de trabalho. É um exercício facilitador, destinado a ajudar a equipe de enfermagem a fortalecer o processo de formação educativa, a partir do universo conceitual existente dos participantes (ALBERTI et al., 2014). A Roda de Conversa é considerada um instrumento que permite o compartilhamento de experiências e o incremento de suas impressões, conceitos, opiniões e concepções sobre o tema proposto e sobre as práticas educativas dos sujeitos, em um método mediado pelo intercâmbio com os pares, através de bate-papos internos e no silêncio observante e reflexivo. Esse método é muito interessante e benéfico, pois um dos seus objetivos é socializar informações e implementar a troca de experiências, de conversas, de divulgação e de noções, na perspectiva de arquitetar e reconstruir novos saberes sobre a temática proposta (MOURA; LIMA, 2014). Já a Simulação Realística é utilizada como uma metodologia de treinamento, criando- se cenários que replicam experiências reais e favorecem um ambiente participativo e a interatividade, com a utilização de simuladores e atores. Visa orientar profissionais na ampliação da segurança do paciente nos serviços de saúde e de reafirmar a importância do papel da equipe nesse processo. No cenário em questão, a simulação é percebida como uma técnica que permite uma vivência prévia da prática, o que possibilitará aos participantes refletir sobre suas ações futuras e contextos. Além disso, permitirá relacionar a teoria e a prática, ajudando na aprendizagem dos conteúdos (BLAND; TOPPING; WOOD, 2011; COSTA et al., 2017). DESCRIÇÃO DA EXECUÇÃO DA AÇÃO Sugere-se executar o seguinte passo-a-passo para cada etapa: o Primeira etapa – Explorando Conceitos Institucionais: Colocar as cadeiras em círculo / Colocar uma figura em cada cadeira / Pedir que as pessoas andem em volta das cadeiras, observem as figuras, pensem no tema em questão e escolham uma figura / Em seguida, pedir que cada profissional escreva algo sobre a sua figura e a relação com o tema em questão e posteriormente comentar com os demais participantes / A partir dos conceitos apresentados sobre o assunto em estudo, o facilitador poderá comentar as apresentações dos participantes e 88 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | discorrer sobre o tema em questão / Logo após, o mediador pedirá para os participantes devolverem as figuras com as anotações, com o objetivo de analisar as problemáticas encontradas com o tema, para serem abordadas no segundo encontro. o Segunda etapa – Exposição oral dos conceitos: Organizar um espaçoadequado e confortável que todos possam se ver / Disponibilizar uma cópia das Recomendações para Registro de Enfermagem (COFEN, 2016), bem como outros impressos da instituição; e uma folha de papel A4 para os integrantes/ Iniciar a roda de conversa, lendo o capítulo das Recomendações para Registro de Enfermagem, de forma dinâmica e animada permitindo que os participantes se expressem e tirem suas dúvidas sobre o conteúdo; sortear alguns dos integrantes para lerem trechos, permitindo mais participação de todos / Ao final, solicitar que os participantes comentem sobre o assunto apresentado, observando o quanto foi compreendida a leitura e o potencial interpretativo de cada um. o Terceira etapa – Simulação Realística: Nesta etapa, sugere-se adotar o modelo de simulação baseado nas orientações de Kaneko e Lopes (2019), com os seguintes momentos: 1º Momento – Antes da reunião: Construção do cenário no centro cirúrgico: Utilizar para este momento: uma maca com o paciente com sondas vesical e nasogástrica fixadas e um escalp 19. Uma porta para entrada do paciente na maca. Uma prancheta com prontuário fictício; 01 computador ou livro de cirurgia. Preparar o ambiente de admissão no centro cirúrgico. Quadro 01 – Caso fictício Paciente: Antônio Moraes da Silva, 40 anos, obeso, foi admitido no pronto socorro com suspeita de peritonite. Perfil físico: obeso, faixa etária de 35-40 anos. Perfil psicológico: ansioso, preocupado. O paciente Antônio Moraes da Silva é encaminhado de maca pelo maqueiro do pronto socorro para o centro cirúrgico para realizar uma laparotomia, ele deve ser encaminhado com uma sonda vesical com marcação de 100ml de drenagem. O paciente poderá ter se alimentado há uma hora, portanto não estará em jejum. fixar, uma sonda nasogástrica com drenagem de 50 ml de secreção escura (50 ml de café por exemplo), fixar um escalpe 19 na mão esquerda. Fonte: Autoria própria. 2º Momento – Aplicação e atuação: Explicar ao grupo o objetivo da simulação / Classificar os profissionais em 04 personagens, sendo do Pronto socorro: 01 maqueiro, 01 paciente; do Centro Cirúrgico: 02 técnicos de enfermagem / Disponibilizar o caso para a leitura dos atores. 89 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | Quadro 02 – Sugestão de atuação do ator paciente Fonte: Autoria própria. Quadro 03 – Sugestão de atuação dos profissionais Técnico de enfermagem 01 Técnico de enfermagem 02 Objetivos Recepcionar o paciente e realizar o relatório de enfermagem no prontuário. Estará presente na SO, mas não participará da admissão. Providenciará os equipamentos necessários à realização do procedimento e realizará as anotações no livro de cirurgias. Caso O paciente Antônio Moraes da Silva será encaminhado de maca pelo maqueiro do Pronto Socorro ao Centro Cirúrgico para realizar uma laparotomia exploratória. O paciente Antônio Moraes da Silva será admitido pelo técnico de enfermagem 01 do Centro Cirúrgico para realizar uma laparotomia exploratória. Evolução Você deverá admitir o paciente no setor, realizando o acolhimento, exame físico e os registros da admissão no prontuário. Depois, encaminhá-lo à Sala de Operação (SO). Você deverá ajudar o técnico de enfermagem 01 no transporte do paciente para a SO. Fonte: Autoria própria. Paciente: Antônio Moraes da Silva, 40 anos, obeso, foi admitido no Pronto Socorro com suspeita de peritonite. Perfil físico: obeso, faixa etária de 35-40 anos. Perfil psicológico: ansioso, preocupado. Atitude A: Inicialmente, o ator estará ansioso, preocupado, pois está com muita dor abdominal, sendo encaminhado ao Centro Cirúrgico. Se o técnico de enfermagem lhe chamar pelo nome, possivelmente o ator apresentará mais tranquilidade e cooperará com a admissão. Ele deverá relatar que se alimentou há 01 hora atrás. A transferência para a Sala de Operação (SO) deverá ser tranquila. Atitude B: Inicialmente, o ator estará ansioso, preocupado, pois está com muita dor abdominal, sendo encaminhado ao Centro Cirúrgico. Se o técnico de enfermagem não lhe chamar pelo nome e não se dirigir com cordialidade, o ator se sentirá desconfortável e isso atrapalhará sua admissão, de forma que não cooperará com os procedimentos necessários. Quando o profissional precisar registrar os dados, o ator ficará mais ansioso. Frases: obrigada. Me sinto calmo por sua atenção. Frases: onde estou? Que horas será essa cirurgia? Onde está o cirurgião? Que dor insuportável! Ao invés de escrever, você pode ser mais rápido com isso? 90 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | Quadro 04 – Roteiro para avaliação Descreveu a data e hora da admissão: o paciente foi claramente identificado pelo nome e pelo seu registro? Descreveu o nível de consciência? Confirmou o tempo de jejum? Confirmou o esvaziamento da bexiga? Descreveu a condição da higiene pessoal (oral e banho)? Descreveu o local do acesso venoso, tipo de acesso, características do local de acesso? Descreveu o nome completo e Coren? Fonte: Autoria própria. 3º Momento – Apresentação: Certificar-se de que cada ator tem ciência do caso e da sua função / Estabelecer o tempo de 15 minutos para os atores treinarem / Estabelecer a apresentação no tempo máximo de 15 minutos / Realizar a filmagem da apresentação. 4º Momento – Debriefing: Ao final, solicitar que os participantes comentem sobre sua atuação, mediando reflexões sobre a ação e a atuação como técnico de enfermagem na elaboração do atendimento e do relatório. Elogiar o potencial de interpretação dos atores, poderá apresentar a reprodução de trechos da filmagem. Pontos críticos elencados: De que maneira a representação colaborou com o aprendizado? Qual o feedback dos atores? Qual a importância de desempenhar o papel? MATERIAIS NECESSÁRIOS Para a Etapa 1: Explorando conceitos institucionais: o Uma sala reservada; o Figuras ou gravuras que lembram o Período perioperatório (Monitores, Adornos, Dieta, Relógio etc.) para cada participante; o Papel A4 para anotações; o Canetas; o Fita crepe. Para a Etapa 2: Exposição oral dos conceitos: o Cópias impressas ou online deste capítulo do manual. 91 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | Para a Etapa 3: Simulação Realística o Corretivo. o Prontuário; o Sonda nasogástrica; o Sonda vesical o Scalp nº 19; o Esparadrapo; o Maca. CARGA HORÁRIA Para desempenhar estas atividades será necessário utilizar um tempo de aproximadamente 40 (quarenta) minutos. PERIODICIDADE DA EXECUÇÃO DA AÇÃO Recomenda-se que esta ação seja executada trimestralmente ou quando a equipe necessitar de novas atualizações sobre os registros no período perioperatório. ESTRATÉGIAS DE AVALIAÇÃO DA AÇÃO Propõe-se dois métodos de a avaliação: de forma individual (está relacionado com a Etapa 1) na qual os participantes devolverão as figuras com suas concepções sobre a temática abordada, permitindo que o facilitador avalie os seus conhecimentos; e a avaliação do roteiro de avaliação da simulação (descrito anteriormente), bem como as reflexões do debriefing. 92 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | RESUMO DO CAPÍTULO REFERÊNCIAS ALBERTI, T. f; et al. Dinâmicas de grupo orientadas pelas atividades de estudo: desenvolvimento de habilidades e competências na educação profissional. Rev. bras. Estud. pedagog. Brasília, v. 95, n. 240, p. 346-362, maio/ago. 2014. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rbeped/v95n240/06.pdf. Acesso 07 de janeiro 2021. 93 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | AMARAL, J G; OLIVEIRA, F. E. S. 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À vista disso, compreende-se por EA as lesões ou danos advindos da assistência em saúde que derivam em incapacidade ou disfunção, temporária ou permanente. Nesta constante, entre os EA que acontecem no período operatório, evidenciam-se os distúrbios resultantes do posicionamento cirúrgico inadequado por um longo período, tais como: o deslocamento de articulações, dor musculoesquelético, danos em nervos periféricos, comprometimento cardiovascular e pulmonar, síndrome compartimental e Lesão Por Pressão (LPP), sendo esta última considerada a mais frequente (BUSO et al., 2018). Assim, as LPP são caracterizadas por lesões na pele e no tecido subjacente consequentes da pressão prolongada sob uma proeminência óssea. Quando decorrentes do CC podem variar desde eritema que compromete a integridade da pele a lesões extensas ou mesmo lesões por fricção ou cisalhamento, em decorrência do tempo de exposição, sem os devidos cuidados assistenciais para o posicionamento preventivo (LOPES et al., 2016). Compreende-se, portanto, que o posicionamento cirúrgico do paciente é um ato imprescindível na assistência em saúde que exige competência e planejamento, sendo fator preponderante na realização segura do procedimento cirúrgico, necessitando ser categórico e preciso, fator chave para a promoção do bem-estar, da segurança e na prevenção EA ao paciente. OBJETIVO Ofertar um plano de educação permanente, baseado em estratégias ativas, voltado à equipe do CC acerca do posicionamento cirúrgico adequado e prevenção de LPP. 95 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | TEMÁTICA DA CAPACITAÇÃO O posicionamento cirúrgico do paciente exige competência e treinamento para manter a realização segura do procedimento cirúrgico, fator chave para a promoção do bem-estar e da segurança do paciente e prevenção dos EA. Assim, para que o posicionamento seja realizado com qualidade, é primordial o planejamento da assistência, o trabalho em equipe e a utilização de dispositivos e equipamentos para o posicionamento específicos no paciente (GRIGOLETO et al., 2016). Desta forma, são fundamentais os registros e a documentação de toda a assistência prestada, mobilização física, recursos de proteção utilizados, locais e condições clínicas favoráveis ao paciente. Dentre os principais fatores de risco identificados destacam-se: anestesia geral, idade, peso, imobilidade, problemas no controle da temperatura corporal, condições de saúde pré-existentes e tempo cirúrgico prolongado (MIRANDA, 2016). Sem dúvida, a avaliação pré-operatória dos fatores de risco do paciente, contribui para o não desenvolvimento de complicações no intraoperatório. Dessa forma, destaca-se a Escala de Avaliação de Risco para o Desenvolvimento de Lesões Decorrentes do Posicionamento Cirúrgico do Paciente (ELPO) que integra sete itens como o tipo de posição, tempo de cirurgia, tipo de anestesia, superfície de suporte, posição dos membros, comorbidades e idade do paciente e cinco itens de escore variável de 5 a 35 com escore de alerta em pacientes acima de 19 pontos, trazendo subsídios para o planejamento da assistência em enfermagem (LOPES, 2016). Ademais, o uso dos recursos de proteção como: colchões, coberturas e almofadas de espuma e gel do tipo braçadeiras, travesseiros, peneiras, fixadores de braço e pernas, protetores de calcâneo e crânio, colchão piramidal, polímero de visco elástico seco, colchões de ar pneumático ou fluido para posicionamento do paciente no intraoperatório assegura a manutenção da integridade da pele e das pressões osteoarticulares e neuromusculares, tendo como objetivo evitar atritos, prevenindo LPP, compressão ou estiramentos neuromusculares e queimaduras relacionadas ao uso do bisturi elétrico, este considerados os principais EA relacionados ao posicionamento inadequado (CARVALHO; BIANCHI, 2016). Contudo, vale ressaltar que estes cuidados se alteram de acordo com cada tipo de posicionamento, sendo que as posições cirúrgicas mais recomendadas e estruturas anatômicas que devem ser protegidas pelas estruturas amortecedoras, segundo Lopes et al. (2016), são: Decúbito dorsal ou supina (Calcâneo, Sacro, Cóccix, Olecrano, Escápula, Tuberosidade isquiática e Occipital); Decúbito ventral ou prona (Quadril e Coxas); SIMS/lateral (Coluna espinhal); e Litotomia (Estribos). Em síntese, ressalta-se entre as principais intervenções de enfermagem: verificar rotineiramente o funcionamento da mesa de operação; atentar-se ao alinhamento corporal e avaliação da pele em áreas de pressão com checagem frequente das proeminênciasósseas; mudança de decúbito com o número adequado de profissionais e uso de materiais estáticos e dinâmicos para redução de interfaces de pressão. Além disso, cada bloco cirúrgico deve possuir um controle individual de temperatura para adequá-la às necessidades do paciente, devendo manter a temperatura corporal acima de 35,5ºC (LOPES et al., 2016). 96 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | PÚBLICO-ALVO A educação permanente deverá ser voltada a equipe multiprofissional de saúde, com ênfase aos profissionais que compõem a equipe de enfermagem. LOCAL DE REALIZAÇÃO Preferencialmente a ação deverá ser realizada in loco, ou seja, no próprio Centro Cirúrgico em local reservado ou em área coletiva do setor, durante intervalos ou ausências de procedimentos no setor. PROPOSTA DE EXECUÇÃO DA AÇÃO Levando em consideração o tema proposto e todas as vertentes que o cerca, propõem-se a realização da educação permanente com a utilização dos fundamentos da pedagogia ponderada, que visa contribuir para que o trabalhador transite de sua real condição de “funcionário” à condição de ser um profissional atuante e competente. Neste conceito de ensino-aprendizagem, o diálogo e as metodologias ativas assumem protagonismo, o que é afirmado como essencial para o processo de capacitação por diversos estudos (VIEIRA et al., 2020). ESTRATÉGIAS EDUCACIONAIS SUGERIDAS PARA A ABORDAGEM A utilização de meios didáticos diferenciados influencia para que os participantes visualizem melhor a realidade e, certamente, consigam entender de forma mais significativa o conteúdo proposto. Assim, propõem-se a utilização estratégias ativas, tais como o estudo de caso; exposição dialogada e interativa com uma aula teórico-prática; simulação realística e feedbacks imediatos, a fim de estimular o interesse e a curiosidade dos profissionais por meio da relação entre os conhecimentos derivados da experiência diária, da prática acadêmica e do conhecimento científico, ou seja, aliando o cotidiano com o aprendizado (LARA et al., 2016). Neste enquadramento, a utilização dessas metodologias ativas torna-se uma alternativa atraente e resolutiva para afinar a relação entre os participantes, o mediador e o aprendizado. Além disso, proporcionam ao estudante um ambiente agradável, cativante e criativo, tornando mais simples a aprendizagem de várias habilidades e o conteúdo (SOARES, 2016). DESCRIÇÃO DA EXECUÇÃO DA AÇÃO De modo geral, é recomendado que a capacitação em questão seja realizada em três etapas, de acordo com a descrição a seguir. o Primeira etapa – Caso clínico: A educação permanente deverá iniciar com a apresentação dos participantes para promover a socialização dos nomes e a sua área de atuação, favorecendo a interação entre eles. Logo após, os facilitadores deverão dividir os participantes em dois grupos de forma aleatória, para iniciar a 97 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | avaliação diagnóstica dos profissionais, estimulando o levantamento dos conhecimentos prévios sobre o posicionamento cirúrgico. Tal análise deverá acontecer por meio da simulação realística, na qual os mediadores disponibilizarão o caso clínico abaixo às duas equipes: “Paciente J.K.L, sexo masculino, 30 anos, procedente e residente do município de Tucuruí (PA), procurou o pronto atendimento do Hospital Regional de Tucuruí-PA, com queixa de dor abdominal em região epigástrica, vômitos, febre e eliminação de fezes presentes. Ao raio-x foi localizado corpo estranho em intestino delgado a aproximadamente 10 cm da válvula ileocecal. Paciente encaminhado ao Centro Cirúrgico, para procedimento cirúrgico do tipo laparotomia exploratória. Após realizada enterotomia para retirada de corpo estranho e posterior enterorrafia, o procedimento cirúrgico foi finalizado sem intercorrências e teve duração de 3 horas e 40 minutos.” (Fonte: Autoria própria). Este caso clínico deverá ser analisado e debatido entre os participantes para estimular a construção de um plano de cuidados e intervenção multiprofissional ao paciente fictício. Com ênfase ao posicionamento do paciente no intraoperatório e nas precauções para prevenir eventos adversos como LPP. A partir disso, os participantes serão norteados para a construção do plano de cuidados pelos seguintes questionamentos: Qual o posicionamento cirúrgico adequada para o procedimento mencionado acima? Quais as principais prescrições de cuidados no intraoperatório para o caso clínico? Quais cuidados deverão ser tomados pela equipe para diminuir as chances de LPP? Após a produção do plano de cuidados este deverá ser recolhido pelos facilitadores e registrado em imagem para posterior reavaliação dos conhecimentos. Em suma esta dinâmica possibilita, além do diálogo e a interação entre os participantes, um importante instrumento na aprendizagem, aperfeiçoamento e avaliação do raciocínio clínico para a equipe de saúde, propiciando um aprendizado instigador e contínuo, assim tornando-se um dos aspectos inerentes na educação permanente. o Segunda etapa – Exposição dialogada e interativa: Sugere-se que essa etapa seja aplicada por meio de uma aula teórico-prática interativa sobre os principais posicionamentos cirúrgicos e as precauções que os profissionais devem executar para reduzir EA, além de ressaltar que este posicionamento deve ser individualizado e adaptado às necessidades de cada paciente e aos procedimentos previstos. Após a explanação dos principais posicionamentos cirúrgicos, recomenda-se que ocorra a apresentação prática por meio da simulação em manequim adulto reposicionável ou com os próprios participantes, de modo que experimentem as posições para estimular o conforto durante o procedimento cirúrgico. Neste sentido, a teoria e a prática devem se entrelaçar de forma a motivar o entendimento do conteúdo. Tal proposta surge da necessidade de envolver os participantes em uma dinâmica diferenciada de apresentações puramente expositivas e práticas. Sendo que esta técnica permite trabalhar e integrar o poder de síntese da realização do trabalho e resolubilidade, tanto individual quanto em equipe (DE LIMA FONTES et al., 2019). o Terceira etapa – Simulação realística e feedback imediato: Após a discussão teórica sobre a temática em questão, os planos de cuidados construídos pelos 98 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | próprios participantes na primeira etapa deverão ser devolvidos a eles e os facilitadores os questionarão se após a teorização gostariam de fazer alguma alteração ou melhoria na primeira prescrição com base nos conhecimentos adquiridos e atualizados. Posteriormente os dois grupos deverão planejar de forma prática a simulação realística do posicionamento adequando para o paciente do caso clínico e as intervenções necessárias durante o procedimento. Assim, ao comparar os dois planos de cuidados perceber-se-ia se houve mudança de conduta entre as ações planejadas pelas equipes, seguida de feedbacks imediatos sobre as mudanças percebidas por participantes e facilitadores, e nessa constante de conhecimento se assim, a educação permanente foi eficaz e alcançou seu objetivo. MATERIAIS NECESSÁRIOS o Sala reservada; o Data Show; o Computador; o Canetas; o Cadeiras para participantes e facilitadores; o Caso clínico impresso; o Manequim adulto reposicionável; o Mesa cirúrgica; o Coxins. CARGA HORÁRIA Sugere-se que a jornada presencial total da ação de educação permanente seja de 01 hora e 30 minutos, sendo distribuída entre a aula teórica, atividade prática e avaliativa que, por sua vez, poderão ser limitadas a 30 minutos cada. PERIODICIDADE DA EXECUÇÃO DA AÇÃO O intervalo de tempo das ações deve ocorrer de acordo a necessidade do setor, da instituição e da frequência da existênciade EA em pacientes pós-cirúrgicos. Contudo, indica- se que essa periodicidade seja semestral ou conforme a checagem da adesão da equipe às recomendações. Além disso, é aconselhável que o período proposto seja reduzido em casos de rotação/troca da equipe de saúde do setor. 99 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | ESTRATÉGIA DE AVALIAÇÃO DA AÇÃO As estratégias propostas para a avaliação das ações são o feedback imediato do antes e depois do plano de cuidados que poderá ser aplicado de forma coletiva. Já para a avaliação individual dos participantes da ação recomenda-se a utilização do questionário de avaliação padrão, anexo a este manual. RESUMO DO CAPÍTULO REFERÊNCIAS BARBOSA, Amanda Conrado Silva et al. Perfil de egressos de Enfermagem: competências e inserção profissional. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v. 27, 2019. 100 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | BUSO, Flávia Duarte dos Santos et al. Cenário do clima de segurança e a ocorrência de lesão por pressão decorrente do posicionamento cirúrgico. Revista Latino-Americana de Enfermagem, 2018. CARVALHO, R. BIANCHI, E. R. F. Enfermagem em Centro Cirúrgico e Recuperação. São Paulo: Manole, 2016. DE LIMA FONTES, Francisco Lucas et al. Contribuições da monitoria acadêmica em Centro Cirúrgico para o processo de ensino-aprendizagem: benefícios ao monitor e ao ensino. Revista Eletrônica Acervo Saúde, n. 27, p. e901-e901, 2019. GALVÃO, C. M. A prática baseada em evidências: uma contribuição para a melhoria da assistência de enfermagem perioperatória. [livre-docência]. Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, p. 114, Ribeirão Preto, 2016. GRIGOLETO, A. R. L. et al. Complicações decorrentes do posicionamento cirúrgico de clientes idosos submetidos à cirurgia de quadril. Escola Anna Nery, v. 3, n. 15, p. 531-5, 2016. LARA, S; SALGUEIRO, A. C. F; COPETTI, J; LANES, K.J; PUNTEL, R.B, FOLMER, V. Educação e saúde no contexto escolar: uma experiência de abordagem lúdica com o tema saúde cardiovascular nos anos iniciais. Ed. Cadernos do Aplicação, v. 29, p. 65-82, Porto Alegre, 2016. LOPES, Camila Mendonça de Moraes et al. Escala de avaliação de risco para lesões decorrentes do posicionamento cirúrgico. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v. 24, 2016. MIRANDA, Amanda Braz et al. Posicionamento cirúrgico: cuidados de enfermagem no transoperatório. Revista SOBECC, v. 21, n. 1, p. 52-58, 2016. SOARES, M. H. F. B. Jogos e atividades lúdicas no ensino da química: uma discussão teórica necessária para novos avanços. Revista Debates em Ensino de Química, Goiânia, v. 2, n. 2, p. 5-13, out. 2016. STAKE, Robert. Investigación con estudio de casos. Ed. Morata, v. 1, n. 1, p. 100-123, 2015. TREVILATO, Denilse Damasceno et al. Posicionamento cirúrgico: prevalência de risco de lesões em pacientes cirúrgicos. Rev. SOBECC, p. 124-129, 2018. VIEIRA, Silvana Lima et al. Diálogo e ensino-aprendizagem na formação técnica em saúde. Trabalho, Educação e Saúde, v. 18, 2020. 101 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | CAPÍTULO XV CLASSIFICAÇÃO CIRÚRGICA Julyany Rocha Barrozo de Souza Fabiany Bezerra Barbosa Daniele Lima dos Anjos Reis Kátia Simone Kietzer INTRODUÇÃO O procedimento cirúrgico é uma das modalidades terapêuticas mais utilizadas para diagnóstico e tratamento de inúmeras patologias. Pode ser classificado de acordo com o momento operatório, a finalidade da cirurgia, o risco cardiológico, a duração da cirurgia e o potencial de contaminação. O ambiente do Centro Cirúrgico deve possuir finalidades e objetivos claramente definidos dentro da estrutura hospitalar, a fim de gerar atendimento diferenciado, segurança e satisfação ao paciente atendido (CARVALHO; BIANCHI, 2016). A meta do Centro Cirúrgico é fazer com que o paciente operado, dentro de um ambiente terapêutico, conte com todos os recursos humanos e materiais necessários para minimizar as ocorrências de situações que possam colocar sua integridade física e psicológica em risco (AVELA, 1989). O impacto das medidas de qualidade nos cuidados de saúde e reembolso está crescendo. É necessário garantir a precisão das medidas de qualidade, incluindo quaisquer variáveis de estratificação de risco. As taxas de infecção do sítio cirúrgico, risco estratificado pela classificação da ferida cirúrgica entre outras variáveis, são cada vez mais consideradas como medidas de qualidade (SHAUNA et al., 2013). Os profissionais de saúde devem, portanto, prever as situações que podem afetar o desempenho do serviço. Mudanças no processo de trabalho são necessárias para garantir a rentabilidade do sistema de saúde, como estabelecer uma comunicação efetiva, um planejamento cuidadoso e uma eficiente utilização dos recursos hospitalares disponíveis (HAIL et al. 2015). Para que uma instituição que presta assistência e cuidados em saúde incorpore os conceitos de qualidade com foco na segurança do paciente, é necessário que se tenha um adequado dimensionamento do quadro de profissionais, treinamento de pessoal e a satisfação do trabalho através do reconhecimento do serviço, nível salarial satisfatório, boa relação com a equipe de trabalho e melhores condições de trabalho (SIQUEIRA; KURCGANT, 2012). OBJETIVO Identificar conceitos e percepções sobre a classificação das cirurgias quanto ao porte, tempo, finalidade e potencial de contaminação através de estratégias ativas. 102 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | TEMÁTICA DA CAPACITAÇÃO A preocupação mundial com a questão da segurança ficou evidente a partir do ano 2000, quando o Instituto de Medicina dos Estados Unidos publicou o relatório intitulado: To err is human: building a safer health care system, no qual apontou que aproximadamente 98.000 pessoas morrem anualmente, vítimas de erros oriundos do cuidado à saúde. Desde então, iniciou-se o movimento em prol da segurança do paciente nos estabelecimentos de saúde (BEZERRA et al., 2012). Com o intuito de despertar a compreensão profissional e a obrigação política para garantir a segurança na assistência à saúde, a Aliança Mundial para a Segurança do Paciente iniciou a campanha Cirurgias Seguras Salvam Vidas, cujo propósito é promover a redução da taxa de morbimortalidade resultante de procedimentos cirúrgicos (OPAS, 2009). O Ministério da Saúde, por meio da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, lançou no Brasil seis protocolos operacionais que abordam a relação entre terapia medicamentosa, risco de quedas, higienização das mãos, prevenção de lesões por pressão, identificação do paciente e segurança durante procedimentos cirúrgico (ANVISA, 2014). Dentre as diretrizes para a segurança do paciente durante o procedimento cirúrgico há a classificação pré-operatória da ferida dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (Estados Unidos). Essa classificação determina o risco de infecção ao qual o paciente é exposto ao ser submetido à cirurgia (SOBECC, 2017). Em 1964, a National Acadmy of Sciences e o National Research Council elaboraram uma classificação que, apesar de ter sido alterada ao longo dos anos por alguns autores e estudiosos, permanece com seus conceitos essenciais preservados. Essa classificação determina o risco de infecção ao qual o paciente é exposto ao ser submetido à cirurgia (CDC, 2016). O Quadro 01 mostra como as cirurgias podem ser denominadas, de acordo com cada tipo de classificação. Quadro 01 – Classificação cirúrgica CLASSIFICAÇÃO TIPO DE CIRURGIA Quanto ao Momento Operatório Cirurgia de emergência Cirurgia de urgência Cirurgia eletiva Quanto à Finalidade da cirurgia Cirurgia paliativa Cirurgia radical Cirurgia plástica/estéticaCirurgia diagnóstica Quanto ao Risco cardiológico Cirurgia de pequeno porte Cirurgia de médio porte Cirurgia de grande porte Quanto à Duração da cirurgia Cirurgia de porte I Cirurgia de porte II Cirurgia de porte III Cirurgia de porte IV Quanto ao Potencial de Contaminação Cirurgia limpa Cirurgia potencialmente contaminada Cirurgia contaminada Cirurgia infectada Fonte: CARVALHO; BIANCHI (2016). 103 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | PÚBLICO-ALVO O público-alvo deste capítulo é a equipe de enfermagem, haja vista que a classificação cirúrgica implica diretamente na classificação da ferida operatória, a qual ocorre no momento da realização da cirurgia e deve ser feita por um profissional envolvido no ato cirúrgico. LOCAL DE REALIZAÇÃO Com o propósito de estimular a transformação de hábitos e vivências no local de trabalho e a construção de um saber coletivo nas ações do dia a dia de um Centro Cirúrgico, propõe-se que esta estratégia educativa seja desenvolvida in loco, em local que comporte os participantes em círculo. PROPOSTA DE EXECUÇÃO DA AÇÃO A ação educativa não implica somente na transformação do saber, mas também na transformação dos sujeitos do processo, tanto dos técnicos quanto da população. O saber de transformação só pode produzir-se quando ambos os polos da relação dialógica também se transformam no processo (PINTO, 1987). ESTRATÉGIAS EDUCACIONAIS SUGERIDAS PARA A ABORDAGEM Propõem-se a utilização de três estratégias ativas, iniciando com uma dinâmica de aquecimento e interação denominada “Dinâmica do 1, 2, 3”. Após, sugere-se utilizar um método ativo denominado “Em busca do conceito”, técnica que permite uma ação participativa, pois possibilita partir do universo conceitual das pessoas em relação ao assunto que se quer discutir. Em um último momento, sugere-se realizar uma auto-avaliação do grupo. No encerramento será aplicado como método avaliativo o feedback colaborativo, destacando os pontos positivos e de melhora no setor. DESCRIÇÃO DA EXECUÇÃO DA AÇÃO A capacitação deverá ser realizada em três etapas como descritas a seguir: o Primeira etapa – Dinâmica de interação denominada “Dinâmica do 1, 2, 3”: O tempo sugerido para essa etapa é de 15 minutos. Será necessária uma sala ou espaço onde os participantes possam ficar em pé e em duplas. Em seguida, o facilitador deverá pedir que cada membro da dupla fale, de maneira alternada, os números 1, 2, 3. Seguindo adiante, pedirá, agora que ao invés de falar o número 1, os facilitados batam palma uma vez e continuem falando o 2 e o 3. Após, ao invés de falar o número 2, os integrantes da dupla vão bater palma uma vez para representar o número 1, bater as mãos na barriga para representar o número dois, e, em seguida, continuar contando o número 3. Feito isso, é chegado o momento de realizar o mesmo processo, porém, dessa vez, o número 3 deve ser substituído por uma reboladinha. O objetivo dessa dinâmica, além de realizar interação com 104 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | a equipe e descontração, busca avaliar a capacidade de memorização do facilitado, bem como a sua habilidade de trabalhar em equipe. o Segunda Etapa – Em busca do Conceito: Nessa etapa o tempo sugerido é de 30 a 40 minutos. Em uma sala ou espaço deve-se colocar as cadeiras em semicírculo e em cada cadeira cartões com a descrição dos tipos de cirurgias conforme as classificações (descritas no Quadro 01); o facilitador pedirá que as pessoas andem em volta das cadeiras, observem os cartões, pensem no tema em questão e escolham uma cadeira e se apossem dela; em seguida, pedir que cada um fale de um cartão e solicite que o fixe em um Quadro de Classificações, dizendo o nome da coluna que irá colocá-la. Este quadro, exemplificado abaixo, deverá ser composto na primeira linha com as classificações cirúrgicas, na linha abaixo é explicado o conceito. Nas demais linhas é exposto exemplos de cirurgias, salvo nas colunas das classificações: duração e potencial de contaminação onde é explicado o conceito de cada em sua linha. Quadro 02 – Dinâmica “Em busca do conhecimento” CLASSIFICAÇÃO CIRÚRGICA Momento Operatório Finalidade do Procedimento Risco cardiológico Duração Potencial de contaminação Relacionado ao momento propício à realização da cirurgia Relacionado a qual finalidade se destina o tratamento Relacionado ao risco do paciente de perder fluidos e sangue e, com isso, apresentar complicações cardiológicas durante a cirurgia Relacionado com a duração do ato cirúrgico Relacionada ao risco de infecção a que o paciente está exposto Perfuração de órgão vital Remoção de tumor Cirurgias oftálmicas Cirurgia com até 2 horas Cirurgias realizadas em tecidos estéreis ou passíveis de descontaminação Apendicectomia Mastectomia Histerectomia Cirurgia de 2 a 4 horas Cirurgias realizadas em tecidos colonizados por flora microbiana pouco numerosa ou em tecidos de difícil descontaminação Postectomia Blefaroplastia Cirurgias cardíacas Cirurgia de 4 a 6 horas Cirurgias realizadas em tecido recentemente traumatizados e abertos, colonizados por flora bacteriana abundante, cuja descontaminação seja difícil ou impossível 105 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | Laparotomia exploratória Cirurgia que ultrapassa 6 horas. São todas as intervenções cirúrgicas realizadas em qualquer tecido ou órgão, em presença de processo infeccioso (supuração local) e / ou tecido necrótico Fonte: Autoria própria A partir dos conceitos apresentados, o facilitador deverá comentar as apresentações dos participantes e discorrer sobre o tema em questão, sugerindo e discutindo exemplos e condutas práticas. Sugere-se enfoque nas classificações onde se observar maior dificuldade dos facilitados e deixando livre a discussão. Recomenda-se que facilitador faça uso de slides com conteúdo teórico a ser trabalhado com a equipe. o Terceira etapa – Autoavaliação do grupo: Para essa etapa será necessário papéis em branco no tamanho de 16 cm de comprimento e 08 cm de largura. O tempo estimado é de 30 minutos. Cada facilitado escreve em um papel o que considera ser a maior dificuldade do conceito exposto e a maior dificuldade de prática. A dinâmica será toda feita de forma anônima. Os papéis serão recolhidos pelo facilitador e redistribuídos de forma aleatória entre os participantes; cada um ficará com o papel de um colega e o lerá em voz alta; em seguida a equipe deve discutir sobre ideias. Assim, o objetivo é manter os pontos positivos e solucionar os negativos. MATERIAIS NECESSÁRIOS o Sala reservada para reuniões ou espaço onde o grupo possa ficar de pé e em círculo; o Papel Kraft ou quadro branco magnético; o Pincel atômico; o Apagador, fita crepe ou adesiva; o Datashow e computador; o Canetas esferográficas e Papel A4. CARGA HORÁRIA Poderá se utilizar do tempo máximo de 1 hora e 30 minutos. 106 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | PERIODICIDADE DA EXECUÇÃO DA AÇÃO Sugere-se aplicar a capacitação uma vez por semestre ou de acordo com a entrada de novos profissionais no setor. ESTRATÉGIAS DE AVALIAÇÃO DA AÇÃO Para a avaliação de cada participante sugere-se a aplicação do instrumento padrão de avaliação, indicado nos anexos deste manual. RESUMO DO CAPÍTULO 107 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | REFERÊNCIAS Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Segurança do paciente. [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2014 [acesso em 12 de janeiro de 2021]. Disponível em: http://www20.anvisa.gov.br/ segurancadopaciente/index.php/publicacoes/category/diversos.São Paulo (UNIFESP). Lattes: http://lattes.cnpq.br/9477878606835309 E-mail: milenacaldato@hotmail.com Nathália Menezes Dias Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-graduação Mestrado Profissional em Cirurgia e Pesquisa Experimental (CIPE), pela Universidade do Estado do Pará (UEPA). Docente do curso de Graduação em Enfermagem da UEPA e da Faculdade de Teologia, Filosofia e Ciências Humanas Gamaliel (FATEFIG), em Tucuruí-PA. Lattes: http://lattes.cnpq.br/6019404712567088 E-mail: menezesdiasnathalia@gmai.com Nayara de Fátima Cardoso Pereira da Silva Graduanda no curso de Bacharel em Enfermagem, pela Universidade do Estado do Pará (UEPA), em Tucuruí-PA. Integrante do Núcleo de Pesquisa em Educação e Saúde da Amazônia (NUPESA). Lattes: http://lattes.cnpq.br/2992350511731037 E-mail: nayaradefatima678@gmail.com Patrick Nery Igreja Enfermeiro. Assistencialista na Prefeitura Municipal de Mocajuba e na Prefeitura Municipal de Baião. Pós-Graduando em Urgência e Emergência pela Faculdade Venda Nova do Imigrante (FAVENI). Lattes: http://lattes.cnpq.br/8794158835039486 E-mail: patricknery2@gmail.com Paulo Henrique Pinto Pinheiro Graduando no curso de Bacharel em Enfermagem, pela Universidade do Estado do Pará (UEPA), em Tucuruí-PA E-mail: batata123@gmail.com Rafael Vulcão Nery Enfermeiro. Pós-graduando em Saúde Coletiva, pela Faculdade Venda Nova do Imigrante (FAVENI). Assistencialista no Hospital Municipal de Marabá-PA. Lattes: http://lattes.cnpq.br/2025548061775312 E-mail: rafanery15@gmail.com Rainny Beatriz Sabóia de Oliveira Graduanda no curso de Bacharel em Enfermagem, pela Universidade do Estado do Pará (UEPA), em Tucuruí-PA. Integrante do Núcleo de Pesquisa em Educação e Saúde da Amazônia (NUPESA). Lattes: http://lattes.cnpq.br/8911969011413243 E-mail: rainnysaboia7@gmail.com http://lattes.cnpq.br/9477878606835309 mailto:milenacaldato@hotmail.com http://lattes.cnpq.br/6019404712567088 mailto:menezesdiasnathalia@gmai.com http://lattes.cnpq.br/2992350511731037 mailto:nayaradefatima678@gmail.com http://lattes.cnpq.br/8794158835039486 mailto:patricknery2@gmail.com mailto:batata123@gmail.com http://lattes.cnpq.br/2025548061775312 mailto:rafanery15@gmail.com http://lattes.cnpq.br/8911969011413243 mailto:rainnysaboia7@gmail.com 10 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | Renata Campos de Sousa Borges Enfermeira. Mestre em Ensino em Saúde na Amazônia, pela Universidade do Estado do Pará (UEPA). Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Ensino em Saúde na Amazônia, pela UEPA. Docente do curso de Graduação em Enfermagem da UEPA e da Faculdade de Teologia, Filosofia e Ciências Humanas Gamaliel (FATEFIG), em Tucuruí-PA. Integrante do Núcleo de Pesquisa em Educação e Saúde da Amazônia (NUPESA). Lattes: http://lattes.cnpq.br/6353198861522449 E-mail: renata.borges@uepa.com Tania de Sousa Pinheiro Medeiros Enfermeira. Especialista em Enfermagem Obstétrica e Ginecológica, pelo Instituto Educacional Santa Catarina (IESC) e em Enfermagem Pediátrica e Neonatal, pela Escola Superior da Amazônia (ESAMAZ). Docente do curso de Graduação em Enfermagem da Universidade do Estado do Pará (UEPA), em Tucuruí-PA. Integrante do Núcleo de Pesquisa em Educação e Saúde da Amazônia (NUPESA). Lattes: http://lattes.cnpq.br/0413843148695123 E-mail: tania.medeiros@uepa.br Williams Barbosa Melo Médico Anestesiologista. Titulado pela Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA). Coordenador do serviço de Anestesiologia no Hospital Regional de Tucuruí-PA. Lattes: http://lattes.cnpq.br/9891641695767860 E-mail: williamsmelo.dr@hotmail.com http://lattes.cnpq.br/6353198861522449 mailto:renata.borges@uepa.com http://lattes.cnpq.br/0413843148695123 mailto:tania.medeiros@uepa.br http://lattes.cnpq.br/9891641695767860 mailto:williamsmelo.dr@hotmail.com 11 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | ORGANIZADORAS Daniele Lima dos Anjos Reis Graduada em Enfermagem pela Universidade do Estado do Pará (UEPA), núcleo de Tucuruí-PA. Mestranda do Programa de Pós-Graduação Mestrado Profissional Ensino em Saúde na Amazônia, pela UEPA. Especialista em Enfermagem em Centro Cirúrgico e Central de Material e Esterilização; em Enfermagem Oncológica; e em Linhas de Cuidado em Enfermagem: doenças crônicas não-transmissíveis. Docente do curso de Enfermagem da Faculdade de Teologia, Filosofia e Ciências Humanas Gamaliel (FATEFIG), em Tucuruí-PA. Integrante do Núcleo de Pesquisa em Educação e Saúde da Amazônia (NUPESA). Enfermeira do Hospital Regional de Tucuruí-PA. Lattes: http://lattes.cnpq.br/0963111001424655 E-mail: anjo.daniele@hotmail.com Kátia Simone Kietzer Graduada em Fisioterapia pela Universidade Regional de Blumenau (FURB). Pós-Doutora em Neurociências pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Doutora em Neurociências e Biologia Celular pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Mestre em Anatomia Funcional: Estrutura e Ultra- estrutura, pela Universidade de São Paulo (USP). Docente da Universidade do Estado do Pará (UEPA), da graduação e dos cursos de Mestrado e Doutorado do Programa de Pós- Graduação Profissional Ensino em Saúde na Amazônia. Lattes: http://lattes.cnpq.br/7986644672973004 E-mail: kkietzer@yahoo.com http://lattes.cnpq.br/0963111001424655 mailto:anjo.daniele@hotmail.com http://lattes.cnpq.br/7986644672973004 mailto:kkietzer@yahoo.com 12 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | APRESENTAÇÃO Respeitado(a) leitor(a), o “Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico” constitui-se em um produto de Dissertação do Mestrado Profissional Ensino em Saúde da Amazônia (ESA), da Universidade do Estado do Pará (UEPA), sob minha autoria, orientado pela professora doutora Kátia Simone Kietzer. A pesquisa que embasou a elaboração desta obra, intitulada “Educação Permanente em Enfermagem no Centro Cirúrgico do Hospital Regional de Tucuruí–PA”, foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UEPA, sob o número do Parecer: 3.137.684. Este manual debruça-se sobre os conceitos da Educação Permanente em Saúde (EPS) e das Metodologias Ativas de Ensino-Aprendizagem, buscando evidenciar a inegável relevância da relação entre eles ao associá-los à assistência à saúde, especialmente no que se refere à assistência de enfermagem perioperatória em Centro Cirúrgico. Estruturalmente, o Manual apresenta duas unidades consideradas complementares e interdependentes, baseadas na comunicação dialógica, considerando as experiências do público-alvo das ações propostas. A “Unidade I: Sobre o que iremos falar?” é constituída por quatro capítulos que nos levam a refletir a respeito das bases conceituais e metodológicas do âmago desta obra: a Educação Permanente, evidenciando o seu diagnóstico no Centro Cirúrgico do Hospital Regional de Tucuruí–PA (local de realização do estudo que subsidiou a elaboração deste manual), bem como as necessidades de aprendizagem da equipe de enfermagem que atua neste setor. A “Unidade II: Proposta para a execução do Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico” é constituída por treze capítulos nos quais são apresentadas estratégias inovadoras para a abordagem de diversos temas relativos à Educação Permanente em Centro Cirúrgico. Diante do exposto, esta obra busca instrumentalizar os gestores responsáveis pela implementação dos processos de EPS do Hospital Regional de Tucuruí–PA no planejamento e na execução de ações educacionais aos profissionais que atuam no Centro Cirúrgico, com ênfase na equipe de enfermagem, estimulando o pensamento crítico-reflexivo e fortalecendo o papel da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde para a melhoria dos serviços de saúde prestados. Boa leituraBEZERRA, Willyara Rodrigues; BEZERRA, Ana Lúcia Queiroz; PARANAGUÁ, Thatianny Tanferri de Brito; BERNARDES, Milton Junio Cândido; TEIXEIRA, Cristiane Chagas. Ocorrência de incidentes em um centro cirúrgico: estudo documental. Rev. Eletr. Enf. [Internet]. 2015 out./dez.;17(4). Disponível em: http://dx.doi.org/10.5216/ree.v17i4.33339. AVELAR, Mm do C. Q; JOUCLAS, V. M.G. Centro cirúrgico - sistema socio técnico estruturado. Boletim Informativo - Enc, São Paulo, v. 2, n. 5 , p. 2 , 1989. CARVALHO, R. BIANCHI, E. R. F. Enfermagem em Centro Cirúrgico e Recuperação. São Paulo: Manole, 2016. CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION – CDC. Procedure-Associated Module: surgical site infection event [Internet]. Atlanta; 2016. 29 p. [Acesso: 04 de janeiro 2021]. Disponível em: http://www.cdc.gov/nhsn/pdfs/ pscmanual/9pscssicurrent.pdf. HAILE, M; DESALEGN, N. Prospective Study of Proportions and Causes of Cancellation of Surgical Operations at Jimma University Teaching Hospital, Ethiopia. Int J Anesth Res. 2015; 3(2): 87-90. PINTO, J. B. Ação educativa através de um método participativo no setor saúde. In: Encontro de Experiências de Educação e Saúde da região Nordeste, Natal, 1982. Ação Participativa: metodologia. Anais. Brasília: Centro de Documentação do Ministério da Saúde, 1987. p. 15 - 19. [Série F: Educação e Saúde,4]. São Paulo (Estado). Secretaria da Saúde. Centro de Vigilância Epidemiológica - “Prof. Alexandre Vranjac”. Núcleo de Educação em Saúde. Educação em Saúde: coletânea de técnicas. São Paulo: CVE, 2002. v.2 1. Educação em Saúde I. Lessa, Zenaide Lazara, coord. SHAUNA M. et al. Verificação da qualidade de uma medida de qualidade: Discrepâncias na classificação da ferida cirúrgica Impacto nas taxas de infecção do sítio cirúrgico estratificado pelo risco na apendicite pediátrica. [Acesso em 13 de janeiro de 2021] Publicado: 01 de agosto de 2013DOI: https://doi.org/10.1016/j.jamcollsurg.2013.07.39. SIQUEIRA, VTA; KURCGANT, P. Satisfação no trabalho: indicador de qualidade no gerenciamento de recursos humanos em enfermagem. Rev Esc Enferm USP. 2012; 46(1):151 SOBECC. Associação Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgico, Recuperação Anestésica e Centro de Material de Esterilização. Diretrizes de práticas em enfermagem cirúrgica e processamento de produtos para a saúde. 7. ed. rev e atual. São Paulo: SOBECC; 2017. OMS. Organização Pan-Americana da Saúde. Cirurgias seguras salvam vidas. Segundo desafio global para a segurança do paciente. Rio de Janeiro: Organização Pan-Americana da Saúde; Ministério da Saúde; Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília; 2009. https://doi.org/10.1016/j.jamcollsurg.2013.07.39 108 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | CAPÍTULO XVI ANESTESIOLOGIA BÁSICA Williams Barbosa Melo Leiliane do Socorro Prestes da Silva Daniele Lima dos Anjos Reis Kátia Simone Kietzer Renata Campos de Sousa Borges Milena Coelho Fernandes Caldato INTRODUÇÃO Segundo dados fornecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) um a cada vinte e cinco pessoas no mundo precisam submeter-se a procedimento cirúrgico. E no que tange às complicações anestésica-cirúrgicas apresentam um amplo espectro de gravidade, que varia de leve e sem sequelas, até ao óbito ou invalidez, gerando alto custo econômico, social e psicológico; não restringindo-se apenas ao paciente, mas também a seus familiares e à equipe de assistência da saúde multidisciplinar (OMS, 2009). A anestesia é um ponto vital de qualquer procedimento cirúrgico. Promover condições ótimas para o cirurgião e paciente é o objetivo final de qualquer anestesiologista. Essa assistência perioperatória inicia-se na avaliação pré-anestésica (APA), seja ela em consulta ambulatorial, visita em leito ou feita na sala cirúrgica em situações de urgência e emergência; perpassa ao procedimento anestésico-cirúrgico propriamente dito, até os cuidados pós- anestésicos, seja na sala de recuperação anestésica (SRPA) ou em visita pós-anestésica (MELO et al., 2020). No entanto, a equipe médica sozinha não seria eficiente sem uma equipe de enfermagem qualificada no Centro Cirúrgico para auxiliar e zelar pelo paciente. Assim sendo, a enfermagem pode ser responsável pela admissão do paciente, preparação da sala de operação, posicionamento, auxílio na monitorização, na indução anestésica, instrumentação cirúrgica, transporte de paciente ao centro de terapia intensiva ou SRPA, além da vigilância do paciente em todos os momentos da entrada à saída do centro cirúrgico (CARVALHO, 2015). OBJETIVO Ofertar um plano de educação permanente voltado à equipe de enfermagem do Centro Cirúrgico, a fim de aprimorar o conhecimento e facilitar a execução das tarefas relacionadas à anestesia, através de atividade ativa e dinâmica. 109 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | TEMÁTICA DA CAPACITAÇÃO A anestesia é a especialidade médica que visa prover analgesia, hipnose, imobilidade, amnésia e controle das funções autônomas do paciente. Para esse propósito, o anestesista precisará de medicamentos, aparelhos, materiais e auxílio da equipe de enfermagem. Conhecer o básico sobre os procedimentos e insumos necessários para a execução dos mesmos é importante para agilizar, reduzir erros e diminuir as dúvidas inerentes às solicitações feitas pelo anestesiologista à equipe (CARVALHO, 2015). Ademais, a mesma autora aponta que após conhecer o paciente e qual procedimento ele será submetido, o anestesista determina a técnica anestésica adequada que pode ser: anestesia geral venosa e/ou inalatória, peridural e/ou raquianestesia, bloqueio de periférico ou infiltração local. Muitas vezes o anestesista pode utilizar múltiplas técnicas simultaneamente. Uma observação importante é que qualquer anestesia pode ser convertida para anestesia geral. Logo, todo procedimento no Centro Cirúrgico deve estar preparado para tal procedimento, assegurando que durante uma eventual complicação o material necessário estará disponível. Uma forma interessante de lembrar e checar o que é necessário para o procedimento anestésico é o ABCDE da anestesia derivado do mnemônico do Advanced Trauma Life Support (ATLS) no idioma americano (ATLS, 2018), conforme demonstrado abaixo: AIR WAY AND ASPIRATION (A): Neste ponto a equipe de enfermagem junto ao anestesista irão preparar o material referente ao manejo da via aérea do paciente. Exemplos: laringoscópio, lâminas, tubos, fio guia, cânulas, estetoscópio, aspirador, sondas etc. BREATHING (B): Semelhante ao passo anterior, a equipe voltará sua atenção aos equipamentos necessários para a respiração do paciente. Exemplos: fornecimento de oxigênio e ar comprimido, fluxômetros, aparelho de anestesia, circuito respiratório, baracas ou KT-5, etc. CIRCULATION (C): Neste passo serão checados os materiais utilizados para assegurar a circulação e veiculação das medicações infundidas no paciente. Exemplos: cristalóides, equipos, conexões, jelcos, agulhas, seringas, material para acesso venoso central e pressão arterial média quando necessários etc. DRUGS (D): Finalmente as medicações, o que vai depender do profissional, paciente e técnica planejada. Como a gama de procedimentos e pacientes na especialidade é vasta, as drogas utilizadas também são. Conhecer o básico sobre elas, como o nome e função, é o alvo deste treinamento. Exemplos: analgésicos (fentanil e morfina), hipnóticos (propofol e etomidato), bloqueadores neuromusculares (rocurônio e atracúrio), vasoconstritores (efedrina e noradrenalina), anestésicos locais (lidocaína e bupivacaína), anestésicos inalatórios (sevoflurano e isoflurano), etc. EREVYTHING ELSE (E): Por fim, faz-se uma revisão do material que não se enquadra nos quesitos anteriores, além de revisar tudo o que já foi feito. Exemplo: manta térmica, monitores específicos (BIS, AV1000,TOF), aparelho de circulação extracorpórea, TCI, estimulador de nervo periféricos, aparelho de ultrassonografia etc. 110 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | PÚBLICO-ALVO Este treinamento deverá ser voltado à equipe de saúde, com ênfase aos profissionais que compõem a equipe de enfermagem. Além de anestesistas com menos experiências que poderão participar para dar continuidade ao projeto como facilitadores. LOCAL DE REALIZAÇÃO Propõem-se que a ação aconteça in loco, no próprio ambiente de trabalho do Centro Cirúrgico, objetivando estimular a participação de todos os profissionais. PROPOSTA DE EXECUÇÃO DA AÇÃO Levando em consideração o tema proposto e todas as vertentes que o cercam, propõem-se a realização da educação permanente com a utilização de simulação como método facilitador no processo de ensino-aprendizagem, julgado como um dos melhores mecanismos para o aperfeiçoamento da capacidade de reflexão, raciocínio clínico e desenvolvimento de aptidão (GARNER et al., 2018). ESTRATÉGIAS EDUCACIONAIS SUGERIDAS PARA A ABORDAGEM A simulação é uma tática de ensino e aprendizagem ativa, na qual há aplicabilidade de circunstâncias que simulam situações da vida real, e facilitam participação ativa e prática reflexiva dos envolvidos, instituído por três fases, sendo elas: briefing, participação e debriefing (CUERVA et al., 2018). O Briefing é composto pela pré-simulação, que através da utilização de materiais didáticos consegue viabilizar a aprendizagem do conteúdo sugerido. Nada mais é do que a etapa introdutória, que exterioriza os aspectos pertinentes à simulação para orientação dos ouvintes. A segunda fase denominada de participação ou simulação, é o momento ideal para instituir o desenvolvimento da vivência através da prática (TYERMAN et al., 2019). A terceira e última etapa desse método, titulada debriefing, é a fase reflexiva, realizada posteriormente à simulação. É através dela que poderemos questionar e instigar os participantes a raciocinar, facilitando o crescimento do aprendizado, atitudes e a conquista de novas habilidades, sendo ela na maioria das vezes responsável pelo conhecimento adquirido pelos ouvintes durante o treinamento (ABATZIS, 2015). DESCRIÇÃO DA EXECUÇÃO DA AÇÃO De modo geral, é recomendado que a capacitação em questão seja realizada em três etapas, de acordo com a descrição a seguir. o Primeira etapa – Briefing: O procedimento anestésico cirúrgico é uma atividade em conjunto da equipe multidisciplinar em favor de um paciente. Cada profissional recebeu diferentes formações para estar no Centro Cirúrgico, no entanto, é necessário que cada um esteja ciente da função de cada profissional. Uma breve explanação do que irá ocorrer e o que cada um deve fazer irá culminar com um 111 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | trabalho em equipe com menos dúvida e maior eficiência. Expor o tipo de paciente, cirurgia e anestesia com antecedência permite a todos se prepararem melhor. Nesta etapa, o facilitador deve iniciar a dinâmica descrevendo os procedimentos necessários desde a entrada do paciente na sala de operação até o momento em que o anestesista libera o paciente para o cirurgião. Para construir o conhecimento, o facilitador deve fazer pausas para possíveis dúvidas e perguntas aos participantes, a fim de averiguar o conhecimento sobre o tema e compartilhar o mesmo para os demais. Detalhes técnicos devem ser abordados de maneira sistemática como abordado na temática da capacitação. o Segunda etapa – Simulação: Durante a criação da simulação, o facilitador deve descrever as atitudes tomadas com a abordagem ao paciente, sempre questionando os participantes e aguardando a interação. Uma narrativa com cada etapa do processo anestésico deve ser relatada ao público, como preparação do material, posicionamento para anestesia, acesso venoso, indução e manutenção (descritos nesta sequência para melhor entendimento). O ideal é que a simulação aborde um único tipo de anestesia de cada vez, assim evita-se confusão de assuntos, tornando a atividade mais breve e evitando déficit de atenção em exposições demoradas ou repetidas. Complicações podem ser acrescentadas à narrativa para alertar a equipe e expor o que pode dar errado, como por exemplo: esquecimento ou material com defeito, perda de acesso venoso, posicionamento inadequado, erro de administração de medicamentos, falha anestésica. “Como proceder?” São questionamentos que podem fazer a diferença na assistência ao paciente anestesiado. o Terceira etapa – Debriefing: Esta etapa trata-se de uma discussão sobre o ocorrido. O facilitador assume o papel de questionador instigando o público-alvo a relatar caso haja falha no atendimento, se o mesmo poderia ter sido feito de outra maneira e tirar todas as dúvidas que ainda possa existir sobre a função de cada profissional no momento da assistência. Aqui ocorrerá a síntese das ideias de todos os participantes, focando nos tópicos mais importantes. MATERIAIS NECESSÁRIOS o Cadeiras; o Datashow; o Sala cirúrgica higienizada sem previsão de procedimento; o Carro de Anestesia e Material de via aérea e ventilação; o Maleta de medicamentos. CARGA HORÁRIA Sugere-se uma carga horária total de 01 hora e 30 minutos, sendo distribuída entre a aula teórica, onde de preferência seja abordado cada tipo de anestesia de forma isolada (geral, bloqueio de neuroeixo, bloqueios periféricos), simulação e avaliação do conhecimento adquirido. 112 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | PERIODICIDADE DA EXECUÇÃO DA AÇÃO Propõem-se que o intervalo de tempo entre as capacitações deva acontecer segundo a necessidade do setor e da instituição. Todavia, é recomendando que a educação permanente deva ser aplicada semestralmente até que todos os membros da equipe de enfermagem estejam familiarizados com as condutas anestésicos ou quando houver entrada de novos profissionais ou rotatividade da equipe de enfermagem do setor. ESTRATÉGIAS DE AVALIAÇÃO DA AÇÃO Para a avaliação sugere-se considerar o debriefing, instigando a reflexão, expressão de opiniões e construção de conhecimento em conjunto. Sendo assim, sentados em uma roda de conversa, todos os participantes devem elencar os pontos positivos e negativos da atividade, evidenciando o que pode ser melhorado para um momento futuro. Como forma de avaliar individualmente cada profissional, o facilitador poderá observar o desempenho de cada um, percebendo o grau de interesse e participação, bem como a capacidade de trabalhar em equipe. RESUMO DO CAPÍTULO 113 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | REFERÊNCIAS ABATZIS, V. T.; LITTLEWOOD, K. E. Debriefing in simulation and beyond. International Anesthesiology Clinics, v. 53, n.4, p. 151-162., 2015. Disponível em: https://doi.org/10.1097/AIA.0000000000000070. Acesso em: 15/01/2021. ATLS - Advanced Trauma Life Support. American College of Surgeons. 10 Ed., 2018. CARVALHO, Rachel de (org). Enfermagem em centro Cirúrgico e recuperação anestésica. Barueri: Editora Manole. 2015. 435 p. CUERVA, M. J. et al., Teaching childbirth with high-fidelity simulation. Is it better observing the scenario during the briefing session. Journal Obstetrics Gynaecol, v. 40, n.8, p. 607-610., 2018. Disponível em: https://doi.org/10.1080/01443615.2017.1393403. Acesso em: 15/01/202. GARNER, S. L, et al. The impact of simulation education on self-efficacy towards teaching for nurse educators. International Nursing Review, v. 65, n.4, p. 586-595, 2018. Acesso em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1111/inr.12455. Acesso em: 15/01/2021. MEDEIROS, L. M. O. P.; BATIS.TA, S. H. S. S. Humanização na formaçãoe no trabalho em saúde: uma análise da literatura. Trabalho, Educação e Saúde, v. 14, n. 3, p. 325- 951, 2016. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1981- 77462016000300925&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em: 15/01/2021. MELO, W. B, et al. Elaboração e aplicação de um modelo de visita pós-anestésica em um hospital de ensino de Belém – PA. Revista Elêtronica Acervo Saúde, v.12, n.9, p. 3905, 6 ago. 2020. Acesso em: 10/01/2021 OMS, Organização Mundial da Saúde. Segundo desafio global para a segurança do paciente: Cirurgias seguras salvam vidas (orientações para cirurgia segura da OMS) / Organização Mundial da Saúde; tradução de Marcela Sánchez Nilo e Irma Angélica Durán – Rio de Janeiro: Organização Pan-Americana da Saúde; Ministério da Saúde; Agência Nacional de Vigilancia Sanitária, 2009. TYERMAN, J. et al. A systematic review of health care presimulation preparation and briefing effectiveness. Clinical Simulatin in Nursing, v.27, p.12-25, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.ecns.2018.11.002. Acesso em: 15/01/2021. https://doi.org/10.1080/01443615.2017.1393403 114 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | CAPÍTULO XVII ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SALA DE RECUPERAÇÃO PÓS- ANESTÉSICA Ana Beatriz Capela Cordovil Nayara de Fátima Cardoso Pereira da Silva Renata Campos de Sousa Borges Karen Silva de Castro Lauany Silva de Medeiros Milena Coelho Fernandes Caldato Daniele Lima dos Anjos Reis Kátia Simone Kietzer Ana Caroline Coutinho INTRODUÇÃO A Sala de Recuperação Pós-Anestésica (SRPA) é o local destinado a receber o paciente em pós-operatório imediato até que recupere a consciência e obtenha a retomada dos sinais vitais estáveis. Configura-se em um ambiente onde o paciente submetido ao procedimento anestésico-cirúrgico deve receber o monitoramento das equipes de saúde sob constante observação e atenção da equipe de enfermagem (EBSERH, 2017; SOBECC, 2013). A SRPA deve atender às normas vigentes quanto a sua estrutura física, bem como possuir suporte de equipamentos e materiais especializados (cama ou maca de recuperação com grade; ventilador pulmonar adulto e infantil; fonte de oxigênio e vácuo; monitor cardíaco; oxímetro de pulso; aspirador e etc.), além de profissionais altamente treinados para prestar assistência de qualidade, visto que as complicações pós-operatórias imediatas ocorrem em até 25% dos pacientes e a taxa de mortalidade pós-cirúrgica é de 0,5 a 5%, ressaltando que a maioria dos casos são situações evitáveis (CARVALHO; BIANCHI, 2016; MACENA, ZEFERINO E ALMEIDA, 2014). Portanto, fatores como a infraestrutura, a falta de protocolos e de padronização das ações da equipe de enfermagem na SRPA podem implicar no aumento do índice de complicações, das despesas financeiras do hospital com internações e sofrimento por parte do paciente e familiares (MACENA; ZEFERINO; ALMEIDA, 2014). Diante disso, segundo Santos et al. (2017) a assistência a pacientes provindos de procedimentos cirúrgicos suscita que a atenção da equipe de enfermagem deve permanecer voltada para as especificidades individuais de cada paciente, embasada por respaldo científico. Desta forma, é essencial uma assistência que garanta a segurança deste indivíduo e que mantenha subsídios para impedir a ocorrência de complicações ou minimizá-las quando estas já estiverem instaladas (ARAÚJO et al., 2011). 115 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | OBJETIVO Ofertar um plano de ação educativa com a utilização de estratégias ativas direcionadas à equipe de enfermagem envolvida no atendimento ao paciente na SRPA, visando o aprimoramento e ampliação na qualidade da assistência. TEMÁTICA DA CAPACITAÇÃO A recuperação segura do paciente no período pós-operatório na SRPA não se limita apenas ao uso de recursos e equipamentos de monitorização, como também consiste em sua associação aos cuidados prestados de enfermagem embasados ao conhecimento técnico-científico e de suas habilidades na intervenção imediata às complicações e eventos adversos que envolvem o processo anestésico e a complexidade dos procedimentos cirúrgicos (DILL; ARBOIT; KAEFER, 2018). A preocupação com a qualidade da oferta da assistência de enfermagem ao paciente cirúrgico tem sido busca frequente nas rotinas dos hospitais, visto que seu principal objetivo é garantir a segurança do paciente, atuando com prontidão e competência diante das situações complexas relacionadas aos cuidados na SRPA. Entre as atribuições desta equipe destacam-se funções vitais para evolução e desfecho do quadro clínico do paciente por meio da realização de procedimentos como: manter a cabeceira elevada do leito quando permitido; garantir o aquecimento do paciente; a oferta de oxigênio se necessário; monitorar o pulso; eletrocardiograma; frequência respiratória; pressão arterial e a saturação de oxigênio, além da atenção à estabilização dos aspectos psicoemocionais do paciente (KLEIN et al., 2019). Logo, os pacientes localizados na SRPA são os mais vulneráveis a apresentar desestabilização hemodinâmica, o que requer a coleta de informações relevantes como: classificação American Society of Anesthesiologists (ASA), técnica anestésica e medicações utilizadas, tipo de cirurgia e complicações ocorridas, perda hídrica ou sanguínea, sondas drenos, cateteres, acessos venosos, assim como a utilização de escalas de avaliação como Índice de Aldrete e Kroulik Modificado e o Índice de Steward (SANTOS et al., 2017; ANVISA, 2017). A equipe de enfermagem que atua na assistência ao paciente na SRPA deve possuir competência altamente qualificada para proporcionar uma recuperação tranquila e segura ao seu paciente. Dessa forma, se faz necessária a constante capacitação e acompanhamento do conhecimento dos profissionais de enfermagem acerca da sua atuação na SRPA mediante a importância para o desfecho clínico e efetividade das funções exercidas, em que a competência e a qualificação devem ser premissas básicas no processo de atendimento (SOUZA; SILVA; BASSINE, 2020). PÚBLICO-ALVO O público-alvo desta ação envolve os profissionais de enfermagem (enfermeiros e técnicos de enfermagem) que atuam no setor do Centro Cirúrgico, especificamente na SRPA. 116 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | LOCAL DE REALIZAÇÃO Com a finalidade de instigar o conhecimento e capacitação acerca da assistência prestada ao paciente na SRPA, propõem-se que esta estratégia educativa seja desenvolvida in loco para o melhor aproveitamento e capacitação dos profissionais no local de trabalho. PROPOSTA DE EXECUÇÃO DA AÇÃO Conforme o tema proposto deste capítulo, recomenda-se estratégias ativas voltadas para a estimulação de ações transformadoras e promoção da autonomia, baseando-se em experiências profissionais, com a condução nos princípios teóricos apresentados por Paulo Freire, enfatizando o raciocínio crítico-social dos conteúdos a serem debatidos e proporcionando a capacitação de um profissional autônomo, capaz de resolver problemas a partir dos seus conhecimentos advindos da realidade profissional (SOUZA; SILVA; SILVA, 2018). ESTRATÉGIAS EDUCACIONAIS SUGERIDAS PARA A ABORDAGEM A inserção de métodos ativos de ensino permite o papel ativo dos participantes na construção do saber, tornando-os agentes críticos e reflexivos acerca da atuação profissional no qual se envolve (WEBER; FIRMINI; WEBER, 2019). Para o desenvolvimento da educação permanente é imprescindível a associação da teoria e prática, desse modo, recomenda-se a utilização do método de simulação clínica, considerada uma estratégia eficaz para a execução e treinamento de procedimentos práticos e habilidosos, no qual permitem a integração da equipe aos cuidados de enfermagem, de modo a vivenciar a situaçãoespecífica, admita o repensar da sua conduta e reflexões relacionadas ao tema proposto. Sua finalidade consiste em identificar os erros ou equívocos ocasionados na assistência a fim de solucioná-los, incentivando a agregação dos saberes de cada participante juntamente com a equipe e proporcionando um ambiente harmônico (SOUZA; SILVA; SILVA, 2018; SANTOS et al., 2018). DESCRIÇÃO DA EXECUÇÃO DA AÇÃO A seguir, serão descritas as etapas necessárias para o planejamento e execução da estratégia educativa proposta neste capítulo. o Primeira etapa – Planejamento: nesta etapa é necessária a organização do cenário em que será feita a simulação. É fundamental que seja preparado antecipadamente in loco a fim de garantir a reprodução exata da realidade clínica que será apresentada. O planejamento do cenário precisa ser construído de acordo com os objetivos que se deseja alcançar, ou seja, assistência de enfermagem na SRPA adequada. É relevante a organização prévia dos materiais como: estetoscópio; fonte de oxigênio e vácuo; monitor cardíaco; oxímetro de pulso; eletrocardiógrafo; maca hospitalar com grade; medicamentos; cama ou maca de recuperação com grade; laringoscópio adulto ou infantil; aspirador; carrinho de emergência ou de acordo com o disponibilizado pela instituição. 117 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | Preferencialmente deverão ser colocados em pontos estratégicos a fim de estimular na tomada de decisão dos participantes diante da situação clínica contextualizada. Para a supervisão de uma simulação, recomenda-se a definição prévia dos objetivos temáticos que os participantes devem alcançar. Dessa forma, recomendamos a utilização do seguinte Checklist com dez pontos-chave fundamentais que deverá ser realizado pelos participantes e checado pelo facilitador durante a execução: Quadro 01 – Dez pontos chave para avaliação na SRPA 1 – Conferir a identificação do paciente; 2 – Registrar a hora de admissão na SRPA; 3 – Identificar o tipo de anestesia e observar local da incisão cirúrgica; 4 – Avaliar o estado mental e o nível de consciência; 5 – Avaliar e registrar controle da dor; 6 – Manter o paciente aquecido; 7 – Checar os equipamentos e monitores; 8 – Registrar os sinais vitais (temperatura; pressão arterial; frequência cardíaca e respiratória); 9 – Verificar a inserção de dispositivos; 10 – Aplicar o Índice Aldrete e Kroulik para estabelecer os critérios de alta da SRPA (tem como proposta a avaliação dos sistemas cardiovascular, respiratório, nervoso central e muscular dos pacientes submetidos à ação dos fármacos e técnicas anestésicas, por parâmetros clínicos de fácil verificação, como frequência respiratória, pressão arterial, atividade muscular, consciência e saturação periférica de oxigênio mediante oximetria de pulso). Fonte: Acervo das autoras. É importante estabelecer um número por grupo a ser trabalhado, no máximo de duas a três pessoas por sessão, além de conhecer as expectativas dos participantes e o que esperam a fim de que todos consigam ter melhor aproveitamento (KANEKO; LOPES, 2019). Tempo estimado: 30 minutos. o Segunda etapa – Orientação e prática da simulação: nesta etapa serão ofertadas aos participantes orientações e informações acerca da simulação que será realizada, de forma que todos possam ser preparados para o desenvolvimento da experiência. Os participantes serão convidados a observar todo o cenário e, posteriormente, um caso clínico impresso será entregue a cada participante (contendo as principais informações do paciente, como anamnese; exame físico; procedimento cirúrgico no qual o paciente fictício foi submetido); será entregue outra ficha impressa com o Índice de Aldrete e Kroulik para ser aplicada ao final da simulação obtendo os critérios necessários para a alta do paciente da SRPA. O paciente fictício pode ser um manequim de simulação ou um dos participantes e os demais deverão colocar em prática a assistência de enfermagem conforme a rotina da instituição (SASSO et al., 2015). Tempo estimado: 30 minutos 118 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | o Terceira etapa – Feedback: após a experiência com a simulação, o facilitador deverá convidar os participantes para uma roda de conversa em que serão estimuladas reflexões e análises das ações que foram desenvolvidas. Deve-se encorajá-los a externar o que vivenciaram e refletir sobre as condutas ou situações que precisam ser revistas. Nesta etapa, o facilitador deverá esclarecer através de uma breve explanação teórica sobre os pontos-chave propostos na simulação, logo, o conhecimento para a aprendizagem poderá ser consolidado e inserido nas futuras práticas profissionais (SASSO et al., 2015). O objetivo, portanto, é a construção do saber, destacando os pontos positivos e negativos e permitindo que o participante tenha competência para responder a questões críticas. Tempo estimado: 30 minutos. MATERIAIS NECESSÁRIOS o Sala reservada para reuniões de pequenos grupos ou SRPA para facilitar a construção do cenário; o Instrumentos e Equipamentos utilizados na SRPA, conforme a rotina da instituição; o Manequim de simulação; o Cadeiras; o Ficha com o Índice de Aldrete e Kroulik e caso clínico impressos; o Canetas e papel A4 para anotações de enfermagem. CARGA HORÁRIA Para a execução da capacitação poderá ser utilizado o tempo máximo de 01 hora e 30 minutos por sessão. PERIODICIDADE DA EXECUÇÃO DA AÇÃO O serviço de saúde deve promover a capacitação de seus profissionais antes do início das atividades e de forma permanente em conformidade com as atividades desenvolvidas (BRASIL, 2011). Levando esse aspecto em consideração, pode-se propor que as ações sejam executadas pelo menos 1 vez a cada trimestre, assim como em momentos de transferências de outros profissionais para o setor ou necessidade manifestada pela equipe. ESTRATÉGIAS DE AVALIAÇÃO DA AÇÃO O profissional poderá ser convidado a participar novamente da mesma simulação enfatizando o que poderia ser feito com o propósito de estimular a auto-avaliação de sua postura diante da problemática. A avaliação da eficiência da ação poderá ser efetivada através do momento de compartilhamento do conhecimento adquirido que ocorrerá após as sessões, por meio do feedback. 119 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | RESUMO DO CAPÍTULO REFERÊNCIAS ARAÚJO, E, A, G, de et al. Sistematização da Assistencia de Enfermagem na Sala de Recuperação Pós-Anestésica. Revista Sobecc, São Paulo, v. 3, n. 16, p. 43-51, jul. 2011. Disponível em: https://revista.sobecc.org.br/sobecc/article/view/207/pdf-a. Acesso em: 08 jan. 2021. Associação Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgico, Recuperação Anestésica e Centro de Material e Esterilização (SOBECC). Práticas recomendadas SOBECC: centro 1 (uma) hora e 30 (trinta) minutos. 120 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | de material e esterilização, centro cirúrgico, recuperação pós-anestésica. 6ª ed.Barueri: Manole/SOBECC; 2013. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária Assistência Segura: Uma Reflexão Teórica Aplicada à Prática Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília: Anvisa, 2017. BRASIL. Ministério da Saúde. Resolução-RDC nº 63, de 25 de novembro de 2011. Dispõe sobre os Requisitos de Boas Práticas de Funcionamento para os Serviços de Saúde. Brasil, Ministério da Saúde, 2011. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2011/rdc0063_25_11_2011.html. Acesso em: 13 jan. 2021. CARVALHO, R; BIANCHI, E, R, F (org.). Enfermagem em Centro Cirúrgico e Recuperação. 2. ed. Barueri, Sp: Editora Manole, 2016. 432 p. DILL, M, C, P; ARBOIT, E,L; KAEFER, C, T. Percepções Acerca de um Instrumento para Avaliação e Alta da Sala Recuperação Pós-Anestésica. J. res.: fundam. Care, v. 10 n. 3, p. 711-719, 2018. EBSERH. Protocolo Clínico Sala de recuperação Pós-anestésica. 2017. Disponível em: http://www2.ebserh.gov.br/documents/214336/1106060/PRO.ANEST.007+- +RECUPERA%C3%87%C3%83O+P%C3%93S-ANEST%C3%89SICA.pdf/122df117-b3b5- 428a-9e2d-308e90d27ef3. Acesso em: 13/01/2021. KANEKO, R, M, U; LOPES, M, H, B, M. Cenário em simulação realística em saúde: o que é relevante para a sua elaboração?*. Rev. esc. enferm. USP vol.53 São Paulo 2019 Epub May 30, 2019 KLEIN, S, et al. SEGURANÇA DO PACIENTE NO CONTEXTO DA RECUPERAÇÃO PÓS- ANESTÉSICA: UM ESTUDO CONVERGENTE ASSISTENCIAL. REV. SOBECC, SÃO PAULO. JUL./SET. 2019; 24(3): 146-153 MACENA, M, D, A; ZEFERINO, M, G, M; ALMEIDA, D. Assistência do Enfermeiro aos pacientes em recuperação Pós Cirúrgica: cuidados imediatos. Rev Indicação cientifica da libertas. São Sebastião do Paraiso, v.4, n.1, p. 133-151, jul, 2014. SANTOS, M, R, et al. A importância da Assistência de Enfermagem na Sala de Recuperação PósAnestésica: Visão dos Monitores em Enfermagem Cirúrgica. In: Congresso Internacional de Enfermagem. 2017. SANTOS, J, L, et al. ESTRATÉGIAS DIDÁTICAS NO PROCESSO DE ENSINO- APRENDIZAGEM DE GESTÃO EM ENFERMAGEM. Texto Contexto Enferm, 2018; 27(2):e1980016 SASSO, G, M, D, et al. GUIA METODOLÓGICO PARA SIMULAÇÃO EM ENFERMAGEM. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM. Florianópolis, 2015. 121 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | SOUZA, C, D; SILVA, A, A; BASSINE, C, P, J. A importância da equipe de enfermagem na recuperação pós-anestésica. Fac. Sant’Ana em Revista, Ponta Grossa, v. 4, p. 4- 13, 1. Sem. 2020. SOUZA, E, F, D; SILVA, A, G; SILVA, A, I, L, F. Active methodologies for graduation in nursing: focus on the health care of older adults. Rev Bras Enferm [Internet]. 2018; 71(suppl 2):920-4. [Thematic Issue: Health of the Elderly] DOI: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0150. WEBER, A, P, T; FIRMINI, F; WEBER, L, C. METODOLOGIAS ATIVAS NO PROCESSO DE ENSINO DA ENFERMAGEM: REVISÃO INTEGRATIVA. Revista Saúde Viva Multidisciplinar da AJES, Juína/MT, v. 2, n. 2, jan./dez. 2019. 122 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | ANEXO FICHA DE AVALIAÇÃO PADRÃO DE TREINAMENTO / CAPACITAÇÃO 123 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | ÍNDICE REMISSIVO A Aprendizagem da equipe de enfermagem, 28 Anestesiologia básica, 108 Anotações de enfermagem, 83 Assistência de enfermagem, 48, 62, 114 B Bases legais, 24 Biossegurança, 41 C Capacitações, 31 Centro cirúrgico, 18 Classificação cirúrgica, 101 Controle de infecção, 41 Cuidados emergenciais, 62 D Diagnóstico situacional, 18 E Educação permanente, 18 H Humanização da assistência, 76 I Instrumentação cirúrgica, 54 P Parada cardiorrespiratória, 48 Período perioperatório, 83 Posicionamento cirúrgico, 94 Prevenção de lesões por pressão, 94 124 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | P Recém-nascido, 62 Recuperação pós-anestésica, 114 S Sala operatória, 69 Segurança do paciente, 33 125 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico |a todos! Profª. Daniele Lima dos Anjos Reis 13 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | SUMÁRIO UNIDADE I........................................................................................................................... 15 SOBRE O QUE IREMOS FALAR? CAPÍTULO I................................................................................................................... O Objeto de Estudo deste Manual CAPÍTULO II.................................................................................................................... 15 18 Diagnóstico situacional da Educação Permanente no Centro Cirúrgico do Hospital Regional de Tucuruí – PA CAPÍTULO III................................................................................................................... 24 Educação Permanente em Saúde: Bases Legais e Conceituais CAPÍTULO IV................................................................................................................... 28 Levantamento das Necessidades de Aprendizagem da Equipe de Enfermagem UNIDADE II............................................................................................................................. PROPOSTA PARA A EXECUÇÃO DO MANUAL DE ORIENTAÇÕES PARA A EDUCAÇÃO PERMANENTE EM CENTRO CIRÚRGICO 31 CAPÍTULO V................................................................................................................. 31 Apresentação dos Temas para Capacitações CAPÍTULO VI.................................................................................................................. 33 Segurança do Paciente Cirúrgico CAPÍTULO VII.................................................................................................................. 41 Controle de Infecção e Biossegurança em Centro Cirúrgico CAPÍTULO VIII................................................................................................................. 48 Assistência de Enfermagem durante uma Parada Cardiorrespiratória CAPÍTULO IX................................................................................................................ 54 Instrumentação Cirúrgica CAPÍTULO X.................................................................................................................. 62 Assistência de Enfermagem nos Cuidados Emergenciais ao Recém-Nascido CAPÍTULO XI................................................................................................................... 69 Montagem da Sala Operatória 14 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | CAPÍTULO XII.................................................................................................................. 76 Humanização da Assistência em Centro Cirúrgico CAPÍTULO XIII................................................................................................................. 83 Anotações de Enfermagem no Período Perioperatório CAPÍTULO XIV................................................................................................................ 94 Posicionamento Cirúrgico e Prevenção de Lesões por Pressão CAPÍTULO XV................................................................................................................ 101 Classificação Cirúrgica CAPÍTULO XVI................................................................................................................ 108 Anestesiologia Básica CAPÍTULO XVII............................................................................................................... 114 Assistência de Enfermagem na Sala de Recuperação Pós-Anestésica ANEXO................................................................................................................................ 122 ÍNDICE REMISSIVO................................................................................................................ 123 15 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | UNIDADE I: SOBRE O QUE IREMOS FALAR? CAPÍTULO I O OBJETO DE ESTUDO DESTE MANUAL Daniele Lima dos Anjos Reis Kátia Simone Kietzer O objeto de estudo deste Manual de Orientações é a Educação Permanente, considerada uma medida capaz de transformar as práticas educativas nos campos da formação, atenção, gestão, formação de políticas, participação popular e controle social no setor saúde (BRASIL, 2018a). O termo “Educação Permanente em Saúde” (EPS) refere-se a um processo de aprendizagem que possibilita a construção de conhecimentos a partir de situações vivenciadas no trabalho (BRASIL, 2018b). Nela, as temáticas estudadas são escolhidas com base nos problemas do cotidiano, de forma que a necessidade de conhecimento que emerge da prática leva à mudanças na formação e no desenvolvimento do profissional, colocando-o no centro do processo ensino-aprendizagem (GROSSI; KOBAYASHI, 2013). Assim, a aprendizagem só se torna significativa quando corresponde a um desejo do indivíduo (PARÁ, 2017). No Brasil, os processos de Educação Permanente foram instituídos pela Portaria GM/MS nº 198/2004, sendo alterada pela Portaria GM/MS nº 1996/2007, que apresentou novas estratégias e diretrizes para a implementação da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (PNEPS) (BRASIL, 2009). A implantação dos processos de EPS baseia-se em diversas estratégias, como a criação dos Núcleos de Educação Permanente, realização de cursos de formação em metodologias educacionais em saúde, ações de integração ensino-serviço, entre outros. Tais processos realizam o encontro entre o mundo de formação e o mundo do trabalho, onde o aprender e o ensinar se incorporam ao cotidiano das organizações e ao trabalho (SOUZA, 2016). Cotrim-Guimarães (2009) refere que o desenvolvimento dos processos de EPS exige a adoção de metodologias ativas de aprendizagem, que considerem a articulação entre teoria e prática, a problematização da realidade, a participação ativa dos profissionais e atores sociais envolvidos, configurando-se num processo de aprendizagem mútua e significativa. Logo, a incorporação de metodologias ativas na EPS torna-se assertiva pela inserção de Tecnologias Educacionais (TE) como mediadoras das práticas educativas, pois estas só têm a contribuir e transformar positivamente os processos de trabalho no Sistema Único de Saúde (SUS), considerando que já são vistas como facilitadoras da aprendizagem e multiplicadoras do ensino (FARIAS et al., 2017). 16 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | Nesse contexto, Xelegat e Évora (2011) revelam que a busca pelo conhecimento para a melhoria da assistência de enfermagem nos serviços de saúde é constante e a adoção de novas TE colabora significativamente para a educação permanente dos profissionais. Constitui campo de atuação do profissional de enfermagem as instituições hospitalares, que são sistemas complexos que absorvem grande parte dos profissionais da saúde serviço (ADAMY et al., 2018). Um dos setores hospitalares em que há destaque para a atuação da enfermagem é o Centro Cirúrgico, por apresentar características assistenciais peculiares. Vale registrar que a contínua transformação oriunda dos avanços tecnológicos tem revolucionado as questões relacionadas ao ambiente cirúrgico no que se refere a materiais, equipamentos, técnicas e procedimentos, exigindo que a equipe de enfermagem que atua neste âmbito esteja sempre capacitada, atualizada e apta a prestar assistência de qualidade e com responsabilidade aos pacientes cirúrgicos (RIBEIRO; BONFIM; SILVEIRA, 2011). Ressalta-se a importância da EPS no contexto hospitalar, que se vislumbra como ação estratégica para contribuir com a transformação dos processos formativos,pedagógicos e assistenciais, bem como para a organização dos serviços de saúde, pois ela é vista como artifício efetivo para a qualificação dos trabalhadores e transformação dos cenários de prática do SUS em espaços de ensino-aprendizagem no exercício do trabalho (PEIXOTO et al., 2013). A Educação Permanente em Enfermagem no Centro Cirúrgico tem o objetivo de propiciar aos profissionais conhecimentos técnicos específicos e o desenvolvimento de habilidades para uma assistência de maior qualidade e eficácia, considerando as especificidades do setor, o que gera desenvolvimento pessoal e profissional (RIBEIRO; BONFIM; SILVEIRA, 2011). Destarte, o processo de ensino-aprendizagem executado nas ações de Educação Permanente e mediado pelo uso de metodologias ativas favorece o desenvolvimento de competências concomitantemente à construção do conhecimento significativo (DIAS; VOLPATO, 2017). Assim, a integração entre teoria e prática fomentada pelos métodos ativos proporciona novas possibilidades de formação, que se faz mais sólida e coerente e torna efetiva a aprendizagem significativa, onde o educando é estimulado a construir o conhecimento ao invés de recebê-lo de forma passiva (PAIVA et al., 2016). REFERÊNCIAS ADAMY, E. K. et al. Tecendo a educação permanente em saúde no contexto hospitalar: relato de experiência. Revista de Enfermagem do Centro-Oeste Mineiro, v. 08, p. 01-08, 2018. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da Educação na Saúde. Política Nacional de Educação Permanente em Saúde: o que se tem produzido para o seu fortalecimento? Brasília: Ministério da Saúde, 2018a. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Manual Técnico 2018 - Programa para o Fortalecimento das Práticas de Educação Permanente em Saúde no SUS - PRO EPS-SUS. Brasília: Ministério da Saúde, 2018b. 17 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da Educação em Saúde. Política Nacional de Educação Permanente em Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. COTRIM-GUIMARÃES, I. M. A. Programa de educação permanente e continuada da equipe de enfermagem da clínica médica do Hospital Universitário Clemente de Faria: análise e proposições. Dissertação (mestrado), 149 f. Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Rio de Janeiro, 2009. DIAS, S. R.; VOLPATO, A. N. (orgs). Práticas inovadoras em metodologias ativas. Florianópolis: Contexto Digital, 2017. FARIAS, Q. L. 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RIBEIRO, M. B.; BONFIM, I. M.; SILVEIRA, C. T. Estratégias de capacitação da equipe de enfermagem de um centro cirúrgico oncológico. Rev SOBECC, v. 16, n. 03, p. 21-29, São Paulo, jul./ set., 2011. SOUZA, R. M. P. (org). Educação permanente em saúde: experiência viva na rede brasileira de escolas de saúde pública. Rio de Janeiro, RJ: ENSP / RedEscola, 2016. XELEGATI, R.; ÉVORA, W. D. M. Desenvolvimento de ambiente virtual de aprendizagem em eventos adversos em enfermagem. Rev. Latino-Am. Enfermagem, v. 19; n. 5, set.- out., 2011. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rlae/v19n5/pt_16.pdf. Acesso em: 08 jan 2019. 18 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | CAPÍTULO II DIAGNÓSTICO SITUACIONAL DA EDUCAÇÃO PERMANENTE NO CENTRO CIRÚRGICO DO HOSPITAL REGIONAL DE TUCURUÍ – PA Daniele Lima dos Anjos Reis Kátia Simone Kietzer A Unidade de Centro Cirúrgico é um conjunto de elementos destinados à atividade cirúrgica e à recuperação anestésica e pós-operatória imediata (CARVALHO; BIANCHI, 2016). O Centro Cirúrgico é considerado um ambiente único e diferenciado dentro do ambiente hospitalar, devendo dispor de uma série de requisitos que o torna apto à realização do procedimento cirúrgico. Neste setor realizam-se técnicas estéreis que garantem a segurança do paciente atendido quanto ao controle de infecção. Por ser um local restrito, o acesso ao público é limitado, ficando restrito à circulação dos profissionais que lá atuam (SOBECC, 2017). No que se refere aos processos de Educação Permanente, verifica-se que as ações educativas realizadas no Centro Cirúrgico do Hospital Regional de Tucuruí (HRT) podem ser consideradas incipientes. Na maioria das vezes elas são realizadas fora do setor de trabalho, e devido à dinâmica laboral os profissionais de enfermagem apresentam dificuldades de se ausentar do seu serviço para o local onde ocorrem as capacitações, que são organizadas pelo Núcleo de Educação Permanente da instituição e coordenação setorial. Como consequência de ações realizadas de maneira esporádica, observa-se profissionais permeados de dúvidas a respeito de vários temas relacionados ao trabalho de enfermagem em Centro Cirúrgico. A responsabilidade das instituições hospitalares em colaborar com a execução da PNEPS está ancorada na Portaria de Consolidação nº 2, de 28 de setembro de 2017, que trata da Consolidação das normas sobre as políticas nacionais de saúde do SUS, e traz em seus artigos 8º e 9º, incisos XII e IV, respectivamente, as competências de assegurar o desenvolvimento de educação permanente para seus trabalhadores e de ser campo de educação permanente para profissionais das Redes de Atenção à Saúde, conforme pactuado com o gestor público de saúde local (BRASIL, 2017). Assim, compreendendo a necessidade de qualificação dos profissionais de enfermagem do Centro Cirúrgico surgiu a necessidade de propor novas ações de EPS, substituindo as práticas esporádicas por práticas contínuas e sistematizadas e os “métodos didáticos baseados exclusivamente na transmissão de conhecimentos por métodos que permitam a problematização e o diálogo sobre os objetos de aprendizagem” (FUNESA, 2011, p. 20). A situação exposta impulsionou a realização de uma pesquisa, na qual foi traçado o perfil dos participantes; as práticas relacionadas à Educação Permanente; as possibilidades para a Educação Permanente e as necessidades de aprendizagem da equipe de enfermagem. 19 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | PERFIL DOS PARTICIPANTES DA PESQUISA A coleta de dados ocorreu entre os meses de maio e agosto de 2019, através da aplicação de um questionário à equipe de enfermagem atuante no Centro Cirúrgico do HRT. Participaram do estudo 11 enfermeiros e 22 técnicos de enfermagem, respeitando os critérios de inclusão estabelecidos. Os gráficos abaixo caracterizam o perfil profissional desses participantes. Gráfico 01 – Distribuição dos participantes quanto à categoria profissional. Fonte: Dados da pesquisa de campo. No que se refere à categoria profissional, observa-se predominância de técnicos de enfermagem (67%) em relação a enfermeiros (33%) atuantesno Centro Cirúrgico do HRT no período de realização da pesquisa. Gráfico 02 – Distribuição dos participantes quanto ao sexo Fonte: Dados da pesquisa de campo. Em relação ao sexo constatou-se que 73% (24 profissionais) são do sexo feminino (sendo 06 enfermeiras e 18 técnicas de enfermagem), e 27% (09 profissionais) são do sexo masculino (sendo 05 enfermeiros e 04 técnicos de enfermagem). Esse fato mostra a 0% 20% 40% 60% 80% Enfermeiros Técnicos de Enfermagem 33% 67% 0% 20% 40% 60% 80% Masculino Feminino 27% 73% 20 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | prevalência do gênero feminino na Enfermagem, reflexo das condições históricas da profissão. Gráfico 03 – Distribuição dos participantes quanto à faixa etária Fonte: Dados da pesquisa de campo. Em relação ao sexo constatou-se que 73% (24 profissionais) são do sexo feminino (sendo 06 enfermeiras e 18 técnicas de enfermagem), e 27% (09 profissionais) são do sexo masculino (sendo 05 enfermeiros e 04 técnicos de enfermagem). Esse fato mostra a prevalência do gênero feminino na Enfermagem, reflexo das condições históricas da profissão. Gráfico 04 – Distribuição dos participantes quanto ao tempo de atuação no Centro Cirúrgico do HRT Fonte: Dados da pesquisa de campo. Por meio do gráfico 04 pode-se observar que a maioria dos enfermeiros e técnicos de enfermagem do Centro Cirúrgico do HRT já atuam no setor no mínimo há 03 anos (70%), o que remete à ideia de uma equipe assistencial de enfermagem consolidada e experiente. 0% 10% 20% 30% 40% 50% 20 - 30 anos 31 - 40 anos 41 - 50 anos Mais de 50 anos 9% 42% 30% 18% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 06 meses - 11 meses 01 ano - 01 ano e 11 meses 02 anos - 02 anos e 11 meses 03 anos ou mais 12% 3% 0% 18% 6% 3% 6% 52% Enfermeiros Técnicos de Enfermagem 21 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO PERMANENTE Os gráficos apresentados abaixo buscam demonstrar a familiaridade dos profissionais participantes da pesquisa com os processos de Educação Permanente em Centro Cirúrgico, desvelando a participação em capacitações e o envolvimento no planejamento de ações educacionais no setor. Gráfico 05 – Respostas à questão: Você já participou de capacitações com temas relacionados à prática assistencial em Centro Cirúrgico? Fonte: Dados da pesquisa de campo. Gráfico 06 – Respostas à questão: Você participa do planejamento das ações de Educação Permanente no seu setor de trabalho? Fonte: Dados da pesquisa de campo. Pode-se afirmar que a maior parte dos profissionais de enfermagem participantes da pesquisa (73%) não participam ativamente do planejamento das ações de Educação Permanente no setor, além de nunca terem sido questionados sobre suas necessidades de aprendizagem, o que comprova a urgência na efetivação de novas práticas de EPS. 6% 12% 82% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% Sim, disponibilizado pela instituição de saúde Sim, por meios próprios Não 9% 3% 73% 15% 0% 10%20%30%40%50%60%70%80% Sim, participo ativamente do processo Sim, porém, não são consideradas minhas necessidades de aprendizagem Não, nunca me questionaram sobre minhas necessidades de aprendizagem Não, porém, já me questionaram sobre minhas necessidades de aprendizagem 22 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | POSSIBLIDADES PARA A EDUCAÇÃO PERMANENTE Quando questionados sobre quais métodos consideravam mais eficazes para facilitar os processos de Educação Permanente no setor, os profissionais de enfermagem apontaram variadas possibilidades para a execução de ações, conforme demonstrado pelo gráfico abaixo: Gráfico 07 – Respostas à questão: Quais métodos você considera eficazes para realizar capacitações com temas relativos à prática assistencial em Centro Cirúrgico? Fonte: Dados da pesquisa de campo. Os participantes da pesquisa apontaram as capacitações realizadas fora do setor de trabalho como estratégia principal, seguida das capacitações realizadas dentro do setor e da utilização de tecnologias educacionais como suporte de aprendizagem. A EPS evidencia-se como uma política estratégica para contribuir com a qualificação da assistência à saúde (PARÁ, 2017). Além disso, o caráter formador e transformador das práticas pedagógicas característico da EPS traz à luz os preceitos estabelecidos pelas metodologias ativas, consideradas ferramentas capazes de estimular a participação dos profissionais no processo de construção do conhecimento e no desenvolvimento de competências e habilidades requeridas para a aquisição do saber (COSTA; OLIVEIRA; DANTAS, 2020). 79% 70% 48% 6% 9% 0% 20% 40% 60% 80% 100% Capacitações fora do setor de trabalho Capacitações dentro do setor de trabalho Utilização de tecnologias educacionais (sites, ambientes virtuais, aplicativos,… Utilização de rádio e TV com material educativo Busca pessoal por conteúdos na internet, cursos, treinamentos e atualizações 23 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria de Consolidação nº 2, de 28 de setembro de 2017. Consolidação das normas sobre as políticas nacionais de saúde do Sistema Único de Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2017. CARVALHO, R.; BIANCHI, E.R.F. Enfermagem em Centro Cirúrgico e Recuperação. São Paulo: Manole, 2016. COSTA, J. A. C.; OLIVEIRA, J. D; DANTAS, D. R. Metodologias ativas e suas contribuições no processo de ensino-aprendizagem. In: Série Educar (org). Prática docente. Vol. 40. Belo Horizonte–MG: Poisson, 2020. FUNESA. Fundação Estadual de Saúde. Educação Permanente em Saúde no Estado de Sergipe: Saberes e Tecnologias para Implantação de uma Política. Livro do Aprendiz 2. Aracaju: FUNESA, 2011. PARÁ. Secretaria de Estado de Saúde Pública. Diretoria de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde. Coordenação de Educação na Saúde. Gerência de Educação Permanente. Política Nacional de Educação Permanente em Saúde: manual de orientações para projetos de formação em saúde. Belém: Sespa, 2017. Sociedade Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgico, Recuperação Anestésica e Centro de Material e Esterilização – SOBECC. Diretrizes de práticas em enfermagem cirúrgica e processamento de produtos para a saúde. 7 ed. São Paulo: SOBECC, 2017. 24 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | CAPÍTULO III EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE: BASES LEGAIS E CONCEITUAIS Daniele Lima dos Anjos Reis Kátia Simone Kietzer Os estudos relacionados à Educação Permanente iniciaram na década de 60 e seu conceito estava atrelado apenas à educação de adultos. Posteriormente, tal conceito foi absorvido pelo setor saúde ao perceber-se a necessidade permanente de qualificação dos profissionais e trabalhadores, com vistas à formação crítica e reflexiva para a transformação da realidade (CAMPOS; SENA; SILVA, 2017; PEIXOTO et al., 2013). Assim, a área da saúde passa a ter como desafio a incorporação de processos educativos ao cotidiano laboral (SARRETA, 2009). As primeiras discussões, em âmbito internacional, acerca da EPS emergiram pela existência de falhas relacionadas à formação das equipes de saúde, identificadas pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), que fomentou debates para a construção de um novo modelo pedagógico que melhorasse as práticas na saúde (LAVICH, 2014). A OPAS conceituou EPS como sendo um “processo dinâmico de ensino e aprendizagem, ativo e contínuo, com a finalidade de capacitação depessoas e grupos, frente à evolução tecnológica, às necessidades sociais e aos objetivos e metas institucionais” (PEIXOTO et al., 2013, p. 332). De acordo com Ceccim (2005), a escolha pela designação “Educação Permanente em Saúde” torna-se mais pertinente que apenas “Educação Permanente” devido a proposta de Educação Permanente dos trabalhadores da área da saúde para alcançar o desenvolvimento dos sistemas de saúde na região. No Brasil, até o início da década de 1960 a prioridade era sanar a situação sanitária precária do país. Por este motivo, os assuntos relacionados ao desenvolvimento de recursos humanos em saúde não eram debatidos e nem incluídos na agenda política brasileira, passando a constituir pauta para a construção de políticas públicas somente a partir da 8ª Conferência Nacional da Saúde, ocorrida em 1986 (MORAES; DYTZ, 2015). Estudo recente realizado por Campos, Sena e Silva (2017) mostra que há uma evolução conceitual a respeito da EPS no Brasil, estando incorporadas as bases da problematização, a contextualização da realidade de trabalho, novas pedagogias e o pensamento reflexivo. A ocorrência da 10ª Conferência Nacional da Saúde, em 1996, norteou a criação de programas permanentes de formação, capacitação, educação continuada dos profissionais da saúde (CAMPOS; SENA; SILVA, 2017). O Ministério da Saúde, gestor federal do SUS, criou, em 2003, a Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES), tendo a função de promover a integração do setor saúde com o setor educação, propiciando o fortalecimento das instituições formadoras de profissionais, bem como fortalecendo a relação entre as gestões do SUS (federal, estaduais e municipais) no que se refere aos 25 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | planos de formação, qualificação e distribuição das ofertas de educação e trabalho na área de saúde (BRASIL, 2004). A criação da SGTES proporcionou avanços para a área da educação profissional em saúde (CAMPOS; SENA; SILVA, 2017), sendo instituída a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (PNEPS) em 13 de fevereiro de 2004, pela Portaria GM/MS nº 198, como estratégia do SUS para a formação e o desenvolvimento de trabalhadores para o setor. A SGTES é integrada pelo Departamento de Gestão da Educação na Saúde (DEGES), pelo Departamento de Planejamento e Regulação da Provisão de Profissionais de Saúde (DEPREPS) e pelo Departamento da Gestão e da Regulação do Trabalho em Saúde (DEGERTS) (BRASIL, 2009). As atividades realizadas pelo DEGES, que tem a atribuição de implementar a PNEPS, foram estruturadas em três coordenações: 1- Ações Estratégicas em Educação na Saúde (responsável pelo trabalho com a educação superior); 2- Ações Técnicas em Educação na Saúde (responsável pela educação profissional) e 3- Ações Populares de Educação na Saúde (responsável pela educação popular em saúde) (BRASIL, 2005). Após aprovação e pactuação da referida política, o DEGES iniciou o processo de estruturação dos Pólos de EPS e a aprovação de outros projetos (BRASIL, 2004). Esses Pólos configuram-se como rodas de debate, conceituadas como “instâncias colegiadas que servem para a articulação, o diálogo, a negociação e a pactuação interinstitucional [...] onde atores se encontram e pensam juntos as questões da Educação Permanente em Saúde” (BRASIL, 2005, p. 16). Dentre as instâncias que constituem os Pólos de EPS estão gestores estaduais e municipais; universidades e instituições de ensino com cursos na área da saúde, Escolas de Saúde Pública; Centros Formadores; Núcleos de Saúde Coletiva; Escolas Técnicas de Saúde do SUS; hospitais de ensino; estudantes da área de saúde; trabalhadores da área da saúde; Conselhos Municipais e Estaduais de Saúde; movimentos ligados à gestão social das políticas públicas de saúde, entre outros (BRASIL, 2004). Como prosseguimento à gestão dos processos, a PNEPS foi atualizada pela Portaria GM/MS nº 1.996 de 20 de agosto de 2007, que definiu novas diretrizes e estratégias para a implementação efetiva da EPS, adequando-a às diretrizes operacionais do Pacto pela Saúde, estabelecido pela Portaria GM/MS nº 399, de 22 de fevereiro de 2006. A PNEPS, então, passou a ser conduzida por meio dos Colegiados de Gestão Regional, por meio do Pacto pela Saúde (BRASIL, 2009; BRASIL, 2006). Ainda, os Pólos de EPS foram substituídos por Comissões Permanentes de Integração Ensino-Serviço (CIES), sendo estas conceituadas como “instâncias intersetoriais e interinstitucionais permanentes que participam da formulação, condução e desenvolvimento da Política de Educação Permanente em Saúde previstas no Artigo 14 da lei 8080/90 e na NOB/RH-SUS” (BRASIL, 2009, p. 08). Atualmente, a temática aqui tratada é alvo de muitas discussões em âmbito nacional, que debatem a necessidade de atualização da PNEPS. Ainda que muitos desafios tenham sido superados no campo da operacionalização das ações de EPS, foram verificadas dificuldades de naturezas diversas em relação à implementação das diretrizes da PNEPS nos níveis municipal, estadual e federal, remetendo à ideia de que ainda há muito o que avançar (BRASIL, 2018b; BRASIL, 2018a). Assim, constata-se o desenvolvimento de estratégias e métodos pelo Ministério da Saúde, por meio da SGTES, com a divulgação de medidas para a retomada da PNEPS no país, tento em vista que a EPS é uma estratégia inerente ao processo de trabalho (BRASIL, 2018c). Essas medidas são destacadas na publicação “Política Nacional de Educação 26 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | Permanente em Saúde: o que se tem produzido para o seu fortalecimento?”, na qual a SGTES buscou “apontar caminhos, a partir de consensos, para que a PNEPS se mantivesse na agenda do país e que, de fato, seja implementada em cada espaço onde haja o SUS” (BRASIL, 2018a, p. 07). Desta maneira, não há dúvidas de que a institucionalização da PNEPS é uma grande conquista brasileira e marco para a formação e trabalho em saúde no país e, para que seja efetivada de forma eficiente, concorda-se com Sarreta (2009) ao referir que a educação na saúde deve ser executada considerando a corresponsabilização entre o Ministério da Saúde e as secretarias estaduais e municipais de saúde. Conclui-se que para que haja transformação efetiva da qualidade dos serviços de saúde pública neste país é imprescindível a qualificação contínua dos profissionais que atuam no SUS (GONÇALVES, 2017). REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da Educação na Saúde. Política Nacional de Educação Permanente em Saúde: o que se tem produzido para o seu fortalecimento? Brasília: Ministério da Saúde, 2018a. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Manual Técnico 2018 - Programa para o Fortalecimento das Práticas de Educação Permanente em Saúde no SUS - PRO EPS-SUS. Brasília: Ministério da Saúde, 2018b. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da Educação na Saúde. Planejamento das Ações de Educação Permanente em Saúde no Sistema Único de Saúde: Orientações. Brasília: Ministério da Saúde, 2018c. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da Educação em Saúde. Política Nacional de Educação Permanente em Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria nº 399, de 22 de fevereiro de 2006. Divulga o Pacto pela Saúde 2006 – Consolidação do SUS e aprova as Diretrizes Operacionais do Referido Pacto. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da Educação na Saúde. A educação permanente entra na roda: pólos de educação permanenteem saúde: conceitos e caminhos a percorrer. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2005. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Política de Educação e Desenvolvimento para o SUS Caminhos para a Educação Permanente em Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2004. 27 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | CAMPOS, K. F. C.; SENA, R. R.; SILVA, K. L. Educação permanente nos serviços de saúde. Esc Anna Nery, v. 21, n. 4, p. 01-10, 2017. CECCIM, R. B. Educação Permanente em Saúde: desafio ambicioso e necessário. Interface - Comunic, Saúde, Educ, v.9, n.16, p.161-77, set. 2004/fev. 2005. GONÇALVES, V.M.A. Educação permanente e parada cardiorrespiratória: um relato de experiência no âmbito da enfermagem. Gerais: Revista de Saúde Pública do SUS/MG, v. 2, n. 2, p. 47-58, 2017 LAVICH, R. P. C. Atuação dos enfermeiros do núcleo de educação permanente em enfermagem em um hospital de ensino. Dissertação (mestrado). Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria (RS), 2014. MORAES, K. G.; DYTZ, J. L. G. Política de Educação Permanente em Saúde: análise de sua implementação. ABCS Health Sci., v. 40, n. 3, p. 263-269, 2015. PEIXOTO, L. S. et al. Educação permanente, continuada e em serviço: desvendando seus conceitos. Enfermería Global - Revista eletrónica trimestral de Enfermería, n. 29, p. 324-340, 2013. SARRETA, F. O. Educação permanente em saúde para os trabalhadores do SUS. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2009. 28 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | CAPÍTULO IV LEVANTAMENTO DAS NECESSIDADES DE APRENDIZAGEM DA EQUIPE DE ENFERMAGEM Com o intuito de desvelar as necessidades de aprendizagem da equipe de enfermagem atuante do Centro Cirúrgico do Hospital Regional de Tucuruí e obter subsídios para a elaboração deste Manual, foi realizado um levantamento junto ao público-alvo utilizando-se uma ferramenta de priorização de ações, denominada “Matriz de Priorização GUT” ou “Matriz GUT”. A “Matriz GUT”, elaborada pelos pensadores Kepner e Tregoe, é uma ferramenta gerencial utilizada sempre que for necessário priorizar ações dentro de um conjunto de alternativas, tendo como objetivo ordenar a importância delas pela sua GRAVIDADE (impacto do problema sobre as coisas, pessoas, resultados ou processos), URGÊNCIA (relação com o tempo disponível ou necessário para resolução do problema) e TENDÊNCIA (potencial de crescimento ou desaparecimento do problema), de forma racional. A ferramenta GUT auxilia na formação de estratégias, projetos e na coleta de dados (COSTA et al., 2017). O questionário aplicado à equipe de enfermagem conteve uma questão representando uma Matriz GUT com uma lista com situações problemas que foram observadas pela pesquisadora em seu ambiente de trabalho, bem como já relatados pela própria equipe de enfermagem do setor, por meio da técnica de brainstorming não estruturado, na oportunidade de reuniões setoriais em forma de roda de conversa; e possíveis temas de ações educativas relacionadas a estes problemas. O brainstorming não estruturado configura-se como uma boa estratégia para conhecer as percepções das pessoas que participam do momento, pois nessa metodologia as ideias são aleatoriamente expostas, à medida que o assunto evoluiu e se tem o momento mais oportuno para expor opiniões, além de deixar o ambiente mais relaxado (FILHO; ALVES, 2013). Nesse contexto, os 33 profissionais de enfermagem que participaram da pesquisa (11 enfermeiros e 22 técnicos de enfermagem) foram orientados para o preenchimento dos campos G (gravidade), U (urgência) e T (tendência), pontuando através da utilização da escala que vai de 01 a 05, sempre na tentativa de responder aos seguintes questionamentos: Qual a gravidade do problema? Qual a urgência de se eliminar o problema? Qual a tendência e potencial de crescimento do problema? O resultado da multiplicação entre as 03 notas obtidas para cada problema (G x U x T) correspondeu ao total de pontuação, gerando um score para cada problema. A fim de reduzir a subjetividade no momento de atribuir a pontuação, recomendou-se a utilização dos seguintes critérios apresentados pela tabela abaixo. 29 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | Tabela – 01: Critérios para pontuação da Matriz de Priorização GUT Fonte: Adaptado de Costa et al. (2017). Considerando o sugerido por Filho e Alves (2013), os itens elencados foram colocados em ordem decrescente, de modo que o item que apresentou maior pontuação foi considerado de maior prioridade na tomada de decisões, ocupando o primeiro lugar na lista. A análise desta questão revelou a Tabela de Matriz GUT abaixo com os resultados totalizados e em ordem de prioridade para a resolução dos problemas, por meio da média extraída dos escores apontados por cada participante, de cada ação em relação a cada categoria: Tabela 02 – Matriz GUT Totalizadora PROBLEMA IDENTIFICADO G U T TOTAL PRIORIZAÇÃO Não utilização do Checklist de Cirurgia Segura 5 5 5 125 1º Infecção em centro cirúrgico 5 5 5 125 1º Conhecimento incipiente sobre condutas durante uma parada cardiorrespiratória 5 5 4 100 2º Baixa padronização no uso dos instrumentais e montagem da mesa de instrumentação cirúrgica 5 5 4 100 2º Conhecimento incipiente sobre condutas emergenciais ao Recém-Nascido 4 4 4 64 3º Desajustes na montagem e preparo da sala operatória 3 4 4 48 4º Mecanização da assistência 4 4 3 48 4º Anotações de enfermagem ineficientes 5 3 3 45 5º Necessidade de utilização de posições cirúrgicas mais adequadas e confortáveis ao paciente 4 3 3 36 6º Conhecimento incipiente sobre classificação cirúrgica 4 3 3 36 6º Conhecimento incipiente sobre anestesiologia 3 3 3 27 7º Conhecimento incipiente sobre condutas na Sala de Recuperação Pós-Anestésica (SRPA) 3 2 3 18 8º Fonte: Dados da pesquisa de campo. NOTA GRAVIDADE URGÊNCIA TENDÊNCIA 5 Extremamente grave Precisa de ação imediata Se não resolvido, irá piorar imediatamente 4 Muito grave Muito urgente Vai piorar a curto prazo 3 Grave Urgente Vai piorar a médio prazo 2 Pouco grave Pouco urgente Vai piorar a longo prazo 1 Sem gravidade Sem urgência, pode esperar Sem tendência de piorar 30 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | REFERÊNCIAS COSTA, A. R. S. et al. Aplicação da Matriz GUT na gestão integrada de resíduos sólidos da cidade do Recife – PE. Revista AIDIS, v. 10, n. 2, p. 201-213, ago. 2017. FILHO, M. T.; ALVES, T. Ferramentas para gestão de resultados. Brasília: Senac-DF, 2013. 31 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | UNIDADE II – PROPOSTA PARA A EXECUÇÃO DO MANUAL DE ORIENTAÇÕES PARA A EDUCAÇÃO PERMANENTE EM CENTRO CIRÚRGICO CAPÍTULO V APRESENTAÇÃO DOS TEMAS PARA CAPACITAÇÕES Daniele Lima dos Anjos Reis Kátia Simone Kietzer A incorporação das metodologias ativas no contexto das novas tendências pedagógicas, considerando a integração ensino-serviço, caracteriza-se como uma potencialidade para educadores, estudantes e trabalhadores, no contexto da atenção à saúde hospitalar, uma vez que possibilita a reflexão e o debate sobre a aprendizagem no contexto da prática em saúde e em enfermagem, estimulando a ressignificação de saberes e fazeres (ADAMY et al., 2018). No campo da Enfermagem, muitas discussões atuais direcionam para a aplicação de estratégicas didáticas que aproximem a prática assistencial da educacional e problematizem situações cotidianas do trabalho (SOBRAL; CAMPOS, 2012), impulsionando os processos de Educação Permanente nesta área. Concorda-secom Paiva et al. (2016) quando evidenciam a coerência do uso de métodos ativos nos processos educacionais voltados para os profissionais da saúde, pois há a percepção do interesse na resolução de problemáticas laborais e construção de novos saberes, considerando experiências prévias. Portanto, considerar o uso de metodologias ativas com o aporte das tecnologias educacionais proporciona aos profissionais de saúde o desenvolvimento do papel de orientador e facilitador de maneira mais criativa e ampla, fomentando processos educativos no contexto da EPS realmente significativos (DIAS; VOLPATO, 2017; NIETSCHE et al., 2012). As orientações metodológicas expostas a seguir pretendem servir de referência para os trabalhos relativos à Educação Permanente em Centro Cirúrgico a serem desenvolvidos, servindo como uma espécie de roteiro para o desenvolvimento das diversas etapas do processo. Nesta Unidade II foram reunidos os temas sugeridos para a realização das capacitaçõe, ofertando possibilidades estratégicas para a aplicação de métodos ativos em cada conteúdo trabalhado, considerando o ambiente de Centro Cirúrgico. Partindo da reflexão da ordem de priorização dos problemas elencados na tabela anterior (Tabela 2), pensou-se em elaborar um plano de capacitações com temas relativos às problemáticas apresentadas, obedecendo a priorização de resolução, conforme demonstrado na Tabela 03. 32 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | Tabela 03 – Temas das capacitações conforme priorização PRIORIZAÇÃO TEMA DA CAPACITAÇÃO 1º Segurança do paciente cirúrgico 1º Controle de infecção e Biossegurança em Centro Cirúrgico 2º Assistência de enfermagem durante parada cardiorrespiratória 2º Instrumentação cirúrgica 3º Assistência de enfermagem nos cuidados emergenciais ao Recém-nascido 4º Montagem da sala operatória 4º Humanização da assistência em Centro Cirúrgico 5º Anotações de enfermagem no período perioperatório 6º Posicionamento cirúrgico e prevenção de lesões por pressão 6º Classificação Cirúrgica 7º Anestesiologia Básica 8º Assistência de enfermagem na Sala de Recuperação Pós-Anestésica (SRPA) Fonte: Dados da pesquisa de campo. Desta forma, os próximos capítulos que compõem esta unidade abordam temáticas contendo os seguintes tópicos para melhor entendimento e aplicabilidade das propostas: Introdução; Objetivos; Temática da capacitação; Público-alvo; Local de realização; Proposta de execução da ação; Estratégias educacionais sugeridas para a abordagem; Descrição da execução da ação; Materiais necessários; Carga horária; Periodicidade da execução da ação; Estratégias de avaliação da ação; Resumo do capítulo e Referências. REFERÊNCIAS ADAMY, E. K. et al. Tecendo a educação permanente em saúde no contexto hospitalar: relato de experiência. Revista de Enfermagem do Centro-Oeste Mineiro, v. 08, p. 01-08, 2018. DIAS, S. R.; VOLPATO, A. N. (orgs). Práticas inovadoras em metodologias ativas. Florianópolis: Contexto Digital, 2017. NIETSCHE, E. A. et al. Tecnologias inovadoras do cuidado em enfermagem. Rev Enferm UFSM, v. 02, n. 01, pag. 182-189, Jan-Abr, 2012. PAIVA, M. R. F. et al. Metodologias ativas de ensino-aprendizagem: revisão integrativa. SANARE, v. 15, n. 02, p.145-153, Jun./Dez., 2016. SOBRAL, F. R.; CAMPOS, C. J. G. Utilização de metodologia ativa no ensino e assistência de enfermagem na produção nacional: revisão integrativa. Rev Esc Enferm USP, v. 46, n. 1, p. 208-218, 2012. 33 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | CAPÍTULO VI SEGURANÇA DO PACIENTE CIRÚRGICO Daniele Lima dos Anjos Reis Kátia Simone Kietzer Renata Campos de Sousa Borges Milena Coelho Fernandes Caldato Maria Yasmin da Silva Moia Patrick Nery Igreja Ana Caroline de Oliveira Coutinho Rafael Vulcão Nery INTRODUÇÃO Os debates sobre a Segurança do Paciente ganharam forças no Brasil a partir da Portaria do Ministério da Saúde nº 529, de 01 de abril de 2013, que instituiu o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), que tem por objetivo colaborar para a qualificação do cuidado em saúde em todos os estabelecimentos de saúde no Brasil. Segurança do Paciente pode ser entendida como a diminuição a um mínimo aceitável do risco de dano desnecessário associado à assistência à saúde (MAGNAGO, 2020; BRASIL, 2013). No que tange às complicações relacionadas à procedimentos cirúrgicos, afirma-se que estas respondem por grande proporção das mortes e lesões que podem ser evitadas em todo o mundo, estimando-se que eventos adversos afetem em torno de 3 a 16% de todos os pacientes (SILVA, 2020). Nesta conjuntura, a Organização Mundial da Saúde (OMS), por meio da Aliança Mundial para a Segurança do Paciente, lançou, em 2009, o 2º Desafio Global divulgando a campanha “Cirurgias Seguras Salvam Vidas”, que tem por objetivo focar a atenção para os fundamentos e práticas nos procedimentos cirúrgicos, componentes estes essenciais da assistência à saúde. Esse novo Desafio Global objetiva aumentar a qualidade dos serviços de saúde de todos os lugares do mundo, contemplando a prevenção de infecções de sítio cirúrgico; a anestesia segura; a equipes cirúrgicas seguras e os indicadores da assistência cirúrgica (OMS, 2009). Com o intuito de assegurar que as etapas que promovem a cirurgia segura sejam cumpridas de uma maneira sistemática e oportuna, o protocolo “Cirurgias Seguras Salvam Vidas” incentiva o uso da “Lista de Verificação de Segurança Cirúrgica”, sendo um Checklist para auxiliar as equipes cirúrgicas na redução do número de eventos adversos (OMS, 2014). O processo de implementação da Lista de Verificação de Segurança Cirúrgica ou Checklist de Cirurgia Segura (nomenclatura que será adotada neste capítulo) em um Centro Cirúrgico, mesmo que pareça simples do ponto de vista administrativo, é um processo complexo, devido a dois fatores: a resistência dos profissionais à mudança e a adaptação da 34 | Manual de Orientações para a Educação Permanente em Centro Cirúrgico | lista às necessidades do ambiente e da especificidade no local em que deve ser empregada (MANRIQUE et al., 2015). Estudos comprovam que a aceitação do Checklist como uma ferramenta universal tem sido criticada e a incorporação de boas práticas nos serviços ainda não se tornou realidade. A implementação do Checklist carece de prática cirúrgica ampla nos serviços de saúde, a fim de prevenir e reduzir os erros decorrentes de falhas (SANTANA, 2015). Sobre isso, assinala- se que um dos motivos para a perpetuação das dificuldades de implementação de estratégias para a segurança do paciente cirúrgico envolve as capacitações e o treinamento de pessoal inadequados (OMS, 2009), apontando para a necessidade emergente de capacitações e aprimoramentos contínuos dos profissionais. OBJETIVO Apresentar estratégias para abordagem dos temas relativos à cirurgia segura, buscando possibilitar o aumento da segurança na realização de procedimentos cirúrgicos, no local correto e no paciente correto, por meio do uso do Checklist de Cirurgia Segura, desenvolvida pela OMS. TEMÁTICA DA CAPACITAÇÃO Este treinamento tem como temática a implementação do Checklist de Cirurgia Segura, considerando o Protocolo da instituição de saúde. Esta atitude implica em uma ação participativa, no trabalho em equipe, na mudança de atitudes pessoais, na comunicação eficaz e no senso de responsabilidade de todos os membros da equipe cirúrgica, havendo necessidade de conhecimento por parte do profissional que a executará sobre sua aplicabilidade para o correto preenchimento (MANRIQUE et al., 2015). O Checklist de Cirurgia Segura foi proposto para ser aplicado em qualquer instituição hospitalar, independente da complexidade, pública ou privada, propiciando às equipes cirúrgicas seguir de forma sistemática a verificação de pontos críticos