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HOMEOSTASIA COAGULAÇÃO Clara Herédia de Sá - XXIX Bogliolo, 9ª ed, cap 4. Hemostasia: manutenção da fluidez do sangue e controle do sangramento quando há lesão ou disfunção vascular. Coagulação: fenômeno de gelificação de um suspensoide (plasma e células), no qual uma cascata de ativação sequencial de pré-proteases induz a polimerização do fibrinogênio, resultando em uma proteína fibrilar e insolúvel, a fibrina, que forma uma rede molecular que aprisiona hemácias, leucócitos e plaquetas, originando o coágulo. ➢ OBS: FIBRINAS TAMBÉM SERVEM PARA A ADERÊNCIA DE LEUCÓCITOS, FACILITANDO A DIAPEDESE. ● Para o controle do sangramento, depende da parede celular, plaquetas e cascata de coagulação. ● Fatores de coagulação são produzidos no fígado e circulam em suas formas inativas, sendo ativados pela cascata de coagulação. ● Quando há aumento da permeabilidade dos vasos (processo inflamatório ou lesão), leucócitos e plaquetas migram para a margem do vaso. Etapas da coagulação 1) Vasoconstrição arteriolar ➢ É reflexa, acontece por mediadores de células endoteliais. ➢ Ocorre no local da lesão, diminuindo o fluxo sanguíneo e perda de sangue. É possível observar a constrição apenas no meio. 2) Formação do tampão plaquetário ➢ Analogia: coágulo = parede; plaquetas = tijolos; cimento = fibrina. ➢ A fibrina não está pronta no sangue, precisa ser ativada pela cascata. ➢ Há exposição de colágeno (indicando lesão no endotélio) ou calicreína na via intrínseca, ou liberação de tromboplastina/fator tecidual (FT)/fator III na via extrínseca. ➢ Plaquetas se ligam ao fator Von Willebrand (vWf), que tem a função de adesão das mesmas ao endotélio. ➢ Plaquetas são ativadas e emitem pseudópodes, aumentando a superfície de contato e favorecendo a agregação. ➢ Plaquetas liberam Ca++ (auxilia na cascata de coagulação), ADP e tromboxano (ambos vasoconstritores). ➢ Endotélio danificado: libera substâncias pró-coagulantes, tais como o fator tecidual (tromboplastina). ➢ Endotélio íntegro: libera substâncias anticoagulantes, como PGI2 e NO (óxido nítrico), ambos antiagregadores plaquetários. 3) Estruturação da rede de fibrina ➢ Ocorre a partir da polimerização do fibrinogênio mediante o processo de coagulação no sangue. ➢ São necessárias as cascatas de coagulação para esta etapa. ➢ Parte interna da lesão (intrínseca): fator Hageman (XII) circulantes entram em contato com o colágeno ou calicreína (superfície negativa), sendo ativados em XIIa. Este ativa o XI em XIa, que ativa o IX em IXa. O último, em conjunto com o XIIIa e Ca++, ativam o X em Xa. ➢ Parte externa da lesão (extrínseca): fator tecidual (tromboplastinas) são liberadas pelo endotélio danificado e são encontradas pelo fator VII circulante, ocasionando sua ativação em VIIa, que ativa o X em Xa. ➢ Via comum: O Xa, em conjunto com Va e Ca++, ativa a protrombina em trombina. Essa ativa o fibrinogênio em fibrina, que se torna a fibrina estável pela ação do XIIIa. 4) Estabilização do coágulo ➢ COAGULAÇÃO E EFEITOS INFLAMATÓRIOS: ○ A trombina auxilia na adesão de leucócitos ao endotélio para a diapedese. ○ Plasmina quebra fibrina em fibrinopeptídeos. Essa fibrina degradada aumenta a permeabilidade vascular e são quimiotáticos para leucócitos. ➢ Endotélio lesado deixa de liberar PGI2 e NO. ➢ A trombina retroalimenta o processo de coagulação, sendo um processo explosivo. ○ Ativa o fator V em Va, ativa protrombina em mais trombina. ○ Ativa VIII em VIIIa, que auxilia na ativação do fator X (via intrínseca). ○ Ativa a pré calicreína em calicreína, que inicia a ativação do fator XII na via intrínseca. ➢ A trombina também possui efeito anticoagulante, ativando a proteína S, que ativa a proteína C, que tem ação proteolítica sobre os fatores Va e VIIIa. ➢ Não há trombina ativada no sangue antes da coagulação, pois 0,1% de seu conteúdo ativado poderia coagular o sangue de todo o corpo (lembrando da retroalimentação e processo explosivo). ➢ Outros fatores viajam pelo sangue na forma inativa (em cinza na imagem acima), sendo ativados pelo contato com outras substâncias (em vermelho). ➢ PROPRIEDADES PRÓ-COAGULANTES ○ Endotélio: tromboplastina (FT), fator de Von Willebrand (vWf), colágeno, laminina, trombospondina e fibronectina. ○ Plaquetas: adesão ao vWf, secreção de Ca++, ADP e TXA2. 5) Dissolução do coágulo pelo sistema fibrinolítico ➢ PROPRIEDADES ANTICOAGULANTES ○ Endotélio: NO e PGI2 (vasodilatadores e antiagregadores), t-PA (ativa o plasminogênio em plasmina). ➢ O CONTROLE É FEITO POR MEIO DE: 1) Dissolução de pró-coagulantes. 2) Fagocitose dos fatores pró-coagulantes. 3) Mecanismos anticoagulantes naturais. ➢ ANTICOAGULANTES: ○ Antitrombina: inibidora de proteases, inibe a trombina e os fatores Xa, IXa, XIIa e XIa. ○ Complexo das proteínas S e C: é um complexo formado por trombomodulina, trombina (protease) e proteína S (substrato). A proteína S, ativada pela trombina, ativa a proteína C, a qual tem ação proteolítica sobre os fatores Va e VIIIa. ○ Fator inibidor do fator tecidual (TFPI): fica na superfície endotelial e inibe o fator Xa e o complexo FT/VIIa. ○ Prostaciclina (PGI2) e NO são potentes anti-agregadores plaquetários, inibindo a ação de plaquetas na progressão da coagulação. Sistema fibrinolítico ● Função: faz a digestão da fibrina pela plasmina, dissolvendo e clivando os coágulos em fibrinopeptídeos (que aumentam a permeabilidade vascular e são quimiotáticos para leucócitos), o que evita a ocorrência de trombose. Além disso, o sistema fibrinolítico remodela a matriz extracelular, crescimento e disseminação tumoral, cicatrização e infecção. ● ATIVADORES NATURAIS DO PLASMINOGÊNIO: ➢ tPA(ativador do plasminogênio tecidual): produzido no endotélio. Na circulação, o tPA associa-se ao inibidor natural (PAI, plasminogen activator inhibitor), sendo o complexo endocitado no fígado. ➢ uPA (urokinase plasminogen activator): sintetizado em muitas células e presente em grande quantidade na urina, é o principal responsável pela fibrinólise extravascular. ● É CONTROLADO POR: ➢ PAI-1 (inibidor do ativador de plasminogênio): é sintetizado no endotélio e plaquetas e o PAI-2, em leucócitos e placenta. ➢ TAFI (fator tecidual inibidor do fibrinolítico??): dificulta a associação do plasminogênio ao seu ativador, protegendo a fibrina da ação rápida da plasmina. Sistema gerador de cininas ● Está intimamente ligado ao processo de coagulação. ● Fator Hageman ativado (XIIa) ativa a pré-calicreína em calicreína. ● Calicreína transforma cininogênio em bradicinina. ➢ A bradicinina tem função de vasodilatação e aumento da permeabilidade vascular, além de ser mediadora da dor e induzir a síntese de prostaglandinas. Ou seja, é um potente mediador pró-inflamatório. ● A calicreína ainda ativa o fator Hageman, havendo retroalimentação e amplificação do sistema. ● Inibidores das cininas: α2-macroglobulina e a α1-antitripsina