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TEMA 2 - CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA 
SINDICAL BRASILEIRO
Prof. José Roberto Sodero
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Sindicalismo no Brasil 
O sindicalismo no Brasil se deu de forma mais lenta se comparado aos países da 
Europa. Fazendo uma busca pela origem nacional do movimento sindical, pode-se 
dizer que há diversos elementos históricos que indicam que tenha ocorrido antes da 
Independência, como as confrarias, que possuíam uma estrutura semelhante às 
corporações, tinham natureza administrativa e fins religiosos. 
Existiram diversas confrarias, especialmente na Bahia, que era centro da atividade 
comercial portuguesa no Brasil até a transferência para a capital no Rio de Janeiro, 
no século XIX. Na época, havia o propósito daqueles que exerciam a mesma 
profissão de se unirem, havendo uma possível afinidade com o propósito moderno 
do sindicato. 
A Constituição Imperial de 1824, no artigo 179, inciso XXV, declarou abolidas as 
corporações de ofícios, seus juízes e mestres e proclamou a liberdade do trabalho no 
artigo 179, inciso XXIV, que se destinaria a reinar sobre a enorme massa de servos.
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No Império, não havia um ambiente estimulador para o sindicalismo, as bases 
econômicas e de relações laborais mantiveram sua configuração inicial durante 
praticamente todo o regime imperial, mas no Rio de Janeiro, em 1870, foi 
fundada a Liga Operária e em 1880 a União Operária, que eram entidades 
criadas com o propósito de defender trabalhadores.
O ingresso na era republicana possuía elementos necessários a formação de um 
Direito do Trabalho e dentro dele o Direito Coletivo, por isso, pode-se dizer que 
o final do Império e início da República, foi um período de evolução para esse 
ramo do Direito. 
No início do século XX, o País estava assolado pelas idéias sindicalistas e foram 
criadas diversas associações de classes, mas ressalta-se que ainda não havia o 
caráter sindical: União dos Operários Estivadores (1903), a Sociedade União dos 
Foguistas (1903), a Associação de Resistência dos Cocheiros, Carroceiros e 
Classes Anexas (1906), União dos Operários em Fábrica de Tecidos (1917), até a 
fundação das duas primeiras confederações operárias: a Confederação Geral 
dos Trabalhadores (1920), inspirada na idéia dos imigrantes europeus e com 
tendência marxista e a Confederação Nacional do Trabalho, opondo a primeira 
confederação. 
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Nesse período embrionário do movimento sindical no Brasil, havia a liberdade 
dessas associações, pois elas podiam ser criadas sem qualquer restrição. E, 
ainda no início do século XX, regulou-se o sindicalismo nacional: o Decreto 979, 
de 1903, permitiu a sindicalização dos trabalhadores rurais. 
O Decreto 1637, de 1907, permitiu a formação de sindicatos a todos os 
trabalhadores, incluindo os urbanos, e, então, diversos sindicatos surgiram, 
todos com pouca expressão de poder, que se reuniram no primeiro congresso 
nacional do movimento operário brasileiro ocorrido no ano de 1912 e lançaram 
a idéia (frustrada) de fundar a Confederação do Trabalho.
A permissão do surgimento dos sindicatos através da legislação estimulou o 
sindicalismo, mas junto a esse movimento devem ser considerados mais dois 
fatos essenciais para o impulsionamento sindical: a) corrente migratória de mão 
de obra, especialmente italianos e alemães, que chegavam embebidos do 
triunfo do sindicalismo e “contaminavam” com suas experiências por onde 
passavam; b) criação e influências da OIT, quem tem no sindicalismo um de seus 
objetos de atenção. 
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Em 1930, nasce um movimento político vitorioso, a denominada República Nova, que 
pretendia inovar mantendo o sistema republicano, mas sem o arcaísmo de costumes. 
Assim, Getúlio Vargas assume a responsabilidade de conduzir o País para novos trilhos, 
no que diz respeito às relações de trabalho.
Em 1931, foi promulgado o Decreto 19.770, considerada a primeira lei sindical 
brasileira, unificando o sindicalismo rural do urbano. Essa nova fase era vista com 
entusiasmo, foram expedidas diversas cartas a sindicatos de trabalhadores e de 
empresários. 
Diversos atos legislativos referentes à organização dos sindicatos foram surgindo, e a 
Constituição Federal de 1934, no seu artigo 120, decretou a necessidade de o legislador 
ordinário adotar o princípio da pluralidade. A Constituição Federal de 1937, 
substituindo a de 1934, consagrou o princípio de unicidade, subordinando o sindicato 
ao Ministério do Trabalho. 
No que se refere à organização sindical, o princípio da unicidade foi mantido pelas 
Constituições Federais que foram sendo promulgadas ao longo da história. Assim, o 
Decreto de 19.770/31 como um marco inicial colocou o sindicato a serviço do Estado, 
em um regime de unicidade, que a Constituição de 34 tentou anular, mas que a Carta 
de 37 retomou, permanecendo incólume até na Magna Carta de 1988, no seu artigo 8º.
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A Constituição de 1946 tratou do sindicalismo no seu artigo 159, mas não houve 
modificação da legislação vigente, que previa a unicidade contratual. Além 
disso, foi a primeira Constituição a reconhecer o direito de greve.
O movimento sindical ficou silenciado perante o regime ditatorial, mais 
especificamente até 1979, quando as primeiras greves do ABC Paulista 
aconteceram, pleiteando melhorias de salários e condições de trabalho, assim, 
reavivou-se o sindicalismo brasileiro. 
A partir de então, surgiram as Centrais Sindicais, gerando força para os 
movimentos sociais. O professor Russomano destaca em sua obra que “O 
fenômeno mais importante na vida sindical do nosso país, entretanto, não 
nasceu das leis e da Constituição: nasceu dos fatos”. Ele se refere ao nascimento 
das centrais sindicais (CUT, CGT e a Força Sindical), que seriam a prova de que 
continua válida a expressão de que os fatos se rebelam contra as normas 
jurídicas, já que não havia margem jurídica para constituição destas centrais. 
Então, as centrais passam a atuar em âmbito nacional com verdadeiro espírito 
do sindicalismo, com o que havia de mais representativo do movimento 
operário. 
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Destaca-se que a aplicação do princípio da unicidade às centrais sindicais se 
torna de difícil execução, tendo em vista que possuem base territorial em todo 
o País, além de se agruparem e de representarem categorias profissionais 
idênticas. Assim, as centrais continuam a existir e são tratadas como entidades 
sindicais nas negociações com os empregadores e com o próprio governo, 
inclusive em reuniões internacionais.
A Constituição Federal de 1988 apresenta algumas novidades, os direitos dos 
trabalhadores, arrolados no artigo 7º passou a fazer parte do Título dos Direitos 
e Garantias Fundamentais e o sindicalismo obteve mais regras constitucionais 
previstas no artigo 8º.
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Liberdade sindical no Brasil
A autonomia dos Sindicatos perante o Estado, conforme já dito, sempre sofreu 
restrições no Brasil.
A Constituição de 1988 eliminou o controle político administrativo do Estado 
sobre os sindicatos quer quanto à sua criação, quer quanto a sua gestão e 
alargou as prerrogativas de atuação dos sindicatos.
Porém manteve: 
�unicidade sindical; 
�representação por categoria profissional/econômica; 
�financiamento genérico e compulsório de toda a sua estrutura; 
�poder normativo dos tribunais trabalhistas; 
�representação classista na justiça do trabalho.
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Unicidade sindical
Pluralidade sindical – quando é permitido e efetivamente existe mais de um sindicato 
de determinada profissão. Na França funciona a pluralidade.
Unidade sindical – quando a lei permite a criação de mais de um sindicato por base por 
profissão, mas efetivamente só existe um.
Na unidade não há contrariedade ao princípio da liberdade sindical, já que são os 
interessados que voluntariamente decidem pela sua adoção.Alemanha e Suécia são 
exemplos onde o sistema é o da unidade.
A Organização Internacional do Trabalho não tomou partido, seja da unidade, seja da 
pluralidade sindical. 
No Brasil vigora a unicidade sindical.
Unicidade sindical – quando a lei obriga a existência de somente um sindicato de 
determinada profissão.
Predomina o intervencionismo estatal, onde os sindicatos são constituídos conforme 
regras estabelecidas pelo poder público, negando o princípio da liberdade de 
organizarem-se.
Ou seja, Sindicato obrigatoriamente único por categoria profissional ou diferenciada 
em se tratando de trabalhadores e por categoria econômica, em se tratando de 
empregadores. A base territorial mínima dos sindicatos é o município. Base territorial é 
a abrangência de representatividade dos trabalhadores ou empregadores.
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A personalidade sindical depende de registro junto ao Ministério do Trabalho. Esse 
registro visa conferir se não existe outro Sindicato representativo da mesma categoria 
em certo espaço territorial (base territorial).
Entende-se que a exigência do registro por si só não fere a liberdade sindical.
 
Representação por categoria profissional/econômica
Representação e filiação são distintas.
Pertencer à determinada categoria profissional ou econômica independe da vontade. 
A representação legal da categoria pelo Sindicato é automática e incondicional. A 
filiação é opcional e espontânea.
Empregador faz parte da categoria econômica de sua atividade preponderante, em 
determinada área territorial.
Empregado faz parte da categoria profissional correspondente à categoria econômica 
de seu empregador.
Empregado pode exercer profissão diferenciada (§3º, art. 511). Nesta hipótese, 
independente da atividade desenvolvida pelo empregador, pertencerá o empregado, 
sempre, à sua própria categoria. Quanto à aplicação das normas coletivas, dependerá 
de o empregador ter participado da negociação coletiva.
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Contribuição sindical obrigatória
Anteriormente conhecida como imposto sindical estava prevista no art. 579 da 
CLT que não mais está em vigor com a mesma redação originária. Era 
compulsória, devida independentemente de filiação, manifestação de vontade 
ou concordância do trabalhador ou empregador. Era devida pelo simples fato de 
fazer parte de uma determinada categoria profissional ou econômica.
Com a reforma trabalhista de 2017 (Lei nº 13.467), a redação do art. 579 ficou 
assim:
Art. 579. O desconto da contribuição sindical está condicionado à autorização 
prévia e expressa dos que participarem de uma determinada categoria 
econômica ou profissional, ou de uma profissão liberal, em favor do sindicato 
representativo da mesma categoria ou profissão ou, inexistindo este, na 
conformidade do disposto no art. 591 desta Consolidação.
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Competência normativa da Justiça do Trabalho
Possibilidade dos Tribunais Trabalhistas criarem normas para determinada categoria, 
através do julgamento dos dissídios coletivos (sentenças normativas).
Existente somente no Brasil é criticada pela doutrina internacional e atualmente pela 
nacional.
Argumentos utilizados: 
Solução do regime fascista que inibe greve e não condiz com a moderna doutrina 
neoliberal de autocomposição das disputas coletivas.
Desestimula o desenvolvimento de um sindicato autêntico, porque atribui ao Estado a 
solução dos conflitos que poderia ser realizado somente pelas partes ou com a 
intervenção de mediadores e árbitros.
 
Representação classista na Justiça do Trabalho
Foi eliminada com a Emenda Constitucional nº 24/99.
Também era vista como resquício do velho sistema corporativista, pois mantinha a 
representação corporativa no seio do Estado.
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Estrutura sindical brasileira
A estrutura sindical brasileira está estabelecida no art. 8º IV da CF e art. 511 e 
seguintes da CLT. É chamado sistema confederativo. Não é um sistema 
hierarquizado, mas de coordenação.
Os artigos 534 e 535 da CLT definem, respectivamente, as Federações e as 
Confederações. O artigo 511 da CLT define os Sindicatos.
As Centrais Sindicais não integram o sistema confederativo e foram 
regulamentadas e definidas pela Lei n° 11.648/2008.
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Enquadramento sindical
Como dito anteriormente, no Brasil há o enquadramento sindical por categorias 
distintas e paralelas. A determinada categoria econômica corresponde determinada 
categoria profissional.
Luciano Martinez, em sua obra “Curso de Direito do Trabalho: relações individuais, 
coletivas e sindicais do trabalho” cita Ronaldo Mancuso, que esclarece que sob o ponto 
de vista sociológico e político “Categoria é o conjunto de pessoas que gozam, pela 
condição comum em que se encontram, da mesma posição com relação aos direitos e 
deveres políticos”. São integrantes da mesma categoria, por exemplo, industriários, 
metalúrgicos, químicos, professores, comerciários e bancários no segmento dos 
trabalhadores e os donos da indústria, os comerciantes e os banqueiros, no segmento 
dos empregadores.
É importante frisar que o enquadramento dos Sindicatos gira, portanto, em torno do 
princípio que em função da categoria econômica se cria a categoria profissional.
Se a empresa possui mais de uma atividade econômica seu enquadramento se dá pela 
atividade predominante.
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Base territorial
Base territorial, como já dito, é a extensão do território brasileiro sobre a qual o 
sindicato exerce o poder de representação. A base territorial mínima dos sindicatos é o 
município.
 
Sindicatos
 Definido no art. 511 da CLT, os sindicatos são pessoas jurídicas de direito privado. 
Associações formadas pelos sujeitos das relações de trabalho (empregados ou 
empregadores) para o estudo, a defesa e a coordenação de interesses econômicos e 
profissionais daqueles que exerçam a mesma atividade ou profissão.
Formam-se a partir da inscrição dos seus atos constitutivos no Cartório de Registro Civil 
e, posteriormente, no Ministério do Trabalho e Emprego, para fins de controle da 
unicidade sindical.
Possuem três órgãos, a Diretoria, o Conselho fiscal e a Assembléia Geral.
A administração dos sindicatos é exercida pela Diretoria e o Conselho Fiscal, cujos 
membros são eleitos pela Assembléia Geral.
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A Assembléia Geral é órgão deliberativo. Responsável pela criação da própria entidade 
sindical e que delibera sobre as mais importantes matérias do sindicato. Elege a 
Diretoria e o Conselho Fiscal. A Assembléia Geral submete-se, é claro, às previsões do 
estatuto.
Os sindicatos têm diversas funções, como veremos a seguir.
Função de representação - É a mais importante, pois por conta dela, falam em nome 
da categoria, com o propósito de defender e coordenar seus interesses. Em dois 
campos de atuação, o extrajudicial e o judicial.
Atuam extrajudicialmente perante autoridades administrativas. E judicialmente através 
da representação e substituição processual,
 Função negocial – É a segunda mais relevante função sindical. Visa a produção de 
direitos suplementares, mais vantajosos, aos previstos em lei. Podem por isso, celebrar 
acordos e convenções coletivas.
Função econômica – É vedada atividade econômica, segundo o art. 564 CLT.
Função política – A CLT vedava atividade política, como se verifica do art. 521, porém 
entende-se que quando atua politicamente está representando os interesses da 
categoria e também de que a política faz parte da vida social. A própria 
institucionalização das centrais sindicais evidenciou o papel políticos das entidades 
sindicais.
Função assistencial – Diversas previsões na legislação.
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• Estabilidade do Dirigente Sindical
• A proteção dos representantes dos trabalhadores contra condutas antissindicais é 
incentivada pela Organização Internacional do Trabalho, tendo como instrumentos 
principais sua Convenção 135 e sua Recomendação143, sobre proteção e facilidades 
a serem dispensadas aos representantes de trabalhadores na empresa. 
• A Constituição Brasileira de 1988, em um contexto em que – segundo em geral se 
entende – não há efetiva proteção contra a dispensa arbitrária (sem justa causa), 
prevê uma proteção específica para o dirigente sindical, consistente na estabilidade 
provisória no emprego, conforme disposto no inc. VIII do art. 8.º:
• Art. 8º (…)
• VIII – é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da 
candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que 
suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos 
termos da lei.
• Para identificar o termo inicial do período da estabilidade, a jurisprudência brasileira 
utilizava a regra insculpida no § 5º do art. 543 da CLT, segundo a qual a entidade 
sindical deveria realizar uma comunicação por escrito à empresa, no prazo de 24 
(vinte e quatro) horas a partir do registro da candidatura ou da eleição do 
trabalhador.
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• Nesse sentido era a antiga redação do item I da Súmula 369 do TST, decorrente da conversão 
da antiga OJ 34 da Seção de Dissídios Individuais I – SDI-I – daquele Tribunal, que estabelecia 
como indispensável a comunicação ao empregador nos termos estabelecidos pelo dispositivo 
celetista.
• Com aquele entendimento, o TST havia decidido que a constitucionalização do direito à 
estabilidade “não tornava a regra formal uma solenidade ad probationem tantum, 
constituindo-se em solenidade ad substantiam”, ou seja, mesmo se provada a ciência 
inequívoca da empresa por outros meios, o trabalhador não haveria adquirido a estabilidade, 
pela não observância das formalidades exigidas pela Consolidação das Leis do Trabalho.
• A partir de alteração da jurisprudência consolidada do TST, em setembro de 2012, foi afastada 
a exigência do cumprimento da formalidade fixada no art. 543, § 5º, da CLT, desde que a 
comunicação do registro da candidatura ou da eleição seja levada ao empregador, por 
qualquer meio, no curso do contrato de trabalho, conforme nova redação dada ao item I da 
Súmula 369:
• Súmula 369 do TST – Dirigente sindical. Estabilidade provisória (redação do item I alterada na 
sessão do Tribunal Pleno realizada em 14.09.2012) – Res. 185/2012 – DEJT divulgado em 25, 
26 e 27.09.2012.
• I – É assegurada a estabilidade provisória ao empregado dirigente sindical, ainda que a 
comunicação do registro da candidatura ou da eleição e da posse seja realizada fora do prazo 
previsto no art. 543, § 5.º, da CLT, desde que a ciência ao empregador, por qualquer meio, 
ocorra na vigência do contrato de trabalho.
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• A nova redação do item I da Súmula em comento corresponde a importante 
avanço jurisprudencial, já que o direito do dirigente sindical à proteção contra 
a despedida imotivada, reconhecido constitucionalmente, não poderia ficar 
condicionado a mera formalidade, se os fins de comunicação ao empregador 
já tivessem sido inequivocamente atingidos por outros meios.
• Esta corrente interpretativa já era há muito defendida por parte importante da 
doutrina trabalhista. Conforme lições de Luiz Otávio Linhares Renault e Márcio 
Túlio Viana, independentemente de qualquer prazo ou comunicação, o que 
importa para que o empregado adquira a estabilidade é o fato, em si, da 
candidatura ou da eleição, já que a Constituição de 1988 não restringe o 
direito, não cabendo ao legislador ordinário fazê-lo.
• Outro aspecto a ser analisado é relativo ao número de representantes 
sindicais abarcados pela estabilidade sindical constitucionalmente prevista. 
Nos termos do art. 8º, VIII, a dispensa imotivada é vedada em relação a 
qualquer empregado sindicalizado candidato a cargo de direção ou 
representação sindical. No entanto, este dispositivo constitucional vem sendo 
lido em conjunto com o art. 522 da CLT, que estabelece um número máximo 
de sete dirigentes para exercerem a administração do sindicato.
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•O STF foi chamado a se pronunciar, em sede de recurso extraordinário, 
acerca da validade do art. 522 da CLT, a partir da nova ordem 
constitucional de 1988. Entretanto, em nítida interpretação 
retrospectiva, sua 2.ª Turma considerou o dispositivo celetista 
recepcionado pela Constituição de 1988, conforme a seguinte ementa 
do acórdão:
• “Ementa: Constitucional. Trabalho. Sindicato: Dirigentes: CLT, art. 522: 
Recepção pela CF/1988, art. 8.º, I. I – O art. 522 da CLT, que estabelece 
número de dirigentes sindicais, foi recebido pela CF/1988, art. 8.º, I. II – 
Recurso extraordinário, conhecido e provido”. (STF, RE 193.345, 2.ª T., 
rel. Min. Carlos Velloso, Data da publicação 28.05.1999) 
•Naquele julgamento, o Ministro relator Carlos Velloso afirmou em seu 
voto que “a liberdade sindical se dá nos limites da lei”, e que sem a 
limitação do art. 522 da CLT, o sindicato ampliaria de forma abusiva o 
número de membros de sua diretoria para assegurar-lhes estabilidade, 
criando direitos em detrimento da outra parte da relação de trabalho. 
Em outras ocasiões, o STF decidiu da mesma forma, citando como 
precedente o mencionado acórdão. 
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• Sob influência das decisões proferidas pelo STF, apesar de não possuírem efeito 
vinculante, a mesma interpretação restritiva do direito à estabilidade sindical se 
perpetua nos julgamentos do TST, resultando no inc. II da referida Súmula 369:
• Súmula 369 do TST – Dirigente sindical. Estabilidade provisória (nova redação dada ao 
item II) – Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011. (…)
• II – O art. 522 da CLT foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988. Fica 
limitada, assim, a estabilidade a que alude o art. 543, § 3.º, da CLT a sete dirigentes 
sindicais e igual número de suplentes.
• É importante frisar que, antes da alteração da redação do item II pela Res. 174/2011, 
a jurisprudência majoritária entendia que a estabilidade sindical não era estendida 
aos suplentes dos dirigentes sindicais, em uma interpretação ainda mais limitativa do 
direito dos representantes dos trabalhadores à proteção contra a despedida 
imotivada, assegurado constitucionalmente. Sendo assim, reconhece-se certo avanço 
jurisprudencial no reconhecimento expresso da estabilidade aos suplentes, o que na 
prática elevou o número de sindicalistas estáveis para quatorze.
• Entretanto, este posicionamento adotado pelo STF e pelo TST tem merecido severas 
críticas, já que, sob a égide da ordem constitucional brasileira, considerar válido o art. 
522 da CLT importa em restrição arbitrária aos direitos de livre organização sindical e 
autonomia sindical, além de tornar praticamente ineficaz a estabilidade sindical em 
categorias de maior vulto.
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• Assim, na prática, cria-se uma situação de desigualdade entre 
trabalhadores que exercem exatamente as mesmas funções de 
representação sindical, já que apenas sete dos diretores seriam 
protegidos pela estabilidade provisória.
• Poder-se-ia argumentar que a discussão é irrelevante, pois o interesse 
protegido é do sindicato, e não dos trabalhadores em si considerados. 
Ocorre que, em sindicatos cujo número de trabalhadores representados 
é bastante elevado, a proteção de apenas sete dirigentes se reflete nos 
direitos de auto-organização e autonomia sindical.
•Na verdade, a previsão do art. 522 da CLT pode, sim, ser considerada 
forma de interferência do Estado, através de seu Poder Legislativo, na 
autonomia sindical, já que pelos princípios de liberdade sindical, caberia 
apenas ao próprio sindicato definir a composição de seus quadros 
diretivos.
• As decisões que reconhecem a validade do artigo celetista baseiam-se 
na presunção de que os sindicatos atuariam de forma abusiva, 
ampliando o número de dirigentes para estender a trabalhadores que 
não exerçam funções diretivas a estabilidade sindical. 
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www.legale.com.br• Pode-se argumentar, ainda, que o verdadeiro abuso é a falta de 
estabilidade no emprego para todos os trabalhadores, em franca 
violação à previsão do art. 7º, I, da CF/1988.
•No mais, a expressão “cargo de direção ou representação sindical” 
também é interpretada de forma restritiva no tocante à espécie de 
representante sindical protegido. Se o trabalhador eleito dirigente 
sindical for pertencente a categoria diferenciada, o item III da Súmula 
369 do TST (decorrente da conversão da OJ 145 da SDI-I) estabelece que 
ele só goza da estabilidade se exercer na empresa atividade pertinente à 
categoria para a qual foi eleito dirigente.
• Ainda no tocante ao aspecto temporal 
da estabilidade dos dirigentes sindicais, o item IV da Súmula 369 do TST 
estabelece nova condição à estabilidade sindical, reputando-a 
inexistente nos casos de extinção da atividade empresarial:
• Súmula 369 do TST – Dirigente sindical. Estabilidade provisória. (…)
• IV – Havendo extinção da atividade empresarial no âmbito da base 
territorial do sindicato, não há razão para subsistir a estabilidade (ex-OJ 
86 da SBDI-1 – inserida em 28.04.1997).
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•No caso da extinção do estabelecimento, o item IV da Súmula 369 
(decorrente de conversão da OJ 116 da SDI-I), ao declarar inexistir razão 
para subsistir a estabilidade, possibilitou três posicionamentos acerca do 
valor da indenização a ser paga ao dirigente sindical envolvido em 
situação semelhante: (a) indenização consistente no pagamento das 
verbas devidas por todo o período da estabilidade; (b) indenização 
apenas até o fim do mandato; (c) inexistência de indenização ao 
dirigente, ante a insubsistência da estabilidade, sendo devidas apenas as 
verbas decorrentes da dispensa.
• A situação é complexa, já que, com a extinção da atividade empresarial 
na base territorial do sindicato, torna-se inviável na prática a 
manutenção da relação de trabalho entre o dirigente sindical e a 
empresa. Nesse caso, entende-se aqui, como Maurício Godinho 
Delgado, que a extinção da atividade resulta do poder diretivo 
empresarial e da assunção dos riscos do empreendimento, de forma que 
o empregador deveria responder pela frustração da garantia trabalhista 
em curso, indenizando o dirigente sindical pela interrupção do exercício 
de seu papel social e representativo por todo o período previsto para a 
estabilidade.
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• O item V da Súmula 369 do TST, por sua vez, declara inexistente a estabilidade 
sindical quando o registro da candidatura do trabalhador se dá durante o 
período de aviso prévio:
• Súmula 369 do TST – Dirigente sindical. Estabilidade provisória. (…)
• V – O registro da candidatura do empregado a cargo de dirigente sindical 
durante o período de aviso prévio, ainda que indenizado, não lhe assegura a 
estabilidade, visto que inaplicável a regra do § 3º do art. 543 da CLT” (ex-OJ 35 
da SBDI-1 – inserida em 14.03.1994).
• Esta linha interpretativa também pode ser apontada como exemplo da postura 
restritiva da jurisprudência referente à estabilidade do dirigente sindical. Isto 
porque é cediço que o tempo de aviso prévio se integra ao contrato de 
trabalho para todos os efeitos, como previsto no art. 487, § 1.º, da CLT e 
conforme reconhecido jurisprudencialmente em uma série de situações – 
como as previstas nas Súmulas 73, 94, 182 e 305 do próprio TST. 
• Entretanto, no caso do dirigente sindical, o TST entendeu de forma diversa, 
desconsiderando que o processo de formação de uma chapa sindical é inviável 
em prazo tão exíguo, e que este entendimento fragiliza a atividade sindical.
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• Caso fique comprovado que o empregador já tinha conhecimento, por qualquer meio, destes 
processos preliminares de formação de chapa com o envolvimento daquele trabalhador que 
foi pré-avisado da dispensa, o entendimento do item V da Súmula em comento deve ser 
afastado. Isto porque estaria claramente configurado o abuso de direito por parte deste 
empregador, que se utilizou da concessão do aviso-prévio como forma de afastar a aplicação 
das previsões constitucionais relativas à estabilidade do dirigente sindical.
• Em relação a outros trabalhadores ligados às entidades sindicais, o TST deixou claro seu 
entendimento restritivo em relação à estabilidade sindical, já que não a admite para os 
membros do conselho fiscal dos sindicatos, nem para delegados sindicais, nos termos das OJ 
365 e 369 da SDI-I:
• OJ 365 da SDI-I – TST – Estabilidade provisória. Membro de conselho fiscal de sindicato. 
Inexistência (DJ 20, 21 e 23.05.2008).
• Membro de conselho fiscal de sindicato não tem direito à estabilidade prevista nos arts. 543, § 
3.º, da CLT e 8.º, VIII, da CF/1988, porquanto não representa ou atua na defesa de direitos da 
categoria respectiva, tendo sua competência limitada à fiscalização da gestão financeira do 
sindicato (art. 522, § 2.º, da CLT).
• OJ 369 da SDI-I – TST – Estabilidade provisória. Delegado sindical. Inaplicável (DEJT divulgado 
em 03, 04 e 05.12.2008).
• O delegado sindical não é beneficiário da estabilidade provisória prevista no art. 8.º, VIII, da 
CF/1988, a qual é dirigida, exclusivamente, àqueles que exerçam ou ocupem cargos de direção 
nos sindicatos, submetidos a processo eletivo.
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• Contra tais entendimentos, é possível argumentar que os membros do 
conselho fiscal do sindicato, apesar de não desempenharem funções 
próprias de representação da entidade sindical, fazem parte de sua 
administração e participam efetivamente de atividades sindicais.
•No tocante ao delegado sindical, é importante lembrar que muitos 
delegados são eleitos pelos colegas de sua empresa, e a posição que 
ocupam de facilitadores do contato da diretoria do sindicato com os 
trabalhadores da base é de extrema relevância para o desenvolvimento 
de todas as atividades sindicais de forma abrangente e efetiva. 
Evidentemente, os delegados sindicais são trabalhadores bastante 
suscetíveis a condutas antissindicais, assim como os dirigentes membros 
da administração do sindicato, de forma que deveriam estar protegidos 
contra a despedida imotivada, para possibilitar o livre desenvolvimento 
de suas funções.
•O cancelamento, em 1998, da antiga Súmula 222 do TST, que previa a 
estabilidade sindical para os diretores de associações profissionais, 
também demonstra a tendência restritiva à estabilidade sindical na 
jurisprudência do TST. 
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• Diversamente, seguindo uma linha ampliativa da proteção aos 
representantes dos trabalhadores, o Poder Legislativo brasileiro, além de 
ratificar em 1991 a já mencionada Convenção 135 da OIT, editou, em 
1996, a Lei 9.270, que acrescentou o inc. X ao art. 659 da CLT, 
reforçando a estabilidade sindical prevista constitucionalmente.
• De acordo com o art. 659, X, o magistrado trabalhista é competente para 
determinar, liminarmente, a reintegração do dirigente sindical em 
situações de afastamento, suspensão ou dispensa pelo empregador.
• A previsão de concessão de medida liminar, até decisão final do 
processo, determinando a reintegração do dirigente sindical trata-se de 
hipótese típica de concessão de tutela antecipatória de obrigações de 
fazer e não fazer, em que já é presumida a presença dos requisitos 
autorizadores da tutela de urgência. Ao tratar da previsão do inc. X do 
art. 659 da CLT, o que se tutela não é apenas o indivíduo, mas 
especialmente o grupo.
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• A CLT também reforça a proteção aos representantes dos trabalhadores por 
meio de seu art. 543, caput, que prevê a intransferibilidade de tal dirigente 
para fora da base territorial do seu sindicato.
• Art. 543. O empregado eleito para cargo de administração sindical ou 
representação profissional, inclusive junto a órgão de deliberação coletiva, não 
poderá ser impedido do exercício de suas funções, nem transferido para lugar 
ou mister que lhe dificulte ou torne impossívelo desempenho das suas 
atribuições sindicais. 
• Este dispositivo legal evidencia que a proteção dos representantes dos 
trabalhadores é importante não apenas no caso de dispensa, mas também no 
caso de transferências ou outros atos tendentes a impedi-lo de realizar suas 
atividades sindicais.
• Retomando a análise do inc. VIII do art. 8.º da CF, cumpre tecer alguns 
comentários sobre sua parte final, que possibilita a dispensa do dirigente 
sindical estável “se cometer falta grave nos termos da lei”.
• Isto significa que a estabilidade atribuída não cria um “salvo conduto” ao 
dirigente sindical, que pode ser dispensado naquelas condições, se houver 
praticado um ato que torne inviável a continuidade da relação de emprego, 
consistente na falta grave. 
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• Em nosso País, a “falta grave” é definida pelo art. 493 da CLT como a 
prática de qualquer dos fatos ensejadores de justa causa para a 
resolução contratual, previstos no art. 482 da mesma Consolidação, 
desde que “por sua repetição ou natureza representem séria violação 
dos deveres e obrigações do empregado”.
•O dirigente sindical estável que cometer ato considerado violador de 
seus deveres e suas obrigações como empregado, que por sua 
reiteração ou gravidade possa ensejar a resolução do contrato, deve 
ainda ser submetido a um procedimento judicial – o inquérito para 
apuração de falta grave, previsto no art. 494 da CLT.
•Note-se que esta previsão do inquérito para apuração de falta grave 
consta do capítulo da CLT que trata da antiga estabilidade decenal no 
emprego, que foi substituída pelo regime do Fundo de Garantia por 
Tempo de Serviço (FGTS) – opcional quando da sua instituição em 1966 
e universalizado pela Constituição de 1988, que eliminou o sistema 
estabilitário decenal (excetuadas as situações jurídicas já constituídas).
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• A sistemática adotada para a resolução contratual por culpa do trabalhador detentor 
da estabilidade decenal foi estendida para o caso da estabilidade provisória do 
dirigente sindical, tendo em vista a utilização da expressão “falta grave” no Texto 
Constitucional.
• De acordo com Maurício Godinho Delgado, a “falta grave” corresponde à justa causa 
que tenha de ser apurada formalisticamente, por meio de inquérito judicial, própria 
aos empregados estáveis decenais ou que possuam estabilidades provisórias mais 
acentuadas, como se passa no caso do dirigente sindical.
• Nesse sentido, o STF já deixou clara a necessidade de inquérito judicial para apuração 
da falta grave para a dispensa do dirigente sindical, em sua Súmula 197:
• Súmula 197 do STF. O empregado com representação sindical só pode ser despedido 
mediante inquérito em que se apure falta grave.
• O TST também editou a Súmula 379, decorrente da conversão da OJ 114 da SDI-I, a 
respeito da necessidade do inquérito judicial para apuração da falta grave do 
dirigente sindical:
• Súmula 379 do TST – Dirigente sindical. Despedida. Falta grave. Inquérito judicial. 
Necessidade (conversão da OJ 114 da SBDI-I) – Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005.
• O dirigente sindical somente poderá ser dispensado por falta grave mediante a 
apuração em inquérito judicial, inteligência dos arts. 494 e 543, § 3º, da CLT (ex-OJ 
114 da SBDI-I – inserida em 20.11.1997).
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• Esclarecedor, ainda, o posicionamento do STF em relação ao exercício do direito de 
greve, já que fixou entendimento, em sua Súmula 316, no sentido de que a mera 
adesão ao movimento paredista não pode ser considerada falta grave:
• Súmula 316 do STF. A simples adesão a greve não constitui falta grave.
• Registre-se que por “simples adesão” deve-se considerar a participação pacífica do 
trabalhador em um movimento paredista declarado ilícito, já que apenas os atos 
praticados de forma ostensiva em uma greve abusiva poderiam ser sujeitos à punição. 
No caso da greve lícita, assegurada como direito fundamental pelo art. 9.º da 
CF/1988, é evidente que a participação do trabalhador não poderia sequer ensejar tal 
discussão.
• Durante o curso do inquérito para apuração da falta grave, prevê o art. 494 da CLT a 
possibilidade de suspensão do empregado. Ao apreciar mandados de segurança 
contra esta suspensão, o TST, de acordo com a redação de sua OJ 137 da SDI-2, 
considerou-a “direito líquido e certo do empregador”:
• OJ 137 da SDI-2 – TST – Mandado de segurança. Dirigente sindical. Art. 494 da CLT. 
Aplicável (DJ 04.05.2004).
• Constitui direito líquido e certo do empregador a suspensão do empregado, ainda 
que detentor de estabilidade sindical, até a decisão final do inquérito em que se 
apure a falta grave a ele imputada, na forma do art. 494, caput e parágrafo único, da 
CLT.
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•Ocorre, contudo, que esta suspensão do dirigente sindical de suas 
atividades laborativas já é suficiente para prejudicar o exercício de suas 
funções sindicais, ao impedir o contato com seus colegas de trabalho e a 
organização das reivindicações no próprio local de trabalho. Nos casos 
em que o inquérito judicial ajuizado pelo empregador for improcedente 
– ou seja, em que não for comprovada a prática de falta grave pelo 
dirigente sindical suspenso – o retorno ao serviço após a decisão final 
deste processo pode ser tardio e insuficiente para reparar os danos 
causados à atividade sindical.
• Vale notar, neste ponto, que o art. 494 da CLT está no capítulo referente 
à antiga estabilidade decenal que, como já visto, foi estendido para os 
casos de estabilidade sindical. Ocorre, porém, que em situações em que 
se discute a dispensa de um dirigente sindical, não está em jogo apenas 
o direito individual do trabalhador a manter seu emprego e o direito do 
empregador em dispensar um trabalhador que pratique um ato culposo, 
mas também o direito coletivo da categoria representada por este 
dirigente.
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•Por esse motivo, não deveria ser feita a aplicação direta do art. 494 
da CLT ao caso do dirigente sindical, já que, ao permitir, sem 
maiores discussões, a suspensão deste representante durante o 
curso do inquérito, pode-se causar danos irreparáveis à 
coletividade dos trabalhadores da categoria. A suspensão, neste 
caso, ficaria restrita às hipóteses em que, casuisticamente, ficasse 
demonstrada a necessidade imperiosa do afastamento do acusado 
do cometimento de falta grave.
•De forma diversa, quando a decisão que determina a reintegração 
do representante dos trabalhadores não ocorre durante a 
tramitação de um inquérito judicial para apuração de falta grave 
cometida pelo empregado, mas decorre da antecipação da tutela 
jurisdicional, em processos em que se discute exatamente a 
ilegalidade da conduta empresarial, o TST entende não ser possível 
a concessão da segurança contra ato do magistrado que 
determinou a medida antecipatória.
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• Nesse sentido, as Orientações Jurisprudenciais 65 e 142 da SDI-2 do TST:
• OJ 65 da SDI-2 do TST – Mandado de segurança. Reintegração liminarmente 
concedida. Dirigente sindical (inserida em 20.09.2000).
• Ressalvada a hipótese do art. 494 da CLT, não fere direito líquido e certo a 
determinação liminar de reintegração no emprego de dirigente sindical, em face da 
previsão do inc. X do art. 659 da CLT.
• OJ 142 da SDI-2 do TST – Mandado de segurança. Reintegração liminarmente 
concedida (DJ 04.05.2004).
• Inexiste direito líquido e certo a ser oposto contra ato de juiz que, antecipando a 
tutela jurisdicional, determina a reintegração do empregado até a decisão final do 
processo, quando demonstrada a razoabilidade do direito subjetivo material, como 
nos casos de anistiado pela Lei 8.878/1994, aposentado, integrante de comissão de 
fábrica, dirigente sindical, portador de doença profissional, portador de vírus HIV ou 
detentor de estabilidade provisória prevista em norma coletiva.
• Nos casos em que é reconhecida a invalidade da dispensa ou do afastamentodo 
dirigente sindical, quando a reintegração do dirigente sindical se torne 
desaconselhável ou inviável, o art. 496 da CLT prevê a reparação dos danos através do 
pagamento de uma indenização ao empregado. Jurisprudencialmente fixou-se o 
entendimento de que o pagamento de indenização também deve ocorrer quando a 
decisão que reconhece a ilicitude da dispensa do dirigente sindical se der após o 
término do período estabilitário.
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• Nesse sentido, é a redação da Súmula 396 do TST:
• Súmula 396 do TST – Estabilidade provisória. Pedido de reintegração. 
Concessão do salário relativo ao período de estabilidade já exaurido. 
Inexistência de julgamento extra petita (conversão das Orientações 
Jurisprudenciais 106 e 116 da SBDI-I) – Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005.
• I – Exaurido o período de estabilidade, são devidos ao empregado apenas os 
salários do período compreendido entre a data da despedida e o final do 
período de estabilidade, não lhe sendo assegurada a reintegração no emprego 
(ex-OJ 116 da SBDI-I – inserida em 01.10.1997).
• II – Não há nulidade por julgamento extra petita da decisão que deferir salário 
quando o pedido for de reintegração, dados os termos do art. 496 da CLT 
(ex-OJ 106 da SBDI-I – inserida em 20.11.1997).
• Esta Súmula serviu, ainda, para pacificar a questão referente à concessão de 
indenização quando o pedido formulado for apenas de reintegração, 
esclarecendo que quando o magistrado, de ofício, deixa de determinar a 
reintegração por constatar o exaurimento do período da estabilidade ou 
considerar desaconselhável a medida, nos termos do art. 496, mas condena a 
reclamada ao pagamento de indenização ao dirigente sindical, não há que se 
falar em nulidade por julgamento extra petita: seria o caso de um pedido 
“implícito”, porque decorrente da própria lei.
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• Entende-se que esta interpretação que privilegia a conversão da tutela 
específica (reintegração do dirigente sindical) em tutela ressarcitória 
(pagamento de indenização) não atende adequadamente à tutela da 
liberdade sindical, já que monetariza a proteção prevista para os 
dirigentes sindicais. 
• Assim, nos casos de dispensa caracterizada como conduta antissindical, 
deve-se restituir ao empregado vítima deste ato o direito aos efeitos 
integrais da relação de emprego, especialmente a possibilidade de 
continuar atuando em prol dos interesses de sua categoria. 
•O mesmo raciocínio é aplicado pelo próprio TST em casos em que 
determina a reintegração de trabalhadores não detentores de 
estabilidade, mas que foram ilicitamente dispensados – como no caso 
de trabalhadores discriminados por serem portadores do vírus HIV, por 
exemplo. Nestes casos, ao se reconhecer a nulidade da dispensa, a 
solução é a reintegração ao emprego, resultado este que representa o 
repúdio à conduta ilícita empresarial, ao mesmo tempo em que realça 
os princípios da valorização social do trabalho e da dignidade do 
trabalhador.
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• Federações
• As Federações são consideradas entidades sindicais de segundo grau.
• A base territorial equivale ao do estado federado.
• É a associação de cinco ou mais sindicatos que tem como atividade 
maior coordenar as atividades dos sindicatos a ela filiados.
• As Federações além de coordenar as atividades os sindicatos associados 
têm como atribuição celebrar acordos e negociações coletivas quando 
inexistir sindicato em determinada base territorial.
• Confederações
• Também são consideradas entidades sindicais de segundo grau.
• São associações de âmbito nacional de no mínimo três federações 
tendo como objetivo organizá-las. Têm sede em Brasília.
•Outro importante papel destas entidades é opinar sobre o registro de 
sindicatos e federações.
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•Centrais sindicais
• São entidades associativas compostas por organizações sindicais de 
trabalhadores e têm o objetivo de coordenar a representação 
operária e participar de negociações em fóruns e colegiados nos 
quais estejam em discussão interesses dos trabalhadores.
•Exercem importante papel na sociedade, buscando melhores 
condições de trabalho. Existem diversas centrais sindicais, de 
âmbito nacional abrangendo várias categorias e profissões. Embora 
existam de fato desde o início dos anos 80, a efetiva 
regulamentação das centrais sindicais ocorreu tão somente em 
2008, através da Lei 11.648. 
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• Receitas dos sindicatos
• Contribuição sindical
• Era chamado imposto sindical. Era compulsória para todos que pertencem à categoria, tem natureza 
tributária. Agora, com a nova redação do art. 579 da CLT é facultativa.
• Prevista no art. 578/610 da CLT e confirmada pela parte final do art. 8º, IV da Constituição Federal.
• Das importâncias da arrecadação da contribuição sindical serão feitos os seguintes créditos pela Caixa 
Econômica Federal:
• I - para os empregadores
• 5% para a confederação
• 15% para a federação
• 60% para o sindicato
• 20% para a “conta especial emprego e salário”
• II - para os empregados
• 5% para a confederação
• 10% para a central sindical
• 15% para a federação
• 60% para o sindicato
• 10% para a “conta especial emprego e salário”
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• Contribuição confederativa
• Prevista no art. 8º, IV da Constituição Federal. É fixada em assembléia geral, destinada a 
custear o sistema confederativo. Em se tratando de categoria profissional deve ser descontada 
em folha de pagamento. Não pode ser exigida de não associado.
• Súmula 666 STF - A CONTRIBUIÇÃO CONFEDERATIVA DE QUE TRATA O ART. 8º, IV, DA 
CONSTITUIÇÃO, SÓ É EXIGÍVEL DOS FILIADOS AO SINDICATO RESPECTIVO.
• Orientação jurisprudencial 17 da SDC do TST - CONTRIBUIÇÕES PARA ENTIDADES SINDICAIS. 
IN-CONSTITUCIONALIDADE DE SUA EXTENSÃO A NÃO ASSOCIA-DOS (INSERIDA EM 
25.05.1998)
• As cláusulas coletivas que estabeleçam contribuição em favor de entidade sindical, a qualquer 
título, obrigando trabalhadores não sindicalizados, são ofensivas ao direito de livre associação 
e sindicalização, constitucionalmente assegurado, e, portanto, nulas, sendo passíveis de 
devolução, por via própria, os respectivos valores eventualmente descontados.
• Precedente normativo 119 da SDC do TST - CONTRIBUIÇÕES SINDICAIS - INOBSERVÂNCIA DE 
PRECEITOS CONSTITUCIONAIS – (nova redação dada pela SDC em sessão de 02.06.1998 - 
homologação Res. 82/1998, DJ 20.08.1998) A Constituição da República, em seus arts. 5º, XX e 
8º, V, assegura o direito de livre associação e sindicalização. É ofensiva a essa modalidade de 
liberdade cláusula constante de acordo, convenção coletiva ou sentença normativa 
estabelecendo contribuição em favor de entidade sindical a título de taxa para custeio do 
sistema confederativo, assistencial, revigoramento ou fortalecimento sindical e outras da 
mesma espécie, obrigando trabalhadores não sindicalizados. Sendo nulas as estipulações que 
inobservem tal restrição, tornam-se passíveis de devolução os valores irregularmente 
descontados.
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• Contribuição ou taxa assistencial
•Tem previsão legal no art. 513 “e” da CLT. Não pode ser exigida de 
não associado.
•É prevista em sentenças normativas, acordos e convenções 
coletivas. Tem como finalidade custear as atividades assistenciais 
do sindicato e compensar os custos das negociações coletivas.
• Mensalidade
•A previsão legal está no art. 548 “b” da CLT. Será instituída pelos 
estatutos do sindicato e indiscutivelmente será devida apenas 
pelos filiados.
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Referências bibliográficas
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Martins, Sergio Pinto. Direito do Trabalho- 24ª Ed. - São Paulo : Atlas, 2008.
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Nascimento, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho : história e teoria geral do direito do trabalho : relações individuais e 
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Nascimento, Amauri Mascaro. Compêndio de Direito Sindical – 6ª Ed.- São Paulo : LTr, 2009.
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