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RENASCIMENTO: ESTRUTURA DA PRODUÇÃO LITERÁRIA Fonte: apostila “capítulo 2 - o renascimento: como se estrutura a produção literária portuguesa renascentista?” Literatura e as grandes navegações (p. 3) · As grandes navegações (também chamadas de Era dos Descobrimentos) ocorreram entre o século XV e o início do século XVII. · A igreja passou a perder poder e a sociedade a valorizar as conquistas essencialmente dos homens > o teocentrismo perde lugar para o antropocentrismo. · A partir disso, surgiu o pensamento Renascentista, o qual defendia a valorização dos bens materiais e do dinheiro. Devido à expansão marítima, há a chegada de diversos inventos importantes para o desenvolvimento humano e social da época, intensificando a relação com outras culturas e civilizações, proporcionando (p. 4): 1. a ampliação das práticas mercantis, e a posse de terras, a qual deixou de ser considerada o único sinônimo de riqueza > transições bancárias se fortalecem e muitos servos passaram a receber salário em troca de seus serviços. 2. a expansão da literatura e da cultura europeia > século XV marcado pela circulação de livros em diversos países, contribuindo de maneira intensa para a autonomia da literatura. Nessa fase, os avanços tecnológicos também chegaram à engenharia naval, o que fez com que as navegações ampliassem os horizontes europeus > em 1492, Cristóvão Colombo chega às Américas; em 1498, Vasco da Gama encontra as Índias e em 1500, o Brasil é descoberto por Pedro Álvares Cabral. Movimento literário classicista (p. 4) · O Classicismo ganha esse nome porque tinha como objetivo a imitação dos antigos gregos e latinos. · Literatura dessa época consistia no cultivo da poesia, da tentativa de explicar, por meio de razões racionais a origem dos sentimentos humanos > figura humana valorizada e desejo de conhecer a própria natureza. Artistas: Leonardo da Vinci (“Homem Vitruviano”) e Michelangelo (“Criação de Adão”). Obras literárias: “O Príncipe”, Nicolau Maquiavel; “Dom Quixote”, Miguel de Cervantes e “Divina Comédia”, Dante Alighieri. Características das obras 1. anatomia e movimentos humanos representados com perfeição; 2. idealização do amor e culto da natureza; 3. estrutura das poesias em sonetos; 4. figuras de linguagem (antíteses e paradoxos), para interpretar o amor de maneira racional Características do Classicismo · Inspiração em Homero, Virgilio, Ovídio, entre outros artistas. · Estrutura: “doce estilo novo” ou medida nova: versos decassílabos (oposição à medida velha, do Humanismo, que tinham cinco ou sete sílabas) · Linguagem simples, clara, sóbria e sem excessos de figuras de linguagem, pois não emprega sentimentalismo, é através da razão e daquilo que é fornecido pela natureza, que as verdades universais são expressas. · Idealização do homem ideal, capaz de se desprender de necessidades diárias e comuns ao cotidiano. · Personagens principais como seres superiores, considerados semideuses, sem humanidades. Exemplo: Vasco da Gama, de “Os Lusíadas”, é dotado de virtudes extraordinárias, sendo incapaz de errar e, por isso, é venerado até pelos próprios deuses. Principais autores renascentistas · Francisco Sá de Miranda (1481-1558): responsável por inaugurar em Portugal as ideias renascentistas, ligação entre medievalismo e humanismo, não é considerado o nome de maior destaque do Classicismo. · António Ferreira (1528-1569): obra teatral “A Castro”, cujo enredo retrata o drama de Inês de Castro. Seus textos defendiam a liberdade de expressão dos poetas e a utilização da língua nacional. Cogita-se que depois de Camões, tenha sido ele o melhor dos poetas portugueses do Renascimento. · Diogo Bernardes (1530-1605): grande sonetista, se inspirava na poesia de Camões, visão da natureza carregada do imaginário, por meio de personagens como: ninfas, florestas, plantas e animais como aves, os quais viviam em um cenário de contraste com a voz lírica. · Bernardim Ribeiro (1482-1552): conhecido no Cancioneiro Geral¹; principal produção literária foi a novela “Menina e moça”. Vida pessoal considerada triste e tumultuada, frequentou a Universidade de Lisboa e lá conheceu Sá de Miranda, seu grande amigo. · Pêro de Andrade Caminha (1520-1589): sonetista que fazia uso do poema lírico-amoroso como meio para refletir sobre a condição do amante dividido entre a incompatibilidade dos sentimentos de sentir e pensar, sentir e se expressar. · Frei Agostinho da Cruz: seguia o estilo renascentista, mas devido à sua condição religiosa e seu isolamento em convento da Arrábida, sua poesia apresentava uma experiência conflituosa, pois se inclinava a uma tendência maneirista. Luís de Camões: poesia lírica e épica (p. 7) · Acredita-se que a vida de Camões traz muitas incertezas, pois não se sabe ao certo quando ele nasceu, tão pouco qual é a sua cidade natal. · Existem pressupostos teóricos que afirmam que o escritor teria vivido um amor impossível por uma moça chamada Catarina, prometida a outro homem, na época. Isso fez com que Camões fosse se exilar em Ceuta. Em sua volta, se envolveu em um desentendimento com Gonçalo Borges, e por isso acabou preso. Como maneira de se redimir, se ofereceu para ir às Índias, como membro da marinha portuguesa, em troca do seu perdão. A obra de Camões (p. 8) · Sua obra completa divide-se em épica, lírica e dramática (p. 7). · “Os Lusíadas”. · Inspirado por Gil Vicente, poeta de renome e considerado um dos grandes escritores portugueses. · Acredita-se que ele tenha sofrido um naufrágio próximo de Goa, na Índia, e segundo o que contam, o autor teria sobrevivido e nadado, a fim de ter conseguido salvar o manuscrito da obra “Os Lusíadas”. · Principais obras: “Os Lusíadas” (1572), grande poema épico; “Anfitrião” (1587), comédia escrita em forma de auto; “Rimas” (1595), coletânea de sua obra lírica. A épica (p. 8 e 9) A obra “Os Lusíadas” é considerada como uma das quatro epopeias mais importantes da Literatura universal, juntamente com Eneida, Ilíada e Odisseia. · O que diferencia sua obra das epopeias gregas e romanas é o fato de que não apresenta um herói individual, mas coletivo, tratando-se, assim, do povo português. Para ser épico, precisa apresentar a estrutura: herói, nação, luta, deuses. Em Os Lusíadas: Herói: povo português, representado por Vasco da Gama Nação: Portugal Luta: conquista das Índias Deuses: Vênus (apoia Vasco) e Baco (não apoia Vasco) Escolha do título: a inspiração surgiu de uma carta escrita por André de Resende, em 1531. Seu significado é ‘lusitanos’, isto é, um nome que representa a história heroica dos portugueses. Assim sendo, “Os Lusíadas” são os próprios lusos (portugueses). · As temáticas da obra são explicitadas nas duas primeiras estrofes: glória do povo português e memórias dos reis portugueses. · É composta por 8.816 versos decassílabos, organizados em 1.102 estrofes de oito versos cada (ABABABCC) e está organizada em dez cantos divididos em cinco partes. · Todas as epopeias recebem uma estrutura fixa: preposição (a apresentação do tema), invocação, dedicatória, narração (desenvolvimento) e epílogo (encerramento). No caso da obra de Camões: Preposição: apresentava os grandes feitos do povo português. Invocação: solicitava inspiração às ninfas (Tágides) do rio Tejo. Dedicatória: dedicação do poema ao rei de Portugal, na época, D. Sebastião. Narração: desenvolvimento com o relato dos episódios: 1. história de Portugal 2. viagem de Vasco à Índia 3. mitologia: Vênus X Baco Epílogo: encerramento do poema, quando o autor está desencantado e pessimista com o futuro de Portugal. A lírica 15 anos após a morte de Camões sua obra foi reunida na coletânea intitulada “Rimas”. · Do ponto de vista estético, sua poesia transitava pela tradição medieval e as renovações trazidas pelo período clássico. · Trouxe para suas obras vários aspectos do Barroco, movimento posterior ao Classicismo. Esse período entre o Classicismo e o Barroco foi chamado de Maneirismo. Suas obras apresentaram temas como o amor, o desconcerto do mundo e a instabilidade e a fugacidadeda vida e dos bens materiais. Quando falava de amor, trazia à tona o sofrimento, a rejeição da amada, as belezas da mulher e seus encantos. · Percebe-se o que ficou conhecido como “paixão desenfreada”, característica das obras barrocas. No viés do período em que Cabral chegou ao que hoje conhecemos como Continente Americano, surge o que ficou conhecido como Quinhentismo, no qual se destacam a literatura de informação e a literatura de formação. Literatura de informação (p. 14) – Quando os portugueses chegaram ao território brasileiro, registraram suas impressões sobre o que encontraram e, por isso, os primeiros documentos a que se tem conhecimento assumiram um caráter informativo e retratavam características físicas, culturais e étnicas dos nativos. – Denominados de Literatura de Informação, os textos em prosa reuniam um conjunto de relatos realizados no período de 1500 e 1601. · Pero Vaz de Caminha é considerado como autor de um dos mais importantes documentos desse período, a Carta de “achamento” do Brasil. Redigida em 1 de maio de 1500, o autor descreve a viagem do capitão-mor Pedro Álvares Cabral. Literatura de formação (p. 16) · Cartas, poemas e peças teatrais escritas pelos padres jesuítas com o intuito de catequizar os indígenas e convertê-los ao catolicismo. – Principais nomes: padre Manuel da Nóbrega e padre José de Anchieta, sendo este o nome de maior destaque. Ele ministrou aulas aos índios e dominava o latim, o português, o castelhano e também o tupi. Mesmo com tanta riqueza linguística, seus textos eram considerados simples e apresentavam linguagem direta. – José de Anchieta escreveu poemas, crônicas, peças de teatro, alternando a finalidade, que às vezes destinavam-se à didática e às vezes, tinham o objetivo apenas de expressar sentimentos pessoais. Cancioneiro Geral¹: publicado por Garcia de Resende em 1516, é uma vasta coleção de poemas, incluindo obras de Bernardim Ribeiro e de outros autores, que retratam temas como o amor, a natureza e a cultura clássica.