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Biologia 105 Pró-Reitoria de Extensão – PROEX Figura 47: Esquema dos ciclos lítico e lisogênico de vírus bacteriófagos Fonte: Adaptado de . Acesso em: 10 out. 2016. 7.3.2 doenças Causadas Por vírus Em animais, os vírus podem entrar na célula principalmente de duas for- mas: o vírus envelopado fusiona a própria camada fosfolipídica à membrana plasmá- tica das células animais e somente o nucleocapsídeo adentra a célula; e o vírus que não tem envelope entra por endocitose. Em ambos os casos, as estruturas de revesti- mento são degradadas e o material genético viral é exposto no citoplasma da célula hospedeira e passa a comandar o metabolismo celular. Um vírus metabolicamente inativo é denominado vírion, o que pode cor- responder ao período de incubação (período entre o contato com o agente infeccioso e a manifestação de sintomas). Quando estão na fase infectante, são denominados vírus. Para invadir o citoplasma de uma célula, se associam à superfície da membrana celular, que passa a interagir com as proteínas virais. Tal interação é muito específica: cada vírus infecta uma lista limitada de hospedeiros, que podem ser apenas de uma espécie ou de várias espécies. A especificidade da identificação de células hospedeiras pelos vírus pode ser comparada a um encaixe “chave-fechadura”. Assim se explica a variedade de sinto- mas gerados em cada virose: a especificidade pode impedir que o vírus se ligue a alguns tipos celulares de um organismo. O vírus da gripe, por exemplo, só se liga a receptores de células epiteliais das vias respiratórias e dos pulmões, causando sintomas típicos de uma gripe. Já o vírus causador da raiva se liga a receptores presentes no sistema nervoso de vários mamíferos (humanos, cães e morcegos, por exemplo). 106 Ciências da Natureza Pró-Reitoria de Extensão – PROEX A infecção consiste na invasão e na multiplicação de um organismo mi- croscópico e patogênico (bactéria, fungo, protozoário ou vírus) no ambiente interno de um organismo hospedeiro. Para causar uma doença, o micro-organismo deve estar virulento (com alta capacidade de causar doença) ou o hospedeiro deve estar suscetível, ou seja, em estado de saúde debilitado. Doenças causadas por vírus são denominadas viroses. Os antibióticos não têm efeitos sobre os vírus e muitas são as viroses que não têm, ainda, medicamentos ou vacinas, o que reitera a importância da prevenção das doenças virais. aids O vírus HIV, causador da Aids (síndrome da imunodeficiência adqui- rida), foi espalhado pelo mundo principalmente devido às migrações, às relações sexuais desprotegidas, ao uso de drogas injetáveis e à transfusão de sangue. O vírus HIV é envelopado, formado por moléculas de RNA e algumas enzimas (transcriptase reversa, integrase e protease). A especificidade das moléculas externas do vírus HIV lhe confere afinidade com células de defesa, ou seja, células que atuam no sistema imunológico, mais especificamente o linfócito T auxiliador (CD4). Por ser envelo- pado, o vírus tem facilidade de penetrar na célula, pois sua membrana fusiona-se à membrana do linfócito, e o material genético viral, após a degradação do capsídeo, fica exposto no citoplasma. A enzima transcriptase reversa sintetiza, a partir do RNA viral, um trecho de DNA. A enzima integrase proporciona a integração do DNA viral ao DNA do linfócito. Toda célula-filha de linfócito originada de uma divisão celular passa a receber o DNA viral incorporado, fazendo com que a infec- ção, uma vez ocorrida, seja permanente. Após sair de um estágio de latência, o DNA viral passará a comandar a síntese de proteínas virais. A enzima protease promove a organização final das proteínas para originar o capsídeo e as enzimas constituintes do HIV, e, após organizar-se, o vírus se desprende do linfócito levando consigo parte da membrana plasmática da célula hospedeira (continua envelopado). Devido à produ- ção de DNA a partir de RNA, o vírus HIV é denominado retrovírus, uma vez que inverte a ordem normal da transcrição de RNA (DNA → RNA). O vírus não produz sintomas no início da infecção, podendo levar até dez anos para produzir os primeiros sintomas. Mesmo nesse estágio de latência, o por- tador já pode transmitir o vírus. Devido à destruição de linfócitos T auxiliadores, o sistema imunológico se torna muito debilitado, e um portador de HIV pode não ser capaz de responder a infecções comuns que passam a se manifestar de forma muito mais grave. São as chamadas infecções oportunistas, que se manifestam em condi- ções de baixa imunidade. A transmissão do vírus ocorre a partir de portadores do HIV que tenham contato sexual sem preservativo, por transfusão sanguínea, por órgãos transplanta-