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Ana Julia Cruz 
 FASCIOLÍASE E ESQUISTOSSOMOSE 
 
 
Fasciolose 
● Agente etiológico: Fasciola hepatica 
● Agente transmissor (vetor): caramujos do 
gênero Lymnaea 
- L. viatrix e L. columella 
- Dica: popularmente conhecidos como 
“baratinhas do fígado”. 
● Classificação do ciclo: heteroxênico 
● Hospedeiro Definitivo: ovinos, bovinos e 
caprinos; e humanos (ocasionalmente) 
● Hospedeiro Intermediário: moluscos / 
caramujos 
● Forma evolutiva infectante: metacercária 
● Transmissão: ingestão de vegetais crus 
contaminados, especialmente o agrião. 
● Profilaxia: não consumir o agrião silvestre e 
isolar as plantações de agrião das criações de 
bovinos; consumir água filtrada e fervida; 
controle da população dos moluscos 
transmissores. 
● Sintoma: variam de acordo com a fase de 
desenvolvimento do parasita, sua carga 
parasitária e a espécie do hospedeiro. Dentre 
os possíveis sintomas, estão: hepatite 
hemorrágica, destruição do tecido hepático 
(ocasionando hemorragias que podem ser 
fatais), dor abdominal, dentre outros. 
● Tratamento: uso de anti-helmínticos, para 
eliminação dos vermes e interrupção do ciclo. 
● Controle: ações como a drenagem ou 
isolamento de áreas alagadas, rotação de 
pastagens e redução da população de 
hospedeiros intermediários. 
OBS: estudos indicaram que a diluição de 
hipoclorito de sódio em água, para 
desinfecção e higienização dos alimentos 
antes do consumo, é ineficaz na eliminação 
da metacercária sendo considerada 
ineficiente para o controle da parasitose. 
 
Características do verme e formas evolutivas 
Os vermes adultos, hermafroditas, caracterizam-se por 
seu formato de folha, medem 20 a 30 mm por 8 a 13 
mm. HABITAM as porções proximais dos ductos 
biliares, bem como a vesícula biliar e, 
ocasionalmente, alguns sítios ectópicos. 
 Os ovos são grandes, com cerca de 130 a 150 μm por 
60 a 90 μm. Apresentam uma abertura, chamada de 
opérculo - que permite a saída ulterior dos miracídios 
no ambiente aquático. 
Fases evolutivas 
 Ovo → miracídio → esporocistos → rédea → 
cercária → metacercária → parasito jovem e adulto. 
 
Epidemiologia 
Os moluscos proliferam principalmente em coleções 
rasas de água, rica em vegetação, onde os herbívoros 
pastam e defecam. 
Os vermes sobrevivem no hospedeiro vertebrado por 
até 13 anos e a maioria das infecções humanas é 
assintomática. 
A fasciolose pode ser enquadrada em dois tipos de 
enfermidades: doença transmitida por vetor, dada a 
necessidade do molusco para o desenvolvimento do 
parasito; e doença transmitida por alimento e água, 
devido à característica transmissão da doença por 
vegetais infestados por metacercárias (MAS-COMA; 
BARGUES; VALERO, 2018). 
 A fasciolose humana aguda, com expressão clínica, 
compreende hepatomegalia dolorosa e febre, 
acompanhadas de eosinofilia intensa e leucocitose, 
correspondendo ao período de migração larvária. 
Alguns pacientes, ainda, exibem fenômenos alérgicos 
cutâneos ou asma, além de febre alta, diarreia, apatia, 
fraqueza, morte dos animais, dentre outros. As 
infecções crônicas caracterizam-se comumente por 
febre baixa, dor abdominal, anemia, perda de peso ou 
podendo ser assintomática. 
 
Ciclo evolutivo 
Possui um ciclo complexo por conter vários 
estágios, dois hospedeiros (definitivo e intermediário) e 
um veículo (plantas aquáticas). 
i) os ovos não embrionados são liberados nos 
ductos biliares, pela vesícula biliar, e excretados nas 
fezes. Esses ovos se desenvolvem na água, formando o 
embrião → que se torna a primeira fase larval do 
parasito, o miracídio. 
 Ana Julia Cruz 
ii) Os miracídios são liberados na água após 
um estímulo luminoso pós-chuva e buscam os 
limneídeos, que penetram na cavidade pulmonar dos 
caramujos, perdendo seus cílios. 
iii) No molusco, os parasitas passam por 
diferentes estágios de desenvolvimento, cada 
miracídio se transforma em um esporocistos que 
contém células germinativas, que por sua vez irão 
gerar várias (5 a 8) rédeas*¹. 
iv) As rédeas posteriormente migram dentro 
do molusco e se desenvolvem, gerando múltiplas 
cercárias.; desta multiplicação, um miracídio pode dar 
origem até quatro mil cercárias. 
v) As cercárias são liberadas e nadam por até 
2 horas até plantas aquáticas (como gramíneas, 
agrião, hortelã e salsa, ocasionalmente na casca de 
árvores ou no solo), onde se encistam nas folhas e 
caules como metacercárias. 
vi) Desta forma, a fasciolose é adquirida pela 
ingestão de plantas contendo metacercária 
encistada - forma da qual sobrevivem por vários 
meses no ambiente, mantendo sua capacidade 
infectante. 
vii) dentro do hospedeiro, após a ingestão, elas 
se desencistam no duodeno, perfurando a parede 
intestinal e migram pela cavidade peritoneal até o 
parênquima hepático, atingindo os ductos biliares 
após algumas semanas, onde tornam-se sexualmente 
maduros (adultos) e iniciam a oviposição. 
viii) Ao final de 8 a 12 semanas após a ingestão 
das metacercárias, o hospedeiro definitivo elimina 
ovos no lúmen dos ductos biliares, que são arrastados 
pela bile até o intestino delgado e serão eliminados 
com as fezes alguns meses depois da infecção inicial. 
 
Figura 1: Ciclo de vida Fasciola hepática 
 
Figura 2: Ciclo de vida Fasciola hepática 
 
 
Figura 3: Ciclo de vida Fasciola hepática 
rédeas*¹: uma forma larvária semelhante ao esporocisto, 
repleta de células germinativas, mas que conta com um sistema 
digestório rudimentar. 
 
Diagnóstico 
Parasitológico: pesquisa de ovos nas fezes, suco 
duodenal ou secreção biliar. 
 
Através de imagens: ultrassonografia, na fase aguda. 
Ecografia, na fase crônica. 
 
Fatores Climáticos 
A fasciolose possui uma alta frequência no Sul do 
Brasil. Estudos indicam que essa ocorrência esteja 
atrelada aos fatores climáticos propícios ao 
desenvolvimento dos moluscos vetores, 
 Ana Julia Cruz 
principalmente as temperaturas amenas, alta 
umidade, com chuvas prolongadas de verão e 
presença de áreas alagadas e banhados. O estado do 
Rio Grande do Sul lidera o número de casos, por efeito 
de suas condições climáticas favoráveis. 
 
ESQUISTOSSOMOSE 
 
● Agente etiológico: Schistosoma 
- Dica: Schito (fenda) + soma (corpo); 
“corpo em forma de fenda” 
● Espécies de interesse médico 
- Schistosoma mansoni 
dentre outras. 
● Classificação do ciclo: heteroxênico 
● Hospedeiro Definitivo: Ser humano; já tendo 
sido descritas infecções naturais em roedores, 
primatas e ruminantes. 
● Hospedeiro Intermediário: Moluscos aquáticos 
do gênero Biomphalaria. No Brasil, as spp. 
envolvidas são: 
- B. glabrata (principal espécie no Br) 
- B. straminea (especial importância no 
Nordeste) 
- B. tenagophila (encontrado em focos 
em alguns estados das regiões 
Sudeste e Sul). 
● Forma evolutiva infectante: cercárias 
● Formas evolutivas: ovo → miracídio → 
esporocistos primários → esporocistos 
secundários → cercárias → esquistossômulo → 
vermes adultos 
● Transmissão: contato com águas doces 
contaminadas com larvas do parasito em sua 
forma evolutiva cercária. 
● Profilaxia: obras de saneamento, educação 
sanitária, controle dos caramujos, diagnóstico/ 
tratamento dos infectados e evitar o contato 
com possíveis águas contaminadas. Além do 
● Sintoma: variam de acordo com sua fase 
evolutiva (mais destrinchado no texto) 
● Tratamento: uso de praziquantel. 
● Controle: eliminação dos hospedeiros 
intermediários, por meio de controle biológico. 
 
SCHISTOSOMA MANSONI 
 Verme pertencente ao filo Platyhelminthes, 
subclasse Tretamotoda. Possui corpo não segmentado, 
com presença de ventosas oral e ventral, 
apresentando dimorfismo sexual e realizando 
reprodução sexuada em hospedeiros vertebrados. 
 
CICLO BIOLÓGICO 
 A partir de um hospedeiro vertebrado 
infectado, ocorre a contaminação de coleções de 
água doce com ovos de S. mansoni. O contato com a 
água promove eclosão do miracídio → larva ciliada 
que no meio aquático será atraída por substâncias 
quimiotáticas liberadas pelo molusco, penetrando emsuas partes moles. 
 No interior do caramujo, o miracídio se 
transforma em uma estrutura sacular alongada com 
numerosas células germinativas em seu interior → 
esporocistos primários - estes originam esporocistos 
secundários que podem originar novas gerações de 
esporocistos ou, por poliembrionia*², originar milhares 
de cercárias. 
 As cercárias são larvas formadas por corpo, 
com ventosa oral e ventral, e cauda bifurcada, que 
auxilia na locomoção no ambiente aquático; estas são 
atraídas por ácidos graxos e peptídeos liberados pela 
pele do homem e são capazes de penetrar no 
hospedeiro auxiliadas pelas ventosas e por proteases 
liberadas pelas glândulas de penetração. 
 O corpo cercariano penetra na pele deixando a 
cauda no meio externo, uma vez no hospedeiro 
mamífero assume a forma esquistossômulo, forma 
intermediária que incorpora moléculas do hospedeiro 
ao seu epitélio, sendo um mecanismo de escape do 
parasito. 
 O esquistossômulo penetra nos vasos 
sanguíneos e são levados, através da circulação 
sistêmica, até o sistema porta hepático - local onde 
ocorre o amadurecimento da forma intermediária 
originando os vermes adultos macho ou fêmea. 
 Ao atingirem a idade adulta, ocorre uma 
sequência de fatos até a etapa em que macho e 
fêmea migram acasalados para as veias e vênulas do 
plexo mesentérico, onde poderão permanecer por 
longos períodos e onde haverá a oviposição. 
 O período pré patente é cerca de 6 a 8 
semanas, e os ovos liberados podem seguir dois 
caminhos: 
i) alcançam a luz intestinal após atravessarem a 
parede do intestino sendo, posteriormente, eliminados 
no ambiente junto com as fezes do hospedeiro; 
 Ana Julia Cruz 
ii) ou são carreados até o fígado pela circulação. 
Obs: alguns ovos podem ficar retidos na parede 
intestinal. 
 Os ovos lançados no ambiente darão início a 
um novo ciclo no ambiente aquático na presença das 
espécies de caramujos adequados. 
Os ovos carreados para o fígado, secretam antígenos 
solúveis (SEA) enquanto o miracídio está dentro do 
ovo, estimulando uma reação inflamatória 
granulomatosa em torno do ovo, que poderá evoluir 
para fibrose. 
Os ovos retidos na parede intestinal podem causar 
lesões pseudoneoplásticas, uma das manifestações 
clínicas da esquistossomose, juntamente com dores 
abdominais, diarreia intermitente e presença de muco 
e/ou sangue nas fezes. 
Figura 4: Ciclo vital de Schistosoma mansoni 
 
poliembrionia*²: formação de múltiplos embriões a partir de um único 
zigoto 
PATOGENIA 
 Podem ocorrer: 
- lesões hepáticas; 
- Aumento de tamanho (palpável) do fígado e 
baço - hepatoesplenomegalia; 
- Fibrose hepática: hipertensão no sistema porta; 
- Hipertensão no território da veia porta → ascite 
- Formação de varizes esofagogástricas 
(vômitos com sangue) 
FATORES QUE INFLUENCIAM A PATOGÊNESE DA INFECÇÃO 
- Carga parasitária; 
- Fatores associados: hepatite, álcool 
- Estado nutricional e desordens metabólicas do 
hospedeiro; 
- Estado imunológico do hospedeiro; 
- Cepa do parasito; 
- Número de infecções. 
 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
 Suas manifestações clínicas estão 
relacionadas a várias etapas do ciclo parasito no 
homem, desde a penetração das cercárias na pele até 
a postura dos ovos. 
 A dermatite cercariana é uma evidência 
clínica de penetração das cercárias na pele, 
iniciando-se rapidamente após a exposição às 
cercárias, consistindo em exantema papular 
acompanhado de prurido, podendo ocorrer febre 
baixa. Esse quadro pode durar de 2 a 3 dias, mas o 
prurido pode permanecer por até 2 semanas. 
 A esquistossomose aguda pode manifestar-se 
de modo sintomático, especialmente em crianças e 
indivíduos que não residem em áreas endêmicas - 
quadro conhecido como febre de Katayama. Ocorre 
leucocitose e intensa eosinofilia e sintomas 
inespecíficos como febre, prostração, cefaleia, 
náuseas, anorexia, podendo durar de semanas a 
meses. Nesta fase o diagnóstico é difícil, pois coincide 
com o período pré-patente. 
 A esquistossomose crônica pode se 
manifestar nas formas intestinal, hepatointestinal e 
hepatoesplênica (decorrente da obstrução mecânica 
progressiva com formação de granulomas em torno 
dos ovos e, também, dos vermes adultos mortos), 
ocasiona fibrose hepática levando a hipertensão 
portal, congestão do baço, formação de circulação 
colateral e varizes esofágicas. Ocorre, ainda, 
hipoalbuminemia, que associada à hipertensão portal, 
determina a ascite - quadro popularmente conhecido 
como “barriga d’água”. 
 
A PERMANÊNCIA DO VERME NO HOSPEDEIRO 
Vermes adultos permanecem por vários anos no 
hospedeiro, tendo desenvolvido refinados mecanismos 
de escape do reconhecimento pelo sistema imune, 
garantindo cronicidade da infecção. 
 Exemplos destes mecanismos de escape: 
- shedding: liberação de seus antígenos de 
superfície; 
 Ana Julia Cruz 
- adsorção de antígenos do hospedeiro em sua 
superfície; 
- secreção de fatores imunorreguladores que 
clivam anticorpos e inibem a ação de linfócitos 
e mastócitos. 
OBS: Na esquistossomose observa-se resistência e 
reinfecções na vigência de uma infecção, 
caracterizando a imunidade concomitante. 
 
DIAGNÓSTICO 
 O diagnóstico pode se dar por diferentes 
meios, tais como: i) de encontrar ovos de S. mansoni 
nas fezes, por métodos qualitativos ou quantitativos; 
ii) biópsia retal (diagnóstico histopatológico) pode ser 
necessária em infecções crônicas, com muitos ovos 
retidos na parede intestinal; iii) por meio de 
diagnóstico Coproscópicos (EPF)- um método de 
eclosão de miracídios; iv) testes imunológicos não são 
rotineiros. 
 
TRATAMENTO 
A esquistossomose crônica não complicada é tratável 
com praziquantel. Formas complicadas com fibrose 
também são tratáveis, porém a fibrose não é revertida. 
 
CONDIÇÕES PARA ORIGEM DE NOVOS FOCOS 
 
- Presença de pessoas parasitadas; 
- Presença de pessoas suscetíveis; 
- Existência de coleções de água doce; 
- Ocorrência do hospedeiro intermediário; 
- Despejo de esgoto nas coleções de água. 
 
OBS: Roedores silvestres também são uma fonte de 
infecção. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Ana Julia Cruz 
 
 
 
Referências Bibliográficas 
 
Fasciolose hepática. OLIVEIRA, Sueli Moda; FILHA, 
Elizabeth Spósito. Centro de Pesquisa e 
Desenvolvimento de Sanidade Animal. Disponível em: 
 
 
Fasciola hepatica. Atlas de Parasitologia. Unifal MG. 
Disponível em: 
 
 
Avaliação da Atividade ovicida de Diferentes 
Fármacos Em Ovos De Fasciola Hepatica Coletados De 
Bovinos Naturalmente Infectados No Planalto Serrano 
Em Santa Catarina, Brasil. ARRUDA, Paula Maciel. 
Dissertação. UDESC. 2022. Disponível em: 
 
 
Fasciola Hepatica: Uma Breve Revisão Bibliográfica. 
GOMES, et al. 2024. 
 
Ferreira, M. U. Parasitologia Contemporânea, 
Guanabara Koogan. 2021. 2º edição. 
 
Parasitologia Humana Básica - Resumos, mapas 
mentais e atividades. BACHUR, et al. Editora Amplla. 
2021 
 
 
 
 
https://biologico.agricultura.sp.gov.br/publicacoes/comunicados-documentos-tecnicos/comunicados-tecnicos/fasciolose-hepatica
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https://www.unifal-mg.edu.br/atlasdeparasitologia/fasciola-hepatica/
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https://www.udesc.br/arquivos/cav/id_cpmenu/4388/Disserta__o___Paula_Maciel_Arruda_17429978698422_4388.pdf
https://www.udesc.br/arquivos/cav/id_cpmenu/4388/Disserta__o___Paula_Maciel_Arruda_17429978698422_4388.pdfhttps://www.udesc.br/arquivos/cav/id_cpmenu/4388/Disserta__o___Paula_Maciel_Arruda_17429978698422_4388.pdf

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