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WILHELM WUNDT E O SURGIMENTO DA PSICOLOGIA A ORIGEM DA PSICOLOGIA CIENTÍFICA FEUDALISMO Produção de subsistência. Terra como principal fonte de produção. Hierarquia rígida e pouca mobilidade social. Sociedade estável – predominava uma visão de um universo estático. Razão submetida a fé como garantia de centralização do poder. CAPITALISMO Pôs o mundo em movimento, com a necessidade de abastecer mercados e produzir cada vez mais. Criou necessidades. Trabalho assalariado. Trabalhadores tornavam-se consumidores das mercadorias produzidas. Questionou as hierarquias para derrubar a nobreza e o clero. Conhecimento independente da fé. Dogmas foram questionados. CONDIÇÕES PARA O DESENVOLVIMENTO DA CIÊNCIA MODERNA Conhecimento fruto da razão. Desvendar a natureza e suas leis pela observação rigorosa e objetiva. Busca por um método rigoroso. Necessidade do homem produzir novas formas de conhecimento – longe dos dogmas religiosos. EVOLUÇÃO DOS ESTUDO PSICOLÓGICOS Os temas da psicologia passam a ser também investigados pela Fisiologia e pela Neurofisiologia. Desenvolvimento de teorias sobre o sistema nervoso central, demonstrando que o pensamento, as percepções e os sentimentos humanos eram produtos desse sistema. Para se conhecer o psiquismo humano é importante compreender os mecanismos de funcionamento da máquina de pensar do homem – o cérebro. Primeiras áreas investigadas: Fisiologia, Neuroanatomia e Neurofisiologia. WILHELM WUNDT (1832-1926) Wundt era um médico fisiologista que se debruçou sobre os estudos da fisiologia experimental Em 1962 publica o livro Contribuições para a Teoria da Percepção Sensorial, no qual ele discutiu as funções sensoriais, desenvolveu uma teoria sobre a percepção e esboçou um programa para a psicologia Para Wundt, a psicologia ficava entre as ciências físicas e as ciências sociais Para Wundt, essa nova ciência da psicologia tinha três principais subdivisões. Um ramo seria uma ciência indutiva, experimental. Wundt era a de um cientista que usa métodos experimentais para estudar a vida mental. Wundt acreditava que a linguagem, os mitos, a estética, a religião e os costumes sociais são reflexos de nossos processos mentais superiores, mas como esses processos não podem ser manipulados ou controlados, eles não poderiam ser estudados experimentalmente. Em vez disso, Wundt acreditava que eles podiam ser pesquisados através de registros históricos e de literatura e por meio de observações naturalistas. Um terceiro ramo da psicologia era a metafísica científica que, em última análise, iria desenvolver-se no que Wundt via como o objetivo ideal de todas as ciências: uma teoria coerente sobre o universo. O PRIMEIRO LABORATÓRIO DE PSICOLOGIA EXPERIMENTAL 1876 - Em Leipzig, o primeiro curso de Wundt foi sobre fisiologia da psicologia. Ele enfatizou que esse novo ramo da ciência era objetivo e experimental, e fez demonstrações e experimentos durante suas aulas O laboratório de Leipzig foi montado ao longo dos anos e, em 1879, o laboratório de Wundt ainda era um assunto em gestação. Ele não foi oficialmente reconhecido e listado no catálogo da Universidade de Leipzig até 1883. Wundt teve de enfrentar a oposição dos colegas que questionavam a legitimidade da psicologia como uma ciência experimental e sustentavam que a contínua auto- observação levaria os jovens à insanidade. Em 1897, o laboratório foi reconhecido como Instituto de Psicologia e mudou para um novo prédio que Wundt havia destinado expressamente para pesquisa em psicologia. O SISTEMA TEÓRICO WUNDTIANO Além dos exercícios e demonstrações no laboratório, Wundt precisava de um texto para seu curso. Em 1873, ele começou a trabalhar no livro de dois volumes Princípios de Psicologia Fisiológica Wundt o publicou em Leipzig em 1874 e no prefácio delineou nitidamente o domínio do livro “O livro que aqui apresento ao público é uma tentativa de demarcar um novo domínio da ciência. Estou ciente de que a questão pode ser levantada, se já é hora para tal empreendimento. A nova disciplina repousa sobre bases anatômicas e fisiológicas que, em certos aspectos, estão longe de serem sólidas; embora o tratamento experimental dos problemas psicológicos deva ser articulado de cada ponto de vista por estar em seu início. Ao mesmo tempo, a melhor forma de descobrir as lacunas que ainda restam, por nossa ignorância, sobre uma ciência em desenvolvimento é, como todos sabem, fazer uma pesquisa geral sobre seu status atual.” (Wundt, 1874/1904, p. v) Wundt estava, conscientemente, tentando demarcar uma nova área da ciência. Dessa forma, ele é a primeira pessoa que podemos chamar, sem reservas, de psicólogo. Os Princípios de Wundt foram um sucesso. Primeiro, Wundt descreveu o “substrato material da vida mental,” ou a anatomia e função do cérebro. Em seguida, ele descreveu o sistema nervoso e apresentou seus pontos de vista sobre as forças que estão por trás da condução nervosa. Então, Wundt discutiu as características das sensações; ele identificou qualidade, intensidade, exten-são e duração como as quatro características fundamentais das sensações e desenvolveu uma teoria da percepção. O objetivo da psicologia era o estudo dos “processos conscientes”. Os psicólogos, segundo Wundt, não estudam o mundo externo em si, mas os processos psicológicos pelos quais vivenciamos e observamos o mundo externo. Eles não podem eliminar a si próprios de seus objetos de estudo, já que estão analisando seus próprios processos conscientes. Quais técnicas de observação objetivas o psicólogo possui para estudar os processos conscientes? Uma técnica que Wundt descreveu é a auto-observação experimental, ou introspecção que foi a palavra usada com mais frequência para descrever o método de Wundt. A introspecção de Wundt era um procedimento experimental, árduo, rigidamente controlado. Ele acreditava que, assim como pouco se havia aprendido sobre os mecanismos a partir de observações casuais, acidentais de corpos em queda, pouco também se iria aprender sobre as experiências mentais humanas a partir de meditações sem controle, contemplativas. As observações de Wundt não se limitaram a autorrelatos, mas incluíram medições objetivas, como tempos de reação e associações de palavras. Na verdade, a maior parte dos experimentos no laboratório de Wundt incluía essas medições. Todas as vezes que os pesquisadores de Wundt utilizavam a introspecção, eles apresentavam, para observadores altamente treinados, eventos sensoriais cuidadosamente controlados e pediam que eles descrevessem suas experiências mentais. Para conseguir introspecções válidas, eles impunham determinadas regras. Em suas introspecções, Wundt e seus alunos identificaram dois elementos básicos da vida mental: sensações e sentimentos. Wundt adotou um modelo de mente que enfatizava mais os princípios químicos do que os mecânicos. Para Wundt, a mente é uma força criativa, dinâmica e volitiva. Wundt negou que a “mente” existe para ser estudada separadamente do “corpo”. Ele se opôs veementemente a dualismos mente–corpo e acreditava que a experiência mental deve ser estudada em termos tanto da mente quanto do corpo Finalmente, a introspecção para Wundt não era um método limitado de autorrelato, mas um conjunto de procedimentos objetivos, experimentais chamados, de forma mais precisa, de auto-observação experimental. No laboratório de Wundt, o papel de sujeito experimental era considerado mais importante do que o de experimentador, já que o sujeito era a fonte de dados.