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AULA 2: PRINCÍPIOS BÁSICOS DA ERGONOMIA ARA0205 - Conforto Ambiental, Luminotécnica e Ergonomia PROFESSOR NÍCOLAS TEIXEIRA Taylorismo No início do século XIX, a produtividade das fábricas de manufatura era, em geral, muito baixa. Taylor foi um pesquisador que iniciou os estudos para aplicar nas fábricas o trabalho baseado em princípios científicos (Taylorismo), e ficou conhecido como Administração Científica do Trabalho. Após uma série de observações, Taylor percebeu que havia muito “desperdício” em todo processo de manufatura, incluindo materiais, mão-de-obra e equipamentos. Taylor percebe que dividindo o trabalho em pequenas tarefas ao invés da produção de todo produto (um veículo por exemplo), havia ganho em produtividade, devido a maior especialização dos trabalhadores e um maior controle sobre os métodos de trabalho Divisão do trabalho em tarefas menores: Eliminação dos tempos ociosos: Padronização das tarefas: ao longo de todo o processo existiam muitas perdas com espera de produto, atrasos com mão-de-obra, retrabalhos, entre outros. A administração científica destinava-se a entender todos esses gargalos e eliminá-los, aumentando consideravelmente a produtividade uma vez que as tarefas foram quebradas em tarefas menores, restava agora a padronização. Deste modo, podia se estabelecer métodos mais confiáveis, formais e com possiblidades de controles por parte dos gestores. A padronização fornecia ainda um importante instrumento de trivialização do trabalho, passando o controle dos processos para as mãos dos gestores e tornando a mão-de-obra desvalorizada. Divisão do trabalho: pessoas que planejam não executam e as que executam não planejam. Fordismo Incorporação prática das ideias de Taylor e aperfeiçoamento; Padronização dos produtos e produção em massa Maiores salários; Criação da linha de produção Linha de produção: Ford percebe que os funcionários perdiam muito tempo com deslocamentos até os produtos e decidiu levar os produtos até os trabalhadores. Os níveis de padronização eram tão importantes que o modelo Ford “T” em determinado momento era produzido apenas na cor preta, de modo a baratear e otimizar o processo. o “homem máquina” Nesse período foram desenvolvidos vários estudos por Taylor e pesquisadores dessa corrente sobre os efeitos da fadiga no trabalho, tempo e jornada de trabalho, treinamentos para cada tarefa executada e muitos outros. A ergonomia deve ser compreendida como um importante instrumento de determinação dos limites humanos nessas atividades e como uma ciência que busca conceber situações de trabalho seguranças, saudáveis e desafiadoras aos trabalhadores. “O conceito mais atual da ergonomia não é adaptar o homem à máquina, mas adaptar a máquina ao homem, criando um sistema de interação entre as partes. Manter uma linha de produção eficiente significa prestar atenção na máquina e, também, nos trabalhadores — somente assim um sistema funcionará adequadamente.” Weber, 2018 “Para que ocorra o equilíbrio do sistema proposto de interação entre homem e máquina, a ergonomia deve ser considerada, pois foca na qualidade do processo, não somente adaptando as máquinas aos trabalhadores, mas também verificando as características ambientais envolvidas e como podem afetar a qualidade do trabalho” Weber, 2018 Ergonomia A Associação Brasileira de Ergonomia conceitua ergonomia da seguinte forma: A Ergonomia (ou Fatores Humanos) é uma disciplina científica relacionada ao entendimento das interações entre os seres humanos e outros elementos ou sistemas, e à aplicação de teorias, princípios, dados e métodos a projetos a fim de otimizar o bem-estar humano e o desempenho global do sistema (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ERGONOMIA, 1999). Ocorre quando a ergonomia contribui ainda na fase de projeto do produto, da máquina ou do ambiente.Ergonomia de concepção Ergonomia de correção Ergonomia de conscientização Esse tipo de contribuição é aplicado em situações reais já existentes, abrangendo problemas de segurança, fadiga, doenças do trabalho, entre outros. Quando os problemas não são corrigidos nas fases de concepção ou correção, muitas vezes é importante conscientizar o operador a trabalhar de forma segura, bem como oportunizar treinamentos e aperfeiçoamentos para a execução da atividade As modificações ergonômicas preveem a “otimização da eficiência e de redução da monotonia, do estresse, de erros e acidentes. Dessa forma, promove-se a segurança no local de trabalho, sempre alinhada à produção.” Weber, 2018 O conceito de conforto, no caso da ergonomia, se aplica de forma direta. Esforços repetitivos e realizados com postura e de forma inadequada geram fadigas e lesões. A consequência é a redução da produção e, até mesmo, o afastamento do trabalho. Weber, 2018 Existem seis funções do organismo humano que têm influência no comportamento fisiológico ligado ao trabalho de forma mais geral: função neuromuscular; coluna vertebral; metabolismo; visão; audição; senso cinestésico. Ergonomia física Entre os diferentes tipos de ergonomia, a física é aquela que se dedica às relações entre a anatomia humana e as atividades realizadas em determinado ambiente. Para isso, os seguintes aspectos são levados em consideração: O perfil postural adotado durante as atividades laborais; A possível ocorrência de movimentos repetitivos; O manuseio de materiais; A saúde e a segurança do colaborador durante determinado trabalho; Possíveis distúrbios musculoesqueléticos oriundos de certa atividade; Projeção das estações de trabalho. Nessa área, os diferentes recursos utilizados pelos usuários, como: Cadeiras; Ferramentas; Equipamentos; Entre outros, são analisados e adequados às medidas do corpo, para que favoreçam os padrões fisiológicos e psicológicos dos indivíduos. Ergonomia de necessidades específicas Ligada à área da ergonomia física, a ergonomia de necessidades específicas lida com as necessidades e as alternativas ergonômicas voltadas às pessoas com condições ou necessidades especiais. Ergonomia organizacional Na ergonomia organizacional, o foco está nas políticas de determinada instituição e sua relação com as pessoas que fazem parte dela. Entre os pontos analisados nesta matéria, estão: Os sistemas de comunicação interna; A cultura organizacional; Qualidade gerencial; Atividades cooperativas ou feitas em grupo; Organização em rede e projetos participativos. Seu principal objetivo é avaliar e propor transformações na estrutura da organização, para que os colaboradores não sejam sobrecarregados. Além disso, que também não sofram com problemas ligados à atividade laboral. Ergonomia cognitiva Já a ergonomia cognitiva é aquela que avalia os processos mentais humanos e compreende como eles influenciam as relações dos indivíduos com os espaços e também com outras pessoas. Assim, são considerados a percepção, o raciocínio, a memória, a velocidade de resposta e outros aspectos semelhantes dos indivíduos. Isso porque, contém a finalidade de direcionar as decisões voltadas à redução da pressão mental e do estresse nas empresas. Ergonomia ambiental Por sua vez, a ergonomia ambiental estuda os aspectos do espaço físico que influenciam o comportamento humano, como: A iluminação nas estações de trabalho; Os níveis de som; Temperatura; Pressão, e assim por diante. Ergonomia preventiva Por fim, há a ergonomia preventiva, que tem como objetivo conscientizar os usuários de determinado espaço a respeito da importância dos corretos padrões ergonômicos para a sua saúde física e mental. Ou seja, trata-se da área que visa combater problemas, desconfortos e lesões antes que os mesmos ocorram. Dessa forma, todos os responsáveis pela composição do ambiente atuam para que ele seja o mais ergonômico possível. Saiba mais sobre as vantagens que eles proporcionam para as pessoas durante suas rotinas em casa ou no trabalho! Norma Regulamentadora no. 17 A NR 17 estabelece parâmetros para adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicasdos trabalhadores, garantindo segurança, conforto e eficiência. A adaptação ao trabalho proposta pela NR no. 17 inclui aspectos relacionados ao levantamento, ao transporte e à descarga de materiais, ao mobiliário, aos equipamentos e às condições ambientais do posto de trabalho e da própria organização https://www.gov.br/trabalho-e-emprego/pt-br/acesso-a-informacao/participacao-social/conselhos-e-orgaos-colegiados/comissao-tripartite-partitaria-permanente/normas-regulamentadora/normas-regulamentadoras-vigentes/nr-17-atualizada-2023.pdf “As características psicofisiológicas dos trabalhadores são todas as características dos seres humanos: psicológicas, antropológicas, fisiológicas e uma série de outras que nos envolvem. São a esses fatores que devemos adaptar as condições de trabalho, propiciando conforto.” Weber, 2018 Segundo a NR 17, todos os equipamentos que compõem um posto de trabalho devem ser adequados às características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado. Organização do Trabalho Ritmo de trabalho adequado, evitando sobrecarga. Redução da repetitividade de tarefas. Pausas para descanso e alongamento. Alternância de funções para evitar fadiga excessiva. Levantamento e Transporte de Cargas Definição de pesos máximos para cargas manuais. Uso de equipamentos adequados para reduzir esforços. Treinamento para manipulação segura de cargas. Redução de posturas inadequadas e impactos físicos. Mobiliário e Equipamentos Cadeiras ajustáveis, com encosto e apoio para os braços. Altura adequada de mesas e bancadas. Disposição dos equipamentos para evitar esforços excessivos. Posicionamento ergonômico para prevenir LER (Lesão por Esforço Repetitivo) e DORT (Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho). Condições Ambientais Iluminação adequada para evitar fadiga ocular. Controle de temperatura e umidade para conforto térmico. Redução de ruídos excessivos para evitar estresse e danos auditivos. Ventilação adequada para um ambiente saudável. Antropometria A antropometria é uma das áreas estudadas pela ergonomia, sendo responsável pelo estudo das medidas físicas do corpo humano. Antropometria O corpo humano sempre despertou muito interesse ao longo da história da humanidade. Inúmeros estudiosos utilizaram as medidas do corpo humano para a criação das suas obras de arte. No século I a. C., o engenheiro e arquiteto Marcos Vitrúvio Polião escreveu um tratado sobre as medidas e proporções do corpo humano intitulado De architectura. Nessa obra, Vitrúvio faz menção às proporções divinas perfeitas, que identificariam o físico ideal do homem, fundamentadas no número grego phi, representado pela letra π e chamado de número de ouro. Baseado na proporcionalidade descrita por Vitrúvio e popularmente conhecida como proporção divina, Leonardo da Vinci (1452–1519) publicou um magnífico trabalho denominado L’uomo di Vitruvio 1870 - O astrônomo, matemático, demógrafo, estatístico e sociólogo Adolphe Quételet (1796–1874) publica a obra Antropometrie; Século XIX - Já era largamente apropriada pelas artes plásticas, mas ingressou em outros campos do saber humano, como na saúde, economia e engenharia. Década de 1940 - Ganha impulso com a necessidade de produção em massa. “a antropometria é entendida como a ciência capaz de definir as medidas de tamanho, peso e proporção do corpo humano, cujos dados são aplicáveis ao dimensionamento correto de produtos, equipamentos e postos de trabalho. Também pode ser definida como medidas físicas e científicas presentes nos seres humanos e que determinam a diferença entre grupos sociais e indivíduos com o objetivo de obter informações para melhor adequar os produtos aos seus usuários” BOUERI FILHO, 1991 apud WEBER, 2018 Tipos Corporais Ectomorfo: Corpo magro, membros longos, pouca gordura Mesomorfo: Corpo atlético, estrutura óssea robusta Endomorfo: Físico arredondado, maior acúmulo de gordura Antropometria estática e dinâmica Quando poucos movimentos são exigidos na utilização dos produtos em estudo, bastam os dados estáticos das medidas. Porém, quando é necessário verificarmos a amplitude e o alcance dos movimentos, logicamente será necessária a utilização dos dados dinâmicos. Adaptada conforme produtos, postos de trabalho, produtos esportivos, cabines de avião e outros elementos. Percentis em Antropometria Mede a distribuição de características corporais Auxilia no design para atender a maioria das pessoas Fundamentado na distribuição normal (gaussiana) Não se pode adotar apenas o conceito de pessoa média, pois o dimensionamento deve contar com certa margem de segurança para que não aconteçam acidentes. Distribuição Graussiana Um projeto não deve ser pensado para atender as dimensões extremas da população, isto é, o indivíduo mais alto ou o mais baixo. Um projeto deve ser pensado para o uso da maior parte da população, motivo pelo qual se estabelecem os percentis na distribuição normal, também chamada de distribuição gaussiana. Distribuição média A média representa o valor que divide a distribuição ao meio. O desvio padrão, por sua vez, refere a variabilidade da média, isto é, significa o quanto a média varia. Assim, quanto maior o desvio padrão, maior a amplitude da curva. Percentis em Antropometria O cuidado na aplicação dos dados antropométricos se deve ao fato da variabilidade das populações existentes. Há casos nos quais é mais adequado aplicar a média (percentil 50%), em outros o percentil superior (95%) e, ainda, podem surgir casos nos quais seja necessária a aplicação do percentil inferior (5%) Atividade Desenvolvam um exercício de referências projetuais, destacando as soluções de conforto ergonômico encontradas em um projeto não residencial. Escolher um projeto de referência; Identificar soluções de ergonomia presentes no projeto; usar referências de outros projetos, fontes, textos técnicos, livros e manuais de ergonomia. Avaliar pontos positivos e negativos no projeto. Entregar em formato A4 com imagens e textos descritivos, explicativos e críticos. Usar formato ABNT, com capa, fonte Times New Roman ou Arial, tam. 12, espaçamento 1,5, parágrafos justificados, referências bibliográficas, etc. Data de entrega 24 de março