Prévia do material em texto
CONTROLE DE TRÁFEGO NA COLHEITA DA CANA-DE-AÇÚCAR Antonio Celso Joaquim Fevereiro de 2023 1 - INTRODUÇÃO A produtividade da cana-de-açúcar, bem como a sua longevidade está diretamente ligada à sua colheita. Este fator de produção deve ser bem conduzido para o sucesso do canavial. Esta produtividade da cana-de-açúcar resulta da interação entre o potencial do solo, a variedade, fatores climáticos e o manejo aplicado na implantação, condução e colheita da lavoura. O potencial do solo está diretamente relacionado com o manejo aplicado ao solo onde a relação solo- água-planta determina o suprimento de água e nutriente do solo para a planta. Um dos fatores que reduz a produtividade é a compactação do solo, principalmente na linha de cana, causada na colheita, quando não se tem um controle de tráfego adequado. Ela modifica a relação solo-água-planta, uma vez que ela reduz a porosidade do solo, reduzindo a taxa de infiltração e armazenamento de água e redução do desenvolvimento do sistema radicular. Isto resulta numa menor absorção de água e nutrientes pela planta e consequentemente, menor produtividade. As principais técnicas desenvolvidas para minimizar ou anular os efeitos da compactação são o emprego de máquinas e veículos desenvolvidas, de modo que o solo possa suportar o tráfego sem alterar suas propriedades físicas. O emprego de máquinas equipadas com esteiras ou com pneus de baixa pressão, veículos com pneus de baixa pressão e alta flutuação e carga adequada por eixo, bem como manejar o solo em níveis de umidade adequada. Outros dois fatores fundamentais é o ajuste de bitolas e uso de piloto automático na colheita, devendo ser usado na colhedora e no trator com transbordo ou caminhão transbordo. A grande maioria da colheita mecanizada, ainda está sendo realizada com colhedoras de uma linha, o que faz necessário a passagem da colhedora e do trator com transbordo ou caminhão transbordo, trafegarem 2 vezes em cada entrelinha de cana, por colheita a cada safra. Já se tem usinas realizando a colheita com colhedoras de duas linhas, reduzindo pela metade o tráfego na lavoura, com uma grande vantagem que é, manter uma entrelinha sim uma não, sem tráfego. 2 - OBJETIVO O objetivo deste artigo, é mostrar como se deve realizar um bom manejo na colheita mecanizada da cana-de-açúcar, visando a redução ou eliminação do pisoteio na linha de cana. 3 - Colheita Mecanizada Para uma boa colheita mecanizada, é importante realizar algumas práticas que beneficiam a sua realização, sendo que as mais importantes são: nivelamento do terreno, formato, comprimento e largura dos talhões, tipos de terraços, um bom tiro de colheita, elevar o carreador, planejamento da sulcação, paralelismo, realizar uma boa operação de quebra lombo, entre outros. O planejamento da sulcação, bem como o uso de piloto automático no plantio é fundamental para manter o paralelismo das linhas de canas, visando minimizar e até eliminar o pisoteio na colheita. O tipo de sulcação também contribui para um maior ou menor pisoteio. É muito comum observar mais pisoteio em áreas mais inclinadas, com características de relevo mais sinuoso, como ocorre nos argissolos e nitossolos, onde a sulcação deve ser em nível, e sua colheita deve ser realizada no meio da safra, no período mais seco, reduzindo o efeito da umidade na compactação. Em áreas mais planas com sulcação reta, a tendência é diminuir o pisoteio na linha de cana, porém, alguns cuidados importantes devem ter, como: ajuste de bitolas, uso de piloto automáticos e ajuste do elevador da colhedora. O pisoteio na colheita é o que mais impacta na produtividade, onde ele provoca grandes quedas de produtividades ao longo dos cortes, principalmente do primeiro para o segundo corte. O impacto na produtividade é maior, quanto maior a umidade do solo, que normalmente ocorre no início e final de safra, sendo o período em que ocorre maiores precipitações durante a colheita. O uso de piloto automático nas colhedoras é essencial para minimizar o pisoteio e para reduzir o arranquio de soqueira. O que chama a atenção é que existem usinas que ainda não tem pilotos em colhedoras ou em partes delas. Juntamente com a colhedora, os tratores com transbordos, ou caminhões transbordos, também devem utilizar piloto automático, visto que, sem eles é muito comum ver grandes pisoteio na soqueira, sendo agravado se os operadores não tiverem experiência, ou treinamento adequado. Os bons resultados na colheita, não depende somente de melhorias na colhedora, ajustes de bitolas, uso de piloto automático. Uma boa colheita depende também de outros fatores fundamentais, como: responsabilidade, dedicação, conhecimento, habilidade dos operadores das colhedoras e dos tratores com transbordos, devendo ser devidamente treinados para estes serviços. Como já citado, a grande maioria da colheita mecanizada está sendo realizada com colhedoras de uma linha, o que eleva muito o tráfego ao longo dos cortes, visto que a colhedora e os equipamentos de transbordos trafegam duas vezes em cada entrelinha por safra. Algumas usinas e fornecedores de cana já estão utilizando colhedoras de duas linhas, como teste, para avaliar a viabilização da compra de mais colhedoras. O grande desafio é o peso destas colhedoras, que chega a ser duas vezes maior do que a de uma linha, com a mesma base de contato com o solo, ou seja, o seu sistema de rodado de esteira. A figura 1 ilustra uma colheita utilizando caminhão transbordo, com bitolas fechadas e sem piloto automático (foto da esquerda). O resultado é o pisoteio na soqueira, observado na área e sem a formação do canteiro (foto da direita). Este pisoteio ocorre, porque o distanciamento entre a colhedora e o caminhão com bitola fechada, aliado ao espaçamento, não foi ajustado, promovendo o tráfego sobre a linha da soqueira. O uso de trator com transbordo, quando ambos estão com bitolas fechadas e sem piloto automático, também provocam pisoteio na soqueira, como mostra a figura 2. O resultado é um alto tráfego sobre a linha de cana da soqueira, não formando o chamado canteiro preservado. A figura 3 mostra um trator com bitolas fechadas e sem piloto automático, e o transbordo com bitolas de 3,0 m. como os pneus não são alinhados, o resultado é o pisoteio na soqueira, observado no detalhe da figura. Um bom controle de tráfego começa pelas bitolas ajustadas, para 3,0m quando o espaçamento entre linhas for de 1,5m, e para 2,4m quando os espaçamentos entre linhas forem alternados, de 0,9 por 1,5m. tanto do trator e transbordos como dos caminhões transbordos. O ajuste de bitolas, geralmente reduz o pisoteio na linha da soqueira, porém pode ainda ser alto. A figura 4 mostra um trator e transbordos com bitolas adequadas, porém sem piloto automático, provocando pisoteio na linha da soqueira, mesmo numa área de sulcação reta, com espaçamento de 1,5m. Foi observado, nesta área, que os canteiros formados tinham larguras diferentes, e encontrado pisoteio na linha de cana. Além do não uso do piloto, foi identificado também que haveria necessidade de ajuste no comprimento do elevador da colhedora. Figura 1 – Colheita utilizando caminhão tranbordo com bitolas fechadas e sem piloto. Nesta área não observou canteiro, e ocorreu pisoteio na soqueira. Figura 2 – Trator e transbordos com bitolas fechadas, tendo com resultado o pisoteio na linha de cana. Não houve formação de canteiro. Figura 3 - Trator com bitolas fechadas e sem piloto automático, e o transbordo com bitolas adequadas. No detalhe, na foto à direita, o pisoteio na linha de cana. Foto cedida por Ernesto Rinaldi Mouta. Figura 4 - Trator e transbordos com bitolas adequadas e sem piloto automático, formando os canteiros de larguras diferentes, indicando pisoteio na linha de cana. Quando não se tem um controle de tráfegoadequado, o resultado é o excesso de pisoteio na linha de cana, mesmo em áreas de sulcação reta. A figura 5 mostra bem isto, onde a brotação e o crescimento são muito desuniformes, devido ao pisoteio na linha de cana em vários locais e até mesmo na linha inteira, em áreas de plantio com espaçamento de 1,5 m. Figura 5 – Brotação e crescimento desuniforme devido ao pisoteio na linha de cana em vários locais e até mesmo na linha inteira, em áreas de plantio com espaçamento de 1,5 m. Para evitar o pisoteio na linha de cana, dois itens são fundamentais, o ajuste de bitolas e o uso de piloto automático. A figura 6 mostra uma colheita utilizando caminhão transbordo, com bitolas adequadas de 3,0m e com piloto automático. O resultado é a preservação da soqueira, observado na área com a formação do canteiro. A figura 7 mostra um trator com transbordo durante a colheita, onde ambos estão com bitolas adequadas e com piloto automático, bem como a colhedora com piloto automático. O resultado é a preservação da soqueira, observado na área com a formação do canteiro. Figura 6 – Colheita utilizando caminhão tranbordo com bitolas adequadas e com piloto automático, mantendo o canteiro preservado. Fotos cedidas por Matheus Uzelloto. Figura 7 – Colheita utilizando trator com tranbordo com bitolas adequadas e com piloto automático, mantendo o canteiro preservado. Quando ocorre um bom controle de tráfego, o resultado é muito positivo, praticamente sem pisoteio na linha de cana. A figura 8 mostra bem isto, onde a brotação e o crescimento são muito uniformes e sem falhas, em áreas de plantio com espaçamento de 1,5 m. Figura 8 – Brotação e desenvolvimento uniforme da cana, em áreas de colheita com tráfego controlado, em espaçamento de 1,5 m. O setor de cana-de-açúcar, está longe do setor de grãos quanto ao controle de tráfego durante a colheita. Um exemplo é o uso de colhedoras de soja com boca de 14m de largura, a mesma abrangida por 9 linhas de cana. A chegada de colhedoras de 2 linhas independente, já vai reduzir 50% do tráfego dentro da lavoura de cana durante a colheita, gerando um canteiro muito maior sem tráfego, podendo ser implantado o sistema de preparo canteirão na área, reduzindo o custo de preparo com subsolador em quase 25%. Alguns grandes Grupos, Usinas e Fornecedores já estão utilizando estas máquinas. A figura 9 mostra uma colhedora de duas linhas, enquanto a figura 10 ilustra ela em operação. O conjunto trator transbordo ou caminhão transbordo, utilizado na colheita de duas linhas é o mesmo utilizado para a colheita de uma linha, com os mesmos ajustes de bitolas de 3,0m. A diferença é que o tráfego será em uma entrelinha sim uma não, tanto a colhedora como o sistema de transbordos, gerando um canteirão presrvado sem tráfego de colheita, como mostra a figura 11, em área colhida com o solo seco e cana soca. Já a figura 12 mostra o canteirão formado pela colheita, porém sendo colhido neste sistema, apenas no último corte antes da reforma observando uma depressão no meio deste canteirão. Observa que houve uma depressão maior, onde houve o tráfego, e isto ocorreu devido a colheita ter sido realizada com solo com mais umidade. Como já citado anteriormente o peso desta colhedora é muito superior ao peso da colhedora de uma linha, com a mesma zona de contato com o solo. Figura 9 – Colhedora de 2 linhas de cana. Figura 10 – Colhedora de 2 linhas de cana em operação. Figura 11 – Canteirão formado pela colheita com colhedora de 2 linhas de cana, em áreas de cana soca, com solo seco. Figura 12 – Canteirão formado pela colheita com colhedora de 2 linhas de cana, em áreas de cana soca de reforma, collida com o solo mais úmido, formando uma depressão maior no solo. A colheita de cana no sistema de plantio alternado, com espaçamento entre linhas de 0,9 por 1,5m, é realizada com colhedoras de 2,4m de bitolas, com uma boca mais aberta. O trator e transbordos como os caminhões transbordos devem utilizar bitolas de 2,4m, visando miminizar o efeito do pisoteio na linha de soqueira. É comum ver a colheita sendo realizada com o piloto automático apenas nas colhedoras, porém existe usinas que já possuem o sistema nos tratores e caminhões transbordos. A figura 13 mostra uma colheita sendo realizada com colhedora e caminhão transbordo com piloto automático e bitolas de 2,4m, enquanto a figura 14 mostra uma colheita onde o trator não tem o piloto automático. Figura 13 – Colheita de plantio alternado sendo realizada com piloto automático na colhedora e no caminhão transbordo, com bitolas de 2,4m em ambos. Figura 14 – Colheita de plantio alternado sendo realizada com piloto automático na colhedora e sem piloto no trator com transbordo, com bitolas de 2,4m em ambos. Assim como na colheita de uma linha de 1,5m entrelinhas, quando não se tem um controle de tráfego, o resultado é o excesso de pisoteio na linha de cana, mesmo em áreas de sulcação reta. Observa na figura 15, que ocorreram pisoteio na linha de cana em plantio alternados de 0,9 m por 1,5 m, em áreas de sulcação reta. Isto ocorreu devido ao não uso de piloto automático, visto que nestas áreas a colheita foi realizada com tratores e transbordos com bitolas ajustadas de 2,4m. Outro fator que pode ter contribuído é o comprimento do elevador, que deve ser ajustado com o uso ou não de alongador. Figura 15 – Brotação e crescimento desuniforme devido ao pisoteio na linha de cana em vários locais e até mesmo na linha inteira, em áreas de plantio com espaçamento alternado de 0,9 por 1,5 m. Quando ocorre um bom controle de tráfego, o resultado é muito positivo, praticamente sem pisoteio nas linhas de cana do alternado. A figura 16 mostra bem isto, onde a brotação e o crescimento são muito uniformes e sem falhas, em áreas de plantio alternados de 0,9 m por 1,5 m. Isto ocorreu devido ao ajuste de bitolas e ao uso de piloto automático. Figura 16 – Brotação e desenvolvimento uniforme da cana, em áreas de colheita com tráfego controlado, em espaçamento de 1,5 m e alternado de 0,9 por 1,5 m. Outro fator que também pode causar muita compactação, além de perdas significativas de cana, na forma de caldo, é a abertura de eito ou aceiro, principalmente em canaviais de alta produtividade e canas tombadas. O uso de colhedoras sem piloto nesta operação, pode transformar em “pesadelo”, já que, sem orientação e cana de alta produtividade e tombada, o operador não consegue visualizar a linha de cana e pode sair colhendo na diagonal, causando arranquio da soqueria e pisoteio. A figura 16 mostra a bertura de eito ou aceiro, com alto pisoteio sobre o canavial, causando perdas consideráveis de caldo de cana, devido ao esmagamento dos colmos pelos rodados do trator e dos transbordos. A figura 17 mostra no detalhe as canas esmagadas pelo tráfego na abertura de eito ou aceiro. O não uso de piloto automático nas colhedoras, na abertura de eito, em cana de alta produtividade e baixa visibilidade do operador, pode ocorrer desorientação e a máquina trafegar pulando linhas na diagonal, como pode ser visto na figura 18. Além de trafegar sobre a soqueira, provoca arranquio e matação no meio da lavoura, tendo como consequência um alto pisoteio. A figura 19 mostra aberturas de eito sendo realizados com colhedoras com piloto automático, realizando o direcionamento da máquina, e evitando o pisoteio e arranquio por ela. Quando se utiliza o trator com transbordo ou caminhão transbordo com piloto automático e bitolas ajustadas, minimiza o pisoteio nas linhas da soqueira e reduz o esmagamento de colmos pelos rodados. O excesso de abertura de eito dentro do mesmo talhão, provoca perdas consideráveis de açúcar na forma de caldo, pelo esmagamento dos colmos pelos rodados dos equipamentos com transbordos.Esta forma de abertura de eito, é chamado de sistema de colheita carrossel. A melhor forma de colheita, e evitar as perdas provocadas pela abertura de eito, é iniciar a colheita pelas laterais dos carreadores. Caso a cana esteja tombada, sendo apenas para um lado e perpendicular às linhas de cana, pode abrir apenas um eito no meio do talhão, para a entrada de uma colhedora. Figura 16 – Abertura de eito ou aceiro, com alto pisoteio sobre os colmos da cana. Figura 17 – Canas esmagadas pelo trator e transbordos. Figura 18 – Abertura de eito sem piloto automático nas colhedoras. Foto: Google. Figura 19 – Abertura de eito com piloto automático nas colhedoras. Foto: Google. Definir o tiro de colheita durante a realização do projeto de sulcação, é fundamental para minimizar o efeito da compactação do solo, e ganhar rendimento de colheita. O excesso de manobras durante a colheita, em função de tiros curtos, favoresce o pisoteio. A figura 20 mostra uma colheita já realizada com tiros pouco maiores do que 400m na parte diretita do bloco, atingindo apenas o comprimento de um talhão. Na parte esquerda, próximo da drenagem, aparentemente a colheita contemplou os três talhões, dando um tiro de colheita cima de 1.000m. Tiros curtos aumentam muito o número de manobras e consequentemente o pisoteio nas laterais dos carreadores, além de perdas de tempo de colheita. A figura 21 mostra um tiro de colheita de quase 1.800m, reduzindo muito o número de manobras e ganho de eficiência de colheita. Considerando esta distância, com o uso de um pátio de tranbordamento, há a necessidade de mais transbordos por colhedoras. Mesmo utilizando um número maior de transbordo por colhedora, este tipo deve ser evitado já que a recomendação é que o transbordo trafegue cheio no máximo até 1.200m após sair do talhão. Figura 20 – Comprimento do tiro de colheita de pouco mais de 400m, e um talhão na parte direita do bloco, e de aproximadamente 1.000m na parte esquerda do bloco, próximo da drenagem. Figura 20 – Comprimento do tiro de colheita de colheita de quase 1.800m. Ainda há controvérsia sobre a construção ou não de pátios de tranbordamento, durante o projeto de implantação do canavial, deixando uma área sem preparar e sem plantar, promovendo a compactação desta área. Muitas destas áreas onde irão ocorrer este transbordamento, se plantadas é provável que ocorra colheita apenas no primeiro corte, que muitas vezes não viabiliza este plantio. A figura 21 mostra um pátio construído na esquina de quatro talhões, que é o recomendado. Apenas ressaltando que ele poderia ser construído, utilizando partes do talhão da esquerda e partes do talhão da direita, por volta de 10 m de cada lado, totalizando 25m com os 5 metros do carreador, com um comprimento em torno de 100m. A figura 22 mostra um pátio construído antes do plantio, após a colheita, com as canas laterais desenvolvendo normalmente. A figura 23 mostra um pátio construído durante a colheita, ou seja, no lugar do pátio foi colhida a cana, para depois servir de local de transbordamento. Quando isto ocorre normalmente não há disciplinas dos operadores. É fácil visualizar tratores com transbordos, uma possível colhedora com um caminhão ao seu lado e até caminhão rodotrem ,no meio da lavoura, sobre a soqueira. A figura 24 mostra o local onde foi o pátio após a colheita da cana. Apenas algumas canas brotaram, porém terão muitas dificuldades para desenvolvimento. Figura 20 – Pátio de transbordamento construído antes do plantio da cana. Figura 21 – Pátio de transbordamento construído antes do plantio da cana, após a colheita. Figura 22 – Pátio de transbordamento construído durante a colheita da cana. Figura 23 – Pátio de transbordamento construído durante a colheita. Dois são os fatores principais da causa da compactação do solo durante a colheita, sendo um a umidade e o outro o peso. Quando o tráfego é controlado no meio da entrelinha, o efeito da compactação para a planta é baixo, porém se ocorrer sobre a linha da soqueira, os danos aumenta quando aumenta a umidade do solo. Experimento realizado por Bellinaso (1.997), com transbordo de mesmo peso, utilizando pneus trelleborg, variando apenas a umidade do solo e a pressão dos pneus, mostrou que ocorre um aumento significativo da densidade do solo quando aumenta a umidade do solo e quando aumenta a pressão dos pneus. A figura 24 mostra este efeito na densidade do solo. O conceito de baixa pressão e alta flutuação para este pneus é fundamental para minimizar o efeito da compactação, quando ocorre pisoteio na linha da soqueira. Quando se aumenta a densidade do solo na linha da soqueira, ocorre uma redução no crescimento das raízes. A tabela 1 mostra uma redução neste crescimento em até 11 vezes quando passa de uma densidade de 1,04 para 1,44 g/cm3, sendo o efeito mostrado na produtividade. Este efeito foi claramente mostrado por Bellinaso (1.997), como pode ser visto na figura 25. Figura 24 – Aumento da densidade do solo, com o aumento da umidade e da pressão dos pneus trelleborg. Tabela 1 – Aumento da densidade do solo com redução no crscimento das raízes. Figura 25 – Aumento da densidade e redução na produtividade. Outro estudo muito interessante realizado por Bellinaso (2.015 e 2016), foi medir a taxa de infiltração, mais conhecida como Velocidade de Infiltração Básica (VIB), em dois locais. O primeiro local foi onde ocorreu pisoteio na linha de cana durante a colheita do segundo corte, com o solo com alta umidade e sem controle de tráfego. Nesta área a produtividade de primeiro corte foi de 139 toneladas por hectare, a produtividade de segundo corte de 103 toneladas por hectare e a produtividade de terceiro corte de 37 toneladas por hectare. Esta queda elevada do segundo para o terceiro corte chamou muito à atenção, e foi realizada a taxa de infiltração desta área. A figura 26 mostra que a VIB foi baixa tanta na linha, como na entrelinha, sendo que na entrelinha esta baixa infiltração é normal, devido ao tráfego durante a colheita. Na outra área, numa cana de 15º corte, a VIB foi baixa na entrelinha, e alta na linha de cana, mostrando a importância do controle de tráfego na longevidade do canavial. A VIB quantificada nesta área pode ser vista na figura 27. 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 0 10 20 30 40 50 60 IN FI LT R A Ç Ã O ( m m /h ) TEMPO (Minutos) VIB LINHA 14,4 mm/h VIB ENTRELINHA 8,9 mm/h VELOCIDADE BÁSICA DE INFILTRAÇÃO DE ÁGUA - VIB (mm/h) MÉDIA 12,6 mm/h Fonte: BELLINASO, I.F(CTC)2015 O princípio da canteirização começa no plantio e termina na colheita, utilizando tratores e caminhões transbordos com bitolas ajustadas e piloto automático nestes tratores e caminhões e na colhedora, promovendo um alto controle de tráfego. 5 Recomendações sobre Colheita da Cana-de-Açúcar. Como recomendação geral, para um bom controle de tráfego, para reduzir o pisoteio na linha de cana, evitando assim a compactação na soqueira, obtendo uma boa colheita, deve-se utilizar as seguintes técnicas: 1- Ter piloto automático em todos os tratores da colheita e nas colhedoras. Também ter piloto automático nos caminhões transbordos; 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 0 10 20 30 40 50 60 IN FI LT R A Ç Ã O ( m m /h ) TEMPO (Minutos) BRONZINE - MÉDIA VIB MÉDIA 39,6 mm/h VIB ENTRELINHA 10,4 mm/h (14,5 - 6) VIB LINHA 54,4 mm/h (61 - 47,4) Fonte: BELLINASO, I.F(CTC)2016 2- Utilizar bitolas de 3,0 m, nos tratores, nos transbordos e nos caminhões transbordos para a colheita, em áreas de espaçamento de 1,5m. Em áreas de plantio alternado, 0,9 por 1,5 m, utilizar bitolas de 2,4m; 3- Utilizar pressão adequada nos pneus de baixa pressão e alta flutuação para minimizar o efeito na compactaçãodo solo, principalmente quando colhe com o solo mais úmido. Referências Bibliográficas BELLINASO, I. F. Compactação do solo. Centro de Tecnologia Copersucar, Piracicaba, 2000. 12p (Relatório Interno). NEVES, J. L. M.; MARCHI, A. S.; PIMENTA, R. C. de M.; SARTO, C. A.; PERTICARRARI, J. G. Colheita mecanizada. Manual de Boas Práticas. Piracicaba, Centro de Tecnologia Canavieira, 2014. P207 a 224 (Relatório Interno).