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1 1. HISTÓRICO 6000 a.C. –Sumérios e Assírios iniciam a produção de cerveja; 5400 a.C. – É construída no Egito a primeira cervejaria; Idade Média – Tem-se inicio a produção em maior escala e passa a ser difundida pela Europa, por volta de 1070 d.C., o lúpulo foi introduzido na fabricação; Século XVI – É decretada, na Alemanha, a Lei de Pureza, que determina os ingredientes que podem ser usados na fabricação de cerveja: cevada, lúpulo, malte e água. Século XVIII - Processo pasteurização passa a ser utilizado, permitindo o transporte a grande distância (maior durabilidade); Século XIX - Descoberta do processo de fermentação baixa, a cerveja torna-se mais clara, suave e duradoura; No Brasil, a primeira cervejaria foi construída em 1888, no Rio de Janeiro – Manufatura de Cerveja Brhama Villigier e Cia. 1891 – São Paulo – Companhia Antártica Paulista Fusão das empresas – AMBEV 2004 – Fusaõ da AMBEV + Cervejaria Belga Interbrev = InterBev Produção em 2001 (Brasil): 8,45 bilhões de litros 4° lugar Estados Unidos: 23,6 bilhões de litros China: 15,4 bilhões de litros Alemanha: 11,7 bilhões de litros Marcas que disputam o mercado nacional: Skol, Brahma, Antarctica, Kaiser, Schincariol Consumo per capta anual (L/habitante ano): 2 2. DEFINIÇÃO • Cerveja – É uma bebida obtida pela fermentação alcoólica do mosto cervejeiro originário do malte de cevada e água potável, por ação da levedura, com adição de lúpulo, podendo parte do malte ser substituído por cereais malteados ou não, ou por carboidratos de origem vegetal. – Arroz, trigo, milho, aveia, centeio, sorgo (Decreto n. 2.314 de 4 de setembro de 1997) 3. Classificação das cervejas As cervejas podem ser classificadas sob 5 aspectos diferentes: Extrato primitivo; Cor; Teor alcoólico; Proporção de malte de cevada; Modo de fermentação. Quanto ao extrato primitivo: Tipo da cerveja Teor de extrato primitivo (% em peso) Cerveja Leve 5,0 a 10,5 Cerveja Comum 10,5 a 12,5 Cerveja Extra 12,5 a 14,0 Cerveja Forte acima de 14,0 *Extrato primitivo ou original: É a quantidade de substâncias dissolvidas (extrato) do mosto, que deu origem à cerveja e se expressa em porcentagem (%) em peso. Quanto a cor (medida em EBC - European Brewers Convention): • Cerveja clara: cor correspondente a menos de 20 unidades de EBC; • Cerveja escura: cor correspondente a 20 ou mais unidades de EBC. Quanto ao teor alcoólico: • Cerveja sem álcool: quando seu conteúdo em álcool é menor do que 0,5% em volume; • Cerveja com álcool, subdividida em três grupos: Cerveja Teor de álcool (em %) baixo teor alcoólico 0,5 a 2,0 médio teor alcoólico 2,0 a 4,5 de alto teor alcoólico 4,5 a 7,0 Cerveja sem álcool • A tecnologia de fabricação da cerveja sem álcool difere na fase de fermentação; • Realizada em baixas temperaturas; • Presença de levedura específica e sob condições controladas do seu metabolismo celular; • Inibindo-se a produção de álcool e ativando os componentes aromáticos contidos nas células de levedura, para o mosto, determina-se a qualidade da cerveja; • Esse processo é hoje internacionalmente conhecido por “processo de fermentação por contato a frio”. 3 -A cerveja Liber produzida pela Ambev é única no mercado brasileiro que realmente não contém álcool, isso porque seu processo de fabricação é diferente das outras cervejas denominadas sem álcool; -No processo de fabricação dessa cerveja, a fermentação não é interrompida, ela acontece até o final e depois o álcool é retirado por filtração por membranas, o que a deixa com 0% de álcool para ser comercializada. Quanto à proporção de malte de cerveja: • Cerveja puro malte: possui 100% de malte de cevada, em peso, sobre o extrato primitivo, como fonte de açúcares; • Cerveja: possui proporção de malte de cevada maior ou igual a 50%, em peso, sobre o extrato primitivo, como fonte de açúcares; • Cerveja com o nome do cereal predominante: possui proporção de malte de cevada maior do que 20% e menor do que 50%, em peso, sobre o extrato primitivo, como fonte de açúcares. Quanto a fermentação: • Cerveja de baixa fermentação (LAGER): Temperatura inferior a 12°C Fermento localizado no fundo das dornas Levedura: Saccharomyces cerevisiae; • Cerveja de alta fermentação (ALE): Temperatura superior a 20°C Fermento localizado na superfície Levedura: Saccharomyces uvarum • Chopp: Baixa fermentação Não pasteurizada Acondicionada em vasilhames adequados AS CERVEJAS PODEM SER AGRUPADAS EM: ALE - Alta fermentação - Mais antigo processo - Produzidas no Reino Unido - Graduação alcoólica superior a 5% - Mais lúpulo que as Lager - Mais adocicadas - Saccharomyces cerevisiae - Fermentação rápida, 2 a 7 dias Principais cervejas ALE: Pale: -Origem Londrina, da região de Burton; -Teor de Extrato original entre 11,2 e 13,6% (m/m); -Coloração cobre; -Paladar puro com acentuado flavor de fruta; -Água é rica em Sulfato de Cálcio; -Sabor caracteristicamente forte Brown: -Origem da cidade de Londres; -Coloração escura, quase opaca -Sabor doce -Baixos teores de extrato original e álcool Mild: - Produzida na cor clara (Pale Mild) e escura (Dark Mild) - Baixo teor de extrato original (8,3 a 9,0 em peso); - Flavor harmonicamente equilibrado entre malte e fruta; - Leve amargor. Bitter: - Cor clara translúcida, podendo ser dourada ou bronzeada; - Gosto pronunciado de lúpulo; - Acidez ao paladar; - Fabricada em 3 versões: Comum (ordinary) Premium (best) Forte (strong) 4 Stout: - A mais escura das cervejas; - Amargor variável, podendo ser adocicada ou não; Porter: - Malte altamente tostado; - Cerveja seca de cor negra; - Flavor de fruta LAGER - Baixa fermentação - Processo mais demorado que a Ale - Fermentação lenta, 8 a 14 dias ou mais - São as mais comuns em todo mundo (Brasil) - Desenvolvidos por monges da região da Bavária, Alemanha - Sabor suave - Graduação alcoólica de 3,58% - 1,12% de açucar expressos em maltose - pH 4,3; - 2,27 volumes de CO2 no produto envasado - Saccharomyces carlsbergensis (S. uvarum) -Principais cervejas: Pilsen ou Pilsener: - Produzida com malte próprio; - Processo de decocção na produção do mosto; - Lúpulo da região da Bohemia na forma de influorescência; - Fermentação e maturação ocorrem em cuba de carvalho; - Mais conhecida e consumida no Brasil. Munique ou Munchen: - Cor castanho escuro; - Malte tipo Munique, altamente tostado; - A mostulação realizado pelo processo de decocção; - Teor de extrato original de 12,7% (m/m) e 5% de álcool; - Corpo médio a cheio; - Paladar de malte, não doce e leve amargor Bock: - Cerveja forte; - Teor de extrato original superior a 16% (m/m); - 6,7% de álcool em volume; - Cerveja escura (dunkel); - Bebida quente. Export ou Dortmund: - Fabricada com malte de cevada; - Coloração dourada e mais seca que a Munique; - Clara e mais encorpada que a Pilsen; - Teor de extrato original de 12,7% (m/m) e 5% de álcool; - Teor de extrato original 13%(m/m); - Teor álcool de 5,5% Marzembier: - Cerveja de março; - Produzida com malte tipo Viena; - Coloração ambár-avermelhada;- Maturação:mais de 3 meses; - Cerveja meio forte (extra); - Corpo pronunciado, essência de malte mais concentrada no aroma que no gosto; - Cerveja da Oktoberfest (Munique – Alemanha) Wissbier ou Weizenbier: - Cerveja de trigo (50 a 60%); - Leveduras específicas – aroma de cravo-da-índia; - Flavor de frutas; - Coloração do dourado claro a bronze escuro (filtrada). • Composição Nutricional: – Álcool; – Aminoácidos; – Anidrido carbônico; – Carboidratos (glucose, maltose, dextrinas, etc); – Elementos minerais diversos (cálcio, fósforo,enxofre, etc); – Proteínas; – Vitaminas do complexo B; 5 MATÉRIAS-PRIMAS • Componentes Fundamentais: – Malte – Adjuntos – Água – Lúpulo – Levedura (Saccharomyces Cerevisiae) Levedura Lúpulo Malte Água • MALTE – Corpo e a alma da cerveja; – Grão de cevada que foi submetido a um processo germinação e secagem; – Responsável pelo teor alcoólico, aroma e cor da cerveja; – Alto teor de amido – Proteína em quantidade e qualidade suficiente para as leveduras - Enzimas presentes: α-amilase, β-amilase, maltases e proteases; - São ativadas durante o processo de germinação do grão; - Transformam o amido em açucares que serão consumidos pela levedura – Pode ser preparado a partir de outros cereais como: milho – Ranço na fração lipídica arroz e trigo – Crescimento de MO na superfície do grão Grão de cevada: 3 partes - Casca: Proteção Proteínas, taninos e resinas Camada filtrante durante a clarificação do mosto - Endosperma amiláceo: Acumula o amido - Germe: Inicia o processo de germinação do grão • ADJUNTOS Fonte de carboidratos (amido) a um custo menor; Diminuem o teor de N: diminuição de infecçoes láticas aumentam a vida útil da cerveja Cervejas mais claras e brilhantes; Alemanha por tradição, não é permitido para cerveja de consumo interno; Outros países produtores de cerveja da Europa os complementos constituem de 10% a 25% do peso total de malte; 6 Estados Unidos: até 40%; Brasil: até 80% Exemplos: Gritz de milho Arroz partido Açúcar cristal Classificação dos adjuntos: Amiláceos: Milho e trigo Açucarados: Xarope de milho • ÁGUA – Componente em maior quantidade; – Principal componente da cerveja; – A qualidade da água é responsável pelo sucesso dessa bebida; – Fator que determina o local para a instalação das fábricas; – Características da água: potável, transparente, incolor, inodora, neutra, sem sabor. - Águas com elevados teores de sulfato de cálcio → cervejas amargas; - Águas com menor teor de sulfato de cálcio e maior de carbonato de cálcio → cervejas mais escuras e adocicadas. - Água mole (pobre em cálcio e magnésio) → cerveja pilsen • LÚPULO – O Humulus lupulus (lúpulo): trepadeira perene; Família – moraceas – Flores fêmeas não fecundadas: resinas amargas (α e β ácidos- humulona e lupulonas) e óleos essenciais (lupulina); – Confere à cerveja o sabor amargo, o aroma e a cor que caracterizam a bebida; – Ação antisséptica: (ácido isoalfa – formados durante a fervura do mosto); – O lúpulo é o “tempero” da cerveja; – Diferencia uma cerveja de outra. – A quantidade de lúpulo é medida em unidades de amargor; – As cervejas Pilsen varia de 9 a 22 unidades; – As cervejas ALE apresentam cerca de 77 unidades; – É o principal aditivo de aroma e paladar contribui para sua estabilidade microbiológica e físico-química. – Evita o “espumamento” durante a fervura e agente bacteriostático. 7 • LEVEDURA (Saccharomyces cerevisiae) – São utilizadas na industria cervejeira, devido sua capacidade de transformar açúcar do mosto (fornecido pelo malte) em álcool e CO2. – Boa qualidade: permanecer em suspensão durante a fase ativa da fermentação e então flocula e sedimenta, permitindo sem dificuldade a separação rápida da cerveja clarificada do sedimento. - No caso da levedura flocular, formará agrupamentos que irão ao fundo da dorna dando origem a fermentações baixas. - Se não flocular, poderá subir à superfície dando origem a fermentações altas. Quando o fermento flocula, há uma diminuição da superfície ativa das células e as fermentações serão mais lentas. - A levedura utilizada é a espécie Saccharomyces cerevisiae; - Cada cervejaria possui sua própria cepa, todas as cepas fazem o mesmo trabalho; – O sabor obtido de um cepa para outra difere em virtude de pequenas diferenças de metabolismo. – Conseqüentemente, há formação de substâncias capazes de conferir aroma e sabor ao produto, mesmo estando presentes em quantidades muito pequenas. – O “fermento” é, portanto, elemento essencial para a produção de cerveja. ETAPAS DA PRODUÇÃO ETAPAS DA PRODUÇÃO • Malteamento • Mosturação • Fermentação • Filtração • Acabamanto • Envase • Pasteurização • Expedição • Conservação 8 1. Malteamento Conceito: É um processo no qual se obtém a degradação do endosperma dos grãos de cevada, elevação do conteúdo enzimático, síntese de amilases, glucanases, proteases além da acumulação de enzimas ativas nestes grãos. Etapas do processo: A) Molha B) Germinação C) Secagem Em todas estas etapas, é imprescindível o controle da Temperatura, umidade e vazão de ar. A) Molha -Aumentar a umidade do grão: de 12 para 45%; -Tempo de maceração: 3 a 4 dias; -Temperatura:10 a 20°C -Volume de água: 300 a 350L/100L de cevada - Água é trocada a cada 6/8 horas -Pode acrescentar a água, SO2 ou hipoclorito (assepsia e intumescimento dos grãos B) Germinação -A cevada, é enviada para as caixas de germinação; -As caixas têm um fundo perfurado, o que permite a circulação de ar umidificado através do leito de cevada; -Duração do processo: 8 dias -Temperatura: 15°C -Termino do processo: Produção máxima de enzimas Comprimento da radícula 2/3 a ¾ comp. grão) C) Secagem -Quando o processo de desagregação é julgado suficiente, a germinação é interrompida; -Paralisa a atividade biológica da germinação; -Secagem do malte verde (42 a 48% umidade) até teores de umidade na ordem dos 4%; -A secagem é feita em 2 etapas: 20 a 70°C – 20 min cerveja lager (malte claro) 70 a 95°C – 2 a 3 min 105°C – 5 min (Cerveja Ale- malte escuro) 2. Processamento 2.1. Produção do Mosto Peneiração do malte – separação de pedras, sementes, pó,.... Separação de materiais metálicos Pesagem e envio para moagem 9 2.2. Moagem Esmagamento do malte – Exposição do endosperma amiláceo; Trituração do endosperma – Facilitar o ataque das enzimas durante a mosturação 2.3. Mosturação Transformação da matéria-prima cervejeira em mosto; Fase fundamental: Transformação de amido em açúcar por meio das enzimas do malte – maltose Produção de peptídeos e aminoácidos – proteases Hidrolise do carboidrato betaglucano – betaglucanases A primeira fase do processo produtivo ocorre na chamada sala de fabricação; As matérias-primas (malte e adjuntos) são misturadas em água e dissolvidas, para que se obtenha uma mistura líquida açucarada chamada mosto, que é a base para a futura cerveja.de expedição para ser comercializada. 9.Conservação A cerveja deve ser armazenada em ambientes com temperaturas inferiores a 20ºC; Não deve ser exposta à luz solar, luz fluorescente diretamente das prateleiras; É fundamental a forma como se apresenta um bom copo de cerveja. DEFEITOS DA CERVEJA Turbidez - Crescimento de microrganismos e coagulação (chope) Sedimento - A turbidez com o tempo se transforma em sedimento; - Falhas no processamento: Terra diatomácea Celulose Resíduos de lavagem Insipidez - Carência de carbonatação e espuma Diacetil - Metabolismo da levedura; - Doses de até 0,10ppm são normais - Concentrações superiores – flavor desagradável de manteiga Fenólico - Causado por compostos químicos derivados do clorofenol - Águas contaminadas com inseticidas ou produtos de limpeza - Tratar a água com carvão ativado Sulfurosos / levedura - Odor sulfuroso forma-se durante a fermentação; - Deve ser eliminado durante a clarificação, filtração e pasteurização Velho / oxidado - Principal mecanismo de deterioração do flavor da cerveja; - Deve-se usar matéria prima de qualidade; - Armazenamento da cerveja; - Tempo entre o envase e o consumo.de expedição para ser comercializada. 9.Conservação A cerveja deve ser armazenada em ambientes com temperaturas inferiores a 20ºC; Não deve ser exposta à luz solar, luz fluorescente diretamente das prateleiras; É fundamental a forma como se apresenta um bom copo de cerveja. DEFEITOS DA CERVEJA Turbidez - Crescimento de microrganismos e coagulação (chope) Sedimento - A turbidez com o tempo se transforma em sedimento; - Falhas no processamento: Terra diatomácea Celulose Resíduos de lavagem Insipidez - Carência de carbonatação e espuma Diacetil - Metabolismo da levedura; - Doses de até 0,10ppm são normais - Concentrações superiores – flavor desagradável de manteiga Fenólico - Causado por compostos químicos derivados do clorofenol - Águas contaminadas com inseticidas ou produtos de limpeza - Tratar a água com carvão ativado Sulfurosos / levedura - Odor sulfuroso forma-se durante a fermentação; - Deve ser eliminado durante a clarificação, filtração e pasteurização Velho / oxidado - Principal mecanismo de deterioração do flavor da cerveja; - Deve-se usar matéria prima de qualidade; - Armazenamento da cerveja; - Tempo entre o envase e o consumo.