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TECNOLOGIA DE ALIMENTOS 
AULA 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Suelen Ávila 
 
 
 
 
 
 
 
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CONVERSA INICIAL 
A tecnologia de alimentos busca diferentes processos de conservação 
(calor, frio, fermentação e outros) que podem ser aplicados nos alimentos, 
visando aumentar a vida de prateleira. Mas, para chegar ao consumidor com a 
mesma qualidade, é importante acondicionar o alimento adequadamente em 
uma embalagem. Nesta etapa, veremos o conceito de embalagens e 
discutiremos sobre os diferentes materiais para acondicionar os produtos 
alimentícios. Aprenderemos sobre embalagens rígidas, semirrígidas e flexíveis. 
TEMA 1 – EMBALAGEM 
É uma parte importante de todas as operações de processamento de 
alimentos. Qualquer alimento, seja ele processado ou não, faz uso de 
embalagem para proteger, para auxiliar no seu processamento, manuseio, 
transporte, propaganda e utilização. Muitos materiais e sistemas diferentes têm 
sido desenvolvido significativamente, auxiliando na diminuição do valor das 
embalagens e no desenvolvimento de novos produtos. Plástico, celulose, vidro 
e metal têm sido as matérias-primas mais utilizadas como embalagens na 
produção dos alimentos (Azeredo, 2012; Bobbio; Bobbio, 2001; Fellows, 2006). 
Para realizar a escolha da matéria-prima da embalagem, é necessário 
verificar as reações que podem ocorrer no alimento. O objetivo da embalagem é 
atuar como uma barreira total, isolando o produto alimentício do ambiente ao 
redor, ou atuar de maneira seletiva, permitindo a passagem de compostos 
específicos. 
Como exemplo, podemos citar os alimentos com baixo teor de umidade, 
como leite em pó, achocolatado e outros, que requerem uma embalagem com 
total proteção ao vapor d’água e que evite a modificação da sua estrutura inicial 
e a aglomeração do pó, devido à elevada umidade relativa do ar ambiente, 
propiciando a rejeição do consumidor. No caso de produtos com alto teor de 
gordura, como a manteiga, a presença de oxigênio desencadeia a reação de 
rancificação, e a presença de luz acelera esse fenômeno, deteriorando o produto 
(ranço) (Santos; Yoshida, 2011). 
 
 
 
3 
1.1 Funções das embalagens 
As funções da embalagem são: 
• Contenção: para comportar os alimentos e mantê-los seguros até serem 
consumidos. 
• Proteção: contra perigos mecânicos e ambientais identificados na 
distribuição e utilização. 
• Comunicação: para identificar os conteúdos e auxiliar na venda do 
produto. Os contêineres de transporte também devem informar o 
transportador sobre o destino e sobre quaisquer instruções especiais a 
respeito do manuseio e da estocagem. Algumas embalagens fornecem 
informações ao usuário sobre o modo de abertura e/ou uso dos 
conteúdos. 
• Maquinabilidade: para alcançar um bom desempenho em linhas de 
produção de alta velocidade de enchimento, fechamento e verificação 
(1000 pacotes por minuto, ou mais), sem muitas paradas de processo. 
• Conveniência: ao longo de todo o sistema de produção, estocagem e 
distribuição, incluindo a abertura fácil, o descarte e/ou pós-uso (Azeredo, 
2012; Bobbio; Bobbio, 2001; Fellows, 2006). 
1.2 Considerações de marketing 
A embalagem deverá conter e proteger o alimento de maneira que seja 
um recipiente que abra facilmente e feche com segurança, deve ser funcional 
em tamanho e forma, sem vazamentos, não tóxica e com aparência agradável. 
Deverá ser retornável, reutilizável, reciclável ou descartável. Em termos de 
propaganda, as principais considerações que devemos levar em conta para uma 
embalagem são: 
• A imagem da marca e o estilo da apresentação necessária para o produto. 
• Flexibilidade para alterar o tamanho e formato dos recipientes. 
• Compatibilidade com métodos de manipulação e distribuição e com as 
necessidades varejistas (Fellows, 2006). 
Além disso, a embalagem deve atender as exigências legais com relação 
à rotulagem de alimentos (Azeredo, 2012; Bobbio; Bobbio, 2001; Fellows, 2006). 
 
 
4 
1.3 Classificação das embalagens 
Os materiais de embalagem podem ser divididos em: 
1. Embalagens para transporte: que contêm e protegem os conteúdos 
durante o transporte e a distribuição, mas não possuem função de 
marketing. Exemplos: caixa de papelão corrugado, pallets envoltos com 
filme encolhível ou esticável, caixas de madeira ou metal, engradados de 
madeira, tonéis, bombas e sacos (Fellows, 2006). 
2. Embalagens de varejo: protegem e fazem propaganda do alimento, em 
quantidades convenientes para a venda a varejo e estocagem doméstica. 
Exemplos: latas de metal, garrafas de vidro, frascos, tubos plásticos 
rígidos e semirrígidos, tubos que se dobram, embalagens cartonadas e 
sacos plásticos flexíveis, sachês e filmes plásticos (Fellows, 2006). 
Quanto à estrutura dos materiais, as embalagens podem ser classificadas 
como rígidas, semirrígidas ou flexíveis, conforme demostrado na Tabela 1. 
Tabela 1 – Embalagens rígidas, semirrígidas e flexíveis 
Embalagens Rígidas Semirrígidas Flexíveis 
Metálica Latas em folha de 
flandres e alumínio 
Bandejas de alumínio Folha de alumínio 
Estruturas laminadas 
Plástica Bandejas, garrafas, 
potes, grades e 
caixas 
Bandejas em 
poliestireno 
expandido 
Frascos, copos e 
potes termo formados 
Filmes 
Estruturas laminadas 
Vidro Garrafas e Frascos 
Papel Caixas de papelão Caixas e cartuchos 
em cartolina 
Bandejas e alvéolos 
em polpa moldada 
Folha de papel 
Estruturas laminadas 
Fonte: elaborado com base em Evangelista, 2008, Fellows, 2006, e Jorge, 2013. 
As embalagens podem ser classificadas quanto à função ou nível em: 
primárias, secundárias e terciárias. As primárias ficam em contato direto com o 
alimento, as secundárias são as embalagens de distribuição que protegem as 
embalagens primárias. Podem ser caixas de cartão ou cartolina que contém uma 
ou várias embalagens primárias, muitas vezes, também responsável pela 
 
 
5 
comunicação, sendo o suporte da informação, principalmente nos casos em que 
contém apenas uma embalagem primária. As embalagens terciárias são as 
embalagens de transporte, empregadas para acondicionar e proteger as 
embalagens primárias e secundárias durante o transporte, estocagem e 
distribuição, como caixas de papelão ou grades plásticas para garrafa de bebidas 
(Santos; Yoshida, 2011). 
TEMA 2 – VIDRO 
É um material rígido à base de sílica, contendo quantidades pequenas de 
outros materiais, como boro, soda, cal e óxidos metálicos. Pode levar outros 
componentes químicos que conferem cores características, como o verde pelo 
crômio ou sais de ferro, o âmbar pelo ferro, pelo enxofre e pelo carbono e o azul 
pelo óxido de cobalto. A embalagem de vidro é constituída de três partes 
fundamentais: o gargalo, o corpo e o fundo. O gargalo é a parte superior da 
embalagem na qual se fixa a tampa ou outro sistema de fechamento. O corpo é 
a porção mais larga do recipiente e o fundo é onde geralmente se apoia a 
embalagem (Evangelista, 2008; Fellows, 2006; Gava; Silva; Frias, 2009). 
O vidro fundido recebe seu formato em moldes pelos processos soprado 
e soprado ou prensado e soprado. Os recipientes de gargalo estreito são feitos 
pelo processo soprado e soprado, no qual uma porção do vidro a 1000°C é 
colocada em um molde oco onde se forma uma bolha e onde se faz a moldagem 
do gargalo. O molde oco é então invertido e o corpo é formado por sopro de ar 
comprimido no molde (Fellows, 2006; Gava; Silva; Frias, 2009). 
Recipientes de boca mais larga são feitos pelo processo prensado e 
soprado, em que a porção de vidro toma forma em um molde oco e a borda do 
gargalho é moldada pelo movimento ascendente de um pistão. Ela é, então, 
transferida para a moldagem a ar como no processo soprado e soprado (Fellows, 
2006; Gava; Silva; Frias, 2009). 
As garrafas saem dos moldes a 450°C e o vidro é temperado a 540 a 
570°C para remover o estresse, sendo, então, resfriado sob condições 
cuidadosamente controladasem túnel de reaquecimento para evitar as 
distorções ou rupturas. Existem em diferentes formatos, como potes, garrafas, 
entre outros, com diferentes sistemas de fechamento (Fellows, 2006; Gava; 
Silva; Frias, 2009; Santos; Yoshida, 2011). 
Os recipientes de vidro apresentam as seguintes vantagens: 
 
 
6 
• São impermeáveis a umidade, gases, odores e microrganismos. 
• São inertes e não reagem ou migram para os alimentos. 
• Tem velocidade de enchimento comparável à das latas. 
• São apropriados ao processamento pelo calor quando hermeticamente 
fechados. 
• São transparentes às micro-ondas. 
• São reutilizáveis e recicláveis. 
• Podem ser fechados novamente. 
• Mostram seu conteúdo devido à transparência e podem ser decorados. 
• Podem ser moldados em uma grande variedade de formas e cores. 
• Agregam valor ao produto, na visão do consumidor. 
• São rígidos, possuem boa força vertical, permitindo o empilhamento sem 
danos para o recipiente (Evangelista, 2008; Fellows, 2006). 
As principais desvantagens do vidro incluem: 
• Maior peso, provocando custos de transporte mais altos do que outros 
tipos de embalagem. 
• Menor resistência a fraturas e choque térmico do que outros materiais. 
• Dimensões mais variáveis do que as de outros recipientes. 
• Perigos potencialmente sérios devido à presença de lascas ou de 
fragmentos nos alimentos (Evangelista, 2008; Fellows, 2006). 
Os vidros têm sido utilizados em embalagens de garrafas de bebidas 
alcoólica e finas, em potes de conservas, geleias e café solúvel, em copos de 
requeijão e extrato de tomate. 
TEMA 3 – METAL 
Os materiais metálicos mais usados em embalagens de alimentos são o 
aço e o alumínio. Envolvem especialmente as latas. Materiais metálicos flexíveis, 
como folhas de alumínio, geralmente são usados em conjunto com outras 
embalagens (como no caso de chocolates, que recebem uma folha de alumínio 
envolvida por uma embalagem convertida) ou como componente de embalagens 
compostas (Azeredo, 2012; Fellows, 2006; Santos; Yoshida, 2011). 
Latas de metal hermeticamente fechadas apresentam vantagens sobre 
outros tipos de recipientes, uma vez que elas podem suportar altas temperaturas 
 
 
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de processamento e baixas temperaturas, possui alta condutibilidade térmica, 
são resistentes a choque térmico, a pressão interna (bebidas fermentadas), 
vibrações e empilhamento. Elas são impermeáveis a luz, umidade, odores e 
microrganismos, conferindo total proteção aos seus conteúdos. São 
inerentemente a prova de adulterações, e o aço pode ser reciclado por extração 
de resíduos sólidos. As latas de metal podem ser utilizadas para alimentos 
esterilizados pelo calor (Azeredo, 2012; Fellows, 2006; Santos; Yoshida, 2011). 
Entretanto, o alto custo do metal e os custos de fabricação relativamente 
altos as tornam caras. Elas são mais pesadas que outros materiais, exceto vidro, 
gerando, portanto, custos mais altos de transportes. O alumínio é um material 
considerado mais nobre, sendo mais leve e flexível que o aço, e menos 
suscetível ao processo de corrosão, além de facilmente reciclável. Pode ser 
utilizado para formar embalagens rígidas ou flexíveis. 
Entretanto, é mais caro e sua baixa rigidez pode ser outro problema, em 
casos que requerem maior resistência mecânica. Muitas vezes, a superfície 
interna de embalagens metálicas (tanto de aço quanto de alumínio) é revestida 
com vernizes à base de resinas orgânicas dispersas em solvente, cujos 
componentes podem, eventualmente, migrar para o alimento. As latas de metal 
podem amassar com o transporte, empilhamento e vibração (Azeredo, 2012; 
Fellows, 2006; Santos; Yoshida, 2011). 
3.1 Propriedades e características 
Para fabricação das embalagens metálicas, diferentes chapas de metal 
são utilizadas, como a folha de flandres, folha cromada, folha stancrom e folha 
revestida. A folha de flandres tem sido muito utilizada devido a sua resistência 
mecânica e a capacidade de conformação do ácido com a resistência a corrosão, 
soldabilidade e boa aparência do estanho. A folha de flandres é uma folha 
laminada de aço com baixo teor de carbono revestido por estanho 
comercialmente puro em ambas as faces (Azeredo, 2012; Fellows, 2006; Santos; 
Yoshida, 2011). 
Como alternativa à folha de flandres, temos como material metálico de 
melhor conformação mecânica e melhor resistência à sulforação a folha 
cromada. É produzida da mesma folha laminada de aço de baixo teor de 
carbono, sendo que, em vez de estanho, como é aplicado na folha de flandres, 
aplica-se eletroliticamente uma fina camada de cromo metálico e óxido de cromo, 
 
 
8 
protegida por um filme de óleo. A desvantagem da folha cromada é o maior 
desgaste do equipamento utilizado para produzir as latas devido à maior dureza 
do revestimento, tem baixa resistência a produtos de alta acidez e necessita de 
solda especial de cromo metálico e óxidos de cromo e oleamento da superfície 
(Azeredo, 2012; Fellows, 2006; Santos; Yoshida, 2011). 
A folha stancrom é uma folha de aço revestida em ambas as faces com 
camada de estanho menor do que a folha de flandres, sobre a qual são 
eletrodepositados compostos de cromo. Há proteção adicional de uma película 
de óleo. É uma alternativa à folha de flandres, a um custo mais baixo. 
A folha não revestida é uma folha de aço com baixo teor de carbono, sem 
revestimento. Possui baixa resistência a corrosão, por isso, deve ser aplicado 
verniz em ambas as faces. Tem baixo custo, mas seu uso é permitido apenas 
para óleos e produtos desidratados (Azeredo, 2012; Fellows, 2006; Santos; 
Yoshida, 2011). 
3.2 Latas 
As mais comuns são as de três peças (tampo, corpo e fundo), com uma 
costura lateral utilizadas para pós, xaropes, óleos de cozinha, carnes, peixes, 
frutas, feijões, sopas, cervejas, sucos e refrigerantes. As latas de 2 peças 
consistem em corpo e tampa, sem emendas são utilizadas para o atum, por 
exemplo. 
As tampas são fornecidas aos enlatados para o processo de recravação 
após o enchimento das latas. As latas de três peças são geralmente feitas em 
folha de flandres. As latas de duas peças podem ser feitas em folha de flandres, 
folha cromada e folha de alumínio (Azeredo, 2012; Evangelista, 2008; Fellows, 
2006; Jorge, 2013; Santos; Yoshida, 2011). 
Estão disponíveis no mercado latas de vários formatos: redondas, 
retangulares, ovais, trapezoidais etc. A lata redonda é a mais popular, não só por 
ser a que permite uma soldagem mais eficaz, como também por permitir um 
melhor aproveitamento da chapa metálica. A lata retangular é muito usada para 
acondicionar conservas de peixe, porque esse formato favorece a apresentação 
do produto ao consumidor (Jorge, 2013). 
 
 
 
9 
TEMA 4 – CELULOSE 
A matéria-prima desse tipo de embalagem é a celulose. Os principais 
materiais celulósicos usados para embalagem de alimentos são o papel, o 
papelão e o celofane. O papel consiste numa estrutura porosa formado pelo 
entrelaçamento ao acaso de fibras de celulose, o que permite a passagem de 
vapor d’água e de gases. A natureza hidrofílica da celulose torna o material 
altamente permeável à umidade (que compromete a estabilidade do alimento 
acondicionado) e higroscópico (comprometendo as propriedades mecânicas e a 
integridade da embalagem). Geralmente, os materiais celulósicos são usados 
para embalagens secundárias ou terciárias (Azeredo, 2012; Fellows, 2006; 
Jorge, 2013; Santos; Yoshida, 2011). 
Quando usados em embalagens primárias, geralmente, esses materiais 
são associados a outros, como plásticos e alumínio, a fim de compensar sua 
porosidade e higroscopicidade, além de melhorar suas propriedades de barreira. 
Nesses casos, o material celulósico confere rigidez ao material composto. A 
desvantagem dessa combinação é que a embalagem composta perde sua 
característica de biodegradabilidade, além de dificultar a reciclagem (Azeredo, 
2012; Fellows, 2006; Jorge, 2013; Santos;Yoshida, 2011). Algumas 
propriedades dos principais papéis utilizados em alimentos são mostrados na 
Tabela 2. 
Tabela 2 – Propriedades dos principais tipos de papéis para alimentos 
Papel 
Faixa de 
peso (g/m2) 
Exemplos de uso 
Kraft 70-300 
Sacos de múltiplas camadas, revestimento de papelão 
corrugado para pós, farinha, açúcar, frutas e hortaliças. 
Sulfito 35-300 
Pequenos sacos, pouches, papéis encerados, etiquetas, 
laminados metálicos. Sacos de armazém e papel de 
embrulho de doces e revestimento interno de biscoitos e 
em laminações. 
Manteiga 70-150 
Papel para produtos de panificação, alimentos 
gordurosos para embalar peixes, carnes e laticínios. 
Glassine 40-150 
Sacos resistentes a odores e à prova de gorduras, 
envoltório ou revestimento de caixas, adequado para 
revestimento com cera para tomá-lo resistente a água 
usada para cereais desidratados, salgadinhos de 
 
 
10 
batatas, sopas desidratadas, misturas para bolos, café e 
açúcar. 
Papel vegetal 60-970 
Alta resistência contra umidade e repelência a gorduras, 
envoltório ou revestimento de caixas, usado para carnes, 
peixes, gorduras (manteiga) etc. 
Papel de seda 17-50 
Papel de embrulho macio para proteger contra poeira e 
machucados utilizado em pães, frutas etc. 
Fonte: elaborado com base em Fellows, 2006. 
Apesar de outras embalagens apresentarem melhores propriedades de 
barreira a gases e umidade, a embalagem de papelão é uma das mais 
empregadas no setor alimentício, principalmente na forma de caixas, bandejas 
e contentores (containers) para acondicionamento, transporte e proteção dos 
alimentos por um tempo pequeno. 
As vantagens do papelão são seu baixo custo, baixo peso, facilidade de 
fabricação e montagem, protege os alimentos de danos mecânicos, versatilidade 
em tamanho e estilo, facilidade de impressão, manuseio, aplicação de adesivos 
e grampos, é reciclável e biodegradável (Azeredo, 2012; Fellows, 2006; Jorge, 
2013; Santos; Yoshida, 2011). 
O papel-cartão ou cartolina, fabricado a partir da laminação de várias 
camadas de polpa celulósica durante o processo de remoção da água, é muito 
utilizado em sacos de papel, como uma das camadas de laminados flexíveis, 
cartuchos, tubos e latas. Pode acondicionar o alimento diretamente, sem 
necessidade de um envoltório, como é o caso do amido de milho, farinhas, 
féculas, macarrão e alguns pós para bolo (Evangelista, 2008; Santos; Yoshida, 
2011). 
TEMA 5 – PLÁSTICO 
São fabricados com polímeros produzidos principalmente a partir de 
derivados do petróleo ou carvão (Gava; Silva; Frias, 2009). Os termoplásticos 
são habitualmente usados para designar materiais à base de polímeros 
sintéticos ou naturais modificados, que podem ser moldados pela ação do calor 
e/ou pressão. Os materiais plásticos usados na embalagem são muito 
diversificados na sua estrutura química e apresentam propriedades variáveis em 
função do processamento, dos aditivos incorporados e da combinação com 
outros polímeros (Azeredo, 2012; Jorge, 2013). 
 
 
11 
A fabricação de embalagens plásticas é baseada na polimerização por 
adição e condensação de monômeros, resultando em polímeros de alto peso 
molecular, formando cadeias longas, ramificadas ou não, denominadas 
polietileno, polipropileno, poliestireno, poliésteres, poliuretanos, polivinil, 
poliacetal, poliedóxidos e outros. 
As principais características das embalagens plásticas são a elevada 
propriedade mecânica, barreira ao vapor de água e gases, de acordo com o 
material ou com o uso dos processos, baixo custo, peso reduzido, facilidade na 
moldagem, maquinabilidade, possibilidade de selamento, fechamento e 
refechamento, decoração tipo rótulos autoadesivos, colados e termoencolhíveis 
e transparência (Gava; Silva; Frias, 2009; Santos; Yoshida, 2011). O grande 
desafio do plástico é a questão da sustentabilidade e do meio ambiente (Gava; 
Silva; Frias, 2009). 
Entre os principais plásticos, encontram-se: o polietileno (PE), 
polipropileno (PP), Politereftalato de etila (PET), cloreto de polivinila (PVC), 
cloreto de polivinilideno (PVdC), Poliestireno (PS), poliestireno de alto impacto 
(PSAI), poliestireno forma expandida (PSE), copolímero de etileno e acetato de 
vinila (EVA), copolímero de etileno e ácido acrílico (EAA), poliéster e nylons 
(poliamida) (Gava; Silva; Frias, 2009; Santos; Yoshida, 2011). O tipo de plástico 
que foi utilizado na fabricação pode estar identificado na própria embalagem com 
símbolos que são padronizados no mercado nacional e internacional, conforme 
a Tabela 3. 
 
Tabela 3 – Tipos de plásticos, seus símbolos, códigos, propriedades e aplicações 
Símbolo Código Propriedades Aplicações 
 
PET 
PET 
Tereftalato de 
polietileno 
Transparentes, 
inquebráveis, 
impermeáveis e leves 
Garrafas de água mineral e 
refrigerante, óleos e sucos 
 
PEAD 
PEAD 
Polietileno de 
alta densidade 
Resistentes a baixas 
temperaturas, leve, 
impermeável, rígido e com 
resistência química 
Tampas de refrigerante, 
potes para freezer e 
garrafões de água mineral 
 
 
12 
 
V ou PVC 
Cloreto de 
polivinila 
Rigidez, 
impermeabilidade e 
resistência à temperatura 
Brinquedos, cartões de 
crédito e caixas de alimentos 
 
PEBD 
PEBD 
Polietileno de 
baixa densidade 
PEBDL 
Polietileno de 
baixa densidade 
linear 
Flexíveis, leves, 
transparentes e 
impermeáveis 
Filmes termocontroláveis, 
como caixas para garrafas de 
refrigerante, filme de uso 
geral, sacaria industrial, 
impermeabilização de papel 
(embalagens tetrapak) 
 
PP 
PP 
Polipropileno 
Conservam o aroma e são 
resistentes a mudanças 
de temperatura, 
brilhantes, rígidos e 
inquebráveis 
Alimentos, tampas de 
refrigerante, potes para 
freezer e garrafões de água 
mineral 
 
PS 
PS 
Poliestireno 
Impermeabilidade, 
rigidez, leveza e 
transparência 
Copos descartáveis, potes 
para iogurte, sorvete e doces, 
frascos, bandejas de 
supermercado, pratos e 
tampas 
 
OUTROS 
EVA 
Copolímero de 
etileno e acetato 
de vinila 
 Fabricação de colas, 
adesivos, peças técnicas, 
fios, cabos e fabricação de 
calçados 
Fonte: elaborado com base em Evangelista, 2008, Santos; Yoshida, 2011. 
Crédito: Irabeg/Adobe Stock. 
5.1 Polietileno (PE) 
Entre os polímeros termoplásticos mais empregados na indústria de 
embalagens, encontramos o Polietileno. São nomeados termoplásticos porque, 
em temperaturas altas, podem ser moldados. Pode apresentar estrutura 
molecular linear ou ramificada, a qual influencia a densidade aparente do plástico 
e classifica-o em polietileno de alta, média e baixa densidade (PEDB). 
A densidade diminui conforme o tamanho da ramificação da cadeia 
polimérica, sendo assim, o polietileno de alta densidade possui moléculas 
lineares e arranjadas paralelamente (PEDBL). Ambos os polietilenos de baixa e 
alta densidade são bastante flexíveis, possuem barreira a gases e a água, 
podem ser empregados diretamente em contato com os alimentos, não são 
 
 
13 
tóxicos, mas, para aderirem tintas de impressão, necessitam de tratamento 
superficial (Azeredo, 2012; Evangelista, 2008; Jorge, 2013; Santos; Yoshida, 
2011). 
5.2 Polipropileno (PP) 
Cristalino e linear, o polipropileno apresenta menor peso em relação aos 
outros polímeros (d = 0,9 g/cm3). Em relação ao polietileno (PE), é mais rígido, 
tem melhor resistência à tração e barreira a gases, mas tem preço superior. É 
um plástico adequado para utilização que necessitam de temperaturas elevadas, 
como em envase a quente, pois possui maior temperatura de fusão (cerca de 
165 °C. Além disso, o PE é ótimo para armazenamento de alimentos congelados, 
devido à sua resistência em baixas temperaturas. 
As principais aplicações do polipropileno são como filme termo retrátil, 
potes para sorvetes e margarinas, camada interna de bandejas termo 
processáveis e para uso em fornos micro-ondas, garrafas para ketchup e molhos 
comenchimento a quente e em embalagens de alimentos sensíveis à umidade 
(Azeredo, 2012; Evangelista, 2008; Jorge, 2013; Santos; Yoshida, 2011). 
5.3 Policloreto de vinila (PVC) 
É um plástico não cristalino (amorfo), duro (possui alta resistência), com 
moderada permeabilidade a gases, obtido da polimerização do cloreto de vinila. 
Aplicado na fabricação de filmes aderentes e esticáveis que permitem trocas 
gasosas quando necessário, como no armazenamento de hortaliças e frutas, 
agindo na manutenção da respiração e em embalagens de carnes frescas e na 
manutenção da cor vermelha. Sem a adição de plastificantes, o PVC pode ser 
usado na forma de bandejas rígidas termoformadas para suporte de chocolates, 
biscoitos e outras aplicações (Azeredo, 2012; Evangelista, 2008; Jorge, 2013; 
Santos; Yoshida, 2011). 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
5.4 Politereftalato de etila (PET) 
O PET tem excelente barreira a gases (cerca de 80 vezes maior que o 
PE), boa resistência química e mecânica (resistência à tração), ótimo brilho e 
transparência, e mesmo apresentando baixa barreira à umidade, é o plástico 
mais aplicado na indústria de alimentos. Para fabricação de garrafas de bebidas 
carbonatadas (água, óleos, sucos etc.), tem sido utilizado o PET amorfo, que 
possui boa transparência, razoável barreira a gases e resistência à tração. 
O Politereftalato de etila pode ser submetido ao enchimento com 
temperaturas elevadas e pasteurização rápida ou como componente dos 
laminados para acondicionamento a vácuo, para embalagens esterilizáveis, e 
para embalagens de café. O PET é sempre laminado com polietileno ou 
polipropileno, devido à sua dificuldade de termossoldagem (Azeredo, 2012; 
Evangelista, 2008; Jorge, 2013; Santos; Yoshida, 2011). 
5.5 Poliestireno (PS) 
PS é um plástico leve, barato, transparente, de fácil coloração, amorfo 
com baixa resistência ao impacto e é altamente permeável ao vapor de água e 
gases, obtido da polimerização de monômeros de estireno. Tem baixo ponto de 
fusão e não tem sido indicado para alimentos com alto teor de lipídios e/ou 
submetidos a altas temperaturas, devido à preocupação de possível migrações 
do monômero estireno em níveis residuais em embalagens feitas com esse 
material. Vários efeitos adversos têm sido atribuídos a esse monômero, incluindo 
irritações na pele, além de efeitos tóxicos ao fígado e ao sistema nervoso central 
(Azeredo, 2012; Evangelista, 2008; Jorge, 2013; Santos; Yoshida, 2011). 
5.5.1 Poliestireno expandido (PSE) 
Conhecido pela marca Isopor®, é produzido por meio da injeção de 
agentes expansores (geralmente metano) durante o processo de fabricação. 
Esse produto é especialmente usado em situações que requerem isolamento 
térmico. Usado em bandejas pré-moldadas para acondicionar carnes, frutas e 
ovos (Azeredo, 2012; Evangelista, 2008; Jorge, 2013; Santos; Yoshida, 2011). 
5.6 Copolímero de etileno de vinila (EVA) 
 
 
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O EVA apresenta propriedades de adesão e selagem e comparando com 
o PEDB, possui maior permeabilidade a gases, vapor d’água e gordura, 
transparência, ótimas propriedades de estiramento, mas suporta menores 
temperaturas de soldagem e tem propensão a bloqueio e ao atrito, o que dificulta 
a maquinabilidade. O plástico EVA é mais elástico e menos cristalino conforme 
diminui o teor de etileno de vinila, sendo que a diminuição da cristalinidade leva 
a um aumento da permeabilidade. Copolímero de etileno de vinila tem sido 
utilizado na fabricação de filme esticável e como revestimento ou como camada 
interna em estruturas coextrusadas (Gava; Silva; Frias, 2009; Jorge, 2013). 
NA PRÁTICA 
Temos acesso a inúmeras embalagens todos os dias. Desde a hora que 
acordamos, no café da manhã (potes de margarina, embalagem da manteiga, 
pacote de café, saco de pão, caixa de leite), até a nossa última refeição. Nós 
podemos verificar que cada embalagem que temos contato possui um material 
específico. Como exemplo, as embalagens longa vida ou embalagens 
cartonadas que estão presentes em bebidas, leites e suco. Elas são constituídas 
por 75% de papel, 20% de alumínio e 5% de plástico. A combinação desses 
materiais aumenta a barreira de proteção, impedindo a entrada de luz, ar, água 
e microrganismos nos alimentos, aumentando a vida de prateleira, conveniência 
sem necessidade de armazenamento sob refrigeração. 
FINALIZANDO 
As embalagens exercem importantes funções, tem diferentes aplicações 
e são fundamentais na indústria de alimentos. Além de dar aparência, fornecer 
as informações, elas protegem, conservam e facilitam o transporte, 
armazenamento e consumo dos alimentos. É muito importante saber identificar 
as propriedades e especificidades dos materiais (vidro, metal, celulose e 
plástico) que podem ser utilizados e os componentes necessários para a escolha 
adequada. 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
AZEREDO, H. M. C. DE. Fundamentos de estabilidade de Alimentos. 2012. 
p. 1–326. 
BOBBIO, P. A.; BOBBIO, F. O. Química do processamento de alimentos. 
2001. p. 1–143. 
EVANGELISTA, J. Tecnologia de Alimentos. 2008. p. 652. 
FELLOWS, P. J. Tecnologia do processamento de alimentos: princípios e 
prática. 2006. p. 602. 
GAVA, A. J.; SILVA, C. A. B. DA; FRIAS, J. R. G. Tecnologia de alimentos: 
princípios e aplicações. 2009. p. 1–511. 
JORGE, N. A embalagem para produtos alimentares. 2013. p. 1–194. 
SANTOS, A. M. P.; YOSHIDA, C. M. P. Embalagens. 2011. p. 1–152.

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