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O conceito de projeção em Psicologia ANZIEU, D. Métodos projetivos 1939 – FRANK: “Os métodos projetivos são utilizados para o estudo da personalidade” – Criou a expressão “métodos projetivos” para explicar o parentesco entre três provas psicológicas: – teste de associação de palavras de Jung (1904) -teste de manchas de tinta de Rorschach (1920) – T.A.T. (teste de invenção de histórias) de Murray (1935) – mostrou que tais técnicas formam o protótipo de uma investigação dinâmica e global da personalidade. PERSONALIDADE – uma estrutura em evolução “TESTES” PROJETIVOS – instrumentos do método clínico TÉCNICAS PROJETIVAS – características: ambiguidade do material, liberdade para responder Etimologia Termo “Projeção PROJEÇÃO – Três sentidos que evocam sua multidimensionalidade, especificidade e fecundidade: 1º sentido: Ação física, o jato (ex.: lançamento de projéteis) – expulsar da consciência os sentimentos repreensíveis atribuindo-os a outra pessoa (Freud). “(...) os testes projetivos favorecem a descarga, sobre o material apresentado ao sujeito, de tudo aquilo que este recusa ser, que vivencia em si mesmo como mau, ou como pontos vulneráveis”. (p. 18) 2º sentido: Matemático – correspondência entre um ponto (ou conjunto de pontos) do espaço e um ponto (ou conjunto de pontos) de uma reta ou de uma superfície. “Os testes projetivos, analogamente, levam o sujeito a produzir um protocolo de respostas de tal modo que a estrutura do mesmo corresponde à estrutura de sua personalidade...” (p. 18) 3º sentido: Ótica – partindo de um foco, a projeção luminosa envia raios ou radiações sobre uma superfície. “Um teste projetivo é como um raio X. Atravessando o interior da personalidade, fixa a imagem do seu núcleo secreto sobre um revelador (aplicação do teste), permitindo depois sua leitura fácil por meio da ampliação ou projeção ampliadora em uma tela (interpretação do protocolo). O QUE ESTÁ ESCONDIDO FICA, ASSIM, ILUMINADO; O LATENTE SE TORNA MANIFESTO; O INTERIOR É TRAZIDO À SUPERFÍCIE; o que há em nós de estável e também emaranhado se desvenda.” (p. 19) Projeção nos três sentidos: No primeiro sentido, há uma descarga de impulsos e emoções que “delimita o nível onde opera o teste projetivo: trata-se, de qualquer modo, de uma psicanálise condensada...”. (p. 19). O segundo sentido, “(...) Estabelece uma correspondência estrutural entre a personalidade, concebida como o sistema de condutas próprias a cada um, e as produções individuais em uma situação definida por duas variáveis: uma superfície quase vazia (material de teste), que o sujeito deve preencher com suas respostas, e uma regra de projeção ”oblíqua” (instruções de liberdade orientada do teste); este segundo sentido fundamenta o rigor científico das técnicas projetivas.” (p. 19) O terceiro sentido, “(...) É o veículo das representações arcaicas da imagem do corpo, onde o lado de dentro se opõe ao lado de fora, ... representações que marcam uma etapa importante na organização precoce da personalidade, representações cujo despertar, no entanto, devido à situação de teste projetivo, mobiliza medos profundos e antigos...” (p. 19). A projeção segundo Freud Projeção – em dois momentos de sua obra: Em 1896: “Uma percepção interna é reprimida e, substituindo-a, seu conteúdo, após sofrer certa deformação, chega à consciência sob a forma de uma percepção vinda do exterior.” Projeção é compreendida como “a expulsão de um desejo intolerável e sua rejeição para fora da pessoa. Há projeção daquilo que não se quer ser”. (Estudos sobre a histeria). (p. 20). Em 1901-1904: “(...) Freud procede a uma ampliação que contém o germe das técnicas projetivas. A projeção entende-se, agora, como o simples desconhecimento (e não mais a expulsão) por parte do sujeito de desejos e emoções não aceitos por ele como seus, dos quais é parcialmente inconsciente e cuja existência atribui à realidade externa.” (Psicopatologia da vida quotidiana) (p. 21). Projeção – “é um processo psíquico ‘primário’, da mesma forma que a realização alucinatória do desejo no sonho, ou a transferência psicanalítica. Os processos psíquicos primários obedecem ao princípio do prazer; visam a instaurar a identidade das percepções: de tal modo, o aparelho psíquico busca reencontrar o mesmo objeto ao qual sua satisfação se associara uma primeira vez (princípio do prazer). Por outro lado, os processos psíquicos ditos secundários tendem à identidade de pensamentos e palavras (princípios de identidade e realidade) e fundam o pensamento e a conduta racionais...”. (p. 22) A situação de teste projetivo Características – pode-se definir a situação de teste projetivo estabelecendo uma relação de semelhanças e diferenças com a situação psicanalítica. Semelhanças: liberdade de expressão e de tempo. Diferenças: introdução de um material prévio e um inquérito posterior na situação de teste. Efeitos – de vazio, respostas integradas e desintegradas, regressão. Vazio: “A estruturação inconsciente do material, a liberdade das respostas e do tempo, o fluxo relativo das instruções torna a situação projetiva em certa medida ‘vazia’, vazio que o sujeito deve preencher, recorrendo menos a suas aptidões e inteligência e mais aos recursos profundos de sua personalidade”. “Tal situação vazia tem, como efeito, o avivamento no indivíduo testado de conflitos psicológicos, o desencadeamento de angústia e regressão. A angústia associa-se a representações fantasmáticas inconscientes, que transparecem, então, no conteúdo das respostas, enquanto que os mecanismos de defesa do ego contra a angústia e contra os fantasmas se manifestam principalmente nas características formais das respostas”. (p. 26) Respostas integradas – nas quais a sensação, o afeto, a imagem, o humor permanecem controlados pelo ego; Respostas desintegradas – nas quais são libertados os impulsos, a emoção, a representação fantasmática. Na Regressão Psíquica a psicanálise distingue três aspectos: Um aspecto formal: referente à regressão do pensamento para um estágio menos racional e menos conceitual. Um aspecto cronológico: regressão a estágios anteriores do desenvolvimento. Um aspecto tópico: regressão do ego ao id; “(...) a situação projetiva de modo geral provoca, em termos de aparelho psíquico, a regressão dos processos secundários – cuja base é a identidade de pensamentos e o princípio de realidade – aos processos primários – fundados na identidade de percepções e no princípio do prazer – desprazer”. (p. 26-27) Os diversos tipos de projeção – Desenho livre, relato livre, jogo dramático improvisado, “expressam” a personalidade, porém não são testes. – Testes “supõem uma situação padronizada para o sujeito e uma intenção avaliativa, por parte do psicólogo”. (p. 29-30) – TÉCNICAS EXPRESSIVAS – liberdade de instruções e material. – TÉCNICAS PROJETIVAS – liberdade de respostas, mas o material é definido e padronizado. Formas de projeção nos testes projetivos: PROJEÇÃO ESPECULAR – (narcisismo). A pessoa “(...) reencontra características, que pretende serem suas, na imagem do outro”. (p. 30) PROJEÇÃO CATÁRTICA – a pessoa “(...) atribui à imagem do outro não mais as suas características ou as que desejaria fossem suas, mas as que erradamente pretende não ter, recusa considerar como suas e das quais se livra (catarse), deslocando-as para outro”. (p. 30) PROJEÇÃO COMPLEMENTAR – “a pessoa atribui aos outros sentimentos e atitudes que justifiquem as suas”. (p. 30) Duas categorias de testes projetivos: TEMÁTICOS – (ex.: T.A.T.) “(...) revelam conteúdos significativos de uma personalidade: natureza dos conflitos, desejos fundamentais, reações ao ambiente, mecanismos de defesa, momentos-chave da história de vida”.(...) “O sujeito pode nelesprojetar o que acredita ser, o que gostaria de ser, o que recusa ser, o que os outros são ou deveriam ser em relação a ele” (p. 30-31). Informam essencialmente as motivações dominantes, presentes no indivíduo, seus mecanismos de defesa e a dinâmica do ego. ESTRUTURAIS – (ex.: Rorschach) apresentam um corte representativo “do sistema da personalidade, de seu equilíbrio, de sua maneira de apreender o mundo, de sua visão de mundo; trata-se das inter-relações entre as instâncias do id, do ego e o do superego”. (p. 31)