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DIREITO PENAL – Profª. Gabriella Nóbrega 
 
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 DIREITO PENAL – Parte Geral 
 
1. NOCÕES INTRODUTÓRIAS 
 
1.1. Conceito de Direito Penal 
 
É o conjunto de normas jurídicas que regulam o poder punitivo do Estado (jus puniendi), 
através das quais este proíbe determinadas condutas, sob ameaça de sanção penal. É 
ramo do direito público. Apenas a LEI penal pode estabelecer condutas criminosas e suas 
respectivas penas. 
 
1.2 Princípios Penais Gerais. 
 
1.2.1 Princípio da legalidade - (CF art. 5°, XXXIX) (art. 1° CP) 
 
“CF, art. 5º, XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia 
cominação legal.” 
 
No direito penal brasileiro aplica-se a legalidade formal (previsão em lei), diferente da 
legalidade material (costumes, visão da sociedade). 
 
Do princípio da legalidade penal derivam: 
a) Reserva legal: somente à lei penal compete estabelecer crimes e penas; 
b) Taxatividade: a legalidade penal é estrita. 
 
Assim: 
- proíbe retroatividade para prejudicar o réu; 
- proíbe criação de crimes e penas pelos costumes; 
 - proíbe emprego de analogia* para criar crimes, fundamentar ou aprovar penas. 
 
OBS: no direito penal brasileiro só é permitido o uso da analgia in bonnam partem. Não é 
permitida a analogia in mallam partem. 
 
1.2.2 Princípio da anterioridade - (CF art. 5°, XXXIX) (art. 1° CP) 
 
“CF, art. 5º, XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia 
cominação legal.” 
 
Assim, em regra, a lei penal deve ter vigência anterior ao fato praticado para atingi -lo. 
Completa-se o raciocínio com o princípio da retroatividade da lei penal mais benéfica - (CF 
art. 5º, XL) 
 
“CF, art. 5º, XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu.” 
 
1.2.3 Princípio da irretroatividade / retroatividade da lei penal mais benéfica → 
(CF art. 5° XL). 
 
“CF, art. 5º, XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”. 
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A retroatividade da lei penal mais benéfica é a regra, devendo ocorrer inclusive após o 
trânsito em julgado de sentença penal condenatória. 
 
1.2.4 Princípio da individualização das penas → (CF art. 5° XLVI) 
 
CF, art. 5º, XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, 
as seguintes: 
 a) privação ou restrição da liberdade; 
 b) perda de bens; 
 c) multa; 
 d) prestação social alternativa; 
 e) suspensão ou interdição de direitos; 
 
A aplicação da lei penal deve observar a gravidade do delito, bem como as características 
do criminoso. 
 
1.2.5 Princípio da responsabilidade pessoal → (CF art. 5° XLV). 
 
“CF, art. 5º, XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a 
obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos 
da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do 
patrimônio transferido”; 
 
Também conhecido como “Princípio da Intranscendência”. 
A responsabilidade penal é pessoal e intransferível. 
 
1.2.6 Princípio da humanidade → (CF art. 5°, XLVII e art. 5°, III). 
 
Ou princípio da limitação das penas 
O direito penal não pode impor sanções que atinjam a dignidade da pessoa humana (meta, 
fundamento do EDD) do criminoso ou que lesionem a sua constituição físico-psíquica (CF 
art. 5°, XLVII e art. 5°, III). 
 
“CF, art. 5º, XLVII - não haverá penas: 
 a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; 
 b) de caráter perpétuo; 
 c) de trabalhos forçados; 
 d) de banimento; 
 e) cruéis”; 
 
Fixa o art. 5°, XLVI da CF as seguintes penas: privação ou restrição da liberdade, perda de 
bens, multa, prestação social alternativa e suspensão ou interdição de direitos. 
 
 
OBS: outros princípios penais gerais (NÃO positivados) 
 
a) Princípio da Alteridade 
O crime depende de efetiva lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico. Tal bem deve 
ser alheio. Em razão disso, o direito penal não pune a autolesão. 
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b) Princípio da Insignificância 
Também conhecido como bagatela, estabelece a não punição de crimes que geram 
uma ofensa irrelevante ao bem jurídico protegido. 
É causa de exclusão da tipicidade material. 
 
São requisitos: 
M ínima ofensividade da conduta do agente; 
A usência de periculosidade social da ação; 
R eduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento; 
I nexpressividade da lesão jurídica provocada. 
 
Exemplo: furtar um pão de uma padaria (o prejuízo causado pelo furto do pão é 
insignificante perante o patrimônio do estabelecimento). 
 
c) Princípio da Adequação Social 
Não considera típica uma conduta prevista como crime se for socialmente adequada. 
É causa de exclusão da tipicidade material. 
 
Exemplo: furar a orelha de recém nascida para colocar brinco; fazer tatuagem em 
pessoa maior de idade com seu consentimento (não configura crime de lesão 
corporal). 
 
OBS: não se aplica à pirataria e ao jogo do bicho. 
 
2. TEORIA GERAL DO CRIME 
 
2.1. Conceito 
 
De acordo com a teoria bipartida crime é todo fato típico e ilícito. A culpabilidade é tida como 
pressuposto para a pena. São exemplos de defensores desta teoria Damásio, 
Capez,Mirabete e Delmanto. 
 
De acordo com a teoria tripartida (teoria adotada no Brasil) crime é todo fato típico, ilícito 
e culpável. São exemplos de defensores desta teoria Greco, Nucci e Zaffaroni. 
 
2.2. Elementos ou requisitos 
 
Para o conceito tripartido, três são os elementos do crime: o fato típico, a antijuridicidade 
(ilicitude) e a culpabilidade. 
 
2.3. Sujeitos do crime 
 
- Sujeito ativo: é o agente que pratica o fato previsto na norma penal incriminadora. 
Em regra, só o ser humano (pessoa física) pode ser sujeito ativo de delito. 
A partir da lei 9605/98 as Pessoas jurídicas também podem responder pela prática de 
crimes – crimes contra o meio ambiente. 
 
A CF admite a responsabilidade penal da PJ: 
 
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“CF, Art. 225: § 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente 
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e 
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.” 
 
- Sujeito passivo: é o titular do bem jurídico lesado ou ameaçado pela conduta do sujeito 
ativo. Pode ser sujeito passivo a pessoa física, a pessoa jurídica, o nascituro (feto) e entes 
despersonalizados como família e sociedade (crimes vagos – por exemplo: porte ilegal de 
arma de fogo; tráfico de drogas. 
 
OBS: animais e cadáveres não são sujeitos passivos de crimes. No primeiro caso, a vítima 
é o dono do animal (caso não seja o próprio criminoso, situação na qual a vítima será a 
sociedade). No caso de crimes contra cadáveres, a vítima é a família do cadáver. 
 
 
3. FATO TÍPICO 
 
3.1 Fato típico 
 
É o primeiro elemento do crime. 
Quatro são os elementos que compõem o fato típico: conduta, resultado, nexo causal e 
tipicidade. Caso o fato concreto praticado pelo agente não apresente um desses elementos 
o fato não será típico, portanto, não haverá crime. 
 
3.2 Conduta 
 
A conduta compreende qualquer comportamento humano, positivo (ação) ou negativo 
(omissão), consciente e voluntário (doloso ou culposo), voltado a uma finalidade, ilícita ou 
não, mas que produz ou tenta produzir um resultado previsto na lei penal como crime. 
 
Obs1: AUSÊNCIA DE CONDUTA 
Se o agente não realiza a conduta com dolo ou culpa, não é uma conduta penalmente 
relevante. Não há crime. 
Ex: 
• Força irresistível (humana ou da natureza – ventania) 
• Movimentos reflexos (ser picado por uma abelha dirigindo, tosse, espirro...) 
• Estados de inconsciência total (hipnose, sonambulismo, ataque epilético) 
 
Obs2: TEORIAS DA CONDUTA 
 
*Teoria Finalista – Hans Welzel - A conduta é atividade psiquicamente dirigida, ou 
seja, sempre tem uma finalidade. O dolo e a culpa estão no Fato Típico, na conduta,- no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa; 
 III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência; 
 IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil, da data em que 
o fato se tornou conhecido. 
 V - nos crimes contra a dignidade sexual ou que envolvam violência contra a criança e o adolescente, 
previstos neste Código ou em legislação especial, da data em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo 
se a esse tempo já houver sido proposta a ação penal. 
 
 Termo inicial da prescrição após a sentença condenatória irrecorrível 
 Art. 112 - No caso do art. 110 deste Código, a prescrição começa a correr: 
 I - do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, para a acusação, ou a que revoga a 
suspensão condicional da pena ou o livramento condicional; 
 II - do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo da interrupção deva computar-se na 
pena. 
 
 Prescrição no caso de evasão do condenado ou de revogação do livramento condicional 
 Art. 113 - No caso de evadir-se o condenado ou de revogar-se o livramento condicional, a prescrição é 
regulada pelo tempo que resta da pena. 
 
 Prescrição da multa 
 Art. 114 - A prescrição da pena de multa ocorrerá: 
 I - em 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada; 
 II - no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privativa de liberdade, quando a multa for 
alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada. 
 
 Redução dos prazos de prescrição 
 Art. 115 - São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo do crime, 
menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença, maior de 70 (setenta) anos. 
 
 Causas impeditivas da prescrição 
 Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre: 
 I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência 
do crime; 
II - enquanto o agente cumpre pena no exterior; 
III - na pendência de embargos de declaração ou de recursos aos Tribunais Superiores, quando inadmissíveis; 
e 
IV - enquanto não cumprido ou não rescindido o acordo de não persecução penal. 
 Parágrafo único - Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a prescrição não corre 
durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo. 
 
 Causas interruptivas da prescrição 
 Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se: 
 I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa; 
 II - pela pronúncia; 
 III - pela decisão confirmatória da pronúncia; 
 IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis; 
 V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena; 
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12234.htm#art4
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Ex: morte de um espião Ex: homicídio piedoso 
Venefício (oculto; se ≠ será meio cruel) 
≠tortura qualificada pela morte 
Homicídio catastrófico 
 VI - pela reincidência. 
 § 1º - Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrupção da prescrição produz efeitos 
relativamente a todos os autores do crime. Nos crimes conexos, que sejam objeto do mesmo processo, 
estende-se aos demais a interrupção relativa a qualquer deles. 
 § 2º - Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso V deste artigo, todo o prazo começa a correr, 
novamente, do dia da interrupção. 
 
 Art. 118 - As penas mais leves prescrevem com as mais graves. 
 
 Art. 119 - No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena de cada um, 
isoladamente. 
 
 Perdão judicial 
 Art. 120 - A sentença que conceder perdão judicial não será considerada para efeitos de reincidência. 
 
 DIREITO PENAL – Parte Especial 
 
 
CRIMES CONTRA A PESSOA 
Crimes contra a VIDA 
 
 Homicídio simples 
 Art. 121. Matar alguém: 
 Pena - reclusão, de seis a vinte anos. 
 
 Caso de diminuição de pena – homicídio privilegiado 
 § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o 
domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de 
um sexto a um terço. 
 
OBS: o homicídio híbrido (privilegiado e qualificado) é possível com qualificadoras objetivas e retira a 
qualidade de hediondo do homicídio. 
 
 Homicídio qualificado 
 
 § 2° Se o homicídio é cometido: 
 I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; homicídio mercenário 
 
 II - por motivo fútil; ≠ ausência de motivo é simples 
 
 III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de 
que possa resultar perigo comum; 
 
 IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível 
a defesa do ofendido; (incompatível com o dolo eventual) 
 
 V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: 
 
 Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
 
Feminicídio 
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: 
 
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do 
sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art142
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art144
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excluiu parentesco por afinidade, não adoção. 
ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa 
condição: homicídio funcional 
 
 
VIII - com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido: 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
 
Homicídio contra menor de 14 (quatorze) anos 
 
IX - contra menor de 14 (quatorze) anos: (idade conhecida) 
 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
 
§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: (norma 
interpretativa) 
I - violência doméstica e familiar; (violência de gênero) OU 
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. 
 
§ 2º-B. A pena do homicídio contra menor de 14 (quatorze) anos é aumentada de: 
I - 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é pessoa com deficiência ou com doença que implique o 
aumento de sua vulnerabilidade; 
II - 2/3 (dois terços) se o autor é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, 
tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tiver autoridade sobre ela. 
III - 2/3 (dois terços) se o crime for praticado em instituição de educação básica pública ou privada. 
 
 Homicídio culposo 
 § 3º Se o homicídio é culposo: 
 Pena - detenção, de um a três anos. 
 
 Aumento de pena - majorante 
 § 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância 
de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não 
procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. / Sendo doloso o 
homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) 
ou maior de 60 (sessenta) anos. 
 
Perdão Judicial 
 § 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixarde aplicar a pena, se as consequências 
da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. 
(Segundo o STJ é sentença declaratória de extinção da punibilidade) 
 
 § 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, 
sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. (03 ou mais agentes) 
 
§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado: 
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; 
II - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou com doenças degenerativas que 
acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental; 
III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima. 
IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do 
art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. 
 
FEMINICÍDIO 
 
Art. 121-A. Matar mulher por razões da condição do sexo feminino: 
Pena – reclusão, de 20 (vinte) a 40 (quarenta) anos. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm#art22i
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm#art22ii
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm#art22iii
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm#art22iii
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 § 1º Considera-se que há razões da condição do sexo feminino quando o crime envolve: 
I – violência doméstica e familiar; 
II – menosprezo ou discriminação à condição de mulher. 
 
§ 2º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime é praticado: 
I – durante a gestação, nos 3 (três) meses posteriores ao parto ou se a vítima é a mãe ou a responsável 
por criança, adolescente ou pessoa com deficiência de qualquer idade; 
II – contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou portadora 
de doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental; 
III – na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima; 
IV – em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do 
art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha); 
V – nas circunstâncias previstas nos incisos III, IV e VIII do § 2º do art. 121 deste Código. 
 
Coautoria 
§ 3º Comunicam-se ao coautor ou partícipe as circunstâncias pessoais elementares do crime previstas 
no § 1º deste artigo. 
 
 Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio 
 
Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio 
material para que o faça: (conduta do autor) – tipo misto alternativo 
 
INDUZIR – dar a ideia 
INSTIGAR – reforçar uma ideia preexistente 
AUXILIAR – materialmente 
 
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. 
§ 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave ou 
gravíssima, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código: 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. 
 
§ 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte: Ex: “baleia azul” 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. 
 
§ 3º A pena é duplicada: 
I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil; ex: herança 
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. 
 
§ 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio da rede de computadores, de 
rede social ou transmitida em tempo real. 
 
§ 5º Aplica-se a pena em dobro se o autor é líder, coordenador ou administrador de grupo, de 
comunidade ou de rede virtual, ou por estes é responsável. 
 
§ 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em lesão corporal de natureza gravíssima e é 
cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por enfermidade ou deficiência mental, não 
tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer 
resistência, responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129 deste Código. 
 
§ 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou 
contra quem não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer 
outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime de homicídio, nos termos 
do art. 121 deste Código. 
 
 
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm#art22i
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm#art22ii
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm#art22iii
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm#art22iii
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Ofensividade ≠ autolesão (possibilidade de estelionato) 
enquanto durar o estado puerperal 
 Infanticídio – crime próprio e especial (em relação ao homicídio) 
 
 Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após: 
 Pena - detenção, de dois a seis anos. 
 
S.A. = mãe em estado puerperal 
S.P. = filho nascente ou neonato 
(Admite concurso de pessoas – coautoria e participação) 
 
 Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento – crime próprio e de mão própria 
 
 Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque: 
 Pena - detenção, de um a três anos.] 
 
Conduta própria da gestante (admite partícipe apenas). 
Cabe o tipo com a tentativa de suicídio da gestante. 
Sendo a gravidez gemelar haverá concurso de crimes (havendo ciência do fato) 
 
 Aborto provocado por terceiro 
 
 Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: 
 Pena - reclusão, de três a dez anos. 
 
A gestante não consente, portanto, não é criminosa (também é vítima) 
 
 Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: 
 Pena - reclusão, de um a quatro anos. 
 
O terceiro se enquadra no artigo 126 e a gestante que consentiu no artigo 124 – exceção à teoria monista. 
 
 Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é 
alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência. 
(ausência de consentimento presumida) 
 
 Forma qualificada - preterdolo 
 Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em 
consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de 
natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte. 
 
(CAUSAS ESPECIAIS DE EXCLUSÃO DA ILICITUDE – posição majoritária) 
 
 Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: 
 Aborto necessário (ou terapêutico) 
 I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; 
 Aborto no caso de gravidez resultante de estupro (humanitário ou sentimental) 
 II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando 
incapaz, de seu representante legal. 
 
OBS: causa de atipicidade material trazida pelo STF: em 13/04/2012 na decisão da ADPF 54 o STF 
decidiu pela liberação do aborto praticado por médico, com o consentimento da gestante, desde que 
diagnosticada a gravidez de feto anencéfalo. 
 
Crimes contra a INCOLUMIDADE FÍSICA 
 
 Lesão corporal 
 Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúdede outrem: física ou mental 
http://www.migalhas.com.br/Quentes/17,MI221398,51045-Marco+Aurelio+Mello+Decisao+historica+do+STF+permite+aborto+de+feto
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 Pena - detenção, de três meses a um ano. Lesão leve 
 
OBS: corte de cabelo ou barba sem autorização – não há crime de lesão corporal. 
 
 Lesão corporal de natureza grave (só dolosa) 
 § 1º Se resulta: Grave 
 I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias; (crime a prazo) 
 II - perigo de vida; 
 III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; (redução da capacidade funcional) 
 IV - aceleração de parto: (gravidez conhecida) 
 Pena - reclusão, de um a cinco anos. 
 
 § 2° Se resulta: “Gravíssima” (só dolosa) 
 I - Incapacidade permanente para o trabalho; (qualquer trabalho) 
 II - enfermidade incurável; ex: insuficiência renal 
 III perda ou inutilização do membro, sentido ou função; (incapacidade funcional) 
 IV - deformidade permanente; 
 V - aborto: (gravidez conhecida) 
 Pena - reclusão, de dois a oito anos. 
 
 Lesão corporal seguida de morte - preterdolosa 
 § 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu 
o risco de produzi-lo: 
 Pena - reclusão, de quatro a doze anos. 
 
 Diminuição de pena 
 § 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio 
de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto 
a um terço. 
 Substituição da pena 
 § 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa, de 
duzentos mil réis a dois contos de réis: 
 I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior; 
 II - se as lesões são recíprocas. 
 
 Lesão corporal culposa 
 § 6° Se a lesão é culposa: não admite gradação (o juiz considera o resultado na aplicação da pena). 
 Pena - detenção, de dois meses a um ano. 
 
OBS: no caso da lesão dolosa de natureza leve e culposa, o oferecimento da ação penal dependerá de 
representação da vítima ou de seu representante legal (art. 88 da Lei 9.099/95). 
 
Tal disposição não é cabível à lesão culposa do CTB e aos casos de violência doméstica e familiar contra a 
mulher. 
O STF (ADI 4424) e STJ súmula 542: “A ação penal relativa ao crime de lesão corporal 
resultante de violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada”. (mesmo a leve) 
 
Se a lesão leve no contexto de violência doméstica ou familiar for contra o homem, a ação penal deve ser 
pública condicionada!!! 
 
 Aumento de pena 
 § 7o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. 121 
deste Código. 
 § 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121. 
 
 
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%28ADI%24%2ESCLA%2E+E+4424%2ENUME%2E%29+OU+%28ADI%2EACMS%2E+ADJ2+4424%2EACMS%2E%29&base=baseAcordaos&url=http://tinyurl.com/ckpx954
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CHO 
Se gravíssima ou seguida de morte = HEDIONDO 
 Violência Doméstica 
 § 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com 
quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação 
ou de hospitalidade: quando dolosa leve 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. 
 
 § 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9o deste 
artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). 
 
 § 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido 
contra pessoa portadora de deficiência. 
 
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição 
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou 
em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em 
razão dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços. (lesão corporal funcional) 
 
 
§ 13. Se a lesão é praticada contra a mulher, por razões da condição do sexo feminino, nos termos do 
§ 1º do art. 121-A deste Código: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. 
 
CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 Furto 
 Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: 
 Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
 
SUBTRAIR ≠ usar 
COISA ALHEIA ≠ coisa perdida, coisa abandonada, coisa de ninguém. 
 
OBS: CONSUMAÇÃO DO FURTO 
Teoria da "Amotio" ou “aprehensio”- o objeto sai da esfera de proteção do proprietário ou possuidor, passando 
ao poder do agente mesmo que por um curto espaço de tempo – independentemente da “posse tranquila” da 
coisa subtraída; independentemente de flagrante e/ou perseguição. = STF e STJ. 
 
OBS2: ladrão que subtrai ladrão pratica furto, todavia o sujeito passivo é o real dono da coisa. 
 
OBS3: Famulato – praticado pelo empregado valendo-se dessa condição; 
 Furto famélico – possível o reconhecimento do estado de necessidade (urgência e inevitabilidade); 
 Furto de uso – atípico desde que ausente o animus furandi, seja coisa não consumível e seja restituída 
imediata e integralmente à vítima. 
 
 § 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno. – não há 
necessidade de que a casa seja habitada ou com moradores repousando efetivamente; pode ocorrer inclusive 
em estabelecimentos comerciais. 
 
 § 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de 
reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. 
Segundo entendimento do STF é pequeno valor aquele que não ultrapassa 01 salário mínimo – RT 657/323. 
 
Súmula 511-STJ: 
É possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º do art. 155 do CP nos casos de crime de furto 
qualificado, se estiverem presentes a primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a qualificadora for 
de ordem objetiva. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art142
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art144
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art144
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CHO 
 
 § 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico. 
Segundo a 2ª turma do STF não se enquadra aí a subtração de sinal de TV a cabo – analogia in mallam 
partem. 
 Furto qualificado 
 § 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido: 
 
 I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa; 
 
 II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza; 
Furto qualificado pelo abuso de confiança (dolo inicial) X apropriação indébita (dolo superveniente); 
Furto qualificado pela fraude (fraude para reduzir a vigilância do objeto; não há cooperação da vítima) X 
estelionato (fraude induz ao erro e à colaboração da vítima). 
 
 III - com emprego de chave falsa; 
 
 IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. (STJ reconhece o concurso com associação criminosa) 
 
 § 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego de explosivo ou 
de artefato análogo que cause perigo comum. 
§ 4º-B. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se o furto mediantef raude é 
cometido por meio de dispositivo eletrônico ou informático, conectado ou não à rede de computadores, com 
ou sem a violação de mecanismo de segurança ou a uti lização de programa malicioso, ou por qualquer 
outro meio f raudulento análogo. 
§ 4º-C. A pena prevista no § 4º-B deste artigo, considerada a relevância do resultado gravoso: 
I – aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado mediante a utilização de 
servidor mantido fora do território nacional; 
II – aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é praticado contra idoso ou vulnerável. 
 § 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a 
ser transportado para outro Estado ou para o exterior. 
 
 § 6o A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente domesticável 
de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração. (ABIGEATO) 
 
 § 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração for de substâncias 
explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou 
emprego. 
 
 Furto de coisa comum 
 
 Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a 
detém, a coisa comum: 
 Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. 
 § 1º - Somente se procede mediante representação. 
 § 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem 
direito o agente. 
 
Roubo 
 Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a 
pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: Roubo próprio 
 
 Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. VIOLÊNCIA IMPRÓPRIA 
 
VIOLÊNCIA PRÓPRIA 
 
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É pela quantidade de subtrações que se afere a quantidade de roubos. 
 
 § 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa 
ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro. 
Roubo impróprio 
 
 § 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade: Roubo majorado ou 
circunstanciado. 
 I – (revogado); 
 II - se há o concurso de duas ou mais pessoas; 
 III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância. 
 IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o 
exterior; 
 V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. 
 VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, 
possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. ; 
 VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca. 
 
§ 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): Roubo majorado ou circunstanciado. 
 I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo; 
 II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato 
análogo que cause perigo comum. 
 
§ 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido, 
aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo. 
 
 Roubo qualificado: 
 § 3º Se da violência resulta: 
 I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa; 
 II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa. LATROCÍNIO 
 
STF Súmula 610 - Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o agente 
a subtração de bens da vítima. 
 
 
Extorsão 
 Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou 
para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa: 
 
CONSTRANGER (obrigar/coagir) a entregar ≠ subtrair. 
A própria vítima fornece a vantagem ≠ ROUBO. 
Na extorsão a colaboração da vítima é indispensável. 
 
STJ Súmula 96: O crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da vantagem indevida. 
 
 Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. 
 
 § 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena 
de um terço até metade. (co-autoria) em 
geral. 
 § 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior. 
 
Extorsão qualificada: “sequestro relâmpago”. 
§ 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária 
para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13654.htm#art4
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se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, 
respectivamente. 
 
 
Extorsão mediante sequestro 
 Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como 
condição ou preço do resgate: econômica 
 
Vantagem DEVIDA – crime de sequestro em concurso com exercício arbitrário das próprias razões. 
 
 Pena - reclusão, de oito a quinze anos. 
 
Sequestra uma pessoa e pede resgate a outrem. 
Se consuma com o sequestro, independentemente do resgate. 
Crime permanente. 
 
FORMAS QUALIFICADAS: 
 
 § 1o Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) 
ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha 
 
Segundo o STJ a condenação cumulativa pelo crime de extorsão qualificada pelo concurso de agentes com o 
crime de associação criminosa não configura bis in idem. 
 
 Pena - reclusão, de doze a vinte anos. 
 
 § 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: 
 Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. 
 
 § 3º - Se resulta a morte: 
 Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. 
 
 § 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a 
libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços. 
Colaboração premiada “eficaz” 
 
Extorsão indireta 
 
Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de alguém, documento 
que pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro: 
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. 
 
Alteração de limites 
Art. 161 - Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, 
para apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia: 
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. 
§ 1º - Na mesma pena incorre quem: 
 
Usurpação de águas 
I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de outrem, águas alheias; 
Esbulho possessório 
I - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou mediante concurso de mais de duas pessoas, 
terreno ou edifício alheio, para o fim de esbulho possessório. 
§ 2º - Se o agente usa de violência, incorre também na pena a esta cominada. 
§ 3º - Se a propriedade é particular, e não há emprego de violência, somente se procede mediante 
queixa. 
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Supressão ou alteração de marca em animaisArt. 162 - Suprimir ou alterar, indevidamente, em gado ou rebanho alheio, marca ou sinal indicativo 
de propriedade: 
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. 
 
Dano 
Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia: 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
Dano qualificado 
Parágrafo único - Se o crime é cometido: 
I - com violência à pessoa ou grave ameaça; 
II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui crime mais grave 
III - contra o patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, de Município ou de autarquia, 
fundação pública, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviços 
públicos; 
IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima: 
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da pena correspondente à violência. 
 
Introdução ou abandono de animais em propriedade alheia 
Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em propriedade alheia, sem consentimento de quem de direito, 
desde que o fato resulte prejuízo: 
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, ou multa. 
 
Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou histórico 
Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pela autoridade competente em virtude de 
valor artístico, arqueológico ou histórico: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. 
 
 Alteração de local especialmente protegido 
Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade competente, o aspecto de local especialmente protegido 
por lei: 
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. 
 
 Ação penal 
Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu parágrafo e do art. 164, somente se procede 
mediante queixa. 
 
 Apropriação indébita 
 Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção: 
 Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
 Aumento de pena 
 § 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa: 
 I - em depósito necessário; 
 II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, testamenteiro ou depositário 
judicial; 
 III - em razão de ofício, emprego ou profissão. 
 
Apropriação indébita previdenciária 
 Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no 
prazo e forma legal ou convencional: 
 Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. 
 § 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de: 
 I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à previdência social que tenha 
sido descontada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público; 
 II – recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado despesas contábeis ou 
custos relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços; 
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CHO 
 III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já tiverem sido 
reembolsados à empresa pela previdência social. 
 § 2o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e efetua o pagamento 
das contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma 
definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal. 
 § 3o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for primário 
e de bons antecedentes, desde que: 
 I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, o pagamento da 
contribuição social previdenciária, inclusive acessórios; ou 
 II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido 
pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções 
fiscais. 
§ 4o A faculdade prevista no § 3o deste artigo não se aplica aos casos de parcelamento de contribuições cujo 
valor, inclusive dos acessórios, seja superior àquele estabelecido, administrativamente, como sendo o mínimo 
para o ajuizamento de suas execuções fiscais. 
 
 Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força da natureza 
 Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da 
natureza: 
 Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. 
 Parágrafo único - Na mesma pena incorre: 
 
 Apropriação de tesouro 
 I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo ou em parte, da quota a que tem direito 
o proprietário do prédio; 
 Apropriação de coisa achada 
 II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí -la ao 
dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de quinze dias. 
 
Art. 170 - Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica-se o disposto no art. 155, § 2º. 
 
Estelionato 
 Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo 
alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento: contra pessoa certa e 
determinada. 
 Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos de réis. 
 
STJ Súmula 17: Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este 
absorvido. 
STJ Súmula 73: A utilização de papel moeda grosseiramente falsif icado conf igura, em tese, o crime de 
estelionato, da competência da Justiça Estadual. 
 
 § 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme 
o disposto no art. 155, § 2º. 
 
 § 2º - Nas mesmas penas incorre quem: 
 Disposição de coisa alheia como própria 
 I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia como própria; 
 Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria 
 II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável, gravada de ônus ou 
litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações, silenciando sobre 
qualquer dessas circunstâncias; 
 Defraudação de penhor 
 III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia, 
quando tem a posse do objeto empenhado; 
 Fraude na entrega de coisa 
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 IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que deve entregar a alguém; 
 Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro 
 V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava 
as consequências da lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor de seguro; 
 Fraude no pagamento por meio de cheque 
 VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento. 
(Dolo na emissão do cheque). 
 
§ 2º-A. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se a fraude é cometida 
com a utilização de informações fornecidas pela vítima ou por terceiro induzido a erro por meio 
de redes sociais, contatos telefônicos ou envio de correio eletrônico fraudulento, ou por qualquer 
outro meio fraudulento análogo. 
 
§ 2º-B. A pena prevista no § 2º-A deste artigo, considerada a relevância do resultado 
gravoso, aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado mediante a 
utilização de servidor mantido fora do território nacional. 
 
§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento de entidade de direito 
público ou de instituto deeconomia popular, assistência social ou beneficência. 
 
Estelionato contra idoso ou vulnerável 
§ 4º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é cometido contra idoso ou vulnerável, 
considerada a relevância do resultado gravoso. 
 
§ 5º Somente se procede mediante representação, salvo se a vítima for: 
I - a Administração Pública, direta ou indireta; 
II - criança ou adolescente; 
III - pessoa com deficiência mental; ou 
IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz. 
 
“Fraude por meio de ativos virtuais” 
Art. 171-A. Organizar, gerir, ofertar ou distribuir carteiras ou intermediar operações que envolvam ativos 
virtuais, valores mobiliários ou quaisquer ativos financeiros com o fim de obter vantagem ilícita, em prejuízo 
alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil ou qualquer outro meio 
fraudulento. 
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. 
 
 Duplicata simulada 
 Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não corresponda à mercadoria vendida, 
em quantidade ou qualidade, ou ao serviço prestado. 
 Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. 
 Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquele que falsificar ou adulterar a escrituração do 
Livro de Registro de Duplicatas. 
 
 Abuso de incapazes 
 Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, de necessidade, paixão ou inexperiência de 
menor, ou da alienação ou debilidade mental de outrem, induzindo qualquer deles à prática de ato suscetível 
de produzir efeito jurídico, em prejuízo próprio ou de terceiro: 
 Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. 
 
 Induzimento à especulação 
 Art. 174 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, da inexperiência ou da simplicidade ou 
inferioridade mental de outrem, induzindo-o à prática de jogo ou aposta, ou à especulação com títulos ou 
mercadorias, sabendo ou devendo saber que a operação é ruinosa: 
 Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. 
 
 DIREITO PENAL – Profª. Gabriella Nóbrega 
 
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 Fraude no comércio 
 Art. 175 - Enganar, no exercício de atividade comercial, o adquirente ou consumidor: 
 I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsificada ou deteriorada; 
 II - entregando uma mercadoria por outra: 
 Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. 
 § 1º - Alterar em obra que lhe é encomendada a qualidade ou o peso de metal ou substituir, no 
mesmo caso, pedra verdadeira por falsa ou por outra de menor valor; vender pedra falsa por verdadeira; 
vender, como precioso, metal de ou outra qualidade: 
 Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. 
 § 2º - É aplicável o disposto no art. 155, § 2º. 
 
 Outras fraudes 
 Art. 176 - Tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel ou utilizar-se de meio de transporte 
sem dispor de recursos para efetuar o pagamento: 
 Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa. 
 Parágrafo único - Somente se procede mediante representação, e o juiz pode, conforme as 
circunstâncias, deixar de aplicar a pena. 
 
 Fraudes e abusos na fundação ou administração de sociedade por ações 
 Art. 177 - Promover a fundação de sociedade por ações, fazendo, em prospecto ou em 
comunicação ao público ou à assembléia, afirmação falsa sobre a constituição da sociedade, ou ocultando 
fraudulentamente fato a ela relativo: 
 Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, se o fato não constitui crime contra a economia 
popular. 
 § 1º - Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui crime contra a economia popular: 
 I - o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por ações, que, em prospecto, relatório, parecer, 
balanço ou comunicação ao público ou à assembléia, faz afirmação falsa sobre as condições econômicas da 
sociedade, ou oculta fraudulentamente, no todo ou em parte, fato a elas relativo; 
 II - o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por qualquer artifício, falsa cotação das ações 
ou de outros títulos da sociedade; 
 III - o diretor ou o gerente que toma empréstimo à sociedade ou usa, em proveito próprio ou de 
terceiro, dos bens ou haveres sociais, sem prévia autorização da assembléia geral; 
 IV - o diretor ou o gerente que compra ou vende, por conta da sociedade, ações por ela emitidas, 
salvo quando a lei o permite; 
 V - o diretor ou o gerente que, como garantia de crédito social, aceita em penhor ou em caução 
ações da própria sociedade; 
 VI - o diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em desacordo com este, ou mediante balanço 
falso, distribui lucros ou dividendos fictícios; 
 VII - o diretor, o gerente ou o fiscal que, por interposta pessoa, ou conluiado com acionista, 
consegue a aprovação de conta ou parecer; 
 VIII - o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V e VII; 
 IX - o representante da sociedade anônima estrangeira, autorizada a funcionar no País, que pratica 
os atos mencionados nos ns. I e II, ou dá falsa informação ao Governo. 
 § 2º - Incorre na pena de detenção, de seis meses a dois anos, e multa, o acionista que, a fim de 
obter vantagem para si ou para outrem, negocia o voto nas deliberações de assembléia geral. 
 
 Emissão irregular de conhecimento de depósito ou "warrant" 
 Art. 178 - Emitir conhecimento de depósito ou warrant, em desacordo com disposição legal: 
 Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
 
 Fraude à execução 
 Art. 179 - Fraudar execução, alienando, desviando, destruindo ou danificando bens, ou simulando 
dívidas: 
 Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. 
 Parágrafo único - Somente se procede mediante queixa. 
 
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Receptação 
 Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que 
sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: 
 Receptação imprópria (intermediário) 
 Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
 
 Receptação qualificada 
 § 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, 
vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade 
comercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto de crime: 
 Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa. 
 
 § 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do parágrafo anterior, qualquer forma de comércio 
irregular ou clandestino, inclusive o exercício em residência. 
 
 § 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou 
pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso: 
 Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as penas. 
 § 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do crime de que 
proveio a coisa. 
 
 Receptação privilegiada 
 § 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o juiz, tendo em consideração as 
circunstâncias, deixar de aplicar a pena. Na receptação dolosa aplica-se o disposto no § 2º do art. 155. 
 
 § 6º - Tratando-se de bens e instalações do patrimônio da União, Estado, Município, empresa 
concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia mista, a pena prevista no caput deste artigo 
aplica-se em dobro. – não se aplica à conduta culposa. 
 
DISPOSIÇÕES GERAIS 
 
Art. 181 - É isento de pena quem cometequalquer dos crimes previstos neste título, em 
prejuízo: 
 I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal; por analogia in bonam partem também o 
companheiro/a 
 II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural. 
Escusa absolutória: vai gerar uma imunidade absoluta. 
 
 Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é cometido 
em prejuízo: vai gerar uma imunidade relativa 
 I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; 
 II - de irmão, legítimo ou ilegítimo; 
 III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. 
 
 Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores: 
 I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaça ou 
violência à pessoa; 
 II - ao estranho que participa do crime. 
 III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. 
 
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
DOS CRIMES PRATICADOS 
POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO 
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL 
 
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CHO 
(Crimes próprios) 
Admitem concurso de pessoas – circunstâncias elementares essenciais 
 
 Peculato 
 Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público 
ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: 
 Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. 
 § 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor 
ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de 
facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário. 
 
• Peculato apropriação 
• Peculato desvio 
• Peculato furto 
 
 Peculato culposo 
 § 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem: 
 Pena - detenção, de três meses a um ano. 
 
 § 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue 
a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta. 
 
Peculato mediante erro de outrem 
 Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro 
de outrem: 
 Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
 
 Inserção de dados falsos em sistema de informações 
 Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir 
indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública 
com o f im de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano: ) 
 Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. 
 
 Modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações 
 Art. 313-B. Modif icar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou programa de informática 
sem autorização ou solicitação de autoridade competente: 
 Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
 Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a metade se da modif icação ou alteração 
resulta dano para a Administração Pública ou para o administrado. 
 
 Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento 
 Art. 314 - Extraviar livro of icial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão do cargo; 
sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente: 
 Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave. 
 
 Emprego irregular de verbas ou rendas públicas 
 Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei: 
 Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. 
 
 Concussão 
 Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes 
de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: 
 Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. 
 
 Excesso de exação 
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 § 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, 
quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: 
 Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. 
 § 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para 
recolher aos cofres públicos: 
 Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. 
 
 Corrupção passiva 
 Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da 
função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: 
 Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. 
 
CORRUPÇÃO PASSIVA MAJORADA / CIRCUNSTANCIADA 
 § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da vantagem ou promessa, o funcionário 
retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional. 
CORRUPÇÃO PASSIVA PRIVILEGIADA 
 § 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, 
cedendo a pedido ou influência de outrem: 
 Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. 
 
Facilitação de contrabando ou descaminho 
 Art. 318 - Facilitar, com inf ração de dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho (art. 334): 
 Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. 
 
 Prevaricação 
 Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição 
expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: 
 Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 
 
 Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever de vedar 
ao preso o acesso a aparelho* telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos 
ou com o ambiente externo: sujeito específico / – exceção à teoria monista (art. 349-A) 
 Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. 
 
*CHIP não configura aparelho conforme a jurisprudência. 
 
 Condescendência criminosa 
 Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração 
no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade 
competente: crime omissivo. 
 Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. 
 
 Advocacia administrativa 
 Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública, 
valendo-se da qualidade de funcionário: qualquer funcionário. 
 Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. 
 
 Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo: 
 Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa. 
 
Violência arbitrária 
Art. 322 - REVOGADO 
 
 Abandono de função 
 Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em lei: 
 Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. 
 § 1º - Se do fato resulta prejuízo público: 
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CHO 
 Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 
 § 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de f ronteira: 
 Pena- detenção, de um a três anos, e multa. 
 
 Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado 
 Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de satisfeitas as exigências legais, ou continuar a 
exercê-la, sem autorização, depois de saber of icialmente que foi exonerado, removido, substituído ou 
suspenso: 
 Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. 
 
 Violação de sigilo funcional 
 Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em segredo, ou 
facilitar-lhe a revelação: 
 Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato não constitui crime mais grave. 
 § 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: 
 I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo de senha ou qualquer outra 
forma, o acesso de pessoas não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da 
Administração Pública; 
 II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. 
 § 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública ou a outrem: 
 Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. 
 
 Violação do sigilo de proposta de concorrência 
 Art. 326 - REVOGADO 
 
 Funcionário público 
 Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora 
transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. 
 
 § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, 
e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade 
típica da Administração Pública. 
 
 § 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo 
forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da 
administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público. 
 
DOS CRIMES PRATICADOS POR 
PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL 
(Crimes comuns) 
 
 Usurpação de função pública 
 Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública: 
 Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa. 
 Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem: 
 Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. 
 
 Resistência 
 Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente 
para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio: 
 Pena - detenção, de dois meses a dois anos. 
 § 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa: 
 Pena - reclusão, de um a três anos. 
 § 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência. 
 
 Desobediência 
 Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público: 
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CHO 
 Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa. 
 
 Desacato 
 Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela: 
 Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. 
 
 Tráfico de Influência 
 Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de 
vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função: ≠ do artigo 
357 
 Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. 
 Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou insinua que a 
vantagem é também destinada ao funcionário. 
 
 Corrupção ativa 
 Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, 
omitir ou retardar ato de ofício: A INICIATIVA É DO PARTICULAR 
 Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. 
 
 Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o 
funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional. 
 
 Descaminho 
Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída 
ou pelo consumo de mercadoria 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. 
§ 1o Incorre na mesma pena quem: 
I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei; 
II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho; 
III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou 
alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira que introduziu 
clandestinamente no País ou importou f raudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandestina 
no território nacional ou de importação f raudulenta por parte de outrem; 
IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou 
industrial, mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal ou 
acompanhada de documentos que sabe serem falsos. 
§ 2o Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio 
irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. 
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho é praticado em transporte aéreo, marítimo 
ou f luvial. 
 
Contrabando 
Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos. 
§ 1o Incorre na mesma pena quem: 
I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando; 
II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria que dependa de registro, análise ou autorização 
de órgão público competente; 
III - reinsere no território nacional mercadoria brasileira destinada à exportação; 
IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou 
alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira; 
V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou 
industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira. 
§ 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio 
irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. 
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de contrabando é praticado em transporte aéreo, marítimo 
ou f luvial. 
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 Impedimento, perturbação ou fraude de concorrência 
 Art. 335 - Impedir, perturbar ou f raudar concorrência pública ou venda em hasta pública, promovida 
pela administração federal, estadual ou municipal, ou por entidade paraestatal; afastar ou procurar afastar 
concorrente ou licitante, por meio de violência, grave ameaça, f raude ou oferecimento de vantagem: 
 Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, além da pena correspondente à violência. 
 Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se abstém de concorrer ou licitar, em razão da 
vantagem oferecida. 
 
 Inutilização de edital ou de sinal 
 Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou conspurcar edital af ixado por ordem de 
funcionário público; violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por determinação legal ou por ordem de 
funcionário público, para identif icar ou cerrar qualquer objeto: 
 Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. 
 
 Subtração ou inutilização de livro ou documento 
 Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, livro of icial, processo ou documento confiado à 
custódia de funcionário, em razãode of ício, ou de particular em serviço público: 
 Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não constitui crime mais grave. 
 
 Sonegação de contribuição previdenciária 
 Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária e qualquer acessório, mediante as 
seguintes condutas: 
 I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento de informações previsto pela 
legislação previdenciária segurados empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador autônomo 
ou a este equiparado que lhe prestem serviços; 
 II – deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da contabilidade da empresa as quantias 
descontadas dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviç os; 
 III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, remunerações pagas ou creditadas e 
demais fatos geradores de contribuições sociais previdenciárias: 
 Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. 
 § 1o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara e confessa as contribuições, 
importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma def inida em lei ou 
regulamento, antes do início da ação f iscal. 
 § 2o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for 
primário e de bons antecedentes, desde que: 
 I – (VETADO) 
 II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido 
pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções 
f iscais. 
 § 3o Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha de pagamento mensal não ultrapassa R$ 
1.510,00 (um mil, quinhentos e dez reais), o juiz poderá reduzir a pena de um terço até a metade ou aplicar 
apenas a de multa. 
 § 4o O valor a que se refere o parágrafo anterior será reajustado nas mesmas datas e nos mesmos 
índices do reajuste dos benef ícios da previdência social. 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
1. BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. Saraiva 
2. CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. Saraiva 
__________________ Código Penal Comentado. Verbo Jurídico. 
3. GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal. Impetus 
4. JESUS, Damásio Evangelista de. Direito Penal. Saraiva 
5. MIRABETE, Júlio Fabrini. Manual de Direito Penal. Atlas 
6. NORONHA, Edgard Magalhães. Direito Penal. Saraiva. 
7. NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal - Parte Geral / Parte Especial. RT. 
________________________ Código Penal Comentado. RT. 
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/Mensagem_Veto/2000/Mv0961-00.htmque 
deve sempre ser valorada. É a teoria adotada pelo CP. 
 
*Teoria Causalista ou Naturalista - O sistema causal-naturalístico concebe a 
conduta como um puro fator de causalidade, ou seja, atribui o resultado ao emprego de 
forças físicas independentemente da vontade do indivíduo. Trata-se de um legalismo 
estrito. Busca ver o conceito de conduta despido de qualquer valoração. O dolo e a culpa 
estão situados na culpabilidade. 
 
3.2.1. Dolo 
 DIREITO PENAL – Profª. Gabriella Nóbrega 
 
5 
CHO 
a) Conceito: Art 18, I do CP 
 
“CP, Art. 18 - Diz-se o crime: 
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo; ...” 
 
b) Espécies de dolo 
 
* Dolo direto ou determinado = é aquele em que o agente quer o resultado (teoria da 
vontade). O dolo direto pode ser classificado em dolo de 1º grau (principal – resultado 
principal desejado) ou dolo de 2º grau (dolo de consequências necessárias – resultados 
indissociáveis do principal). 
 
Exemplo: Zé atira em Jurema para matá-la sabendo que ela está grávida no início da 
gestação. Ao agir para matar Jurema (dolo direto de primeiro grau) ele aceita provocar a 
morte do feto (resultado indissociável – dolo direto de segundo grau). Zé responderá por 
dois crimes dolosos – um homicídio e um aborto. 
 
* Dolo eventual = onde o agente age com indiferença em relação ao resultado, não o 
deseja diretamente, mas aceita que ele ocorra ao assumir os riscos da sua conduta diante 
da previsão da ocorrência do crime (teoria do assentimento). Há PREVISÃO – alta 
probabilidade de provocar o resultado criminoso. 
Exemplo: Zé atira em um pássaro para caçá-lo. O animal estava muito próximo de um 
indivíduo chamado Pedro. Mesmo prevendo a possibilidade de atingir Pedro, Zé atira. 
Pedro é atingido e morre. Zé praticou um homicídio doloso (dolo eventual). 
 
3.2.2. Culpa 
 
a) Conceito: A culpa consiste na prática não intencional do delito (não quer o resultado 
criminoso), faltando, porém, o agente a um dever de atenção e cuidado. 
 
Conduta culposa é a conduta voluntária (ação ou omissão) que produz resultado 
antijurídico não querido, mas previsível, que podia, com a devida atenção, ser evitado. O 
criminoso deseja praticar a conduta, porém, não deseja provocar o resultado ilícito. 
 
 
Em resumo: no crime culposo o indivíduo realiza a ação ou omissão de maneira voluntária, 
todavia o comportamento descuidado (negligente, imprudente ou imperito) acaba 
provocando um resultado ilícito não desejado. 
 
 
“CP, Art. 18 - Diz-se o crime: 
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência 
ou imperícia.” 
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido 
por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.” 
 
b) Modalidades de culpa 
 
 Negligência = é inércia psíquica, a falta de atenção devida. É omissão. 
 DIREITO PENAL – Profª. Gabriella Nóbrega 
 
6 
CHO 
 Imprudência = é uma atitude em que o agente atua com precipitação, com 
afoiteza, sem cautelas, ou seja, é a criação desnecessária de um perigo. É ação. 
 Imperícia = é a incapacidade, a falta de conhecimentos técnicos durante o 
exercício de arte ou profissão; é a falta de perícia ou habilidades técnicas durante 
determinada atividade de pessoa habilitada/capacitada para esse fim. 
 
c) Espécies de culpa 
 
 Culpa inconsciente = é a culpa comum. Há mera PREVISIBILIDADE. 
Exemplo: atender o celular dirigindo um veículo em um local sem movimento. 
 Culpa consciente = é aquela em que o agente, embora prevendo o resultado, 
não deixa de praticar a conduta acreditando, sinceramente, que este resultado não 
venha ocorrer (confia sobremaneira nas próprias habilidades). Há PREVISÃO. 
Exemplo: Zé atira em um pássaro para caçá-lo. O animal estava muito próximo de 
um indivíduo chamado Pedro. Mesmo prevendo a possibilidade de atingir Pedro, Zé 
atira, pois, tem certeza que não errará o alvo. Zé acredita ser um atirador 
excelente. Pedro é atingido e morre. Zé praticou um homicídio culposo (culpa 
consciente). 
 
OBS: Não há compensação de culpas no nosso ordenamento jurídico penal , porém a culpa 
exclusiva da vítima exclui a do agente. 
 
Exemplo: Zé dirige seu veículo na velocidade permitida sem nenhuma irregularidade. Ao 
cruzar um semáforo verde foi surpreendido por um pedestre que atravessou correndo na 
frente de veículo sem que houvesse tempo para Zé frear. O pedestre é atropelado e morre. 
Não há crime. 
 
3.2.3 Preterdolo = dolo + culpa 
 
Dolo no antecedente (conduta inicial) e culpa no consequente (resultado mais grave do que 
o desejado). 
 
“CP, Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente 
que o houver causado ao menos culposamente”. 
 
Ex: Crime do artigo 129, § 3º do CP - lesão corporal seguida de morte (havia dolo – intenção 
criminosa – de lesionar, e a vítima acabou morrendo). 
 
3.3 Resultado 
 
O resultado é a modificação no mundo exterior pela conduta. 
 
Espécies de resultado: 
✓ Jurídico: também chamado de normativo. Todo crime possui resultado jurídico – é a 
lesão ou ameaça de lesão ao bem jurídico tutelado. É a violação à lei penal. 
✓ Material: também chamado de naturalístico. Nem todo crime possui resultado 
material – é a modificação concreta do mundo exterior. 
 
 DIREITO PENAL – Profª. Gabriella Nóbrega 
 
7 
CHO 
Exemplo: no homicídio há resultado jurídico e naturalístico (viola a lei penal e produz 
o resultado concreto – corpo sem vida). 
 
Formas de resultado: 
✓ Consumação: quando o bem jurídico alheio é efetivamente atingido; 
✓ Tentativa: quando o bem jurídico alheio é apenas colocado em risco. 
 
3.3.1. Iter criminis (caminho/fases do crime) 
 
São quatro as fases do crime: 
 Cogitação = o agente mentaliza, idealiza, planeja, deseja, representa 
mentalmente a prática do crime. É sempre impunível no nosso ordenamento jurídico. 
Ex: Zé decide matar Pedro a facadas. 
 Preparação* = é a prática de atos concretos imprescindíveis à execução do crime. 
A agressão ao bem jurídico ainda não se iniciou, portanto essa fase também é 
impunível (em regra). 
Ex: Zé compra uma faca e faz uma tocaia para aguardar Pedro passar para matá-lo. 
 Execução = a execução se inicia com a prática do primeiro ato idôneo para a 
consumação do delito. A partir deste momento todos os atos já são puníveis. Já há 
crime. 
Ex: Zé efetua o primeiro golpe na direção de Pedro para matá-lo. 
 Consumação = o agente consuma a infração por ele pretendida, obtém o 
resultado desejado. 
Ex: Pedro morre em razão das facadas efetuadas por Zé. 
 
OBS.: *Em determinadas situações o legislador achou por bem punir de forma autônoma 
algumas condutas que poderiam ser consideradas preparatórias. Ex: associação criminosa, 
porte ilegal de arma, carregar chave falsa. 
 
OBS2: Alguns crimes podem apresentar uma quinta fase (não obrigatória) chamada 
exaurimento. Exemplo: o crime patrimonial de extorsão mediante sequestro se consuma no 
momento em que a vítima é sequestrada. O pagamento do resgate não influencia na 
consumação do delito, é mero exaurimento. 
 
3.3.2. Tentativa 
 
Artigo 14, II do Código Penal. 
 
“CP, Art. 14 - Diz-se o crime: 
I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal; 
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à 
vontade do agente.” 
 
Ex: Pedro não morre em razão das facadas efetuadas por Pedro pois foi socorrido a 
tempo por terceiras pessoas. 
 
A tentativa do crime é punida com a mesma pena do crime consumado reduzida de 1/3 a 
2/3. 
 
 DIREITO PENAL – Profª. Gabriella Nóbrega 
 
8 
CHO 
Pode ser: 
 
3.3.3. Desistência voluntária, arrependimento eficaz e arrependimento 
posterior. 
 
Artigos 15 e 16 do Código Penal. 
 
a) Desistência voluntária (tentativa abandonada) 
Ocorre quando o agente interrompe, voluntariamente (livremente), os atos de execução, 
impedindo, por ato seu, a consumação dainfração penal, razão pela qual o agente é 
privilegiado com a regra do artigo 15, primeira parte, do CP, só respondendo pelos atos já 
praticados (independentemente do dolo inicial). O agente mudou de ideia voluntariamente. 
Exemplo: Zé quebra o vidro de um veículo para roubar a bolsa que está no banco do carro. 
Contudo, ao quebrar o vidro, Zé, voluntariamente, desiste do furto. 
 
b) Arrependimento eficaz 
Ocorre quando o agente, depois de esgotar todos os meios de que dispunha para chegar 
à consumação da infração, arrepende-se e atua em sentido contrário, evitando a produção 
do resultado anteriormente pretendido. O agente mudou de ideia voluntariamente. 
Aplica-se a regra da segunda parte do artigo 15 do CP, ou seja, só respondendo pelos atos 
já praticados (independentemente do dolo inicial). 
 
Exemplo: Zé atira em Pedro com o objetivo de matar (“animus necandi “). Contudo, ao ver 
Pedro suplicando pela vida, Zé desiste e socorre Pedro que, ao final, sobrevive. 
 
AMBOS DEVEM IMPEDIR O RESULTADO, do contrário o agente responde de acordo 
com a finalidade inicial. Precisam ser voluntários, não necessariamente 
espontâneos. São chamados pela doutrina de PONTE DE OURO. 
 
 
A DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA e o ARREPENDIMENTO EFICAZ afastam a tentativa. 
 
 
“CP, Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou 
impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.” 
 
c) Arrependimento posterior 
Regra do artigo 16 do CP. Reduz a pena de 1/3 a 2/3 daquele que restitui a coisa ou repara 
o dano (não apenas o moral) voluntariamente antes de iniciada a ação penal no caso de 
crime sem violência ou grave ameaça à pessoa. 
É chamado pela doutrina de PONTE DE PRATA. 
 
Essa reparação/ restituição deve ser: integral; até o recebimento da denúncia/ queixa; por 
ato VOLUNTÁRIO do agente. 
 
Exemplo: “Homem se arrepende e devolve motocicleta que havia furtado”. 
Após subtrair um moto estacionada em uma calçada, um homem ligou para a polícia e disse 
que estava ‘arrependido’ e indicou a localização do veículo. 
 
https://direitodesenhado.com.br/crime-de-roubo/
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9 
CHO 
“CP, Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, 
reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, 
por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.” 
 
- - - - Iter criminis - - - - Fase posterior 
Início da 
execução 
do crime 
Desistência 
Voluntária 
Fim dos atos 
executórios 
Arrependimento 
eficaz 
Consumação 
do crime 
Arrependimento 
posterior 
 
3.3.4. Crime impossível (quase-crime / tentativa inidônea) – há dolo mas era 
IMPOSSÍVEL consumar. 
 
“CP, Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por 
absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.” 
 
EX: Meio absolutamente ineficaz – matar com arma de fogo sem munição; envenenar com 
farinha; 
 Objeto absolutamente impróprio – matar um cadáver; provocar aborto em uma mulher 
que não está grávida. 
 
3.4. Nexo Causal 
 
3.4.1. Conceito 
 
É o elo que se estabelece entre a conduta do agente e o resultado, por meio do qual é 
possível dizer se aquela conduta deu ou não causa a este. 
 
3.4.2. Superveniência causal (art. 13, §1º do CP) 
 
Nas causas absolutamente independentes da conduta do agente o agente não responde 
pelo resultado, mas tão somente pelo que provocou (tentativa). 
 
Nas causas relativamente independentes (concausas) o agente responde pelo resultado 
(exceto na superveniente quando, por si só, provoca o resultado). 
 
CP, Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável 
a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o 
resultado não teria ocorrido. 
 
OBS: A teoria adotada como regra pelo CP é da equivalência dos antecedentes, também 
conhecida como conditio sine qua non (Art. 13, caput, CP). 
 
§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação 
quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se 
a quem os praticou.” 
 
Como exceção, adota-se a teoria da causalidade adequada. 
 
3.5. Tipicidade 
 
3.5.1. Conceito de tipo penal 
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10 
CHO 
 
Consiste na descrição abstrata da conduta humana feita pormenorizadamente pela lei penal 
e correspondente a um fato criminoso. 
 
É composto obrigatoriamente por duas partes: conduta criminosa (preceito primário) e a 
pena (preceito secundário). 
 
3.5.2. Conceito de tipicidade 
 
“É a subsunção, justaposição, enquadramento, amoldamento ou integral correspondência 
de uma conduta praticada no mundo real ao modelo descritivo constante da lei” (Capez). 
 
3.5.3. Erro de tipo 
 
É a falsa percepção da realidade sobre um dos elementos do tipo legal. É o que faz o sujeito 
supor a ausência de elemento ou circunstância da figura típica. 
 
O indivíduo age sem querer/perceber que está cometendo ato ilícito. 
 
a) Erro de tipo essencial 
 
O agente não percebe que está praticando conduta proibida, ele age por erro, sem a 
presença de intenção criminosa. 
 
✓ Será invencível ou inevitável (escusável) quando não podia ter sido evitado, 
excluindo-se o dolo e a culpa da conduta, portanto, não haverá crime. 
✓ Será vencível ou evitável (inescusável) quando poderia ser evitado pelo agente com 
o uso de inteligência mediana. Haverá crime, porém exclui-se o dolo e pune-se 
apenas a título de culpa. 
 
b) Erro de tipo acidental (refere-se a dados secundários da figura penal; o agente queria 
praticar crime). RESPONDE DE ACORDO COM O DOLO DO AGENTE. 
 
 Erro sobre o objeto: (error in objecto) o agente tem a vontade de praticar o delito, 
apenas esta conduta recai sobre uma coisa diversa da desejada. Responde como 
se tivesse atingido o objeto desejado. 
Ex: furtar bijouteria pensando ser ouro. 
 
 Erro sobre a pessoa: (error in persona) quando o agente criminoso desejava atingir 
uma pessoa e atinge outra. Responde como se tivesse atingido a pessoa desejada. 
Ex: atirar em Pedro para matá-lo pensando que ele é João (seu irmão gêmeo). 
Responde como se tivesse matado João (a vítima desejada). 
 
 Erro na execução: (aberratio ictus) ou desvio de golpe. O agente por inabilidade 
atinge pessoa diversa da desejada. Responde como se tivesse atingido a pessoa 
desejada. 
Ex: atirar em Pedro para matá-lo, mas erra a pontaria e acerta João. Responde como 
se tivesse matado Pedro (a vítima desejada). 
 
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11 
CHO 
 Erro sobre a causa: (aberratio causae) ou dolo geral ou erro sucessivo. O erro no 
tocante ao meio de execução empregado pelo agente. Responde como se tivesse 
realizado o crime da maneira desejada. 
Ex: atirar em Pedro para matá-lo. Acreditando que a vítima está morta, arremessa o 
corpo ao mar para ocultar o que pensa ser um cadáver. A vítima morre afogada. Não 
responde pela qualificadora da asfixia (afogamento). 
 
c) Erro provocado por terceiro: Artigo 20, § 2º do CP. Quem responde pelo crime é o 
terceiro que provocou o erro. 
 
“CP, Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, 
mas permite punição por crime culposo, se previsto em lei. 
... 
§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. 
 
§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. 
Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vitima, senão as da 
pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.” 
 
4. ILICITUDE / ANTIJURIDICIDADE 
 
4.1. Conceito 
 
Segundo elemento constitutivo do crime. 
É a contradição entre a conduta do agente e o ordenamento jurídico (ou seja, a conduta 
além de típica é contrária ao direito). É regra. 
 
4.2. Causas legais gerais de exclusão da ilicitude 
São as quatro circunstâncias trazidas no artigo 23 do CP:estado de necessidade, legítima 
defesa, estrito cumprimento do dever legal e exercício regular de direito. Ocorrendo um fato 
típico presente uma de estas circunstâncias, tal fato típico não será ilícito, portanto, não 
haverá crime. 
 
“CP, Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: 
I - em estado de necessidade; 
II - em legítima defesa; 
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. 
 
Excesso punível 
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo 
excesso doloso ou culposo.” 
 
4.2.1. Estado de necessidade 
 
a) Conceito: é causa de exclusão da ilicitude da conduta de quem, não tendo o dever legal 
de enfrentar uma situação de perigo atual, a qual não provocou por sua vontade, sacrifica 
um bem jurídico ameaçado por esse perigo para salvar outro, próprio ou alheio, cuja perda 
não era razoável exigir (Capez). 
Fundamenta-se no instinto de conservação. 
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12 
CHO 
 
“CP, Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para 
salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo 
evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável 
exigir-se. 
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar 
o perigo. 
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá 
ser reduzida de um a dois terços.” 
 
b) Excesso punível: artigo 23, parágrafo único, CP. 
 
c) Estado de necessidade putativo (descriminante putativa): ocorre quando o agente, 
agindo em erro, supõe agir acobertado por uma excludente de ilicitude. Se o erro for 
inevitável, exclui o dolo e a culpa e isenta de pena. Sendo evitável, responde a título de 
culpa. 
 
“CP, Art. 20 ... 
Descriminantes putativas 
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, 
supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de 
pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.” 
 
4.2.2. Legítima defesa 
 
a) Conceito: é causa de exclusão da ilicitude que consiste em repelir injusta agressão, atual 
ou iminente, a direito próprio ou alheio, usando moderadamente dos meios necessários 
(Capez). 
 
“CP, Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos 
meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de 
outrem. 
 
Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo, 
considera-se também em legítima defesa o agente de segurança pública que 
repele agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática 
de crimes”. (LEGÍTIMA DEFESA PROTETIVA. Ex: atirador de elite). 
 
b) Excesso: artigo 23, parágrafo único, CP. 
c) Legítima defesa putativa (descriminante putativa) ocorre quando o agente, agindo em 
erro, supõe estar acobertado por uma excludente de ilicitude. Se o erro for inevitável, exclui 
o dolo e a culpa e isenta de pena. Sendo evitável, responde a título de culpa. 
 
“CP, Art. 20 ... 
Descriminantes putativas 
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, 
supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de 
pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.” 
 
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13 
CHO 
d) Ofendículos: Legítima defesa “preordenada”. São aparatos predispostos para a defesa 
da propriedade, da vida ou de qualquer outro bem (arame farpado, cerca eletrificada, cão 
de guarda...). 
 
ATENÇÃO! 
 
É cabível a legítima defesa: 
 contra agressão injusta de inimputável 
 contra multidão 
 contra agressão acobertada por excludente de CULPABILIDADE 
 legítima defesa real contra putativa (sucessiva) 
 legítima defesa putativa contra putativa 
 legítima defesa real contra legítima defesa excessiva 
 nas relações conjugais 
 
Não é cabível a legítima defesa: 
 contra legítima defesa (recíproca) 
 contra a simples provocação 
 contra o poder familiar (moderado) 
3.2.3. Estrito cumprimento do dever legal 
 
a) Conceito: é causa excludente de ilicitude que consiste na realização de um fato típico, 
por força do desempenho de uma obrigação imposta por lei. Deve ser dentro dos limites da 
lei, pois, os excessos cometidos pelos agentes poderão constituir crime de abuso de 
autoridade ou outros delitos. 
Ex: prisão em flagrante realizada pela polícia. 
 
4.2.4. Exercício regular de um direito 
 
a) Conceito: É a causa de exclusão da ilicitude através da qual o agente pratica uma 
conduta que, embora típica, está prevista como lícita pelo ordenamento jurídico por se tratar 
de um direito reconhecido pela lei. 
Ex: prisão em flagrante realizada pelo cidadão; lesões desportivas. 
 
 
5. CULPABILIDADE 
 
5.1. Conceito 
“É o juízo de reprovação pessoal que se realiza sobre a conduta típica e ilícita praticada 
pelo agente” (Rogério Grecco). 
 
5.2. Elementos 
Imputabilidade, potencial consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa. 
 
5.3. Imputabilidade 
“É a capacidade de a pessoa entender que o fato é ilícito e de agir de acordo com esse 
entendimento” (Celso Delmanto). 
 
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14 
CHO 
5.3.1. Causas de exclusão da imputabilidade (o agente será considerado 
INIMPUTÁVEL e, portanto, será isento de pena). 
 
a) Menoridade penal (critério biológico) 
O menor de 18 anos deve ser responsabilizado pela prática de ato infracional nos moldes 
do E.C.A. 
A emancipação (civil) não traz para o indivíduo a imputabilidade. 
 
b) Doença mental (critério biopsicológico) que retire por completo o discernimento do 
indivíduo. 
 
OBS: Equiparam-se à doença mental os casos de embriaguez patológica (dependência 
patológica). 
 
c) Desenvolvimento mental incompleto (surdo-mudo não alfabetizado e o índio não 
“civilizado”) ou retardado (portadores da Síndrome de Down). 
 
OBS: presente uma dessas situações (doença mental, desenvolvimento mental incompleto 
ou retardado), para que fique excluída a imputabilidade, deve se dar ao tempo da conduta 
delituosa a perda total da capacidade volitiva do agente. 
 
A prova da imputabilidade nesses casos é fornecida por laudo pericial (cabe a aplicação de 
medida de segurança). 
 
d) Embriaguez completa (que retira por completo o discernimento do agente) proveniente 
de caso fortuito ou força maior (acidental ou involuntária) 
 
 
 
 
 
 
Voluntária 
 
 
Completa 
 ou = 
Incompleta 
 
 
 
Não exclui a 
imputabilidade 
 Não Acidental = Ou 
 Culposa 
 
 
 
 
Caso 
Fortuito 
 
Completa = 
 
Exclui a 
imputabilidade 
Acidental = e/ou 
 Força 
Maior 
Incompleta = Reduz a pena de 1/3 
a 2/3 
 
 
Patológica 
 
 
= 
 
Doença 
mental : 
 
Quando retira por completo a capacidade 
de entendimento exclui a culpabilidade / 
Medida de Segurança. 
 
 
Preordenada 
 
 
 
Agrava a pena (art. 61, II, l, do CP) 
 
 
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15 
CHO 
No caso de embriaguez voluntária, mas não preordenada, derivada da ACTIO LIBERA IN 
CAUSA o agente responde pelos seus atos. Pode ser dolosa ou culposa. 
 
OBS: Se o agente se embriaga com o intuito de praticar o delito, teremos a embriaguez 
preordenada. Nessa situação haverá culpabilidade e, além disso, a aplicação da agravante 
presente no CP art. 61, II, l. 
 
5.3.2. Semi-imputabilidade (ou responsabilidade diminuída) 
É a perda de parte da capacidade de entendimento e autodeterminação nos casos de 
doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado e embriaguez acidental 
incompleta. O juiz reduzirá a pena de 1/3 à 2/3 ou imporá medida de segurança. 
 
5.4. Potencial consciência da ilicitude 
O que importa é saber se o agente ao praticar o crime tinha a possibilidade desaber que 
fazia algo errado ou injusto de acordo com o meio social que o cerca. 
 
 5.4.1. Erro de proibição (erro sobre a ilicitude do fato) 
Não e trata de desconhecimento do texto legal e sim sua errônea compreensão. 
 
Quando inevitável, o erro de proibição exclui a culpabilidade, ficando o autor isento de pena; 
sendo evitável, a pena será reduzida de 1/6 a 1/3. 
 
ERRO DE TIPO 
(essencial) 
ERRO DE PROIBIÇÃO 
(erro sobre a ilicitude do fato) 
 
INEVITÁVEL = ESCUSÁVEL 
Exclui DOLO e CULPA 
Exclui tipicidade 
Exclui CULPABILIDADE 
Isenta de pena 
 
EVITÁVEL = INESCUSÁVEL 
Exclui DOLO 
Permite a punição a título culposo 
(caso exista) 
REDUZ a pena de um sexto a um terço. 
 
5.5. Exigibilidade de conduta diversa 
“Refere-se ao fato de se saber se, nas circunstâncias, seria exigível que o acusado agisse 
de forma diversa. Não haverá pena se, nas circunstâncias, for impossível para o acusado 
agir de outra forma” (Maximilianus Américo Fuhrer). 
 
5.5.1. Causas que levam à exclusão da exigibilidade de conduta diversa. 
 
A lei prevê duas hipóteses: coação moral irresistível e obediência hierárquica. 
 
No caso da coação moral, sendo ela IRRESISTÍVEL (vis relativa), ou seja, o agente não 
podia superá-la, este terá praticado crime, porém, não será considerado culpado em face 
da exclusão de exigibilidade de conduta diversa, ou seja, exclui-se a culpabilidade. Sendo 
a coação moral RESISTÍVEL não haverá exclusão da culpabilidade, neste caso poderá 
haver a atenuante do art. 65, III, c do CP. 
 
A obediência capaz de afastar a exigência de conduta diversa e, portanto, capaz de afastar 
a culpabilidade, é a obediência a ordem não manifestamente ilegal de superior 
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16 
CHO 
hierárquico, tornando viciada a vontade do subordinado (hierarquia está caracterizada n as 
relações presentes no âmbito público apenas). 
 
 
6. CONCURSO DE CRIMES 
 
6.1. Conceito 
 
Quando um sujeito, mediante unidade ou pluralidade de ações ou de omissões, pratica 2 
ou mais delitos, surge o concurso de crimes ou de penas. 
 
Assim, “é possível que, em uma mesma oportunidade ou em ocasiões diversas, uma 
mesma pessoa cometa duas ou mais infrações penais que, de algum modo, estejam ligadas 
por circunstâncias várias. Quando isso ocorre, estamos diante do chamado concurso de 
crimes (concursus delictorum), que dá origem ao concurso de penas” (MIRABETE, pg. 322). 
 
O concurso de crimes pressupõe a existência de pluralidade de fatos. 
 
6.2 Espécies 
 
São três as espécies de concurso de crimes: o concurso material, o concurso formal e o 
crime continuado. 
 
6.3 Concurso material ou real 
 
6.3.1 Conceito 
 
Ocorre o concurso material quando o indivíduo, mediante duas ou mais condutas (ações 
ou omissões, dolosas ou culposas) pratica dois ou mais crimes. 
 
A vinculação entre os crimes se dá através da identidade do autor. 
 
OBS: não há necessidade de que os crimes tenham entre si uma relação de contexto, 
podendo ser analisadas no mesmo processo ou em processos diferentes – posição 
doutrinária dominante. 
 
6.3.2 Requisitos 
 
São requisitos: pluralidade de condutas e pluralidade de crimes. 
 
6.4.3 Concurso material homogêneo e heterogêneo 
 
O concurso material é homogêneo quando se trata de crimes idênticos (vários furtos, por 
exemplo) ou heterogêneo quando diversos (por exemplo um furto, uma lesão corporal e 
uma corrupção ativa). 
 
6.4.4 Aplicação da pena 
 DIREITO PENAL – Profª. Gabriella Nóbrega 
 
17 
CHO 
Quando da ocorrência do concurso material, o juiz deve individualizar a pena fixada para 
cada um dos crimes componentes do concurso, para depois aplicar a regra do artigo 69 do 
CP. 
 
 CP, Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou 
mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de 
liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e 
de detenção, executa-se primeiro aquela. 
 
Assim, aplicamos o sistema do cúmulo material: se recomenda a soma das penas de cada 
um dos delitos componentes do concurso. Ou seja, após a aplicação de todas as penas, as 
mesmas são somadas para que seja aplicada uma pena total ao condenado. 
 
6.4 Concurso formal ou ideal 
 
6.4.1 Conceito 
 
No concurso formal o agente mediante uma só conduta, realiza dois ou mais crimes. 
Há uma só conduta e mais de um resultado lesivo. 
 
6.4.2 Requisitos 
 
São requisitos: unidade de conduta e pluralidade de crimes. 
 
6.4.3 Concurso material homogêneo e heterogêneo 
 
O concurso formal é homogêneo quando a mesma conduta provoca crimes idênticos (vários 
homicídios por atropelamento, por exemplo) ou heterogêneo quando diversos (por exemplo 
um atropelamento que resulta em uma morte e em uma lesão corporal). 
 
6.4.3 Concurso formal próprio (perfeito) e impróprio (imperfeito) 
 
Tal divisão funda-se na existência do elemento subjetivo do agente (finalidade). 
O concurso formal perfeito é a regra. O agente possuía, quando da prática da conduta, 
uma só intenção (lícita ou ilícita) e ao praticar a conduta acabou gerando dois ou mais 
resultados criminosos. 
 
Ex: atropelar culposamente 3 pessoas; atirar no pai para matá-lo e a “bala” transfixa o corpo 
e fere também a mãe em outro cômodo da casa. 
 
Por sua vez, o concurso formal imperfeito é resultante de desígnios autônomos. É o 
popular “matar dois coelhos com uma cajadada só”. O indivíduo tem consciência e vontade 
em relação a cada um dos crimes, realizando com uma só conduta, duas finalidades. 
Ex: matar toda a família em um incêndio. 
 
6.4.4 Aplicação da pena 
 
A aplicação da pena no concurso formal segue a regra do artigo 70 do CP: 
 DIREITO PENAL – Profª. Gabriella Nóbrega 
 
18 
CHO 
 CP, Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais 
crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, 
somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas 
aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes 
concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior. 
Assim, aplicamos para o concurso formal perfeito o sistema da exasperação, segundo o 
qual deve ser aplicada a pena do delito mais grave, entre os concorrentes, aumentada a 
sanção de certa quantidade em decorrência dos demais crimes. 
 
Desta forma quando temos 
 
a) Penas idênticas: aplica-se somente uma, acrescida de 1/6 até a metade. 
b) Penas diferentes: aplica-se a mais grave, aumentada de 1/6 até a metade. 
 
No que diz respeito ao concurso formal imperfeito (desígnios autônomos), utilizamos o 
sistema do cúmulo material: se recomenda a soma das penas de cada um dos delitos 
componentes do concurso. Ou seja, após a aplicação de todas as penas, as mesmas são 
somadas para que seja aplicada uma pena total ao condenado. 
 
No parágrafo único do mesmo artigo vemos a regra do concurso material benéfico: 
 Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 
deste Código. 
Ex: Se um agente comete dois crimes em concurso formal, um apenado com 12 anos e 
outro apenado com 1 ano, nesse caso não será a pena mais grave acrescida de um sexto 
ou metade, será sim nesse caso aplicada a regra do concurso material, ou seja, serão 
somada ambas as penas, porém não deixará de ser concurso formal. 
 
6.5 Crime continuado 
 
A figura do crime continuado foi criada por questões de política criminal. Trata-se de uma 
ficção jurídica: na verdade há uma pluralidade de crimes, mas o legislador entende, em 
benefício do réu, que eles constituem um só crime para efeito de pena. 
 CP, Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois 
ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de 
execução e outras semelhantes,devem os subseqüentes ser havidos como continuação 
do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se 
diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. (CRIME CONTINUADO 
COMUM) 
 Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com 
violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os 
antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as 
circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se 
diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste 
Código. (CRIME CONTINUADO ESPECÍFICO) 
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CHO 
OBS: Por crime da mesma espécie a doutrina e jurisprudência majoritária, bem como o STJ 
(com precedente do STF), entendem o delito do mesmo tipo penal. 
 
Para o crime continuado foi adotado o sistema da exasperação, aplicando-se a pena de um 
só dos crimes, se idênticas ou a mais grave sempre aumentada de um sexto a dois terços. 
Para a dosagem do aumento, deve-se levar em conta, principalmente, o número de 
infrações praticadas pelo agente. 
 
Vale relembrar a Súmula 711 do STF: 
 
Súmula nº 711 - STF - Decisão: 24/09/2003 - Publicação: 09/10/2003 
Lei Penal Mais Grave - Crime Continuado - Crime Permanente - Aplicação 
A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua 
vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência 
 
 
PARTE VII: CONCURSO DE PESSOAS 
 
7.1 Conceito 
 
O concurso de pessoas pode ser definido como a ciente e voluntária participação de duas 
ou mais pessoas na mesma infração penal. 
Assim, ocorre o concurso de agentes ou concurso de pessoas quando várias pessoas 
concorrem para a realização de uma infração penal. 
 
CP, Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este 
cominadas, na medida de sua culpabilidade. 
 
7.2 Natureza jurídica – teorias 
 
São várias as teorias a respeito da natureza do concurso de agente quando se procura 
estabelecer se existe na hipótese um só ou vários delitos, delas defluindo soluções diversas 
quanto à aplicação da pena. A Teoria Monista considera que no concurso de pessoas há 
um só crime; a Teoria Pluralista que há vários crimes e Teoria Dualística, que há um crime 
em relação aos autores e outro crime em relação aos partícipes. 
 
O Código Penal, no art. 29, caput, ao disciplinar o concurso de pessoas, adotou a teoria 
monista ou unitária. 
 
7.3 Requisitos ou pressupostos 
 
Para que ocorra o concurso de pessoas é indispensável: 
 
- pluralidade de agentes e condutas com nexo causal; 
- relevância causal de cada uma das ações com o resultado; 
- liame subjetivo (psicológico) entre os agentes; 
- identidade de crime ou fato. 
 
 
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CHO 
7.4 Formas de concurso 
 
• Co-autoria 
• Participação 
 
7.5 Autoria 
 
A) Conceito 
Autor é o sujeito que executa a conduta expressa pelo verbo típico da figura delitiva, 
praticando o núcleo do tipo. Numa perspectiva ainda mais extensiva, seria autor também 
quem tem o domínio final do fato (controle absoluto do processo causal). 
 
B) Formas 
 
• Autoria direta ou imediata - realização pessoal do tipo objetivo e do subjetivo; 
• Autoria indireta – intelectual ou mediata (derivadas da Teoria do domínio do fato). 
 
Intelectual - “mandante”; o autor de um crime não o executa pessoalmente, mas 
através de um autor direto. 
Mediata - chama-se autoria mediata aquela em que o autor de um crime não o 
executa pessoalmente, mas através de um terceiro não culpável. Nestes casos, 
não há concurso de agentes. Só há um agente, o autor mediato. 
 
C) Co-autoria 
É a ciente e voluntária participação de duas ou mais pessoas na infração penal. Há 
convergência de vontades objetivando o crime, independentemente de acordo prévio. 
Não é necessário que todos exerçam a mesma conduta. Não se confunde, outrossim, 
com a autoria mediata, pois todos, executores ou senhores do fato, são puníveis. 
Co-autor é quem executa, juntamente com outras pessoas, ação ou omissão que configura 
o delito. Funda-se no princípio da divisão do trabalho. Cada co-autor é um autor. 
 
D) Autoria colateral 
Também chamada de co-autoria imprópria, co-autoria lateral ou autoria parelha. 
Ocorre a autoria colateral quando duas ou mais pessoas realizam simultaneamente o tipo 
objetivo sem que um saiba da conduta do outro. 
 
E) Autoria incerta 
A autoria incerta ocorre quando, na autoria colateral, não se apura a quem atribuir a 
produção do evento. 
 
7.6 Participação 
 
A) Conceito 
Participação é a contribuição causal e finalista ao fato típico e ilícito realizado pelo autor. 
Por meio dela, forma-se um vínculo entre quem realiza a conduta de autor e quem, 
eventualmente, coopera de alguma forma por uma conduta de partícipe. 
Partícipe é a pessoa física que concorre na ação ou omissão de outrem, contribuindo para 
a realização do tipo penal. 
 
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B) Formas de participação 
São 03 as formas de participação num tipo penal, a saber: 
 Induzimento. 
 Instigação. 
 Auxílio. 
 
C) Participação e favorecimento 
Favorecimento não é participação, posto que é uma cooperação posterior ao delito. Tem 
um caráter independente. 
Ex: artigos 180, 348 e 349 do CP. 
 
D) Participação de menor importância 
No art. 29, § 1º, o legislador determina que a participação de menor importância, aquela 
que teve menor relevância causal, podendo a pena ser diminuída de 1/6 a 1/3. 
CP, art. 29, § 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída 
de um sexto a um terço. 
 
E) Conivência ou participação negativa 
O mero conhecimento da prática do crime por terceiro é mera conivência, não punível, pois 
só há participação omissiva se houver o dever jurídico de impedir o crime (“garante”), na 
forma do art. 13, § 2º, do Código Penal. 
 
F) Participação por omissão 
Ocorre quando existe a obrigação de impedir o delito, que o omitente permite ou procede 
de forma que ele se realize (art. 13, §2º, CP). 
 
G) Participação impunível 
 
CP, Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa 
em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado. 
 
7.7 Punibilidade no concurso de agentes 
 
Diante do disposto no art. 29, todos os autores, co-autores e partícipes incidem nas penas 
cominadas ao crime praticado, exceto no caso de estes últimos terem querido participar do 
crime menos grave (artigo 29, §2º, CP). 
CP, Art. 29, § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-
lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter 
sido previsível o resultado mais grave. 
7.8 Circunstâncias incomunicáveis 
CP, Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, 
salvo quando elementares do crime. 
PARTE VIII: PUNIBILIDADE 
 
8.1 Conceito 
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A prática de um fato definido na lei como crime traz consigo a punibilidade, isto é, a 
aplicabilidade da pena que lhe é cominada em abstrato na norma penal. Assim, a 
punibilidade é a possibilidade jurídica de o Estado impor a sanção . 
 
8.2 Causas extintivas da punibilidade 
 
Originado o jus puniendi, concretizado com a prática do crime, podem ocorrer causas que 
obstem a aplicação das sanções penais pela renúncia do Estado em punir o autor do delito, 
falando-se, então, em causas de extinção da punibilidade. 
 
 Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: 
 I - pela morte do agente; 
 II - pela anistia, graça ou indulto; 
 III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso; 
 IV - pela prescrição*, decadência ouperempção; (destaque nosso) 
 V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação 
privada; 
 VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite; 
 VII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) 
 VIII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) 
 IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. 
 
CAUSAS NÃO PREVISTAS NO ART. 107 DO CP 
A enumeração não é taxativa. 
Ex: O ressarcimento do dano no peculato culposo. São também causas de extinção da 
punibilidade o decurso dos prazos do sursis e do livramento condicional... 
 
8.2.1 Morte do agente 
 
Extingue-se a punibilidade pela morte do agente. Ao referir-se ao agente, a lei inclui o 
indiciado, o Réu e o condenado. 
Sendo personalíssima a responsabilidade penal, a morte do agente faz com que o Estado 
perca o jus puniendi. 
Deve ser provada por meio de certidão de óbito (CPP, art. 62) não tendo validade a 
presunção legal do art. 10 do Código Civil. 
 
8.2.2 Anistia, graça e indulto 
 
a) Anistia 
 
É o esquecimento jurídico de uma ou mais infrações penais, é de atribuição do Congresso 
Nacional (CF, art. 48, VIII); 
A anistia pode ocorrer antes ou depois da sentença extinguindo-se a ação e a condenação 
e se destina a fatos e não a pessoas. Tem a finalidade de fazer olvidar o crime e aplica-se 
principalmente aos crimes políticos. 
 
Não abrange, porém, os efeitos civis. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11106.htm#art5
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11106.htm#art5
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b) Graça e Indulto 
 
A graça, forma de clemência soberana, destina-se a pessoa determinada e não a fato, 
sendo também chamada de indulto individual. A competência para a sua concessão é do 
Presidente da República (art. 84, XII da CF), podendo haver delegação. 
O indulto é clemência coletiva soberana, dirige-se a um grupo indeterminado de 
condenados e é delimitado pela natureza do crime e quantidade da pena aplicada. A 
competência para a sua concessão é do Presidente da República (art. 84, XII da CF), 
podendo haver delegação. 
 
Graça e indulto: a graça se distingue do indulto, nos seguintes pontos: a graça é individual; 
o indulto, coletivo; a graça, em regra, deve ser solicitada; o indulto é espontâneo. Do 
contrário: a competência para concedê-los é do Presidente da República (CF, art. 84, XII). 
 
8.2.3 Abolitio criminis 
 
Extingue-se a punibilidade pela retroatividade da lei que não mais considera o fato como 
criminoso. Trata-se da abolitio criminis. 
 
8.2.4 Decadência 
 
A decadência é a perda do direito de ação privada ou de representação, em decorrência de 
não ter sido exercido no prazo previsto em lei. 
 
Determina o art. 103 do CP: "salvo disposição expressa em contrário, o ofendido decai do 
direito de queixa ou de representação se não o exerce dentro do prazo de seis meses, 
contado do dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou do dia em que se esgota 
o prazo para o oferecimento da denúncia. 
 
O prazo de decadência é fatal e improrrogável. 
 
A decadência deve ser decretada de ofício pelo juiz, consoante estabelece o artigo 61 do 
CPP. 
 
8.2.5 Perempção 
 
A perempção é a perda do direito de prosseguir na ação penal privada, ou seja, a sanção 
jurídica cominada ao querelante em decorrência de sua inércia. 
Considera-se perempta ação nas hipóteses previstas no artigo 60 do CPP. 
 
CP, Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á 
perempta a ação penal: 
 I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo 
durante 30 (trinta) dias seguidos; 
 II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer 
em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das 
pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36; 
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CHO 
 III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato 
do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas 
alegações finais; 
 IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar 
sucessor. 
 
8.2.6 Prescrição 
 
A prescrição limita o direito de punir do Estado em virtude do tempo transcorrido. 
 
Via de regra os crimes prescrevem. A exceção é trazida no artigo 5º da CF/88: 
 
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de 
reclusão, nos termos da lei; 
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou 
militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático; 
 
A prescrição, mediante construção doutrinária, pode ser classificada em dois tipos: 
prescrição da pretensão punitiva e prescrição da pretensão executória. 
 
a) Prescrição antes de transitar em julgado a sentença (prescrição da pretensão 
punitiva) 
 
 Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto 
no § 1o do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade 
cominada ao crime, verificando-se: (pena in abstrato) 
 I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze; 
 II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito anos e não excede a 
doze; 
 III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede a oito; 
 IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede a quatro; 
 V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não 
excede a dois; 
 VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano. 
 
b) Prescrição depois de transitar em julgado sentença final condenatória (prescrição 
da pretensão executória) 
 
 Art. 110 - A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória regula-
se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, os quais se 
aumentam de um terço, se o condenado é reincidente. 
 
Prescrição no caso de evasão do condenado ou de revogação do livramento condicional 
 
 Art. 113 - No caso de evadir-se o condenado ou de revogar-se o livramento 
condicional, a prescrição é regulada pelo tempo que resta da pena. 
 
Redução dos prazos de prescrição 
 
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 Art. 115 - São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, 
ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença, maior de 70 
(setenta) anos. 
 
8.2.7 Renúncia 
 
Renúncia do direito de queixa: é a abdicação do ofendido ou de seu representante legal do 
direito de promover a ação penal privada, assim, a renúncia, ato unilateral, é a desistência 
do direito de ação por parte do ofendido. 
Esta só é possível antes do início da ação penal privada, antes do oferecimento da queixa; 
podendo ser expressa ou tácita. 
 
A renúncia expressa deve constar de declaração assinada pelo ofendido, por seu 
representante legal ou por procurador com poderes especiais. A renúncia é tácita quando 
o querelante pratica ato incompatível com a vontade de exercer o direito de queixa. 
A renúncia ao direito de queixa, em relação a um dos autores do crime, a todos se estende. 
O princípio da indivisibilidade obriga ao querelante promover ação penal contra todos os co 
autores do fato delituoso em teses, não podendo abstrair nenhum, a menos que seja 
desconhecido. 
 
8.2.8 Perdão do ofendido 
 
É o ato pelo qual, iniciada a ação penal privada, o ofendido ou seu representante legal 
desiste de seu prosseguimento. 
O perdão somente é possível na ação exclusivamente privada, como deixa claro o art. 105 
do CP, não produzindo qualquer efeito na ação privada subsidiária ou na ação públicaincondicionada ou condicionada. 
O perdão deve ser concedido pelo ofendido ou pelo seu representante legal quando menor 
de 18 anos. 
Ao contrário da renúncia, o perdão é um ato bilateral, não produzindo efeito se o 
querelado não o aceita. 
Pode o perdão ser expresso ou tácito. 
 
8.2.9 Perdão judicial 
 
É o instituto pelo qual o juiz deixa de aplicar a pena ao réu em virtude da existência de 
determinadas circunstâncias previstas pela lei – vide CP, arts. 121, §5o, 129, §8o, 140, §1o, 
I e II, etc. 
 
CP, 121 § 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se 
as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção 
penal se torne desnecessária. 
 
CP, 129 § 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121. 
 
CP, 140 § 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena: 
 I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria; 
 II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria. 
 
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8.2.10 Retratação do agente 
 
Extingue-se a punibilidade pela retratação do agente nos casos em que a lei a admite. 
Retratar-se é retirar o que disse, confessar que errou, dando-se reparação ao ofendido e 
demonstrações de arrependimento efetivo do agente. 
É cabível nos crimes de calúnia, difamação, falso testemunho e falsa perícia. No que se 
refere à injúria, somente é admissível se praticada por meio da imprensa (art. 26, Lei n. 
5250/67). Ainda, admite-se a retratação nos crimes de falso testemunho e falsa perícia. 
Deve ser prestada antes da sentença referente ao processo em que o agente prestou o 
falso testemunho ou ofereceu a falsa perícia e exige-se que seja também completa. 
 
A retratação deve ser reduzida a termo pelo juiz e independe de aceitação do ofendido. 
 
 
LEGISLAÇÃO 
 
PARTE GERAL 
TÍTULO II 
DO CRIME 
 
 Relação de causalidade 
 Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. 
Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. 
 Superveniência de causa independente 
 § 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, 
produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. 
 Relevância da omissão 
 § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. 
O dever de agir incumbe a quem: 
 a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; 
 b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; 
 c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. 
 
Art. 14 - Diz-se o crime: 
 Crime consumado 
 I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua def inição legal; 
 Tentativa 
 II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do 
agente. 
 Pena de tentativa 
 Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao 
crime consumado, diminuída de um a dois terços. 
 
 Desistência voluntária e arrependimento eficaz 
 Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado 
se produza, só responde pelos atos já praticados. 
 
 Arrependimento posterior 
 Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída 
a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de 
um a dois terços. 
 
 Crime impossível 
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 Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por inef icácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade 
do objeto, é impossível consumar-se o crime. 
 
 Art. 18 - Diz-se o crime: 
 Crime doloso 
 I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo; 
 Crime culposo 
 II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. 
 Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como 
crime, senão quando o pratica dolosamente. 
 
 Agravação pelo resultado 
 Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o houver causado 
ao menos culposamente. 
 
Erro sobre elementos do tipo 
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição 
por crime culposo, se previsto em lei. 
 Descriminantes putativas 
 § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justif icado pelas circunstâncias, supõe situação de 
fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o 
fato é punível como crime culposo. 
 
 Erro determinado por terceiro 
 § 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. 
 Erro sobre a pessoa 
 § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, 
neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar 
o crime. 
 
 Erro na execução 
 Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a 
pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra 
aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa 
que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código. 
 
 Erro sobre a ilicitude do fato 
 Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de 
pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço. 
 Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude 
do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência. 
 
 Coação irresistível e obediência hierárquica 
 Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não 
manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem. 
 
 Exclusão de ilicitude 
 Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: 
 I - em estado de necessidade; 
 II - em legítima defesa; 
 III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. 
 Excesso punível 
 Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso 
ou culposo. 
 
 Estado de necessidade 
 Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que 
não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas 
circunstâncias, não era razoável exigir-se. 
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 § 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo. 
 § 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de 
um a dois terços. 
 
 Legítima defesa 
 Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele 
injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. 
Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo, considera-se também em 
legítima defesa o agente de segurança pública que repele agressão ou risco de agressão a vítimamantida 
refém durante a prática de crimes. 
 
DA IMPUTABILIDADE PENAL 
 Inimputáveis 
 Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou 
retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou 
de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
 Redução de pena 
 Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação 
de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de 
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
 
 Menores de dezoito anos 
 Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas 
estabelecidas na legislação especial. 
 
Emoção e paixão 
 Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: 
 I - a emoção ou a paixão; 
 Embriaguez 
 II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos. 
 § 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força 
maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de 
determinar-se de acordo com esse entendimento. 
 § 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, proveniente de caso 
fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o 
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
 
DO CONCURSO DE PESSOAS 
 Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida 
de sua culpabilidade. 
 § 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. 
 § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; 
essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. 
 Circunstâncias incomunicáveis 
 
 Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando 
elementares do crime. 
 
 Casos de impunibilidade 
 Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não 
são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado. 
 
DO CONCURSO DE CRIMES 
 
Concurso material 
 Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos 
ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de 
aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. 
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 § 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de liberdade, não 
suspensa, por um dos crimes, para os demais será incabível a substituição de que trata o art. 44 deste 
Código. 
 § 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá simultaneamente as 
que forem compatíveis entre si e sucessivamente as demais. 
 
 Concurso formal 
 Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou 
não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em 
qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou 
omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo 
anterior. 
 Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código. 
 
 Crime continuado 
 Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da 
mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os 
subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se 
idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. 
 Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave 
ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a 
personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, 
se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e 
do art. 75 deste Código. 
 
DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
 
 Extinção da punibilidade 
 Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: 
 I - pela morte do agente; 
 II - pela anistia, graça ou indulto; 
 III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso; 
 IV - pela prescrição, decadência ou perempção; 
 V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada; 
 VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite; 
 VII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) 
 VIII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) 
 IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. 
 
 Art. 108 - A extinção da punibilidade de crime que é pressuposto, elemento constitutivo ou circunstância 
agravante de outro não se estende a este. Nos crimes conexos, a extinção da punibilidade de um deles não 
impede, quanto aos outros, a agravação da pena resultante da conexão. 
 
 Prescrição antes de transitar em julgado a sentença 
 Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no § 1o do art. 
110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando -
se: 
 I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze; 
 II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito anos e não excede a doze; 
 III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede a oito; 
 IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede a quatro; 
 V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não excede a dois; 
 VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano. 
 
 Prescrição das penas restritivas de direito 
 Parágrafo único - Aplicam-se às penas restritivas de direito os mesmos prazos previstos para as 
privativas de liberdade. 
 
 Prescrição depois de transitar em julgado sentença final condenatória 
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11106.htm#art5
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11106.htm#art5
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 Art. 110 - A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória regula-se pela pena 
aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, os quais se aumentam de um terço, se o 
condenado é reincidente. 
 § 1o A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação ou depois 
de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo 
inicial data anterior à da denúncia ou queixa. 
 § 2o (Revogado pela Lei nº 12.234, de 2010). 
 
 Termo inicial da prescrição antes de transitar em julgado a sentença final 
 Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr: 
 I - do dia em que o crime se consumou; 
 II

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