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DIREITO PENAL – Profª. Gabriella Nóbrega 1 CHO DIREITO PENAL – Parte Geral 1. NOCÕES INTRODUTÓRIAS 1.1. Conceito de Direito Penal É o conjunto de normas jurídicas que regulam o poder punitivo do Estado (jus puniendi), através das quais este proíbe determinadas condutas, sob ameaça de sanção penal. É ramo do direito público. Apenas a LEI penal pode estabelecer condutas criminosas e suas respectivas penas. 1.2 Princípios Penais Gerais. 1.2.1 Princípio da legalidade - (CF art. 5°, XXXIX) (art. 1° CP) “CF, art. 5º, XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal.” No direito penal brasileiro aplica-se a legalidade formal (previsão em lei), diferente da legalidade material (costumes, visão da sociedade). Do princípio da legalidade penal derivam: a) Reserva legal: somente à lei penal compete estabelecer crimes e penas; b) Taxatividade: a legalidade penal é estrita. Assim: - proíbe retroatividade para prejudicar o réu; - proíbe criação de crimes e penas pelos costumes; - proíbe emprego de analogia* para criar crimes, fundamentar ou aprovar penas. OBS: no direito penal brasileiro só é permitido o uso da analgia in bonnam partem. Não é permitida a analogia in mallam partem. 1.2.2 Princípio da anterioridade - (CF art. 5°, XXXIX) (art. 1° CP) “CF, art. 5º, XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal.” Assim, em regra, a lei penal deve ter vigência anterior ao fato praticado para atingi -lo. Completa-se o raciocínio com o princípio da retroatividade da lei penal mais benéfica - (CF art. 5º, XL) “CF, art. 5º, XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu.” 1.2.3 Princípio da irretroatividade / retroatividade da lei penal mais benéfica → (CF art. 5° XL). “CF, art. 5º, XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”. DIREITO PENAL – Profª. Gabriella Nóbrega 2 CHO A retroatividade da lei penal mais benéfica é a regra, devendo ocorrer inclusive após o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. 1.2.4 Princípio da individualização das penas → (CF art. 5° XLVI) CF, art. 5º, XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: a) privação ou restrição da liberdade; b) perda de bens; c) multa; d) prestação social alternativa; e) suspensão ou interdição de direitos; A aplicação da lei penal deve observar a gravidade do delito, bem como as características do criminoso. 1.2.5 Princípio da responsabilidade pessoal → (CF art. 5° XLV). “CF, art. 5º, XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido”; Também conhecido como “Princípio da Intranscendência”. A responsabilidade penal é pessoal e intransferível. 1.2.6 Princípio da humanidade → (CF art. 5°, XLVII e art. 5°, III). Ou princípio da limitação das penas O direito penal não pode impor sanções que atinjam a dignidade da pessoa humana (meta, fundamento do EDD) do criminoso ou que lesionem a sua constituição físico-psíquica (CF art. 5°, XLVII e art. 5°, III). “CF, art. 5º, XLVII - não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis”; Fixa o art. 5°, XLVI da CF as seguintes penas: privação ou restrição da liberdade, perda de bens, multa, prestação social alternativa e suspensão ou interdição de direitos. OBS: outros princípios penais gerais (NÃO positivados) a) Princípio da Alteridade O crime depende de efetiva lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico. Tal bem deve ser alheio. Em razão disso, o direito penal não pune a autolesão. DIREITO PENAL – Profª. Gabriella Nóbrega 3 CHO b) Princípio da Insignificância Também conhecido como bagatela, estabelece a não punição de crimes que geram uma ofensa irrelevante ao bem jurídico protegido. É causa de exclusão da tipicidade material. São requisitos: M ínima ofensividade da conduta do agente; A usência de periculosidade social da ação; R eduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento; I nexpressividade da lesão jurídica provocada. Exemplo: furtar um pão de uma padaria (o prejuízo causado pelo furto do pão é insignificante perante o patrimônio do estabelecimento). c) Princípio da Adequação Social Não considera típica uma conduta prevista como crime se for socialmente adequada. É causa de exclusão da tipicidade material. Exemplo: furar a orelha de recém nascida para colocar brinco; fazer tatuagem em pessoa maior de idade com seu consentimento (não configura crime de lesão corporal). OBS: não se aplica à pirataria e ao jogo do bicho. 2. TEORIA GERAL DO CRIME 2.1. Conceito De acordo com a teoria bipartida crime é todo fato típico e ilícito. A culpabilidade é tida como pressuposto para a pena. São exemplos de defensores desta teoria Damásio, Capez,Mirabete e Delmanto. De acordo com a teoria tripartida (teoria adotada no Brasil) crime é todo fato típico, ilícito e culpável. São exemplos de defensores desta teoria Greco, Nucci e Zaffaroni. 2.2. Elementos ou requisitos Para o conceito tripartido, três são os elementos do crime: o fato típico, a antijuridicidade (ilicitude) e a culpabilidade. 2.3. Sujeitos do crime - Sujeito ativo: é o agente que pratica o fato previsto na norma penal incriminadora. Em regra, só o ser humano (pessoa física) pode ser sujeito ativo de delito. A partir da lei 9605/98 as Pessoas jurídicas também podem responder pela prática de crimes – crimes contra o meio ambiente. A CF admite a responsabilidade penal da PJ: DIREITO PENAL – Profª. Gabriella Nóbrega 4 CHO “CF, Art. 225: § 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.” - Sujeito passivo: é o titular do bem jurídico lesado ou ameaçado pela conduta do sujeito ativo. Pode ser sujeito passivo a pessoa física, a pessoa jurídica, o nascituro (feto) e entes despersonalizados como família e sociedade (crimes vagos – por exemplo: porte ilegal de arma de fogo; tráfico de drogas. OBS: animais e cadáveres não são sujeitos passivos de crimes. No primeiro caso, a vítima é o dono do animal (caso não seja o próprio criminoso, situação na qual a vítima será a sociedade). No caso de crimes contra cadáveres, a vítima é a família do cadáver. 3. FATO TÍPICO 3.1 Fato típico É o primeiro elemento do crime. Quatro são os elementos que compõem o fato típico: conduta, resultado, nexo causal e tipicidade. Caso o fato concreto praticado pelo agente não apresente um desses elementos o fato não será típico, portanto, não haverá crime. 3.2 Conduta A conduta compreende qualquer comportamento humano, positivo (ação) ou negativo (omissão), consciente e voluntário (doloso ou culposo), voltado a uma finalidade, ilícita ou não, mas que produz ou tenta produzir um resultado previsto na lei penal como crime. Obs1: AUSÊNCIA DE CONDUTA Se o agente não realiza a conduta com dolo ou culpa, não é uma conduta penalmente relevante. Não há crime. Ex: • Força irresistível (humana ou da natureza – ventania) • Movimentos reflexos (ser picado por uma abelha dirigindo, tosse, espirro...) • Estados de inconsciência total (hipnose, sonambulismo, ataque epilético) Obs2: TEORIAS DA CONDUTA *Teoria Finalista – Hans Welzel - A conduta é atividade psiquicamente dirigida, ou seja, sempre tem uma finalidade. O dolo e a culpa estão no Fato Típico, na conduta,- no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa; III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência; IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil, da data em que o fato se tornou conhecido. V - nos crimes contra a dignidade sexual ou que envolvam violência contra a criança e o adolescente, previstos neste Código ou em legislação especial, da data em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação penal. Termo inicial da prescrição após a sentença condenatória irrecorrível Art. 112 - No caso do art. 110 deste Código, a prescrição começa a correr: I - do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, para a acusação, ou a que revoga a suspensão condicional da pena ou o livramento condicional; II - do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo da interrupção deva computar-se na pena. Prescrição no caso de evasão do condenado ou de revogação do livramento condicional Art. 113 - No caso de evadir-se o condenado ou de revogar-se o livramento condicional, a prescrição é regulada pelo tempo que resta da pena. Prescrição da multa Art. 114 - A prescrição da pena de multa ocorrerá: I - em 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada; II - no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privativa de liberdade, quando a multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada. Redução dos prazos de prescrição Art. 115 - São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença, maior de 70 (setenta) anos. Causas impeditivas da prescrição Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre: I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime; II - enquanto o agente cumpre pena no exterior; III - na pendência de embargos de declaração ou de recursos aos Tribunais Superiores, quando inadmissíveis; e IV - enquanto não cumprido ou não rescindido o acordo de não persecução penal. Parágrafo único - Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a prescrição não corre durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo. Causas interruptivas da prescrição Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se: I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa; II - pela pronúncia; III - pela decisão confirmatória da pronúncia; IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis; V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena; https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12234.htm#art4 DIREITO PENAL – Profª. Gabriella Nóbrega 31 CHO Ex: morte de um espião Ex: homicídio piedoso Venefício (oculto; se ≠ será meio cruel) ≠tortura qualificada pela morte Homicídio catastrófico VI - pela reincidência. § 1º - Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrupção da prescrição produz efeitos relativamente a todos os autores do crime. Nos crimes conexos, que sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos demais a interrupção relativa a qualquer deles. § 2º - Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso V deste artigo, todo o prazo começa a correr, novamente, do dia da interrupção. Art. 118 - As penas mais leves prescrevem com as mais graves. Art. 119 - No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena de cada um, isoladamente. Perdão judicial Art. 120 - A sentença que conceder perdão judicial não será considerada para efeitos de reincidência. DIREITO PENAL – Parte Especial CRIMES CONTRA A PESSOA Crimes contra a VIDA Homicídio simples Art. 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos. Caso de diminuição de pena – homicídio privilegiado § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. OBS: o homicídio híbrido (privilegiado e qualificado) é possível com qualificadoras objetivas e retira a qualidade de hediondo do homicídio. Homicídio qualificado § 2° Se o homicídio é cometido: I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; homicídio mercenário II - por motivo fútil; ≠ ausência de motivo é simples III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; (incompatível com o dolo eventual) V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: Pena - reclusão, de doze a trinta anos. Feminicídio VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art142 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art144 DIREITO PENAL – Profª. Gabriella Nóbrega 32 CHO excluiu parentesco por afinidade, não adoção. ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: homicídio funcional VIII - com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido: Pena - reclusão, de doze a trinta anos. Homicídio contra menor de 14 (quatorze) anos IX - contra menor de 14 (quatorze) anos: (idade conhecida) Pena - reclusão, de doze a trinta anos. § 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: (norma interpretativa) I - violência doméstica e familiar; (violência de gênero) OU II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. § 2º-B. A pena do homicídio contra menor de 14 (quatorze) anos é aumentada de: I - 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é pessoa com deficiência ou com doença que implique o aumento de sua vulnerabilidade; II - 2/3 (dois terços) se o autor é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tiver autoridade sobre ela. III - 2/3 (dois terços) se o crime for praticado em instituição de educação básica pública ou privada. Homicídio culposo § 3º Se o homicídio é culposo: Pena - detenção, de um a três anos. Aumento de pena - majorante § 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. / Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. Perdão Judicial § 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixarde aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. (Segundo o STJ é sentença declaratória de extinção da punibilidade) § 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. (03 ou mais agentes) § 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado: I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; II - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou com doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental; III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima. IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. FEMINICÍDIO Art. 121-A. Matar mulher por razões da condição do sexo feminino: Pena – reclusão, de 20 (vinte) a 40 (quarenta) anos. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm#art22i http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm#art22ii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm#art22iii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm#art22iii DIREITO PENAL – Profª. Gabriella Nóbrega 33 CHO § 1º Considera-se que há razões da condição do sexo feminino quando o crime envolve: I – violência doméstica e familiar; II – menosprezo ou discriminação à condição de mulher. § 2º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime é praticado: I – durante a gestação, nos 3 (três) meses posteriores ao parto ou se a vítima é a mãe ou a responsável por criança, adolescente ou pessoa com deficiência de qualquer idade; II – contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou portadora de doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental; III – na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima; IV – em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha); V – nas circunstâncias previstas nos incisos III, IV e VIII do § 2º do art. 121 deste Código. Coautoria § 3º Comunicam-se ao coautor ou partícipe as circunstâncias pessoais elementares do crime previstas no § 1º deste artigo. Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio material para que o faça: (conduta do autor) – tipo misto alternativo INDUZIR – dar a ideia INSTIGAR – reforçar uma ideia preexistente AUXILIAR – materialmente Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. § 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código: Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. § 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte: Ex: “baleia azul” Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. § 3º A pena é duplicada: I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil; ex: herança II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. § 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio da rede de computadores, de rede social ou transmitida em tempo real. § 5º Aplica-se a pena em dobro se o autor é líder, coordenador ou administrador de grupo, de comunidade ou de rede virtual, ou por estes é responsável. § 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em lesão corporal de natureza gravíssima e é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129 deste Código. § 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime de homicídio, nos termos do art. 121 deste Código. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm#art22i https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm#art22ii https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm#art22iii https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm#art22iii DIREITO PENAL – Profª. Gabriella Nóbrega 34 CHO Ofensividade ≠ autolesão (possibilidade de estelionato) enquanto durar o estado puerperal Infanticídio – crime próprio e especial (em relação ao homicídio) Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após: Pena - detenção, de dois a seis anos. S.A. = mãe em estado puerperal S.P. = filho nascente ou neonato (Admite concurso de pessoas – coautoria e participação) Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento – crime próprio e de mão própria Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque: Pena - detenção, de um a três anos.] Conduta própria da gestante (admite partícipe apenas). Cabe o tipo com a tentativa de suicídio da gestante. Sendo a gravidez gemelar haverá concurso de crimes (havendo ciência do fato) Aborto provocado por terceiro Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: Pena - reclusão, de três a dez anos. A gestante não consente, portanto, não é criminosa (também é vítima) Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: Pena - reclusão, de um a quatro anos. O terceiro se enquadra no artigo 126 e a gestante que consentiu no artigo 124 – exceção à teoria monista. Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência. (ausência de consentimento presumida) Forma qualificada - preterdolo Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte. (CAUSAS ESPECIAIS DE EXCLUSÃO DA ILICITUDE – posição majoritária) Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: Aborto necessário (ou terapêutico) I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; Aborto no caso de gravidez resultante de estupro (humanitário ou sentimental) II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal. OBS: causa de atipicidade material trazida pelo STF: em 13/04/2012 na decisão da ADPF 54 o STF decidiu pela liberação do aborto praticado por médico, com o consentimento da gestante, desde que diagnosticada a gravidez de feto anencéfalo. Crimes contra a INCOLUMIDADE FÍSICA Lesão corporal Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúdede outrem: física ou mental http://www.migalhas.com.br/Quentes/17,MI221398,51045-Marco+Aurelio+Mello+Decisao+historica+do+STF+permite+aborto+de+feto DIREITO PENAL – Profª. Gabriella Nóbrega 35 CHO Pena - detenção, de três meses a um ano. Lesão leve OBS: corte de cabelo ou barba sem autorização – não há crime de lesão corporal. Lesão corporal de natureza grave (só dolosa) § 1º Se resulta: Grave I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias; (crime a prazo) II - perigo de vida; III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; (redução da capacidade funcional) IV - aceleração de parto: (gravidez conhecida) Pena - reclusão, de um a cinco anos. § 2° Se resulta: “Gravíssima” (só dolosa) I - Incapacidade permanente para o trabalho; (qualquer trabalho) II - enfermidade incurável; ex: insuficiência renal III perda ou inutilização do membro, sentido ou função; (incapacidade funcional) IV - deformidade permanente; V - aborto: (gravidez conhecida) Pena - reclusão, de dois a oito anos. Lesão corporal seguida de morte - preterdolosa § 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo: Pena - reclusão, de quatro a doze anos. Diminuição de pena § 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. Substituição da pena § 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis: I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior; II - se as lesões são recíprocas. Lesão corporal culposa § 6° Se a lesão é culposa: não admite gradação (o juiz considera o resultado na aplicação da pena). Pena - detenção, de dois meses a um ano. OBS: no caso da lesão dolosa de natureza leve e culposa, o oferecimento da ação penal dependerá de representação da vítima ou de seu representante legal (art. 88 da Lei 9.099/95). Tal disposição não é cabível à lesão culposa do CTB e aos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher. O STF (ADI 4424) e STJ súmula 542: “A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada”. (mesmo a leve) Se a lesão leve no contexto de violência doméstica ou familiar for contra o homem, a ação penal deve ser pública condicionada!!! Aumento de pena § 7o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. 121 deste Código. § 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121. http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%28ADI%24%2ESCLA%2E+E+4424%2ENUME%2E%29+OU+%28ADI%2EACMS%2E+ADJ2+4424%2EACMS%2E%29&base=baseAcordaos&url=http://tinyurl.com/ckpx954 DIREITO PENAL – Profª. Gabriella Nóbrega 36 CHO Se gravíssima ou seguida de morte = HEDIONDO Violência Doméstica § 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: quando dolosa leve Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. § 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). § 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência. § 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços. (lesão corporal funcional) § 13. Se a lesão é praticada contra a mulher, por razões da condição do sexo feminino, nos termos do § 1º do art. 121-A deste Código: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO Furto Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. SUBTRAIR ≠ usar COISA ALHEIA ≠ coisa perdida, coisa abandonada, coisa de ninguém. OBS: CONSUMAÇÃO DO FURTO Teoria da "Amotio" ou “aprehensio”- o objeto sai da esfera de proteção do proprietário ou possuidor, passando ao poder do agente mesmo que por um curto espaço de tempo – independentemente da “posse tranquila” da coisa subtraída; independentemente de flagrante e/ou perseguição. = STF e STJ. OBS2: ladrão que subtrai ladrão pratica furto, todavia o sujeito passivo é o real dono da coisa. OBS3: Famulato – praticado pelo empregado valendo-se dessa condição; Furto famélico – possível o reconhecimento do estado de necessidade (urgência e inevitabilidade); Furto de uso – atípico desde que ausente o animus furandi, seja coisa não consumível e seja restituída imediata e integralmente à vítima. § 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno. – não há necessidade de que a casa seja habitada ou com moradores repousando efetivamente; pode ocorrer inclusive em estabelecimentos comerciais. § 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. Segundo entendimento do STF é pequeno valor aquele que não ultrapassa 01 salário mínimo – RT 657/323. Súmula 511-STJ: É possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º do art. 155 do CP nos casos de crime de furto qualificado, se estiverem presentes a primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a qualificadora for de ordem objetiva. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art142 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art144 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art144 DIREITO PENAL – Profª. Gabriella Nóbrega 37 CHO § 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico. Segundo a 2ª turma do STF não se enquadra aí a subtração de sinal de TV a cabo – analogia in mallam partem. Furto qualificado § 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido: I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa; II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza; Furto qualificado pelo abuso de confiança (dolo inicial) X apropriação indébita (dolo superveniente); Furto qualificado pela fraude (fraude para reduzir a vigilância do objeto; não há cooperação da vítima) X estelionato (fraude induz ao erro e à colaboração da vítima). III - com emprego de chave falsa; IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. (STJ reconhece o concurso com associação criminosa) § 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. § 4º-B. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se o furto mediantef raude é cometido por meio de dispositivo eletrônico ou informático, conectado ou não à rede de computadores, com ou sem a violação de mecanismo de segurança ou a uti lização de programa malicioso, ou por qualquer outro meio f raudulento análogo. § 4º-C. A pena prevista no § 4º-B deste artigo, considerada a relevância do resultado gravoso: I – aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado mediante a utilização de servidor mantido fora do território nacional; II – aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é praticado contra idoso ou vulnerável. § 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. § 6o A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração. (ABIGEATO) § 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. Furto de coisa comum Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. § 1º - Somente se procede mediante representação. § 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente. Roubo Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: Roubo próprio Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. VIOLÊNCIA IMPRÓPRIA VIOLÊNCIA PRÓPRIA DIREITO PENAL – Profª. Gabriella Nóbrega 38 CHO É pela quantidade de subtrações que se afere a quantidade de roubos. § 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro. Roubo impróprio § 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade: Roubo majorado ou circunstanciado. I – (revogado); II - se há o concurso de duas ou mais pessoas; III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância. IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior; V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. ; VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca. § 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): Roubo majorado ou circunstanciado. I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo; II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. § 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo. Roubo qualificado: § 3º Se da violência resulta: I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa; II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa. LATROCÍNIO STF Súmula 610 - Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o agente a subtração de bens da vítima. Extorsão Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa: CONSTRANGER (obrigar/coagir) a entregar ≠ subtrair. A própria vítima fornece a vantagem ≠ ROUBO. Na extorsão a colaboração da vítima é indispensável. STJ Súmula 96: O crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da vantagem indevida. Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. § 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço até metade. (co-autoria) em geral. § 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior. Extorsão qualificada: “sequestro relâmpago”. § 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13654.htm#art4 DIREITO PENAL – Profª. Gabriella Nóbrega 39 CHO se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente. Extorsão mediante sequestro Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate: econômica Vantagem DEVIDA – crime de sequestro em concurso com exercício arbitrário das próprias razões. Pena - reclusão, de oito a quinze anos. Sequestra uma pessoa e pede resgate a outrem. Se consuma com o sequestro, independentemente do resgate. Crime permanente. FORMAS QUALIFICADAS: § 1o Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha Segundo o STJ a condenação cumulativa pelo crime de extorsão qualificada pelo concurso de agentes com o crime de associação criminosa não configura bis in idem. Pena - reclusão, de doze a vinte anos. § 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. § 3º - Se resulta a morte: Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. § 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços. Colaboração premiada “eficaz” Extorsão indireta Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de alguém, documento que pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro: Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. Alteração de limites Art. 161 - Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia: Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. § 1º - Na mesma pena incorre quem: Usurpação de águas I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de outrem, águas alheias; Esbulho possessório I - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno ou edifício alheio, para o fim de esbulho possessório. § 2º - Se o agente usa de violência, incorre também na pena a esta cominada. § 3º - Se a propriedade é particular, e não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa. DIREITO PENAL – Profª. Gabriella Nóbrega 40 CHO Supressão ou alteração de marca em animaisArt. 162 - Suprimir ou alterar, indevidamente, em gado ou rebanho alheio, marca ou sinal indicativo de propriedade: Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. Dano Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Dano qualificado Parágrafo único - Se o crime é cometido: I - com violência à pessoa ou grave ameaça; II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui crime mais grave III - contra o patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, de Município ou de autarquia, fundação pública, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviços públicos; IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima: Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da pena correspondente à violência. Introdução ou abandono de animais em propriedade alheia Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em propriedade alheia, sem consentimento de quem de direito, desde que o fato resulte prejuízo: Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, ou multa. Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou histórico Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pela autoridade competente em virtude de valor artístico, arqueológico ou histórico: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. Alteração de local especialmente protegido Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade competente, o aspecto de local especialmente protegido por lei: Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. Ação penal Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu parágrafo e do art. 164, somente se procede mediante queixa. Apropriação indébita Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Aumento de pena § 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa: I - em depósito necessário; II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, testamenteiro ou depositário judicial; III - em razão de ofício, emprego ou profissão. Apropriação indébita previdenciária Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. § 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de: I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à previdência social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público; II – recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços; DIREITO PENAL – Profª. Gabriella Nóbrega 41 CHO III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela previdência social. § 2o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e efetua o pagamento das contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal. § 3o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que: I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição social previdenciária, inclusive acessórios; ou II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. § 4o A faculdade prevista no § 3o deste artigo não se aplica aos casos de parcelamento de contribuições cujo valor, inclusive dos acessórios, seja superior àquele estabelecido, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força da natureza Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza: Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. Parágrafo único - Na mesma pena incorre: Apropriação de tesouro I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo ou em parte, da quota a que tem direito o proprietário do prédio; Apropriação de coisa achada II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí -la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de quinze dias. Art. 170 - Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica-se o disposto no art. 155, § 2º. Estelionato Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento: contra pessoa certa e determinada. Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos de réis. STJ Súmula 17: Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido. STJ Súmula 73: A utilização de papel moeda grosseiramente falsif icado conf igura, em tese, o crime de estelionato, da competência da Justiça Estadual. § 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto no art. 155, § 2º. § 2º - Nas mesmas penas incorre quem: Disposição de coisa alheia como própria I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia como própria; Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações, silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias; Defraudação de penhor III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse do objeto empenhado; Fraude na entrega de coisa DIREITO PENAL – Profª. Gabriella Nóbrega 42 CHO IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que deve entregar a alguém; Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as consequências da lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor de seguro; Fraude no pagamento por meio de cheque VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento. (Dolo na emissão do cheque). § 2º-A. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se a fraude é cometida com a utilização de informações fornecidas pela vítima ou por terceiro induzido a erro por meio de redes sociais, contatos telefônicos ou envio de correio eletrônico fraudulento, ou por qualquer outro meio fraudulento análogo. § 2º-B. A pena prevista no § 2º-A deste artigo, considerada a relevância do resultado gravoso, aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado mediante a utilização de servidor mantido fora do território nacional. § 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento de entidade de direito público ou de instituto deeconomia popular, assistência social ou beneficência. Estelionato contra idoso ou vulnerável § 4º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é cometido contra idoso ou vulnerável, considerada a relevância do resultado gravoso. § 5º Somente se procede mediante representação, salvo se a vítima for: I - a Administração Pública, direta ou indireta; II - criança ou adolescente; III - pessoa com deficiência mental; ou IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz. “Fraude por meio de ativos virtuais” Art. 171-A. Organizar, gerir, ofertar ou distribuir carteiras ou intermediar operações que envolvam ativos virtuais, valores mobiliários ou quaisquer ativos financeiros com o fim de obter vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento. Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. Duplicata simulada Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não corresponda à mercadoria vendida, em quantidade ou qualidade, ou ao serviço prestado. Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquele que falsificar ou adulterar a escrituração do Livro de Registro de Duplicatas. Abuso de incapazes Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, de necessidade, paixão ou inexperiência de menor, ou da alienação ou debilidade mental de outrem, induzindo qualquer deles à prática de ato suscetível de produzir efeito jurídico, em prejuízo próprio ou de terceiro: Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. Induzimento à especulação Art. 174 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, da inexperiência ou da simplicidade ou inferioridade mental de outrem, induzindo-o à prática de jogo ou aposta, ou à especulação com títulos ou mercadorias, sabendo ou devendo saber que a operação é ruinosa: Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. DIREITO PENAL – Profª. Gabriella Nóbrega 43 CHO Fraude no comércio Art. 175 - Enganar, no exercício de atividade comercial, o adquirente ou consumidor: I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsificada ou deteriorada; II - entregando uma mercadoria por outra: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. § 1º - Alterar em obra que lhe é encomendada a qualidade ou o peso de metal ou substituir, no mesmo caso, pedra verdadeira por falsa ou por outra de menor valor; vender pedra falsa por verdadeira; vender, como precioso, metal de ou outra qualidade: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. § 2º - É aplicável o disposto no art. 155, § 2º. Outras fraudes Art. 176 - Tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel ou utilizar-se de meio de transporte sem dispor de recursos para efetuar o pagamento: Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa. Parágrafo único - Somente se procede mediante representação, e o juiz pode, conforme as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. Fraudes e abusos na fundação ou administração de sociedade por ações Art. 177 - Promover a fundação de sociedade por ações, fazendo, em prospecto ou em comunicação ao público ou à assembléia, afirmação falsa sobre a constituição da sociedade, ou ocultando fraudulentamente fato a ela relativo: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, se o fato não constitui crime contra a economia popular. § 1º - Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui crime contra a economia popular: I - o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por ações, que, em prospecto, relatório, parecer, balanço ou comunicação ao público ou à assembléia, faz afirmação falsa sobre as condições econômicas da sociedade, ou oculta fraudulentamente, no todo ou em parte, fato a elas relativo; II - o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por qualquer artifício, falsa cotação das ações ou de outros títulos da sociedade; III - o diretor ou o gerente que toma empréstimo à sociedade ou usa, em proveito próprio ou de terceiro, dos bens ou haveres sociais, sem prévia autorização da assembléia geral; IV - o diretor ou o gerente que compra ou vende, por conta da sociedade, ações por ela emitidas, salvo quando a lei o permite; V - o diretor ou o gerente que, como garantia de crédito social, aceita em penhor ou em caução ações da própria sociedade; VI - o diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em desacordo com este, ou mediante balanço falso, distribui lucros ou dividendos fictícios; VII - o diretor, o gerente ou o fiscal que, por interposta pessoa, ou conluiado com acionista, consegue a aprovação de conta ou parecer; VIII - o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V e VII; IX - o representante da sociedade anônima estrangeira, autorizada a funcionar no País, que pratica os atos mencionados nos ns. I e II, ou dá falsa informação ao Governo. § 2º - Incorre na pena de detenção, de seis meses a dois anos, e multa, o acionista que, a fim de obter vantagem para si ou para outrem, negocia o voto nas deliberações de assembléia geral. Emissão irregular de conhecimento de depósito ou "warrant" Art. 178 - Emitir conhecimento de depósito ou warrant, em desacordo com disposição legal: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Fraude à execução Art. 179 - Fraudar execução, alienando, desviando, destruindo ou danificando bens, ou simulando dívidas: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. Parágrafo único - Somente se procede mediante queixa. DIREITO PENAL – Profª. Gabriella Nóbrega 44 CHO Receptação Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: Receptação imprópria (intermediário) Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Receptação qualificada § 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto de crime: Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa. § 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do parágrafo anterior, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercício em residência. § 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso: Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as penas. § 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do crime de que proveio a coisa. Receptação privilegiada § 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o juiz, tendo em consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. Na receptação dolosa aplica-se o disposto no § 2º do art. 155. § 6º - Tratando-se de bens e instalações do patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia mista, a pena prevista no caput deste artigo aplica-se em dobro. – não se aplica à conduta culposa. DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 181 - É isento de pena quem cometequalquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo: I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal; por analogia in bonam partem também o companheiro/a II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural. Escusa absolutória: vai gerar uma imunidade absoluta. Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é cometido em prejuízo: vai gerar uma imunidade relativa I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; II - de irmão, legítimo ou ilegítimo; III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores: I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaça ou violência à pessoa; II - ao estranho que participa do crime. III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL DIREITO PENAL – Profª. Gabriella Nóbrega 45 CHO (Crimes próprios) Admitem concurso de pessoas – circunstâncias elementares essenciais Peculato Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. § 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário. • Peculato apropriação • Peculato desvio • Peculato furto Peculato culposo § 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano. § 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta. Peculato mediante erro de outrem Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Inserção de dados falsos em sistema de informações Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública com o f im de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano: ) Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. Modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações Art. 313-B. Modif icar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou programa de informática sem autorização ou solicitação de autoridade competente: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa. Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a metade se da modif icação ou alteração resulta dano para a Administração Pública ou para o administrado. Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento Art. 314 - Extraviar livro of icial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente: Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave. Emprego irregular de verbas ou rendas públicas Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei: Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. Concussão Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. Excesso de exação notebook08 Destacar notebook08 Destacar notebook08 Destacar notebook08 Destacar notebook08 Destacar notebook08 Destacar DIREITO PENAL – Profª. Gabriella Nóbrega 46 CHO § 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. § 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos: Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. Corrupção passiva Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. CORRUPÇÃO PASSIVA MAJORADA / CIRCUNSTANCIADA § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional. CORRUPÇÃO PASSIVA PRIVILEGIADA § 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. Facilitação de contrabando ou descaminho Art. 318 - Facilitar, com inf ração de dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho (art. 334): Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. Prevaricação Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho* telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo: sujeito específico / – exceção à teoria monista (art. 349-A) Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. *CHIP não configura aparelho conforme a jurisprudência. Condescendência criminosa Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente: crime omissivo. Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. Advocacia administrativa Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário: qualquer funcionário. Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo: Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa. Violência arbitrária Art. 322 - REVOGADO Abandono de função Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em lei: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. § 1º - Se do fato resulta prejuízo público: notebook08 Destacar notebook08 Destacar notebook08 Destacar notebook08 Destacar notebook08 Destacar notebook08 Destacar DIREITO PENAL – Profª. Gabriella Nóbrega 47 CHO Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. § 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de f ronteira: Pena- detenção, de um a três anos, e multa. Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem autorização, depois de saber of icialmente que foi exonerado, removido, substituído ou suspenso: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. Violação de sigilo funcional Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato não constitui crime mais grave. § 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da Administração Pública; II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. § 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública ou a outrem: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. Violação do sigilo de proposta de concorrência Art. 326 - REVOGADO Funcionário público Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública. § 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público. DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL (Crimes comuns) Usurpação de função pública Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública: Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa. Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem: Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. Resistência Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio: Pena - detenção, de dois meses a dois anos. § 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa: Pena - reclusão, de um a três anos. § 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência. Desobediência Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público: notebook08 Destacar notebook08 Destacar notebook08 Destacar DIREITO PENAL – Profª. Gabriella Nóbrega 48 CHO Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa. Desacato Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. Tráfico de Influência Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função: ≠ do artigo 357 Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou insinua que a vantagem é também destinada ao funcionário. Corrupção ativa Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício: A INICIATIVA É DO PARTICULAR Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional. Descaminho Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. § 1o Incorre na mesma pena quem: I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei; II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho; III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou importou f raudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandestina no território nacional ou de importação f raudulenta por parte de outrem; IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos. § 2o Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. § 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho é praticado em transporte aéreo, marítimo ou f luvial. Contrabando Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos. § 1o Incorre na mesma pena quem: I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando; II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria que dependa de registro, análise ou autorização de órgão público competente; III - reinsere no território nacional mercadoria brasileira destinada à exportação; IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira; V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira. § 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. § 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de contrabando é praticado em transporte aéreo, marítimo ou f luvial. DIREITO PENAL – Profª. Gabriella Nóbrega 49 CHO Impedimento, perturbação ou fraude de concorrência Art. 335 - Impedir, perturbar ou f raudar concorrência pública ou venda em hasta pública, promovida pela administração federal, estadual ou municipal, ou por entidade paraestatal; afastar ou procurar afastar concorrente ou licitante, por meio de violência, grave ameaça, f raude ou oferecimento de vantagem: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, além da pena correspondente à violência. Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se abstém de concorrer ou licitar, em razão da vantagem oferecida. Inutilização de edital ou de sinal Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou conspurcar edital af ixado por ordem de funcionário público; violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por determinação legal ou por ordem de funcionário público, para identif icar ou cerrar qualquer objeto: Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. Subtração ou inutilização de livro ou documento Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, livro of icial, processo ou documento confiado à custódia de funcionário, em razãode of ício, ou de particular em serviço público: Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não constitui crime mais grave. Sonegação de contribuição previdenciária Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento de informações previsto pela legislação previdenciária segurados empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este equiparado que lhe prestem serviços; II – deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da contabilidade da empresa as quantias descontadas dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviç os; III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, remunerações pagas ou creditadas e demais fatos geradores de contribuições sociais previdenciárias: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. § 1o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara e confessa as contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma def inida em lei ou regulamento, antes do início da ação f iscal. § 2o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que: I – (VETADO) II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções f iscais. § 3o Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha de pagamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00 (um mil, quinhentos e dez reais), o juiz poderá reduzir a pena de um terço até a metade ou aplicar apenas a de multa. § 4o O valor a que se refere o parágrafo anterior será reajustado nas mesmas datas e nos mesmos índices do reajuste dos benef ícios da previdência social. REFERÊNCIAS 1. BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. Saraiva 2. CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. Saraiva __________________ Código Penal Comentado. Verbo Jurídico. 3. GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal. Impetus 4. JESUS, Damásio Evangelista de. Direito Penal. Saraiva 5. MIRABETE, Júlio Fabrini. Manual de Direito Penal. Atlas 6. NORONHA, Edgard Magalhães. Direito Penal. Saraiva. 7. NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal - Parte Geral / Parte Especial. RT. ________________________ Código Penal Comentado. RT. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/Mensagem_Veto/2000/Mv0961-00.htmque deve sempre ser valorada. É a teoria adotada pelo CP. *Teoria Causalista ou Naturalista - O sistema causal-naturalístico concebe a conduta como um puro fator de causalidade, ou seja, atribui o resultado ao emprego de forças físicas independentemente da vontade do indivíduo. Trata-se de um legalismo estrito. Busca ver o conceito de conduta despido de qualquer valoração. O dolo e a culpa estão situados na culpabilidade. 3.2.1. Dolo DIREITO PENAL – Profª. Gabriella Nóbrega 5 CHO a) Conceito: Art 18, I do CP “CP, Art. 18 - Diz-se o crime: I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo; ...” b) Espécies de dolo * Dolo direto ou determinado = é aquele em que o agente quer o resultado (teoria da vontade). O dolo direto pode ser classificado em dolo de 1º grau (principal – resultado principal desejado) ou dolo de 2º grau (dolo de consequências necessárias – resultados indissociáveis do principal). Exemplo: Zé atira em Jurema para matá-la sabendo que ela está grávida no início da gestação. Ao agir para matar Jurema (dolo direto de primeiro grau) ele aceita provocar a morte do feto (resultado indissociável – dolo direto de segundo grau). Zé responderá por dois crimes dolosos – um homicídio e um aborto. * Dolo eventual = onde o agente age com indiferença em relação ao resultado, não o deseja diretamente, mas aceita que ele ocorra ao assumir os riscos da sua conduta diante da previsão da ocorrência do crime (teoria do assentimento). Há PREVISÃO – alta probabilidade de provocar o resultado criminoso. Exemplo: Zé atira em um pássaro para caçá-lo. O animal estava muito próximo de um indivíduo chamado Pedro. Mesmo prevendo a possibilidade de atingir Pedro, Zé atira. Pedro é atingido e morre. Zé praticou um homicídio doloso (dolo eventual). 3.2.2. Culpa a) Conceito: A culpa consiste na prática não intencional do delito (não quer o resultado criminoso), faltando, porém, o agente a um dever de atenção e cuidado. Conduta culposa é a conduta voluntária (ação ou omissão) que produz resultado antijurídico não querido, mas previsível, que podia, com a devida atenção, ser evitado. O criminoso deseja praticar a conduta, porém, não deseja provocar o resultado ilícito. Em resumo: no crime culposo o indivíduo realiza a ação ou omissão de maneira voluntária, todavia o comportamento descuidado (negligente, imprudente ou imperito) acaba provocando um resultado ilícito não desejado. “CP, Art. 18 - Diz-se o crime: II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.” Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.” b) Modalidades de culpa Negligência = é inércia psíquica, a falta de atenção devida. É omissão. DIREITO PENAL – Profª. Gabriella Nóbrega 6 CHO Imprudência = é uma atitude em que o agente atua com precipitação, com afoiteza, sem cautelas, ou seja, é a criação desnecessária de um perigo. É ação. Imperícia = é a incapacidade, a falta de conhecimentos técnicos durante o exercício de arte ou profissão; é a falta de perícia ou habilidades técnicas durante determinada atividade de pessoa habilitada/capacitada para esse fim. c) Espécies de culpa Culpa inconsciente = é a culpa comum. Há mera PREVISIBILIDADE. Exemplo: atender o celular dirigindo um veículo em um local sem movimento. Culpa consciente = é aquela em que o agente, embora prevendo o resultado, não deixa de praticar a conduta acreditando, sinceramente, que este resultado não venha ocorrer (confia sobremaneira nas próprias habilidades). Há PREVISÃO. Exemplo: Zé atira em um pássaro para caçá-lo. O animal estava muito próximo de um indivíduo chamado Pedro. Mesmo prevendo a possibilidade de atingir Pedro, Zé atira, pois, tem certeza que não errará o alvo. Zé acredita ser um atirador excelente. Pedro é atingido e morre. Zé praticou um homicídio culposo (culpa consciente). OBS: Não há compensação de culpas no nosso ordenamento jurídico penal , porém a culpa exclusiva da vítima exclui a do agente. Exemplo: Zé dirige seu veículo na velocidade permitida sem nenhuma irregularidade. Ao cruzar um semáforo verde foi surpreendido por um pedestre que atravessou correndo na frente de veículo sem que houvesse tempo para Zé frear. O pedestre é atropelado e morre. Não há crime. 3.2.3 Preterdolo = dolo + culpa Dolo no antecedente (conduta inicial) e culpa no consequente (resultado mais grave do que o desejado). “CP, Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o houver causado ao menos culposamente”. Ex: Crime do artigo 129, § 3º do CP - lesão corporal seguida de morte (havia dolo – intenção criminosa – de lesionar, e a vítima acabou morrendo). 3.3 Resultado O resultado é a modificação no mundo exterior pela conduta. Espécies de resultado: ✓ Jurídico: também chamado de normativo. Todo crime possui resultado jurídico – é a lesão ou ameaça de lesão ao bem jurídico tutelado. É a violação à lei penal. ✓ Material: também chamado de naturalístico. Nem todo crime possui resultado material – é a modificação concreta do mundo exterior. DIREITO PENAL – Profª. Gabriella Nóbrega 7 CHO Exemplo: no homicídio há resultado jurídico e naturalístico (viola a lei penal e produz o resultado concreto – corpo sem vida). Formas de resultado: ✓ Consumação: quando o bem jurídico alheio é efetivamente atingido; ✓ Tentativa: quando o bem jurídico alheio é apenas colocado em risco. 3.3.1. Iter criminis (caminho/fases do crime) São quatro as fases do crime: Cogitação = o agente mentaliza, idealiza, planeja, deseja, representa mentalmente a prática do crime. É sempre impunível no nosso ordenamento jurídico. Ex: Zé decide matar Pedro a facadas. Preparação* = é a prática de atos concretos imprescindíveis à execução do crime. A agressão ao bem jurídico ainda não se iniciou, portanto essa fase também é impunível (em regra). Ex: Zé compra uma faca e faz uma tocaia para aguardar Pedro passar para matá-lo. Execução = a execução se inicia com a prática do primeiro ato idôneo para a consumação do delito. A partir deste momento todos os atos já são puníveis. Já há crime. Ex: Zé efetua o primeiro golpe na direção de Pedro para matá-lo. Consumação = o agente consuma a infração por ele pretendida, obtém o resultado desejado. Ex: Pedro morre em razão das facadas efetuadas por Zé. OBS.: *Em determinadas situações o legislador achou por bem punir de forma autônoma algumas condutas que poderiam ser consideradas preparatórias. Ex: associação criminosa, porte ilegal de arma, carregar chave falsa. OBS2: Alguns crimes podem apresentar uma quinta fase (não obrigatória) chamada exaurimento. Exemplo: o crime patrimonial de extorsão mediante sequestro se consuma no momento em que a vítima é sequestrada. O pagamento do resgate não influencia na consumação do delito, é mero exaurimento. 3.3.2. Tentativa Artigo 14, II do Código Penal. “CP, Art. 14 - Diz-se o crime: I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal; II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente.” Ex: Pedro não morre em razão das facadas efetuadas por Pedro pois foi socorrido a tempo por terceiras pessoas. A tentativa do crime é punida com a mesma pena do crime consumado reduzida de 1/3 a 2/3. DIREITO PENAL – Profª. Gabriella Nóbrega 8 CHO Pode ser: 3.3.3. Desistência voluntária, arrependimento eficaz e arrependimento posterior. Artigos 15 e 16 do Código Penal. a) Desistência voluntária (tentativa abandonada) Ocorre quando o agente interrompe, voluntariamente (livremente), os atos de execução, impedindo, por ato seu, a consumação dainfração penal, razão pela qual o agente é privilegiado com a regra do artigo 15, primeira parte, do CP, só respondendo pelos atos já praticados (independentemente do dolo inicial). O agente mudou de ideia voluntariamente. Exemplo: Zé quebra o vidro de um veículo para roubar a bolsa que está no banco do carro. Contudo, ao quebrar o vidro, Zé, voluntariamente, desiste do furto. b) Arrependimento eficaz Ocorre quando o agente, depois de esgotar todos os meios de que dispunha para chegar à consumação da infração, arrepende-se e atua em sentido contrário, evitando a produção do resultado anteriormente pretendido. O agente mudou de ideia voluntariamente. Aplica-se a regra da segunda parte do artigo 15 do CP, ou seja, só respondendo pelos atos já praticados (independentemente do dolo inicial). Exemplo: Zé atira em Pedro com o objetivo de matar (“animus necandi “). Contudo, ao ver Pedro suplicando pela vida, Zé desiste e socorre Pedro que, ao final, sobrevive. AMBOS DEVEM IMPEDIR O RESULTADO, do contrário o agente responde de acordo com a finalidade inicial. Precisam ser voluntários, não necessariamente espontâneos. São chamados pela doutrina de PONTE DE OURO. A DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA e o ARREPENDIMENTO EFICAZ afastam a tentativa. “CP, Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.” c) Arrependimento posterior Regra do artigo 16 do CP. Reduz a pena de 1/3 a 2/3 daquele que restitui a coisa ou repara o dano (não apenas o moral) voluntariamente antes de iniciada a ação penal no caso de crime sem violência ou grave ameaça à pessoa. É chamado pela doutrina de PONTE DE PRATA. Essa reparação/ restituição deve ser: integral; até o recebimento da denúncia/ queixa; por ato VOLUNTÁRIO do agente. Exemplo: “Homem se arrepende e devolve motocicleta que havia furtado”. Após subtrair um moto estacionada em uma calçada, um homem ligou para a polícia e disse que estava ‘arrependido’ e indicou a localização do veículo. https://direitodesenhado.com.br/crime-de-roubo/ DIREITO PENAL – Profª. Gabriella Nóbrega 9 CHO “CP, Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.” - - - - Iter criminis - - - - Fase posterior Início da execução do crime Desistência Voluntária Fim dos atos executórios Arrependimento eficaz Consumação do crime Arrependimento posterior 3.3.4. Crime impossível (quase-crime / tentativa inidônea) – há dolo mas era IMPOSSÍVEL consumar. “CP, Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.” EX: Meio absolutamente ineficaz – matar com arma de fogo sem munição; envenenar com farinha; Objeto absolutamente impróprio – matar um cadáver; provocar aborto em uma mulher que não está grávida. 3.4. Nexo Causal 3.4.1. Conceito É o elo que se estabelece entre a conduta do agente e o resultado, por meio do qual é possível dizer se aquela conduta deu ou não causa a este. 3.4.2. Superveniência causal (art. 13, §1º do CP) Nas causas absolutamente independentes da conduta do agente o agente não responde pelo resultado, mas tão somente pelo que provocou (tentativa). Nas causas relativamente independentes (concausas) o agente responde pelo resultado (exceto na superveniente quando, por si só, provoca o resultado). CP, Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. OBS: A teoria adotada como regra pelo CP é da equivalência dos antecedentes, também conhecida como conditio sine qua non (Art. 13, caput, CP). § 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou.” Como exceção, adota-se a teoria da causalidade adequada. 3.5. Tipicidade 3.5.1. Conceito de tipo penal DIREITO PENAL – Profª. Gabriella Nóbrega 10 CHO Consiste na descrição abstrata da conduta humana feita pormenorizadamente pela lei penal e correspondente a um fato criminoso. É composto obrigatoriamente por duas partes: conduta criminosa (preceito primário) e a pena (preceito secundário). 3.5.2. Conceito de tipicidade “É a subsunção, justaposição, enquadramento, amoldamento ou integral correspondência de uma conduta praticada no mundo real ao modelo descritivo constante da lei” (Capez). 3.5.3. Erro de tipo É a falsa percepção da realidade sobre um dos elementos do tipo legal. É o que faz o sujeito supor a ausência de elemento ou circunstância da figura típica. O indivíduo age sem querer/perceber que está cometendo ato ilícito. a) Erro de tipo essencial O agente não percebe que está praticando conduta proibida, ele age por erro, sem a presença de intenção criminosa. ✓ Será invencível ou inevitável (escusável) quando não podia ter sido evitado, excluindo-se o dolo e a culpa da conduta, portanto, não haverá crime. ✓ Será vencível ou evitável (inescusável) quando poderia ser evitado pelo agente com o uso de inteligência mediana. Haverá crime, porém exclui-se o dolo e pune-se apenas a título de culpa. b) Erro de tipo acidental (refere-se a dados secundários da figura penal; o agente queria praticar crime). RESPONDE DE ACORDO COM O DOLO DO AGENTE. Erro sobre o objeto: (error in objecto) o agente tem a vontade de praticar o delito, apenas esta conduta recai sobre uma coisa diversa da desejada. Responde como se tivesse atingido o objeto desejado. Ex: furtar bijouteria pensando ser ouro. Erro sobre a pessoa: (error in persona) quando o agente criminoso desejava atingir uma pessoa e atinge outra. Responde como se tivesse atingido a pessoa desejada. Ex: atirar em Pedro para matá-lo pensando que ele é João (seu irmão gêmeo). Responde como se tivesse matado João (a vítima desejada). Erro na execução: (aberratio ictus) ou desvio de golpe. O agente por inabilidade atinge pessoa diversa da desejada. Responde como se tivesse atingido a pessoa desejada. Ex: atirar em Pedro para matá-lo, mas erra a pontaria e acerta João. Responde como se tivesse matado Pedro (a vítima desejada). DIREITO PENAL – Profª. Gabriella Nóbrega 11 CHO Erro sobre a causa: (aberratio causae) ou dolo geral ou erro sucessivo. O erro no tocante ao meio de execução empregado pelo agente. Responde como se tivesse realizado o crime da maneira desejada. Ex: atirar em Pedro para matá-lo. Acreditando que a vítima está morta, arremessa o corpo ao mar para ocultar o que pensa ser um cadáver. A vítima morre afogada. Não responde pela qualificadora da asfixia (afogamento). c) Erro provocado por terceiro: Artigo 20, § 2º do CP. Quem responde pelo crime é o terceiro que provocou o erro. “CP, Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite punição por crime culposo, se previsto em lei. ... § 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vitima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.” 4. ILICITUDE / ANTIJURIDICIDADE 4.1. Conceito Segundo elemento constitutivo do crime. É a contradição entre a conduta do agente e o ordenamento jurídico (ou seja, a conduta além de típica é contrária ao direito). É regra. 4.2. Causas legais gerais de exclusão da ilicitude São as quatro circunstâncias trazidas no artigo 23 do CP:estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal e exercício regular de direito. Ocorrendo um fato típico presente uma de estas circunstâncias, tal fato típico não será ilícito, portanto, não haverá crime. “CP, Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: I - em estado de necessidade; II - em legítima defesa; III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. Excesso punível Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.” 4.2.1. Estado de necessidade a) Conceito: é causa de exclusão da ilicitude da conduta de quem, não tendo o dever legal de enfrentar uma situação de perigo atual, a qual não provocou por sua vontade, sacrifica um bem jurídico ameaçado por esse perigo para salvar outro, próprio ou alheio, cuja perda não era razoável exigir (Capez). Fundamenta-se no instinto de conservação. DIREITO PENAL – Profª. Gabriella Nóbrega 12 CHO “CP, Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. § 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo. § 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços.” b) Excesso punível: artigo 23, parágrafo único, CP. c) Estado de necessidade putativo (descriminante putativa): ocorre quando o agente, agindo em erro, supõe agir acobertado por uma excludente de ilicitude. Se o erro for inevitável, exclui o dolo e a culpa e isenta de pena. Sendo evitável, responde a título de culpa. “CP, Art. 20 ... Descriminantes putativas § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.” 4.2.2. Legítima defesa a) Conceito: é causa de exclusão da ilicitude que consiste em repelir injusta agressão, atual ou iminente, a direito próprio ou alheio, usando moderadamente dos meios necessários (Capez). “CP, Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo, considera-se também em legítima defesa o agente de segurança pública que repele agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática de crimes”. (LEGÍTIMA DEFESA PROTETIVA. Ex: atirador de elite). b) Excesso: artigo 23, parágrafo único, CP. c) Legítima defesa putativa (descriminante putativa) ocorre quando o agente, agindo em erro, supõe estar acobertado por uma excludente de ilicitude. Se o erro for inevitável, exclui o dolo e a culpa e isenta de pena. Sendo evitável, responde a título de culpa. “CP, Art. 20 ... Descriminantes putativas § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.” DIREITO PENAL – Profª. Gabriella Nóbrega 13 CHO d) Ofendículos: Legítima defesa “preordenada”. São aparatos predispostos para a defesa da propriedade, da vida ou de qualquer outro bem (arame farpado, cerca eletrificada, cão de guarda...). ATENÇÃO! É cabível a legítima defesa: contra agressão injusta de inimputável contra multidão contra agressão acobertada por excludente de CULPABILIDADE legítima defesa real contra putativa (sucessiva) legítima defesa putativa contra putativa legítima defesa real contra legítima defesa excessiva nas relações conjugais Não é cabível a legítima defesa: contra legítima defesa (recíproca) contra a simples provocação contra o poder familiar (moderado) 3.2.3. Estrito cumprimento do dever legal a) Conceito: é causa excludente de ilicitude que consiste na realização de um fato típico, por força do desempenho de uma obrigação imposta por lei. Deve ser dentro dos limites da lei, pois, os excessos cometidos pelos agentes poderão constituir crime de abuso de autoridade ou outros delitos. Ex: prisão em flagrante realizada pela polícia. 4.2.4. Exercício regular de um direito a) Conceito: É a causa de exclusão da ilicitude através da qual o agente pratica uma conduta que, embora típica, está prevista como lícita pelo ordenamento jurídico por se tratar de um direito reconhecido pela lei. Ex: prisão em flagrante realizada pelo cidadão; lesões desportivas. 5. CULPABILIDADE 5.1. Conceito “É o juízo de reprovação pessoal que se realiza sobre a conduta típica e ilícita praticada pelo agente” (Rogério Grecco). 5.2. Elementos Imputabilidade, potencial consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa. 5.3. Imputabilidade “É a capacidade de a pessoa entender que o fato é ilícito e de agir de acordo com esse entendimento” (Celso Delmanto). DIREITO PENAL – Profª. Gabriella Nóbrega 14 CHO 5.3.1. Causas de exclusão da imputabilidade (o agente será considerado INIMPUTÁVEL e, portanto, será isento de pena). a) Menoridade penal (critério biológico) O menor de 18 anos deve ser responsabilizado pela prática de ato infracional nos moldes do E.C.A. A emancipação (civil) não traz para o indivíduo a imputabilidade. b) Doença mental (critério biopsicológico) que retire por completo o discernimento do indivíduo. OBS: Equiparam-se à doença mental os casos de embriaguez patológica (dependência patológica). c) Desenvolvimento mental incompleto (surdo-mudo não alfabetizado e o índio não “civilizado”) ou retardado (portadores da Síndrome de Down). OBS: presente uma dessas situações (doença mental, desenvolvimento mental incompleto ou retardado), para que fique excluída a imputabilidade, deve se dar ao tempo da conduta delituosa a perda total da capacidade volitiva do agente. A prova da imputabilidade nesses casos é fornecida por laudo pericial (cabe a aplicação de medida de segurança). d) Embriaguez completa (que retira por completo o discernimento do agente) proveniente de caso fortuito ou força maior (acidental ou involuntária) Voluntária Completa ou = Incompleta Não exclui a imputabilidade Não Acidental = Ou Culposa Caso Fortuito Completa = Exclui a imputabilidade Acidental = e/ou Força Maior Incompleta = Reduz a pena de 1/3 a 2/3 Patológica = Doença mental : Quando retira por completo a capacidade de entendimento exclui a culpabilidade / Medida de Segurança. Preordenada Agrava a pena (art. 61, II, l, do CP) DIREITO PENAL – Profª. Gabriella Nóbrega 15 CHO No caso de embriaguez voluntária, mas não preordenada, derivada da ACTIO LIBERA IN CAUSA o agente responde pelos seus atos. Pode ser dolosa ou culposa. OBS: Se o agente se embriaga com o intuito de praticar o delito, teremos a embriaguez preordenada. Nessa situação haverá culpabilidade e, além disso, a aplicação da agravante presente no CP art. 61, II, l. 5.3.2. Semi-imputabilidade (ou responsabilidade diminuída) É a perda de parte da capacidade de entendimento e autodeterminação nos casos de doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado e embriaguez acidental incompleta. O juiz reduzirá a pena de 1/3 à 2/3 ou imporá medida de segurança. 5.4. Potencial consciência da ilicitude O que importa é saber se o agente ao praticar o crime tinha a possibilidade desaber que fazia algo errado ou injusto de acordo com o meio social que o cerca. 5.4.1. Erro de proibição (erro sobre a ilicitude do fato) Não e trata de desconhecimento do texto legal e sim sua errônea compreensão. Quando inevitável, o erro de proibição exclui a culpabilidade, ficando o autor isento de pena; sendo evitável, a pena será reduzida de 1/6 a 1/3. ERRO DE TIPO (essencial) ERRO DE PROIBIÇÃO (erro sobre a ilicitude do fato) INEVITÁVEL = ESCUSÁVEL Exclui DOLO e CULPA Exclui tipicidade Exclui CULPABILIDADE Isenta de pena EVITÁVEL = INESCUSÁVEL Exclui DOLO Permite a punição a título culposo (caso exista) REDUZ a pena de um sexto a um terço. 5.5. Exigibilidade de conduta diversa “Refere-se ao fato de se saber se, nas circunstâncias, seria exigível que o acusado agisse de forma diversa. Não haverá pena se, nas circunstâncias, for impossível para o acusado agir de outra forma” (Maximilianus Américo Fuhrer). 5.5.1. Causas que levam à exclusão da exigibilidade de conduta diversa. A lei prevê duas hipóteses: coação moral irresistível e obediência hierárquica. No caso da coação moral, sendo ela IRRESISTÍVEL (vis relativa), ou seja, o agente não podia superá-la, este terá praticado crime, porém, não será considerado culpado em face da exclusão de exigibilidade de conduta diversa, ou seja, exclui-se a culpabilidade. Sendo a coação moral RESISTÍVEL não haverá exclusão da culpabilidade, neste caso poderá haver a atenuante do art. 65, III, c do CP. A obediência capaz de afastar a exigência de conduta diversa e, portanto, capaz de afastar a culpabilidade, é a obediência a ordem não manifestamente ilegal de superior DIREITO PENAL – Profª. Gabriella Nóbrega 16 CHO hierárquico, tornando viciada a vontade do subordinado (hierarquia está caracterizada n as relações presentes no âmbito público apenas). 6. CONCURSO DE CRIMES 6.1. Conceito Quando um sujeito, mediante unidade ou pluralidade de ações ou de omissões, pratica 2 ou mais delitos, surge o concurso de crimes ou de penas. Assim, “é possível que, em uma mesma oportunidade ou em ocasiões diversas, uma mesma pessoa cometa duas ou mais infrações penais que, de algum modo, estejam ligadas por circunstâncias várias. Quando isso ocorre, estamos diante do chamado concurso de crimes (concursus delictorum), que dá origem ao concurso de penas” (MIRABETE, pg. 322). O concurso de crimes pressupõe a existência de pluralidade de fatos. 6.2 Espécies São três as espécies de concurso de crimes: o concurso material, o concurso formal e o crime continuado. 6.3 Concurso material ou real 6.3.1 Conceito Ocorre o concurso material quando o indivíduo, mediante duas ou mais condutas (ações ou omissões, dolosas ou culposas) pratica dois ou mais crimes. A vinculação entre os crimes se dá através da identidade do autor. OBS: não há necessidade de que os crimes tenham entre si uma relação de contexto, podendo ser analisadas no mesmo processo ou em processos diferentes – posição doutrinária dominante. 6.3.2 Requisitos São requisitos: pluralidade de condutas e pluralidade de crimes. 6.4.3 Concurso material homogêneo e heterogêneo O concurso material é homogêneo quando se trata de crimes idênticos (vários furtos, por exemplo) ou heterogêneo quando diversos (por exemplo um furto, uma lesão corporal e uma corrupção ativa). 6.4.4 Aplicação da pena DIREITO PENAL – Profª. Gabriella Nóbrega 17 CHO Quando da ocorrência do concurso material, o juiz deve individualizar a pena fixada para cada um dos crimes componentes do concurso, para depois aplicar a regra do artigo 69 do CP. CP, Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. Assim, aplicamos o sistema do cúmulo material: se recomenda a soma das penas de cada um dos delitos componentes do concurso. Ou seja, após a aplicação de todas as penas, as mesmas são somadas para que seja aplicada uma pena total ao condenado. 6.4 Concurso formal ou ideal 6.4.1 Conceito No concurso formal o agente mediante uma só conduta, realiza dois ou mais crimes. Há uma só conduta e mais de um resultado lesivo. 6.4.2 Requisitos São requisitos: unidade de conduta e pluralidade de crimes. 6.4.3 Concurso material homogêneo e heterogêneo O concurso formal é homogêneo quando a mesma conduta provoca crimes idênticos (vários homicídios por atropelamento, por exemplo) ou heterogêneo quando diversos (por exemplo um atropelamento que resulta em uma morte e em uma lesão corporal). 6.4.3 Concurso formal próprio (perfeito) e impróprio (imperfeito) Tal divisão funda-se na existência do elemento subjetivo do agente (finalidade). O concurso formal perfeito é a regra. O agente possuía, quando da prática da conduta, uma só intenção (lícita ou ilícita) e ao praticar a conduta acabou gerando dois ou mais resultados criminosos. Ex: atropelar culposamente 3 pessoas; atirar no pai para matá-lo e a “bala” transfixa o corpo e fere também a mãe em outro cômodo da casa. Por sua vez, o concurso formal imperfeito é resultante de desígnios autônomos. É o popular “matar dois coelhos com uma cajadada só”. O indivíduo tem consciência e vontade em relação a cada um dos crimes, realizando com uma só conduta, duas finalidades. Ex: matar toda a família em um incêndio. 6.4.4 Aplicação da pena A aplicação da pena no concurso formal segue a regra do artigo 70 do CP: DIREITO PENAL – Profª. Gabriella Nóbrega 18 CHO CP, Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior. Assim, aplicamos para o concurso formal perfeito o sistema da exasperação, segundo o qual deve ser aplicada a pena do delito mais grave, entre os concorrentes, aumentada a sanção de certa quantidade em decorrência dos demais crimes. Desta forma quando temos a) Penas idênticas: aplica-se somente uma, acrescida de 1/6 até a metade. b) Penas diferentes: aplica-se a mais grave, aumentada de 1/6 até a metade. No que diz respeito ao concurso formal imperfeito (desígnios autônomos), utilizamos o sistema do cúmulo material: se recomenda a soma das penas de cada um dos delitos componentes do concurso. Ou seja, após a aplicação de todas as penas, as mesmas são somadas para que seja aplicada uma pena total ao condenado. No parágrafo único do mesmo artigo vemos a regra do concurso material benéfico: Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código. Ex: Se um agente comete dois crimes em concurso formal, um apenado com 12 anos e outro apenado com 1 ano, nesse caso não será a pena mais grave acrescida de um sexto ou metade, será sim nesse caso aplicada a regra do concurso material, ou seja, serão somada ambas as penas, porém não deixará de ser concurso formal. 6.5 Crime continuado A figura do crime continuado foi criada por questões de política criminal. Trata-se de uma ficção jurídica: na verdade há uma pluralidade de crimes, mas o legislador entende, em benefício do réu, que eles constituem um só crime para efeito de pena. CP, Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes,devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. (CRIME CONTINUADO COMUM) Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código. (CRIME CONTINUADO ESPECÍFICO) DIREITO PENAL – Profª. Gabriella Nóbrega 19 CHO OBS: Por crime da mesma espécie a doutrina e jurisprudência majoritária, bem como o STJ (com precedente do STF), entendem o delito do mesmo tipo penal. Para o crime continuado foi adotado o sistema da exasperação, aplicando-se a pena de um só dos crimes, se idênticas ou a mais grave sempre aumentada de um sexto a dois terços. Para a dosagem do aumento, deve-se levar em conta, principalmente, o número de infrações praticadas pelo agente. Vale relembrar a Súmula 711 do STF: Súmula nº 711 - STF - Decisão: 24/09/2003 - Publicação: 09/10/2003 Lei Penal Mais Grave - Crime Continuado - Crime Permanente - Aplicação A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência PARTE VII: CONCURSO DE PESSOAS 7.1 Conceito O concurso de pessoas pode ser definido como a ciente e voluntária participação de duas ou mais pessoas na mesma infração penal. Assim, ocorre o concurso de agentes ou concurso de pessoas quando várias pessoas concorrem para a realização de uma infração penal. CP, Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. 7.2 Natureza jurídica – teorias São várias as teorias a respeito da natureza do concurso de agente quando se procura estabelecer se existe na hipótese um só ou vários delitos, delas defluindo soluções diversas quanto à aplicação da pena. A Teoria Monista considera que no concurso de pessoas há um só crime; a Teoria Pluralista que há vários crimes e Teoria Dualística, que há um crime em relação aos autores e outro crime em relação aos partícipes. O Código Penal, no art. 29, caput, ao disciplinar o concurso de pessoas, adotou a teoria monista ou unitária. 7.3 Requisitos ou pressupostos Para que ocorra o concurso de pessoas é indispensável: - pluralidade de agentes e condutas com nexo causal; - relevância causal de cada uma das ações com o resultado; - liame subjetivo (psicológico) entre os agentes; - identidade de crime ou fato. DIREITO PENAL – Profª. Gabriella Nóbrega 20 CHO 7.4 Formas de concurso • Co-autoria • Participação 7.5 Autoria A) Conceito Autor é o sujeito que executa a conduta expressa pelo verbo típico da figura delitiva, praticando o núcleo do tipo. Numa perspectiva ainda mais extensiva, seria autor também quem tem o domínio final do fato (controle absoluto do processo causal). B) Formas • Autoria direta ou imediata - realização pessoal do tipo objetivo e do subjetivo; • Autoria indireta – intelectual ou mediata (derivadas da Teoria do domínio do fato). Intelectual - “mandante”; o autor de um crime não o executa pessoalmente, mas através de um autor direto. Mediata - chama-se autoria mediata aquela em que o autor de um crime não o executa pessoalmente, mas através de um terceiro não culpável. Nestes casos, não há concurso de agentes. Só há um agente, o autor mediato. C) Co-autoria É a ciente e voluntária participação de duas ou mais pessoas na infração penal. Há convergência de vontades objetivando o crime, independentemente de acordo prévio. Não é necessário que todos exerçam a mesma conduta. Não se confunde, outrossim, com a autoria mediata, pois todos, executores ou senhores do fato, são puníveis. Co-autor é quem executa, juntamente com outras pessoas, ação ou omissão que configura o delito. Funda-se no princípio da divisão do trabalho. Cada co-autor é um autor. D) Autoria colateral Também chamada de co-autoria imprópria, co-autoria lateral ou autoria parelha. Ocorre a autoria colateral quando duas ou mais pessoas realizam simultaneamente o tipo objetivo sem que um saiba da conduta do outro. E) Autoria incerta A autoria incerta ocorre quando, na autoria colateral, não se apura a quem atribuir a produção do evento. 7.6 Participação A) Conceito Participação é a contribuição causal e finalista ao fato típico e ilícito realizado pelo autor. Por meio dela, forma-se um vínculo entre quem realiza a conduta de autor e quem, eventualmente, coopera de alguma forma por uma conduta de partícipe. Partícipe é a pessoa física que concorre na ação ou omissão de outrem, contribuindo para a realização do tipo penal. DIREITO PENAL – Profª. Gabriella Nóbrega 21 CHO B) Formas de participação São 03 as formas de participação num tipo penal, a saber: Induzimento. Instigação. Auxílio. C) Participação e favorecimento Favorecimento não é participação, posto que é uma cooperação posterior ao delito. Tem um caráter independente. Ex: artigos 180, 348 e 349 do CP. D) Participação de menor importância No art. 29, § 1º, o legislador determina que a participação de menor importância, aquela que teve menor relevância causal, podendo a pena ser diminuída de 1/6 a 1/3. CP, art. 29, § 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. E) Conivência ou participação negativa O mero conhecimento da prática do crime por terceiro é mera conivência, não punível, pois só há participação omissiva se houver o dever jurídico de impedir o crime (“garante”), na forma do art. 13, § 2º, do Código Penal. F) Participação por omissão Ocorre quando existe a obrigação de impedir o delito, que o omitente permite ou procede de forma que ele se realize (art. 13, §2º, CP). G) Participação impunível CP, Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado. 7.7 Punibilidade no concurso de agentes Diante do disposto no art. 29, todos os autores, co-autores e partícipes incidem nas penas cominadas ao crime praticado, exceto no caso de estes últimos terem querido participar do crime menos grave (artigo 29, §2º, CP). CP, Art. 29, § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser- lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. 7.8 Circunstâncias incomunicáveis CP, Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. PARTE VIII: PUNIBILIDADE 8.1 Conceito DIREITO PENAL – Profª. Gabriella Nóbrega 22 CHO A prática de um fato definido na lei como crime traz consigo a punibilidade, isto é, a aplicabilidade da pena que lhe é cominada em abstrato na norma penal. Assim, a punibilidade é a possibilidade jurídica de o Estado impor a sanção . 8.2 Causas extintivas da punibilidade Originado o jus puniendi, concretizado com a prática do crime, podem ocorrer causas que obstem a aplicação das sanções penais pela renúncia do Estado em punir o autor do delito, falando-se, então, em causas de extinção da punibilidade. Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: I - pela morte do agente; II - pela anistia, graça ou indulto; III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso; IV - pela prescrição*, decadência ouperempção; (destaque nosso) V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada; VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite; VII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) VIII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. CAUSAS NÃO PREVISTAS NO ART. 107 DO CP A enumeração não é taxativa. Ex: O ressarcimento do dano no peculato culposo. São também causas de extinção da punibilidade o decurso dos prazos do sursis e do livramento condicional... 8.2.1 Morte do agente Extingue-se a punibilidade pela morte do agente. Ao referir-se ao agente, a lei inclui o indiciado, o Réu e o condenado. Sendo personalíssima a responsabilidade penal, a morte do agente faz com que o Estado perca o jus puniendi. Deve ser provada por meio de certidão de óbito (CPP, art. 62) não tendo validade a presunção legal do art. 10 do Código Civil. 8.2.2 Anistia, graça e indulto a) Anistia É o esquecimento jurídico de uma ou mais infrações penais, é de atribuição do Congresso Nacional (CF, art. 48, VIII); A anistia pode ocorrer antes ou depois da sentença extinguindo-se a ação e a condenação e se destina a fatos e não a pessoas. Tem a finalidade de fazer olvidar o crime e aplica-se principalmente aos crimes políticos. Não abrange, porém, os efeitos civis. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11106.htm#art5 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11106.htm#art5 DIREITO PENAL – Profª. Gabriella Nóbrega 23 CHO b) Graça e Indulto A graça, forma de clemência soberana, destina-se a pessoa determinada e não a fato, sendo também chamada de indulto individual. A competência para a sua concessão é do Presidente da República (art. 84, XII da CF), podendo haver delegação. O indulto é clemência coletiva soberana, dirige-se a um grupo indeterminado de condenados e é delimitado pela natureza do crime e quantidade da pena aplicada. A competência para a sua concessão é do Presidente da República (art. 84, XII da CF), podendo haver delegação. Graça e indulto: a graça se distingue do indulto, nos seguintes pontos: a graça é individual; o indulto, coletivo; a graça, em regra, deve ser solicitada; o indulto é espontâneo. Do contrário: a competência para concedê-los é do Presidente da República (CF, art. 84, XII). 8.2.3 Abolitio criminis Extingue-se a punibilidade pela retroatividade da lei que não mais considera o fato como criminoso. Trata-se da abolitio criminis. 8.2.4 Decadência A decadência é a perda do direito de ação privada ou de representação, em decorrência de não ter sido exercido no prazo previsto em lei. Determina o art. 103 do CP: "salvo disposição expressa em contrário, o ofendido decai do direito de queixa ou de representação se não o exerce dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou do dia em que se esgota o prazo para o oferecimento da denúncia. O prazo de decadência é fatal e improrrogável. A decadência deve ser decretada de ofício pelo juiz, consoante estabelece o artigo 61 do CPP. 8.2.5 Perempção A perempção é a perda do direito de prosseguir na ação penal privada, ou seja, a sanção jurídica cominada ao querelante em decorrência de sua inércia. Considera-se perempta ação nas hipóteses previstas no artigo 60 do CPP. CP, Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á perempta a ação penal: I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 (trinta) dias seguidos; II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36; DIREITO PENAL – Profª. Gabriella Nóbrega 24 CHO III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais; IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor. 8.2.6 Prescrição A prescrição limita o direito de punir do Estado em virtude do tempo transcorrido. Via de regra os crimes prescrevem. A exceção é trazida no artigo 5º da CF/88: XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei; XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático; A prescrição, mediante construção doutrinária, pode ser classificada em dois tipos: prescrição da pretensão punitiva e prescrição da pretensão executória. a) Prescrição antes de transitar em julgado a sentença (prescrição da pretensão punitiva) Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no § 1o do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se: (pena in abstrato) I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze; II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito anos e não excede a doze; III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede a oito; IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede a quatro; V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não excede a dois; VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano. b) Prescrição depois de transitar em julgado sentença final condenatória (prescrição da pretensão executória) Art. 110 - A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória regula- se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, os quais se aumentam de um terço, se o condenado é reincidente. Prescrição no caso de evasão do condenado ou de revogação do livramento condicional Art. 113 - No caso de evadir-se o condenado ou de revogar-se o livramento condicional, a prescrição é regulada pelo tempo que resta da pena. Redução dos prazos de prescrição DIREITO PENAL – Profª. Gabriella Nóbrega 25 CHO Art. 115 - São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença, maior de 70 (setenta) anos. 8.2.7 Renúncia Renúncia do direito de queixa: é a abdicação do ofendido ou de seu representante legal do direito de promover a ação penal privada, assim, a renúncia, ato unilateral, é a desistência do direito de ação por parte do ofendido. Esta só é possível antes do início da ação penal privada, antes do oferecimento da queixa; podendo ser expressa ou tácita. A renúncia expressa deve constar de declaração assinada pelo ofendido, por seu representante legal ou por procurador com poderes especiais. A renúncia é tácita quando o querelante pratica ato incompatível com a vontade de exercer o direito de queixa. A renúncia ao direito de queixa, em relação a um dos autores do crime, a todos se estende. O princípio da indivisibilidade obriga ao querelante promover ação penal contra todos os co autores do fato delituoso em teses, não podendo abstrair nenhum, a menos que seja desconhecido. 8.2.8 Perdão do ofendido É o ato pelo qual, iniciada a ação penal privada, o ofendido ou seu representante legal desiste de seu prosseguimento. O perdão somente é possível na ação exclusivamente privada, como deixa claro o art. 105 do CP, não produzindo qualquer efeito na ação privada subsidiária ou na ação públicaincondicionada ou condicionada. O perdão deve ser concedido pelo ofendido ou pelo seu representante legal quando menor de 18 anos. Ao contrário da renúncia, o perdão é um ato bilateral, não produzindo efeito se o querelado não o aceita. Pode o perdão ser expresso ou tácito. 8.2.9 Perdão judicial É o instituto pelo qual o juiz deixa de aplicar a pena ao réu em virtude da existência de determinadas circunstâncias previstas pela lei – vide CP, arts. 121, §5o, 129, §8o, 140, §1o, I e II, etc. CP, 121 § 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. CP, 129 § 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121. CP, 140 § 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena: I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria; II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria. DIREITO PENAL – Profª. Gabriella Nóbrega 26 CHO 8.2.10 Retratação do agente Extingue-se a punibilidade pela retratação do agente nos casos em que a lei a admite. Retratar-se é retirar o que disse, confessar que errou, dando-se reparação ao ofendido e demonstrações de arrependimento efetivo do agente. É cabível nos crimes de calúnia, difamação, falso testemunho e falsa perícia. No que se refere à injúria, somente é admissível se praticada por meio da imprensa (art. 26, Lei n. 5250/67). Ainda, admite-se a retratação nos crimes de falso testemunho e falsa perícia. Deve ser prestada antes da sentença referente ao processo em que o agente prestou o falso testemunho ou ofereceu a falsa perícia e exige-se que seja também completa. A retratação deve ser reduzida a termo pelo juiz e independe de aceitação do ofendido. LEGISLAÇÃO PARTE GERAL TÍTULO II DO CRIME Relação de causalidade Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. Superveniência de causa independente § 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. Relevância da omissão § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. Art. 14 - Diz-se o crime: Crime consumado I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua def inição legal; Tentativa II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. Pena de tentativa Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços. Desistência voluntária e arrependimento eficaz Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados. Arrependimento posterior Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços. Crime impossível DIREITO PENAL – Profª. Gabriella Nóbrega 27 CHO Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por inef icácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. Art. 18 - Diz-se o crime: Crime doloso I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo; Crime culposo II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente. Agravação pelo resultado Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o houver causado ao menos culposamente. Erro sobre elementos do tipo Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. Descriminantes putativas § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justif icado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo. Erro determinado por terceiro § 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. Erro sobre a pessoa § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. Erro na execução Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código. Erro sobre a ilicitude do fato Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço. Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência. Coação irresistível e obediência hierárquica Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem. Exclusão de ilicitude Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: I - em estado de necessidade; II - em legítima defesa; III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. Excesso punível Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo. Estado de necessidade Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. DIREITO PENAL – Profª. Gabriella Nóbrega 28 CHO § 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo. § 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços. Legítima defesa Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo, considera-se também em legítima defesa o agente de segurança pública que repele agressão ou risco de agressão a vítimamantida refém durante a prática de crimes. DA IMPUTABILIDADE PENAL Inimputáveis Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Redução de pena Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Menores de dezoito anos Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial. Emoção e paixão Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: I - a emoção ou a paixão; Embriaguez II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos. § 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. § 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. DO CONCURSO DE PESSOAS Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. § 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. Circunstâncias incomunicáveis Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. Casos de impunibilidade Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado. DO CONCURSO DE CRIMES Concurso material Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. DIREITO PENAL – Profª. Gabriella Nóbrega 29 CHO § 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será incabível a substituição de que trata o art. 44 deste Código. § 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis entre si e sucessivamente as demais. Concurso formal Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior. Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código. Crime continuado Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código. DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE Extinção da punibilidade Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: I - pela morte do agente; II - pela anistia, graça ou indulto; III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso; IV - pela prescrição, decadência ou perempção; V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada; VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite; VII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) VIII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. Art. 108 - A extinção da punibilidade de crime que é pressuposto, elemento constitutivo ou circunstância agravante de outro não se estende a este. Nos crimes conexos, a extinção da punibilidade de um deles não impede, quanto aos outros, a agravação da pena resultante da conexão. Prescrição antes de transitar em julgado a sentença Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no § 1o do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando - se: I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze; II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito anos e não excede a doze; III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede a oito; IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede a quatro; V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não excede a dois; VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano. Prescrição das penas restritivas de direito Parágrafo único - Aplicam-se às penas restritivas de direito os mesmos prazos previstos para as privativas de liberdade. Prescrição depois de transitar em julgado sentença final condenatória https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11106.htm#art5 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11106.htm#art5 DIREITO PENAL – Profª. Gabriella Nóbrega 30 CHO Art. 110 - A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, os quais se aumentam de um terço, se o condenado é reincidente. § 1o A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa. § 2o (Revogado pela Lei nº 12.234, de 2010). Termo inicial da prescrição antes de transitar em julgado a sentença final Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr: I - do dia em que o crime se consumou; II