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GOVERNANÇA E
PROTEÇÃO
AMBIENTAL
Aula 1
PROTEÇÃO AMBIENTAL
INTERNACIONAL
Proteção ambiental internacional
Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você.
Nela, você irá aprender conteúdos importantes para a sua formação
profissional. Vamos assisti-la? 
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Bons estudos!
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Ponto de Partida
Olá, estudante!
É uma alegria tê-lo conosco em mais uma aula da disciplina de
Responsabilidade Social e Ambiental!
Nossa temática será sobre o sistema de proteção e governança
ambiental internacional. Ela permitirá que você compreenda o
processo de reconhecimento e afirmação da proteção ambiental no
âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU). Por meio das
conferências da ONU, discussões como mudanças do clima,
sustentabilidade e outras passaram a fazer parte do nosso dia a dia
profissional. Além disso, há a aplicabilidade dos documentos
internacionais no ordenamento jurídico brasileiro, em um diálogo
cada vez mais recorrente, para que os desafios ambientais sejam
enfrentados por todos os Estados.
Você, que atua como professor em uma instituição do ensino
fundamental e médio, ficou responsável pela elaboração de uma
atividade extracurricular, cujo objetivo é descartar a importância dos
acordos e conferência ambientais. Para isso, decidiu organizar uma
mostra de painéis trabalhando os pontos descritos a seguir:
O que é a ONU? Qual a sua importância para a temática
ambiental e social?
Qual a importância das conferências ambientais?
Escolha e discorra sobre uma importante conferência de sua
escolha.
Vamos Começar!
A proteção ambiental internacional
A temática ambiental entrou na agenda global na década de 1960,
do século passado, a partir das preocupações com os efeitos da
explosão demográfica mundial e do aumento da poluição. Em um
período de forte expansão do comércio e das atividades econômicas
houve a constatação dos limites desse crescimento, que se tornou
um assunto de debates entre pesquisadores e atores das instâncias
internacionais.
O sistema internacional contemporâneo é relativamente recente,
originado no final da Segunda Guerra Mundial, com a Conferência
de São Francisco, de 1945, que aprovou a Carta de São Francisco,
de criação da Organização das Nações Unidas (ONU). O propósito
primordial da ONU é o de garantir a paz mundial, mas também o de
“conseguir uma cooperação internacional para resolver os
problemas internacionais de caráter econômico, social, cultural ou
humanitário [...]” e de “ser um centro destinado a harmonizar a ação
das nações para a consecução desses objetivos comuns” (Brasil,
1945). Assim, a ONU se tornou o centro das discussões globais,
atuando por meio de seus conselhos: Segurança, Econômico e
Social e outros; de suas comissões: Direitos Humanos (desde 2006
se transformou em Conselho) etc.; E de suas agências
especializadas: Organização das Nações Unidas para a Educação,
a Ciência e a Cultura (Unesco); Organização das Nações Unidas
para a Alimentação e Agricultura (FAO); Fundo Monetário
Internacional (FMI).
No que se refere ao direito internacional, em que os principais
sujeitos são os Estados, é preciso destacar o papel da ONU, que se
tornou o lócus de formação de um arcabouço de normas e
instituições em várias áreas, como direitos humanos, educação,
cultura e meio ambiente. Com essa perspectiva, a discussão entre
Estados é fundamental para a formação de normas ambientais
internacionais com o objetivo comum de proteção ao meio ambiente
em todas as suas dimensões. Vários problemas ambientais são de
caráter transnacional e exigem ações multilaterais e cooperativas
(Bursztyn; Bursztyn, 2012).
A formalização da proteção ambiental no âmbito internacional se dá
essencialmente por meio de dois tipos de atos: tratados e
declarações. Os tratados são firmados entre Estados e podem ser
bilaterais (dois Estados) ou multilaterais (vários Estados). Um
tratado possui força jurídica vinculante, assim, é chamado de hard
law. Os tratados podem ser globais, quando estabelecidos em
organizações de abrangência mundial (exemplo: ONU), ou
regionais, quando firmados por países de uma determinada região
do mundo ou em uma organização delimitada geograficamente
(exemplo: OEA). Os tratados de direito ambiental costumam receber
a denominação de convenção, porque costumam ser oriundos de
conferências específicas para debater temáticas ambientais. Já as
declarações, que no direito ambiental não têm força jurídica
vinculante, são chamadas de soft law, ou seja, não são normas
impositivas, mas formam os princípios do direito internacional. Esses
são gradativamente reconhecidos nas instâncias internacionais e
nacionais. Portanto, ao estudar o direito ambiental, esses dois tipos
de atos são os mais frequentes.
Os tratados em matéria ambiental costumam ter algumas
características, tais como: (i) os países signatários se submetem às
regras comuns; (ii) os países adotam uma cooperação interestatal,
por meio de agências internacionais ou órgãos específicos que são
criados; (iii) o conteúdo dos tratados depende do estágio atual do
conhecimento científico; (iv) os tratados podem comportar
obrigações diferenciadas entre países (Bursztyn; Bursztyn, 2012).
Os tratados ambientais são compromissos para enfrentar questões
como poluição, diversidade biológica, mudança do clima, florestas,
dentre outros, que são reveladores de como as dinâmicas
ambientais não respeitam fronteiras de Estados. Exige-se deles a
cooperação e a articulação comum para o enfrentamento dos
desafios ambientais.
É evidente que esse é um processo complexo, com dificuldades,
porque a estrutura do direito internacional foi construída em
observância a um dos pressupostos do Estado moderno, a
soberania. E isso significa a autodeterminação dos seus territórios
para dispor livremente de suas riquezas e recursos naturais. Além
disso, a autodeterminação está diretamente ligada ao
desenvolvimento, que é um argumento presente entre os países, em
especial os emergentes, marcados pela desigualdade em múltiplas
dimensões – econômica, social, ambiental. A cooperação para lidar
com os problemas ambientais deve equacionar esses desafios. Isso
demonstra a complexidade dos debates nas instâncias
internacionais.
A partir da década de 1970, há o franco desenvolvimento do direito
internacional do meio ambiente, que ocorreu com as conferências
no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU), como
observaremos a seguir.
Siga em Frente...
As conferências ambientais da ONU
Entender o processo de constituição das instâncias de governança
ambiental internacional passa pela compreensão das conferências
das Nações Unidas sobre a temática. Da primeira conferência, em
1972, até os dias atuais, a ONU promoveu quatro conferências
mundiais, que foram decisivas para que assuntos como meio
ambiente equilibrado, desenvolvimento sustentável, mudanças
climáticas, entre outros, assumissem centralidade na agenda global.
São elas:
1. Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente
Humano (1972).
2. Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento (1992).
3. Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável – Rio+10
(2002).
4. Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável – Rio+20 (2012).
Em 1968, a Assembleia Geral das Nações Unidas, por meio da
Resolução 2.398 (XXIII), decidiu pela realização de uma conferência
mundial para discutir as questões ambientais. Dessa forma, ocorreu,
de 5 a 16 de junho de 1972, na cidade de Estocolmo, Suécia, a
Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano,
que é considerada um marco do direito ambiental internacional.
No curso dos trabalhos da Conferência, os países participantes
dividiram-se em duas correntes de interpretação dos problemas
ambientais (Melo, 2017): (i) de um lado, os preservacionistas,
liderados pelos países desenvolvidos, que defenderam a mitigação
nas intervenções antrópicasvalores imateriais, reduzindo o bem-
estar, a qualidade de vida do indivíduo ou da coletividade, ou
atingindo o valor intrínseco do bem. O dano extrapatrimonial pode
ser dividido em individual e coletivo. O dano moral ambiental
individual é aquele que acarreta dor ou sofrimento psíquico para
uma pessoa, como no caso de um pescador impedido de exercer
sua atividade econômica por causa de um dano ambiental. O dano
moral ambiental coletivo, por sua vez, se dá pelo prejuízo à imagem
e moral coletiva dos indivíduos. Com esses apontamentos, fica
evidenciado o caráter multifacetário do dano ambiental no
ordenamento jurídico brasileiro.
 
Responsabilidade ambiental
Entende-se por responsabilidade a obrigação de responder pela
ação ou omissão que seja lesiva a uma pessoa, patrimônio ou em
face de uma obrigação legal. Na esfera ambiental, a
responsabilidade surge com a conduta considerada lesiva ao meio
ambiente. Assim, a Constituição Federal de 1988 disciplina a
responsabilidade em matéria ambiental nos seguintes termos: “as
condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções
penais e administrativas, independentemente da obrigação de
reparar os danos causados” (Brasil, 1988). Essa norma estabelece a
tríplice responsabilidade em matéria ambiental: civil, penal e
administrativa. Cada uma delas dispõe de um regime jurídico próprio
que, apesar de disciplinarem a aplicação de sanções aos
responsáveis, sua preocupação central está em reparar os danos
causados ao meio ambiente.
Figura 2 | Natureza jurídica da responsabilidade ambiental. Fonte: elaborada pelo autor.
A responsabilidade penal ambiental é disciplinada pela Lei
9.605/1998, também conhecida como Lei de Crimes Ambientais. No
caso de cometimento de um crime ambiental, conforme os tipos
penais, teremos a imputação da pessoa física ou jurídica. Essa
responsabilidade é sempre subjetiva, com a necessidade de
comprovação da culpabilidade – dolo ou culpa – do autor do crime.
Uma das novidades da Lei 9.605/1998 foi instituir a responsabilidade
penal da pessoa jurídica, “[...] nos casos em que a infração seja
cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou
de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade”
(Brasil, 1998). Dois são os requisitos para configurar a
responsabilidade penal da pessoa jurídica: (i) a decisão deve ser
praticada pelo representante legal ou pelo órgão colegiado da
empresa; (ii) a conduta deve satisfazer ou beneficiar os interesses
da pessoa jurídica. Assim, uma decisão do representante
legal/contratual ou de um órgão colegiado que beneficie a empresa
enseja a discussão do cometimento de um ilícito penal e, caso se
confirme, ela poderá ser condenada isolada, cumulativa ou
alternativamente às penas de multa, restritivas de direitos e
prestação de serviços à comunidade (Brasil, 1998). Já as pessoas
físicas que cometem crimes ambientais poderão sofrer as penas
restritivas de liberdade, restritivas de direitos e multa, de acordo com
o crime ambiental cometido.
A responsabilidade administrativa ambiental, por sua vez, surge
quando a pessoa física ou jurídica pratica uma infração
administrativa que, segundo definição legal, é “[...] toda ação ou
omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção,
proteção e recuperação do meio ambiente” (Brasil, 1998). Na
responsabilidade administrativa, que é subjetiva – há que
demonstrar o dolo e a culpa do responsável –, ao se verificar o
cometimento de uma infração ambiental, o fiscal do órgão ambiental,
lavra um auto de infração e aplica uma sanção à pessoa física ou
jurídica, que pode ser uma multa, suspensão de atividades,
demolição de obra e outras (Brasil, 2008). Com isso, é instaurado o
processo administrativo, em que o autuado poderá se defender dos
fatos e fundamentos consignados no auto de infração e, ao final, a
decisão da autoridade administrativa ambiental.
 Por fim, temos a responsabilidade civil ambiental. No caso da
ocorrência de um dano ambiental, o responsável, pessoa física e
jurídica, de direito público ou privado, é obrigado à reparação. O
ordenamento jurídico brasileiro adota, desde a Lei 6.938/1981, a
teoria da responsabilidade civil objetiva, em que é necessária
somente a comprovação do nexo de causalidade entre a conduta e
o dano, sem discutir a culpabilidade, isto é, não é preciso investigar
a culpa ou o dolo do poluidor/degradador. Além disso, a adoção da
teoria da responsabilidade objetiva implica a irrelevância da licitude
ou ilicitude da atividade e que questões como caso fortuito e de
força maior não são excludentes.
A licitude de uma atividade ou empreendimento, quer autorizado ou
licenciado, não afasta ou atenua a responsabilidade do poluidor. O
fato de o empreendimento ou atividade ter se submetido ao
licenciamento ambiental, por exemplo, não exime a empresa da
obrigação de reparar as consequências de suas intervenções,
especialmente em caso de danos ao meio ambiente. De forma
direta, o argumento da licitude da atividade não afasta eventual
responsabilidade do poluidor. Em paralelo, é tese do STJ que “[...]
não há direito adquirido à manutenção de situação que gere prejuízo
ao meio ambiente” (Brasil, 2018).
Siga em Frente...
Reparação do dano ambiental
Ao se verificar a ocorrência de um dano ao meio ambiente, é
necessário que se proceda à sua reparação, que deve ser integral.
A primeira pergunta é: quem deve reparar? Evidentemente, o
causador do dano ambiental. Por esse conceito, tanto pessoas de
direito privado – empresas – quanto as entidades da administração
pública direta – União, estados, Distrito Federal e municípios – e
indireta – autarquias, fundações públicas e outras – podem ser
consideradas poluidoras. Mas há um aspecto muito importante: o
poluidor pode ser direto ou indireto. O poluidor direto é aquele que
efetivamente causou a degradação, ao passo que o poluidor indireto
é aquele que, de alguma forma, contribuiu para o dano ambiental.
Como exemplo, instituições financeiras podem ser
responsabilizadas por empréstimos a empresas que causem danos
ambientais; a empresa como poluidora direta, a instituição financeira
como poluidora indireta. E o último ponto a ser destacado é que os
poluidores direto e indireto são solidários, ou seja, aqueles que
participaram do dano ambiental ou tiraram proveito da atividade são
igualmente responsáveis pela reparação. Assim, uma ação civil
pública pode ser ajuizada em face de ambos, poluidor direto ou
indireto, ou de qualquer um deles.
A Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Brasil, 1981) e a Lei da
Ação Civil Pública (Brasil, 1985) relacionam basicamente duas
formas de reparação do dano ambiental: (i) a reparação/restauração
e a (ii) indenização pecuniária. Outra modalidade de reparação é
destacada pela doutrina: a compensação ecológica (Melo, 2017).
Dessa forma, são três as modalidades de reparação do dano
ambiental: (i) reparação específica (in natura); (ii) compensação
ecológica; e (iii) indenização pecuniária. Destaca-se, em um primeiro
momento, que a ordem estabelecida deve ser observada, isto é,
deve ser priorizada a reparação específica sobre as demais
modalidades, que são subsidiárias.
A reparação específica, também chamada de in natura, é aquela no
local em que ocorreu o dano ambiental e, assim, encontra-se na
perspectiva de retorno do equilíbrio ecológico, ou pelo menos uma
situação mais próxima (Melo, 2017). Nessa modalidade, é o próprio
bem lesado que deve ser reparado. Por exemplo, se o dano é o
desmatamento de dez hectares de vegetação primária, a reparação
será feita no próprio local, com a obrigação de que seja consistente
na recomposição da área desmatada.
Contudo, se não for possível a reparação específica, adentra-se nas
hipóteses de compensação ecológica ou de indenização pecuniária.
A compensação ecológica é a substituição do bem lesado por outro
equivalente (Melo, 2017). Para essa modalidade, além da
impossibilidade da reparação específica, é preciso quea área a ser
compensada seja do mesmo tamanho da área do dano e que tenha
a mesma importância ecológica. A indenização pecuniária, por fim, é
a forma clássica de reparação no direito civil, mas subsidiária no
direito ambiental (Melo, 2017). Os valores arrecadados a título de
indenização são destinados para o Fundo para Reconstituição dos
Bens Lesados, criado pela Lei da Ação Civil Pública.
Uma questão relevante é a cumulação de pedidos em uma ação civil
pública ambiental, isto é, aquele que cometer um dano ambiental
poderá ser obrigado, reciprocamente, a reparar o local onde ocorreu
o dano ambiental e destinar recursos financeiros para o fundo para a
reconstituição dos bens lesados.
Por fim, a pretensão de reparação aos danos causados ao meio
ambiente é imprescritível, conforme decidiu o STF (Brasil, 2020). Em
outras palavras, uma ação civil pública de reparação de danos
causados ao meio ambiente não está sujeita ao instituto da
prescrição, podendo ser ajuizada mesmo que tenham se passado
vários anos da ocorrência do dano. Trata-se de demonstração da
relevância do bem ambiental, cuja proteção é imprescindível para
todas as atividades humanas.
Vamos Exercitar?
Vamos retomar a nossa situação-problema, na qual você é um
consultor freelancer que, juntamente com uma equipe
multidisciplinar, ficou encarregado de avaliar relatórios de um
empreendimento de construção civil.
Baseado na leitura de relatórios da obra, destacaram-se duas
partes:
Trecho 1: Verificou-se descarte em área de várzea de resíduos
Classe D (tintas, solventes, etc.) durante a primeira fase de
obras.
Trecho 2: Análises químicas e físicas do solo e da água
superficial do local apresentaram valores elevados para alguns
componentes, mas ainda dentro do limite permitido em
legislação.
Os dois trechos destacados são danos ambientais? Qual tipo de
dano ambiental foi cometido pela empresa? Em relação ao direito
comum, a empresa seria responsabilizada levando-se em
consideração a responsabilização civil subjetiva, objetiva ou ambas?
Durante nossos estudos, definimos que o dano ambiental pode ser
explicado como a poluição que foi causada por qualquer ação
humana que, ultrapassando os limites do desprezível, promoveu
alterações adversas no ambiente, ou seja, degradação ambiental.
Dessa forma, podemos enquadrar o exposto no trecho 1 como dano
ambiental, pois houve descarte inadequado de resíduos e
consequente contaminação do solo. Já o exposto no segundo trecho
não pode ser considerado dano ambiental, pois os valores dos
parâmetros de água analisados permaneceram dentro do permitido
na legislação.
Um segundo aspecto de nosso estudo foi discriminar os tipos de
danos ambientais que usualmente ocorrem no mundo. Foram
descritos cinco tipos principais: 
1. Dano ecológico, que é a alteração adversa da biota, como
resultado da intervenção humana.
2. À saúde.
3. Às atividades produtivas.
4. À segurança.
5. Ao bem-estar.
Dessa maneira, podemos afirmar que o trecho 1 pode ser
enquadrado em dois tipos de danos ambientais: no primeiro (dano
ecológico), pois evidenciamos uma alteração adversa no solo, que,
embora seja um componente abiótico do ecossistema, apresenta
organismos vivos; e no quarto (dano à segurança), pois o descarte
inadequado de produtos tóxicos pode colocar a segurança dos
trabalhadores em risco.
Nosso último questionamento é mais complexo e envolve a
compreensão do direito comum, fundamentado na responsabilidade
civil subjetiva e objetiva. É importante lembrar que a primeira é
aquela que, em síntese, baseia-se no elemento culpa, e a segunda
é aquela que, também em síntese, por força de lei, independe do
elemento culpa.
Se considerarmos que é encargo da empresa responsável pela obra
a gestão dos resíduos oriundos de suas atividades, podemos
concluir que o ato de descarte foi deliberado e ela assumiu o risco
de dano ambiental, sendo culpada pelo ato. Com base nessa leitura,
a empresa seria responsabilizada em ambas as fundamentações do
direito comum, pois seria provada a sua culpa em face dos
acontecimentos que resultaram na contaminação do solo local. 
Saiba Mais
Um dos maiores desastres ambientais do Brasil foi o rompimento da
barragem de rejeitos da mineração no distrito de Bento Rodrigues,
em Mariana, Minas Gerais, em 5 de novembro de 2015. Durante o
processo de reparação, um dos ajustes feitos entre as empresas
responsáveis pela barragem e o Ministério Público Federal foi a
assinatura de um Termo de Transação e Ajustamento de Conduta.
Nele ficou estabelecida a criação de uma organização autônoma,
dedicada às atividades de reparação e compensação dos impactos
ambientais na Bacia do Vale do Rio Doce. Essa organização é a
Fundação Renova. Trata-se de uma entidade que hoje é
responsável por vários projetos e iniciativas de reparação dos danos
ambientais do acidente de Mariana. Você pode conhecer mais sobre
o trabalho acessando o site da Fundação Renova. 
Para saber mais a respeito da responsabilidade administrativa
ambiental, suas infrações e a atuação cabível à polícia ambiental,
sugerimos a leitura do capítulo 27 Responsabilidade Administrativa,
do livro Direito ambiental e sustentabilidade, disponível em sua
Biblioteca Virtual. 
Nesta aula, destacamos o conceito da recuperação ambiental, que é
associado a intervenções realizadas com o intuito de restituir as
condições de um ambiente natural degradado ou alterado a um
estado próximo ao seu original, em parte ou em sua totalidade. Para
saber mais sobre essa temática, leia a matéria Recuperação
ambiental.
Referências Bibliográficas
BENJAMIN, A. H. Responsabilidade civil pelo dano ambiental:
doutrinas essenciais de direito ambiental. São Paulo: RT, 2011.
BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a
Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de
formulação e aplicação, e dá outras providências. Diário Oficial de
União, Brasília, DF, 2 set. 1981. Disponível em:
https://shre.ink/UhIO. Acesso em: 25 out. 2023.
https://www.fundacaorenova.org/
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788520439241/pageid/0
https://www.gov.br/ibama/pt-br/assuntos/biodiversidade/recuperacao-ambiental
https://www.gov.br/ibama/pt-br/assuntos/biodiversidade/recuperacao-ambiental
https://shre.ink/UhIO
BRASIL. Lei 7.347, de 24 de julho de 1985. Disciplina a Ação Civil
Pública de Responsabilidade por Danos Causados ao Meio
Ambiente, ao Consumidor, a Bens e Direitos de Valor Artístico,
Estético, Histórico, Turístico e Paisagístico e Dá Outras
Providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 24 jul. 1985.
Disponível em: https://shre.ink/UNaZ. Acesso em: 26 out. 2023.
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República
Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da
República, [2021]. Disponível em: https://shre.ink/UNaC. Acesso em:
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BRASIL. Lei nº 9.605, 12 fevereiro de 1998. Dispõe sobre as
sanções penais e administrativas derivadas de condutas e
atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9605.htm.
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BRASIL. Decreto nº 6.514, de 22 de julho de 2008. Dispõe sobre as
infrações e sanções administrativas ao meio ambiente, estabelece o
processo administrativo federal para apuração destas infrações, e
dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 22 jul.
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https://shre.ink/UNac. Acesso em: 26 out. 2023.
https://shre.ink/UNaZ
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9605.htmhttps://shre.ink/UNah
https://shre.ink/UNa9
https://shre.ink/UNac
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teor do Ácordão, 20 abr. 2020. Disponível em:
https://shre.ink/UNab. Acesso em: 26 out. 2023.
LEITE, J. R. M.; AYALA, P. de A. Dano ambiental: do individual ao
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MELO, F. Direito ambiental. 2. ed. São Paulo: Método, 2017.
MILARÉ, E. Direito do Ambiente. 7. ed. São Paulo: RT, 2011.
SOARES, M.; BAPTISTA, M. M. A. Responsabilidade administrativa.
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2016. Disponível em: https://goo.gl/yiUYLc. Acesso em: 26 out.
2023. 
Encerramento da Unidade
GOVERNANÇA E
PROTEÇÃO AMBIENTAL
Governança e proteção ambiental
https://shre.ink/UNae
https://shre.ink/UNab
https://goo.gl/yiUYLc
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Bons estudos!
Ponto de Chegada
Olá, estudante!
Agora você irá desenvolver as competências abordadas nesta
unidade, que é conhecer e refletir sobre os principais documentos
internacionais de proteção ambiental, além de compreender a
Política Nacional do Meio Ambiente, identificar os instrumentos
públicos de compatibilização das atividades econômicas e a
proteção ao meio ambiente, e conhecer a sistemática da
responsabilidade em matéria ambiental. Para isso, você deverá,
primeiramente, conhecer os conceitos fundamentais dos seguintes
pontos: proteção internacional, sustentabilidade, políticas públicas,
responsabilidade ambiental.
A questão ambiental é um componente indissociável dos processos
econômicos. Os Estados, corporações e sociedade discutem a
relação entre economia e meio ambiente. Em uma sociedade global,
https://cm-kls-content.s3.amazonaws.com/202401/ALEXANDRIA/RESPONSABILIDADE_SOCIAL_E_AMBIENTAL/PPT/u2enc_res_soc_amb.pdf
com os fluxos econômicos e com a interação de sistemas
empresariais, os temas ambientais estão presentes em todos os
níveis. Por isso, a importância de conhecermos as estruturas de
governança ambiental, tanto em nível internacional quanto nacional.
Um importante marco dos movimentos relacionados aos problemas
ambientais é a publicação um ensaio retratado no artigo da Reader’s
Digest, que trata do uso indiscriminado de inseticidas, como
destaque para o diclorodefeniltricloretano – DDT, por Rachel Carson,
em 1945. Esse artigo, apesar de publicado, não obteve sucesso.
Contudo, a autora, em 1962, publicou o livro Primavera silenciosa,
retomando o assunto dos inseticidas, que despertou o interesse pelo
meio ambiente, embora tenha sido escrito numa linguagem nada
técnica, mas sim poética. No primeiro capítulo, Uma fábula para o
amanhã, a escritora descreve uma cidade fictícia americana atacada
por uma doença inexplicável, surgida de um pó misterioso, que,
primeiramente, atingiu as plantas e, mais tarde, se alastrou,
atingindo os animais e, em seguida, a população, inclusive as
crianças, transformando em uma estação moribunda e silenciosa a
primavera. Com essa obra, despertou-se a importância dos
cuidados com o meio ambiente e, a partir desse momento, iniciam-
se os movimentos em sua defesa.
Após esse acontecimento, outro evento de fundamental importância
foi a criação do clube de Roma, em 1968. O empresário italiano
Aurelio Peccei, presidente honorário da Fiat, e o cientista escocês
Alexander King criaram um grupo para discutir o futuro das
condições humanas no planeta. A ideia era convidar cerca de 20
personalidades da época para avaliar questões de ordem política,
econômica e social com relação ao meio ambiente. Em 1972, o
grupo contratou uma equipe de cientistas do Instituto de Tecnologia
de Massachusetts (MIT, sigla em inglês), liderada por Dennis e
Donella Meadows, para elaborar um relatório que simulasse a
interação do homem e o meio ambiente, levando em consideração o
aumento populacional e o esgotamento dos recursos naturais. Esse
trabalho foi intitulado Os limites do crescimento, o qual concluiu que
se a humanidade continuasse a consumir os recursos naturais como
na época, por consequência da industrialização, eles se esgotariam
em menos de 100 anos.
Entretanto, toda a dinâmica de reconhecimento dos problemas
ambientais e a formulação de normas de regulação e de governança
ambiental tiveram início nos eventos promovidos pela Organização
das Nações Unidas (ONU). A partir da Conferência de Estocolmo,
em 1972, e da criação do Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente (Pnuma), uma série de encontros entre os atores globais –
organizações internacionais, Estados e entidades não
governamentais – passaram a discutir os desafios para superar os
efeitos causados pelo crescimento econômico acelerado e o
comprometimento da disponibilidade de recursos ambientais. Então,
a necessidade de compatibilizar os avanços econômicos sem
desestruturar os sistemas ecológicos passa a ter relevância. É
nesse momento que o desenvolvimento, uma temática que ganhou
força após a Segunda Guerra Mundial, passa a ser articulado com a
necessidade de ser sustentado, ou seja, cria-se a concepção de um
desenvolvimento que possa ser durável, sustentável.
O conceito de desenvolvimento sustentável foi consolidado com o
Relatório Nosso Futuro Comum, da ONU, de 1987, que declarou
que o uso dos recursos naturais pelas presentes gerações não pode
comprometer a disponibilidade para as futuras gerações. Trata-se de
um compromisso ético entre gerações e de afirmação de um
desenvolvimento sustentado. Essa concepção adentrou em todos os
âmbitos institucionais, de governos ao setor corporativo, da escala
global à local. Tanto que hoje nenhuma discussão prescinde da
sustentabilidade enquanto norteadora das atividades econômicas,
em que pesem as tensões e dificuldades de conjugação, sobretudo
em países como o Brasil, no qual as exigências materiais mínimas
para a maioria da população continuam a ser um objetivo a ser
superado em nossa sociedade.
Nesse contexto, as políticas públicas são um mecanismo
fundamental para a promoção da sustentabilidade. No Brasil, a
Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) é o diploma legal
estruturante, com os princípios, objetivos e instrumentos de proteção
e promoção do meio ambiente. A PNMA criou o Sistema Nacional do
Meio Ambiente, com os entes e órgãos responsáveis pela proteção
do ambiente em todos os níveis: federal, estadual e municipal. Além
disso, temos os instrumentos da PNMA que regulamentam as
atividades econômicas, como é o caso do licenciamento ambiental,
que estabelece a conjugação dos valores econômicos e da proteção
ao meio ambiente.
O licenciamento ambiental é um dos instrumentos previstos na Lei
nº 6.938/81 da Política Nacional do Meio Ambiente. Dessa maneira,
qualquer construção, instalação, ampliação e funcionamento de
estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos ambientais,
efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer
forma, de causar degradação ambiental estão sujeitos ao prévio
licenciamento ambiental. Para alguns autores, o objetivo do
licenciamento ambiental é obter a Licença Ambiental (LA),
entretanto, devemos considerar tal avaliação muito simplista.
Resumidamente, o objetivo principal desse procedimento é verificar
se a atividade poluidora (ou potencialmente poluidora) que se
pretende implementar, ou que já esteja implementada, está
realmente em consonância com a legislação ambiental e com as
exigências técnicas necessárias para evitar danos ambientais,
sendo defendida por diversos autores (Milaré, 2007; Oliveira, 2005).
Para a obtenção da LA, são necessáriasalgumas fases, que são de
fundamental importância para a avaliação adequada dos possíveis
danos ambientais.
A licença prévia é a primeira etapa requerida na fase preliminar da
atividade. Nesse estágio, são avaliadas a localização e viabilidade
ambiental da requerente e, também, se estabelecem os requisitos
básicos e condições obrigatórias que precisam ser atendidos nas
próximas etapas da implementação. É importantíssimo levantar e
avaliar os impactos ambientais e sociais prováveis do
empreendimento nesse momento, além de incluir a comunidade na
tomada de decisão final. Vale ressaltar que qualquer planejamento
realizado antes da licença prévia é suscetível à alteração. É nessa
fase que ocorre o EIA-RIMA.
Podemos considerar que a licença prévia desempenha um papel de
maior importância dentro do licenciamento ambiental em relação às
demais licenças, pois é nesse momento que se levantam as
consequências da implantação e da operação do empreendimento,
além de sua localização. Para muitos autores, realizar essa fase de
forma equivocada pode ser uma grande tragédia em médio e longo
prazo, resultando em diversos problemas ambientais, sociais etc.
Após essa etapa inicial, busca-se a licença de instalação (LI), que
autoriza a implantação do empreendimento ou atividade de acordo
com as especificações que foram definidas na licença prévia
aprovada, incluindo as medidas de controle ambiental e demais
condicionantes. Com essa segunda licença concedida, a próxima a
ser solicitada é a licença de operação (LO), que, após verificar a
conformidade do que foi solicitado nas licenças prévias e de
instalação, autorizará o início da atividade licenciada e o
funcionamento de seus equipamentos de controle de poluição.
Embora toda a sistemática ambiental esteja assentada na definição
de políticas e instrumentos de prevenção aos danos ambientais, é
preciso disciplinar as consequências jurídicas pela não observância
das prescrições legais. É nesse ponto que surge um tema de
fundamental relevância profissional: a responsabilidade ambiental
das pessoas físicas e jurídicas que praticam condutas consideradas
lesivas ao meio ambiente. Por disposição constitucional, essa
responsabilidade impõe sanções penais e administrativas aos
poluidores, que são obrigados a reparar os danos causados. A
responsabilidade em matéria ambiental é um mecanismo de defesa
contra as intervenções deletérias ao ambiente, assumindo um tema
central no dia a dia de qualquer profissional dos setores
corporativos.
É Hora de Praticar!
Para contextualizar sua aprendizagem, imagine que você trabalha
como consultor na área ambiental e foi contratado por determinada
entidade da sociedade civil para emitir uma análise técnica de um
caso que envolve a conduta poluidora de uma empresa e a possível
responsabilidade em matéria ambiental.
Desse modo, trata-se de problemática que envolve uma empresa do
ramo têxtil, em que o processo industrial utiliza produtos químicos
intensivamente. A atividade é considerada potencialmente
causadora de significativa degradação, sendo que a empresa se
submeteu ao licenciamento ambiental, com a elaboração do estudo
prévio de impacto ambiental (EIA/RIMA). Durante o procedimento
administrativo, foi realizada audiência pública e uma parcela
significativa da população das cidades vizinhas manifestou-se
contrária à instalação do empreendimento, por estar muito próximo
de um rio que abastece várias cidades e pelos riscos envolvidos.
Apesar das manifestações contrárias, o órgão ambiental licenciador
concedeu as licenças ambientais e a empresa está em operação há
mais de três anos.
No início do ano de 2022, diante dos efeitos econômicos advindos
da pandemia, a empresa resolveu cortar custos operacionais e um
dos aspectos mais afetados foram as operações de tratamento dos
efluentes líquidos e gasosos gerados em sua dinâmica industrial.
Apesar da redução de custos no sistema de tratamento de efluentes,
as metas financeiras pretendidas não foram atingidas.
Diante disso, no mês de setembro de 2022, uma decisão do diretor-
presidente da empresa determinou que os funcionários fizessem o
lançamento dos efluentes da empresa diretamente no rio que
atravessa a área do empreendimento. Devido a essa destinação
direta no curso d’água, houve uma redução dos custos operacionais,
já que os efluentes não precisaram de tratamento.
Mas essa decisão teve consequências imediatas, com a mortandade
de peixes e a contaminação da água, o uso impróprio por semanas,
impedindo que os moradores das cidades vizinhas pudessem usá-la
no abastecimento público e como insumo de seus processos
produtivos, em especial na agricultura e na pecuária. Diante da
repercussão negativa, a empresa veio a público se manifestar e
pedir desculpas pelo ocorrido. Contudo, alegou que não pode ser
responsabilizada porque é uma atividade devidamente licenciada
pelo órgão ambiental estadual e que adota padrões internacionais
de sustentabilidade. Inclusive, o lema da empresa baseia-se no tripé
da sustentabilidade: econômico, social e ambiental. Além disso, sua
responsabilização poderia levar ao fechamento de suas atividades e
à dispensa de seus funcionários.
Diante desse relato, a análise agora é com você! Para tanto, emita
as suas considerações sobre a possível responsabilidade da
empresa no caso em questão.
Reflita
Você acredita que os instrumentos de avaliação dos impactos
ambientais, como os estudos ambientais, são realmente eficazes na
proteção ambiental?
Na sua opinião, levando em consideração o direito à qualidade de
vida, a perspectiva de necessidade de recursos ambientais e um
meio ambiente equilibrado das futuras gerações, podemos dizer que
é ético o enriquecimento monetário de empresas à custa da
degradação do meio ambiente e da qualidade de vida da
coletividade?
Para você, a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), que é o
diploma legal estruturante, com os princípios, objetivos e
instrumentos de proteção e promoção do meio ambiente, atua com
seriedade e eficácia no nosso país?
Resolução do estudo de caso
Vamos juntos articular os principais aspectos para a resolução do
nosso estudo de caso.
Em primeiro lugar, é necessário contextualizar que o caso trata de
um dos aspectos mais recorrentes e sensíveis da nossa realidade: o
desenvolvimento de atividades econômicas em respeito à proteção
ao meio ambiente. Trata-se de uma questão recorrente no universo
profissional, mas com consequências para todos, uma vez que os
impactos ambientais têm efeitos sociais e econômicos. Para a
resolução, é importante identificar que o problema conjuga o
conhecimento dos instrumentos regulatórios das atividades
econômicas previstos na Lei 6.938/1991, que instituiu a Política
Nacional do Meio Ambiente, em especial o licenciamento ambiental,
com a responsabilidade ambiental, ou seja, as consequências do
descumprimento das normas ambientais, com a ocorrência de dano
ambiental.
Desse modo, com base no problema proposto, nota-se que a
empresa cumpriu normalmente os procedimentos do licenciamento
ambiental. Por se tratar de atividade potencialmente causadora de
significativa degradação do meio ambiente, foi exigida a realização
do estudo prévio de impacto ambiental (EIA/RIMA), inclusive com a
realização de audiência pública, momento de informação e
participação da sociedade. Diante da regularidade das etapas
procedimentais, foram concedidas as licenças ambientais, com o
funcionamento das operações.
No entanto, podemos notar que, diante das dificuldades financeiras,
especialmente decorrentes dos efeitos da pandemia da covid-19, a
empresa optou por reduzir custos e direcionou esse intento aos
procedimentos e medidas de controle de suas externalidades, ou
seja, daquelas que podem causar poluição. E aqui temos o início do
problema, porque ao reduzir as medidas de tratamento de efluentes
de uma atividade que é reconhecidamente poluidora, aumentou os
riscos de um dano ambiental, que viria a ser confirmado.
O lançamento de efluentes, com a contaminação do rio, ocasionou o
danoambiental, que teve reciprocamente duas dimensões: (i)
causou danos à natureza, com a mortandade de peixes; e (ii)
impossibilitou o uso da água para o abastecimento público e insumo
de atividades produtivas (Melo, 2017). Por isso, no caso em análise,
a empresa será responsável por esses aspectos.
Quanto às alegações da empresa, elas não coadunam com o
sistema jurídico brasileiro, porque a Constituição Federal, em seu
art. 225, § 3º (Brasil, 1988), determina a tríplice responsabilidade –
civil, penal e administrativa – para os causadores de danos ao meio
ambiente. No caso, é possível discutir a responsabilidade penal da
pessoa jurídica, porque houve uma decisão do órgão colegiado, que
beneficiou a empresa, já que deixou de investir recursos financeiros
com essa conduta que, ao final, ocasionou o crime de poluição
(Brasil, 1998). Além disso, essa conduta pode ser analisada à luz da
responsabilidade administrativa ambiental (Brasil, 2008). E, por fim,
implicará a obrigação de reparar os danos causados ao meio
ambiente.
O argumento de que a empresa é licenciada não afasta a obrigação
de reparar os danos causados ao meio ambiente. Ademais, usar a
justificativa da empregabilidade e do possível fechamento como
forma de se esquivar da responsabilidade, além de não ter qualquer
embasamento jurídico, representa uma lógica de privatizar os lucros
e socializar os prejuízos com a sociedade. É evidente que isso não
se coaduna com os parâmetros de uma empresa que se apresenta
seguindo o tripé da sustentabilidade. Esses são, em síntese, os
principais argumentos para o deslinde da sua atuação como
consultor ambiental. 
Dê o play!
Assimile
Figura 1 | Governança e proteção ambiental: tópicos importantes. Fonte: elaborada pelo autor.
Referências
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República
Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da
República, [2021]. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ Constituiçao.htm.
Acesso em: 27 out. 2023.
BRASIL. Lei nº 9.605, 12 fevereiro de 1998. 
Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de
condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras
providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9605.htm. Diário Oficial da
União, Brasília, DF, 12 fev. 1988. Acesso em: 27 out. 2023.
BRASIL. Decreto nº 6.514, de 22 de julho de 2008. Dispõe sobre as
infrações e sanções administrativas ao meio ambiente, estabelece o
processo administrativo federal para apuração destas infrações, e
dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 22 jul.
2008 Disponível em: https://shre.ink/UNAh. Acesso em: 27 out.
2023.
MELO, F. Direito ambiental. 2. ed. São Paulo: Método, 2017.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/%20Constitui%C3%A7ao.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9605.htm
https://shre.ink/UNAhdo meio ambiente; e (ii) de outro, os
desenvolvimentistas, composta pelos países em desenvolvimento,
entre os quais o Brasil, que defendiam a aceitação da poluição e
que a preocupação deveria ser com o crescimento econômico.
Ao término dos trabalhos, foi editada a Declaração de Estocolmo
sobre Meio Ambiente Humano, com 26 princípios. O Princípio 1 da
Declaração reconhece o meio ambiente com qualidade como direito
fundamental:
O homem tem o direito fundamental à liberdade, à igualdade
e ao desfrute de condições de vida adequadas, em um meio
ambiente de qualidade tal que lhe permita levar uma vida
digna, gozar de bem-estar e é portador solene de obrigação
de proteger e melhorar o meio ambiente, para as gerações
presentes e futuras (Declaração de Estocolmo sobre Meio
Ambiente Humano, 1972).
No quadro de governança internacional, em dezembro de 1972, foi
criado o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
(PNUMA), com sede em Nairóbi, Quênia, responsável por promover
a proteção ao meio ambiente e o uso eficiente de recursos naturais
no contexto do desenvolvimento sustentável. O PNUMA é uma
agência do sistema das Nações Unidas e a principal autoridade
global em meio ambiente (Melo, 2017).
A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento (Rio 92), realizada em 1992, na cidade do Rio de
Janeiro, também conhecida como a Cúpula da Terra, representou o
momento máximo da preocupação ambiental global. Foram
produzidos cinco documentos internacionais: (i) Declaração do Rio
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento; (ii) Agenda 21; (iii)
Convenção-Quadro sobre Mudanças do Clima; (iv) Convenção
sobre Diversidade Biológica ou da Biodiversidade (v) Declaração de
Princípios sobre Florestas. A Declaração do Rio é um documento
que contém 27 princípios, norteadores do direito ambiental na esfera
internacional e fonte para o desenvolvimento principiológico na
legislação ambiental dos países.
No que se refere à Agenda 21, trata-se de um documento
programático com 40 capítulos, em que se estabelecem diretrizes
para a implementação do desenvolvimento sustentável, do espaço
global ao local. Já a Convenção sobre Diversidade Biológica é o
mais importante instrumento internacional de proteção da
biodiversidade. Os objetivos da Convenção sobre Diversidade
Biológica são: (i) a conservação da diversidade biológica; (ii) a
utilização sustentável de seus componentes; e (iii) a repartição justa
e equitativa dos benefícios derivados da utilização dos recursos
genéticos, mediante, inclusive, o acesso adequado aos recursos
genéticos e a transferência adequada de tecnologias pertinentes,
levando em conta todos os direitos sobre tais recursos e
tecnologias, e mediante financiamento adequado (Melo, 2017).
Por fim, a Declaração de Princípios sobre Florestas é um documento
sem força jurídica vinculativa. Em seu conteúdo, essa declaração
exprime que os países, em especial os desenvolvidos, devem
empreender esforços para recuperar a Terra por meio de
reflorestamento, arborização e conservação florestal.
Em 2002, a ONU promoveu, em Johanesburgo, África do Sul, a
Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, também
conhecida como Rio+10. Em seus debates, emergiu a necessidade
de adoção de medidas concretas para executar os objetivos da
Agenda 21, até então não suficientemente implementados, além do
enfoque na importância da concretização de políticas públicas para
um crescimento com sustentabilidade. Dois foram os documentos
oficiais da Cúpula Mundial: (i) Declaração Política; e (ii) o Plano de
Implementação.
A Declaração Política, denominada O Compromisso de
Johanesburgo sobre Desenvolvimento Sustentável, reafirma os
princípios das duas conferências anteriores e faz uma análise da
pobreza e da má distribuição de renda no mundo. O Plano de
Implementação é o documento das metas, assentadas em três
objetivos: (i) a erradicação da pobreza; (ii) a alteração nos padrões
insustentáveis de produção e consumo; e (iii) a proteção dos
recursos naturais para o desenvolvimento econômico e social. A
partir deles, o Plano de Implementação relaciona as medidas de
desenvolvimento sustentável para cada região do planeta.
Em junho de 2012, a cidade do Rio de Janeiro foi palco da
Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável
(Rio+20). A Rio+20 teve dois temas principais: (i) a economia verde
no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da
pobreza; e (ii) a estrutura institucional para o desenvolvimento
sustentável (Melo, 2017). A Rio+20 não teve a mesma
representatividade das conferências anteriores. Os países
desenvolvidos, diante da crise econômica global de 2008, optaram
por não se comprometer com medidas vinculantes ou mesmo metas
específicas para as diversas temáticas com pertinência ambiental. O
documento final da Conferência é denominado O Futuro que
Queremos, e contém 283 tópicos que, em linhas gerais, relaciona a
renovação dos compromissos políticos das conferências anteriores
(Estocolmo/1972, Rio/1992 e Johanesburgo/2002) e consigna
proposições genéricas da economia verde e o quadro institucional
para o desenvolvimento sustentável (Melo, 2017).
Por fim, em 28 de julho de 2022, a Assembleia Geral das Nações
Unidas aprovou uma resolução declarando que todas as pessoas
têm direito a um meio ambiente limpo e saudável (ONU, 2022).
Apesar de não ser vinculante, a resolução é um importante
indicativo para a proteção ambiental em todo o planeta.
A Interface internacional e o direito
brasileiro
As decisões proclamadas nas conferências das Nações Unidas e
nos acordos internacionais têm influência direta na estrutura jurídica
e nos órgãos de governança ambiental nacional. Há uma simbiose
entre direito internacional e nacional na proteção ambiental. Isso se
dá tanto pela incorporação dos tratados ambientais na ordem
jurídica brasileira quanto pela inspiração na elaboração de diplomas
legais na legislação brasileira.
Inicialmente, a aprovação de um tratado pelo Brasil passa por
estágios, como a negociação, a assinatura pelo representante do
Estado, a aprovação pela Câmara dos Deputados e Senado
Federal, e a ratificação, ato pelo qual o país assume a obrigação de
cumpri-lo no plano internacional. Com essas etapas, o tratado é
válido em nível internacional. Para exemplificar, no caso da
Convenção-Quadro sobre Mudança do Clima, o Brasil assumiu o
compromisso de reduzir as suas emissões de gases de efeito
estufa, o que implica uma série de medidas e instrumentos para
observar as prescrições da Convenção-Quadro, e afeta todos os
setores do país, como o poder público, a esfera empresarial e a
sociedade civil. O Acordo de Paris, decorrência da Convenção-
Quadro, também foi incorporado à ordem jurídica brasileira.
Figura 1 | Status dos tratados de direitos humanos. Fonte: elaborado pelo autor.
Outro exemplo de aplicabilidade dessa sistemática é Convenção
sobre Diversidade Biológica, que além de incorporada internamente,
proporcionou a edição do Decreto 4.339/2002, com os princípios e
diretrizes para a implementação da Política Nacional da
Biodiversidade.
A Declaração de Estocolmo, de 1972, inseriu o meio ambiente no rol
dos direitos humanos, enquanto o Relatório Nosso Futuro Comum,
de 1987, consignou que o meio ambiente deve ser protegido para as
presentes e futuras gerações. O art. 225 da Constituição de 1988,
que é o coração da proteção ambiental em nível constitucional,
dispôs que o meio ambiente ecologicamente equilibrado é um direito
fundamental e que deve ser protegido para as presentes e futuras
gerações (Brasil, 1988). Essa passagem demonstra a influência das
discussões da ONU. Em nível infraconstitucional, o exemplo mais
significativo é a Declaração do Rio de Janeiro, de 1992, que trouxe
princípios internacionais de proteção ao meio ambiente, que são
atualmente previstos na legislação brasileira, como os princípios da
precaução, poluidor-pagador, participação comunitária, informação e
análogos.
No que se refere à estrutura administrativa brasileira, ela é
igualmenteinfluenciada pelas conferências das Nações Unidas.
Após a realização da Conferência de Estocolmo, o Brasil criou, em
1973, no âmbito do Ministério do Interior, a Secretaria Especial de
Meio Ambiente da Presidência da República, como primeiro órgão
nacional de proteção ao meio ambiente. Em 1992, após a Cúpula da
Terra (Rio/92), a Secretaria de Meio Ambiente se transformou no
Ministério do Meio Ambiente e Amazônia Legal, integrando a
estrutura diretamente vinculada à Presidência da República (Melo,
2017). Por todos esses elementos, evidencia-se a influência do
domínio internacional em face da legislação brasileira.
Vamos Exercitar?
Trabalhamos, na aula de hoje, o sistema de proteção e governança
ambiental internacional e ainda compreendemos o processo de
reconhecimento e afirmação da proteção ambiental no âmbito da
Organização das Nações Unidas (ONU). Por meio das conferências
da ONU, discussões como mudanças do clima, sustentabilidade e
outras passaram a fazer parte do nosso dia a dia profissional. Diante
disso, você, atuando como professor em uma instituição do ensino
fundamental e médio, ficou responsável pela elaboração de uma
atividade extracurricular cujo objetivo é descartar a importância dos
acordos e conferências ambientais. Para isso, decidiu organizar uma
mostra de painéis trabalhando os pontos descritos a seguir:
O que é a ONU? Qual sua importância para a temática
ambiental e social?
Qual a importância das conferências ambientais?
Escolha e discorra sobre uma importante conferência de sua
escolha.
As pesquisas realizadas por meio de sua orientação geraram as
informações a seguir, as quais foram organizadas nos painéis:
A Organização das Nações Unidas (ONU) é uma organização
intergovernamental criada para promover a cooperação
internacional. Uma substituição à Liga das Nações, a
organização foi estabelecida em 24 de outubro de 1945, após o
término da Segunda Guerra Mundial, com a intenção de
impedir outro conflito como aquele. É o principal organismo
internacional e visa essencialmente: preservar a paz e a
segurança mundial; estimular a cooperação internacional na
área econômica, social, cultural e humanitária; promover o
respeito às liberdades individuais e aos direitos humanos.
Já as conferências ambientais têm o objetivo de repensar os
caminhos que a sociedade está tomando. Líderes de todo o
mundo buscam soluções para que o desenvolvimento
econômico continue a avançar sem que os recursos naturais
sejam esgotados e que não ocorra avanço da poluição.
Conferência de Estocolmo; Primeira Conferência Mundial do
Clima; Conferência Rio 92; A primeira de todas as COPs; COP3
e o Protocolo de Kyoto; COP21 e o Acordo de Paris.
Saiba Mais
Nesta aula, estudamos o sistema internacional de proteção ao meio
ambiente. Como forma de nos aprofundarmos no tema, uma
sugestão é conhecer o site da Companhia Ambiental do Estado de
São Paulo (Cetesb), que mantém um banco de dados com as
principais convenções internacionais em matéria de meio ambiente.
https://cetesb.sp.gov.br/centroregional/
https://cetesb.sp.gov.br/centroregional/
Trata-se de uma oportunidade de conhecer os documentos e
instrumentos globais das principais temáticas ambientais. Procure
conhecer os principais documentos ambientais em nível
internacional.
Além disso, falamos da importância dos acordos e conferências
internacionais, que se atenta à necessidade de um critério e de
princípios comuns que ofereçam aos povos do mundo inspiração e
guia para preservar e melhorar o meio ambiente humano. Entre
essas conferências, destaca-se a de Estocolmo, que publicou
princípios importantes. Para saber mais sobre esse assunto, leia a
Declaração de Estocolmo sobre o ambiente humano, e conheça
esses princípios. 
Outro ponto de destaque nesta aula foi compreender o papel-chave
da ONU (Organização das Nações Unidas) na organização das
conferências ambientais. Para conhecer mais o trabalho e a
importância dessa organização, leia As Nações Unidas no Brasil. 
Referências Bibliográficas
BRASIL. Decreto 19.841, de 22 de outubro de 1945. Promulga a
Carta das Nações Unidas, da qual faz parte integrante o anexo
Estatuto da Corte Internacional de Justiça, assinada em São
Francisco, a 26 de junho de 1945, por ocasião da Conferência de
Organização Internacional das Nações Unidas. Diário Oficial da
União, Brasília, DF. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1930-1949/d19841.htm.
Acesso em: 15 set. 2022.
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República
Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da
República, [2021]. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ Constituiçao.htm.
Acesso em: 1 ago. 2022.
https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/2167.pdf
https://brasil.un.org/pt-br/about/about-the-un
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1930-1949/d19841.htm
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Arguição de
Descumprimento de Preceito Fundamental 708 Distrito Federal.
Relator: Min. Roberto Barroso, 4 de julho de 2022. Disponível em:
https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5951856.
Acesso em: 18 set. 2022.
BURSZTYN, M.; BURSZTYN, M. A. Fundamentos de política e
gestão ambiental: caminhos para a sustentabilidade. Rio:
Garamond, 2012.
ONU. Declaração do Rio de Janeiro sobre meio ambiente e
desenvolvimento de 2012. Documentos Estud., v. 6, n. 15.
Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0103-40141992000200013.
Acesso em: 30 ago. 2022.
ONU declara que meio ambiente é um direito humano. Nações
Unidas Brasil, 29 jul. 2022. Disponível em: https://brasil.un.org/pt-
br/192608-onu-declara-que-meio-ambiente-saudavel-e-um-direito-
humano. Acesso em: 18 set. 2022.
MELO, F. Direito ambiental. 2. ed. São Paulo: Método, 2017. 
Aula 2
DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL
Desenvolvimento sustentável
Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você.
Nela, você irá aprender conteúdos importantes para a sua formação
https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5951856
https://doi.org/10.1590/S0103-40141992000200013
https://brasil.un.org/pt-br/192608-onu-declara-que-meio-ambiente-saudavel-e-um-direito-humano
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profissional. Vamos assisti-la? 
Clique aqui para acessar os slides da sua videoaula.
Bons estudos!
Ponto de Partida
Olá, estudante!
É uma alegria tê-los conosco em uma aula sobre um tema
fundamental para a sua formação: a sustentabilidade!
Atualmente, não há nenhuma discussão estatal ou empresarial que
prescinda da sustentabilidade enquanto um valor central para as
nossas sociedades, em todas as escalas, do global ao local. Por
meio da sustentabilidade, temos o compromisso de compatibilização
das atividades econômicas com a proteção ao meio ambiente.
Para compreendermos melhor, é necessário retomarmos a história
de João, que se mudou para outro país e que, anos antes de se
mudar, trabalhou numa empresa, a qual, em face de questões
ambientais e investimento necessário ao cumprimento da legislação
ambiental, mudou-se para outro país com legislação ambiental mais
amena.
https://cm-kls-content.s3.amazonaws.com/202401/ALEXANDRIA/RESPONSABILIDADE_SOCIAL_E_AMBIENTAL/PPT/u2a2_res_soc_amb.pdf
Daniel, um ex-colega de trabalho de João, com o qual até hoje ele
mantém contato pela amizade que tinham, confidenciou a João
algumas questões. Entre elas, a política da empresa, pouco
comprometida com a sustentabilidade em razão desse novo país e
suas peculiaridades. Trata-se de um país rico em recursos naturais,
mas com pouca infraestrutura. As pessoas são extremamente
pobres e há escassez na oferta de emprego, por isso as filas são
longas quando a empresa abre vagas. O governo não empreende
esforço algum no desenvolvimento sustentável, tanto que o poder
público local carece de pessoas com entendimento apurado sobre
meio ambiente, e a corrupção impera, haja vista a carênciafinanceira.
Daniel é o executivo responsável pela imagem dessa empresa e,
sendo assim, é de sua competência que o desenvolvimento
sustentável seja promovido pela empresa em razão do meio no qual
está inserido. Daniel se vê num dilema porque esses temas não são,
em hipótese alguma, preocupação dessa sociedade, dando a
entender que não internalizaram o que é sustentabilidade e, por
esse motivo, o poder público não impõe limites às atividades
empresariais, exigindo a promoção do desenvolvimento sustentável.
Daniel conseguiu, desse modo, compreender por que a legislação é
amena.
Com base na situação descrita anteriormente, podemos nos
questionar: a conscientização social é fator determinante à
sustentabilidade? Se o desenvolvimento sustentável é um
movimento da globalização, a empresa deveria tomar decisões que
promovessem essa consciência? A crise econômica e a falta de
compromisso social repercutem na ausência do desenvolvimento
sustentável?
Um abraço!
Vamos Começar!
A concepção de desenvolvimento
sustentável
Sustentabilidade é uma palavra de origem latina, sustentare, e
significa sustentar, manter algo. Na primeira metade do século XX, a
sustentabilidade esteve majoritariamente ligada aos domínios da
biologia e, em especial, da ecologia. Ao longo da segunda metade
do século XX, o termo se estende para a problemática da explosão
demográfica e da poluição na sociedade global (Almeida, 2016, p.
58).
A noção de sustentabilidade, em sentido amplo, é primordialmente a
manutenção dos sistemas de suporte à vida. Portanto, a
sustentabilidade é um conceito sistêmico, visto que conjuga saberes
interdisciplinares, especificamente aqueles de sustentação da vida
no planeta e, no caso da vida humana, os processos econômicos,
sociais, culturais, e, claro, ambientais.
A partir dos domínios da ecologia e suas preocupações com a
superpopulação, o uso dos recursos naturais e a poluição e seus
resíduos, houve a transposição de suas análises para outros
domínios, notadamente por meio dos relatórios patrocinados pelo
Clube de Roma, grupo de empresários e pensadores formado no
final da década de 1960 e que patrocinou uma série de discussões
sobre o futuro do planeta. Um dos estudos foi particularmente
importante, denominado Os Limites do Crescimento ou Relatório
Meadows, do ano de 1972, elaborado por cientistas do
Massachusetts Institute of Technology (MIT). A principal conclusão
desse estudo científico foi de que:
Se se mantiverem as tendências atuais de crescimento da
população mundial, da industrialização, da poluição, da
produção de alimentos e de esgotamento de recursos, os
limites de crescimento do nosso planeta serão atingidos nos
próximos cem anos. O resultado mais provável vai ser um
declínio súbito e incontrolável da população e da capacidade
produtiva (Relatório Meadows apud Tamares,1983, p. 151).
Contudo, o relatório científico apontou:
É possível alterar essas tendências de crescimento e criar
condições de estabilidade ecológica e económica que podem
ser mantidas a longo prazo. O estado de equilíbrio global
pode ser concebido de forma a garantir, a cada habitante da
Terra, a satisfação das necessidades materiais básicas e a
igualdade de oportunidades por forma que cada pessoa
possa atingir a sua plena realização humana (Relatório
Meadows apud Tamares,1983, p. 151).
Apesar das críticas que recebeu, diante de suas projeções pouco
otimistas sobre o futuro da humanidade, deixando clara a finitude de
recursos naturais em uma sociedade de consumo acelerado, o
Relatório Meadows contribuiu para que as discussões ambientais
adentrassem definitivamente no âmbito global. Afinal, ele tocou num
ponto central para o sistema econômico global: a necessidade de
limitações nos padrões de produção e consumo.
É a partir desse momento que entra em debate uma série de termos
e teorias para equacionar as premissas do crescimento econômico
em um mundo finito, limitado. Por isso, a ideia de crescimento,
central para o pensamento moderno, e intensificada após o término
da Segunda Guerra, precisará ser sustentada, razão pela qual se
iniciam as formulações teóricas para uma concepção de
desenvolvimento, que deverá ser sustentável. Isto é, um
desenvolvimento em que a economia seja sustentada pelo uso
racional dos recursos naturais; o que é preciso reconhecer, trata-se
de um dos grandes desafios da contemporaneidade.
A evolução do conceito de
desenvolvimento sustentável
Em 1972, a Organização das Nações Unidas (ONU) realizou a
Conferência sobre o Meio Ambiente Humano, em Estocolmo,
Suécia. Nesse período, deu-se o delineamento dos contornos da
expressão ecodesenvolvimento por Maurice Strong – Secretário
Geral dessa convenção –, cabendo a Ignacy Sachs a popularização
do conceito como um projeto de desenvolvimento socialmente
inclusivo, ecologicamente viável e economicamente sustentado, o
qual se converteu com o passar dos anos no conceito de
desenvolvimento sustentável. A expressão desenvolvimento
sustentável apareceu pela primeira vez no ano de 1980, no
documento intitulado Estratégia de Conservação Mundial (World
Conservation Strategy) (Barbieri, 2020).
Em 1983, a ONU criou a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, cujo longo ciclo de audiências e debates com
líderes políticos e organizações em todo o planeta resultou, em
1987, no Relatório Nosso Futuro Comum, também conhecido como
Relatório Brundtland (Melo, 2017). Esse documento definiu os
contornos clássicos do desenvolvimento sustentável, que passou a
ser considerado como aquele “[...] que atende às necessidades das
gerações atuais sem comprometer a capacidade de as futuras
gerações terem suas próprias necessidades atendidas” (ONU,
1991). O Relatório Nosso Futuro Comum é um manifesto
essencialmente ético, de conjugação da economia com os
propósitos de justiça social e ambiental. A partir de sua elaboração,
expressões como desenvolvimento sustentável e sustentabilidade
passam a ser associadas como sinônimos.
Em 1992, a ONU realizou a Conferência Mundial sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento (Rio/92) e o conceito de
desenvolvimento sustentável cristalizou-se por meio de um dos seus
principais documentos: a Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento, cujas principais proposições são
(ONU, 1992):
Os seres humanos estão no centro das preocupações com o
desenvolvimento sustentável. Têm direito a uma vida
saudável e produtiva, em harmonia com a natureza (Princípio
1).
O direito ao desenvolvimento deve ser exercido de modo a
permitir que sejam atendidas equitativamente as
necessidades de desenvolvimento e de meio ambiente das
gerações presentes e futuras (Princípio 3).
Para alcançar o desenvolvimento sustentável, a proteção
ambiental constituirá parte integrante do processo de
desenvolvimento e não pode ser considerada isoladamente
deste (Princípio 4).
Para todos os Estados e todos os indivíduos, como requisito
indispensável para o desenvolvimento sustentável, irão
cooperar na tarefa essencial de erradicar a pobreza, a fim de
reduzir as disparidades de padrões de vida e melhor atender
às necessidades da maioria da população do mundo
(Princípio 5).
Para alcançar o desenvolvimento sustentável e uma
qualidade de vida mais elevada para todos, os Estados
devem reduzir e eliminar os padrões insustentáveis de
produção e consumo, e promover políticas demográficas
adequadas (Princípio 8).
A Declaração do Rio Janeiro pretendeu, por meio de suas
proposições, conciliar os pleitos do mercado capitalista com as
carências dos países em desenvolvimento e pobres, o que terminou
por elencar princípios contraditórios. De qualquer forma, por meio de
uma declaração flexível – soft law – foi possível articular o
desenvolvimento sustentável em escalas e esferas, do global ao
local, dos mercados à sociedade civil, apesar de tal abrangência se
reduzir ao plano discursivo.
Outro documento representativo dessas conjugações foi igualmente
editado ao término dos trabalhos da Rio/92, a ambiciosa Agenda 21.Trata-se de um documento programático, com 40 capítulos, com as
diretrizes para a implementação do desenvolvimento sustentável em
todas as escalas, do global ao local, para o século XXI (Melo, 2017).
Apesar de festejada em sua edição, a Agenda 21 foi perdendo força
com os passar dos anos.
A interpretação de desenvolvimento sustentável foi consolidada com
a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio + 10),
realizada em Johannesburgo, África do Sul, em 2002. A conferência
admitiu as limitações e as dificuldades na implementação da Agenda
21, mas reafirmou o significado de desenvolvimento sustentável da
Rio/92. A Declaração de Johannesburgo sobre o Desenvolvimento
Sustentável (2002 apud Melo, 2017, p. 29) defendeu o capitalismo
verde, diante da globalização e que “[...] a rápida integração de
mercados, a mobilidade do capital e os significativos aumentos nos
fluxos de investimento mundo afora trouxeram novos desafios e
oportunidades para a busca do desenvolvimento sustentável.
Contudo, ainda conforme a referida Declaração (2002 apud Melo,
2017, p. 29), “[...] os benefícios e custos da globalização são
distribuídos desigualmente, e os países em desenvolvimento
enfrentam especiais dificuldades para encarar esse desafio”.
Da edição do Relatório Bruntland, passando pela Agenda 21, até
chegar aos dias atuais, a esfera internacional reforçou o aspecto de
multiplicidade de significados de desenvolvimento sustentável e da
expressão sustentabilidade, que, inclusive, foi apropriada por
adjetivações, tais como sustentabilidade ambiental, econômica,
social, cultural e tantas outras denominações.
Siga em Frente...
Sustentabilidade no âmbito estatal e
corporativo
O desenvolvimento sustentável é um princípio no direito brasileiro. A
Constituição de 1988, em seu art. 170, disciplina que a ordem
econômica é fundada na valorização do trabalho e na livre-iniciativa
e visa assegurar uma existência digna para todos, conforme os
ditames da justiça social, com a observância, entre outros, dos
princípios da função social da propriedade e da defesa do meio
ambiente (Brasil, 1988). Por função social, entende-se que o
exercício do direito de propriedade impõe o respeito pelas normas
ambientais (Melo, 2017). A defesa do meio ambiente nas atividades
econômicas ocorre igualmente por meio do tratamento diferenciado
conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus
processos de elaboração e prestação (Brasil, 1988).
Na ordem constitucional brasileira, o desenvolvimento sustentável
encontra-se na conjugação do art. 170 – ordem econômica – com o
art. 225 – proteção ao meio ambiente (Melo, 2017). Apesar disso, há
uma constante tensão na implementação das atividades econômicas
com as normas jurídicas de proteção ambiental. Daí surge a
indagação: em caso de confronto entre uma atividade econômica e
a proteção ao meio ambiente, qual é a interpretação que deverá
prevalecer? Embora sejamos uma economia de livre mercado,
nenhuma atividade pode ser exercida em desconformidade com a
proteção ao meio ambiente. Afinal, só é possível uma existência
com dignidade se as pessoas puderem viver em um meio ambiente
ecologicamente equilibrado, sem poluição, com salubridade. E se
não temos o ambiente saudável, como falar em saúde e qualidade
de vida? Apesar dessas afirmações serem reconhecidas por todos,
sabemos que a questão é bem mais complexa. Por isso, o Supremo
Tribunal Federal (STF) chegou a disciplinar a matéria, decidindo que
é necessária a compatibilização entre atividades econômicas e
proteção ao meio ambiente. Contudo, consignou que as atividades
econômicas não podem ser exercidas em desarmonia com os
princípios destinados a tornar efetiva a proteção ao meio ambiente
(Melo, 2017).
Portanto, é necessário buscar sempre a compatibilização entre
atividades econômicas e proteção ao meio ambiente. Na
impossibilidade, é preciso atentar-se para as questões ambientais. E
isso porque a preocupação somente na dimensão econômica tem
ocasionado os danos e desastres ambientais que são
constantemente relatados nos meios de comunicação, em que
pessoas, populações ou cidades são afetadas. Afinal, ao se
privilegiar apenas os argumentos econômicos, continuamos
somente como crescimento econômico, e a sustentabilidade torna-
se meramente retórica, sem qualquer efetividade.
Em meados da década de 1990, o britânico John Elkington propõe o
termo Triple Bottom Line (TBL), no âmbito corporativo norte-
americano, o qual fica conhecido no Brasil como o tripé da
sustentabilidade, conjugando as dimensões econômica, social e
ambiental. Esse conceito possui como elementos constitutivos os
três Ps da sustentabilidade (people, planet, profit; ou, em português,
pessoas, planeta e lucro). Em suma, as empresas devem buscar o
lucro corporativo, mas com responsabilidade social em suas
operações, que devem estar alinhadas ao compromisso ambiental
com o planeta (Melo, 2017). O TBL é utilizado atualmente como um
dos indicadores de mensuração da sustentabilidade para governos,
setor empresarial e organizações sem fins lucrativos.
Figura 1 | Esquema representativo dos vários componentes do desenvolvimento sustentável. Fonte:
Wikipedia.
O tripé da sustentabilidade associa os aspectos econômicos, sociais
e ambientais. A sustentabilidade econômica visa o uso racional e
eficiente dos recursos naturais, com a utilização de tecnologias que
diminuam os impactos ambientais e as externalidades negativas. A
sustentabilidade social envolve uma distribuição de renda justa, de
modo a reduzir as desigualdades e promover os valores de uma
sociedade inclusiva. Por sustentabilidade ambiental, entende-se o
respeito e proteção aos ciclos de regulação dos processos
ecológicos essenciais, de modo a garantir recursos para as
presentes e futuras gerações, em uma concepção que as variáveis
ambientais sejam integradas aos ciclos econômicos.
No âmbito governamental, um exemplo de aplicação do tripé da
sustentabilidade é a agenda ambiental na administração pública
(A3P), que articula a promoção da sustentabilidade nas entidades
da administração pública direta e indireta em nível federal, estadual
e municipal, nos três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário.
Apesar da adesão ser voluntária, a A3P é um relevante programa de
práticas governamentais sustentáveis.
Outra leitura de sustentabilidade procura dividi-la em duas
abordagens: sustentabilidade fraca e sustentabilidade forte
(Bursztyn; Bursztyn, 2012). A sustentabilidade fraca é aquela que se
baseia na economia clássica, em que o capital natural pode ser
substituído pelo capital produzido e que, por consequência, não há
limites para o crescimento econômico. Nesse pensamento, é
possível adotar soluções tecnológicas para solucionar os problemas
ambientais. Já a sustentabilidade forte assenta-se na economia
ecológica, isto é, a ausência do capital natural impõe limites para o
crescimento econômico. Essa compreensão tem como fundamento
a preservação dos componentes ecológicos, de modo que será
preciso conter os fatores de pressão, ou seja, limites para uma
economia de crescimento contínuo. Em qualquer dessas
perspectivas, é importante compreender a importância que a
sustentabilidade assume na contemporaneidade como elemento
essencial para as nossas sociedades.
Vamos Exercitar?
Retomando a situação proposta no início desta seção, lembramos
que uma empresa se mudou para um país sem consciência de
sustentabilidade e desenvolvimento sustentável. Podemos afirmar,
por essa razão, que meio ambiente, saúde, qualidade de vida são
questões muito distantes de seu entendimento.
Por um lado, pelas exigências de mercado que pedem empresas
comprometidas e responsáveis social e ambientalmente, o dilema
de Daniel é extremamente compreensível. Por outro, Daniel, como
executivo tem um compromisso com o lucro da empresa por meio
da projeção da sua imagem positiva e, também, na qualidade de
executivo dessa empresa, tem a obrigação ética e moral, nesse
caso, com o despertar desse povo à sustentabilidade e ao
desenvolvimentosustentável.
Lembre-se de que a sustentabilidade se refere à responsabilidade
social e ambiental empresarial e essa obrigação impõe zelar pelo
meio e pelo desenvolvimento sustentável tornar possível suprir as
necessidades sociais e, por isso, que muitos países adotam a lei
para impor esses limites ao desenvolvimento econômico para
garantir o meio ambiente saudável não só para esta, mas também
para as gerações futuras.
Diante da situação proposta, é importante considerar a obrigação
ética e moral, porque a lei, nesse país, em especial, é amena. É
certo, então, dizer que o despertar pode acarretar a empresa a
necessidade de adequação, caso esse país venha a legislar de
modo mais rígido a fim de promover a sustentabilidade e o
desenvolvimento sustentável, o que hoje não é de seu interesse.
Por essa razão, o dilema de Daniel se mostra muito pertinente, pois,
por um lado, tem que promover a empresa demonstrando o
desenvolvimento sustentável frente às exigências do mercado global
e, por outro, Daniel, para corresponder às atribuições de seu cargo
de modo ético, terá que desempenhar um trabalho muito expressivo
e importante, pois deverá despertar essa sociedade para o
compromisso social representado pela sustentabilidade, porque a
crise econômica e falta de compromisso social promovem o não
desenvolvimento sustentável e poderão levar ao enrijecimento da
lei, obrigando a empresa para o desenvolvimento sustentável dessa
sociedade, a se adequar como ocorrera no país de João.
Saiba Mais
Nessa aula estudamos o surgimento e o contexto da
sustentabilidade no mundo contemporâneo. Essa será uma temática
constante em sua vida profissional. Como aprofundamento,
sugerimos o artigo Desenvolvimento Sustentável: a evolução
teórica, o abismo com a prática e o princípio de responsabilidade, de
autoria de Isabella Pearce de Carvalho Monteiro. A autora faz uma
abordagem histórica do desenvolvimento sustentável para, ao final,
defender a importância em nossas sociedades. 
Outro ponto de destaque nessa aula foi compreender a importância
https://sou.undb.edu.br/public/publicacoes/revceds_n_2_desenvolvimento_sustentavel_a_evolucao_teorica_o_abismo_com_a_pratica_e_o_principio_de_responsabilidade_isabella_pearce_monteiro.pdf
https://sou.undb.edu.br/public/publicacoes/revceds_n_2_desenvolvimento_sustentavel_a_evolucao_teorica_o_abismo_com_a_pratica_e_o_principio_de_responsabilidade_isabella_pearce_monteiro.pdf
do relatório Our Common Future (Nosso Futuro Comum), também
conhecido como Relatório Brundtland, o qual apresentou um novo
olhar sobre o desenvolvimento. 
Referências Bibliográficas
BARBIERI, J. C. Desenvolvimento sustentável: das origens à
agenda 2030. Petrópolis: Vozes, 2020.
BOFF, L. Sustentabilidade: o que é, o que não é. 5. ed. Petrópolis:
Vozes, 2016.
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República
Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da
República, [2021]. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ Constituiçao.htm.
Acesso em: 1 ago. 2022.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Direta de
Inconstitucionalidade 3.540. Rel. Min. Celso de Melo, 1 de
setembro de 2005. Disponível em:
https://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?
docTP=AC&docID=387260. Acesso em: 10 set. 2022.
BURSZTYN, M.; BURSZTYN, M. A. Fundamentos de política e
gestão ambiental: caminhos para a sustentabilidade. Rio:
Garamond, 2012.
MELO, F. Direito ambiental. 2. ed. São Paulo: Método, 2017.
ODUM, E. P. Fundamentos de ecologia. 6. ed. Lisboa: Fundação
Calouste Gulbenkian, 2001.
ONU – COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E
DESENVOLVIMENTO. Nosso futuro comum. 2. ed. Rio: FGV,
1991.
http://www.ecobrasil.eco.br/site_content/30-categoria-conceitos/1003-nosso-futuro-comum-relatorio-brundtland
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/%20Constitui%C3%A7ao.htm
https://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=387260
https://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=387260
ONU. Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento de 2012. Disponível em:
https://doi.org/10.1590/S0103-40141992000200013. Acesso em: 30
ago. 2022.
SACHS, I. Terceira margem: em busca do ecodesenvolvimento.
São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
TAMARES, R. Crítica dos limites do crescimento. Lisboa: Dom
Quixote, 1993.
Aula 3
POLITICAS PÚBLICAS
AMBIENTAIS
Políticas públicas ambientais
Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você.
Nela, você irá aprender conteúdos importantes para a sua formação
profissional. Vamos assisti-la? 
Clique aqui para acessar os slides da sua videoaula.
Bons estudos!
https://doi.org/10.1590/S0103-40141992000200013
https://cm-kls-content.s3.amazonaws.com/202401/ALEXANDRIA/RESPONSABILIDADE_SOCIAL_E_AMBIENTAL/PPT/u2a3_res_soc_amb.pdf
Ponto de Partida
Olá, estudante!
Você sabe o que são políticas públicas? Qual a importância delas
em nossas sociedades? E como as políticas públicas ambientais
dialogam com as atividades econômicas?
Esta é a temática da nossa aula: as políticas públicas ambientais.
Estudaremos a Política Nacional do Meio Ambiente, que é o diploma
legal estruturante das políticas e da governança ambiental no Brasil.
Você conhecerá o Sistema Nacional do Meio Ambiente, com os
órgãos em nível federal, estadual e municipal responsáveis pela
promoção e proteção ao meio ambiente. Além disso, faremos uma
abordagem de dois dos principais instrumentos da política nacional
que regulamentam as atividades econômicas: a avaliação de
impactos ambientais e o licenciamento ambiental.
Para compreendermos melhor, é necessário retomar, portanto, o
caso de Arnaldo, que vive em Santa Cruz da Serra, local em que
será construída uma represa por uma empresa que aponta inúmeros
benefícios, apoiada pelo município e governo do estado sob a
justificativa de ser seu maior benefício pela produção de energia
elétrica barata e a geração de emprego. Arnaldo, auxiliado por
moradores e pelos defensores do meio ambiente, representados
pelas ONGs locais, afirma que nenhum estudo prévio de impacto
ambiental foi efetivamente realizado para justificar a construção da
represa. Além disso, entende que os moradores perderão uma
expressiva porção de terra produtiva, sem contar a interrupção da
piracema, que por si só já é um impacto ambiental. E também o
êxodo rural e a história de um povo que vai, literalmente, por água
abaixo.
Diante disso, o impacto ambiental, com a interrupção da piracema, e
o impacto social, pelas mudanças de costume local, valem como
preço a ser pago para a geração de energia?
Um abraço!
Vamos Começar!
O conceito de políticas públicas
A globalização e liberalização econômica têm provocado um impacto
considerável nos costumes da sociedade. Isso repercute no seu
modo de vida, cada vez mais, pautando-se no consumo
desenfreado pela compra por impulso, que é, sem dúvida alguma,
uma forma de aquecer o mercado e trazer a obsolescência mais
rápido, gerando danos ao meio ambiente, tanto pela produção
quanto pelo descarte.
Diante desse cenário, é importante compreender que as empresas
têm a obrigação, para com a sociedade, da preservação e
conservação ambiental pela sua responsabilidade socioambiental,
contando com a gestão corporativa para esse fim, praticando o
devido respeito à pessoa humana em toda a sua acepção. Porém,
esse não é o papel de apenas uma das partes. Para a sua
efetividade, são necessárias ações conjuntas, ou seja, políticas
públicas. Mas o que são essas políticas?
Quando um problema público é identificado, surge a necessidade de
ofertar respostas e alternativas para resolvê-lo. Situações
socialmente sensíveis exigem do poder público uma diretriz. Essa
diretriz é o que chamamos de políticas públicas (Secchi; Coelho;
Pires, 2019), isto é, o mecanismo de atuação estatal para a
resolução de problemas públicos. Portanto, tais problemas,
socialmente reconhecidos por atores estatais e não estatais, entram
na agenda de discussões do poder público e exigem a formulação
de políticas públicaspara as mudanças possíveis e pretendidas.
No Brasil, as dinâmicas das políticas públicas estão diretamente
ligadas ao Estado pela sua centralidade e intervencionismo
histórico, ou seja, o Estado brasileiro é o responsável pela
elaboração de políticas públicas. Mas o fato de ser o responsável
não impede a participação dos grupos de interesse, como o setor
empresarial e a sociedade civil. O Brasil é uma federação, em que o
Estado divide suas atribuições com competências atribuídas aos
seus entes federativos: União, Estados-membros, Distrito Federal e
municípios. Assim, políticas públicas são formuladas em termos
espaciais ou territoriais, em outras palavras, aquelas que interessam
a todo o país são políticas nacionais, como é o caso do meio
ambiente, educação, saúde e outras áreas.
As políticas públicas são compostas por princípios, objetivos e
instrumentos para a sua concretização. Os princípios são os
elementos estruturantes que irão balizar a política pública. É por
meio deles que são definidas as estratégias. Quanto aos objetivos,
eles articulam as mudanças pretendidas, os estágios de
implementação de uma política pública e, por vezes, o tempo
necessário. Já os instrumentos são as ações, os meios e os
mecanismos que permitem que a política pública alcance os seus
objetivos.
Outra forma de compreender as políticas públicas é por meio dos
níveis operacionais. Existem três níveis: (i) plano; (ii) programa; (iii)
projetos. No plano, temos os princípios, objetivos e instrumentos,
como já estudamos no parágrafo anterior. O plano deve ser aplicado
por meio de programas, que são os recortes ou desdobramentos
dele. Para exemplificar, os programas podem ser aplicados no
âmbito dos estados ou dos municípios. Eles podem ser divididos em
projetos, que são a menor unidade de planejamento ou de ação.
Portanto, políticas públicas possuem níveis operacionais na
articulação e operacionalização por meio de um plano, que é um
nível estruturante e de longo prazo; com os programas, em um nível
intermediário e de médio prazo; e com os projetos, de curto prazo e
em um nível operacional (Secchi; Coelho; Pires, 2019, p. 9). O
quadro a seguir expõe os níveis operacionais de uma política
pública.
Figura 1 | Níveis operacionais da política pública. Fonte: elaborado pelo autor.
Feitas essas considerações, vamos estudar agora as políticas
públicas em matéria ambiental.
Políticas públicas ambientais
Política pública ambiental é uma diretriz de planejamento e
intervenção estatal, com a participação do setor produtivo e dos
atores não governamentais, para a proteção do meio ambiente. Uma
política pública ambiental condiciona e disciplina as atividades
econômicas e sociais em compatibilização com a proteção
ambiental.
No Brasil, as políticas públicas ambientais existem desde 1930, com
a aprovação do Código Florestal, de 1934, do Código de Águas,
também de 1934, e de outros diplomas legais (Bursztyn; Bursztyn,
2012). Na década de 1970, teve início a estruturação dos órgãos
administrativos de proteção ao meio ambiente, mas de forma
fragmentada. Esse quadro mudaria na década seguinte.
A efetiva concepção de proteção ao meio ambiente ocorreu somente
em 1981, quando foi editada a Lei da Política Nacional do Meio
Ambiente, instituída pela Lei 6.938. Essa é a lei estruturante da
proteção ambiental brasileira e traz os princípios, objetivos e
instrumentos para uma política ambiental para o Brasil. Nesse
momento, entende-se o meio ambiente de forma holística.
A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) estabeleceu como
objetivo geral “[...] a preservação, melhoria e recuperação da
qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País,
condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da
segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana [...]”
(Brasil, 1981). Nota-se que a PNMA conjuga o desenvolvimento das
atividades sociais e econômicas com a proteção ambiental, de forma
a assegurar a dignidade humana.
O art. 4º, da Lei 6.938 (Brasil, 1981), elenca os seus objetivos
específicos. Vamos destacar os três mais relevantes para a nossa
discussão. O primeiro deles é a “ [...] compatibilização do
desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade
do meio ambiente e do equilíbrio ecológico” (Brasil, 1981). Esse
objetivo é o que chamamos atualmente de desenvolvimento
sustentável, ou seja, compatibilizar as atividades econômicas com a
proteção ao meio ambiente. O segundo objetivo é o “[...]
estabelecimento de critérios e padrões da qualidade ambiental e de
normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais” (Brasil,
1981). Cabe ao poder público estabelecer padrões de qualidade
ambiental para o ar, os recursos hídricos e o solo. O terceiro objetivo
é a “[...] imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de
recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da
contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins
econômicos” (Brasil, 1981).
Outro ponto fundamental da Lei 6.938/1981 foi a criação do Sistema
Nacional do Meio Ambiente (Sisnama), que é o conjunto de órgãos
da União, responsáveis pela proteção, controle, monitoramento e
melhoria da qualidade e da política ambiental no país. Trata-se da
estrutura responsável pela administração ambiental no Brasil. O
Sisnama é regulamentado pelo Decreto nº 99.274/1990 (Brasil,
1990) e estrutura-se em seis recortes fundamentais:
(i) órgão superior: o Conselho de Governo, com a finalidade
de assessor o Presidente da República nas questões
ambientais.
(ii) órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do
Meio Ambiente (Conama), com a função de assessorar o
Conselho de Governo, especialmente de deliberar sobre
normas e padrões compatíveis com o meio ambiente.
(iii) órgão central: o Ministério do Meio Ambiente, com a
finalidade de coordenar a política nacional e as diretrizes para
a proteção ambiental.
(iv) órgão executor: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade, que são
autarquias federais responsáveis por executar e fazer
executar as diretrizes governamentais para o meio ambiente.
(v) órgãos seccionais: os órgãos ou entidades estaduais
responsáveis pela execução de programas, projetos e pelo
controle e fiscalização de atividades capazes de provocar a
degradação ambiental.
(vi) órgãos locais: os órgãos ou entidades municipais,
responsáveis pelo controle e fiscalização dessas atividades,
nas suas respectivas jurisdições.
Por fim, é preciso evidenciar que a partir da PNMA, surgiram outras
políticas públicas em áreas específicas em matéria ambiental, como
a Política Nacional de Recursos Hídricos; a Política Nacional de
Resíduos Sólidos; Política Nacional de Biodiversidade; Política
Nacional de Educação Ambiental; Política Nacional de Mudança do
Clima, entre outras. O fato de termos políticas em nível nacional
mostra a preocupação da articulação entre a União, os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios.
Siga em Frente...
Políticas públicas e a regulação das
atividades econômicas
As políticas públicas ambientais possuem uma interface imediata
com as atividades econômicas, especificamente por meio de
programas e procedimentos para disciplinar e condicionar
empreendimentos e atividades potencialmente poluidores ou
causadores de degradação. No caso da Política Nacional do Meio
Ambiente, dois de seus instrumentos, previstos em seu art. 9º
(Brasil, 1981), são fundamentais para a regulação das atividades
econômicas: a avaliação de impactos ambientais e o licenciamento
ambiental.
A avaliação de impactos ambientais é um instrumento de gestão
ambiental que dispõe sobre a obrigatoriedade de estudos dos
impactos ambientais de atividades e empreendimentos
potencialmente causadores de poluição ou degradação ambiental. A
avaliação de impactos ambientais é a análise técnica dos possíveis
impactos, que se dá por meio dos estudos ambientais. Um exemplo
é o Estudo Prévio de Impacto Ambiental, conhecidopela sigla
Eia/Rima (Brasil, 1988). O Eia/Rima não é obrigatório para todos os
empreendimentos. O pressuposto é que a obra ou atividade seja
potencialmente causadora de significativa degradação do meio
ambiente, como é o caso de rodovias, ferrovias, atividades de
mineração, entre outras (Conama, 1986).
Os Estudos de Impactos Ambientais (EIA) são um relatório técnico
de avaliação das consequências e danos ambientais de acordo com
projetos específicos. Por meio dele, pode-se prevenir ou mitigar
(diminuir) as consequências ao meio ambiente. O EIA é o
responsável pela análise (inclusive bibliografia e estudos ambientais
de probabilidade) e avaliação da coleta de material, ou seja, verifica
os impactos prévios à implantação de determinado projeto e aponta
quais procedimentos devem ser adotados para a sua realização. Por
conter todas as informações do empreendimento, é um documento
sigiloso. O Relatório de Impacto Ambiental – RIMA –, por sua vez,
consiste no relatório técnico conclusivo que analisa o impacto
ambiental. O RIMA contém os levantamentos e as conclusões pelos
quais o órgão público responsável pela licença deverá analisar e
conceder ou não a licença para o projeto ser executado. O RIMA é o
documento público que reflete as informações e conclusões do EIA,
sendo possível a realização de audiência pública, na garantia do
princípio da participação comunitária. Podem requerer a audiência
pública o próprio órgão ambiental licenciador, o Ministério Público,
uma entidade da sociedade civil ou cinquenta ou mais cidadãos
(Conama, 1987).
A avaliação de impactos ambientais está diretamente ligada a outro
importante instrumento da PNMA: o licenciamento ambiental.
Segundo Melo (2017, p. 221), é um procedimento administrativo
com a “[...] finalidade de avaliar os possíveis impactos e riscos de
uma atividade ou empreendimento potencialmente causador de
degradação ambiental ou poluição”. Esse instrumento é uma
manifestação do princípio da prevenção, ou seja, tem como objetivo
antecipar e mitigar os impactos negativos de uma empresa ou
atividade potencialmente causadora de poluição ou degradação
ambiental. Enquanto procedimento, o licenciamento ambiental passa
por etapas, em que o empreendedor deverá observar as prescrições
do órgão ambiental para a obtenção das licenças ambientais do seu
negócio. No licenciamento ambiental trifásico, que é o mais
completo, é necessária a obtenção de três licenças ambientais: (a)
licença prévia, obtida com a aprovação do projeto e de sua
localização; (b) licença de instalação, em que o projeto é
implementado e ganha materialidade; e (c) licença de operação, que
permite o funcionamento da empresa. Caso o empreendimento seja
potencialmente causador de significativa degradação do meio
ambiente, o empreendedor deverá elaborar o EIA/RIMA, cuja
aprovação pelo órgão ambiental enseja a concessão da licença
prévia; prosseguindo, depois, com as demais etapas.
O licenciamento ambiental pode ser realizado por qualquer ente
federativo – União, Estados-membros, Distrito Federal e municípios
–, desde que tenha um órgão ambiental capacitado e um conselho
de meio ambiente. Para exemplificar, no âmbito federal temos o
Ibama – órgão ambiental – e o Conama – Conselho Nacional de
Meio Ambiente. Esses dois requisitos são obrigatórios para que um
ente federativo proceda ao licenciamento ambiental.
O licenciamento ambiental é importante e necessário por ser um
instrumento que prevê condições para o estabelecimento de
empreendimentos e atividades, para tentar eliminar, quando
possível, ou minimizar danos ao meio ambiente e, ao mesmo tempo,
garantir o desenvolvimento social e econômico do país.
Vamos Exercitar?
Nesta aula, estudamos o caso de Arnaldo, que, como cidadão, se
opõe à companhia, em função dos danos ambientais e sociais que
provocarão com a construção da represa. Apesar de ser mais barata
que a termoelétrica, não verifica qualquer estudo que justifique que
ali é o local adequado para a incitação e que vale a pena se
sobrepor à função social da propriedade e aos eventos naturais,
como é caso da piracema, para se obter essa energia de forma mais
barata. Compreende-se, então, que a conciliação entre as
reivindicações de Arnaldo com as justificativas do município,
governo do estado e da empresa somente seria possível se
avaliadas por instrumentos competentes, que levassem a um laudo
conclusivo.
Por essa razão, o EIA/RIMA é indispensável para que a construção,
se for o caso, se justifique diante das reivindicações de Arnaldo. O
EIA leva em conta todos os elementos locais, inclusive os benefícios
com o menor impacto aos habitantes do local, para que eles se
beneficiem, primeiramente, se conscientizem da mudança e
queiram, por essa consciência, a mudança. A construção da represa
se justifica somente se o EIA demonstrar sua necessidade, se for
efetivamente necessária. Seus ganhos devem ser além do que
possam ganhar com o entretenimento e outras atividades advindas
desse investimento. A ação de Arnaldo ganhou apoio dos moradores
e ONGs locais, porque qualquer mudança deve vir,
necessariamente, com o aval (aceitação) do povo local (quando
proposta por ele) para o desenvolvimento participativo (participação
popular que legitima as mudanças) e função social da propriedade
(a que fim se destina); elementos importantíssimos da Política
Pública Ambiental. É certo, pois, que o governo somente pode
intervir sem a participação popular quando a situação é de caráter
de urgência ou emergencial, como acontece em uma catástrofe
caso não ocorra a mudança, por exemplo.
Como conclusão, somente após o resultado do EIA/RIMA e da
audiência pública é que poderá ser avaliado se o impacto ambiental,
com interrupção da piracema, e o impacto social, pela mudança de
costume local, valem como preço a ser pago para a geração de
energia, uma vez que existem outras formas de captação de energia
que podem ser estudadas e implantadas, fazendo com que os
costumes e a natureza não paguem um preço tão alto. 
Saiba Mais
Nesta aula destacamos a importância das políticas públicas, que
estão diretamente associadas às questões políticas e
governamentais que mediam a relação entre Estado e sociedade.
Para saber mais sobre essa temática, leia a matéria Entendendo os
conceitos básicos de Políticas Públicas. 
Outro ponto abordado e de enorme importância foi a Política
Nacional do Meio Ambiente (PNMA), a qual vem disciplinada pela
Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, e foi recepcionada pela
Constituição Federal de 1988. É a referência mais importante na
proteção ambiental. Ela dá efetividade ao artigo Constitucional 225.
Para conhecer melhor a PNMA leia Política Nacional do Meio
Ambiente (PNMA) – Lei nº 6938/81. 
Um dos principais instrumentos da Política Nacional do Meio
Ambiente para compatibilizar as atividades econômicas com a
proteção ao meio ambiente é o licenciamento ambiental. É
importante para o profissional das áreas pública e corporativa
conhecer os fundamentos e procedimentos do licenciamento
ambiental. Por isso, a dica é acessar a Cartilha do Licenciamento
Ambiental, do Tribunal de Contas da União (TCU). Com ela, você
conhecerá a leitura do licenciamento ambiental pelo principal órgão
de fiscalização das contas públicas do Brasil. 
Referências Bibliográficas
BRASIL. Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990. Regulamenta
a Lei nº 6.902, de 27 de abril de 1981, e a Lei nº 6.938, de 31 de
agosto de 1981, que dispõem, respectivamente sobre a criação de
Estações Ecológicas e Áreas de Proteção Ambiental e sobre a
Política Nacional do Meio Ambiente, e dá outras providências. Diário
Oficial da União, Brasília, DF, 6 jun. 1990. Disponível em:
https://shre.ink/UhAs. Acesso em: 25 out. 2023.
BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a
Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de
formulação e aplicação, e dá outras providências. Diário Oficial de
https://www.clp.org.br/entendendo-os-conceitos-basicos-mlg2-de-politicas-publicas-mlg2/
https://www.clp.org.br/entendendo-os-conceitos-basicos-mlg2-de-politicas-publicas-mlg2/https://www.jusbrasil.com.br/noticias/politica-nacional-do-meio-ambiente-pnma-lei-n-6938-81/321528492
https://www.jusbrasil.com.br/noticias/politica-nacional-do-meio-ambiente-pnma-lei-n-6938-81/321528492
https://portal.tcu.gov.br/biblioteca-digital/cartilha-de-licenciamento-ambiental-2-edicao.htm
https://portal.tcu.gov.br/biblioteca-digital/cartilha-de-licenciamento-ambiental-2-edicao.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6902.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6938.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6938.htm
https://shre.ink/UhAs
União, Brasília, DF, 2 set. 1981. Disponível em:
https://shre.ink/UhIO. Acesso em: 25 out. 2023.
BRASIL. Lei Complementar 140, de 8 de dezembro de 2011. Fixa
normas, nos termos dos incisos III, VI e VII do caput e do parágrafo
único do art. 23 da Constituição Federal, para a cooperação entre a
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios nas ações
administrativas decorrentes do exercício da competência comum
relativas à proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do
meio ambiente, ao combate à poluição em qualquer de suas formas
e à preservação das florestas, da fauna e da flora; e altera a Lei
no 6.938, de 31 de agosto de 1981. Diário Oficial da União,
Brasília, DF, Disponível em: https://shre.ink/UhIh. Acesso em: 25 out.
2023.
BURSZTYN, M.; BURSZTYN, M. A. Fundamentos de política e
gestão ambiental: caminhos para a sustentabilidade. Rio:
Garamond, 2012.
CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (Brasília, DF).
Resolução Conama nº 001/1986. Dispõe sobre critérios básicos e
diretrizes gerais para a avaliação de impacto ambiental. Diário
Oficial da União, 17 fev. 1986, p. 2548-2549. Disponível em:
https://shre.ink/UhIz. Acesso em: 25 out. 2023.
CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (Brasília, DF).
Resolução Conama nº 009/1987. Dispõe sobre a questão de
audiências públicas. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5
jul.,1990, p. 12945. Disponível em: https://shre.ink/UhIC. Acesso em:
25 out. 2023.
SECCHI, L.; COELHO, F. de S.; PIRES, V. Políticas públicas:
conceitos, casos práticos, questões de concursos. 3. ed. São Paulo:
Cengage, 2019.
https://shre.ink/UhIO
https://shre.ink/UhIh
https://shre.ink/UhIz
https://shre.ink/UhIC
Aula 4
RESPONSABILIDADE EM
MATÉRIA AMBIENTAL
Responsabilidade em matéria
ambiental
Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você.
Nela, você irá aprender conteúdos importantes para a sua formação
profissional. Vamos assisti-la? 
Clique aqui para acessar os slides da sua videoaula.
Bons estudos!
Ponto de Partida
Olá, estudante!
Nesta aula, abordaremos conceitos e tópicos relacionados a crimes
ambientais, infrações administrativas ambientais e responsabilidade
civil em face de um dano ambiental.
https://cm-kls-content.s3.amazonaws.com/202401/ALEXANDRIA/RESPONSABILIDADE_SOCIAL_E_AMBIENTAL/PPT/u2a4_res_soc_amb.pdf
Nossa situação-problema é a seguinte: você é um consultor que,
juntamente com uma equipe multidisciplinar, ficou encarregado de
avaliar relatórios de um empreendimento de construção civil que
visa à construção de casas em duas glebas na área rural de um
município.
O produto final, que será construído por você, será a elaboração de
um plano de trabalho para a mitigação de danos ambientais. A
primeira etapa já foi construída e agora vocês devem focar na
identificação de danos ambientais com base relatórios para realizar
a segunda parte do produto. Assim, a equipe multidisciplinar leu
atentamente os relatórios e destacou duas partes:
Trecho 1: verificou-se descarte em área de várzea de resíduos
Classe D (tintas, solventes etc.) durante a primeira fase de
obras.
Trecho 2: análises químicas e físicas do solo e água superficial
do local apresentaram valores elevados para alguns
componentes, mas ainda dentro do limite permitido em
legislação.
Os dois trechos destacados são danos ambientais? Qual tipo de
dano ambiental foi cometido pela empresa? Em relação ao direito
comum, a empresa seria responsabilizada levando-se em
consideração a responsabilização civil subjetiva, objetiva ou ambas?
Reconhecidamente, empreendimentos de grande porte da
construção civil podem prejudicar o equilíbrio do meio biofísico e
causar impactos socioeconômicos, culturais e ambientais. Dessa
forma, uma análise cuidadosa dos trechos destacados, com base
em conceitos e na legislação, é necessária.
Bons estudos e um abraço!
Vamos Começar!
Dano ambiental
O arcabouço jurídico de proteção ao meio ambiente tem como
objetivo a prevenção aos impactos ambientais que causem poluição
ou degradação, notadamente em casos de dano ambiental. Com a
ocorrência de um dano ambiental, adentra-se nas discussões sobre
a responsabilidade em matéria ambiental (Melo, 2017).
Em que pese a sua importância, o ordenamento jurídico brasileiro
não confere uma definição de dano ambiental. Por essa razão, a sua
compreensão passa por elementos doutrinários e pela interpretação
dos tribunais superiores, especialmente o Superior Tribunal de
Justiça (Melo, 2017). É importante conhecer os dois conceitos legais
e que estão associados ao entendimento do dano ambiental:
degradação da qualidade ambiental e poluição.
Considera-se degradação da qualidade ambiental a “alteração
adversa das características do meio ambiente”, (Brasil, 1981). A
degradação da qualidade ambiental ocorre tanto pela ação antrópica
quanto por um evento natural, como um abalo sísmico ou uma
erupção vulcânica. Já o conceito de poluição é a degradação da
qualidade ambiental provocada por uma atividade antropogênica,
isto é, promovida pelo homem. A poluição é sempre negativa e no
ordenamento jurídico brasileiro é um ilícito penal (Brasil, 1998) e
administrativo (Brasil, 2008).
Já o termo dano ambiental podemos compreender que é a poluição
que foi causada por qualquer ação humana (culposa ou não, de um
ato lícito ou de um ato ilícito) que, ultrapassando os limites do
desprezível, promoveu alterações adversas no ambiente
(degradação ambiental). Podem existir diversos tipos de danos
ambientais: (1) dano ecológico, que é a alteração adversa da biota,
como resultado da intervenção humana; (2) à saúde; (3) às
atividades produtivas; (4) à segurança; (5) ao bem-estar; entre
outros. Podemos concluir que não existe um conceito fixo para dano
ambiental, pois, assim como o de meio ambiente, ele é aberto, ou
seja, sujeito a ser preenchido casuisticamente, de acordo com cada
realidade concreta que se apresente ao intérprete (Milaré, 2007).
O dano ambiental possui “[...] feição multifacetária, com implicações
no macrobem ambiental, nos microbens ambientais (florestas, rios,
fauna etc.), no patrimônio material e moral de pessoas e da
coletividade” (Melo, 2017).
Desse modo, diante das várias dimensões jurídicas, vamos
apresentar duas das principais classificações doutrinárias e
jurisprudenciais sobre o dano ambiental: (i) quanto à extensão do
bem protegido; e (ii) quanto à extensão do dano ambiental (Leite;
Ayala, 2010).
Figura 1 | Classificação de dano ambiental. Fonte: elaborada pelo autor.
Quanto à extensão do bem protegido, é possível configurar como: (i)
dano ambiental lato sensu; (ii) dano individual, reflexo ou em
ricochete. Compreende-se como “[...] dano ambiental lato sensu (em
sentido amplo) o que afeta os interesses difusos da coletividade e,
como tal, todos os componentes do meio ambiente (meio ambiente
natural, cultural, artificial)” (Melo, 2017, p. 374). Dano ambiental
individual, reflexo ou em ricochete é “[...] o dano individual, que afeta
interesses próprios, e somente de forma indireta ou reflexa protege
o bem ambiental” (Melo, 2017, p. 374). Para exemplificar, as lesões
à saúde, ao patrimônio e à atividade econômica de uma ou de um
grupo de pessoas.
Quanto à extensão do dano, a divisão é feita em: (i) dano
patrimonial; (ii) dano extrapatrimonial. Dano ambiental patrimonial
“[...] é o que diz respeito à perda material do bem atingido. É o dano
físico, material” (Melo, 2017, p. 375). Dano extrapatrimonial ou moral
ambiental é aquele que ofende

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