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4 AEB - FACULDADE DO BELO JARDIM CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM CARLA MARIELE DA SILVA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NAS SÍNDROMES HIPERTENSIVAS DA GESTAÇÃO Belo Jardim 2024 AEB - FACULDADE DO BELO JARDIM CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM CARLA MARIELE DA SILVA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NAS SÍNDROMES HIPERTENSIVAS DA GESTAÇÃO Pré-projeto de pesquisa para Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado como requisito para obtenção de nota, da matéria de Projeto de Pesquisa em Enfermagem, sob orientação da Professora XXXX Belo Jardim 2024 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 7 2 PROBLEMA DA PESQUISA ...................................................................................... 9 3 HIPÓTESES .............................................................................................................. 10 4 OBJETIVOS .............................................................................................................. 11 4.1 Objetivo geral ........................................................................................................ 11 4.2 Objetivos específicos .......................................................................................... 11 5 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................ 12 6 REFERÊNCIAL TEÓRICO ....................................................................................... 13 6.1 Contextualização das Síndromes Hipertensivas Gestacionais ..................... 13 6.1.1 CLASSIFICAÇÃO DAS SÍNDROMES HIPERTENSIVAS NA GRAVIDEZ ....... 14 6.2 Papel da enfermagem na Assistência Pré-Natal .............................................. 16 6.3 Intervenções de Enfermagem para Síndromes Hipertensivas na gestação 18 7 METODOLOGIA ....................................................................................................... 21 8 ORÇAMENTO ........................................................................................................... 22 9 CRONOGRAMA DE ATIVIDADES .......................................................................... 23 10 RESULTADO ESPERADO..................................................................................... 24 REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 25 7 1. INTRODUÇÃO A gestação é um período repleto de transformações fisiológicas, psicológicas e sociais, e requer atenção especial para identificar e intervir em situações de risco. A atenção pré-natal, regulamentada pela Portaria GM/MS nº 569/GM de 1º de junho de 2000, busca garantir um mínimo de seis consultas para acompanhamento do período gestacional. No entanto, a frequência desses atendimentos pode variar conforme as situações de risco e os períodos gestacionais (Brasil, 2000). A identificação do risco gestacional é um processo que deve começar na primeira consulta de pré-natal e continuar de forma dinâmica e contínua. O Ministério da Saúde categoriza o risco gestacional em duas classes: a) gestação de risco habitual, onde, após a avaliação no pré-natal, não são identificados riscos significativos ou complicações para a mãe e o bebê; b) gestação de alto risco, onde são identificadas previamente ou durante a gestação, doenças na mãe que possam ameaçar sua vida e/ou a do feto, como hipertensão arterial, diabetes mellitus, anemias graves, alterações cardíacas, entre outras (Brasil, 2020). A hipertensão gestacional (HG), uma das complicações mais graves, está diretamente relacionada à mortalidade materna e perinatal. As Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial indicam que cerca de 0,9 a 1,5% das gestantes apresentam hipertensão crônica e 2 a 8% enfrentam pré- eclâmpsia, uma condição multissistêmica que pode evoluir para eclâmpsia, caracterizada por convulsões. A hipertensão na gravidez é diagnosticada com base em medições repetidas da pressão arterial e a presença de proteinúria, além de outros sinais de disfunção orgânica (Barroso et al., 2021). A pré-eclâmpsia, classificada entre as Síndromes Hipertensivas Específicas da Gravidez (SHEG), surge após a vigésima semana de gestação e é caracterizada pela hipertensão acompanhada de proteinúria. A condição pode surgir antes da vigésima semana em casos de doenças trofoblásticas gestacionais. Em casos graves, a pré- eclâmpsia pode evoluir para eclâmpsia, um quadro crítico que pode ocorrer durante a gestação, parto ou puerpério imediato (Montenegro et al., 2018). Um pré-natal rigoroso e bem monitorado é essencial para reduzir as chances de mortalidade materna e perinatal. Recursos como a Dopplervelocimetria são utilizados para avaliar as condições circulatórias e diagnosticar insuficiência 8 placentária, sendo procedimentos seguros e não invasivos. Para decidir pela antecipação do parto em condições de risco, é necessário o consenso da equipe médica e dos familiares, além de dispor de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal preparada (Sartori et al., 2019). Diante da complexidade das SHEG, a assistência de enfermagem planejada a partir de uma visão integral da saúde é fundamental. O profissional de saúde que acompanha todo o processo do pré-natal, parto e pós-parto, estabelecendo um vínculo com a gestante, tende a conhecer melhor os fatores de risco que podem afetar a saúde da mulher e do bebê, proporcionando um cuidado mais efetivo e humanizado. 9 2 PROBLEMA DA PESQUISA O que traz a literatura aborda sobre assistência de enfermagem nas síndromes hipertensivas da gestação? 10 3 HIPÓTESES Com base na literatura atual, tem como hipótese que a implementação de um protocolo de assistência de enfermagem especializado, que inclui a monitorização contínua da pressão arterial, a educação em saúde direcionada e intervenções precoces personalizadas, pode reduzir significativamente a incidência de complicações maternas e fetais associadas às síndromes hipertensivas da gestação, melhorando os desfechos de saúde para mães e bebês. 11 4 OBJETIVOS 4.1 Objetivo geral Analisar por meio da literatura a assistência de enfermagem nas síndromes hipertensivas da gestação. 4.2 Objetivos específicos • Realizar uma síntese das evidências atuais disponíveis na literatura sobre a assistência de enfermagem nas síndromes hipertensivas da gestação; • Avaliar a eficácia das intervenções de enfermagem na prevenção, detecção precoce e manejo das síndromes hipertensivas da gestação; • Investigar o papel da educação em saúde fornecida por enfermeiros no aumento do conhecimento das gestantes sobre as síndromes hipertensivas. 12 5 JUSTIFICATIVA Esta pesquisa é de suma importância devido à relevância clínica e impacto significativo dessas condições na saúde materna e fetal. As síndromes hipertensivas, como a hipertensão gestacional, a pré-eclâmpsia e a eclâmpsia, representam uma das principais causas de morbidade e mortalidade materna e perinatal em todo o mundo. A assistência de enfermagem desempenha um papel crucial na prevenção, detecção precoce e manejo dessas condições, sendo fundamental para promover desfechos maternos e perinatais positivos. No entanto, apesar dos avanços na área da obstetrícia, ainda existem lacunasno conhecimento sobre as melhores práticas de enfermagem para o cuidado de mulheres com síndromes hipertensivas durante a gestação. Uma revisão literária abrangente pode proporcionar uma compreensão mais aprofundada e atualizada das intervenções de enfermagem utilizadas no manejo dessas condições, bem como sua eficácia em melhorar os desfechos clínicos e a qualidade de vida das gestantes. Além disso, a análise crítica da literatura pode ajudar a identificar lacunas no conhecimento, áreas de controvérsia e direções futuras para pesquisa nesta área. Ao reunir e sintetizar as evidências disponíveis na literatura científica, a pesquisa de revisão literária sobre assistência de enfermagem nas síndromes hipertensivas da gestação pode fornecer insights valiosos para profissionais de saúde, gestores de políticas de saúde e pesquisadores, contribuindo para o desenvolvimento de protocolos de cuidados mais eficazes e centrados na gestante, com potencial para melhorar significativamente os desfechos de saúde materna e fetal. 13 6 REFERÊNCIAL TEÓRICO 6.1 Contextualização das Síndromes Hipertensivas Gestacionais Durante a gestação, o organismo feminino passa por várias alterações para se adequar às necessidades desse período. Essas mudanças incluem o aumento do volume sanguíneo e do débito cardíaco, acompanhados pela diminuição da resistência periférica, com o objetivo de manter níveis tensionais normais. Fatores como a idade materna acima de 40 anos, primiparidade e hipertensão arterial crônica são destacados como principais colaboradores para o surgimento da hipertensão arterial na gestação (Zugaib, 2020). Embora a maioria das gestações transcorra sem intercorrências significativas, algumas mulheres podem desenvolver complicações que acarretam riscos à saúde materna e fetal, como a Síndrome Hipertensiva Gestacional. A pré-eclâmpsia, uma das formas clínicas dessa síndrome, é caracterizada pela hipertensão e proteinúria após a 20ª semana de gestação e pode variar de leve a grave (Montenegro; Rezende Filho, 2017). É crucial distinguir entre hipertensão arterial sistêmica e hipertensão arterial gestacional, pois o manejo de cada condição difere significativamente em termos de impacto sobre a mãe e o feto. Embora a etiologia exata da hipertensão gestacional permaneça desconhecida, acredita-se que fatores genéticos, imunológicos e ambientais desempenhem um papel importante no desenvolvimento dessa condição (Malachias et al., 2018). A hipertensão durante a gravidez é diagnosticada quando a pressão arterial sistólica (PAS) atinge ou ultrapassa 140 mmHg e/ou a pressão arterial diastólica (PAD) atinge ou ultrapassa 90 mmHg. Para confirmar o diagnóstico, essas medidas devem ser realizadas em duas ocasiões distintas, com um intervalo de pelo menos quatro horas, e a paciente deve estar sentada (Brasil, 2022). Barroso e colaboradores (2021) nas síndromes hipertensivas gestacionais, especial atenção deve ser dada à pré-eclâmpsia e às doenças hipertensivas da gravidez, que podem ocorrer isoladamente ou em conjunto com a hipertensão arterial crônica. Essas condições estão associadas a desfechos negativos tanto para a mãe quanto para o bebê. Fatores de risco adicionais incluem obesidade, diabetes, doenças 14 renais, gravidez múltipla, primiparidade e antecedentes pessoais ou familiares de hipertensão. Para prognosticar e monitorar as síndromes hipertensivas na gestação, são utilizados diversos exames laboratoriais, incluindo a avaliação da proteinúria, contagem de plaquetas, níveis de bilirrubina, creatinina, transaminases e desidrogenase láctica. A proteinúria positiva é um indicativo significativo de pré- eclâmpsia e geralmente aparece de 3 a 4 semanas antes do surgimento de complicações no desenvolvimento fetal e piora no quadro clínico materno (Sartori et al., 2019). As síndromes hipertensivas gestacionais podem levar a diversas complicações graves, como encefalopatia hipertensiva, insuficiência cardíaca, comprometimento da função renal, hemorragia retiniana, coagulopatias e pré-eclâmpsia. O feto também está em risco, podendo sofrer de restrição de crescimento intrauterino, descolamento prematuro da placenta, sofrimento fetal, morte intrauterina, baixo peso ao nascer e prematuridade (Ferreira et al., 2019). Assim, a gestão das síndromes hipertensivas durante a gestação é complexa e exige um monitoramento rigoroso e um manejo cuidadoso para minimizar riscos e promover a saúde tanto da mãe quanto do bebê. Intervenções precoces e a identificação de fatores de risco são essenciais para a prevenção de complicações severas associadas a essas condições. 6.1.1 CLASSIFICAÇÃO DAS SÍNDROMES HIPERTENSIVAS NA GRAVIDEZ A hipertensão crônica na gestação é identificada quando a hipertensão arterial é diagnosticada antes da 20ª semana de gestação ou, pela primeira vez, durante a gravidez e persiste por mais de 12 semanas após o parto. Essa condição não está relacionada à presença de proteinúria, diferindo, portanto, de outras formas de hipertensão gestacional que podem envolver a proteinúria (Brasil, 2012). Por outro lado, a hipertensão gestacional se caracteriza pelo aumento da pressão arterial após a 20ª semana de gravidez sem a presença de proteinúria. A pressão arterial tende a voltar ao normal nas primeiras 12 semanas após o parto, configurando-se como uma condição transitória. No entanto, essas mulheres têm uma predisposição aumentada para desenvolver hipertensão arterial no futuro. O 15 diagnóstico da hipertensão gestacional é muitas vezes retrospectivo, pois pacientes inicialmente sem proteinúria podem evoluir para pré-eclâmpsia (Brasil, 2012). Diferentemente da hipertensão gestacional, a pré-eclâmpsia é uma forma específica de hipertensão que surge após a 20ª semana de gestação e é acompanhada de proteinúria. A condição tende a desaparecer até 12 semanas após o parto. Em casos sem proteinúria, a suspeita de pré-eclâmpsia aumenta se a hipertensão vier acompanhada de sintomas como cefaleia, distúrbios visuais, dor abdominal, plaquetopenia e aumento das enzimas hepáticas. A pré-eclâmpsia pode ser classificada como leve ou grave, dependendo da gravidade dos sintomas e das medidas laboratoriais, como proteinúria e pressão arterial (Frebrasgo, 2017). Quando a pré-eclâmpsia não é tratada adequadamente, pode evoluir para eclâmpsia, que é a forma mais grave dos distúrbios hipertensivos da gravidez. A eclâmpsia é caracterizada pela ocorrência de convulsões tônico-clônicas generalizadas ou coma em uma gestante ou puérpera hipertensa, sem outras causas convulsivas, como epilepsia. Essa condição pode ocorrer durante a gravidez, no parto ou no puerpério imediato. A eclâmpsia é particularmente perigosa devido ao seu potencial para causar hemorragia cerebral, insuficiência renal aguda, insuficiência hepática e complicações respiratórias, levando frequentemente à morte materna (Sartori et al., 2019). Além disso, a síndrome de HELLP é uma complicação grave da pré-eclâmpsia ou eclâmpsia, afetando de 4% a 12% das gestantes com essas condições. Caracteriza-se por hemólise, elevação das enzimas hepáticas e baixa contagem de plaquetas, sendo frequentemente associada a altos índices de morbidade e mortalidade materno-fetal. Clinicamente, pode se manifestar por sintomas como mal- estar, epigastralgia ou dor no hipocôndrio direito, náuseas, vômitos, perda de apetite e cefaleia. A classificação da síndrome de HELLP pode ser completa ou incompleta, dependendo da presença e gravidade dos sintomas e sinais laboratoriais (Brasil, 2012). Segundo a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (2017), há evidências que sugerem o envolvimento do sistema imunológico materno na síndrome hipertensiva específica da gestação. Problemas de adaptações imunológicas podem desencadear problemasna perfusão, levando a hipóxia subsequente. Essas alterações iniciais são consideradas o gatilho para uma série de fenômenos locais, incluindo a ativação do sistema inflamatório materno e o aumento 16 dos processos de apoptose celular. Isso limita a placentação normal e causa um desequilíbrio entre fatores pró-angiogênicos, resultando em disfunção endotelial generalizada e uma redução na vascularização placentária. Essa condição pode progredir para uma insuficiência progressiva em múltiplos órgãos. Conforme abordado por Malachias et al. (2018), a complexidade e gravidade dessas condições hipertensivas na gestação exigem uma atenção especial e um manejo rigoroso para prevenir complicações graves tanto para a mãe quanto para o feto. Desde a hipertensão crônica até as formas mais graves como a eclâmpsia e a síndrome de HELLP, é fundamental o reconhecimento precoce e a implementação de intervenções adequadas para melhorar os desfechos maternos e perinatais. Portanto, a hipertensão na gravidez, em suas diversas formas, destaca a importância de um acompanhamento pré-natal rigoroso e de uma vigilância contínua para identificar e tratar precocemente qualquer sinal de agravamento, garantindo assim a saúde e segurança tanto da mãe quanto do bebê. . 6.2 Papel da enfermagem na Assistência Pré-Natal O pré-natal desempenha um papel fundamental na prevenção de problemas de saúde que podem afetar tanto a mãe quanto o bebê durante a gestação e no período pós-parto. Detectar precocemente qualquer anormalidade que possa interferir na saúde dos dois é crucial, e uma vez identificada, a equipe multidisciplinar responsável pelo acompanhamento deve agir prontamente para evitar complicações futuras (Silva et al., 2017). Conforme ressaltado por Thuler et al. (2018) durante o pré-natal, as intervenções devem ser planejadas e realizadas de forma apropriada para reduzir as complicações que podem levar às mortes maternas, enfatizando o comprometimento dos profissionais de saúde em aprimorar a qualidade da assistência. Uma assistência efetiva e qualificada não apenas reduz os índices de morbidade e mortalidade materna e infantil, mas também minimiza os agravos que podem surgir ao longo da gestação, por meio da identificação precoce dos sinais e sintomas apresentados pela mulher (Gasparin et al., 2018). O rastreamento pré-natal de qualidade é fundamental para identificar precocemente possíveis complicações, como a pré-eclâmpsia, permitindo 17 intervenções que reduzam o risco de complicações graves. É essencial que as mulheres gestantes sejam questionadas sobre fatores de risco e sintomas específicos, como distúrbios visuais, dores de cabeça persistentes e dor no quadrante superior direito, além da medida da altura uterina em cada consulta de pré-natal para detectar possíveis problemas no crescimento fetal (Ferreira et al., 2019). Diversos fatores de risco estão associados à síndrome hipertensiva específica da gestação, como primiparidade, idade reprodutiva extremos, estado nutricional inadequado, condições socioeconômicas desfavoráveis e história familiar ou pessoal de hipertensão arterial (Sartori et al., 2019). Conforme Damasceno; Cardoso (2022), uma vez diagnosticada, a síndrome hipertensiva torna o pré-natal de alto risco, demandando cuidados multidisciplinares e interdisciplinares específicos para garantir a segurança tanto da mãe quanto do feto. Essa condição pode afetar vários sistemas vitais na mulher, incluindo alterações cerebrais, hepáticas, sanguíneas, hidroeletrolíticas e úteroplacentárias, sendo a convulsão um dos sintomas mais graves e evidentes. A realização de um pré-natal inadequado ou incompleto, seja devido à descoberta tardia da gestação, falta de interesse ou dificuldade de acesso às consultas, é um fator crucial que contribui para as complicações durante a gravidez. Portanto, é fundamental que os profissionais de saúde, especialmente os enfermeiros, estejam familiarizados com as complicações existentes, como a pré-eclâmpsia e a eclampsia, a fim de minimizar ou prevenir sua ocorrência (Ferreira et al., 2021) Durante as consultas pré-natais, é essencial considerar as características maternas e os fatores de risco individuais. Uma anamnese completa e um exame físico detalhado são ferramentas valiosas na redução das complicações, especialmente aquelas relacionadas à pré-eclâmpsia. A ausência desse acompanhamento adequado torna mais difícil a detecção precoce de anormalidades durante o processo gestacional (Santos et al., 2022). Fatores como alterações ponderais desempenham um papel crucial na evolução da gravidez, podendo estar associados a diversas complicações gestacionais, como hipertensão arterial, diabetes gestacional e doença hipertensiva específica da gravidez. Essas complicações podem estar relacionadas a fatores existentes antes da gestação ou a condições que surgem durante o processo gestacional, como sobrepeso, baixo peso, má alimentação, estresse, longas horas de 18 trabalho, fatores genéticos ou traumas sofridos durante a gestação (Gasparin et al., 2018). Os marcadores e fatores de risco gestacionais presentes anteriormente à gestação se dividem em: Características individuais e condições sócio-demográficas desfavoráveis: Idade maior que 35 anos; Idade menor que 15 anos ou menarca há menos de 2 anos; Altura menor que 1,45m; Peso pré-gestacional menor que 45kg e maior que 75kg (IMC30). (BRASIL, 2012, p.12-13) Na gravidez, além dos aspectos biológicos, outros determinantes cruciais são as condições socioeconômicas e as dependências químicas, que podem influenciar significativamente o desenvolvimento intrauterino do feto, seu peso ao nascer e a duração da gestação. Fatores como baixa escolaridade, exposição a riscos ocupacionais, situação conjugal instável, problemas familiares, histórico de gestações anteriores complicadas, bem como condições de saúde preexistentes, como hipertensão arterial, cardiopatias e doenças infecciosas, são considerados fatores de risco para complicações durante a gravidez (Brasil, 2012). É essencial que durante as consultas pré-natais não se priorize apenas a quantidade de consultas, mas também a qualidade do acompanhamento. O foco deve ser na identificação precoce e no manejo adequado dos principais causadores de mortalidade materna e fetal, como hemorragias, distócias de parto, sepse puerperal e síndromes hipertensivas específicas da gravidez (SHEG) (Thuller, 2018). É importante destacar que a SHEG, em particular, pode ser evitada na grande maioria dos casos com um acompanhamento pré-natal de qualidade, que inclua a identificação precoce dos fatores de risco e o manejo adequado das complicações. 6.3 Intervenções de Enfermagem para Síndromes Hipertensivas na gestação As intervenções de enfermagem desempenham um papel crucial no manejo das síndromes hipertensivas durante a gestação, visando garantir a segurança e o bem-estar da mãe e do bebê. Uma abordagem multidisciplinar é essencial, onde a enfermagem atua em colaboração com outros profissionais de saúde para oferecer cuidados integrados e abrangentes (Abrahão et al., 2020). A partir da análise dessas informações, fica claro que o enfermeiro possui tanto competência quanto formação adequada para aplicar seus conhecimentos técnicos e científicos na prática assistencial, visando oferecer um cuidado coerente, holístico e humanizado às gestantes. Nesse contexto, a implementação da Sistematização da 19 Assistência em Enfermagem (SAE) se torna uma responsabilidade específica do enfermeiro no planejamento dos cuidados para as gestantes, distinguindo-o dos demais membros da equipe multidisciplinar (Vitorino et al., 2021). Conforme destacado por Mentes et al. (2021), é fundamental proporcionar uma assistência especializada, com a elaboração de um planode cuidados individualizado, com o objetivo de controlar a patologia e promover o bem-estar durante a gestação. Essa abordagem centrada na paciente reconhece a importância de considerar suas necessidades específicas e oferecer um cuidado personalizado. É de suma importância que o profissional de enfermagem esteja presente de forma mais ativa durante o acompanhamento pré-natal, a fim de atender às reais necessidades das gestantes. Ao unir a competência dos profissionais obstetras na identificação precoce de fatores pré-existentes para o desenvolvimento da síndrome hipertensiva específica da gestação (SHEG) com o compromisso da mulher gestante em cuidar de si mesma e de seu bebê, participando ativamente dos programas e consultas, é possível reduzir significativamente os índices de mortalidade materna e fetal, além de outras complicações associadas à gestação (Gasparin et al., 2018). Essa abordagem colaborativa e integrada entre profissionais de saúde e gestantes é essencial para garantir uma gravidez saudável e reduzir os riscos de complicações, demonstrando a importância do papel do enfermeiro na promoção da saúde materna e fetal. Seguindo o protocolo de atenção à saúde, é necessária uma abordagem multidisciplinar que inclui visitas domiciliares, educação em saúde, pré-natal com inclusão do parceiro quando desejado pela gestante, recepção, registro, vinculação com a maternidade de referência, liberação de medicamentos, vacinação, realização de exames com acesso aos resultados em tempo adequado e encaminhamentos quando necessário. A enfermagem, com sua autonomia profissional, desempenha um papel fundamental ao dialogar, realizar busca ativa e oferecer acompanhamento clínico humanizado a essas gestantes, contribuindo para que elas se sintam seguras e capacitadas para lidar com essa nova fase da vida (Guião et al., 2020) Mesmo diante do quadro clínico da síndrome hipertensiva específica da gestação (SHEG), a enfermagem continua a desempenhar um papel crucial, especialmente em ambiente intra-hospitalar. É a enfermagem que está diretamente envolvida no cuidado direto à paciente, permitindo a observação de suas necessidades e queixas, possibilitando a administração de condutas específicas para 20 cada caso e o manejo adequado dos quadros clínicos. Isso inclui a realização de monitoramento constante da pressão arterial, verificação da frequência cardíaca fetal e identificação precoce de alterações e possíveis complicações da patologia. Ao agir com antecedência, a enfermagem contribui para intervenções eficazes e oportunas, incluindo a administração de anti-hipertensivos específicos (Silva et al., 2017). No pré-natal, as intervenções de enfermagem incluem a realização de avaliações regulares da pressão arterial e da presença de proteinúria, conforme as diretrizes estabelecidas pelos protocolos de saúde. Essas avaliações são fundamentais para identificar precocemente sinais de hipertensão gestacional ou pré- eclâmpsia e para monitorar a progressão da condição ao longo da gestação (Damasceno; Cardoso, 2022). Durante as consultas pré-natais, os enfermeiros também fornecem orientações educativas sobre a importância do autocuidado, incluindo a adoção de uma dieta saudável, a prática de atividade física adequada e o monitoramento regular da pressão arterial em casa. Essas orientações ajudam a capacitar as gestantes a gerenciar sua condição de forma eficaz e a tomar medidas preventivas para evitar complicações (Ferreira et al., 2021). No ambiente intrahospitalar, os enfermeiros desempenham um papel central na monitorização contínua da mãe e do feto durante o trabalho de parto e o parto. Isso inclui a verificação regular da pressão arterial, a avaliação dos sinais vitais, a observação de sinais de eclâmpsia iminente e o suporte emocional à gestante (Silva et al., 2017). Além disso, os enfermeiros estão preparados para administrar medicações prescritas para controlar a pressão arterial, como anti-hipertensivos, e para monitorar os efeitos colaterais desses medicamentos. Eles também colaboram com outros membros da equipe para garantir a pronta identificação e tratamento de complicações potenciais, como convulsões ou hemorragias. Após o parto, os enfermeiros continuam a monitorar de perto a mãe e o bebê para detectar sinais de complicações pós-parto, como hipertensão persistente ou desenvolvimento de síndrome HELLP. Eles fornecem apoio emocional às mães, especialmente aquelas que experimentaram complicações durante a gestação, e incentivam a amamentação e os cuidados com o recém-nascido para promover uma recuperação saudável para ambos (Damasceno; Cardoso, 2022). 21 7 METODOLOGIA O estudo caracteriza-se como um trabalho de revisão de literatura. Trata-se de uma pesquisa descritiva, explicativa, que possibilita sumarizar as pesquisas publicadas e obter conclusões a partir da pergunta norteadora. O levantamento de dados para a pesquisa será realizado por meio de indexadores online, que se encontram referenciados na Literatura Científica e Técnica da América Latina e Caribe (LILACS), Sistema Online de Busca e Análise de Literatura Médica (MEDLINE) e Scientific Eletronic Library Online (SCIELO). Os dados serão coletados no período de agosto a outubro de 2024, cujo período de publicação encontra-se entre 2019 a 2024, utilizando-se os descritores: Enfermagem, Síndrome hipertensiva e gestantes, todos cadastrados nos Descritores em Ciência da Saúde (DECS). Serão incluídos na pesquisa artigos na íntegra que tratem das síndromes hipertensivas na gestação e a assistência da enfermagem nos idiomas português e inglês, e que respondam aos objetivos e a pergunta norteadora desse trabalho. Já os critérios de exclusão serão artigos que não estejam associados aos objetivos do trabalho e que não atendam aos critérios de inclusão, assim como artigos que sejam anteriores a 2019. A síntese dos dados extraídos dos artigos será apresentada de forma descritiva em tabela, reunindo o conhecimento produzido sobre o assunto investigado na presente revisão bibliográfica. 22 8 ORÇAMENTO Quadro 1: Orçamento previsto para elaboração do projeto de pesquisa. ATIVIDADE DESPESAS QUANTIDADE VALOR Elaboração de todo projeto Internet - 70,00 Impressão 2 50,00 Remas de papel A4 1 Pct. 20,00 Canetas 2 UNID. 4,00 Marca texto 2 UNID 15,00 Lápis 2 UNID 5,00 Grampeador 1 UNID 10,00 Grampos 1CX 15,00 TOTAL 189,00 Fonte: O autor, 2024. 23 9 CRONOGRAMA DE ATIVIDADES Quadro 1: Cronograma das atividades a serem realizadas para conclusão do trabalho. ATIVIDADES/ MESES Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Elaboração do projeto X X X X Delimitação da temática escolhida X Delimitação do objetivo e da justificativa X Determinação da metodologia a ser utilizada. X Localização e determinação das fontes de obtenção de dados X X X Pesquisa bibliográfica X X X X X X X X X X X Tabulação dos resultados X X Análise e discussão dos achados X X Considerações finais X Fonte: O autor, 2024. 24 10 RESULTADO ESPERADO Espera-se com essa pesquisa a melhoria na identificação precoce e no diagnóstico dessas condições, a implementação de protocolos de cuidados padronizados, e a capacitação contínua dos profissionais de enfermagem. Espera-se também promover um cuidado holístico e humanizado, aumentar a realização de consultas e exames de rotina, e reduzir os índices de morbimortalidade materna e fetal. Além disso, o fortalecimento da comunicação multidisciplinar, a implementação de estratégias educativaspara gestantes, a melhoria no registro e monitoramento de dados, e o desenvolvimento de pesquisa e inovação são fundamentais para aprimorar a qualidade da assistência e garantir melhores desfechos perinatais. 25 REFERÊNCIAS ABRAHÃO, Ângela Caroline Martins et al. Atuação do enfermeiro a pacientes portadoras de Síndrome Hipertensiva Específica da Gestação. REVISTA CIENTÍFICA DA ESCOLA ESTADUAL DE SAÚDE PÚBLICA DE GOIÁS" CÂNDIDO SANTIAGO", v. 6, n. 1, p. 51-63, 2020. BARROSO, Weimar Kunz Sebba et al. Diretrizes brasileiras de hipertensão arterial– 2020. Arquivos brasileiros de cardiologia, v. 116, p. 516-658, 2021. BRASIL. Ministério da Saúde. Atenção ao pré-natal de baixo risco. Caderno de Atenção Básica, n. 32, 2012 BRASIL. Ministério da Saúde. Gravidez. 2020. Disponível em: Acesso: 20/05/2024 BRASIL. Portaria Nº 570, de 1º de junho de 2000. Ministério da Saúde. 2000. 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