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Prévia do material em texto

Pós-graduação em Educação Continuada, 
Flexível e a Distância
Metodologia da Pesquisa
e Produção Científica
Brasília, agosto de 2008
Elaboração
Maurício Silva – Mestre em Planejamento e Estratégia Organizacional; Pós-
Graduado em Metodologia do Ensino Superior e Didática do Ensino Superior; 
Graduado em Pedagogia; Especialista/Conteudista e Tutor em Disciplinas de 
Cursos de Ensino a Distância.
Desenho educacional, avaliação e adequação de linguagem
Heliane Maria Bergo
Revisão lingüística
Maria Luiza David
Projeto visual gráfico e arte-final 
Isis Florêncio de Albuquerque
Arte-final
Alinne Paula da Silva
Rui Carlos de Oliveira
Nos termos da legislação sobre direitos autorais, é proibida a reprodução total ou 
parcial deste documento, por qualquer forma ou meio – eletrônico ou mecânico, 
inclusive por processos xerográficos de fotocópia e de gravação – sem a permissão 
expressa e por escrito do CETEB.
DOCUMENTO DE PROPRIEDADE DO CETEB
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS
3Metodologia da Pesquisa e Produção Científica 
 Sumário
Apresentação .................................................................................... 4
Mapa do Caderno ............................................................................ 6
Início de conversa ............................................................................ 7
Provocação – O senso comum e a ciência ......................................... 11
UNIDADE 1 – Conhecimento e Ciência .............................................. 14
Texto único – O conhecer e os tipos de conhecimento ...................... 14
UNIDADE 2 – Pesquisa Científica ....................................................... 23
Texto 1 – Ciência, metodologia e pesquisa ....................................... 23
Texto 2 – Métodos Científicos ........................................................... 33
Texto 3 – Técnicas e instrumentos de pesquisa ................................. 42
UNIDADE 3 – Elaboração de trabalho científico ................................ 54
Texto 1 – O trabalho científico: características e linguagem .............. 54
Texto 2 – Citações e referências bibliográficas ................................... 58
UNIDADE 4 – Produção acadêmica ................................................... 66
Texto único – Desmistificando os documentos acadêmicos ............... 66
Para (não) finalizar – O método científico ......................................... 75
Bibliografia ...................................................................................... 77
Apresentação4Metodologia da Pesquisa e Produção Científica 
 Apresentação
As instituições acadêmicas têm, a rigor, obrigatoriedade legal de promover a 
iniciação científica do corpo discente. Para isso, todas trabalham normalmente, 
no início de seus cursos, uma disciplina que objetiva orientar e conceitar 
com relação às metodologias e técnicas, os trabalhos acadêmicos a serem 
desenvolvidos durante o curso, nas diversas disciplinas. 
Os principais objetivos de um curso ou disciplina de iniciação científica são:
a. despertar a vocação científica e incentivar talentos potenciais entre 
estudantes;
b. introduzir o universitário e o pós-graduando no domínio do método 
científico;
c. estimular o desenvolvimento do pensar cientificamente e da 
criatividade, decorrentes da situação vivenciada no confronto direto 
com os problemas da pesquisa;
d. despertar no graduando ou pós-graduando uma nova mentalidade 
em relação à pesquisa;
e. aumentar o envolvimento discente na produção científica. 
Normalmente quando se fala em metodologia científica tendemos a rejeitar 
a idéia de execução do trabalho, por acreditarmos que tende a ser um 
processo complexo e exaustivo, envolvendo uma gama de técnicas e recursos 
sofisticados.
É importante ressaltar que a diferença existente entre as pesquisas realizadas 
por cientistas e as realizadas pelos estudantes universitários ocorre somente 
em relação ao propósito a que se destinam e não nos métodos utilizados; 
desta forma, os objetivos da disciplina metodologia científica (ou qualquer 
outro nome que lhe seja atribuído) é basicamente orientar os novos e futuros 
pesquisadores no caminho a ser seguido e, para isso deve ensinar, exercitar, 
habilitar o estudante a refazer cientificamente caminhos já percorridos.
Nossa intenção com esta disciplina é apresentar os principais conceitos e 
métodos científicos utilizados numa pesquisa científica, mas, principalmente, 
desmistificar a idéia preconcebida de complexidade, por meio de várias 
reflexões com exemplos práticos, atuais.
Essa disciplina desenvolve os conceitos conhecer e conhecimento; os tipos de 
conhecimento; discute o que é ciência, metodologia e metodologia científica, 
analisando métodos, técnicas e instrumentos de pesquisa; apresenta os 
requisitos necessários para se fazer uma redação técnico-científica adequada 
e objetiva e esclarecimentos básicos sobre tipos de trabalhos científicos 
elaborados no meio acadêmico.
Apresentação5Metodologia da Pesquisa e Produção Científica 
 Competências e habilidades 
A seguir apresentamos um quadro com as competências e as habilidades 
que se espera sejam desenvolvidas no estudo desta disciplina. Nesse mesmo 
quadro, apresentam-se as bases tecnológicas (saberes).
Competência Habilidade Bases tecnológicas (saberes)
Produzir 
conhecimentos 
científicos
Caracterizar os tipos de 
conhecimento.
Caracterizar o conhecimento 
científico
O conhecer e os tipos de 
conhecimento
Elaborar uma 
metodologia de 
pesquisa
Conceituar ciência, 
metodologia e pesquisa.
Reconhecer a pesquisa 
como um processo criativo e 
organizado.
Identificar os vários passos 
para realização de uma 
pesquisa.
Caracterizar métodos de 
pesquisa.
Identificar técnicas de 
pesquisa.
Ciência, metodologia e 
pesquisa
Métodos científicos
Técnicas e instrumentos de 
pesquisa
Utilizar a 
linguagem 
acadêmica
Identificar as características 
essenciais da redação 
acadêmica.
Realizar citações e referências 
bibliográficas
Adotar princípios éticos na 
produção científica.
O trabalho científico: 
características e linguagem.
Citações e referências 
bibliográficas
Elaborar 
documentos 
científicos
Caracterizar os diversos tipos 
de documentos acadêmicos.
Elaborar pré-projeto de 
pesquisa.
Produção acadêmica 
– desmistificando os trabalhos 
acadêmicos.
Organização do Caderno
Provocação – O senso comum e a ciência
Unidade 1 – Conhecimento e Ciência
Texto único – O conhecer e os tipos de conhecimento
Unidade 2 – Pesquisa Científica
Texto 1 – Ciência, metodologia e pesquisa
Texto 2 – Métodos Científicos
Texto 3 – Técnicas e instrumentos de pesquisa
Unidade 3 – Elaboração de trabalho científico
Texto 1 – O trabalho científico: características e linguagem
Texto 2 – Citações e referências bibliográficas
Unidade 4 – Produção acadêmica
Texto único – Desmistificando os documentos acadêmicos
Para (não) finalizar – O método científico
Bibliografia
6Metodologia da Pesquisa e Produção Científica 
 Mapa do caderno
7Metodologia da Pesquisa e Produção Científica Início de Conversa
 Início de Conversa 
No meio acadêmico, deve-se ter em mente que constituem fatores 
imprescindíveis para o sucesso a autodisciplina e a responsabilidade na 
condução da própria aprendizagem.
Nessa disciplina, utilizaremos vários recursos para facilitar o processo de 
aprendizagem. Haverá momentos de reflexão, de produção e de análise de 
textos, tanto em atividades individuais quanto colaborativas.
Para melhor resultado, será imprescindível participar ativa e produtivamente 
das atividades, utilizando, principalmente, os seguintes procedimentos: 
• ler compreensivamente; 
• fazer uma leitura de reconhecimentodo texto; 
• assinalar as dúvidas que forem surgindo nesta primeira leitura;
• selecionar e providenciar todas as referências bibliográficas sugeridas 
para consulta e estabelecer um horário para a realização destas 
leituras; 
• executar os exercícios propostos e disponibilizá-los no espaço 
determinado, elaborando respostas/ textos claros, objetivos, em 
linguagem direta;
• fazer anotações, esquemas e resumos; 
• desenvolver temas; 
• redigir trabalhos;
• fazer fichas catalográficas dos livros estudos/lidos;
• participar de todas as atividades propostas pelo tutor.
Recursos de aprendizagem
Você contará, neste curso com o Caderno de Estudos e Pesquisa – CEPes impresso 
e online, além dos recursos de interatividade da plataforma. Assim, você 
realizará seus estudos utilizando o meio mais adequado para o momento.
A – Características do material didático
O material didático de cada componente curricular estará estruturado em um 
fascículo único, impresso e online, denominado Caderno de Estudos e Pesquisa 
– CEPes.
O CEPes está organizado em Unidades e cada unidade em um ou mais textos 
básicos.
Você vai observar que usaremos ícones para indicar a você o tipo de recurso e/ou 
atividade proposto. Eles funcionam como organizadores da aprendizagem.
São propostos no CEPes tipos variados de atividades, e a abordagem dos 
conteúdos pode ocorrer por meio dos seguintes caminhos de aprendizagem.
1. Mergulho no tema – Abordagem teórica. Trata-se de atividade 
individual de análise teórica dos conteúdos. É o caso dos textos básicos e 
das leituras complementares.
2. Aprender com o outro – Abordagem colaborativa. Trata-se 
de atividade a ser desenvolvida com colegas. Podem ser propostos assim 
estudos de caso, atividades de laboratório, fóruns etc.
3. Aprender fazendo – Abordagens pela prática. Você encontrará 
atividades como pesquisas, resolução individual de problema, desafio, 
atividade lúdica, elaboração de texto etc.
8Metodologia da Pesquisa e Produção Científica Início de Conversa
Veja, a seguir, as seções do material e os tipos de atividades que poderão ser 
propostos a você.
Unidade – Bloco de conteúdos apresentados em um ou mais textos.
Textos básicos – textos elaborados pelo professor para desenvolvimento dos 
conteúdos. Vêm precedidos pelo ícone Mergulho no tema.
 Apresentação – Destaca a abordagem proposta para o 
componente curricular e as competências e habilidades pretendidas. Detalha-
se a organização dos conteúdos.
 Competências e habilidades – Apresenta as competências e 
habilidades definidas para o estudo do componente curricular.
 Mapa do caderno – Apresenta os conteúdos do componente 
curricular, destacando a hierarquia e a ligação entre eles. Tem como finalidade 
possibilitar a visão geral do CEPes.
 Início de conversa – Orientações preliminares para o estudo do 
componente curricular.
 Provocação – Recurso (texto, poema, anedota, imagem etc.) 
apresentado no início do Caderno para provocar reflexões a respeito de suas 
experiências, seus conhecimentos e seus sentimentos em relação à disciplina. 
Trata-se do ponto de partida do trabalho. 
 Para refletir – Questões que suscitam reflexões com o objetivo de 
instigá-lo a enriquecer os conhecimentos adquiridos, apresentadas ao longo 
dos textos, na Provocação e no Para (não) finalizar.
 O que você pensa disto? – Questões colocadas no início dos 
textos para estimulá-lo a pensar a respeito de seus conhecimentos prévios 
sobre o assunto. Essas questões visam ajudá-lo a se posicionar em relação 
ao tema, revendo os conhecimentos e as experiências anteriores. Além disso, 
servem como indicadores para que o Professor/tutor compreenda as eventuais 
dificuldades e possa auxiliá-lo a resolvê-las.
 Janela – Textos, exemplos, reflexões, atividades e sugestões para 
enriquecer, concretizar, apresentar novas visões sobre o tema abordado nos 
textos. Possibilita o acesso à visão de outros autores.
 Para pesquisar – Questões propostas para estimulá-lo a ampliar 
e contextualizar seus conhecimentos, analisar de forma mais profunda a sua 
9Metodologia da Pesquisa e Produção Científica Início de Conversa
realidade e buscar novas soluções. É importante que você resgate a sua vivência 
profissional, refletindo sobre ela.
Você deve discutir as questões em sua comunidade de origem, além de interagir 
com colegas e professores e, após a realização das pesquisas, apresente um 
relato no Memorial.
 Leia, assista ou acesse – Indicações de leituras, vídeos, áudios, 
sites na Internet, que tratam dos assuntos em estudo.
 Laboratório – Indica uma atividade prática para ser realizada 
individualmente ou em grupo. 
 Você é o autor! – Atividades de produção de texto com uso de 
linguagem verbal e não verbal, desenvolvidas com vistas a estimular a sua 
autoria. As atividades podem ter como objetivos: sintetizar e enriquecer as 
idéias do texto; apresentar resultados de pesquisas, elaborar o posicionamento 
pessoal sobre um tema de forma crítica, sistematizar idéias o texto etc.
 Atividades lúdicas / Desafios – Atividades relacionadas ao tema, 
com abordagem lúdica.
 Resolução de problema – Atividade prática de aplicação dos 
conteúdos sob a forma de problema a ser solucionado por você, individual ou 
colaborativamente.
 Estudo de caso – Atividade prática de aplicação dos conteúdos 
em estudo, sob a forma de caso a ser analisado por você, individual ou 
colaborativamente.
 Trabalho de Conclusão de Curso – Apresenta atividade específica 
para o Trabalho de Conclusão de Curso.
 Para (não) finalizar – Texto(s) (história, poema, reportagem), 
infográfico, imagens etc. ao final da disciplina com a intenção de instigá-lo a 
prosseguir seus estudos na área.
 Bibliografia – Apresenta bibliografia utilizada ao longo dos 
textos.
10Metodologia da Pesquisa e Produção Científica Início de Conversa
 Atividade extra – Atividade não constante do CEPes, acrescentada 
pelo tutor ao seu processo de avaliação.
B – Ferramentas da plataforma
A plataforma do curso apresenta um conjunto de ferramentas que facilitam o 
seu estudo, dentre as quais destaczmos as que se seguem.
 Memorial – Instrumento preparado para possibilitar o registro 
da sua caminhada no Curso: conhecimentos prévios, reflexões, pesquisas, 
experimentos, exercícios, textos produzidos etc. À medida que realizar as 
atividades, você deve registrar as respostas na ferramenta Memorial, disponível 
na plataforma, para análise do tutor. O Memorial possibilita ao tutor solicitar, 
na própria ferramenta, a revisão ou reformulação do trabalho. Você poderá 
igualmente pedir esclarecimentos ao tutor, apresentar argumentos, publicar 
a nova versão do trabalho etc. na ferramenta, que guarda o histórico de toda 
a interação ocorrida entre vocês. Tutorial de uso da ferramenta disponível na 
plataforma. 
 Glossário – Explicação de termos específicos que podem ser 
desconhecidos, disponível na plataforma.
 Biblioteca – Espaço para publicação de textos para uso da 
turma, disponível na plataforma. Tutorial de uso da ferramenta disponível na 
plataforma. 
Chat – Ferramenta de bate-papo on-line, utilizada mediante agendamento 
prévio do tutor. Tutorial de uso da ferramenta disponível na plataforma. 
 Fórum – Ferramenta de interação assíncrona do grupo, utilizada 
de acordo com agenda disponibilizada pelo tutor, na qual você discute os 
temas propostos por ele, analisa e comenta as respostas dos colegas. Tutorial 
de uso da ferramenta disponível na plataforma. 
 Webconferência – Ferramenta de interação on-line, utilizada 
mediante agendamento prévio do tutor, que cadastra os alunos em cada 
atividade específica. Tutorial de uso da ferramenta disponível na plataforma. 
Mensageiro – Ferramenta de troca de mensagens dentro da plataforma. 
Tutorial de uso da ferramenta disponível na plataforma.Webmail – Ferramenta de envio de mensagens para os endereços eletrônicos 
das pessoas envolvidas no processo de ensino-aprendizagem. Tutorial de uso 
da ferramenta disponível na plataforma. 
Esteja atento às atividades propostas. A maioria deve ser registrada no 
Memorial. Você encontrará essa indicação em cada uma delas. Mas há também 
atividades em grupo realizadas por meio das ferramentas Grupo de Projeto 
e Fórum.
Esteja atento ao Calendário de Atividades e aos avisos disponibilizados na 
plataforma e/ou enviados a você por meio da ferramenta Mensageiro ou por 
e-mail.
Sempre que necessitar solicite esclarecimentos e ajuda aos tutores.
Conte sempre conosco.
Bons estudos.
Provocação11Metodologia da Pesquisa e Produção Científica 
 Provocação
Leia o texto que se segue, de autoria de Rubem Alves e, em seguida, realize as 
atividades propostas.
O senso comum e a ciência
“A ciência nada mais é que o senso comum refinado e disciplinado.”
G. Myrdal
O que é que as pessoas comuns pensam quando as palavras ciência ou cientista 
são mencionadas? Faça você mesmo um exercício. Feche os olhos e veja que 
imagens vêm à sua mente.
As imagens mais comuns são as seguintes:
• o gênio louco, que inventa coisas fantásticas;
• o tipo ex-cêntrico, excêntrico, fora do centro, manso, distraído;
• o indivíduo que pensa o tempo todo sobre fórmulas incompreensíveis 
ao comum dos mortais;
• alguém que fala com autoridade, que sabe sobre que está falando, a 
quem os outros devem ouvir e ... obedecer.
Veja as imagens da ciência e do cientista que aparecem na televisão. Os agentes 
de propaganda não são bobos. Se eles usam tais imagens é porque eles sabem 
que elas são eficientes para desencadear decisões e comportamentos. É o que 
foi dito antes: cientista tem autoridade, sabe sobre o que está falando e os 
outros devem ouvi-lo e obedecê-lo. Daí que imagem de ciência e cientista 
pode e é usada para ajudar a vender cigarro. Veja, por exemplo, os novos 
tipos de cigarro, produzidos cientificamente. E os laboratórios, microscópios 
e cientistas de aventais imaculadamente brancos enchem os olhos e a cabeça 
dos telespectadores. E há cientistas que anunciam pasta de dente, remédios 
para caspa, varizes, e assim por diante.
O cientista virou um mito. E todo mito é perigoso, porque ele induz o 
comportamento e inibe o pensamento. Este é um dos resultados engraçados (e 
trágicos) da ciência. Se existe uma classe especializada em pensar de maneira 
correta (os cientistas), os outros indivíduos são liberados da obrigação de 
pensar e podem simplesmente fazer o que os cientistas mandam. Quando o 
médico lhe dá uma receita você faz perguntas? Sabe como os medicamentos 
funcionam? Será que você se pergunta se o médico sabe como os medicamentos 
funcionam? Ele manda, a gente compra e toma. Não pensamos. Obedecemos. 
Não precisamos pensar, porque acreditamos que há indivíduos especializados 
e competentes em pensar. Pagamos para que ele pense por nós. E depois ainda 
dizem por aí que vivemos em uma civilização científica... O que eu disse dos 
médicos você pode aplicar a tudo. Os economistas tomam decisões e temos 
de obedecer. Os engenheiros e urbanistas dizem como devem ser as nossas 
cidades, e assim acontece. Dizem que o álcool será a solução para que nossos 
automóveis continuem a trafegar, e a agricultura se altera para que a palavra 
dos técnicos se cumpra. Afinal de contas, para que serve a nossa cabeça? 
Ainda podemos pensar? Adianta pensar?
Provocação12Metodologia da Pesquisa e Produção Científica 
Antes de mais nada é necessário acabar com o mito de que o cientista é uma 
pessoa que pensa melhor do que as outras. O fato de uma pessoa ser muito 
boa para jogar xadrez não significa que ela seja mais inteligente do que os não-
jogadores. Você pode ser um especialista em resolver quebra-cabeças. Isto não 
o torna mais capacitado na arte de pensar. Tocar piano (como tocar qualquer 
instrumento) é extremamente complicado. O pianista tem de dominar uma 
série de técnicas distintas – oitavas, sextas, terças, trinados, legatos, staccatos 
– e coordená-las, para que a execução ocorra de forma integrada e equilibrada. 
Imagine um pianista que resolva especializar-se (note bem esta palavra, um dos 
semideuses, mitos, ídolos da ciência!) na técnica dos trinados apenas. O que 
vai acontecer é que ele será capaz de fazer trinados como ninguém – só que ele 
não será capaz de executar nenhuma música. Cientistas são como pianistas que 
resolveram especializar-se numa técnica só. Imagine as várias divisões da ciência 
– física, química, biologia, psicologia, sociologia – como técnicas especializadas. 
No início pensava-se que tais especializações produziriam, miraculosamente, 
uma sinfonia. Isto não ocorreu. O que ocorre, freqüentemente, é que cada 
músico é surdo para o que os outros estão tocando. Físicos não entendem os 
sociólogos, que não sabem traduzir as afirmações dos biólogos, que por sua 
vez não compreendem a linguagem da economia, e assim por diante.
A especialização pode transformar-se numa perigosa fraqueza. Um animal que 
só desenvolvesse e especializasse os olhos se tornaria um gênio no mundo das 
cores e das formas, mas se tornaria incapaz de perceber o mundo dos sons e 
dos odores. E isto pode ser fatal para a sobrevivência.
O que eu desejo que você entenda é o seguinte: a ciência é uma especialização, 
um refinamento de potenciais comuns a todos. Quem usa um telescópio ou 
um microscópio vê coisas que não poderiam ser vistas a olho nu. Mas eles nada 
mais são que extensões do olho. Não são órgãos novos. São melhoramentos 
na capacidade de ver, comum a quase todas as pessoas. Um instrumento 
que fosse a melhoria de um sentido que não temos seria totalmente inútil, 
da mesma forma como telescópios e microscópios são inúteis para cegos, e 
pianos e violinos são inúteis para surdos.
A ciência não é um órgão novo de conhecimento. A ciência é a hipertrofia de 
capacidades que todos têm. Isto pode ser bom, mas pode ser muito perigoso. 
Quanto maior a visão em profundidade, menor a visão em extensão. A tendência 
da especialização é conhecer cada vez mais de cada vez menos.
A aprendizagem da ciência é um processo de desenvolvimento progressivo do 
senso comum. Só podemos ensinar e aprender partindo do senso comum de 
que o aprendiz dispõe.
A aprendizagem consiste na manutenção e modificação de capacidades ou 
habilidades já possuídas pelo aprendiz. Por exemplo, na ocasião em que uma 
pessoa que está aprendendo a jogar tênis tem a força física para segurar a 
raquete, ela já desenvolveu a coordenação inata dos olhos com a mão, a ponto 
de ser capaz de bater na bola com a raquete. Na verdade, com a prática ela 
aprende a bater melhor na bola. . . Mas bater na bola com a raquete não é parte 
do aprendizado do jogo de tênis. Trata-se, ao contrário, de uma habilidade que 
o jogador possui antes de sua primeira lição e que é modificada na medida em 
que ela aprende o jogo. É o refinamento de uma habilidade já possuída pela 
pessoa. (David A. Dushki (org.). Psychology Today – An Introduction. p. 65).
[...]
O que é o senso comum?
Prefiro não definir. Talvez simplesmente dizer que senso comum é aquilo que 
não é ciência e isto inclui todas as receitas para o dia-a-dia, bem como os 
ideais e esperanças que constituem a capa do livro de receitas.
E a ciência? Não é uma forma de conhecimento diferente do senso comum. 
Não é um novo órgão. Apenas uma especialização de certos órgãos e um 
controle disciplinado do seu uso.
Você é capaz de visualizar imagens? Então pense no senso comum como as 
pessoas comuns. E a ciência? Tome esta pessoa comum e hipertrofie um dos 
seus órgãos, atrofiando os outros. Olhos enormes, nariz e ouvidos diminutos. 
A ciência é uma metamorfose do senso comum. Sem ele, ela não pode existir. 
E esta é a razão por quenão existe nela nada de misterioso ou extraordinário.
Extraído de: 
ALVES, Rubem. Filosofia da Ciência: introdução ao jogo e a suas regras. Disponível 
em: <http://www.livrosparatodos.net/downloads/filosofia-da-ciencia.html>. Acesso 
em: 27 jun. 2008.
Provocação13Metodologia da Pesquisa e Produção Científica 
 Para refletir 1
Que reflexões o texto lhe sugere?
 Memorial
Registre suas reflexões no Memorial.
 Você é o autor 1
Redija um pequeno texto a respeito da sua visão da Ciência.
 Memorial
Publique seu texto no Memorial.
 Leia, assista ou acesse
A obra completa de Rubem Alves está disponível para download em: 
http://www.livrosparatodos.net/downloads/filosofia-da-ciencia.html.
http://www.igeo.ufrj.br/gruporetis/tecnica/modules/wfdownloads/
singlefile.php?cid=1&lid=34
UNIDADE 1 – Conhecimento e Ciência 14
UNIDADE 1 – Conhecimento e Ciência
 Texto único – O conhecer e os tipos 
de conhecimento
 
O que você pensa disto?
• O que é conhecer?
• Quais os tipos de 
conhecimento usados 
para explicar o mundo?
 Memorial
Registre sua resposta no 
Memorial.
Para iniciar precisamos nos fazer o seguinte 
questionamento: “O que é conhecer? O que 
é conhecimento? Como conhecemos? Estas 
questões são muito complexas, constituindo 
o centro de um ramo da Filosofia, a 
Epistemologia ou Teoria do Conhecimento. 
Para fins didáticos desta disciplina, vamos 
adotar aqui uma visão mais simples e direta 
deste conceito, apresentada por Cervo e 
Bervian (2002, p. 7): 
conhecer “é uma relação que se estabelece entre o sujeito que 
conhece e o objeto conhecido...” 
O produto dessa relação é uma forma de apropriação da realidade a que 
denominamos de conhecimento.
Aranha e Martins (2003, p.52) afirmam que o conhecimento consiste no:
esforço psicológico pelo qual procuramos nos apropriar intelectualmente 
dos objetos. Quando falamos em conhecimento podemos nos referir ao 
ato de conhecer ou ao produto do conhecimento: o primeiro diz respeito 
à relação que se estabelece entre a consciência que conhece e o objeto a 
ser conhecido, enquanto o segundo é o que resulta do ato de conhecer, 
ou seja, o conjunto de saberes acumulados e recebidos pela tradição.
Observe a seguinte cena:
Como explicá-la? Você poderia dizer que:
1
TEXTO ÚNICO – O conhecer e os tipos de conhecimento15UNIDADE 1 – Conhecimento e Ciência 
• trata-se de um desocupado, que não quer nada com a vida;
• trata-se de vítima do sistema capitalista que exclui grande parcela da 
população do acesso aos bens de consumo, conforme o demonstram 
as pesquisas X e Y;
• se encontra assim para aprimoramento espiritual, pois essa é a vontade 
de Deus;
• ele não quer ou não tem uma casa para morar;
• está em situação difícil por castigo de Deus, em função de ter se 
comportado mal, conforme o salmo...;
• é vítima da exclusão social; 
• é preciso entender em que consiste a exclusão social, a miséria e suas 
causas etc.
Essas considerações remetem a vários tipos de conhecimento. Existem diversos 
caminhos e respostas que utilizamos para conhecer a realidade. Podemos 
classificar as respostas ao questionamento que fizemos anteriormente em 
quatro tipos de conhecimento: o conhecimento sensível (empírico, vulgar ou 
de senso comum); o conhecimento religioso, o conhecimento filosófico e o 
conhecimento científico. Vejamos. 
• Explicações de senso comum: trata-se de um desocupado, que não 
quer nada com a vida; que ele está naquela situação porque não quer 
ou não tem uma casa para morar;
• Explicações de cunho religioso: que se encontra assim para aprimorar-
se espiritualmente, pois essa é a vontade de Deus; que está em 
situação difícil por castigo de Deus, em função de ter se comportado 
mal, conforme o salmo...;
• Explicações de caráter científico: trata-se de vítima do sistema 
capitalista que exclui grande parcela da população do acesso aos bens 
de consumo, conforme o demonstram as pesquisas X e Y; que é vítima 
da exclusão social; 
• Explicações de caráter filosófico: que é preciso entender em que 
consiste a exclusão social, a miséria e suas causas etc.
Para Cervo e Bervian (2002, p. 7) se usarmos o caminho dos sentidos teremos 
um conhecimento sensível. Esse tipo de conhecimento é “encontrado tanto nos 
animais quanto no homem”. Quando pretendemos um tipo de conhecimento 
que não é sensível, a exemplo de “conceitos, verdades, princípios e leis, temos 
um conhecimento intelectual”.
Conhecimento empírico ou de senso comum
O conhecimento empírico, também conhecido como vulgar ou de senso comum, 
é normalmente adquirido nas vivências do dia-a-dia, por meio de ensaios e 
tentativas que resultam em erros e acertos. Assim, conhecemos o fato e sua 
ordem aparente, encontramos explicações concernentes à razão de ser das 
coisas e das pessoas. Trata-se de conhecimentos adquiridos independentemente 
de estudos, pesquisas ou aplicações de métodos, transmitidos entre as pessoas, 
de geração para geração como verdade, muitas vezes como parte das antigas 
tradições. Como exemplo deste conhecimento, podemos citar a utilização de 
determinadas ervas como medicamentos, sob a forma de chás e/ou emplastos 
para tratamentos de saúde.
Bochensky, (1961, apud Cervo e Bervian, 2002 p.7) afirma que: 
Nossas possibilidades de conhecimento são muito, e até tragicamente, 
pequenas. Sabemos pouquíssimo e, aquilo que sabemos, sabemo-lo 
muitas vezes superficialmente, sem grande certeza. A maior parte de 
nosso conhecimento somente é provável. Existem certezas absolutas, 
incondicionais, mas estas são raras. 
TEXTO ÚNICO – O conhecer e os tipos de conhecimento16UNIDADE 1 – Conhecimento e Ciência 
O conhecimento popular tem como objetivo encontrar respostas imediatas 
para os problemas do dia-a-dia, abordando qualquer tema. São utilizados os 
sentidos, a memória e até a fé.
Conhecimento religioso ou teológico
Uma outra classe de explicações que usamos 
com freqüência para entender a realidade 
é o conhecimento religioso. Esse é o tipo de 
conhecimento que procura compreender 
as divindades e seus poderes, para explicar 
os fenômenos naturais e sociais. Para isso, 
estuda-se e procura-se aplicar a palavra das 
divindades. De acordo com Galiano (1986), 
quando falamos do conhecimento teológico, 
estamos nos referindo às explicações que têm 
por base qualquer crença religiosa. Segundo o 
autor: 
De modo geral, o conhecimento teológico apresenta respostas para 
questões que o homem não pode responder com os conhecimentos 
vulgar, científico ou filosófico. Assim, as revelações feitas pelos deuses ou 
em seu nome são consideradas satisfatórias e aceitas como expressões de 
verdade. Tal aceitação, porém, racional ou não, tem necessariamente de 
resultar da fé que o aceitante deposita na existência de uma divindade. 
GALIANO (1986, p. 20)
Conhecimento filosófico
Ao longo da História da Filosofia, muitos pensadores têm tratado da 
questão do conhecimento. As concepções de conhecimento modificam-
se, dependendo do contexto histórico em que vivem. Você, com certeza, já 
sabe que etimologicamente Filosofia significa amor ao conhecimento. Os 
filósofos se dedicam a conhecer a verdade: o que é, onde se encontra e como 
se alcança. Esses questionamentos referem-se ao processo de conhecimento: 
o que é conhecer, como e o que conhecemos. Vamos entender essa busca dos 
filósofos analisando o pensamento de dois filósofos gregos da Antiguidade: 
Platão e Aristóteles.
No século IV a.C. Platão, discípulo de Sócrates, 
procurava compreender se podemos ter um 
conhecimento verdadeiro sobre o mundo.
Ele concebia o universo dividido em dois 
mundos: 
• mundo sensível – da experiência 
imediata, concreta. Trata-se do 
mundo das aparências, que é como 
uma cópia deformada do mundo 
inteligível.
• mundo inteligível – das idéiasou das 
essências verdadeiras que constituem 
o Ser. Consiste no mundo do imutável, 
isto é, do que existe sempre da mesma 
forma, permanecendo inalterado. 
Segundo Platão, podemos conhecer por meio dos sentidos ou da razão. O 
conhecimento adquirido pelos sentidos é mutável, transitório e contraditório. 
Este conhecimento não é confiável, porque só nos permite conhecer o mundo 
como se apresenta em determinado momento e não na sua essência, isto é o 
Ser real. O conhecimento do Ser pode ocorrer pelo intelecto, pela razão ou 
pensamento, que alcança as idéias, isto é, a essência das coisas.
Herma de Platão – Museu 
Capitolinos – Roma
TEXTO ÚNICO – O conhecer e os tipos de conhecimento17UNIDADE 1 – Conhecimento e Ciência 
Existem, na visão de Platão, quatro graus de conhecimento: crença, opinião, 
raciocínio ou intuição intelectual. Os dois primeiros são ilusórios e os dois 
últimos possibilitam o conhecimento filosófico. É necessário exercitar o 
raciocínio para treinar e purificar o pensamento intelectualmente, de forma a 
obter as intuições das idéias verdadeiras ou essências das coisas – o Ser.
Para explicar sua visão do conhecimento, Platão desenvolveu o Mito da Caverna, 
no qual mostra como vivemos presos a um mundo ilusório pelo conhecimento 
imediato que apreendemos pelos sentidos.
Observe a imagem.
 Leia, assista ou acesse
Leia o Mito da Caverna em: 
http://www.ft.org.br/site/painel/html/mito.html
Leia a versão de Maurício de Sousa para o Mito da Caverna no seguinte 
endereço:
www.monica.com.br/comics/piteco/welcome.htm.
Fonte: http://www.xtec.es/~jortiz15/caverna.hhm
TEXTO ÚNICO – O conhecer e os tipos de conhecimento18UNIDADE 1 – Conhecimento e Ciência 
Aristóteles, conhecido filósofo grego, deixou-nos vários 
ensinamentos e dentre seus pensamentos registramos 
aqui o que mais nos chama a atenção para este inicio 
de jornada. Ele nos diz que o Ser Humano tem por 
natureza o desejo de conhecer, falando sobre o prazer 
das sensações e destacando as visuais como as mais 
prazerosas. Afirma que mesmo sem a pretensão de 
conhecer, aprendemos muito por meio dela, mais do 
que por qualquer outro sentido.
Veja, no infográfico que se segue, o processo de 
conhecimento para Aristóteles.
Aristóteles – Cópia do 
original de Lysippos 
– Museu do Louvre 
Paris – França
1o Sensações – apreendemos a realidade prazerosamente por meio dos sentidos 
e temos prazer em olhar o mundo e as coisas. Por exemplo, quando observamos 
paisagens em diversas ocasiões. Aristóteles aponta que o conhecimento se 
inicia pela apreensão dos sentidos e essas percepções provocam pequenas 
alterações no organismo, em função das informações captadas por ele.
2o Memória – guardamos os conhecimentos captados pelos sentidos. No nosso 
exemplo, captamos as variações que ocorrem na paisagem.
3o Experiência – estabelecemos associações entre os conhecimentos obtidos 
pelos sentidos e armazenados na memória, concluindo e preparando-nos para 
enfrentar novas ocorrências de seqüências de fatos afins aos conhecimentos 
anteriores. Por exemplo, captamos por meio dos sentidos que em determinado 
dia o céu ficou vermelho e o tempo esfriou. Como guardamos esse fato na 
memória, na próxima vez que o céu ficar vermelho esperaremos que venha 
o frio na seqüência. Com isso, adotamos uma medida prática que é nos 
agasalharmos.
4o Arte ou técnica – sabemos como fazer algo artística ou tecnicamente; 
conhecemos as regras de produção de algo, o porquê desse algo, suas causas. 
Esse conhecimento possibilita que ensinemos a outros como fazer algo, 
a seguir regras. Trata-se de um conhecimento não só prático, mas em que 
sabemos o que estamos fazendo e porque o que fazemos resulta num produto 
determinado. Por exemplo, dizemos que uma pessoa conhece a técnica de 
fazer uma mesa quando ela não só sabe como fazer uma mesa, mas está 
ciente de precisar seguir regras e procedimentos para obter as dimensões 
corretas, de modo que seja adequada para comer ou escrever.
5o Ciência ou saber teórico – apreendemos conceitos e princípios abstratos, 
que consistem nas leis da natureza. Trata-se da etapa mais elevada do processo 
de conhecimento, também chamada de episteme. Esse tipo de conhecimento 
contemplativo não tem um objetivo prático e sim o conhecimento da verdade. 
O desejo de conhecer é inerente ao ser humano.
Aristóteles diferente de Platão aceita a condição humana como real, ainda que 
tenhamos limitações, e reconhece que é a partir dela que construímos o nosso 
conhecimento, por meio das etapas descritas anteriormente. 
Os pensamentos dos dois filósofos mostram claramente vários níveis de 
conhecimento, considerando o empírico como a forma mais elementar de 
conhecer.
TEXTO ÚNICO – O conhecer e os tipos de conhecimento19UNIDADE 1 – Conhecimento e Ciência 
Analítica. Desenvolveram-se, a partir da Fenomenologia, diversas tendências, 
com destaque para o existencialismo. A vertente analítica deu origem a diversas 
filosofias da ciência e da linguagem.
Esperamos que essa breve síntese do desenvolvimento do pensamento filosófico 
ocidental tenha possibilitado a você perceber o quanto o nosso entendimento 
é influenciado pelo contexto em que vivemos. Cada época dessas influenciou 
os conhecimentos empíricos, religiosos, filosóficos e científicos. 
Conhecimento Científico
Se lhe fosse solicitada a indicação de formas de melhorar a performance de 
um atleta, a menos que você possua conhecimentos técnicos, construídos pelo 
método científico, provavelmente apontaria sugestões de acordo com o senso 
comum, como uma alimentação adequada, dormir bem, muito treinamento 
etc.
Com certeza trata-se de medidas que contribuem para o bom desempenho de 
um atleta. Entretanto, existem, também, recursos científicos que contribuem 
de forma mais efetiva para a performance dos esportistas, a exemplo da 
psicologia esportiva que contribui para a redução ou eliminação dos efeitos da 
ansiedade, do estresse e o aumento da auto-estima; da fisiologia aplicada aos 
treinamentos de alta performance, dentre outros.
Na matéria Doping Genético, publicada na Revista Isto É (2008), Luciana 
Sgarbi denuncia: “Equipes de Futebol, beisebol, e atletismo querem selecionar 
As explicações dos filósofos para a realidade, conforme já dissemos, variam de 
acordo com o contexto histórico, político, social etc. em que vivem. 
Na transição do pensamento grego para o medieval, encontramos 
principalmente os padres da Igreja Católica, dentre os quais o maior destaque 
foi Santo Agostinho, procurando aproximar o pensamento filosófico grego 
às idéias cristãs, movimento conhecido como Patrística. Ao longo da Idade 
Média, predominou a Escolástica, uma forma de pensar que consolidou a 
associação entre a filosofia e a teologia cristã, com seu apogeu no século XIII, 
na filosofia de Santo Tomás de Aquino (1225 – 1274).
O Renascimento, movimento cultural ocorrido 
do século XIV ao século XVII, transformou 
profundamente o pensamento moderno. O 
filósofo francês René Descartes (1596 – 1650) 
constituiu-se em um marco numa época em 
que a reflexão filosófica passou a receber 
forte influência da ciência moderna. A crença 
nas possibilidades da ciência e da razão gera 
um grande otimismo, expresso no movimento 
conhecido como Iluminismo.
Nesse período, temos o surgimento das 
sociedades denominadas de democráticas, 
que procuravam a integração das idéias de 
liberdade individual e igualdade social. Como marcos importantes desse 
período destacam-se a Revolução Francesa e a independência dos Estados 
Unidos da América. 
A Idade contemporânea inicia-se com o declínio do otimismo característico 
do pensamento moderno. O filósofo alemão Georg W. Friedrich Hegel (1770-
1831) é considerado um grande elemento de transição da Filosofia moderna 
por criar um sistema filosóficomuito vasto, que evidenciou um conjunto de 
limitações dessa etapa da história, inaugurando o pensamento contemporâneo. 
Surgem, a partir da segunda metade do século XIX, pensadores como Friedrich 
Nietzsche e Karl Marx que, com suas críticas à sociedade e ao pensamento, 
influenciam fortemente não só o desenvolvimento da Filosofia, mas, também, 
da Política, da Arte e da Ciência, entre outros. No século XX, observam-se 
claramente duas vertentes de pensamento que ainda hoje influenciam o 
pensamento de filósofos, cientistas, artistas etc.: a Fenomenologia e a Filosofia 
René Descartes
TEXTO ÚNICO – O conhecer e os tipos de conhecimento20UNIDADE 1 – Conhecimento e Ciência 
atletas através do DNA e formar craques com manipulação de genes”. Segundo 
a autora, todos os treinadores sonham em melhorar a performance de seus 
atletas, por isso vem sendo cogitada a terapia denominada Doping genético, 
haja vista os exemplos que se tem da transmissão de dotes esportivos em 
várias famílias. Assim, utilizando os conhecimentos da genética, poder-se-ia 
melhorar a performance.
É para essa modalidade que alguns times de futebol estão olhado, na 
tentativa de importar, para si, os “tratamentos genéticos” que podem 
fortalecer sobretudo os músculos dos atletas.
Equipes européias como o Manchester United, Real Madrid, Celtic e o 
San Francisco Giants pensam em contratar o cientista escocês Henning 
Wackerhage para ‘fazer testes genéticos em atletas, na busca de indícios 
de um potencial de alto nível’. Outros sonham mais longe. ‘O técnico de 
um grande time me procurou para saber se eu poderia injetar em todos 
os jogadores o gene que , em minhas experiências nos laboratórios, 
transformou camundongos em super-ratos, com músculos incrivelmente 
potentes’, diz H. Lee Sweeney, responsável pelo departamento de 
Fisiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Pensilvânia. 
(SGARBI, 2008, p.97.)
Barros e Lehfeld (2000, p.36) afirmam que:
O senso comum representa a pedra fundamental do conhecimento 
humano e estrutura a captação do mundo empírico imediato, para se 
transformar posteriormente em um conteúdo elaborado que, através do 
bom senso, poderá conduzir às soluções de problemas mais complexos 
e comuns até as formas de solução metodicamente elaboradas e que 
compõem o proceder científico.
O conhecimento científico, a exemplo da situação descrita no artigo que 
comentamos, é obtido por meio de procedimentos que permitem investigar 
a realidade, de forma organizada, tais como: classificação, comparação, 
aplicação dos métodos, análise e síntese. O pesquisador extrai do contexto 
social, ou do universo, princípios e leis que reestruturam um conhecimento 
válido e considerado universal. 
De acordo com Cordeiro (2001) é importante ressaltar que este conhecimento 
procura alcançar a verdade dos fatos, independentemente da escala de valores 
e das crenças dos cientistas, pois resulta de pesquisas metódicas e sistemáticas 
da realidade.
Hoje, a ciência é entendida como uma busca constante de explicações e de 
soluções, de revisão e de reavaliação de seus resultados, apesar dos limites 
para sua execução. Nesta busca, sempre mais rigorosa, a ciência pretende 
aproximar-se cada vez mais da verdade por meio de métodos que proporcionem 
controle sistemático e métodos de acompanhamento e revisão dos saberes 
detectados.
A ciência é um processo, em construção, de explicação da realidade que 
procura renovar-se e reavaliar-se constantemente. Para exemplificar este tipo de 
conhecimento e, continuando na mesma linha de pensamento, podemos citar 
a medicina atual, na qual vemos os pesquisadores dedicarem anos de estudos 
para chegar à identificação de um novo procedimento ou medicamento capaz 
de curar uma doença.
 Leia, assista ou acesse.
Se possível leia o artigo comentado: 
SGARBI, Luciana. Doping Genético, Revista Isto É, Rio de Janeiro, n. 2010, 
ano 31,p 96-97, mai. 2008. Disponível em: <www.terra.com.br/istoe/
edicoes/2010/artigo88185-1.htm>. 
TEXTO ÚNICO – O conhecer e os tipos de conhecimento21UNIDADE 1 – Conhecimento e Ciência 
 Para pesquisar 1
Localize exemplos de conhecimentos científicos aplicados a uma área de 
seu interesse. Discuta suas descobertas com colegas e pessoas da sua 
convivência, analisando os custos e os efeitos das descobertas sobre a vida 
da sociedade.
 Memorial
Registre no Memorial os exemplos selecionados e a síntese das discussões 
efetuadas.
 Para refletir 2
Após a leitura do artigo Os Tropeços da Razão, faça um exercício 
reflexivo e procure identificar relações com situações práticas 
conhecidas ou vivenciadas por você.
 Memorial
Registre suas reflexões no Memorial.
 Para pesquisar 2
Com base na reflexão anterior e com apoio de pesquisas bibliográficas 
e/ou de internet identifique uma situação concreta que tenha sido 
divulgada pela mídia local ou nacional.
Discuta a situação selecionada com familiares, colegas de trabalho e 
colegas do Curso.
 Memorial
Registre a situação selecionada e as principais reflexões realizadas em 
sua discussão do tema. 
 Leia, assista ou acesse
Leia o artigo Os tropeços da razão de Claudio de Moura Castro, disponível 
em: <http://veja.abril.com.br/031203/ponto_de_vista.html>.
TEXTO ÚNICO – O conhecer e os tipos de conhecimento22UNIDADE 1 – Conhecimento e Ciência 
 Você é o autor 2
Após a conclusão da atividade de pesquisa faça uma redação estabelecendo 
um paralelo entre a matéria e o artigo Os Tropeços da Razão.
 Memorial
Publique o seu trabalho no Memorial.
UNIDADE 2 – Pesquisa Científica 23
Unidade 2 – Pesquisa Científica
A ciência é uma atividade humana voltada à investigação sistemática do 
mundo em todas as suas instâncias, por meio dos sentidos e do raciocínio. 
Ela procura, classifica e relaciona fatos ou fenômenos com a intenção de 
encontrar os princípios gerais que os governam. Muitos conhecimentos do 
senso comum são validados pela ciência. A observação de objetos e ocorrências 
do dia-a-dia são suficientes para que se tenha certezas a respeito de muitos 
fatos ou fenômenos, outros, entretanto, precisam passar pelo crivo da ciência 
para se tornarem mais confiáveis. Segundo Fachin (2001, p. 15) “nota-se que 
conhecimentos tradicionais, verificáveis, foram aceitos, cooperando com várias 
descobertas científicas”. 
 Texto 1 – Ciência, metodologia e 
pesquisa 
O que você pensa disto?
• O que é pesquisa?
• O que metodologia?
 Memorial
Escreva suas respostas no 
Memorial.
A história da ciência se mistura com a história 
do método científico.
Uma cena como essa retratada 
ao lado é pouco provável, pois 
as observações do cotidiano são 
suficientes para que se perceba 
desde tenra idade que não 
tem lógica. Os conhecimentos 
científicos são sistemáticos, 
portanto ordenados segundo 
princípios lógicos e expõem 
interpretações e relações entre 
os fatos-fenômenos assim 
como a regularidade de suas 
ocorrências. 
Fachin (2001, p.22) 
afirma que “a ciência é 
sempre algo incompleto: 
acumula conhecimentos 
e está constantemente se 
renovando por meio de novas 
descobertas”.
2
TEXTO 1 – Ciência, metodologia e pesquisa24UNIDADE 2 – Pesquisa Científica 
teórica, desconsiderando a prática. Encontram-se, entretanto, nessa época, 
experiências de resgate do pensamento de Aristóteles no tocante à Física, à 
Astronomia, além dos conhecimentos de alquimia, que muito contribuíram 
para o desenvolvimento dos experimentos de laboratórios, embora proibidos, 
no início do século XIV, em bula papal.
Mattar (2008) destaca algumas conquistas importantes para a Ciência na 
Europa, na Idade Média, a exemplo do monge Roger Bacon que propunha 
o uso de lentes para melhorar a visão, embora o funcionamento dos olhos 
fosse desconhecido e da introdução do sistema hindu-arábico,a simbolização 
visual das quantidades, considerada uma conquista intelectual tão importante 
quanto o alfabeto. Em 1224, a Escola de Medicina de Salermo foi oficialmente 
reconhecida na Europa e posteriormente começaram a surgir hospitais em 
várias cidades européias.
No século XIII, desenvolveu-se, na Inglaterra, a chamada Escola de Oxford 
que foi um movimento renovador da filosofia e das ciências na Idade Média, 
capitaneado por Robert Grosseteste e seus seguidores, dentre os quais 
encontravam-se vários monges. Francis Bacon foi um seguidor da Escola de 
Oxford, alguns séculos mais tarde, e desempenhou um papel importante no 
desenvolvimento da Ciência.
Merece destaque a invenção da imprensa, no final do Renascimento, para o 
crescimento da Ciência. 
Os princípios fundamentais do método científico 
se consolidaram com o surgimento da Física nos 
séculos XVII e XVIII. Como exemplo podemos citar 
o fato de Francis Bacon, em seu trabalho Novum 
Organum (1620) – uma referência ao conjunto 
das obras de lógica de Aristóteles, denominado 
Organon – especificar um novo sistema lógico para 
melhorar o velho processo filosófico do silogismo. 
O advento da Burguesia gerou o contexto para 
a revolução científica do século XVII, que trouxe 
mudanças radicais ao pensamento moderno. De 
acordo com Aranha e Martins (2003, p. 177):
O desenvolvimento da ciência
Os primeiros indícios de método científico surgiram na Grécia Antiga e 
registros históricos mostram que no Antigo Egito já se utilizavam métodos de 
diagnóstico médico. Alexandria notabilizou-se, na Antiguidade, como o grande 
centro de estudos das diversas ciências, sendo criado lá, por volta de 300 a.C., 
o Museu de Alexandria, com laboratórios, observatórios, sala de anatomia, 
jardins botânicos e zoológicos etc. Foi a primeira instituição científica criada e 
financiada pelo estado. 
Aponta-se que um grande avanço no método científico ocorreu no começo 
da civilização islâmica, no século VII, principalmente no uso de experimentos 
para decidir entre duas hipóteses. Em Bagdá, no século VIII, foi criada a Casa 
da Sabedoria, um centro de estudos que reuniu sábios e tradutores das obras 
gregas clássicas e de obras científicas trazidas da China, Índia e Alexandria. 
Os árabes se desenvolveram muito na Astronomia, Medicina,Trigonometria, 
Ótica, Geografia, Metereologia, Geologia etc.
No mundo cristão europeu medieval, assistiu-se à tentativa de conciliar 
razão e fé. A Igreja opunha-se à difusão da ciência, numa época marcada 
por um paradigma teogônico, que colocava Deus no centro de todas as 
explicações. A herança grega, na Idade Média, restringia os estudos à base 
“Ciência consiste em 
agrupar fatos para que 
leis gerais ou conclusões 
possam ser tiradas deles”. 
Charles Darwin
TEXTO 1 – Ciência, metodologia e pesquisa25UNIDADE 2 – Pesquisa Científica 
O renascimento científico deve ser compreendido, portanto, como a 
expressão da nova ordem burguesa. Os inventos e descobertas são 
inseparáveis da nova ciência, já que para o desenvolvimento da indústria, 
a burguesia necessita de um saber que investigue as forças da natureza 
a fim de usá-las em seu benefício. A ciência não é mais submissa à 
teologia; deixa de ser um saber contemplativo, formal e finalista, para, 
indissoluvelmente ligada à técnica, servir à nova classe.
Enquanto a Antiguidade e a Idade Média tinham como 
inquestionáveis a existência do objeto e da capacidade 
do homem de conhecer; o pensamento moderno 
caracteriza-se pelo racionalismo, que levou o homem 
a duvidar da existência do próprio objeto. Temos aí 
Descartes duvidando de tudo, até que se convença da 
própria existência: “Penso, logo existo”. A dúvida é a 
base do método cartesiano. 
Galileu Galilei dedica-se a teorizar a respeito do método 
científico, o que gera a separação entre filosofia e ciência, 
que até aqui vinham entrelaçadas. O teocentrismo cede 
lugar ao antropocentrismo. Assim, o saber ativo contrapõe-
se ao saber contemplativo das eras anteriores, o homem 
encontra-se no centro das decisões e interesses.
Galileu com seus estudos ocasionou um importante 
desenvolvimento da Astronomia, que constituiu a 
principal área de avanços científicos da época, tendo 
se destacado nessa área, além dele, Copérnico, Kepler e Newton. Os estudos 
desse grupo, partindo de Galileu, deram origem à Física moderna. 
Temos à época teorias antagônicas como o Racionalismo e o Empirismo, que 
contribuem para o afastamento da visão teocêntrica.
Com a Revolução Industrial, ciência e indústria influenciam-se mutuamente. 
Surgem invenções importantes associando ciência e tecnologia, visando 
resolver os problemas surgidos nas indústrias. As ciências vão ganhando 
espaços importantes. Como exemplo temos o desenvolvimento da química, 
da física e da matemática. 
O século XX assiste à exploração de fontes diversificadas de energia. A passagem 
do uso do vapor à eletricidade representou oportunidade de importantes 
avanços na indústria e na vida das pessoas. A energia atômica revolucionou 
a visão das ciências, transformando a ciência das certezas em ciência da 
probabilidade.
A racionalidade e a consciência representam apenas uma camada da 
psique humana, que é também determinada por processos inconscientes 
e irracionais sobre os quais o ser humano não tem controle; não é possível 
prever os fenômenos nucleares, já que seus movimentos são irregulares 
e desordenados; tempo e espaço não são absolutos, mas relativos; 
o universo está em constante expansão; os átomos são estruturas 
praticamente vazias, e não maciças; a matéria é descontínua.
Por mais paradoxal que possa parecer, o intenso desenvolvimento da 
ciência, no século XX, acabará abalando a crença do ser humano num 
universo regido por leis e passível de ser conhecido em seus mínimos 
detalhes. Ao contrário, o progresso científico do século passado levou o 
ser humano a perceber que só pode compreender o mundo em que vive 
pela lei das probabilidades, por meio de aproximações que, em geral, são 
passíveis de erro. A ciência passa a conviver com a idéia de que o acaso 
desempenha papel primordial no universo, assim como o próprio ser 
humano. Deus joga dados, e a ciência não é epistemológica e tampouco 
ontologicamente neutra. (MATTAR, 2008, p. 18.)
Revolução industrial – máquina de Richard Hartmann 
Alemanha
René Descartes
Galileu Galilei
TEXTO 1 – Ciência, metodologia e pesquisa26UNIDADE 2 – Pesquisa Científica 
Pesquisa
A pesquisa consiste na execução de um conjunto de ações e de 
estratégias integradas e harmonizadas seqüencialmente, para 
a geração de conhecimento original, de acordo com certas 
exigências e condições. 
Ander-Egg (apud Lakatos, 2001, p.155) define pesquisa como “um 
procedimento reflexivo sistemático controlado e crítico, que permite descobrir 
fatos ou dados, relações ou leis, em qualquer campo do conhecimento”. O 
resultado desta busca reflexiva é conhecer verdades parciais. 
Gil (2002, p.19) também fala em “procedimento racional e sistemático” e 
acrescenta que, para ser realizada pesquisa são imprescindíveis métodos e 
caminhos técnicos, que estão entre os chamados procedimentos científicos.
Sobre este alicerce funda-se o edifício da ciência, na qual a construção dos 
conhecimentos é forjada com rigor, cuidado e parâmetros que oferecem 
segurança e legitimidade às informações descobertas. 
Podemos então concluir que 
pesquisa é toda atividade geradora de conhecimento, tecnologia 
ou patente, assim como as investigações docentes e as pesquisas 
realizadas nos Programas de Iniciação Científica, nos Trabalhos 
de Conclusão de Cursos e nos Programas de Pós-Graduação das 
Instituições de Ensino Superior.
Tipos de pesquisa
Existem diversas classificações de pesquisa, de acordo com o aspecto 
considerado. Demo (2000, p. 20-21),relata quatro tipos de pesquisa, de acordo 
com o objeto de estudo:
• Pesquisa teórica – é aquela que tem como objetivo “reconstruir 
teorias, conceitos, idéias, ideologias, polêmicas” com a finalidade de 
aprofundar os fundamentos teóricos e posteriormente aprimorar as 
práticas.
• Pesquisa metodológica – dedica-se “a inquirir métodos e 
procedimentos a serviço da cientificidade, polêmicas e paradigmas 
metodológicos, usos e abusos, tanto em âmbito mais epistemológico, 
quanto de controle empírico”;
• Pesquisa empírica – dedica-se “a tratar a face empírica e fatual 
da realidade, de preferência mensurável; produz e analisa dados, 
procedendo sempre pela via do controle empírico e fatual, cujo 
extremo já se torna empirista”;
• Pesquisa prática – relaciona-se “à práxis, ou seja à prática histórica 
em termos de usar conhecimento científico para fins explícitos de 
intervenção, nesse sentido não esconde a sua ideologia; ao contrário, 
reconstrói o conhecimento a serviço de certa ideologia, sem com isso 
necessariamente perder de vista o rigor metodológico.”
Alerta o autor que, como nenhum tipo de pesquisa é auto-suficiente , na prática 
combinamos todos eles, com predominância de um ou outro tipo.
 Leia, assista ou acesse
Leia o artigo O que é fazer pesquisa? do Prof. Gilberto Teixeira em: http://
www.serprofessoruniversitario.pro.br/ler.php?modulo=21&texto=1347.
TEXTO 1 – Ciência, metodologia e pesquisa27UNIDADE 2 – Pesquisa Científica 
 Einstein Darwin
O(s) pesquisador(es)
A pesquisa científica, de acordo com sua abrangência, pode envolver uma 
equipe de pesquisadores e auxiliares.
É importante abordarmos algumas características desejáveis na equipe de pes-
quisa ou quadro de pesquisadores. 
A pesquisa acadêmica é normalmente individual e o estudante deve se informar 
sobre as normas e procedimentos adequados para realização da atividade. No 
caso específico desse Curso o Trabalho de Conclusão de Curso – TCC é realizado 
individualmente, de acordo com o disposto na Resolução 1/2007 do Conselho 
Nacional de Educação, com assistência permanente de um orientador, tanto 
na parte metodológica quanto temática da ênfase selecionada, tendo como 
meta aprofundar e aplicar os conhecimentos.
A cada etapa, desde a escolha do tema; a definição da forma de problematizá-
lo; a escolha dos métodos e instrumentos a serem utilizados; a seleção dos 
autores e dos documentos que servirão como arcabouço teórico; a linguagem 
a ser adotada na elaboração final do documento, seja ele um relatório, uma 
monografia, uma dissertação ou uma tese, enfim, todos elementos e todo 
o percurso da pesquisa dependem do pesquisador, constituindo-se em uma 
espécie de auto-retrato. Daí a necessidade de o pesquisador/estudante ou 
grupo responsável por um projeto ou pesquisa científica estar bem sintonizado 
e possuir alguns requisitos básicos, que variam de instituição para instituição, 
e também de acordo com os objetivos do trabalho a ser realizado. 
Dentre os principais requisitos de um pesquisador destacam-se:
• Fundamentação técnico-científica; 
• Adequação das competências do pesquisador aos objetivos da 
proposta. No caso de pesquisas avançadas exige-se que o currículo do 
pesquisador esteja incluído na base de dados do CNPq – Plataforma 
Lattes;
• Dedicação – recomenda-se ao profissional que for realizar uma 
pesquisa individualmente ou em grupo, não estar participando de 
outro projeto em andamento, de forma a evitar uma sobrecarga de 
atividades e conseqüentemente um prejuízo a um ou a ambos os 
projetos;
• Produção intelectual (constante do currículo) – todo candidato a 
pesquisador deve se preocupar em manter uma produção intelectual 
constante;
• Experiência comprovada em projetos anteriores (exceção somente para 
as pesquisas realizadas no campo acadêmico e no caso de auxiliares 
de pesquisa que, via de regra, são estudantes de graduação e pós-
graduação);
• Formação em áreas de graduação e/ou pós-graduação compatíveis 
com o tema proposto.
A metodologia de Pesquisa
A Metodologia é a explicação minuciosa, detalhada, rigorosa e 
exata de toda ação desenvolvida no método (caminho) do trabalho 
de pesquisa. É a explicação do tipo de pesquisa, do instrumental 
utilizado, do tempo previsto, da equipe de pesquisadores e da 
divisão do trabalho, das formas de tabulação e tratamento dos 
dados, enfim, de tudo aquilo que se utilizou no trabalho de 
pesquisa. (BELLO, 2008, p.20)
TEXTO 1 – Ciência, metodologia e pesquisa28UNIDADE 2 – Pesquisa Científica 
O método científico pode ser utilizado de forma contínua e crescente, para 
desenvolver modelos mais úteis, precisos e abrangentes. Como exemplo 
desta afirmação podemos citar que quando Einstein desenvolveu a teoria da 
relatividade, não refutou a teoria da gravidade de Isaac Newton, e sim fez uma 
expansão daquela teoria. Vale destacar que o método científico não é uma 
receita, ele requer inteligência, imaginação, criatividade e sistematização. 
É comum ouvirmos que importantes avanços na ciência ocorreram por acaso 
ou por acidente, no entanto, o que é possível afirmar é que fatos assim 
qualificados foram parcialmente acidentais, uma vez que os responsáveis por 
estas descobertas já haviam aprendido a pensar cientificamente diante de algo 
novo e interessante. 
Os progressos da ciência são acompanhados de muitas horas de trabalho 
cuidadoso, que segue um caminho mais ou menos sistemático na busca de 
respostas a questões científicas. Esse caminho é denominado de método 
científico. 
Para que possamos afirmar que uma pesquisa é confiável torna-se necessário 
o cumprimento de alguns requisitos essenciais à sua realização. Assim, a 
metodologia de pesquisa precisa integrar a formação acadêmica de todos 
aqueles que buscam construir e desenvolver conhecimentos, podendo ser 
introduzida nos primeiros anos da formação do estudante, com metodologia 
e linguagem adequada ao nível dos alunos. Isso porque, ao contrário do que 
muitos pensam, o ensino, em qualquer nível e grau, deve apoiar-se na pesquisa 
científica como fonte de produção de novos saberes, em lugar de se restringir 
à simples reprodução do que já se encontra definido como conhecimento. 
Leia, na janela, o texto Metodologia científica.
Metodologia científica
Metodologia científica refere-se à forma como funciona o conhecimento 
científico. 
A metodologia científica tem sua origem no pensamento de Descartes, que foi 
posteriormente desenvolvimento empiricamente pelo físico inglês Isaac Newton. 
Descartes propôs chegar à verdade através da dúvida sistemática e da decomposição 
do problema em pequenas partes, características que definiram a base da pesquisa 
científica.
O Círculo de Viena acrescentou a esses princípios a necessidade de verificação e o 
método indutivo.
Karl Popper demonstrou que nem a verificação nem a indução serviam ao método 
científico, pois o cientista deve trabalhar com o falseamento, ou seja, deve fazer 
uma hipótese e testar suas hipóteses procurando não provas de que ela está certa, 
mas provas de que ela está errada. Se a hipótese não resistir ao teste, diz-se que 
ela foi falseada. Caso não, diz-se que foi corroborada. Popper provou também 
que a ciência é um conhecimento provisório, que funciona através de sucessivos 
falseamentos, ao contrário do conhecimento religioso, que trabalha com “verdades 
eternas”. No entanto, a religião não tem nenhum compromisso com a razão.
Thomas Kuhn percebeu que os paradigmas são elementos essenciais do método 
científico, sendo os momentos de mudança de paradigmas chamados de revoluções 
científicas.
Mais recentemente, a metodologia científica tem sido abalada pela crítica ao 
pensamento cartesiano elaborada pelo filósofo francês Edgar Morin. Morin propõe, 
no lugar da divisão do objeto de pesquisa em partes, uma visão sistêmica, do 
todo.Esse novo paradigma é chamado de Teoria da complexidade (complexidade 
entendida como abraçar o todo).
(Extraído de: http://pt.wikipedia.org/wiki/Metodologia_cientifica. Acesso em: 10 jun.2008.)
TEXTO 1 – Ciência, metodologia e pesquisa29UNIDADE 2 – Pesquisa Científica 
Procedimentos e características essenciais ao método 
científico
A execução de uma pesquisa com rigor científico pressupõe a escolha de um 
tema e a definição de um problema a ser investigado. Essa definição dependerá 
dos objetivos que se pretende alcançar. A partir daí elabora-se um projeto de 
pesquisa, definindo os caminhos a serem seguidos na investigação.
O método científico envolve os seguintes procedimentos básicos:
a. Caracterização do problema
O processo se inicia com a caracterização do problema delineado em dimensões 
técnicas e operacionais viáveis, delimitadas e objetivas, isto é, quantificações, 
observações e medidas que permitem delimitar a situação a ser pesquisada. 
Responde a questões tais como: O que acontece? Em que medida?
Imaginemos a seguinte situação: um acadêmico precisa elaborar um projeto 
de pesquisa no final do curso de Pedagogia e ao procurar definir o seu 
projeto observa que existem divergências entre os professores de uma Escola 
Pública, em relação à condução de atividade de educação religiosa como tema 
transversal. Propõe-se a realizar uma pesquisa visando compreender como os 
professores conduzirão esse processo e as razões que motivam suas ações.
Problema: 
A Direção da escola exige que todos os professores realizem tarefas com 
fundamentos religiosos, de acordo com uma linha previamente definida por 
ela, porém, escola pública trata-se de uma instituição laica, não cabendo 
nenhuma opção religiosa. Qual a posição do professor numa situação dessa? 
Como ele deve se comportar?
b. Estabelecimento de hipóteses
Delimitado o problema de pesquisa, o próximo passo é o estabelecimento de 
um conjunto de hipóteses a respeito da relação existente entre as variáveis, 
na forma de respostas plausíveis para o problema ou de explicações do 
fenômeno-problema, em proposições que podem ser testadas a partir de 
dados e observações levantados pelo pesquisador para servir como indicadores 
da definição de objetivos, ou seja, pressupõe um conjunto de respostas, 
explicações possíveis para as observações a respeito das questões levantadas e 
as medidas correspondentes. 
 Seguindo com o nosso exemplo, apontamos algumas prováveis hipóteses a 
serem elencadas pelo pesquisador para responder às questões: Qual a posição 
do professor nessa situação? Como ele deve se comportar?
Hipóteses
• Os professores decidem questionar a Direção da Escola e convocam uma 
reunião de professores e demais profissionais para assumirem uma posição 
única na Instituição;
• Os professores deixam de lado seus princípios éticos e assumem passivamente 
a decisão da Direção;
• Os professores simplesmente não cumprem a decisão da Direção e passam 
a conviver em constante conflito no ambiente de trabalho;
• Alguns professores assumem a posição de se desligarem da Instituição, 
utilizando o recurso da transferência.
c. Previsões
A análise das diversas hipóteses, objeto do trabalho, ocorre por meio de 
deduções lógicas, desenvolvidas conforme uma metodologia científica que 
responde à questão: como fazer?, de forma coerente com os cenários da 
pesquisa, os recursos disponíveis para sua execução e a finalidade ou aplicação 
esperada dos resultados. 
Essa etapa gera um conjunto de ações planejadas com base nas deduções 
realizadas.
Exemplo:
O pesquisador analisa as hipóteses e deduz que no corpo docente da escola 
há professores que: 
• preferem não tratar da questão religiosa;
• preferem abordar a questão religiosa de acordo com a própria opção;
TEXTO 1 – Ciência, metodologia e pesquisa30UNIDADE 2 – Pesquisa Científica 
• não gostam de ser coagidos, independente de aprovarem ou não a opção 
da direção;
• não possuem opinião formada e preferem seguir o grupo etc.
Com base nas deduções define que para realização da pesquisa é importante 
utilizar o método quantitativo, mesclado com o qualitativo, e o procedimento 
mais apropriado é inquirir os próprios professores a respeito de como 
acham que deve ser conduzida a educação religiosa na Escola, qual a sua 
opção religiosa, se se encontram preparados para tratar o assunto de forma 
imparcial etc. Para isso será utilizada a técnica da entrevista, pois a partir das 
respostas será possível avaliar o posicionamento dos profissionais em relação 
ao comportamento desejado pela Direção da Escola e mensurar o nível de 
satisfação da equipe.
d. Investigação / Experimentação
O trabalho científico pode envolver vários tipos de investigação. Dencker e 
Da Viá (2001) alertam para a necessidade de se conhecer as categorias de 
investigação, sua abrangência e atividades envolvidas. Podem ser utilizadas 
no trabalho científico investigações não experimentais e experimentos 
diversificados.
Conforme já discutimos, o trabalho científico tem como base um conhecimento 
do senso comum que será investigado com vistas à sua transformação em 
conhecimento científico. A investigação não experimental consiste na 
observação de experiências do cotidiano. É o caso daquela realizada com a 
finalidade de definir um problema de pesquisa, identificar possíveis hipóteses 
etc.
O procedimento conhecido como experimento consiste na 
realização de atividades controladas para testagem das hipóteses 
definidas sobre a situação proposta. 
Uma experiência científica traduz-se na montagem de uma estratégia 
concreta a partir da qual se organizam diversas ações observáveis direta ou 
indiretamente, de forma a provar a veracidade ou falseabilidade de uma dada 
hipótese, para estabelecer relações de causa e efeito entre fenômenos. Além 
de ocorrer por meio dos sentidos tátil, olfativo, gustativo, visual e auditivo a 
experiência pode envolver a utilização de todo um aparato de equipamentos 
e utensílios. Para isso, este tipo de pesquisa normalmente é desenvolvido em 
campo ou laboratórios. Este método é tido como exemplar na construção de 
conhecimentos rigorosamente verificados e cientificamente comprovados.
Podemos concluir que experimentação envolve a observação, manipulação e 
controle do efeito produzido em uma dada situação. Diante de uma situação 
nova, o cientista formula uma hipótese a partir da qual realiza o experimento, 
buscando as evidências. De posse dos resultados experimentais, o cientista 
habilita-se a fazer as elaborações teóricas.
Para maior segurança nas conclusões, toda experiência deve ser controlada, 
isto é, realizada com técnicas que permitam descartar as variáveis passíveis de 
mascarar o resultado. 
Por exemplo
o pesquisador pode concluir que não basta entrevistar os professores, sendo 
necessário também ouvir os alunos e as famílias, já que são diretamente 
interessados na questão. Para isso pode adotar questionários, realizar reuniões 
etc.
As hipóteses precisam ser válidas para observações feitas no passado, no 
presente e no futuro. As hipóteses da pesquisa do nosso exemplo devem 
continuar válidas em qualquer época, ou seja, as hipóteses devem ser 
suficientemente abrangentes para abarcar situações semelhantes, mesmo em 
momentos diferentes. 
Uma forma de validar as hipóteses do nosso exemplo seria replicar a pesquisa 
em outra escola. 
e. Descrição
O experimento precisa ser replicável, ou seja, capaz de ser reproduzido. No 
exemplo em questão, ao término da pesquisa, é necessário produzir um 
documento científico no qual se apresentem os fundamentos adotados, os 
procedimentos utilizados e os resultados obtidos. 
O caminho da experimentação pode ser sintetizado no infográfico que se 
segue. 
TEXTO 1 – Ciência, metodologia e pesquisa31UNIDADE 2 – Pesquisa CientíficaVocê é o autor 3
Escreva, com suas palavras, um conceito de metodologia.
Escolha um colega da turma, selecionando um nome na lista fornecida pelo 
Tutor e encaminhe seu conceito, por e-mail; não esquecendo de colocar no 
texto, seu nome e o espaço para seu colega colocar o dele.
Lembre-se: cada colega de turma somente poderá receber um conceito, 
portanto escolha na lista fornecida na plataforma o colega que vai analisar 
o seu conceito. 
Quando você receber o e-mail de um colega, leia o texto elaborado por ele 
e veja se está claro ou se precisa fazer algum acréscimo. Depois que fizer a 
“correção” devolva o e-mail para o autor.
Após receber de volta seu conceito, veja se você concorda com a sugestão 
do colega reformulando-o se julgar procedente.
 Memorial
Registre no Memorial o seu conceito original, as sugestões do colega, 
identificando-o, e o conceito reformulado, se for o caso.Fonte: Dencker; Da Viá, 2001, p.56.
TEXTO 1 – Ciência, metodologia e pesquisa32UNIDADE 2 – Pesquisa Científica 
 Para refletir 3
1. Existem algumas Instituições Acadêmicas que estão questionando a real 
necessidade de se colocar a disciplina Metodologia Científica nos currículos 
de seus cursos de graduação e pós-graduação. Que conseqüências 
poderiam decorrer da retirada da disciplina dos currículos?
2. O sujeito não chega vazio em um trabalho de investigação sobre um 
dado fenômeno uma vez que o pesquisador vai construindo seu olhar a 
partir de sua história (BRANDÃO, 1987, p. 87).
Você concorda com a afirmação de Brandão? 
 Memorial
Registre suas reflexões no Memorial.
TEXTO 2 – Métodos científicosUNIDADE 2 – Pesquisa Científica 33
Em outras palavras:
O método é o procedimento que permite estabelecer conclusões 
de forma objetiva, enquanto a técnica é um sistema de princípios 
e normas que auxilia na aplicação dos métodos, justificando-se 
por sua utilidade.
Portanto, o método é o procedimento que se segue para estabelecer o 
significado dos fatos e fenômenos para os quais se dirige o interesse científico, 
enquanto a técnica é o procedimento prático que se deve seguir para levar a 
cabo uma investigação.
A atividade científica é alavancada pela motivação, isto é, por uma disposição 
íntima para buscar novos caminhos e soluções. Essa motivação, em muitos 
casos, indica os caminhos a serem percorridos no processo de investigação. Por 
exemplo, na pesquisa teórica, o pesquisador está voltado para satisfazer uma 
necessidade intelectual de conhecer e compreender determinados fenômenos; 
na pesquisa aplicada, ele busca orientação prática à solução imediata de 
problemas concretos do cotidiano e assim cada método tem uma necessidade 
a ser satisfeita.
Percebe-se que a função social de uma pesquisa traz implícita a cosmovisão do 
pesquisador e também a sua maneira de conceber a ciência. 
Vamos discutir alguns métodos, iniciando pelos métodos indutivo e dedutivo, 
que “são, antes de mais nada, formas de raciocínio ou de argumentação e, 
como tais, são formas de reflexão, e não de simples pensamento.” (CERVO E 
BERVIAN, 2002, p. 31).
Método Indutivo
Indução é um processo mental que 
parte de fatos, fenômenos, dados 
particulares, suficientemente 
constatados, para deles 
extrair uma verdade geral ou 
universal, não contida nas partes 
examinadas. 
 Texto 2 – Métodos científicos
O que você pensa disto?
• Qual a diferença entre 
método e técnica?
• Quais os métodos 
científicos que você 
conhece?
 Memorial
Escreva sua resposta no 
Memorial
Vamos iniciar este texto retomando os 
conceitos de método e técnica.
• Método – consiste no caminho a 
ser seguido mediante uma série de 
operações e regras prefixadas, aptas 
para alcançar o resultado proposto;
• Técnica – é a maneira de percorrer 
esse caminho. 
O método se faz acompanhar da técnica, que 
é o instrumento que o auxilia na procura de 
determinado resultado: informação, invenção, 
tecnologia etc. 
3
TEXTO 1 – Ciência, metodologia e pesquisa34UNIDADE 2 – Pesquisa Científica TEXTO 2 – Métodos científicos34UNIDADE 2 – Pesquisa Científica 
Portanto, o método indutivo parte do particular (situação concreta) para o 
geral (teoria), ou seja, trata-se de um método empirista.
O método indutivo foi sistematizado por Francis Bacon. Seus passos são os 
seguintes:
• observação dos fatos ou fenômenos e análise 
com vistas a identificar as suas causas;
• descoberta da relação entre os fatos ou 
fenômenos, estabelecendo comparações entre 
eles.
• generalização da relação encontrada na 
etapa anterior para situações semelhantes (não 
observadas).
É importante adotar alguns cuidados ao utilizar o método indutivo: ter certeza 
de que a relação a ser generalizada é realmente essencial; certificar-se de que 
a generalização seja feita para fatos ou fenômenos idênticos aos observados e 
realizar número suficiente de análises ou experimentos de forma que a amostra 
seja representativa da população.
Método Dedutivo
O método dedutivo faz o caminho inverso ao do indutivo, ou seja, o 
racionalismo. 
Dedução é o processo mental que parte das verdades estabelecidas 
para a análise dos fatos e fenômenos particulares, verificando sua 
adequação à teoria, usando-os para comprová-la. Esse método 
parte do geral para o particular, ou seja, do corpo teórico para as 
situações concretas.
Os passos do método dedutivo são os seguintes:
• compreensão das bases teóricas (verdades universais);
• análise dos fatos e fenômenos concretos;
• estabelecimento de relação entre a teoria e os casos particulares, 
comprovando a primeira.
O uso desse método envolve cuidados dentre os quais destacamos: certificar-
se de que a explicação possui bases teóricas sólidas, aplica-se à situação 
particular analisada e estabelece relação entre as explicações e as premissas, o 
que constitui o ponto central do método.
Método Hipotético Dedutivo
Karl Raymund Popper, formulador do método 
hipotético-dedutivo, afirma consistir esse 
método na construção de conjecturas, que 
devem ser submetidas aos mais diversos testes 
possíveis: crítica intersubjetiva, controle mútuo 
pela discussão crítica, publicidade crítica e 
confronto com os fatos, para ver quais hipóteses 
sobrevivem como mais aptas na luta pela vida, 
resistindo, portanto, às tentativas de refutação 
e falseamento. 
Popper (apud Lakatos e Marconi, 1991, p.67) contestava o método indutivo, 
considerando que a indução 
Francis Bacon
Karl Raymund Popper
TEXTO 2 – Métodos científicos35UNIDADE 2 – Pesquisa Científica TEXTO 2 – Métodos científicos35
não se justifica, pois leva a volta ao infinito, na procura de fatos que a 
confirmem, ou ao apriorismo, que consiste em admiti-la como algo já 
dado como simplesmente aceito, sem a necessidade de ser demonstrada, 
justificada.
Veja, a seguir, o esquema dos passos do método hipotético-dedutivo para 
Popper, sistematizados por Lakatos e Marconi, 1991, p.67):
• Aparecimento do problema, normalmente em função de conflitos 
entre expectativas e teorias. 
• Conjectura sobre possível explicação nova, com a dedução de 
proposições a serem testadas.
• Testes de falseamento, visando refutar as proposições por meio de 
procedimentos como a experimentação e a observação. As hipóteses 
refutadas deverão ser reformuladas e testadas novamente. Se forem 
confirmadas serão consideradas provisoriamente válidas. 
Segue-se um fluxograma detalhando os passos do método, conforme proposto 
por Popper.
Fonte: Lakatos e Marconi, 1991, p.65.
TEXTO 1 – Ciência, metodologia e pesquisa36UNIDADE 2 – Pesquisa Científica TEXTO 2 – Métodos científicos36UNIDADE 2 – Pesquisa Científica 
Método Positivista
 Auguste Comte Émile Durkheim
O método positivista enfatiza que a ciência constitui a única fonte de 
conhecimento,estabelecendo forte distinção entre fatos e valores; é um método 
geral do raciocínio proveniente de todos os métodos e técnicas particulares 
(dedução, indução, observação, experiência, comparação, analogia e outros).
Os principais representantes deste método são Comte e Durkheim, ambos 
acreditam que a sociedade possa ser analisada da mesma forma que a natureza. 
Assim, a Sociologia tem como tarefa o esclarecimento de acontecimentos 
sociais constantes e recorrentes. Seu papel fundamental é explicar a sociedade 
para manter a ordem vigente.
No Brasil, temos fortes influências do positivismo e como máxima desse 
método podemos citar o emprego da frase “Ordem e Progresso” em nossa 
bandeira nacional, que foi extraída da fórmula máxima do Positivismo: “O 
amor por princípio, a ordem por base, o progresso por fim”. Essa frase tenta 
passar a imagem de que cada coisa em seu devido lugar conduziria para a 
perfeita orientação ética da vida social.
Comte propôs os seguintes passos concebidos para o método positivista: 
• observação objetiva (neutra) dos fenômenos; é preciso que o sujeito 
que produz o conhecimento coloque um limite entre ele e o objeto de 
estudo. 
• valorização exclusiva do fenômeno, ou seja, que somente pode ser 
conhecido por meio da observação e da experiência. 
• segmentação da realidade, significa a compreensão de que totalidade 
ocorre por meio da compreensão das partes que a compõem.
Método Estruturalista 
O Estruturalismo como corrente metodológica foi elaborado na França por 
meio de uma luta aberta contra o Existencialismo, representado por Sartre, e 
contra as formas de pensamento historicista, incluindo o marxismo. 
Os estruturalistas consideram que os fenômenos da vida humana não são 
inteligíveis isoladamente. Por essa razão, é necessário compreender as relações 
entre eles, ou seja, a estrutura que se encontra por detrás das variações 
particulares, constituídas pelos fenômenos. 
Assim, o método estruturalista leva em consideração, principalmente, o estudo 
das relações existentes entre os elementos. Como principais representes desse 
método podemos destacar Ferdinand Saussure e Jakobson, na Lingüística; Lévi-
Strauss, na Antropologia e Radcliffe-Brown e Althusser, na Sociologia; Piaget 
na Psicologia; Lacan, na Psicanálise.
Ferdnand de Saussure Jakobson Claude Lévi Strauss Louis Althusser
Língüística Antropologia Sociologia
TEXTO 2 – Métodos científicos37UNIDADE 2 – Pesquisa Científica TEXTO 2 – Métodos científicos37
O método estruturalista possui duas etapas: a primeira vai do concreto 
para o abstrato e, na segunda, do abstrato para o concreto, dispondo, na 
segunda etapa, de um modelo para analisar a realidade concreta dos diversos 
fenômenos. 
Sócrates criou o método da Ironia e Maiêutica, que se 
desenvolvia assim: ele fazia uma pergunta, ouvia resposta, 
perguntava de novo refutando a resposta até eliminar as 
certezas do interlocutor. Essa é a fase chamada de Ironia. 
No segundo momento, a Maiêutica, voltava perguntando 
para que o interlocutor reconstruísse seu conhecimento 
de forma mais crítica, eliminando as contradições.
Veja, na janela, uma explicação a respeito da Ironia e da 
Maiêutica.
 Leia, assista ou acesse
Em entrevista ao jornalista Paulo Moreira Leite , da revista Veja, o professor 
Claude Lévi-Strauss, aos 75 anos, fala de suas recordações do Brasil, das 
sociedades primitivas, das distorções que a seu ver sofreu o pensamento 
estruturalista e de suas peculiares idéias sobre arte moderna, além de 
manifestar um profundo ceticismo com relação ao futuro da civilização. 
Leia o conteúdo desta entrevista no seguinte endereço: http://veja.abril.
com.br/especiais/35_anos/ent_strauss.html .
Método Dialético
Friedrich Engel e Karl Marx
O conceito de dialética tem sua origem na Grécia antiga. Alguns o atribuem ao 
filósofo Zenon e outros a Sócrates. 
A palavra ironia vem do grego eironeia, que significa perguntar fingindo 
ignorar. Ironia, em grego, tem o sentido de interrogação, questionamento.
A palavra maiêutica, também de origem grega, vem de maieutiké, que 
significa relativo ao parto.
Portanto, o método de Sócrates tinha um momento de interrogação visando 
eliminar as incertezas e um momento de gestação das novas idéias.
Platão considerava dialética como sinônimo de filosofia, pois é o método mais 
eficaz de aproximação do mundo das idéias. Propunha o diálogo como técnica 
para atingir o verdadeiro conhecimento.
Aristóteles considerava dialética como a lógica do provável, do que parece 
aceitável para todos, ou para a maioria das pessoas ou para os pensadores 
mais ilustres.
Sócrates
TEXTO 1 – Ciência, metodologia e pesquisa38UNIDADE 2 – Pesquisa Científica TEXTO 2 – Métodos científicos38UNIDADE 2 – Pesquisa Científica 
Muitos outros pensadores fizeram a sua interpretação da dialética. O método 
dialético ganhou muita força na Idade Moderna com Hegel (dialética idealista) 
e Marx e Engels (dialética materialista). De acordo com os pensadores, as bases 
teóricas modificam-se, o olhar também, porém os procedimentos se mantêm.
A aplicação da dialética à investigação científica envolve uma análise objetiva 
e crítica da realidade, para aprofundar o seu conhecimento com vistas à 
transformação.
Observe que o método parte do princípio de que no universo nada está isolado, 
tudo é movimento e mudança, tudo depende de tudo. Assim, a dialética 
realiza-se pela reflexão a respeito da relação sujeito e objeto, confrontando as 
variáveis e suas contradições para chegar a uma síntese. 
Constituem categorias fundamentais do método dialético: 
• Totalidade – a compreensão do objeto de estudo só é possível se 
o considerarmos na totalidade, tendo em vista a necessidade de 
estabelecer as bases teóricas para sua transformação.
• historicidade – a contextualização do problema de pesquisa é 
essencial para sua compreensão, assim é importante, para entendê-
la, identificar o autor, sua intenção, o momento e o local da pesquisa 
etc. 
• Contradição – o método dialético sempre parte da análise crítica 
do objeto a ser pesquisado, procurando identificar as contradições 
internas em cada fenômeno estudado. Considera que só assim é 
possível encontrar as variáveis determinantes do fenômeno.
Identificam-se no método dialético os seguintes passos:
• elaboração da tese, ou seja, a afirmação inicial.
• elaboração de antítese, ou seja, de uma oposição à tese;
• elaboração da síntese, ou seja,do conflito resultante da análise da 
tese e da antítese surge a síntese. Esta, por sua vez transforma-se em 
tese para um novo ciclo, com a colocação de nova antítese resultando 
em nova síntese e assim por diante.
 Leia, assista ou acesse
Você poderá ler mais a respeito do método dialético em
http://www2.pucpr.br/reol/index.php/DIALOGO?dd1=730&dd99=view
Veremos a seguir os métodos quantitativo e qualitativo, assim classificados em 
função do tratamento dispensado aos dados de pesquisa.
Método Quantitativo 
Para Minayo e Sanches (1993, apud Teixeira, 2001, p.24) a pesquisa 
quantitativa utiliza a linguagem matemática para descrever as causas de um 
fenômeno e as relações entre variáveis. Esse método considera a realidade 
como formada por partes isoladas; não aceita outra realidade que não seja os 
fatos a serem verificados; busca descobrir as relações entre fatos e variáveis; 
visa o conhecimento objetivo; propõe a neutralidade científica; rejeita os 
conhecimentos subjetivos; adota o princípio da verificação; utiliza o método 
das ciências naturais – experimental-quantitativo – e propõe a generalização 
dos resultados obtidos. Caracterizando-se finalmente pelo emprego da 
quantificação tanto nas modalidades de coleta de informações, quanto no 
tratamento delas por meio de técnicas estatísticas.
TEXTO 2 – Métodos científicos39UNIDADE 2 –Pesquisa Científica TEXTO 2 – Métodos científicos39
Método Qualitativo
O método qualitativo contrapondo o método quantitativo, não emprega um 
referencial estatístico como base do processo de análise de um problema. 
Esse método privilegia os dados qualitativos das informações disponíveis. 
Tendo em vista a sua importância e considerando ser esse um método 
muito utilizado atualmente no meio acadêmico, vamos analisá-lo com 
mais detalhes. Primeiramente vamos entender os dados trabalhados nesse 
método.
De acordo com Patton, 1980 e Glazier, 1992 (apud Dias, 2000, p.1) 
constituem dados qualitativos:
• citações das pessoas a respeito de suas experiências
 Como exemplo podemos citar o presente estudo, em que, a todo 
instante, estamos recorrendo à técnica da citação, lembrando outros 
autores e estudiosos que já realizaram trabalhos e utilizaram os mesmos 
recursos e também já foram citados por outros autores.
• descrições detalhadas de fenômenos e comportamentos
 O exemplo mais próximo de nossa realidade, nos dias atuais, é a questão 
protagonizada pelos políticos brasileiros que passam a fazer parte dos 
noticiários nacionais com envolvimentos em escândalos financeiros, pessoais, 
éticos e morais. A comunicação hoje é muito investigativa e procura fazer 
com que os profissionais desse seguimento estejam bem sintonizados com 
os procedimentos científicos para elaborarem uma notícia completa e com 
o máximo de informações e detalhes do fato explorado.
• transcrições de trechos de documentos, correspondências, registros 
variados
 O melhor exemplo desse tipo de utilização ou técnica é o trabalho realizado 
por arqueólogos ou historiadores. Muitas vezes, passam anos a fio tentando 
montar um único documento ou traduzir um registro arcaico encontrado 
em escavações ou uma teoria não comprovada.
• gravações ou transcrições de entrevistas e discursos
 Este é o recurso mais utilizado pelos jornalistas. Quando da elaboração 
de uma matéria para veiculação nos meios de comunicação, eles são 
compelidos a realizar um verdadeiro trabalho científico, pois descrevem 
o problema; elaboram as hipóteses; deixam claros os objetivos e passam 
a levantar todos os dados e informações para, ao final, apresentarem ao 
público um verdadeiro trabalho científico, após a conclusão de todos os 
passos e procedimentos científicos no processo elaborativo.
• interações entre indivíduos, grupos e organizações
 Continuando na mesma linha de pensamento inicial dos exemplos, 
podemos descrever como modelo de interações entre indivíduos, grupos 
e organizações o caso dos professores que são induzidos pela Direção da 
Escola a trabalhar o tema religião de forma transversal no currículo escolar. 
A pesquisa proposta terá necessariamente de passar pelos três níveis de 
discussão.
Como características essenciais da pesquisa qualitativa podemos destacar: 
• o ambiente natural – constitui sua fonte direta de dados; 
TEXTO 2 – Métodos científicosUNIDADE 2 – Pesquisa Científica 40
termos quantitativos e sujeitos a uma interpretação ou manipulação estatística, 
com a intenção de se encontrar ou detectar relações entre eles, permitindo, 
assim, a realização de uma generalização sobre a natureza ou o significado dos 
dados analisados.
Os testes estatísticos permitem determinar numericamente tanto a probabilidade 
de acerto de uma determinada conclusão, como a margem de erro de um 
coeficiente obtido. Os procedimentos estatísticos fornecem considerável reforço 
às conclusões obtidas, sobretudo mediante experimentação, observação, 
análise e prova.
Como exemplo, podemos citar uma pesquisa entre os participantes deste curso 
de pós-graduação de educação, visando caracterizar o perfil da turma. 
O método estatístico envolve os seguintes passos:
• coleta dos dados – envolve os procedimentos de levantamento de 
informações. Normalmente se utiliza uma amostra da população 
pesquisada (cerca de 20% do universo); 
• organização – os dados coletados são organizados em intervalos;
• descrição dos dados – os dados são descritos conforme a organização 
anterior;
• Cálculo – etapa de cálculo dos coeficientes; 
• interpretação de coeficientes – a técnica da amostragem permite 
chegar a conclusões válidas e realizar previsões que se aproximam 
muito da realidade, sendo a margem de erro pequena quando se 
trabalha com a Estatística descritiva. Uma outra linha de interpretação, 
da Estatística inferencial ou indutiva, trabalha com a medida da 
margem de incerteza, fundamentada na teoria da probabilidade.
• o pesquisador – constitui o principal instrumento; 
• os dados coletados – predominantemente descritivos, conforme 
descrito anteriormente; 
• a preocupação com o processo – superior à dedicada ao produto; 
• o significado que as pessoas conferem aos objetos, acontecimentos 
e à própria vida – é objeto da atenção do pesquisador; 
f. a análise dos dados – ocorre basicamente em um processo indutivo, 
ou seja, parte-se da análise das situações particulares para chegar à 
generalização.
Uma técnica muito utilizada quando se realiza uma pesquisa com o método 
qualitativo é o estudo de caso, que será analisado no próximo texto. 
Método Estatístico
Este método, idealizado pelo estatístico social belga Quetelet, permite ao 
pesquisador extrair dados ou representações simples, a partir da análise de 
um conjunto complexo de dados. Esse método se caracteriza por promover 
uma redução de fenômenos políticos, sociológicos, econômicos, sociais etc. a 
TEXTO 2 – Métodos científicosUNIDADE 2 – Pesquisa Científica 41
 Para pesquisar 3
Pesquise na Internet exemplos de trabalhos/atividades realizados com os 
métodos descritos.
 Memorial
Registre sua pesquisa no Memorial. Não esqueça de colocar a autoria e o 
endereço dos casos selecionados.
 Para pesquisar 4
Escolha um colega da turma e, juntos, definam uma metodologia e 
elaborem uma situação em que a solução proposta utilize a metodologia 
previamente selecionada pela dupla.
 Memorial
Faça o seu registro pessoal da atividade desenvolvida, no Memorial.
TEXTO 2 – Técnicas e instrumentos de pesquisa42UNIDADE 2 – Pesquisa Científica 
O que você pensa disto?
• Quais as técnicas 
e instrumentos de 
pesquisa que você 
conhece?
 Memorial
Registre sua síntese no 
Memorial.
A abordagem normalmente é feita por amostragem e as perguntas podem ser 
feitas por telefone, correio (convencional ou eletrônico), face a face etc. 
No survey utilizam-se como instrumentos questionários e entrevistas. 
O questionário consiste em um conjunto de perguntas feitas diretamente a 
um elemento da população pesquisada e é um dos recursos mais utilizados 
para obter informações. Destacam-se as seguintes vantagens do uso do 
questionário: envolve um baixo custo; apresenta as mesmas questões para 
todas as pessoas, garante o anonimato e pode conter itens para atender a 
finalidades específicas de uma pesquisa. Quando bem elaborado e aplicado 
com critérios apresenta elevada confiabilidade nos resultados. 
Os questionários podem ser utilizados para medir atitudes, opiniões e 
comportamentos, dentre outras questões. Sua aplicação envolve alguns 
materiais simples como lápis, papel, formulários etc. Podem ser aplicados 
individualmente ou em grupos, por telefone, pelo correio e pela Internet. 
Podem ser utilizadas, na elaboração do questionário, questões abertas, 
fechadas, de múltipla escolha, de resposta numérica, ou do tipo sim ou não. 
Embora aparentemente simples, a elaboração de um questionário envolve 
conhecimentos e cuidados específicos, de forma a permitir coletar os dados 
sem tendenciosidade.
As etapas do desenvolvimento de um questionário são as seguintes: justificativa; 
definição dos objetivos; redação das questões e afirmações; definição do 
formato; pré-testee revisão final. 
É importante saber que o questionário é fruto de um constante processo de 
melhoria, de exames e revisões quantos forem necessários. Cada questão deve 
ser analisada individualmente, para verificar se é mesmo importante, se não 
é ambígua ou de difícil entendimento etc. Todas as indagações quanto ao 
conteúdo, forma, redação e seqüência devem ser feitas para cada questão. 
Uma vez concluída a revisão, feita pela equipe de pesquisa, o questionário 
estará pronto para o pré-teste.
O pré-teste consiste na aplicação do questionário, em sua versão preliminar, 
a um grupo de indivíduos com as características do público-alvo da pesquisa, 
 Texto 3 – Técnicas e instrumentos de 
pesquisa
Existe uma grande diversidade de técnicas e 
instrumentos de pesquisa. Vamos abordar aqui 
alguns dos mais utilizados.
Survey ou pesquisa ampla
O survey (pesquisa ampla) é uma 
técnica de coleta de dados por 
inquirição, na qual se formula 
perguntas para obter informações 
a respeito de atitudes, hábitos, 
motivos, opiniões. 
4
TEXTO 3 – Técnicas e instrumentos de pesquisa43UNIDADE 2 – Pesquisa Científica 
com vista a verificar a clareza e a adequação das questões. Os problemas 
detectados são analisados podendo originar mudança na redação, substituição 
ou eliminação de questões. Após a revisão originada no pré-teste, o questionário 
estará em condições de ser aplicado eficazmente na pesquisa. 
Um exemplo conhecido nacionalmente, por todos os cidadãos,de uso desse 
instrumento é o trabalho realizado pelo IBGE, quando da realização do senso 
demográfico, que atinge todos os quadrantes do território nacional brasileiro 
e o que é mais importante, atinge todas as classes sociais. 
A entrevista é usada como um instrumento de survey e também como técnica 
independente. Vamos dar a ela esse tratamento.
Entrevista
Chama-se entrevista a série de perguntas feitas por um 
entrevistador a uma pessoa ou a um grupo. Consiste em um 
contato direto, face a face.
Trata-se de uma técnica flexível de obtenção de informações qualitativas sobre 
um projeto. A entrevista requer um bom planejamento prévio e habilidade do 
entrevistador para seguir um roteiro de questionário, com possibilidades de 
introduzir variações que se fizerem necessárias durante sua aplicação. Em geral, 
a aplicação de uma entrevista requer um tempo maior do que o de respostas 
a questionários. Por isso seu custo pode ser elevado, se o número de pessoas 
a serem entrevistadas for muito grande. Em contrapartida, a entrevista pode 
fornecer uma quantidade de informações muito maior do que o questionário. 
Um dos requisitos para aplicação dessa técnica é que o entrevistador possua 
as habilidades para conduzir o processo. 
Existem dois tipos de entrevistas: estruturada e não estruturada. No primeiro 
tipo, entrevista estruturada, as perguntas seguem uma seqüência pré-
estabelecida, visando uma finalidade anteriormente determinada. No segundo 
tipo, entrevista não estruturada, as perguntas são elaboradas em torno de 
tema do interesse dos entrevistados. O entrevistador poderá explorar o tema 
de modo a obter respostas mais claras.
A realização da entrevista envolve dois passos importantes:
1o passo – planejar a entrevista: definir o objetivo; o local e o horário que 
garantam a privacidade da entrevista, pois devem ser evitadas as interrupções 
para não desviar o entrevistado do foco. Este cuidado se torna mais importante 
quando o tema da entrevista envolve questões íntimas, que devem ser tratadas 
de forma a preservar o sigilo. O planejamento deve prever, ainda, os recursos, 
a exemplo do roteiro da entrevista e de fichas para anotações.
2o passo – desenvolvimento: é importante definir a melhor forma de abordar 
o entrevistado para obter respostas verdadeiras e completas. É aconselhável 
inicialmente “bater um papo” informal com o entrevistado, a fim de deixá-lo bem 
à vontade; explicar o objetivo da entrevista e só então realizá-la, observando a 
comunicação verbal e a não verbal e fazendo anotações de aspectos essenciais, 
de forma abreviada para não desviar a atenção das respostas.
Ao longo da entrevista, é importante observar, também, cuidados tais como:
• adaptar a linguagem ao nível do entrevistado;
• evitar questões longas, perguntando uma coisa por vez; 
• manter o auto-controle;
• evitar direcionar a resposta.
Lembre-se que, são necessárias questões bem formuladas, para o sucesso 
de questionários e entrevistas. Veja, na janela, algumas orientações para a 
elaboração de perguntas.
TEXTO 3 – Técnicas e instrumentos de pesquisa44UNIDADE 2 – Pesquisa Científica 
Habilidade de formular perguntas
A pergunta é um recurso muito utilizado na maioria das profissões, porque, além 
de possibilitar interações, cria condições para que a pessoa raciocine e elabore as 
respostas. Pesquisadores, professores, médicos, vendedores, gestores etc. usam, 
freqüentemente, perguntas e a qualidade das respostas tem grande influência 
sobre suas atividades. 
Uma pergunta bem formulada possibilita ao entrevistado entender claramente o 
que está sendo perguntado e apresentar respostas também claras e completas.
As perguntas podem ser convergentes (levam a uma única resposta, previsível) ou 
divergentes, que admitem várias respostas. As perguntas convergentes apresentam 
pouco ou nenhum desafio. As divergentes envolvem processos mentais mais 
complexos. Uma pessoa hábil na formulação de perguntas consegue, na maioria 
das vezes, criar um processo divergente mesmo para as questões que apresentam 
resposta única.
Portanto, esteja atento aos seguintes pontos:
• nem todas as perguntas levam o indivíduo a pensar reflexivamente ou 
desenvolver processos mentais;
• determinados tipos de perguntas, que requerem fundamentação, 
relacionamento, análise, organização de idéias, provocam a elaboração 
mental.
Características de uma boa pergunta
As características essenciais de uma boa pergunta são as seguintes:
• concisão – usar somente palavras necessárias para expor as questões;
• clareza – usar linguagem simples e direta, perguntar uma coisa de cada 
vez;
• objetividade – ir direto ao assunto. O aluno deve entender logo o que 
está sendo perguntado;
• criatividade – fazer perguntas em tom de conversa e procurar despertar 
o interesse e a vontade de criar, de buscar soluções;
• desafio – levar a pessoa a pensar, tirar conclusões e aplicá-las.
Quando a intenção da pergunta é recuperar informações presentes na memória do 
entrevistado, a exemplo de acontecimentos, dados históricos etc., a pergunta deverá 
ser concisa, clara e objetiva; mas se quisermos que ela apresente novas soluções para 
os problemas, apresente novos usos para determinado objetivo, aplique teorias em 
novos contextos etc., a pergunta precisará conter, ainda, criatividade e desafio.
(Adaptado de Bergo, 2005 p. 25-26)
Experimentação 
A experimentação consiste em um 
conjunto de processos realizados 
para verificar as hipóteses 
estabelecidas na pesquisa.
Realiza-se a experimentação para verificar 
relações de causa e efeito entre fatos 
e fenômenos ou de antecedência e 
conseqüência. Busca comprovar se uma 
variação numa causa ou antecedente provoca 
igual variação num efeito ou conseqüência.
Veja você que se aplica na experimentação 
a lei do determinismo, a qual estabelece 
que, em circunstâncias idênticas, as mesmas 
causas devem produzir os mesmos efeitos, 
em outras palavras, as leis da natureza são 
constantes e fixas.
TEXTO 3 – Técnicas e instrumentos de pesquisa45UNIDADE 2 – Pesquisa Científica 
Cervo e Bervian (2002) relatam algumas regras propostas por Francis Bacon 
para a experimentação: 
• Alargar a experiência – aumentando gradativamente a intensidade da 
causa provável para verificar se o efeito sobre a possível conseqüência 
aumenta na mesma proporção.• Variar a experiência – aplicando a causa a outros objetos.
• Inverter a experiência – aplicando a causa contrária àquela em 
estudo, visando conferir se ocorre o efeito contrário ao esperado 
originalmente.
• Recorrer aos casos da experiência – analisando as formas 
investigadas.
Bacon aconselha a utilização de 3 tábuas para organizar o uso do método:
• a tábua de presença – para registrar as formas investigadas 
encontradas;
• a tábua de ausência ou de declinação – para anotar as situações em 
que as formas investigadas não foram encontradas;
• a tábua de comparação – para registrar as variações que as formas 
pesquisadas apresentam.
Existem várias propostas de métodos de experimentação. 
• Método das coincidências constantes, de Bacon – baseia-se no 
seguinte: dada a causa, obtém-se o efeito; alterada a causa, altera-se 
o efeito; retirada a causa, desaparece o efeito. 
• Método das coincidências constantes e coincidência solitária 
– propõe que se isole um fenômeno de todos os seus antecedentes, 
eliminando-os até que reste apenas um. Trata-se de uma proposta de 
alto rigor científico, difícil de ser alcançado.
• Métodos de exclusão, de Stuart Mill – indica um número determinado 
de combinações para se chegar à coincidência solitária. A proposta de 
Mill contém processos equivalentes às três tábuas de Bacon , além 
de um processo denominado método dos resíduos que consiste na 
separação do fenômeno dos efeitos conhecidos de determinados 
antecedentes, de forma a restar apenas o efeito dos antecedentes 
não identificados, o que facilita a sua análise.
Observe que os métodos propostos se constituem em processos complexos. O 
uso da experimentação requer que o pesquisador procure, primeiro, aprofundar 
o conhecimento a respeito do método a ser utilizado, de forma a realizar o 
experimento com a segurança e o controle necessários. 
Observação 
 
 Observação informal
A observação é uma técnica que consiste em coletar os dados 
diretamente da realidade. 
Observação formal
TEXTO 3 – Técnicas e instrumentos de pesquisa46UNIDADE 2 – Pesquisa Científica 
Segundo Barros e Lehfeld (2000, p. 61):
Observar é aplicar atentamente os sentidos a um objeto, para dele adquirir 
um conhecimento claro e preciso. É um procedimento investigativo 
de suma importância na Ciência, pois é através dele que se inicia todo 
estudo dos problemas. Portanto, deve ser exata, completa, sucessiva e 
metódica.
De acordo com Lakatos 1988 (apud Cervo e Bervian, 2002), a finalidade e 
a forma de execução a observação pode ser informal (assistemática ou 
não estruturada) ou formal (sistemática, estruturada); não-participante ou 
participante; individual, em equipe ou, ainda, laboratorial.
• Observação informal, não estruturada ou assistemática – trata-se 
da observação realizada de forma espontânea, sem uma preparação 
prévia ou instrumentos próprios. Utilizada para entender determinados 
fenômenos, conhecer pessoas em outros contextos etc. Por exemplo: 
o professor observa seus alunos em uma festa ou durante o recreio 
etc.
• Observação formal estruturada ou sistemática – trata-se da 
observação previamente programada, para a qual se estabelece o 
que deverá ser observado, mediante a preparação de instrumentos 
de observação.
• Observação não participante – é aquela em que o observador se 
mantém em posição de observador e expectador, sem se envolver 
com o objeto da observação. Em geral, esta técnica é aplicada com o 
pesquisador isento em relação às situações, fatos ou pessoas que está 
observando.
• Observação participante – é realizada com o pesquisador integrado 
ao grupo a ser estudado, como ator e observador ao mesmo tempo. 
Essa observação costuma receber críticas no meio científico por se 
considerar muito difícil assegurar a isenção do pesquisador nessa 
circunstância.
• Observação individual – realizada individualmente.
• Observação em grupo – realizada por várias pessoas 
simultaneamente.
• Observação laboratorial – ocorre em experimentos artificialmente 
organizados com vista à análise, exigindo intervenção direta do 
observador.
A observação depende muito da habilidade do pesquisador em captar 
informação por meio dos cinco sentidos, sem interferências ou julgamentos 
e registrá-las com fidelidade. Uma das vantagens dessa técnica é a de o 
pesquisador não se preocupar com as limitações das pessoas em responder 
às questões. Entretanto, é um procedimento de custo elevado e difícil de ser 
conduzido de forma confiável, principalmente, quando se trata da obtenção 
de dados sobre comportamentos que envolvem alguma complexidade.
Estudo de caso 
O Estudo de caso é uma técnica 
de pesquisa que consiste em 
analisar de forma profunda 
uma unidade concreta como: 
uma instituição, um sistema, 
um programa, uma pessoa 
etc., com vistas a conhecer essa 
unidade, a partir de uma base 
teórica consistente. 
No estudo de caso, o 
pesquisador não tem uma 
proposta de intervenção como 
procedimento de pesquisa. 
Utiliza procedimentos variados 
para analisar a unidade em estudo. 
De acordo com a finalidade básica, os estudos de caso podem ser:
TEXTO 3 – Técnicas e instrumentos de pesquisa47UNIDADE 2 – Pesquisa Científica 
• Exploratórios – têm como objetivo levantar informações preliminares 
a respeito da unidade em estudo. Nesse caso, são muito usados para 
elaboração de um projeto piloto de uma pesquisa ampla.
• Descritivos – procuram detalhar como é a unidade em estudo. 
• Analíticos – visam a problematização do seu objeto de estudo com 
vista a confrontá-lo com uma teoria existente ou propor uma nova 
teoria que possa explicá-lo.
Lüdke e André (1986, p. 123) afirmam que o estudo de caso é um tipo de 
pesquisa que apresenta características específicas tais como: 
• a busca da descoberta de algo novo, pois se baseia no pressuposto de 
que o conhecimento não é algo acabado; 
• a ênfase na “interpretação em contexto” para uma apreensão mais 
completa do fenômeno estudado; 
• a busca em retratar a realidade estudada de forma completa e 
profunda; 
• a utilização de variadas fontes de informação; 
• a revelação de experiências vicárias e a permissão de generalizações 
naturalísticas; 
• a representação dos diferentes e, às vezes, conflitantes pontos de vista 
presentes em uma situação social e; 
• a utilização de linguagem e forma mais acessível que os outros 
relatórios de pesquisa.
Análise Documental
Documento é o registro de uma informação independentemente 
da natureza do suporte que a contém.
A informação é fixada e transmitida 
por meio de suportes variados: meio 
impresso, vídeo, fotos etc. 
Veja, na janela, uma classificação dos 
documentos quanto ao gênero, isto 
é, quanto ao tipo de portador da 
informação.
Classificação dos documentos quanto ao gênero
Quanto ao gênero a classificação dos documentos é a seguinte: 
• Documentação Textual – Gênero de documento que utiliza como 
linguagem básica a palavra escrita. Envolve documentos manuscritos, 
datilografados/digitados ou impressos. Exemplos: bilhete, certidão de 
nascimento, relatório etc. 
• Documentação Audiovisual – Gênero documental que utiliza como 
linguagem básica a associação do som e da imagem. Exemplos: 
documentários que registram eventos, vistorias, espetáculos etc., em 
películas cinematográficas. Pode ser armazenada em videocassete, CD, 
DVD etc.
• Documentação Cartográfica – Documentação que tem por objeto 
registrar superfícies e estruturas. Exemplos: mapas e plantas.
• Documentação Fonográfica – Gênero documental que utiliza como 
linguagem básica o som. Exemplos: gravações de discursos, músicas, 
shows, comícios, reuniões etc. Pode ser apresentada por meio de LP, CD e 
fitas cassetes.
TEXTO 3 – Técnicas e instrumentos de pesquisa48UNIDADE 2 – Pesquisa Científica• Documentação Fotográfica – Conjunto de fotografias. Podem ser 
fotografias impressas, digitalizadas e em eslaides. Exemplos: registro de 
eventos, fotos de áreas ou objetos vitoriados, pessoas etc.
• Documentação Iconográfica – Gênero documental que utiliza como 
linguagem básica a imagem. Envolve desenhos e gravuras. Exemplos: 
cartazes, gráficos, esquemas etc.
• Documentação Micrográfica – Conjunto de documentos armazenados 
sob microformas tais como microfilmes, microfichas, isto é, documentos 
microfilmados. Exemplos: extratos bancários, registros escolares, 
documentos contábeis etc.
• Documentação Eletrônica – Conjunto de documentos digitalizados, 
isto é, passados para meio eletrônico e armazenados em computadores, 
disquetes, CD, DVD, fitas específicas. Exemplos: ofícios, relatórios, filmes, 
plantas, mapas etc.
(Extraído de: SILVA e DANTAS, 2008)
Grupo focal 
É uma técnica participativa de sondagem, pesquisa e avaliação que permite 
perceber os aspectos valorativos e qualitativos que regem um determinado 
grupo, além de colher as principais idéias e sugestões. O grupo focal tem 
por objetivo revelar experiências, sentimentos, percepções e preferências. 
Essas informações são obtidas após a colocação de perguntas previamente 
elaboradas, objetivas e que resultem em respostas concretas. Todas as respostas 
são anotadas simultaneamente por duas pessoas para se evitar possíveis erros 
de registro das informações. Ressalta-se que a espontaneidade é um fator 
fundamental para o sucesso da aplicação da técnica. A análise dos dados é 
o produto final que sistematiza os pensamentos do grupo trabalhado, suas 
percepções, idéias e principais sinalizações. O extrato de tudo isso, geralmente, 
é usado em conjunto com as informações obtidas por outros instrumentos. 
Para esta técnica devem ser seguidas algumas orientações básicas: 
a. as pessoas são convidadas para participar da discussão sobre 
determinado assunto. Normalmente, os participantes possuem alguma 
característica em comum. Por exemplo: compartilham das mesmas 
características demográficas tais como nível de escolaridade, condição 
social, ou são todos funcionários do mesmo setor de trabalho. O grupo 
de discussão informal é organizado com pequeno número de pessoas 
(no máximo quinze) para incentivar a interação entre os membros, 
com o propósito de obter informação qualitativa em profundidade; 
O trabalho de pesquisa, independente dos métodos e técnicas definidos, 
normalmente se inicia com base em análise de documentos existentes sobre o 
tema (fichas de anotações, relatórios, rascunhos de documentos). 
Ao se realizar uma análise documental tem-se uma sensível redução no tempo 
e no custo da pesquisa, além do fato de esse procedimento desenvolver-se com 
base em informações estáveis, disponíveis e que normalmente não dependem 
de conhecimentos especializados para serem coletadas. A utilização dessa 
técnica, separadamente, exige que a organização, alvo da pesquisa, tenha um 
sistema de informações bem estruturado e consistente, a fim de garantir os 
dados necessários para um sucesso na elaboração do relatório. 
 Biblioteca
Leia, na Biblioteca, o texto Técnicas de redução de texto, que apresenta 
sugestões importantes para o trabalho de análise documental.
TEXTO 3 – Técnicas e instrumentos de pesquisa49UNIDADE 2 – Pesquisa Científica 
b. os participantes de um grupo focal são incentivados a conversar 
entre si, trocando suas experiências, relatando suas necessidades, 
observações, preferências etc.; 
c. a conversação é conduzida por um moderador, cuja regra central é 
incentivar a interação entre os participantes. O moderador incentiva 
a participação de todos, evitando que um ou outro tenha predomínio 
sobre os demais, e conduz a discussão de modo que esta se mantenha 
dentro do(s) tópico(s) de interesse; 
d. cada sessão deve ter a duração de aproximadamente noventa 
minutos; 
e. a conversação concentra-se em poucos tópicos (no máximo cinco 
assuntos); 
f. o moderador tem uma agenda na qual estão delineados os principais 
tópicos a serem abordados. Esses tópicos são geralmente pouco 
abrangentes, de modo que a conversação sobre os mesmos se torne 
relevante;
g. há a presença de observador(es) externo(s), que não se manifesta (m), 
para captar reações dos participantes. 
Os passos mais importantes na condução de um Grupo Focal são: selecionar os 
participantes e escrever o guia do moderador (agenda). 
Antes de selecionar os participantes, devemos decidir de que grupo queremos 
obter informações. Públicos-alvo muito diferentes não devem ser colocados 
juntos porque um pode inibir os comentários do outro. Fatores como idade, 
posição social, posição hierárquica, conhecimento dos participantes e outras 
variáveis, podem influenciar na discussão. Os participantes podem ajustar o 
que vão dizer conforme a situação em que se encontrarem no grupo, por isso, 
a definição do grupo-alvo deve ser a mais específica possível. 
O moderador deve preparar uma agenda que descreva os principais tópicos a 
serem abordados, os quais devem ser citados durante a discussão, por meio de 
questões e pontos previamente anotados. Primeiramente devem ser discutidas 
questões de caráter geral e abordagem fácil, para permitir a participação 
imediata de todos. Esse cuidado possibilita obter envolvimento e fluidez na 
conversação. Em seguida, podem ser apresentadas questões mais específicas 
e de caráter mais analítico. As reuniões de Grupo Focal, normalmente, são 
realizadas em áreas especialmente preparadas para esse tipo de atividade. A 
sala deve ser equipada com recursos para gravação da discussão, sendo que 
esse fato deve ser comunicado aos participantes, assegurando-lhes anonimato 
e uso exclusivo das gravações para as finalidades da pesquisa. Os participantes 
também devem ser informados da existência de observadores da discussão. 
A pesquisa por meio de Grupos Focais é uma ferramenta para gerentes do 
serviço público interessados em saber mais sobre preferências específicas e 
necessidades de seus clientes e/ou empregados. Trata-se de uma técnica flexível 
e pode contribuir trazendo novas idéias.
Tecnologias avançadas para Coleta de informações
Hoje, o maior aliado dos 
pesquisadores para realização 
de pesquisa bibliográfica e/ou 
documental é o computador, 
pois com os recursos atualmente 
disponíveis e, com a rapidez com 
que novas facilidades surgem na 
rede mundial de computadores 
– Internet – é possível o acesso 
remoto e rápido a informações 
em qualquer parte do planeta. 
A interligação ocorre com a 
disponibilização de dados 
e informações, provocando 
assim uma universalização dos 
conhecimentos e propiciando 
oportunidade para que uma pesquisa contemple os mais diversificados 
pensamentos e opiniões. 
Um exemplo de pesquisa via Internet foi relatado na matéria A pílula dos 
cientistas, publicada na revista Isto É, em que a jornalista Luciana Sgarbi, 
apresenta o resultado de pesquisa realizada pela Internet, por uma conceituada 
revista britânica, a Nature, a respeito da utilização da substância Ritalina (nome 
comercial da substância metilfenidato, lançada em 1956), na comunidade 
científica, para melhorar o desempenho intelectual. 
TEXTO 3 – Técnicas e instrumentos de pesquisa50UNIDADE 2 – Pesquisa Científica 
Essa substância é muito utilizada por estudantes e cientistas para “turbinar”o 
cérebro aumentando em até 40% o nível de concentração e atenção e seu 
efeito prolonga-se por 12 horas.
 Para refletir 4
Constantemente recebemos mensagens solicitando nossa participação 
em enquetes/pesquisas a respeito dos mais variados assuntos, por e-mail 
ou quando acessamos determinadas páginas da Internet. Você acredita 
que tais resultados são confiáveis e podem servir de base para decisões 
políticas, administrativas e para fundamentaçãocientífica de novas teorias 
ou procedimentos?
 Memorial
Escreva sua resposta no Memorial.
 Leia, assista ou acesse.
Eis a referência do artigo para o caso de você se interessar em o ler.
SGARBI, Luciana. A pílula dos cientistas: porque os pesquisadores fazem 
uso de medicamento para hiperatividade na hora do trabalho. Revista ISTO 
É, Rio de Janeiro, n. 2006, ano 31, p. 94, abril, 2008.
 Leia, assista ou acesse
Atualmente encontram-se disponíveis vários endereços que contêm acessos 
de busca, dentre os quais sugerimos: 
• Allonesearch – http://www. allonesearch.com. Busca pessoas na rede.
• Alta Vista – http://br.altavista.com. Realiza busca por assuntos e 
categorias. 
• CiteSeer.Ist – http://citeseer.ist.psu.edu. Realiza busca de literatura 
científica.
• Google – http://www.google.com.br. Realiza busca por assuntos e 
categorias. Possui ferramenta especializada na busca de trabalhos 
acadêmicos, na opção mais.
• Yahoo Brasil – http://www.yahoo.com.br. 
• Star-Média – http://www.cade.com.br.
Encontram-se, também, metaferramentas que realizam as pesquisas 
simultaneamente em vários sites de busca. Veja alguns exemplos:
• Dogpile – http://www.dogpile.com realiza as buscas simultâneas no 
Google, Yahoo e Ask Jeeves)
• Metacrawler – http://www.metacrawler.com realiza buscas simultâneas 
no Google, Yahoo, About, Overture, Findwhat, Ask Jeeves, LookSmart, 
MIVA.
• Tay – http://www.tay.com.br realiza buscas simultâneas em diversas 
ferramentas nacionais ou nas ferramentas nacionais selecionadas pelo 
usuário.
A rede mundial de computadores cresce vertiginosamente a cada dia. É possível 
encontrar de tudo na Internet, porém, se não soubermos realizar a pesquisa 
podemos perder muito tempo com informações que não são relevantes para 
o nosso propósito e não encontrar as que realmente nos interessam. Caso 
você não tenha o hábito de utilizar sites de busca, leia, na janela, algumas 
orientações básicas.
TEXTO 3 – Técnicas e instrumentos de pesquisa51UNIDADE 2 – Pesquisa Científica 
Orientações para a pesquisa em sites de busca. 
Seguem-se algumas orientações simples que visam facilitar a pesquisa em sites de 
busca.
• Se precisar localizar sites, frases ou termos específicos em sua consulta 
basta digitar o trecho do site ou a frase entre aspas. Vejamos um exemplo. 
Suponhamos que você tenha ouvido o seguinte refrão de uma música: 
Pela paz a gente canta a gente berra, pela paz eu faço mais eu faço 
guerra. Para localizar informações como nome, autor, letra completa etc. 
Você coloca no site de busca o trecho entre aspas: “Pela paz a gente canta 
a gente berra, pela paz eu faço mais eu faço guerra.”
• Quando necessitar encontrar todas as palavras numa mesma página use 
+ ou e.
• Se seu interesse for localizar qualquer uma dentre as palavras digitadas 
utilize ou.
• Para eliminar palavras que não lhe interessam escreva o que procura entre 
aspas e deixe de fora o que pretende eliminar na busca. Por exemplo. 
Você quer localizar informações sobre importância da ginástica e resolve 
que não lhe interessam os sites sobre academias. Você realiza a busca da 
seguinte forma: “importância da ginástica” Academia de. 
 Leia, assista ou acesse.
Se possível, leia o artigo em:
VILLAMÉA, Luiza. Sermões plagiados: para combater cópia de homilias, 
igreja da Polônia lança livro e acena até com possibilidade de prisão. 
Revista isto É. Rio de Janeiro, n. 2010, ano 31, p. 94, maio 2008.
Em geral os sites de busca apresentam a opção busca avançada que permite 
refinar a pesquisa. 
Observe que a forma de apresentação dos resultados varia entre os sites. Alguns 
apresentam primeiramente os sites nos quais o termo ou expressão pesquisada 
aparece com maior freqüência, outros dão prioridade aos sites mais visitados.
Cabe um alerta aos estudantes ou profissionais que venham se valer dos dados 
encontrados na Internet: nem sempre as fontes citadas são confiáveis. Deste 
modo, devemos sempre ter o cuidado de checar as fontes citadas e, o que 
é mais importante, sempre mencionar o endereço do qual foram retiradas 
as informações que comporão a pesquisa, registrando também a data do 
acesso. 
Para ilustrar essa situação citamos o artigo Sermões Plagiados, de Luiza 
Villaméa, publicado na Revista Isto É, no qual a autora relata que, após a 
descoberta de que os padres estavam copiando sermões da Internet, a Igreja 
católica da Polônia tomou medidas drásticas, iniciando uma campanha de 
sensibilização entre os cerca de 28 mil padres do país. Foi lançado, na Polônia, 
o livro Plagiar ou não plagiar, com o intuito de estimular o debate a respeito 
do assunto. Os autores do livro contestam essa prática sob o argumento de 
que o sermão é um testemunho da própria fé e interrogam como se pode 
testemunhar com palavras alheias? 
TEXTO 3 – Técnicas e instrumentos de pesquisa52UNIDADE 2 – Pesquisa Científica 
 Laboratório 1
Localize, na ferramenta Grupo de Projeto, da Plataforma o seu grupo de 
trabalho, já cadastrado pelo professor e juntos elaborem um questionário 
para levantamento do perfil dos alunos matriculados nesse curso. Para 
realização desta atividade analise, o tutorial da ferramenta, disponível na 
plataforma.
Veja nas instruções a respeito da avaliação, onde e como disponibilizar o 
questonário para análise dos demais grupos.
 Fórum 
Analise os questionários desenvolvidos pelos outros grupos e apresente 
sugestões para a consolidação em um único documento.
Lembre-se, o modelo a ser criado deve seguir as orientações para formulação 
de perguntas e desenvolvimento do questionário.
Saiba como utilizar o Fórum analisando o tutorial da ferramenta que se 
encontra na plataforma.
A construção do questionário e o processo da entrevista)
Autores como Marie jahoda, com base nos trabalhos de Arthur Kornhausser e 
Paul B. Sheatsley, indicam as normas que devem ser seguidas para a elaboração 
de questionário e de entrevista, considerando o roteiro de entrevista, os 
formulários que devem ser preenchidos pelo entrevistador e o questionário. 
Basicamente, as recomendações são as seguintes:
A. Passos para a construção de questionário e/ou de entrevista:
 • Definir de forma precisa a informação que deve ser procurada.
 • Decidir, a partir de critérios técnicos, que tipo de questionário deve ser 
usado.
 • Redação de um primeiro rascunho — roteiro ou questionário piloto.
 • Revisão das perguntas.
 • Pré-teste, mediante aplicação em amostra reduzida, do roteiro ou do 
questionário piloto.
 • Nova revisão das questões em face dos resultados do pré-teste.
 • Especificação detalhada dos processos que devem ser empregados na 
aplicação.
B. Aspectos que devemos considerar na formulação das perguntas
 — Guia para construção de questionário e/ou de entrevista:
 a) Decisões referentes ao conteúdo da pergunta, levando em consideração 
os objetivos do estudo e a necessidade da informação solicitada:
 • As pessoas possuem a informação necessária para responder à 
pergunta?
Veja, na janela, o texto A construção do questionário e o processo da entrevista, 
de Dencker e Da Viá (2001).
TEXTO 3 – Técnicas e instrumentos de pesquisa53UNIDADE 2 – Pesquisa Científica 
 • O conteúdo da questão é suficientemente geral? A formulação está 
isenta de elementos que condicionam a resposta?
 • As respostas que forem obtidas exprimirão atitudes realmente gerais? 
(Ou são apenas aparentemente especfflcas?)
 • A distribuição das questões está equilibrada ou existe algum carregamento 
que leve a determinadas direções?
 • As perguntas são concretas, específicas e diretamente ligadas à 
experiência pessoal de quem responde?
 • As pessoas têm possibilidade de fornecer as informações solicitadas?
 b) Decisões referentes à redação da pergunta:
 • Existe a possibilidade de a perguntaser mal interpretada?
 • As frases utilizadas são simples e claras?
 • As alternativas propostas correspondem às alternativas possíveis?
 • A pergunta é falha, não explicitando as suposições ou as conseqüências 
não percebidas?
 • O quadro de referência utilizado é claro e uniforme para todas as pessoas 
que respondem ao questionário?
 • A pergunta está induzindo a resposta?
 • A redação da questão pode vir a despertar objeções na pessoa 
entrevistada?
 • Uma outra forma de redação poderia trazer melhores resultados?
 • Qual é a melhor maneira de fazer uma determinada pergunta? Direta ou 
indiretamente?
 c) Decisões que devem ser tomadas quanto à forma da resposta dada a 
uma determinada pergunta:
 • Qual a melhor forma de. responder: com um sinal, uma ou duas 
palavras, ou um número? A questão fica melhor formulada de modo 
aberto ou fechado?
 • No caso de o entrevistado ser solicitado a assinalar as respostas. 
qual a melhor formatação: pergunta dicotômica (escolher entre 
duas alternativas), múltipla escolha (o entrevistado pode assinalar 
mais de uma alternativa) ou escala (o entrevistado deve atribuir uma 
nota às alternativas)?
 • O pesquisador tem segurança de que as alternativas realmente 
incluem todas as possibilidades de resposta?
 • Está claro para o entrevistado como ele deverá responder? A questão 
é fácil, definida e adequada para o objetivo proposto?
 d) Decisões que devem ser tomadas quanto à ordem em que as perguntas 
são apresentadas:
 • A resposta pode ser influenciada pelo conteúdo das perguntas 
anteriores?
 • A pergunta aparece na seqüência, seguindo uma ordem natural? 
Está em ordem psicologicamente correta?
 • A pergunta é apresentada no lugar certo para despertar o interesse 
e receber atenção suficiente do entrevistado?
 • Existe possibilidade de o entrevistado resistir ao conteúdo da 
pergunta?
(Extraído de: DENCKER e DA VIÁ, 2001, p. 164-166.)

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