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Saúde Bucal Coletiva Diretrizes Curriculares Nacionais · O que são as DCN? · As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino de Graduação em Odontologia definem os princípios, fundamentos, condições e procedimentos da formação de Cirurgiões-Dentistas, estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educação, para aplicação em âmbito nacional na ORGANIZAÇÃO, DESENVOLVIMENTO e AVALIAÇÃO dos projetos pedagógicos dos Cursos de Graduação em Odontologia.. A vigente é a Resolução de 2002 · Por que as DCN são necessárias? · Contribuir para as mudanças na educação dos profissionais de Odontologia, propiciando as condições para que sejam mais capacitados a enfrentar os problemas prevalentes de saúde. · As DCN 2002 definem o perfil do CD egresso: · Generalista · Humanista · Crítico · Reflexivo · Perfil generalista · Olhar geral e amplo para o indivíduo e para a comunidade. Sair da caixinha é um exercício diário e o currículo de odontologia tem a responsabilidade de criar oportunidades para isso · Perfil humanista: “Se vamos cuidar dessa espécie, precisamos entender dessa espécie.” · Conhecimentos e competências do campo das ciências sociais e humanas. Traz o protagonismo dos aspectos relacionais, como vínculo, escuta, acolhimento. “Sinceridade relacional” · Perfil crítico: · Compreensão das realidades sociais, culturais e econômicas, para que se tenha um olhar que não seja alienado, enxergar o que não está óbvio. Cada ensino, cada aprendizagem e cada estudo é um recorte de realidade de cada professor, estudante, pesquisador. Se tratamos como absoluto, perdemos nossa capacidade crítica. · Perfil reflexivo: · Refletir diariamente sobre sua prática é um exercício e exige autoconhecimento. Errar é humano, reconhecer o erro e buscar corrigi-lo é ético · Competências e habilidades: · Atenção à saúde: A atenção à saúde se refere à responsabilidade que não se encerra com o ato técnico, mas na resolução do problema de saúde Apto a desenvolver ações de promoção, prevenção e reabilitação, tanto a nível individual quanto coletivo · Tomada de decisões: A tomada de decisões diz respeito à escolha das condutas mais adequadas Uso apropriado dos recursos, eficácia, custo efetividade da força de trabalho, de medicamentos, de equipamentos, de procedimentos e de práticas · Comunicação: Âmbito individual e coletivo. E interprofissional Comunicação verbal, não verbal e habilidades de escrita e leitura. · Liderança: No trabalho em equipe. Com compromisso, responsabilidade, empatia, gerenciamento eficaz e efetivo. · Administração e gerenciamento: Tanto da força de trabalho, dos recursos físicos e materiais e de informação · Educação permanente: Aprender continuamente e proporcionar treinamento/estágios · Produção de conhecimentos (prática do ensino odontológico): · Estágio 1: Predomínio das pesquisas na área cirúrgico restauradora e de alta tecnologia. · Estágio 2: Incluem as investigações clínico epidemiológicas e baseadas em evidências que possibilitem avaliar criticamente e redirecionar protocolos e intervenções. · Estágio 3: Desenvolvem pesquisas no campo da atenção básica e da gestão do SUS, juntamente com as anteriores, sem predomínio de uma sobre a outra. · Estrutura curricular: · Estágio 1: Ciclos clínico e básico completamente separados e organizados em disciplinas fragmentadas. · Estágio 2: Existência de disciplinas-atividades integradoras ao longo dos primeiros anos, mas mantida a organização por disciplinas e a separação entre conteúdos básicos e clínicos. · Estágio 3: Currículo majoritariamente integrado, com os conteúdos organizados em módulos. Os temas são abordados de modo que as áreas básicas funcionem como efetiva base e referência para a busca dos conhecimentos para a solução de problemas. · Mudança didático-pedagógica: · Estágio 1: Ensino centrado no professor, realizado por meio de aulas expositivas para grandes grupos de estudantes e com processos de avaliação baseados em testes e provas. · Estágio 2: Ensino realizado em pequenos grupos de no máximo 15 estudantes, adotando outras estratégias de ensino e processos de avaliação interativos, mas ainda restritos a menos de 20% da carga horária. · Estágio 3: Aprendizagem ativa com orientação tutorial permanente, desenvolvendo-se em múltiplos cenários e utilizando múltiplas fontes de conhecimento, como as bibliotecas, a comunidade, etc. Avaliação formativa e somativa de todos os aspectos da formação do estudante: conhecimentos, atitudes e habilidades · Modelo tradicional: · Formação voltada para a especialização em áreas exclusivamente técnicas · Fragmentação do indivíduo · Paradigma curativo · Profissional pouco capaz para diagnosticar problemas que fogem da sua área · Aluno como receptor passivo da ciência e o professor como o detentor do saber (ensino autoritário) · Incompreensão da realidade social · Não há enfoque no trinômio ensino-pesquisa-extensão · Prática liberal, ou seja, voltada exclusivamente para o mercado privado · Professor como único possuidor do saber · Leva a formação de especialistas que não sabem lidar com as totalidades do indivíduo e com a realidade complexa · Modelo das Diretrizes Curriculares Nacionais · Formação generalista, humanista, crítica e reflexiva · Visão do paciente em sua totalidade, considerando o contexto social · Paradigma da Promoção da Saúde · Interdisciplinaridade na atenção à saúde · Aluno ativo na sua formação, tendo o professor como facilitador do saber – metodologia ativa de aprendizagem · Adequação do profissional às necessidades da população · Valorização Da abordagem crítica · Trinômio ensino-pesquisa-extensão · Estimula a autonomia intelectual · Diversificação dos cenários de aprendizagem · Pautar-se em princípios éticos · Disciplinas no currículo integradas, sem fragmentação · Alteridade e empatia · O estado de EMPATIA denota a percepção correta sobre referências e internalizações do outro, de forma a se colocar no lugar de outrem, compreendendo os pensamentos e emoções evidenciados mediante alguma situação. · Anamnese com empatia · Escuta com empatia · A ALTERIDADE é a capacidade de enxergar o outro como um ser diferente. Em outras palavras, aceitar a condição da existência de outras opiniões, culturas, saberes, aparências e crenças, sabendo que tal virtude não se enquadra em explicações generalizantes e inflexíveis. · Fundamental utilização da alteridade no processo de formação acadêmica, bem como na relação profissional-paciente. SUS · Criação: Criado em 1988 pela Constituição Federal Brasileira, que determina que é dever do Estado garantir saúde a toda população brasileira. Nos anos 70 e 80, diversos grupos se engajaram no movimento da Reforma Sanitária, com objetivo de pensar um sistema público universal. Em 1990, ocorreu a 8ª Conferência Nacional de Saúde, onde foi aprovada a Lei Orgânica de Saúde que detalha o funcionamento do sistema e determina o direito à saúde universal e gratuita à população. O SUS é administrado de forma tripartite, e conta com recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios. · Programas: Plano Nacional de Imunização, transplante de órgãos, SAMU, INCA, Estratégia da Família etc. · Funcionamento: É mantido pelo valor do PIB anterior e o reajuste é feito pelo IPCA. O dinheiro, circulado na rede de atenção à saúde (RAS) é dividido entre: atendimento de atenção básica e média e alta complexidade. Comissão gestora bipartite é responsável pela comunicação entre estado e município. · Modelo de atenção em saúde: MODELO DA DETERMINAÇÃO SOCIAL (é interdisciplinar). Vê a saúde como pressuposto para dignidade humana e qualidade de vida, e principalmente como direito social. Entende saúde como redes de elementos sociais, econômicos e culturais O SUS opera seu modelo por meio da Atenção Primária em Saúde, a Estratégia Saúde da Família. OBS.: Já o modelo FLEXNERIANO/BIOMÉDICO é hospitalocêntrico, positivista, fragmentado, autoritário, biologicista, modelo que lucra com a doença (marketing), entende saúde como ausência de doença, foca na curae é por demanda espontânea. · Princípios: · Integralidade: trata a saúde como um todo, e pensa no indivíduo, sem esquecer da comunidade. · Equidade: trata diferentes pessoas que têm necessidades diferentes. · Universalidade: todo brasileiro tem acesso. · Descentralização: próximo de todas as pessoas. · Controle Social: garante que a população decida como o sistema funcionará (Conselhos de Saúde e Conferências de Saúde). · Desafios: · Difamação pela mídia; · Subfinanciamento; · Má gestão; · PEC do teto dos gastos (congelamento dos gastos públicos durante 20 anos); · Falha de infraestrutura. · Promoção da saúde: Saúde como produto da qualidade de vida, incluindo alimentação, nutrição, habitação, saneamento, boa educação, condições de trabalho e apoio social. E a saúde bucal está interligada. · Cárie: Ainda persiste com quadro de iniquidade na distribuição de cárie. A doença é mais concentrada entre aqueles de menor nível socioeconômico ou maior vulnerabilidade. Forte gradiente social também tem sido observado na distribuição da doença periodontal. Indivíduos que vivem em áreas menos privilegiadas apresentam piores condições gengivais. Maior incidência também do câncer de boca. · Como superar essas iniquidades? Enfrentamento da exclusão social e intervenções de saúde pública (ex.: expansão da fluoretação das águas.) · De quem é a responsabilidade? Dos próprios indivíduos, do Estado, da sociedade e dos serviços de saúde. · Modelo do SUS: · Valorização cultural · Atuação multiprofissional interdisciplinar · Valorização da pessoa como um todo · Pensamento político crítico · Valorização do centro de saúde da comunidade · Valores éticos da Promoção de Saúde: Solidariedade, justiça social, equidade, democracia, cidadania, participação e parceria. Equidade em saúde supõe, idealmente, que todos tenham uma oportunidade justa para alcançar seu potencial de saúde (reconhecimento das necessidades de populações vulneráveis). · O que é promoção em saúde? Processo de reabilitação das pessoas e da comunidade para atuar na melhoria da sua qualidade de vida e saúde, incluindo o controle sobre os determinantes da saúde (Carta de Ottawa). · Eventos históricos: · 1ª Conferência Internacional sobre Promoção de Saúde: 1986, em Ottawa no Canadá. Discutiram-se os princípios da atenção primária em saúde propondo um novo direcionamento para os modelos assistenciais. Essa conferência foi responsável pela renovação de ideias e concepções no campo das políticas públicas em saúde a nível mundial. · Carta de Ottawa: documento apresentado na 1ª Conferência Internacional. Busca contribuir com as políticas de saúde em todos os países de forma universal. Campos de ação: políticas públicas saudáveis, ambientes favoráveis à saúde, ação comunitária, desenvolvimento de habilidades e reorientação do sistema de saúde. · Relatório de Dawson: foi elaborado pelo Ministério da Saúde do Reino Unido. Um dos primeiros documentos a utilizar o conceito de atenção primária à saúde. (medicina preventiva + curativa). · Conferência de Alma Ata: aconteceu em 1978 no Cazaquistão, foi a primeira conferência internacional sobre cuidados primários à saúde. · Assembleia Mundial da OMS: 1977, na Suíça. Deu início a diversas conferências e pontos de mudança. · Relatório Lalande: 1974 na Inglaterra, crítica ao modelo biomédico e ênfase em segmentos populacionais mais vulneráveis. Classificação em elementos gerais: biologia, ambiente, estilo de vida e organização da assistência sanitária. · Bioética: Área de conhecimento que estuda tudo o que está circunscrito à vida e ao meio ambiente, no que se refere aos conflitos, aos dilemas e às questões morais e de justiça social. O modo como as coisas são X como devem ser. Principais temas da bioética: · Bioética clínica: comunicação da má notícia, segredo profissional, recusa de tratamento etc. · Início da vida: aborto, fertilização artificial, clonagem etc. · Fim de vida: eutanásia, suicídio assistido etc. · Biotecnologia: manipulação genética, uso de células tronco etc. · Animais: animais em pesquisa, como alimentos e produtos. · Pesquisa: proteção do participante, grupos vulneráveis. Bioética no currículo: Deveria ser obrigatória no campo da saúde. Precisa ser transversal, mas precisa de um núcleo específico de ensino e pesquisa. Estratégia de Saúde da Família · Saúde é multideterminada. Não é só a doença/diagnóstico que determina saúde. Determinantes: sociais, econômicos, ambientais, alimentação, moradia, saneamento básico, educação... · Saúde profissional, espiritual, mental, emocional, social e física · Territórios · Olhar, ver, observar; aproximar; entrar, conhecer, interagir, vivenciar · Planejamento estratégico · Cobertura universal X acesso universal: declaração de Alma-Ata (1978) e declaração de Astana (2018) como base. Uma unidade de saúde cobre uma determinada área · PACS: antecessor do PSF, porque alguns de seus elementos, como o enfoque na família, e não no indivíduo e o agir preventivo preparando a concepção de oferta programada, tiveram um papel central na sua constituição. · Estratégia de saúde da família (ESF): trabalha com equipes de saúde da família (profissionais) · Atribuições comuns a toda equipe: · Territorialização e mapeamento da área; · Produção do cuidado na UBS, no domicílio, nos espações comunitários. · Atualizar o cadastramento das famílias e indivíduos image2.jpeg