Prévia do material em texto
Prof. Thiago Leite, Prof. Matthaus Marçal Pavanini Cardoso 9 Política Nacional de Recursos Hídricos Direito Ambiental Carreiras Jurídicas Documento última vez atualizado em 21/11/2024 às 10:07. 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 1/69 3 12 47 66 68 Índice 9.1) Características Gerais dos Recursos Hídricos 9.2) Política Nacional de Recursos Hídricos-PNRH 9.3) Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos 9.4) Infrações e Penalidades quanto ao Uso dos Recursos Hídricos 9.5) Lista de Questões 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 2/69 Características Gerais dos Recursos Hídricos Para assistir ao vídeo correspondente, acesse o LDI. Características Gerais da Água A água é uma molécula inorgânica formada por dois átomos de hidrogênio e um átomo de oxigênio, que por meio de ligações químicas interatômicas originam a estrutura molecular conhecida oficialmente por H2O. A existência de vida em um determinado planeta está diretamente relacionada com a presença da água, formando uma relação de dependência extremada. Fato disso é a procura de resquícios de água em determinados planetas para se verificar a possível existência de forma de vida extraterrestre. Isso porque a água participa como elemento essencial do ciclo de vida de todas as espécies, seja do reino animal ou vegetal existentes em nosso planeta. Sem ela, não há que se falar em vida. São as propriedades físico-químicas da água que garantem a ela uso múltiplo e um elevado grau de importância na manutenção da vida em nosso planeta. A água tem como característica marcante sua essencialidade como elemento indispensável para as reações químicas que ocorrem nos organismos vivos sendo utilizada para a digestão, absorção e transporte de determinados nutrientes permitindo a ocorrência de uma série de transformações químicas no organismo. Seja pela sua capacidade de solubilizar outras substâncias, seja como mecanismo de regulação térmica, ela é indispensável para à manutenção da vida. A água é considerada um recurso natural e detém todos as prerrogativas e características dos bens ambientais, devendo ser regularmente gerida e protegida pelo Poder Público. Classificação das águas Para sistematizar e melhor entender alguns dispositivos legais que iremos enfrentar, é fundamental o candidato conhecer algumas classificações técnicas atinentes aos recursos hídricos, ou como preferem alguns doutrinadores, corpos d’água. Dentre as classificações ainda relevantes, temos a que diferencia as águas superficiais das águas subterrâneas. São superficiais as águas que não penetram no solo, acumulam-se na superfície, escoam e dão origem a rios, riachos, lagoas e córregos. Por esta razão, elas são consideradas uma das principais fontes de abastecimento de água potável do planeta. Ao seu turno, as águas subterrâneas são formadas pelo excedente das águas de chuvas que percorrem camadas abaixo da superfície do solo e preenchem os espaços vazios entre as rochas. Essas formações geológicas permeáveis são chamadas de aquíferos. Estes são uma reserva de água embaixo do solo, abastecida pela chuva, e funciona como uma espécie de caixa d’água que alimenta os rios. Um exemplo importante dessas águas subterrâneas é o Aquífero Alter-do-Chão, localizado nos estados do Amazonas, Pará e Amapá, considerado hoje 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 3/69 o maior do mundo em termos de volume de reserva de água, possuindo 86 mil km³ e pouco mais de 400 mil km² de área, o que daria para abastecer toda a população mundial por mais de 200 anos. Outra classificação tem como parâmetro a possibilidade de o corpo d’água está localizado no território de um país, quais sejam, as águas externas e interiores (internas). São denominadas de águas interiores aquelas que tangenciam o território físico do país e são anteriores às linhas de base, sendo estas retas que unem pontos de linhas de baixa-mar ao longo da costa, tal como indicada nas cartas marítimas de grande escala reconhecidas oficialmente, nos termos da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar de 1982 (Convenção de Montego Bay). Teremos aqui os rios, aquíferos, lagos, barragens de água e parte do mar costeiro. São águas externas ou marítimas os demais corpos d’água que estão localizados além dos limites definidos pelas linhas de base, como as águas, do mar territorial, da Zona Contígua e do Alto-Mar. O Decreto 4.136/2002, que regulamentou a Lei 9.966/2000, em seu art. 3º, definiu como águas sob jurisdição nacional as águas interiores e as águas marinhas. As águas interiores são todas: a) as compreendidas entre a costa e a linha de base reta, a partir de onde se mede o mar territorial; b) as dos portos; c) as das baías; d) as dos rios e de suas desembocaduras; e) as dos lagos, das lagoas e dos canais; f) as dos arquipélagos; g) as águas entre os baixios a descoberto e a costa. As águas marítimas, conforme o regulamento, são todas aquelas sob jurisdição nacional que não sejam interiores, a saber: a) as águas abrangidas por uma faixa de doze milhas marítimas de largura, medidas a partir da linha de base reta e da linha de baixa-mar, tal como indicada nas cartas náuticas de grande escala, reconhecidas oficialmente no Brasil (mar territorial); b) as águas abrangidas por uma faixa que se estende das doze às duzentas milhas marítimas, contadas a partir das linhas de base que servem para medir o mar territorial, que constituem a zona econômica exclusiva-ZEE; e c) as águas sobrejacentes à plataforma continental quando esta ultrapassar os limites da ZEE. 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 4/69 Diferença entre água e recurso hídrico Para o escorreito entendimento dos temas que serão abordados nesta aula é essencial entendermos a diferença de significado entre o vocábulo “água” e a expressão “recurso hídrico”. Isso porque é muito corriqueiro na doutrina e principalmente na legislação nacional a utilização das expressões como sinônimos. Doutrina majoritária entende que o vocábulo “água” não sendo vinculada a qualquer tipo de utilização é gênero e deve ser entendida como uma substância química, com elemento integrante da natureza. Ao seu turno, o termo “recurso hídrico” é a água vista como um bem econômico, que tem uma destinação específica, tendo embutido um valor de uso e de troca. O que devemos destacar é que nem toda água disponível é um recurso hídrico e há uma variabilidade em sua distribuição em nosso Planeta. Nesse sentido, a água é uma substância que está presente em todas as formas de vida e em todas as partes da Terra, nos três estados físicos da matéria, como elemento essencial para a sobrevivência dos seres vivos, mas o recurso hídrico, entendido como o um bem econômico aproveitável é bem mais difícil de ocorrer. Podemos então concluir, dentro dessa linha de raciocínio, que todo recurso hídrico é água, mas nem toda água é recurso hídrico. Por outro lado, destacamos que a legislação nacional não faz qualquer diferenciação sobre os termos, razão pela qual trataremos nesta aula do emprego deles sem qualquer espécie de distinção. Dominialidade da Água A água é um recurso ambiental e como tal é de dominialidade pública cabendo ao Poder público a regular gestão desse bem ambiental. É nesse sentido que a Lei 9.433/97 definiu, em seu art. 1º, I, a água como um bem de domínio público. 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 5/69 Questão 2022 | 4000808017 No tocante às águas, nos termos da Constituição Federal e da Lei das Águas, assinale a alternativa correta. São bens da União todas as águas super�ciais ou subterrâneas, �uentes, emergentes e em depósito. Solução Cumpre destacar os ensinamentos do professor Paulo Machado emcorpo hídrico e inferior a 40°C), para os corpos hídricos de domínio da União não relacionados no Anexo I desta Resolução, exceto quando Resolução específica da ANA dispuser em sentido diverso. os usos de recursos hídricos em corpos d’água de domínio da União destinados ao atendimento emergencial de atividade de interesse público, a depender de fundamentação técnica da ANA; os usos de recursos hídricos em corpos d’água de domínio da União de curta duração que não se estabeleçam como uso permanente, a depender de fundamentação técnica da ANA. Lembramos que na eventualidade de o Conselho Nacional de Recursos Hídricos – CNRH ter deliberado de forma diversa quanto ao tema, deverá prevalecer as normas deste e não aquelas já regulamentadas pela ANA na referida resolução. Não se aplicará a possibilidade de 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 36/69 classificação como insignificante se o comprometimento quantitativo ou qualitativo do corpo hídrico esteja acima de 95 % (noventa e cinco por cento), casos em que haverá necessidade de expedição da outorga. Mesmo que o usuário não necessite da outorga para uso da água, no caso de usos considerados insignificantes, aplicam-se as normas relativas à fiscalização por parte da ANA, assim como as penalidades correspondentes, em caso de descumprimento dos termos da Declaração de Regularidade. Casos de suspensão da outorga A Lei das Águas, em seu art. 15, prevê expressamente as hipóteses em que a outorga poderá ser suspensa parcial ou totalmente, em definitivo ou por prazo determinado, a depender do caso concreto. Independente da medida suspensiva a ser adotada, deve ser garantido o devido processo legal ao outorgado, com direito ao contraditório e a ampla defesa, devendo a decisão do órgão competente ser regularmente fundamentada com base em estudos técnicos específicos. A norma elencou as circunstâncias que ensejam a suspensão da outorga: descumprimento dos termos da outorga pelo outorgado; ausência de uso por três anos consecutivos; necessidade de água para atender a situações de calamidade, incluindo aquelas resultantes de situações climáticas adversas; necessidade de prevenir ou reverter grave degradação ambiental; necessidade de atendimento a usos prioritários (consumo humano e dessedentação de animais), de interesse coletivo, quando não se possui fontes alternativas; indeferimento ou cassação da licença ambiental; e necessidade de manutenção da navegabilidade do corpo d’água. A magnitude dessa suspensão, se total ou parcial, ou mesmo a sua temporalidade, em definitivo ou por prazo determinado, dependerá da gravidade da circunstância ensejadora da medida limitativa do direito de uso de recursos hídricos, não tendo a norma delimitado os casos de sua incidência, cabendo ao órgão responsável pela emissão da outorga a aferição qualitativa e quantitativa quanto ao grau de aplicação da medida. Outorga Preventiva. Resolução Conama 237/97 A figura da outorga preventiva é ventilada pela doutrina com o sendo uma autorização administrativa expedida pelo órgão competente de recursos hídricos objetivando servir de indicativo e elemento garantidor da existência de recursos hídricos disponíveis para o funcionamento do empreendimento que está em processo de licenciamento perante o órgão ambiental. 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 37/69 Nesse sentido, a outorga prévia é apenas um documento garantidor do uso futuro do corpo de água e instrumental no processo de licenciamento, não podendo servir como instrumento autorizativo para uso imediato dos recursos hídricos. A Resolução Conama 237/97, que ventila as regras de licenciamento ambiental de obras potencialmente poluidoras, prevê, em seu art. 10, §1º, que no procedimento de licenciamento ambiental deverá constar, obrigatoriamente, a certidão da Prefeitura Municipal, declarando que o local e o tipo de empreendimento ou atividade estão em conformidade com a legislação aplicável ao uso e ocupação do solo e, quando for o caso, a autorização para supressão de vegetação e a outorga para o uso da água, emitidas pelos órgãos competentes. Corroborando esse entendimento, o art. 7º, da Resolução 16/2001 do CNRH, determinou que a autoridade outorgante poderá emitir outorgas preventivas de uso de recursos hídricos, mediante requerimento, com a finalidade de declarar a disponibilidade de água para os usos requeridos, observado o disposto no art. 13 da Lei no 9.433, de 8 de janeiro de 1997, ratificando que a outorga preventiva não confere direito de uso de recursos hídricos e se destina a reservar a vazão passível de outorga, possibilitando, aos investidores, o planejamento de empreendimentos que necessitem desses recursos. O prazo de validade da outorga preventiva será fixado levando-se em conta a complexidade do planejamento do empreendimento, limitando-se ao máximo de três anos, findo o qual será considerado o prazo de até dois anos, para início da implantação do empreendimento objeto da outorga e de até seis anos, para conclusão da implantação do empreendimento projetado. Resolução n. 16/2001 do Conselho Nacional de Recursos Hídricos - CNRH O Conselho Nacional de Recursos Hídricos – CNRH regulamentou, por meio da Resolução n. 16/2001 a outorga do direito de uso de recursos hídricos, ratificando as normas já previstas na Lei das Águas e detalhando ainda mais as características desse instrumento da Política Nacional de Recursos Hídricos. Quanto as novidades trazidas pela norma são importantes lembrar que a outorga confere o direito de uso de recursos hídricos condicionado à disponibilidade hídrica e ao regime de racionamento, sujeitando o outorgado à suspensão da outorga, conforme já ventilado, de um modo pontual, no art. 15, da Lei 9.433/97. Destaque-se também a obrigatoriedade de o outorgado respeitar direitos de terceiros. A Resolução previu a possibilidade de transferência da outorga a terceiros, devendo o novo outorgado conservar as mesmas características e condições da outorga original podendo ser feita total ou parcialmente quando aprovada pela autoridade outorgante e será objeto de novo ato administrativo indicando o titular. O outorgado também poderá disponibilizar ao outorgante, a critério deste, por prazo igual ou superior a um ano, vazão parcial ou total de seu direito de uso, devendo o outorgante emitir novo ato administrativo. Conforme previsto no art. 16, da Lei das Águas, a outorga de direito de uso de recursos hídricos terá o prazo máximo de vigência de trinta e cinco anos, contados da data da publicação do respectivo ato administrativo. A Resolução do CNRH, estabeleceu limites de prazo quanto ao efetivo uso do consentimento. Vejamos: 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 38/69 Questão 2022 | 4000808025 A Lei federal n° 9.433/1997, que institui a Política Nacional dos Recursos Hídricos, quando trata da exploração econômica e outorga dos recursos hídricos, prevê: a vedação ao Poder Executivo Federal para delegação de competência para conceder outorga de direito de uso de recursos hídricos da União aos Estados e Distrito Federal. (1) até dois anos, para início da implantação do empreendimento objeto da outorga; e (2) até seis anos, para conclusão da implantação do empreendimento projetado. Esses prazos podem ser ampliados quando o porte e a importância social e econômica do empreendimento o justificar, ouvido o Conselho de Recursos Hídricos competente. A mensuração do prazo de vigência que será fixado na outorga para uso de recursos hídricos, deve ter como parâmetro a natureza, finalidade e do porte do empreendimento, levando-se em consideração, quando for o caso, o período de retorno do investimento, No caso de concessionárias e autorizadas de serviços públicos e de geração de energia elétrica, a outorga de direito de usode recursos hídricos vigorará por prazo coincidente com o do correspondente contrato de concessão ou ato administrativo de autorização. Há previsão na Resolução dos casos de extinção da outorga sem qualquer direito de indenização ao usuário, abrangendo os casos de morte do usuário - pessoa física; liquidação judicial ou extrajudicial do usuário - pessoa jurídica, e no caso de término do prazo de validade de outorga sem que tenha havido tempestivo pedido de renovação. No caso de morte do usuário pessoa física, os herdeiros ou inventariantes do usuário outorgado, se interessados em prosseguir com a utilização da outorga, deverão solicitar em até 180 (cento e oitenta) dias da data do óbito, a retificação do ato administrativo da portaria, que manterá seu prazo e condições originais, quando da definição do(s) legítimo(s) herdeiro(s), sendo emitida nova portaria, em nome deste(s). Por fim, a autoridade outorgante poderá delegar às Agências de Água o exercício das seguintes atividades relacionadas à outorga de uso dos recursos hídricos situados em suas respectivas áreas de atuação: I - recepção dos requerimentos de outorga; II - análise técnica dos pedidos de outorga; e III - emissão de parecer sobre os pedidos de outorga. 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 39/69 Solução Gabarito: Item errado. Nos termos do art. 14, § 1º, da Lei 9.433/97, o Poder Executivo Federal poderá delegar aos Estados e ao Distrito Federal competência para conceder outorga de direito de uso de recurso hídrico de domínio da União. Cobrança pelo Uso dos Recursos Hídricos O processo de gestão dos corpos de água por muito tempo no Brasil se resumia ao processo de intervenção estatal por meio do exercício do poder de polícia fiscalizatório das atividades desenvolvidas que utilizavam a água em seu processo produtivo. Em face de conflitos gerados pelo uso da água e pela inércia do Estado nesse processo de intervenção, houve a necessidade de reformulação do aparelho da Administração objetivando uma melhor gestão dos recursos hídricos. Nesse cenário, a intervenção estatal foi fortalecida com o incremento das atividades policiais e a predominância de instrumentos de comando e controle na condução das políticas, sobretudo ambientais, a quem cabia à administração dos principais conflitos relativos aos recursos hídricos. Essa prática guiou a política ambiental brasileira durante a década de 1970. Suas principais medidas foram concentradas na criação de unidades de conservação ambiental e no controle da poluição por meio da regulação de padrões de emissão ou lançamento de poluentes nos corpos d’água. A partir da década de 1980, com o contexto internacional apontando para uma nova relação com o ambiente tendo em vista a emergência do conceito de desenvolvimento sustentável, a política ambiental brasileira passou a incorporar novas estratégias. Os padrões de emissão de poluentes deixaram de ser meio e fim da intervenção estatal e passaram a ser instrumentos, dentre outros, de uma política apoiada em alternativas e possibilidades diversas para a consecução de metas acordadas socialmente. Os instrumentos econômicos passaram a ser propostos para complementar as lacunas dos tradicionais instrumentos de comando e controle. Surge, então, como instrumento econômico para viabilizar a escorreita gestão de recursos hídricos a cobrança pelo seu uso. Sendo um dos instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos, a cobrança pelo uso não é considerada um imposto, mas sim um preço público. Estes têm regime jurídico de direito administrativo (não é tributário) contratual decorrente da autonomia da vontade entre as partes contratantes que só enseja cobrança pelo seu efetivo uso, não tendo natureza compulsório como os tributos em geral. Importante lembrar que a outorga ou mesmo o pagamento do preço público pelo usuário, não privatiza o uso da água que é um bem público, como vimos, inalienável não estando na esfera de disponibilidade de seu usuário. 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 40/69 Um dos princípios ambientais que justifica a cobrança pelo uso da água é o princípio do usuário – pagador objetivando despertar a consciência de que a água tem valor econômico e seu uso deve ser racional, bem como para contribuir financeiramente no desenvolvimento de projetos para melhoria da gestão desses bens. É nesse sentido que a Lei 9.433/97, em seu art. 19, prevê como objetivos norteadores quanto à cobrança pelo uso de recursos hídricos: reconhecer a água como bem econômico e dar ao usuário uma indicação de seu real valor; incentivar a racionalização do uso da água; obter recursos financeiros para o financiamento dos programas e intervenções contemplados nos planos de recursos hídricos. Segundo a Lei das Águas, em seu art. 20, poderão ser cobrados os usos sujeitos à Outorga de Direito de Uso de Recursos Hídricos, criando-se, com isso, uma relação direta entre o instrumento econômico (Cobrança pelo Uso) e o instrumento de regulação ou de comando (outorga), além da integração desses com os Planos de Recursos Hídricos Nacional, Estadual/DF e das Bacias Hidrográficas. Melhor dizendo, em todos os casos sujeito a outorga, deverá ser cobrado pelo órgão competente o uso dos recursos hídricos. Para a quantificação dos valores a Lei das águas fixou alguns critérios (peremptórios, mas não exaurientes) de referência para o órgão outorgante. Assim, para determinação do valor pago pelo uso do recurso devem ser observados o volume retirado e seu regime de variação nas derivações, captações e extrações de água, bem como o volume lançado e seu regime de variação e as características físico-químicas, biológicas e de toxidade do afluente, nos lançamentos de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos. Assim, deve sempre o órgão outorgante levar em conta, para fixação do valor a ser cobrado, no mínimo como critérios, o volume de água retirado (no caso de consumo ) ou utilizado para dispersão ( no caso de lançamento de resíduos líquidos ou gasosos), bem como o regime de variação desse uso. Esses valores arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos serão aplicados prioritariamente na bacia hidrográfica em que foram gerados e serão utilizados (1) no financiamento de estudos, programas, projetos e obras incluídos nos Planos de Recursos Hídricos, não podendo exceder 7,5% do total arrecadado, bem como (2) no pagamento de despesas de implantação e custeio administrativo dos órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Esses valores poderão ser aplicados a fundo perdido em projetos e obras que alterem, de modo considerado benéfico à coletividade, a qualidade, a quantidade e o regime de vazão de um corpo de água. 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 41/69 Questão 2022 | 4000808026 Sobre a Política Nacional de Recursos Hídricos, Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, assinale a alternativa CORRETA. A cobrança pelo uso de recursos hídricos objetiva, exclusivamente, obter recursos �nanceiros para o �nanciamento dos programas e intervenções contemplados nos planos de recursos hídricos. Solução Gabarito: Item errado. Nos termos do art. 19, da Lei das Águas, a cobrança pelo uso de recursos hídricos objetiva reconhecer a água como bem econômico e dar ao usuário uma indicação de seu real valor; incentivar a racionalização do uso da água; bem como obter recursos �nanceiros para o �nanciamento dos programas e intervenções contemplados nos planos de recursos hídricos. Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos O Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos - SIRH foi incluído entre os instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos com o advento da Lei 9.433/97. O SIRH é um dos instrumentos de gestão da Política Nacional de Recursos Hídricos, consubstanciado em um sistemade coleta, tratamento, armazenamento e recuperação de informações sobre recursos hídricos, bem como fatores intervenientes para sua gestão, sendo que os dados gerados pelos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos serão incorporados ao Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos. Os princípios básicos que norteiam e servem como preceito fundamental balizador da atuação dos atores envolvidos na gestão dos recursos hídricos são (1) a descentralização da obtenção e produção de dados e informações; (2) a coordenação unificada do sistema; (3) bem como a garantia de acesso aos dados pela sociedade em geral. O princípio da descentralização da obtenção e produção de dados e informações busca valorizar as informações produzidas pelas diversos Entes federativos existentes no Brasil, dando 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 42/69 mais efetividade ao fundamento da gestão descentralizada dos recursos hídricos previsto na Lei das Águas. Ao seu turno, o princípio da coordenação unificada do sistema visa facilitar tanto a agregação dos dados quanto à disponibilização das informações, em âmbito nacional, não só para os atores integrantes do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, mas também para toda a coletividade, dando efetividade ao princípio da garantia de acesso aos dados pela sociedade em geral. Os sistemas de informações sobre recursos hídricos existem em nível Estadual/DF ou Nacional. No âmbito Nacional, há o Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos – SNIRH sendo instrumentos de gestão previsto na Política Nacional de Recursos Hídricos. É também um sistema de coleta, tratamento, armazenamento e recuperação de informações sobre recursos hídricos, bem como fatores intervenientes para sua gestão em nível nacional, tendo como outra função a compilação das informações provenientes dos Sistemas Estaduais de Informações sobre Recursos Hídricos. A Lei das Águas definiu os objetivos do Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos: reunir, dar consistência e divulgar os dados e informações sobre a situação qualitativa e quantitativa dos recursos hídricos no Brasil; atualizar permanentemente as informações sobre disponibilidade e demanda de recursos hídricos em todo o território nacional; fornecer subsídios para a elaboração dos Planos de Recursos Hídricos. Esses objetivos refletem a função precípua desse sistema para ser um instrumento de fonte de informações necessário a subsidiar a tomada de decisão dos diversos atores envolvidos no gerenciamento dos recursos hídricos. O SINIRH é um grande banco de dados e informações nacional sobre recursos hídricos e visa dar suporte ao funcionamento do SINGREH, bem como auxiliar a aplicação dos demais instrumentos de gestão de recursos hídricos e outros mecanismos de gestão integrada. Quanto à gestão do SNIRH, cabe a Agência Nacional de Águas organizar, implantar e gerir o sistema, de acordo com a sua Lei nº 9.984/2000. Assim, a ANA tem a atribuição de disciplinar, em caráter normativo, a implementação, a operacionalização, o controle e a avaliação dos instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos, o que inclui o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos que, em âmbito nacional, se configura no SNIRH. As informações produzidas pela SNIRH são destinadas aos entes integrantes do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos – SINGREH que é formado pelos conselhos, órgãos gestores, agências de bacias e comitê de bacias, bem como aos usuários de recursos hídricos e a sociedade em geral. Os dados e informações que integram os SIRH devem subsidiar a construção e aplicação dos demais instrumentos, os quais devem alimentar os SIRH com seus dados e informações 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 43/69 oriundos de seus processos de implementação. Essa troca de informações constitui uma teia contínua de retroalimentação, fundamental ao processo de tomada de decisão, sobretudo pelos órgãos integrantes do SEGRHI, e à boa gestão dos recursos hídricos. A figura abaixo apresenta a inter-relação entre os instrumentos de gestão de recursos hídricos definidos na legislação. O Sistema de informações sobre recursos hídricos se alimenta também de outras informações contidas em outros sistemas de informações acessórias e transversais. São informações transversais indispensáveis para a formação de um conjunto de informações hídricas necessárias para tomada de decisão. Exemplo disso é o Sistema Nacional de Informações sobre o Meio Ambiente – SINIMA, que mantém cadastros de atividades potencialmente poluidoras e utilizadoras de recursos ambientais e de Unidades de Conservação da Natureza, contendo informações que podem subsidiar a aplicação dos instrumentos de gestão de recursos hídricos. Outro instrumento transversal importante da política ambiental previsto na Lei da Política Nacional do Meio Ambiente -PNMA é o zoneamento ecológico-econômico – ZEE que poderá ser utilizado para orientar a implementação dos instrumentos da Política de Recursos Hídricos. Ação do Poder Público Prevê a Lei de Águas para a implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos as competências para o Poder Executivo Federal e para os Poderes Executivos Estaduais e Distrital em cada uma das esferas de suas competências. Vejamos abaixo: Compete ao Poder Executivo Federal Tomar as providências necessárias à implementação e ao funcionamento do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos; Outorgar os direitos de uso de recursos hídricos, e regulamentar e fiscalizar os usos, na sua esfera de competência; Implantar e gerir o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos, em âmbito nacional; e Promover a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental. Compete aos Poderes Executivos Estaduais/DF Outorgar os direitos de uso de recursos hídricos e regulamentar e fiscalizar os seus usos. Realizar o controle técnico das obras de oferta hídrica; Implantar e gerir o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos, em âmbito estadual e do Distrito Federal; Promover a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental. 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 44/69 Questão 2018 | 62127000 É(São) instrumento(s) da Política Nacional de Recursos Hídricos: A) a cobrança pelo uso de recursos hídricos. B) os conselhos de meio ambiente e, no que couber, os de saúde. C) o monitoramento e a �scalização ambiental, sanitária e agropecuária. D) a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental. E) a articulação da gestão de recursos hídricos com a do uso do solo. Solução Gabarito: A) a cobrança pelo uso de recursos hídricos. A questão exigiu o conhecimento da literalidade dos artigos 3º (diretrizes gerais de ação), e 5º (instrumentos) da Lei 9.433/1997. Além disso, era importante ter em mente quais são os instrumentos da Política Nacional de Resíduos Sólidos, previstos no rol do art. 8º da Lei 12.305/2010, pois o examinador buscou confundir o candidato nesse ponto de ambas as leis. A letra A está correta. CORRETA. De acordo com os estritos termos do art. 5º, inciso IV, da Lei 9.433/1997, in verbis: "Art. 5º São instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos: [...] IV - a cobrança pelo uso de recursos hídricos;" Veri�ca-se, portanto, que a questão exigiu o conhecimento literal do rol do dispositivo supra. Por fim, na implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, os Poderes Executivos do Distrito Federal e dos municípios promoverão a integração das políticas locais de saneamento básico, de uso, ocupação e conservação do solo e de meio ambiente com as políticas federal e estaduais de recursos hídricos. 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos45/69 A letra B está incorreta. ERRADA. Em desacordo com o art. 5º da Lei 9.433/1997, uma vez que não há previsão dos conselhos de meio ambiente e/ou de saúde como instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), in verbis: "Art. 5º São instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos: I - os Planos de Recursos Hídricos; II - o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da água; III - a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos; IV - a cobrança pelo uso de recursos hídricos; V - a compensação a municípios; VI - o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos." Além disso, importante salientar que os conselhos de meio ambiente e/ou de saúde estão previstos como instrumentos da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), conforme art. 8º, inciso XIII, da Lei 12.305/2010: "Art. 8o São instrumentos da Política Nacional de Resíduos Sólidos, entre outros: [...] XIII - os conselhos de meio ambiente e, no que couber, os de saúde;" Veri�ca-se, portanto, que não há qualquer conselho de saúde ou meio ambiente previsto como instrumento da PNRH, mas sim da PNRS. A letra C está incorreta. ERRADA. Em desacordo com o art. 5º da Lei 9.433/1997, uma vez que não há previsão de monitoramento e a �scalização ambiental, sanitária e agropecuária como instrumentos da Política Nacional de Recursos Hidrícos (PNRH), in verbis: "Art. 5º São instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos: I - os Planos de Recursos Hídricos; II - o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da água; III - a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos; IV - a cobrança pelo uso de recursos hídricos; V - a compensação a municípios; VI - o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos." 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 46/69 Não obstante, ressalta-se que o art. 8º, inciso V, da Lei 12.305/2010 elenca o monitoramento e a �scalização ambiental, sanitária e agropecuária como instrumentos da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS): "Art. 8o São instrumentos da Política Nacional de Resíduos Sólidos, entre outros: [...] V - o monitoramento e a �scalização ambiental, sanitária e agropecuária;" Veri�ca-se, portanto, que não se trata de instrumento da PNRH, mas sim da PNRS. A letra D está incorreta. ERRADA. Trata-se, aqui, das diretrizes gerais de ação, e não dos instrumentos da Política Nacional de Recursos Hidrícos, conforme art. 3º, inciso III, da Lei 9.433/1997, in verbis: "Art. 3º Constituem diretrizes gerais de ação para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos: [...] III - a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental;" A letra E está incorreta. ERRADA. Trata-se, aqui, das diretrizes gerais de ação, e não dos instrumentos da Política Nacional de Recursos Hidrícos, conforme art. 3º, inciso V, da Lei 9.433/1997, conforme se veri�ca abaixo: "Art. 3º Constituem diretrizes gerais de ação para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos: [...] V - a articulação da gestão de recursos hídricos com a do uso do solo;" Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos Para assistir ao vídeo correspondente, acesse o LDI. Para assistir ao vídeo correspondente, acesse o LDI. Objetivos e Composição do SINGREH O Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos - SINGREH, assim como os demais sistemas de gestão de outras políticas governamentais no âmbito nacional, é o conjunto de organismos, agências e instalações governamentais e privadas que concebe e implementa a Política Nacional dos Recursos Hídricos e promove a cobrança pelo uso 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 47/69 desses recursos. Foi instituído pela Lei 9.433/97 tendo o papel de fazer a gestão dos usos da água de forma democrática e participativa. O SINGREH tem como objetivos essenciais: coordenar a gestão integrada das águas; arbitrar administrativamente os conflitos relacionados com os recursos hídricos; implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos; planejar, regular e controlar o uso, a preservação e a recuperação dos recursos hídricos; promover a cobrança pelo uso de recursos hídricos. O SINGREH é integrado pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos-CNRH; pela Agência Nacional de Águas-ANA; pelos Conselhos de Recursos Hídricos dos Estados e do Distrito Federal - CERH; pelos Comitês de Bacia Hidrográfica; pelos órgãos dos poderes públicos federal, estaduais, do Distrito Federal e municipais cujas competências se relacionem com a gestão de recursos hídricos; bem como pelas Agências de Água. Conselho Nacional de Recursos Hídricos - CNRH O Conselho Nacional de Recursos Hídricos -CNRH é órgão colegiado deliberativo e normativo de âmbito nacional responsável principalmente pela formulação da Política Nacional de Recursos Hídricos. O CNRH teve alterações em sua estrutura e composição pela edição da Lei n° 14.600/2023, ficando vinculado ao Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional e não mais ao Ministério do Meio Ambiente, como originalmente. O Conselho Nacional de Recursos Hídricos é gerido por: 1 (um) Presidente, o Ministro de Estado da Integração e do Desenvolvimento Regional; e 1 (um) Secretário-Executivo, titular do órgão integrante da estrutura do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional responsável pela gestão dos recursos hídricos. Dentre as atribuições do CNRH o art. 35, da Lei das Águas, bem como o art. 1º, do Decreto 11.960/2024 fixaram ser competências do Conselho: Atribuições previstas na Lei n° 9.433/1997 Atribuições previstas no Decreto n° 11.960/2024 Promover a articulação do planejamento de recursos hídricos com os planejamentos nacional, Formular a Política Nacional de Recursos Hídricos, nos termos do disposto na Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, e no art. 2º da Lei nº 9.984, de 17 de julho de 2000; 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 48/69 regional, estaduais e dos setores usuários; arbitrar, em última instância administrativa, os conflitos existentes entre Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos; deliberar sobre os projetos de aproveitamento de recursos hídricos cujas repercussões extrapolem o âmbito dos Estados em que serão implantados; deliberar sobre as questões que lhe tenham sido encaminhadas pelos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos ou pelos Comitês de Bacia Hidrográfica; analisar propostas de alteração da legislação pertinente a recursos hídricos e à Política Nacional de Recursos Hídricos; estabelecer diretrizes complementares para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, aplicação de seus instrumentos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos; aprovar propostas de instituição dos Comitês de Bacia Hidrográfica e estabelecer critérios gerais para a elaboração de seus regimentos; acompanhar a execução do Plano Nacional de Recursos Hídricos e determinar as providências necessárias ao cumprimento de suas metas; acompanhar a execução e aprovar o Plano Nacional de Recursos Hídricos e determinar as providências promover a articulação do planejamento de recursos hídricos com os planejamentos nacional, regionais, estaduais e dos setores usuários; arbitrar, em última instância administrativa, os conflitos existentes entre conselhos estaduais e distrital de recursos hídricos; deliberar sobre os projetos de aproveitamento de recursos hídricos cujas repercussões extrapolem o âmbito dos Estados em que serão implantados; deliberar sobre as questões que lhe tenham sido encaminhadas pelos conselhos estaduais e distrital de recursos hídricos ou pelos comitês de bacia hidrográfica; analisar propostas de alteração da legislação pertinente a recursos hídricos e à Política Nacional de Recursos Hídricos; estabelecer diretrizescomplementares para a implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, a aplicação de seus instrumentos e a atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos; aprovar propostas de instituição dos comitês de bacia hidrográfica de rios de domínio da União e estabelecer critérios gerais para a elaboração de seus regimentos internos; aprovar e acompanhar a execução do Plano Nacional de Recursos Hídricos e determinar as providências necessárias ao cumprimento de suas metas; estabelecer critérios gerais para a outorga de direitos de uso de recursos hídricos e para a cobrança por seu uso; deliberar sobre os recursos administrativos que lhe forem interpostos; manifestar-se sobre os pedidos de ampliação dos prazos para as outorgas de direito de uso de recursos hídricos de domínio da União estabelecidos nos incisos I e II do caput e no § 2º do art. 5º da Lei nº 9.984, de 2000; 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 49/69 necessárias ao cumprimento de suas metas; estabelecer critérios gerais para a outorga de direitos de uso de recursos hídricos e para a cobrança por seu uso. zelar pela implementação da Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB); estabelecer diretrizes para implementação da PNSB, aplicação de seus instrumentos e atuação do Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens (SNISB); apreciar o Relatório de Segurança de Barragens, fazendo, se necessário, recomendações para melhoria da segurança das obras, bem como encaminhá-lo ao Congresso Nacional. definir os valores a serem cobrados pelo uso de recursos hídricos de domínio da União sugeridos pelos comitês de bacia hidrográfica, nos termos do disposto no inciso VI do caput do art. 4º da Lei nº 9.984, de 2000; manifestar-se sobre propostas relativas ao estabelecimento de incentivos, inclusive financeiros, para a conservação qualitativa e quantitativa de recursos hídricos, incluídas aquelas encaminhadas pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico; definir, em articulação com os comitês de bacia hidrográfica, as prioridades de aplicação dos recursos a que se refere o caput do art. 22 da Lei nº 9.433, de 1997, nos termos do disposto no § 4º do art. 21 da Lei nº 9.984, de 2000; aprovar o enquadramento dos corpos de água em classes de uso, em consonância com as diretrizes do Conselho Nacional do Meio Ambiente e de acordo com a classificação estabelecida na legislação ambiental; autorizar a criação das agências de água, nos termos do disposto no parágrafo único do art. 42 e no art. 43 da Lei nº 9.433, de 1997; delegar às organizações civis de recursos hídricos sem fins lucrativos de que tratam o art. 47 da Lei nº 9.433, de 1997, e os art. 1º e art. 2º da Lei nº 9.637, de 15 de maio de 1998, por prazo determinado, o exercício de funções de competência das agências de água, enquanto essas agências não forem constituídas, nos termos do disposto no art. 51 da Lei nº 9.433, de 1997; deliberar sobre as acumulações, as derivações, as captações e os lançamentos de pouca expressão, para fins de isenção da obrigatoriedade de outorga de direitos de uso de recursos hídricos de domínio da União, nos termos do disposto no inciso V do caput do art. 38 da Lei nº 9.433, de 1997; zelar pela implementação da Política Nacional de Segurança de Barragens, estabelecida na Lei nº 12.334, de 20 de setembro de 2010; 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 50/69 É notória a preocupação, em face da edição do Decreto n° 11.960/2024 (que repete o Decreto n° 10.000/2019, que regulava o tema anteriormente), com a segurança das barragens fixando- se competências ao CNRH quanto ao tema, notadamente no que se refere à implementação da Política Nacional de Segurança de Barragens e apreciação do Relatório de Segurança de Barragens prevista na Lei 12.334/2010. O Conselho Nacional de Recursos Hídricos tem a seguinte estrutura: Plenário; Secretaria-Executiva; Câmaras Técnicas; e Comissão Permanente de Ética. estabelecer diretrizes para a implementação da Política Nacional de Segurança de Barragens, a aplicação de seus instrumentos e a atuação do Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens, de que trata a Lei nº 12.334, de 2010; apreciar o Relatório de Segurança de Barragens, de que trata o inciso VII do caput do art. 6º da Lei nº 12.334, de 2010, e encaminhá-lo ao Congresso Nacional e ao Comitê Interministerial de Segurança de Barragens, com recomendações para melhoria da segurança das obras, se necessário; aprovar, a cada quatro anos, plano com a definição de estratégias, prioridades, metas e indicadores de implementação da Política Nacional de Segurança de Barragens; estabelecer, em articulação com o Conselho Nacional do Meio Ambiente, diretrizes, critérios gerais e parâmetros de qualidade por modalidade de reúso direto não potável de água, com vistas ao uso sustentável dos recursos hídricos e à segurança hídrica; e zelar para que a implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos possibilite meios de vida, bem- estar e desenvolvimento socioeconômico, consideradas as diversidades físicas, bióticas, demográficas, econômicas, sociais e culturais das diferentes regiões do País. 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 51/69 Sua composição é múltipla incluindo diversos atores envolvidos na gestão dos recursos hídricos. São eles: representantes dos Ministérios e Secretarias da Presidência da República com atuação no gerenciamento ou no uso de recursos hídricos; representantes indicados pelos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos; representantes dos usuários dos recursos hídricos; representantes das organizações civis de recursos hídricos. A Lei de Águas determina que o número de representantes do Poder Executivo Federal não pode exceder à metade mais um do total dos membros do Conselho Nacional de Recursos Hídricos. O Decreto 11.960/2024, regulamentou o art. 34, da Lei das Águas, nominando os representantes do CNRH: I - dois do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional; II - um do Ministério da Agricultura e Pecuária; III - um do Ministério das Cidades; IV - um do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação; V - um do Ministério da Defesa; VI - um do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar; VII - um do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome; VIII - um do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços; IX - um do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania; X - um do Ministério da Educação; XI - um do Ministério da Fazenda; XII - um do Ministério da Justiça e Segurança Pública; XIII - dois do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima; XIV - dois do Ministério de Minas e Energia; XV - um do Ministério das Mulheres; XVI - um do Ministério da Pesca e Aquicultura; XVII - um do Ministério do Planejamento e Orçamento; XVIII - um do Ministério de Portos e Aeroportos; XIX - um do Ministério dos Povos Indígenas; XX - um do Ministério das Relações Exteriores; XXI - um do Ministério da Saúde; 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 52/69 XXII - um do Ministério do Turismo; XXIII - dez dos conselhos estaduais e distrital de recursos hídricos; XXIV - oito dos setores usuários de recursos hídricos, dos quais: a) um dos irrigantes; b) um das instituições encarregadas da prestação de serviço público de abastecimento de água e de esgotamento sanitário; c) um das concessionárias e autorizadas de geração de energia elétrica; d) um do setor hidroviário e portuário; e) dois do setor industrial e minerometalúrgico; f) um dos pescadores; e g) um dos usuários de recursos hídricos com finalidade de lazer e turismo; e XXV - sete de organizações da sociedadecivil de recursos hídricos, dos quais: a) um das organizações técnicas de ensino e de pesquisa com atuação comprovada na área de recursos hídricos e com, no mínimo, cinco anos de existência legal; b) um das organizações não governamentais com atuação em recursos hídricos e com, no mínimo, cinco anos de existência legal; c) dois dos comitês de bacia hidrográfica de rios de domínio da União; d) um das organizações representativas dos povos indígenas com atuação em colegiados de recursos hídricos; e) um das organizações representativas das comunidades tradicionais com atuação em colegiados de recursos hídricos; e f) um de organização nacional de representação dos Municípios. O Conselho Nacional de Recursos Hídricos tem suas deliberações, em caráter ordinário, semestralmente e, em caráter extraordinário, sempre que convocado por seu Presidente ou por requerimento de um terço de seus membros. Comitês de Bacia Hidrográfica Um Comitê de Bacia Hidrográfica - CBH é uma espécie de fórum de debate em que diversos atores se reúnem para discutir sobre o uso dos recursos hídricos na bacia. Esses Comitês representam uma forma de participação da sociedade junto com o Poder Público na elaboração das políticas públicas. Isso porque esses órgãos não são apenas 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 53/69 consultivos (emitem opinião sem valor decisório), mas também deliberativos, decidindo sobre a escorreita gestão dos corpos de água. O Comitê define as regras a serem seguidas por todos os usuários dos corpos de água, inclusive obrigando os órgãos executivos dos Estados ao cumprimento das determinações por meio do seu poder de regulação. Assim, cabe aos Comitês a atribuição de deliberar sobre a gestão da água. O CBH é uma efetivação do princípio ambiental da participação democrática, considerando que sua função mais relevante é estabelecer um conjunto de mecanismos e de regras, decididas coletivamente, de forma que os diferentes interesses sobre os usos da água na bacia sejam discutidos e negociados democraticamente em ambiente público, com transparência no processo decisório, buscando prevenir e dirimir conflitos. É dentro desse cenário que a Lei 9.433/97 prevê as competências dos CBH, reforçando a importância como órgãos plurais de debates com poder deliberativo para melhor gestão dos recursos hídricos de uma bacia hidrográfica. Compte aos CBH, no âmbito de sua área de atuação: promover o debate das questões relacionadas a recursos hídricos e articular a atuação das entidades intervenientes; arbitrar, em primeira instância administrativa, os conflitos relacionados aos recursos hídricos; aprovar o Plano de Recursos Hídricos da bacia; acompanhar a execução do Plano de Recursos Hídricos da bacia e sugerir as providências necessárias ao cumprimento de suas metas; e propor ao Conselho Nacional e aos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos as acumulações, derivações, captações e lançamentos de pouca expressão, para efeito de isenção da obrigatoriedade de outorga de direitos de uso de recursos hídricos, de acordo com os domínios destes; estabelecer os mecanismos de cobrança pelo uso de recursos hídricos e sugerir os valores a serem cobrados; estabelecer critérios e promover o rateio de custo das obras de uso múltiplo, de interesse comum ou coletivo. Nessas competências é inegável a importância desse fórum para a efetivação das políticas públicas de gestão de recursos hídricos, seja promover o debate das questões relacionadas a recursos hídricos e articular a atuação das entidades intervenientes, seja para estabelecer os mecanismos de cobrança pelo uso de recursos hídricos e sugerir os valores a serem cobrados. Mas, não há dúvidas que a principal decisão a ser tomada é a aprovação do Plano de Recursos Hídricos da Bacia, instrumento da Política Nacional de Recursos Hídricos que serve como diretriz para os múltiplos usos da água na bacia, em que são definidas as metas de 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 54/69 racionalização de uso para aumento de quantidade e melhoria da qualidade dos recursos hídricos disponíveis, bem como os programas e os projetos destinados ao atendimento dessas metas. Esse plano reúne as informações estratégicas para a gestão dos recursos hídricos na bacia hidrográfica. Cumpre destacar que o Comitê é o primeiro órgão administrativo a ser acionado em situação de conflito pelo uso da água. Caso o conflito não seja dirimido pelo Comitê ou caso a decisão não atenda a alguma das partes envolvidas, cabe recurso ao Conselho de Recursos Hídricos pertinente, como segunda instância administrativa, hierarquicamente superior ao comitê. Assim, das decisões dos Comitês de Bacia Hidrográfica caberá recurso ao Conselho Nacional ou aos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos, de acordo com sua esfera de competência. As regras expedidas pelo CBH só terão eficácia dentro da área de atuação da totalidade da bacia hidrográfica específica; ou mesmo da sub-bacia hidrográfica de tributário do curso de água principal da bacia, ou de tributário desse tributário; bem como grupo de bacias ou sub- bacias hidrográficas contíguas. Uma bacia hidrográfica é caracterizada por uma área delimitada por seus divisores de água, onde ocorre a captação de água que é conduzida de várias maneiras, mas principalmente pela sua drenagem, para um rio principal. As sub-bacias são áreas de drenagem dos tributários do curso d’água principal. Essa subdivisão da bacia hidrográfica em sub-bacias permite uma estratificação dos resultados e melhor compreensão dos processos hidrológicos e das modificações impostas pelo processo de ocupação humana objetivando a melhor gestão dos recursos hídricos. A instituição de Comitês de Bacia Hidrográfica em rios de domínio da União será efetivada por ato do Presidente da República. Os Comitês de Bacia Hidrográfica são compostos por representantes: da União; dos Estados e do Distrito Federal cujos territórios se situem, ainda que parcialmente, em suas respectivas áreas de atuação; dos Municípios situados, no todo ou em parte, em sua área de atuação; dos usuários das águas de sua área de atuação; bem como das entidades civis de recursos hídricos com atuação comprovada na bacia. O número de representantes de cada setor e os critérios para sua indicação, serão estabelecidos nos regimentos dos comitês, limitada a representação dos poderes executivos da União, Estados, Distrito Federal e Municípios à metade do total de membros. Nos Comitês de Bacia Hidrográfica de bacias de rios fronteiriços e transfronteiriços de gestão compartilhada, a representação da União deverá incluir um representante do Ministério das Relações Exteriores. Nos Comitês de Bacia Hidrográfica de bacias cujos territórios abranjam terras indígenas devem ser incluídos ainda representantes da Fundação Nacional do Índio - FUNAI, como parte da representação da União; bem como das comunidades indígenas ali residentes ou com interesses na bacia. 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 55/69 A participação da União nos Comitês de Bacia Hidrográfica com área de atuação restrita a bacias de rios sob domínio estadual, dar-se-á na forma estabelecida nos respectivos regimentos. Agências de Águas As Agências de Água são criadas para exercerem a função de secretaria executiva do respectivo(s) Comitês de Bacia Hidrográfica. Sua função é garantir o funcionamento do Comitê apoiando o sistema no exercício de funções técnicas, como na elaboração de estudos para a construção de propostas para o uso dos recursos hídricos. Assim, a Agência de Águas não é órgão regulador, mas sim executor, sendo criada para dar o suporte técnico e administrativo aos Comitês de Bacia. As Agências de Águas são parte integrante do Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos (SINGREH) e prestam apoiotécnico aos demais órgãos do Sistema no âmbito da bacia hidrográfica se encarregando das atividades operacionais. As atribuições das agências de água são locais, técnicas e multiespecializadas, além de terem que manter contínuo apoio ao funcionamento do comitê da respectiva bacia. Portanto, deve articular sinergicamente suas funções para que as decisões tomadas sejam adequadamente embasadas em estudos técnicos, permitindo a harmonização dos usos da água na bacia. Como sedimentado, as Agências de Água terão a mesma área de atuação de um ou mais Comitês de Bacia Hidrográfica e a criação será autorizada pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos ou pelos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos mediante solicitação de um ou mais Comitês de Bacia Hidrográfica. A criação de uma Agência de Água é condicionada à dois requisitos, quais sejam, existência do respectivo ou respectivos Comitês de Bacia Hidrográfica; e a viabilidade financeira assegurada pela cobrança do uso dos recursos hídricos em sua área de atuação. 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 56/69 As principais atribuições técnicas das agências de águas estão apresentadas no art. 44 da Lei 9.433/97 e são caracterizadas, para fins de concurso, pelos verbos “propor”, “analisar”, “elaborar” “manter”, “gerir” e “promover” típicos verbos atribuídos a órgãos que atua no apoio de consultoria e execução de atividades para um órgão principal (CBHs). São competências das Agências de Águas: manter balanço atualizado da disponibilidade de recursos hídricos em sua área de atuação; manter o cadastro de usuários de recursos hídricos; efetuar, mediante delegação do outorgante, a cobrança pelo uso de recursos hídricos; analisar e emitir pareceres sobre os projetos e obras a serem financiados com recursos gerados pela cobrança pelo uso de Recursos Hídricos e encaminhá-los à instituição financeira responsável pela administração desses recursos; acompanhar a administração financeira dos recursos arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos em sua área de atuação; gerir o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos em sua área de atuação; celebrar convênios e contratar financiamentos e serviços para a execução de suas competências; elaborar a sua proposta orçamentária e submetê-la à apreciação do respectivo ou respectivos Comitês de Bacia Hidrográfica; 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 57/69 promover os estudos necessários para a gestão dos recursos hídricos em sua área de atuação; elaborar o Plano de Recursos Hídricos para apreciação do respectivo Comitê de Bacia Hidrográfica; propor ao respectivo ou respectivos Comitês de Bacia Hidrográfica: o enquadramento dos corpos de água nas classes de uso, para encaminhamento ao respectivo Conselho Nacional ou Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos, de acordo com o domínio destes; os valores a serem cobrados pelo uso de recursos hídricos; o plano de aplicação dos recursos arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos; o rateio de custo das obras de uso múltiplo, de interesse comum ou coletivo. A cobrança pelo uso de recursos hídricos é efetivada pela Agencia de Águas, mediante delegação do outorgante, sendo que o recebimento desta delegação é prerrogativa da agência de água instituída por lei, ou seja, como organismo público detentor de poder de polícia, que lhe permite impor a arrecadação e posterior constrangimento aos não pagadores. Essa atribuição, assim, não é permitida às organizações civis que exerceram, que perdurou até 2013, funções de agência de água em algumas bacias. Devemos tomar cuidado com as atribuições das Agências e dos CBHs para não as confundir. Nesse sentido, para lograr êxito nos concursos, como já sedimentado nesta obra, os verbos utilizados para descrever suas atribuições deixam clara a predominância dos papéis de cada uma das partes. Para o CBH usa-se ESCOLHER, DEFINIR, ESTABELECER e APROVAR; ao seu turno, para a agência, órgão técnico de apoio à CBH sujeita ao alcance de metas e controle de desempenho por meio de contrato de gestão, usa-se ELABORAR, PROPOR, GERIR e IMPLEMENTAR. Temos, assim, um quadro comparativo da relação entre as competências da agência de água e do Comitê de Bacia Hidrográfica presente no caderno de capacitação sobre recursos hídricos elaborado pela Agência Nacional de Águas: CBH AGÊNCIA DE ÁGUAS Temas Administrativos REALIZAR reuniões gerais e de câmaras técnicas para: APOIAR as reuniões do comitê, o que inclui: providenciar logística e infraestrutura para a realização das reuniões; 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 58/69 DEBATER questões regimentais e organizacionais internas, inclusive eleições de membros e diretores; ARBITRAR conflitos entre usos e usuários; ARTICULAR e integrar a gestão no âmbito da bacia. registrar, formalizar e divulgar atas das reuniões, deliberações, moções etc. CELEBRAR contratos e convênios. APOIAR os processos de arbitragem de conflitos entre usos ou usuários. GERIR pessoal, compras de bens e contratação de serviços. Temas Técnicos DEBATER questões relacionadas a recursos hídricos. ESCOLHER mecanismos e valores para a cobrança e encaminhar ao Conselho de Recursos Hídricos. APROVAR o plano de aplicação dos recursos financeiros. MANTER o balanço hídrico atualizado. MANTER o cadastro de usuários. GERIR o sistema de informações. PROMOVER estudos sobre a gestão dos recursos hídricos. ANALISAR e EMITIR pareceres técnicos sobre investimentos. ESTUDAR e PROPOR alternativas para a cobrança pelo uso. PROPOR o plano de aplicação dos recursos financeiros. Temas Regulatórios APROVAR o Plano de Recursos Hídricos, que inclui: ELABORAR o Plano de Recursos Hídricos. 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 59/69 DEFINIR as prioridades de uso; PROPOR as áreas sujeitas à restrição de uso; DEFINIR metas quanto aos recursos hídricos (racionalização, qualidade e quantidade); ESTABELECER os usos múltiplos para a definição das condições operativas de reservatórios. ESCOLHER a alternativa de enquadramento e encaminhar ao Conselho de Recursos Hídricos. ESCOLHER a alternativa para os usos não outorgáveis e encaminhar ao Conselho de Recursos Hídricos. PROPOR alternativas para o enquadramento dos corpos d’água. PROPOR alternativas para os usos não outorgáveis. Atribuições de Supervisão, Execução e Acompanhamento ACOMPANHAR a execução do Plano de Recursos Hídricos e propor ajustes. APRECIAR proposta de contrato de gestão entre a entidade delegatária e o órgão arrecadador. ACOMPANHAR o cumprimento do contrato de gestão. AVALIAR o desempenho da agência de água. IMPLEMENTAR o Plano de Recursos Hídricos. ELABORAR relatório de situação e avaliação do cumprimento das metas do Plano de Recursos Hídricos. CELEBRAR e EXECUTAR contrato de gestão com o organismo responsável pela arrecadação. ELABORAR o relatório de execução e a prestação de contas do contrato de gestão. 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 60/69 Questão 2022 | 4000808027 Sobre o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos: A criação de uma Agência de Água está condicionada à viabilidade �nanceira assegurada pela cobrança do uso dos recursos hídricos em sua área de atuação. Solução Gabarito: Item correto. Nos termos do art. 43, da Lei 9.433/97, a criação de uma Agência de Água é condicionada ao atendimento dos seguintes requisitos: prévia existência do respectivo ou respectivos Comitês de Bacia Hidrográ�ca; e viabilidade �nanceira assegurada pela cobrança do uso dos recursos hídricos em sua área de atuação. Para fins de concurso, seguem as atribuições de cadaum dos órgãos do SINGREH com os instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos: Secretaria Executiva do CNRH Com a edição da Lei 14.600/2023 a Secretaria-Executiva do Conselho Nacional de Recursos Hídricos passou a ser exercida pelo órgão integrante da estrutura do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional que hoje é o Ministério responsável pela gestão dos recursos hídricos. Esse encargo antes era originalmente do Ministério do Meio Ambiente. Nos termos do Decreto n° 11.690/2024, compete à Secretaria Executiva do Conselho Nacional de Recursos Hídricos: prestar apoio administrativo, técnico e financeiro ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos; 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 61/69 instruir os expedientes provenientes dos Conselhos Estaduais e distrital de Recursos Hídricos e dos Comitês de Bacia Hidrográfica; elaborar o seu programa de trabalho e a proposta orçamentária anual para o Conselho Nacional de Recursos Hídricos e submetê-los à aprovação. Organizações Civis de Recursos Hídricos A Lei 9.433/97, em seu art. 47, prevê as entidades que podem ser enquadradas como Organizações Civis de Recursos Hídricos - OCRH. Nesse sentido, podem ser OCRH: consórcios e associações intermunicipais de bacias hidrográficas; associações regionais, locais ou setoriais de usuários de recursos hídricos; organizações técnicas e de ensino e pesquisa com interesse na área de recursos hídricos; organizações não-governamentais com objetivos de defesa de interesses difusos e coletivos da sociedade; outras organizações reconhecidas pelo Conselho Nacional ou pelos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos. As organizações civis de recursos hídricos devem ser legalmente constituídas para que possam integrar o Sistema Nacional de Recursos Hídricos. Cumpre lembrar que há possibilidade de o Conselho Nacional de Recursos Hídricos e os Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos delegarem as OCRH, por prazo determinado, o exercício de funções de competência das Agências de Água, enquanto esses organismos não estiverem constituídos. A Lei 10.881/2004 dispôs sobre os contratos de gestão entre a Agência Nacional de Águas e entidades delegatárias das funções de Agências de Águas (OCRH) relativas à gestão de recursos hídricos de domínio da União. Assim, enquanto não criada as Agências de Águas, poderá a Agência Nacional de Águas – ANA firmar contratos de gestão, por prazo determinado, com entidades sem fins lucrativos que receberem delegação do Conselho Nacional de Recursos Hídricos – CNRH para exercer funções de competência das Agências de Água relativas a recursos hídricos de domínio da União. Agência Nacional de Águas -ANA A Agência Nacional de Águas-ANA é a autoridade do governo federal responsável por monitorar, planejar e regular o acesso das águas gerenciados pela União. Foi criada pela Lei 9.984/2000 que tem como missão institucional essencial a implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, sendo parte integrante do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 62/69 A ANA tem natureza jurídica de autarquia sob regime especial, com autonomia administrativa e financeira, vinculada ao Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (alteração da Lei n° 14.600/2023) com a finalidade de implementar, em sua esfera de atribuições, a Política Nacional de Recursos Hídricos, integrante do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. A ANA tem sede e foro no Distrito Federal, podendo instalar unidades administrativas regionais. Podemos resumir a atuação da ANA em quatro grandes frentes: Regulação Regula o acesso e o uso dos recursos hídricos de domínio da União, que são os que fazem fronteiras com outros países ou passam por mais de um estado, como, por exemplo, o rio São Francisco. A ANA também regula os serviços públicos de irrigação (se em regime de concessão) e adução de água bruta. Além disso, emite e fiscaliza o cumprimento de normas, em especial as outorgas, e também é a responsável pela fiscalização da segurança de barragens outorgadas por ela. Monitoramento É responsável por acompanhar a situação dos recursos hídricos do Brasil. Coordena a Rede Hidrometeorológica Nacional que capta, com o apoio dos estados e outros parceiros, informações como nível, vazão e sedimentos dos rios ou quantidade de chuvas. Essas informações servem para planejar o uso da água e prevenir eventos críticos, como secas e inundações. Além de, em colaboração com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), definir as regras de operação dos reservatórios das usinas hidrelétricas, para garantir que todos os setores que dividem o reservatório tenham acesso à água represada. Aplicação da Lei Coordena a implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, realizando e dando apoio a programas e projetos, órgãos gestores estaduais e à instalação de comitês e agências de bacias. Assim, a ANA estimula a participação de representantes dos governos, usuários e das comunidades, em uma gestão participativa e democrática. Planejamento Elabora ou participa de estudos estratégicos, como os Planos de Bacias Hidrográficas, Relatórios de Conjuntura dos Recursos Hídricos, entres outros, em parceria com instituições e órgãos do poder público. A atuação da ANA obedecerá aos fundamentos, objetivos, diretrizes e instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos e será desenvolvida em articulação com órgãos e entidades públicas e privadas integrantes do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, tendo como atribuições específicas: supervisionar, controlar e avaliar as ações e atividades decorrentes do cumprimento da legislação federal pertinente aos recursos hídricos; 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 63/69 disciplinar, em caráter normativo, a implementação, a operacionalização, o controle e a avaliação dos instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos; outorgar, por intermédio de autorização, o direito de uso de recursos hídricos em corpos de água de domínio da União, observado o disposto nos arts. 5o, 6o, 7o e 8o; fiscalizar os usos de recursos hídricos nos corpos de água de domínio da União; elaborar estudos técnicos para subsidiar a definição, pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos, dos valores a serem cobrados pelo uso de recursos hídricos de domínio da União, com base nos mecanismos e quantitativos sugeridos pelos Comitês de Bacia Hidrográfica, na forma do inciso VI do art. 38 da Lei no 9.433, de 1997; estimular e apoiar as iniciativas voltadas para a criação de Comitês de Bacia Hidrográfica; implementar, em articulação com os Comitês de Bacia Hidrográfica, a cobrança pelo uso de recursos hídricos de domínio da União; arrecadar, distribuir e aplicar receitas auferidas por intermédio da cobrança pelo uso de recursos hídricos de domínio da União, na forma do disposto no art. 22 da Lei no 9.433, de 1997; planejar e promover ações destinadas a prevenir ou minimizar os efeitos de secas e inundações, no âmbito do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, em articulação com o órgão central do Sistema Nacional de Defesa Civil, em apoio aos Estados e Municípios; promover a elaboração de estudos para subsidiar a aplicação de recursos financeiros da União em obras e serviços de regularização de cursos de água, de alocação e distribuição de água, e de controle da poluição hídrica, em consonância com o estabelecido nos planos de recursos hídricos; definir e fiscalizar as condições de operação de reservatórios por agentes públicos e privados, visando a garantir o uso múltiplo dos recursos hídricos, conforme estabelecido nos planos de recursos hídricos das respectivas bacias hidrográficas; promover a coordenação das atividades desenvolvidasno âmbito da rede hidrometeorológica nacional, em articulação com órgãos e entidades públicas ou privadas que a integram, ou que dela sejam usuárias; organizar, implantar e gerir o Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos; estimular a pesquisa e a capacitação de recursos humanos para a gestão de recursos hídricos; prestar apoio aos Estados na criação de órgãos gestores de recursos hídricos; 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 64/69 propor ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos o estabelecimento de incentivos, inclusive financeiros, à conservação qualitativa e quantitativa de recursos hídricos. participar da elaboração do Plano Nacional de Recursos Hídricos e supervisionar a sua implementação regular e fiscalizar, quando envolverem corpos d'água de domínio da União, a prestação dos serviços públicos de irrigação, se em regime de concessão, e adução de água bruta, cabendo-lhe, inclusive, a disciplina, em caráter normativo, da prestação desses serviços, bem como a fixação de padrões de eficiência e o estabelecimento de tarifa, quando cabíveis, e a gestão e auditagem de todos os aspectos dos respectivos contratos de concessão, quando existentes. organizar, implantar e gerir o Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens (SNISB) promover a articulação entre os órgãos fiscalizadores de barragens; coordenar a elaboração do Relatório de Segurança de Barragens e encaminhá-lo, anualmente, ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), de forma consolidada; declarar a situação crítica de escassez quantitativa ou qualitativa de recursos hídricos nos corpos hídricos que impacte o atendimento aos usos múltiplos localizados em rios de domínio da União, por prazo determinado, com base em estudos e dados de monitoramento, observados os critérios estabelecidos pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos, quando houver; e estabelecer e fiscalizar o cumprimento de regras de uso da água, a fim de assegurar os usos múltiplos durante a vigência da declaração de situação crítica de escassez de recursos hídricos. Cumpre destacar que nas outorgas de direito de uso de recursos hídricos de domínio da União, serão respeitados limites de prazos, contados da data de publicação dos respectivos atos administrativos de autorização. Esses prazos são de: até 02 anos, para início da implantação do empreendimento objeto da outorga; até 06 anos, para conclusão da implantação do empreendimento projetado; até 35 anos, para vigência da outorga de direito de uso. Esses prazos são fixados em função da natureza e do porte do empreendimento, levando-se em consideração, quando for o caso, o período de retorno do investimento. O prazo de 02 e 06 anos poderão ser ampliados, quando o porte e a importância social e econômica do empreendimento o justificar, ouvido o Conselho Nacional de Recursos Hídricos, assim como o prazo de 35 anos que pode ser prorrogado, pela ANA, respeitando-se as prioridades estabelecidas nos Planos de Recursos Hídricos. 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 65/69 Infrações e Penalidades quanto ao Uso dos Recursos Hídricos No caso das concessionárias e autorizadas de serviços públicos e de geração de energia hidrelétrica, as outorgas de direito de uso de recursos hídricos para vigorarão por prazos coincidentes com os dos correspondentes contratos de concessão ou atos administrativos de autorização. Conforme já assentado nesta obra, a ANA poderá emitir outorgas preventivas de uso de recursos hídricos, com a finalidade de declarar a disponibilidade de água para os usos requeridos, observado o disposto no art. 13 da Lei no 9.433, de 1997, lembrando que essa outorga preventiva não confere direito de uso de recursos hídricos e se destina a reservar a vazão passível de outorga, possibilitando, aos investidores, o planejamento de empreendimentos que necessitem desses recursos. A concessão ou a autorização de uso de potencial de energia hidráulica e a construção de eclusa ou de outro dispositivo de transposição hidroviária de níveis em corpo de água de domínio da União serão precedidas de declaração de reserva de disponibilidade hídrica, devendo ser requerida: pela Agência Nacional de Energia Elétrica, para aproveitamentos de potenciais hidráulicos; pelo Ministério dos Transportes, por meio do órgão responsável pela gestão hidroviária, quando se tratar da construção e operação direta de eclusa ou de outro dispositivo de transposição hidroviária de níveis; pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários, quando se tratar de concessão, inclusive na modalidade patrocinada ou administrativa, da construção seguida da exploração de serviços de eclusa ou de outro dispositivo de transposição hidroviária de níveis. Quando o corpo de água for de domínio dos Estados ou do Distrito Federal, a declaração de reserva de disponibilidade hídrica será obtida em articulação com a respectiva unidade gestora de recursos hídricos. A declaração de reserva de disponibilidade hídrica será transformada automaticamente pelo respectivo poder outorgante em outorga de direito de uso de recursos hídricos à instituição ou empresa que receber a concessão ou autorização de uso de potencial de energia hidráulica ou que for responsável pela construção e operação de eclusa ou de outro dispositivo de transposição hidroviária de níveis. Para assistir ao vídeo correspondente, acesse o LDI. A fiscalização dos usos de recursos hídricos é uma competência decorrente do instrumento de outorga, por meio dos quais o poder público faz o controle administrativo, exercendo poder de polícia, sobre o uso do bem público, a água. 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 66/69 Na outorga, esse controle é exercido de forma direta, estabelecendo quem terá acesso ao uso e em que condições. Já a fiscalização consiste na busca da regularização de usos ainda não outorgados ou na verificação dos usos outorgados. A fiscalização considera as condições estabelecidas nos atos de outorga e, quando necessário, aplica as sanções legais para sanar as infrações às normas de utilização de recursos hídricos, o que garante a eficácia da outorga ao coibir o acesso indevido ou o uso não conforme dos recursos hídricos. Essas atividades intimamente relacionadas (outorga e fiscalização) são comumente exercidas pela mesma instituição gestora. Em corpos d’água de domínio da União são de competência da ANA e naqueles de domínio dos Estados e do Distrito Federal são competência dos respectivos órgãos gestores. Nos termos do art. 49, da Lei 9.433/97, constitui infração das normas de utilização de recursos hídricos superficiais ou subterrâneos: Infrações Administrativas Conduta Infracional Tipo Administrativo Utilização de recursos hídricos sem outorga Derivar ou utilizar recursos hídricos para qualquer finalidade, sem a respectiva outorga de direito de uso. Desenvolvimento de empreendimento dependente de corpos de água sem autorização do órgão competente. Iniciar a implantação ou implantar empreendimento relacionado com a derivação ou a utilização de recursos hídricos, superficiais ou subterrâneos, que implique alterações no regime, quantidade ou qualidade dos mesmos, sem autorização dos órgãos ou entidades competentes. Desenvolvimento de atividades utilizadora de recursos hídricos em desacordo com a outorga concedida utilizar-se dos recursos hídricos ou executar obras ou serviços relacionados com os mesmos em desacordo com as condições estabelecidas na outorga. Captação de água por poços sem autorização da autoridade competente Perfurar poços para extração de água subterrânea ou operá-los sem a devida autorização. Fraude de volumetria da água Fraudar as medições dos volumesde água utilizados ou declarar valores diferentes dos medidos. Infração às normas expedidas pelos órgãos competentes Infringir normas estabelecidas no regulamento desta Lei e nos regulamentos administrativos, compreendendo 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 67/69 Lista de Questões As INFRAÇÕES a qualquer disposição legal ou regulamentar referentes à execução de obras e serviços hidráulicos, derivação ou utilização de recursos hídricos, ou pelo não atendimento das solicitações feitas, o infrator, a critério da autoridade competente, fica sujeito às seguintes PENALIDADES, independentemente de sua ordem de enumeração: advertência por escrito, na qual serão estabelecidos prazos para correção das irregularidades; multa, simples ou diária, proporcional à gravidade da infração, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais); embargo provisório, por prazo determinado, para execução de serviços e obras necessárias ao efetivo cumprimento das condições de outorga ou para o cumprimento de normas referentes ao uso, controle, conservação e proteção dos recursos hídricos; embargo definitivo, com revogação da outorga, se for o caso, para repor incontinenti, no seu antigo estado, os recursos hídricos, leitos e margens, nos termos dos arts. 58 e 59 do Código de Águas ou tamponar os poços de extração de água subterrânea. Lembramos que é comum nas normas de processo administrativo sancionador a previsão da penalidade junto com a infração. Assim, ao descrever o tipo administrativo as normas regulamentam, na mesma descrição típica, o preceito secundário correspondente a pena a ser aplicada. A Lei das Águas previu de forma diversa. Descreve as infrações no art. 49 e, no art. 50, as penalidades aplicáveis. Isso implica dizer que poderão ser aplicadas as penalidades previstas para qualquer uma das condutas infracionais descritas no art. 49, podendo, inclusive ser cumuladas, independente de ordem de prioridade. Se da infração das normas estabelecidas no art. 49 resultar prejuízo a serviço público de abastecimento de água, riscos à saúde ou à vida, perecimento de bens ou animais, ou prejuízos de qualquer natureza a terceiros, a multa a ser aplicada nunca será inferior à metade do valor máximo cominado em abstrato. Em caso de reincidência, a multa será aplicada em dobro. Da aplicação das sanções previstas cabe recurso à autoridade administrativa competente, nos termos do regulamento instruções e procedimentos fixados pelos órgãos ou entidades competentes. Obstrução de fiscalização Obstar ou dificultar a ação fiscalizadora das autoridades competentes no exercício de suas funções. 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 68/69 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/28fc25b9-2d43-40e9-8129-5f6a1855e4e3/ https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/28fc25b9-2d43-40e9-8129-5f6a1855e4e3/ https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/28fc25b9-2d43-40e9-8129-5f6a1855e4e3/ https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/28fc25b9-2d43-40e9-8129-5f6a1855e4e3/ https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/28fc25b9-2d43-40e9-8129-5f6a1855e4e3/ https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/28fc25b9-2d43-40e9-8129-5f6a1855e4e3/ Referências e links deste capítulo 1 2 3 4 5 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/28fc25b9-2d43-40e9-8129- 5f6a1855e4e3/ https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/8da0cb3f-1156-40d1-8d40- e8b0a40a873f/ https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/8c0ca57b-381c-42c2-ad6f- a6618ca0144c/ https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/1a8c3f5b-4c3f-49d5-be43- c�85188cd8f/ https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/88a2d626-595e-4cd9-b938- 135d27e2f24c/ [1] [2] [3] [4] [5] 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 69/69 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/28fc25b9-2d43-40e9-8129-5f6a1855e4e3/ https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/28fc25b9-2d43-40e9-8129-5f6a1855e4e3/ https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/28fc25b9-2d43-40e9-8129-5f6a1855e4e3/ https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/28fc25b9-2d43-40e9-8129-5f6a1855e4e3/ https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/28fc25b9-2d43-40e9-8129-5f6a1855e4e3/ https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/8da0cb3f-1156-40d1-8d40-e8b0a40a873f/ https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/8da0cb3f-1156-40d1-8d40-e8b0a40a873f/ https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/8da0cb3f-1156-40d1-8d40-e8b0a40a873f/ https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/8da0cb3f-1156-40d1-8d40-e8b0a40a873f/ https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/8da0cb3f-1156-40d1-8d40-e8b0a40a873f/ https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/8da0cb3f-1156-40d1-8d40-e8b0a40a873f/ https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/8da0cb3f-1156-40d1-8d40-e8b0a40a873f/ https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/8da0cb3f-1156-40d1-8d40-e8b0a40a873f/ https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/8da0cb3f-1156-40d1-8d40-e8b0a40a873f/ https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/8da0cb3f-1156-40d1-8d40-e8b0a40a873f/ https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/8da0cb3f-1156-40d1-8d40-e8b0a40a873f/ https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/8c0ca57b-381c-42c2-ad6f-a6618ca0144c/ https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/8c0ca57b-381c-42c2-ad6f-a6618ca0144c/ https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/8c0ca57b-381c-42c2-ad6f-a6618ca0144c/ https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/8c0ca57b-381c-42c2-ad6f-a6618ca0144c/ https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/8c0ca57b-381c-42c2-ad6f-a6618ca0144c/ https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/8c0ca57b-381c-42c2-ad6f-a6618ca0144c/ https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/8c0ca57b-381c-42c2-ad6f-a6618ca0144c/ https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/8c0ca57b-381c-42c2-ad6f-a6618ca0144c/ https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/8c0ca57b-381c-42c2-ad6f-a6618ca0144c/ https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/8c0ca57b-381c-42c2-ad6f-a6618ca0144c/ https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/8c0ca57b-381c-42c2-ad6f-a6618ca0144c/ https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/1a8c3f5b-4c3f-49d5-be43-cff85188cd8f/ https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/1a8c3f5b-4c3f-49d5-be43-cff85188cd8f/ https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/1a8c3f5b-4c3f-49d5-be43-cff85188cd8f/ https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/1a8c3f5b-4c3f-49d5-be43-cff85188cd8f/ https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/1a8c3f5b-4c3f-49d5-be43-cff85188cd8f/ https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/1a8c3f5b-4c3f-49d5-be43-cff85188cd8f/ https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/1a8c3f5b-4c3f-49d5-be43-cff85188cd8f/ https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/1a8c3f5b-4c3f-49d5-be43-cff85188cd8f/ https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/1a8c3f5b-4c3f-49d5-be43-cff85188cd8f/ https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/1a8c3f5b-4c3f-49d5-be43-cff85188cd8f/ https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/1a8c3f5b-4c3f-49d5-be43-cff85188cd8f/ https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/88a2d626-595e-4cd9-b938-135d27e2f24c/ https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/88a2d626-595e-4cd9-b938-135d27e2f24c/ https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/88a2d626-595e-4cd9-b938-135d27e2f24c/ https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/88a2d626-595e-4cd9-b938-135d27e2f24c/ https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/88a2d626-595e-4cd9-b938-135d27e2f24c/que para o qual a dominialidade pública da água não transforma o Poder Público em proprietário da água, mas torna-o gestor desse bem, na busca pelo interesse da coletividade. Assim, a água é um bem de uso coletivo de dominialidade pública, cujo titular é a coletividade, cabendo o Poder Público, em face do interesse público relevante desse bem, proteger e disciplinar o seu uso para atender às necessidades de todos os seres vivos que dela dependem, funcionando como um verdadeiro gerenciador desse recurso. Nessa cadência, a água não é um bem dominical do poder público que pode ser alienado como se disponível fosse. De fato, o art. 18, fixou a regra de que a outorga dos direitos sobre os corpos d’água não implica a alienação parcial das águas, que são inalienáveis, mas o simples direito de seu uso. As águas não integram o patrimônio privado do Poder Público. A Constituição Federal de 1988 distribuiu as responsabilidades de gestão dos recursos hídricos entre os entes federativos, nos arts. 20, 23 e 26. São bens da União, nos termos do art. 20, da CF/88, os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais (III), o mar territorial (VI) e os potenciais de energia hidráulica (VIII). São bens dos Estados/DF as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União; as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios ou terceiros. 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 6/69 Gabarito: Item incorreto. Nos termos do art. 26, da CF/88, as águas super�ciais ou subterrâneas, �uentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União, são consideradas bens dos Estados/DF. Competência Legislativa e Material sobre “águas” A competência para legislar sobre águas foi atribuída de forma privativa à União, nos termos do art. 22, IV, da CF/88. Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão. A União já exercitou sua competência privativa ao publicar a Lei 9.433/97 que dispõe sobre a Política Nacional de Recursos Hídricos – PNRH, tendo sido criada, três anos depois, por intermédio da Lei 9.984/2000, a Agência Nacional de Águas – ANA, autarquia federal sob regime especial, que tem por escopo fazer cumprir os objetivos e diretrizes da PNRH, regulando o uso do acesso aos recursos hídricos de domínio da União, bem como o acompanhamento da situação dos corpos d’água do Brasil para elaboração de estudos estratégicos como, por exemplo, dos Planos de Bacias Hidrográficas e dos Relatórios de Conjuntura dos Recursos Hídricos. Embora seja competência privativa da União legislar sobre águas, cabe advertir que a competência para proteger o meio ambiente e fiscalizar exploração de recursos hídricos em seus territórios é comum (competência material) entre União, Estados e Municípios, nos termos do art. 23, VI e XI, da CF, sendo, como vimos, as águas correntes ou dormentes bens dos Estados, nos termos do art. 26, I, da CF. Ademais disso, as águas, em regra, são bens dos Estados, logo estes têm o poder-dever de regular seu uso e disponibilidade à comunidade, não no exercício da competência privativa (exclusiva), mas sim da concorrente. Assim, alguns Estados da Federação editaram suas leis disciplinado a gestão das águas de seu domínio com vista a promover a melhoria e qualidade dos recursos hídricos regulando o abastecimento de água às populações urbanas e rurais, como no caso da Lei nº 3.239/99, do Rio de Janeiro, e da Lei 6.381/2001, do Estado do Pará. É nesse sentido que Celso Fiorillo sustenta que não restou claro ser competência da União legislar sobre a matéria águas ou caber a ela somente a edição de normas gerais. Entendo que a melhor interpretação que deve ser dada ao tema é aquela extraída com base no art. 24, da CF/88, de modo que a competência para legislar sobre normas gerais deve ser atribuída à União, cabendo aos Estados/DF legislar complementarmente e aos Municípios suplementarmente, com base no art. 30, II, da CF/88. 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 7/69 Ademais disso, em termos de competência para legislar sobre recursos hídricos, a CF/88 atribuiu a União a competência material exclusiva para instituir o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso, assim como para instituir diretrizes para o saneamento básico, acrescentando a competência para planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades públicas, especialmente as secas e inundações. Vejamos o normativo: Art. 21. Compete à União: XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades públicas, especialmente as secas e as inundações; XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso; XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos. A Constituição Federal também previu, em seu art. 23, a competência material comum para os entes federativos quanto ao tema águas, no sentido de que todos poderão atuar na proteção e defesa do meio ambiente e do combate à poluição, aí incluída a proteção e defesa dos corpos d’água, bem como a necessidade de procederem à fiscalização, registro e ao acompanhamento dos direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos em seus territórios. Eis a norma: Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas; XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios. Assim, a Constituição Federal atribui à União, Estados/DF e Municípios a competência material para a proteção de recursos naturais, neles incluídos os recursos hídricos, cabendo a todos a proteção dos corpos d’água, sejam de sua dominialidade ou não. 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 8/69 Questão 2022 | 4000808018 No tocante às águas, nos termos da Constituição Federal e da Lei das Águas, assinale a alternativa correta. A União tem competência privativa para legislar sobre águas. Solução Gabarito: Item correto. Nos termos do art. 22, IV, da CF/88, compete privativamente à União legislar sobre águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão. Normas que tutelam os recursos hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9/69 O Código das Águas (Decreto 24.643/34), apesar de ser de 1934, encontra-se ainda em vigor, porém muitas de suas normas estão obsoletas e foram revogadas de forma expressa ou tácita por incompatibilidade com o ordenamento constitucional e legislativo vigente. Foi o primeiro diploma normativo a regulamentar o uso econômico da água para atividades industriais e para a exploração de energia hidráulica. Assim, para fins desta aula não faremos análise do Decreto 24.643/34, tendo em vista sua diminuta importância quando cotejado com a Lei 9.433/97 que hodiernamente disciplina a gestão das águas em nosso território. A Lei 9.433/1997 regulamentou o inciso XIX, do art. 21 da CF/88, instituiu o Sistema Nacional de Recursos Hídricos e definiu os critérios de outorga de direitos de seu uso desses recursos. Essa Lei ficou amplamente conhecida como Lei das Águas e pelo fato de ter dado maior abrangência ao Código de Águas,https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/88a2d626-595e-4cd9-b938-135d27e2f24c/ https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/88a2d626-595e-4cd9-b938-135d27e2f24c/ https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/88a2d626-595e-4cd9-b938-135d27e2f24c/ https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/88a2d626-595e-4cd9-b938-135d27e2f24c/ https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/88a2d626-595e-4cd9-b938-135d27e2f24c/ https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/88a2d626-595e-4cd9-b938-135d27e2f24c/ https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/88a2d626-595e-4cd9-b938-135d27e2f24c/de 1934, que centralizava as decisões sobre administração dos corpos de água no setor elétrico, tornando a gestão dos recursos hídricos mais democrática. Visando a proteção dos recursos hídricos contra a poluição dos cursos d’água, foi editada a Lei 9.966/2007 que sedimentou as regras para a prevenção, o controle e a fiscalização da poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional, tendo em 2002, sua regulamentação por meio do Decreto 4.136/2002 que elencou as regras para a especificação das sanções aplicáveis às infrações às regras de prevenção, controle e fiscalização da poluição sobre os recursos hídricos. Em 2005, a Resolução CONAMA n. 357/2005, dispôs sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabeleceu as condições e padrões para o lançamento de efluentes. 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 10/69 A Lei 11.445/2007, estabeleceu as diretrizes nacionais para o saneamento básico e para a política federal de saneamento básico, definindo a titularidade dos serviços de saneamento básico, fixando a regra de que os recursos hídricos não integram os serviços públicos de saneamento básico, fixando a regra de que a utilização de recursos hídricos na prestação de serviços públicos de saneamento básico, inclusive para disposição ou diluição de esgotos e outros resíduos líquidos, é sujeita a outorga de direito de uso, nos termos da Lei nº 9.433/1997, de seus regulamentos e das legislações de cada Estado/DF Revisemos a evolução normativa: Decreto n° 24.643/1934 Instituiu o Código das Águas. Lei n° 9.433/1997 Instituiu o Plano Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Lei n° 9.966/2000 Sedimentou as regras para a prevenção, o controle e a fiscalização da poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional. Decreto n° 4.136/2002 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 11/69 Política Nacional de Recursos Hídricos-PNRH Regulamentou a Lei 9.966/00 e disciplinou as responsabilidades administrativas pelos danos causados aos corpos hídricos pelo lançamento de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional. Resolução CONAMA n° 357/2005 Dispôs sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabeleceu as condições e padrões para o lançamento de efluentes. Lei n° 11.445/2007 Estabeleceu as diretrizes nacionais para o saneamento básico e para a política federal de saneamento básico. Para assistir ao vídeo correspondente, acesse o LDI. Recursos Hídricos no Âmbito Internacional A tutela dos recursos hídricos no âmbito internacional vem de longa data. O debate sobre o tema “águas” teve início na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente, em Estocolmo, no ano de 1972 em que se discutiu, entre outros temas, a poluição da água e a do solo provenientes da industrialização e a pressão do crescimento demográfico sobre os recursos naturais. Esse impulso inicial ganhou força com a realização, em 1977, da Conferência das Nações Unidas sobre Água, em Mar Del Plata, na Argentina, reconhecido pela doutrina ambientalista como o primeiro evento internacional que efetivamente se debruçou sobre o problema de gestão da água no mundo. Destacou principalmente o direito de acesso à água potável em quantidade e qualidade à altura de suas necessidades básicas a todos os povos, quaisquer que sejam seu estágio de desenvolvimento e suas condições sociais e econômicas. Mas a conferência internacional que mais ganhou renome e sobressai de importância para os concursos públicos, foi a Conferência Internacional sobre Água e Meio Ambiente organizada pela ONU realizada em Dublin (Conferência de Dublin), Irlanda, em janeiro de 1992 sendo o segundo grande encontro internacional a debater a gestão dos recursos hídricos. Os especialistas concluíram que a saúde e o bem-estar humano, a segurança alimentar, o desenvolvimento industrial e os ecossistemas dos quais dependem, estão todos em risco, a não ser que a água e os recursos naturais sejam gerenciados de forma mais eficaz. Foi elaborado a Declaração de Dublin sobre Água e Desenvolvimento Sustentável contendo Princípios Orientadores e uma Agenda de Ações. Dentre eles podemos citar o reconhecimento de que a água doce é um recurso finito e vulnerável, essencial para sustentar a vida, o desenvolvimento e o meio ambiente, bem como o desenvolvimento e gestão da água deverão ser baseados numa abordagem participativa, envolvendo usuários, planejadores e agentes 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 12/69 políticos em todos os níveis. A Declaração de Dublin destacou ainda, em seu princípio 4, a ideia de que a água tem um valor econômico em todos os usos competitivos e deve ser reconhecida como um bem econômico. Com base nestes princípios orientadores, os participantes da Conferência de Dublin desenvolveram recomendações, na Agenda de Ação, que serviriam para aos países enfrentar seus problemas de recursos hídricos numa ampla variedade de frentes. Os principais benefícios para implementação das recomendações de Dublin visavam: redução de pobreza e doença; proteção contra desastres naturais; reuso e conservação de água; produção agrícola e abastecimento de água rural; proteção de ecossistemas aquáticos e resolução de conflitos de água. Considerações Iniciais sobre a Lei 9.433/1997 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 13/69 A Conferência de Dublin foi a base principiológica e a diretriz norteadora para a elaboração, em 1997, da Lei 9.433, que implementou a Política Nacional de Recursos Hídricos-PNRH no Brasil estabelecendo instrumentos para a gestão desses recursos, criando o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos -SINGREH. Conforme informado pela Agência Nacional de águas, a Lei da PNRH é conhecida por seu caráter descentralizador, evitando a centralização de poder decisório, por criar um sistema nacional que integra União e estados, e participativo, por inovar com a instalação de comitês de bacias hidrográficas que une poderes públicos nas três instâncias, usuários e sociedade civil na gestão de recursos hídricos, sendo considerada também uma lei moderna que criou condições para identificar conflitos pelo uso das águas, por meio dos planos de recursos hídricos das bacias hidrográficas, e arbitrar conflitos no âmbito administrativo. Destaca ainda a Agência que a Lei nº 9.433/97 deu maior abrangência ao Código de Águas, de 1934, que centralizava as decisões sobre gestão de recursos hídricos no setor elétrico. Ao estabelecer como fundamento o respeito aos usos múltiplos e como prioridade o abastecimento humano e dessedentação animal em casos de escassez, a Lei das Águas deu outro passo importante tornando a gestão dos recursos hídricos democrática. Fundamentos da PNRH A Lei 9.433/97 previu, em seu art. 1º, os Fundamentos da Política Nacional de Recursos Hídricos – PNRH, sendo perfeitamente perceptível a incorporação no ordenamento jurídico interno dos princípios e das diretrizes trazidas pela Declaração de Dublin sobre Água e Desenvolvimento Sustentável. Para assistir ao vídeo correspondente, acesse o LDI. Vejamos o normativo. Art. 1º A Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se nos seguintes fundamentos: I - a água é um bem de domínio público; II - a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico; III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a dessedentação de animais; IV - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas; V - a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementaçãoda Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos; VI - a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades. 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 14/69 Questão 2022 | 4000808019 Sobre a Política Nacional de Recursos Hídricos, Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, assinale o item. A essência da gestão dos recursos hídricos está presente nos incisos do art. 1º, devendo o candidato ter uma atenção especial para seus enunciados. A água como um bem de domínio público O inciso I estabelece que a água é um bem de domínio público. De fato, a Lei das Águas vem pacificar a ideia de que a água, enquanto bem ambiental essencial a sadia qualidade de vida dos seres vivos, nos termos do art. 225, caput, da CF/88, é um bem de titularidade da coletividade de natureza transindividual, sendo o Poder Público mero gestor desse recurso natural, objetivando satisfação do seu verdadeiro titular, intervindo no sentido de alocar adequadamente o recurso hídrico, garantindo seu acesso e distribuição a todos, privando pela racionalidade em seu uso. Ao fixar sua natureza pública, evita-se a possibilidade de existência de “águas privadas” conforme prevê ainda o Código de Águas de 1934. É nesse sentido que Christian Caubet destaca que a propriedade privada da água já não existe mais na nossa ordem jurídica, no sentido de uma pessoa se proclamar e agir como proprietária da água que se encontra em seu fundo, quer como corpo d’água, cercado por terras do dono do fundo, quer como curso d’água, proveniente de outro fundo e com destino para um terceiro. Isso nos leva a conclusão de que não poderá um indivíduo apropriar-se da água de modo a excluir totalmente os demais usuários ou mesmo, como destaca Paulo Machado, seu uso não poderá esgotar o próprio bem, devendo a outorga de uso, ser motivada e fundamentada pelo Gestor Público, bem como sua utilização não pode traduzir-se em sua poluição ou agressão. Para o gerenciamento dos recursos hídricos o Poder Público utiliza-se de vários instrumentos de gestão, como a outorga e a cobrança de valores pelo uso desses recursos, com objetivo único de regular o acesso e uso racional, bem como de garantir recursos que possam ser aplicados no desenvolvimento de políticas de prevenção e conservação dos recursos hídricos. Não é uma alienação da água, mas apenas uma forma de gestão desses recursos. 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 15/69 Baseia-se no fundamento de que a água é um bem de domínio público (Art. 1º). Solução Gabarito: Item correto. Nos termos do art. 1º, I, da Lei 9.433/97, a água é um bem de domínio público Questão 2022 | 4000808020 Nos termos da Lei n. 9.433/1997 (Política Nacional de Recursos Hídricos), assinale o item. A água como recurso natural limitado e dotado de valor econômico Diversos fatores contribuíram para que a água fosse considerada um recurso natural limitado, principalmente pelo fato da crescente demanda pela utilização dos recursos hídricos e seu mau uso havendo a necessidade de utilização de instrumentos específicos que despertasse no indivíduo a consciência de sua vulnerabilidade. É nesse sentido, em razão da escassez e vulnerabilidade do recurso, que são utilizados instrumentos econômicos visando que os usuários reconheçam a água como um bem econômico com a indicação de seu real valor despertando em todos a necessidade da racionalização de seu uso. Objetivando despertar essa consciência, o art. 1º, II, da Lei 9.433/98, incorporou os princípios 1 e 4 da Declaração de Dublin ratificando o que a comunidade internacional já buscava despertar na sociedade a visão de que a água é um recurso limitado, devendo, par isso, ser dotado de valor econômico. A água, hoje, não satisfaz a necessidade de todos que a procuraram. Essa dimensão econômica incorporada ao uso da água é um reflexo também do princípio do usuário-pagador que tem como objetivo central orientar normativamente o usuário de recursos naturais no sentido de adequar suas práticas de consumo buscando despertar a consciência para o uso racional e sustentável da água. O usuário, portanto, tem a obrigação de pagar pela utilização dos recursos naturais, mesmo que não venha provocar qualquer tipo de dano ao meio ambiente. 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 16/69 A água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico. Solução Gabarito: Item correto. Nos termos do art. 1º, II, da Lei das Águas, a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico. Questão 2022 | 4000808021 O Uso Prioritário dos Recursos Hídricos A Lei 9.433/97 tem como regra, nos termos do art. 1º, IV, o uso múltiplo da água. Por outro lado, o inciso III, previu, em casos de sua deficiência, deve-se dar prioridade para a satisfação das necessidades humanas e dos animais. Melhor dizendo, em caso de crise hídrica, a satisfação das necessidades dos seres vivos é prioridade. O objetivo da regra é dar maior concretude ao princípio da dignidade da pessoa humana, direito fundamental de toda pessoa, considerando que a água é elemento essencial e vital para as pessoas, servindo de fonte para os processos vitais sem os quais estaríamos fadados ao padecimento. Desse modo, em caso de escassez dos recursos hídricos, a prioridade não será o uso múltiplo da água, mas a destinação a usos prioritários para o consumo humano e a dessedentação de animais. Esse uso da água em situação de escassez visa atender apenas as necessidades essenciais para manutenção do mínimo existencial. A proteção estabelecida no art. 1º, II, tem por fim garantir a existência humana e das demais espécies de animais. Dando mais efetividade a esse fundamento, o art. 15, da Lei das Águas, previu a possibilidade de suspensão parcial ou total da outorga de direito de uso dos recursos hídricos pelo concessionário nos casos de necessidade de se atender a usos prioritários, de interesse coletivo, para os quais não se disponha de fontes alternativas. 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 17/69 A Lei Federal n. 9.433/1997, que institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, prevê o uso prioritário das águas para �ns energéticos. Solução Gabarito: Item errado. Nos termos do art. 1º, III, da Lei das Águas, em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a dessedentação de animais. Ademais disso, não havendo situação de escassez, os recursos hídricos devem sempre ser disponibilizados objetivando o uso múltiplo. O uso múltiplo das águas A Lei da Política Nacional de Recursos Hídricos fixou como regra fundamental, até pelas próprias multiplicidades de características dos recursos hídricos, a necessidade de uso múltiplo das águas. O objetivo do normativo é garantir o acesso de todos aos recursos hídricos buscando a satisfação de toda a diversidade de modos de sua utilização com o menor custo possível, tendo em vista a demanda diversificada de uso da água que temos hoje. Para garantia dessa multiplicidade no uso das águas a Política Nacional de Recursos Hídricos previu um conjunto de instrumentos de planejamento e gestão descentralizada objetivando dar efetividade a esse fundamento, como podemos destacar pelo conjunto de órgãos descentralizados que integram a PNRH e pelos diversos planos regionais que visam a implementação dessa política. Destaca Paulo Machado que há vedação legal de se privilegiar um uso ou somente alguns usos dos recursos hídricos. É proibido ao Poder Público, por exemplo, conceder uma outorga de direito de uso que possibilite apenas um único uso das águas, podendo os atos restritivos praticados serem anulados pela via administrativa ou judicial. Quanto às diversas formasde uso dos recursos hídricos, eles podem ser classificados em: de uso consuntivo e de uso não consuntivo. Será de uso consuntivo quando causa uma diminuição, um efetivo consumo da disponibilidade espacial e temporal das águas como ocorre para uso na irrigação e nas atividades industriais. O uso não consuntivo dos recursos hídricos ocorre quando a água já usada retorna a sua fonte de suprimento podendo ser reaproveitada, provocando apenas uma mudança temporal em sua disponibilidade. Isso ocorre, por exemplo, quando do uso para recreação e navegação. 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 18/69 Questão 2022 | 4000808022 Nos termos da Lei n. 9.433/1997 (Política Nacional de Recursos Hídricos), assinale o item. A gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas. 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 19/69 Solução Gabarito: Item correto. Nos termos do art. 1º, IV, da Lei das Águas, a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas. Questão 2022 | 4000808023 Dentre os fundamentos em que a Política Nacional de Recursos Hídricos se baseia, está de�nida a bacia hidrográ�ca como a unidade territorial para implementação da Política A Bacia Hidrográfica O art. 1º, V, da Lei 9.433/97, previu que a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. A bacia hidrográfica é a área onde a água da chuva escorre para um rio principal e seus afluentes. A forma das terras na região da bacia faz com que a água corra por riachos e rios menores para um mesmo rio principal, localizado num ponto mais baixo da paisagem. A Lei das Águas objetivou fixar que a implementação da PNRH não terá como unidade territorial os limites geográficos dos Estados ou Municípios, mas sim a bacia geográfica. Ela é a unidade de referência que deve ser utilizada para a gestão regular das águas. Cumpre advertir que a Lei 8.171/1991, que trata da política agrícola, já previa, em seu art. 20, que as bacias hidrográficas se constituem unidades básicas de planejamento do uso, da conservação e da recuperação dos recursos naturais. O objetivo central desse Fundamento da PNRH é conhecer de perto as necessidades e os possíveis conflitos existentes pelo uso da água pelos atores locais para poder com isso gerenciar e racionalizar os múltiplos usos da água previstos no planejamento governamental. É nesse sentido que os Planos de Recursos Hídricos, um dos instrumentos da PNRH, como veremos, devem ser elaborados por bacia hidrográfica. 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 20/69 Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Solução Gabarito: Item correto. Nos termos do art. 1º, V, da Lei das Águas, a bacia hidrográ�ca é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. A gestão democrática e descentralizada dos recursos hídricos O art. 1º, VII, da Lei das Águas previu ainda como fundamento da PNRH que a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades. O objetivo é buscar a implementação de uma gestão democrática e mais participativa envolvendo diversos atores na tomada de decisão dando mais efetividade ao princípio da informação e da participação comunitária. A previsão de descentralização e da participação nos processos de gestão dos recursos hídricos está diretamente relacionado com a própria característica indispensável da água como bem essencial para a manutenção da vida e para o desenvolvimento regular das diversas atividades laborais que dela dependem, funcionado como um bem ambiental de caráter social (comunitário) que autoriza a participação de todos os indivíduos, e não só do Poder Público, em sua gestão. A descentralização consiste na divisão de competências entre as diversas pessoas envolvidas na gestão dos recursos hídricos. Assim, exige a Lei das Águas que haja divisão de atribuições entre os diversos órgãos que compõem o Sistema Nacional de Recursos Hídricos, objetivando o uso racional e mais eficaz desses recursos. A gestão participativa está relacionada com a efetiva possibilidade de os usuários, sociedade civil organizada e outros atores influenciarem diretamente a tomada de decisão sobre a gestão dos recursos hídricos. Objetivos e Diretrizes da PNRH Para assistir ao vídeo correspondente, acesse o LDI. Objetivos da PNRH A Lei 9.433/97 estabeleceu, em seu art. 2º, os objetivos que devem ser perseguidos por todos os atores no processo de implementação das regras previstas no normativo para a escorreita administração dos recursos hídricos. 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 21/69 Os objetivos fixados refletem o propósito de realizar uma gestão de qualidade desses recursos, destacando aonde se quer chegar com o gerenciamento dos recursos hídricos. Vejamos a norma: Art. 2º São objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos: I - assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos; II - a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável; III - a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais. IV - Incentivar e promover a captação, a preservação e o aproveitamento de águas pluviais. O inciso I é um desdobramento da previsão constitucional do caput do art. 225, demonstrando a necessidade de atendimento ao princípio da solidariedade intergeracional, no que tange ao bem ambiental, água, buscando assegurar às presentes e futuras gerações a disponibilidade da água em padrões adequados de utilização. O inciso II é uma verdadeira incorporação legislativa do princípio do desenvolvimento sustentável quando fixa a possibilidade de uso dos recursos naturais da forma mais racional e integrada (visão de bem ambiental passível de utilização) com vistas a preservar os recursos hídricos e ao mesmo tempo garantir suas múltiplas utilizações, seja de cunho econômico ou social. O inciso III traz a aplicação do princípio da prevenção para os eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes do uso inadequado desses recursos ambientais. Como são conhecidos os possíveis efeitos deletérios que podem ser produzidos por essas intemperes (risco certo e concreto) é perfeitamente possível a adoção de medidas preventivas para evitar uma indisponibilidade de água em certos períodos do ano. O inciso IV, foi introduzido pela Lei 13.501/2007, que fixou como mais um objetivo da PNRH incentivar e promover a captação, a preservação e o aproveitamento de águas pluviais. Esse objetivo é um reflexo do anterior (inciso III), pois busca com o armazenamento e aproveitamento da água da chuva, prevenir situações de crise hidrológica provocada por questões de ordem natural, como ocorrem nos períodos de estiagem em certas regiões do Brasil. O uso de água da chuva está atrelado a preservação do meio ambiente e economia de recursos financeiros visando assegurar a disponibilidade em determinado padrão de qualidade. Nesse sentido, a captação de água da chuva pode diminuir as chances de escassez por meio do armazenamento de água em períodos de chuva, garantindo a distribuição e abastecimento para quem dela necessitar. 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 22/69 Questão 2022 | 4000808024 Nos termos da Lei n. 9.433/1997 (Política Nacional de Recursos Hídricos),assinale a alternativa incorreta: A utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável, é um dos objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos. Solução Os objetivos da Política Nacional dos Recursos Hídricos tangenciam os princípios do desenvolvimento sustentável, da solidariedade intergeracional e da prevenção visando induzir comportamentos dos atores quanto ao uso da água de modo racional e equilibrado, sempre buscando a igualdade de acesso aos recursos hídricos entre as diferentes gerações. 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 23/69 Gabarito: Item correto. Nos termos do art. 2º, II, a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável, é um dos objetivos da PNRH. Diretrizes Gerais de Ação da PNRH As Diretrizes Gerais de Ação para implementação da PNRH estão previstas no art. 3º, da Lei das Águas. Elas são verdadeiros pontos fulcrais para se alcançar os objetivos respeitando os fundamentos fixados na Lei nº 9.433/1997. O artigo 3º previu seis diretrizes gerais, conforme normativo abaixo: Art. 3º Constituem diretrizes gerais de ação para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos: I - a gestão sistemática dos recursos hídricos, sem dissociação dos aspectos de quantidade e qualidade; II - a adequação da gestão de recursos hídricos às diversidades físicas, bióticas, demográficas, econômicas, sociais e culturais das diversas regiões do País; III - a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental; IV - a articulação do planejamento de recursos hídricos com o dos setores usuários e com os planejamentos regional, estadual e nacional; V - a articulação da gestão de recursos hídricos com a do uso do solo; VI - a integração da gestão das bacias hidrográficas com a dos sistemas estuarinos e zonas costeiras. As diretrizes previstas no art. 3º, da Lei das Águas, de um modo geral, tem por objetivo central a articulação e a integração da gestão dos recursos hídricos com os demais planos e programas das diferentes áreas do setor econômico e social. É nesse sentido que a gestão de recursos hídricos deve guardar compatibilidade com o planejamento de uso e ocupação do solo, com as diversidades de características físicas e sociais de cada uma das regiões do País, bem com articular-se com as demais bacias estuarias e das zonas costeiras. A Lei 9.433/97 define como imprescindível a articulação e a integração entre todos os diferentes setores envolvidos com a gestão dos recursos hídricos. O inciso I previu a gestão sistemática dos recursos hídricos, não podendo estar desatrelada de dois requisitos essenciais: quantidade e qualidade. A gestão sistemática visa resguardar os 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 24/69 recursos hídricos de maneira contínua e organizada, envolvendo instituições e os recursos humanos e financeiros necessários, por meio de planejamento, monitoramento e avaliação regular dos resultados. Dentro desse processo de gerenciamento das águas, devem os atores envolvidos contemplar as questões relacionadas à sua quantidade e qualidade. A qualidade da água é tão importante quanto a quantidade, especialmente quando se trata de atender às necessidades básicas dos seres humanos e do meio ambiente. O inciso II fixou a necessidade de adequação da gestão de recursos hídricos às diversidades físicas, bióticas, demográficas, econômicas, sociais e culturais das diversas regiões do País. Nesse sentido, visa o normativo como uma das diretrizes gerais da PNRH a necessidade de tratamento diferenciado dos recursos hídricos em face das grandes diferenças geológicas, paisagística, demográficas, econômicas e sociais existentes no País, não podendo os gestores darem tratamento único para uma situação multifatorial que tangenciam esses bens ambientais. A ideia é que devem ser diferentes as regras a serem aplicadas para cada região do Brasil a depender dessa multiplicidade de fatores, não podendo, por exemplo, as regras de gestão para uma região da amazônica, que apresenta uma disponibilidade de água bem considerável, serem as mesmas para uma região do semiárido, de baixa disponibilidade desse recurso. Devem ser tratados de forma desigual na medida de suas desigualdades fáticas. O inciso III fixou como diretriz para a PNRH a integração entre a gestão de recursos hídricos e a gestão ambiental. Nesse sentido, a gestão das águas deve levar em consideração a gestão dos demais recursos ambientais e todo o planejamento das políticas ambientais de cada localidade, considerando que os recursos hídricos não estão dissociados dos outros componentes que formam os bens ambientais. Isso porque a disponibilidade de água em uma localidade, está diretamente relacionada a determinados fatores ambientais tais como, o tipo de fauna, flora, presença de áreas protegidas, bem como os planos de zoneamento existentes. O inciso IV estabeleceu como diretriz geral de ação a articulação do planejamento de recursos hídricos com o dos setores usuários e com os planejamentos regional, estadual e nacional. Ora, em função da própria natureza dos recursos hídricos e de sua importância nos processos vitais dos seres vivos e nos processos produtivos comerciais, a compatibilidade dos planos de expansão agrícola, ou mesmo dos projetos de implantação de polos industriais, por exemplo, afetam diretamente a qualidade e a quantidade dos recursos hídricos de uma bacia hidrográfica de modo que qualquer política pública ou plano específico regional ou nacional deve guardar compatibilidade com a gestão dos recursos hídricos. A ideia central da diretriz é evitar o planejamento isolado dessas políticas ou planos. O inciso V previu como diretriz geral de ação a necessidade de articulação da gestão de recursos hídricos com a do uso do solo. A depender da forma como será efetivada a ocupação e uso do solo, essa atividade poderá provocar fortes alterações na qualidade e quantidade da água disponível. Por isso, a ideia central da diretriz e vincular a gestão dos corpos de água com as regras de uso e ocupação do solo para que se possa ter um uso racional e adequado desses recursos de modo a preservá-lo para as presentes e futuras gerações. 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 25/69 O inciso VI trouxe como diretriz geral a ação de integração da gestão das bacias hidrográficas com a dos sistemas estuarinos e zonas costeiras. Essa composição de gestões deve ser efetivada considerando que as zonas costeiras são as regiões mais povoadas, devido aos processos sociais de ocupação e uso do território que necessitam de corpos de água de qualidade para o uso adequado. Ademais disso é importante frisar a importância das zonas costeiras para o turismo e a pesca em face da beleza cênica e da biodiversidade pesqueira encontrada nessas regiões, fato que aumenta ainda mais a necessidade de integração dessas gestões. Por fim, o art. 4º, da Lei das Águas previu que a União articular-se-á com os Estados tendo em vista o gerenciamento dos recursos hídricos de interesse comum. Essa norma busca integrar as diversas esferas de governo na gestão dos recursos hídricos, notadamente porque os Estados/DF e a União são as entidades que detêm dominialidade (gestores) desses recursos devendo compatibilizar suas políticas para a escorreita gestão desses bens indispensáveis à vida. Instrumentos da PNRH Para se chegar a uma maior concretude dos objetivos fixados na Política Nacional de Recursos Hídricos, a Lei das Águas estabeleceu os instrumentos necessários a escorreita gestão desses recursos. Para assistir ao vídeo correspondente, acesse o LDI. São vários instrumentos administrativos que efetivam o espírito de gestão articulada e participativados recursos hídricos ventilado na Lei 9.433/97. Os instrumentos foram previstos no art.5º. Eis o normativo: Art. 5º São instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos: I - os Planos de Recursos Hídricos; II - o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da água; III - a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos; IV - a cobrança pelo uso de recursos hídricos; V - a compensação a municípios; VI - o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos. Os Planos de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 26/69 Os Planos de Recursos Hídricos - PRH, conforme previsto no art. 6º, da Lei 9.433/97, são planos diretores que visam fundamentar e orientar a implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e o gerenciamento dos recursos hídricos, servindo como instrumento de planejamento para orientar atuação dos gestores e de toda a comunidade no que diz respeito ao uso, recuperação, proteção, conservação e desenvolvimento desses recursos. O planejamento para o uso racional dos recursos hídricos é um procedimento que visa definir e alocar as melhores alternativas de utilização desses recursos servindo de base para a tomada de decisão dos atores envolvidos no processo de gestão visando a busca da maior eficiência no uso múltiplo dos corpos de água. Esse planejamento consiste na busca de soluções de compromisso, principalmente com objetivo de minimizar conflitos pelo uso da água, sejam existentes ou potenciais, tendo em vista os múltiplos interesses dos usuários da água, do poder público e da sociedade civil organizada, bem como as múltiplas metas a serem alcançadas, sejam elas de cunho econômico, financeiro, social ou ambiental, ou ainda, propiciar a prevenção e a mitigação de eventos hidrológicos críticos, como as secas ou inundações. Cumpre destacar ainda que para o processo de efetivação da gestão dos recursos hídricos, se faz necessário que os atores envolvidos criem forma de compatibilizar e caracterizar três situações referente aos recursos hídricos: a atual; a desejada e a possível. Nesse cenário, se faz necessário primeiro identificar a situação real dos recursos hídricos, evidenciando a quantidade e a qualidade de água disponível. Posteriormente, deve ser prevista a situação desejada para atendimento das múltiplas demandas apresentadas. Por fim, a situação possível de atendimento das necessidades apresentadas, tendo presente a escassez desse tipo de recurso, havendo necessidade de harmonização entre a demanda e o consumo desses recursos, criando-se um verdadeiro pacto de uso sustentável com os interessados. Esses PRH devem ser elaborados por bacia hidrográfica, por Estado e para o País, devendo atender a demandas de longo prazo, com horizonte de planejamento compatível com o período de implantação de seus programas e projetos. O Plano de Recursos Hídricos deve ser elaborado em três escalas ou níveis de estrutura: 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 27/69 o Plano Nacional de Recursos Hídricos tangencia todo o território nacional e tem papel fundamentalmente estratégico fixando os objetivos, diretrizes e metas a serem atingidas em âmbito nacional; o Plano Estadual ou Distrital de Recursos Hídricos abrange o território do Estado/DF com ênfase nos sistemas regionais de gerenciamento dos recursos hídricos; e o Plano de Bacia Hidrográfica servindo de documento que fixa as diretrizes para uso dos recursos hídricos na bacia. Os Planos de Bacia têm natureza operacional/executiva visando atingir os objetivos e metas fixados pelas Planos Nacional e Estadual. Quanto à elaboração, apoio e aprovação dos planos de recursos hídricos, temos diversos atores, todos integrantes do Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos – SEGRHI, que serão conhecidos ao longo desta aula, mas que já podemos destacar neste ponto para fins de melhor fixação. São responsáveis pelos Planos de Recursos Hídricos Nacional e Estaduais: Agência Nacional de Águas (ANA) - compete apoiar a elaboração do Plano Nacional de Recursos Hídricos (PNRH); Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente (SRHU/MMA) - compete coordenar a elaboração do PNRH; Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH) - compete o acompanhamento da execução e a responsabilidade pela aprovação do PNRH; Órgãos gestores de recursos hídricos do Estado - compete elaborar os Planos Estaduais de Recursos Hídricos; e Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos - compete a aprovação do Plano Estadual de Recursos hídricos (isso como regra, seguindo o modelo nacional). As Agências de Água ou Agências de Bacia são responsáveis para a elaboração dos planos de recursos hídricos de bacias hidrográficas. Não havendo Agência de Água ou de Bacia regularmente instituída, os Planos poderão ser elaborados pelas entidades gestoras dos recursos hídricos dos Estados/DF. Esquematizando, temos: Para elaboração do Plano Nacional de Recursos Hídricos a base físico-territorial adotada é representada pela Divisão Hidrográfica Nacional em regiões Hidrográficas aprovadas pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos por meio da Resolução n. 32/2003. Essas regiões hidrográficas podem ser bacias, grupo de bacias ou sub-bacias hidrográficas próximas, com características naturais, socais e econômicas similares. Esse critério de divisão das regiões visa orientar o planejamento e gerenciamento dos recursos hídricos em todo o país. Hoje no Brasil existem 12 regiões hidrográficas: Bacia Amazônica 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 28/69 A bacia Amazônica é a maior bacia hidrográfica do planeta Terra, sendo responsável pela drenagem de cerca de 7.500.000 km². Uma média de 3,89 milhões de quilômetros quadrados dessa bacia está localizada no Brasil, onde oferece grande potencial de produção de energia elétrica. Apresenta ainda, condições favoráveis para o transporte fluvial. Bacia do Rio São Francisco A bacia do rio São Francisco é um meio de ligação entre as regiões Nordeste e Sudeste. Essa bacia hidrográfica atinge cerca de 641.000 km² de área de drenagem e possui extensos trechos navegáveis e também um grande potencial hidroelétrico. Bacia do Tocantins Araguaia A bacia do Tocantins Araguaia possui uma área de aproximadamente 967.059 km² e compreende o Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Pará e Tocantins. Ela é a maior bacia hidrográfica totalmente brasileira e tem seu potencial energético explorado. Bacia do Parnaíba A bacia do Parnaíba possui uma área de aproximadamente 344.112 km² e compreende os seguintes os estados do Piauí, Maranhão e Ceará. Boa parte dos afluentes dessa bacia hidrográfica situados na jusante de Teresina – PI são perenes e alimentados por águas pluviais e subterrâneas. Bacia Atlântico Nordeste Ocidental A bacia Atlântico Nordeste Ocidental possui uma área de aproximadamente 274.300 km² e está localizada em grande parte no estado do Maranhão e uma pequena porção no estado do Pará. Seus principais rios são perenes. Bacia Atlântico Nordeste Oriental A bacia Atlântico Nordeste Oriental possui uma área de aproximadamente 287.348 km² e alcança Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte. Essa bacia hidrográfica é a que sofreu os maiores impactos ambientais provocados pela ação humana sobre sua vegetação nativa. Bacia do Atlântico Leste A bacia Atlântico Leste possui uma área de aproximadamente 388.200 km² e compreende os estados de Minas Gerais, Bahia, Espírito Santo e Sergipe. Essa bacia hidrográfica abrange as capitais Salvador e Aracaju. Tem grandes núcleos urbanos, além de um parque industrial bem significativo sofrendo com os impactos negativos da ação humana. Bacia do Atlântico Sudeste A bacia Atlântico Sudeste possui uma área de aproximadamente 229.972 km² eabrange os seguintes estados do Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo. Essa bacia hidrográfica se destaca por causa de sua elevada contingência populacional e pela relevante economia de sua indústria. 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 29/69 Bacia do Atlântico Sul A bacia Atlântico Sul possui uma área de aproximadamente 187.500 km² e se inicia próximo da divisa dos estados de São Paulo e Paraná, além de se estender até o Arroio Chuí (na fronteira entre Brasil e Uruguai). Essa bacia hidrográfica atinge os estados de Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina e seus rios desaguam no Oceano Atlântico. Bacia do Paraná A bacia do Paraná possui uma área de aproximadamente 879.900 km² e abrange o Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e São Paulo. Essa bacia hidrográfica atinge também a Argentina, o Paraguai e o Uruguai, com rios afluentes adequados para usinas hidroelétricas; possui um grande desenvolvimento econômico. Bacia do Paraguai A bacia do Paraguai possui uma área de aproximadamente 1,1 milhão de km² e compreende os estados do Mato Grosso do Sul e o Mato Grosso, além dos países: Argentina, Bolívia e Paraguai. Essa bacia hidrográfica apresenta grandes extensões para navegação. Ela inclui o Pantanal, uma das maiores extensões úmidas e contínuas do planeta Terra. Bacia do Uruguai A bacia do Uruguai possui uma área de aproximadamente 385.000 km² e compreende os estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, além de Argentina e Uruguai. Essa bacia hidrográfica possui grande potencial hidroelétrico. A região dessa bacia tem sofrido com o desmatamento. A Lei 9.433/97 previu, em seu art. 7º, os conteúdos mínimos que devem fazer parte dos PRH, sem os quais esses documentos de planejamento não atenderão às diretrizes e aos fundamentos fixados na Política Nacional de Recursos Hídricos. Vejamos: I - diagnóstico da situação atual dos recursos hídricos; II - análise de alternativas de crescimento demográfico, de evolução de atividades produtivas e de modificações dos padrões de ocupação do solo; III - balanço entre disponibilidades e demandas futuras dos recursos hídricos, em quantidade e qualidade, com identificação de conflitos potenciais; IV - metas de racionalização de uso, aumento da quantidade e melhoria da qualidade dos recursos hídricos disponíveis; V - medidas a serem tomadas, programas a serem desenvolvidos e projetos a serem implantados, para o atendimento das metas previstas; VIII - prioridades para outorga de direitos de uso de recursos hídricos; IX - diretrizes e critérios para a cobrança pelo uso dos recursos hídricos; 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 30/69 X - propostas para a criação de áreas sujeitas a restrição de uso, com vistas à proteção dos recursos hídricos. De início, os PRH devem fazer um mapeamento dos recursos hídricos disponíveis seja a nível de bacia hidrográfica ou mesmo de um Estado, objetivando identificar e diagnosticar a atual situação desses corpos de água. Outro importante ponto que deve contar nos PRH é análise de alternativas de crescimento demográfico, de evolução de atividades produtivas e de modificações dos padrões de ocupação do solo. Nesse sentido, é importante desenhar e vislumbrar um cenário probabilístico de como o crescimento das atividades produtivas e demográficas são capazes, no período fixado para implementação dos programas e projetos para o atingimento das metas estabelecidas no plano de recursos hídricos, de influenciar a gestão do uso da água na área de abrangência do PRH. A fixação das metas de racionalização de uso, aumento da quantidade e melhoria da qualidade dos recursos hídricos disponíveis é outro conteúdo mínimo indispensável para implementação da política nacional de recursos hídricos. Metas são delimitações concretas refletindo o aspecto quantificável dos objetivos da PNRH. No caso, para se atingir o objetivo de racionalização de uso dos corpos de água devem ser fixadas metas a serem atingidas em curto, médio e longo prazos. Para isso, deverão ser previstas nos PRH as medidas a serem tomadas, programas a serem desenvolvidos e projetos a serem implantados, para o atendimento das metas previamente fixadas. Cumpre destacar que, na prática, nem todos os planos conseguem abarcar todos esses requisitos mínimos, notadamente no que tange as prioridades que devem ser dadas ao uso da água envolvendo diversos interesses que exigirá durante a elaboração dos planos a busca pelo acordo e consenso entre os diversos atores, até porque múltiplas são as demandas pelo uso da água. 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 31/69 Enquadramento dos Corpos de Água em Classes A Lei 9.433/97 previu mais um instrumento de planejamento para o escorreito uso dos recursos hídricos, qual seja, o enquadramento dos corpos de água em classes segundo os usos preponderante visando sempre a prevenção e a resolução de problemas relacionados à gestão desses recursos. Conforme previsto no art. 9º, da Lei das Águas, o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da água, visa assegurar às águas qualidade compatível com os usos mais exigentes a que forem destinadas, bem como diminuir os custos de combate à poluição das águas, mediante ações preventivas permanentes. Nessa linha, enquanto instrumento de gestão, o enquadramento assegura que os corpos de água tenham qualidade compatível com os diversos usos que são destinados, fixando critérios 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 32/69 de qualidades para seu consumo a depender do uso a ser efetivado. Assim, cada tipo de uso exigirá uma maior ou menor nível de qualidade da água, gerando as classes de classificação previstas na Resolução CONAMA n. 357/2005 que dispõe sobre o enquadramento dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes. A referida norma definiu os corpos de água no território nacional em águas doces, salobras e salinas sendo classificadas, segundo a qualidade requerida para os seus usos preponderantes, em treze classes de qualidade. Para as águas doces foram criadas 5 categorias, a classe especial e as classes de 1 a 4 em ordem decrescente de qualidade, sendo a classe especial a que tem melhor qualidade da água e a classe 4 a que tem pior qualidade. Para as águas salobras e salinas foram criadas 4 categorias, a classe especial e as demais classes de 1 a 3. A qualidade da água é o fator que fixa o enquadramento e dependerá da exigência do uso do corpo de água. Por exemplo, no uso das águas doces, para preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas em uma unidade de conservação de proteção integral, bem como para o abastecimento do consumo humano (após desinfecção) deverá o corpo de água pertencer a classe especial em face da exigência de alta qualidade que os usuários necessitam (poderá pertencer a outras classes, desde que submetida a tratamento especial). Por outro lado, para uso na navegação, em face da baixa exigência da qualidade do corpo de água, pode ser tolerável até a classe 4. O enquadramento dos recursos hídricos é instrumento de planejamento que servem de indicativo e norte para o desenvolvimento das diretrizes para a outorga e cobrança pelo uso dos corpos de água, devendo ser desenvolvido em conformidade com o Plano de Recursos Hídricos (Nacional Estadual e de Bacias) com base em estudos específicos elaborado e aprovado pelas respectivas instituições competentes do sistema de gerenciamento de recursos hídricos. Destaque-se também a relação umbilical que existe entre o enquadramento dos recursos e as políticas de uso e ocupação do solo, bem como de saneamento, considerandoque as atividades resultantes poderão interferir na qualidade de água. Outorga do Direito de Uso de Recursos Hídricos Aspectos Iniciais sobre a Outorga de Uso de Recursos Hídricos A outorga de direito de uso de um determinado bem público consiste em ato administrativo originário do poder concedente que autoriza o particular a utilizar o bem público por tempo certo e sob certas condições estabelecidas no ato concessivo. A outorga do direito de uso de recursos hídricos, ao seu turno, é uma autorização concedida pelo Poder Público necessária para quem quiser utilizar os recursos hídricos diretamente de sua fonte, podendo contemplar tantos os corpos de água superficiais e subterrâneas, por prazo determinado, nos termos e nas condições expressas no respectivo ato administrativo. A outorga é um consentimento estatal no efetivo exercício do poder de polícia preventivo que assegura ao requerente o direito de utilizar os recursos hídricos sob condições específicas elencadas no 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 33/69 ato concessivo. Assim, se um empreendedor necessita, por exemplo, de utilizar a água em um processo produtivo, tem de solicitar a outorga ao poder público, seja ele federal, seja estadual. Toda outorga de direitos de uso de recursos hídricos far-se-á por prazo não excedente a trinta e cinco anos, renovável. O objetivo é criar a possibilidade de revisar as outorgas concedidas para escorreita adequação com usos desses recursos aos Planos nacionais, estaduais e de bacias hidrográficas. Cumpre lembrar que a outorga não implica a alienação parcial das águas, que são inalienáveis, mas o simples direito de seu uso. Isso porque não podemos esquecer que os recursos hídricos são bens de uso comum do povo e essencial a sadia qualidade de vida de titularidade da coletividade, logo, inalienáveis e indisponíveis, cabendo ao Poder Público sua escorreita gestão de forma a manter sua qualidade e disponibilidade para todos os usuários. Nos termos do art. 11, da Lei 9.433/97, o regime de outorga de direitos de uso de recursos hídricos tem como objetivos assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e o efetivo exercício dos direitos de acesso à água. Órgãos Competentes para Emissão da Outorga de Uso de Recursos Hídricos A Lei das Águas prevê que a outorga do direito de uso de recursos hídricos efetivar-se-á por ato da autoridade competente do Poder Executivo Federal, dos Estados ou do Distrito Federal. Isso porque, conforme vimos no início desta aula, os corpos de água ou são de domínio da União ou dos Estados/DF, cabendo ao respectivo ente a manifestação do consentimento. Há autorização legal expressa para que o Poder Executivo Federal delegue aos Estados e ao Distrito Federal competência para conceder outorga de direito de uso de recurso hídrico de domínio da União. Assim, caberá Agência Estadual de Recursos Hídricos ou órgão equivalente do Estado outorgar o direito de uso de recursos hídricos em corpos de água de domínio estadual. Lembrando que são de domínio estadual as águas subterrâneas e as águas superficiais dos cursos de água que escoam desde sua nascente até a foz passando apenas por um estado, 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 34/69 caso ultrapasse as fronteiras do Estado, será de domínio da União. Nesta última hipótese, competirá à Agência Nacional de Águas – ANA outorgar o direito de uso de recursos hídricos em corpos de água de domínio da União, como nos casos das águas dos rios e lagos que banham mais de um estado, fazem limite entre estados ou entre o território do Brasil e o de um país vizinho. Usos de corpos de água sujeitos a outorga Nem todos os corpos de água estão sujeitos à outorga. A Lei das águas definiu aqueles que necessitarão de consentimento do Poder Público, nos termos do art.12. Assim, estão sujeitos à outorga os direitos de uso dos recursos hídricos resultante de (1) derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo de água para consumo final, inclusive abastecimento público, ou insumo de processo produtivo; (2) extração de água de aquífero subterrâneo para consumo final ou insumo de processo produtivo; (3) lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou disposição final; (3) aproveitamento dos potenciais hidrelétricos; e (4) outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água existente em um corpo de água. Pelo que se denota dos casos previstos na norma é a necessidade de outorga todas as vezes que o uso dos corpos de água tiver efeitos diretos e imediatos sobre a quantidade e a qualidade da água, fato que poderá afetar a sua disponibilidade para os demais usuários dos referidos bens ambientais. Assim, isso ocorrerá nos casos de lançamento de resíduos sólidos em cursos de água, bem como nos casos de aproveitamento hidrelétrico, pois haverá a necessidade de formação de barragens que afetarão sobremaneira a disponibilidade de água na bacia. Dessa forma, os casos de obrigatoriedade de outorga listados no art. 12, da Lei 9.433/97, são meramente exemplificativos. Cumpre lembrar que a necessidade de autorização por outorga para uso da água não implica apenas a possibilidade de sua captação, mas também para outros usos como o transporte e a dispersão de resíduos sólidos. A outorga não é um direito ao livre uso de recursos hídricos pelo beneficiário. Há necessidade de que a outorga preveja a necessidade do cumprimento de condicionantes como, por exemplo, atender às prioridades de uso estabelecidas nos Planos de Recursos Hídricos e respeitar a classe em que o corpo de água estiver enquadrado, bem como a manutenção de condições adequadas ao transporte aquaviário, quando for o caso, de forma sempre a preservar o uso múltiplo dos recursos hídricos. 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 9. Política Nacional de Recursos Hídricos 35/69 Usos de corpos de água que independem de Outorga – uso insignificante A Lei das Águas, em seu art. 12, § 1º, prevê que independem de outorga pelo Poder Público, conforme definido em regulamento: (1) o uso de recursos hídricos para a satisfação das necessidades de pequenos núcleos populacionais, distribuídos no meio rural; (2) as derivações, captações e lançamentos considerados insignificantes; e (3) as acumulações de volumes de água consideradas insignificantes. Nesses casos, a outorga não é obrigatória, mas não dispensa a responsabilidade do usuário de computar os usos e, posteriormente, o dever de informar ao poder público federal ou estadual os valores utilizados para fins de planejamento e gestão dos recursos hídricos de uma bacia. Cumpre advertir que compete aos Comitês de Bacia Hidrográfica propor aos Conselhos de Recursos Hídricos os usos que não necessitam ser outorgados. Caso o Comitê não exerça seu mister, as entidades públicas outorgantes podem definir, de acordo com o domínio do corpo hídrico, estadual ou federal, os usos que não serão sujeitos à outorga. No âmbito federal, a título de exemplo, a Agência Nacional de Águas – ANA editou a Resolução 1940/2017 disciplinando os critérios para definição de derivações, captações e lançamentos de efluentes insignificantes, bem como serviços e outras interferências em corpos d’água de domínio da União não sujeitos a outorga. São considerados insignificantes pela referida norma: as derivações, captações, lançamentos de efluentes em corpos d’água de domínio da União que se enquadrem nos limites estabelecidos pelo Anexo I da Resolução; as captações iguais ou inferiores a 86,4 m³/dia; os lançamentos de efluentes com carga máxima de DBO 5,20 igual ou inferior a 1,0 kg/dia e lançamento máximo de efluente com temperatura superior à do corpo hídrico igual a 216,0 m³/dia (para lançamento de efluentes com temperatura superior à do