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vez que políticas que almejam a equidade, muitas vezes, alcançam-na 
às custas da eficiência. 
 
Considere, por exemplo, a política de assentos preferenciais em 
transportes públicos. Para assegurar que sempre haja assento 
disponível para grávidas, pessoas com deficiência, idosos e 
pessoas com crianças de colo, normalmente, há um número 
reservado de vagas. Muitas vezes, esses assentos ficam vagos, 
enquanto algumas pessoas ficam em pé. Isso gera ineficiência, 
mas será que gostaríamos de resolver essa ineficiência deixando 
as pessoas do grupo preferencial sem assento? Essa situação 
envolve um trade-off entre eficiência e justiça. 
 
 
Mercados rumo à eficiência 
Frequentemente, os mercados levam à eficiência ― embora não 
tenhamos um “planejador central” que se certifique de que a 
economia esteja operando de forma eficiente. O Estado não 
precisa gerar eficiência, porque os mercados já cumprem essa 
função razoavelmente bem. 
 
Adam Smith chama isso de mão invisível do mercado. Assim, os 
incentivos presentes em uma economia de mercado já garantem 
que os recursos sejam utilizados da melhor maneira possível, sem 
que haja desperdício de oportunidades. Contudo, há exceções para 
esse princípio. 
 
Quando temos falhas de mercado, a busca individual a partir do 
interesse próprio piora a situação da sociedade, e o resultado é 
ineficiente. Isso acontece, em geral, quando a ação individual de 
uma pessoa tem efeitos colaterais sobre as demais, o que 
economistas chamam de externalidade. 
 
 
 
 
 
 
 
Exemplo 
Poluição é um exemplo clássico de externalidade negativa. 
 
Adam Smith (1996) revelou que o crescimento da riqueza 
de uma nação depende basicamente da produtividade do trabalho. 
Essa produtividade, por sua vez, é função do grau de 
especialização ou da divisão do trabalho, determinado pela 
expansão do mercado e do comércio (SMITH, 1996). Por isso, 
Adam Smith concluiu que era fundamental, em qualquer nação, a 
remoção de todas as barreiras ao comércio interno e externo. Para 
ele, essa política liberal conduziria invariavelmente ao 
desenvolvimento das forças produtivas e ao sucesso do que ele 
chamou de “mão invisível” (SMITH, 1996). Logo, as 
regulamentações estatais mercantilistas levavam a economia ao 
retrocesso 
 
No seu livro A Riqueza das Nações, Adam Smith (1983) já 
apontava os efeitos da existência de leis relativas à intervenção do 
Estado na livre concorrência de mercado. Vem daí a importante 
expressão “mão invisível”, que Adam Smith formulou ao fazer 
alusão aos efeitos de um mercado livre. Esse mercado, sem 
intervencionismo, seria suficiente para regular os preços em prol de 
uma justa concorrência. Ainda assim, vários autores da AED 
usaram as bases ideológicas de Adam Smith para dar corpo 
teórico, em especial, à disciplina da AED. 
 
Com a Revolução Inglesa de 1688 e a Revolução Francesa de 
1789, abriu--se a era do capitalismo e o caminho para o 
liberalismo. Nessa conjuntura, a percepção do Estado absolutista 
entrou em declínio. Assim, o liberalismo passou a ser a palavra de 
ordem — em especial no plano econômico e político. Em poucas 
 
 
 
 
 
palavras, o liberalismo era o contraditório do absolutismo. 
Enquanto o absolutismo se caracterizava por um governo de 
monarcas 
absolutos e déspotas, em que tudo tinha a cabeça e a mão do 
Estado, o liberalismo queria um governo pequeno ou um governo 
que não governasse demasiadamente. Ou seja, o liberalismo não 
defendia o fim do Estado, mas a redução da sua “mão” — noção 
que ficou popular com a ideia de Adam Smith da “mão invisível”. 
 
Ação governamental em prol do aumento de bem-estar 
 
Quando há falhas de mercado, é possível que ações 
governamentais melhorem o bem-estar da sociedade. 
 
Considere uma indústria que produz algo importante, mas gera 
poluição (por exemplo, usinas termoelétricas que geram energia, 
mas são muito poluentes). Ela não tem incentivo para levar em 
conta o custo de sua ação para a sociedade e deixar de poluir. 
 
Há duas possíveis respostas para essa situação: 
 
● A sociedade pode subsidiar a adoção de uma nova tecnologia 
que gere menos poluição. 
● O governo pode multar a indústria. 
 
Essas alternativas mudam os incentivos da indústria, dando a ela 
motivos para poluir menos. No entanto, as possíveis soluções vão 
depender da intervenção do estado. 
 
Assim, quando os mercados não funcionam corretamente, a ação 
do governo pode tornar o resultado mais próximo de algo eficiente, 
mudando a forma de alocar recursos na sociedade. 
 
 
 
 
 
 
Em geral, o mercado não funciona corretamente quando há 
externalidades. Também há falha quando o bem em questão não 
consegue ser eficientemente administrado pelo mercado. 
 
Exemplo 
Vamos pensar na iluminação pública. Não precisamos pagar para 
passar sob um poste de luz na rua, o que diminui o incentivo a 
contribuir para a provisão do serviço. Esse último caso é conhecido 
como bem público. 
 
 
Alguns agentes econômicos podem ter poder de mercado, como 
uma empresa monopolista, que poderá restringir o uso de recursos 
por outros indivíduos para maximizar seu lucro individual. 
 
 
Variáveis endógenas e exógenas 
O objetivo de um modelo econômico é demonstrar como as 
variáveis exógenas afetam as endógenas. 
 
Vamos primeiro entender o que são e quais as diferenças entre 
elas. As variáveis endógenas são aquelas que o modelo tenta 
explicar. Já as exógenas são as que o modelo toma como dadas. 
 
A imagem a seguir representa um esquema mais intuitivo para as 
variáveis: 
 
 
 
 
 
 
 
Modelo econômico. 
 
De acordo com a imagem, as variáveis exógenas são 
determinadas fora do modelo, servindo como insumo, enquanto as 
endógenas são estipuladas dentro do modelo, sendo o seu 
resultado. 
 
Considere um produtor de cogumelos. A demanda por seu produto 
vai depender de seu preço e da renda dos consumidores. A oferta, 
por sua vez, vai depender dos preços do cogumelo e dos insumos 
utilizados na produção. 
 
O equilíbrio acontece quando oferta e demanda se igualam. Nesse 
caso, as variáveis exógenas são a renda individual e o preço dos 
insumos, e a variável endógena será o preço do cogumelo. 
 
 
Escola Clássica 
É a Escola Clássica que inaugura a economia como ciência. Ou 
seja, ela é a origem do pensamento econômico em caráter 
científico. Nesse sentido, a Escola Clássica surgiu no século XVIII, 
com a publicação do livro A Riqueza das Nações (em 1776), do 
escocês Adam Smith. Contudo, a Escola Clássica se consolidou 
como uma linha de pensamento econômico no século XIX, com o 
aparecimento de novos pensadores econômicos que expandiram 
as análises teóricas, como Jeremy Bentham, David Ricardo, 
Thomas Malthus, James Mill, Jean-Baptiste Say e John Stuart Mill. 
 
Para Adam Smith (1996), o objeto de estudo da economia estava 
indicado no título completo da sua obra: é uma investigação sobre 
a natureza e as causas da riqueza das nações. Nesse contexto, as 
riquezas eram os bens que possuíam valor de troca. Logo, 
 
 
 
 
 
distinguia-se o valor de uso do valor de troca das mercadorias, 
sendo que este último era determinado pela quantidade de trabalho 
necessária para produzi-las. Assim, a Escola Clássica enfatizava a 
importância da produção — colocando em segundo plano o 
consumo e a demanda 
 
Em termos gerais, os pensadores clássicos refutaram as tradições 
mercantilistas e as doutrinas fisiocratas. Eram contra as 
concepções mercantilistas de que a riqueza é constituída pelo 
entesouramento de ouro e de prata, e contra as ideias fisiocratas 
de que somente a agricultura produz valor. É dessa crítica que a 
Escola Clássica elabora a teoria do valor-trabalho, revelando que 
todas as atividades em uma economia produzem valor e que a 
riqueza de uma nação é resultado dos valores de troca 
 
Dessa maneira, Adam Smith (1996) revelou que o crescimento da 
riqueza 
de uma nação depende basicamente da produtividade do trabalho. 
Essa produtividade, por sua vez, é função do grau de 
especialização ou dadivisão do trabalho, determinado pela 
expansão do mercado e do comércio (SMITH, 1996). 
 
 Por isso, Adam Smith concluiu que era fundamental, em qualquer 
nação, a remoção de todas as barreiras ao comércio interno e 
externo. Para ele, essa política liberal conduziria invariavelmente 
ao desenvolvimento das forças produtivas e ao sucesso do que ele 
chamou de “mão invisível” (SMITH, 1996). Logo, as 
regulamentações estatais mercantilistas levavam a economia ao 
retrocesso. 
 
Essas análises teóricas foram também defendidas por David 
Ricardo, que colocou o trabalho como um determinante do valor de 
troca. 
 
 
 
 
 
 
Nas suas reflexões, David Ricardo observou ainda uma 
contradição entre o valor de troca e o preço relativo das 
mercadorias. Essa contradição só seria resolvida anos mais tarde 
por Karl Marx, ao analisar a transformação do valor de troca em 
preço de produção (RASMUSSEN, 2006). 
Além do mais, David Ricardo formulou o conceito de vantagem 
comparativa e demonstrou que o comércio internacional é uma 
situação de “ganho–ganho” para os países envolvidos. Essa visão 
clássica destruiu a equivocada teoria do mercantilismo, que 
defendia que o colonialismo deveria beneficiar apenas a metrópole 
à custa da colônia. David Ricardo analisou também o fenômeno 
econômico dos retornos decrescentes. Assim, ele revelou por que 
os custos tendem a crescer, em determinado momento, quando 
você aumenta os níveis de produção 
 
Outro importante pensador clássico foi John Stuart Mill, que 
analisou principalmente as teses de Thomas Malthus e David 
Ricardo. Além do mais, John Stuart Mill deu sequência aos estudos 
de seu pai, o pensador inglês James Mill. No que se refere à teoria 
do valor, John Stuart Mill procurou demonstrar como o preço é 
determinado pela igualdade entre demanda e oferta e como a 
demanda recíproca de produtos afeta os termos do intercâmbio 
entre os países. Ele lançou também a ideia da elasticidade da 
demanda — expressão introduzida mais tarde por Alfred Marshall 
— para analisar as possibilidades alternativas de comércio. 
 
Por fim, cabe destacar que John Stuart Mill foi o único pensador 
clássico a 
abandonar o rigor doutrinário do liberalismo e do individualismo. 
Ele afirmava que deveria haver menor dependência da 
natureza e maior grau de intervenção governamental para a 
resolução de determinados problemas econômicos. 
 
 
 
 
 
 
Por exemplo, John Stuart Mill defendia, para contrabalançar o 
poder dos grandes empresários, o fortalecimento dos sindicatos e o 
recurso à greve. Defendia também que a renda, por constituir um 
excedente, deveria ser submetida à tributação 
 
 
 
 
 
Para entender o pensamento desses quatro autores clássicos da economia: 
● Adam Smith: Defendeu a ideia de livre mercado e divisão do trabalho, 
enfatizando a importância da busca individual pelo lucro para o benefício da 
sociedade. 
● David Ricardo: Contribuiu com a teoria das vantagens comparativas, que 
explica os benefícios do comércio internacional. 
● Karl Marx: Famoso por suas teorias sobre o capitalismo, incluindo a luta de 
classes e a crítica à exploração do trabalho. 
● John Stuart Mill: Defendeu a liberdade individual, mas também reconheceu a 
necessidade de intervenção do governo para corrigir desigualdades e 
proteger os mais vulneráveis. 
Cada autor teve contribuições significativas para o pensamento econômico, 
abordando diferentes aspectos e perspectivas. 
 
 
Boa parte da análise econômica marxista está em O Capital, de 1867. Foi a 
partir da teoria do valor-trabalho da Escola Clássica que Karl Marx desenvolveu o 
conceito de mais-valia como trabalho excedente, não pago, fonte do lucro, do juro e 
da renda da terra. A mais-valia é um dos conceitos mais importan-tes da Escola 
Marxista. E é a partir da mais-valia que Karl Marx analisa o processo de acumulação 
de capital no sistema capitalista, mostrando existir uma correlação entre as 
crescentes acumulação e concentração de capital e o empobrecimento dos 
trabalhadores ou proletariados. Para a Escola Marxista, essa é a principal 
contradição do sistema capitalista. 
 
 
 
 
 
 
 
A Escola Neoclássica, ou Marginalista, predominou entre 1870 e a Primeira Guerra 
Mundial. Os pensadores precursores foram Johann Heinrich von Thünen, Hermann 
Heinrich Gossen e Antoine Augustin Cournot. Contudo, a Escola Neoclássica reuniu 
várias gerações de representantes, como William Jevons, León Walras, Alfred 
Marshall, Vilfredo Pareto, John Bates Clark, Irving Fisher e Jules Dupuit. Também 
contribuíram ao pensamento neoclássico os austríacos Carl Menger e Eugen von 
Böhm-Bawerk (SANDRONI, 2005). 
 
Segundo Karl Marx (1996), a mais importante característica do capitalismo 
é ser um modo de produção de mercadorias. Ou seja, a riqueza das sociedades em 
que domina o modo de produção capitalista aparece como uma imensa coleção de 
mercadorias, e a mercadoria individual como a sua forma elementar. Assim, a 
mercadoria se apresenta como o principal elemento universal na sociedade 
capitalista e serve de mediação a todas as relações sociais. 
 
Segundo Karl Marx (1996), o modo de produção capitalista se fundamenta 
na exploração do trabalho. Todos os arranjos de produção no sistema capitalista 
objetivam o lucro. Em outras palavras, o lucro é o objetivo central da produção 
capitalista. Em suma, é o que diferencia a circulação mercantil simples da circulação 
mercantil capitalista (MARX, 1996) 
 
Uma das principais tentativas de formular uma teoria econômica para 
explicar as razões do desemprego no capitalismo foi de Karl Marx (1996). Para Karl 
Marx (1996), o desemprego seria uma consequência do próprio processo de 
acumulação de capital. Assim, os desempregados funcionariam como reguladores 
das taxas dos salários dos trabalhadores e, logo, das taxas de lucro dos capitalistas. 
Nesse contexto, Karl Marx (1996) formulou o conceito de “exército industrial de 
reserva” 
 
O exército industrial de reserva é, para Karl Marx, a população excedente 
relativa, ou uma massa de trabalhadores que seria constantemente desem-pregada 
pelo progresso/avanço técnico. Na concorrência para a obtenção de empregos, 
essa massa pressionaria para baixo o nível de salários, impedindo assim a sua 
elevação. Logo, o sistema capitalista não teria qualquer interesse em extinguir 
completamente o desemprego 
 
 
 
 
 
 
 Marx via a transição para a sociedade industrial e capitalista como positiva, como 
um passo necessário para criar as condições a partir das quais os trabalhadores 
poderiam se unir. Com as grandes mudanças eco-nômicas e sociais que ocorreram 
na sua época, Marx acreditava que o curso da história era marcado por uma força 
irresistível que levaria ao progresso. Portanto, como a mudança da sociedade feudal 
para a sociedade industrial e capitalista tinha sido um progresso, a transição desta 
última para uma sociedade socialista e, depois, comunista, teria de acontecer como 
uma con-sequência inevitável das contradições inerentes ao capitalismo, e dos 
esfor-ços eventuais por parte dos trabalhadores para se livrarem da situação de 
exploração capitalista. Nesse sentido, era quase como uma lei da natureza para 
Marx. 
 
É interessante observar a crença de Marx de que a paz mundial seria possí-vel no 
momento em que as classes trabalhadoras chegassem ao poder, visto que a sua 
solidariedade baseada na condição de trabalhador criaria um laço que superaria a 
diferença de nacionalidade. Isso não se concretizou, e diferentes conflitos entre 
países comunistas, como, por exemplo, a União Soviética e a China, de fato se 
materializaram ao longo do século XX. É talvez um tanto paradoxal que a 
convivência pacífica, prevista por Marx, entre países socialistas chegou de fato a se 
concretizar, porém, entre países de democracias liberais, que quase sem exceções 
não declararam guerra entre eles ao longo das últimas décadas. Na sua teoria sobre 
os interesses objetivos da classe trabalhadora, Marx parece ter subestimadoa força 
do nacionalismo e suas diferentes expressões ao longo da história, que 
frequen-temente também foram incorporadas e utilizadas por governos socialistas. 
 
. É in-teressante lembrar que os fundadores do pensamento econômico moderno, 
como Adam Smith e Karl Marx, sempre se referiam à economia política. A 
separação entre economia e política, portanto, não foi vista como algo viável, pois 
constituem dois lados da mesma moeda. 
 
John Stuart Mill (1806-1873) 
John Stuart Mill foi o sintetizador do pensamento clássico. Seu 
trabalho foi o principal texto utilizado para o ensino de Economia no 
fim do período clássico e no início do período neoclássico. Sua 
obra consolida o exposto por seus antecessores e avança ao 
incorporar mais elementos institucionais e definir melhor as 
 
 
 
 
	Mercados: interações entre indivíduos 
	Mercados rumo à eficiência 
	Exemplo 
	Ação governamental em prol do aumento de bem-estar 
	Exemplo 
	Variáveis endógenas e exógenas 
	Escola Clássica

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