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Gestão dos programas ocupacionais 2a edição Eduardo Augusto Rocha de Oliveira Amaral Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Simone M. P. Vieira – CRB 8a/4771) Amaral, Eduardo Augusto Rocha de Oliveira Gestão dos programas ocupacionais / Eduardo Augusto Rocha de Oliveira Amaral. – 2. ed. – São Paulo : Editora Senac São Paulo, 2022. (Série Universitária) Bibliografia. e-ISBN 978-85-396-3346-3 (ePub/2022) e-ISBN 978-85-396-3347-0 (PDF/2022) 1. Saúde e segurança ocupacional 2. Higiene ocupacional 3. Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) 4. Programas ocupacionais : Prevenção de Riscos 5. Riscos ambientais I. Título. II. Série. 22-1524t CDD – 363.116 613.62 BISAC TEC017000 HEA028000 Índice para catálogo sistemático: 1. Prevenção e controle de risco : Problemas sociais 363.116 2. Saúde e segurança ocupacional : Higiene ocupacional 613.62 M at er ia l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D ist ân ci a da R ed e Se na c EA D, d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, so b as p en as d a Le i. © E di to ra S en ac S ão P au lo . M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. GESTÃO DOS PROGRAMAS OCUPACIONAIS Eduardo Augusto Rocha de Oliveira Amaral 2a edição Administração Regional do Senac no Estado de São Paulo Presidente do Conselho Regional Abram Szajman Diretor do Departamento Regional Luiz Francisco de A. Salgado Superintendente Universitário e de Desenvolvimento Luiz Carlos Dourado Editora Senac São Paulo Conselho Editorial Luiz Francisco de A. Salgado Luiz Carlos Dourado Darcio Sayad Maia Lucila Mara Sbrana Sciotti Luís Américo Tousi Botelho Gerente/Publisher Luís Américo Tousi Botelho Coordenação Editorial/Prospecção Dolores Crisci Manzano Ricardo Diana Administrativo grupoedsadministrativo@sp.senac.br Comercial comercial@editorasenacsp.com.br Acompanhamento Pedagógico Otacilia da Paz Pereira Designer Educacional Josélia Santos Paixão Revisão Técnica Cassio Eduardo Garcia Preparação e Revisão de Texto Karen Daikuzono Projeto Gráfico Alexandre Lemes da Silva Emília Corrêa Abreu Capa Antonio Carlos De Angelis Editoração Eletrônica Alexandre Raphael de Albuquerque Brito Ilustrações Alexandre Raphael de Albuquerque Brito Imagens Adobe Stock Photos E-book Rodolfo Santana Proibida a reprodução sem autorização expressa. Todos os direitos desta edição reservados à Editora Senac São Paulo Rua 24 de Maio, 208 – 3o andar Centro – CEP 01041-000 – São Paulo – SP Caixa Postal 1120 – CEP 01032-970 – São Paulo – SP Tel. (11) 2187-4450 – Fax (11) 2187-4486 E-mail: editora@sp.senac.br Home page: http://www.livrariasenac.com.br © Editora Senac São Paulo, 2022 M at er ia l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D ist ân ci a da R ed e Se na c EA D, d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, so b as p en as d a Le i. © E di to ra S en ac S ão P au lo . http://www.livrariasenac.com.br mailto:editora@sp.senac.br mailto:grupoedsadministrativo@sp.senac.br M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Sumário Capítulo 1 Introdução à segurança e saúde no trabalho, 7 1 Breve histórico mundial, 8 2 Breve histórico nacional, 15 Considerações finais, 24 Referências, 25 Capítulo 2 Acidentes do trabalho e doenças ocupacionais, 27 1 Acidente do trabalho, 28 2 Doença ocupacional, 32 3 Consequências legais dos acidentes e doenças do trabalho, 35 Considerações finais, 41 Referências, 42 Capítulo 3 Gerenciamento de riscos ocupacionais, 45 1 Contexto da evolução da Norma Regulamentadora n. 1, 46 2 Gerenciamento de riscos ocupacionais – GRO, 47 Considerações finais, 60 Referências, 60 Capítulo 4 Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), 63 1 Programa de Gerenciamento de Riscos – PGR, 63 2 Preparação para emergências, 74 3 Disposições gerais do GRO, 75 Considerações finais, 77 Referências, 77 Capítulo 5 Avaliação e controle das exposições ocupacionais a agentes físicos, químicos e biológicos e Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO, 79 1 Avaliação e controle das exposições ocupacionais aos agentes físicos, químicos e biológicos, 80 2 Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO, 85 Considerações finais, 97 Referências, 97 Capítulo 6 Outros programas de gestão ocupacional, 99 1 Condições de segurança e saúde no trabalho na indústria da construção, 100 2 Programa de Proteção Respiratória – PPR, 106 3 Ergonomia, 112 Considerações finais, 119 Referências, 120 6 Gestão dos programas ocupacionais M at er ia l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D ist ân ci a da R ed e Se na c EA D, d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão Capítulo 7 Atividades e operações insalubres, 123 1 Legislação relacionada, 124 2 Definições, 126 3 Agentes insalubres, 127 4 Adicional de insalubridade, 137 5 Elementos de gestão , 144 Considerações finais, 145 Referências, 145 Capítulo 8 Atividades e operações perigosas, 147 1 Legislação relacionada, 148 2 Definições, 150 3 Atividades perigosas, 151 4 Adicional de periculosidade, 159 5 Elementos de gestão , 161 Considerações finais, 162 Referências, 163 Sobre o autor, 165 7 M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Capítulo 1 Introdução à segurança e saúde no trabalho Os programas ocupacionais sobre os quais discorreremos ao lon- go desta obra preveem ferramentas de gestão, incluindo normas, re- gras e controles direcionados a proteger a integridade física e a saúde dos trabalhadores. Todavia, a constituição técnica, prática e finalmente legal desses programas foi resultado de centenas de anos de experiência, prática e submissão de trabalhadores a condições extremamente precárias de trabalho. Neste capítulo, apresentaremos brevemente a evolução da segu- rança e saúde no trabalho ao longo do tempo, por meio de registros e 8 Gestão dos programas ocupacionais M at er ia l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D ist ân ci a da R ed e Se na c EA D, d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão relatos históricos. Em seguida, conheceremos algumas das principais instituições nacionais e internacionais voltadas ao desenvolvimento e à proteção da segurança e saúde no trabalho. 1 Breve histórico mundial Temos na atualidade um arcabouço enorme de normas e leis que tem o objetivo de proteger os trabalhadores e as relações de trabalho. Todavia, sabe-se que desde quese passou a organizar os meios de pro- dução para se auferir lucro, as situações passaram a ser precárias para a saúde e segurança dos trabalhadores. De acordo com o que cita Wachowicz (2012, p. 22), “as primeiras indústrias eram grandes galpões, estábulos ou velhos armazéns fétidos e insalubres, com pouca iluminação e ventilação, muito lixo e sujeira de- corrente do próprio processo fabril”. Ainda segundo a autora, nem mes- mo local apropriado para a alimentação os trabalhadores possuíam, tudo visando economizar tempo e maximizar a produção. Nesse sentido, Georgius Agricola inaugurou em sua obra a aborda- gem sobre a vinculação entre saúde e trabalho. Georgius (que era ale- mão – seu nome de nascimento era Georg Bauer, mas latinizou seu nome ao escrever sua principal obra) foi um geólogo, alquimista e me- talurgista, autoridade em minerais e nas doenças provocadas nos mine- radores. Estudou medicina e a exerceu a partir de 1527, quando então passou a dedicar-se ao estudo de doenças relacionadas aos trabalhos em minas. Na obra De re mettalica, como consta, fundada em suas ob- servações sobre minas e mineralogia, o autor realizou um estudo em que faz a correlação entre o processo de extração de minerais (ouro e prata) e as doenças e acidentes mais habituais entre os trabalhadores em minas. Em um trecho do livro, publicado em 1556, em latim, o au- tor cita que, em certas minas, a água é muito gelada, prejudicando os membros inferiores dos trabalhadores, haja vista “o frio ser prejudicial 9 Introdução à segurança e saúde no trabalho M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. aos tendões” (AGRICOLA, 1950, p. 261, tradução nossa). Conclui, então, que tais trabalhadores deveriam utilizar longas botas de couro cru, a fim de protegê-los do frio (AGRICOLA, 1950). O autor comenta também sobre as minas em que há ausência de água, tornando-as totalmente secas. Nesse caso, Agricola destacava que a problemática era ainda maior, pois a poeira gerada pelo proces- so de mineração penetrava na traqueia e nos pulmões, resultando uma doença que causava dificuldade na respiração no trabalhador. O autor cita muitas outras doenças perigosas a que estavam expostos tais tra- balhadores, relacionando por vezes alternativas para a proteção dos in- divíduos, como véus para os rostos para se evitar respirar a poeira ou a utilização de luvas de couro que iam até os cotovelos (AGRICOLA, 1950). Anos mais tarde, em 1567, o alquimista conhecido como Paracelso, pseudônimo de Felipe Teofrasto de Hohenheim, teve postumamente publicada (Paracelso faleceu em 1541) a obra Dos ofícios e doenças da montanha, em que o autor relaciona trabalho e doença, enumeran- do os processos de trabalho e substâncias químicas utilizadas e as respectivas doenças decorrentes. Em destaque, trata da silicose, bem como de intoxicações sofridas por mineiros e fundidores que labora- vam com mercúrio e chumbo. De acordo com o que cita o dr. Carlos Luiz Campana, “Paracelso é considerado um dos precursores da Medicina do Trabalho” (CAMPANA, 2016, p. 330). Em 1700, foi publicada a obra De morbis artificum diatriba (As doen- ças dos trabalhadores), de Bernardino Ramazzini. Ramazzini escreveu diversas outras obras, mas, como evidencia o médico e professor baia- no dr. Raimundo Estrêla (1911-2000), “incontestavelmente, o livro que o imortalizou foi o De morbis artificum diatriba, que lhe valeu o epíteto de ‘Pai da Medicina do Trabalho’”, como é mundialmente reverenciado (ESTRÊLA, 2016, p. 16). 10 Gestão dos programas ocupacionais M at er ia l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D ist ân ci a da R ed e Se na c EA D, d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão Nessa obra, Ramazzini desenvolve o estudo de cinquenta profissões ou ocupações, pormenorizando as doenças, os sintomas e os sinais re- lacionados a cada tipo de trabalho, e prescrevendo como remediá-las e preveni-las. Algumas das profissões estudadas foram: mineiros, massa- gistas, químicos, oleiros, estanhadores, vidraceiros, pintores, ferreiros, gesseiros, farmacêuticos, queijeiros, coveiros, cervejeiros, padeiros, sa- lineiros, joalheiros, agricultores, pescadores e pedreiros. Conforme analisa o dr. Carlos Luiz Campana, duas contribuições de Ramazzini continuam atuais. Ele formulou a frase lapidar: “é melhor pre- venir que remediar”. Além disso, depois de passar um longo período com trabalhadores observando-os em seus locais de trabalho, elaborou a fun- damental pergunta nas anamneses clínicas: “qual é a sua profissão?”, que atualmente podemos estendê-la para “quais foram as suas profis- sões?” ou “quais foram as suas ocupações?” (CAMPANA, 2016, p. 331). PARA SABER MAIS A obra de Bernardino Ramazzini, De morbis artificum diatriba, em sua tra- dução para o português, foi reeditada em 2016 pela Fundacentro. Essa versão pode ser adquirida gratuitamente no site da entidade. No século XVIII, com o aparecimento das primeiras máquinas e a Revolução Industrial, houve substancial avanço tecnológico, com o con- sequente aumento de produtividade e oferta de quantidades cada vez maiores de produtos à sociedade. De lado oposto, surgiram “as conse- quências negativas dessa evolução na indústria” (CHIRMICI; OLIVEIRA, 2016, p. 3). Assim, como resultado do processo acelerado de produção em condi- ções cada vez mais desumanas, há o aparecimento cada vez mais cons- tante e numeroso de doenças ocupacionais e acidentes relacionados ao 11 Introdução à segurança e saúde no trabalho M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. trabalho, alcançando níveis alarmantes. Isso incluía homens, idosos, mu- lheres e crianças sendo colocados em tarefas cujas condições laborais e de vida muitas vezes eram invariavelmente deploráveis. Não havia nenhum controle sobre a segurança no desempenho das atividades ou a carga horária de trabalho e descanso, que, extenuando o trabalhador, levavam ao alcoolismo, à prostituição e à criminalidade. A mortalidade em alguns segmentos industriais atingiu, nesse período, níveis assombrosos (CHIRMICI; OLIVEIRA, 2016). As péssimas condições de trabalho, associadas ao receio da subs- tituição da mão de obra humana pelas máquinas, fizeram com que surgissem os primeiros movimentos de luta por parte dos operários. Por meio de movimentos associados a sindicatos, reivindicavam direi- tos aos trabalhadores. Os movimentos sociais e trabalhistas passaram então a pressionar políticos e legisladores, o que iniciou a edição de leis e normas para a proteção dos trabalhadores. Todavia, a mudança de cenário se apresen- tou deveras muito lenta: Com as primeiras ações de regulação jurídica dos direitos traba- lhistas, surge o Direito do Trabalho, que se destina a proteger os trabalhadores do esgotamento, estabelecendo limites para as ho- ras laborais e garantias mínimas contra demissões por meras ra- zões econômicas ou decorrentes do arbítrio patronal. (CHIRMICI; OLIVEIRA, 2016, p. 3-4) Assim, o que se pretendia era impor que as organizações promo- vessem a melhoria das condições de saúde e segurança no trabalho. Observou-se a partir daí a criação de sistemas de pensões, de reformae de seguro contra acidentes ou desemprego, bem como a edição de legislações de proteção mais rigorosas para mulheres e crianças. 12 Gestão dos programas ocupacionais M at er ia l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D ist ân ci a da R ed e Se na c EA D, d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão Decorrente de uma das determinações do Tratado de Versalhes, em 1919, houve a fundação da Organização Internacional do Trabalho (OIT), o que possibilitaria nas próximas décadas o desenvolvimento de estudos, recomendações e acordos internacionais para a promoção da proteção e dignificação dos trabalhadores em centenas de países. Em 1946, em Londres, 65 representantes de 25 países se reuniram para discutir a padronização internacional. Era o início do surgimento da International Organization for Standardization (ISO, em português Organização Internacional de Padronização), instituição internacional que tem como objetivo o desenvolvimento de normas técnicas e padrões internacionais em diversas áreas. A organização passou a existir oficial- mente em 1947, tendo em sua fundação 67 comitês técnicos (ISO, 1997). Hoje, a ISO possui representantes de 165 países, 797 comitês es- pecíficos e quase 24 mil normas internacionais, entre elas a ISO 45001:2018, padrão internacional que estabelece requisitos para um sistema de gestão em segurança e saúde no trabalho, modelo segui- do contemporaneamente pelas recentes inovações nas normas regula- mentadoras nacionais em segurança e saúde do trabalho. 1.1 Organização Internacional do Trabalho A Organização Internacional do Trabalho (OIT) é uma das agências da Organização das Nações Unidas (ONU). Entre todas as agências da entidade, a OIT é a única que possui estrutura tripartite, composta de representantes de governos, de organizações de empregadores e de trabalhadores. Conforme já citado, a OIT foi criada em 1919, e tem como objetivo ga- rantir que homens e mulheres tenham acesso a um trabalho decente e produtivo, em condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade. Em 1999, a OIT formalizou a definição ou o conceito do que vem a ser trabalho decente. Tal conceito é fundado no respeito aos direitos 13 Introdução à segurança e saúde no trabalho M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. do trabalhador, especialmente aqueles definidos na Declaração Relativa aos Direitos e Princípios Fundamentais no Trabalho. Os quatro objetivos estratégicos da OIT são apresentados a seguir: • Liberdade sindical e reconhecimento efetivo do direito de nego- ciação coletiva. • Eliminação de todas as formas de trabalho forçado. • Abolição efetiva do trabalho infantil. • Eliminação de todas as formas de discriminação em matéria de emprego e ocupação; promoção do emprego produtivo e de qua- lidade; extensão da proteção social; e fortalecimento do diálogo social. A OIT é a entidade incumbida no âmbito internacional de redigir, for- mular e aplicar normas internacionais do trabalho, por meio de conven- ções e recomendações, devidamente apresentadas e aprovadas em Conferência Geral da Organização Internacional do Trabalho. Uma vez que um país ratifique uma convenção dentro do devido pro- cesso legal, ela passa a fazer parte de seu ordenamento jurídico. O Brasil é um dos países membros fundadores da OIT, participando das confe- rências internacionais do trabalho desde sua primeira reunião. Desde a primeira Conferência Geral da Organização Internacional do Trabalho, realizada em 1919, foram elaboradas 189 convenções, das quais o Brasil ratificou 97 delas, nem todas em vigor atualmente (OIT, [s. d.]). 1.2 Outras entidades no cenário mundial 1.2.1 Occupational Safety and Health Administration – OSHA A Occupational Safety and Health Administration (OSHA) é uma agência do Departamento de Trabalho dos Estados Unidos, entidade 14 Gestão dos programas ocupacionais M at er ia l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D ist ân ci a da R ed e Se na c EA D, d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão similar à Fundacentro aqui no Brasil. Criada em 1970, tem como res- ponsabilidade a supervisão da saúde e segurança do trabalho e define como sua missão impedir acidentes e doenças do trabalho, por meio da emissão e aplicação de regras denominadas normas de segurança e saúde no trabalho. As normas elaboradas pela OSHA constituem mandamentos a se- rem seguidos pelas organizações, protegendo os trabalhadores dos pe- rigos inerentes aos locais de trabalho. A agência tem grande variedade de materiais educacionais e de instrumentos eletrônicos disponíveis em seu site. Estão incluídas nessas orientações páginas com assuntos relacionados à segurança e saúde, aos programas de consultoria para profissionais, às cópias de normas e diretivas da organização, além de vídeos e outras informações para empregadores e trabalhadores (CHIRMICI; OLIVEIRA, 2016). Ainda em seu site, a entidade oferece softwares e ferramentas ele- trônicas que fornecem informações sobre questões de segurança e saúde no trabalho. 1.2.2 National Institute for Occupational Safety and Health – NIOSH O National Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH) é uma agência federal dos Estados Unidos que tem como atribuições o desen- volvimento de pesquisas e recomendações para a prevenção de lesões e doenças relacionadas ao trabalho. Estruturalmente, o NIOSH faz parte do Centers for Disease Control and Prevention (CDC), que pertence ao Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos. No Brasil, esse instituto tem grande relevância, haja vista sua produ- ção de conhecimento e publicação dos padrões e metodologias para avaliação, amostragem e análise de agentes e substâncias químicas. O NIOSH oferece parâmetros a serem seguidos nas avaliações ocu- pacionais, como volume de ar a ser amostrado, tipo de amostradores, 15 Introdução à segurança e saúde no trabalho M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. tempo de amostragem, métodos laboratoriais para análise, entre outros (CHIRMICI; OLIVEIRA, 2016). 1.2.3 American Conference of Governmental Industrial Hygienists – ACGIH A American Conference of Governmental Industrial Hygienists (ACGIH) é uma associação americana de higienistas industriais e afins. Tem como propósito a produção de conhecimento e informações para a proteção da saúde dos trabalhadores. Com mais de 80 anos de exis- tência, a ACGIH é altamente conceituada no meio especializado de hi- giene industrial, saúde e segurança ocupacional. A associação é aberta à adesão de profissionais higienistas de qualquer parte do mundo. Como apresentaremos em outro capítulo, as normas regulamenta- doras em vigor no Brasil não preveem limites de tolerância para todos os agentes ocupacionais, de modo que a própria legislação nacional determina que, na ausência de limites estipulados pelas normas regula- mentadoras, devem ser utilizados como parâmetros os limites estabe- lecidos pela ACGIH. Em seu site, a ACGIH disponibiliza aproximadamente 400títulos de publicações sobre higiene industrial, saúde ambiental, segurança e saú- de médico-toxicológica, materiais perigosos, resíduos, qualidade do ar interior, agentes físicos, ergonomia, entre outros. 2 Breve histórico nacional São praticamente inexistentes no Brasil quaisquer registros de doen- ças relacionadas ao trabalho antes do fim da escravidão. Os trabalhos manuais e penosos eram restritos aos escravos. Desse modo, recebiam pouca ou nenhuma importância por parte dos senhorios. 16 Gestão dos programas ocupacionais M at er ia l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D ist ân ci a da R ed e Se na c EA D, d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão Em estudo conduzido pelo dr. Oswaldo Cruz, realizado no início do século XX, durante a construção da ferrovia Madeira-Mamoré entre 1907 e 1912, foram registrados os primeiros casos de doenças infeccio- sas relacionadas ao trabalho, principalmente em ferrovias (CHIRMICI; OLIVEIRA, 2016). A partir de então, outros trabalhos demonstraram a relação dire- ta entre as condições laborais precárias e a incidência de acidentes e doenças do trabalho. Tais registros, em geral, estão relacionados às in- dústrias europeias transferidas para o Brasil. Assim, de modo similar ao que ocorrera na Europa um século antes, as pressões dos movimen- tos sociais e trabalhistas, associadas às denúncias de trabalhadores, levaram à publicação de legislações voltadas à proteção do trabalhador (CHIRMICI; OLIVEIRA, 2016). Elencamos a seguir os acontecimentos de maior relevância para o trabalho e o trabalhador, inclusive algumas legislações internacionais que influenciaram a legislação brasileira (FUNDACENTRO, 2004). • 1918: Decreto n. 3.550 cria o Departamento Nacional do Trabalho, regulamentando a organização do trabalho. • 1919: Decreto Legislativo n. 3.724 institui a reparação em caso de doença contraída pelo exercício do trabalho; é conhecido como a primeira lei sobre acidentes de trabalho. • 1920: Reforma “Carlos Chagas” incorpora a higiene do trabalho ao âmbito da saúde pública por meio do Departamento Nacional de Saúde Pública (DNSP), órgão vinculado ao Ministério da Justiça e Negócios Interiores. Higiene do trabalho, ou higiene ocupacio- nal, é uma expressão relacionada à área de segurança e saúde no trabalho, mais especificamente ao combate das doenças ocupacionais. • 1923: Decreto n. 16.027 cria o Conselho Nacional do Trabalho e a Inspetoria de Higiene Industrial e Profissional junto ao 17 Introdução à segurança e saúde no trabalho M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Departamento Nacional de Saúde, no Ministério da Justiça e Negócios Interiores. • 1930: Decreto n. 19.433 cria o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, desenvolvendo dispositivos regulamentadores das condições de trabalho, da organização sindical e da previdência social. • 1934: Decreto Legislativo n. 24.637 cria a Inspetoria de Higiene e Segurança do Trabalho, tornando-se conhecido como a segunda lei sobre acidentes de trabalho. • 1938: A Inspetoria de Higiene e Segurança do Trabalho se trans- forma em Serviço de Higiene do Trabalho, passando, em 1942, a denominar-se Divisão de Higiene e Segurança do Trabalho. Fundação da American Conference of Governmental Industrial Hygienists (ACGIH), denominada, na ocasião, de National Conference of Governmental Industrial Hygienists (NCGIH). • 1943: Decreto-lei n. 5.452, de 1o de maio, entra em vigor a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), com capítulo específico dedicado à higiene e segurança do trabalho. • 1944: Decreto n. 7.036 institui a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa). • 1953: Recomendação n. 97 da OIT sobre “Proteção da saúde dos trabalhadores”. • 1953: Portaria n. 155 regulamenta as ações da Cipa. • 1956: Decreto Legislativo aprova a Convenção n. 81 – Fiscalização do trabalho, da OIT. • 1959: Conferência Internacional do Trabalho aprova a Recomendação n. 112, que trata dos serviços de medicina do trabalho. 18 Gestão dos programas ocupacionais M at er ia l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D ist ân ci a da R ed e Se na c EA D, d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão • 1966: Lei n. 5.161 cria a Fundação Centro Nacional de Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho (Fundacentro), posteriormente denominada Fundação Jorge Duprat Figueiredo, de Segurança e Medicina do Trabalho. • 1978: Portaria n. 3.214 aprova as normas regulamentadoras (NRs) do Capítulo V, Título II, da CLT, referentes à segurança e me- dicina do trabalho; após a aprovação provida pela referida porta- ria, foi viabilizado legalmente e editadas 28 normas regulamenta- doras, as quais sofreram várias alterações ao longo do tempo até os dias atuais. • 1988: Constituição da República Federativa do Brasil e criação das normas regulamentadoras rurais (NRR). • 1997: Trabalho portuário – Portaria SSST n. 53, de 17 de dezem- bro de 1997, aprova a Norma Regulamentadora n. 29, realizan- do a regulamentação da proteção obrigatória contra acidentes e doenças profissionais, entre outros assuntos, aos trabalhadores portuários. • 2002: Trabalho aquaviário – Portaria SIT/DSST n. 34, de 4 de dezembro de 2002, aprova a Norma Regulamentadora n. 30, rea- lizando a regulamentação das condições de segurança e saúde dos trabalhadores aquaviários. • 2005: Trabalho na agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aquicultura – Portaria MTE n. 86, de 3 de março de 2005, aprova a Norma Regulamentadora n. 31, realizando a regu- lamentação das condições de segurança e saúde no trabalho nas atividades da agricultura, pecuária, silvicultura, exploração flores- tal e aquicultura. • 2005: Trabalho em serviços de saúde – Portaria GM n. 485, de 11 de novembro de 2005, aprova a Norma Regulamentadora n. 32, rea lizando a regulamentação das condições de segurança e 19 Introdução à segurança e saúde no trabalho M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. saúde no trabalho dos trabalhadores dos serviços de saúde, bem como daqueles que exercem atividades de promoção e assistên- cia à saúde em geral. • 2006: Trabalhos em espaços confinados – Portaria MTE n. 202, de 22 de dezembro de 2006, aprova a Norma Regulamentadora n. 33, realizando a regulamentação das condições de segurança e saúde no trabalho dos trabalhadores que interagem direta ou indiretamente em espaços confinados. • 2011: Trabalho na indústria de construção, reparação e desmon- te naval – Portaria SIT n. 200, de 20 de janeiro de 2011, aprova a Norma Regulamentadora n. 34, realizando a regulamentação das condições de segurança e saúde no trabalho dos trabalhadores da indústria de construção, reparação e desmonte naval. • 2012: Trabalho em altura – Portaria SIT n. 313, de 23 de março de 2012, aprova a Norma Regulamentadora n. 35, realizando a regulamentação das condições de segurança e saúde no trabalho dos trabalhadores envolvidos direta ou indiretamente em traba- lhos em altura. • 2013: Trabalho em empresas de abate e processamento de car- nes e derivados – Norma Regulamentadora n. 36 é aprovada, rea-lizando a regulamentação das condições de segurança e saúde no trabalho nas atividades desenvolvidas na indústria de abate e processamento de carnes e derivados destinados ao consumo humano. • 2017: Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) é alterada, com reflexos em dispositivos legais relacionados à segurança e saúde no trabalho: ◦ Teletrabalho: inova ao estabelecer regras para a prestação de serviços preponderantemente fora das dependências do em- pregador, com a utilização de tecnologias de informação e de 20 Gestão dos programas ocupacionais M at er ia l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D ist ân ci a da R ed e Se na c EA D, d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão comunicação que, por sua natureza, não se constituam como trabalho externo. ◦ Empregada gestante ou lactante: possibilitou que a gestante ou lactante exercesse atividades em locais de trabalho carac- terizados como insalubres em grau médio ou mínimo, exce- to quando apresentasse atestado médico recomendando o afastamento. Todavia, o Supremo Tribunal Federal considerou que tal regramento afronta a Constituição Federal, em viola- ção à proteção constitucional à maternidade, à proteção do mercado de trabalho da mulher, proteção contra a exposição da gestante e lactante a atividades insalubres, bem como a efetiva proteção ao recém-nascido. Em suma, a gestante ou lactante obrigatoriamente deve ser alocada em ambiente sa- lubre, independentemente de qualquer grau de insalubridade. ◦ Insalubridade: possibilita que as convenções coletivas de trabalho e acordos coletivos de trabalho possam alterar o enquadramento do grau de insalubridade. Neste caso, só é possível alterar o enquadramento do grau de insalubridade para um nível maior do que aquele estabelecido em lei (Norma Regulamentadora n. 15 – Atividades e operações insalubres, do Ministério do Trabalho e Previdência). ◦ Proibição da supressão de direitos: os novos dispositivos da Consolidação das Leis do Trabalho proíbem que sejam esta- belecidas em convenções coletivas de trabalho e acordos co- letivos de trabalho a restrição, a supressão ou a redução de direitos sobre normas de saúde, higiene e segurança do tra- balho previstas em lei ou em normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho, adicional de remuneração para as ati- vidades insalubres ou perigosas e seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador. • 2018: Norma Regulamentadora n. 37 – Segurança e saúde em plataformas de petróleo é editada e aprovada. Regula os 21 Introdução à segurança e saúde no trabalho M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. requisitos mínimos de segurança, saúde e condições de vivência no trabalho a bordo de plataformas de petróleo em operação. • 2018: Norma ISO 45001:2018 – Sistemas de gestão de seguran- ça e saúde ocupacional – requisitos com orientação para uso. A norma foi elaborada com o objetivo de auxiliar as organizações para gerir seus riscos ocupacionais e reduzir lesões e doenças nos locais de trabalho. • 2019: Ministério do Trabalho como órgão autônomo é extin- to, transferindo suas atribuições e competências ao Ministério da Economia. Tais competências e atividades foram conferi- das à Secretaria Especial de Previdência e Trabalho (SEPRT) do Ministério da Economia. • 2019: Medida Provisória n. 905/2019 é editada, instituindo nova espécie de contrato de trabalho (Contrato de Trabalho Verde e Amarelo) e modificando alterações na legislação trabalhista e previdenciária com reflexos para a segurança e saúde no traba- lho, entre elas: I. Autorização para o armazenamento, em meio eletrônico, óptico ou equivalente de quaisquer documentos relativos a normas regulamentadoras de saúde e segurança no trabalho. II. Revogação da necessidade de novos estabelecimentos se submeterem à prévia inspeção e aprovação de suas instala- ções pela autoridade regional competente em matéria de se- gurança e medicina do trabalho, bem como comunicação nos casos de modificações substanciais nas instalações. III. Condicionamento do pagamento do adicional de periculo- sidade apenas nos casos em que o trabalhador permaneça exposto efetivamente por no mínimo 50% de sua jornada de trabalho. 22 Gestão dos programas ocupacionais M at er ia l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D ist ân ci a da R ed e Se na c EA D, d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão au lo . or a Se na c Sã o P da L ei . © E di t so b as p en as o di gi ta l, til ha m en t e o co m pa r IV. O acidente de trajeto, ou seja, aquele ocorrido no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, deixa de ser equiparado a acidente do trabalho. V. Extinção da certificação compulsória e emissão do Certificado de aprovação (CA) dos equipamentos de proteção individual por órgão ministerial do trabalho. Passa a ser exigido certifi- cado de conformidade emitido no âmbito do Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Sinmetro) ou de laudos de ensaio emitidos por laboratórios acreditados pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). IMPORTANTE As alterações realizadas pela Medida Provisória n. 905/2019 perderam sua eficácia, retornando as referidas regras ao estado anterior, em razão da revogação da Medida Provisória n. 905/2019 pela Medida Provisória n. 955/2020. • 2019: Norma Regulamentadora n. 1 é revisada. Entre as altera- ções, estão: inclusão de regras sobre a prestação de informação digital e digitalização de documentos; aproveitamento de treina- mentos entre organizações; possibilidade de realização de trei- namentos ministrados na modalidade de ensino a distância ou semipresencial e tratamento diferenciado ao microempreendedor individual (MEI), à microempresa (ME) e à empresa de pequeno porte (EPP). • 2019: Norma Regulamentadora n. 12 é revisada. Houve uma re- estruturação com o objetivo de facilitar a compreensão do texto legal e sua aplicação, bem como a simplificação de regras para as micro e pequenas empresas. Ocorreu ainda adequação do 23 Introdução à segurança e saúde no trabalho M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. regramento a ser atendido para máquinas fabricadas, exporta- das ou importadas e maquinário já instalado. • 2020: Norma Regulamentadora n. 1 é revisada novamente com importantes inovações. Entre as mais importantes estão a im- plementação do gerenciamento de riscos ocupacionais (GRO), do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) e do Plano de Resposta a Emergências (PRE). • 2020: Normas Regulamentadoras n. 7, n. 9 e n. 18 são revisa- das, de modo a harmonizá-las às novas disposições1 da Norma Regulamentadora n. 1, substancialmente com foco em gestão de riscos. • 2021: é recriado o Ministério do Trabalho como órgão autônomo sob a denominação Ministério do Trabalho e Previdência. 2.1 Ministério do Trabalho e Previdência O Ministério do Trabalho e Previdência é um órgão da administração pública federal direta e tem como área de competência, entre outras, os seguintes assuntos: • Fiscalização do trabalho, inclusive do trabalho portuário, e aplica- ção das sanções previstas em normas legaisou coletivas. • Formação e desenvolvimento profissional. • Segurança e saúde no trabalho. É do Ministério do Trabalho e Previdência e de seus órgãos especí- ficos que emanam as políticas, as normas, as leis e as portarias que 1 Essas novas disposições serão detalhadas em outros capítulos. Importante ressaltar que, por meio da Portaria n. 8.873, de 23 de julho de 2021, a vigência das inovações das Normas Regulamentadoras n. 1, n. 7, n. 9, n. 18 e parte da n. 37 foi prorrogada para 3 de janeiro de 2022. 24 Gestão dos programas ocupacionais M at er ia l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D ist ân ci a da R ed e Se na c EA D, d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão regulam as questões relativas à saúde e segurança do trabalhador, de abrangência nacional. 2.2 Fundacentro A Fundacentro, conforme vimos anteriormente, foi criada em 1966 em função da preocupação com os expressivos índices de acidentes e doenças do trabalho no Brasil. Estruturalmente, a Fundacentro é uma autarquia ligada ao Ministério do Trabalho e Previdência e tem a finalidade de desenvolver pesquisas na área de saúde e segurança no trabalho. Sua atuação é pautada nos princípios do tripartismo, ou seja, empregadores, trabalhadores e gover- no são representados. Possui um Conselho Curador, constituindo sua instância máxima. É de grande relevância ressaltar que a Fundacentro constantemen- te elabora diversas publicações técnicas de excelência relacionadas à higiene, à segurança e à saúde ocupacional, das quais destacam-se as Normas de Higiene Ocupacional (NHO), que estabelecem parâmetros, limites de tolerância e metodologias de avaliação para diversos riscos ocupacionais. Considerações finais Neste capítulo, vimos que é relativamente recente a evolução efetiva dos mecanismos de proteção à segurança e saúde dos trabalhadores. Apenas no último século é que as instituições voltadas à proteção dos trabalhadores foram legalmente constituídas. Ao realizarmos a gestão dos programas ocupacionais, nos depa- raremos com diversas legislações, nacionais e internacionais, que, em geral, emanam de uma ou mais das instituições estudadas neste 25 Introdução à segurança e saúde no trabalho M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. capítulo, exigindo do profissional conhecimento e constante atualiza- ção técnica e legal. Referências AGRICOLA, Georgius. De re metallica. Editado por Herbert Clark Hoover e Lou Henry Hoover. Nova York: Dover Publications, 1950. CAMPANA, Carlos Luiz. Ramazzini, o clínico. In: RAMAZZINI, Bernardino. As doenças dos trabalhadores. 4. ed. São Paulo: Fundacentro, 2016. CHIRMICI, Anderson; OLIVEIRA, Eduardo A. R. Introdução à segurança e saúde no trabalho. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. ESTRÊLA, Raimundo. A propósito deste livro e de suas traduções. In: RAMAZZINI, Bernardino. As doenças dos trabalhadores. 4. ed. São Paulo: Fundacentro, 2016. FUNDACENTRO. Introdução à higiene ocupacional. São Paulo: Fundacentro, 2004. INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION (ISO). Friendship among equals: recollections from ISO’s first fifty years. Genebra: ISO Central Secretariat, 1997. ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO (OIT). Convenções. [s. l.]: OIT, [s. d.]. Disponível em: https://www.ilo.org/brasilia/convencoes/lang--pt/index. htm%20.%20Acesso%20em%2029.3.2022. Acesso em: 29 mar. 2022. RAMAZZINI, Bernardino. As doenças dos trabalhadores. 4. ed. São Paulo: Fundacentro, 2016. WACHOWICZ, Marta Cristina. Segurança, saúde e ergonomia. Curitiba: Intersaberes, 2012. https://www.ilo.org/brasilia/convencoes/lang--pt/index CAPA_Gestao_Programas_Ocupacionais PRO_OCU_01_IND_2022