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Evolução histórica da Segurança e
Saúde Ocupacional
Construção histórica da Segurança do Trabalhador no ambiente de trabalho e Estruturação da Promoção
da Saúde Ocupacional.
Prof.ª Raquel Juliana de Oliveira Soares
1. Itens iniciais
Propósito
Compreender a construção de normas internacionais e nacionais relacionadas a ambientes de trabalho
seguros e à promoção da saúde ocupacional, e a importância desses aspectos na contínua evolução dos
países no que se refere à prevenção de doenças e de acidentes de trabalho.
Objetivos
Descrever a construção histórica da Segurança e Saúde Ocupacional Internacional.
Reconhecer a evolução histórica da Segurança e Saúde Ocupacional no Brasil.
Introdução
Muitos trabalhadores passam a maior parte do tempo no seu local de trabalho e, dessa forma, nada mais justo
que esse seja um ambiente agradável e seguro. Hoje temos alguns direitos que foram conquistados ao longo
da história, proporcionando ao trabalhador um ambiente de trabalho com mais conforto e qualidade.
Abordar esse assunto é importante porque nos mostra como a segurança e a saúde dos trabalhadores vem
sendo conduzida ao longo do tempo. É imprescindível que o ambiente de trabalho seja seguro e ofereça meios
para a promoção da saúde dos trabalhadores.
Mas antes de começarmos, vamos fazer um exercício rápido e fácil: imagine uma indústria têxtil, pense em
todos os setores, imagine a matéria-prima chegando, as máquinas funcionando, o tamanho do ambiente,
pense também nos trabalhadores. Como é esse ambiente? Grande ou pequeno? Fechado? Tem circulação de
ar? Tem local para alimentação? É um ambiente sujo? As máquinas são silenciosas ou barulhentas? E os
trabalhadores? Como estão vestidos? Camiseta? Bermuda? Chinelos?
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1. Construção histórica da Segurança e Saúde Ocupacional Internacional
Pré-Revolução Industrial
Segurança e saúde do trabalhador na idade antiga e média
Quando a preocupação com a saúde dos trabalhadores e segurança nos ambientes de trabalho começou?
Não sabemos ao certo, mas o que alguns registros nos mostram é que já na época dos grandes filósofos
existia uma preocupação ou pelo menos uma associação entre algumas doenças com o trabalho que as
pessoas exerciam, vide os exemplos abaixo:
Hipócrates (460-370 a.C.)
Ele foi pioneiro na descoberta da origem de muitas doenças, entre elas,
identificou as que são relacionadas ao trabalho. Em seu livro Ares, Águas
e Lugares publicou sobre envenenamento por chumbo e os trabalhadores
expostos às minas de estanho.
Aristóteles (384-322 a.C.)
Em seus registros, mostra que cuidou do atendimento e da prevenção de
doenças dos trabalhadores de mineração.
Platão (428-347 a.C.)
Descobriu algumas doenças do esqueleto humano, comuns a
determinados trabalhadores no exercício de suas atividades.
Plínio (23-79 d.C.)
Publicou a obra Naturalis Historiae, onde aborda a aparência e
deficiências dos trabalhadores expostos ao chumbo, mercúrio e poeiras.
Além de identificar as doenças, também recomendava o uso de máscaras
feitas de bexiga de animais para a proteção desses trabalhadores. Seria
esse o embrião do que conhecemos hoje como equipamento de proteção
individual?
Avicena (980-1037 d.C.)
Ele foi um médico árabe que relacionou cólicas, apresentadas por
trabalhadores expostos a tintas à base de chumbo. Muito tempo depois,
à intoxicação causada por exposição ao chumbo, deu-se o nome de
saturnismo. 
Poucos registros foram encontrados, até que entre os séculos XV e XVI observamos significativas
contribuições para a saúde e segurança dos trabalhadores. Nas obras de Ulrich Ellenbog (1435-1499),
Bernardino Ramazzini (1633-1714)
responsável pelo mais antigo tratado médico ocupacional, são recomendadas medidas de higiene no trabalho
após a descrição de envenenamento por mercúrio e chumbo. Considerado o pai da Geologia como ciência,
Georgius Agricola (1494-1555) elabora a descrição de doenças e acidentes de trabalho em trabalhadores de
mineração e refino de metais, sugerindo a inclusão do uso de ventilação para estas atividades.
Paracelso (1493-1541), considerado o pai da Toxicologia,
estudou as infecções que acometiam os mineiros do Tirol e
fez as primeiras descrições sobre doenças respiratórias
relacionadas à atividade de mineração. Na concepção de
Paracelso a dose das substâncias é o que diferencia o
veneno dos remédios.
Segurança e saúde do trabalhador na
idade moderna
Em 1700, o médico Bernardino Ramazzini (1633-1714)
publicou a famosa obra intitulada De Morbis Artificium Diatriba, em português, Doenças dos Artífices. Nesta
obra, Ramazzini apresentou um estudo detalhado sobre aproximadamente 50 doenças relacionadas ao
trabalho, tornando-se mundialmente uma referência na área da saúde do trabalhador e considerado pai da
Medicina do Trabalho.
Saiba mais
A pergunta "Com o que você trabalha?" foi introduzida na entrevista médica por Ramazzini ao perceber
que muitos trabalhadores estavam adoecendo por causa do trabalho, assim, tal questionamento
facilitava a identificação da causa da doença. 
Naquela época, não existiam direitos dos trabalhadores. Atualmente, é importante que o médico consiga
associar a doença ao ambiente de trabalho (se o trabalhador estiver adoecendo por causa do trabalho), pois,
desse modo, alguns direitos são garantidos, como veremos em outro momento.
Para Ramazzini, o trabalho podia ser exercido
sem a ocorrência de doenças desde que
fossem tomadas medidas corretas de
prevenção.
Apesar de suas evidências, não há registros de
qualquer política pública que tenha sido
proposta na época para reduzir os riscos a que
os trabalhadores estavam expostos.
As vítimas dos acidentes e das doenças
relacionadas ao trabalho eram quase
exclusivamente escravas e pessoas com nível
socioeconômico baixo. Porém, a situação
estava prestes a mudar.
Primeira e Segunda Revolução Industrial
Primeira Revolução Industrial
Com a Revolução Industrial (1760-1830), na Europa, outros problemas começaram a surgir. Segundo Moraes
(2009), a Revolução Industrial foi um processo de transformação que iniciou na Inglaterra devido às condições
favoráveis, como: muita matéria-prima e amplo mercado consumidor nas colônias.
Jovens trabalhando na sala de fiação do Cornell Mill em
Fall River, Massachusetts, em 1912.
Embora a industrialização tenha transformado profundamente a sociedade na segunda metade do século
XVIII, o aparecimento de novas doenças relacionadas ao trabalho e muitos relatos de acidentes passaram a
fazer parte do dia a dia das famílias (não somente os pais e mães, como também os adolescentes e mesmo
crianças) que trabalhavam nas fábricas.
Com o surgimento das primeiras máquinas de fiação e
tecelagem, o artesão perdeu espaço e domínio dos meios
de produção. As máquinas os substituíram e, para o
sustento da família, muitos foram contratados para
trabalharem nas fábricas. As mulheres e crianças também,
recebendo salários menores.
Sobre os locais de trabalho, há registros das péssimas
condições para as atividades laborais e inclusive péssimas
condições de higiene. Lembra da pergunta lá no início do
módulo? Como você imagina uma indústria têxtil? Na época
da Revolução Industrial, as fábricas eram sujas e a iluminação precária. Não se tinha o conhecimento de que
esses ambientes sujos ajudavam na propagação de várias doenças, também conhecidas como pestes.
Reflexão
Vamos pensar na seguinte situação: você foi contratado para trabalhar em uma indústria como operador
de uma máquina que funciona com os comandos em um painel, porém não te passam as instruções.
Você terá que aprender como manusear a máquina sozinho. Para alguns, talvez seja fácil pelo
conhecimento de aparelhos eletrônicos, mas para outros será um desafio. Como manusear uma máquina
que nunca vi na minha vida? E se eu fizer alguma coisa errada? Hoje, é mais fácil de resolvermos essas
situações, mas na época da Revolução Industrial era árduo. 
A falta de conhecimento sobre a manipulação das máquinas e ausência de dispositivos de segurança geravam
acidentes graves e, como consequência,muitos trabalhadores eram mutilados ou morriam, afinal, a maior
parte deles eram artesãos e não tinham habilidade em lidar com as máquinas.
Dentro das fábricas, por falta de ventilação,
local apropriado para descanso, alimentação e
higiene muitas doenças infectocontagiosas
eram transmitidas, além de doenças causadas
pela exposição a agentes químicos e
intoxicações.
A ausência de medidas de segurança causavam
mortes, inclusive das crianças.
Estamos falando de uma época que não havia
qualquer tipo de regulamentação relacionada
ao trabalho, tudo era novidade e, assim, o
empregador criava e fixava diretrizes, além de
modificá-las conforme sua vontade. Não existia
limite de tempo para jornada de trabalho, muitos trabalhadores iniciavam sua jornada de madrugada e só
terminavam no início da noite, ou dependendo da situação continuavam a noite toda em ambientes
inapropriados e pouco iluminados. Os ruídos emitidos pelas máquinas eram ensurdecedores, dificultando a
comunicação e contribuindo para o aumento do número de acidentes e das perdas auditivas.
Essa situação ficou insustentável. O número de crianças mutiladas, mulheres e homens morrendo
por causa desses ambientes fez com que a população se mobilizasse e cobrasse uma posição do
Estado.
O Parlamento Britânico, então, criou uma comissão de inquérito, que posteriormente conseguiu aprovação, em
1802, da primeira lei de proteção aos trabalhadores: Lei da Saúde e Moral dos Aprendizes. Esta lei estabelecia
uma jornada de 12 horas de trabalho diário, proibia trabalho noturno, obrigava a ventilação nas dependências
das fábricas para remover gases, poeiras e outras impurezas que poderiam causar danos à saúde e obrigava a
lavagem das paredes duas vezes por ano.
Em 1831, foi publicada na Inglaterra a obra Os efeitos das artes, ofícios e profissões na saúde e longevidade
de autoria de Charles Turner Thackrah (1795-1833). Pioneiro no campo da Medicina Ocupacional, contribuiu
para o desenvolvimento de legislações voltadas aos trabalhadores. Em 1830, surgiu o primeiro serviço médico
industrial do mundo, com a nomeação do médico Robert Baker como o inspetor do serviço.
Comentário
Houve uma pequena mudança nas condições de trabalho, em 1833, com a criação da Lei das Fábricas, a
qual proibia o trabalho noturno para menores de 18 anos, fixava a idade mínima para o trabalho (13 anos)
e exigia exames médicos das crianças trabalhadoras. Em 1869, na Alemanha, e em 1877, na Suíça, foram
instituídas leis que responsabilizavam os empregadores por lesões ocupacionais. 
Segunda Revolução Industrial
Com o passar dos anos, novas ideias e necessidades da sociedade foram surgindo e, desse modo, chegamos
a Segunda Revolução Industrial, que teve seu início em meados do século XIX, terminando ao final da Segunda
Guerra Mundial. As fases da Revolução Industrial simbolizam a evolução e transformação dos processos
produtivos e, com isso, o aparecimento de novas doenças ocupacionais. Por outro lado, representam o avanço
da segurança dos ambientes de trabalho e a conscientização dos trabalhadores sobre os seus direitos.
A Segunda Revolução Industrial ainda está fortemente
relacionada à indústria, com o aprimoramento de técnicas,
surgimento de novas máquinas e introdução de novos meios
de produção, além de novas matérias-primas, como o aço, a
eletricidade e o petróleo. Aqui a industrialização expandiu-
se para outros países, além dos europeus, como Estados
Unidos e Japão.
Essa nova fase modificou as relações entre pessoas, a
forma de viver e de trabalhar. Sobre o trabalho, para a
organização industrial, herdeira da Primeira Revolução
Industrial, foram adotados novos processos de trabalho. E o aperfeiçoamento desejado nas indústrias veio
com Taylor e Ford:
Henry Ford
Em 1910, Henry Ford utilizou os Princípios de
Produção em Massa em suas linhas de
montagem. Com isso, ele foi capaz de diminuir
o tempo de duração dos processos, a
quantidade de matéria-prima estocada e
aumentar a capacidade de produção, através
da capacitação dos trabalhadores.
Frederick W. Taylor
Em 1907, nos Estados Unidos, Frederick W.
Taylor publicou a obra Princípios de
Administração Científica, na qual apresentou
técnicas, mecanismos, estudo de tempos de
movimentos, padronização de instrumentos e
ferramentas, padronização de movimentos,
conveniência de áreas de planejamento,
sistema de pagamento de acordo com o
desempenho e cálculo de custos.
O período entre a Segunda Guerra e o final do século XX caracterizou-se pelo predomínio de um modelo
econômico voltado para as necessidades internas dos países, com alto grau de controle estatal e uma
legislação trabalhista prescritiva, ou seja, que realmente deveria ser observada e cumprida, e de princípio
protecionista. Nas empresas, estabeleceu-se o modelo fordista de produção em massa, marcado pela
organização do trabalho hierarquizada e força de trabalho de baixa qualificação, por empregos estáveis e
salários fixos (CHAGAS; SALIM; SERVO, 2012).
OIT e ACGIH
Criação da Organização Internacional do Trabalho
Em 1919, com a criação da Organização Internacional do Trabalho (OIT), houve mudanças significativas no
ritmo de trabalho e o enfoque das normas e práticas de proteção à saúde dos trabalhadores.
A OIT é uma grande referência internacional fundada para
promover justiça social. Tem estrutura tripartite formada por
representantes de governos, de empregadores e de
trabalhadores que participam em situação de igualdade das
diversas instâncias da Organização.
A missão da OIT é promover oportunidades de trabalho
decente em condições de liberdade, equidade, segurança e
dignidade. Os quatro objetivos estratégicos da Agenda de
Trabalho Decente da OIT são:
Definir e promover normas e princípios e
direitos fundamentais no trabalho.
Criar mais oportunidades de emprego e
renda decentes para mulheres e
homens.
Melhorar a cobertura e a eficácia da
proteção social para todos.
Fortalecer o tripartismo e o diálogo
social.
Para a OIT o trabalho decente é condição fundamental para a superação da pobreza, a redução das
desigualdades sociais, a garantia da governabilidade democrática e o desenvolvimento sustentável. A
entidade realiza o seu trabalho através de três organismos principais compostos por representantes de
governos, empregadores e trabalhadores.
A OIT é responsável pela formulação das famosas Convenções e Recomendações, que são normas
internacionais do trabalho. Atualmente, temos um total de 189 Convenções Internacionais de Trabalho e 205
Recomendações sobre diversos temas. As Convenções e Recomendações mais conhecidas são:
Limitação da jornada de trabalho a 8 horas diárias e 48 horas semanais.
Proteção à maternidade.
Definição da idade mínima de 14 anos para o trabalho na indústria.
Proibição do trabalho noturno para menores de 18 anos.
Proibição das piores formas de trabalho infantil e ação imediata para sua eliminação.
Vejamos a seguir outras recomendações.
Saiba mais
Recomendações:R090 – Igualdade de Remuneração de homens e mulheres trabalhadores por trabalho
de igual valor.R097 – Recomendação sobre a proteção da saúde dos trabalhadores.R112 –
Recomendação de Serviços de Medicina do Trabalho.R116 – Recomendação sobre redução de horas de
trabalho. 
O Brasil é um dos membros fundadores da OIT e participa da Conferência Internacional do Trabalho desde a
sua primeira reunião. Você sabia que vários projetos e programas criados no Brasil em defesa dos
trabalhadores foram criados de acordo com as Recomendações da OIT? Exemplos: Combate ao trabalho
infantil; combate ao trabalho em condições análogas às de escravo; combate à informalidade; Plano Nacional
de emprego e trabalho decente, entre outros.
Além da OIT, há a Conferência Americana de Higienistas Industriais Governamentais, que apesar de não ter a
mesma magnitude da OIT, é muito importante no processo histórico e evolutivo da saúde e segurança no
trabalho, como veremos a seguir.
American Conference of Governmental Industrial Hygienists (ACGIH)
A Conferência Americana de Higienistas IndustriaisGovernamentais (ACGIH) foi criada em 1938 como
Conferência Nacional Independente de Higienistas Industriais Governamentais (NCGIH). Até 1946 os membros
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Alusão aos trabalhadores expostos à substâncias
químicas com os equipamentos de segurança
necessários.
da NCGIH eram representantes de 24 estados, 3 cidades, 1 universidade e do Serviço de Saúde Pública dos
Estados Unidos da América. 
Em 1946, a organização passou a ser chamada
de Conferência Americana de Higienistas
Industriais Governamentais e ofereceu
associação plena a todas as agências e
instituições de higiene industrial, bem como a
profissionais higienistas de outros países.
A ACGIH se expandiu sem perder de vista um
dos seus objetivos: incentivar o intercâmbio de
experiências entre profissionais higienistas e
divulgar informações que possam ser úteis ao
cumprimento de suas funções. As publicações
são referências mundiais na análise de riscos físicos, químicos e biológicos.
A mais conhecida contribuição da ACGIH para as empresas
foi o estabelecimento de valores limites para exposição a
algumas substâncias químicas, em 1941. Ao expor
trabalhadores a substâncias químicas acima do limite de
tolerância permitido sem equipamentos de segurança, as
empresas obrigatoriamente precisam oferecer meios para
que estes estejam seguros e não adoeçam. Periodicamente,
a lista com novas substâncias e novos valores limites é
atualizada. O limite de tolerância é o estabelecimento de
uma quantidade de substância a que o trabalhador pode
ficar exposto por determinado período de tempo, sem
equipamento de segurança.
Ao longo dos anos, a ACGIH desenvolveu trabalhos e
manuais sobre saúde ambiental, segurança e saúde dos
trabalhadores, toxicologia, substâncias cancerígenas,
controle de resíduos no local de trabalho, ergonomia, entre
outros. Desde a sua criação, o principal objetivo da ACGIH tem sido proteger os trabalhadores através do
desenvolvimento de diretrizes de exposição ocupacional baseadas em estudos científicos. Essas diretrizes
tornaram-se reconhecidas e utilizadas em todo o mundo.
Comentário
Considerada uma referência na área da Higiene Industrial, a Conferência Americana de Higienistas
Industriais Governamentais (ACGIH) se expandiu sem perder de vista o seu objetivo original: incentivar o
intercâmbio de experiências entre trabalhadores de higiene industrial ou do trabalho e divulgar
informações que possam ser úteis ao cumprimento de suas funções. 
A primeira reunião com representantes de alguns países se deu em 1938, e de lá para cá muitas mudanças
aconteceram. Atualmente, os grupos de trabalho se concentram no estudo e desenvolvimento de ações
relacionados a vários tópicos, entre eles: Segurança e saúde agrícola, instrumentos de amostragem de ar,
bioaerossóis, índice de exposição biológica, ventilação industrial, limite de tolerância para substâncias
químicas, limites de intensidade para agentes físicos, exposição à poeira de algodão, controle de substâncias
cancerígenas no local de trabalho.
Maquinário robotizado.
Terceira e Quarta Revoluções Industriais
Terceira Revolução Industrial
A Terceira Revolução Industrial teve início após a Segunda Guerra Mundial. Com o avanço da ciência e da
tecnologia, essa fase da Revolução Industrial passa a ser conhecida como Revolução Técnico-Científica.
Aqui, temos o avanço das pesquisas e a criação
e transformação de novas formas de trabalho,
como robótica, informática, telecomunicações,
eletrônica e, no campo da ciência, a
revolucionária Engenharia Genética. A maior
parte do sistema produtivo sofreu mudanças, e
alguns problemas começaram a surgir, como
desemprego e exigência de mão de obra
ultraespecializada.
No campo da saúde do trabalhador, doenças
como Lesões por Esforços Repetitivos (LER),
que até então não eram levadas em
consideração, começam a fazer diversas
vítimas, e apesar de novas tecnologias, os acidentes de trabalho continuam.
Por outro lado, há avanços nas discussões sobre o processo saúde-doença-trabalho e a participação nas
discussões dos trabalhadores por meio dos seus representantes. Nessa fase, há um reforço sobre a 
conscientização dos empregados acerca de sua responsabilidade com a sua própria segurança e saúde, ou
seja, não basta ter os equipamentos de proteção, é preciso fazer uso deles.
Lesões por Esforços Repetitivos (LER)
A lesão por esforço repetitivo afeta músculos, nervos, ligamentos e tendões. Esse tipo de lesão pode ser
causado por técnica inadequada ou uso excessivo.
Quarta Revolução Industrial
Também conhecida como Indústria 4.0, a Quarta Revolução Industrial foi assim conceituada por Klaus Schwab,
fundador do Fórum Econômico Mundial. De acordo com Schwab, a industrialização atingiu uma fase que
transformará a forma como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos.
A indústria 4.0 tende a ser automatizada a
partir de sistemas que combinam máquinas
com processos digitais. As novas tecnologias
mudarão drasticamente a natureza do trabalho
em todos os setores e ocupações. O próprio
Schwab questiona o que fazer para promover
resultados mais positivos e ajudar aqueles que
ficarem presos na transição.
Sabemos que ao longo da história muitos
empregos foram substituídos por outros e que
o ser humano tem uma capacidade incrível de
criar novas formas de trabalhar, talvez nesse momento seja necessário mais estímulos à criatividade. Por outro
lado, esta nova fase nos trouxe outras preocupações no campo social e do meio ambiente, uma vez que a
população está envelhecendo e a cada dia temos mais poluição.
Klaus Schwab.
As Políticas Públicas precisam caminhar lado a lado com a
evolução tecnológica para que seja evitado o
distanciamento de alguns grupos ao acesso ao novo
mercado de trabalho.
Segundo Schwab a Quarta Revolução Industrial ainda está
em estágio inicial e ela exigirá a completa reformulação das
estruturas econômicas e organizacionais.
No campo da saúde e segurança do trabalho, além dos
acidentes e das doenças clássicas relacionadas a esse
ambiente, hoje o mundo do trabalho enfrenta outros
inimigos: o suicídio relacionado ao trabalho, depressão e
ansiedade.
Comentário
De acordo com a OIT, a terceira maior causa de afastamento do trabalho no mundo são os transtornos
mentais. No Brasil, esses transtornos também ocupam a terceira maior causa de afastamento segundo o
Instituto Nacional de Seguro Social (INSS). Um dos problemas enfrentados pelos países no combate a
essas doenças é a ausência de preparo, uma vez que as doenças mentais nunca estiveram tão evidentes
no ambiente de trabalho. E se existiam, eram ignoradas, pois as pessoas com esse tipo de doença
sempre foram estigmatizadas. 
A Quarta Revolução Industrial carrega um paradoxo: 
Neste caso, alguns fatores de risco contribuem para o aumento dos casos de depressão, ansiedade e
tentativas de suicídio relacionados ao trabalho. Veremos a seguir alguns fatores que contribuem para a
exaustão física e emocional dos trabalhadores:
1
Fator 1
Estados emocionais como insegurança e temor de ficar desempregado fazem com que os
trabalhadores se submetam a condições insalubres, assim como horas extras sem remuneração.
 
De um lado… 
Novas e modernas formas de trabalho.
Por outro lado… 
Uma população não preparada para
esse novo momento.
2 Fator 2
Trabalhos aos finais de semana para completar renda viraram regra, retirando desse trabalhador
momentos de lazer tão importantes para sua produtividade.
 
3
Fator 3
Desconhecimento de novas tecnologias gera ansiedade, bem como informações sobre a
substituição do ser humano por robôs podem gerar medo.
 
4
Fator 4
Exaustões física e emocional também precisam ser levadas em consideração, uma vez que o
assalariado estressado fica mais vulnerável ao erro. O próprio desemprego é considerado um fator
de risco para o adoecimento do trabalhador.
 
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, os transtornos mentais podem causar às pessoas doentes
um grande sofrimento e disfunção, afetando a vida pessoal e profissional. O futuro do trabalho apresentauma
série de oportunidades e desafios que exigem soluções comuns alcançadas por meio do diálogo social, isto é,
a participação de todos nas decisões no que diz respeito aos novos modos de produção.
As quatro Revoluções Industriais
Confira mais detalhes de cada uma das grandes revoluções que transformaram a indústria.
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Primeira Revolução Industrial
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Criação da Organização Internacional do Trabalho
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Quarta Revolução Industrial
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Verificando o aprendizado
Questão 1
“A Organização Internacional do Trabalho (OIT) informou nesta sexta-feira, 28 de abril, Dia Mundial da Saúde e
Segurança no Trabalho, que cerca de 2,3 milhões de pessoas morrem e 300 milhões ficam feridas todos os
anos no mundo em acidentes de trabalho.” 
O texto revela uma das faces do processo de industrialização em todo o mundo. Sobre o processo de trabalho
ao longo do tempo, podemos considerar como corretas as opções: 
I. Os acidentes de trabalho na época da Primeira Revolução Industrial aconteciam porque os trabalhadores
não sabiam manusear máquinas, não tinham equipamentos de proteção e não tinham regulamentação de
carga horária de trabalho. 
II. As mobilizações sociais e de trabalhadores não foram importantes para a criação de leis que garantissem
ambientes de trabalho seguros. 
III. É importante a conscientização do trabalhador como um promotor da própria segurança, por isso ele não
precisa utilizar os equipamentos de proteção que são fornecidos a ele pelo empregador.
A
I, II, III
B
Apenas a alternativa I
C
Apenas as alternativas II, III
D
Apenas a alternativa III
E
Apenas as alternativas I, III
A alternativa B está correta.
A Primeira Revolução Industrial representou um marco na economia de alguns países da Europa, por outro
lado, muitos problemas também surgiram, como doenças e acidentes do trabalho. Isso aconteceu devido
ao despreparo dos trabalhadores para atuarem em um ambiente desconhecido, além da falta de
equipamento de proteção individual e coletiva aliados a uma carga de trabalho exaustiva. Com o passar do
tempo, o trabalhador vai ganhando voz e mudanças vão acontecendo, como o fornecimento de
equipamentos de proteção pelos empregadores, ambientes de trabalho seguros, dentre outros. No entanto,
esses dispositivos não são suficientes, pois junto a eles existe a necessidade da conscientização dos
trabalhadores sobre a uso correto e o respeito às normas de segurança dos ambientes de trabalho.
Questão 2
Ao longo dos anos, a Revolução Industrial tem apresentado diversas fases relacionadas às mudanças nos
processos produtivos e nos direitos dos trabalhadores. Assinale a alternativa que apresenta a fase, as
características dessa fase e uma ação que favorece os trabalhadores:
A
Quarta Revolução Industrial, caracterizada pelo surgimento de máquinas elétricas e a utilização do petróleo
como matéria-prima em algumas indústrias. Foi um período em que os trabalhadores foram favorecidos pela
Recomendação da OIT sobre a limitação da jornada de trabalho em 6 horas.
B
Primeira Revolução Industrial, caracterizada pela inserção da informática, eletrônica e robótica, trazendo uma
transformação nos meios de produção. Nessa fase, aparecem como destaque as Lesões por Esforços
Repetitivos e uma participação maior dos trabalhadores nas decisões sobre ambientes de trabalho seguros.
C
Segunda Revolução Industrial, caracterizada pela indústria, porém agora com outras matérias-primas, como o
aço e o petróleo. A inserção da eletricidade nessa fase traz mudanças no processo de trabalho. Aqui há um
avanço relacionado ao ambiente de trabalho seguro.
D
Terceira Revolução Industrial, caracterizada pelo avanço das máquinas, que tendem a ser automatizadas a
partir de processos digitais. Nessa fase, há um aumento da depressão relacionada ao trabalho e também o
envelhecimento da população, além de ambientes mais poluídos.
E
Segunda Revolução Industrial, caracterizada pela inserção da informática, eletrônica e robótica, trazendo uma
transformação nos meios de produção. Nessa fase, aparecem como destaque as Lesões por Esforços
Repetitivos e uma participação maior dos trabalhadores nas decisões sobre ambientes de trabalho seguros.
A alternativa C está correta.
A Segunda Revolução Industrial representou uma reestruturação do processo de trabalho na indústria, as
matérias-primas usadas na Primeira Revolução Industrial aos poucos foram sendo substituídas, inclusive a
forma de funcionamento dos maquinários. É uma fase na qual ainda há adoecimento e acidentes de
trabalho, mas agora com outras características.
2. Evolução histórica da Segurança e Saúde Ocupacional no Brasil
Evolução histórica no Brasil
No Brasil, utilizou-se a mão de obra escrava na mineração e agricultura até o século XIX, não havendo muitos
registros sobre saúde e segurança relacionados ao trabalho desta época.
O surgimento da industrialização no país aconteceu no final do século XIX, basicamente no Rio de Janeiro e
São Paulo, com grande semelhança ao processo de industrialização na Inglaterra.
Assim como na Europa, o Brasil presenciou, no momento da sua industrialização, as más condições de
trabalho, jornada longa sem a remuneração adequada, a contratação da mão de obra feminina e infantil e a
ocorrência de acidentes e doenças ocupacionais.
Os ambientes eram mal iluminados, sem ventilação e não
dispunham de instalações sanitárias.
Uma das justificativas para tal fato foi o de que as indústrias
aqui montadas haviam sido transferidas da Europa, e no
Brasil não havia tradição de trabalho livre, logo era mais
difícil cobrar melhores condições de trabalho aos
empregadores. Nem o trabalhador nem o empregador
conheciam outra prática no trato com a força de trabalho
que não fosse a chibata.
Segundo Dean (1971), nesse período havia péssimas
condições de trabalho. Um dos principais problemas se
devia ao fato de que muitas das estruturas que abrigavam
as máquina não haviam sido originalmente destinadas a essa finalidade. Ainda segundo o autor, as condições
de trabalho eram agravadas pela ausência de instalações sanitárias, má iluminação e ventilação.
Em 1912, constitui-se a Confederação Brasileira do Trabalho (CBT) durante o 4º Congresso Operário
Brasileiro. A CBT tinha como finalidade promover um programa de reivindicações operárias, tais como:
Jornada de trabalho de oito horas.
Semanas de trabalho com seis dias.
Construção de casas para operários.
Indenização para acidentes de trabalho.
Limitação da jornada de trabalho para mulheres e crianças.
Pagamento de seguro para casos de doenças e velhice
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Estabelecimento de salário mínimo.
Em 1918, Venceslau Braz Gomes, presidente do Brasil, cria através do Decreto nº 3.550 o Departamento
Nacional do Trabalho, com o objetivo de regulamentar a organização do Trabalho. Em 1919, com o Decreto
Legislativo nº 3.724, foi instituída a reparação em casos de doença contraída pelo exercício do trabalho. O
Decreto é conhecido como a primeira lei sobre acidentes de trabalho.
A Lei Eloy Chaves (Decreto nº 4.688,
24/01/1923), com a criação da Caixa de
Aposentadoria e Pensões para os empregados
de empresas ferroviárias, consolidou a base do
sistema previdenciário brasileiro. Também em
1923, foi criada a Inspetoria de Higiene
Industrial e Profissional, junto ao Departamento
Nacional de Saúde, no Ministério do Interior e
Justiça.
Em 1930 foi criado o Ministério do Trabalho,
Indústria e Comércio. E em 1934, introduz-se a
Inspetoria de Higiene e Segurança do Trabalho, no Departamento Nacional do Trabalho, do Ministério do
Trabalho, Indústria e Comércio. Ainda em 1934 foi decretada a segunda Lei de Acidentes doTrabalho (Decreto
nº 24.637, 10/07/1934). Em 1938, a Inspetoria foi transformada em Serviços de Higiene do Trabalho e Divisão
de Higiene e Segurança do Trabalho, em 1942.
Foi fundada, em 1941, no Rio de Janeiro, a Associação Brasileira para Prevenção de Acidentes (ABPA) e, em
1943, é aprovada a Consolidação das Leis do Trabalho-CLT (Decreto-Lei nº 5.452, 01/05/1943), elaborada
pelo Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, o qual elaborou também o primeiro projeto de consolidação
das Leis da Previdência Social.
Você sabe o que é CLT?
A Consolidação das Leis Trabalhistas é a unificação de toda legislação trabalhista que existia no Brasil
até o momento da sua aprovação. Em 1944, o Decreto-Lei nº 7.036, 10/11/1944 promoveu a
reformulação da Lei de Acidentes de Trabalho. Empresas com mais de 100 funcionários deveriam
constituir uma Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) baseada na Recomendação 112 da
OIT. A legislação brasileira foi expressa no Capítulo V da CLT.
Em 1953, instituiu-se a Semana de Prevenção de Acidentes de Trabalho/SPTA (Decreto-Lei nº 34715,
27/11/1953), a ser realizada na 4ª semana de novembro de cada ano, e em 1960, a Portaria 319, de 30/12/60,
regulamenta o uso dos equipamentos de proteção individual (EPI).
Curiosidade
Você sabia que parte dos acidentes de trabalho ocorrem devido ao uso incorreto ou ao não uso dos
equipamentos de proteção individual (EPI)? Quais os EPIs que você conhece? Não se esqueça de que a
empresa é obrigada a fornecer os equipamentos de proteção individual corretos para cada funcionário. 
Na década de 1960, devido ao aumento dos registros de adoecimento e acidentes relacionados ao trabalho, o
governo brasileiro convidou técnicos da OIT para uma avaliação das condições de segurança e higiene do
trabalho em algumas indústrias brasileiras. Ao final da atividade, os técnicos apontaram a necessidade da
construção de um centro de investigação sobre segurança, higiene e Medicina do Trabalho com o intuito de
criarem estratégias para a proteção física dos trabalhadores.
Após a criação de um grupo de trabalho com representantes de várias instituições nacionais e acompanhada
• 
pela OIT, em 1966 era criada a Fundação Centro Nacional de Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho
(Fundacentro), posteriormente conhecida como Fundação Jorge Duprat Figueiredo.
Veremos a seguir algumas portarias e lei criadas a partir de 1970:
Portarias 3.236 e 3.237
Na década de 1970, o Ministério do Trabalho através das Portarias 3.236 e 3.237 tornou obrigatória a
existência de um serviço de saúde nas empresas com mais de cem empregados.
Lei nº 6.321, de 14/04/1976
Em 1976, foi instituído pela Lei nº 6.321, 14/04/1976, e regulamentado pelo Decreto nº 5, 14/01/1991, o
Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), cujo objetivo é incentivar as empresas a oferecerem
alimentação nutritiva aos trabalhadores. A adesão ao PAT pelas empresas é voluntária, porém aquelas
que participam do programa recebem alguns incentivos fiscais, como desconto no Imposto de Renda
da Pessoa Jurídica.
Portaria 3.214
Em 1978 o Ministério do Trabalho aprovou a Portaria 3.214, que criou as Normas Regulamentadoras
(NRs). As NRs são um conjunto de requisitos e procedimentos relativos à segurança e saúde dos
trabalhadores e são modificadas periodicamente de acordo com a necessidade de atualização.
Portaria 34
Em 1987, pela Portaria 34, tornou-se obrigatório no Brasil, para todas as empresas em regime de CLT,
ter Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT),
obedecendo o grau de risco da atividade desenvolvida e o número de trabalhadores. Porém, as
empresas começaram a atender a legislação um pouco mais tarde com a maior fiscalização.
Mas o que é grau de risco da atividade? Saiba que risco nas empresas é uma escala de 1 a 4, em que
1 são atividades que oferecem pouco risco e 4 é o grau máximo, definida pela Norma
Regulamentadora 4, para avaliar a intensidade e os riscos aos quais os trabalhadores estão expostos.
Durante a década de 1980, surgiram outros centros de estudo sobre saúde e segurança do trabalhador. Com a
Constituição Federal de 1988, ampliaram-se atribuições e responsabilidades dos estados e municípios na área
da Saúde e Segurança do empregado, de maneira que os Centros de Referência de Saúde do Trabalhador
Estaduais e as Vigilâncias Sanitárias passaram a ter competências para atuar no Sistema Único de Saúde
(SUS).
Para a inserção no processo de globalização, o Brasil
adotou, no contexto do Programa Nacional de Qualidade e
Produtividade, as normas ISO série 9000, que introduziram
uma visão sistêmica de gerenciamento da Qualidade e que
se expandiram em várias áreas nas empresas, incluindo,
muitas vezes, a da Saúde e Segurança. 
Por extensão à área da Qualidade e por serem compatíveis
entre si, outras normas começaram a ser adotadas, como a
série ISO 14000, para gerenciamento do ambiente, e a
norma britânica BS 8800, para sistemas de gestão da
segurança e saúde no trabalho.
Na década de 1990, destacamos a Lei nº 8.218, de 24/07/1991, sobre Planos de Benefícios da
Previdência Social, sofrendo posteriormente alterações. Esta lei também estabelece o conceito legal
de Acidente de Trabalho e de Trajeto e a obrigação da empresa em comunicar os acidentes de
trabalho às autoridades competentes.
Em 2002, por meio da Portaria nº 365, de 12/09/2002, o Ministério do Trabalho e Emprego instituiu a 
Comissão Nacional de Erradicação do Trabalho Infantil, com o objetivo prioritário de viabilizar a elaboração do
Plano Nacional de Erradicação do Trabalho Infantil e Proteção ao Adolescente Trabalhador.
O primeiro Plano Nacional para Erradicação do Trabalho
Escravo foi publicado em 2003. Já em 17 de abril de 2008, o
segundo Plano Nacional para Erradicação do Trabalho
Escravo é aprovado, introduzindo modificações que
decorrem de uma reflexão permanente sobre as distintas
frentes de luta contra a violação dos Direitos Humanos.
O Ministério do Trabalho e Emprego lançou, em 22 de maio
de 2014, o Plano Nacional de Combate à Informalidade dos
Trabalhadores Empregados, tendo como um dos objetivos
instigar a formalização do trabalho assalariado aos
trabalhadores informais da iniciativa privada no Brasil e, como consequência, obtendo a proteção social do
trabalhador e a promoção da justiça fiscal entre os empregadores.
Mais recentemente, tivemos a criação da
Escola Nacional da Inspeção do Trabalho
(ENIT), vinculada à Subsecretaria de Inspeção
do Trabalho, órgão do Ministério da Economia.
É destinada a coletar, registrar, produzir e
disseminar conhecimento dirigido às atividades
da Inspeção do Trabalho. 
A ENIT também promove o desenvolvimento de
pessoas para o aperfeiçoamento desta
inspeção e busca garantir a efetividade das
normas trabalhistas, sendo referência na
geração e disseminação de conhecimento na matéria trabalhista.
Política nacional de segurança do trabalho
Vamos discutir agora uma das principais políticas públicas para o trabalhador: a política nacional de segurança
do trabalho.
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Fundação Jorge Duprat Figueiredo (Fundacentro)
Considerada uma das maiores referências em formação e pesquisas sobre Segurança e Saúde no Trabalho da
América Latina, a Fundação Centro Nacional de Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho foi criada em
1966. 
Jorge Duprat Figueiredo: Um empresário envolvido com
as questões de SST.
Sobre seu papel educativo, entre 1973 e 1986, a
Fundacentro atuou na formação dos primeiros profissionais
da área da Saúde e Segurança, como médicos, enfermeiros
e auxiliares de enfermagem do trabalho, engenheiros e
técnicos de segurança.
Após 1986, essa atribuição passou a ser executada pelo
Ministério da Educação, porém, mesmo assim, a instituição
continuou o seu compromisso com a formação de
profissionais, capacitando-os por meio de cursos, eventos e
publicações.
Saiba mais
Em 1978, após a morte do primeiro presidente da instituição, Jorge Duprat Figueiredo, oentão ministro
do Trabalho, Arnaldo da Costa Prieto, sugeriu a mudança do nome do Instituto Fundacentro para
Fundação Jorge Duprat Figueiredo. 
Segundo Reimberg (2016) a principal finalidade da Fundacentro é produzir e difundir os conhecimentos
necessários para contribuir para a promoção da segurança e saúde dos trabalhadores e das trabalhadoras,
visando ao desenvolvimento sustentável, como crescimento econômico, equidade social e proteção do meio
ambiente laboral.
Comentário
Ela desempenha um importante papel através da participação dos profissionais nas discussões e
atualizações dos textos das Normas Regulamentadoras (Portaria nº 3.214, de 8 de junho de 1978), desde
as primeiras revisões. Atualmente, a Fundacentro está presente em todo o país, operando de acordo
com o tripartismo. A instituição tem como representados no Conselho Curador: o governo, os
trabalhadores e empresários, por meio de suas organizações de classe. Ela foi designada como centro
colaborador da Organização Mundial da Saúde (OMS), além de ser colaboradora da Organização
Internacional do Trabalho (OIT). 
Plano Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho
(PLANSAT)
O Plano Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho (PLANSAT) articula ações em busca da aplicação prática
da Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho instituída pelo Decreto nº 7.602, de 07 de novembro
de 2011. O PLANSAT foi construído a partir da cooperação entre órgãos governamentais, representantes dos
trabalhadores e dos empregadores.
A Convenção nº 155 da Organização Internacional do Trabalho – OIT, que dispõe sobre Segurança e
Saúde dos Trabalhadores e o Meio Ambiente de Trabalho, de 22 de junho de 1981, aprovada pelo
Congresso Nacional em 18 de maio de 1992 e incorporada ao ordenamento jurídico brasileiro através do
Decreto n.º 1.254, de 29 de setembro de 1994, estabelece o dever de cada Estado-Membro de, em
consulta com as organizações mais representativas de empregadores e trabalhadores, formular,
implementar e rever periodicamente uma política nacional de segurança e saúde no trabalho, com o
objetivo de prevenir acidentes e doenças relacionados ao trabalho por meio da redução dos riscos à
saúde existentes nos ambientes de trabalho. 
(BRASIL, 2012, p.9)
A Organização Mundial da Saúde (OMS) aprovou em 2007 o Plano de Ação Mundial sobre a Saúde dos
Trabalhadores. No Plano, a OMS aponta a necessidade dos países-membros formularem uma política de
saúde do trabalhador, considerando o disposto nas convenções da OIT e que estabeleça mecanismos de
coordenação intersetorial das atividades da área.
No Brasil, em 2008, os Ministérios do Trabalho e Emprego, da Saúde e da Previdência Social destacaram a
necessidade da construção de uma Política na área, enfocando-a de forma coerente e contemplando a
articulação entre as ações dos diversos órgãos, além de observarem a necessidade do enfoque tripartite, de
acordo com os princípios e diretrizes da OIT. Dessa forma, instituíram a Comissão Tripartite de Saúde e
Segurança no Trabalho (CTSST), tendo como competências (BRASIL, 2012 p. 10):
Artigo I
Revisar e ampliar a proposta da Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho – PNSST,
elaborada pelo Grupo de Trabalho instituído pela Portaria Interministerial n.º 1.253, de 13 de fevereiro
de 2004, de forma a atender às Diretrizes da OIT e ao Plano de Ação Global em Saúde do
Trabalhador, aprovado na 60ª Assembleia Mundial da Saúde ocorrida em 23 de maio de 2007.
Artigo II
Propor o aperfeiçoamento do sistema nacional de segurança e saúde no trabalho por meio da
definição de papéis e de mecanismos de interlocução permanente entre seus componentes.
Artigo III
Elaborar um Programa Nacional de Saúde e Segurança no Trabalho com definição de estratégias e
planos de ação para sua implementação, monitoramento, avaliação e revisão periódica, no âmbito das
competências do Trabalho, da Saúde e da Previdência Social.
Política nacional de segurança e saúde no trabalho
Para que o Estado cumpra seu papel na garantia dos direitos básicos de cidadania, é necessário que a
formulação e implementação das políticas e ações de governo sejam norteadas por abordagens transversais e
intersetoriais. Nessa perspectiva, as ações de segurança e saúde do trabalhador exigem uma atuação
multiprofissional, interdisciplinar e intersetorial capaz de contemplar a complexidade das relações produção-
consumo-ambiente e saúde (BRASIL, 2011).
A Política Nacional de Segurança e Saúde no
Trabalho tem por objetivos a promoção da
saúde e a melhoria da qualidade de vida do
trabalhador e a prevenção de acidentes e de
danos à saúde relacionados ao trabalho ou que
ocorram no curso dele, por meio da eliminação
ou redução dos riscos no ambiente de trabalho.
As ações no âmbito da PNSST devem constar
do Plano Nacional de Segurança e Saúde no
Trabalho e desenvolver-se de acordo com as
seguintes diretrizes (BRASIL, 2011):
Inclusão de todos trabalhadores brasileiros no sistema nacional de promoção e proteção da saúde.
Harmonização da legislação e a articulação das ações de promoção, proteção, prevenção, assistência,
reabilitação e reparação da saúde do trabalhador.
Adoção de medidas especiais para atividades laborais de alto risco.
Estruturação de rede integrada de informações em Saúde do Trabalhador.
Promoção da implantação de sistemas e programas de gestão da segurança e saúde nos locais de
trabalho.
Reestruturação da formação em Saúde do Trabalhador e em Segurança no Trabalho bem como o
estímulo à capacitação e à educação continuada de trabalhadores.
Promoção de agenda integrada de estudos e pesquisas em Segurança e Saúde no Trabalho.
Para que os objetivos da PNSST sejam alcançados, deverão ser implementadas, por meio da articulação
continuada, ações de governo no campo das relações de trabalho, produção, consumo, ambiente e saúde
com a participação voluntária das organizações representativas de trabalhadores e empregadores (BRASIL,
2011).
Vem que eu te explico!
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Evolução histórica no Brasil
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Plano Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho
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Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho
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Verificando o aprendizado
Questão 1
Semelhante ao que ocorreu na Europa, o processo de industrialização no Brasil trouxe repercussões positivas
para a economia, porém para os trabalhadores o processo trouxe:
A
oportunidade de crescimento na carreira com as novas indústrias sendo instaladas no Brasil.
B
os trabalhadores adoeciam pelas más condições de trabalho e sofriam acidentes por não terem habilidades
para manusear as máquinas.
C
ganhavam um salário altíssimo, tinham equipamento de proteção individual, apesar das más condições de
trabalho.
D
as mulheres conseguiram o primeiro emprego, assumindo cargos de chefia e tendo seu salário compatível
com a profissão e igual ao salário dos homens.
E
as mulheres já estavam inseridas no mercado de trabalho e assumindo cargos de chefia, mas passaram a ter
seus salários compatíveis com a profissão e igual ao salário dos homens.
A alternativa B está correta.
Da mesma forma que aconteceu no processo de industrialização na Europa, os trabalhadores brasileiros
também sofreram acidentes e adoeceram devido às más condições de trabalho, caracterizadas por
ambientes sujos, com pouca iluminação e maquinários sem segurança, além das dificuldades que os
trabalhadores apresentavam para manusear as máquinas.
Questão 2
A Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho (PNSST) tem por objetivos a promoção da saúde e a
melhoria da qualidade de vida do trabalhador e a prevenção de acidentes e de danos à saúde relacionados ao
trabalho. Para que a Política pudesse ser colocada em prática, foi necessária a criação do Plano Nacional deSegurança e Saúde no Trabalho (PLANSAT), construído por meio:
A
da cooperação entre órgãos governamentais, representantes dos trabalhadores e dos empregadores.
B
da cooperação entre órgãos governamentais e representantes dos trabalhadores, excluindo os representantes
dos empregadores.
C
da cooperação entre representantes dos trabalhadores e dos empregadores, sem a necessidade de
representantes do governo.
D
da cooperação entre órgãos governamentais e representantes dos empregadores, somente.
E
da cooperação entre órgãos governamentais, mas sem representantes dos trabalhadores nem dos
empregadores.
A alternativa A está correta.
A criação da PNSST garante aos trabalhadores os direitos básicos relacionados à segurança e saúde no
ambiente de trabalho. A Política traz objetivos importantes, mas para que sejam colocados em prática,
houve a necessidade da criação de um Plano de Trabalho com objetivos, metas e prazos a serem atingidos.
Seguindo as recomendações da OIT, para a elaboração do plano foi criada uma Comissão Tripartite,
constituída por representantes do governo, dos trabalhadores e dos empregadores.
3. Conclusão
Considerações finais
Abordamos os principais fatos que ocorreram ao longo do desenvolvimento da segurança do trabalho e da
saúde ocupacional. Observamos que, apesar de certa preocupação com a saúde dos trabalhadores na época
dos grandes filósofos, a conscientização dos empregadores em outras épocas se deu de forma lenta. Apesar
de ainda precisarmos avançar nos cuidados com o ambiente de trabalho, a participação dos trabalhadores na
luta por melhores condições de saúde e segurança foi muito importante para as mudanças.
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Pesquise sobre as convenções ratificadas pelo Brasil da Organização Internacional do Trabalho, acesse a
página da OIT.
Referências
BRASIL. Casa Civil. Decreto nº 7.602, de 7 de novembro de 2011. Dispõe sobre a Política Nacional de
Segurança de Saúde no Trabalho, 2011.
 
BRASIL. Casa Civil. Plano Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho. Brasília, 2012.
 
CHAGAS, A. M. R. de; SALIM, C. A.; SERVO, L. M. S. (organizadores). Saúde e Segurança no Trabalho no Brasil:
aspectos institucionais, sistemas de informação e indicadores. 2. ed. São Paulo: IPEA; Fundacentro, 2012.
 
DEAN, W. A Industrialização de São Paulo. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1971.
 
FERREIRA, L. S.; PEIXOTO, N. H. Segurança do Trabalho I. Santa Maria: UFSM, CTISM, Sistema Escola Técnica
Aberta do Brasil, 2012.
 
FUNDACENTRO. Introdução à Higiene Ocupacional. São Paulo: Fundacentro, 2004.
 
MORAES, G. Elementos do Sistema de Gestão de SMSQRS: teoria da vulnerabilidade. 2. ed. Rio de Janeiro:
GVC, 2009. v. 1.
 
REIMBERG, C. O. Fundacentro: meio século de segurança e saúde no trabalho. São Paulo: Fundacentro, 2016.
 
SCHWAB, K. A Quarta Revolução Industrial. São Paulo: Edipro, 2016.
	Evolução histórica da Segurança e Saúde Ocupacional
	1. Itens iniciais
	Propósito
	Objetivos
	Introdução
	1. Construção histórica da Segurança e Saúde Ocupacional Internacional
	Pré-Revolução Industrial
	Segurança e saúde do trabalhador na idade antiga e média
	Hipócrates (460-370 a.C.)
	Aristóteles (384-322 a.C.)
	Platão (428-347 a.C.)
	Plínio (23-79 d.C.)
	Avicena (980-1037 d.C.)
	Segurança e saúde do trabalhador na idade moderna
	Saiba mais
	Primeira e Segunda Revolução Industrial
	Primeira Revolução Industrial
	Reflexão
	Comentário
	Segunda Revolução Industrial
	Henry Ford
	Frederick W. Taylor
	OIT e ACGIH
	Criação da Organização Internacional do Trabalho
	Definir e promover normas e princípios e direitos fundamentais no trabalho.
	Criar mais oportunidades de emprego e renda decentes para mulheres e homens.
	Melhorar a cobertura e a eficácia da proteção social para todos.
	Fortalecer o tripartismo e o diálogo social.
	Saiba mais
	American Conference of Governmental Industrial Hygienists (ACGIH)
	Comentário
	Terceira e Quarta Revoluções Industriais
	Terceira Revolução Industrial
	Quarta Revolução Industrial
	Comentário
	Fator 1
	Fator 2
	Fator 3
	Fator 4
	As quatro Revoluções Industriais
	Conteúdo interativo
	Vem que eu te explico!
	Primeira Revolução Industrial
	Conteúdo interativo
	Criação da Organização Internacional do Trabalho
	Conteúdo interativo
	Quarta Revolução Industrial
	Conteúdo interativo
	Verificando o aprendizado
	2. Evolução histórica da Segurança e Saúde Ocupacional no Brasil
	Evolução histórica no Brasil
	Você sabe o que é CLT?
	Curiosidade
	Portarias 3.236 e 3.237
	Lei nº 6.321, de 14/04/1976
	Portaria 3.214
	Portaria 34
	Política nacional de segurança do trabalho
	Conteúdo interativo
	Fundação Jorge Duprat Figueiredo (Fundacentro)
	Saiba mais
	Comentário
	Plano Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho (PLANSAT)
	Artigo I
	Artigo II
	Artigo III
	Política nacional de segurança e saúde no trabalho
	Vem que eu te explico!
	Evolução histórica no Brasil
	Conteúdo interativo
	Plano Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho
	Conteúdo interativo
	Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho
	Conteúdo interativo
	Verificando o aprendizado
	3. Conclusão
	Considerações finais
	Podcast
	Conteúdo interativo
	Explore +
	Referências

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