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Revisão - Enfermagem Domiciliar 1. Organização do trabalho na Atenção Primária à Saúde e Estratégia Saúde da Família A Atenção Básica vem sendo reformulada com mudanças periódicas, a fim de viabilizar a concretização do seu papel de porta de entrada do SUS e de ordenadora Rede de Atenção à Saúde (RAS). 2006 - Aprovação a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) Expansão do PSF Revisão de diretrizes e Normas para o programa Agentes Comunitários de Saúde (PACS) Constituição de equipe multiprofissional composta por médico(a) enfermeiro (a), dentista, auxiliar de consultório dentário - ou técnico (a) em higiene dental, auxiliar de enfermagem – ou técnico (a) de enfermagem e ACS – 40 horas semanais. Para a implantação das Equipes de Saúde da Família, cada equipe multiprofissional ficaria responsável pelo atendimento de, no máximo, quatro mil habitantes. A equipe prevista contava com até doze ACS, sendo que cada um deles tinha o dever de acompanhar, no máximo, 750 pessoas. 2011 – Nova PNAB • 30 mil hab. para cada unidade; • 18 mil hab. Em USF em grandes centros urbanos; • Ficou permitida a formação de equipes com um ou mais médicos, cada um deles com carga horária semanal de 20, 30 ou 40 horas; • Ampliou o número de munícipios que poderiam ter os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF); • Regulamentou os Consultórios de Rua e simplificou as condições para que fossem criadas UBS Fluviais e ESF para Populações Ribeirinhas. 2017 – Incorpora o debate da integração da AB com a Vigilância em Saúde, especialmente por meio do trabalho articulado entre ACS e ACE. Traz à tona o debate em torno da formulação de uma Oferta Nacional de Serviços e Ações Essenciais e Ampliadas da AB, por isso prevê lista de serviços essenciais e ampliados. 2019 – O Ministério da Saúde instituiu a equipe de APS, substituindo o que antes eram conhecidas como equipes de ABS. Essas equipes se diferenciam da equipe de ESF em sua composição, tornando a obrigatoriedade restrita a médicos (as) e enfermeiros (as). A carga horária pode ser de 20h semanais para cobrir 50% da população na modalidade I, ou 30h semanais, mas cobrindo 75% da população adscrita na modalidade II. Níveis de Atenção à Saúde (pirâmide) 3. Atenção terciária (topo) 2. Atenção secundária (meio) 1. Atenção primária (base) Atenção Primária em Saúde: • Conjunto de atividades; • Nível de atenção à saúde; • Filosofia que permeia a atenção; • Estratégia para organizar a atenção; • Acesso; • Qualidade da atenção; • Redução de custos; • Promoção da saúde; • Prevenção; • Tratamento; • Reabilitação; • Trabalho em equipe. APS - Características próprias Primeiro contato: Representa a capacidade de acesso aos serviços de saúde. Longitudinalidade: Relação entre o usuário e o profissional de saúde e à continuidade da oferta dos serviços. Abrangência do cuidado (Integralidade): Capacidade dos serviços em oferecer o que está planejado. Coordenação: Garantir o seguimento do usuário no sistema ou a garantia a outros níveis de atenção, quando necessário. APS – Aspectos adicionais Centralização na família: Busca o conhecimento dos membros da família, através de seus problemas de saúde e do reconhecimento da família enquanto espaço singular. Competência cultural: Capacidade de reconhecer características e necessidades específicas das subpopulações. Diz respeito às suas peculiaridades culturais, diferenças étnicas, raciais, entre outas. Orientação comunitária: Entendimento que as necessidades de saúde e outras necessidades exprimidas pelas famílias adscritas se relacionam ao contexto social mais amplo, ao qual elas pertencem. Saúde da Família • Estratégia de reorientação do modelo assistencial; • Implantação de equipes multiprofissionais em unidades básicas de saúde; • Equipes responsáveis pelo acompanhamento de um número definido de famílias; • Localizadas em uma área geográfica delimitada. Compreensão ampliada do processo saúde-doença. São necessárias intervenções além das práticas curativas. Objetivos: • Reorganizar a atenção básica de acordo com princípios do SUS; • Mudas processos de trabalho em saúde; • Ampliar resolutividade; • Impactar situações de saúde; • Propiciar melhor relação custo- efetividade. Equipes de Saúde da Família Composição mínima: • Médico; • Enfermeiro; • Técnico/Auxiliar de enfermagem; • Agentes comunitários de saúde (ACS); Cirurgiões dentistas. • Auxiliar em saúde bucal; • Técnico em saúde bucal; • Outros profissionais. Profissionais adicionais: Agente de Combate às Endemias (ACE), Profissionais de Saúde Bucal. Atividades comuns para as ESF • Conhecer a realidade das famílias; • Identificar principais problemas de saúde e situações de risco; • Elaborar, com a comunidade, um plano para enfrentar os determinantes do processo saúde/doença. Unidade de Saúde da Família • Estrutura física básica de atendimento aos usuários do SUS; • Ações de promoção da saúde, prevenção, recuperação e reabilitação de doenças e agravos mais frequentes; • Local de acolhimento e atenção à saúde de indivíduos e famílias. • 1 UBS para, no máximo 12 mil hab. Em grandes centros urbanos. São consideradas equipes de Atenção Básica para Populações Específicas: Equipe de Saúde da Família Ribeirinha (eSRF) Equipe de Consultório na Rua (eCR) Equipe de Atenção Primária (eAPP) Atenção domiciliar Princípios: • Abordagem integral a família; • Trabalho em equipe e interdisciplinaridade. • Consentimento da família, participação do usuário e existência do cuidador. Atenção domiciliar e o conceito de território: Territórios são “são objetos e ações, sinônimo de espaço humano, espaço habitado”, isto é, onde de fato se expressam as ações e intenções de vida dos indivíduos (SANTOS, 1996, p. 255). Modalidades da atenção domiciliar • AD 1 - assistência prestada pela Atenção Básica, são pacientes que possuam problemas de saúde controlados/compen- sados e com dificuldade ou impossibilidade física de locomoção até uma unidade de saúde. • AD 2 / AD3 - assistência do SAD, sendo que ambos são pacientes de maior complexidade e que exigem acompanhamento mais contínuo, exigindo atendimento de maior complexidade e na maior parte dos casos o AD3 serão pacientes com uso de dispositivos. Organização dos serviços de atenção domiciliar Modalidade AD1: Contempla pacientes com problemas de saúde controlados/ compensados, o que permite maior espaçamento entre as visitas, não necessitam de procedimentos e técnicas de maior complexidade e não necessitam de atendimentos médicos frequentes. Para que o paciente seja incluído no SAD, ele precisa se encaixar no nível AD2 ou AD3, o que inclui a impossibilidade de deslocar para uma unidade de saúde e precisar de atendimento pelo menos uma vez por semana da equipe de saúde. Organização dos serviços de atenção domiciliar Processo de trabalho em equipe 1. Primeiro passo: identificação dos pacientes elegíveis para a AD na territorialização. 2. Segundo passo: classificar a complexidade desses pacientes, identificando em qual modalidade de AD se enquadram (AD1/AD2/AD3). Alguns pacientes se enquadrarão na modalidade AD1, sendo possível identificar elegíveis para AD2 e até para AD3. 3. Terceiro passo: elaborar um plano de cuidados/projeto terapêutico (ou Projeto Terapêutico Singular – PTS, no caso de casos mais complexos) para cada paciente, contendo as condutas propostas, os serviços ou equipamentos que precisam ser acionados, a periodicidade de visitas, a previsão de tempo de permanência Organização dos serviços de atenção domiciliar • curativos complexos; • drenagem de abscesso; • necessidade frequente de exames de laboratório de menor complexidade; • dependência de monitoramento frequente desinais vitais; • pacientes que necessitam de equipamentos/procedimentos oxigenoterapia e suporte ventilatório não invasivo, Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas (CPAP), Pressão Aérea Positiva por dois Níveis (BIPAP), concentrador de O2, diálise peritoneal e paracentese. A prioridade em AD se torna ainda mais relevante quando há diversas comorbidades. Possuir mais de uma patologia ou problema de saúde condiz com aumento dos gastos financeiros, do tempo dedicado ao cuidado e a própria produção do cuidado. Do mesmo modo, a incapacidade ou a dificuldade em realizar desde tarefas simples. Atribuições da Equipe de Saúde no domicílio • Respeitar os princípios da assistência domiciliar, buscando estratégias para aprimorá-los; • Compreender o indivíduo como sujeito do processo de promoção, manutenção e recuperação de sua saúde e visualizá-lo como agente corresponsável pelo processo de equilíbrio entre a relação saúde– doença; • Coordenar, participar e/ou nuclear grupos de educação para a saúde; • Fornecer esclarecimentos e orientações à família; • Monitorizar o estado de saúde do usuário, facilitando a comunicação entre família e equipe; • Desenvolver grupos de suporte com os cuidadores; • Realizar reuniões com usuário e família para planejamento e avaliação da AD; Enfermagem como integrante da equipe multiprofissional Os profissionais enfermeiros realizam a visita com intuito de educar, verificar, fornecer, atender, orientar, acompanhar os casos clínicos através da consulta de enfermagem. A equipe do SAD, desta forma, tem papel importante na relação com o cuidador, auxiliando-o, capacitando-o em procedimentos assistenciais, esclarecendo dúvidas e fornecendo suporte psicológico. Todas as possibilidades devem ser consideradas em relação às necessidades e singularidade de cada caso atendido. Perfil de elegibilidade do paciente; • Identificando o usuário; • Indicação de Atenção Domiciliar pelos serviços; • Demanda espontânea; • Busca ativa. Quatro formas de captar usuários: 1) busca ativa com captação, no âmbito hospitalar; 2) busca no sistema eletrônico de pacientes com alta permanência nas unidades de internação ou de grande procura pelos serviços de urgência; 3) indicação da equipe de assistência nas unidades de internação ou pelas equipes de atenção básica; 4) demanda espontânea em situações agudizadas, por meio de contatos telefônicos com os serviços de saúde. Critérios e condições de inclusão: Os aspectos clínicos dizem respeito à situação do quadro do paciente, aos procedimentos assistenciais e a frequência de visitas. Os aspectos administrativos referem-se às condições operacionais e legais para que o atendimento do paciente seja realizado, o que inclui residir no município e possuir ambiente domiciliar minimamente adequado e seguro para receber o paciente. Prontuário Deverá ser preenchido em duas vias, uma para o domicílio (prontuário domiciliar) e outra que fica com a equipe (prontuário institucional), e deverá conter: • Termo de consentimento assinado pelo paciente ou seu responsável; • Folha de admissão com identificação, dados socioeconômicos, dados do cuidador, dados clínicos na admissão e na alta; • Planos de cuidados/planos terapêuticos, elaborados em equipe. Conterão os diagnósticos principais e secundários, bem como os demais problemas detectados e a ação proposta para cada, incluindo a programação e o número de visitas previsto para cada profissional; • Folhas para a evolução multiprofissional; • Formulário de prescrição e checagem de prescrições e cuidados; • Sumário de alta; • As normas de funcionamento do programa, seu horário de funcionamento, telefones úteis e instruções de procedimento da família em caso de urgência. Critérios de exclusão e/ou desligamento da atenção domiciliar Já os pacientes excluídos do SAD, são aqueles que descumprem os acordos assistenciais entre equipe e usuários ou cuidadores. Tendo a garantia de continuidade do atendimento deste usuário em outro serviço da rede de atenção. Refere-se ao encerramento da prestação dos serviços decorrente da melhora das condições clínicas e/ou estabilidade clínica; do agravo do quadro que justifique internação hospitalar; da mudança da área de abrangência; da solicitação de desligamento a pedido do paciente e/ou familiar ou óbito. Pensamento Crítico - Habilidades Técnicas e Interpessoais O pensamento crítico se apresenta como aptidão essencial no processo diagnóstico em enfermagem. É definido como um julgamento intencional que resulta em interpretação, análise, avaliação e inferência, além de explicação das evidências sobre as quais o julgamento foi baseado. Na enfermagem, o pensamento crítico é considerado um componente essencial da responsabilidade profissional e da qualidade da assistência de enfermagem. Os pensadores críticos apresentam estes hábitos mentais: confiança, perspectiva contextual, criatividade, flexibilidade, curiosidade, integridade intelectual, intuição, compreensão, perseverança e reflexão. Eles praticam as habilidades cognitivas de análise, de aplicação de padrões, de discernimento, de busca de informações, de raciocínio lógico, de predição e de transformação de conhecimentos. O diagnóstico de enfermagem é definido como um julgamento clínico sobre as respostas do indivíduo, família ou comunidade aos problemas de saúde reais ou potenciais ou aos processos vitais. Ele fornece a base para a seleção de intervenções para alcançar os resultados pelos quais o enfermeiro é responsável. É considerado um nome dado pelo enfermeiro a uma decisão acerca de um fenômeno que é o foco da intervenção de enfermagem. O processo diagnóstico em enfermagem, como julgamento clínico, envolve o reconhecimento da existência de evidências apresentadas pelo paciente e identificadas a partir de informações sobre um problema de saúde ou um processo vital. Partyka RB, et al. (2021) afirma que o estudo de caso como prática de ensino por meio de discussão dinâmicas é tido como uma das formas que possibilita a inserção de questões práticas no currículo consequentemente reforça às habilidades de liderança e comunicação mostrando que discussões que se baseiam em casos se configuram como método de aprendizado baseado em problemas. Soft skills Referem-se às habilidades para comunicação interpessoal e solução de problemas. Elas são características pessoais que permitem ter um bom relacionamento interpessoal, integrar vários interesses e usar tais habilidades como estratégia para tomar decisão. • Comunicação; • Criatividade; • Colaboração; • Empatia; • Flexibilidade no trabalho; • Resolução de problemas; • Adaptação; • Honestidade; • Autogestão; • Organização; • Trabalhar sob pressão; • Autoconfiança; • Motivação; • Liderança; • Inteligência emocional; • Pensamento crítico; • Atitude; • Tomada de decisão; • Negociação; • Ética no trabalho; • Aprender a aprender; • Planejamento; • Resiliência; • Desenvolvimento pessoal; • Iniciativa própria. As principais Soft Skills para a área da Saúde: ✓ Criatividade; ✓ Ética; ✓ Adaptabilidade; ✓ Proatividade; ✓ Comunicação clara; ✓ Humanização; ✓ Empatia; ✓ Liderança; ✓ Inteligência Emocional