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ANÁLISE DA GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS NO MUNICÍPIO DE BREJÕES -
BA: ALTERNATIVAS PARA O TRATAMENTO DOS RESÍDUOS
Kaic Chalegre,Victor Moreira, Malena Brandão ¹
Renata Mota, Hilda Talma²
INTRODUÇÃO
O desenvolvimento das sociedades em escala global associado ao aumento
da industrialização e o desenvolvimento tecnológico, promoveu a concentração de
pessoas em grandes centros urbanos. Nesse contexto se manifesta o característico
consumo “acelerado” e “obsoletista”, descrito por Lourenço (2019), como um dos
principais causadores da problemática dos resíduos sólidos.
Segundo Lourenço (2019), o aumento populacional e a urbanização das
regiões tende a impulsionar a produção de resíduos, que representam todo material
descartado pelo homem. Os resíduos sólidos podem ser encontrados nos estados
sólido, líquido ou gasoso, e serem reutilizáveis ou não.
No Brasil, segundo a ABRELPE (2020), a geração total de resíduos sólidos
urbanos (RSU) em 2019 foi de 79 milhões de toneladas, e uma produção per capita
de 379,2 kg por habitante. Ainda segundo a instituição, desde 2010, a geração
nacional de resíduos sólidos cresceu 19%, mas apesar dos avanços observados no
que tange a coleta e gestão, a disposição inadequada cresceu 16% neste mesmo
período. (ABRELPE, 2020).
Diante das condições críticas da gestão dos resíduos sólidos no Brasil, em
2010, foi publicada a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Todavia,
apesar deste grande passo na direção do desenvolvimento sustentável no Brasil,
ainda há barreiras que precisam ser superadas no âmbito da gestão dos resíduos,
para que o seu tratamento adequado seja uma realidade em todo o território
nacional.
Embora exista legislação específica, o seu exercício em muitos municípios
brasileiros se limita diante de diversos fatores, como financeiros, técnicos e
logísticos. Diante das condições ainda alarmantes da deposição de resíduos no
Brasil, e das dificuldades apresentadas na gestão destes elementos, surge a
necessidade da realização deste estudo, que possui como finalidade analisar de
¹ Discentes do Bacharelado Interdisciplinar em Energia e Sustentabilidade - CETENS/UFRB
² Docentes do Bacharelado Interdisciplinar em Energia e Sustentabilidade - CETENS/UFRB
modo técnico a gestão dos resíduos sólidos no município de Brejões, no centro sul
baiano, destacando possíveis alternativas para o tratamento dos resíduos.
OBJETIVO GERAL:
● Analisar a gestão dos resíduos sólidos urbanos (RSU) em Brejões,
destacando alternativas para o tratamento dos resíduos.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
● Analisar segundo o Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), a maneira
mais adequada para o tratamento dos resíduos sólidos urbanos;
● Identificar como é realizado o processo de coleta e destinação de RSU no
município de Brejões identificando os pontos de melhoria;
● Estudar potenciais alternativas para o tratamento dos resíduos, que possam
ser implementadas no município, promovendo benefícios socioeconômicos e
ambientais;
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
1. Resíduos Sólidos
O termo resíduo deriva do latim “residuu”, e significa sobra de substâncias.
(LOURENÇO, 2019). Resíduos são os subprodutos gerados no dia a dia, seja em
domicílio, no campo, ou na indústria, estes podem ser separados em duas
categorias, aqueles que não podem mais ser utilizados, devido à contaminação, ou
não possuem mais valor usual, como por exemplo: dispositivos eletrônicos
obsoletos ou quebrados, e aqueles que podem ser reutilizados a partir de processos
químicos/físicos.
No campo técnico, a estes subprodutos é atribuído o nome Resíduo Sólido
Urbano (RSU). Como descrito pela Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT), resíduos sólidos são:
“resíduos nos estados sólido e semissólido, que resultam de atividades
de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de
serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos
provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em
equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como
determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu
lançamento na rede público de esgotos ou corpos de água, ou exijam
para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis em face à
melhor tecnologia disponível” (NBR 10.004, 2004, apud LOURENÇO,
2019).
Os resíduos sólidos comumente denominados “lixo” dentre as diversas
formas existentes, podem ser classificados quanto a sua origem ou natureza, e
quanto ao potencial de contaminação ao ambiente segundo a ABNT (2004).
Quanto ao potencial de contaminação podem ser separados em Resíduos
Perigosos, que apresentam algum tipo de periculosidade (inflamabilidade,
corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade); Resíduos não perigosos e
inertes, os quais seus constituintes não são solubilizados a concentrações
superiores aos padrões de potabilidade de água (cor, turbidez, sabor, aspecto e
etc.); e Resíduos não perigosos e não inertes, os quais não se adequam às
classificações anteriores. Quanto à sua origem ou natureza, segundo Mota et al.
(2009), podem ser separados em lixo doméstico (gerados em casas, condomínios,
apartamentos e etc.), lixo domiciliar especial (pilhas, baterias, lâmpadas), lixo
agrícola (embalagens com pesticidas, fertilizantes e etc.), lixo público (galhos,
folhas, terra e etc.), lixo comercial (gerados em empresas comerciais), lixo industrial
(gerados por estabelecimentos industriais) e lixo sanitário (gerados por
estabelecimentos na área da saúde).
2. Política Nacional de Resíduos Sólidos
Como aponta Lourenço (2019), é de responsabilidade dos municípios
brasileiros, como regulamenta a Constituição Federal de 1988, a gestão dos
resíduos sólidos urbanos domésticos, além da obrigação de arcar com o ônus de
sua coleta, transporte, tratamento e/ou disposição final segura.
Em busca de uma melhor gestão dos resíduos sólidos urbanos, foi
implementado no Brasil a Lei nº 12.305 (Brasil, 2010), intitulada como Política
Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), a qual tem por objetivo regulamentar de
forma mais específica o gerenciamento e destinação dos resíduos sólidos urbanos.
A lei discorre sobre as responsabilidades das empresas e do poder público no
gerenciamento dos mesmos, destacando os instrumentos e os princípios que devem
ser utilizados. No artigo 4º se encontra a seguinte definição:
“A Política Nacional de Resíduos Sólidos reúne o conjunto de princípios,
objetivos, instrumentos, diretrizes, metas e ações adotados pelo
Governo Federal, isoladamente ou em regime de cooperação com
Estados, Distrito Federal, Municípios ou particulares, com vistas à
gestão integrada e ao gerenciamento ambientalmente adequado dos
resíduos sólidos.” (BRASIL, 2010).
A PNRS foi desenvolvida a fim de garantir dentre seus diversos objetivos,
uma proteção da saúde pública e ambiental, designar uma disposição adequada
dos rejeitos, sua redução, seu reaproveitamento, reciclagem, tratamento e sua não
geração, além de estimular a admissão de padrões sustentáveis de produção, como
também incentivar a indústria da reciclagem.
3. Gestão de Resíduos Sólidos
Segundo a PNRS são considerados resíduos sólidos “todo material,
substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em
sociedade”. Entretanto, apesar do material descartado não ser mais útil para o
indivíduo que o descartou, isso não implica que ele não tenha algum valor, inúmeros
materiais descartados quando gerenciados de maneira adequada adquirem novas
funcionalidades.
Desse modo, é válido ressaltar que cada tipo de resíduo possui
características específicas, e por isso urge que sejam manuseados cada um de
acordo com suas características e necessidades, uma vez que a gestão inadequada
desses resíduos acarreta grandes impactos ambientais.
De acordo com o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil da ABRELPE
(2020), cada brasileiro produz em média 379,2 Kg por ano, 1 kg por dia, vê-se que é
uma quantidade expressiva de lixo, no entanto, as consequênciasdesse problemas
urbano pode ser remediado caso haja o manejo adequado desses resíduos. Para
tanto, é imprescindível a implementação da coleta seletiva nos municípios.
O artigo 9º do Decreto nº 7.404 (Brasil, 2010) que regulamenta a Lei nº
12.305 que institui a PNRS, estabelece que a coleta seletiva dar-se-á mediante a
segregação prévia dos resíduos sólidos, conforme sua constituição ou composição,
devendo ser implantado pelos titulares dos serviços com, no mínimo, a separação
dos resíduos secos e orgânicos e progressivamente ser estendido à separação dos
secos em parcelas específicas, seguindo o definido em seus respectivos planos de
resíduos sólidos. Contudo, apesar dessa prerrogativa legal, na prática, apenas 34%
dos municípios realizam essa coleta seletiva de forma abrangente.
Dessa maneira, com o acúmulo de materiais sólidos, surgem nos centros
urbanos inúmeros lixões, uma vez que não há uma preocupação com o manejo
sustentável dos resíduos sólidos que além de não serem previamente separados
para o reaproveitamento, também não recebem uma disposição final
ambientalmente adequada.
4. Disposição final dos resíduos sólidos
O consumo tecnológico da humanidade, tendo em vista o que Lourenço
(2019) chama de “obsolescência programada” dos produtos do mercado, a
produção de lixo dos mais variados tipos é constante e crescente. Como aponta o
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA (2020), “com mais de 200 milhões
de habitantes, o Brasil é um dos países que mais gera resíduos sólidos”.
Estes resíduos, que poderiam ser tratados, preservando o meio ambiente e
se constituindo como fonte de renda, em grande parte ainda é descartado de modo
irregular e insustentável. O IPEA descreve alguns dos graves impactos negativos,
frutos da falta de tratamento correto para os RSU.
“Ao longo dos anos, a disposição irregular de RSU tem causado a
contaminação de solos, cursos d’água e lençóis freáticos, e também
doenças como dengue, leishmaniose, leptospirose e esquistossomose,
entre outras, cujos vetores encontram nos lixões um ambiente propício
para sua disseminação” (IPEA, 2020)
Os resíduos sólidos, como nos diz Tenório apud IPEA (2020), em países
desenvolvidos possui maior importância pois fazem parte do PIB, ou seja, estão
envolvidos de forma ativa na economia. Contrapondo-se a esta proposta, a
realidade atual visível em muitos municípios brasileiros é o do descarte incorreto, e
neste contexto, além da contaminação consequente, há também um desperdício de
potencial financeiro.
As propostas de tratamento e descarte adequado, ainda incipientes no Brasil,
como definido por Caldas e Pozzetti (2019), são confrontadas por uma realidade de
deposição destes materiais de forma exposta, muitas vezes a céu aberto. Este
modelo, ainda que contrário à política nacional de gestão dos resíduos, e sendo um
forte fator de comprometimento da saúde humana e do meio ambiente, se constitui
como parte natural da realidade de muitos municípios de médio e pequeno porte no
país.
4.1 Vazadouros a céu aberto (lixões)
Os denominados ‘vazadouros a céu aberto’ são áreas utilizadas
impropriamente para disposição final de resíduos. Popularmente conhecidos como
“lixões”, são caracterizados por receberem o “lixo sem tratamento, seja em terrenos
baldios ou pelo sistema de coleta, sem nenhum cuidado com o meio ambiente e
saúde pública, incentivando atividades marginalizadas de catação”. (MANCINI et al.,
apud CALDAS e POZZETTI, 2019)
Nessas áreas, não existe nenhum preparo do solo. Os resíduos são
depositados e abandonados de forma exposta. Aproximadamente 3.331 municípios
brasileiros, segundo a ABRELPE (2020), destinam seus resíduos em ambientes que
conferem estas descrições, apesar da legislação brasileira considerar a existência
dessas áreas um crime ambiental.
4.2 Aterros sanitários
Aterros sanitários são considerados uma das alternativas ambientalmente
correta, para destinação final dos rejeitos. Sua função é isolar os resíduos sólidos
de qualquer contato com o mundo exterior, garantindo assim a decomposição da
matéria orgânica de maneira adequada a fim de evitar impactos ambientais e
disseminação de doenças.
O que difere os aterros sanitários das demais formas irregulares de
disposição é a sua organização estrutural. Trata-se de uma área licenciada por
órgãos ambientais a fim de receber os resíduos de forma planejada. A NBR 13896
determina as condições mínimas exigíveis para operação de aterros, de um modo
onde as águas superficiais e subterrâneas sejam preservadas, inclusive
trabalhadores da região e a população regional. (ABNT, 1997)
É importante destacar que as instalações dos aterros sanitários nos centros
urbanos não deve ser a única técnica empregada para atenuar os impactos
ambientais do lixo. É necessária a aplicação de técnicas diferentes visando o
máximo reaproveitamento no tratamento dos resíduos.
Sob esse viés, outros métodos também devem ser empregados, visando o
reaproveitamento dos materiais descartados, assim os reintroduzindo na cadeia
produtiva além de reduzir a quantidade de resíduos depositados nos aterros.
METODOLOGIA
Objetivando a compreensão da gestão dos resíduos sólidos urbanos (RSU)
no município de Brejões, se fez necessário o estudo da literatura mais atual no que
tange a gestão sustentável de resíduos sólidos, as ferramentas legais em vigência,
e por fim, o levantamento de dados da região.
O presente trabalho utilizou como metodologia a pesquisa exploratória que se
fundamenta no levantamento de dados bibliográficos, a fim de identificar e delimitar
o tema em questão. Segundo Gil (2007) esse é o primeiro passo para entender o
problema. Através da pesquisa exploratória é possível formular hipóteses e validar
instrumentos por meio do levantamento bibliográfico e de entrevistas.
Inicialmente, buscou-se construir um conhecimento sólido a respeito da
problemática por meio da literatura disponível em trabalhos acadêmicos (artigos,
monografias e dissertações); documentos legais (Lei 12.305/10 - Política Nacional
de Resíduos Sólidos); livros técnicos; sites de órgãos especializados, a citar, o IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), SNIS (Sistema Nacional de
Informações sobre Saneamento), e ABRELPE (Associação Brasileira de Empresas
de Limpeza Pública e Resíduos Especiais), entre outros. A partir das informações
obtidas tornou-se possível compreender a forma correta como deve ser realizada a
gestão dos RSU em centros urbanos, com isso, analisar com propriedade o caso de
Brejões.
A cidade de Brejões, localidade escolhida para este estudo, é situada no
centro sul do estado da Bahia. o município possui uma área de 518,566 km²
segundo dados do IBGE (2020), possuindo Milagres, Nova Itarana, Amargosa,
Ubaíra e Santa Inês como municípios limítrofes. A região possuía uma população
estimada de 14.155 habitantes, segundo dados do (IBGE, 2021).
Figura 1: Mapa de localização da cidade de Brejões.
(fonte: acervo pessoal)
Resultados e Discussões
Segundo dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento
(SNIS, 2018), o gerenciamento dos resíduos possui como natureza jurídica uma
administração pública direta realizada pela Prefeitura Municipal de Brejões. O poder
executivo também é responsável pelo esgotamento sanitário, além da drenagem e
manejo das águas pluviais da região.
A coleta de rejeitos de serviço de saúde é realizada por uma empresa
contratada pela prefeitura. O atual sistema de coleta abrange 7.250 habitantes,
equivalente a 50,45% da população, valor inferior à média da taxa de coleta de
resíduos dos municípios do estado da Bahia, que corresponde a 66,50% (INSPER,
2018). Segundo dados disponibilizados pelo SNIS (2018) a quantidade de resíduos
recebidos é de 4.468,3 toneladas anualmente.
Tabela 1: Informações sobre o fluxo de resíduos para a unidade de processamento
(fonte: SNIS, 2018)
O acondicionamento dos resíduos é feito através de tonéis distribuídos pela
cidade, nos quaisos moradores depositam os resíduos acumulados durante a
semana. O ato de coleta é executada com a utilização de um caminhão basculante,
carroceria ou baú, e é realizada em dias alternados tendo como destino final o
vazadouro, ou “lixão”, da cidade (Figura 2 e 3). O vazadouro se localiza na Rodovia
BA-026, km 01, Zona Rural de Brejões (sentindo Brejões - Amargosa), 13°05'21.4"S
39°47'55.1"W.
Figura 2: Imagem do lixão da cidade de Brejões.
(fonte: acervo pessoal)
Figura 3: Imagem do lixão da cidade de Brejões.
(fonte: acervo pessoal)
Conforme a Lei nº 12.305 (Brasil, 2010), que trata da Política Nacional de
Resíduos Sólidos, como uma forma de regulamentar a gestão adequada dos
rejeitos, a PNRS dentre suas determinações, estabelece que seja elaborado um
Plano Municipal de Gestão Integrada dos Rejeitos, para que seja possível a
destinação dos recursos da União para a realização dos projetos de gerenciamento
dos resíduos sólidos e à limpeza urbana.
A PNRS também determina que terão como prioridade de acesso aos
recursos, municípios que além de optarem por soluções consorciadas
intermunicipais, implementarem a coleta seletiva com a participação de cooperativas
ou associações de catadores de materiais recicláveis.
O município de Brejões não apresenta um plano de gestão integrada,
entretanto, faz parte do consórcio intermunicipal da Convale (Consórcio de
Desenvolvimento Sustentável do Vale do Jiquiriçá), realizado entre 24 municípios da
região. Regulamentada pela Lei 11.107/5, a empresa é responsável pela
manutenção do vazadouro.
Segundo art. 18, § 9º, da PNRS (Brasil, 2010), o município que realizar a
gestão dos resíduos através de uma consorciada intermunicipal, preenchendo os
requisitos fixados nos incisos de I a XIX deste artigo, é isento da responsabilidade
de elaborar o plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos, porém como
o consórcio é apenas para manutenção do vazadouro, este não se aplica ao
município.
De acordo com a ABRELPE (2017), vazadouros são a pior forma de descarte
de resíduos sólidos. Ainda estão presentes em diversos países do mundo, e são
uma saída amplamente utilizada no Brasil. Fontes de poluição para o ar e
promotores do efeito estufa, por meio da liberação de gases como o metano (CH4) e
o dióxido de carbono (CO2), são também prejudiciais à fauna e à flora, favorecendo
a proliferação de doenças para as populações próximas desses locais.
Ainda sobre as consequências da utilização de vazadouros, pode-se destacar
o comprometimento da qualidade das águas dos lençóis freáticos, riachos e
nascentes próximas da região. Brejões faz parte da bacia do rio Jequiriçá, que
possui como principal escoamento o Rio de Brejões. Além da água, estes depósitos
sem a gestão adequada são fontes de poluição do solo, alterando sua composição.
Mesmo diante de tantos impactos negativos, produtos apenas da existência e
permanência dos vazadouros, ainda há fatores que acrescem as consequência da
má gestão ambiental. As queimadas, por exemplo, realizadas nos “lixões”, emitem
grande quantidade de dióxido de carbono, além de outros gases, para a atmosfera.
A localidade em questão não apresenta um sistema de coleta seletiva.
Também não possui ‘organização formal de catadores’ (SNIS, 2018). Como
alternativa à problemática do vazadouro, a coleta seletiva associada a
implementação de um aterro sanitário surge como alternativa viável. Segundo Mota
et al. (2009), para uma gestão adequada dos resíduos é de suma importância a
presença da coleta seletiva, diminuindo assim a quantidade de rejeitos que são
destinados ao local de depósito final, pois parte dos resíduos são transformados e
reutilizados por meio dos processos de reciclagem.
“O fundamento central da Coleta Seletiva é a separação, pela
população, dos materiais recicláveis. A população também deve ser
orientada para a divisão dos recicláveis em diferentes recipientes,
de acordo com o tipo de material.” (MOTA et al., 2009, p. 9).
De acordo com a PNRS, coleta seletiva é a “coleta de resíduos sólidos
previamente segregados conforme sua constituição ou composição”. Esta se
caracteriza como parte essencial no processo de gestão dos resíduos sólidos.
Para que tal atividade seja implementada no processo de gestão deve existir
um comprometimento dos governantes municipais com a população, escolas,
empresas e catadores de materiais recicláveis. Para tanto é imprescindível o
incentivo na criação de uma associação de catadores para o município, como parte
fundamental no processo de gestão, favorecendo populações de baixa renda com
uma fonte de emprego e renda.
Como aponta Tenório (apud IPEA, 2020), nos países desenvolvidos o manejo
do RSU “significa uma parte do PIB”. Tendo em vista este aspecto, é possível
perceber como o município perde, ambientalmente, mas também social e
economicamente, com a ausência de um tratamento adequado e regular dos seus
resíduos. Estes materiais denominados ‘resíduos’, produtos do consumo humano no
cotidiano, é dotado de um potencial alto de transformação, que pode ser empregado
por meio da reciclagem, agregando assim novo valor, e os reinserindo na cadeia
produtiva. O ato de promoção da reciclagem favorece a sustentabilidade ambiental,
reduzindo a quantidade de rejeitos; econômica, por meio da geração de renda a
partir dos materiais trabalhados; e social, por meio da inserção de recursos
humanos no setor.
Além da reciclagem há outros fatores de baixo custo de investimento que
podem ser associados a um plano de gestão integrada de um município, neste
estudo em Brejões. A compostagem, por exemplo, é uma ferramenta de grande
valor no meio rural, mas também nos centros urbanos. Por meio deste processo é
possível converter aquilo que era resíduo poluente em nova matéria orgânica, rica
em nutrientes e com capacidade de favorecer o meio ambiente ao invés de gerar
danos. A compostagem alimenta uma agricultura mais rica e favorece a economia,
além de poder ser comercializada em mercados de floricultura, por exemplo.
Apesar dos procedimentos citados acima, ainda há elementos que não
podem ser convertidos para um novo uso, e portanto devem ser destinados a um
ambiente próprio para sua degradação, os aterros sanitários. Estes elementos são
os denominados rejeitos. Captar os gases provenientes da decomposição destes
elementos para a queima em caldeira especializadas caracteriza a geração de
energia elétrica a partir do biogás de aterro. Segundo Reichert (apud NASCIMENTO
et al., 2019), “cada tonelada de resíduo disposto possui potencial energético da
ordem de 0,1 a 0,2 MWh”, o que além colaborar para a redução do efeito estufa, irá
contribuir para a diversificação na matriz energética do país.
Atrelado ao processo de coleta e compostagem, os aterros sanitários surgem
como uma alternativa para o depósito controlado e sistemático dos resíduos que
não foram utilizados nos processos anteriores. Para sua operação alguns critérios
tecnológicos-operacionais devem ser seguidos e é indispensável que seja realizada
uma impermeabilização dos solos, para evitar que os fluidos contaminantes,
proveniente da decomposição dos materiais, entre em contato com o solo afetando
os lençóis freáticos. Também deve ser construído um sistema de drenagem, tanto
para captação do biogás quanto para realizar o tratamento do chorume. Vale
destacar ainda, a construção de um sistema para drenagem de águas pluviais
evitando infiltrações através da água das chuvas.
As técnicas de coleta seletiva, reciclagem e compostagem associadas aos
aterros sanitários podem aumentar sua vida útil, que de acordo com a NBR 13896, é
mínima de 10 anos (ABNT, 1997).
Perante a atual situação em relação aos RSU não só do município em
estudo, como da maioria municípios brasileiros, é claro a falta de ações a fim de
melhorar o gerenciamento dos resíduos sólidos. Em contrapartida, por mais que
ainda sejam poucos, existem municípios que adotaram um plano de gestão
integrada, desenvolvendoum modelo que possui alternativas positivas nesse
sentido. Dentre estes destaca-se o município de Bituruna localizado no estado do
Paraná que possui uma população total de 17.211 habitantes, onde metade destes
são atendidos por um sistema caracterizado com um Plano de Gestão de Resíduos
Sólidos. Segundo Ministério Público do Estado da Bahia (2007), a partir desse plano
foi identificado o potencial médio de geração de materiais reciclados e orgânicos, a
fim de desenvolver um novo sistema baseado numa coleta seletiva desenvolvida
numa parceria entre o poder público e a população, um processo de triagem “Os
resíduos potencialmente recicláveis são despejados numa mesa de triagem, onde
os funcionários, fazem a segregação”, um processo de compostagem e um aterro
onde são destinados os rejeitos que não apresentam valor comercial e que não
podem ser utilizados no processo de compostagem.
CONCLUSÃO
Com base nos subsídios teóricos obtidos foi possível estabelecer uma
comparação entre o meio de descarte dos resíduos sólidos, utilizado atualmente no
município de Brejões, e as formas mais adequadas de tratamento e gestão dos
resíduos. Nessa perspectiva, pode-se identificar os potenciais benefícios
ambientais, econômicos e sociais, mediante o gerenciamento adequado dos
resíduos sólidos. Sob esse viés, ao implementar um plano de gestão estruturado e
pautado nos princípios da PNRS e demais documentos oficiais, na cidade de
Brejões, a cidade passará por transformações econômicas e sociais de extrema
relevância, pois para além de transformar os espaços físicos, também implicará em
benefícios principalmente na saúde e economia, entre outros fatores correlatos. A
criação das associações de catadores e cooperativas responsáveis pela coleta deve
ser uma iniciativa apoiada pelo poder público, promovendo impactos positivos na
economia, gerando renda e reduzindo o desemprego. Levando em consideração as
limitações econômicas e técnicas regionais, as ferramentas apresentadas neste
estudo podem levar tempo para serem implantadas com completude. Contudo a
transição do vazadouro atual para a tecnologia de aterro sanitário se apresenta com
alta relevância. Ao dar o primeiro passo, desenvolvendo um plano de gestão
adequado e estimulando uma cultura de seleção dos resíduos sólidos, impactos
benéficos já poderão ser percebidos. Dessa forma, percebe-se que estas medidas
podem alcançar a população em diferentes contextos, promovendo o
desenvolvimento de uma cidade cada vez mais sustentável.
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE LIMPEZA PÚBLICA E RESÍDUOS
(ABRELPE). Panorama de Resíduos Sólidos.São Paulo.2020.52 p.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE LIMPEZA PÚBLICA E RESÍDUOS
(ABRELPE). Roteiros para encerramento de lixões.São Paulo.2017.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8419: Apresentação
de projetos de aterros sanitários de resíduos sólidos urbanos. Rio de Janeiro.
1992.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10004: Resíduos
sólidos – Classificação. Rio de Janeiro. 2004.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13896: Aterros de
resíduos não perigosos - Critérios para projeto, implantação e operação. Rio
de Janeiro. 1997.
BRASIL. Lei nº 12.305, de 02 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de
Resíduos Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras
providências. Brasília, DF, 2010 Disponível em:
. Acesso
em: 01 de setembro de 2021.
BRASIL. Decreto nº 7404, de 23 de dezembro de 2010. Regulamenta a Lei no
12.305, de 2 de agosto de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos
Sólidos, cria o Comitê Interministerial da Política Nacional de Resíduos
Sólidos e o Comitê Orientador para a Implantação dos Sistemas de Logística
Reversa, e dá outras providências. Brasília, DF, 2010. Disponível em:
.
Acesso em: 01 de setembro de 2021.
CALDAS, Jeferson Nepumuceno; POZZETTI, Valmir César. O descarte de
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2019.
GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo:
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