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MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 1 
Apresentação ............................................................................................................................ 4 
Aula 1: Mecanismos de solução alternativa de conflitos. Principais modalidades. 
Negociação. Conciliação. Mediação. Arbitragem. .......................................................... 5 
Introdução ............................................................................................................................. 5 
Conteúdo ................................................................................................................................ 6 
Solução de conflitos .......................................................................................................... 6 
Conceitos básicos em solução de conflitos ................................................................. 7 
Ferramentas para solução de conflitos ......................................................................... 9 
Negociação ......................................................................................................................... 9 
Mediação ........................................................................................................................... 12 
A medição prévia e a mediação incidental ................................................................ 13 
Arbitragem ........................................................................................................................ 16 
Distinção entre a função do árbitro e a do juiz togado ........................................... 17 
Atividade proposta .......................................................................................................... 19 
Aprenda Mais ....................................................................................................................... 19 
Referências........................................................................................................................... 20 
Exercícios de fixação ......................................................................................................... 21 
Notas ........................................................................................................................................... 25 
Chaves de resposta ..................................................................................................................... 26 
Aula 2: Inovações legislativas. Aspectos do tema no Novo CPC. ............................. 28 
Introdução ........................................................................................................................... 28 
Conteúdo .............................................................................................................................. 29 
A mediação no direito brasileiro................................................................................... 29 
A escolha do mediador ................................................................................................... 30 
Regulamentação da mediação judicial e extrajudicial ............................................. 32 
Atualização da Lei de Arbitragem e apresentação do anteprojeto da Lei de 
Mediação ........................................................................................................................... 35 
Mediação judicial, extrajudicial, pública e online ...................................................... 36 
Análise das inovações legislativas em solução de conflitos.................................... 37 
Mediação pública ............................................................................................................. 38 
Mediação online ............................................................................................................... 39 
Mudanças na arbitragem ............................................................................................... 48 
Atividade proposta .......................................................................................................... 62 
Aprenda Mais ....................................................................................................................... 63 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 2 
Referências........................................................................................................................... 63 
Exercícios de fixação ......................................................................................................... 66 
Chaves de resposta ..................................................................................................................... 68 
Aula 5: Perspectivas no Direito Europeu. A questão da mediação obrigatória. ... 70 
Introdução ........................................................................................................................... 70 
Conteúdo .............................................................................................................................. 71 
A mediação na Europa ................................................................................................... 71 
Conceito de mediação ................................................................................................... 72 
Regulamentação da mediação ..................................................................................... 73 
A justiça europeia ............................................................................................................ 74 
A obrigatoriedade da mediação ................................................................................... 75 
Mediação consensual ..................................................................................................... 81 
Interesse em agir ............................................................................................................. 83 
O juiz e os processos de solução de conflitos ........................................................... 84 
Rede colaborativa ............................................................................................................ 85 
Atividade proposta .......................................................................................................... 85 
Aprenda Mais ....................................................................................................................... 86 
Referências........................................................................................................................... 86 
Exercícios de fixação ......................................................................................................... 87 
Chaves de resposta ..................................................................................................................... 90 
Aula 6: As principais discussões em torno da intervenção jurisdicional na 
arbitragem. Procedimento arbitral. Recurso e execução da sentença arbitral. ... 91 
Introdução ........................................................................................................................... 91 
Conteúdo .............................................................................................................................. 92 
Arbitragem no ordenamento brasileiro ...................................................................... 92 
Arbitragem e inconstitucionalidade ............................................................................. 93 
Limites objetivos e subjetivos para o uso da arbitragem ........................................ 95 
Arbitragem envolvendo entidades de direito público .............................................. 96 
Relação arbitragem e pessoa ........................................................................................96 
Princípios da arbitragem ................................................................................................ 97 
Convenção de arbitragem ............................................................................................. 98 
Compromisso arbitral ................................................................................................... 101 
Lei nº 9.307/96 ................................................................................................................ 102 
Prolação da sentença .................................................................................................... 104 
Nulidade da sentença ................................................................................................... 107 
Medidas urgentes........................................................................................................... 108 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 3 
Atividade proposta ........................................................................................................ 109 
Aprenda Mais ..................................................................................................................... 111 
Referências......................................................................................................................... 111 
Exercícios de fixação ....................................................................................................... 113 
Chaves de resposta ................................................................................................................... 116 
Conteudista ............................................................................................................................... 117 
 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 4 
Esta disciplina visa apresentar as principais modalidades dos mecanismos 
alternativos de solução de conflitos. Vamos falar sobre a negociação, 
conciliação, mediação e arbitragem. Além dos princípios e regras básicas de 
cada instituto, vamos estudar as iniciativas legislativas, sobretudo os Projetos 
de Lei sobre mediação e arbitragem, já aprovados no Senado e hoje em 
discussão na Câmara dos Deputados, bem como os dispositivos do CPC 
projetado que tratam do tema. 
 
Sendo assim, essa disciplina tem como objetivos: 
1. Apresentar aos alunos uma visão geral dos mecanismos alternativos de 
solução de conflitos. 
2. Enfocar algumas das questões mais relevantes desses instrumentos, 
sobretudo da mediação e da arbitragem. 
3. Capacitar o aluno a se preparar para a mudança legislativa a partir do exame 
das novas tendências doutrinárias e jurisprudenciais. 
 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 5 
 
Introdução 
Nesta aula vamos apresentar o panorama geral da matéria, enfocando a 
evolução histórica dos meios alternativos e as principais semelhanças e 
diferenças entre eles. 
 
Falaremos um pouco sobre a negociação, conciliação, mediação e arbitragem, 
demonstrando suas características e peculiaridades. 
 
Objetivo: 
1. Apresentar uma visão geral dos mecanismos alternativos de solução de 
conflitos no direito brasileiro; 
2. Examinar as principais ferramentas a partir de um exame comparativo entre 
elas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 6 
Conteúdo 
 
Solução de conflitos 
Um conflito pode ser solucionado pela via estatal (jurisdição) ou pelas vias 
chamadas alternativas. Classificamos as vias alternativas em puras e híbridas. 
 
Chamamos puras aquelas em que a solução do conflito se dá sem qualquer 
interferência jurisdicional; ao passo que nas híbridas, em algum momento, 
mesmo que para efeitos de mera homologação, há a participação do Estado-
Juiz. São formas puras a negociação, a mediação e a arbitragem. 
 
São meios híbridos, no direito brasileiro: a conciliação, obtida em audiência ou 
no curso de um processo já instaurado; a transação penal; a remissão prevista 
no Estatuto da Criança e do Adolescente e o termo de ajustamento de conduta 
celebrado em uma ação civil pública. 
 
 
Atenção 
 Com efeito, é cada vez mais comum o uso dos meios 
alternativos durante o processo judicial. 
 
Como veremos nas aulas seguintes, tanto o novo CPC como o PL 
nº 7.169/2014 tratam das figuras da conciliação e da mediação 
judicial e preveem regras específicas para o seu uso. 
 
No intuito de registrar as principais diferenças entre os meios 
puros de solução alternativa, apresentamos, a seguir, alguns 
conceitos básicos. 
 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 7 
Conceitos básicos em solução de conflitos 
Por negociação entende-se o processo pelo qual as partes envolvidas no 
litígio, diretamente e sem a interveniência de uma terceira pessoa, buscam 
chegar a uma solução consensual. 
 
A negociação envolve sempre o contato direto entre as partes ou entre seus 
representantes; não há aqui um terceiro, um neutro, um mediador, um árbitro 
ou um juiz. Por meio de processos de conversação as partes procuram fazer 
concessões recíprocas, reduzindo suas diferenças, e através delas chegam à 
solução pacificadora. 
 
Obviamente, em razão do comprometimento emocional e, muitas vezes, da 
falta de habilidade dessas partes para chegar a uma solução, a negociação 
acaba se frustrando, razão pela qual se passa à segunda modalidade de solução 
alternativa: a mediação. 
 
Na mediação insere-se a figura de um terceiro, o qual, de alguma maneira, vai 
atuar no relacionamento entre as partes envolvidas de forma a tentar obter a 
pacificação do seu conflito. 
A forma e os limites que vão pautar a atuação desse terceiro vão indicar a 
modalidade da intermediação. 
 
Hoje, entende-se que essa intermediação pode ser passiva ou ativa. Trata-se 
apenas de uma diferença de método, mas com um mesmo fim: o acordo. 
 
Na primeira modalidade, passiva, aquele terceiro vai apenas ouvir as versões 
das partes e funcionar como um agente facilitador, procurando aparar as 
arestas sem, entretanto, em hipótese alguma, introduzir o seu ponto de vista, 
apresentar as suas soluções ou, ainda, fazer propostas ou contrapropostas às 
partes. Sua ação será, portanto, a de um expectador/facilitador. Função típica 
de um mediador. 
 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 8 
Numa segunda postura, encontramos o intermediador ativo que no direito 
brasileiro, recebe o nome de conciliador. Por conta da tênue diferença de 
método para se chegar ao acordo é que há, muitas vezes, a discussão 
terminológica entre mediação e conciliação. 
 
A conciliação ocorre, portanto, quando o intermediador adota uma postura 
mais ativa: ele vai não apenas facilitar o entendimento entre as partes, mas, 
principalmente, interagir com elas, apresentar soluções, buscar caminhos não 
pensados antes por elas, fazer propostas, admoestá-las de que determinada 
proposta está muito elevada ou de que uma outra proposta está muito baixa; 
enfim, ele vai ter uma postura verdadeiramente influenciadora no resultado 
daquele litígio a fim de obter a sua composição. 
 
Nunca é demais lembrar que a conciliação, no seu aspecto processual, é um 
gênero do qual são espécies a desistência, a submissão e a transação, 
conforme a intensidade da disposição do direito efetivada pela(s) parte(s) 
interessada(s). 
 
E, finalmente, temos a figura da arbitragem. [...] a prática alternativa, 
extrajudiciária, de pacificação antes da solução de conflitos de interesses 
envolvendo os direitos patrimoniais e disponíveis, fundada no consenso, 
princípio universal da autonomia da vontade, através da atuação de terceiro, ou 
de terceiros, estranhos ao conflito, maisde confiança e escolha das partes em 
divergência. 
 
A arbitragem, como se costuma dizer, é um degrau a mais em relação à 
mediação (conciliação), especificamente à intermediação ativa, pois o árbitro, 
além de ouvir as versões das partes, tentar uma solução consensuada, interagir 
com essas partes, deverá proferir uma decisão de natureza impositiva, caso 
uma alternativa conciliatória não seja alcançada. 
 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 9 
Vemos, desta forma, que a crucial diferença entre a postura do árbitro e a 
postura do mediador é que o árbitro tem efetivamente o poder de decidir, ao 
passo que o mediador pode apenas sugerir, admoestar as partes, tentar facilitar 
o acordo, mas não pode decidir a controvérsia. E em relação à conciliação, 
apesar da intermediação mais incisiva do terceiro, mesmo assim, o objetivo é 
fazer com que os interessados empreguem suas forças para uma solução 
amigável do conflito, enquanto que o árbitro pode ir além e, ultrapassada essa 
fase conciliatória, não se chegando ao acordo, pode impor uma solução. 
 
Ferramentas para solução de conflitos 
Agora que você já conheceu conceitos básicos da solução de conflitos, é hora 
de conhecer as principais ferramentas que podem ser utilizadas para a solução 
de conflitos de forma alternativa à jurisdição. São elas: negociação, 
mediação e arbitragem. 
 
Negociação 
A negociação é um processo bilateral de resolução de impasses ou de 
controvérsias, no qual existe o objetivo de alcançar um acordo conjunto, 
através de concessões mútuas. Envolve a comunicação, o processo de tomada 
de decisão (sob pressão) e a resolução extrajudicial de uma controvérsia. 
 
A negociação tem como principais vantagens evitar as incertezas e os custos de 
um processo judicial, privilegiando uma resolução pessoal, discreta, rápida e, 
dentro do possível, preservando o relacionamento entre as partes envolvidas, o 
que é extremamente útil, sobretudo em se tratando de negociação comercial. 
Quanto ao momento, a negociação pode ser prévia ou incidental, tendo por 
referencial o surgimento do litígio; quanto à postura dos negociadores e das 
partes, pode ser adversarial (competitiva) ou solucionadora (pacificadora). A 
Escola de Harvard tem-se notabilizado por pregar uma técnica conhecida como 
principled negotiation ou negociação com princípios, fundada nos seguintes 
parâmetros: 
 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 10 
Em primeiro lugar, é importante diferenciar o interesse da posição. 
Normalmente as partes expõem sua posição, que não necessariamente coincide 
com seu interesse. Por falta de habilidade, não raras vezes, fala-se em 
números, valores ou situações concretas, em vez de dizer o que se pretende ao 
final, permitindo que a barganha se dê quanto aos meios necessários a se 
atingir aquele fim. FISCHER, Roger and William Ury, Getting to Yes: Negotiating 
Agreement without Giving In, Boston: Houghton Mifflin Co., 1981. 
 
Para isso, é preciso que ambas as partes (e seus negociadores) encarem o 
processo de negociação com uma solução mútua de dificuldades, na qual o 
problema de um é o problema de todos. Nessa linha de raciocínio é preciso 
separar o problema das pessoas, de modo a deixar claro que uma divergência 
de opinião não deve afetar o sentimento pessoal ou o relacionamento, que 
sempre são mais valiosos. 
 
Ademais, na busca da solução do problema, é preciso estar atento a três 
parâmetros: a percepção, a emoção e a comunicação. As atitudes dos 
negociadores, em relação a esses tópicos, podem ser assim sistematizadas: 
 
1) Percepção: 
(i) coloque--se no lugar do outro e procure entender seu ponto de vista; 
(ii) não presuma que o outro irá sempre o prejudicar; 
(iii) não culpe o outro pelo problema; 
(iv) todos devem participar da construção do acordo; 
(v) peça conselhos e dê crédito ao outro por suas ideias; 
(vi) não menospreze as demandas do outro; e 
(vii) procure dizer o que a outra parte gostaria de ouvir. 
 
2) Emoção: 
(i) os negociantes sentem--se ameaçados ‒ a emoção pode levar as 
negociações a um impasse; 
(ii) identifique suas emoções e o que as está causando; 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 11 
(iii) deixe que o outro expresse suas emoções e evite reagir emocionalmente a 
seus desabafos ‒ não as julgue como inoportunas; e 
(iv) gestos simples podem ajudar a dissipar emoções fortes. 
3) Comunicação: 
(i) fale ao seu oponente; 
(ii) não faça apresentação para o cliente; 
(iii) ouça o seu oponente; 
(iv) não planeje sua resposta enquanto o outro fala; 
(v) seja claro na transmissão da informação; 
(vi) utilize--se da escuta ativa (active listening); 
(vii) repita e resuma os pontos colocados ‒ mostre que está compreendendo; e 
(viii) compreender o oponente não significa concordar com ele. 
Observando esses conceitos, será possível identificar o real interesse, 
desenvolver diversas opções e alternativas e criar soluções não cogitadas até 
então, por meio de um procedimento denominado “brainstorming”. A partir daí, 
torna-se necessário utilizar critérios objetivos e bem definidos para avaliar as 
alternativas. Nesse momento, é preciso evitar a disputa de vontades, utilizar 
padrões razoáveis, baseados em descobertas científicas, precedentes legais ou 
judiciais e recorrer a profissionais especializados. 
 
O critério deve ser debatido a fim de gerar um procedimento justo e aceito por 
ambos os interessados. Importante, por último, ter sempre em mente que a 
negociação é apenas uma das formas de se compor o litígio. Normalmente é a 
primeira a ser tentada, até porque dispensa a presença de terceiros, mas, 
também por isso, possui forte vinculação emocional das partes que, nem 
sempre, conseguem se desapegar do objeto do litígio para refletir de forma 
racional sobre ele. 
 
As partes devem ter sempre em mente o limite do que é negociável. É o que a 
Escola de Harvard denomina BATNA – Best Alternative to a Negotiated 
Agreement. Se a negociação não sai como esperado, é possível deixar a mesa, 
a qualquer momento, e partir para outra forma alternativa ou mesmo para a 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 12 
jurisdição tradicional. Em outras oportunidades, uma das partes simplesmente 
não colabora. Não faz propostas razoáveis, tem o ímpeto de conduzir o 
processo a seu bel prazer e inviabiliza qualquer chance de solução pacífica. 
 
Ou pior, lança mão de truques sujos, omite ou mente sobre dados concretos, 
simula poder para tomar decisões, utiliza técnica agressiva e constrangedora, 
faz exigências sucessivas e exageradas, ameaça etc. Ainda que se tente, ao 
máximo das forças, por vezes, é preciso reconhecer que um dos interessados 
não está preparado para uma solução direta negociada ou parcial (por ato das 
partes) dos seus conflitos. É o momento de “subir um degrau” na escada da 
solução das controvérsias e partir para a mediação. 
 
Mediação 
Entende-se a mediação como o processo por meio do qual os interessados 
buscam o auxílio de um terceiro imparcial que irá contribuir na busca pela 
solução do conflito. 
 
Esse terceiro não tem a missão de decidir (nem a ele foi dada autorização para 
tanto). Ele apenas auxilia as partes na obtenção da solução consensual. 
O papel do interventor é ajudar na comunicação através da neutralização de 
emoções, formação de opções e negociação de acordos. 
Como agente fora do contexto conflituoso, funciona como um catalisador de 
disputas, ao conduzir as partes às suas soluções, sem propriamente interferir 
na substância destas. 
 
No Brasil, a partir dos anos 90 do século passado, começou a haver um 
interesse pelo institutoda mediação, sobretudo por influência da legislação 
argentina editada em 1995. 
 
Por aqui, a primeira iniciativa legislativa ganhou forma com o Projeto de Lei nº 
4.827/98, oriundo de proposta da Deputada Zulaiê Cobra, tendo o texto inicial 
levado à Câmara uma regulamentação concisa, estabelecendo a definição de 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 13 
mediação e elencando algumas disposições a respeito. Na Câmara dos 
Deputados, já em 2002, o projeto foi aprovado pela Comissão de Constituição e 
Justiça e enviado ao Senado Federal, onde recebeu o número PLC nº 94, de 
2002. 
 
Emenda Constitucional nº 45, de 8 de dezembro de 2004 (conhecida como 
“Reforma do Judiciário”), apresentou diversos Projetos de Lei modificando o 
Código de Processo Civil, o que levou à um novo relatório do PL 94. 
 
Foi aprovado o Substitutivo (Emenda nº 1-CCJ), ficando prejudicado o projeto 
inicial, tendo sido o substitutivo enviado à Câmara dos Deputados no dia 11 de 
julho. Em 1º de agosto, o projeto foi encaminhado à CCJC, que o recebeu em 7 
de agosto. Desde então, dele não se teve mais notícia até meados de 2013 
quando voltou a tramitar, provavelmente por inspiração dos projetos que já 
tramitavam no Senado. O Projeto, em sua última versão, logo no Artigo 1º, 
propunha a regulamentação da mediação paraprocessual civil que poderia 
assumir as seguintes feições: prévia; incidental; judicial e extrajudicial. 
 
A medição prévia e a mediação incidental 
A mediação prévia poderia ser judicial ou extrajudicial (Artigo 29). No caso da 
mediação judicial, o seu requerimento interromperia a prescrição e deveria ser 
concluído no prazo máximo de 90 dias. A mediação incidental (Artigo 34), 
por outro lado, seria obrigatória, como regra, no processo de conhecimento, 
salvo nos casos: 
 
a) De ação de interdição; 
b) Quando for autora ou ré pessoa de direito público e a controvérsia versar 
sobre direitos indisponíveis; 
c) Na falência, na recuperação judicial e na insolvência civil; 
d) No inventário e no arrolamento; 
e) Nas ações de imissão de posse, reivindicatória e de usucapião de bem 
imóvel; 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 14 
f) Na ação de retificação de registro público; 
g) Quando o autor optar pelo procedimento do juizado especial ou pela 
arbitragem; 
h) Na ação cautelar; 
i) Quando na mediação prévia não tiver ocorrido acordo nos cento e oitenta 
dias anteriores ao ajuizamento da ação. 
 
A mediação deveria ser realizada no prazo máximo de noventa dias e, não 
sendo alcançado o acordo, dar-se-ia continuidade ao processo. Assim, a mera 
distribuição da petição inicial ao juízo interromperia a prescrição, induziria a 
litispendência e produziria os demais efeitos previstos no Artigo 263 do Código 
de Processo Civil. 
 
Ademais, caso houvesse pedido de liminar, a mediação só teria curso após o 
exame desta questão pelo magistrado, sendo certo que eventual interposição 
de recurso contra a decisão provisional não prejudicaria o processo de 
mediação. 
 
Em 2010 o Conselho Nacional de Justiça editou a Resolução nº 125, com base 
em algumas premissas: 
 
a) o direito de acesso à Justiça, previsto no art. 5º, XXXV, da Constituição 
Federal além da vertente formal perante os órgãos judiciários, implica acesso à 
ordem jurídica justa; 
b) nesse passo, cabe ao Judiciário estabelecer política pública de tratamento 
adequado dos problemas jurídicos e dos conflitos de interesses, que ocorrem 
em larga e crescente escala na sociedade, de forma a organizar, em âmbito 
nacional, não somente os serviços prestados nos processos judiciais, como 
também os que possam sê-lo mediante outros mecanismos de solução de 
conflitos, em especial dos consensuais, como a mediação e a conciliação; 
c) a necessidade de se consolidar uma política pública permanente de incentivo 
e aperfeiçoamento dos mecanismos consensuais de solução de litígios; 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 15 
d) a conciliação e a mediação são instrumentos efetivos de pacificação social, 
solução e prevenção de litígios, e que a sua apropriada disciplina em programas 
já implementados no país tem reduzido a excessiva judicialização dos conflitos 
de interesses, a quantidade de recursos e de execução de sentenças; 
e) é imprescindível estimular, apoiar e difundir a sistematização e o 
aprimoramento das práticas já adotadas pelos tribunais; 
f) a relevância e a necessidade de organizar e uniformizar os serviços de 
conciliação, mediação e outros métodos consensuais de solução de conflitos, 
para lhes evitar disparidades de orientação e práticas, bem como para 
assegurar a boa execução da política pública, respeitadas as especificidades de 
cada segmento da Justiça; 
 
O art. 1º da Resolução institui a Política Judiciária Nacional de tratamento dos 
conflitos de interesses, com o objetivo de assegurar a todos o direito à solução 
dos conflitos por meios adequados, deixando claro que incumbe ao Poder 
Judiciário, além da solução adjudicada mediante sentença, oferecer outros 
mecanismos de soluções de controvérsias, em especial os chamados meios 
consensuais, como a mediação e a conciliação, bem assim prestar atendimento 
e orientação ao cidadão. 
 
Para cumprir tais metas, os Tribunais deverão criar os Núcleos Permanentes de 
Métodos Consensuais de Solução de Conflitos, e instalar os Centros Judiciários 
de Solução de Conflitos e Cidadania. 
 
A Resolução trata ainda da capacitação dos conciliadores e mediadores, do 
registro e acompanhamento estatístico de suas atividades e da gestão dos 
Centros. Em 2009 foi convocada uma Comissão de Juristas, presidida pelo 
Ministro Luiz Fux, com o objetivo de apresentar um novo Código de Processo 
Civil. 
 
Na redação atualmente disponível do Projeto do novo CPC, podemos identificar 
a preocupação da Comissão com os institutos da conciliação e da mediação, 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 16 
especificamente nos artigos 166 a 176. Atualmente, tramita na Câmara o 
Projeto de Lei n° 7.169/14 que trata do tema e será examinado mais a diante. 
 
Arbitragem 
A arbitragem surge como uma forma alternativa de resolução de conflitos, 
colocada ao lado da jurisdição. Sua tônica está na busca de um mecanismo 
mais ágil e adequado para a solução de conflitos, numa fuga ao formalismo 
exagerado do processo tradicional e no fato de que o árbitro pode ser uma 
pessoa especialista na área do litígio apresentado, ao contrário do juiz, que 
nem sempre tem a experiência exigida para resolver certos assuntos que lhe 
são demandados. 
 
Na arbitragem, as partes maiores e capazes, divergindo sobre direito de cunho 
patrimonial, submetem o litígio ao terceiro (árbitro), que deverá, após regular 
procedimento, decidir o conflito, sendo tal decisão impositiva. Há aqui a figura 
da substitutividade, existindo a transferência do poder de decidir para o árbitro, 
que por sua vez é um juiz de fato e de direito. 
 
A arbitragem pode ser convencionada antes (cláusula compromissória), ou 
depois (compromisso arbitral) do litígio, sendo certo ainda que o procedimento 
arbitral pode se dar pelas regras ordinárias de direito ou por equidade, 
conforme a expressa vontade das partes. 
 
Em comparação à arbitragem, na jurisdição, monopólio do Estado e o 
instrumento ainda mais utilizado na solução dos conflitos no Brasil, não há 
limites subjetivos (de pessoas) ou objetivos (de matéria). Ademais, ostenta a 
característica da coercibilidade e autoexecutoriedade, o que não ocorre na 
arbitragem. Mas, não custa lembrar, jurisdição é apenas monopólio do Estado e 
não da solução dos conflitos. 
 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DECONFLITOS 17 
Mostra-se então a arbitragem como o método mais adequado para a solução e 
a desformalização de determinados tipos de conflito, bem como para desafogar 
o Poder Judiciário. 
 
Como visto, a arbitragem consiste na solução do conflito por meio de um 
terceiro, escolhido pelas partes, com poder de decisão, segundo normas e 
procedimentos aceitos por livre e espontânea vontade das partes. A arbitragem, 
como se costuma dizer, é um degrau a mais em relação à conciliação, 
especificamente na intermediação ativa, pois o árbitro, além de ouvir as versões 
das partes, além de tentar uma solução consensual e de interagir com essas 
partes, deverá proferir uma decisão de natureza impositiva, caso uma 
alternativa conciliatória não seja alcançada. 
 
Vemos, então, que a crucial diferença entre a postura do árbitro e a postura do 
mediador é que o árbitro tem efetivamente o poder de decidir, ao passo que o 
conciliador tem um limite: ele pode sugerir, ele pode admoestar as partes, ele 
pode tentar facilitar aquele acordo, mas ele não pode decidir aquela 
controvérsia. 
 
Distinção entre a função do árbitro e a do juiz togado 
Qual seria a distinção entre a função do árbitro e a do juiz togado? É certo que 
o legislador quis transferir ao árbitro praticamente todos os poderes que o juiz 
de direito detém. O legislador, na Lei nº 9.307/96, chega a afirmar 
textualmente, no Artigo 18, que o árbitro é juiz de fato e de direito e a 
sentença que ele proferir não fica sujeita a recurso ou à homologação pelo 
Poder Judiciário. Esse dispositivo está em perfeita consonância com o Artigo 
475-N, IV, do CPC, que diz ser a sentença arbitral um título executivo judicial. 
 
Em outras palavras, por força imperativa de lei, um título que originalmente não 
é oriundo de um processo jurisdicional, passa a ser tratado e equiparado a uma 
sentença. 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 18 
Assim se vê que o legislador deixa claro que tudo aquilo que foi examinado e 
decidido no procedimento arbitral recebe o mesmo tratamento das matérias 
que foram examinadas e decididas em um procedimento jurisdicional. 
 
Uma vez aberto o processo de execução elas não podem ser arguidas pela 
parte inconformada. 
 
Mas, voltemos ao ponto inicial do raciocínio, ou seja, o quantum de poder do 
juiz e do árbitro. Uma das características principais da jurisdição é a 
coercibilidade. O juiz, no exercício de seu mister, tem o poder de tornar 
coercíveis suas decisões, caso não sejam cumpridas voluntariamente. Ele julga 
e impõe sua decisão. 
 
O árbitro, assim como o juiz, julga. Ele exerce a cognição, avalia a prova, ouve 
as partes, determina providências, enfim, preside aquele processo. Contudo, 
não tem ele o poder de fazer valer suas decisões. 
 
Em outras palavras, se uma decisão do árbitro não é voluntariamente 
adimplida, não pode ele, de ofício, tomar providências concretas para assegurar 
a eficácia concreta do provimento dele emanado. Não vamos entrar aqui na 
discussão política e constitucional do legislador ao não transferir a coertio ao 
árbitro. 
 
É bem verdade que, se, de um lado, a opção legislativa representa um 
problema à efetivação da decisão arbitral, por outro, mantém o sistema de 
freios e contrapesos e a própria harmonia entre as funções do Estado, 
impedindo a transferência de uma providência cogente, imperativa, a um 
particular, sem uma forma adequada de controle pelos demais poderes 
constituídos, o que acabaria por vulnerar o próprio Estado Democrático de 
Direito. 
 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 19 
Assim sendo, pelo sistema atual, em sendo descumprida uma decisão do 
árbitro, deve a parte interessada recorrer ao Poder Judiciário a fim de 
emprestar força coercitiva àquela decisão arbitral. 
 
Atividade proposta 
Assista à apresentação de slides sobre a técnica de negociação da Universidade 
de Harvard. Nos slides é possível perceber os pontos mais importantes dos três 
livros básicos do programa: Getting to Yes, Getting past no e Getting it done. 
Após assistir ao conteúdo, escreva um resumo de 15 a 20 linhas sobre os 
fundamentos principais do método desenvolvido por Roger Fischer e seus 
colegas. 
 
Chave de resposta: Você deve apresentar os quatro fundamentos principais 
do método proposto pela escola de Harvard: 1. Separe as pessoas dos 
problemas; 2. Foque nos interesses e não nas posições; 3. Invente opções para 
ganhos mútuos; e 4. Insista no uso de critérios objetivos. Após, deverá 
discorrer sobre o uso do BATNA - melhor alternativa a um acordo negociado e 
as ferramentas para enfrentar o chamado jogo sujo do oponente. 
 
Aprenda Mais 
 
Material complementar 
 
Para saber mais sobre mediação e solução de conflitos, leia o artigo, A mediação 
e a solução de conflitos no Estado Democrático de Direito, disponível em 
nossa biblioteca virtual. 
 
Para saber mais sobre a arbitragem, leio o artigo, A arbitragem e o princípio 
da inafastabilidade do controle jurisdicional, disponível em nossa biblioteca 
virtual. 
 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 20 
Referências 
AZEVEDO, Andre Gomma de. Políticas públicas para formação de mediadores 
judiciais. Meritum – Revista de Direito da Universidade FUMEC, v. 7, n. 
2, julho a dezembro de 2012, Belo Horizonte: FUMEC, 2012, p. 103/140. 
 
GRECO, Leonardo. Instituições de direito processual civil. Rio de Janeiro: 
Forense, 2009. v. 1. cap. 01-03. 
 
OST, François. Júpter, Hércules, Hermes: tres modelos de juez. DOXA, n. 14, 
1993. p. 169-194. 
Disponível em: 
http://www.cervantesvirtual.com/buscador/?q=tres+modelos+de+j
uez#posicio - Acesso em: 14 nov. 2009. 
 
PINHO, Humberto Dalla Bernardina de. Teoria geral do processo civil 
contemporâneo. 3. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010. cap. 25. 
 
____. DURCO, Karol. A mediação e a solução dos conflitos no Estado 
Democrático de Direito. O “Juiz Hermes” e a nova dimensão da função 
jurisdicional. Disponível em: http://www.humbertodalla.pro.br 
 
RESTA, Eligio (trad. Sandra Vial). O direito fraterno. Santa Cruz do Sul: 
EDUNISC, 2004. 
 
SPENGLER, Fabiana Marion. Da jurisdição à mediação: por uma outra 
cultura no tratamento de conflitos. Ijuí: Unijuí, 2010. (Coleção direito, política e 
cidadania; 21). 
 
 
 
 
 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 21 
Exercícios de fixação 
Questão 1 
(Prova: FCC - 2009 - TJ-AP - Analista Judiciário) O recurso cabível da sentença 
que julga procedente o pedido de instituição de arbitragem e da sentença que 
confirma a antecipação dos efeitos da tutela é o de: 
a) Agravo de instrumento. 
b) Apelação, só no efeito devolutivo. 
c) Apelação, no efeito devolutivo e suspensivo e apelação só no efeito devolutivo, 
respectivamente. 
d) Apelação, só no efeito devolutivo e apelação, no efeito devolutivo e suspensivo, 
respectivamente. 
e) Apelação, no efeito devolutivo e suspensivo. 
 
Questão 2 
(Prova: FCC - 2006 - BACEN - Procurador) Existindo convenção de arbitragem, 
o Juiz: 
a) Extinguirá o processo com apreciação do mérito. 
b) Suspenderá o processo até que o árbitro apresente seu laudo. 
c) De ofício, poderá extinguir o processo sem apreciação do mérito. 
d) Se alegada pelo réu, extinguirá o processo sem apreciação do mérito. 
e) Transformará o processo judicial em arbitragem, nomeando árbitro para dirimir 
o litígio. 
 
Questão 3 
(Prova: TJ-SC - 2010 - TJ-SC - Juiz) Assinale a alternativa correta: 
I. O processo civil brasileiro adota a regra da eventualidade ao impor ao 
demandado o dever de alegar na contestação, a um mesmo tempo, todas as 
defesas que tiver contra opedido do autor, ainda que sejam incompatíveis ou 
contraditórias entre si, pois na eventualidade de o juiz não acolher uma delas, 
passa a examinar a outra. 
II. A convenção de arbitragem não é pressuposto processual por ser matéria de 
direito dispositivo que, para ser examinada, não dispensa a iniciativa do réu. 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 22 
Caso o réu não a alegue o processo prossegue e é julgado perante a jurisdição 
estatal. A ausência de alegação do réu torna a justiça estatal competente para 
julgar a lide e, por inexistir qualquer invalidade, o processo não será extinto. 
III. A competência absoluta do juízo é matéria de ordem pública sobre a qual 
não se opera a preclusão pois não está ligada ao princípio dispositivo uma vez 
que não se trata de direito disponível. A incompetência absoluta pode ser 
alegada em qualquer grau de jurisdição, compreendidos os graus de instâncias 
ordinárias, a saber, primeiro grau de jurisdição, apelação, embargos 
infringentes, recurso ordinário para o Supremo Tribunal Federal e para o 
Superior Tribunal de Justiça. 
IV. Em ação de reparação de danos por ato ilícito permite-se ao autor que 
formulara pedido de reparação de danos patrimoniais acrescer, até a citação do 
réu, sem audiência deste, ou depois da citação, com a aquiescência deste, o 
pedido de indenização por dano moral, desde que resultante do mesmo ato 
ilícito. 
a) Somente as proposições I e III estão corretas 
b) Somente a proposição III está correta 
c) Somente as proposições I e IV estão corretas 
d) Somente as proposições II e IV estão corretas 
e) Todas as proposições estão corretas 
 
Questão 4 
(7º Exame para Estagiário – MPF/RJ). Assinale a alternativa correta: 
a) A jurisdição não é una, sendo dividida em vários órgãos jurisdicionais com 
competência repartida geograficamente e em razão da matéria. 
b) Jurisdição voluntária diferencia-se da jurisdição contenciosa porque nesta há 
sempre lide, enquanto naquela não. 
c) A arbitragem não é jurisdição, mas é considerada pela lei como sendo um 
equivalente jurisdicional, um meio alternativo de solução de conflitos. 
d) O direito de ação só existe se também existir o direito material alegado pelo 
autor. 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 23 
e) Na jurisdição brasileira, a ação não pode ser considerada um direito subjetivo, 
porque o juiz não tem qualquer dever em prestar a jurisdição. 
 
Questão 5 
(Prova: TJ-SC - 2010 - TJ-SC - Juiz) Assinale a alternativa correta: 
I. O comparecimento espontâneo do réu, desde que se dê por citado, acarreta 
o suprimento do vício da inexistência ou invalidade da citação. Se o réu 
impugna a existência ou a validade da citação, considera-se citado apenas no 
momento em que seu advogado for intimado da decisão que reconhece o vício, 
hipótese todavia em que não se opera a devolução de todo o prazo para 
contestar mas apenas do termo que sobejar. 
II. Quando a matéria controvertida for unicamente de direito e no juízo já 
houver sido proferida sentença de total improcedência em outros casos 
idênticos, poderá ser dispensada a citação e proferida sentença, reproduzindo-
se o teor da anteriormente prolatada. Se o autor apelar é facultado ao juiz 
decidir, no prazo de cinco dias, por não manter a sentença e determinar o 
prosseguimento da ação. 
III. A convenção de arbitragem é o conjunto formado pela cláusula 
compromissória e pelo compromisso arbitral. A simples existência de cláusula 
compromissória pode ensejar a arguição da preliminar em contestação. O réu 
pode alegar que a demanda não pode ser submetida ao juízo estatal, quer 
diante apenas da cláusula ou compromisso, quer esteja em curso o 
procedimento arbitral. 
IV. A incompetência absoluta, em razão da matéria ou funcional (hierárquica) é 
tema passível de arguição como preliminar de contestação; é matéria de ordem 
pública não sujeita a preclusão; é alegável por qualquer das partes, a qualquer 
tempo e grau de jurisdição, sob qualquer forma, a saber, petição simples, 
exceção, preliminar de contestação, razões, contrarrazões de recurso. 
 
 
 
 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 24 
a) Somente as proposições I e IV estão incorretas 
b) Somente a proposição IV está incorreta 
c) Somente as proposições II e III estão incorretas 
d) Somente a proposição I está incorreta 
e) Todas as proposições estão incorretas 
 
 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 25 
Desistência, submissão, transação: Tais figuras são acolhidas pelo nosso 
Código de Processo Civil nos Artigos 267, VIII (extinção do processo, sem 
resolução de mérito por desistência do autor), e 269, II (extinção do processo 
com resolução do mérito por reconhecimento, pelo réu, da procedência do 
pedido), III (transação das partes) e V (renúncia do autor ao direito sobre o 
qual se funda a ação). 
 
Vias alternativas: Tais vias alternativas são hoje largamente difundidas em 
diversos países, recebendo nomenclatura variada. No Brasil são chamados 
MASC – Meios Alternativos de Solução de Conflitos. Nos Estados Unidos foram 
batizados de mecanismos de ADR – “Alternative Dispute Resolution”. Na 
Argentina são identificados como meios de R. A. C. – Resolución Alternativa de 
Conflictos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 26 
Aula 1 
Exercícios de fixação 
Questão 1 - B 
Justificativa: São hipóteses de apelação desprovida de efeito suspensivo, na 
forma do Artigo 520, incisos VI e VII, do CPC vigente. 
 
Questão 2 - D 
Justificativa: Na forma do Artigo 301, § 4º, c/c com 267, inciso VII, ambos do 
CPC, a chamada "objeção de convenção de arbitragem" deve ser alegada pelo 
réu (não pode ser conhecida ex officio pelo magistrado), e neste caso leva à 
extinção do processo sem exame do mérito. 
 
Questão 3 - E 
Justificativa: Todas as alternativas estão corretas e elencam regras adotadas no 
CPC vigente. Especificamente quanto à assertiva II, que nos interessa mais de 
perto neste momento, embora alguns autores classifiquem a convenção de 
arbitragem como pressuposto objetivo extrínseco do processo, e outros como 
condição genérica negativa para o regular exercício do direito de ação, fato é 
que se não for alegada a tempo pelo demandado, não pode ser examinada ex 
officio pelo magistrado. Nesse passo, a não alegação da matéria não gera 
qualquer nulidade no processo. 
 
Questão 4 - C 
Justificativa: A arbitragem é um meio paraestatal de solução de conflitos. Não é 
jurisdição, na concepção stricto sensu do termo, embora a sentença arbitral 
seja considerada como título executivo judicial pelo Artigo 475-N do CPC. 
 
 
 
 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 27 
Questão 5 - E 
Justificativa: A assertiva I está correta na forma do Artigo 214, § 1º, do CPC. A 
segunda proposição está correta, na forma do Artigo 285-A. A terceira está em 
consonância com o Artigo 301, § 4º e 267, inciso VII. Por fim, a quarta está em 
acordo com a norma do Artigo 113. 
 
 
 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 28 
 
Introdução 
Nesta aula vamos estudar os novos Projetos de Lei de mediação (PL 
7.169/2014) e de arbitragem (PL 7.108/2014), bem como os dispositivos do 
novo CPC que regem a matéria. 
 
Nosso objetivo principal vai ser examinar a atual situação das inovações 
legislativas, bem como apresentar um quadro comparativo a fim de manter a 
sistemática entre todos esses diplomas. 
 
Objetivo: 
1. Entender a sistemática da mediação e da arbitragem no CPC projetado; 
2. Estudar os Projetos de Lei de mediação do Ministério da Justiça e do Senado 
Federal e oSubstitutivo apresentado pela Câmara dos Deputados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 29 
Conteúdo 
 
A mediação no direito brasileiro 
Na aula passada vimos a evolução legislativa da mediação no direito brasileiro, 
desde a década de 90 até a Resolução n° 125 do CNJ. Agora veremos o 
tratamento da matéria no CPC Projetado e nos Projetos apresentados no 
Senado Federal e que redundaram no PL 7.169/2014 e no Substitutivo 
recentemente apresentado. 
 
Em 2009 foi convocada uma Comissão de Juristas, presidida pelo Ministro Luiz 
Fux, com o objetivo de apresentar um novo Código de Processo Civil. Em tempo 
recorde foi apresentado um Anteprojeto, convertido em Projeto de Lei (nº 
166/10), submetido a discussões e exames por uma Comissão especialmente 
constituída por Senadores, no âmbito da Comissão de Constituição e Justiça do 
Senado Federal. 
 
Em dezembro de 2010 foi apresentado um Substitutivo pelo Senador Valter 
Pereira, que foi aprovado pelo Pleno do Senado com duas pequenas alterações. 
O texto foi então encaminhado à Câmara dos Deputados, onde foi identificado 
como Projeto de Lei nº 8.046/2010. 
 
No início de 2011 foram iniciadas as primeiras atividades de reflexão sobre o 
texto do novo CPC, ampliando-se, ainda mais, o debate com a sociedade civil e 
o meio jurídico, com a realização conjunta de atividades pela Comissão, pela 
Câmara dos Deputados e pelo Ministério da Justiça. Em agosto, foi criada uma 
comissão especial para exame do texto, sob a presidência do Dep. Fabio Trad. 
 
Já no ano de 2013, sob a presidência do Dep. Paulo Teixeira, foi apresentado 
um Substitutivo no mês de julho e uma Emenda Aglutinativa Global em 
outubro. De dezembro de 2013 a março de 2014 foram apresentados e votados 
diversos destaques. No dia 26 de março o Pleno da Câmara aprovou a versão 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 30 
final, que foi remetida ao Senado para exame. Um novo Substitutivo foi 
apresentado e, finalmente, o texto foi aprovado e remetido à sanção. 
 
No dia 17 de março de 2015 foi publicada no DOU a Lei n° 13.105/2015 – Novo 
Código de Processo Civil. Na redação podemos identificar a preocupação da 
Comissão com os institutos da conciliação e da mediação, especificamente nos 
Artigos 165 a 175. O Projeto se preocupa, especificamente, com a atividade de 
mediação feita dentro da estrutura do Poder Judiciário. Isso não exclui, 
contudo, a mediação prévia ou mesmo a possibilidade de utilização de outros 
meios de solução de conflitos (Artigo 175). 
 
 
Atenção 
 Resguardados os princípios informadores da conciliação e da 
mediação, a saber: 
(i) independência; 
(ii) neutralidade; 
(iii) autonomia da vontade; 
(iv) confidencialidade; 
(v) oralidade; e 
(vi) informalidade. 
 
A escolha do mediador 
É importante frisar, aqui, a relevância de a atividade ser conduzida por 
mediador profissional. Em outras palavras, a função de mediar não deve, como 
regra, ser acumulada por outros profissionais, como juízes, promotores e 
defensores públicos. 
 
Neste ponto específico, como um juiz poderia não levar em consideração algo 
que ouviu numa das sessões de mediação? Como poderia não ser influenciado, 
ainda que inconscientemente, pelo que foi dito, mesmo que determinasse que 
aquelas expressões não constassem, formal e oficialmente, dos autos? 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 31 
 
No Artigo 165, §§ 2° e 34°, a Comissão de Juristas, após anotar que a 
conciliação e a mediação devem ser estimuladas por todos os personagens do 
processo, refere-se a uma distinção objetiva entre essas duas figuras. A 
diferenciação se faz pela postura do terceiro e pelo tipo de conflito. 
 
Assim, o conciliador pode sugerir soluções para o litígio, ao passo que o 
mediador auxilia as pessoas em conflito a identificarem, por si mesmas, 
alternativas de benefício mútuo. A conciliação é a ferramenta mais adequada 
para os conflitos puramente patrimoniais ao passo que a mediação é indicada 
nas hipóteses em que se deseje preservar ou restaurar vínculos. 
 
Importante ressaltar que a versão original do PLS nº 166/10 exigia que o 
mediador fosse inscrito nos quadros da OAB. Prestigiou-se o entendimento de 
que qualquer profissional pode exercer as funções de mediador. 
 
Esse registro conterá, ainda, informações sobre a performance do profissional, 
indicando, por exemplo, o número de causas de que participou, o sucesso ou o 
insucesso da atividade e a matéria sobre a qual versou o conflito. Esses dados 
serão publicados periodicamente e sistematizados para fins de estatística 
(Artigo 167 do Projeto). 
 
Aqui vale uma observação... 
 
É digno de elogio esse dispositivo por criar uma forma de controle externo do 
trabalho do mediador, bem como dar mais transparência a seu ofício. 
 
Por outro lado, é preciso que não permitamos certos exageros. Não se pode 
chegar ao extremo de ranquear os mediadores, baseando-se apenas em 
premissas numéricas. 
 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 32 
Um mediador que faz 5 acordos numa semana pode não ser tão eficiente 
assim. Aquele que faz apenas uma pode alcançar níveis mais profundos de 
comprometimento e de conscientização entre as partes envolvidas. 
 
Da mesma forma, um mediador que tem um ranking de participação em 10 
mediações, tendo alcançado o acordo em todas, pode não ser tão eficiente 
assim. É possível que tenha enfrentado casos em que as partes já tivessem 
uma predisposição ao acordo ou mesmo que o "nó a ser desatado não 
estivesse tão apertado". 
 
Preocupa-me muito a ideia do apego às estatísticas e a busca frenética de 
resultados rápidos. Esses conceitos são absolutamente incompatíveis com a 
mediação. 
 
A Comissão, utilizando alguns dispositivos que já se encontravam no Projeto de 
Lei de Mediação, também se preocupou com os aspectos éticos de mediadores 
e conciliadores. Nesse sentido, fez previsão das hipóteses de exclusão dos 
nomes do cadastro do Tribunal, cabendo instauração de procedimento 
administrativo para investigar a conduta (Artigo 173). 
 
Quanto à remuneração, o Artigo 169 do Projeto dispõe que será editada uma 
tabela de honorários pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). 
 
Como visto, a preocupação da Comissão é com a mediação judicial. 
 
O Projeto não veda a mediação prévia ou a extrajudicial, apenas opta por não 
regulá-la, deixando claro que os interessados podem fazer uso dessa 
modalidade recorrendo aos profissionais liberais disponíveis no mercado. 
 
Regulamentação da mediação judicial e extrajudicial 
Com o advento do Projeto do Código de Processo Civil, no ano de 2011 o 
Senador Ricardo Ferraço apresentou ao Senado o Projeto de Lei nº 517/11, 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 33 
propondo a regulamentação da mediação judicial e extrajudicial, de modo a 
criar um sistema afinado tanto com o futuro CPC como com a Resolução n° 125 
do CNJ. 
 
Em 2013 foram apensados ao PLS 517 mais duas iniciativas legislativas: o PLS 
nº 405/2013, fruto do trabalho realizado por Comissão instituída pelo Senado, e 
presidida pelo Min. Luis Felipe Salomão, do Superior Tribunal de Justiça, e o 
PLS nº 434/13, fruto de Comissão instituída pelo CNJ e pelo Ministério da 
Justiça, presidida pelos Mins. Nancy Andrighi e Marco Buzzi, ambos do STJ, e 
pelo Secretário da Reforma do Judiciário do Ministério da Justiça, Flavio Croce 
Caetano. 
 
PLS 517 
Já com a Resolução 125 do CNJ em vigor, diante das perspectivas de 
regramento da mediação judicial pelo Novo CPC, e ante a necessidade de tratar 
de questões concernentes à integraçãoentre a adjudicação e as formas 
autocompositivas, em agosto de 2011, tivemos a oportunidade de apresentar 
sugestões ao Senador Ricardo Ferraço, então envolvido com os trabalhos da 
terceira edição do Pacto Republicano. 
 
Formamos grupo de trabalho ao lado das professoras Tricia Navarro e Gabriela 
Asmar e nos dedicamos à tarefa de redigir um novo Anteprojeto de Lei de 
Mediação Civil. Apos exame da Consultoria do Senado, foi apresentado o 
Projeto de Lei do Senado que tomou o número 5171, e que já segue o 
procedimento legislativo no Senado Federal. 
 
O Projeto trabalha com conceitos mais atuais e adaptados à realidade brasileira. 
Assim, por exemplo, no art. 2° dispõe que “mediação é um processo decisório 
conduzido por terceiro imparcial, com o objetivo de auxiliar as partes a 
identificar ou desenvolver soluções consensuais”. 
 
 
1
 O texto pode ser consultado no sítio do Senado Federal, em http://www.senado.gov.br. 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 34 
Quanto às modalidades, o art. 5° admite a mediação prévia e a judicial, sendo 
que em ambos os casos pode, cronologicamente, ser prévia, incidental ou ainda 
posterior à relação processual. 
 
É comum encontrarmos referências à mediação prévia e incidental, mas 
raramente vemos a normatização da mediação posterior, embora esteja se 
tornando cada vez mais comum (obviamente, há necessidade de se avaliar os 
eventuais impactos sobre a coisa julgada, o que não será analisado neste 
trabalho). 
 
Outra inovação pode ser vista no critério utilizado para conceituar a mediação 
judicial e a extrajudicial. Optou-se por desvincular a classificação do local da 
realização do ato, adotando-se como parâmetro a iniciativa da escolha. 
Assim, pelo art. 6°, “a mediação será judicial quando os mediadores forem 
designados pelo Poder Judiciário e extrajudicial quando as partes escolherem 
mediador ou instituição de mediação privada”. 
 
Não foram estabelecidas restrições objetivas ao cabimento da mediação. Basta 
que as partes desejem, de comum acordo, e que o pleito seja considerado 
razoável pelo magistrado (art. 7°). 
 
A mediação não pode ser imposta jamais, bem como a recusa em participar do 
procedimento não deve acarretar qualquer sanção a nenhuma das partes (§ 
2°), cabendo ao magistrado, caso o procedimento seja aceito por todos, decidir 
sobre eventual suspensão do processo (§ 4°) por prazo não superior a 90 dias 
(§ 5°), salvo convenção das partes e expressa autorização judicial. 
 
Ainda segundo o texto do Projeto, o magistrado deve “recomendar a mediação 
judicial, preferencialmente, em conflitos nos quais haja necessidade de 
preservação ou recomposição de vínculo interpessoal ou social, ou quando as 
decisões das partes operem consequências relevantes sobre terceiros” (art. 8°). 
 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 35 
Por outro lado, caso se verifique a inadequação da mediação para a resolução 
daquele conflito, pode o ato ser convolado em audiência de conciliação, se 
todos estiverem de acordo (art. 13). 
 
Enfim, sem ingressar nas questões específicas do Projeto, importante ressaltar 
a intenção de uniformizar e compatibilizar os dispositivos do Novo CPC e da 
Resolução n° 125 do CNJ, regulando os pontos que ainda estavam sem 
tratamento legal. 
 
Atualização da Lei de Arbitragem e apresentação do anteprojeto 
da Lei de Mediação 
Também no início de 2013 foi constituída comissão sob a Presidência do Min. 
Luis Felipe Salomão, integrante do Superior Tribunal de Justiça, com o objetivo 
de atualizar a Lei de arbitragem e apresentar anteprojeto de Lei de mediação. 
Este Projeto tomou o número 405/2013 e trata apenas da mediação 
extrajudicial física e eletrônica (mediação online). 
 
No texto, a mediação é definida no Artigo 1°, parágrafo único, como “a 
atividade técnica exercida por terceiro imparcial e sem poder decisório que, 
escolhido ou aceito pelas partes interessadas, as escuta, e estimula, sem impor 
soluções, com o propósito de lhes permitir a prevenção ou solução de disputas 
de modo consensual”. 
 
O Artigo 2º estabelece que pode ser objeto de mediação toda matéria que 
admita composição. Contudo, os acordos que envolvam direitos indisponíveis 
deverão ser objeto de homologação judicial, e havendo interesse de incapazes, 
a oitiva do Ministério Público será necessária antes da homologação judicial. 
 
O Artigo 15 determina que considera-se instituída a mediação na data em que 
for firmado o termo inicial de mediação e o Artigo 5° dispõe que “as partes 
interessadas em submeter a solução de seus conflitos à mediação devem firmar 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 36 
um termo de mediação, por escrito, após o surgimento do conflito, mesmo que 
a mediação tenha sido prevista em cláusula contratual”. 
 
O termo final da mediação, firmado pelas partes, seus advogados e pelo 
mediador, constitui título executivo extrajudicial, independentemente da 
assinatura de testemunhas (Artigos 22 e 23), e as partes poderão requerer a 
homologação judicial do termo final de mediação, a fim de constituir título 
executivo judicial. 
 
Finalmente, o Artigo 21 autoriza a realização de mediação via Internet ou por 
outra forma de comunicação não presencial. 
 
Mediação judicial, extrajudicial, pública e online 
Em maio de 2013, o Ministério da Justiça, por intermédio da Secretaria de 
Reforma do Judiciário, em parceria com o Conselho Nacional de Justiça, 
convocou uma comissão de especialistas para apresentar um anteprojeto de lei 
sobre mediação judicial, extrajudicial, pública e online. 
 
Em seu Artigo 3º o texto determina que pode ser objeto de mediação toda 
matéria que verse sobre direitos disponíveis ou de direitos indisponíveis que 
admitam transação. Caso os acordos versem sobre direitos indisponíveis, 
somente terão validade após a oitiva do MP e homologação judicial. 
 
Por outro lado, não haverá mediação judicial nos casos de: 
a) filiação, adoção, pátrio poder e nulidade de matrimônio; 
b) interdição; 
c) recuperação judicial e falência; e 
d) medidas cautelares. Isso porque, por força do Artigo 26, “a petição inicial 
será distribuída simultaneamente ao juízo e ao mediador, interrompendo-se os 
prazos de prescrição e decadência”. 
 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 37 
Quanto à mediação extrajudicial, o Artigo 19 determina que as partes 
interessadas em submeter a solução de seus conflitos à mediação devem firmar 
um termo inicial de mediação, por escrito, após o surgimento do conflito, 
mesmo que a mediação tenha sido prevista em cláusula contratual, e, ainda, no 
Artigo 25, que o termo final de mediação tem natureza de título executivo 
extrajudicial e, quando homologado judicialmente, de título executivo judicial. 
 
 
Atenção 
 No que se refere à mediação pública, o Artigo 33 autoriza os 
órgãos da Administração Pública direta e indireta da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como o 
Ministério Público e a Defensoria Pública a submeter os conflitos 
em que são partes à mediação pública. 
 
Assim, poderá haver mediação pública nos conflitos envolvendo: 
a) entes do Poder Público; b) entes do Poder Público e o 
particular; c) direitos difusos, coletivos ou individuais 
homogêneos. 
 
Por fim, a mediação online, na forma do Artigo 36, poderá ser 
utilizada como meio de solução de conflitos nos casos de 
comercializações de bens ou prestação de serviços via Internet, 
com o objetivo de solucionar quaisquer conflitos de consumo no 
âmbito nacional. 
 
Análise das inovações legislativas em soluçãode conflitos 
Em novembro de 2013 foram marcadas audiências públicas com o objetivo de 
discutir os três projetos e amadurecer as questões controvertidas que ainda 
cercam o tema. O Relator da matéria do Senado, Sen. Vital do Rego, apesentou 
um Substitutivo ao PLS nº 517/11 com o objetivo de congregar o que há de 
melhor nas três iniciativas. Foram, então, apresentadas duas emendas pelo 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 38 
Sen. Pedro Taques e três pelo Sen. Gim Agnello. A primeira emenda do Sen. 
Taques foi acolhida integralmente e a segunda, parcialmente. As três 
apresentadas pelo Sen. Agnello foram desacolhidas. 
 
Ultimada a votação, o texto do Substitutivo foi remetido à Câmara, onde foi 
recebido como Projeto de Lei nº 7.169/2014. Em junho de 2014 o Dep. Sergio 
Zveiter, integrante da CCJ da Câmara, apresentou um Substitutivo ao PL nº 
7.169/2014. 
 
O Substitutivo foi aprovado na Câmara e seguiu para o Senado. 
 
Mediação pública 
Uma última palavra sobre duas modalidades presentes no Projeto n° 434/2013, 
oriundo da Comissão de Juristas convocada pelo Ministério da Justiça: a 
mediação pública e a mediação online. 
 
A primeira vem prevista nos Artigos 33 a 35 e pode ser utilizada sempre que o 
conflito envolver: 
a) entes do Poder Público; 
b) o Poder Público e o particular; 
c) direitos transindividuais. 
 
Há, ainda a previsão de utilização desta modalidade quando Ministério Público 
ou Defensoria Pública forem partes na demanda. Não há maiores detalhes 
sobre essa modalidade, o que, provavelmente, vai levar a regulamentações 
administrativas pela AGU e pelo CNMP. Quanto à Defensoria Pública, 
provavelmente será editado Decreto pelo Poder Executivo. 
 
Interessante notar que o uso da mediação pelo Poder Público já é uma 
realidade hoje, como se pode aferir pela Câmara de Conciliação e Arbitragem 
da Administração Federal – CCAF, prevista no Artigo 18 do Decreto nº 
7.392/2010. 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 39 
Ainda nessa linha de raciocínio o PLS nº 405/2013 também prevê tal 
modalidade nos Artigos 24 e 25, com redação muito semelhante à do PLS nº 
434/13. Guardando simetria com esse posicionamento, o PLS nº 406/13, que 
propõe reforma e atualização da Lei de Arbiragem – Lei nº 9.307/96, prevê a 
possibilidade, já admitida em sede doutrinária e jurisprudencial, de uso da 
arbitragem pela Administração Pública no Artigo 1º, § 1º, do texto. 
 
Contudo, a hipótese de mediação em ações coletivas não restou contemplada 
na versão do Substitutivo ao PLS nº 517. 
 
Mediação online 
A segunda modalidade (mediação online) é inspirada na recente Diretiva n° 
11/2013 do Parlamento Europeu e do Conselho da União Europeia que 
normativa a resolução alternativa de litígios consumeristas, criando uma 
plataforma digital (RLL) para facilitar esta atividade. 
 
Ademais, recentemente houve a regulamentação da resolução de disputa 
virtual entre consumidores e comerciantes, por meio da PE-COS 80/12 e do 
Regulamento 524/13. Trata-se de providência extremamente salutar, sobretudo 
diante do crescimento exponencial dos atos de comércio eletrônico. 
 
Não custa lembrar que no Brasil existiam três Projetos de Lei que visavam 
atualizar o Código de Defesa do Consumidor (PLS nºs 281, 282 e 283 de 2012, 
que tratam, respectivamente, do comércio eletrônico, da ação coletiva e do 
superendividamento). Nesse sentido, o PLS nº 281/12 trazia regras específicas 
para a proteção do consumidor, embora não criasse um sistema eletrônico de 
prevenção e solução de conflitos. 
 
Seria interessante compatibilizar os Projetos nº 281, 405 e 434 de forma que 
houvesse não apenas uma cláusula geral, mas a previsão de um sistema 
eletrônico de solução alternativa de conflitos, não apenas para a mediação mas, 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 40 
sobretudo, para a conciliação, que acreditamos seja mais adequada para a 
maioria dos conflitos consumeristas. 
 
E, pensando num futuro ainda um pouco distante, me agrada bastante a ideia 
da adoção de um sistema eletrônico de mediação e conciliação envolvendo 
direitos transindividuais consumeristas. Certamente haveria um enorme ganho 
de tempo e economia de recursos com a criação de uma plataforma que 
pudesse ser utilizada por empresas e consumidores, com eventual recurso ao 
Poder Judiciário, também em sede eletrônica, caso necessário. 
 
Em 27 de março de 2013 o Senado Federal concluiu a análise dos Projetos de 
modernização do CDC e aprovou apenas as regras sobre superendividamento e 
comércio eletrônico. Foram excluídas as disposições do PLS nº 282, que 
tratavam da ação coletiva e das hipóteses de acordos em tais ações. 
 
Este fato, aliado à rejeição do PL nº 5139/09, que tratava das ações coletivas, e 
ainda, a já mencionada omissão da mediação em tais ações no Substitutivo ao 
PLS nº 517/11, parecem deixar bem clara a posição refratária do Parlamento a 
esta ferramenta. 
 
Lamentamos profundamente tal posição, pois há enorme potencial no uso dos 
meios alternativos de conflito em sede de tutela coletiva, sobretudo de 
utilizados em conjunto com as ferramentas do processo eletrônico. 
 
Nesse sentido, de se registrar, ao menos, a bela iniciativa constante do Artigo 
5º, incisos VI e VII, combinado com Artigo 104-A do Substitutivo ao PLS nº 
283, que estabelece o uso de conciliação e mediação na prevenção e 
tratamento extrajudicial do superendividamento. 
 
 
 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 41 
 
Atenção 
 Vistas essas considerações sobre a evolução histórica e as 
perspectivas para o marco legal da mediação no Brasil, 
passamos agora a examinar especificamente os dispositivos 
básicos do Substitutivo apresentado ao PL nº 7.169/14 na 
Câmara dos Deputados. 
 
Projeto de lei n° 7.169 de 2014 
 
COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA E DE CIDADANIA 
SUBSTITUTIVO AO PROJETO DE LEI Nº 7.169, de 2014. 
 
Dispõe sobre a mediação entre particulares como meio de 
solução de controvérsias e sobre a autocomposição de conflitos 
no âmbito da Administração Pública; altera a Lei nº 9.469, de 10 
de julho de 1997, e o Decreto nº 70.235, de 6 de março de 
1972; e revoga o § 2º do art. 6º da Lei nº 9.469, de 10 de julho 
de 1997. 
 
O Congresso Nacional decreta: 
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a mediação como meio de solução 
de controvérsias entre particulares e sobre a autocomposição de 
conflitos no âmbito da Administração Pública. 
 
Parágrafo único. Considera-se mediação a atividade técnica 
exercida por terceiro imparcial sem poder decisório, que, 
escolhido ou aceito pelas partes, as auxilia e estimula a 
identificar ou desenvolver soluções consensuais para a 
controvérsia. 
 
CAPÍTULO I - DA MEDIAÇÃO 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 42 
 
Seção I 
 
Disposições Gerais 
Art. 2º A mediação será orientada pelos seguintes princípios: 
I – imparcialidade do mediador; 
II – isonomia entre as partes; 
III – oralidade; 
IV – informalidade; 
V – autonomia da vontade das partes; 
VI – busca do consenso; 
VII – confidencialidade; 
VIII – boa-fé. 
§ 1º Na hipótese de existir previsão contratual de clausula de 
mediação, as partes deverão comparecer à primeira reunião de 
mediação. 
§ 2ª Ninguém será obrigado a permanecer em procedimento de 
mediação. 
Art. 3º Pode ser objeto de mediação o conflito que verse sobre 
direitos disponíveis ou sobre direitos indisponíveis que admitam 
transação. 
§ 1º A mediação pode versar sobre todo o conflito ou parte dele. 
§ 2º O consenso das partes envolvendo direitos indisponíveis, 
mas transigíveis, deve ser homologado em juízo, exigidaa oitiva 
do Ministério Público. 
(...) 
Seção III 
Do Procedimento de Mediação 
 
Subseção I 
Disposições Comuns 
 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 43 
Art. 14. No início da primeira reunião de mediação, e sempre 
que julgar necessário, o mediador deverá alertar as partes 
acerca das regras de confidencialidade aplicáveis ao 
procedimento. 
Art. 15. A requerimento das partes ou do mediador, e com 
anuência daquelas, poderão ser admitidos outros mediadores 
para funcionarem no mesmo procedimento, quando isso for 
recomendável em razão da natureza e da complexidade do 
conflito. 
Art. 16. Ainda que haja processo arbitral ou judicial em curso, as 
partes poderão submeter-se à mediação, hipótese em que 
requererão ao juiz ou árbitro a suspensão do processo por prazo 
suficiente para a solução consensual do litígio. 
§ 1º É irrecorrível a decisão que suspende o processo nos 
termos requeridos de comum acordo pelas partes. 
§ 2º A suspensão do processo não obsta a concessão de 
medidas de urgência pelo juiz ou pelo árbitro. 
Art. 17. Considera-se instituída a mediação na data para a qual 
for marcada a primeira reunião de mediação. 
Parágrafo único. Enquanto transcorrer o procedimento de 
mediação, ficará suspenso o prazo prescricional. 
Art. 18. Iniciada a mediação, as reuniões posteriores com a 
presença das partes somente poderão ser marcadas com a sua 
anuência. 
Art. 19. No desempenho de sua função, o mediador poderá 
reunir-se com as partes, em conjunto ou separadamente, bem 
como solicitar das partes as informações que entender 
necessárias para facilitar o entendimento entre aquelas. 
Art. 20. O procedimento de mediação será encerrado com a 
lavratura do seu termo final, quando for celebrado acordo ou 
quando não se justificarem novos esforços para a obtenção de 
consenso, seja por declaração do mediador nesse sentido ou por 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 44 
manifestação de qualquer das partes. 
Parágrafo único. O termo final de mediação, na hipótese de 
celebração de acordo, constitui título executivo extrajudicial e, 
quando homologado judicialmente, título executivo judicial. 
 
Subseção II 
Da Mediação Extrajudicial 
 
Art. 21. O Convite para iniciar o procedimento de mediação 
extrajudicial poderá ser feito por qualquer meio de comunicação 
e deverá estipular o escopo proposto para a negociação, a data 
e o local da primeira reunião. 
Parágrafo único. O convite formulado por uma parte à outra 
considerar-se-á rejeitado se não for respondido em até 30 
(trinta) dias da data de seu recebimento. 
Art. 22. A previsão contratual de mediação deverá conter, no 
mínimo: 
I - Prazo mínimo e máximo para a realização da primeira reunião 
de mediação, contado a partir da data de recebimento do 
convite; 
II - Local da primeira reunião de mediação; 
III - Critérios de escolha do mediador ou equipe de mediação; 
IV – Penalidade em caso de não comparecimento da parte 
convidada à primeira reunião de mediação. 
§ 1º A previsão contratual pode substituir a especificação dos 
itens acima enumerados pela indicação de regulamento, 
publicado por instituição idônea prestadora de serviços de 
mediação, no qual constem critérios claros para a escolha do 
mediador e realização da primeira reunião de mediação. 
§ 2º Não havendo previsão contratual completa, deverão ser 
observados os seguintes critérios para a realização da primeira 
reunião de mediação: 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 45 
I - Prazo mínimo de 10 (dez) dias úteis e prazo máximo de 3 
(três) meses, contados a partir do recebimento do convite; 
II - Local adequado a uma reunião que possa envolver 
informações confidenciais; 
III - Lista de 5 (cinco) nomes, informações de contato e 
referências profissionais de mediadores capacitados. A parte 
convidada poderá escolher, expressamente, qualquer um dos 5 
(cinco) mediadores. Caso a parte convidada não se manifeste, 
considerar-se-á aceito o primeiro nome da lista. 
IV - O não comparecimento da parte convidada à primeira 
reunião de mediação acarretará a assunção, por parte desta, de 
50% (cinquenta por cento) das custas e honorários 
sucumbenciais caso venha a ser vencedora em procedimento 
arbitral ou judicial posterior, que envolva o escopo da mediação 
para a qual foi convidada. 
§ 3º Nos litígios decorrentes de contratos comerciais ou 
societários que não contenham clausula de mediação, o 
mediador extrajudicial somente cobrará por seus serviços caso 
as partes decidam assinar o termo inicial de mediação e 
permanecer, voluntariamente, no procedimento de mediação. 
Art. 23. Se, em previsão contratual de clausula de mediação, as 
partes se comprometerem a não iniciar procedimento arbitral ou 
processo judicial durante certo prazo ou até o implemento de 
determinada condição, o árbitro ou o juiz suspenderá o curso da 
arbitragem ou da ação pelo prazo previamente acordado ou até 
o implemento dessa condição. 
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica às medidas 
de urgência em que o acesso ao Poder Judiciário seja necessário 
para evitar o perecimento de direito. 
 
Subseção III 
Da Mediação Judicial 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 46 
 
Art. 24. Os tribunais criarão centros judiciários de solução 
consensual de conflitos, responsáveis pela realização de sessões 
e audiências de conciliação e mediação, pré-processuais e 
processuais, e pelo desenvolvimento de programas destinados a 
auxiliar, orientar e estipular a autocomposição. 
Parágrafo único. A composição e a organização do centro serão 
definidas pelo respectivo tribunal, observadas as normas do 
Conselho Nacional de Justiça. 
Art. 25. Na mediação judicial, os mediadores não estarão 
sujeitos à prévia aceitação das partes, observado o disposto no 
artigo 5º desta Lei 
Art. 26 As partes deverão ser assistidas por advogados ou 
defensores públicos, ressalvadas as hipóteses previstas na Lei nº 
9.099 de 26 de setembro de 1995 e na Lei n.º 10.259 de 12 de 
julho de 2001. 
Parágrafo único. Aos que comprovarem insuficiência de recursos 
será assegurada assistência pela Defensoria Pública. 
Art. 27. Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e 
não for o caso de improcedência liminar do pedido, o juiz 
designará audiência de mediação. 
Art. 28. O procedimento de mediação judicial deverá ser 
concluído em até 60 (sessenta) dias, contados da primeira 
sessão, salvo quando as partes, de comum acordo, requerem 
sua prorrogação. 
Parágrafo único. Se houver acordo, os autos serão 
encaminhados ao juiz, que determinará o arquivamento do 
processo e, desde que requerido pelas partes, homologará o 
acordo, por sentença, o termo final da mediação e determinará o 
arquivamento do processo. 
Art. 29. Solucionado o conflito pela mediação antes da citação do 
réu, não serão devidas custas judiciais finais. 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 47 
 
Seção IV 
Da Confidencialidade e suas Exceções 
 
Art. 30. Toda e qualquer informação relativa ao procedimento de 
mediação será confidencial em relação a terceiros, não podendo 
ser revelada sequer em processo arbitral ou judicial salvo se as 
partes expressamente decidirem de forma diversa ou quando 
sua divulgação for exigida por lei ou necessária para 
cumprimento de acordo obtido pela mediação. 
§ 1º O dever de confidencialidade aplica-se ao mediador, às 
partes, a seus prepostos, advogados, assessores técnicos e a 
outras pessoas de sua confiança que tenham, direta ou 
indiretamente, participado do procedimento de mediação, 
alcançando: 
I – declaração, opinião, sugestão,promessa ou proposta 
formulada por uma parte à outra na busca de entendimento 
para o conflito; 
II – reconhecimento de fato por qualquer das partes no curso do 
procedimento de mediação; 
III – manifestação de aceitação de proposta de acordo 
apresentada pelo mediador; 
IV – documento preparado unicamente para os fins do 
procedimento de mediação. 
§ 2º A prova apresentada em desacordo cm o disposto neste 
artigo não será admitida em processo arbitral ou judicial. 
§ 3º Não está abrigada pela regra de confidencialidade a 
informação relativa à ocorrência de crime de ação pública. 
§ 4º A regra da confidencialidade não afasta o dever das 
pessoas discriminadas no caput de prestar informações à 
Administração Tributária após o termo final da mediação, 
aplicando-se aos seus servidores a obrigação de manter sigilo 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 48 
das informações compartilhadas nos termos do art. 198 da Lei n 
5.172, de 25 de outubro de 1966. 
Art. 31. Será confidencial a informação prestada por uma parte 
em sessão privada, não podendo o mediador revelá-la às 
demais, exceto se expressamente autorizado. 
 
(...) 
Art. 48. Esta Lei entra em vigor após decorridos 180 (cento e 
oitenta) dias de sua publicação oficial.Sala da Comissão, em 
de de 2015. 
 
 
 
Mudanças na arbitragem 
Por fim, falemos um pouco das mudanças que estão por vir em matéria de 
arbitragem. O novo CPC trata da arbitragem de forma mais moderna e procura 
integrar o instituto à jurisdição. 
 
Apresentaremos a seguir um quadro comparativo entre os dispositivos do CPC 
vigente e o do projetado: 
 
O novo CPC traz diversos dispositivos relativos a arbitragem. Alguns deles são 
mera repetição de regras já existentes no CPC/73, com algum aperfeiçoamento 
na redação. Outros trazem inovações já em sintonia com o Projeto de Lei n° 
7.108/14 que pretende atualizar a Lei n° 9.307/96, e que será comentado no 
próximo item. 
 
Tabelas comparativas 
Para facilitar o exame dos dispositivos, apresentamos abaixo uma tabela 
comparativa contendo a redação dos dispositivos que tratam da arbitragem no 
antigo e no atual CPC. 
 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 49 
CPC 1973 CPC 2015 
 Art. 3o Não se excluirá da apreciação 
jurisdicional ameaça ou lesão a 
direito. 
§ 1o É permitida a arbitragem, na 
forma da lei. 
 
O dispositivo, no caput, repete a norma constitucional contida no art. 5°, inciso 
XXXV e, no parágrafo 1° permite a utilização da arbitragem. Com isso fica 
positivado entendimento já manifestado pelo STF nos autos da SE 5206, e 
reproduzido pelo STJ em várias oportunidades. 
 
Ademais, fica claro que a arbitragem é chamada a ocupar seu lugar dentre as 
ferramentas de solução de conflitos, ao lado da jurisdição, da conciliação e da 
mediação, também expressamente referidas (art. 3°, § 3°). 
 
Art. 86. As causas cíveis serão 
processadas e decididas, ou 
simplesmente decididas, pelos órgãos 
jurisdicionais, nos limites de sua 
competência, ressalvada às partes a 
faculdade de instituírem juízo arbitral. 
Art. 42. As causas cíveis serão 
processadas e decididas pelo órgão 
jurisdicional nos limites de sua 
competência, ressalvado às partes o 
direito de instituir juízo arbitral, na 
forma da lei. 
 
Temos aqui mera atualização redacional, sem mudança de conteúdo. 
 
 Art. 69. O pedido de cooperação 
jurisdicional deve ser prontamente 
atendido, prescinde de forma 
específica e pode ser executado 
como: 
(…) 
§ 1o As cartas de ordem, precatória e 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 50 
arbitral seguirão o regime previsto 
neste Código. 
 
Temos aqui a primeira grande inovação. O CPC / 2015 traz para o texto legal 
diversas normas administrativas já em vigor em matéria de cooperação 
internacional. Não custa lembrar que a ideia de cooperação, genericamente 
prevista no art. 6°, se projeta no âmbito internacional e nacional, atingindo 
todos os órgãos do Estado, bem como os jurisdicionados e seus patronos. 
 
Encontramos aqui também a primeira menção à carta arbitral. Trata-se de nova 
modalidade de comunicação de atos processuais, que se colocará ao lado das 
Cartas tradicionais (rogatória, precatória e de ordem). 
 
A carta arbitral vai concretizar os atos de comunicação originados do árbitro ou 
do tribunal Arbitral e destinados a um juiz de direito. 
 
Havendo a necessidade de comunicação de um árbitro estrangeiro a um juiz 
brasileiro (por exemplo o pedido de empréstimo de força coercitiva a um 
mandado de busca e apreensão a ser cumprido em território brasileiro, ou 
ainda um mandado de apreensão ou penhora de bem, em execução de decisão 
arbitral), o trâmite poderá ser agilizado em razão dos protocolos de cooperação 
internacional. 
 
Art. 155. Os atos processuais são 
públicos. Correm, todavia, em 
segredo de justiça os processos (...) 
 
Art. 189. Os atos processuais são 
públicos. Tramitam, todavia, em 
segredo de justiça os processos: 
(...) 
IV – que versem sobre arbitragem, 
inclusive sobre cumprimento de carta 
arbitral, desde que a confidencialidade 
estipulada na arbitragem seja 
comprovada perante o juízo. 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 51 
Trata-se de salutar inovação, na medida em que as arbitragens, em regra, 
seguem o princípio da confidencialidade, sendo esta, inclusive, uma de suas 
maiores vantagens. Assim, de nada adiantaria ser confidencial a arbitragem, aí 
incluídos todos os atos praticados perante o tribunal Arbitral, se tal garantia não 
fosse estendida aos eventuais atos judiciais que vierem a ser praticados por 
solicitação do árbitro, via carta arbitral. 
 
Com isso, o princípio da publicidade, que rege os atos processuais, é 
excepcionado quanto o ato se refere ao procedimento arbitral. Embora o 
dispositivo não traga uma exceção (na verdade, exceção da exceção, o que, em 
última análise confirma a regra geral!), temos para nós que, se a arbitragem se 
engloba o Estado ou seus entes, não deve incidir a confidencialidade, razão 
pela qual não deve ser aplicado o art. 189, IV do novo CPC, sob pena de se 
violar o art. 37 da Carta de 1988. 
 
Art. 201. Expedir-se-á carta de 
ordem se o juiz for subordinado ao 
tribunal de que ela emanar; carta 
rogatória, quando dirigida à 
autoridade judiciária estrangeira; e 
carta precatória nos demais casos. 
 
Art. 237. Será expedida carta: 
(...) 
IV – arbitral, para que órgão do Poder 
Judiciário pratique ou determine o 
cumprimento, na área de sua 
competência territorial, de ato objeto 
de pedido de cooperação judiciária 
formulado por juízo arbitral, inclusive 
os que importem efetivação de tutela 
provisória. 
 
Mais uma menção à carta arbitral. Dessa vez o novo CPC é mais específico 
quanto à finalidade da carta. Poderá ser ela utilizada quando houver 
necessidade de praticar ato que dependa de força coercitiva. 
 
Aí podem ser compreendidos, atos de condução de pessoas, apreensão de bens 
ou pessoas, penhora física ou eletrônica, ou mesmo atos de efetivação de 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 52 
medidas de urgência (cautelares ou antecipatórias), denominadas pelo NCPC de 
tutelas provisórias. 
 
Os atos podem ser praticados pelo próprio juiz (por exemplo, a penhora 
eletrônica) ou podem ter seu cumprimento efetivado por outrem, por ordem do 
juiz (por exemplo, as obrigações de fazer, não fazer e desfazer). 
 
Art. 202. São requisitos essenciais da 
carta de ordem, da carta precatória e 
da carta rogatória: 
I - a indicação dos juízes de origem e 
de cumprimentodo ato; 
II - o inteiro teor da petição, do 
despacho judicial e do instrumento do 
mandato conferido ao advogado; 
III - a menção do ato processual, que 
Ihe constitui o objeto; 
IV - o encerramento com a assinatura 
do juiz. (...) 
 
 
Art. 260. São requisitos das cartas de 
ordem, precatória e rogatória: 
 
I – a indicação dos juízes de origem e 
de cumprimento do ato; 
II – o inteiro teor da petição, do 
despacho judicial e do instrumento do 
mandato conferido ao advogado; 
III – a menção do ato processual que 
lhe constitui o objeto; 
IV – o encerramento com a 
assinatura do juiz. 
(...) 
§ 3º A carta arbitral atenderá, no que 
couber, aos requisitos a que se refere 
o caput e será instruída com a 
convenção de arbitragem e com as 
provas da nomeação do árbitro e da 
sua aceitação da função. 
 
Não há alteração de conteúdo na cabeça e nos incisos do art. 260. O § 3° 
dispõe serem aplicáveis à carta arbitral os mesmo requisitos das demais cartas. 
Contudo, acrescenta mais dois: a convenção de arbitragem e a prova de 
nomeação e aceitação do árbitro. 
 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 53 
Convenção de arbitragem, como já dissemos acima, é o gênero, do qual são 
espécies a cláusula compromissória e o compromisso. 
 
O ato que manifesta tal vontade deve acompanhar a carta, de forma que o 
magistrado possa ter a certeza que as partes de fato quiseram levar o exame 
da questão à via arbitral; podem ter feito isso, mediante a elaboração de uma 
cláusula ou de um compromisso específico e detalhado, ou simplesmente 
aderindo ao regulamento de um tribunal arbitral. 
Ademais, devem ser anexados os atos de nomeação e de aceitação do árbitro. 
Tais documentos são importantes a fim de que fique claro que as partes 
desejaram conferir tal poder àquele árbitro e que ele o aceitou formalmente. 
Não custa lembrar que no procedimento arbitral há uma extrema liberdade para 
a convenção de regras e atribuições dos árbitros. Daí o novo CPC, com aceto, 
ter exigido a apresentação de todos esses documentos. 
 
Art. 209. O juiz recusará 
cumprimento à carta precatória, 
devolvendo-a com despacho 
motivado: 
I - quando não estiver revestida dos 
requisitos legais; 
II - quando carecer de competência 
em razão da matéria ou da 
hierarquia; 
III - quando tiver dúvida acerca de 
sua autenticidade. 
Art. 204. A carta tem caráter 
itinerante; antes ou depois de Ihe ser 
ordenado o cumprimento, poderá ser 
apresentada a juízo diverso do que 
dela consta, a fim de se praticar o 
ato. 
Art. 267. O juiz recusará 
cumprimento a carta precatória ou 
arbitral, devolvendo-a com decisão 
motivada quando: 
I – não estiver revestida dos 
requisitos legais; 
II – faltar-lhe competência em razão 
da matéria ou da hierarquia; 
III – tiver dúvida acerca de sua 
autenticidade. 
Parágrafo único. No caso de 
incompetência em razão da matéria 
ou da hierarquia, o juiz deprecado, 
conforme o ato a ser praticado, 
poderá remeter a carta ao juiz ou ao 
tribunal competente. 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 54 
Não há aqui alteração substancial. Apenas a atualização da redação e a 
inserção da carta arbitral, para que possa ser regida pelas mesmas disposições 
aplicáveis à carta precatória. 
 
Art. 301. Compete-lhe, porém, 
antes de discutir o mérito, alegar: 
(...) 
IX - convenção de arbitragem; 
(...) 
§ 4o Com exceção do compromisso 
arbitral, o juiz conhecerá de ofício 
da matéria enumerada neste artigo. 
 
Art. 337. Incumbe ao réu, antes de 
discutir o mérito, alegar: 
(…) 
X – convenção de arbitragem;
 
(...) 
§ 5o Excetuadas a convenção de 
arbitragem e a incompetência relativa, 
o juiz conhecerá de ofício das matérias 
enumeradas neste artigo. 
§ 6o A ausência de alegação da 
existência de convenção de arbitragem, 
na forma prevista neste Capítulo, 
implica aceitação da jurisdição estatal e 
renúncia ao juízo arbitral. 
 
O caput do novel art. 337 e seu inciso X não trazem alteração de conteúdo se 
comparados ao texto do antigo CPC. 
 
O novo § 5° insere a incompetência relativa no rol de matérias que não podem 
ser conhecidas ex officio pelo magistrado, apenas positivando entendimento há 
muito sumulado pelo STJ (verbete n° 33). 
 
O § 6°, por sua vez, deixa clara consequência que já era tranquilamente aceita 
pela doutrina e jurisprudência. Ou seja: a pré-existência de convenção de 
arbitragem deve ser expressamente alegada pelo réu. No silêncio, presume-se 
a renúncia do réu à arbitragem, observando-se que o autor já terá renunciado 
ao propor a demanda em juízo. 
 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 55 
Art. 447. Quando o litígio versar 
sobre direitos patrimoniais de 
caráter privado, o juiz, de ofício, 
determinará o comparecimento das 
partes ao início da audiência de 
instrução e julgamento. 
Art. 359. Instalada a audiência, o juiz 
tentará conciliar as partes, sem 
prejuízo do emprego de outros 
métodos de solução consensual de 
conflitos, como a mediação e a 
arbitragem. 
 
Embora seja improvável, em razão de todos os atos processuais já praticados, é 
possível que no momento de abertura da AIJ, as partes rejeitem a proposta 
renovada de mediação ou de conciliação, mas aceitem a ideia da arbitragem. 
 
Nesse caso, deve o juiz: 
 (i) suspender o processo pelo prazo de até seis meses, por convenção 
das partes, na forma do art. 313, II e § 4°; ou 
 (ii) extinguir o processo, sem resolver o mérito, assim que o juízo arbitral 
reconhecer sua competência, na forma do art. 482, VII, parte final, que será 
examinado a seguir. 
 
Art. 267. Extingue-se o processo, 
sem resolução de mérito: 
(...) 
VII- pela convenção de arbitragem 
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito 
quando: 
 (...) 
VII – acolher a alegação de existência 
de convenção de arbitragem ou quando 
o juízo arbitral reconhecer sua 
competência; 
 
O novo art. 485 repete a redação do antigo art. 267, VII e acrescenta mais uma 
hipótese de não resolução do mérito: o reconhecimento da sua competência 
por parte do juízo arbitral. 
 
Como discutido no IV Forum Permanente de Processualistas Civil, realizado em 
Belo Horizonte, no fim de 2014, e formalizado no Enunciado n° 235, “o 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 56 
reconhecimento da competência pelo juízo arbitral é pressuposto processual 
negativo e acarreta a extinção do processo judicial”. 
 
 
Art. 475-N. São títulos executivos 
judiciais: 
(...) 
IV – a sentença arbitral; 
Art. 515. São títulos executivos 
judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de 
acordo com os artigos previstos neste 
Título: 
(...) 
VII – a sentença arbitral; 
 
Temos aqui mera atualização de redação, sem alteração substancial. 
 
Art. 575. A execução, fundada em 
título judicial, processar-se-á 
perante: 
(...) 
IV - o juízo cível competente, 
quando o título executivo for 
sentença penal condenatória ou 
sentença arbitral. 
Art. 516. O cumprimento da sentença 
efetuar-se-á perante: 
(...) 
III – o juízo cível competente, quando 
se tratar de sentença penal 
condenatória, de sentença arbitral, de 
sentença estrangeira ou de acórdão 
proferido pelo Tribunal Marítimo. 
Parágrafo único. Nas hipóteses dos 
incisos II e III, o exequente poderá 
optar pelo juízo do atual domicílio do 
executado, pelo juízo do local onde se 
encontram os bens sujeitos à execução 
ou onde deve ser executada a 
obrigação de fazer ou de não fazer, 
casos em que a remessa dos autos do 
processo será solicitadaao juízo de 
origem. 
 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 57 
Temos aqui a repetição da regra geral quanto à competência no cumprimento 
de sentença originada em órgão diverso (sentença estrangeira, penal 
condenatória e arbitral). 
 
No parágrafo único, encontramos regra excepcional afinada com os princípios 
do acesso à justiça e da efetividade, flexibilizando, assim, a competência 
territorial inicialmente fixada. 
 
 Art. 960. A homologação de decisão 
estrangeira será requerida por ação de 
homologação de decisão estrangeira, 
salvo disposição especial em sentido 
contrário prevista em tratado. 
(...) 
§ 3o A homologação de decisão arbitral 
estrangeira obedecerá ao disposto em 
tratado e na lei, aplicando-se, 
subsidiariamente, as disposições deste 
Capítulo. 
 
O novo CPC ratifica a necessidade de homologação de decisões estrangeiras, 
sejam elas proferidas por juiz togado ou por árbitro. A homologação deve ser 
requerida ao STJ, observando-se as regras previstas nos arts. 216-A a 216-N do 
seu Regimento Interno, observadas as modificações introduzidas pela Emenda 
Regimental n° 18, de 17 de dezembro de 2014, acima referida. 
 
Art. 520. A apelação será recebida 
em seu efeito devolutivo e 
suspensivo. Será, no entanto, 
recebida só no efeito devolutivo, 
quando interposta de sentença que: 
(...) 
Art. 1.012. A apelação terá efeito 
suspensivo. 
§ 1o Além de outras hipóteses 
previstas em lei, começa a produzir 
efeitos imediatamente após a sua 
publicação a sentença que: 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 58 
VI - julgar procedente o pedido de 
instituição de arbitragem. (Incluído 
pela Lei nº 9.307, de 23.9.1996) 
(…) 
IV – julga procedente o pedido de 
instituição de arbitragem; 
 
Temos aqui mera atualização de redação. 
 
Art. 522. Das decisões 
interlocutórias caberá agravo, no 
prazo de 10 (dez) dias, na forma 
retida, salvo quando se tratar de 
decisão suscetível de causar à parte 
lesão grave e de difícil reparação, 
bem como nos casos de inadmissão 
da apelação e nos relativos aos 
efeitos em que a apelação é 
recebida, quando será admitida a 
sua interposição por instrumento. 
Art. 1015. Cabe agravo de instrumento 
contra as decisões interlocutórias que 
versarem sobre: 
(...) 
III – rejeição da alegação de 
convenção de arbitragem; 
 
 
O novo Código trabalha com o sistema da irrecorribilidade das decisões 
interlocutórias, como regra. Fica extinta a figura do agravo retido e, nas 
situações excepcionais previstas no Artigo 1015, fica admitida a interposição de 
agravo de instrumento. 
 
Da leitura do dispositivo, percebe-se que o legislador só autoriza o manejo do 
agravo nas situações em que a decisão interlocutória possa provocar prejuízo 
iminente, sendo, portanto, desaconselhável, aguardar a sentença para que o 
competente recurso de apelação possa ser interposto. 
 
Uma dessas hipóteses é justamente a rejeição de alegação de arbitragem. 
Imagine-se, por exemplo, que a arbitragem já esteja em curso e o juiz, 
provocado por uma das partes, rejeita a alegação formulada na forma do 337, 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 59 
X. Com isso o processo prossegue, ao mesmo tempo em que a arbitragem já 
segue o seu curso. 
 
Se nenhuma providência for tomada, corremos o risco de enfrentar a 
desconfortável situação de coexistência de dois procedimentos, em instâncias 
diversas, sobre o mesmo fato. A propósito, o STJ, em decisão inovadora, já 
admitiu a possibilidade de existência de conflito de competência entre juízo de 
direito e juízo arbitral. STJ, CC 111.230-DF, rel. Min. Nancy Andrighi, j. 
08.05.2013, Informativo STJ, nº 522. 
 
Artigo 1.061. O Artigo 33, § 3º, da Lei nº 9.307, de 23 de setembro de 1996, 
passa a vigorar com a seguinte redação: 
“Artigo 33. 
 ............................................................. 
§ 3º A decretação da nulidade da sentença arbitral também poderá ser 
requerida na impugnação ao cumprimento da sentença, nos termos do Artigo 
525 e seguintes do Código de Processo Civil, se houver execução judicial”. (NR) 
 
A última menção à arbitragem no novo CPC se encontra no Artigo 1.061, que 
modifica a redação do Artigo 33, § 3° da Lei n° 9.307/96 a fim de substituir a 
expressão embargos do executado por impugnação, além de fazer a referência 
ao dispositivo do novo Código. Na verdade, trata-se de atualização 
terminológica e com o objetivo de conferir uniformidade ao sistema, eis que o 
referido dispositivo, na sua redação original, ainda tinha por base o sistema 
executivo anterior à Lei n° 11.232/2005. 
 
Além do novo CPC, uma nova iniciativa legislativa foi apresentada no tocante à 
arbitragem. Desde o início deixando bem claro que não se tratava de uma nova 
Lei de Arbitragem, mas tão somente de atualizações pontuais, em 2013 foi 
apresentado o Projeto de Lei do Senado n° 406, fruto do trabalho da Comissão 
de Juristas presidida pelo Min. Luís Felipe Salomão, do STJ. 
 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 60 
Após rápida tramitação, o texto foi aprovado e remetido à Câmara dos 
Deputados, onde foi autuado como PL 7.108/2014 e ainda aguarda exame final 
e votação. 
 
No texto, é possível perceber a preocupação em preservar o sistema instituído 
pela Lei n° 9.307/96 e viabilizar a necessária atualização, a fim de 
compatibilizar o instituto da arbitragem com o texto do CPC e com a 
jurisprudência dominante nos Tribunais Superiores. 
 
Nesse sentido, o projeto vai disciplinar o uso da arbitragem nas relações com a 
Administração Pública (Artigo 1°,§ 1°), nos contratos consumeristas (Artigo 4°, 
§ 3°), e nas relações trabalhistas (Artigo 4°, § 4°). 
 
Também vai viabilizar o uso da carta arbitral (Artigo 22-C), a fim de facilitar a 
comunicação entre árbitros e juízes togados, nos mesmos moldes preconizados 
pelo CPC/2015. 
 
O projeto traz ainda uma solução bem razoável para fixação de competência de 
árbitros e magistrados quando a arbitragem já foi pactuada, mas ainda não 
instituída (Artigo 22-A e B), a fim de solucionar eventuais conflitos de 
competência quanto ao deferimento ou não de medidas de urgência. 
 
Finalmente, regulamenta o direito de retirada do acionista dissidente que não 
concordar com a inserção da convenção de arbitragem no estatuto social das 
Companhias regidas pela Lei n° 6.404/76, inserindo nesse Diploma o Artigo 
136-A. 
 
Artigos 
“Art. 1º (...) § 1º A Administração Pública direta e indireta poderá 
utilizar-se da arbitragem para dirimir conflitos relativos a direitos patrimoniais 
disponíveis. § 2º A autoridade ou o órgão competente da Administração Pública 
direta para a celebração de convenção de arbitragem é a mesma para a 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 61 
realização de acordos ou transações.” (NR) “Art. 2º (...) § 3º As arbitragens 
que envolvam a Administração Pública serão sempre de direito e respeitarão o 
princípio da publicidade.” (NR) 
 
“Art. 4º (...) § 2º Nos contratos de adesão, a cláusula compromissória só 
terá eficácia se for redigida em negrito ou em documento apartado. § 3º Na 
relação de consumo estabelecida por meio de contrato de adesão, a cláusula 
compromissória só terá eficácia se o aderente tomar a iniciativa de instituir a 
arbitragem ou concordar expressamente com a sua instituição. 
 
§ 4º Desde que o empregado ocupe ou venha a ocupar cargo ou função 
de administrador ou diretor estatutário, nos contratos individuais de trabalho 
poderá ser pactuada cláusula compromissória, que só terá eficácia se o 
empregado tomar a iniciativa de instituir a arbitragemou se concordar 
expressamente com a sua instituição.” (NR) 
 
“CAPÍTULO IV-B DA CARTA ARBITRAL. Art. 22-C. O árbitro ou o tribunal 
arbitral poderá expedir carta arbitral, para que o órgão jurisdicional nacional 
pratique ou determine o cumprimento, na área de sua competência territorial, 
de ato solicitado pelo árbitro. Parágrafo único. No cumprimento da carta arbitral 
será observado o segredo de justiça, desde que comprovada a 
confidencialidade estipulada na arbitragem.” 
 
“CAPÍTULO IV-A DAS TUTELAS CAUTELARES E DE URGÊNCIA. Art. 22-A. 
Antes de instituída a arbitragem, as partes poderão recorrer ao Poder Judiciário 
para a concessão de medidas cautelares ou de urgência. Parágrafo único. Cessa 
a eficácia da medida cautelar ou de urgência se a parte interessada não 
requerer a instituição da arbitragem no prazo de 30 (trinta) dias, contado da 
data da efetivação da respectiva decisão. Art. 22-B. Instituída a arbitragem, 
caberá aos árbitros manter, modificar ou revogar a medida cautelar ou de 
urgência concedida pelo Poder Judiciário. Parágrafo único. Estando já instituída 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 62 
a arbitragem, as medidas cautelares ou de urgência serão requeridas 
diretamente aos árbitros.” 
 
Art. 3º A Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, passa a vigorar 
acrescida do seguinte art. 136-A na Subseção “Direito de Retirada” da Seção III 
de seu Capítulo XI: “Art. 136-A. A aprovação da inserção de convenção de 
arbitragem no estatuto social, observado o quorum do art. 136, obriga a todos 
os acionistas da companhia, assegurado ao acionista dissidente o direito de 
retirar-se da companhia mediante o reembolso do valor de suas ações (art. 45). 
§ 1º A convenção somente terá eficácia após o decurso do prazo de 30 (trinta) 
dias, contado da publicação da ata da Assembleia Geral que a aprovou. § 2º O 
direito de retirada previsto acima não será aplicável: I – caso a inclusão da 
convenção de arbitragem no estatuto social represente condição para que os 
valores mobiliários de emissão da companhia sejam admitidos à negociação em 
segmento de listagem de bolsa de valores ou de mercado de balcão organizado 
que exija dispersão acionária mínima de 25% (vinte e cinco por cento) das 
ações de cada espécie ou classe; II – caso a inclusão da convenção de 
arbitragem seja efetuada no estatuto social de companhia aberta cujas ações 
sejam dotadas de liquidez e dispersão no mercado, nos termos das alíneas “a” 
e “b” do inciso II do art. 137 desta Lei.” (NR) 
 
Atividade proposta 
Tendo em vista o texto do Substitutivo apresentado ao Projeto de Lei nº 
7.169/2014, disserte sobre as principais características e aponte as diferenças 
entre a sistemática da mediação judicial e da extrajudicial. 
 
Chave de resposta: Devem ser apontadas as questões relativas aos limites 
objetivos e subjetivos ao uso da mediação, o momento, os requisitos para ser 
mediador, a necessidade de homologação judicial para acordos extrajudiciais 
em matéria de direitos indisponíveis. Por fim devem ser abordadas as questões 
relativas à duração do procedimento e às consequências do acordo. 
 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 63 
Aprenda Mais 
 
Material complementar 
 
Para saber mais sobre os assuntos tratados nesta aula, leia os artigos de 
Fabiana Gonçalves e de Fabiana Spengler, ambos publicados na Revista Eletrônica 
de Direito Processual, disponível em nossa biblioteca virtual. 
 
 
Referências 
ALMEIDA, Diogo Assumpção Rezende de. O princípio da adequação e os 
métodos de solução de conflitos. Revista de Processo, Revista dos Tribunais: 
São Paulo, nº 195, ano 2010. 
 
BARBOSA MOREIRA, José Carlos. Breve noticia sobre la conciliación em el 
proceso civil brasileño. Temas de Direito Processual. 5ª série. Rio de 
Janeiro: Saraiva, 1994. p. 95/101. 
 
_______. Privatização do processo? Temas de direito processual. 7ª série. 
Rio de Janeiro: Saraiva, 2001. p. 7/18. 
 
CALMON, Petrônio. Fundamentos da mediação e da conciliação. Rio de 
Janeiro: Forense, 2008. 
 
CAPPELLETTI, Mauro [s/ indicação de tradutor]. Os métodos alternativos de 
solução de conflitos no quadro do movimento universal de acesso à justiça. 
Revista de Processo, v. 74, São Paulo: Revista dos Tribunais, 1994, p. 82/97. 
 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 64 
DUZERT, Yann. Mediação no Brasil: uma forma de negociar baseada na 
abordagem de ganhos mútuos. In: ARROW J. Kenneth et al. (Org.). Barreiras 
para resolução de conflitos. Saraiva: São Paulo, 2001. p. 327/349. 
 
______. A mediação no direito brasileiro: evolução, atualidades e possibilidades 
no projeto do novo código de processo civil. In: JAYME, Fernando Gonzaga. 
 
FARIA, Juliana Cordeiro de. LAUAR. Maira Terra (Org.). Processo civil: novas 
tendências em homenagem ao Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira, Del Rey: 
Belo Horizonte, 2011. p. 295/313. 
 
______. O Novo CPC e a mediação: reflexões e ponderações. Revista de 
Informação Legislativa, ano 48, nº 190, tomo I, abr.-jun. 2011, p. 219/236. 
 
FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Os conflitos como processo de mudança 
social. Revista de Direito Administrativo, n. 219, p. 219-227, jan./mar. 
2000. 
 
GONÇALVES, Fabiana Marcello. Mediação pós-judicial: um caminho alternativo 
rumo à pacificação social. Revista Eletrônica de Direito Processual, v. IX, 
disponível em: http://www.redp.com.br 
 
MANCUSO, Rodolfo de Camargo. A resolução dos conflitos e a função 
judicial no contemporâneo estado de direito. São Paulo: Revista dos 
Tribunais, 2009. 
 
MORAIS, José Luis; MARION SPENLGER, Fabiana. Mediação e 
arbitragem: alternativas à jurisdição!. 2. ed. Porto Alegre: Livraria do 
Advogado, 2008. 
 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 65 
PELUSO, Antonio Cezar. RICHA, Morgana de Almeida [Coord.]. Conciliação e 
mediação: estruturação da política judiciária nacional. Rio de Janeiro: Forense, 
2011. 
PINHO, Humberto Dalla Bernardina de. Mecanismos de solução alternativa de 
conflitos: algumas considerações introdutórias. Revista Dialética de Direito 
Processual, v. 17, p. 09/14, São Paulo: Oliveira Rocha, 2004. 
 
______. (Org.). Teoria geral da mediação à luz do projeto de lei e do 
direito comparado. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008. 
 
______. Mediação: a redescoberta de um velho aliado na solução de conflitos. 
In: Acesso à justiça: efetividade do processo (Org. Geraldo Prado). Rio de 
Janeiro: Lumen Juris, 2005. p. 105/124. 
 
______. A mediação e o Código de Processo Civil projetado. Revista de 
Processo, ano 37, v. 207, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012. p. 213/238. 
RODRIGUES JÚNIOR, Walsir Edson. A prática da mediação e o acesso à 
justiça. Belo Horizonte: Del Rey, 2006. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 66 
Exercícios de fixação 
Questão 1 
Assinale a alternativa que melhor define a mediação: 
a) É a atividade imposta às partes, que se obrigam a obedecer a decisão do 
mediador. 
b) É um sinônimo para conciliação, não havendo nenhuma diferença entre os 
institutos. 
c) É a atividade desempenhada pelo árbitro. 
d) É vedada no direito brasileiro. 
e) É a atividade de um terceiro neutro e imparcial que não tem o poder de decidir 
o conflito. 
 
Questão 2 
De acordo com a sistemática do novo CPC, o juiz ao receber a petição inicial e 
verificando que é possível o consenso, pode determinar diversas providências. 
Neste momento, deve o magistrado dar especial atenção ao princípio da 
adequação. Marque, dentre as alternativas abaixo, aquela que indica 
providência que não pode ser determinadapelo juiz neste momento. 
a) Designar audiência de conciliação. 
b) Marcar sessão de mediação. 
c) Designar audiência especial com o magistrado. 
d) Determinar a realização de audiência de justificação para apreciar requerimento 
de tutela de urgência. 
e) Determinar a realização de arbitragem incidental. 
 
Questão 3 
(BIO-RIO - 2014 - EMGEPRON - Advogado) Nos termos da lei de arbitragem, o 
árbitro deve: 
a) Ser de nível superior. 
b) Possuir ensino médio completo. 
c) Ser da confiança das partes. 
d) Sofrer nomeação pelo juiz. 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 67 
Questão 4 
De acordo com as regras do PL 7.108/14, se já há convenção de arbitragem, 
mas esta não foi ainda formalmente instituída, a quem cabe decidir eventual 
requerimento de medida de urgência: 
a) Ao árbitro, pois as partes já manifestaram sua opção por essa forma de solução 
de conflitos. 
b) Ao juiz de direito, pois a arbitragem não foi instituída ainda e, assim sendo, vale 
a o princípio constitucional do acesso à justiça previsto no Artigo 5°, inciso 
XXXV, da Carta de 1988. 
c) Tanto ao árbitro como ao juiz, observada a regra de prevenção do CPC, 
aplicável por analogia. 
d) Nem ao árbitro e nem ao magistrado; neste interim não pode ser solicitada 
medida cautelar. 
e) Em princípio ao magistrado, por força do princípio do acesso à justiça, salvo se 
houver dispositivo expresso no contrato. 
 
Questão 5 
Considere: 
I. Inépcia da petição inicial. 
II. Conexão. 
III. Defeito de representação. 
IV. Convenção de arbitragem. 
V. Falta de caução que a lei exige como preliminar. 
De acordo com a sistemática do CPC projetado, o juiz conhecerá de ofício as 
matérias enumeradas SOMENTE em: 
a) I, II e V 
b) I, II, III e V 
c) I, II, IV e V 
d) III e IV 
e) II, III e V 
 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 68 
Aula 2 
Exercícios de fixação 
Questão 1 - E 
Justificativa: O que distingue a mediação da arbitragem e da jurisdição é 
justamente a ausência do poder de decidir. O mediador tenta remover os 
obstáculos ao consenso, fazendo com que as partes reflitam melhor sobre o 
litígio e busquem, por elas próprias, as possíveis soluções. A qualquer 
momento, qualquer das partes pode desistir ou interromper o procedimento de 
mediação. 
 
Questão 2 - E 
Justificativa: O novo CPC se preocupa especialmente com o primeiro momento 
de tentativa de acordo, tanto que inverte a ordem adotada pelo CPC vigente 
para que ele ocorra antes da resposta do réu. Combinando-se o Artigo 139. 
 
Questão 3 - C 
Justificativa: O Artigo 13 da Lei nº 9.307/96 assim determina. Não há requisitos 
adicionais para que alguém seja árbitro. Normalmente será alguém que tenha 
expertise na matéria objeto do conflito, mas pelo texto da lei, basta que seja da 
confiança das partes. 
 
Questão 4 - B 
Justificativa: É a regra do Artigo 22-A do PL nº 7.108/2014 e que procura 
compatibilizar os poderes do árbitro e do magistrado neste momento em que já 
há a opção pela arbitragem mas ainda não houve a instauração formal do 
procedimento. 
 
Questão 5 - B 
Justificativa: Mantendo a mesma regra do CPC vigente, o novo Código também 
vai considerar a convenção de arbitragem como matéria que deve ser, 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 69 
necessariamente, arguida pela parte interessada, sob pena de preclusão. Desta 
forma, não pode ela ser apontada como matéria de ordem pública. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 70 
 
Introdução 
Nesta aula, examinaremos a questão da mediação obrigatória e os possíveis 
reflexos do tema no direito brasileiro, a partir da opção legislativa feita pela 
Itália em 2010. Veremos também como a questão é tratada no CPC projetado e 
as consequências para o sistema processual brasileiro da adoção desse instituto 
sob o prisma da efetividade do processo. 
 
Objetivo: 
1. Examinar o instituto da mediação obrigatória, suas características e 
consequências a partir da sistemática do direito italiano; 
2. Estudar como os projetos de lei brasileiros tratam do tema, desde o Projeto 
de Lei nº 94, passando pelo novo CPC e chegando ao Projeto de Lei nº 
7.169/14. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 71 
Conteúdo 
 
A mediação na Europa 
No sistema europeu, a política de valorização da solução consensual de 
conflitos entrou na ordem do dia na European Judicial Area, desencadeada a 
partir da edição da Diretiva 52, de 21 de maio de 2008, pelo Parlamento 
Europeu, oriunda da recomendação fundamental lançada em 1998 (98/257/CE) 
e em 2001 (2001/310/CE), obrigando cada estado-membro a refletir, inserir ou 
criar textos legais que contemplem os mecanismos de solução amigável dos 
conflitos, o que gerou uma série de alterações significativas nos ordenamentos 
nacionais de muitos países. 
 
Cabe festejar o inegável mérito da Comunidade Europeia ao reconhecer a 
importância dos meios alternativos de solução de conflitos, trazendo-os 
formalmente para o âmbito do Direito Comunitário Europeu no intuito de 
garantir a efetividade do acesso à justiça aos cidadãos europeus, especialmente 
por se tratar de um ordenamento comunitário que, como bem salientou Flávia 
Hill, mesmo tendo se originado da congregação de diferentes países, vem se 
mostrando mais aberto e sensível na detecção das expectativas do cidadão 
moderno a respeito de um Direito Processual mais ágil, apresentando mais 
respostas a essa legítima expectativa, do que em alguns de seus estados-
membros isoladamente considerados. 
 
A diretiva é a primeira intervenção geral com o intuito de promover a resolução 
alternativa de conflitos e, consequentemente, um melhor acesso à justiça, mais 
simples e mais rápido, consagrando a mediação nos casos civis e comerciais 
como o passo necessário no sentido de permitir o desenvolvimento e o 
funcionamento adequado dos procedimentos extrajudiciais de resolução de 
litígios. 
 
Apesar de a norma, por ser comunitária, ter como foco imediato a regulação de 
conflitos transnacionais, o Parlamento Europeu e o Conselho da União Europeia 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 72 
entendem que a adoção da mediação, mesmo no cenário interno dos países, 
significaria: maior rapidez na solução das controvérsias; baixo custo a ser 
dispendido; a previsão de uma maior disposição das partes envolvidas no 
cumprimento espontâneo; e a preservação da relação amigável entre os 
interessados. 
 
Conceito de mediação 
Seguindo os parâmetros citados, a diretiva adotou como conceito de mediação, 
em seu Artigo 3º, tratar-se de um processo estruturado, independentemente da 
sua designação ou do modo como lhe é feita referência, através do qual duas 
ou mais partes em litígio procuram voluntariamente alcançar um acordo sobre a 
resolução do seu conflito com a assistência de um mediador. Esse processo 
pode ser iniciado pelas partes, sugerido ou ordenado por um tribunal ou 
imposto pelo direito de um estado-membro, excepcionando sua adoção em 
matéria tributária, administrativa e de responsabilidade civil do Estado. 
Destaca-se contudo que: 
 
A mediação deve ser precipuamente voluntária, gozando os litigantes de 
liberdade para a busca desse meio para a solução de seus conflitos, ressalvada 
a possibilidade de previsão de sua realização de forma obrigatória pelos 
estados-membros, desde que não venha impedir o acesso à justiça. 
 
A mediação também deve ser pautada pela informalidade, detendo as partesampla liberdade para organizar o procedimento a ser adotado na mediação. 
 
Os tribunais são autorizados a fixarem prazo máximo para duração das ações, 
pois, de outra forma, seria permitido às partes encerrarem a mediação a 
qualquer tempo. 
 
Há possibilidade de incentivo à mediação pelos tribunais, quando oportuno, 
bem como promoção de formação e capacitação de mediadores em cada 
estados-membro. 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 73 
Tem-se, com a normatização do ordenamento interno dos países, o intuito de 
dar executoriedade aos acordos obtidos na mediação e assegurar a 
confidencialidade da mediação – inclusive em relação à divulgação de 
informações para instrução de processo judicial, salvo quando esteja envolvido 
interesse de menor ou execução do acordo de mediação, situações em que será 
possível divulgar as informações. 
 
Regulamentação da mediação 
Seguindo o que preceitua o Artigo 12 da Diretiva 2008/52/CE, que prevê o 
dever dos estados-membros de criarem normas que lhe deem cumprimento, o 
Parlamento Italiano editou a Lei nº 69, de 18 de junho de 2009, que, além de 
dispor sobre matérias relacionadas ao desenvolvimento econômico e às 
alterações do Código de Processo Civil, trouxe no Artigo 60 o instituto da 
mediação, delegando ao governo, dentro do prazo máximo de seis meses a 
partir da entrada em vigor da referida lei, a edição de um decreto legislativo 
destinado a regulamentá-la nos âmbitos civil e comercial no ordenamento 
italiano. 
 
Exercendo então a delegação outorgada pela Lei nº 69/2009, o governo italiano 
editou o Decreto Legislativo nº 28, de 4 de março de 2010, a fim de 
regulamentar a mediação na Itália, seguindo as regras gerais preestabelecidas 
por aquela lei. São elas: 
 
A mediação deveria ser contemplada no decreto legislativo como meio de 
solução de litígios envolvendo direitos disponíveis; e deveria ser instituído um 
registro dos organismos de mediação mantido pelo Ministério da Justiça. 
A possibilidade de a Ordem dos Advogados e demais conselhos profissionais 
instituírem órgãos de mediação. 
 
A possibilidade de nomeação de peritos pelo mediador, caso entenda 
necessário; a previsão regulamentada dos honorários dos mediadores, a serem 
majorados, em caso de celebração de acordo. 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 74 
Previsão do dever conferido ao advogado de informar seu cliente sobre a 
possibilidade de mediação, antes da instauração do processo judicial. 
 
A previsão de vantagens fiscais para a celebração de acordo. 
 
Possibilidade de condenação do vencedor no processo judicial ao reembolso das 
despesas em favor do vencido, caso tenha recusado, na ocasião da mediação, 
proposta feita pelo mediador, cujo conteúdo corresponda inteiramente à 
decisão judicial. 
 
Vedação à duração superior a quatro meses para a mediação. 
Garantia de imparcialidade, neutralidade e independência do mediador, e 
previsão de que o acordo tenha eficácia executiva, revestido de título executivo 
para fins de hipoteca judicial. 
 
 
Atenção 
 O Decreto Legislativo nº 28, que carrega em seu espírito o 
desejo de melhorar o sistema italiano de mediação, realmente o 
faz, mas com particularidades próprias, movendo-se no contexto 
europeu, que tem se demonstrado sensível à garantia de um 
melhor acesso à justiça e, por conseguinte, o acesso aos 
métodos judiciais e extrajudiciais de resolução de disputas. 
 
A justiça europeia 
O retrato da justiça europeia revela, como bem observado por Vincenzo Vigoriti, 
o que justifica a busca que tem se verificado na última década pela ADR nos 
ordenamentos que tradicionalmente dispensavam apreço pela solução de 
conflitos pela via judicial. 
 
Todavia, é inegável que o principal objetivo da reforma é usar a mediação 
como mais um instrumento para resolver uma grave crise na justiça civil, 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 75 
tornando-se instrumento de diminuição da carga de trabalho dos juízes. Aqui 
está, contudo, a nosso ver, o grande equívoco, como será demonstrado à 
frente. 
 
Sem considerar a terminologia usada pelo legislador e as diferenças entre 
mediação e conciliação, o fato é que o decreto procura distinguir entre três 
tipos de mediação: mediazione obbligatoria, mediazione facoltativa e 
mediazione concordata. 
 
Contudo, o núcleo mais significativo que tem sido criticado é a introdução da 
mediação obrigatória, crítica realizada por juristas italianos que alegam ser 
inconstitucional a mediação alçançar a condição de admissibilidade do processo 
judicial como garantia do acesso à justiça. 
 
Assim, nos termos do Artigo 5º do Decreto Legislativo nº 28/2010, qualquer 
pessoa que pretenda levar uma ação a um tribunal versando sobre matéria 
elencada no rol de litígios enumerados deverá previamente experimentar o 
processo de mediação nos termos desse decreto ou o procedimento de 
conciliação previsto no Decreto Legislativo nº 179, de 08 de outubro de 2007, 
ou ainda o procedimento estabelecido nos termos do Artigo 128 da lei 
consolidada em matéria bancária e crédito referida no Decreto nº 385, de 1 de 
setembro de 1993, e em alterações posteriores. 
 
A exigência de experimentar a mediação prévia passou a ser exigida a partir de 
20 de março de 2011, doze meses após a publicação do decreto. 
 
A obrigatoriedade da mediação 
O uso da mediação como uma condição indispensável para a obtenção de 
acesso à via judicial, e não como livre escolha das partes que desejam chegar a 
uma possível pacificação do seu conflito, tem provocado a perplexidade da 
comunidade jurídica italiana. 
 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 76 
A crítica está particularmente no fato de que o Artigo 60 da Lei nº 69/2009 
simplesmente prevê a instituição da mediação visando a reconciliação, devendo 
tal regramento geral ser alcançado sem prejuízo ou redução do acesso à 
justiça, enquanto o Decreto Legislativo nº 28/2010, num sentido inverso, tem 
estabelecido, em muitos casos, a mediação como condição de admissibilidade 
da demanda (Artigo 5º), situação não prevista na Lei nº 69, e também em 
contraste com essa lei na medida em que a mediação não teria o condão de 
impedir o acesso à justiça. 
 
Obviamente tais limites criados pelo legislador têm suscitado questionamentos 
pela doutrina acerca de sua legalidade e validade face à Carta do Estado 
italiano, por conta das inevitáveis repercussões processuais que tal condição 
pode trazer, como, por exemplo, se essas regras devem englobar também o 
pedido de reconvenção ou ainda se devem ser aplicadas na intervenção de 
terceiros. 
 
Os argumentos lançados contra a obrigatoriedade da mediação se referem 
principalmente ao fato de ela se tratar de um obstáculo ilegítimo ao acesso à 
justiça e que pode retardar excessivamente o processo por quatro meses 
(tempo máximo estabelecido pelo decreto legislativo) para o exercício da 
tentativa de mediação. 
 
Ademais, há a preocupação com a proteção dos direitos individuais e 
processuais, bem como com uma possível redução de trabalho de advogados, 
principalmente em causas menores, pois o Decreto Legislativo nº 28/10 (Artigo 
4º, § 3º) impõe ainda a esses profissionais a obrigação de informar ao cliente 
sobre a possibilidade ou necessidade de submissão à mediação prévia nos 
casos em que esse requisito é condição de admissibilidade da ação. 
 
Também há dúvidas com relação a possíveis problemas de estrutura e a 
logística que demandará organizar uma rede de órgãos permanentes, situados 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 77 
no território nacional, uma vez que podem ocorrer desperdícios de recursos– 
principalmente na fase inicial. 
 
Por outro lado, a favor da obrigatoriedade militam aqueles que entendem que a 
experiência demonstra que a tentativa prévia de acordo não impede o acesso à 
justiça, que só é adiada ante o interesse das partes em se submeterem a um 
procedimento mais rápido e menos dispendioso. Ademais, deve ser considerado 
o interesse geral no sentido de promover o aperfeiçoamento da administração 
da justiça. 
 
Apesar da mediação forçada implicar numa condição de admissibilidade da 
demanda, os defensores da obrigatoriedade entendem que se trata de um 
requisito que pode ser tolerado, desde que o acesso não se torne 
extremamente difícil e não resulte numa demora sensível para a solução do 
conflito. 
 
Em oposição ao outro grupo, defende-se, por sua vez, que a obrigatoriedade da 
mediação possibilitará um incremento na oferta de oportunidade de trabalho 
para os advogados, cujas atividades se enquadrem no novo sistema. 
 
Diante disso, algumas associações profissionais ingressaram com ação em face 
do Ministério da Justiça e do Ministério do Desenvolvimento Econômico perante 
o TAR Lazio, que decidiu, em 2011, não serem infundadas as dúvidas 
suscitadas acerca de alguns dispositivos do Decreto Legislativo nº 28/2010 tais 
como a excessiva delegação constante no Artigo 5º e a mediação, como fase 
de pré-julgamento, traduzir-se em condição de admissibilidade da ação, 
impedindo efetivamente o acesso à justiça. 
 
Atenção 
 Foi reconhecido o risco de comprometimento da eficácia da 
proteção judicial, pois o terceiro parágrafo do Artigo 60 da Lei nº 
69/2009 exige, na verdade, que o exercício da delegação deveria 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 78 
levar a cabo o princípio de que a mediação tem como objetivo 
principal a reconciliação de litígios relativos a direitos disponíveis, 
sem, todavia, excluir o acesso à justiça. 
 
A obrigatoriedade da mediação na justiça italiana 
A espera de ouvir o pronunciamento da Corte Constitucional 
acerca da validade de alguns dispositivos do decreto, algumas 
associações de advogados italianos solicitaram a não aplicação 
do instituto pelos tribunais, argumentando que o juiz, a pedido 
de qualquer uma das partes pode admitir o pedido, recusando-
se a aplicar o artigo 5º do decreto por ser incompatível com a 
Carta Europeia dos Direitos do Homem. 
 
Nessa linha de raciocínio, diante da incompatibilidade do 
instituto face ao direito comunitário, acredita-se que os juízes 
nacionais podem afastar o conteúdo obrigatório da mediação por 
se tratar de violação a um princípio geral fundamental da União 
Europeia. 
 
Na verdade, embora o sistema obrigatório de mediação não seja 
uma novidade na Europa, a crítica que surge é que em nenhum 
outro país a lei aparenta ser tão invasiva e significativa quanto a 
prevista na Itália. 
 
Veja-se o exemplo extraído da regra contida no artigo 13 do 
decreto, que prevê a inversão do princípio da sucumbência se a 
decisão judicial coincidir integralmente com o conteúdo da 
proposta feita pelo mediador e refutada pela parte, sendo então 
vencida no julgamento. 
 
A regra traz um conteúdo intimidatório contra o advogado e às 
próprias partes e parece conferir à mediação um valor 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 79 
estritamente paraprocessual e não de facilitador de um acordo 
pelas partes, que seria mais próxima da mediação puramente 
voluntária e que endossaria sua legitimidade, mesmo que tenha 
sido planejada como uma condição obrigatória de 
admissibilidade. 
 
No âmbito da União Europeia, o Parlamento Europeu decidiu 
realizar um balanço prévio, em vista do comunicado sobre a 
implementação da diretiva referente à mediação previsto para 
2013, tendo em conta as maneiras pelas quais os Estados-
membros adotaram as medidas para operacionalizar as 
disposicões da Diretiva 2008/52/CE, os problemas que surgiram 
e alguns aspectos mais específicos registrados em alguns países, 
levando a adoção de uma Resolução2, em 13 de setembro de 
2011. 
 
Como não poderia ser diferente, o Parlamento cita a Itália e seu 
decreto legislativo n. 28/2010 apontando como ponto mais 
polêmico a regra que diz respeito à realização da mediação 
obrigatória em relação a uma série de disputas para as quais, 
portanto, o acesso à justiça fica condicionado à prévia tentativa 
de conciliação entre as partes. 
 
No entendimento do Parlamento, o parágrafo 2º do artigo 5º da 
diretiva comunitária permite aos Estados-membros a utilização 
da mediação de forma obrigatória ou a sujeite a incentivos ou 
sanções, tanto antes como após iniciado o processo judicial, 
desde que isso não impeça as partes de exercerem seu direito 
de buscar o sistema judicial. 
 
 
2
 O texto está disponível em http://www.europarl.europa.eu/sides/getDoc.do?pubRef=-
//EP//TEXT+TA+P7-TA-2011-0361+0+DOC+XML+V0//PT&language=PT#def_1_1 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 80 
Observa ainda que o legislador italiano decidiu reformar seu 
sistema legal neste sentido com vistas a aliviar a carga de 
trabalho perante os tribunais, notoriamente congestionados, 
agilizando assim o tempo de duração dos processos que muitas 
vezes distorcem o conceito de justiça, traduzindo-se numa 
verdadeira negação de direitos. 
 
Entretanto percebe o Parlamento, que o mecanismo de 
mediação exigido na lei italiana que condiciona a admissibilidade 
da demanda judicial em alguns casos especificamente 
identificados, não tem sido bem recebido pelos operadores 
jurídicos, que tem impugnado o decreto, mas ressalta que em 
outros países aonde tornou-se a mediação obrigatória como na 
Bulgária e na Romênia, tem contribuído para uma disputa 
rápida, reduzindo a duração excessiva de uma demanda judicial. 
 
Apesar da Comissão Europeia ter emitido parecer com 
observações centralizadas especialmente sobre os mecanismos 
de sanções3 previstos nos artigos 11 e 13 do D.Lgs. 28/2010 em 
resposta ao questionamento da Corte de Justiça da UE, a Corte 
Constitucional Italiana decidiu, após audiência pública realizada 
em 23 de outubro de 20124, pela inconstitucionalidade de alguns 
dispositivos do D. Leg. 28/2010, cuja decisão (acórdão 272) 
publicada em 12 de dezembro de 2012 na Gazzetta Ufficiale5 
confirma a existência de excesso de delegação legislativa. 
 
Nos termos dos artigos 30 da Lei n. 87/1953 (Norme sulla 
 
3
 Parecer formulado pela Comissão Europeia em resposta a Corte de Justiça sobre a mediação 
obrigatória diante do questionamento de incompatiilidade do D. Legs. 28/2010 com a normativa 
europeia: <http://www.mondoadr.it/cms/ wp-content/uploads/commissione-Ue-sanzioni-
conciliazione.pdf> Acesso em: 14 ago. 2012. 
4
 Os detalhes sobre a audiência pública podem ser conferidos no site da Corte Constitucional: 
<http://www.cortecostituzionale.it/documenti/lavori/doc/CC_CL_CC_20121011125729.pdf> 
5
 Série especial n. 49 de 12/12/12. Disponível em: www.gazzettaufficiale.it. Acesso em: 15 dez. 2012. 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 81 
Costituzione e sul funzionamento della Corte Costituzionale) e 
136 da Constituição Italiana, as disposições de uma norma, 
quando declaradas inconstitucionais, perdem a sua eficácia a 
partir do dia seguinte à publicação da decisão pelo tribunal 
constitucional. Assim, a partir de 13 de dezembro de 2012 a 
mediação obrigatória foi abolida do ordenamento italiano. 
 
Em junho de 2013 foi editado o Decreto legislativo 69, conhecido 
como "Decreto del fare), que alterou o D.L. 28, ere-introduziu a 
figura da mediação obrigatória, a partir dos parâmetros fixados 
pela Suprema Corte Italiana, superando assim o vício formal 
antes apontado, e refinando a linguagem imprecisa que constava 
na redação original do D.L. 28. 
 
Mediação consensual 
Apesar de toda a preocupação com o uso da mediação no processo judicial, e 
mesmo a percepção de suas vantagens, somos de opinião que o melhor modelo 
é aquele que admoesta as partes a procurar a solução consensual, com todas 
as suas forças, antes de ingressar com a demanda judicial. Não parece ser ideal 
a solução que preconiza apenas um sistema de mediação incidental muito bem 
aparelhado, eis que já terá havido a movimentação da máquina judiciária, 
quando, em muitos dos casos, isso poderia ter sido evitado. 
 
Por outro lado, não concordamos com a ideia de uma mediação ou conciliação 
obrigatória; é da essência desses procedimentos a voluntariedade. Essa 
característica não pode ser jamais comprometida, mesmo que sob o argumento 
de que se trata de uma forma de educar o povo e implementar uma nova 
forma de política pública. Mas é forçoso reconhecer que em certos casos a 
mediação e a conciliação devem ser etapas regulamentares do procedimento, 
na medida em que tais ferramentas se mostram as mais adequadas ao deslinde 
daquele conflito em especial. 
 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 82 
Pensar em uma instância prévia e obrigatória de conciliação, em hipóteses em 
que se discute apenas uma questão patrimonial, ou impor sanções pela não 
aceitação de um acordo razoável (como o pagamento das custas do processo 
ou dos honorários advocatícios, mesmo em caso de vitória, quando aquele valor 
é exatamente o que foi decidido pelo magistrado na sentença), podem ser 
soluções válidas – são exemplos do direito inglês e do direito norte-americano 
que merecem ser estudados. 
 
Os exemplos aludidos não devem ser considerados numa mediação, onde há 
questões emocionais profundas, muitas vezes inconscientes, que demandam 
tempo, amadurecimento e mútua confiança para serem expostas e resolvidas. 
 
Sujeitar a admissibilidade da ação a uma tentativa prévia e obrigatória de 
mediação, num caso de grande complexidade, acarretará uma das seguintes 
situações: 
a) As partes farão uma mediação simulada e, após duas ou três sessões, dirão 
que o acordo é impossível, preenchendo, dessa forma, a condição legal que 
lhes foi imposta; 
b) As partes se submeterão a um procedimento superficial, e verdadeira 
questão subjacente aquele conflito, que funciona como motor propulsor oculto 
de toda aquela litigiosidade, não será sequer examinada; 
c) As partes se recusarão a participar do ato, por saberem que não há 
condições de viabilidade no acordo, e o juiz rejeitará a petição inicial, por 
ausência de condição de procedibilidade, o que, provavelmente, acirrará ainda 
mais os ânimos. 
 
Nenhuma dessas hipóteses parece estar de acordo com a índole pacificadora da 
moderna concepção da jurisdição. Contudo, é forçoso reconhecer que é 
necessário buscar uma solução para a hipótese na qual a mediação é a solução 
mais indicada e as partes a recusam sem uma razão plausível. Não se pode 
permitir que o Judiciário seja utilizado, abusado ou manipulado pelos caprichos 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 83 
de litigantes que, simplesmente, querem brigar ou levar o conflito a novas 
fronteiras. 
 
Interesse em agir 
Reafirmamos aqui nossa opinião no sentido de que as partes deveriam ter a 
obrigação de demonstrar ao juízo que tentaram, de alguma forma, buscar uma 
solução consensual para o conflito. 
 
Sustentamos, como já dito antes, ampliação no conceito processual do 
interesse em agir, acolhendo a ideia da adequação, dentro do binômio 
necessidade-utilidade, como forma de racionalizar a prestação jurisdicional e 
evitar a procura desnecessária pelo Poder Judiciário ou mesmo ou abuso do 
direito de ação. 
 
Poderíamos até dizer que se trata de uma interpretação neoconstitucional do 
interesse em agir que adequa essa condição para o regular exercício do direito 
de ação às novas concepções do Estado Democrático de Direito. 
 
Interessante observar que Neil Andrews remete em sua obra ao dever das 
partes de explicar o motivo da recusa em se submeter aos meios alternativos. 
Mas essa é apenas uma das facetas dessa visão. A outra, talvez a mais 
importante, é a consciência do próprio Poder Judiciário de que o cumprimento 
de seu papel constitucional não conduz, obrigatoriamente, à intervenção em 
todo e qualquer conflito. 
 
Tal visão pode levar a uma dificuldade de sintonia com o Princípio da 
Indelegabilidade da Jurisdição, na esteira de que o juiz não pode se eximir de 
sua função de julgar, ou seja, se um cidadão bate às portas do Poder Judiciário, 
seu acesso não pode ser negado ou dificultado, na forma do Artigo 5º, inciso 
XXXV, da Carta de 1988. 
 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 84 
O juiz e os processos de solução de conflitos 
O que deve ser esclarecido é que o fato de um jurisdicionado solicitar a 
prestação estatal não significa que o Poder Judiciário deva, sempre e 
necessariamente, ofertar uma resposta de índole impositiva, limitando-se a 
aplicar a lei ao caso concreto. Pode ser que o juiz entenda que aquelas partes 
precisem ser submetidas a uma instância conciliatória, pacificadora, antes de 
uma decisão técnica. 
 
E isso fica muito claro no Projeto do novo CPC, na medida em que o Artigo 139 
confere uma série de poderes ao juiz, sobretudo no que se refere à direção do 
processo, mencionando expressamente a adequação e a flexibilização mitigada 
como instrumentos para se alcançar a efetividade. 
 
Nesse passo, é evidente que a maior preocupação do juiz será com a efetiva 
pacificação daquele litígio, e não apenas com a prolação de uma sentença, 
como forma de resposta técnico-jurídica à provocação do jurisdicionado. 
Se o novo CPC exige do juiz uma fidelidade absoluta aos princípios 
constitucionais, convertendo-se, de forma inquestionável, num agente 
preservador das garantias constitucionais, por outro lado, outorga-lhe 
instrumentos para que possa conhecer o conflito a fundo, compreendendo suas 
razões, ainda que metajurídicas, a fim de promover a sua pacificação. 
 
 
Atenção 
 Nesse sentido, é preciso forjar um sistema equilibrado entre a 
mediação judicial e a extrajudicial, de modo a observar de forma 
intransigente a garantia do acesso à justiça e manter um 
Judiciário ágil, rápido e efetivo. Uma vez ajuizada a demanda, 
assim como temos desenvolvido um sistema de filtros para as 
causas repetitivas, temos que pensar também um sistema 
multiportas que se adapte a cada tipo de conflito. 
 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 85 
Rede colaborativa 
Outro ponto que me parece vital é a construção de uma rede colaborativa 
envolvendo órgãos do Poder Judiciário e setores da sociedade civil organizada 
que detenha a estrutura necessária para ofertar esse serviço em regime de 
cooperação. Isso se refere a cartórios extrajudiciais, universidades públicas e 
privadas, associações de classe, Defensoria Pública, Ministério Público e 
Advocacia Pública. 
 
Pensar apenas na mediação judicial não resolverá o problema da sobrecarga de 
trabalho, que hoje pesa sobre os ombros dos magistrados. Ao contrário, 
provavelmente causará um novo boom de demandas, assim como ocorreu com 
a edição do CDC em 1990 e com a instituição dos Juizados Especiais Civis, em 
1995. 
 
Diante disso, forçoso reconhecer que, antes de editar nossa futura lei de 
mediação, temos que construir essa rede e deixá-la preparada para o volume 
de demandasque está por vir, sob pena de comprometermos esse instituto 
antes mesmo da sua vigência. 
 
Atividade proposta 
Tendo em vista o conteúdo visto sobre o eventual uso da mediação obrigatória 
no direito brasileiro, aponte as principais desvantagens apontadas pela 
doutrina, bem como os efeitos colaterais que podem daí advir. 
 
Chave de resposta: Podem ser apresentadas as seguintes considerações: a) 
Eventual problema de inconstitucionalidade, frente ao Artigo 5°, XXXV, da C.F.; 
b) Falta de efetividade diante da dificuldade de conseguir o acordo em alguns 
casos; c) Possível realização de ato simulado apenas para satisfazer a condição 
legal imposta; d) Possível comprometimento da celeridade; e) Aumento do nível 
de litigiosidade diante do uso inadequado dos meios alternativos. 
 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 86 
Aprenda Mais 
 
Material complementar 
 
Para saber mais sobre o tema da aula leia os seguinte textos: 
"O futuro da mediação na Itália", texto de Michele Paumgartten, publicado no 
vol. XI da Revista Eletrônica de Direito Processual. 
"Mediação obrigatória", texto de Michele Paumgartten e Humberto Dalla, 
publicado no XX Congresso Nacional do Conpedi. 
"Mediação obrigatória - um contra-senso", de autoria de Maria Rita 
Drummond. 
 
 
Referências 
ANDREWS, Neil. O Moderno Processo Civil: formas judiciais e alternativas de 
resolução de conflitos na Inglaterra. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009. 
 
BONAFE-SCHMITT, Jean-Pierre. Os modelos de mediação: modelos latinos e 
anglo-saxões de mediação. Meritum – Revista de Direito da Universidade 
FUMEC, Belo Horizonte, vol. 7, n. 2, jul./dez. 2012, p. 181/228. 
 
COSTA E SILVA, Paula. A nova face da justiça: os meios extrajudiciais de 
resolução de controvérsias. Lisboa: Coimbra Editora, 2009. 
 
GABBAY, Daniela Monteiro. Mediação & Judiciário no Brasil e nos Estados 
Unidos: condições, desafios e limites para a institucionalização da mediação no 
Judiciário. Brasília: Gazeta Jurídica, 2013. 
 
HILL, FLAVIA. A nova lei de mediação italiana. Revista Eletrônica de Direito 
Processual, vol. VI, p. 294-321. 
 
PAUMGARTTEN, Michele Pedrosa; PINHO, Humberto Dalla Bernardina de. A 
Experiência Italo-Brasileira no uso da mediação em resposta à crise do 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 87 
monopólio estatal de solução de conflitos e a garantia do acesso à justiça. 
Revista Eletrônica de Direito Processual, vol. 8, 2011, p. 443-471. 
Disponível em: http://www.redp.com.br 
 
PAUMGARTTEN, Michele Pedrosa; PINHO, Humberto Dalla Bernardina de. 
Mediación Obligatoria: una versión moderna del autoritarismo procesal. 
Revista Eletrônica de Direito Processual, vol. 10, p. 210-225, 2012. 
Disponível em: http://www.redp.com.br 
 
PAUMGARTTEN, Michele. O futuro da mediação na Itália após a decisão da 
Corte Constitucional da República. Revista Eletrônica de Direito 
Processual, vol. XI. Disponível em: http://www.redp.com.br 
 
Exercícios de fixação 
Questão 1 
Tendo em vista a Diretiva n° 52 da Comunidade Europeia e a ideia de 
institucionalizar a mediação nos estados-membros, é correto afirmar que: 
a) A diretiva instituiu a mediação obrigatória em todos os países da Comunidade 
Europeia. 
b) Todos os países devem instituir mecanismos de solução consensual de conflitos. 
c) Cada país deve adotar as ferramentas adequadas às suas peculiaridades, desde 
que contemplem a mediação obrigatória para conflitos em matéria de pequenas 
causas. 
d) Os países devem fazer plebiscitos para adotar a mediação obrigatória. 
e) Nos conflitos em matéria patrimonial, entre partes maiores e capazes, deve ser, 
necessariamente, adotada a mediação obrigatória. 
 
Questão 2 
No direito italiano, a mediação obrigatória foi instituída a partir do Decreto 
Legislativo nº 28 (DL nº 28), editado em março de 2010. Ocorre que, em 2012, 
a Suprema Corte daquele país considerou esse mecanismo inconstitucional 
porque: 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 88 
a) Ofendia o princípio constitucional do acesso à justiça. 
b) Atenta contra o princípio da inércia jurisdicional. 
c) Continha vício formal. 
d) Dependia de norma regulamentadora até então não editada. 
e) Dependia de emenda constitucional. 
 
Questão 3 
Tendo em vista as diretrizes do DL nº 28, aponte a alternativa falsa. 
a) A mediação deveria ser contemplada no decreto legislativo como meio de 
solução de litígios envolvendo direitos disponíveis; e deveria ser instituído um 
registro dos organismos de mediação mantido pelo Ministério da Justiça. 
b) A possibilidade de a Ordem dos Advogados e demais conselhos profissionais 
instituírem órgãos de mediação. 
c) A possibilidade de nomeação de peritos pelo mediador, caso entenda por 
necessário; e a previsão regulamentada dos honorários dos mediadores, a ser 
majorado em caso de celebração de acordo. 
d) Previsão do dever conferido ao advogado de informar seu cliente sobre a 
possibilidade de mediação antes da instauração do processo judicial. 
e) Vedação a que a mediação tenha duração superior a sessenta dias. 
 
Questão 4 
Levando em conta as iniciativas legislativas brasileiras sobre mediação, aponte 
qual destes diplomas previu, em determinadas hipóteses, a figura da mediação 
obrigatória: 
a) Projeto de Lei nº 94/02 
b) Projeto de Lei do Senado nº 517/11 
c) Projeto de Lei do Senado nº 434/11 
d) Projeto de Lei do Senado nº 405/13 
e) Projeto de Lei do Senado nº 7.169/14 
 
Questão 5 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 89 
Tendo em vista as disposições do CPC projetado e do PL nº 7.169/14, podemos 
afirmar que: 
a) Conciliação e mediação podem ser utilizadas pelo magistrado apenas nos casos 
expressamente autorizados em lei. 
b) A mediação obrigatória pode ser utilizada se determinada pelo magistrado. 
c) O novo CPC prevê apenas a conciliação obrigatória, mas não a mediação 
obrigatória. 
d) O novo CPC não prevê mediação obrigatória, mas o nº PL 7.169/14 sim. 
e) Nem o novo CPC e nem o PL 7.169/14 preveem a mediação obrigatória. 
 
 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 90 
Aula 5 
Exercícios de fixação 
Questão 1 - B 
Justificativa: Embora alguns países, como a Itália, tenham feito uso da 
mediação obrigatória, por força de legislação interna, não há nenhuma regra na 
Diretiva nº 52 nesse sentido. 
 
Questão 2 - C 
Justificativa: Na decisão da Suprema Corte da Itália, ficou assentado que o vício 
era de forma, ou seja, a instituição da mediação obrigatória não poderia ser 
feita apenas por decreto legislativo. Posteriormente, em 2013, com a edição do 
DL nº 69, conhecido com Decreto del fare, o vício foi sanado. 
 
Questão 3 - E 
Justificativa: A última alternativa é falsa, pois o DL dispõe expressamente que a 
mediação pode ter duração de até quatro meses, sendo permitido, nesse 
período, que as partes se dirijam diretamente ao magistrado na eventualidade 
de necessitarem de alguma providência de urgência. 
 
Questão 4 - A 
Justificativa: Apenas o antigo Projeto nº 4.728, depois convertido no PL nº 
94/02, previa, em seu Artigo 34 a obrigatoriedade da mediação em 
determinadas hipóteses. 
 
Questão 5 - E 
Justificativa: Nem o CPC projetado e nem o PL nº 7.169/14 contemplam a 
figura da obrigatoriedade, mas apenas a conciliação e mediação facultativas. 
 
 
 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 91 
 
Introdução 
Vamos fazer um exame panorâmico do procedimento arbitral a partir das 
hipóteses de intervenção jurisdicional, em seguida veremos a questão da 
constitucionalidade, a partir do julgamento da SE nº 5.206 pelo STF, bem como 
os principais tópicosrelacionados aos limites objetivos e subjetivos ao uso do 
instituto, à competência e ao procedimento arbitral, desde a fase cognitiva até 
a execução da sentença arbitral, que é tratada pela Lei nº 9.307/96 e pelo 
Código de Processo Civil (CPC) como título executivo judicial. 
 
Objetivo: 
1. Estudar o instituto da arbitragem na legislação brasileira a partir da edição 
da Lei nº 9.307/96, enfocando, principalmente, a questão da 
constitucionalidade, dos limites objetivos e subjetivos para sua utilização e os 
princípios informadores; 
2. Analisar as principais questões procedimentais e como elas são tratadas 
tanto pela Lei nº 9.307/96 como pelo CPC vigente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 92 
Conteúdo 
 
Arbitragem no ordenamento brasileiro 
O ponto central da discussão dizia respeito à autonomia da cláusula 
compromissória, ou seja, o pacto de arbitragem, feito antes do surgimento do 
litígio. Pela letra da Lei, declarada constitucional pelo STF, ainda que por 
maioria, a recusa em cumprir a cláusula daria ensejo ao ajuizamento de 
demanda especial, com o objetivo de obter em juízo o suprimento judicial da 
vontade não manifestada (realização da arbitragem). 
 
Alguns pontos da Lei nº 9.307/96 foram questionados em arguição incidental 
de inconstitucionalidade nos autos de homologação de sentença estrangeira, 
que tramitou pelo STF por mais de cinco anos. Após intensos debates, o 
Pretório decidiu, por maioria, pela constitucionalidade desses dispositivos, 
garantindo a efetividade da arbitragem no ordenamento brasileiro. Assim ficou 
redigida a ementa do julgado. 
 
Concluído o julgamento de agravo regimental em sentença estrangeira em que 
se discutia incidentalmente a constitucionalidade da Lei 9.307/96 – Lei de 
Arbitragem (v. Informativos 71, 211, 221 e 226). O Tribunal, por maioria, 
declarou constitucional a Lei 9.307/96, por considerar que a manifestação de 
vontade da parte na cláusula compromissória no momento da celebração do 
contrato e a permissão dada ao juiz para que substitua a vontade da parte 
recalcitrante em firmar compromisso não ofendem o art. 5º, XXXV, da CF (“a lei 
não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”). 
Vencidos os Ministros Sepúlveda Pertence, relator, Sydney Sanches, Néri da 
Silveira e Moreira Alves, que, ao tempo em que emprestavam validade 
constitucional ao compromisso arbitral quando as partes de uma lide atual 
renunciam à via judicial e escolhem a alternativa da arbitragem para a solução 
do litígio, entendiam inconstitucionais a prévia manifestação de vontade da 
parte na cláusula compromissória – dada a indeterminação de seu objeto – e a 
possibilidade de a outra parte, havendo resistência quanto à instituição da 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 93 
arbitragem, recorrer ao Poder Judiciário para compelir a parte recalcitrante a 
firmar o compromisso, e, consequentemente, declaravam, por violação ao 
princípio do livre acesso ao Poder Judiciário, a inconstitucionalidade dos 
seguintes dispositivos da Lei 9.307/96: 1) o parágrafo único do art. 6º; 2) o art. 
7º e seus parágrafos; 3) no art. 41, as novas redações atribuídas ao art. 267, 
VII, e art. 301, IX, do Código de Processo Civil; 4) e do art. 42. O Tribunal, por 
unanimidade, proveu o agravo regimental para homologar a sentença arbitral. 
 
Discutiu-se se não se trataria de uma mera cláusula de conteúdo obrigacional, 
que deveria resolver-se em perdas e danos apenas, não ensejando a 
obrigatoriedade da utilização da solução arbitral em detrimento da solução 
jurisdicional, sobretudo diante dos termos do Artigo 5º, XXXV, CF/88. Contudo, 
prevaleceu o entendimento de que a livre manifestação de vontade, a 
previsibilidade das consequências do ato e a existência de lei clara sobre a 
matéria seriam suficientes para afastar qualquer alegação de 
inconstitucionalidade. 
 
A questão foi ainda discutida sob o ângulo da autonomia da sentença arbitral e 
a desnecessidade de sua homologação pelo Poder Judiciário, na forma do 
Artigo 31 da Lei nº 9.307/96. 
 
Os principais argumentos utilizados para questionar a inconstitucionalidade são 
os seguintes: 
a) Impossibilidade de alguém ser processado ou sentenciado, senão pela 
autoridade competente (Artigo 5º, LIII, CF); 
b) Subtração do juiz natural das partes (Artigo 5º, XXXVIII, CF); 
c) Subtração do devido processo legal (Artigo 5º, LIV, CF) e 
d) Acesso às vias recursais (Artigo 5º, LV, CF). 
 
Arbitragem e inconstitucionalidade 
A tese da inconstitucionalidade, mesmo antes de ser derrotada no seio do 
Supremo Tribunal Federal, já era minoritária em sede doutrinária. 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 94 
Joel Dias Figueira Júnior, defensor da constitucionalidade dos dispositivos, 
concorda com o exposto acima e enumera ainda outras razões pelas quais deve 
ser considerada a Lei nº 9.307/96 apta a produzir efeitos: 
 
Considerações sobre a Lei nº 9.307/96 
 
a) O acesso à jurisdição estatal não deixa de estar garantido às partes. Pelo 
contrário, está expressamente permitido no Artigo 33. Caberá à parte 
interessada demandar ao Judiciário a anulação da sentença arbitral ou interpor 
embargos à execução (Artigo 33, § 3º, da Lei nº 9.307/96 c/c o Artigo 741, 
CPC), sempre que haja ocorrido nulidade (Artigo 32) ou alguma das 
circunstâncias do Artigo 20, §§ 1º e 2º, da Lei nº 9.307/96; 
b) A execução forçada da sentença somente se dá através da provocação da 
jurisdição estatal, porque decisão é título executivo judicial, conforme Artigo 
584, III, CPC c/c o Artigo 41 da Lei nº 9.307/96 (atente-se ao fato de que hoje 
o Artigo 584 encontra-se revogado pela Lei nº 11.232/2005. A norma passou a 
estar contida no Artigo 475-N, CPC). 
c) As tutelas de urgência acautelatórias, antecipatórias e inibitórias ou 
coercitivas somente poderão ser efetivadas pelos juízes togados, pois falta aos 
árbitros a executio. 
d) Surgindo questão que verse sobre direitos indisponíveis, o árbitro deverá 
suspender o procedimento arbitral, remetendo as partes às vias ordinárias até 
que se resolva a questão (Artigo 25 e parágrafo único); 
e) Caberá ao Poder Judiciário decidir a respeito da instauração do juízo arbitral 
quando houver cláusula compromissória e resistência de um dos litigantes em 
cumpri-la (Artigo 7º); 
f) Os laudos arbitrais estrangeiros estarão sempre sujeitos à homologação pelo 
STJ (Artigo 35, observado o disposto na EC nº 45/2004, que transferiu essa 
competência do STF para o STJ). 
 
A tese da inconstitucionalidade, mesmo antes de ser derrotada no seio do 
Supremo Tribunal Federal, já era minoritária em sede doutrinária. 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 95 
Vista essa questão, falaremos um pouco, agora, dos limites objetivos e 
subjetivos para o uso da arbitragem. 
 
Em relação à irrecorribilidade da decisão proferida pelo árbitro, não há o que se 
falar em afronta a princípios constitucionais, pois, ambas as partes acordaram 
em submeter seus litígios a árbitro de sua confiança. Presume-se, então, que 
haja total fidúcia das partes em relação à decisão que será proferida. 
 
Limites objetivos e subjetivos para o uso da arbitragem 
É bastante amplo o campo de atuação da arbitragem no Brasil. De acordo com 
o Artigo 1º da Lei nº 9.307/97, apenas podem ser objeto da arbitragem 
os direitos patrimoniais disponíveis, isto é, aqueles passíveis de conversão 
monetária e que se encontrem na livre disposição do seu titular. Ficam, 
portanto, excluídos da arbitragem os direitos não patrimoniais e os 
indisponíveis. 
 
São excluídas as matérias de natureza familiar ou de Estado,ou seja, 
relativas à capacidade da pessoa ou ao seu estado (p. ex., alimentos, 
filiação, pátrio poder, casamento etc.), bem como as de ordem fiscal e 
tributária. As causas de falência, concordata, que envolvam coisas fora do 
comércio ou que exijam a participação do Ministério Público, também não 
podem ser submetidas à solução pela via arbitral. 
 
As questões excluídas do objeto da controvérsia podem ser apreciadas 
incidentalmente, com o escopo de esclarecer ou servir de sustentação à matéria 
de fundo. Essa apreciação incidental não se confunde com a ação declaratória 
incidental. Se o árbitro não tem jurisdição para conhecer de determinada 
matéria em sede principal, tampouco a poderá conhecer em sede 
incidental.Questão controvertida na doutrina é a arbitragem envolvendo 
entidades de direito público... Veja a seguir. 
 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 96 
Arbitragem envolvendo entidades de direito público 
A questão analisa se os interesses da Administração Pública são sempre 
indisponíveis e, por isso, insuscetíveis de serem submetidos à arbitragem. O 
interesse público nem sempre se confunde com o interesse da Administração 
Pública e, mais do que considerá-lo indisponível, tem‑se que ressaltar que gera 
efeitos disponíveis. Como exemplo, temos a possibilidade de a Administração 
Pública transigir a respeito de interesses a ela referidos em processos judiciais, 
como acontece nos Juizados Especiais (Artigo 10 da Lei nº 10.259/2001). Dessa 
forma, em se tratando de direito disponível ou de direito com efeitos 
disponíveis, não há óbice que a Administração Pública se submeta à arbitragem. 
 
Com efeito, a edição da Emenda Constitucional nº 19/98, que alterou a redação 
do § 1º do Artigo 173 da Constituição Federal, abriu caminho para a inovação. 
Nesse sentido, encontramos a Lei nº 11.079/2004, conhecida como a Lei das 
Parcerias Público-Privadas (PPPs) e a Lei nº 11.196, de 2005, que acrescentou 
dispositivos na Lei Geral da Concessão e Permissão de Serviços Públicos (Lei nº 
8.987/2005). O Artigo 11 da Lei das PPPs e o novo Artigo 23-A da Lei de 
Concessões dispõem que tais contratos poderão “prever o emprego de 
mecanismos privados para resolução de disputas decorrentes ou relacionadas 
ao contrato, inclusive a arbitragem, a ser realizada no Brasil e em língua 
portuguesa, nos termos da Lei n. 9.307, de 23 de setembro de 1996”.Esse 
entendimento vem sendo prestigiado pela doutrina mais moderna e também 
pela jurisprudência. 
 
Relação arbitragem e pessoa 
Em relação ao sujeito, apenas podem se submeter à arbitragem pessoas 
capazes (Artigo 1º da Lei nº 9.307/96), sendo a capacidade não compreendida 
como a capacidade processual, mas sim como a capacidade civil plena, e as 
pessoas jurídicas. Exige-se, ainda, que os sujeitos possam livremente 
manifestar sua vontade, não bastando que apenas uma das partes deseje que 
o litígio não seja levado ao Poder Judiciário. 
 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 97 
As exceções a essa regra são os casos de sucessão de empresas e de cessão de 
contrato. Em se tratando de sucessão de empresas, a incorporadora da 
signatária da convenção de arbitragem ficará sub‑rogada na obrigação de se 
sujeitar à arbitragem, como, aliás, ocorre com todos os direitos e obrigações da 
incorporada (Artigo 1.116, CC). Já o caso de cessão de contrato ocorrerá 
quando no contrato cedido constar cláusula de sujeição obrigatória à 
arbitragem, que deverá ser respeitada. 
 
Princípios da arbitragem 
A seguir trataremos da principiologia da Arbitragem. Acompanhe. 
São princípios da arbitragem: 
 
Autonomia da vontade e autonomia privada: as partes maiores e capazes, 
pessoas físicas ou jurídicas, podem, por livre manifestação de vontade, decidir 
se submetem à arbitragem, escolhendo o juízo arbitral no lugar do juízo estatal, 
a lei aplicável (nacional ou estrangeira) ou até o julgamento por equidade, o 
número de árbitros, o procedimento da arbitragem e o prazo em que a 
sentença será proferida, caso seja frustrada a conciliação. 
 
Eleição da lei aplicável (nacional ou estrangeira): desde que não viole os 
bons costumes e a ordem pública (Artigo 2º da Lei da Arbitragem e Artigos 9º e 
17 da LINDB). 
 
Processo legal: a escolha do procedimento não poderá ofender as garantias 
constitucionais da igualdade, do contraditório, da ampla defesa, da 
imparcialidade dos árbitros e do livre convencimento motivado. 
 
Efeito vinculante da cláusula arbitral: as partes ficam submetidas à 
sentença arbitral, qualquer que seja o resultado da demanda. 
 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 98 
Inevitabilidade dos efeitos da sentença arbitral: a sentença arbitral é 
acobertada pela coisa julgada material e constitui título executivo judicial, 
sendo vedado às partes rediscutir a questão no Poder Judiciário. 
 
Autonomia entre a cláusula arbitral e o contrato: eventual irregularidade 
ou invalidade do contrato não compromete a cláusula arbitral. 
 
Competência: cabe aos árbitros decidir sobre a existência, sobre a validade e 
sobre a eficácia da convenção da arbitragem. 
 
Convenção de arbitragem 
Passemos agora à convenção de arbitragem. 
 
Convenção de arbitragem é o acordo no qual as partes interessadas se 
submetem a solução de seus litígios ao juízo arbitral, seja por meio de 
cláusula compromissória, seja por meio de compromisso arbitral 
(Artigo 3º). 
 
A cláusula compromissória e o compromisso arbitral são, portanto, espécies de 
convenção de arbitragem. A cláusula compromissória refere‑se ao futuro, sendo 
inserida no contrato, para que qualquer litígio que se origine do contrato no 
qual está inserido a cláusula seja submetido à arbitragem, sendo, por isso, 
denominada antecedente natural da arbitragem. Deve sempre ser estipulada 
por escrito, nunca pode ser presumida (Artigo 4º, § 1º). 
 
Ao redigir a cláusula, os contratantes podem ou não instituir algum tribunal 
arbitral ou entidade especializada. Nesse caso, se ocorrer a necessidade de 
instauração da jurisdição privada, a sua instituição e processamento realizar‑se‑
ão de acordo com as respectivas regras internas da instituição escolhida. 
 
Essa é a chamada arbitragem institucional, que possui inúmeras instituições e 
escritórios de advocacia especializados na sua consecução, como a American 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 99 
Arbitration Association e o International Chamber of Commerce. As partes 
poderão ainda estabelecer na própria cláusula, ou em documento diverso, a 
forma convencionada para a instituição da arbitragem, chamada arbitragem ad 
hoc. 
 
Cláusula Compromissória 
Diante do novo sistema, a cláusula compromissória reveste--se de força 
vinculante ou cogente. É obrigatória entre os contratantes e é autônoma em 
relação ao contrato em que é inserida, de modo que a nulidade do contrato não 
implicará a nulidade da arbitragem. Desse modo, uma vez eleita a via 
paraestatal da arbitragem, as partes não mais poderão recorrer ao Judiciário, 
salvo em caso de distrato ou pelas demais hipóteses específicas previstas em 
lei, como na hipótese de reconhecimento do pedido, suspeição, incompetência, 
nulidade, invalidade ou ineficácia da convenção arbitral, nulidade da sentença 
arbitral. 
 
A cláusula compromissória pode ser inserida no contrato conforme a vontade 
das partes, onde convencionaram e se comprometeram a submeter à jurisdição 
privada os litígios, porventura surgidos, e decorrentes do contrato em questão 
(art. 4º). A cláusula pode estar em um documento anexo também. 
 
Contudo, em se tratando de cláusula compromissória em contrato de adesão, 
que são frequentes nas relaçõesde consumo, a cláusula compromissória só 
terá eficácia se observar um dos seguintes requisitos: 
 
a) redação em documento separado, firmado pela parte aderente; 
b) cláusula redigida em negrito, dentro do contexto contratual, com a 
assinatura ou com o visto do aderente, especialmente lançados para tal 
cláusula. 
 
Institui uma obrigação de fazer, isto é, de instaurar um procedimento arbitral 
quando do cumprimento do contrato incorrer em litígio. A lei, porém, prevê 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 100 
duas situações distintas: uma, que o compromisso tenha disciplinado a matéria 
(cláusula compromissória cheia) ou quando tenha sido omisso a respeito 
(cláusula compromissória vazia). 
 
Será cheia quando estiverem determinados todos os elementos essenciais para 
a instituição da arbitragem, que poderá se vincular às regras de algum órgão 
institucional ou entidade especializada, disciplinar no contrato suas regras ou, 
ainda, sem previsão específica, seguir a disciplina procedimental do art. 7º da 
Lei da Arbitragem. 
 
Sendo a cláusula compromissória cheia, não será necessária a elaboração do 
compromisso arbitral, de que trata o art. 9º.6 Explica-se: não se foge à 
exigência legal do compromisso, mas apenas se percebe que suas disposições 
já constam na cláusula compromissória cheia. 
 
Será vazia quando tais elementos não estão contemplados, ficando sua 
estipulação diferida para o momento em que a arbitragem efetivamente se 
mostre necessária. 
 
No caso de cláusula compromissória vazia, uma vez nascida a controvérsia, as 
partes deverão cumprir a cláusula compromissória, firmando o compromisso 
arbitral. Caso uma das partes se recuse a firmar tal compromisso, a outra parte 
terá de buscar o Poder Judiciário para suprimento de vontade. 
 
A cláusula compromissória é autônoma em relação ao contrato em que se 
encontra inserta. Trata--se, na verdade, de subcontrato ou contrato acessório, 
que se reveste de autonomia em relação ao vínculo principal, de forma que a 
nulidade deste não importa na nulidade daquela. 
Quem teria competência para declarar a nulidade da cláusula compromissória 
ou de um contrato que contivesse uma cláusula compromissória? A resposta 
 
6 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e processo. São Paulo: Atlas, 2004, p. 103. 
 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 101 
envolve o estudo da autonomia da cláusula em relação ao contrato em que 
estiver inserida e o problema da “Kompetenz--Kompetenz”, i.e., competência dos 
árbitros para decidir sobre sua própria competência, teoria hoje largamente 
aceita. 
 
A convenção de arbitragem decorrente de cláusula contratual expressa e escrita 
tem por finalidade gerar entre os contratantes o compromisso inarredável de 
submeterem-se à jurisdição arbitral a solução dos conflitos que, por ventura, 
surjam em decorrência do contrato principal entre eles firmado, de maneira a 
excluir terminantemente a busca da tutela pretendida a ser conferida pelo 
Estado-Juiz. 
 
Compromisso arbitral 
No compromisso arbitral efetivamente se estipulam todos os elementos da 
arbitragem, dando ensejo à abertura do procedimento por árbitros. O 
compromisso arbitral pode ser judicial, quando celebrado perante a autoridade 
judiciária, tomado por termo nos autos, ou extrajudicial, quando se celebra fora 
de qualquer processo judicial e que se formaliza mediante instrumento público 
ou por instrumento particular, assinado por duas testemunhas. Qualquer que 
seja a sua forma, esse compromisso deve obrigatoriamente conter, sob pena de 
nulidade da arbitragem, os requisitos dos Artigos 10 e 11 da Lei nº 9.307/96 e 
está regulado no Artigo 9º do referido diploma legal. 
 
O compromisso não exige a previsão de arbitragem em cláusula contratual. No 
compromisso, as partes devem firmar a matéria posta à arbitragem, o que 
revela sua principal função. Será judicial quando instaurado perante o Estado‑
Juiz, em razão da demanda fundada no Artigo 7º da Lei nº 9.307/96, ou 
porque, no decorrer do processo principal de conhecimento, as partes, de 
comum acordo, assim resolveram dispor, extinguindo o processo judicial e 
iniciando o privado de arbitragem (Artigo 267, VII, CPC). 
Será celebrado por termos nos autos, em atenção aos requisitos contidos nos 
Artigo 10 e 21, § 2º, perante o juiz ou o tribunal por onde tramita o processo 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 102 
(Artigo 9º, § 1º, Lei nº 9.307/96). Por sua vez, o compromisso extrajudicial 
será celebrado por escrito particular, firmado pelas partes e por duas 
testemunhas ou por instrumento público (Artigo 9º, § 2º, Lei nº 9.307/96). 
 
Lei nº 9.307/96 
A lei brasileira não estabelece procedimento específico para o desenvolvimento 
da arbitragem, deixando ao alvitre dos interessados ou, subsidiariamente, do 
árbitro, a eleição do rito a ser seguido (Artigo 21 da Lei nº 9.307/96). 
 
Assim, obedecidos aos princípios estabelecidos no Artigo 21, § 2º, como o 
contraditório, a igualdade das partes, a imparcialidade do árbitro e seu livre 
convencimento, núcleos da garantia do devido processo legal, qualquer 
procedimento utilizado é considerado válido, especialmente porque estabelecido 
pela concordância das partes. 
 
Dessa forma, o que não se pode aceitar, ainda que em concordância das 
partes, é o estabelecimento de procedimento que restrinja o direito ao 
contraditório e à ampla defesa. 
 
Caso se faça necessária a cognição de questão prejudicial para o adequado 
deslinde da matéria apresentada, o feito deverá ser suspenso até manifestação 
do Estado-Juiz (Artigo 25, Lei nº 9.307/96). Não há limite de tempo estipulado 
para essa suspensão. 
 
Desenvolvimento da Arbitragem no Brasil 
Na petição inicial o autor indicará precisamente o objeto da arbitragem, ou 
seja, o conflito, a lide sobre a qual deverá incidir a arbitragem, acompanhada 
do documento que represente a cláusula compromissória (art. 7º, § 1º, Lei n. 
9.307/96). O ex adverso será citado para comparecer a juízo, em dia e hora 
pré-determinados pelo juiz, a fim de lavrar o compromisso judicialmente, em 
audiência designada para esse fim específico (art. 7º, § 2º, Lei n. 9.307/96). 
 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 103 
A ausência injustificada do autor, a essa audiência de lavratura do 
compromisso, importa em extinção do processo sem julgamento do mérito (art. 
7º, § 5º, Lei n. 9.307/96). Não comparecendo o réu, caberá ao juiz, após ouvir 
o autor, decidir a respeito do conteúdo do compromisso (art. 7º, § 6º, Lei n. 
9.307/96). 
 
Aberta a audiência, o juiz tentará, inicialmente, compor a lide amigavelmente, 
através da transação e da conciliação. Frutificando o acordo, será reduzido a 
termo, homologado e assinado pelas partes, e valerá como título executivo 
judicial. Não sendo feliz a tentativa de obter a conciliação, o juiz procurará 
conduzir as partes à celebração do compromisso arbitral, em comum acordo 
(art. 7º, § 2º, Lei n. 9.307/96). 
 
Frutificado o acordo, será reduzido a termo, homologado e assinado pelas 
partes, e valerá como título executivo judicial. Não sendo feliz a tentativa de 
obter a conciliação, o juiz procurará conduzir as partes à celebração do 
compromisso arbitral, em comum acordo (art. 7º, § 2º, Lei n. 9.307/96). 
 
Se as partes não acordarem quanto aos termos do compromisso, o juiz ouvirá 
os litigantes e, em seguida, decidirá sobre sua celebração e conteúdo ou, não 
se sentindo habilitado, fará os autos conclusos e proferirá a decisão em 10 dias. 
 
Ao decidir, o juiz ficará adstrito aos termos da cláusula compromissória e 
atenderáaos requisitos definidos nos arts. 10 e 21, § 2º, da Lei de Arbitragem 
(art. 7º, Lei n. 9.307/96), e, no mesmo ato, nomeará os árbitros indicados na 
cláusula compromissória. Se por acaso esta for omissa, caberá ao juiz na 
sentença, nomear um árbitro único para dirimir o conflito em questão (art. 7º, § 
4º, Lei n. 9.307/96). 
 
A sentença de mérito que acolher o pedido do autor valerá como compromisso 
arbitral, podendo o interessado vencedor, após o trânsito em julgado, instituir a 
jurisdição privada (art. 7º, § 7º, Lei n. 9.307/96). Da sentença que julgar 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 104 
procedente o pedido de instituição da arbitragem caberá apelação, a qual será 
recebida sempre no efeito devolutivo (art. 42, Lei n. 9.307/96 c/c o art. 520, VI, 
CPC). O STJ entendeu que, caso ocorra, é possível o conflito de competência 
entre um órgão jurisdicional do Estado e uma câmara arbitral, já que a 
arbitragem tem natureza jurisdicional7. 
 
Não caberá ao Estado-juiz decidir acerca da existência, validade ou eficácia da 
convenção de arbitragem ou do contrato que contenha a cláusula 
compromissória. Somente ao árbitro ou tribunal arbitral compete o 
reconhecimento dessas matérias, seja de ofício ou mediante provocação de 
qualquer das partes (art. 8º, parágrafo único). 
 
A arbitragem considera-se instaurada quando a nomeação do árbitro é aceita 
por ele, ou por todos os componentes do colegiado indicado, art. 19 (no caso 
de haver vários árbitros). 
 
O art. 22, § 2º, da lei permite que o árbitro requeira à autoridade judiciária, que 
seria competente para julgar a ação principal, que conduza a testemunha 
faltosa, desde que instrua o requerimento com a convenção de arbitragem. 
Dispõe, ainda, o art. 22, § 4º, que ressalvando o contido no § 2º do mesmo 
artigo, havendo necessidade de implementação de medidas coercitivas ou 
cautelares, os árbitros poderão solicitá--las ao Poder Judiciário que seria 
competente para julgar a ação principal. 
 
Chega, então, a fase da prolação da sentença. 
 
Prolação da sentença 
O principal efeito das sentenças arbitrais é a produção de resultados concretos 
no plano material e do direito objetivo, reequilibrando a situação fática e 
 
7
 STJ, CC 111.230-DF, rel. Min. Nancy Andrighi, j. 08-05-2013, Informativo STJ, n. 522. 
 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 105 
jurídica, constituindo um título executivo judicial, no caso das sentenças 
condenatórias, e encerrando o juízo arbitral (Artigo 31 da Lei nº 9.307). 
 
O árbitro publicará a decisão comunicando às partes, por qualquer meio idôneo, 
ou designará audiência destinada à leitura, intimação e publicação da sentença 
arbitral, entregando uma cópia às partes pessoalmente e mediante recibo 
(Artigo 29, Lei nº 9.307/96). 
 
Decorridos os cinco dias destinados à interposição de embargos de declaração 
(Artigo 30 da Lei nº 9.307/96), a sentença faz coisa julgada material, 
produzindo-se entre as partes litigantes e seus sucessores os mesmos efeitos 
de sentença proferida pelos órgãos do Poder Judiciário, constituindo título 
executivo judicial, caso seja de natureza condenatória (Artigo 31). 
 
A ressalva é que a sentença arbitral não contém, entre seus efeitos, a 
expressão de imperium, por não se tratar de ato estatal. 
 
Dessa sentença não caberá nenhum tipo de recurso (ressalvados os embargos 
de declaração que serão dirigidos aos árbitros – Artigo 30), ou homologação 
pelo Poder Judiciário (Artigo 18); as partes não poderão, tampouco, submeter o 
mesmo litígio à apreciação do Estado-Juiz ou da jurisdição privada. 
 
A sentença deverá ser apresentada na forma escrita (Artigo 24, caput) e 
assinada pelo árbitro ou árbitros. Caberá ao presidente do tribunal arbitral, no 
caso de um ou alguns árbitros não poderem ou não desejarem assinar a 
sentença, certificar tal fato (Artigo 26, parágrafo único). 
 
São requisitos indispensáveis à sentença arbitral: 
a. Relatório: deve conter o nome das partes e um síntese do litígio e das 
principais ocorrências verificadas durante o procedimento; 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 106 
b. Fundamentos da decisão: em que serão analisadas as questões de fato e de 
direito. Se o julgamento for fundado em equidade, os árbitros devem fazer 
menção a essa circunstância; 
c. Disposição ou parte dispositiva: é a conclusão sobre a qual o árbitro ou 
tribunal solucionou a lide. 
d. Data e local em que foi proferida. 
Com exceção deste último item, que é considerado erro material e pode ser 
corrigido a qualquer tempo, a inobservância dos demais importará em nulidade 
da sentença arbitral, que será assim declarada e desconstituída pelo Poder 
Judiciário, mediante provocação do interessado (Artigo 32, III, c/c o Artigo 33). 
 
No caso de tribunal arbitral, a sentença é tomada por maioria de votos, 
prevalecendo, no caso de dissidência invencível, o voto do presidente do 
tribunal (Artigo 24, § 1º). O árbitro vencido poderá declarar seu voto em 
separado, o que, todavia, não alterará a substância da decisão, nem terá 
repercussão em termos de impugnabilidade da sentença. 
 
A sentença será proferida no prazo acordado no compromisso ou, na falta 
dessa estipulação, no prazo máximo de seis meses, a contar da instituição da 
arbitragem. O prazo pode ser prorrogado quantas vezes as partes acharem 
necessário. Caso o prazo estipulado expire, a parte interessada comunicará ao 
árbitro por escrito, ou ao presidente do Tribunal, concedendo‑lhe 10 dias para 
prolatar e publicar a sentença, sob pena de extinção do compromisso arbitral. 
Se proferida fora do prazo, resultará em ato nulo (Artigo 32, VII). 
 
Concluída a sentença, as partes terão ciência de seu conteúdo, através do envio 
de cópia da decisão pessoalmente (com recibo), por via postal ou qualquer 
outro meio de comunicação, com prova de seu recebimento. 
 
Caso a sentença seja ultra, extra ou citra petita ela será declarada nula pelo 
Judiciário (Artigo 32 c/c o Artigo 33). 
 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 107 
Proferida a sentença arbitral, notificadas as partes, pronta estará a decisão para 
ser cumprida, já que a Lei nº 9.307/96 dispensou de homologação pelo Poder 
Judiciário a decisão proferida pelos árbitros (Artigo 18). 
 
Nulidade da sentença 
O Artigo 32 da Lei da Arbitragem arrola as hipóteses de nulidade da sentença 
arbitral. 
 
A nulidade da sentença, diante das hipóteses previstas em lei, deve ser 
pleiteada perante o Poder Judiciário, em demanda que seguirá o rito ordinário, 
a ser proposta em até noventa dias da data de prolação da sentença arbitral ou 
de seu aditamento. Ao declarar a nulidade da sentença arbitral, o Poder 
Judiciário determinará que nova sentença seja proferida, salvo se o fundamento 
for a vedação da arbitragem naquela situação. 
 
Destaque-‑se que tais hipóteses são consideradas taxativas, até como forma de 
preservação da vontade livre manifestada das partes que desejaram ir ao Poder 
Judiciário, só podendo, portanto, a arbitragem ser anulada pelo Poder 
Judiciário, a partir de requerimento, quando houver previsão legal expressa. 
 
Contudo, a declaração de nulidade da sentença arbitral também poderá ser 
pleiteada através dos embargos à execução, hoje impugnação ao cumprimento 
de sentença, na hipótese de se exigir seu cumprimento em juízo. 
 
A nova lei de arbitragem, em seu Artigo 31, concede à sentença arbitral os 
mesmos efeitos, entre as partes e seus sucessores, da sentença proferida pela 
autoridade judiciária. Sendo a sentença de natureza condenatória, constituirá 
título executivo judicial,conforme o Artigo 475‑N, CPC, inserido pela Lei nº 
11.232/2005, que revogou o Artigo 584, também do CPC. 
A sentença arbitral admite qualquer modalidade de execução (execução de 
quantia certa, de obrigação de fazer e não fazer ou de entrega de coisa). Findo 
o prazo fixado na sentença arbitral, sem cumprimento espontâneo do preceito 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 108 
ali contido, será o título exigível judicialmente, cabendo a propositura da 
execução. 
 
Em se tratando de sentença arbitral estrangeira, porém, ela deverá ser 
homologada pelo STJ, como ocorre com qualquer sentença alienígena, antes de 
ser executada no Brasil. 
 
Medidas urgentes 
Tema mais controverso diz respeito à execução das medidas de urgência em 
sede de arbitragem. 
 
O Artigo 22, § 4º, da Lei da Arbitragem prevê que, havendo necessidade de 
medidas de urgência, o árbitro poderá solicitá-las ao Poder Judiciário. 
 
Dessa forma, existiria apenas a execução de sentença arbitral, mas não de uma 
medida de urgência em sede de arbitragem, já que as concessões da tutela de 
urgência na arbitragem, bem como sua execução, seriam de responsabilidade 
do Poder Judiciário, quando provocado pelas partes que se submeteram à 
arbitragem ou até pelo árbitro. 
 
Não obstante tal redação, diversos autores sustentam que o árbitro poderá 
conceder medidas de urgência, decidindo a seu respeito, e ficando a efetivação 
da tutela concedida a cargo do Poder Judiciário. De acordo com esse 
posicionamento, o juízo de concessão ou não da medida fica a cargo do árbitro, 
sequer podendo ser revista pelo Poder Judiciário, que apenas concretizará a 
ordem concedida pelo árbitro. 
 
De acordo com este último posicionamento, a decisão arbitral concessória de 
tutela de urgência, se não cumprida voluntariamente pela parte contrária, 
também deveria ser levada ao Poder Judiciário, para que lá seja coativamente 
cumprida. 
 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 109 
Atividade proposta 
Leia o julgado do STJ, discorra sobre o princípio denominado "competência-
competência" que informa o procedimento arbitral. 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E INTERNACIONAL PRIVADO. HOMOLOGAÇÃO DE 
SENTENÇA ESTRANGEIRA QUE DETERMINE A SUBMISSÃO DE CONFLITO À 
ARBITRAGEM. Pode ser homologada no Brasil a sentença judicial de estado 
estrangeiro que, considerando válida cláusula compromissória constante de 
contrato firmado sob a expressa regência da lei estrangeira, determine – em 
face do anterior pedido de arbitragem realizado por uma das partes – a 
submissão à justiça arbitral de conflito existente entre os contratantes, ainda 
que decisão proferida por juízo estatal brasileiro tenha, em momento posterior 
ao trânsito em julgado da sentença a ser homologada, reconhecido a nulidade 
da cláusula com fundamento em exigências formais típicas da legislação 
brasileira pertinentes ao contrato de adesão. É necessário ressaltar que 
estamos diante de um caso típico de competência concorrente. Assim, a 
primeira decisão que transita em julgado prejudica a outra. É da essência do 
sistema que, se transitar em julgado primeiro a sentença estrangeira, fica 
prejudicada a brasileira e vice-versa. Assim, a aparente exclusão da sentença 
estrangeira pelo fato do trânsito em julgado do julgamento brasileiro, sob 
invocação da soberania nacional, não se segue, porque se está diante de clara 
competência concorrente. Ademais, o ingresso do pedido de arbitragem 
anteriormente a todas as várias ocorrências judiciais deve pesar em prol da 
opção pela homologação da sentença estrangeira que prestigia a opção 
voluntária das partes pela arbitragem. O Juízo arbitral é que era competente, 
no início de tudo, para examinar a cláusula arbitral devido ao princípio 
Kompetenz-Kompetenz, e foi isso que a sentença estrangeira assegurou. Esse 
princípio, que remonta à voluntariedade da opção arbitral e realça a autonomia 
contratual, revela o poder do árbitro para analisar e decidir sobre sua própria 
competência, no que tange à validade e eficácia do pacto arbitral, que lhe 
outorgou a referida função julgadora. Assim, o tribunal arbitral tem 
competência para decidir sobre a validade da cláusula compromissória, ou seja, 
sobre sua própria competência. A propósito, o Protocolo de Genebra de 
24/9/1923, subscrito e ratificado com reservas pelo Brasil em 5/2/1932, 
estabelece a prioridade do Juízo Arbitral sobre a Jurisdição Estatal, 
estabelecendo uma presunção de competência em favor do Tribunal Arbitral. 
De outro modo, a negação de homologação de sentença arbitral proferida há 
tempos em Estado estrangeiro sob o fundamento de ocorrência da anulação da 
cláusula arbitral por sentença proferida no Brasil significaria a abertura de largo 
caminho para a procrastinação da arbitragem avençada por parte de 
contratantes nacionais no exterior. Atente-se que, para bloquear tal arbitragem, 
bastaria ao contratante brasileiro, após o pedido de instauração da arbitragem 
no exterior, ingressar com processo anulatório da cláusula arbitral no Brasil 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 110 
para, invocando peculiaridades da legislação brasileira, como as especiais 
exigências nacionais da cláusula de adesão (sobretudo diante do Código de 
Defesa do Consumidor, com inversão de ônus de prova e outros consectários 
do direito consumerista nacional), paralisar a arbitragem e judicializar toda a 
matéria contra a jurisdição estatal no Brasil. Cabe ressaltar que não há 
empecilho no julgamento brasileiro à homologação porque fundados o 
julgamento estrangeiro e o nacional em motivos técnico-jurídicos diversos, ou 
seja, o primeiro, na validade da cláusula arbitral ante os termos da legislação 
estrangeira, para contrato celebrado no estrangeiro, sem a consideração de 
restrições existentes no sistema jurídico brasileiro, e o segundo fundado em 
exigências formais de cláusula em contrato de adesão, típicas da legislação 
nacional. Inexiste, assim, impedimento à homologação das sentenças 
estrangeiras em virtude de coisa julgada nacional posterior. Pois, ajuizado o 
pedido de arbitragem, no Brasil ou no exterior, ao juízo arbitral competia julgar 
todas as matérias suscitadas pelas partes, inclusive a invalidade da cláusula 
arbitral, não se autorizando a prematura judicialização perante a atividade 
jurisdicional estatal. SEC 854-US, Rel. originário Min. Massami Uyeda, Rel. para 
acórdão Min. Sidnei Beneti, julgado em 16/10/2013. (Informativo n° 533 do 
Superior Tribunal de Justiça, disponível no sítio www.stj.jus.br.) 
 
Chave de resposta: Deve ser abordado o texto do Artigo 8º, parágrafo único, 
da Lei nº 9.307/96, que assim dispõe: "caberá ao árbitro decidir de ofício, ou 
por provocação das partes, as questões acerca da existência, validade e eficácia 
da convenção de arbitragem e do contrato que contenha a cláusula 
compromissória". Nesse sentido, devem ser ressaltadas as dificuldades 
concretas de aplicação desse princípio quando no curso da arbitragem 
sobrevém demanda judicial 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 111 
Aprenda Mais 
 
Material complementar 
 
Para saber mais sobre os assuntos tratados nesta aula, leia os textos de 
Andre Roque, texto de José Rogério Cruz e Tucci, disponível em nossa biblioteca 
virtual. 
 
 
Referências 
ANDRIGHI, Fátima Nancy. Arbitragem nas relações de consumo. Revista 
de Mediação e Arbitragem, vol. 09, ano 3, abr-jun/2006, São Paulo: Revista dos 
Tribunais, p. 13/21. 
 
BARROSO, Luís Roberto. Sociedade de economia mista prestadora de seviço 
público. Cláusula arbitral inserida em contrato administrativo sem prévia 
autorização legal.Invalidade. Revista de Direito Bancário, do Mercado de 
Capitais e da Arbitragem, 19, p. 414-439. 
 
CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem, ano III. Revista Forense, Rio de 
Janeiro, v. 96, n. 350, p. 21/29, abr. jun. 2000. 
 
CARNEIRO, Paulo Cezar Pinheiro. Aspectos processuais da nova lei de 
arbitragem. Revista Forense, Rio de Janeiro, v. 93, n. 339, p. 127/141, 
jul./set. 1997. 
 
DINAMARCO. Cândido Rangel. A Arbitragem na teoria geral do processo. 
São Paulo: Malheiros, 2013. 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 112 
FIGUEIRA JÚNIOR, Joel Dias. Arbitragem, jurisdição e execução: análise 
crítica da Lei 9.307, de 23.09.1996. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 
1999. 
 
LEMES, Selma Maria Ferreira. Arbitragem na concessão de serviços públicos. 
Arbitrabilidade objetiva. Confidencialidade ou publicidade processual? Revista 
de Direito Bancário, do Mercado de Capitais e da Arbitragem, 21, p. 
387-407. 
 
SALLES, Carlos Alberto de. Arbitragem em contratos administrativos. Rio 
de Janeiro: Forense, 2012. 
 
WALD, Arnoldo. Da constitucionalidade da Lei 9.307/96. Revista de Direito 
Bancário, do Mercado de Capitais e da Arbitragem, São Paulo, v. 3, n. 7, 
p. 323/334, jan./mar. 2000. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 113 
Exercícios de fixação 
Questão 1 
(VUNESP - 2013 - TJ-SP - Juiz) 
Acerca da arbitragem, é correto dizer que: 
a) É nula a sentença arbitral quando o julgamento de mérito nela contido 
contrariar lei federal ou alterar a verdade dos fatos. 
b) A nulidade do contrato no qual se estipulou a cláusula arbitral implica, 
necessariamente, a nulidade da cláusula compromissária. 
c) A sentença arbitral brasileira não fica sujeita a recurso ou a homologação pelo 
Poder Judiciário. 
d) Somente o Poder Judiciário pode decidir acerca da validade e eficácia da 
convenção de arbitragem e do contrato que contenha a cláusula 
compromissória, de sorte que, em caso de tal alegação, o Tribunal Arbitral deve 
submeter a questão ao juiz togado competente. 
 
Questão 2 
(Prova: CESGRANRIO - 2010 - Petrobrás - Advogado) 
De acordo com a Lei no 9.307/96, que dispõe sobre a arbitragem, será 
denegada a homologação para o reconhecimento ou execução da sentença 
arbitral estrangeira, se constatado que: 
a) A decisão ofende a ordem pública nacional. 
b) A sentença arbitral foi proferida fora do território nacional. 
c) Os efeitos da decisão recairão sobre os sucessores das partes. 
d) Houve prévia denegação da homologação por vícios formais. 
e) Há voto em separado de árbitro divergente do da maioria. 
 
Questão 3 
(CETRO - 2012 - TJ-RJ - Titular de Serviços de Notas e de Registros) 
Na arbitragem, é correto afirmar que: 
a) Se, durante o procedimento arbitral, um árbitro vier a ser substituído, a 
produção de provas não poderá ser repetida. 
b) A revelia da parte impedirá que a sentença arbitral seja proferida. 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 114 
c) A produção de provas no procedimento arbitral sempre dependerá do 
requerimento das partes. 
d) É nula a sentença arbitral se não decidir todo o litígio submetido à arbitragem. 
e) A demanda para a decretação de nulidade de sentença arbitral deverá ser 
proposta no prazo de até 2 (dois) anos após o recebimento da notificação da 
sentença arbitral ou de seu aditamento. 
 
Questão 4 
(TJ-DFT - 2012 - TJ-DF - Juiz) 
Julgue as três proposições que se seguem e assinale a única alternativa correta. 
I - A sentença arbitral proferida no território nacional constitui título executivo 
judicial, independentemente de homologação por qualquer órgão do Poder 
Judiciário. 
II - A arbitragem pode dar-se por equidade, a critério das partes. Já na 
sentença judicial, o julgamento por equidade somente é possível nos casos 
previstos em lei. 
III - Em razão da eficácia preclusiva da coisa julgada, não se admite a 
possibilidade de rediscutir as questões que poderiam ter sido suscitadas mas 
não o foram. Assim, passada em julgado a sentença que julgou procedente o 
pedido de repetição de indébito, não pode o réu ajuizar ação com a alegação 
de prescrição para se eximir de cumprir aquela sentença. 
a) Somente as proposições II e III estão corretas. 
b) Somente a proposição I está correta. 
c) Somente a proposição II está correta. 
d) Todas as proposições estão corretas. 
 
Questão 5 
(FCC - 2013 - TJ-PE - Titular de Serviços de Notas e de Registros) 
Sobre a arbitragem, de acordo com a Lei nº 9.307/96, é correto afirmar: 
a) A demanda para a decretação de nulidade da sentença arbitral seguirá o 
procedimento comum, previsto no Código de Processo Civil, e deverá ser 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 115 
proposta pela parte interessada no prazo de até sessenta dias após o 
recebimento da notificação da sentença arbitral ou de seu aditamento. 
b) Sendo nomeados vários árbitros, as partes envolvidas elegerão o presidente do 
tribunal arbitral e, não havendo consenso entre elas, será designado presidente 
o mais idoso. 
c) No prazo de dez dias, a contar do recebimento da notificação ou da ciência 
pessoal da sentença arbitral, a parte interessada, mediante comunicação à 
outra parte, poderá solicitar ao árbitro ou ao tribunal arbitral que corrija 
qualquer erro material da sentença arbitral. 
d) Nada tendo sido convencionado pelas partes, o prazo para a apresentação da 
sentença é de seis meses, contado da instituição da arbitragem ou da 
substituição do árbitro, podendo ser prorrogado pelas partes e árbitros, 
havendo comum acordo. 
e) No procedimento arbitral, em caso de ausência sem justa causa de testemunha 
convocada para prestar depoimento poderá o árbitro ou o presidente do 
tribunal arbitral determinar a condução coercitiva da testemunha faltosa 
requerendo, se necessário, o auxílio de força policial. 
 
 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 116 
Aula 6 
Exercícios de fixação 
Questão 1 - C 
Justificativa: Esta foi a grande inovação trazida pela Lei nº 9.307/96 e a regra 
está expressa no Artigo 31 desta Lei. 
 
Questão 2 - A 
Justificativa: É a regra do Artigo 36 da Lei nº 9.307/96, que remete aos Artigo 
483 e 484 do CPC. 
 
Questão 3 - D 
Justificativa: Todas as afirmativas são corretas e encontram amparo no Artigo 
475-N, III, do CPC e nos arts. 2º e 31 da Lei nº 9.307/96. 
 
Questão 4 - A 
Justificativa: Apenas o mais antigo Projeto, de nº 4728, depois convertido no PL 
94 previa, no Artigo 34, a obrigatoriedade da mediação em determinadas 
hipóteses. 
 
Questão 5 - D 
Justificativa: É a norma prevista no Artigo 23 da Lei nº 9.307/96. Trata-se de 
prazo residual, uma vez que ao pactuar a arbitragem as partes podem estipular 
prazo diversos. 
 
 
 
 
 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 117 
Humberto Dalla Bernardina de Pinho é Pós-doutor em Direito (Uconn Law 
School). Mestre e Doutor em Direito (UERJ). Professor Associado na UERJ e 
Adjunto Titular na Estácio. Promotor de Justiça no RJ. 
 
http://www.humbertodalla.pro.br 
 
Currículo Lattes: 
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4709300Z6

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