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Risco anestésico ASA - American Society of Anesthesiologist - ASA 1 Descrição do paciente: Paciente hígido Exemplos clínicos: Castração, fraturas simples - ASA 2 Descrição do paciente: Doença sistêmica leve Exemplos clínicos: Braquicefálicos, neonatos, geriátricos - ASA 3 Descrição do paciente: doença sistêmica grave compensada Exemplos clínicos: nefropata, hepatopata, cardiopata - ASA 4 Descrição do paciente: Doença sistêmica com ameaça constante a vida Exemplos clínicos: dilatação/torção gástrica, uremia e toxemia - ASA 5 Descrição do paciente: Paciente moribundo – improvável sobreviver em 24 horas falência múltipla de órgãos, lesão encefálica grave Exemplos clínicos: falência múltipla de órgãos, lesão encefálica grave - E Descrição do paciente: emergência Exemplos clínicos: situação de emergência AVALIAÇÃO PRÉ ANESTÉSICA - Identificação - Anamnese - Exame fídico - Exame complementares Riscos anestésicos → ASA → 1,2,3,4,5,E Identificação - RAÇA - Raças pequenas e felinos – menor taxa metabólica diferente das raças grandes - Síndrome obstrutiva das vias aéreas braquicefálicas - Sensibilidade ao propofol – recuperação prolongada - SEXO - ESCORE CORPORAL - IDADE - ESPÉCIE Anamnese - Anamnese detalhada - História clínica (doenças atuais ou anteriores, alimentação, micção, defecação...) → medicamentos → interações → hemorragia → transfusão → diarreia/emese → fluidoterapia → convulsão → evitar uso de alguns fármacos Exame físico Exames complementares - avaliação laboratorial - avaliação cardíaca (ECG e ECO) - exames de imagem (radiografia, USG) Exames laboratoriais - hemograma - perfil bioquímico: avaliação renal, hepático e glicemia - urinálise Perfil bioquímico Avaliação hepática: ALT, FA, GGT Avaliação renal: UREIA E CREATININA Eletrocardiograma Avaliação da função elétrica do coração - diagnostico das arritmias cardíacas: contração ventricular prematura (VPC), BAV, bradiarritmias... - informação do tamanho das câmaras: sugere aumento atrial ou ventricular - distúrbio hidroeletrolítico: aumento da onda T Ecocardiograma Tamanho e espessura das câmaras Valvas e válvulas Contração do músculo Fluxo sanguíneo Considerações - A avaliação pré-anestésica é a primeira etapa da anestesia, não deve ser subestimada - Permite conhecer o paciente, saber do quadro clínico e definir o risco anestésico/cirúrgico (ASA) - Fazer escolha mais assertiva do protocolo anestésico - Prever complicações e tratamentos MPA – Medicação pré-anestésica OBJETIVOS Prepara o paciente para anestesia: - Reduzir o estresse - Relaxamento muscular - Sedação - Analgesia - Ação potencializadora (Potencializa os efeitos dos outros fármacos, reduzindo anestésico) CLASSIFICAÇÃO FARMACOLÓGICA: Classes: - Anticolinérgicos: Atropina, Escopolamina e glicopirrolato - Tranquilizantes: +Fenotiazínicos : Acepromazina, clorpromazina, levomepromazina e prometazina + Butirofenonas: Azaperone e Droperidol - Ansiolíticos: + Benzodiazepínicos: Diazepam, midazolam - Agonista alfa 2 adrenérgicos: xilazina, detomidina, medetomidina e dexmedetomidina - Opioides: morfina, metadona, butorfanol, tramadol, fentanil ANTICOLINÉRGICOS Mecanismo de ação: Bloqueiam a acetilcolina nas terminações das fibras colinérgicas muscarínicas antagonizando seus efeitos Ação parassimpatolítica (contra essa ação) ou simpatomimética (mimetiza o simpático) OBS: acetilcolina neurotransmissor quando se liga aos muscarínicos (cardíaco – atropina age mais nesse), faz bradicardia, pois o parassimpático é descanso e digestão (não ta pra luta e fuga), batimentos cardíacos mais baixos, temperatura reduzida e tudo para menos Se faz um fármaco que bloqueia essa ação não vai ter essa questão do descanso/digestão então vai ter: aumento da FC, pupila dilatada e tudo do simpático, pois ele é parassimpatolítico Bloqueio dos efeitos parassimpáticos: - Reduzem secreções salivares e respiratórias - Diminuem a motilidade gástrica e respiratórias - Bloqueia o nervo vago (taquicardia) – não é o que quer- - Causam Midríase – pupila dilatada – Não apresentam efeito sedativo nem analgésico Empregados no tratamento ou prevenção da bradicardia em cães e gatos Historicamente administrados em associação aos agonistas alfa 2 adrenérgicos na MPA Pouco utilizado no MPA USO CLÍNICO: - Para prevenir a bradicardia associada a procedimentos cirúrgicos específicos - Cirurgias intraoculares - Cirurgias torácica - Cirurgias em região cervical - Cirurgias abdominais com tração visceral acentuada - Endoscopias FARMACOS: Atropina - dose (cão/gato): 0,02-0,04 mg/kg IV IM SC Escopolamina - pouco usada em cães e gatos, mais em equinos Glicopirrolato - não disponível no Brasil TRANQUILIZANTES Mecanismo de ação: diminuem a ansiedade com acentuada depressão do SNC, sem causar perda da consciência (neurolépticos, neuroplégicos, ganglioplégicos, tranquilizantes maiores e ataráticos) - fenotiazínicos: acepromazina, clorpromazina, levomepromazina, prometazina - butirofenonas: azaperone, droperidol FENOTIAZÍNICOS Mecanismo de ação: Agem na substância reticular mesencefálica (ciclo vigilia-sono), tronco cerebral, hipotálamo, sistema límbico e gânglio basal. Bloqueiam importante gama de neurotransmissores (DOPA e NA) - Ação psicorepressora - Antieméticos - Ação simpatolítica (contra o simpático, contrário ao anticolinérgico) - Ação anti-histamínica - Ação anti-sialagoga - Ação potencializadora - antiespasmódica Efeitos clínicos: - tranquilização leve a moderada (mais evidente em cães que em gatos) - reduzam em aproximadamente 30 a 40% a dose dos anestésicos injetáveis e inalatórios - efeito antiarritmogênico Desvantagens/efeitos adversos: Cardiovasculares - vasodilatação e diminuição da PA (antagonista alfa2) - geralmente hipotensão não acontece em animais hígidos ( sadio/saudável) conscientes - pode potencializar o efeito de outros anestésicos vasodilatadores - efeitos indiretos sobre a frequência cardíaca (maior reflexo da FC) - por causar vasodilatação cardiopata, muito severo as vezes não toleram - OBS: acepram não indicado para animais com anemia sangramento ativo. Quando faz sequestro esplênico as hemácias vão para o baço esse momento muito acentuado do baço. Esplenectomia não pode usar, pois coloca muito sangue para dentro do baço que vai ser retirada não usa acepram Respiratórios - Redução na frequência respiratória - Sem alteração nos gases sanguíneos Outros efeitos adversos - vasodilatação esplênica (reduz hematócrito) - efeito muito acentuado em raças braquicefálicas - pode causar redução do limiar convulsivo (contestável) - Não são analgésicos (tem que associar a um analgésico, potencializa o analgésico) Contra indicações - absolutas: + situações associadas a redução na pressão arterial + desidratação + hemorragia moderada á intensa + choque (que não consegue mais fazer vasoconstricção) - relativas: +braquicefálicos (dose reduzida) USO CLÍNICO: - Isoladamente: +tranquilização em animais hígidos sem dor +transporte +exames semiológicos/diagnósticos - Associados a um opioide: +MPA em animais hígidos com dor ou que serão submetidos a cirurgias OBS: pode utilizar em cardiopata (depende do tipo) mas em dose baixa até 0,015 ver que não tem alteração hemodinâmica em cardiopatas FÁRMACOS: ACEPROMAZINA 02% - dose: 0,01-0,1 mg/kg IV,IM,SC - duração 4 a 8 horas - Menos usados: clorpromazina: 0,1-1,0mg/kg IV,IM (0,5%); levomepromazina: 0,2-0,5mgkg IV,IM (0,5%) - Duração: até 4 horas ANSIOLÍTICOS Ação ansiolítica, anticonvulsivante, miorrelaxamento, hipnótica sem acentuada depressão do SNC - Benzodiazepínicos: Diazepam emidazolam BENZODIAZEPÍNICOS - Historicamente denominados de tranquilizantes menores - Efeito sedativo muito discreto - Utilizados quando os fenotiazínicos e agonistas alfa 2 adrenérgicos são contraindicados - OBS: Em animais hígidos pode causar excitação paradoxal. Não faz sozinho EFEITOS CLINICOS: - tranquilização leve - relaxamento muscular - potencialização de agentes anestésicos injetáveis e inalatórios (similar a dos fenotiazínicos) - efeito anticonvulsivante - possuem antagonista: flumazenil - podem ser administrados em animais de alto risco - não tem tanta alteração hemodinâmica Desvantagens/efeitos adversos: Em animais hígidos, podem causar agitação (isoladamente ou associados a um opioide) Não são analgésicos Contra indicação: - não devem ser administrados isoladamente em animais hígidos USO CLÍNICO: - tranquilização/MPA de animais debilitados (associados a um opioide) - na indução anestésica, associados a anestésicos injetáveis (como co-indutores) - como anticonvulsivante FÁRMACOS DIAZEPAM - dose: 0,1-0,5 mg/kg IV IM - por via IM: irritante e absorção variável - Duração: 1 a 2 horas MIDAZOLAM - dose: 0,1-0,5mg/kg IV IM - duração 1 a 2 horas AGONISTA DOS BENZODIAZEPÍNICOS FLUMAZENIL 0,1 mg/ml - Intoxicação/sobredose de benzodiazepínicos - Recuperação prolongada após anestesia com benzodiazepínicos como parte da técnica anestésica - Reversão de efeitos comportamentais indesejados (agitação) Dose: - cães e gatos: 0,02-0,1mg/kg - equinos: 0,05 mg/kg - bovinos: 0,01 mg/kg AGONISTAS ALFA 2 ADRENÉRGICOS Promovem a estimulação de receptores alfa 2 adrenérgicos do SNC e do SN periférico reduzindo a liberação de noradrenalina - Responde só a estímulo doloroso - Agentes sedativos clássicos - Reduzem a atividade simpática - Promove acentuado relaxamento muscular - Efeitos cardiopulmonares importantes – mesmo casos leves é bom evitar uso - ataxia (equilíbrio ou coordenação motora prejudicadas) - ptose labial (queda) - abaixamento da cabeça - aumento da glicemia e glicosúria (redução da vasopressina hormônio antidiurético eliminação maior de urina) - age nas células B do pâncreas impedindo liberação de insulina - reduzem a motilidade intestinal - pode produzir vômitos cães e gatos 80% - aumentam a tonicidade uterina (bovinos: parto prematuro) - bom para cesariana - sedação muito pronunciada (dose- dependente) evidente em cães, gatos, equinos e ruminantes - reduz o hematócrito - potente ação analgésica visceral dose-dependente (modulação ponto dorsal da medula) - reduzindo estimulo doloroso/projeção até o córtex muito menos - diminuem acentuadamente as doses dos anestésicos injetáveis e inalatórios (até 90%) - possuem antagonistas: ioimbina e atipamezole Desvantagens/efeitos adversos Cardiopulmonares - reduz a FC (reflexa) + BAV de 1,2 e 3 graus Pode fazer bloqueio atrioventricular reduz o DC - aumento inicial da PA - hipotensão duradoura desce a pressão e eleva o cardíaco - pode ver geralmente bradicardia - reduz FR Contraindicações absolutas: - desidratação - hemorragia - choque - histórico ou sinais clínicos de cardiopatias - pacientes de alto risco/debilitados - situações em que o vômito é contraindicado USO CLÍNICO - contenção química de animais agressivos - como MPA em animais hígidos submetidos a procedimentos cirúrgicos - Não tem excitação paradoxal que nem o benzodiazepínicos, o animal vai dormir - Uso: isolado ou associados a um opioide FÁRMACOS: Xilazina 2% - Doses: IV, IM, SC e epidural - cães e gatos: 0,1 a 2 mg/kg (cães até 0,2mg/kg, gatos até 0,4 mg/kg) - equinos: 0,5 a 2 mg/kg - ruminantes: 0,05 a 0,2 mg/kg - suínos: 2 mg/kg - Duração: 30-60 minutos - Efeito mais depressor do que a dex, dex mais seletiva então não tem aqueles efeitos de alfa 1, faz contenção, bloqueio do alfa 1 - No alfa 2 faz vasoconstrição, faz mais contenção, mais severa Medetomidina 1 mg/mL - Dose isoladamente: - Cães: 10-20 mcg/kg IM -Gatos: 20-40 mcg/kg IM - Dose associada a opioide: - Cães: 5-10 mcg/kg IM -Gatos: 10-20 mcg/kg IM - Duração: 1 a 2 horas - mais usada em equinos Dexmedetomidina 0,1 ou 0,5 mg/mL - Doses IM, IV - 10 μg/kg -sedação e analgesia entre 10 e 20 minutos - 20 μg/kg ocorreu profunda sedação e analgesia - 2 μg/kg a sedação moderada - 0,2 μg/kg sedação leve sem analgesia Outros Detomidina e romifidina - Uso pouco frequente em cães e gatos - Dose de detomidina em equinos - 10 a 20 mcg/kg IV Antagonista alfa-2 adrenérgicos Atipamezole 5 mg/mL - Indicado como antagonista da medetomidina ou dexmedetomidina - Dose (IM): - Cães: 5 a 10 vezes a dose de medetomidina/dexmedetomidina respectivamente - Gatos: 2 a 5 vezes a dose de medetomidina/dexmedetomidina respectivamente Ioimbina - Indicada como antagonista da xilazina - Dose (IV, IM): 0,1-0,5 mg/kg - Reverte dex OPIÓIDES Ligam-se reversivelmente a receptores específicos no SNC e medula espinhal (pré e pós-sinapticamente) alterando a nocicepção e inibindo a percepção central da dor Os opioides agem ao menos em 3 diferentes receptores: Mu, Kappa e Delta, que estão distribuídos em diversas partes do corpo: Classificação quanto à duração do efeito: - Ultra-curta duração: até 20-30 minutos - Curta duração: 1-2 horas - Duração intermediária: 2-4 horas - Duração longa: > 4 horas (passar para casa) Classificação quanto à duração do efeito: Efeitos clínicos: - Analgesia - Sedação (cães) - Reduzem as doses de anestésicos injetáveis e inalatórios - Podem ser administrados em pacientes de alto risco/ debilitados Opioides agonistas totais µ Morfina 1% - Administração IV : pode liberar histamina - Náusea, vômito, depressão respiratória - Defecação e retenção urinária (butorfanol menos) - Alto grau de sedação e analgesia (Dor grave!!!!) - Alívio da dor: 6 a 8 horas (duração intermediária) - Via epidural: 24 horas - faz vasodilatação - hipotensão não faz medicação IV nela causa ração - Doses: -Cães e gatos: 0,1 a 1 mg/kg SC, IM, VO, IV*, via epidural: 0,1 mg/kg - Equinos (bom para analgesia pós-operatória): 0,05 -0,1 mg/kg IM; via epidural: 0,1 a 0,2 mg/kg - Ruminantes: 0.05 a 0,1 mg/kg IM Analgesia pobre Metadona 1% - Efeitos farmacológicos similares aos da morfina - Agonista de receptores µ antagonista de receptores NMDA (receptores da dor mais pronunciado) medulares dor neuropática - Analgesia intensa de 4 a 8 h (duração intermediária) - Pouca ocorrência de vômito, retenção urinária e depressão respiratória - Cirúrgica ósseas - Dor crônica, neuropática, inibe a recepção da serotonina e noradrenalina - Doses: - Cães e gatos: 0,1 a 0,5 mg/kg SC, IM, VO, IV - Equinos: 0,05 -0,1 mg/kg IM ou SC - Ruminantes: 0,05 a 0,1 mg/kg IM ou SC Fentanil 0,05 mg/mL - Duração ultra-curta - Único entre os opioides de ultra-curta duração com alguma aplicabilidade na MPA - Baixo potencial para vômito e liberação de histamina - Duração: 15-30 minuto - Doses: • Cão: 2-10 mcg/kg (IV) • Gato:1-5 mcg/kg (IV) Opioides agonistas totais k Butorfanol 1% - Duração intermediária - Agonista k / antagonista µ - Menor intensidade de efeitos cardiovasculares e respiratórios - Analgesia pré, trans e pós-operatória (inferior aos agonistas totais µ) - Baixo potencial para vômito e liberação de histamina - Efeito sedativo semelhante à morfina e meperidina - Doses: Cão/gato: 0,1-0,4 mg/kg (IV, IM, SC) Agonistas parciais dos receptores µ Buprenorfina 0,4mg/ml - Potente analgésico Doses baixas: ação analgésica - Doses altas: menos efetiva - Depressão respiratória (difícil reversão) - Latência elevada: 45 a 60 minutos - Ação: 8 a 12 horas - Buprenorfina Doses: • Cães e gatos: 5 a 20 mcg/kg IV, IM,SC • Equinos: 5 a 10 mcg/kg IV, IM, SC • Ruminantes: 5 a 10 mcg/kg IV, IM, SC - Beniv – novo no mercado. Antagonista dos receptores µ Naloxona - Antagonista puro de todos os receptores opiáceos - Reverte efeitos adversos (principalmente bradicardia e depressão respiratória) - Também reverte a analgesia - Não altera a pressão arterial (em normotensos) - Duração: 30 a 45 minutos (repetição) - Doses: • Cães, gatos e equinos: 0,002 a 0,02 mg/kg IV • Ruminantes: 0,01 mg/kg IV - ATENÇÃO: Reverte toda analgesia, pensar em uma alternativa para tratar a dor Neuroleptoanalgesia Associação de fármacos tranquilizantes/sedativos com opioides, proporcionando redução das doses com somatória de efeitos desejáveis e diminuição dos efeitos indesejáveis de cada fármaco: Conclusão - Etapa importante da anestesia; - A escolha dos fármacos e de suas associações devem ser com base na condição clínica do paciente; - Tipo de procedimento cirúrgico; - Neuroleptoanalgesia.