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Inserir Título Aqui Inserir Título Aqui Políticas Públicas e Currículo da Educação Infantil Organização da Educação Brasileira e da Educação Infantil Responsável pelo Conteúdo: Prof. Me. Marcos Evandro Galini Revisão Textual: Prof. Me. Claudio Brites Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos: • Organização da Educação; • Sistemas de Ensino; • Modalidades e Níveis de Educação; • Financiamento da Educação; • Fundeb. Fonte: Getty Im ages Objetivos • Analisar a organização e estrutura do sistema de ensino brasileiro; • Discutir as modalidades educacionais: Educação Especial, Educação Quilombola, Educação Indígena e Educação do campo; • Identificar os mecanismos de financiamento da educação brasileira. Caro Aluno(a)! Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl- timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas. Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns dias e determinar como o seu “momento do estudo”. No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem. Bons Estudos! Organização da Educação Brasileira e da Educação Infantil UNIDADE Organização da Educação Brasileira e da Educação Infantil Contextualização Para uma aproximação desta temática, analise a seguinte situação problema: Sônia atuava como coordenadora pedagógica em uma Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) de um grande centro urbano do interior do estado. Pelo reconhecimento do seu trabalho junto ao grupo de professores e gestores, foi convidada para assumir a coordenação do núcleo de formação de professores da Secretaria Municipal de Educa- ção. O primeiro impacto da nova função da Sônia foi entender responsabilidades, estru- tura e normas de funcionamento da rede municipal de ensino. Depois, se deparou com uma diversidade de modalidades de ensino e modelos de gestão de escolas presentes na rede – por exemplo, em distritos rurais do município, encontrou escolas de educação infantil e fundamental do campo, indígenas e quilombolas; e descobriu ainda o atendi- mento ao alunado com deficiência em uma política de inclusão na rede municipal como um todo. O desafio inicial da nova coordenadora Sônia é entender a organização da educação, as responsabilidades da rede municipal e de outros entes federativos na oferta da educação pública nas suas diferentes modalidades de ensino e como é realizado o financiamento da educação nas redes. Ao longo da unidade, responderemos aos questionamentos da Sônia e refletiremos sobre a organização da educação brasileira e da educação infantil. 6 7 Organização da Educação A educação brasileira é organizada em sistemas de ensino mantidos pela União, esta- dos, Distrito Federal e municípios com a responsabilidade de cada ente federativo para com a oferta da educação. Segundo o art. 211º da Constituição Federal (CF), a União (governo federal) deve- rá organizar seu sistema de ensino que contará com instituições de ensino públicas federais, tais como Universidades Federais e Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia. Também cabe à União a função “redistributiva e supletiva” com os demais sistemas de ensino (municipal, estadual e do distrito federal), buscando garantir “padrão mínimo de qualidade” na educação. Essa ação pode ocorrer por meio de assistência técnica, como apoio em recursos tecnológicos e humanos em projetos de cada sistema de en- sino, como formação continuada de professores, ou mesmo recursos financeiros para construção de escolas, creches, dentre outras ações. Consulte o site do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), autarquia fede- ral, responsável pela execução de políticas educacionais do Ministério da Educação (MEC), e conheça os programas desenvolvidos. Disponível em: http://bit.ly/2pKX550 Ficam sob as responsabilidades dos municípios os níveis educacionais da educação infantil (creches e pré-escolas) e ensino fundamental. Já os estados são responsáveis também pelo ensino fundamental e exclusivamente com o ensino médio. Somente o Distrito Federal deve assumir toda a educação básica, do infantil ao médio. Destaque para a atuação concomitante no ensino fundamental entre estados e municípios. A CF prevê que União, os estados, o Distrito Federal e os municípios deverão ter estratégias de colaboração entre os sistemas com o propósito de garantir o ensino obrigatório por lei (da pré-escola até o ensino médio). Mas, será que essa articulação/colaboração realmente acontece? Se faltar vaga em escolas de ensino fundamental de um determinado distrito de um município, quem deverá ser acionado para garantir o ensino obrigatório nessa localida- de, o estado ou município? É responsabilidade da União coordenar a política nacional de educação, por meio de leis, normas, formulações, implementações e avalia- ções de ações e políticas públicas educacionais, respeitando e articulando com os demais níveis e sistemas de ensino. Ou seja, cabe ao governo federal emitir leis, normas e pareceres para o funcionamento da educação brasileira, além de apoiar financeiramente e tecnicamente estados, municípios e o Distrito Federal em seus sistemas de ensino. Na Unidade anterior, vimos as eta- pas das políticas públicas de inclu- são na agenda, elaboração, formu- lação, implementação, execução, acompanhamento (monitoramen- to) e avaliação. 7 UNIDADE Organização da Educação Brasileira e da Educação Infantil Os artigos 9º, 10º e 11º da LDB definem as responsabilidades de cada ente federati- vo, conforme apresentado no Quadro 1. Quadro 1 – Responsabilidades da União, estados e municípios União Estados Municípios Elaborar Plano Nacional de Educação (PNE). Cuidar das instituições públicas do seu sistema de ensino. Cuidar das instituições públicas do seu sistema de ensino. Cuidar das instituições federais de ensino. Colaborar na oferta do ensino fundamental, em parceria com os municípios. Elaborar Plano Estadual de Educação. Apoiar os sistemas de ensino dos Estados, Distrito Federal e Municípios. Elaborar Plano Estadual de Educação. Baixar normas para o seu sistema de ensino. Propor diretrizes curriculares para a educação básica (educação infantil, ensino fundamental e médio). Baixar normas para o seu sistema de ensino. Ofertar prioritariamente educação infantil e ensino fundamental. Pesquisar e divulgar informações sobre a educação brasileira e no mundo. Ofertar o ensino fundamental e, com prioridade, o ensino médio. Ofertar transporte escolar dos alunos da rede municipal de ensino. Realizar avaliações do rendimento escolar da educação básica e superior. Ofertar transporte escolar aos alunos da rede estadual de ensino. Cuidar do ensino superior e das suas IES. Você sabia que o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), autarquia federal vinculada ao Ministério da Educação, é responsável por coletar, analisar e disseminar informações sobre a educação? Disponível em: http://bit.ly/31GR9aj Pesquise informações educacionais do seu estado e município. Disponível em: http://bit.ly/2qHbqjk Outro órgão federal normativo da educação brasileira é o Conselho Nacional de Educação (CNE). Conheça um pouco da atuação do CNE. Disponível em: http://bit.ly/2Wl4Vyx Cada Estado, Distrito Federal e Município tambémpossui seus conselhos de educa- ção para regulamentar seus sistemas de ensino. Para o Distrito Federal, serão aplicadas as competências referentes aos estados e municí- pios, tendo em vista que ele deve ofertar o ensino básico completo, do infantil ao médio. Pequenos municípios com poucos recursos financeiros e humanos podem optar por compartilhar suas responsabilidades no sistema de ensino com o governo estadual ou com outros municípios, em um sistema de consórcio intermunicipal. Algumas redes têm a experiência de compartilhar a mesma escola física com os dois sistemas, ou seja, o en- sino fundamental fica com o município e o ensino médio com o estado, ou seja, dentro da mesma escola com equipes e responsabilidades diferentes. Veja a experiência de sucesso de consórcio intermunicipal em educação. Disponível em: https://glo.bo/361zMEC 8 9 O art. 12º da LDB estabelece normas comuns aos estabelecimentos de ensino que devem ser de conhecimento de todos os profissionais da educação e comunidade esco- lar, conforme Quadro 2. Quadro 2 – Normas comuns aos estabelecimentos de ensino Estabelecimentos de Ensino Elaborar e divulgar para a comunidade escolar seu projeto pedagógico. Administrar seus recursos humanos, materiais e financeiros. Cumprir os dias letivos e horas-aula estabelecidos por lei. Cuidar do plano de trabalho de cada professor. Ofertar recuperação aos alunos com baixo rendimento. Integrar família, comunidade e sociedade com a escola. Informar pais ou responsáveis sobre a frequência e desempenho dos alunos. Notificar ao Conselho Tutelar e demais órgãos competentes sobre a frequência abaixo do esperado dos alunos. Destaca-se a necessidade da escola elaborar e, principalmente, divulgar para a comuni- dade escolar o seu projeto político-pedagógica (PPP). Essa ação faz parte da autonomia da instituição educacional e democratização da educação. No entanto, muitas escolas não tornam público seu PPP e não contam com a participação de professores e da comunidade na confecção desse documento. Para você, qual o motivo desse não-envolvimento da co- munidade e dos professores? Que ações a escola deveria tomar para tornar público seu PPP? O art. 13 da LDB estabelece as responsabilidades dos professores, as quais também devem ser de conhecimento desses profissionais e demais envolvidos na instituição educacional. Quadro 3 – Responsabilidades dos professores Professores Elaborar e/ou conhecer o projeto pedagógico da escola (PPP). Cumprir o plano de trabalho docente, conforme proposto no projeto pedagógico da escola. Cuidar da aprendizagem dos alunos e organizar estratégias de recuperação para alunos com baixo rendimento. Lecionar os dias e horas estabelecidos por lei e participar dos períodos para planejamento de aulas, avaliações e formação continuada. Colaborar com a integração da família, da comunidade e da sociedade com a escola. O professor tem a obrigação por lei de apoiar a elaboração e conhecer plenamente o PPP da escola onde atuará. Em especial, deverá cumprir o plano de trabalho docente em conformidade com o PPP da escola onde leciona. Retomando o caso da coordenadora Sônia que, dentro do espaço da EMEI, não tinha dimensão do papel dos municípios, dos estados, Distrito Federal e da União para com a organização da educação. Também ampliou o seu conhecimento sobre as responsabili- dades da escola e do professor. 9 UNIDADE Organização da Educação Brasileira e da Educação Infantil Sistemas de Ensino Os artigos 14º a 18º da LDB estabelecem normas para os sistemas de ensino de cada ente federativo. É regra comum para todos os sistemas de ensino a promoção da gestão democrática do ensino, buscando uma maior participação dos docentes, demais profissionais da edu- cação e comunidade na elaboração do PPP da escola e participação em seus conselhos deliberativos e consultivos. Todas as escolas possuem uma gestão democrática e envolvem seus professores, demais profissionais e comunidade nas suas decisões de gestão? Para você, qual o fator de sucesso para uma gestão democrática? Como estabelecer uma gestão democrática em instituições particulares que visam ao lucro? Conheça a experiência de gestão democrática da EMEF Amorim Lima da cidade de São Paulo. Disponível em: http://bit.ly/2JyzHif Os sistemas de ensino federal, dos estados, do distrito federal e dos municípios pos- suem as responsabilidades descritas no Quadro 4. Quadro 4 – Sistemas de ensino federal, dos estados, do distrito federal e dos municípios Sistemas de Ensino Federal Estados e do Distrito Federal Municípios Instituições de ensino federais. Instituições de ensino estaduais e do Distrito Federal. Instituições de educação básica municipal. Instituições de ensino superior privadas. Instituições de ensino superior municipais. Instituições de educação infantil privadas. Órgãos federais de educação. Instituições de ensino fundamental e médio privadas. Órgãos municipais de educação. Órgãos estaduais e do Distrito Federal de educação. Destacam-se as responsabilidades dos sistemas de ensino estadual em cuidarem das escolas de ensino fundamental e médio, criadas e mantidas pela iniciativa privada. Os municípios são responsáveis pelas escolas de educação infantil da iniciativa privada. O Distrito Federal também cuida das escolas de educação infantil, fundamental e médio da iniciativa privada. O sistema federal regula a atuação das IES privadas. As IES estaduais são mantidas e organizadas pelos sistemas estaduais de ensino e não pelo sistema federal de ensino. Um exemplo dessa autonomia é a não adesão da Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Universidade Estadual Paulista (Unesp) do Estado de São Paulo ao Exame Nacional de Desempenho dos Estudan- tes (Enade) proposto pelo governo federal. Já as IES públicas municipais são regidas pelos sistemas estaduais de ensino, e não pelos sistemas municipais. 10 11 Voltando ao caso da coordenadora Sônia que assumiu o núcleo de formação docente da Secretaria Municipal de Educação, em seus estudos, ela identificou as responsabili- dades da rede municipal em que atua, em especial, a de acompanhar e supervisionar as escolas particulares de educação infantil e conveniadas, além de ser também papel do município o de apoiar na gestão das escolas municipais. São vários os novos conheci- mentos da sua nova função! Agora, serão detalhadas as diferentes modalidades e níveis prevista na LDB, com destaque para a educação básica que engloba a educação infantil. Modalidades e Níveis de Educação Educação Especial A Educação Especial, considerada uma modalidade de educação escolar, tem atenção especial nos artigos 58º, 59º e 60º da LDB. O art. 58º indica que a educação especial deve ser ofertada preferencialmente na rede regular de ensino. A redação desse artigo foi alterada em 2013, dando destaque para o atendimento aos alunos com “transtornos globais do desenvolvimento e altas ha- bilidades ou superdotação”. Ainda, os sistemas de ensino deverão ofertar serviços espe- cializados, quando necessário, aos alunos com essas peculiaridades, preferencialmente na escola regular, buscando a integração com a educação comum, regular. Quando for não possível a integração do aluno no ensino regular, o atendimento educacional especializado poderá ser feito em escolas ou serviços especializados, abrin- do espaço para as redes de ensino articularem parcerias com instituições de ensino especializadas nesse tipo de atendimento, como a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE). Veja um exemplo de parceria com APAE e munícipio. Disponível em: http://bit.ly/35ZsaCu É garantindo ao aluno da educação especial o atendimento a partir de 0 anos na educação infantil, prosseguindo aos demais níveis de ensino. Vale destacar que as esco- las devem estar preparadas para atender a esses alunos deficientes e integrá-los com os demais alunos e aos processos educativos. Já o art. 59º diz que os sistemas deensino garantirão aos alunos da educação espe- cial currículos, metodologia e recursos específicos para atender às suas necessidades, além da garantia de terminalidade do ensino fundamental para aqueles que, por causa das suas deficiências, não puderam atingir o nível exigido para conclusão dos estudos. Para os alunos com superdotação, surge a possibilidade de finalizar os estudos em tem- po menor. Cabe aos sistemas de ensino e aos conselhos municipais e estaduais de edu- cação regulamentar tais ações. 11 UNIDADE Organização da Educação Brasileira e da Educação Infantil O art. 60º, por fim, diz que os sistemas deverão estabelecer critérios para a atuação em serviços especializados de instituições privadas sem fins lucrativos. Dessa forma, o poder público deve ter autonomia e ser ativo nesse processo. Retomando o caso da professora Sônia, que assumiu a coordenação do núcleo de formação da rede municipal, essa já se depara com o desafio de formar os professores das EMEIs e creches próprias e conveniadas para desenvolverem ações pedagógicas de inclusão e integração do aluno com deficiência nas escolas da rede. Educação de Jovens e Adultos (EJA) A Educação de Jovens e Adultos (EJA) ganha destaque na LDB em seus artigos 37º e 38º. A EJA destina-se àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental ou médio (educação básica) na idade própria, ou seja, ensino fun- damental para alunos maiores de quinze anos e a conclusão do ensino médio para os maiores de dezoito anos. A EJA é a garantia constitucional de acesso à educação básica e resgate do exercício da cida- dania. No entanto, a sociedade brasileira ainda tem enorme contingente de jovens e adul- tos sem acesso à escola por diversas razões, em especial pela exclusão social e baixa oferta. Como garantir esse direito a essa população? Será que a baixa escolaridade de pais e/ou responsáveis (adultos) pode impactar no desempenho dos seus filhos nas EMEIs e EMEFs? Os sistemas de ensino devem garantir, de forma gratuita, aos alunos dessa modali- dade de ensino, a matrícula e permanência em cursos em instituições de ensino e/ou a ocorrência de exames para verificação de aprendizagem e certificação, como o Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja), garantindo assim a continuidade dos estudos. A EJA tem uma clientela diferenciada do ensino regular, muitos alunos trabalhadores ou com experiência profissional, essa que, pedagogicamente, deve ser aproveitada nos processos de aprendizagem em sala de aula. Para esse aluno, faz-se necessário ofertar um ensino que trate de temas atuais e presentes no cotidiano, como o mundo do traba- lho, possibilitando uma aprendizagem significativa. Os conhecimentos anteriores desses alunos também poderão ser reconhecidos para aproveitamento de estudos. Educação quilombola A educação quilombola não está detalhada na LDB, mas, a partir de uma discussão da Conferência Nacional de Educação (Conae), em 2010, ela foi incluída como modali- dade de ensino, resultando nas Diretrizes Curriculares para a Educação Escolar Quilom- bola, que orienta as redes de ensino a formularem projetos pedagógicos que atendam a essa clientela dentro de suas vivências, realidade e história, respeitando suas tradições. 12 13 Quilombola: segundo a própria Diretriz (BRASIL, 2012), entende-se por comunidade qui- lombola os grupos étnico-raciais definidos por autoatribuição, com trajetória histórica pró- pria, dotados de relações territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra relacionada com a resistência à opressão histórica. Para a Fundação Palmares, existem mais de 3500 comunidades quilombolas brasileiras distribuídas em todo o território nacional e que possuem características e especificidades únicas de organização e cultura, conforme a região onde estão localizadas (campo ou cida- de) e seu processo histórico de construção da identidade. Leia mais sobre em: http://bit.ly/2PdKEcx Ainda, para além da educação quilombola, vale ressaltar a obrigatoriedade do ensino de história e da cultura afro-brasileira nos currículos das escolas públicas e privadas da educação básica, conforme resolução 1/2004 do CNE. Assista o programa da TV Escola sobre os saberes tradicionais que estão presentes nos cur- rículos das escolas quilombolas e reflita sobre a importância de materiais didáticos especí- ficos e de formação continuada para os professores quilombolas. Disponível em: https://youtu.be/p4KR5NvnPKY Educação indígena A educação indígena está presente na Constituição Federal e garante aos índios a manutenção de sua identidade cultural e de uma escola que possibilite a valorização da língua, dos saberes e das tradições indígenas. Já a LDB assegura uma escola que tenha aulas ministradas em língua portuguesa e na língua materna indígena, respeitando as culturas e a ciência de cada povo. Ainda, a legislação aponta para a necessidade de se elaborar material didático próprio e de um currículo para atender à especificidade cultural da comunidade indígena, preferencial- mente debatido e produzido pelos próprios professores e representantes das comunida- des indígenas. Os povos indígenas têm direito a uma educação escolar diferenciada e intercultural, bem como multilíngue e comunitária. Seguindo o que diz a Constituição Federal de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), a coordenação nacional das políticas de Educação Escolar Indígena é de competência do Ministério da Educação, cabendo aos estados e municípios a execução para a garantia desse direito dos povos indígenas. Assista ao vídeo da Agência Brasil sobre Direitos dos povos indígenas à Educação e reflita sobre os desafios da educação indígena no Brasil. Disponível em: https://youtu.be/MnVJBQNJhiA 13 UNIDADE Organização da Educação Brasileira e da Educação Infantil Um dos desafios da educação indígena bilíngue é a formação adequada de profes- sores para que tenham condições de produzirem materiais específicos que resgatem a cultura e a língua local. Segundo as diretrizes para formação dos professores indígenas, a formação inicial será realizada em cursos de pedagogia e licenciatura interculturais ou outros programas especiais de formação pedagógica. Nesse caso, os cursos de licencia- turas devem oferecer esse tipo de formação para atender a essa demanda. Conheça as Diretrizes Curriculares Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores Indígenas em cursos de Educação Superior e de Ensino Médio. Disponível em: http://bit.ly/3669YqL Também conheça as Define Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Indí- gena na Educação Básica. Disponível em: http://bit.ly/32Iwxjb A oferta do ensino e das atividades das escolas indígenas deve respeitar as especifici- dades locais (culturais, de trabalho etc.) e pode ser organizada em séries anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância, grupos não-seriados, por idade, competência ou outros critérios, conforme o projeto pedagógico de cada escola. Educação do campo O Brasil rural ainda é uma realidade e pensar na modalidade de ensino voltado para o campo é fundamental para garantir o direito à educação para essa população, respeitando a sua localização geográfica e, principalmente, a sua cultura e os meios de produção e subsistência. Na LDB, em seu art. 28, estão presentes as determinações de metodologia, currículo e organização escolar que respeitem às peculiaridades da vida rural e de cada região. O currículo da escola do campo, respeitando as habilidades e conteúdos mínimos previstos na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), poderá ser complementada com uma parte diversificada que atenda às necessidades regionais e locais da comunidade e do educando. O calendário escolar deverá ser adaptado por conta das situações climáticas (época de chuva e seca) e fases do ciclo agrícola. Você conhece a pedagogia da alternância? É a alternância, intercalando um período decon- vivência na sala de aula com outro período no campo, respeitando a cultura e economia locais, buscando diminuir a evasão escolar em áreas rurais. Disponível em: http://bit.ly/2Jk6cAB Ainda sobre a organização dos anos escolares, ela pode ser anual, semestral, por ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos não seriados etc., sempre atendendo ao interesse do processo de aprendizagem, conforme as necessidades locais, climáticas e econômicas (produção) da população. Essas ações, no entanto, não podem reduzir o número de horas letivas previstas em lei. 14 15 Agora, resgatando o caso da professora Sônia, tendo em vista que a rede municipal possui escolas quilombolas, rurais e indígenas, como ela poderá desenvolver um projeto de for- mação de professores que contemple as especificidades locais, culturais e econômicas e as diretrizes previstas para a educação dessas populações? Educação profissional A educação profissional pode ser organizada da seguinte forma: • Formação básica para a qualificação profissional, sem necessidade de pré-requisito de ensino para sua matrícula; • Formação técnica de nível médio, necessidade de cursar ou ter concluído o en- sino médio; • Formação tecnológica para o ensino superior, no nível de graduação ou até mesmo de pós-graduação. Segundo o art. 36-A da LDB, incluída pela Lei n. 11.741, de 2008, o ensino médio, atendida a sua formação geral, também poderá preparar o aluno para o exercício de profissões técnicas, de forma facultativa. Essa formação poderá ser desenvolvida nos próprios estabelecimentos de ensino ou em cooperação com instituições especializadas em educação profissional, como o Sistema S (Senac, Senai, Senat, Senar etc.) e as or- ganizações não governamentais (ONGs e OSCIPs). O art. 36-B, também incluído em 2008, apresenta duas formas de desenvolvimento da educação profissional, sendo a primeira articulada com o ensino médio e a segunda como “subsequente”, para atendimento aos alunos que concluíram o ensino médio. O art. 36-C da LDB detalha a educação profissional técnica de nível médio “articula- da com o ensino médio” da forma apresentada na Figura 1. Ed uc aç ão pr of iss io na l de ní ve l t éc ni co Integrada ao ensino médio na mesma escola, com matrícula única para cada aluno Concomitante, ofertada para quem esteja cursando o ensino médio, com matrícula distinta para cada curso Figura 1 – Educação técnica de nível médio integrada e concomitante A educação profissional “concomitante” pode ocorrer de duas formas: na mesma ins- tituição ou em instituições distintas, aproveitando as oportunidades educacionais locais. 15 UNIDADE Organização da Educação Brasileira e da Educação Infantil A possibilidade de uma educação profissional concomitante e integrada ao ensino médio pode proporcionar uma formação para o trabalho com o exercício para a cida- dania, possibilitando uma formação integral do aluno, possibilitando que o jovem tenha uma educação completa, articulada com a realidade profissional e social. Já o art. 36-D estabelece que os diplomas de educação profissional técnica de nível médio habilitarão para a continuidade dos estudos no ensino superior, ou seja, o aluno formado no ensino técnico pode continuar seus estudos. Em alguns países europeus, principalmente, essa possibilidade não existe, quem seque o caminho profissionalizante não pode ir para o ensino superior. Claudio Moura Castro (2014) considera que já há um investimento feito no aluno que cursou o ensino médio técnico, principalmente se esse estudou em estabelecimento público, e a sua entrada no ensino superior seria um duplo investimento. Qual a sua avaliação? Sobre a educação profissional de nível tecnológica, pode ser organizada por eixos tecnológicos, construindo diferentes itinerários formativos do aluno. Saiba mais sobre itinerários formativos. Disponível em: http://bit.ly/2peq01l Destaca-se no art. 41º da LDB a possibilidade de aproveitamento de estudos ante- riores ou mesmo de conhecimentos adquiridos no ambiente do trabalho, para avaliação e certificação na educação profissional por competências. Ou seja, parte do currículo de um curso técnico que o aluno já tenha feito em outro momento da vida pode ter seu aproveitamento para dispensa de determinadas disciplinas do novo curso, o mesmo pode ocorrer, mediante avaliação de conhecimentos e/ou competências adquiridas no ambiente de trabalho. Sobre a educação profissional de nível básico, a coordenadora Sônia descobriu que a secre- taria municipal, em parceria com outra secretaria, do emprego e trabalho, ofertava cursos profissionalizantes em algumas escolas municipais. No entanto, em pesquisa de avaliação, alunos desses cursos reclamavam da “falta de didática” dos professores, muitos sem ex- periência em sala de aula. Como ela poderia realizar uma formação desses profissionais e melhorar o desempenho deles em sala de aula? Outra modalidade de ensino presente na educação brasileira é a educação a distân- cia (EAD). Ela pode ser caracterizada como uma modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com pessoal qua- lificado, com políticas de acesso, acompanhamento e avaliação compatíveis, entre outros, e que desenvolva atividades educativas para estudantes e profissionais da educação que estejam em lugares e tempos diversos. A educação a distância poderá ser ofertada nos seguintes níveis e modalidades: educação básica, EJA, educação es- pecial, educação profissional de nível técnico e tecnológico e ensino superior. 16 17 Financiamento da Educação O financiamento da educação é tema necessário para a garantia da universalização e da qualidade na educação básica obrigatória brasileira e nos demais níveis de ensino que precisam ter ampliados sua cobertura, como a educação infantil. A própria Consti- tuição estabelece percentuais mínimos de aplicação de recursos em educação, conforme Tabela 1. Tabela 1 – Percentuais mínimos de aplicação de recursos em educação União Estados, o Distrito Federal e os municípios 18% 25% Estados e municípios podem investir um valor maior no seu sistema de ensino, para tal, devem aprovar no seu legislativo o percentual que será investido. Alguns municípios e estados já adotam o percentual de 30% de investimento na educação. O art. 203º da CF garante que os recursos públicos sejam destinados às escolas pú- blicas. No entanto, podem ser dirigidos às escolas sem fins lucrativos que sejam comu- nitárias, confessionais ou filantrópicas por meio de bolsas para o ensino fundamental e médio de alunos com baixa renda, quando o seu direito de ensino não for atendido por falta de vagas na rede pública. Esse tema é bastante polêmico para aqueles que defendem “recursos públicos so- mente para escolas públicas” (SAVIANI, 2011; SAVIANI, 2004), pois consideram que o recurso público não pode ser destinado às instituições privadas, pois foge do controle do Estado e acaba desobrigando os sistemas de ensino para a universalização e obrigatorie- dade da educação básica previstas em lei. No entanto, essa é uma prática comum para o atendimento dos primeiros anos da educação infantil em muitos municípios brasileiros. Por outro lado, a oferta de bolsas pode resultar em um aumento na oferta de vagas para os alunos de baixa renda, possibilitando assim um maior atendimento no sistema de ensino. O governo federal utiliza o sistema de bolsas na educação superior por meio do programa denominado PROUNI, ampliando o atendimento nesse nível de ensino. Veja mais em: http://bit.ly/2peoY5g A LDB em seu art. 68º descreve a origem dos recursos públicos destinados à educa- ção como provenientes de impostos, transferências – como, por exemplo, os fundos de participação municipais e estaduais, salário educação, contribuições sociais e receita de incentivos fiscais. O art. 70º da LDB detalha as despesasque devem ser consideradas como “manu- tenção e desenvolvimento do ensino”, como o pagamento ao professor e aos demais profissionais da educação, a construção e manutenção de escolas, pesquisas em edu- 17 UNIDADE Organização da Educação Brasileira e da Educação Infantil cação para uso do sistema de ensino, concessão de bolsas de estudos em instituições particulares (conforme lei), material escolar e transporte escolar. O art. 71º apresenta o que não constitui despesas de “manutenção e desenvolvimen- to do ensino” e que ficam fora dos percentuais mínimos previstos em lei, tais como: pes- quisas não vinculada à rede de ensino, aporte de recursos para instituições não educa- cionais, programas de saúde e assistência e obras de infraestrutura no entorno da escola. Importante considerar ainda que programas suplementares de alimentação e assis- tência à saúde para estudantes deverão ser financiados com recursos provenientes de contribuições sociais e de outros recursos orçamentários dos entes federativos. Antes dessa definição, alguns municípios e estados incorporavam como despesas de educação recursos das pastas de cultura e esportes e atendimento à saúde do aluno. Tam- bém obras de melhoria da calçada ou da rua em torno da escola entravam nesse computo. As prestações de contas de recursos públicos destinados à educação pelos entes federativos são acompanhadas e monitoradas pelos órgãos fiscalizadores, tais como o Tribunal de Contas da União e os tribunais de contas estaduais ou municipais e o Mi- nistério Público e, em caso de desacordo com a CF, responsabilizados diretamente os gestores públicos. Conheça o Portal da Transparência do Governo Federal. Esse é um site de acesso livre, no qual o cidadão pode encontrar informações sobre como o dinheiro público é utilizado, além de se informar sobre assuntos relacionados à gestão pública do Brasil. Pesquise os recursos federais que são transferidos para o seu município através do Portal da Transparência. Disponível em: http://bit.ly/2Jenn6v Destaca-se, segundo o art. 74º da LDB, que os sistemas de ensino estabelecerão o custo-aluno para garantir ensino de qualidade. O custo mínimo por aluno será calcula- do pela União ao final de cada ano. Esse artigo da LDB fundamenta o nosso próximo tópico, que é o Fundeb. Fundeb O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), principal instrumento de redistribuição de recur- sos para a educação, foi regulamentado pela Lei n. 11.494 de 2007. Veja a Lei do Fundeb na íntegra em: http://bit.ly/361PGP7 O Fundeb substituiu o Fundef, que tinha como foco somente o investimento no ensi- no fundamental. Já com o Fundeb, os demais níveis, tipos e as modalidades da educação básica foram contemplados, evitando uma distorção no investimento educacional, que antes era somente do ensino fundamental, atendendo agora à educação básica como um todo, do infantil ao médio. 18 19 O Fundeb tem por objetivo redistribuir recursos para a “manutenção e desenvolvi- mento da educação básica”, conforme determina a Constituição Federal. Ainda, visa a valorizar docentes e demais trabalhadores da educação por meio de remuneração ade- quada à sua função profissional e nível de formação. As fontes de receita dos fundos estaduais do Fundeb são compostas por 20% das seguintes receitas: • Fundo de Participação dos Estados (FPE); • Fundo de Participação dos Municípios (FPM); • Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS); • Imposto sobre Produtos Industrializados de exportações (IPIexp); • Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doações (ITCMD); • Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA); • Imposto Territorial Rural (ITR). Entenda os percentuais e impostos do Fundeb: 20% DE IMPOSTOS: FPE FPM ICMS IPIexp ITCMD IPVA ITR + aporte de recursos da União FUNDOS ESTADUAIS DO FUNDEB DISTRIBUIÇÃO DE RECURSOS POR ALUNO DA EDUCAÇÃO BÁSICA PARA MUNICIPIOS, ESTADOS E DISTRITO FEDERAL Figura 2 – Percentuais e impostos do Fundeb O governo federal complementa os recursos dos Fundeb quando o valor médio por aluno não alcança o mínimo definido nacionalmente pela Comissão Intergovernamental de Financiamento para a Educação Básica de Qualidade. Essa comissão determina os valores anuais de repasse para cada nível e etapa da educação básica e é composta por representantes de MEC, das secretarias estaduais de educação e de secretarias munici- pais de educação. A distribuição dos recursos para os estados, municípios e Distrito Federal é feita por meio da quantidade de alunos matriculados nas redes de ensino. Para a redistribuição, é considerada exclusivamente as matriculas presenciais efetivas, conforme Censo Escolar1 computado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) do governo federal. 1 Ver mais em: 19 UNIDADE Organização da Educação Brasileira e da Educação Infantil O Inep passou a obrigar estados, municípios e Distrito Federal a informar, via sistema de informação, a matrícula individual, por aluno. Antes, os entes federativos informavam somente a quantidade de matrículas do seu sistema de ensino. Com essa medida, dimi- nuíram-se as informações distorcidas, que apresentavam outras quantidades de alunos para aumentar os recursos do Fundeb. As etapas, modalidade e tipos de estabelecimentos de ensino da educação básica que recebem recursos dos Fundeb estão no Quadro 5. Quadro 5 – Etapas, modalidades e tipos de estabelecimento contemplados no Fundeb Níveis e modalidades Tipos de estabelecimentos Creche e pré-escola Tempo integral e parcial Anos iniciais do ensino fundamental Urbano, do campo e tempo integral Anos finais do ensino fundamental Ensino médio Urbano, do campo e tempo integral Ensino médio integrado à educação profissional Educação especial Educação indígena e quilombola Educação de jovens e adultos Educação de jovens e adultos de nível médio Integrada à educação profissional Para cada tipo e nível de ensino é calculado pela Comissão Intergovernamental de Financiamento para a Educação Básica de Qualidade um valor diferente por aluno, levando em consideração os custos reais das diferentes etapas, modalidades e tipos de estabelecimento de ensino da educação básica. Por exemplo, creches e pré-escolas de tempo integral devem receber mais re- cursos do que o de tempo parcial. Ou o ensino médio integrado ao ensino profis- sionalizando deve receber mais recursos do que o ensino médio urbano. Anualmente, a comissão intergovernamental de financiamento para a educação básica de qualidade aprova ponderações de recursos para cada etapa, modalidade e tipo de esta- belecimento de ensino da educação básica para o Fundeb. Veja o valor anual por aluno estimado, no âmbito do Distrito Federal e dos estados, e estimativa de receita do Fundeb. Disponível em: http://bit.ly/2Wf3t0y Pesquise no site do FNDE os recursos destinados à educação infantil (creche e pré-esco- la) do seu estado e reflita: você avalia que o recurso previsto para creches e pré-escolas pelos fundos na sua realidade assegura a qualidade necessária a esse nível de ensino? Disponível em: http://bit.ly/2pKX550 Importante destacar que, segundo o art. 22º, pelo menos 60% dos recursos do Fun- deb devem ser para pagamento dos professores, demonstrando o esforço em melhorar as condições docentes. Destaca-se a lei que promulga anualmente o piso salarial nacio- nal do profissional de educação. 20 21 Leia a matéria do ministro da educação que promulgou o piso nacional dos professores para o ano letivo de 2018. Disponível em: http://bit.ly/2N7PoOh Você considera o piso atual previsto no Fundeb suficiente para um pagamento justo aos professores da educação básica? O professor de educação infantil deve receber mais ou menos do que o professor de ensino fundamental e médio? Os fundos devem ser acompanhados e ter o seu controle social feito por conselhosfederal, estaduais e municipais instituídos especificamente para esse fim, além da socie- dade civil organizada. O Fundeb é considerado hoje um importante mecanismo contábil de redistribuição de recursos para a educação brasileira, garantindo equidade entre os entes federativos. No entanto, o desafio é enorme para melhorar a qualidade da educação ofertada para a população brasileira. Uma ação é aumentar os percentuais do PIB investido na educação nacional para diminuir o gargalo de qualidade existente nos diversos sistemas de ensino, entre níveis de ensino e entre escolas públicas e privadas. Além dos recursos financeiros, cabe ressaltar a necessária eficiência da gestão dos sistemas de ensino, garantindo eficiência e eficácia a esses sistemas para se alcançar os padrões mínimos ao ensino ofertado e para a valorização dos profissionais da educação. Voltando para o caso da coordenadora Sônia, ela já identificou os recursos previstos para a educação no município, mas entende que o desafio é o acompanhamento da aplicação desses recursos para verificar se não está ocorrendo alguma distorção e o di- nheiro está chegando aos professores, às escolas e impactando na qualidade do ensino ofertado para o aluno da rede municipal – ainda que o valor seja investido na formação continuada dos professores, conforme previsto em lei. Retomando o caso da coordenadora Sônia apresentado na contextualização da unidade, ele buscava entender as responsabilidades, estruturas e normas de funcionamento da rede municipal em que ela atua. Além de analisar as diferentes modalidades de ensino presen- tes na rede, considerando as especificidades do público de cada escola. Vimos na unidade como a organização da educação brasileira é dinâmica, os papéis de- finidos pela Constituição e LDB para cada ente federativo (União, estados, municípios e Distrito Federal) e sua responsabilização pela oferta e o acompanhamento dos níveis e das modalidades de educação. No entanto, o desafio é garantir a qualidade da oferta em meio a essa diversidade de responsabilidades e realidades de cada estado, município e escola. Refletimos também sobre o financiamento da educação básica e, em especial, dos meca- nismos do Fundeb. Cabe ao profissional de educação entender essa dinâmica de funcionamento da educação brasileira, qualificando sua atuação e garantindo o direito à educação e uma oferta de qua- lidade para crianças e jovens. Ainda ao professor, cabe conhecer profundamente o projeto pedagógico da escola onde leciona, participar das decisões da gestão e buscar mecanismos de acompanhamento da oferta e qualidade da educação. 21 UNIDADE Organização da Educação Brasileira e da Educação Infantil Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Os tortuosos caminhos da educação brasileira: pontos de vista impopulares CASTRO, C. de M. Os tortuosos caminhos da educação brasileira: pontos de vista impopulares. São Paulo: Penso, 2013. Reflexões sobre educação, formação e esfera pública CARVALHO, J. S. F. de. Reflexões sobre educação, formação e esfera pública. São Paulo: Penso, 2013. Caminhos da educação integral no Brasil: direito a outros tempos e espaços educativos MOLL, J. Caminhos da educação integral no Brasil: direito a outros tempos e espa- ços educativos. São Paulo: Penso, 2012. Estatística para Educação Profissional NOVAES, D. V.; COUTINHO, C. de Q. e S. Estatística para Educação Profissional. Atlas, 2009. Vídeos D-02 – LDB – Educação Básica (parte 1 de 2) Primeira parte do vídeo da disciplina D-2 – Lei de Diretrizes e Bases, do curso de Pe- dagogia Unesp/Univesp. Mostra como a LDB alterou a gestão das escolas brasileiras. https://youtu.be/hNZe6cC3K7E D-02 – LDB – Educação Básica (parte 2 de 2) Segunda parte do vídeo da disciplina D-2 – Lei de Diretrizes e Bases, do curso de Pe- dagogia Unesp/Univesp. Mostra como a LDB alterou a gestão das escolas brasileiras. https://youtu.be/RfOMFAl2vz4 Arrecadação e investimento dos recursos da educação – Como funciona o Fundeb? Vídeo explica como funciona o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), a principal fonte de re- cursos para a educação básica para estados e municípios, e como esses recursos devem ser investidos. https://youtu.be/IVhkU_gW5OY 22 23 Referências BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 5 de outubro de 1988. Brasília: Senado Federal, Coordenação de Edições Técnicas, 2016. Disponível em: . Acesso em: 20 jan. 2019. ________. Lei Nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em . Acesso em: 20 jan. 2019. ________. Resolução CNE/CP nº 1 de 22 de junho de 2004. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações ÉtnicoRaciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Disponível em: . Acesso em: 20 jan. 2019. ________. Resolução CNE/CEB nº 5, de 25 de junho de 2012. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Indígena na Educação Básica. Disponível em: . Acesso em: 12 dez. 2018. ________. Resolução CNE/CEB nº 8, de 20 de novembro de 2012. Define Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola na Educação Básica. Disponível em: . Acesso em: 20 jan. 2019. ________. Resolução Resolução MEC CNE/CEB nº 2, de 11 de setembro de 2001. Institui as Diretrizes Nacionais para Educação Especial. Disponível em: . Acesso em: 20 jan. 2019. ________. Resolução Nº 1, de 7 de janeiro de 2015, de 11 de setembro de 2001. Institui as Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores Indígenas em cursos de Educação Superior e de Ensino Médio. Disponível em: . Acesso em: 20 jan. 2019. ________. Decreto nº 9.057, de 20 de maio de 2017. Regulamenta o art. 80 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: . Acesso em: 20 jan. 2019. ________. Resolução n. 3, de 21 de novembro de 2018. Atualiza as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Disponível em: . Acesso em: 20 jan. 2019. 23 UNIDADE Organização da Educação Brasileira e da Educação Infantil ________. Lei Nº 11.494, de 20 de junho de 2007. Regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação – FUNDEB. Disponível em: . Acesso em: 20 jan. 2019. CASTRO, C. M. Os tortuosos caminhos da educação brasileira: pontos de vista impopulares. Porto Alegre: Penso, 2014. SAVIANI, D. A nova lei da educação: trajetória, limites e perspectivas. 9. ed. Campinas: Autores Associados, 2004. ________. Da nova LDB ao FUNDEB: por uma outra política educacional. 4. ed. Campinas: Autores Associados, 2011. 24