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necessário. Uma vez estabelecida esta unidade, você pode girar o instrumento 
em 90°, mantendo-o perpendicular a sua linha de visão e exatamente na mesma 
distância dos olhos (CURTIS, 2015).
Se preferir, você pode utilizar o objeto mondriano como mira. A tendên-
cia de você alinhar a orientação dos objetos do campo de visão pelos eixos 
cartesianos (x e y) por meio da mira é tão forte, no desenho de observação, 
que você deve alinhar seu instrumento em frente a uma parede vazia, para 
não perder o prumo. Ao realinha-lo, você evita que as suas percepções diretas 
sejam influenciadas pelo conhecimento da sua mente (CURTIS, 2015).
Figura 2. Três técnicas para desenhar circunferências.
Fonte: Giesecke et al. (2002, p. 60).
Enquanto as técnicas de proporção são estimadas pelo seu campo de visão, 
as técnicas do sistema de medição modular vêm evoluindo ao longo dos sé-
culos, até se tornarem o sistema de medida métrico com o módulo de 10 cm, 
utilizado hoje como o principal sistema de medição mundial. Esse sistema foi 
adotado pela maioria dos países, já no final do século XX.
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O sistema de escala teve origem no dimensionamento modular grego e 
romano. As formas geométricas de Platão e Virtrúvio (o círculo, o triângulo e 
o quadrado) eram, em tempos remotos, um sistema de medição que auxiliava
medir outras formas poligonais. Apesar de terem tido pouca aplicação para
projeto e construção, a partir deles foi desenvolvida a dimensão do pentágono
ideal, que embasou a relação matemática “áurea”. Posteriormente, o arquiteto Le
Corbusier desenvolveu uma teoria das proporções do corpo humano baseado nas
dimensões estéticas da relação “áurea”. O raio, a corda e a altura do triângulo
compuseram, também, um sistema geométrico de medição utilizado para a
construção de edificações redondas no período romano (NEUFERT, 2004).
Um dos principais desafios que você vai enfrentar é o esboço da figura 
humana completa. Ao compreender as relações da teoria de Le Corbusier sobre 
as proporções do corpo humano, você poderá se beneficiar delas na elaboração 
de croquis. Você pode utilizar, também, o cânone grego de proporções que 
subdivide o corpo em oito cabeças.
No século XX, com a industrialização, os arquitetos desenvolveram estudos 
de coordenação modular para auxiliar na construção pré-fabricada. O módulo 
era um sistema de medição para reger as superfícies e os volumes. Em 1932, 
Walter Groupius projetou uma casa modular cuja planta podia crescer por adição 
de novos volumes. A França, a partir de 1942, passou a adotar o módulo-base 
de 10 cm, ao passo que a Inglaterra, por exemplo, passou a adotar o sistema 
de quatro polegadas, a partir de 1966 (SOUSA, 2011).
Ainda que técnicas de proporção e do sistema de escala estejam intrin-
sicamente relacionadas, é importante que você consiga, a partir desse breve 
histórico, isolar o sistema de escala no momento do desenho de observação. 
O arquiteto tende a usar o conhecimento disponível na memória para sua 
elaboração, mas é preciso lembrar que no desenho de observação, você precisa 
registrar a proporção que vê, e não a que sabe. O uso constante do instrumento 
ajuda a preservar a precisão das proporções percebidas, com base no sistema 
cartesiano.
As dimensões que você sabe de memória, pode aplicar em esboços de 
projeção paralela, conforme apresentado no próximo tópico, embora não 
representem a realidade observada.
Métodos de projeção cônica e paralela
O método de projeção envolve os olhos do observador ou o ponto de vista, o 
objeto, o plano de projeção e as projetantes, também chamadas de raios visuais 
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ou linhas de visada. Existem dois métodos de projeção: a projeção cônica e a 
paralela, e suas respectivas perspectivas e vistas você pode observar na Tabela 2.
Fonte: adaptada de Giesecke et al. (2002).
Projeção Perspectiva
Cônica Linear
Com 1 ponto de fuga
Com 2 pontos de fuga
Com 3 pontos de fuga
Aérea
Paralela
Ortogonal
1) Axonométrica Isométrica: todos os eixos se reduzem igualmente
Dimétrica: dois eixos se reduzem igualmente
Trimétrica: todos os três eixos se reduzem diferentemente
2) Oblíqua Cavaleira
Cabinet
Tabela 2. Classificação das projeções.
Nas vistas ortográficas (Figura 3), os raios visuais são paralelos entre si 
e perpendiculares ao plano de projeção (GIESECKE et al., 2002). Você pode 
utilizá-las para desenhar fachadas em esboços arquitetônicos a mão livre. 
Na projeção axonométrica (Figura 3), os raios visuais também são paralelos 
entre si e perpendiculares ao plano de projeção. Quando uma superfície é 
inclinada, em relação ao plano de projeção, aparecendo reduzida nas vistas 
principais, a perspectiva é isométrica. Nessa perspectiva, você precisa manter 
todo o desenho em proporção, mas não precisa trazer as medidas de forma 
precisa para localizar cada elemento do desenho (GIESECKE et al., 2002).
Na projeção oblíqua (Figura 3), os raios visuais são paralelos entre si e 
oblíquos ao plano de projeção. Na perspectiva cavaleira, a vista frontal do 
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objeto (largura e altura) é apresentada em verdadeira grandeza, porém as 
outras superfícies aparecem em tamanho reduzido, sendo fáceis para elaborar 
esboços de objetos e de arquitetura (GIESECKE et al., 2002). “Quando as 
linhas fugantes são desenhadas com metade do seu tamanho, a perspectiva 
cavaleira há a comumente conhecida como projeção cabinet (gabinete).” 
(GIESECKE et al., 2002, p. 168).
Figura 3. Quatro tipos de representação por projeção.
Fonte: Giesecke et al. (2002, p. 157).
Você vai utilizar, no desenho de observação, a perspectiva cônica (Figura 
3), cujos raios visuais convergem para o observador. Porém, você pode adotar 
a estrutura da projeção paralela em esboços a mão livre da arquitetura para 
transmitir ideias ou para transmitir eventos específicos relacionados à ela, 
como detalhes de telhados, de escadas e de esquadrias, pois refletem de forma 
proporcional suas características. São muito utilizadas em relatórios técnicos, 
para transmitir desenhos de formatos, de danos, para apoiar relatórios fotográ-
ficos, entre outros. Como você vai utilizar as técnicas de observação na sua 
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elaboração para diferenciar do desenho de observação conceitual, você deve 
chamar os esboços pelo seu nome técnico (por exemplo, fachada ou detalhe de 
esquadria) e deve acrescentar o tipo de projeção adotada (vista ortográfica ou 
perspectiva isométrica), para caracterizar de forma adequada o seu desenho.
No Capítulo 6 de Comunicação gráfica moderna, de Giesecke et al. (2002), você pode 
aprender mais sobre as técnicas de desenho das perspectivas isométricas, cabinet e 
cavaleira.
Perspectiva cônica
Os pontos de fuga das perspectivas cônicas dependem da posição do objeto 
em relação ao plano de projeção, segundo Giesecke et al. (2002, p. 173):
Se o objeto está com uma face paralela ao plano de projeção, é necessário 
somente um ponto de fuga. [...] Se o objeto está formando um ângulo 
com o plano da perspectiva, mas com arestas verticais paralelas ao plano 
da perspectiva, são necessários dois pontos de fuga [...]. Este é o tipo mais 
comum de perspectiva cônica. Se o objeto está colocado de forma que 
nenhum sistema de arestas paralelas seja paralelo ao plano do desenho, 
são necessários três pontos de fuga. 
A Figura 4 ilustra passo a passo como fazer uma perspectiva cônica com 
um ponto de fuga, e a Figura 5 demonstra como realizar uma perspectiva 
cônica com dois pontos de fuga. 
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