Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

Erro! Nenhum texto com o estilo especificado foi encontrado no documento.: Erro! Nenhum texto com o estilo especificado 
foi encontrado no documento. 1 
 
 Manual de Botânica 
Sistemática 
 
Cornélio Artur Luís Mucaca 
Feliserto Castelo Lourenço Lobo 
 
2 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FICHA TÉCNICA: 
 
Título: Manual de Botânica Sistemática 
Organizador: 
 
Universidade Pedagógica de Maputo – Curso de Biologia 
Compilação/Maquetização 
 
Cornélio Mucaca 
 
Maputo, Julho de 2023 
Compilação Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
 
 
3 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
ÍNDICE 
 
Introdução à Botânica Sistemática 8 
Introdução 8 
Definição da Botânica, origem das plantas e partes da Botânica 8 
A origem das plantas 8 
Definição de Botânica 8 
Partes da Botânica 9 
Categorias da classificação e nomenclatura Botânica 11 
Categorias da classificação 11 
Identificação ou determinação 13 
Conceito de espécie 13 
Nomenclatura botânica 15 
A estrutura e a hierarquia taxonómica 17 
Os reinos 25 
 História da Botânica Sistemática 32 
Sinópsis do reino vegetal e níveis de organização dos organismos 33 
Os Prokaryota: Características morfológicas, ecológicas e modo de vida. 35 
As Bactérias 35 
Importância das bactérias 37 
Embryobionta – Briófitas e plantas vasculares 67 
Divisão Bryophyta 67 
Divisão Pteridopyta ..................................................................................................................... 71 
Auto-avaliação 78 
Sistemática e características das traqueófitas 80 
Características gerais das traqueófitas 80 
Classe das Monocotiledôneas 100 
Bibliografia 104 
 
 
4 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
Introdução à Botânica Sistemática 
Introdução 
Desde cedo o Homem preocupou-se em perceber a sua origem e concomitantemente a origem da 
vida. Com o avanço da técnica o Homem inventou instrumentos que o permitiam observar objectos 
até então por ele desconhecidos. Nesta unidade você vai aprender aHistória da Botânica 
Sistemática, a diversidade dos organismos versus tempo geológico, os reinos, categorias da 
classificação, nomenclatura Botânica, definição da Botânica, origem das plantas e partes da 
Botânica. 
 
Definição da Botânica, origem das plantas e partes da Botânica 
Introdução 
As plantas são organismos vegetais que têm a sua origem a partir de outros organismos. Nesta 
lição você poderá estudar o conceito da Botânica como ciência que estuda as plantas, conhecer a 
sua origem e as partes da Botânica que permitem o estudo da sistemática e taxonomia das mesmas. 
A origem das plantas 
De acordo com MAUSETH (1998), as plantas vasculares surgiram bem mais tarde, depois da 
descoberta dos primeiros procariontes (seres com material genético disperso no citoplasma) a cerca 
de 350 milhões de anos, na era Paleozóica, Período Devoniano Superior e 450 milhões de anos, 
no Período Ordoviciano (PEREIRA, 1999). DELEVORYAS (1966) comenta sobre estudos 
paleobotânicos, indicando o surgimento dos vegetais inferiores no Período Pré-cambrico. Sendo a 
disciplina de botânica bastante ampla, não veremos a parte referente à paleobotânica. 
 
Definição de Botânica 
Botânica, Biologia Vegetal ou Fitologia: é a parte da Biologia que estuda as plantas. 
Etimologicamente duas palavras gregas estão relacionadas: botane, que significa erva forrageira 
ou erva útil e phyton, que significa planta. Como é do seu conhecimento a partir da 8ª classe e 9ª 
classe respectivamente, as plantas apresenta características diferentes as dos animais que passamos 
a lembrar: 
 
5 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
Tabela 1: Diferenças entre animais e plantas 
PLANTAS ANIMAIS 
Autotróficos Heterotróficos 
Absorção Ingestão 
sem estruturas ou órgãos de movimento geográfico 
(possuem raízes ou estruturas de fixação ao substrato) 
Com movimentação livre 
presença de cloroplastos Não 
células com parede celular (originária na mitose - 
lamela média)) 
sem paredes (a mitose não forma lamela média) 
grande capacidade regenerative Reduzida 
duração de vida pode ser longa Duração de vida é curta 
 
Partes da Botânica 
Embora não existam limites claros podemos citar algumas disciplinas que realizam investigações 
dentro do Reino Vegetal: 
 Bioquímica (estudo das moléculas orgânicas), Genética (estudo da hereditariedade), 
Citologia (estudo das células), Histologia (estudo dos tecidos), Morfologia (estudo dos 
órgãos). Estas três últimas estão incluídas dentro da Anatomia Vegetal, as demais na 
Fisiologia Vegetal (estudo do funcionamento do organismo). 
 Existe ainda, uma disciplina especial dentro da botânica que trata da ordenação e 
classificação chamada Sistemática ou Taxonomia. 
 Outras áreas correlacionadas são: Paleobotânica (estudo dos fósseis vegetais), Ecologia 
Vegetal (estuda o ambiente nativo dos vegetais, suas relações com outros seres vivos), 
Economia Botânica (estuda o gerenciamento do ambiente das plantas e sua utilização 
econômica, por exemplo: como combustível, óleos, resinas, construções, fibras, alimento, 
medicina, religiosidade, etc.), Fitocorologia (estuda a distribuição das distintas plantas 
sobre a terra), Fitocenologia (estuda a distribuição das comunidades vegetais), essas duas 
últimas disciplinas estão dentro da Geobotânica e da Fitogeografia, estudando a relação 
 
6 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
entre os vegetais e o espaço geográfico. 
 Outros conjuntos de matérias mais específicas que utilizam a botânica são a 
Quimiotaxonomia que estuda exclusivamente sobre a existência de determinadas estruturas 
químicas em alguns táxons botânicos, procurando descobrir novas estruturas taxonômicas, 
Farmacognosia (envolvendo o estudo dos fármacos de origem animal e vegetal) e a 
Fitotecnia que trata do estudo de plantas com finalidades agrícolas, envolvendo Plantas de 
Lavouras, Horticultura, Fruticultura, Silvicultura e Fitopatologia. 
Alguns pesquisadores consideram para determinados grupos a importância de relacionar 
disciplinas específicas, como acontece com as Criptógamas: Ficologia, estudo das algas; 
Micologia, estudo dos fungos; Liquenologia, estudo dos líquenes; Briologia, estudo dos musgos e 
hepáticas (briófitas); Pteridologia, estudo dos fetos, etc. 
 
Sumário 
 
A Botânica é a parte da Biologia que estuda as plantas. Etimologicamente duas palavras gregas 
estão relacionadas. As plantas vasculares surgiram bem mais tarde, depois da descoberta dos 
primeiros procariontes (seres com material genético disperso no citoplasma) a cerca de 350 
milhões de anos, na era Paleozóica, Período Devoniano Superior e 450 milhões de anos, no 
Período Ordoviciano. Algumas partes da Botânica mais conhecidas são: Bioquímica, Sistemática 
ou Taxonomia, Paleobotânica, Quimiotaxonomia, Fitotecnia, Farmacognosia. 
 
 
Auto-avaliação 
 
1. Mencione as partes da Botânica; 
2. Defina o conceito “Botânica”; 
3. Descreva os processos naturais que deram origem às plantas. 
 
7 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
 
Chave de correcção. 
P1 – Bioquímica, Sistemática ou Taxonomia, Paleobotânica, Ecologia Vegetal, Economia 
Botânica, Fitocorologia, Fitocenologia, Geobotânica e da Fitogeografia, 
Quimiotaxonomia, Farmacognosia, Fitotecnia, Lavouras, Horticultura, Fruticultura, Silvicultura 
e Fitopatologia. 
P2 – Parte da Biologia que estuda as plantas 
P3 – A partir dos primeiros procariontes 
 
 
Categorias da classificação e nomenclatura Botânica 
Introdução 
Na lição anterior você aprendeu a definir a Botânica, do mesmo modo compreendeu a origem das 
plantas e as partes da Botânica. Nesta lição você poderá estudar os diferentes níveis de 
classificação e nomenclatura das plantas e conhecer a história da nomenclaturaum plasmódio polinucleado. Os mixomicetes assemelham-se, em certas 
fases de sua vida, com protozoários, como as amebas, pois conseguem emitir pseudópodes. 
Isto é possível, pois não apresentam parede celular, apenas uma membrana flexível, o que lhes 
permite a movimentação. Ao deslizarem sobre o solo, englobam diversas partículas orgânicas, 
além de bactérias e fungos. Podem reproduzir-se assexuadamente, através da produção de 
zoósporos, ou sexuadamente, através da fusão de determinadas células que formam um zigoto. 
 
Divisão Acrasiomycota 
Esta divisão apresenta uma classe das Acrasiomicetes que é formada por amebas que se agregam 
formando originando plasmódios ou pseudoplasmódios. A parede celular destes contém celulose. 
 
Ciclo de vida 
Na fase de multiplicação vegetativa as amebas se dividem. As amebas se agregam a seguir sem se 
fundir através de forças de interação quimiostática e que se dá graças a presença de uma substância 
denominada acrasina. Esta fusão depende da abundancia ou não dos alimentos. 
Os plasmódios agregados reptam pelo substratto até formar um corpo culmonar. Nesta fase 
mantém-se a individualidade das amebas unicelulares enquanto se processa a diferenciação que 
leva a formação do corpo frutífero (fase latente em que as amebas estão envolvidas por uma parede 
celular dura), as novas amebas são libertadas e reptam pela superfície até atingirem a parte superior 
onde se forma o esporângio (que contém células redondas e haploides). Depois da esporulação, as 
células da cortiça morrem. 
 
Divisão Myxomicota 
Os plasmódios se originam por fusão de mixoflagelados ou mixamebas que em certa fase do seu 
ciclo de vida apresentam a parede celular com galatosamina. Esta divisão apresenta 3 classes: 
Myxomycetes, Protosteliomycetes e Labyrinthulomycetes. 
 
47 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
Na classe Myxomycetes a fase vegetativa é um plasmódio não dividido em células (há fusão entre 
as amebas). O plasmódio diploide é revestido por uma parede dupla sem celulose nem quitina, mas 
sim por polímeros de galactosamina. Apresentam clorações vivas em seus plasmódios, sobretudo 
nos corpos frutíferos (que são usados como indicadores de tipos de solos). 
 
Ciclo de vida 
Os esporos germinam em água ou substrato húmido (estes podem permanecer cerca de 70 anos 
enquanto as condições não forem favoráveis para a germinação) e originam amebas flageladas que 
originam amebozigotos que a seguir se fundem por plasmo ou cariogamia. 
A formação de corpos frutíferos se dá em condições determinadas (substrato, 
Temperatura, PH e luz). Os corpos frutíferos apresentam parede externa calcária. O esquema a 
seguir representa o ciclo de vida dos Myxomicota: 
Figura 3: Ciclo de vida dos Mixomycota 
 
 
 
48 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
Nutrição 
A nutrição é com base em diferentes microorganismos (bactérias, leveduras, protozoários e hifas 
de fungos) que são fagocitados e digeridos por acção enzimática, o que não se digere é expelido 
dentro de algum tempo. 
Na classe Protosteliomicetes os plasmódios se formam a partir de células não flageladas. 
Nas Labyrinthulomycetes encontra-se espécies endo parasitas de plantas marinhas como a Zostera 
sp. e a Lamnaria sp.. os plasmódios se originam de células bi-flageladas. 
 
Divisão Plasmodiophoromycota 
Difere das outras divisões pela particularidade na divisão do núcleo. Pressupões-se que os 
indivíduos dessa divisão sejam descendentes de Myxomycetes endoparasitas, mas os seus esporos 
apresentam dois flagelos com comprimentos desiguais. O ciclo de vida apresenta plasmódios 
haplóides e diplóides. Ex: Plasmodiophora brassicae que causa a hérnea da couve. 
 
Nível de desenvolvimento Mycobionta 
Neste nível de desenvolvimento encontra-se os fungos. Os fungos são organismos eucariotas, 
heterotróficos e, em sua maioria, multicelulares. Suas células apresentam reforço celulósico 
externo, como nas algas e vegetais, porém é comum a presença de depósitos de quitina, substância 
característica dos animais. Os fungos são seres aclorofilados e possuem o glicogênio, típico dos 
animais, como substância reserva. 
A maioria dos fungos é fixa ao substrato, porém, os mais primitivos apresentam mobilidade em 
uma fase da vida, locomovendo-se pela emissão de pseudópodes, como as amebas. Os fungos 
executam nutrição externa, ou seja, vertem enzimas sobre o alimento (substrato) e absorvem as 
partículas previamente digeridas. As substâncias são distribuídas através de uma corrente 
citoplasmática que percorre todas as células. 
A respiração pode ser aeróbia ou anaeróbia facultativa, como nas leveduras. Muitos promovem a 
fermentação alcoólica como em Saccharomyces cerevisae utilizado para a produção de vinhos e 
Fig. Ciclo de vida dos Myxomicota 
 
49 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
cervejas. A excreção é feita por difusão direta pelas células. Apresentam reprodução gâmica ou 
agâmica com a produção de esporos semelhantes aos vegetais. 
As células dos fungos estão intimamente ligadas uma às outras, formando uma massa de longos 
filamentos multinucleados chamados hifas. Elas correspondem a tubos microscópicos que podem 
ou não apresentar septos transversais, delimitando as células. A reunião das hifas ramificadas e 
entrelaçadas constitui o micélio. Muitos fungos podem formar oscorpos frutíferos de tamanho, 
forma e cores variadas, como os cogumelos, champignon e orelhas-de-pau. 
Oscorpos frutíferossomente surgem em períodos de reprodução sexuada. Quando dois micélios 
pertencentes a sexos diferentes se encontram, as suas hifas se organizam para a formação do corpo 
frutífero ou basidiocarpo (cogumelo). 
 
Divisão Oomycota 
Estes fungos apresentam celulose na parede celular. São os chamados fungos d'água porque muitos 
são aquáticos. Alguns se nutrem à custa da matéria orgânica em decomposição, como os 
Saprolegnia parasitica, que decompõem principalmente insectos mortos. Certos Oomicetes são 
parasitas de vegetais, como Phytophthora infestants, que causa a ferrugem na batatinha, ou o 
Plasmopora vinicola., causador de doenças em uvas, maçãs e peras. A reprodução assexuada faz 
se por zoósporos, enquanto a reprodução sexuada se faz por gámetas perfeitamente distintos como 
pode ver no esquema sobre o ciclo de vida que a seguir lhe é apresentado: 
 
50 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
Ciclo de vida das Oomycota 
 
 
 
Divisão Eumycota 
Em consequência da sua adaptação a vida fora da água os Eumycota perderam completamente os 
zoosporos e os gâmetas flagelados, entretanto os representantes primitivos desta classe apresentam 
um flagelo liso. A parede celular contém sempre quitina, não tem celulose. Alguns representantes 
desta divisão contém parede com galactosamina-galactano (classe das Trichomycetes) outros 
representantes mais conhecidos são as Saccharomyces em que se encontra a Saccharomyce 
serevisiae. 
 
Classe das Chytridiomycetes 
As Chytridiomycetes vivem como unicelulares, possuem células móveis (gámetas e zoosporos). 
A maioria das células vivem em água alguns também no solo como parasitas em células de plantas 
superiores. As três ordens das Chytridiomycetes se distinguem pela estrutura do talo e pela forma 
de reprodução sexuada assim como na estrutura dos zoosporos. Existem cerca de 500 espécies 
distribuidas nas ordens Cytridiales, Blastocladiales e Monoblepharidales. 
Figura 4: Ciclo de vida das Oomycota 
 
51 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
 
Classe das Zygomycetes 
Esta classe contém cerca de 500 espécies que são esporófitas que se incluem em três ordens tais 
como: Mucorales, Endogonales e Entomophtorales que têm como representantes Mucor mucedo, 
Endogone lactiflua e Entomophtora muscae respectivamente. 
Fig. 5: Hifas ramificadas de um Zygomycete vista ao microscópio 
 
A maioria destes fungos é conhecido como fungos do pão. As Zygomycetes possuem em geral 
micélio de hifas muito ramificadasque carecem de septos e são plurinucleadas. Na reprodução 
sexuada não se forma gâmetas sempre se copulam os gametângios inteiros (gametangiogamia) 
resultando num zigósporo, este germina graças a ocorrência de meioses resultando num esporângio 
germinal que se fragmenta endogenamente formando um grande número de meiósporos como 
mostra o esquema a seguir: 
 
Ciclo de vida das Zygomycetes 
 
 
 
 
 
52 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
 
 
Figura 6: Ciclo de vida das Zygomycetes 
 
Classe das Ascomycetes 
Correspondem ao grupo de fungos mais numerosos.A maioria dos Ascomicetes realiza 
decomposição de matéria orgânica, mas alguns podem parasitar os vegetais. É o caso do Claviceps 
purpurea que causa uma patologia vegetal conhecida como o "esporão do centeio". Este fungo 
produz um alcalóide tóxico denominado ergotamina. Quem consumir o centeio com o fungo 
sofrerá uma intoxicação denominada ergotismo. Pode surgir gangrena, espasmos nervosos, ilusões 
psicóticas, convulsões e até mesmo a morte. A ergotamina é a matéria-prima inicial para a síntese 
do poderossíssimo alucinógeno conhecido como LSD ou Dietilamida do Ácido Lisérgico. O 
género Saccharomyces e muitas das suas variedades são utilizados na fabricação de pães, cervejas, 
vinhos e álcool etílico comercial. Espécies do género Aspergillus são usadas na fabricação do sakê 
e do molho de soja shoyu. O Penicillium roquefortti e o Penicillium camembertii são empregados 
na fabricação de queijos que levam seus nomes. 
 
53 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
Esta classe caracteriza-se por apresentarem o asco, uma estrutura resultante da reprodução 
sexuada. No interior do asco, existem os ascosporângios, onde são produzidos os esporos 
(ascósporos). Portanto, realizam tanto a reprodução sexuada, como assexuada. No entanto, 
também podem realizar a metagênese ou alternância de gerações (veja o esquema a seguir): 
 
Cico de vida de um Ascomycete 
 
 
 
 
Classe das Basidiomycete 
Correspondem aos fungos conhecidos como cogumelos. São considerados os fungos mais 
evoluídos (cogumelos). Podem ser encontrados em troncos de árvores, solos húmidos, sobre 
plantas e outras matérias orgânicas. 
Fig. 7: Cico de vida de um Ascomycete 
 
 
54 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
Os basidiomicetes caracterizam-se por apresentarem os basídios, que são estruturas reprodutivas 
responsáveis pela produção dos esporos denominados basidiósporos. Os basídios podem se 
agrupar em um corpo de frutificação, constituindo o basidiocarpo conhecido como cogumelo, 
como mostra a figura a seguir: 
 
 
 
As basidiomicetes produzem toxinas e alcalóides poderosos. É o caso dos géneros Psilocybe sp., 
Conocybe sp., Amanita sp. e outros. Muitas espécies de basidiomicetes são comestíveis, como o 
Agaricus campestris conhecido como cogumelo. 
 
Classe das Deuteromicetes 
Esta é uma classe criada para reunir os chamados fungos imperfeitos, cujos estágios de reprodução 
sexuada ainda não são conhecidos, apenas a reprodução assexuada por esporos. Vários fungos que 
anteriormente estavam enquadrados nesta classe foram reclassificados como Ascomicetos ou 
ficomicetos quando se descobriram os seus estágios de reprodução sexuada. 
 
Fig.7: Estrutura dos Basidiomycetes 
 
 
55 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
Figura 8: Agaricus campestris 
Os Deuteromicetes estão presentes nos mais variados ambientes, sendo que algumas das espécies 
de cogumelos são parasitas e causadoras de doenças, inclusive no Homem. O Trycophyton sp. é 
um deuteromiceto causador da micose conhecida como frieira ou pé-de-atleta. O fungo Candida 
albicans é o causador do sapinho da língua e da vulvovaginite, conhecida como monilíase ou 
candidíase. 
 
Lichenes 
Os liquenes resultam da associação entre algas unicelulares (azuis ou verdes) e fungos 
(principalmente ascomicetes). Nessa interacção, as algas constituem os elementos produtores, isto 
é, sintetizam matéria orgânica e fornecem para os fungos parte do alimento produzido; estes, com 
suas hifas, envolvem e protegem as algas contra a desidratação, além de lhes fornecer água e sais 
minerais que retiram do substrato. 
Denomina-se mutualismo à interacção biológica onde as duas espécies são beneficiadas, como as 
algas e os fungos que constituem o líquen. Os líquenes são usados como indicadores Biológicos 
da pureza do ar. Isto é, um ambiente em que há abundância dos líquenes possui ar relativamente 
puro. A figura a seguir mostra um exemplo de líquenes existentes na estação Biológica da 
Pedagógica Universidade em Bengueluene, no Distrito de Marracuene em Maputo: 
 
 
56 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
 
Figura 9: Um tronco contendo líquenes de vários tipos 
Sumário 
Sumário 
 
O nível de desenvolvimento Myxobionta é constituído por organismos de aspecto gelatinoso 
encontrados em lugares húmidos e sombrios, como o chão de florestas, sobre troncos e folhas em 
decomposição. As principais divisões que o constituem são: Acrasiomycota, formada por amebas 
que se agregam formando originando plasmódios ou pseudoplasmódios; Myxomicota que 
apresenta plasmódios que se originam por fusão de mixoflagelados ou mixamebas que em certa 
fase do seu ciclo de vida apresentam a parede celular com galatosamina. 
Esta divisão apresenta 3 classes: Myxomycetes, Protosteliomycetes e abyrinthulomycetes; 
Plasmodiophoromycota que difere das outras divisões pela particularidade na divisão do núcleo. 
Pressupõe-se que os indivíduos dessa divisão sejam descendentes de Myxomycetes endoparasitas. 
O nível de desenvolvimento Mycobionta apresenta fungos que são organismos eucariotas, 
heterotróficos e, em sua maioria, multicelulares. Este nível de desenvolvimento apresenta as 
seguintes divisões: Oomycota, fungos que apresentam celulose na parede celular (ex: Saprolegnia 
parasitica) que decompõem principalmente insectos mortos; Eumycota, adaptados a vida fora da 
água, apresentam um flagelo liso. 
 
57 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
 
 
 
Auto-avaliação 
1. Os Mycobionta são considerados organismos com características transitórias entre 
plantas e animais. Fundamente esta afirmação. 
2. Fale da importância ecológica e económica dos fungos. 
3. O que são Líquenes? 
4. Fale da importância dos líquenes. 
 
Chave de correcção 
P1 – apresentam características vegetais (celulose nas paredes das suas células) e animais (quitina, 
ntrição saprófita e não realizam fotossíntese); 
P2 – parasitam muitos organismos, causam doenças ao homem, são usados na fermentação de 
Bebidas alcoolicas; 
P3 – associação de fungos e algas; 
P4 – são indicadores biológicos da pureza do ar. 
 
 
Terminologias 
 
Meiósporos – esporos que se formam na base de processos meióticos. 
Zigósporo – esporos cuja fase nucleosídica é diplóide (2n). 
 
58 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
Gametangiogamia – processo de fusão de gametângios durante a reprodução durante a 
reprodução sexuada dos fungos da classe das Zygomycetes (fungos do pão). 
 
 
O estudo das Algas 
Introdução 
Na lição anterior você estudou os Myxobionta, organismos cuja estrutura se assemelha aos fungos, 
depois destes, você estudou os Mycobionta que são organismos conhecidos como fungos. Nesta 
lição você irá aprender que o grupo de plantas designado algas não é uma categoria taxonómica, 
mas sim, o termo alga significa organismos aquáticos. Você poderá fazer este estudo tendo em 
conta as formas de organização das algas e tomando em consideração as diferentes divisões a que 
se enquadram as algas tais como: Euglenophyta, Haptophyta, Criptophyta, Dinophyta, Crisophyta, 
Cianófitas, Rhodophyta, Chlorophyta. Este estudo irá incluir as características ecológicas das 
algas. Para uma melhor compreensão você deve lembrar-se das características morfológicas e da 
taxonomia das algas estudadas na 11ª classe. 
As algas podem ser unicelulares ou pluricelulares,microscópicas ou macroscópicas e de coloração 
bastante variável. São encontradas em vários tipos de ambientes: ocorrem em lagos, rios, solos 
húmidos, casca de árvores e principalmente nos oceanos. Daí o nome alga, palavra que vem do 
latim e significa "planta marinha". 
Formas de organização das algas 
A maior parte das algas são seres unicelulares, vivendo livres na água e movendo-se com o auxílio 
de flagelos ou por movimento amebóide. Algumas espécies não têm movimento próprio e ocorrem 
no meio ambiente quer na forma cocóide (de coccus, o tipo mais simples de bactéria), quer na 
forma capsóide, cobertas de mucilagem. 
 
Divisão Euglenophyta 
 
59 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
Os organismos da divisão Euglenophyta (euglenofíceas) são eucariotas, dotados de um núcleo 
mesocariótico, apresentam clorofila a e b, xantofilas e carotenos como pigmentos. Não possuem 
parede celular, porém apresentam uma película protéica organizada em forma de espiral em volta 
do citoplasma. São dotadas de um ou dois flagelos que auxiliam na locomoção e alimentação. A 
película da membrana plasmática auxilia na locomoção em ambientes onde o movimento dos 
flagelos é dificultado. 
Divisão Haptophyta 
Esta divisão apresenta predominantemente organismos unicelulares em que a maioria das 
espécies vive no planton marinho. 
 
Divisão Criptophyta 
Os representantes desta divisão são flagelados (com poucas excepções das ordens Capsales e 
Tricales). Apresentam talos filamentosos e células assimétricas. 
Divisão Dinophyta 
São algas unicelulares, geralmente marinhas e dotadas de dois flagelos desiguais. Assim como as 
diatomáceas, as pirrofíceas constituem importantes componentes de fitoplâncton. 
Divisão Crisophyta 
São representadas principalmente pelas diatomáceas, algas unicelulares portadoras de uma 
carapaça silicosa denominada frústula. Os restos da parede celular das diatomáceas, rica em silício, 
depositam-se no fundo dos mares e, com o tempo, formam um material denominado terra de 
diatomácea ou diatomito, que é explorado comercialmente. 
 
Divisão Rhodophyta 
Estas algas são predominantemente multicelulares e também podem atingir dimensões 
consideráveis. É comum o seu talo apresentar diversas ramificações, sendo que a sua base é 
diferenciada e presa a algum substrato por estruturas de fixação. 
Divisão Chlorophyta 
 
60 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
As clorófitas tanto podem possuir estrutura unicelular como multicelular. Os talos das clorófitas 
multicelulares apresentam uma organização relativamente complexa. 
 
Divisão Cianófitas 
As cianofíceas ou algas azuis são como todos os moneras, seres de estrutura celular procarionte. 
Apresentam uma organização semelhante à das bactérias. Podem ser individuais ou formar 
colónias (ver formas de organização das algas, 11ª classe) filamentosas de até um metro de 
comprimento, como a Anabaena e Nostoc. 
Ciclo de vida das Cianófitas 
A estrutura do ciclo de vida das cianofíceas a exemplo das Chlamydomonas apresenta todas as 
estruturas haplóides durante a reprodução assexuadas, as meioses sucedem a fase do zigoto que é 
diplóide no ciclo. O esquema a seguir ilustra melhor o ciclo de vida em referência que apresenta 
uma alternância de nucleofases: 
Características ecológicas das algas 
Além da contribuição no que se refere à renovação do oxigênio atmosférico, sustentar a vida 
aquática e a formação de nuvens e chuvas, as algas são úteis ao homem de diversas outras 
maneiras. As algas podem ser utilizadas em pesquisas científicas e empregadas como excelentes 
meios de cultura de microrganismos, como fertilizantes devido ao seu elevado teor nutritivo ou 
como racção para animais, fornecem matérias-primas interessantes e empregadas na medicina para 
a produção de fármacos. 
 
Sumário 
As diferentes divisões a que se enquadram as algas são: Euglenophyta, Haptophyta, Criptophyta, 
Dinophyta, Crisophyta, Cianófitas, Rhodophyta, Chlorophyta. Este estudo irá incluir as 
características ecológicas das algas. 
A maior parte das algas são seres unicelulares, vivendo livres na água e movendo-se com o auxílio 
de flagelos ou por movimento amebóide. 
 
61 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
As cianofíceas ou algas azuis são como todos os moneras, seres de estrutura celular procarionte. 
Apresentam uma organização semelhante à das bactérias. 
A estrutura do ciclo de vida das cianofíceas a exemplo das Chlamydomonas apresenta todas as 
estruturas haplóides durante a reprodução assexuadas, as meioses sucedem a fase do zigoto que é 
diplóide no ciclo. 
As algas podem ser utilizadas em pesquisas científicas e empregadas como excelentes meios de 
cultura de microrganismos, como fertilizantes devido ao seu elevado teor nutritivo 
 
 
 
 
 
 
 
Auto-avaliação 
1. As algas apresentam nos seus ciclos de vida processos de alternância de geração e de 
nucleofases. 
a) Diferencie os conceitos sublinhados em 1. 
2. As cianofíceas são procaryontes. Do ponto de vista estrutural, as suas células demonstram a 
ausência de: 
 Polissomas 
 Membrana celular 
 Inclusões celulares 
 Parede celular 
 
 
 Chave de correcção 
P1 – a) Ver glossário 
 
62 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
P2 – Demostram a ausência de membrana celular 
 
 
Terminologias 
Alternância de gerações – chama-se alternância de gerações ao ciclo de vida de muitas plantas e 
algas que apresentam duas formas multicelulares diferentes para a fase haplóide, o gametófito, e 
para a fase diplóide, o esporófito 
Movimento amebóide - São os movimentos responsáveis pelo deslocamento de células isoladas, 
como as amebas e os glóbulos brancos dos mamíferos. Nas amebas, o hialoplasma superficial tem 
consistência de gel (gel cortical). 
Talófitas - são as plantas com forma de talo, que não têm folha, caule e raiz.No lugar apresenta, 
filoide, cauloide e rizoide, que são estruturas semelhantes. 
 
 
 
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ciclo_de_vida
http://pt.wikipedia.org/wiki/Plantae
http://pt.wikipedia.org/wiki/Alga
http://pt.wikipedia.org/wiki/Organismo_multicelular
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hapl%C3%B3ide
http://pt.wikipedia.org/wiki/Gamet%C3%B3fito
http://pt.wikipedia.org/wiki/Diploide
http://pt.wikipedia.org/wiki/Espor%C3%B3fito
 
63 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
Embryobionta – Briófitas e plantas vasculares 
 
Introdução 
As Briófitas tal como as Pteridófitas são as primeiras plantas vasculares e estão num nível 
evolutivo mais elevado que o das algas, mas inferior que o das espermatófitas. O nível evolutivo 
das briófitas e pteridófitas compreendem os gametângios pluricelulares com uma camada externa 
de células estéreis, a retenção permanente do zigoto no interior do gametângio feminino, a retenção 
do esporófito sobre o gametófito, pelo menos durante as primeiras fases do desenvolvsimento. Os 
caracteres que traduzem nível mais elevado dos espermatófitos, em relação às briófitas e 
pteridófitas, compreendem o movimento dos gâmetas masculinos através de uma comunicação 
tubular entre os gâmetas masculinos e femininos, a retenção permanente do gametófito feminino 
no interior dos tecidos do esporófito, a formação de semente e a paragem temporária do 
crescimento em certa fase do desenvolvimento do esporófito embrionário. É nesse contexto que 
no presente capítulo você vai estudar 
 
Divisão Bryophyta 
Introdução 
Nesta lição, você poderá aprender a sistematizar e a classificar os Brryophyta. Os Bryophyta são 
organismos mais conhecidos por musgos e o seu estudo irá basear-se nas classes Hepaticae ou 
classe das Hepáticas e Anthocerotae ou dos Antóceros. Para uma melhor percepção deste conteúdo 
você deverá ler a sobre a sistemática e características dos musgos estudados nas classes anteriores 
(6ª e 11ª classes). 
 
Os Bryophyta 
Os musgos são frequentemente abundantes em áreas relativamente húmidas, em que uma 
variedade deespécies e grande número de indivíduos podem ser encontrados. Como os líquenes, 
os musgos são sensíveis à poluição do ar, especialmente ao dióxido de enxofre, e em áreas 
altamente poluídas estão geralmente ausentes ou são representados por somente poucas espécies. 
 
64 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
Algumas espécies de musgos são encontradas nos desertos e alguns formam extensos tapetes secos 
sobre rochas expostas, onde a temperatura pode ser muito alta. Vários musgos podem estar vivos 
por anos na condição seca, reiniciando o crescimento imediatamente se molhados; outros musgos 
são aquáticos e morrem dentro de um dia ou pouco mais se deixados em condição seca. Algumas 
espécies adaptadas são encontrados no litoral, em rochas respingadas pelas ondas do mar, 
submetidas a uma condição de alta salinidade, embora nenhuma seja verdadeiramente marinha. É 
nesse contexto que você deverá estudar as Divisões Bryophyta e Pteridopyta tendo em conta as 
suas características e os seus ciclos de vida. 
 
Classe Hepaticae 
Classe Hepaticae – O nome “fígado” data do século IX, quando se pensava que, pelo fato de o 
contorno do gametófito em alguns géneros ter a forma de um fígado, essas plantas poderiam ser 
usadas no tratamento de doenças hepáticas. Pelo fato de não possuírem, tecido condutor 
especializado, cutícula e estômatos, as hepáticas são as mais simples de todas as plantas vivas. 
Como em outros grupos de plantas primitivas, o anterozóide de hepáticas frequentemente nada 
para as vizinhanças do arquegônio através de uma película contínua de água. Seguindo a 
fecundação, os zigotos desenvolvem-se em esporófitos, geralmente menos complexos que nos 
musgos. 
Os esporângios, ou cápsula, exibem diversos mecanismos para a liberação dos esporos. A maioria 
dos gametófitos de hepáticas desenvolve-se diretamente dos esporos, mas alguns géneros formam 
um filamento de primeiras células, das quais desenvolvem gametófitos maduros. Em alguns grupos 
de hepáticas, os gametófitos são talos dorsiventrais achatados (talo é um termo usado para 
diferenciar o corpo da planta). 
Os gametófitos de plantas talosas crescem atravéz do alongamento do meristema apical. Os 
gametófitos da maioria das hepáticas são folhosos. Eles crescem de uma célula apical simples que 
lembra uma pirâmide invertida com a base os três lados. As células filhas são divididas dos lados 
dessa célula simples. Os rizóides de hepáticas são células simples unicelulares, diferentes daquelas 
de musgos, que são pluricelulares. 
 
65 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
Hepáticas Talosas são encontradas em barrancos húmidos, sombreados, e em outros habitats 
apropriados, tais como estufas. Uma das hepáticas mais conhecidas é a Marchantia, género 
terrestre cosmopolita que cresce em solos e rochas úmidas. Seus gametófitos, com ramificações 
dicotômicas, têm geralmente um a poucos centímetros de comprimento, seus gametângios são 
restritos a estruturas chamadas: gametóforos. Os anterídios nascem nas hastes com cabeça em 
forma de disco chamadas anteridióforos, enquanto os arquegônios nascem nas hastes com cabeça 
em forma de guarda-chuva chamadas arquegonióforos. Nesse género, a geração esporofítica 
consiste em um pé, uma seta curta, ou haste, e uma cápsula, ou esporogônio. 
A fragmentação é a principal característica da reprodução assexuada em hepáticas, outra 
característica comum de reprodução assexuada nas hepáticas e musgos é a produção de gemas - 
corpos multicelulares que dão origem a um novo gametófito. 
Hepáticas folhosas são encontradas em regiões com muita humidade e, geralmente, são bem 
ramificadas e formam pequenos emaranhados. Os filídios de hepáticas são frequentemente 
bilobados, e cada lobo cresce a partir de dois pontos apicais distintos, em Frullania, a hepática 
comum que cresce em casca de árvores, os filídios possuem um lobo dorsal largo e um pequeno 
lobo ventral, em forma de capacete ou saco. 
Os anterídios formam uma protuberância em forma de pacote, o androécio, que se desenvolve na 
parte inferior do filóide modificado. O desenvolvimento do esporófito, bem como o arquegónio, é 
rodeado pela bainha tubular, o perianto. 
 
Classe Anthocerotae 
Classe Anthocerotae (Antóceros) têm gametófitos diferenciados dorsiventralmente, forma externa 
simples e homogeneidade interna. Os gametângios mergulham no gametófito, o feminino deriva 
de células superficiais e os masculinos de células hipodérmicas da face dorsal do talo. O esporófito 
está diferenciado em cápsula e pé. A parte basal da cápsula é meristemática e contribui 
continuamente para o seu alongamento. O tecido esporogênico de uma cápsula deriva da camada 
superficial do embrião e rodeia uma columela. Cada célula de antóceros geralmente tem apenas 
um grande cloroplasto, como em várias algas, enquanto que numerosos cloroplastos pequenos 
foram encontrados nas células de outras plantas. Cada cloroplasto contém um pirenóide, fazendo 
 
66 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
lembrar algas verdes. Outro caráter é a presença de estômatos, que aparentemente permanecem 
abertos durante mais tempo no desenvolvimento dos organismos, é uma característica que os 
antóceros dividem com todas as outras plantas, excepto as hepáticas. 
Os musgos têm um gametófito com uma fase transitória prostrada (protonema) provida de ramos 
eretos e sexuados que prosseguem o crescimento como plantas independentes, depois do 
desaparecimento do protonema. Os ramos sexuados estão diferenciados em caulóide e filídios, 
dispostos com simetria radiada, e os gametângios provêm de células superficiais da extremidade 
superior do caulóide. 
O crescimento do esporófito é sempre determinado e este pode ser composto de pé e cápsula ou 
formado por pé, seta e cápsula. O tecido esporogênico de uma cápsula pode originar-se do 
endotécio ou do anfitício do embrião, mas em qualquer dos casos envolve a columela (massa de 
tecido estéril que forma na cápsula dos musgos uma como coluna central). 
 
Ciclo de vida 
Em seu ciclo de vida, os esporos são produzidos na cápsula, que se abre quando o opérculo cai. O 
esporo haplóide germina, formando um protonema filamentoso emaranhado, do qual se 
desenvolve um gametófito folhoso. 
Anterozóides são produzidos no anterídeo maduro e alcançam um arquegónio, sendo atraídos 
quimicamente para o canal do pescoço. Dentro do arquegônio, um dos anterozóides funde-se com 
a oosfera produzindo o zigoto. O zigoto divide-se mitoticamente formando o esporófito; ao mesmo 
tempo, o ventre do arquegónio se divide formando a caliptra. O esporófito consiste em uma cápsula 
(esporogónio), que é geralmente levantada pela seta (também parte do esporófito), e em um pé, 
através do qual circula o alimento do gametófito. Ocorre meiose dentro da cápsula, resultando na 
formação de esporos haplóides. O musgo mostrado aqui é uma espécie do género Polytrichum. 
 
67 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
 
 
Divisão Pteridopyta 
 
Características gerais dos Pteridopyta 
Grande maioria das plantas vasculares é terrestre mas algumas podem viver em zonas húmidas. 
Estas plantas, apresentam elevada diferenciação tecidular, originando órgãos como caules, raízes 
e folhas. Os tecidos vasculares transportam água e alimento a toda planta. 
Apresentam importantes adaptações ao meio terrestre: 
Cutícula – cobertura cerosa das folhas e alguns caules, impede a excessiva perda de água; 
Estomas – aberturas na superfície corporal por onde se realizam as trocas gasosas, que podem ser 
reguladas, evitando a excessiva perda de água; 
Raízes verdadeiras – estruturas especialmente adaptadas á fixação e recolha de água e nutrientes 
do solo; 
Fig 10: Ciclo de vida de um Musgo 
 
68 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
Caules com lenhina e folhas verdadeiras – órgãos aéreos com elevada resistência, o que permite 
maior tamanho e grande superfície fotossintética; 
Vasos condutores - tecidosde transporte especializados em deslocar seiva bruta e elaborada a 
grandes distâncias; 
Estruturas estéreis de protecção aos gâmetas; 
Esporos e sementes resistentes. 
Quando se considera o reino vegetal na ordem descendente da complexidade dos seus 
componentes, as pteridófitas constituem o primeiro grupo das plantas que não produzem flores: 
criptógamas. As samambaias e avencas pertencem a este grupo. 
Todas possuem um sistema condutor constituído porvasos lenhoso e os liberianos, por onde a seiva 
bruta, contendo água e sais e seiva elaborada, rica principalmente em açúcares que são dissolvidos 
em água e são conduzidos. Tal sistema permite grande velocidade no transporte substâncias dentro 
da planta. 
É especialmente importante que haja a possibilidade de transporte rápido de água, a fim de 
reabastecer a copa, que a perde por transpiração. Foi por esse motivo que o abandono definitivo 
do meio aquático e a conquista do meio terrestre pelas plantas só foi possível quando se 
diferenciaram as pteridófitas, durante a evolução. Em plantas inferiores, as criptógamas 
avasculares briófitas e talófitas, não se encontram vasos condutores e o transporte de água se faz 
por correntes osmóticas. Este mecanismo é muito lento e não permite grande crescimento para 
estas plantas. Elas dependem de água próxima da copa e só podem viver em lugares com uma 
cobertura líquida permanente ou temporária. 
 
A classe Filicíneas 
As Filicíneas são, em geral, terrestres ou epífitas. Algumas são aquáticas. O seu caule é um rizoma 
que se desenvolve subterraneamente, próximo à superfície, ou, nas formas epifíticas, sobre o 
tronco de uma planta hospedeira. Desse rizoma partem folhas penadas; em outros casos, a lâmina 
foliar é indivisa, as folhas novas apresentam-se enroladas, recebendo o nome de báculo. Essas 
folhas, em geral, têm crescimento limitado, como as demais plantas. Porem, nas “samambaias de 
 
69 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
metro” o crescimento da região apical da folha é de maior duração, permitindo-lhe atingir grandes 
dimensões. O crescimento é indeterminado na folha de Lygodium volubile, frequente em matas 
brasileiras. Seus folíolos dispostos alternadamente ao longo da nervura principal, dão-lhe o aspecto 
de um ramo caulinar. A semelhança é acentuada por se tratar de uma folha volúvel, capaz de subir 
por suportes, neles se enrolando como os caules de muitas trepadeiras. Do rizoma, na face oposta 
àquela da qual partem as folhas, isto é, na inferior, nascem raízes que penetram no solo ou se 
emaranham na casca da hospedeira. Servem para fixação e absorção. 
Algumas samambaias formam um caule aéreo que pode, com o correr dos anos, desenvolver-se 
muito, chegando a constituir um tronco resistente como nas samambaiaçus, cuja casca mostra com 
grande nitidez as cicatrizes deixadas pelas folhas ao caírem. Na base do tronco, se encontra uma 
trama de raízes adventícias que se avolumam e aumentam em número, formando o que se conhece 
vulgarmente como xaxim. Na ordem feicales tem-se o representante mais conhecido que é o 
Polipódium sp. 
 
 
 
Chegando o momento da reprodução, essas plantas produzem esporos no interior de pequenas 
vesículas, os esporângios. Estes se reúnem em grupo chamados soros, que podem se distribuir de 
diferentes modos e assumir diversos formatos e dimensões. Frequentemente estão na face interior 
da folha nos dois lados das nervuras principais; em outros casos acompanham os bordos da folha. 
Os soros são às vezes revestidos por uma membrana - indúsio - que cai quando se completa a 
Figura 11: Polypodium sp. 
 
 
70 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
maturação dos esporos. O indúsio pode se ligar aos tecidos superficiais da folha que o formam, 
pela região central ou de maneira excêntrica. Em casos especiais, como o da Davallia, os 
esporângios ficam em pequenos bolsos formados nos bordos da folha, em conexão com 
ramificações do sistema de nervuras. Quando os esporos estão maduros, são disseminados pelo 
vento, após a abertura dos esporângios. Ao germinarem, formam pequenas lâminas, 
aproximadamente cordiformes, clorofiladas, capazes de realizar a fotossíntese. São visíveis a olho 
nu e podem atingir 1 cm de diâmetro. Em sua face inferior, aparecem rizóides que as fixam ao 
substrato de onde retiram água e sais. Recebem elas o nome de prótalos. Ainda na face inferior os 
prótalos desenvolvem os elementos reprodutores masculinos e femininos. Uma vez realizada a 
fecundação, pelo encontro desses elementos, desenvolve-se, presa ao prótalo, um pequeno 
esporófito que utiliza o próprio prótalo para nutrir-se e que, pouco a pouco, cresce, forma raízes 
próprias e folhas independentes. Em todos esses exemplos os esporos desenvolvem-se em folhas 
assimiladoras. Já foi mencionado, ao se estudar a morfologia da folha, o caso de Filicíneas que 
desenvolvem esporos em folhas especiais, os esporofilos, diferentes, morfologicamente, das 
folhas: os trofófilos. Nem todas as Filicíneas são terrestres ou epifíticas. Conhecem-se espécies 
aquáticas. É o caso, por exemplo, da Salvinia sp. Além das folhas opostas, recobertas de pêlos, 
formando pares ao longo do caule pouco desenvolvido, vê-se folhas submersas muito longas; entre 
elas, próximo ao seu ponto de inserção no caule, se encontram os elementos de reprodução; nos 
esporocarpos há esporos de dois tipos que darão, uns, prótalos femininos, outros, prótalos 
masculinos (dióicas). 
 
Classe das Equissetíneas 
As equissetíneas abrangem várias espécies de um único género: Equissetum sp., vulgarmente 
chamado de “cavalinha”. Esta planta tem o caule nitidamente dividido em nós e entrenós. Dos 
primeiros, partem os ramos, que se dispõem de modo verticilado. Nascem em axilas de folhas 
escamiformes que se soldam ao redor do caule, recobrindo-o em pequena extensão acima do nó. 
Sulcos longitudinais percorrem o caule em toda a extensão. Este e seus ramos são clorofilados e 
podem fazer fotossíntese. Forte impregnação de sílica torna a sua superfície resistente e áspera. 
Ele provém de um rizoma que se desenvolve próximo à superfície do solo e de cujos nós nascem 
raízes normais e tubérculos. 
 
71 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
Para reprodução, formam na extremidade de certos ramos, pequenas espigas constituídas por 
numerosos esporofilos. 
 
 
Classe das licopodíneas 
As licopodíneas constituem um grupo com um número maior de representantes atuais. Entre eles 
figuram Lycopodium e Selaginella. 
No Lycopodium, ao redor do caule pouco desenvolvido e ramificado, envolvendo-o quase 
totalmente, dispõem-se numerosas folhas, reduzidas quase a filamentos. Em certas partes o caule 
forma raízes que crescem em direção ao solo, onde penetram e se ramificam. Ramos terminais do 
caule se adelgaçam e produzem, na parte apical, pequenas espigas constituídas por numerosos 
esporófilos, cada qual transportando, na face interna basal, um esporângio. 
Nem sempre a plantinha de Lycopodium têm o aspecto descrito. No Lycopodium taxifolium, por 
exemplo, as folhas muito menos numerosas têm desenvolvimento bem pronunciado e estão 
dispostas de maneira alternada nos eixos cauliniares. As folhas terminais transportam, cada qual, 
um esporângio. Finalmente, nas Selaginellas, as folhas, em geral muito reduzidas, dispõem-se num 
só num plano, ao longo dos cauliniares. Aglomerados de esporofilos, cada qual com seu 
esporângio, como em Lycopodium, constituem elementos de reprodução. 
Tanto nas Licopodíneas como nas Equisetíneas os esporos libertados germinam, formando 
prótalos. Estes diferem dos prótalos das Filicíneas por serem microscópicos. Enquanto na maioria 
das Filicíneas os prótalos formam elementos masculinos e femininos, o que ocorre também em 
Lycopodíum, em Selaginella e em Equissetum, certos prótalos formam somente elementos 
masculinos e, outros, só femininos. Em todas as pteridófitas, após haver fecundação, o zigoto 
germina eproduz uma nova planta, igual à de origem. 
 
Ciclo de vida 
Ciclo de vida de Polypodium (Ordem Filicales), uma samambaia leptosporangiata. 
 
72 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
Os esporos são produzidos nos esporófilos (folhas que produzem esporos) que se encontram em 
criptas por meiose e depois são dispersos. Os gametófito são verdes (clorofilados) e com nutrição 
independente (autotrófos) na maioria das espécies. 
Muitos possuem somente uma camada de células de espessura e são aproximadamente cordiformes 
com uma reentrância apical; outros são mais espessos e podem ser mais irregulares na forma. Da 
superfície inferior do gametófito, filamentos celulares especializado, conhecidos como rizóides, 
estendem-se em direção ao substrato. 
A superfície inferior do gametófito origina arquegónios em forma de garrafa, cujas porções 
inferiores mais alargadas estão submersas no tecido do gametófito. Os colos dos arquegónios são 
compostos por várias fileiras de células. Os anterídios são também originados na superfície inferior 
do gametófito e têm uma camada protetora estéril. Numerosos anterozóides espiralados e 
multiflagelados são produzidos dentro dos anterídios. Quando o anterozóide está maduro e há um 
suprimento adequado de água, os anterídios rompem-se liberando os anterozóides, que nadam até 
o colo do arquegónio. 
Na porção inferior do arquegónio, a oosfera (óvulo presente no ovário das plantas) é fecundada e 
o zigoto resultante começa a dividir-se imediatamente. O embrião jovem cresce e diferencia-se 
diretamente em um esporófito adulto, obtendo a sua nutrição a partir do gametófito por um tempo, 
mas logo adquire um nível de fotossíntese suficiente para manter a si próprio. Após o esporófito 
enraizar-se no solo, o gametófito desintegra-se. 
 
73 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
 
Figura 12: ciclo de vida do Polypodium sp. (Ordem Filicales) 
 
Sumário 
 
Vários musgos podem estar vivos por anos na condição seca, reiniciando o crescimento 
imediatamente se molhados; outros musgos são aquáticos e morrem dentro de um dia ou pouco 
mais se deixados em condição seca. Algumas espécies adaptadas são encontrados no litoral, em 
rochas respingadas pelas ondas do mar, submetidas a uma condição de alta salinidade, embora 
nenhuma seja verdadeiramente marinha. Esta divisão apresenta as classes Hepaticae ou classe das 
Hepáticas e Anthocerotae ou classe dos Antóceros. 
As pteridófitas, as plantas mais evoluídas em relação as Briófitas, apresentam elevada 
diferenciação tecidular, originando órgãos como caules, raízes e folhas. Os tecidos vasculares 
transportam água e nutrientes para toda planta. 
 
 
74 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
Apresentam importantes adaptações ao meio terrestre tais como: Cutícula, Estomas, Raízes 
verdadeiras, Vasos condutores. As Pteridófitas mais conhecidos são os fectos e compreendem as 
seguintes classes: Filicíneas, Equissetíneas e Licopodíneas. 
 
 
 
 
Auto-avaliação 
 
1. Discuta o processo de evolução das Briófitas para a vida terrestre; 
2. Fale da importância ecológica e económica (utilidade para o Homem) dos musgos. 
3. Esboce um esquema que representa o ciclo de vida do Polipodium sp. 
 
Chave de correcção 
P1 – As Briófitas representam a fase transitória entre a vida na água e na terra dentro do 
reino Plantae pois a sua reprodução depende em parte da água. 
P2 – Os musgos podem ser usados na agricultura como protectores dos solos contra estiagem 
ou seja quando cultivados podem formar um tapete que pode evitar a evaporação da água no 
solo. 
P3 – Oriente-se com o texto sobre o ciclo de vida das Pteridófitas 
 
 
Terminologias 
Gametófito – a fase haplóide das plantas cujo ciclo de vida apresenta alternância de gerações. O 
gametófito produz gametas que dão origem ao esporófito. 
 
75 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
Esporófito – a fase diplóide das plantas cujo ciclo de vida apresenta alternância de gerações. O 
esporófito produz esporângios onde, por meiose, se formam esporos haplóides que dão origem ao 
gametófito. 
Indivíduo dióico – apresenta sexos separados; os machos produzem espermatozóides e as fêmeas 
produzem óvulos. O termo "dióico" provém do prefixo grego di (dois) e da palavra grega oikos, 
que significa "casa". Assim, dióico se refere a dois indivíduos, um para cada sexo. 
Indivíduo monóico – ou hermafroditas, em que um mesmo indivíduo produz tanto gametas 
masculinos quanto femininos. O termo "monóico" (do grego mono) refere-se a um indivíduo para 
os dois sexos. Hermes e Afrodite, que personificam, respectivamente, os sexos masculino e 
feminino. 
 
 
 
 
 
 
76 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
Sistemática e características das traqueófitas 
 
Introdução 
As Traqueófitas ou plantas vasculares, contém a maior parte das plantas frequentemente utilizadas 
nas práticas Medicinais de vários povos. Esta particularidade torna indispensável um 
direccionamento especial de pesquisas botânicas, sobretudo etnobotânicas para esse grupo de 
plantas. 
 
Características gerais das traqueófitas 
 
Introdução 
As traquófitas representam um grupo muito vasto, elas apresentam características muito variadas 
de acordo com a linhagem evolutiva a que pertencem. Nesta lição você poderá conhecer as 
caracteracteristicas das plantas, sua utilidade, a sua nomenclatura científica e vernacular. 
 
Características gerais das Traqueófitas 
A esta divisão pertencem as plantas vasculares. A sua grande maioria é terrestre mas algumas 
podem vivem em zonas alagadas. Estas plantas, as mais evoluídas na Terra, apresentam elevada 
diferenciação tecidular, originando órgãos como caules, raízes e folhas. Os tecidos vasculares 
transportam água e alimento para toda a planta. Apresentam importantes adaptações ao meio 
terrestre: 
 cutícula – cobertura cerosa das folhas e alguns caules, impede a excessiva perda de água; 
 estomas – aberturas na superfície corporal por onde se realizam as trocas gasosas, que 
podem ser reguladas, evitando a excessiva perda de água; 
 raízes verdadeiras – estruturas especialmente adaptadas à fixação e recolha de água e 
nutrientes do solo; 
 caules com lenhina e folhas verdadeiras – órgãos aéreos com elevada resistência, o que 
permite maior tamanho e grande superfície fotossintética; 
 
77 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
 vasos condutores - tecidos de transporte especializados em deslocar seiva bruta e 
elaborada a grandes distâncias; estruturas estéreis de protecção aos gâmetas; esporos e 
sementes resistentes. 
Fazem parte deste grupo as criptógamas (plantas sem flor) vasculares e as fanerógamas (plantas 
com flor). As Criptógamas vasculares são reunidas em quatro grupos distintos: 
Divisão Pterophyta ou Pteridophyta (do grego pteras, asa) são assim chamadas por apresentarem 
folhas recortadas, que se parecem penas ou asas . Os representantes mais conhecidos são o 
Polipódio e as Avencas. Contém 4 classes: 
Classe Psilophytatae – não tem folhas, as formações epidérmicas são escamosas, são plantas com 
ramificações dicotómicas (teloma) e esporângios terminais. Ex : Rhynia+, Psilotum 
Classe Lycopodiatae – as folhas são pequenas (micrófilos), geralmente com ligulas, alternadas. 
Esporângios únicos sobre as folhas (epífilas), raiz e caule com ramificação dicotómica Ex : 
Lycopodium, Selaginella . 
Classe Equisetatae – micrófilos lanceolado-dicotómicos ou reduzidos. Esporângios na página 
inferior dos esporangióforos. Ex : Equisetum telmateia, Hyenia. 
Filicatae – folhas grandes (megáfilos), peniformes, alternadas, esporângios em grandes 
quantidades nas margens ou na página inferior da folha .Ex : Pteridium, Polypodium e Dryopteris. 
As plantas mais antigas deste grupo, existiram hà cerca de 400 milhões de anos, no período Silúrico 
eram representantes da classe Psilophytatae. Estes primeiros fetos fósseis foram descritos pela 
primeira vez em 1859,entretanto apenas em 1920 se reconheceu a importância filogenética deste 
grupo a partir de investigações levadas a cabo por Kidston e Lang. Provavelmente a planta que 
pela primeira vez ocupou a terra chama-se Rhynia. Era uma planta do pântano e os seus ramos 
aéreos sem folhas e dicotômicas, ficavam ligados a um caule subterrâneo ou rizoma, que tinha 
tufos de rizóides que fixavam a planta ao solo.Os ramos aéreos estavam cobertos por uma cuticula, 
possuiam estômas e funcionavam como órgãos fotossintetizadores. 
As Fanerógamas ou Espermatófitas são plantas com sistema condutor e com sementes. 
A grande maioria das plantas que conhecemos pertence ao grupo das fanerógamas (do grego 
phaneros, visivel) refere-se ao facto de essas plantas apresentarem órgãos reprodutores evidentes, 
 
78 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
ao contrário do que ocorre nas criptógamas. Também designadas de Espermatófitas (do grego 
espermatos, semente, e phyton, planta), por produzirem sementes. Esta Divisão se organiza em 
três grandes subdivisões, assim discriminadas : Coniferophytina, Cycadophytina e 
Angiospermophytina. 
 
Subdivisão Coniferophytina 
Esta subdivisão é representada por 2 classes : 
Classe Ginkgoatae – que contém uma espécie, trata-se de uma classe fóssil. O seu único 
representante, Ginkgo biloba, caracteriza-se por apresentar folhas dicotômicas e flores primitives. 
A fecundação ocorre um mês apôs a polinização. É dióica e originária da China. 
 
 
Figura 13 : características da Ginkgo biloba 
 
Classe Pinatae – com 600 espécies, é composta por árvores quase sempre de grande porte, de 
folhas persistentes ; alternas, aciculares. Nesta classe encontramos as mais importantes familias da 
Ordem das Pinales (Pinaceae, Cupressaceae e Araucariaceae). 
 
79 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
 
Subdivisão Cycadophytina 
A subdivisão Cycadophytina engloba quatro classes das quais duas desapareceram ao longo da 
evolução (Lyginopteridatae ou Pteridospermae+, Bennettitatae+, Gnetatae e Cycadatae). Importa 
aqui debruçarmo-nos sobre a classe das Cycadatae, pois são as mais primitivas plantas 
espermatófitas que ainda hoje vivem. São conhecidas desde a era jurássica,. Plantas dióicas de 
regiões tropicais e subtropicais que se assemelham grandemente às palmeiras, enquadram duas 
importantes familias: Cycadaceae (Cycas sp.) e Zamiaceae (Encephalartus sp.). 
 
Figura 14: Características da Encephalartus sp 
 
Subdivisão Angiospermophytina, Magnoliophytina, Angiospermae ou vulgarmente 
Angiospérmicas 
É a subdivisão predominante do Reino vegetal atingindo tamanhos extremos como o Eucalyptus 
sp. com 150 metros de comprimento, contra 0,8 milimetros da Wolffia sp. Suporta quase todos os 
habitats possiveis. 
Possuem folhas estéreis e folhas reprodutoras. Nas folhas reprodutoras, tambem designadas de 
flores destacam-se os estames, que são órgãos de masculinos de reprodução ou tambem conhecidos 
por microesporofilos e os carpelos que constituem orgãos reprodutores femenino ou 
 
80 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
megaesporofilos. Uma das regiões do carpelo é o ovário, que é um compartimento fechado, dentro 
do qual estão inseridos os óvulos. Conforme as espécies podem ser hermafroditas ou unisexuais. 
O pólen germina no estigma. 
Após a polinização e subsequente fecundação forma-se o fruto: a parede do ovário origina o 
pericarpo (endo- meso- e exocarpo). Dos óvulos fecundados se desenvolvem as sementes que 
ficam encerradas no interior do pericarpo. 
Os gametófitos estão reduzidos ao microprotalo de três células e megaprotalo de oito células. 
 
Figura 15. Ciclo de vida das Angiospérmicas 
 
Sumário 
Fazem parte das traqueófitas as criptógamas (plantas sem flor) vasculares e as fanerógamas 
(plantas com flor). 
Na Divisão Pterophyta ou Pteridophyta encontra-se 4 classes nomeadamente : Psilophytatae, 
Lycopodiatae, Equisetata e Filicatae. 
 
81 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
As Espermatófitas (do grego espermatos, semente, e phyton, planta), por produzirem sementes 
contêm três grandes subdivisões nomeadamente: Coniferophytina, Cycadophytina e 
Angiospermophytina. 
As plantas mais antigas deste grupo, existiram hà cerca de 400 milhões de anos, no período Silúrico 
eram representantes da classe Psilophytatae. 
 
 
 
 
Auto-avaliação 
 
1. Indique as caracteristicas das traqueófitas. 
2. Nomeie 4 (quatro) plantas que pertencem ao grupo das traqueófitas 
3. Enquadre do ponto de vista Taxonómico a Ginkgo biloba 
 
Chave de correcção 
P1 – A sua grande maioria é terrestre mas algumas podem viver em zonas alagadas. Estas plantas, 
as mais evoluídas na Terra, apresentam elevada diferenciação tecidular, originando órgãos como 
caules, raízes e folhas. Os tecidos vasculares transportam água e alimento a toda planta. 
P2 – Ginkgo biloba, Encephalartus sp, Polipódio sp., Wolffia sp. Eucalyptus sp., entre outras que 
podem ser indicadas 
P3 – Reino Plantae; Divisão Ginkgophyta; Classe Ginkgoopsida; Ordem Ginkgoales; Família 
Ginkgoaceae; Género Ginkgo; Espécie Ginkgo biloba 
 
 
 
82 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
Terminologias 
Espermatófitas – são as plantas que possuem sementes. As Gimnospermas e as Angiospermas 
estão incluídas neste grupo. 
Traqueófitas - são plantas com organização em sistemas de tecidos – sistema parenquimático, 
sistema dérmico e sistema vascular. 
Microfilos: são folhas pequenas e relativamente simples, dotadas de apenas uma nervura e 
associadas a caules protostelos. 
Megafilos: são folhas maiores que os microfilos e mais complexas também. Possuem varias 
nervuras e estão associadas com caules do tipo sifonostelo e eustelo. 
Criptógamas - são plantas que não possuem flor, futo e nem semente. Dentro das criptógamas 
está um outro grupo, o das briófitas e pteridófitas. 
Fanerógamas - são plantas que possuem raiz, caule, folha e semente, algumas possuem frutos e 
outras não. 
 
 
 
83 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
Lição no 2: Sistemas de classificação da folha e da flor, características e sistemática das 
Dicotiledóneas. 
 
 Introdução 
Uma das características das traquófitas é a presença de megáfilos (folhas grandes). Na lição 
anterior você estudou as caracteracteristicas das plantas, sua utilidade, a sua nomenclatura 
científica e vernacular. Nesta lição você irá dar continuidade com o estudo das características das 
plantas dando particular atenção para os tipos de flores em relação à posição do ovário, o diagrama 
floral assim como o estudo da classe das Dicotiledóneas. 
As folhas nascem geralmenrte de maneira exógena nos caules ou ramos. Numa primeira fase, o 
primórdio foliar (o início da formação foliar) tem crescimento apical por um meristema apical e 
alongamento apical. Na maioria das plantas superiores, esse crescimento é seguido por 
crescimento intercalar. (Koning, UEM, 1985). 
A folha é caracterizada por não ter crescimento indeterminado, mantem, pois, somente durante o 
estado mais novo o meristema no ápice. Este, logo se transforma em tecido permanente, ao passo 
que a base foliar pode conservar durante mais tempo o crescimento meristemático. 
Só nos fetos existem folhas com crescimento apical de longa duração, algumas como as da 
Lycopodium volubile frequente nas regiões tropicais, têm crescimento indeterminado, 
comportando-se a folha como caule volúvel. 
Uma folha completa possui, para além do limbo, um peciolo e uma parte basal que muitas vezes 
desenvolve uma baínha e estípulas. 
As plantas que vivem em condições normais formam folhas que divergem do tipo normal. A 
Heterofilia é um facto, uma das diversificações foliares que pode ser constatada em uma só planta, 
a outra diversificação que pode ser encontrada numa planta é a formação de folhas de sombra e de 
sol. Na parte exposta ao sol a mesma planta prodúz folhas mais xeromórfas, com o tecido paliçado 
reforçado, cutícula expessae muitos estomas que funcionam bem, contrariando a parte exposta à 
sombra. 
Entretanto, as folhas são classificadas tendo em conta três critérios essenciais: Nervação, recorte 
da margem do limbo e divisão do limbo. 
 
84 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
 
Sistema de classificação do fruto 
Do ovário forma-se o fruto. Em princípio podemos dividir a parede do fruto (pericarpo) em 
exocarpo, mesocarpo e endocarpo. Designamos um fruto como sendo verdadeiro se provém do 
desenvolvimento do ovário como parte do pistilo. Quando outras partes da flor ou da inflorescência 
contribuem para a formação do fruto, falamos de fruto falso. 
Alguns exemplos de frutos falsos: 
 todo o receptáculo cresce num fruto, como no Figo (Ficus sp.) ou no Morango, ou 
só parte do receptáculo cresce em fruto. 
 As brácteas crescem, como no Ananás (Ananas comosus). 
 O pedúnculo desenvolve em fruto falso como no Cajú (Anacardium occidentale) 
ou outras formas. 
 
Frutos verdadeiros: os frutos verdadeiros poder ser subdivididos em frutos secos e frutos 
carnudos. 
 
Frutos secos: 
com uma só semente, não deiscente: 
Cariopse - (fruto de uma gramínea) apresenta parede do fruto e da semente unidas. 
Aquénio – a semente é distinta do pericarpo como a da planta da suruma (Cannabis sativa). 
Sâmara – com o pericárpo desenvolvido numa asa como a da Casuarina (Casuarina equisetifolia). 
Com mais que uma semente, fruto deiscente: 
Folícula – abre com uma fenda como a Spathodea campanulata 
Vagem – abre com duas fendas. Muito característica para a família das Leguminosas como a 
Phaseolus vulgaris, Afzelia quanzensis, etc. 
Silíqua – em certas famílias, como a das Cruciferaceas onde encontramos a couve e a rabanete, a 
vagem está dividida em duas partes por um septo fino. 
 
85 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
Cápsula – abre-se com mais fendas, dividindo-se assim em várias válvulas como na mandioqueira 
(Manihot esculenta) e na família das Orchidaceas. Certas cápsulas abrem com uma fenda 
transversal anelar. 
 
Frutos carnudos: 
Baga – as sementes (raramente uma semente só) estão inseridas numa substância polposa como 
na Goiabeira (Psidium guajava), a papaeira (Carica papaya), nos citrinos (Citrus spp.), etc. Há 
diferentes denominações para vários tipos de baga, como: pomo, hesperídio, peponio, balaústia, 
segundo a consistência das várias partes da baga. 
Drupa – em regra um fruto apocárpico e monospérmico (uma só semente). A parte interna do 
mesocarpo e endocarpo endurecem por transformação das suas células em escleritos, formando o 
caroço que protege a semente, como na mangueira (Mangifera indica). Existe também frutos 
compostos. Ex. Artocarpus incisa (castanheiro). 
 
 
Figura 18: Fruto composto da Artocarpus incisa 
 
Tipos de flores em relação à posição do ovário 
As flores perigínicas, apresentam um ovário súpero, folhas protectoras dispostas numa posição 
mais alta na flor que o pistilo por causa da forma em prato ou em tubo da base do receptáculo, 
pistilo lívre. 
As flores epigínicas, apresentam um ovário ínfero e as folhas protectoras dispostas mais alto que 
o ovário, o pístilo está ligado ao receptáculo. 
 
86 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
A flor Hipógínica em que o ovário se coloca no receptáculo em um ponto que fica acima do plano 
em que as outras peças se fixam. 
 
 Figura 19: Tipos de flores em relação à posição do ovário 
 
 Diagrama floral 
Chama-se de diagrama floral à representação esquemática de uma flor como se fosse projetada em 
um plano horizontal. O diagrama permite que os botânicos comparem as flores de espécies 
diferentes, permitindo o seu reconhecimento e classificação. Através dele é possível verificar o 
número de peças em cada verticilo, sua posição relativa e se estão concrescidas ou não. 
T3+3E6C1H* K5C5A5+5G(5)E* 
 
Fórmula floral 
Fórmula floral é a representação de uma flor, de modo que possa ser comparada e reconhecida, só 
que agora atavés de uma fórmula em que são usados letras, números e simbolos gráficos. 
 
87 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
Assim teremos: 
K = cálice ou S = sépalas 
C = corola ou P = Pétalas 
A = androceu ou E = estames 
G = gineceu ou C = carpelos 
Usa-se algarismos para mostrar o número de peças em cada ciclo e, se estiverem soldadas entre si, 
coloca-se entre parentesis. As letras H, P ou E, colocadas no final, indicam se a flor é hipógina 
perígina ou epígina e os símbolos " */* "ou " * " indicam , respectivamente se a simetria é bilateral 
ou radial. Veja o exemplo a seguir: 
 
Fórmula: K5 C(5) A5+5 G(6) H * 
Da flor acima se pode dizer: 
 É acompanhada por uma bráctea 
 É de dicotiledônea, pois se pode ver que é pentâmera e heteroclamídea. 
 É actinomorfa, pois possue simetria radial. 
 Possue calice dialisépalo (sépalas soltas)e corola gamopétala (pétalas fundidas). 
 O androceu é diplostêmone (o número de estames é o dobro do número de pétalas) 
e tem dois ciclos concêntricos de estames 
 O gineceu é sincárpico, formado por seis carpelos fundidos que formam um ovário 
pluricarpelar plurilocular, com placentação axial. 
Pela fórmula floral que a acompanha, pode-se ver que a flor é hipógínica e, portanto, tem ovário 
súpero. 
 
88 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
 
Classe Dicotyledoneae (Magnoliatae) ou Dicotiledóneas 
As dicotiledóneas salvo raras excepções possuem dois cotilédones. Sua raíz principal tem em 
princípio longa vida. 
A Tabela abaixo ilustra os niveis de desenvolvimento das Dicotiledóneas. 
 
Tabela 6: Níveis desenvolvimento das Dicotiledóneas 
 
 
 
 
 
 
 
N
ív
ei
s 
d
e 
d
es
en
v
o
lv
im
en
to
 
 
Nível de desenvolvimento Subclasses 
Sympetalae Tetracyclicae 8. Asteridae 
7. Lamiidae 
Sympetalae 6. Dilleniidae 
5. Rosidae 
Apetalae 4. Carpophyllidae 
3. Hamamelididae 
Polycarpicae 2. Ranunculidae 
1. Magnoliidae 
 
São 8 (oito) subclasses que fazem parte da classe Dicotiledónea distribuidas em 4 niveis de 
desenvolvimento. Entende-se por nivel de desenvolvimento, as varias etapas evolutivas por que 
passaramzxkxkkmz as Angiospérmicas, tendo neste caso em linha de conta a organização 
estrutural das peças florais. 
 
 
 
89 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
Nivel de Desenvolvimento POLYCARPICAE 
 
Subclasse Magnoliidae 
 
 Ordem Magnoliales: 
São árvores ou arbustos de folhagem caduca, folhas alternas, simples, frutos foliculos. 
Familias: Magnoliaceae (Magnolia sp. ; Liriodendron sp. 
 Annonaceae (Annona senegalensis; Hexalobus mossambicencis) 
 Myristicaceae (Myristica fragans = noz moscada) 
 
 
Ordem Laurales 
São árvores ou arbustos, na maioria de folhagem persistente, folhas simples. Em geral 
hermafroditas e frutos drupáceos. 
Familia: Lauraceae = familia do loureiro (Laurus nobilis = loureiro; Persea americana = abacate; 
Cynnamomum verum = canela). 
Cassytaceae ( Cassyta filiformis – uma parasita, perene, volúvel, com folhas reduzidas ou ausentes 
e apresenta haustórios) 
 
Ordem Piperales 
Plantas predominantemente herbáceas, folhas simples, flores diminutas, na maioria hermafroditas, 
sem perianto mas com frequência bracteadas, reunidas em espigas ou em cachos. Semente com 
endosperma grande e embrião diminuto. Fruto é uma drupa. 
Familia Piperaceae (Piper nigrum = pimenta). 
 
 
90 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
Ordem Aristolochiales 
Trepadeiras cujos estames estão ligados ao estilete, ovários mais ou menos infero, geralmente 
hexalocular, flores sem pétalas, mas com cálice em geral dilatado petalóide com forma de 
trompeta. 
Familia Aristolochiaceae (Aristolochia rotunda=cachimbo do holandês ou orelha de elefante). 
 
Ordem Nymphaeales 
Ervas aquáticas, rizomatosas, folhas simples flutuantes ou submersas. 
Familia Nymphaceae= família do Golfão ou rosas do lago (Nymphaea alba= nenúfar, Victoria 
regia). 
 
Subclasse Ranunculidae 
Ordem IllicialesApresenta fruto multiplo de foliculos livres e deiscentes. Fornece um óleo volátil 
Familia Illiciaceae (Illicium verum) planta do Anis. 
 
Nivel de Desenvolvimento APETALAE= MONOCHLAMIDAE 
 
Subclasse Caryophyllidae 
Ordem Caryophyllales 
As flores são radiais, em geral pentâmeras, quase sempre cíclicas e um perianto simples. Os 
carpelos são mais ou menos coricárpicos. 
Familia Caryophyllaceae(Stellaria sp., Cerastium sp. e Scleranthus sp. com sépalas livres; 
Agrostemma sp., Silene sp. e Dianthus sp. com sépalas concrescentes. Spergula sp. e Hernaria sp. 
com estípulas e a Saponária officinalis que contem saponinas). 
 
91 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
As restantes familias só formam betalaina no lugar de antocianinas. 
Familia Phytolaccaceae (Phytollaca americana que produz um corante roxo). 
Familia Aizoaceae são plantas de folhas suculentas, espalhadas especialmente pelas regiões secas 
da África austral como a Mesembryanthemum sp. e Lithops sp. – que se assemelham a pedras, daí 
a designação de “pedras viventes”. 
Familia Cactaceae apresentam caules suculentos (Opuntia ficus-indica) cujos frutos são 
comestiveis. 
Familia Portulacaceae, erva de folhas suculentas e comestiveis (Portulaca oleraceae) 
Familia Nyctaginaceae em que as peças do perigónio se soldam em forma de tubo e só se 
desenvolve um carpelo. Pertence a esta Familia, Mirabilis jalapa = maravilha, Bougainvillea sp. 
com brácteas vivamente coloridas e muito cultivadas nos países subtropicais. 
Familia Chenopodiaceae ( Chenopodium sp. e Beta vulgaris = beterraba, Spinacia oleracea = 
espinafre). 
Familia Amaranthaceae ( Amaranthus sp.). 
 
 
 
Subclasse Hamamelididae 
Ordem Hamamelidales 
Predominam plantas lenhosas cuja polinização é tipicamente anemófila 
É muito primitiva, apresentando as vezes flores hermafroditas com perianto simples. 
Familia Hamamelidaceae ( Hamamelis sp. e Liquidambar sp.) 
Ordem Casuarinales = Verticillatae 
Familia Casuarinaceae – árvores de folhagem persistente, lenhosas, muito ramificadas, monóicas 
ou dióicas, com ramos estriados e articulados, folhas em verticilos de 4 – 16, escamiformes 
 
92 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
formando uma bainha à volta do raminho. Flores unisexuais apétalas. O fruto é uma sâmara.( 
Casuarina equisetifolia de Austrália). 
 
Ordem Urticales 
Familia Moraceae = familia da Amoreira 
Árvores ou arbustos, monóicos ou dióicos; unisexuais sem perianto de folhagem caduca ou 
persistente. Apresenta suco leitoso, folhas alternas, simples frequentemente com 3 - 5 nervuras 
basais, com estipulas pequenas. (Ficus sp., Morus sp., Artocarpus sp..) 
Familia Cannabaceae – ervas com flores unissexuais e sem suco leitoso. (Cannabis sativa, 
Humulus lupulus, Chlorophora excelsa) 
 
Niveis de Desenvolvimento DIALYPETALAE = HETEROCHLAMIDEAE e 
SIMPETALAE PENTACYCLICAE 
 
Subclasse Rosidae 
Ordem Saxifragales 
Árvores; arbustos e ervas suculentas 
Familia Saxifragaceae ( Brexia madagascariensis) 
Familia Crassulaceae (Kalanchoe sp., Crassula falcata) 
 
Ordem Rosales 
Familia Rosaceae – árvores arbustos ou ervas frequentemente espinhosas, folhas alternas simples 
ou compostas geralmente com estipulas. ( Malus sylvestris = maçã, Pyrus communis = pêras, 
Fragaria vesca = morangos, Rosa sp. = roseira) 
 
 
93 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
Ordem Fabales = Leguminosae 
De distribuição cosmopolita, sendo ervas, arbustos, árvores com folhas na maioria alternas, 
compostas e estipuladas. Corola tipicamente pentâmera. O fruto é uma vagem. Esta ordem se 
subdivide em 3 classes, sendo: 
Familia Mimosaceae (,Acacia caroo Mimosa púdica e Albizia adiantifolia ) 
Familia Caesalpiniaceae ( Delonix regia de madagascar, Bauhinia sp. Afzelia quanzensis = 
chanfuta, Tamarindus indica) 
Familia Fabaceae = Papilionatae ( Dalbergia melanoxylon = pau preto, Pterocarpus angolensis = 
umbila, Milletia sthuhlmannii = jambir, Arachis hypogaea = amendoim) 
 
Ordem Myrtales 
Arbustos ou árvores com folhas geralmente opostas, simples, inteiras e coriáceas. 
Familia Myrtaceae ( Eucalyptus sp., Zyzygium aromaticum, Psidium guajava) 
Familia Punicaceae ( Punica granatum = romãzeira) 
 
Ordem Rutales 
Familia Rutaceae (Citrus sinensis = laranjeira, Citrus reticulata = tangerineira, Citrus paradisi = 
toranjeira). 
Familia Anacardiaceae (Anacardium occidentale, Mangifera indica, Sclerocarya birrea) 
Familia Sapindaceae ( Litchi chinensis) 
 
Ordem Rhamnales 
Familia Rhamnaceae (Ziziphus mucronata = maçaniqueira) 
Familia Vitaceae ( Vitis vinifera = videira) 
Ordem Euphorbiales 
 
94 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
Familia Euphorbiaceae ( Jatropha curcas, Ricinus communis, Manhiot esculenta) 
 
Ordem Araliales 
Familia Apiaceae = Umbelliferae ( Conium maculatum = cicuta, Daucus carota) 
Familia Araliaceae ( Cussonia spicata) 
 
Subclasse Dilleniidae 
Ordem Theales = Guttiferales. 
Compreende sobretudo plantas lenhosas, endosperma reduzido e com o perianto por vezes 
helicoidal 
Familia Theaceae ( Camellia sinensis ou Thea sinensis = chá) 
 
Ordem Nepenthales 
Familia Nepenthaceae- plantas insectivoras, ervas com folhas modificadas ou pêlos sensitivos 
glandulares e viscosos. Trepadeiras através das folhas.Na extremidade da folha existe um saco 
pendente em forma de caneca designado por ascidio para capturar insectos.Os ascidios segregam 
enzimas com propriedades digestivas que atacam os insectos ao cairem nos ascidios, onde se 
afogam na água que estas plantas habitualmente têem. ( Nepenthes sp.) 
 
Ordem Violales 
Familia Passifloraceae (Passiflora edulis = maracujeira) 
Familia Caricaceae ( Carica papaya) 
Familia Brassicaceae ou Cruciferae ( Brassica oleracae = couve, Raphanus sativus = rabanete) 
 
 
 
95 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
 
 
Ordem Cucurbitales 
Familia Cucurbitaceae (Momordica balsamina, Cucurbita pepo = abóbora vulgar, Cucumis sp. = 
pepino, Lagenária sp.= cabaça). 
 
Ordem Malvales 
Familia Malvaceae(Hibiscus esculentus = quiabo, Gossypium hirsutum= algodoeiro) 
Familia Bombacaceae (Adansonia digitata = imbondeiro) 
 
Ordem Ebenales 
Familia Ebenaceae (Euclea natalensis = mulala) 
 
Nivel de Desenvolvimento SYMPETALAE TETRACYCLICAE 
 
Subclasse Lamiidae 
Ordem Gentianales 
Familia Loganiaceae- Plantas subtropicais e geralmente lenhosas, com folhas estipuladas e o 
gineceu súpero. Pertencem a ela muitas plantas venenosas. (Strychnos spinosa, Strychnos nux-
vomica) 
Familia Apocynaceae ( Rauvolfia caffra, Nerium oleander, Landolphia kirkii) 
Familia Asclepiadaceae( Stapelia sp., Asclepias sp., Ceropegia sp.) 
Familia Rubiaceae (Coffea arabica, Cinchona sp.= planta do quinino) 
 
Ordem Solanales 
 
96 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
Familia Solanaceae- plantas de flores zigomórficas ou dorsiventrais e rico em alcalóides venenosos 
como a Nicotina e a tropina. (Nicotiana tabacum, Solanum tuberosum, Lycopersicon esculentum, 
Capsicum annuum) 
Familia Convolvulaceae ( Ipomoea batatas= batata doce) 
 
Classe das Monocotiledôneas 
As mocotileóneas constituem um grupo de vegetais cuja principal característica é a manifestação 
de apenas um cotilédone compondo a semente. Monocotiledônea, é um termo utilizado para 
designar um tipo de semente das angiospermas, que são as plantas mais evoluídas ou mais bem 
adaptadas ao ambiente terrestre. A monocotiledóneas possuem apenas um cotilédone, por exemplo 
o milho, que transfere os nutrientes do esndosperma para o embrião. Podemos destacar também 
outras características das monocotiledôneas como raíz fasciculada (cabaleira), folhas com nervuras 
paralelas, flores trímeras (3 pétalas, 3 sépalas - lírio), caule do tipo colmo (cana, bambu), ou estipe 
(palmeiras e coqueiros). 
Acreditava-se que as monocotiledôneas teriam se desenvolvido (evoluído) a partir das 
dicotiledôneas, entretanto estas formam um grupo parafilético, ou seja, incluem algumas formasque são mais relacionadas geneticamente com as monocotiledóneas do que com alguns grupos das 
próprias dicotiledôneas. A maior parte, contudo, forma um grupo monofilético, chamado de 
eudicotiledóneas ou tricolpados. Essas podem ser distinguidas de todas as outras plantas com flor 
pela estrutura do seu pólen. Os grupos basais das angiospermas e as monocotiledóneas têm pólen 
monosulcado ou formas derivadas destas, enquanto que as eudicotiledóneas têm pólen tricolpado 
e formas derivadas. 
 
Sumário 
A folha é caracterizada por não ter crescimento indeterminado, mantem, pois, somente durante o 
estado mais novo o meristema no ápice. Este, logo se transforma em tecido permanente, ao passo 
que a base foliar pode conservar durante mais tempo o crescimento meristemático. Entretanto, as 
 
97 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
folhas são classificadas tendo em conta três critérios essenciais: Nervação, recorte da margem do 
limbo e divisão do limbo. 
A flor é uma folha adaptada para fins de reproduçãoe. As flores perigínicas, apresentam um ovário 
súpero, folhas protectoras dispostas numa posição mais alta na flor que o pistilo por causa da forma 
em prato ou em tubo da base do receptáculo, pistilo lívre. 
As flores epigínicas, apresentam um ovário ínfero e as folhas protectoras dispostas mais alto que 
o ovário, o pístilo está ligado ao receptáculo. 
A flor Hipógínica em que o ovário se coloca no receptáculo em um ponto que fica acima do plano 
em que as outras peças se fixam. 
Do ovário forma-se o fruto. Em princípio podemos dividir a parede do fruto (pericarpo) em 
exocarpo, mesocarpo e endocarpo. Designamos um fruto como sendo verdadeiro se provém do 
desenvolvimento do ovário como parte do pistilo. Quando outras partes da flor ou da inflorescência 
contribuem para a formação do fruto, falamos de fruto falso. 
Os níveis desenvolvimento das Dicotiledóneas são: Polycarpicae, Apetalae, Sympetalae e 
Sympetalae Tetracyclicae. 
 
 
 
 
 
 
Auto-avaliação 
 
1.Classifique a folha de Carica papaya (papaeira) quanto ao recorte da margem e quanto a 
nervação. 
 
98 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
2. Dê o significado das seguintes designações: flores perigínicas, flores epigínicas e flor 
Hipógínica 
3. Indique as funções das folhas numa planta 
4. Faça a sistemática da Psidium guajava (goabeira) 
 
Chave de correcção 
P1 – ver na figura 16 e 17 sobre o sistema de classificação de folhas. 
P2 – flores perigínicas, apresentam um ovário súpero, folhas protectoras dispostas numa posição 
mais alta na flor que o pistilo; flores epigínicas, apresentam um ovário ínfero e as folhas protectoras 
dispostas mais alto que o ovário, o pístilo está ligado ao receptáculo; flor Hipógínica em que o 
ovário se coloca no receptáculo em um ponto que fica acima do plano em que as outras peças se 
fixam. 
P3 – realizar fotossíntese, transpiração, gutação, e outras funções. 
P4 – Reino Plantae, Divisão Magnoliophyta, Classe Magnoliopsida, Ordem Myrtales, Famíia 
Myrtaceae, Género Psidium, Espécie psidium. 
 
 
Terminologias 
Pólen - (do grego "pales" = "farinha" ou "pó") é o conjunto dos minúsculos grãos produzidos pelas flores 
das angiospermas (ou pelas pinhas masculinas das gimnospérmas), que são os elementos reprodutores 
masculinos ou microgametófitos, onde se encontram os gâmetas que vão fecundar os óvulos, que 
posteriormente irão se transformar em sementes. 
Monofilético - (do grego: de um ramo) se todos os organismos incluídos nele têm evoluído a partir de um 
ancestral comum, e todos os descendentes desse ancestro estão incluídos no grupo. 
Parafiléticos – em cladística, chama-se parafilético a um táxon que inclui um grupo de descendentes de 
um ancestral comum em que estão incluídos vários descendentes desse ancestral porém não todos eles. 
 
99 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
Dicotiledóneas - grupo de vegetais contendo dois cotilédones envolvidos pela semente. 
Cotilédone - substância de reserva energética transferida ao desenvolvimento do embrião durante a 
germinação. 
 
 
 
100 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
Bibliografia 
 DEHIN, Robert. O médico verde, a planta dos milagres; Publicações prevenção de saúde 
Lda, 1998. 
 GOMES Marcos, As plantas da saúde, guia de tratamentos naturais, editora Paulinas, São 
Paulo, 2002. 
 HARDMAN, Joel Limbird; As Bases Farmacológicas da Terapêutica;1996; Rio de 
Janeiro; Brazil. 
 HOLLIDAY, Oscar Jarra. Para sistematizar experiências. UFPB; Editora Universitária. 
Brasil; 1996. 
 JANSEN, P.C.M. Orlando Mendes, Plantas medicinais e seu uso tradicional em 
Moçambique, tomos 1, 2 e 3; Maputo 1990. 
 JANSEN, P.C.M.at all; Plantas Medicinais, Seu uso tradicional em Moçambique;Tomo 5; 
2001; Maputo. 
 LEIBOLD Gerhard; Guia das plantas medicinais - colecção habitat; 3ª edição, Lisboa, 
1997. 
 MARTIN, Gary J. Ethnobotany, People and Plants Conservation Manual, 1st edition. New 
York. 1995 
 MAYER Eric. Enciclopédia familiar das plantas curativas - Publicações prevenção de 
saúde, Dublin 1996. 
 MINNIS, P. E. Introduction. In: Ethnobotany: a reader, ed. P. E. Minnis, Norman; U. 
Oklahoma Press. 2000. 
 PALGRAVE, Coates; Tress of Southern Africa; 2nd edition; D.R. Ejimool. 
 CHASE MW, Soltis DE, Soltis PS, Rudall PJ, Fay MF, Hahn WJ, Sullivan S, Joseph J, 
Molvray M, Kores PJ, Givnish TJ, Sytsma KJ, Pires JC (2000). Higher-level systematics 
of the monocotyledons: An assessment of current knowledge and a new classification. 
 
101 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
 VIDAL, Waldomiro Nunes & VIDAL, Maria Rosária Rodrigues (1990). Botânica 
organografica: quadros sinóticos ilustrados de fanerógamos. (3 ed.). Viçosa: 
Universidade Federal de Viçosa. 
 STRASBURGER, Eduard. Botânica. 7ª edição Espanhola. Barcelona.1986.botânica, as 
diferentes categorias taxonómicas e o organismo responsável pela oficialização dos nomes 
botânicos ora atribuídos para novas espécies de plantas descobertas. 
 
Categorias da classificação 
 
Sistemática ou taxonomia - o aumento do número de dados relativos ao ambiente florístico e dos 
seres vivos em geral permitiu observar várias características individuais e comuns entre eles. Isto 
possibilitou identificar os vegetais e agrupá-los em determinadas categorias. 
Os termos: sistemática e taxonomia, como dito acima não são sinônimos, embora muitos autores 
considerem e usem os termos dessa forma. 
A Sistemática – é a parte da Botânica cujo objectivo é criar sistemas de classificação que 
expressem a melhor forma possível os diversos graus de semelhança entre os vegetais. Podemos 
considerar como parte da Sistemática a Taxonomia, a Classificação e a Nomenclatura. 
 
8 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
Taxonomia – esse termo foi proposto por DE CANDOLLE em 1813, no herbário de Gênova 
(taxonomie), em referência a teoria da classificação das plantas. Irá tratar dos Princípios e Regras 
da Botânica. Dos procedimentos para realizar uma classificação, visto que dependendo dos 
princípios teremos diferentes classificações. Contudo, para a Botânica seguimos os Princípios e 
Regras Internacionais da Botânica. 
Classificação – é a ordenação ou o acto de classificar plantas em grupos de tamanho crescente, 
dispostos de maneira hierárquica. (sistema ou hierarquia de níveis ou categorias,). 
Tabela 2. Categorias taxonômicas utilizadas na classificação Botânica 
 (STACE, 1989 cit. MOLINA, 1999). 
CATEGORIA – 
Latim 
CATEGORIA 
– Português 
ABREVIAÇ
ÃO 
TERMINAÇÃ
O BOTÂNICA 
EXEMPLI 
GRATIA 
(e.g.) 
Regnum Vegetabile Reino Vegetal Plantae 
Subregnum Subreino BIONTA 
Embryobiont
a 
Divisios Divisão PHYTA Tracheophyta 
Subdivisios Subdivisão PHYTINA 
Spermatophy
tina 
Classis Classe OPSIDA 
Angiospermo
psida 
Subclassis Subclasse IDAE 
Dicotyledoni
dae 
Superordo Superordem ANAE Rosanae 
Ordo Ordem ALES Rosales 
Subordo Subordem INEAE Rosineae 
Familia Família ACEAE Rosaceae 
Subfamilia Subfamília OIDEAE Rosoideae 
Tribus Tribo EAE Roseae 
Subtribus Subtribo INAE Rosinae 
Genus Género gen. Rosa 
Subgenus Subgénero subgen. Rosa 
Sectio Secção sec. Caninae 
Subsectio Subsecção subsec. Caninae 
Series Série ser. 
Subseries Subsérie subser. 
Species Espécie sp. canina 
Subspecies Subespécie ssp. 
Varieta Variedade var. lutetina 
 
9 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
Subvarieta Subvariedade subvar. 
Forma Forma f. lasiostylis 
Subforma Subforma subf. 
 
Identificação ou determinação 
Consiste em reconhecer uma planta ou ser vivo já classificado, ou seja, significa a aplicação de 
um nome conhecido ao espécime colectado. 
As classificações são sistemas para armazenar ou transmitir informação sobre os seres vivos ou 
fazer possíveis predições ou generalizações. Nas classificações se criam grupos onde estão 
reunidos os organismos com o maior número de possíveis caracteres em comum. Isso é possível 
porque todos os organismos estão relacionados entre si (em maior ou menor grau) por vias 
evolutivas descendentes. 
 
Conceito de espécie 
Além de ser uma unidade taxonómica fundamental, a espécie deve possuir certos atributos. 
Quando dois ou mais indivíduos estiverem reunidos como sendo da mesma espécie, faz-se 
necessário: 
1. Possuírem um número de caracteres em comum (mesmo património genético); 
2. Serem interférteis (formar populações) ; 
3. Em condições naturais não trocarem esses caracteres com outras espécies (isolamento 
reprodutivo). 
 
As espécies, por sua vez, possuem caracteres comuns que possibilitam classificá-las ou agrupá-las 
em géneros. Esses são agrupados em famílias, essas em ordens e assim sucessivamente, até chegar 
no táxon Reino (Regnum vegetabile) de forma hierárquica. 
As categorias básicas foram desenvolvidas por LINNEU, que se baseou nos conceitos 
desenvolvidos na Grécia Antiga por ARISTÓTELES através do princípio da "divisão lógica": 
formação de subgrupos baseados em critérios lógicos ("fundamentum divisonis"). LINNEU 
 
10 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
aplicou as categorias taxonómicas para todas as plantas conhecidas em sua época, cerca de 7700 
espécies. A hierarquia taxonômica deve reflectir a divergência filogenética, mas existem 
dificuldades que se opõem a isto: 
1. Fenómenos de convergência produzem semelhanças externas ao comparar um modo de 
vida (caso das plantas parasitas), ou um tipo de reprodução (a polinização em algumas 
famílias, como as Asclepiadaceae e Orchidaceae). 
2. Constância hereditária dos caracteres diferenciais são comprováveis apenas em cultivos 
experimentais. 
3. Diferenças morfológicas somente são reconhecíveis quando se dispõe de material 
suficiente. 
4. Relações filogenéticas em rede não são representativas para um sistema hierárquico, por 
exemplo, as que se originam por hibridação. 
 
Tipos de classificações 
O princípio que rege toda a classificação é o mesmo: os caracteres que compartilham as unidades 
a serem classificadas. As plantas possuem uma evolução dos critérios taxonômicos e pode-se 
estabelecer vários tipos de taxonomias: 
 Taxonomia popular: a primeira aplicada as plantas, atendendo a princípios úteis 
(alimento, medicina, veneno, madeira de construção, entre outros). Essas classificações 
envolveram um pequeno número de plantas. 
 Taxonomia científica: devido a grande quantidade de plantas existentes houve 
necessidade de precisão, levando a uma intervenção para melhorar a identificação, a 
nomeação, a classificação e a comunicação do conhecimento. Com isso, diferentes 
sistemas de classificação surgiram: 
a) Sistemas artificiais: elegiam arbitrariamente determinados caracteres como principais. Por 
exemplo, a forma de desenvolvimento, o número de peças florais, e outros. Sua vantagem era a de 
possuir um alto valor preditivo. 
O sistema artificial mais conhecido foi o criado por LINNEU em 1735, Systema Natura, que 
 
11 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
separou 23 classes de plantas com flores (Phanerogamia) de acordo com: a disposição dos sexos 
das flores e o número, concrescência, inserção e relação de comprimento dos estames. Criou 
também a vigésima quarta classe, de plantas sem flores (Cryptogamia), incluindo os fetos, musgos, 
algas, fungos e plantas com flores de difícil visualização (Ficus, Lemna), erroneamente incluiu os 
corais e as esponjas. 
b) Sistemas naturais ou formais: seguiam os mesmos princípios anteriores, mas, considerava-se 
um maior número de caracteres. Houve melhorias, mas os grupos obtidos correspondiam mais em 
níveis de organização que a grupos de descendência. Os mais importantes são os de A. L. DE 
JUSSIEU (1718), A. P. DE CANDOLLE (1819), ST. ENDLICHER (1836), G. BENTHAM & I. 
D. HOOKER (1862-1883), entre outros. Esses sistemas obtinham classificações fenéticas: 
classificações empíricas que expressam relações entre os organismos em termos de similaridade 
de propriedades ou caracteres. Não importava qual a metodologia adotada para chegar a 
determinado taxon, pois, qualquer tipo de dado era útil, excepto os evolutivos. 
c) Sistemas filogenéticos: apareceram envoltos à publicação de DARWIN (1859): A origem das 
espécies (a teoria da evolução). As plantas podem ser ordenadas segundo distintos princípios, mas 
o parentesco filogenético aparece como um princípio de ordenação hierárquico independente do 
observador. São sistemas naturais que apresentam o máximo conteúdo de informação. As 
classificações (aproximações) mais importantes foram as de: A. EICHLER (1883), A. ENGLER, 
R. von WETTSTEIN (1901-1908), esse último como sendo o primeiro sistema realmente 
filogenético. 
d) Sistemas sintéticos: esse sistema é adotado actualmentee procura várias disciplinas para 
validar suas classificações e suas descobertas (citogenética, microanatomia, fitoquímica, etc.), 
contudo, ainda detém um certo grau de subjetivismo. Tal acúmulo de dados, proporcionados pelas 
novas técnicas de investigação, são as vezes difíceis de organizar, por isso muitos recorrem a 
técnicas tais como a Taxonomia Numérica. 
 
Nomenclatura botânica 
Parte da Botânica Sistemática que se dedica a dar nome às plantas e grupos de plantas. Os primeiros 
nomes foram vemáculos ou nomes comuns, mas esses tem os seguintes inconvenientes: 
 
12 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
 Não são universais, são aplicados somente a determinada língua; 
 Somente algumas plantas têm nome vernáculo; 
 Duas ou mais plantas não relacionadas podem ter o mesmo nome comum ou uma mesma 
planta tem diferentes nomes comuns; 
 Aplicam-se indistintamente a géneros, espécies ou variedades 
Para evitar esses problemas existem as regras do Código de Nomenclatura Botânica: na 
antiguidade (época pré-linneana) cada planta era conhecida nos círculos eruditos por uma larga 
frase descritiva em latim, o sistema polinomial ou polinominal, que crescia à medida que se 
encontravam novas espécies semelhantes. Assim, por exemplo, a "carlina sem caule" (Carlina 
acaulis L.) se mencionava como: Carlina acule unifloro florae breviore. 
O primeiro sistema que sugeriu adoptar somente duas palavras (sistema binomial) foi GASPAR 
BAUHIN. Mas não foi adotada até a publicação de Species Plantarum por LINNEU em 1753 que 
estabeleceu definitivamente o sistema binomial, descrevendo e nomeando todo o mundo vivo 
conhecido até então. 
O nome científico ou nome específico de um organismo vivo é uma combinação de duas palavras 
em latim: o nome genérico ou género (muitas vezes associado a um substantivo) e o epíteto 
específico (associado a um adjectivo). Assim, por exemplo, o carvalho é Quercus rotundifolia 
Lam. e o pinheiro-do-norte é Pinus pinea L. Ao nome científico sempre acompanha o nome do 
autor, abreviado ou por extenso, depende como foi validada a primeira publicação. Lam. é 
abreviação de Lamarck e L. de Linneu. Nenhum nome científico está completo sem estar 
acompanhado do nome do autor ou da forma abreviada deste. Os nomes científicos também podem 
estar acompanhados de sinônimos, que são os nomes diferentes que se aplicam ao mesmo táxon, 
sem confundir com os homônimos que são os nomes iguais aplicados a táxons diferentes. 
Todas as normas que controlam a criação de nomes científicos para as plantas e categorias 
taxonômicas estão contidas no ICBN (International Code of Botanical Nomenclature) (Códico 
Internacional de Nomenclatura Botânica-CINB). Existem dois outros códigos semelhantes, porém 
independentes: o Código Internacional de Nomenclatura Zoológica (ICZN) e o Código 
Internacional de Nomenclatura Bacteriológica (ICNB). 
 
13 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
 
Nomenclatura Botânica 
Se detém a criar nomes para designar as plantas ou grupos de plantas (taxa ou taxons, plural de 
taxon). A criação dos nomes está regulada por um conjunto de normas reunidas no Código 
Internacional de Nomenclatura Botânica, reeditado a cada 5 ou 6 anos em decorrência do 
Congresso Internacional de Botânica. 
Descrição e Diagnose 
Consiste de uma série de palavras e frases técnicas referentes as suas características, de maneira 
que formem a definição do taxon em questão. Os caracteres que contribuem para uma descrição 
taxonómica são conhecidos como caracteres taxonómicos ou sistemáticos. A diagnose é uma 
descrição reduzida que cobre somente os caracteres diagnosticados, ou seja, a necessária para 
distinguir um taxon de outros relacionados. 
 
A estrutura e a hierarquia taxonómica 
Os princípios e regras da taxonomia levam a uma ordenação das plantas, hierarquizando o sistema: 
hierarquia taxonômica. Os diferentes níveis da hierarquia mostram a posição em que o espécime 
ou o grupo de vegetais se encontra. Essa estrutura taxonómica possui teoricamente a unidade 
chamada espécie e trata-se do nível mais elementar da estrutura (unidade taxonômica básica ou 
fundamental). Porém, independente da posição dos níveis cada qual é designado táxon. As 
categorias taxonômicas mais importantes são, em ordem crescente: espécie, género, família, 
classe, divisão ou phylum e reino. 
Para estudos mais aprofundados, o Código Internacional de Nomenclatura Botânica reconhece 
doze: reino, divisão, classe, ordem, família, tribo, género, secção, série, espécie, variedade e forma. 
Este número pode ser dobrado designando subcategorias com o prefixo sub-. Ainda, podemos 
considerar supercategorias com prefixo super- (exemplo: super-ordem). 
 
Nomes do taxa 
 
14 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
De acordo com o comentado acima, os nomes científicos dos grupos taxonômicos são tratados 
como latim ou sua derivação (quinto princípio do CINB). 
O nome genérico é um substantivo no singular ou uma palavra tratada como tal (nome uninomial). 
Quando for o nome de uma pessoa, no caso de uma comemoração, deverá ser latinizado. 
A latinização de nomes não clássicos se realiza assim: 
terminação vocal: se adiciona -a. Por exemplo: Boutelou (Bouteloua), excepto quando acaba em 
a, então se adiciona -ea, Colla (Collaea). 
Terminação consoante: se adiciona -ia. Por exemplo: Klein (Kleinia), Knaut (Knautia), Koelpin 
(Kolepinia), Laurent (Laurentia), Lagous (Lagousia), Lobel (Lobelia), Rothmaler (Rothmaleria), 
Wahlenberg (Wahlenbergia). 
 
O epíteto específico pode ser: 
Um adjectivo, no caso mais geral, exemplo., Quercus rotundifolia, folhas arredondadas. 
um substantivo em aposição (ou justaposição) como no género, exemplo., Pyrus malus L., malus 
= maçã em latim. 
Um nome em comemoração a uma pessoa, exemplo, Centaurea boissieri DC. 
Quando o epíteto implica várias palavras, essas se combinam em uma só ou se ligam por hífen, 
e.g., Capsella bursa-pastoris, Hibiscus rosa-sinensis. 
Para formação de epítetos específicos em latim, deve-se considerar sua combinação ao nome 
genérico. Um mesmo epíteto pode estar associado a diferentes nomes genéricos, e.g., Anthemis 
arvensis, Anagallis arvensis. Cada epíteto deve estar no mesmo modo gramatical (singular, plural, 
neutro) que o nome genérico. 
 
Tabela 3: As terminações mais frequentes 
masculino alb-us nig-er brev-is ac-er 
 
15 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
feminino alb-a nig-ra brev-is ac-ris 
nominal alb-um nig-rum brev-e ac-re 
 
Por exemplo: Lathyrus hirsutus, Lactuca hirsuta, Vaccinium hirsutum. 
Existem outras terminações que servem para qualquer nome genérico: eleg-ans, rep-ens, bicol-or, 
simple-x. Por exemplo: Ranunculus repens, Ludwigia repens, Trifolium repens. Nos epítetos, por 
aposição, o género gramatical do epíteto não tem por que coincidir com o nome genérico. 
 
Tipos de epítetos específicos 
Epítetos comemorativos (nomes de pessoas latinizados): 
 terminação em vogal (excepto -a), se adiciona -i, exemplo., Asa Gray (Lilium grayi), Joseh 
Blake (Aster blakei). 
 terminação em vogal -a, se adiciona -e, exemplo, Mr. Balansa (balansae), lagasca 
(lagascae). 
 terminação em consoante diferente de -er, se adiciona -ii, exemplo,Tuttin (tuttinii) . Caso 
trate-se de uma mulher, adicionar -iae. 
 terminação em -er, adicionar -i, exemplo, Boissier (boisieri) 
5. se o nome é usado como um adjetivo, a terminação deve coincidir com o género, e.g., F. 
Wallace Card (Rubus cardianus), Augustin Bosc (Chenopodium boscianum). 
 
Epítetos descritivos 
 relacionados à cor: albus, aureus, luteus, niger, virens (verde), viridis (verde). 
 relacionados à orientação: australis, borealis, meridionalis, orientalis. 
 relacionados à geografia: africanus, alpinus, alpestris (Alpes), hispanicus, ibericus, 
cordubensis. 
 
16 
Cornélio Mucaca & FelisbertoLobo 
 relacionados ao hábito: arborescens, caespitosus, procumbens. 
 relacionados ao habitat: arvensis, campestris, lacustris. 
 relacionados às estações: automnalis, vemalis. 
 relacionados ao tamanho: exiguus, minor, major, robustus. 
 Nomes de taxons superiores a posição do género serão uninominais, com uma só 
terminação. São substantivos no plural (ou adjectivos usados como substantivos, iniciados 
por letra maiúscula. 
 
 
Normas para escrever os nomes científicos 
Todas as letras em latim devem estar em itálico (cursiva), sublinhadas ou em negrito. 
A primeira letra do género ou categoria superior, em maiúscula. 
O resto do nome em letras minúsculas (excepção: alguns casos onde se comemora nomes 
importantes, a primeira letra do epíteto era maíuscula). 
Nomes de híbridos, precedem o símbolo x, exemplo, x Rhaphanobrassica, Mentha x piperita. 
A pronúncia dos nomes científicos é em latim. 
 
Como pronunciar os nomes científicos 
Método continental desenvolvido na Idade Média pela Igreja Católica Romana: (i) os ditongos ae 
e oe se lêem e, e.g.: laevis, rhoeas; (ii) a combinação ch se lê k, exemplo: Chenopodium; (iii) a 
combinação ph se lê f, e.g., Phleum phleoides; (iv) a acentuação nunca acontece na última sílaba; 
(v) as palavras de duas sílabas são de uma só tonalidade (monótonas); (vi) as palavras de três 
sílabas podem ser monótonas se a penúltima sílaba é longa (se terminar em vogal longa, ditongo 
ou consoante) ou proparoxítona se a penúltima sílaba é breve. 
 
Código Internacional de Nomenclatura Botânica (CINB) 
 
17 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
Serve para padronizar o sistema de nomenclatura botânica a nível mundial, facilitando a troca de 
informações e o acesso a diversos sítios botânicos sem que haja confusões entre os nomes 
populares de cada país e o científico. Então, dessa forma cada planta terá apenas um nome válido 
e somente esse poderá ser aplicado. O nome científico é o símbolo nominal da planta ou grupo de 
plantas, indica a sua posição no sistema ou sua categoria taxonômica. 
O CINB está dividido em três partes: 
 Princípios básicos do sistema de nomenclatura; 
 Regras para pôr em ordem a nomenclatura antiga; 
 Recomendações para conseguir uniformidade e clareza na nomenclatura actual. 
 
Princípios 
I. A nomenclatura botânica é independente da zoológica e bacteriológica. 
I. A aplicação de nomes aos grupos taxonómicos (taxa) de categoria de família ou inferior é 
determinada por meio dos tipos de nomenclaturas. 
II. A nomenclatura de um grupo taxonómico se fundamenta na prioridade de publicação. 
III. Cada grupo taxonómico não pode ter mais do que um nome correcto, deverá ser o mais 
antigo em conformidade às regras, salvo as excepções especificadas. 
IV. Os nomes científicos dos grupos taxonómicos se expressam em latim, qualquer que seja 
seu táxon (categoria ou grupo). 
V. As regras de nomenclatura possuem efeito retroactivo, salvo indicações contrárias. 
 
Tipificação 
O processo de indicação ou designação de um tipo nomenclatural, é obrigatório pelo CINB e 
aplica-se aos nomes botânicos. Tem a importância de: 
 Assegurar a máxima estabilidade e firmeza a nomenclatura, compatível com a natureza 
mutável e dinâmica do sistema taxonómico; 
 
18 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
 Na tipificação um nome é dado permanentemente a seu tipo de nomenclatura. Assim, o 
táxon será definido para incluir o tipo de um nome e, esse nome deve aplicar-se ao táxon; 
 Caso se queira, mais tarde, substituir o tipo do nome para outro posicionamento 
taxonómico, então um nome novo deverá ser aplicado ao táxon que entra na posição do 
tipo que saiu; 
 O tipo de um nome é formalmente definido como o elemento sobre o qual está baseada a 
descrição que valida a publicação do nome; 
 O termo elemento significa diferentes coisas, de acordo com a categoria do táxon 
concretamente; 
 O tipo do nome de uma espécie, por exemplo, é em geral uma simples espécie de herbário, 
a partir da qual se faz um perfil descritivo que valida o nome. 
 Quando de um género, quem valida o nome do tipo é a espécie descrita originalmente; 
 Quando de uma família ou de um táxon de categoria mais alta, quem valida é o género 
descrito originalmente; 
 Somente os nomes têm tipos. Os taxons não. Nunca se reporta ao tipo de um táxon e sim o 
tipo de um nome específico; 
 Um tipo é simplesmente um espécime aleatoriamente foi escolhido para a descrição, 
validando a publicação de outros nomes baseados nele; 
 Quando os espécimes são classificados em espécies, um espécime tipo é tratado como 
qualquer outro. 
 
Classes de tipos 
Holotipo: o espécime ou outro elemento usado pelo autor ou designado por ele como tipo 
nomenclatural e que regulará a aplicação do nome correspondente. 
Isotipo: uma duplicata do holotipo, que forma parte da re-coleção original. 
Lectotipo: espécime ou elemento selecionado a partir de material original para servir como tipo 
nomenclatural quando não foi registrado um holotipo junto a publicação ou devido a perda da 
informação. O lectotipo deve ser eleito entre os isotipos, mas caso não existam isotipos, deve-se 
eleger entre os sintipos, caso não haja sintipos elege-se um neotipo. 
 
19 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
Sintipo: é um dos espécimes originalmente citados pelo autor que não designou holotipo ou que 
enumerou vários, simultaneamente, como tipos. 
Neotipo: é um espécime ou qualquer outro elemento elegido para servir de tipo nomenclatural 
quando falta todo o material sobre o qual está baseado o nome do táxon. 
 
Tipos de categorias de espécie ou infra específicas 
O tipo (holotipo, lectotipo ou neotipo) do nome de uma espécie, ou de um táxon infraespecífico 
consiste em um espécime único, excepto para as plantas herbáceas de pequena estatura e para a 
maioria das plantas não vasculares, pois, esses tipos consistem em vários indivíduos que devem 
conservar-se de maneira permanente sobre um mesmo registo de herbário ou esxicata. Os 
especimens tipo, de nomes de taxons de plantas actuais (excepto bactérias), devem ser conservados 
de maneira permanente e não podem estar vivos ou em cultivo (as vezes podem ser uma figura ou 
uma descrição). 
 
Tipos de categorias supra-específicas 
O tipo do nome de um género ou de todo o táxon situado entre o género e a espécie, constitui-se 
por uma espécie; o tipo de uma família ou de todo o táxon entre a família e o género, constitui-se 
do género cujo nome actual ou antigo tem servido como base para o nome do táxon em questão. 
Os nomes de táxons de posição superior a família não se aplica ao princípio de tipificacão. 
 
Sumário 
 
As categorias de classificação são: Sistemática, taxonomia e classificação 
A Sistemática – é a parte da Botânica cujo objectivo é criar sistemas de classificação que 
expressem a melhor forma possível dos diversos graus de semelhança entre os vegetais. 
Taxonomia – trata dos Princípios e Regras da Botânica, dos procedimentos para realizar uma 
classificação. 
 
20 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
Classificação – é a ordenação ou o acto de classificar plantas em grupos de tamanho crescente, 
dispostos de maneira hierárquica. 
 
 
 
Auto-avaliação 
1. A Botânica sistemática se ocupa no estudo da organização das espécies vegetais segundo 
um sistema organizado. 
a) Indica a diferença existente entre “Sistemática” e “Taxonomia”. 
b) Defina o conceito de “Espécie”. 
2. O sistema binominal foi estabelecido pela primeira vez por Gaspar Bauhim e foram 
adoptados para as espécies Plantarum por Lineu em 1753. 
 Como era feita a nomenclatura das plantas antes de ser estabelecido o sistema 
binominal? 
3. O nome Catharanthus roseus L. pertence a uma planta medicinal e ornamental vulgarmente 
conhecida por Beijo-de-mulata. 
 Qual é o significado de cada palavra que consta no nome tendo em conta a 
taxonomia filogenética.Chave de correcção 
P1 – a) A Sistemática é a parte da Botânica cujo objectivo é criar sistemas de classificação. 
Enquanto que aTaxonomia trata dos Princípios e Regras da Botânica, dos procedimentos para 
realizar uma classificação. 
 b) Espécie é uma unidade taxonómica fundamental que possuem o mesmo património 
genético. 
P2 – Polinominal 
 
21 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
P3 – Catharanthus – epíteto genérico, roseus – epíteto específico e L – inicial do nome do autor 
nomenclatural 
 
 
Terminologias 
Criptógamas - Criptógamas são plantas com estruturas produtoras de gametas pouco 
evidentes. Como por exemplo os Musgos (Briófitas) e as Samambáias (Pteridófitas). 
Basicamente, são vegetais que não produzem flores , sementes e nem frutos. 
Interférteis – indivíduos que podem se cruzar entre 
Isolamento reprodutivo - impede que o patrimônio genético de espécies diferentes sejam 
compartilhados. Assim as espécies se preservam e continuam a evoluir, seguindo as leis de 
adaptação ao meio ambiente. 
 
Os reinos 
Introdução 
Na lição anterior você aprendeu os diferentes níveis de classificação e nomenclatura das plantas, 
conheceu a história da nomenclatura botânica, as diferentes categorias taxonómicas e o organismo 
responsável pela oficialização dos nomes botânicos ora atribuídos para novas espécies de plantas 
descobertas. Nesta lição você vai estudar que os grupos de organismos estão organizados em reinos 
e a partir destes pode se encontrar outras categorias taxonómicas dos mesmos. Do mesmo modo, 
a sistemática e o enquadramento das espécies vegetais é possível se o estudo para o efeito for feito 
observando as diferentes linhas evolutivas que deram origem as categorias taxonómicas 
identificadas. 
 
Alguns reinos dos organismos importantes para a taxonomia botânica 
 
22 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
Reino Protista - os organismos unicelulares eucariotas, representados pelos protozoários e certas 
algas unicelulares, constituem o reino Protista. Sendo eucariotas, os protistas possuem um núcleo 
individualizado por uma membrana (carioteca), além de organelos membranosos. 
Reino Monera ou Procariota – pertencem ao Reino Monera organismos muito simples, de 
estrutura unicelular procarionte, autotróficos ou heterotróficos, isolados, embora algumas espécies 
podem apresentar-se como colónias. As evidências evolutivas demonstram que os organismos 
procariontes primitivos representam os ancestrais de todas as formas de vida conhecidas em nosso 
planeta. Além da ausência do envoltório ou invólucro nuclear, condição básica de todo procarionte, 
as células dos Monera não possuem organelos membranosos, como o retículo endoplasmático, o 
complexo de Golgi, as mitocôndrias ou os cloroplastos. 
Apesar de apresentarem uma simplicidade na organização celular, os representantes do Reino 
Monera demonstram um grande potencial biológico, podendo ser encontrados em todos os tipos 
de ambientes do planeta, sejam terrestres, aquáticos ou aéreos. 
O Reino Monera é actualmente dividido em dois ramos distintos: a divisão Schizomycophyta ou 
Eubactérias, que compreende as bactérias, que são organismos heterotróficos e móveis, e, a divisão 
Cianófitas, que compreende as “algas azuis” ou Cianobactérias que são organismos autotróficos e 
imóveis, isto é, são aflagelados. 
Reino Fungi - os fungos são organismos eucariotas, heterotróficos e, em sua maioria, 
multicelulares. Suas células apresentam reforço celulósico externo, como nas algas e vegetais, 
porém é comum a presença de depósitos de quitina, substância característica dos animais. Os 
fungos são seres aclorofilados e possuem o glicogênio, típico dos animais, como substância 
reserva. 
 
Sumário 
Os reinos importantes para a taxonomia botânica sâo: 
Reino Protista - os organismos unicelulares eucariotas, representados pelos protozoários e certas 
algas unicelulares, constituem o reino Protista. 
 
23 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
Reino Monera – pertencem ao Reino Monera organismos muito simples, de estrutura unicelular 
procarionte, autótrofos ou heterotróficos, isolados, embora algumas espécies podem apresentar-se 
como colonias. 
Reino Fungi - os fungos são organismos eucariotas, heterotróficos e, em sua maioria, 
multicelulares. 
 
Auto-avaliação 
1. Fale de 3 características fundamentais que definem o reino Procariota 
2. Diferencie em 2 aspectos as duas (2) divisões dos 
Procariota. 
3. A chave de identificação a seguir está baseada nas características mais marcantes dos 
grupos vegetais: com base nas caracteristicas da coluna A, indique a que grupos 
pertencem 
 os vegetais identificados na coluna B. 
 Coluna A Coluna B 
1. Vegetais sem núcleo diferenciado 
2. Heterotróficos, autotróficos 
3. Criptogamas apenas com talo ou 
unicelulares 
4. criptogamas com caule e folhas. 
A. Procaryota 
B. Eucaryota 
C. Fungos 
D. Algas (Cyanobactérias) 
E. Algas 
Chave de correcção 
 
24 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
P1 - Estrutura unicelular procarionte, autótrofos ou heterotróficos, isolados, embora algumas 
espécies podem apresentar-se como colónias 
P2 – As Eubactérias (heterotróficas e móveis) enquanto que as Cianobactérias (autotróficos e 
imóveis) 
P3 – 1-A; 2-B; 3-E 
 
 
 
25 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
 
Terminologias 
 
Procariotas - (do grego transliterado: pro, anterior, antes, primeiro, primitivo + karyon, noz ou 
amêndoa - núcleo = Nucleo Primitivo) são organismos unicelulares que não apresentam seu 
material genético delimitado por uma membrana. Estes seres não possuem nenhum tipo de 
compartimentalização interna por membranas, estando ausentes várias outras organelas, como as 
mitocôndrias, o complexo de golgi e o fuso mitótico. 
Monera – é um reino composto pelas bactérias e cianobactérias (algas azuis). Elas podem viver 
em diversos locais, como na água, ar, solo, dentro de animais e plantas, ou ainda, como parasitas. 
A maioria dos seus representantes são heterotróficos (não conseguem produzir seu próprio 
alimento), mas existem também algumas bactérias autótrofas (produzem sem alimento, via 
fotossíntese por exemplo). 
 
Sequência evolutiva das plantas 
Uma prova de que as algas verdes evoluíram a partir do mesmo antepassado que as plantas mais 
complexas encontra-se nos cloroplastos: todos contêm ADN (Ácido Desoxi-Ribonucleico) e têm 
uma estrutura semelhante às cianobactérias. Pensa-se que evoluíram a partir duma alga mais 
pequena endossimbiótica. Nesse contexto, a tendências evolutivas das algas da ordem Volvocales 
é marcada pela passagem de Unicelularismo (ex: Clamidomonas) para pluricelularismo (ex: 
Volvox). Surgimento da especialização celular nas Volvox (aparecimento do polo germinativo e 
polo vegetativo) 
Durante o Paleozóico, começaram a aparecer em terra firme plantas complexas, multicelulares, os 
embriófitos (Embryophyta), nos quais o gametófito e o esporófito se apresentavam de forma 
radicalmente diferente das algas, o que está relacionado com a adaptação a ambientes secos (já 
que os gâmetas masculinos estavam antes dependentes de meios hhúmidos para se moverem) 
 
26 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
No período Silúrico apareceram novos embriófitos, as plantas vasculares, com adaptações que lhes 
permitiam estar menos dependentes da água. Estas plantas tiveram uma radiação adaptativa maciça 
durante o Devónico e começaram a colonizar a terra firme. Entre essas adaptações podemos referir 
uma cutícula resistente à dessecação e tecidos vasculares por onde circula a água, por isso são 
chamados plantas vasculares ou Tracheophyta. As espermatófitas ou plantas com semente são um 
grupo de plantas vasculares que se diversificou no final do Paleozóico. 
A sequência evolutiva da vida delineia os eventos maiores no desenvolvimento da vida no planeta 
Terra. Para uma explicação detalhada do contexto, veja história daTerra e escala de tempo 
geológico. Em biologia, a evolução é um processo pelo qual populações de organismos adquirem 
e transmitem características novas de geração para geração. A sua ocorrência ao longo de longos 
períodos de tempo explica a origem de novas espécies e a vasta diversidade do mundo biológico. 
Espécies contemporâneas são relacionadas umas às outras por origem comum, produto da 
evolução e especiação ao longo de milhares de milhão de anos. 
 
Sumário 
O surgimento e a evolução da vida é um fenómeno ainda incompreensível e aparentemente foi um 
processo demorado. Durante centenas de milhões de anos após a formação da Terra, as condições 
nela eram extremas em diversos sentidos. 
Uma prova de que as algas verdes evoluíram a partir do mesmo antepassado que as plantas mais 
complexas encontra-se nos cloroplastos: todos contêm ADN (Ácido Desoxi-Ribonucleico) e têm 
uma estrutura semelhante às cianobactérias. Pensa-se que evoluíram a partir duma alga mais 
pequena endossimbiótica. 
Em biologia, a evolução é um processo pelo qual populações de organismos adquirem e 
transmitem características novas de geração para geração. A sua ocorrência ao longo de longos 
períodos de tempo explica a origem de novas espécies e a vasta diversidade do mundo biológico. 
Espécies contemporâneas são relacionadas umas às outras por origem comum, produto da 
evolução e especiação ao longo de milhares de milhão de anos. 
 
27 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
 
Auto-avaliação 
 Demonstre a tendência evolutiva na ordem das Volvocales. 
 Identifique os principais grupos de plantas evidenciados em cada era ou período 
geológico ; 
 O surgimento e a evolução da vida é um fenómeno ainda incompreensível. Comente a 
afirmação. 
Chave de correcção 
P1 – Passagem de Unicelularismo(ex: Clamidomonas) para pluricelularismo (ex: Volvox). 
Surgimento da especialização celular nas Volvox (aparecimento do polo germinativo e polo 
vegetativo) 
P2 – Veja na tabela 4 
P3 – Durante centenas de milhões de anos após a formação da Terra, as condições nela eram 
extremas em diversos sentidos. 
 
 
Terminologias 
Embriófitas - Grupo de plantas que desenvolvem embriões durante o processo de reprodução. As 
embriófitas formam um dos dois sub-reinos em que se dividem todos os vegetais. O outro é o das 
talófitas. Os musgos, as Peridófitas. 
Tracheophyta – plantas que apresentam o sistema vascular (sistema de transporte de nutrientes 
através de vasos condutores – xilema e floema). 
Espermatófitas – plantas que se reproduzem por flores 
 
 
28 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
História da Botânica Sistemática 
 
Introdução 
Na lição anterior você aprendeu os aspectos históricos relativos a evolução das plantas baseando-
se na História de evolução da vida. Ao longo desta lição você irá estudar as diferentes fases da 
evolução da sistemática e taxonomia vegetal. Esta evolução é determinada pelos diferentes 
períodos de estudos caracterizados por diferentes correntes científicas que tratam a questão 
evolutiva das plantas tais como: Período Clássico, Período Medieval, Período Renascentista, 
Período do Século XVII, Período Linneano, Período dos Sistemas naturais, Período dos Sistemas 
Filogenéticos. 
 
Sumário 
As fases da evolução histórica sobre a sistemática e taxonomia vegetal podem ser estudadas com 
base nas diferentes pesquisas feitas em vários períodos tais como: Período Clássico, Período 
Medieval, Período Renascentista, Período do Século XVII, Período Linneano, Período dos 
Sistemas naturais e o Período dos Sistemas Filogenéticos. 
 
 
Auto-avaliação 
 Identifique as diferentes fases de evolução histórica da sistemática e taxonomia Botânica. 
 
Chave de correcção 
 Período Clássico, Período Medieval, Período Renascentista, Período do Século XVII, 
Período Linneano, Período dos Sistemas naturais, Período dos Sistemas Filogenéticos. 
 
29 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
 
Terminologias 
Sistemas naturais - não se baseia apenas na morfologia e na fisiologia dos organismos adultos, 
mas também no desenvolvimento embrionário dos indivíduos, no cariótipo de cada espécie, na sua 
distribuição geográfica e no posicionamento dos seres perante seus ancestrais no processo de 
evolução das espécies 
Sistemas Filogenéticos - proposto por Willi Hennig, é o estudo filogenético desses grupos, 
geralmente com a finalidade de testar a validade de grupos e sua taxionomia. De acordo com esta 
abordagem, somente são aceites como naturais os grupos comprovadamente monofilético. A 
Sistemática Filogenética é uma base sobre a qual diversos métodos foram desenvolvidos, dos quais 
o dominante atualmente é a cladística. 
Filogenia – (ou filogênese) (grego: phylon = tribo, raça e genetikos = relativo à gênese = origem) 
é o termo comumente utilizado para hipóteses de relações evolutivas (ou seja, relações 
filogenéticas) de um grupo de organismos, isto é, determinar as relações ancestrais entre espécies 
conhecidas (ambas as que vivem e as extintas). 
 
Sinópsis do reino vegetal e níveis de organização dos organismos 
Introdução 
Antigamente os conceitos de planta e animal se consideravam de um modo geral como unidades 
sistemático-taxonómicas fundamentais para a divisão dos organismos. Hoje se sabe que estes dois 
grupos diferem entre si quanto a fisiologia e nutrição, pelo que não são autenticos grupos 
sistemáticos definidos pelo grau de parentesco. O ponto de partida filogenético que se observa nos 
seres vivos é a sua divisão em procariotas e eucariotas, dentros destes estão os Reinos que estao 
organizados em Divisões que são comunidades de descendências muito amplas derivadas de um 
grupo de antepassados comum e monofilético. Como critério superior de ordenação das divisões 
tem-se os níveis de organização. Nesta unidade você vai estudar as Características morfológicas, 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Willi_Hennig
 
30 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
ecológicas e modo de vida dos Eucariotas e dos Procariotas, os níveis de desenvolvimento 
Myxobionta e Mycobionta assim como as algas. 
 
 
31 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
Os Prokaryota: Características morfológicas, ecológicas e modo de vida. 
Introdução 
Prokaryota, que significa antes do núcleo (pro = antes, kary = núcleo). Os Prokaryota incluem o 
reino Monera onde pode-se encontrar as Bactérias que foram descobertas pelo naturalista Antonie 
Van Leeuwenhoek, cujo este acreditava que os pequenos animais que via teriam surgido 
expontaneamente a partir da matéria não viva. Actualmente, sabe-se que as bactérias constituem o 
maior grupo de organismos existentes na terra. Para mais domínio desta lição você precisa de se 
socorrer nos conhecimentos da 11ª classe sobre a sistemática e características dos prokariota. Nesta 
lição você vai estudar os tipos morfológicos das bactérias a estrutura Bacteriana e a Importância 
ecológica e económica das bactérias. 
 
As Bactérias 
As bactérias são microorganismos de tamanho oscilando entre 1 e 5 mícrons. Podem viver 
isoladas ou formar colônias sem divisão de trabalho. A forma das bactérias é bastante variada: 
esférica (cocos), bastonetes (bacilos), espiralados (espirilo), vírgula (vibrião) e outras. 
Os tipos morfológicos das bactérias 
Quanto à morfologia (forma), as bactérias classificam-se basicamente em três categorias: cocos, 
bacilos e espirilos. 
Cocos: são bactérias de forma arredondada, cujo tamanho, em geral, situa-se entre 0,2 e 5 micra 
de diâmetro. Apresentam-se isoladas ou formando colônias. 
Segundo a quantidade de bactérias e sua disposição, as colônias são classificadas em: 
 Diplococos- colônia de dois cocos; 
 Étrade- colônia de quatro cocos; 
 Sarcina- colônia cúbica de oito ou mais cocos; 
 Estreptococos- colônia de cocos em fileira; 
 
32 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
 Pneumococos- colônia de dois cocos em forma dechama de vela; 
 Estafilococos- colônia de cocos dispostos em cacho; 
 Gonococos- colônia de dois cocos reniformes (em forma de rim). 
 
Figura1: Os tipos morfológicos de bactérias 
 
Estrutura Bacteriana 
As bactérias apresentam um envoltório externo à membrana plasmática denominado de parede 
bacteriana (2), que é permeável, relativamente rígido e espesso. Este envoltório é responsável pela 
forma característica de cada bactéria. É o que difere da parede celulósica das células vegetais. 
Além da parede celular, algumas bactérias podem apresentar uma outra camada mais externa de 
espessura e composição química variada denominada de cápsula gelatinosa (3). Esta cápsula tem 
consistência mucosa e provavelmente relaciona-se com a função de adesão e com os mecanismos 
de defesa bacteriana, pois a maioria das bactérias patogênicas a possui, e os leucócitos fagocitários 
têm mais dificuldade de destruir este tipo de bactéria. 
Muitas bactérias possuem mobilidade graças aos movimentos executados pelos seus flagelos (4). 
Estes filamentos protéicos ligados à membrana e à parede celular podem distribuir-se por toda a 
 
33 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
superfície da célula ou concentrar-se apenas nos pólos. Já as fímbras encontradas em algumas 
bactérias caracterizam-se por serem mais curtas, mais finas e muito mais numerosas. As fímbrias 
têm a função de permitir a fixação das bactérias entre si ou a outros tipos de células. Para além 
destas estruturas as bactérias podem apresentar nucleotídeos (6), ribossomas (5) e algumas 
estruturas designadas por corpos de polifosfato (1) (STRASBURGER, 1986). 
 
 Figura 2: Estrutura Bacteriana 
 
Importância das bactérias 
As bactérias existem em grande número na natureza e desempenham um papel bastante crítico em 
diferentes ecossistemas e, a maior parte delas representam um grande perigo para o Homem, 
podem causar problemas da pele (gram-positivas), outras causam infecções nos diferentes sistemas 
de órgãos incluindo as infecções sexualmente transmissíveis (gram-negativas). 
As maiorias das doenças causadas por bactérias são transmitidas através de alimentos ou água 
contaminadas por bactérias (cólera, febre tifóide), mas podem ocorrer casos de transmissão pelo 
ar (pneumonia, tuberculose). 
O causador da sífilis é uma bactéria espiralada, Treponema pallidum. A umidade contínua é 
essencial à sobrevivência das bactérias, por isso elas se propagam principalmente pelos fluidos do 
corpo. Fora do corpo, em lugar úmido e escuro, vivem no máximo duas horas. 
A tuberculose é transmitida pelas bactérias Mycobacterium tuberculosis e M. bovis. Sua presença 
é maior nas cidades, devido à aglomeração humana em más condições de higiene, habitação e 
saúde. A tuberculose é uma infecção comum na infância. Pode ocorrer transmissão pelo leite de 
vaca (contaminado por M. bovis) e pelo contato com alguma pessoa infectada. 
 
 
34 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
A coqueluche é uma infecção bacteriana provocada pelo Bordetella pertussis. É transmitida 
através de gotículas eliminadas pela fala, tosse e espirro dos doentes. 
 Importância ecológica e económica das bactérias 
 As bactérias são decompositores após morrerem, animais, plantas e outros seres estes são 
decompostos por fungos e bactérias. Não só o corpo sem vida pode ser decomposto, mas também 
dejectos e secreções como urina, fezes são processados por bactérias. Estes organismos degradam 
a matéria orgânica sem vida em moléculas simples que são libertadas no ambiente e podem ser 
novamente utilizadas por outros seres (TRABULSI, 1999). 
 Bactérias e biotecnologia 
A indústria de lacticínios utiliza as bactérias Lactobacillus e Streptococcus para a produção de 
queijos, iogurtes e requeijão. Na fabricação de vinagre são usadas bactérias do género Acetobacter 
que transformam o etanol do vinho em ácido acético. Bactérias do género Corynebacterium são 
utilizadas na produção do ácido glutâmico, substância utilizada em temperos para acentuar o sabor 
dos alimentos. 
As bactérias são utilizadas para a produção de antibióticos e vitaminas. O antibiótico neomicina é 
produzido por células do género Streptomyces. A indústria química utiliza bactérias para produzir 
substâncias como o metanol, butanol, acetona. A tecnologia do ADN recombinante, também 
denominada "Engenharia Genética", tem permitido alterar geneticamente certas bactérias 
produzindo substâncias economicamente interessantes, como insulina humana produzida por estes 
organismos procariontes geneticamente modificados. 
As bactérias podem decompor aeróbia ou anaerobiamente matéria orgânica. Quando em um lago 
ou rio existe uma grande quantidade de substâncias orgânicas, como esgoto e não há suficiente 
oxigenação desta massa de água, acontece a decomposição anaeróbia ou putrefacção. Pode-se 
promover a decomposição aeróbia de matéria orgânica em estações de tratamento de esgoto, 
produzindo aeração do esgoto, aumentando a quantidade de oxigénio dissolvido na água, assim 
entram em acção as bactérias aeróbias que causam o processo de bio degradação do esgoto, sistema 
 
35 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
conhecido como "lodo activado". As bactérias anaeróbias metanogénicas também podem ser 
utilizadas para a biodigestão de matéria orgânica de esgotos e lixo doméstico em tanques chamados 
biodigestores. 
Em termos evolutivos, as bactérias são também os mais antigos organismos da Terra (foram 
encontrados fósseis de cerca de 3,5 bilhões de anos) e consistem de duas linhagens distintas: 
Eubactéria e Archeobactérias. 
 
Tabela 5: Diferenças entre as Eubactéria e Archeobactérias. 
EUBACTÉRIAS ARQUEOBACTÉRIAS 
 Maior grupo  Menor grupo 
 Inclue todos os procariotos de 
importância na medicina 
 Até agora não se conhece nenhuma 
espécie de importância na medicina 
 Habitam o solo, superfície das águas 
e tecidos de outros organismos (vivos 
ou em decomposição). Pequeno 
número de espécies que habitam 
ambiente de condições extremas. 
 Alta proporção habita ambientes em 
condições extremas: halófilas (Mar 
Morto), termoacidófilas (60 a 80ºC, 
sulfobactérias) e metanogênicas 
(pântanos, interior do tubo digestivo 
de insetos (cupins) e herbívoros) 
 Algumas espécies são fotossintéticas  Nenhuma espécie fotossintética 
 Nenhuma espécie produz metano  Todas as espécies são produtoras de 
metano por redução do CO2. 
 
 
Sumário 
Os Prokaryiota são organismos unicelulares, heterotróficos por absorção e autotróficos por 
quimiossíntese ou fotossíntese. Apresentam uma reprodução primeiramente sexuada por fusão 
binária depois por conjugação. As formas móveis locomovem-se através de flagelos. 
 
36 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
Na sua classificação, os Prokaryiota são divididos em arqueobactérias (que apresentam paredes 
com maior quantidade de polissacarídeos e poucos apresentam proteínas simples) e eubactérias, 
caracterizadas pela presença de parede fina (gram-negativas) e parede grossa (gram-positivas). As 
bactérias são microrganismos de tamanho oscilando entre 1 e 5 mícrons. Podem viver isoladas ou 
formar colônias sem divisão de trabalho. 
A forma das bactérias é bastante variada: esférica (cocos), bastonetes (bacilos), espiralados 
(espirilo), vírgula (vibrião) e outras. As bactérias apresentam um envoltório externo à membrana 
plasmática denominado de parede bacteriana, que é permeável, relativamente rígido e espesso. 
 
 
Auto-avaliação 
1. Indique 3 características fundamentais que definem o reino Prokaryota; 
2. Diferencie em 2 aspectos as duas divisões dos Prokaryiota; 
 
Chave de correcção 
P1 – são organismos unicelulares, heterotróficos por absorção e autotróficos por quimiossíntese 
ou fotossíntese, reproduzem-se sexuadamente por fusão binária depois por conjugação. As formas 
móveis locomovem-se através de flagelos. 
P2 – Arqueobactérias, apresentam paredes com maior quantidade de polissacarídeose poucos 
apresentam proteínas simples enquanto que as Eubactérias, apresentam parede fina( as gram-
negativas) e parede grossa (as gram-positivas). 
 
 
Terminologias 
 
37 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
Colônias – grupos de células ou indivíduos associados para racionalizar os alimentos, para fins 
dereprodução, etc. (ex: colónia simples – pequenos grupos de células móveis (exemplo: Volvox); 
colónia palmelóide – grupo de células sem mobilidade embebidas em mucilagem; filamento – uma 
fiada de células unidas, quer pelas paredes celulares, quer por mucilagem; por vezes ramificados; 
colónia parenquimatosa – grandes grupos de células formando um pseudo-talo, por vezes com 
diferenciação parcial de tecidos. 
Fagocitários – células oiu indivíduos que se alimentam por fagocitose. 
Gram-positivas: bactérias que possuem parede celular com uma única e espessa camada de 
peptidoglicanos. Quando submetidas a coloração de Gram, tingem-se na cor púrpura ou azul 
quando fixadas com cristal violeta, porque retêm esse corante mesmo sendo expostas a álcool 
Gram-negativas: bactérias que possuem uma parede celular mais delgada e uma segunda 
membrana lipídica - distinta quimicamente da membrana plasmática - no exterior desta parede 
celular. No processo de coloração o lipídio dessa membrana mais externa é dissolvido pelo álcool 
e liberta o primeiro corante: cristal violeta. Ao término da coloração, essa células são visualizadas 
com a tonalidade rosa-avermelhada do segundo corante, safranina que lhes confere apenas a 
coloração vermelha. 
 
 
 
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Tecido
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cristal_violeta
http://pt.wikipedia.org/wiki/Safranina
 
38 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
 Eucaryota: Características morfológicas, ecológicas e modo de vida 
 
Introdução 
Na lição anterior você estudou os tipos morfológicos das bactérias a estrutura Bacteriana e a 
Importância ecológica e económica das bactérias. Ao longo desta lição você poderá estudar as 
diferentes formas de organização e sistemática dos Eucariotas, as Algas tendo em conta as suas 
divisões Cianófitas, Euglenophyta, Haptophyta, Criptophyta, Dinophyta, Crisophyta, Rhodophyta, 
Chlorophyta. Para o aprefeiçoamento desta liçao voce deverá fazer uma breve leitura da matéria 
sobre “Eucariotas” estudada na 11ª classe ou equivalente. 
 
Algas 
Constituindo um grupo bastante heterogéneo, as algas podem ser unicelulares ou pluricelulares, 
microscópicas ou macroscópicas e de coloração bastante variável. São encontradas em vários tipos 
de ambientes: ocorrem em lagos, rios, solos hhúmidos, casca de árvores e principalmente nos 
oceanos. Daí o nome alga, palavra que vem do latim e significa "planta marinha". 
Nos ecossistemas aquáticos elas são os principais organismos fotossintetizantes e constituem a 
base nutritiva que garante a manutenção de praticamente todas as cadeias alimentar desses 
ambientes. Assim, as algas, organismos clorofilados, são os mais importantes componentes do 
fitoplâncton (contigente de organismos flutuantes de natureza vegetal). As algas, principalmente 
as marinhas, são também responsáveis pela maior parte do gás oxigênio liberado diariamente na 
biosfera. 
 
Formas de organização das algas 
A maior parte das algas são seres unicelulares, vivendo livres na água e movendo-se com o auxílio 
de flagelos ou por movimento amebóide. Algumas espécies não têm movimento próprio e ocorrem 
no meio ambiente quer na forma cocóide (de coccus, o tipo mais simples de bactéria), quer na 
forma capsóide, cobertas de mucilagem. No entanto, mesmo as algas unicelulares se agrupam por 
 
39 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
vezes em formas coloniais, móveis ou não. Alguns destes tipos de organização, que podem ocorrer 
ao longo do ciclo de vida duma espécie, são: 
Colónia simples – pequenos grupos de células móveis (exemplo: Volvox) 
Colónia palmelóide – grupo de células sem mobilidade embebidas em mucilagem 
Filamento – uma fiada de células unidas, quer pelas paredes celulares, quer por mucilagem; por 
vezes ramificados 
 
Divisão Euglenophyta 
Os organismos da divisão Euglenophyta (euglenofíceas) são eucariotas, dotados de um núcleo 
mesocariótico, apresentam clorofila a e b, xantofilas e carotenos como pigmentos. Não possuem 
parede celular, porém apresentam uma película protéica organizada em forma de espiral em volta 
do citoplasma. São dotadas de um ou dois flagelos que auxiliam na locomoção e alimentação. A 
película da membrana plasmática auxilia na locomoção em ambientes onde o movimento dos 
flagelos é dificultado. 
 
Existem cerca de 800 espécies descritas que ocorrem no ambiente marinho e de água doce. Um 
terço deste grupo possui cloroplastos, pigmento que confere cor verde, as outras são incolores e 
saprófitas. As clorofiladas são encontradas com maior frequência em ambientes ricos em matéria 
orgânica, pois podem assimilá-las. 
 
Existe apenas um género que forma colônia, todo o restante é unicelular, apresentando um flagelo 
e uma macha ocelar na região anterior. 
O representante mais conhecido é a euglena. Ela é unicelular, não possui parede celular, mas possui 
membrana plasmática, dotada de uma película que pode ser flexível ou não, ajudando na 
locomoção. 
O flagelo da euglena se insere em uma depressão chamada reservatório. Nele há outro flagelo, que 
não emerge. 
 
40 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
Próximo ao reservatório, há o estigma, ou mancha ocelar, que se localiza no citoplasma e é uma 
estrutura fotossintetizante. 
As euglenas possuem um vacúolo contrátil, que controla a quantidade de água em seu interior. 
Normalmente ocorrem em espécies de água doce, atuando no controle da osmose. A água é 
eliminada pelo reservatório, após isso um novo vacúolo é formado. 
O produto de reserva da euglenas é o paramilo, um tipo de polissacarídeo que é estocado pelos 
plastídeos e possui uma região rica em proteína, chama pirenóide Na pirenóide estão localizadas 
enzimas relacionadas com a fotossíntese. 
 
Divisão Haptophyta 
Esta divisão apresenta predominantemente organismos unicelulares em que a maioria das espécies 
vivem no planton marinho, os flagelados apresentam geralmente flagelaos com mesma longitude 
e escamas, podendo apresentar outro apêndice filiforme (haptonema) que não serve para 
movimentos ou locomoção, mas sim para a fixação possuem xantoplastos e outros pigmentos 
amarelados. São conhecidos cerca de 250 espécies e 45 géneros desta divisão. As haptofíceas são 
a única classe dessa divisão. 
 
Divisão Criptophyta 
Os representantes desta divisão são flagelados (com poucas excepções das ordens Capsales e 
Tricales). Apresentam talos filamentosos e células assimétricas. A maioria das espécies não 
apresenta parede celular, mas sim uma película formada por placas rectangulares e poligonais de 
proteínas. A principal substância de reseserva é o amido. Apresentam uma reprodução assexuada 
por divisão longitudinal, não se tem a certeza sobre a existência ou não da reprodução sexuada 
nestes organismos. 
 
Divisão Dinophyta 
 
41 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
São algas unicelulares, geralmente marinhas e dotadas de dois flagelos desiguais. Assim como as 
diatomáceas, as pirrofíceas constituem importantes componentes de fitoplâncton. Têm coloração 
geralmente esverdeada ou pardacenta e se reproduzem principalmente por cissiparidade. 
 
Divisão Crisophyta 
São representadas principalmente pelas diatomáceas, algas unicelulares portadoras de uma 
carapaça silicosa denominada frústula. Os restos da parede celular das diatomáceas, rica em silício, 
depositam-se no fundo dos mares e, com o tempo, formam um material denominado terra de 
diatomácea ou diatomito, que é explorado comercialmente. Esse material pode ter várias 
aplicações: como isolante térmico; como um abrasivo fino que permite o polimento de materiais 
diversos (a prata, por exemplo);na confecção de cosméticos e pastas dentifrícias; na fabricação de 
filtros e de tijolos para a construção de casas. As diatomáceas são encontradas principalmente nos 
mares e podem se reproduzir por cissiparidade e por conjugação. 
 
Divisão Rhodophyta 
Estas algas são predominantemente multicelulares e também podem atingir dimensões 
consideráveis. É comum o seu talo apresentar diversas ramificações, sendo que a sua base é 
diferenciada e presa a algum substrato por estruturas de fixação. Possuem os pigmentos clorofila 
a e d, ficocianina e ficoeritrina, celulose e hidrocolóides na composição da parede celular, e 
amidodas florídeas, como substância reserva. 
 
Divisão Chlorophyta 
As clorófitas tanto podem possuir estrutura unicelular como multicelular. Os talos das clorófitas 
multicelulares apresentam uma organização relativamente complexa. Possuem os pigmentos 
clorofila a e b, carotenos e xantofilas, a parede celular é constituída por celulose e o amido e sua 
substância de reserva. 
 
 
42 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
 
Divisão Cyanophyta 
As cianofíceas ou algas azuis são como todos os moneras, seres de estrutura celular procarionte. 
Apresentam uma organização semelhante à das bactérias. Podem ser individuais ou formar 
colônias filamentosas de até um metro de comprimento, como a Anabaena nostoc. 
Apresentam uma parede celular de composição semelhante a das bactérias. Algumas espécies 
apresentam uma cápsula mucilaginosa externa. A membrana é lipoprotéica e envolve o citoplasma 
onde estão presentes os ribossomos e os pequenos vacúolos que armazenam substâncias nutritivas 
e o amido das cianofíceas. 
Realizam a fotossíntese, embora não apresentem plastos, apenas lamelas fotossintetizantes. A 
clorofila presente é do tipo a e está localizada sobre as lamelas ou dispersa pelo citoplasma. Outros 
pigmentos acessórios, como a ficocianina, ficoeritrina e outros carotenóides, podem estar 
presentes. O material genético, assim como nas bactérias, é constituído por ADN (Ácido Desoxi 
Ribonucleico) e encontra-se no citoplasma. 
 A reprodução frequente nas cianofíceas é a bipartição ou cissiparidade. As colônias filamentosas 
podem reproduzir-se assexuadamente por hormogonia. Este processo consiste na quebra de 
pequenos fragmentos da colônia original. Os pequenos fragmentos denominados hormogônios 
originam novos filamentos coloniais. Já os acinetos são esporos resistentes a condições ambientais 
desfavoráveis que permitem à cianofícea sobreviver em condições especiais. 
Não são conhecidas as formas de reprodução sexuada entre as cianofíceas, mas é provável que 
possuam algum mecanismo de recombinação de seus genes. 
As cianofíceas podem ser encontradas na água doce, salgada ou salobra, no solo úmido, sobre 
casca de árvores, rochas ou até mesmo em fontes termais com temperatura superior a 80 graus 
centígrados. Assim como certas bactérias também possuem a capacidade de fixar o nitrogênio do 
ar (N2), transformando em nitratos (NO3-) disponíveis aos vegetais. As cianofíceas possuem uma 
extraordinária capacidade de adaptação aos mais variados e extremos ambientes. Por isso, 
constituem-se em excelentes exemplos de espécies colonizadoras, pioneiras de regiões abióticas. 
 
 
43 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
Características ecológicas das algas 
Além da contribuição no que se refere à renovação do oxigênio atmosférico, sustentar a vida 
aquática e a formação de nuvens e chuvas, as algas são úteis ao homem de diversas outras 
maneiras. As algas podem ser utilizadas em pesquisas científicas e empregadas como excelentes 
meios de cultura, fertilizantes devido ao seu elevado teor nutritivo ou como racção para animais, 
fornecem interessantes matérias-primas empregadas pelo homem. 
Além disso, as algas podem também ser responsáveis por alguns efeitos ambientais deletérios, 
como o fenômeno da floração das águas. Em condições favoráveis de crescimento, certas algas 
podem apresentar uma explosão populacional, tornando os reservatórios de abastecimento de água 
potável ou as lagoas pra o uso do gado temporariamente inutilizáveis. Este fenômeno costuma 
provocar a formação de uma camada de algas na superfície da água, dificultando a sua oxigenação 
a partir da atmosfera. É comum se observar grande mortandade de peixes que vêm à superfície 
tentando respirar, pois as algas, durante a noite, competem com eles pelo oxigênio. Quando as 
algas começam a morrer, passam a sofrer decomposição bacteriana, o que provoca um mau cheiro 
característico 
Outro fenômeno nocivo é o da maré vermelha causado por algas pirrófitas, como a Gonyaulax 
catanella e Gymnodium veneficum. Este fenômeno ocorre principalmente em épocas de reprodução 
das algas que liberam na água toxinas potentíssimas que acabam causando verdadeiras 
mortandades de peixes e outros animais marinhos. As algas também podem causar prejuízos em 
usinas hidrelétricas, pois formam depósitos e incrustações nas hélices das turbinas, o que as 
inviabiliza. 
 
Sumário 
Existem cerca de 800 espécies descritas que ocorrem no ambiente marinho e de água doce. As 
algas podem ser unicelulares ou pluricelulares, microscópicas ou macroscópicas e de coloração 
bastante variável. 
A maior parte das algas são seres unicelulares, vivendo livres na água e movendo-se com o auxílio 
de flagelos ou por movimento amebóide. Algumas espécies não têm movimento próprio e ocorrem 
 
44 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
no meio ambiente quer na forma cocóide (de coccus, o tipo mais simples de bactéria), quer na 
forma capsóide, cobertas de mucilagem. No entanto, mesmo as algas unicelulares se agrupam por 
vezes em formas coloniais, móveis ou não. 
 
 
 
Auto-avaliação 
 
1. Indique as características dos Eucariotas. 
2. Indique os diferentes grupos de organismos Eucariotas; 
3. Faça a sistemática e classificação da Anabaena sp. 
 
Chave de correcção 
P1 – veja no glossário 
P2 – Algas, Briófitas, “Fungos”, Pteridófitas, Espermatófitas. 
P3: Reino: Plantae; Divisão: Cyanophyta; Género: Anabaena; Espécie: Anabaena sp. 
 
Terminologias 
Eucariotas - todas a célula que têm seu material hereditario (sua informação genética) encerrado 
dentro de uma dupla membrana, o envoltório, que delimita um núcleo celular. Igualmente estas 
células vêm a ser microscópicas mas de tamanho grande e variado comparado com as outras 
células. 
 
45 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
Carotenos – são pigmentos orgânicos encontrado nas plantas e microrganismos como algas e 
fungos. São essenciais para a vida e nenhum animal pode sintetizá-los, por isso devem ser 
ingeridos na dieta. 
Xantofilas - são carotenóides polares, com diversos grupos oxigenados como hidroxilas ou 
cetonas. Exemplos de xantofilas são: luteína, zeaxantina, mixol, osciloxantina e aloxantina. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Níveis de desenvolvimento Myxobionta e Mycobionta 
Introdução 
Na lição anterior você estudou as diferentes formas de organização e sistemática dos Eucariotas, 
as Algas tendo em conta as suas divisões Cianófitas, Euglenophyta, Haptophyta, Criptophyta, 
Dinophyta, Crisophyta, Rhodophyta, Chlorophyta. Nesta lição, você poderá estudar os 
Myxobionta, organismos cuja estrutura se assemelha aos fungos. Estes organismos correspondem 
a fase transitória entre os protistas e os fungos. Depois destes, você irá estudar os Mycobionta que 
envolvem organismos conhecidos como fungos. Para uma melhor percepção desta lição, 
recomendamos que faça uma breve revisão das características dos protozoários focalizando a sua 
atenção para as amebas. 
 
Myxobionta 
Estes são organismos de aspecto gelatinoso encontrados em lugares hhúmidos e sombrios, como 
o chão de florestas, sobre troncos e folhas em decomposição. 
O corpo desses fungos pode ser formado por células mononucleadas isoladas ou em forma de 
 
46 
Cornélio Mucaca & Felisberto Lobo 
colónias, ou ainda por

Mais conteúdos dessa disciplina