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Amanda Rios 
 
Direito dos Contratos 
Por Vicente Passos. 
 
Av.1: 24/09 (10,0). 
Av.2: 26/11 (6,0). 
Seminário: 03/12 (4,0). 
 
#Noções Gerais: 
O que é um contrato? 
"É um acordo de vontades na conformidade da lei e com a finalidade de adquirir, resguardar, 
transferir, conservar, modificar ou extinguir direitos." (Caio Mario da Silva Pereira) 
Contrato como instrumento de riquezas: trocas patrimoniais. 
Todo contrato é um negócio jurídico, mas nem todo negócio jurídico é um contrato (vide os 
testamentos, uma vez que o beneficiário não pode estar presente no momento da sua 
eficácia). 
É válido um contrato verbal/oral, apesar de difícil a sua prova, o que faz com que não seja 
recomendável. A título exemplificativo pode-se citar o acordo verbal envolvendo o percentual 
de faturamento na venda do MC Donalds, o que culminou para que os irmãos inventores 
saíssem lesados, deixando de receber milhões de dólares. 
Art. 107 – CC: A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando 
a lei expressamente a exigir. 
Art. 108 – CC: Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos 
negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais 
sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País. 
Observa-se que o art. 108 do Código Civil é uma exceção à regra. Caso não ocorra a 
escritura pública, tal negócio jurídico é nulo, uma vez que não há o respeito à forma prescrita 
em lei. Há obrigações que não apresentam cunho patrimonial, tais como o respeito aos 
direitos de personalidade e determinadas obrigações no Direito de Família (como o dever de 
auxílio dos pais em relação aos filhos). 
 
#Funções e efeitos econômicos dos contratos: 
 
1. Promover a circulação de riquezas: O contrato é uma representação jurídica de uma 
atividade econômica. Ex.: Contrato de compra e venda, contrato de seguro, contrato de 
transporte, contrato de doação, contrato de prestação de serviço, etc. Basicamente as 
nossas atividades econômicas são disciplinadas por contratos. A nossa vida é regida por 
diversos contratos, mesmo que imperceptíveis. Ao pegar um ônibus, não estamos pensando 
em firmar um contrato de transporte, mas apenas nos deslocarmos de X a Y; 
 
2. Prevenção de riscos (contrato de seguro. Inserção de cláusula penal e de cláusulas 
relativas à responsabilidade de contratantes): Busca por afirmar que haverá consequências 
caso não haja o cumprimento do contrato. A Cláusula penal é uma prevenção de risco (serve 
para prevenir uma conduta contrária) e, caso incida, pode ensejar uma indenização. Vale 
ressaltar que a cláusula penal pode se referir ao inadimplemento absoluto (compensatória) 
ou ao inadimplemento relativo (moratória); 
 
 Amanda Rios 
 
 
3. Colaboração entre as partes: quanto mais se celebra um contrato com terceiro aumenta-
se a confiança, diminuindo o custo, pois diminui as garantias. O princípio da boa-fé objetiva 
apresenta deveres anexos, entre os quais se encontram os deveres de informação, de 
cuidado, de assistência e de proteção. O contrato permite o diálogo colaborativo entre as 
partes. Ex.: fiança bancária. 
 
4. Criação de normas processuais (negócios jurídicos processuais): pode-se criar normas 
processuais para regular o contrato. É lícito às partes, portanto, alegar negócios jurídicos 
processuais perante o juiz. Ex.: contrato de locação entre Lilia e Vicente. Cláusula - se 
houver um processo envolvendo o imóvel, designará Marina como perita. Ex.: contratos de 
seguro A (loja) e B (shopping) firmam em um contrato que, caso A não pague o seguro por 
X meses, haverá o despejo da loja. 
 
5. Prevenção de controvérsia com uma cláusula arbitral ou por meio dos "dispute boards": 
As partes se submetem, desde a assinatura, a resolverem eventuais litígios por meio de 
arbitragem e não através do Poder Judiciário; 
 
6. Concessão de crédito: A concessão de crédito foi contemplada em Direito das Obrigações 
e também é regida por meio de contratos. 
 
7. Criação de direitos reais: ligados ao conceito de propriedade. Pode-se criar direitos reais, 
por meio de um contrato (tais como a cláusula de usufruto e os contratos de hospedagem). 
Ex.: comodato; financiamento. 
 
Art. 425 – CC: É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas 
neste Código. 
 
O Código Civil concede às partes a oportunidade de celebrar contratos atípicos, tais como o 
contrato de hospedagem. A eficácia de um contrato pode se submeter a um evento futuro e 
incerto (condição), a um evento futuro e certo (termo) ou a um ônus (encargo). 
 
#Elementos de existência: previsão doutrinária. 
1. Manifestação de vontade: Exteriorização da cogitação. Assim como no Direito Penal, a 
fase de cogitação é um irrelevante jurídico; 
2. Sujeito/ agente 
3. Objeto 
4. Forma 
 
#Requisitos de validade (previsão contida na doutrina e no art. 104, CC): 
1. Manifestação de vontade livre e de boa-fé (vícios do negócio jurídico que geram sua 
nulidade ou anulabilidade); 
2. Agente capaz; 
3. Objeto lícito, possível, determinado/ determinável. 
4. Forma prescrita ou não defesa em lei. Ex.: escritura pública para imóveis. 
 
 Amanda Rios 
 
 
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento 
de produtos e serviços que: 
IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em 
desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a eqüidade; 
 
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: 
I - agente capaz; 
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável; 
III - forma prescrita ou não defesa em lei. 
 
Obs.: liberdade de forma prevista no art. 107, CC. 
 
#Princípios liberais clássicos: 
1. Autonomia: autonomia da vontade/ autonomia privada. 
- Desdobramentos: 
1.1. Liberdade de contratar: "contrato se eu quiser". 
1.2. Liberdade contratual propriamente dita: pode-se estabelecer com quem se quer 
contratar. 
- Efeitos: 
a) Possibilidade de não se aplicar certas normas legais, aplicando-se normas decorrentes 
da vontade (ex.: Lei n. 8.245/91 - Lei de locação imobiliária) 
Art. 22 – Lei n. 8245/91 (Lei de Locação): O locador é obrigado a: 
VIII – pagar os impostos e taxas, e ainda o prêmio de seguro complementar contra fogo, que incidam 
ou venham a incidir sobre o imóvel, salvo disposição expressa em contrário no contrato. 
 
Essa autonomia não é plena, uma vez que há situações cujos efeitos são previstos em lei. 
Ex.: Um indivíduo não pode impor condições para reconhecer a paternidade (como, por 
exemplo, impedir o direito de herança). 
Há a liberdade de contratar (celebrar contratos), a liberdade de estabelecer o conteúdo 
contratual e a liberdade de escolher com quem contratar. 
Os contratos de adesão (plano de saúde, plano de internet...) mitigam a liberdade de 
estabelecer o conteúdo contratual. A liberdade de escolher com quem contratar também é 
mitigada pelos monopólios (vide a EMBASA no que tange ao fornecimento de água em 
Salvador). 
A lei estabelece que o proprietário deve pagar a taxa condominial, todavia a própria lei admite 
a autonomia das partes para deliberar sobre quem vai pagar. 
Geralmente, na prática, o inquilino acaba pagando as taxas e não o proprietário. 
 
 Amanda Rios 
 
Art. 35 – Lei de Locação: Salvo disposição contratual em contrário, as benfeitorias 
necessárias introduzidas pelo locatário, ainda que não autorizadas pelo locador, bem como 
as úteis, desde que autorizadas, são indenizáveis e permitem o exercício do direito de 
retenção. 
As partes, nos limites da sua autonomia, podem alterar disposições contratuais expressa ou 
tacitamente. Essa alteração tácita do contrato é pautada em um padrão reiterado de conduta 
que gera uma expectativa legítima na parte contrária, vide,a indenizar a contraparte (tutela reparatória) ou, até mesmo, a 
concluir a operação (tutela jurídica específica). Acordos de confidencialidade (non disclosure 
agreement / NDA) 
* Podem ser firmados durante o processo de due diligence. Assim, o vendedor tem o dever 
de revelar ao potencial comprador, mas não ao público em geral, todos os riscos envolvidos 
no seu negócio. 
 
Fase de oferta (proposta): 
Fase Vinculante, pois uma vez feita, o sujeito se vincula à oferta. 
A oferta (policitação ou oblação) é uma declaração unilateral de vontade onde o proponente 
(ofertante, proponente ou policitante) informa ao aceitante (oblato) os elementos 
essenciais do negócio jurídico, que, caso seja aceito por este, ocorrerá a conclusão do 
contrato. Assim como a proposta, a aceitação é unilateral. Ambos produzem efeitos próprios, 
sendo o principal a vinculatividade. Quando ambas são feitas, surge o negócio jurídico 
bilateral: o contrato. Caso ocorra uma contraproposta, os papéis se invertem – o proponente 
passa a ser oblato e vice-versa. Perante o CDC, a proposta tem grande relevância em razão 
dos seus princípios, especialmente por causa da necessidade de esclarecimento acerca do 
preço, das características do produto, quantidade, segurança, etc. (art. 6º, III c/c art. 30 c/c 
art. 31, CDC). 
Art. 427 – CC: A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos 
termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso. 
 
Há a possibilidade da retratação em algumas situações: 
a) Se o proponente informa que poderá retratar-se ou desistir da conclusão do contrato 
(vedado no CDC); se o estoque do produto oferecido terminar, ou se circunstâncias advindas 
do próprio caso permitirem a retratação; 
b) Natureza do negócio: No seguro, a proposta parte da pessoa do segurado, não da 
seguradora (art. 759), pois aquele deverá declarar os elementos essenciais do interesse a 
ser garantido e do risco, para que a seguradora possa avaliar se aceitará ou não o contrato 
de seguro; 
c) Circunstâncias do caso: A teor do art. 428, há outras hipóteses que retiram a 
obrigatoriedade da proposta 
Até que momento a proposta é obrigatória: 
 Se o contrato for entre presentes – art. 428, I, CC. 
 Se o contrato for feito entre ausentes: art. 428, II e III, CC. 
Art. 428 – CC: Deixa de ser obrigatória a proposta: 
I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se 
também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação 
semelhante; 
II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a 
resposta ao conhecimento do proponente; 
 
 Amanda Rios 
 
III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado; 
 
O parágrafo único do art. 429 dispõe que, para haver a revogação da oferta, deverá tal 
hipótese estar prevista, e quando manifestada, deverá ocorrer pela mesma via de sua 
divulgação. A oferta perante o CDC gera a força obrigatória da proposta, vinculando o 
fornecedor de produtos ou serviços aos seus termos, até o fim da sua validade (art. 35, 
CDC): 
Art. 35 – CDC: Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta, 
apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua livre escolha: 
I – exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou 
publicidade; 
II – aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente; 
III – rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente antecipada, 
monetariamente atualizada, e a perdas e danos. Duração da proposta: Como não se 
eterniza, a oferta vale até o prazo determinado (ou determinável) fixado ou até a realização 
do contrato. A aceitação sob condição ou com elementos distintos da oferta original 
corresponde a uma nova proposta (art. 431 – CC). 
Art. 431 – CC: A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, 
importará nova proposta. 
 
Teoria sobre a formação dos contratos... 
AULA 5: RESPONSABILIDADE CIVIL PRÉ CONTRATUAL 
Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, 
como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé́. 
O rompimento das negociações pode gerar o dever de indenizar? 
A quebra imotivada e danosa das conversações pode gerar responsabilidade se criou 
a expectativa legítima de que o contrato seria realizado, porque enseja a violação da 
boa-fé objetiva. 
É um direito não contratar, mas há um abuso quando não há a possibilidade de não contratar 
em virtude de uma sinalização feita anteriormente. 
Ex.: Contrato de locação que foi quebrado de forma infundada após promover uma justa e 
razoável expectativa de sua conclusão na parte contrária. 
Ex.: A comprou um imóvel em um bairro nobre, tendo a legítima expectativa de que as peças 
lá inseridas (como um vaso sanitário) sejam de alta qualidade. Tal expectativa não ocorreria 
caso adquirisse um imóvel em um bairro popular (sem, aqui, qualquer viés discriminatório). 
Se ocorrem circunstâncias inesperadas que tornam inconveniente a contratação, ou 
se a contraparte modifica abruptamente sua posição, pretendendo impor condições 
mais gravosas, a recusa em contratar não se afigura injusta (Enzo Roppo. O Contrato, 
p. 107). 
 
Efeito: Doutrina fala em “dano à confiança”, verificado em decorrência das tratativas 
frustradas. Geram danos emergentes em razão das despesas efetuadas pelo lesado durante 
as negociações preliminares, e lucros cessantes pelas oportunidades de negócios que a 
 
 Amanda Rios 
 
parte perdeu no período em que estava entabulando as tratativas. 
 Na responsabilidade subjetiva engloba quatro elementos: 
• Conduta; 
• Dano sofrido; 
• Nexo de causalidade (elo entre conduta e dano); 
• Dolo/culpa (desnecessário na responsabilidade objetiva). 
Enunciado 25 da I Jornada: O art. 422 do Código Civil não inviabiliza a aplicação pelo 
julgador do princípio da boa-fé nas fases pré-contratual e pós-contratual. 
Enunciado 170 da III Jornada: A boa-fé́ objetiva deve ser observada pelas partes na 
fase de negociações preliminares e após a execução do contrato, quando tal exigência 
decorrer da natureza do contrato. 
 
Exemplo: se amanda entra em uma relação extracontratual e sofre um dano, amanda que 
tem que provar. Mas, se, no contrato, provar-se aquele que descumpriu e não a vítima. 
amanda precisa provar apenas a existência do contrato. 
 
Quando se tem abuso de direito na responsabilidade civil pré-contratual, essa seria 
independentemente de culpa, bastando que o ofendido prove o nexo de causalidade entre 
conduta e dano sofrido. A mera abdicação da contratação, por si só, não caracteriza abuso 
de direito. 
Natureza da responsabilidade: divergência doutrinária acerca da natureza dessa 
responsabilidade civil pré-contratual: 
 a) Resp. objetiva: Flávio Tartuce, amparando-se no abuso de direito. 
Enunciado 37 da I Jornada: A responsabilidade civil decorrente do abuso do direito 
independe de culpa e fundamenta-se somente no critério objetivo-finalístico 
 
Enunciado 363 da IV Jornada: Os princípios da probidade e da confiança são de ordem 
pública, estando a parte lesada somente obrigada a demonstrar a existência da 
violação. 
b) Resp. subjetiva: Antonio Junqueira de Azevedo, Carlos Alberto Bittar, Caio Mário da 
Silva Pereira e Maria Helena Diniz, com base na responsabilidade extracontratual se a 
relação não for de consumo, a responsabilidade vai ser subjetiva. 
 
Contrato Preliminar (art. 462 a 466, CC) 
1 - Conceito: Sílvio Rodrigues: “o contrato preliminar (pacto de contrahendo) é uma 
espécie de convenção, cujo objeto é sempre o mesmo, ou seja, a realização de um 
contrato definitivo”. A título exemplificativo pode-se citar a promessa de compra e venda, 
 
 Amanda Rios 
 
necessitandode escritura pública no caso de valores superiores a 30 salários mínimos. Sem 
escritura pública, não se consegue transferir a propriedade do bem. 
O contrato-promessa as partes obrigam-se a concluir um contrato com um certo conteúdo. 
A peculiaridade de tal instrumento jurídico é justamente esta: as partes já́ def. termos 
essenciais da operação econômica que tencionam realizar (v.g., a venda de um imóvel por 
um certo preço), mas não querem concluir, desde já, o contrato produtor dos efeitos jurídico-
econômicos próprios da operação; preferem remeter a produção de tais efeitos para um 
momento subsequente, mas, ao mesmo tempo, desejam a certeza de que estes efeitos se 
produzirão no tempo oportuno, e por isso não aceitam deixar o futuro cumprimento da 
operação à boa vontade, ao sentido ético. Por isso, estipulam um contrato preliminar, do 
qual nasce precisamente a obrigação de concluir, no futuro, o contrato definitivo, e, com isso, 
de realizar efetivamente a operação econômica prosseguida (Enzo Roppo). 
O contrato preliminar pode se aplicar a todo e a qualquer tipo de negociação. O objeto é o 
mesmo: assumir que elaborará um contrato definitivo em um momento oportuno. É 
necessário se comprometer não somente pela palavra, por isso se elaboram os chamados 
contratos preliminares. Há o interesse de concluir, no futuro, o contrato definitivo e, com isso, 
realizar efetivamente a operação econômica. Tem-se um compromisso futuro como 
consequência deste contrato preliminar. 
 
2 – Utilidade prática: Conveniência ou necessidade de criação de várias 
figuras contratuais para alcance dos objetivos pretendidos pelas partes. Ausência 
de documentação ou de verba suficiente no momento da contratação. Ausência 
de informações adequadas sobre o objeto do contrato ou sobre o contratante (necessidade 
de realização de due diligence) 
Impedimento eventual incidindo sobre o objeto do contrato 
 
3 - Regramento legal. 
Art. 462. O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos 
essenciais ao contrato a ser celebrado. 
Vige o princípio da liberdade da forma. 
Não podem existir cláusulas que ofendam direitos de personalidade (“se você não mudar de 
religião, não farei a doação”). Seria uma cláusula válida, por exemplo, “se você se casar, 
não farei a doação”. Não se pode, destarte, ofender a moral e a ordem pública. 
"É por esta razão que se afigura juridicamente possível o ajuizamento de ação de 
adjudicação compulsória pautada em compromisso de compra e venda verbal, sendo 
viável a realização de prova testemunhal para a sua comprovação” (TJSP, Apelação 
0002070-53.2014.8.26.0372, 2.a Câmara de Direito Privado, Rel. Des. Rosangela Telles, 
j. 20.09.2016). 
 
 Amanda Rios 
 
No caso anterior, as partes fizeram uma promessa verbal (válida pois não é exigida em lei 
uma forma específica) de compra e venda, comprovada por testemunhas (não exigência de 
uma prova específica). O contrato verbal tem validade, embora não seja recomendado, uma 
vez que gera insegurança jurídica (dificuldade em provar a sua existência). O Direito não 
prova o fato, mas as consequências jurídicas deste. 
A execução do contrato preliminar – dependerá da retratabilidade pactuada: 
 a) Se retratável – resolve-se pela perda do sinal (arras) ou devolução das arras + 
pagamento de quantia equivalente, sem perdas e danos. Há, aqui, um direito potestativo 
(gera o estado de sujeição para outra parte) de arrependimento. Observa-se que não enseja 
perdas e danos, uma vez que não houve descumprimento, mas um exercício regular do 
direito. As arras já foram pactuadas como indenização, não sendo admitida indenização 
suplementar; 
b) Se irretratável – comporta a execução específica da obrigação, daí a necessidade de 
o contrato preliminar demandar a existência de todos os elementos constantes do contrato 
definitivo. Aqui se fala em inadimplemento, podendo-se exigir (I) o cumprimento específico 
da obrigação ou (II) a resolução contratual. Na irretratabilidade gera uma expectativa distinta 
caso o contrato seja retratável. 
 
Art. 465. Se o estipulante não der execução ao contrato preliminar, poderá a outra parte 
considerá-lo desfeito, e pedir perdas e danos. 
 
OBS – As perdas e danos são possíveis tanto na hipótese de haver a opção pela resolução 
do contrato preliminar, quanto na de cumprimento específico. 
 
4 - A promessa unilateral. 
A promessa é, geralmente, bilateral, ou seja, ambas as partes se comprometem, porém, 
nada impede que haja uma promessa unilateral de contratação futura. Trata-se de uma 
ocasião menos comum que o habitual. 
Art. 466. Se a promessa de contrato for unilateral, o credor, sob pena de ficar a mesma sem 
efeito, deverá manifestar-se no prazo nela previsto, ou, inexistindo este, no que lhe for 
razoavelmente assinado pelo devedor. 
 
Para os bens móveis, basta a tradição para transferir a propriedade; para os bens imóveis, 
é necessário escritura pública (contrato) e registro no Cartório de Registro de Imóveis. A 
escritura deve estar devidamente correta. 
 
Conceito: “A promessa de compra e venda nada mais é que um contrato preliminar, mediante 
o qual o promitente comprador do imóvel se obriga a pagar o preço e o promitente 
vendedor, após receber o que avençou, se compromete a outorgar a escritura hábil à 
transferência da propriedade” (Luiz Antônio Scavone Jr) 
A promessa de compra e venda exige uma formatação: uma parte promete comprar e paga, 
já a outra faz a escritura efetivando a transferência. Havia o problema de que credores não 
cediam a escritura e preferiam pagar multa pelo não adimplemento do contrato – preferiam 
 
 Amanda Rios 
 
isso pois lucrariam com venda futura após a supervalorização do imóvel. O Estado passou 
a regular a promessa de compra e venda, observando a supervalorização futura de imóveis 
em eixos como São Paulo. 
 
2 – Regramento legal: Decreto-lei 58/1937 e Lei 6.766/1979 3 – 
Efeitos do registro da promessa 
a) Atribuição de direito real de aquisição (art. 1.417, CC) 
Art. 1.417. Mediante promessa de compra e venda, em que se não pactuou arrependimento, 
celebrada por instrumento público ou particular, e registrada no Cartório de Registro de 
Imóveis, adquire o promitente comprador direito real à aquisição do imóvel. 
 
b) Vedação da faculdade de arrependimento pelo promitente vendedor de imóveis loteados 
(art. 15 Decreto-lei 58/1937) e nos contratos regidos pelo CDC (art. 51, IV), Súmula 166 STF 
 
C) permite a adjudicação compulsória (art. 1.418, CC) 
Art. 1.418. O promitente comprador, titular de direito real, pode exigir do promitente 
vendedor, ou de terceiros, a quem os direitos deste forem cedidos, a outorga da escritura 
definitiva de compra e venda, conforme o disposto no instrumento preliminar; e, se houver 
recusa, requerer ao juiz a adjudicação do imóvel. 
Conceito de adjudicação compulsória: corresponde a uma ação que visa ao registro da 
propriedade de um imóvel (ou ato substitutivo) em favor de alguém que possui o direito real 
adquirido, mas não tem a documentação correta exigida em lei. 
Ricardo Arcoverde Credie: “Ação pessoal que pertence ao compromissário comprador, ou 
ao cessionário de seus direitos à aquisição, ajuizada com relação ao titular do domínio do 
imóvel - (que tenha prometido vendê-lo através do contrato de compromisso de venda e 
compra e se omitiu quanto à escritura definitiva) - tendente ao suprimento judicial desta 
outorga, mediante sentença constitutiva com a mesma eficácia do ato não praticado". 
 
A Lei n. 14.382/2022 criou a adjudicação compulsória por via extrajudicial (tendo em vista o 
excesso de demandas do Judiciário), desde que atendidos os seguintes requisitos: 
Existência de promessa de compra e venda de bem imóvel; Ausência de arrependimento; 
Pagamento integral das parcelas; 
 
Algumas hipóteses de incidência: 
• Se o vendedorse recusar a outorga da escritura pública; 
• Se o vendedor falecer em realizar a outorga da escritura definitiva; 
• Se o vendedor não puder ser localizado para realizar a outorga. 
Exceção: Ação de adjudicação não é o meio processual adequado para o caso de imóveis 
vendidos por lotes, e não individualizados no Registro de Imóveis; 
• Solução: Perdas e danos. 
• Imprescritibilidade: REsp nº 1.584.461/GO (Rel. Ricardo Villas Bôas Cueva): "a 
pretensão de adjudicação compulsória não se sujeita a prazo prescricional (artigo 177 
do CC/1916, atual artigo 205), somente se extinguido por meio de usucapião exercida 
por terceiro”. 
4 – A promessa não registrada Efeitos meramente obrigacionais → perdas e danos. 
 
 Amanda Rios 
 
A questão do registro como fator de eficácia (oponibilidade erga omnes) para terceiros 
(entendimento doutrinário e jurisprudencial) 
Art. 463. Parágrafo único. O contrato preliminar deverá ser levado ao registro competente. 
 
Súmula 413 STF: O compromisso de compra e venda de imóveis, ainda que não loteados, 
dá direito à execução compulsória, quando reunidos os requisitos legais. 
Súmula 239 STJ: O direito à adjudicação compulsória não se condiciona ao registro do 
compromisso de compra e venda no cartório de imóveis 
Enunciado 30 da I Jornada de Direito Civil: A disposição do parágrafo único do art. 463 do 
novo Código Civil deve ser interpretada como fator de eficácia perante terceiros. 
 
Conceito - Ricardo Arcoverde Credie: “Ação pessoal que pertence ao compromissário 
comprador, ou ao cessionário de seus direitos à aquisição, ajuizada com relação ao titular 
do domínio do imóvel - (que tenha prometido vendê-lo através do contrato de compromisso 
de venda e compra e se omitiu quanto à escritura definitiva) - tendente ao suprimento judicial 
desta outorga, mediante sentença constitutiva com a mesma eficácia do ato não praticado". 
Obs: A Lei nº 14.382/2022 criou a adjudicação compulsória por via extrajudicial. Requisitos: 
I) existência de promessa de compra e venda de bem imóvel 
II) ausência direito de arrependimento 
III) pagamento integral parcelas. 
Algumas hipóteses de incidência: Se o vendedor se recusar a providenciar lavratura da 
escritura transferindo o imóvel, mesmo diante do cumprimento da contraprestação pelo 
comprador; Se o vendedor falecer sem realizar a outorga da escritura definitiva; Se o 
vendedor não puder ser localizado para realizar a outorga; 
Exceção: ação de adjudicação não é o meio processual adequado para o caso de imóveis 
vendidos por lotes, e não individualizados no Registro de Imóveis. Solução? Perdas e danos. 
Imprescritibilidade: REsp nº 1.584.461/GO (Rel. Ricardo Villas Bôas Cueva): "a pretensão 
de adjudicação compulsória não se sujeita a prazo prescricional (artigo 177 do CC/1916, 
atual artigo 205), somente se extinguido por meio de usucapião exercida por terceiro”. 
 
Casos de não adjudicação (promessa não registrada): 
1 - Se o imóvel não estiver mais na propriedade do promitente vendedor → prioridade para 
o terceiro adquirente de boa-fé. 
2 - Se o imóvel que se pretende adjudicar, com base em promessa não registrada, ainda 
estiver na propriedade do promitente vendedor, mas, já na posse de outro promissário 
comprador de boa-fé, que tenha celebrado uma segunda promessa de compra e venda 
também sem registro; 
3 - Se os dois promissários não estiverem na posse do bem, o primeiro contrato torna ineficaz 
o segundo. Sugestão de leitura: https://www.conjur.com.br/2018-ago-15/ermiro-ferreira-
netosumula-239-stj-revisada. 
 
CONTRATO DE ADESÃO 
É uma forma de contratação adotada por grandes empresas, tendo em vista que não tem 
condições de todos os contratos serem analisado caso a caso, por conta do volume, o custo 
seria maior e seria repassado para o consumidor. Problema: o teor das cláusulas é 
 
 Amanda Rios 
 
estabelecido unilateralmente, gerando um risco maior de beneficiar mais quem elaborou o 
contrato (as empresas). 
O contrato de adesão, muitas vezes demonizado, tem o benefício de baratear os custos e 
promover a celeridade das transações. É desnecessário uma grande empresa discutir com 
cada cliente um contrato específico. Tal desgaste subiria significativamente o preço fixado 
nos contratos. 
Exemplos: Contratos de plano de saúde, internet, crédito, streaming, aplicativos ou serviços 
on-line, operadora telefônica, etc. Há vontade no contrato de adesão, uma vez que o 
consumidor tem a faculdade de aderi-lo ou não. 
 
Conceito. Art. 54, CDC: Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas 
pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos 
ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu 
conteúdo. Características: 
• Formação unilateral: Obrigações vinculam apenas uma parte do contrato. 
• Rigidez das cláusulas: Impossibilidade de modificação (estabilidade contratual e 
isonomia); 
 
Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-
se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente (parte que não fez parte da 
elaboração do contrato). 
Trata-se de uma adaptação do “in dubio pro consumidor”. 
 
 Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia 
antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio. 
 
Enunciado 364 da IV Jornada: No contrato de fiança é nula a cláusula de renúncia 
antecipada ao benefício de ordem quando inserida em contrato de adesão. 
Enunciado 433 da V Jornada: A cláusula de renúncia antecipada ao direito de indenização 
e retenção por benfeitorias necessárias é nula em contrato de locação de imóvel urbano feito 
nos moldes do contrato de adesão. 
Súmula 335 STJ – Nos contratos de locação, é válida a cláusula de renúncia à indenização 
das benfeitorias e ao direito de retenção. 
OBS – Possibilidade de aplicação em contratos cíveis e empresariais: locação, franquia, 
arrendamento mercantil. 
OBS.: Não se aplica a súmula 335 STJ quando a locação foi instrumento de contrato de 
locação. 
Vedações: Nos contratos paritários, as partes podem se submeter aos elementos naturais 
ou afastá-los. Já nos contratos de adesão, como não há negociação preliminar, nega-se a 
possibilidade de introdução unilateral por uma das partes de regra divergente da disciplina 
usualmente praticada. Assim, são vedadas em contratos de adesão: 
a) cláusulas de renúncia ao benefício de ordem na fiança; 
b) cláusulas de renúncia à indenização das benfeitorias necessárias na locação; 
c) renúncia ao direito patrimonial de autor em concurso de fotografia; 
d) cláusula de eleição de foro nos contratos de franquia e de distribuição; 
 
 Amanda Rios 
 
e) cláusula compromissória de arbitragem. 
 
Vícios Redibitórios 
1 – Conceito: “São defeitos ocultos em coisa recebida em virtude de contrato comutativo, 
que a tornam imprópria ao uso a que se destina, ou lhe diminuam o valor” (Carlos Roberto 
Gonçalves) 
Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios 
ou defeitos ocultos, que a tornem impropria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o 
valor. 
Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas. 
 
2 – Incidência: contratos comutativos e doações onerosas 
Contrato comutativo é aquele em que as prestações são conhecidas de antemão e há um 
equilíbrio entre as obrigações das partes (mitigação do risco). Caso o vício apareça em 
momento posterior, pode-se solicitar a troca do bem (esse instituto tem suas raízes na 
garantia). São os seguintes os requisitos: 
a) Que a coisa tenha sido recebida em virtude de contrato comutativo ou de doação onerosa; 
b) Que os defeitos sejam ocultos; 
c) Que os defeitos sejam graves; 
d) Preexistência do dano. 
 
3 – Fundamento: garantia quanto à coisa recebida através do contrato4 – Requisitos: 
a) Que a coisa tenha sido recebida em virtude de contrato comutativo ou de doação onerosa 
b) Que os defeitos sejam ocultos e não aparente, pois caso fosse aparente, o indivíduo 
comprou já sabendo do vício. 
c) que os defeitos sejam graves a tal ponto que comprometa a qualidade ou a funcionalidade 
do bem e deve ocorrer a persistência do dano (se, mesmo com um reparo, não foi sanado). 
d) Preexistência do dano: o dano precisa ser anterior à tradição (entrega/transferência), pois 
caso tenha sido posterior (mal uso ou decurso do tempo) não há a aplicação da teoria dos 
vícios redibitórios. 
 
5 - As ações edilícias: redibitória e estimatória (quanti minoris). 
As ações edilícias são: redibitória (enseja o conserto do vício) e estimatória (nesta o sujeito 
fica com o bem, desde que abatido o preço). Nesse cenário, tem o adquirente o direito 
potestativo de escolha (conserto do vício ou o abatimento proporcional do preço). 
Deve-se ficar atento ao prazo decadencial do exercício do direito potestativo, o qual se 
encontra expresso no art. 445 do Código Civil. 
 
Art. 442 - Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirente 
reclamar abatimento no preço. 
Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com 
perdas e danos; se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor recebido, mais as 
despesas do contrato. 
 
 Amanda Rios 
 
Art. 445 – CC: O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no 
prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega 
efetiva; se já estava na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade. 
§ 1º Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-
se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em 
se tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis. 
§ 2º Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios ocultos serão os 
estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais, aplicando-se o disposto 
no parágrafo antecedente se não houver regras disciplinando a matéria. 
 
5 - Prazos decadenciais → art. 445 OBS: Como compatibilizar a regra do §1º com a do caput 
do art. 445? Pela regra do §1º, alguém poderia dizer que a garantia é perpétua. No entanto, 
a jurisprudência pacificou o entendimento de que os prazos desse dispositivo revelam o 
limite temporal de exteriorização do vício. 
Enunciado 174 1ª Jornada – Art. 445: Em se tratando de vício oculto, o adquirente tem os 
prazos do caput do art. 445 para obter redibição ou abatimento de preço, desde que os vícios 
se revelem nos prazos estabelecidos no parágrafo primeiro, fluindo, entretanto, a partir do 
conhecimento do defeito. 
 
1ª Hipótese - Se o adquirente não estava na posse do bem antes da alienação (art. 445) 
Natureza 
do bem 
Prazo para 
a 
propositura 
da ação 
Contagem 
Móvel 30 dias Entrega 
Efetiva 
Imóvel 1 ano Entrega 
Efetiva 
 
2ª Hipótese - se o adquirente já estava na posse (art. 445, final) 
 
Natureza 
do bem 
Prazo para 
a 
propositura 
da ação 
Contagem 
Móvel 15 dias Alienação 
Imóvel 6 meses Alienação 
 
3ª Hipótese - vícios que, por sua natureza, só podem ser conhecidos mais tarde (art. 445, 
§1º) 
Naturez
a do 
bem 
Prazo 
para 
surgime
nto 
Contage
m 
Prazo 
para 
proposit
ura 
 
 Amanda Rios 
 
Móvel 180 Ciência 30 dias 
Imóvel 1 ano Ciência 1 ano 
 
6 - Prazo de garantia contratual. 
Art. 446. Não correrão os prazos do artigo antecedente na constância de cláusula de 
garantia; mas o adquirente deve denunciar o defeito ao alienante nos trinta dias seguintes 
ao seu descobrimento, sob pena de decadência. 
É como se houvesse uma interrupção. Uma garantia contratual não revoga uma garantia 
legal, apenas acrescenta. 
Eventualmente, em uma venda mais arriscada e com um preço mais em conta, pode-se 
renunciar ou reduzir as garantias estabelecidas em lei. Nas relações de consumo não pode; 
na seara contratual, não há um consenso doutrinário. Na seara consumerista, não é 
necessário o problema ser oculto ou grave no que tange à responsabilidade do vício do 
produto. O que muda é o prazo decadencial para pleitear o direito – diferente entre vício 
aparente e vício oculto (art. 26, I, II e § 3º, CDC). 
7 - Modificações de garantia: Divergência doutrinária 
8 - Regramento no CDC Art. 18: “Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não 
duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem 
impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim 
como por aqueles decorrentes da disparidade, com as indicações constantes do recipiente, 
da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, ..., podendo o consumidor exigir a 
substituição das partes viciadas”. Logo, não há necessidade de o problema ser oculto ou 
grave. 
AV2 
Evicção (arts. 447 a 457 CC) 
1 – Conceito -> perda total ou parcial da propriedade ou da posse do bem em virtude de 
sentença judicial ou decisão administrativa, que o atribui a outrem por causa jurídica 
preexistente ao contrato. Por exemplo: a transferência de propriedade por alguém que não 
era seu proprietário (não poderia transferir). 
 
Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia 
ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública (leilão). 
• Não é necessário o trânsito em julgado da decisão (REsp 1.332.112/GO) 
• Evicção ≠ inadimplemento (plano de eficácia) 
• Prazo prescricional – 3 anos 
 
2 - Fundamento → garantia do direito sobre o bem transmitido pelo contrato 
Obs.: Terminologia: 
• Evicto (adquirente ou evencido), aquele que perde a coisa adquirida 
 
 Amanda Rios 
 
• Evictor (ou evencente), aquele que teve a decisão judicial ou a apreensão 
administrativa a seu favor 
OBS: A venda por parte de quem não é proprietário caracteriza a compra e venda a non 
domino e é ineficaz (não é inválida porque admite convalidação). 
 
3 - Incidência → 
• Contratos comutativos onde haja transferência de domínio; 
• Ex.: permuta, parceria, cessão onerosa de crédito (art. 295), dação em pagamento 
(art. 359) transação (art. 845), doação modal e nas doações para casamento com 
certa e determinada pessoa (art. 552). 
• Possível, também, nos leilões. 
 
4 - Exclusão e reforço da garantia 
Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a 
responsabilidade pela evicção. 
 
Aquele que vende um bem que não era seu deve indenizar o proprietário por perdas e danos. 
A) reforço → garantias suplementares de natureza real ou pessoal : cláusulas penais, com a 
obrigação de restituição em dobro, ou pela desoneração do adquirente da indenização pelos 
frutos que venha a restituir ou assunção das despesas judiciais do evicto. 
B) redução → ex.2: devolução de parte do valor pago. 
C) Exclusão → art. 448 e 449 
Art. 449. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem 
direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da 
evicção, ou, dele informado, não o assumiu. C.1) Se há cláusula de exclusão da 
responsabilidade de forma expressa (cláusula de irresponsabilidade pela evicção), mas o 
adquirente não sabia do risco da evicção ou não o assumiu → o evicto tem direito a receber 
o preço que pagou pela coisa evicta (art. 449), excluindo, apenas, a obrigação do alienante 
de indenizar todas as demais verbas. 
C.2) Se há cláusula de exclusão da responsabilidade de forma expressa e o adquirente tem 
ciência do risco e o assume → o alienante ficará totalmente isento de responsabilidade, nada 
tendo a devolver, por se tratar de compra aleatória. 
 
5 – Requisitos: 
a) perda total ou parcial da propriedade da coisa alienada (separcial, o evicto só pode pedir 
a resolução se a perda for considerável → quantidade e qualidade da perda – art. 455) 
b) aquisição onerosa – Não incide em contratos gratuitos (art. 552), salvo nos casos de 
doação modal e doação para casamento com certa e determinada pessoa. 
c) ignorância do adquirente acerca da litigiosidade da coisa (art. 457) 
d) anterioridade do direito do evictor – se a causa é superveniente, não haverá evicção (ex.: 
desapropriação pelo Poder Público). 
 
O alienante, na evicção, é a parte que transferiu o domínio da coisa para o adquirente. Num 
contrato oneroso de compra e venda de imóveis, por exemplo, o alienante é aquele que 
vendeu o imóvel. 
 
 Amanda Rios 
 
 
6 – Benfeitorias e ressarcimento 
Art. 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integral do 
preço ou das quantias que pagou: 
I - à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir; 
II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem 
da evicção; 
III - às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído. 
Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, na época 
em que se evenceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção parcial. 
 
Hipóteses dos efeitos do contrato em relação a terceiros: 
1 - Terceiro prejudicado por uma relação contratual da qual não fez parte (consumidor por 
equiparação): → bystander 
CDC, Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas 
do evento (tratando da responsabilidade civil) CDC. 
Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as 
pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas (tratando das práticas 
comerciais) 
Súmula 479 do STJ: As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos 
gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de 
operações bancárias. 
Destarte, não é necessária a comprovação de dolo/culpa; 
Só exime de responsabilidade aos fornecedores o caso fortuito externo (e não interno), ou 
seja, um evento que não se relacione à atividade desenvolvida. Nesse sentido, fraudar 
transações bancárias não exime o banco de responsabilidade (está dentro da alea da 
atividade desempenhada). Um assalto em banco (fortuito interno) não isenta de 
responsabilidade, diferentemente de um assalto em farmácia ou apartamento (fortuito 
externo); Álea = Elemento de incerteza ou de risco que cobre algum negócio jurídico. Vem 
do latim alea, que significa sorte ou risco. 
 
Art. 932 – CC: São também responsáveis pela reparação civil: I - os pais, pelos filhos 
menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia; II - o tutor e o curador, 
pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições; III - o empregador ou 
comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes 
competir, ou em razão dele; IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos 
onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seu s hóspedes, 
moradores e educandos; V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do 
crime, até a concorrente quantia. 
Art. 933 – NCPC: As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que 
não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos. 
 
Consoante o art. 933, a responsabilidade civil dos garantidores (I-IV) e partícipes (V) é 
objetiva. 
 
 
 Amanda Rios 
 
2 - Credor prejudicado pelo comportamento de terceiro (tutela externa do crédito) 
Teoria do terceiro cúmplice (terceiro ofensor). Cúmplice, porque o terceiro vira cúmplice 
daquela parte contratual que descumpre o contrato. TERCEIRO interfere na relação 
contratual, impedindo a execução deste contrato. Pode a vítima mover a ação contra o 
terceiro, como contra o parceiro contratual. 
Ex.: posto shell tem exclusividade com a distribuidora shell e terceiro distribuidor passa a 
vender para o posto shell. O terceiro sabe ou deveria saber da exclusividade, por ser 
bandeirado. Portanto, o terceiro responde. 
Enunciado 21 da I Jornada: “A função social do contrato, prevista no art. 421 do novo Código 
Civil, constitui cláusula geral, a impor a revisão do princípio da relatividade dos efeitos do 
contrato em relação a terceiros, implicando a tutela externa do crédito”. 
 
Essa teoria não se aplica ao Direito de Família (só o cônjuge que trai responde por danos 
morais devido ao seu dever de fidelidade – a “amante” é isenta de responsabilidade); 
 
O conteúdo do contrato só exige o adimplemento por parte dos contratantes. Entretanto, a 
proteção ao conteúdo do contrato é uma obrigação social inerente a qualquer cidadão 
(vedação da intervenção nociva); 
 
Art. 608. Aquele que aliciar pessoas obrigadas em contrato escrito a prestar serviço a outrem 
pagará a este a importância que ao prestador de serviço, pelo ajuste desfeito, houvesse de 
caber durante dois anos. 
 
Caso Zeca Pagodinho: Contratado para fazer o lançamento da nova Schin e recebeu uma 
quantia simbólica de R$ 1M e, no carnaval do Rio de Janeiro, fez uma propaganda para a 
Brahma, alfinetando a Schin em alguns momentos. Zeca Pagodinho mostrou -se como um 
contratante infiel, mesmo que não haja cláusula de exclusividade, uma vez que a fidelidade 
se trata de um dever anexo. Viola a boa-fé objetiva a aparição no camarote de uma 
concorrente. Isso ensejou indenização à Schin por parte do cantor e da Brahma; 
 
3 - Estipulação em favor de terceiro (arts. 436 a 438 CC). 
Maria Helena Diniz: “a estipulação em favor de terceiro é um contrato estabelecido entre 
duas pessoas, em que uma (estipulante) convenciona com outra (promitente) certa 
vantagem patrimonial em proveito de terceiro (beneficiário) alheio à formação do vínculo 
contratual”. 
 
Não exige autorização do beneficiário/ terceiro. Ex.: seguro de vida; previdência privada; 
doação com encargo (para a pessoa receber, deverá fazer alguma coisa antes). Ex.: doa-se 
um terreno a Luiza e ela tem a obrigação de dar 20% do aluguel a Liliane. Se não passar a 
Liliane, esta terá direito de ingressar com uma ação contra Luiza, por descumprimento de 
encargo. 
Deve ocorrer o adimplemento sob pena de violar a boa-fé objetiva (criou-se uma legítima 
expectativa do recebimento da quantia proveniente do encargo). 
 
 
 Amanda Rios 
 
Art. 436. O que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da obrigação. 
Parágrafo único. Ao terceiro, em favor de quem se estipulou a obrigação, também é permitido 
exigi-la, ficando, todavia, sujeito às condições e normas do contrato, se a ele anuir, e o 
estipulante não o inovar nos termos do art. 438. 
OBS: Art. 794. No seguro de vida ou de acidentes pessoais para o caso de morte, o capital 
estipulado não está sujeito às dívidas do segurado, nem se considera herança para todos 
os efeitos de direito. 
Desde o momento da celebração do contrato, a doação passa a ser direito do beneficiário, 
por isso não ingressa no inventário e nem no espólio. Só observar se essa doação foi feita 
como forma de fraude contra credores. 
 
* O beneficiário pode ser qualquer pessoa, até incapaz, ou mesmo, indeterminado (no início 
do contrato). 
* Não pode ser beneficiário o que mantém relação extraconjugal, contudo, pode, na união 
estável: 
Art. 793. É válida a instituição do companheiro como beneficiário, se ao tempo do contrato 
o segurado era separado judicialmente, ou já se encontrava separado de fato. 
* O beneficiário pode recusar-se a estipulação feita em seu favor. Caso aceite, torna-a eficaz, 
porém, não há transferência do direito, pois já nasce com o contrato, ainda que condicionado 
à aceitação. 
* Em caso de insolvência ou falência do estipulante, não é permitidaa penhora do crédito do 
beneficiário, pois ela não faz parte do patrimônio do estipulante, porém, isso não impede o 
controle para evitar a fraude contra credores. Ex.: Vicente faz um seguro de vida para o seu 
filho. O pagamento feito à seguradora, bem como o benefício dele decorrente, não pode ser 
penhorado (o destinatário não é Vicente – é como se não ingressasse no seu patrimônio). 
Ademais, não se admite contraprestação devido à natureza do contrato. 
* A estipulação não admite contraprestação, senão a descaracteriza. 
* As substituições do beneficiário e seu poder de exigir → arts. 437 e 438, CC 
 
Art. 437. Se ao terceiro, em favor de quem se fez o contrato, se deixar o direito de reclamar-
lhe a execução, não poderá o estipulante exonerar o devedor. 
Art. 438. O estipulante pode reservar-se o direito de substituir o terceiro designado no 
contrato, independentemente da sua anuência e da do outro contratante. 
Parágrafo único. A substituição pode ser feita por ato entre vivos ou por disposição de última 
vontade. 
 
Aquele que firmou o contrato em favor de terceiro tem o direito de substituí-lo 
independentemente da aceitação dos demais (o outro contratante e o terceiro beneficiado). 
 
4 - Promessa de fato de terceiro (art. 439 e 440, CC) 
Anderson Schreiber: “A promessa de fato de terceiro consiste na obrigação assumida pelo 
promitente em face do promissário de obter certa prestação de um terceiro”. 
Ex.: Vicente promete que Manu cantará na festa de Pedro. Se Manu não cantar Vicente 
responde. Manu só responde se ela aceitar. 
 
 
 Amanda Rios 
 
Art. 439. Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos, quando 
este o não executar. 
Parágrafo único. Tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o cônjuge do promitente, 
dependendo da sua anuência o ato a ser praticado, e desde que, pelo regime do casamento, 
a indenização, de algum modo, venha a recair sobre os seus bens. 
 
Se o terceiro não está obrigado, a obrigação é de quem prometeu (no caso anterior, Vicente), 
tendo em vista a relatividade dos efeitos dos contratos (apenas vincula os contratantes). 
Há exceções previstas no parágrafo único. Caso esse terceiro seja o cônjuge (a esposa de 
Vicente, por exemplo), este não seria responsabilizado e, a depender do regime de bens do 
casamento, não tem o dever de indenizar, ou seja, de ter seu patrimônio reduzido em virtude 
da oferta relacionada ao outro cônjuge. O parágrafo único exclui a responsabilidade do 
promitente em caso de se frustrada a promessa de obtenção da outorga conjugal. 
Ex.: A, casado com B, promete que B pagará a C (ato que depende da anuência de B ou 
recai sobre o patrimônio do casal). B se recusa. A responsabilidade não recai sobre A e nem 
sobre B (a responsabilidade não existe). Para evitar um litígio familiar, o legislador optou por 
tornar ineficaz tal promessa. 
 
Art. 440 – CC: Nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer por outrem, se este, 
depois de se ter obrigado, faltar à prestação. 
 
Ex.: Vicente promete que determinado cantor vai cantar na festa de Fernanda. O cantor 
aceita e, uma semana depois, resolve desistir ou canta por um tempo menor do que o 
estipulado. Tal responsabilidade recai sobre o cantor e não mais sobre Vicente. 
 
5 - Contrato com pessoa a declarar (com cláusula pro amico eligendo) - arts. 467 a 471 
CC 
Gustavo Tepedino: “O contrato com pessoa a declarar caracteriza-se pela cláusula que 
atribui a um dos contratantes o direito potestativo de se fazer substituir por terceiro na 
posição contratual, transmitindo todos os direitos e deveres decorrentes do negócio, com 
efeitos retroativos, como se tivesse sido o terceiro, desde o início, a celebrar o contrato” 
Ex.: Vicente celebra um contrato com Breno, explicitando que o contrato definitivo será 
celebrado por José. 
 
É aconselhável, nessas ocasiões, estabelecer um contrato retratável (inserindo cláusula 
penal, por exemplo) para se resguardar em relação à cooperação da pessoa a declarar, já 
que há o risco de esta não adimplir a obrigação. 
Art. 467. No momento da conclusão do contrato, pode uma das partes reservar-se a 
faculdade de indicar a pessoa que deve adquirir os direitos e assumir as obrigações dele 
decorrentes. 
* O terceiro ao anuir ao contrato, será o titular dos direitos e obrigações decorrentes do 
negócio, gerando efeitos ex tunc à celebração do negócio. 
O normal é que o contratante primitivo seja liberado (é como se essa pessoa nunca tivesse 
participado do contrato), mas podem ocorrer hipóteses de sua responsabilidade subsidiária. 
 
 
 Amanda Rios 
 
Ex.: Estou comprando a casa de Carol - Contrato preliminar é contrato de compra e venda - 
Após o pagamento integral faz-se a escritura pública em qualquer lugar do país (Contrato 
definitivo). Mas na hora de transferir o imóvel, irá no tabelião... 
Ex.: loja de automóvel (figura passageira) compra o carro para revender ao cliente. 
Ex.: imobiliária compra imóvel para revender ao cliente. Cede-se a posição contratual ao 
cliente. 
 
Art. 440. Nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer por outrem, se este, depois 
de se ter obrigado, faltar à prestação. 
 
Art. 468 – CC: Essa indicação deve ser comunicada à outra parte no prazo de cinco dias da 
conclusão do contrato, se outro não tiver sido estipulado. 
* Prazo decadencial de 5 (cinco) dias para a comunicação da indicação do terceiro, se outro 
lapso não se estipulou. 
Parágrafo único. A aceitação da pessoa nomeada não será eficaz se não se revestir da 
mesma forma que as partes usaram para o contrato → paralelismo de forma 
* Tem-se o paralelismo de forma. Se a forma pactuada foi a escrita, essa deve se manter 
como forma de comunicação ao longo da vigência do contrato (o que impacta, inclusive, na 
forma de aceitação da pessoa nomeada). 
* Usualmente utilizado nos compromissos de compra e venda de imóveis, nos quais o 
promissário comprador reserva-se o direito de indicar terceiro para assinar a escritura 
definitiva. 
* Figura que não se confunde com a cessão de contrato. 
 
INTERPRETAÇÃO DOS CONTRATOS 
 
Pode se dar por uma forma declaratória ou uma forma integrativa (construtiva). Quando 
interpretamos um contrato, estamos ou esclarecendo uma dúvida ou preenchendo uma 
lacuna existente na relação contratual. 
Tentar buscar um sentido racional do contrato, por meio de um terceiro (juiz) que não faz 
parte da relação contratual. 
Há problema quando as partes divergem quanto ao cumprimento do contrato (não 
necessariamente é um agir de má-fé, mas as divergências interpretativas que são 
corriqueiras). 
Às vezes uma parte acredita veementemente que já adimpliu a obrigação com a qual se 
vincula, já a outra, discorda. É necessário, assim, declarar o que está escrito em uma 
cláusula contratual. Uma redação mal feita impacta processualmente, uma vez que, a 
depender da interpretação, nem interesse processual pode ter. O conhecimento técnico-
jurídico mitiga o risco de dúvidas interpretativas. Daí o papel dos operadores do Direito na 
elaboração de cláusulas contratuais. 
 
Funções: declaratória ou integrativa (construtiva). 
 
 
 Amanda Rios 
 
A Função Declaratória serve interpretar contratos com cláusula controvertida. Ex.: O 
contrato é irretratável, mas existe uma cláusula no contrato em que permite a desistência. 
Juiz irá analisar se é retratável ou irretratável. 
 
A Função Integrativa funciona para casos em que uma lacuna precise ser preenchida. 
Trata-se, por exemplo, de fatos supervenientes que não foram previstos pelas partes no 
momento da celebração do contrato. Preenche-se, a partir da interpretação, determinadas 
lacunas no contrato. Ex.: um contrato de compra e venda de um imóvel de 2 milhões não 
estabelece quais os revestimentos a construtora irão usar e não se admitem a regra do meio 
termo de obrigações, pois o imóvel é de alto luxo.Síntese das teorias explicativas do negócio jurídico: 
A) Voluntarista (Willenstheorie) → prevalência da vontade do declarante 
B) Objetivista (Erklärungstheorie) → proteção ao destinatário. 
 
Teoria da confiança → Segundo a teoria da confiança, o declarante deve responder pela 
confiança que a contraparte nele depositou ao contratar (se não se vê irregularidade ou nem 
se pode percebê-la, o contrato se mantém). Porém, se o declaratário conhecia ou poderia 
conhecer a divergência entre a declaração e a vontade, desaparece a boa-fé e prevalece a 
vontade real, causando a invalidade do negócio jurídico (se uma parte vê que a outra está 
se equivocando e silencia, está agindo de má-fé). A má-fé não é presumida, devendo ser 
comprovada no caso concreto (a parte teve ou podia ter ciência do equívoco da outra, mas 
se absteve). 
* CC adota a teoria da confiança, apesar de o art. 112 dar a falsa impressão de adoção da 
teoria da vontade. 
Art. 112 - Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada 
do que ao sentido literal da linguagem → intenção consubstanciada na declaração. 
 
Não se despreza o que está escrito, o que vai analisar é se o que está escrito abrange as 
vontades das partes e a racionalidade do contrato. As vontades são maiores do que o sentido 
literal da linguagem. 
 
Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do 
lugar de sua celebração. 
§ 1º A interpretação do negócio jurídico deve lhe atribuir o sentido que: 
I - for confirmado pelo comportamento das partes posterior à celebração do negócio; 
II - corresponder aos usos, costumes e práticas do mercado relativas ao tipo de negócio; 
III - corresponder à boa-fé; 
IV - for mais benéfico à parte que não redigiu o dispositivo, se identificável; e 
V - corresponder a qual seria a razoável negociação das partes sobre a questão discutida, 
inferida das demais disposições do negócio e da racionalidade econômica das partes, 
consideradas as informações disponíveis no momento de sua celebração 
§ 2º As partes poderão livremente pactuar regras de interpretação, de preenchimento de 
lacunas e de integração dos negócios jurídicos diversas daquelas previstas em lei. 
 
 
 Amanda Rios 
 
Art. 114. Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente. 
Ex.: procuração pública para doação tem que especificar o poder de doar, o bem a doar e 
para quem irá se efetuar a doação. 
Ex.: inventário extrajudicial necessita de escritura pública, para demonstrar a renúncia a 
resolução por meio jurisdicional. 
 
Art. 421. A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do contrato. 
Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerão o princípio da intervenção 
mínima e a excepcionalidade da revisão contratual (especialmente nos contratos 
empresariais). 
 
Art. 421-A. Os contratos civis e empresariais presumem-se paritários e simétricos até a 
presença de elementos concretos que justifiquem o afastamento dessa presunção, 
ressalvados os regimes jurídicos previstos em leis especiais, garantido também que 
I - as partes negociantes poderão estabelecer parâmetros objetivos para a interpretação das 
cláusulas negociais e de seus pressupostos de revisão ou de resolução; 
II - a alocação de riscos definida pelas partes deve ser respeitada e observada; e 
III - a revisão contratual somente ocorrerá de maneira excepcional e limitada 
 
Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-
se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente 
 
Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia 
antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio. 
 
Art. 819. A fiança dar-se-á por escrito, e não admite interpretação extensiva. 
 
Art. 843. A transação interpreta-se restritivamente, e por ela não se transmite, apenas se 
declaram ou reconhecem direitos. 
 
Lei nº 13.874/19: Art. 3º São direitos de toda pessoa, natural ou jurídica, essenciais para o 
desenvolvimento e o crescimento econômicos do País, observado o disposto no parágrafo 
único do art. 170 da Constituição Federal: [...] VIII - ter a garantia de que os negócios jurídicos 
empresariais paritários serão objeto de livre estipulação das partes pactuantes, de forma a 
aplicar todas as regras de direito empresarial apenas de maneira subsidiária ao avençado, 
exceto normas de ordem pública; 
 
Outros critérios sugeridos pela doutrina: 
a) a melhor maneira de apurar a intenção dos contratantes é verificar o modo pelo qual o 
vinham executando, de comum acordo. 
b) deve-se interpretar o contrato, na dúvida, da maneira menos onerosa para o devedor. 
Similitude com o direito processual, pois quando se tem uma execução interpreta-se pela 
forma menos onerosa para o devedor. 
c) as cláusulas contratuais não devem ser interpretadas isoladamente, mas em conjunto com 
as demais, porque as cláusulas dizem respeito ao todo do contrato. 
 
 Amanda Rios 
 
d) qualquer obscuridade é imputada a quem redigiu a estipulação. Vicente problematiza 
descobrir quem redigiu. 
e) na cláusula suscetível de dois significados, interpretar-se-á em atenção ao que pode ser 
exequível (princípio da conservação ou aproveitamento do contrato) 
 
Disponibilidade dos Contratos 
1. Modificações Contratuais Consensuais (Aditivos): mudanças são formalizadas por 
aditivos contratuais (super liberdade). O aditivo contratual trata-se de um complemento ao 
contrato assinado inicialmente. É importante que essa alteração seja documentada em termo 
assinado pelas partes. Os aditivos contratuais são importantes porque as partes, por 
exemplo, vão marcar a data para a renovação do contrato. Em síntese, é uma alteração 
expressa. 
 
2 - Modificações Contratuais Comportamentais 
São mudanças mais imperceptíveis e, muitas vezes, mais drásticas em comparação aos 
aditivos. O comportamento dos contratantes muda ao longo da vigência do contrato, sem 
que isso seja expresso. Ex.: caso de supressio e surrectio no que tange ao local do 
pagamento. Mesmo que determinado local (X) tenha sido pactuado para efetivar o 
pagamento, mas o pagamento tenha sido feito reiteradamente em local distinto do pactuado 
(Y), infere-se a renúncia tácita do local pactuado. Perde uma parte, assim, o direito de 
cobrança em X e a outra adquire o direito de pagar em Y. 
 
2.1 – Supressio (Verwirkung) 
2.1.1 – Conceito e noções gerais: 
O sujeito tinha um direito e, quando não exercido, gera a legítima expectativa na parte 
contrária de que não será mais exercido. 
Ex.: A tinha o direito de cobrar uma dívida de B. A e B se relacionam constantemente e A 
não menciona a dívida. De repente, A resolve cobrar a dívida, o que viola a boa-fé objetiva, 
uma vez que B teve a legítima expectativa de que estava livre da dívida (ART. 330 – CC). 
António Menezes Cordeiro → “a situação de direito que, não tendo sido, em certas 
circunstâncias, exercido durante um determinado lapso de tempo (inércia), não possa mais 
sê-lo, de outra forma, se contrariar a boa-fé”. 
A diferença entre supressio e venire contra factum proprium está principalmente no 
comportamento das partes e nas consequências jurídicas: 
Supressio: 
Comportamento Omissivo: Ocorre quando uma parte deixa de exercer um direito por um 
longo período, criando a expectativa de que não mais o exercerá1. 
Consequência: A parte perde o direito de exigir o cumprimento da obrigação, devido à sua 
inércia prolongada1. 
Venire Contra Factum Proprium: 
 
 Amanda Rios 
 
Comportamento Comissivo: Refere-se a uma conduta contraditória, onde uma parte age 
de maneira contrária a um comportamento anterior que gerou expectativas na outra parte1. 
Consequência: A parte é impedida de agir de forma contrária ao comportamento anterior, 
para evitar prejuízos à outra parte que confiou na condutainicial1. 
A supressio e a surrectio só se aplica em relações longas. Perda do direito antes do prazo 
decadencial. 
2.1.2 Requisitos Supressio 
a) determinado período sem exercício do direito 
b) indícios objetivos no sentido de que esse direito não seria mais exercido 
c) ausência de necessidade de a omissão ser culposa por parte do não exercente do direito 
Art. 330. O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do credor 
relativamente ao previsto no contrato. 
Obs.: Texto de Ana Frazão - Breve panorama da jurisprudência brasileira a respeito da boa-
fé objetiva no seu desdobramento da supressio. 
 
2.2. Surrectio (Erwirkung) 
Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald: “Ocorre através do surgimento de uma situação de 
vantagem para alguém em razão do não exercício por outrem de um determinado direito, 
cerceada a possibilidade de vir a exercê-lo posteriormente”. A surrectio é apontada como 
consequência lógica da supressio. 
“1. Como de sabença, a supressio inibe o exercício de um direito, até então reconhecido, 
pelo seu não exercício. Por outro lado, e em direção oposta à supressio, mas com ela 
intimamente ligada, tem-se a teoria da surrectio, cujo desdobramento é a aquisição de um 
direito pelo decurso do tempo, pela expectativa legitimamente despertada por ação ou 
comportamento. 
2. Sob essa ótica, o longo transcurso de tempo (quase seis anos), sem a cobrança da 
obrigação de compra de quantidades mínimas mensais de combustível, suprimiu, de um 
lado, a faculdade jurídica da distribuidora (promitente vendedora) de exigir a prestação e, de 
outro, criou uma situação de vantagem para o posto varejista (promissário comprador), cujo 
inadimplemento não poderá implicar a incidência da cláusula penal compensatória 
contratada.” (REsp 1.338.432-SP) 
OBS: Leitura https://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/05062022-
Morre-umdireito--nasce-outro-os-institutos-da-supressio-e-da-surrectio-na-interpretacao-
doSTJ.aspxsp (slide 125) 
INAÇÃO + AÇÃO -> supressio e surrectio são lados de uma mesma moeda. A perda de um 
direito implica na aquisição de direito pela outra parte. 
 
 Amanda Rios 
 
 
Exemplos de decisão judicial: 
1. Tema: Supressio e surrectio RECURSO ESPECIAL Nº 1.803.278 - PR (2019/0071035-1): 
Há um contrato de locação entre a Havan (locatário) e Alvear (locador). A Alvear tem o direito 
de fazer o reajuste de aluguel por 20 anos, entretanto, não o exerceu nos primei ros cinco 
anos. A Havan sustentou a existência de supressio no que tange aos reajustes passados e 
futuros. O STJ julgou parcialmente procedente o pedido, apenas aplicando o instituto da 
supressio nos cinco anos (impossibilidade de cobrança retroativa pela Alvear), sobre-
existindo o direito da Alvear nos aproximados 15 anos subsquentes à notificação 
extrajudicial. 
 
2. Tema: Interpretação contratual e ônus probatório RECURSO ESPECIAL Nº 1.758.912 – 
GO (2017/0062715-0): Amelia Cristina Ottoboni (recorrente) fez uma transferência bancária 
no valor de R$ 45.000,00 (fato incontroverso) para o seu genro Bruno Ricardo (recorrido), 
no momento em que o casal Bruno e Cristina estavam passando por dificuldades financeiras. 
Após o término do vínculo conjugal, a mãe de Cristina (Amelia) cobrou a devolução da 
quantia por se tratar de um empréstimo. Bruno se defendeu alegando se tratar de uma 
doação. Emerge dois debates: (I) um interpretativo acerca da natureza do negócio jurídico e 
(II) um relacionado ao ônus probatório. Inicialmente decidiu -se que o ônus cabia à 
recorrente, mas o STJ sustentou que o ônus probatório cabia ao recorrido. Vale lembrar que 
o contrato de doação é solene e para a sua validade deve ser celebrado por escritura 
pública ou instrumento particular, salvo quando tiver por objeto bens móveis ou e de 
pequeno valor. Não parece R$ 45.000,00 uma quantia irrisória (ainda mais na época do 
depósito = 83 salários mínimos), necessitando de seguir as formalidades previstas na lei 
para configurar doação. Entendeu-se que se trata de empréstimo. Bruno deve devolver a 
quantia à Amelia, tendo o direito à ação de regresso em face de Cristina (sua ex-cônjuge) 
para cobrar até a metade do valor (regime da comunhão parcial de bens), se eventualmente 
as dificuldades econômicas do casal foram resultantes da má-gestão financeira de Cristina 
(filha da recorrente). 
 
3. Tema: Contratos de seguro de vida, supressio e surrectio AGRAVO EM RECURSO 
ESPECIAL Nº 1.005.303 - SP (2016/0282124-0): Contrato coletivo de seguro de vida que se 
tornou individual. Houve transformação da apólice do falecido para a modalidade individual, 
a qual vigeu por mais de 2 (dois) anos sem oposição da seguradora. A seguradora rescindiu 
o contrato coletivo, mas o indivíduo continuou a pagar de forma individual. A seguradora se 
omitiu no que tange a determinadas irregularidades e continuou a receber os pagamentos. 
Ganha o indivíduo o direito à manutenção do contrato pois, caso contrário, isso configuraria 
enriquecimento ilícito por parte da seguradora. 
 
CESSÃO DE POSIÇÃO CONTRATUAL 
Conceito e Noções Gerais: Na cessão de posição contratual, há o deslocamento de todo o 
conteúdo contratual para um terceiro. Transfere-se os direitos, deveres e posições (para 
além do crédito e do débito). 
→ Distinção para contrato com pessoa a declarar 
 
 Amanda Rios 
 
Contrato com Pessoa a Declarar 
• Definição: É um contrato em que uma das partes se reserva o direito de indicar, 
posteriormente, quem será a pessoa que assumirá os direitos e obrigações 
contratuais. 
• Exemplo: Imagine que você compra um imóvel, mas ainda não sabe quem será o 
proprietário final. Você pode declarar essa pessoa mais tarde. 
• Características: 
o Flexibilidade: Permite que a parte contratante tenha mais tempo para decidir 
quem será o beneficiário final. 
o Formalização: A pessoa a ser declarada deve ser indicada dentro de um prazo 
estipulado no contrato. 
o Efeitos: A partir da declaração, a pessoa indicada assume todas as obrigações 
e direitos do contrato. 
Cessão de Posição Contratual 
• Definição: É a transferência de todos os direitos e obrigações de uma parte contratual 
para outra pessoa. 
• Exemplo: Se você tem um contrato de aluguel e decide transferir todos os seus 
direitos e deveres para outra pessoa, isso é uma cessão de posição contratual. 
• Características: 
o Trilateralidade: Envolve três partes: o cedente (quem cede), o cessionário 
(quem recebe) e o cedido (a outra parte do contrato original). 
o Anuência: A cessão geralmente requer a anuência do cedido, ou seja, a outra 
parte do contrato original deve concordar com a transferência12. 
o Unidade: A cessão transfere a posição contratual como um todo, incluindo 
todos os direitos e obrigações associados1. 
Principais Diferenças 
• Momento da Indicação: 
o Contrato com Pessoa a Declarar: A pessoa é indicada posteriormente. 
o Cessão de Posição Contratual: A transferência é imediata e envolve a 
anuência do cedido. 
• Natureza Jurídica: 
o Contrato com Pessoa a Declarar: Flexível e permite a substituição futura. 
o Cessão de Posição Contratual: Transfere integralmente a posição contratual 
existente. 
 
1.1. Flávio Tartuce: “transferência da inteira posição ativa ou passiva da relação contratual, 
incluindo o conjunto de direitos e deveres de que é titular uma determinada pessoa”. 
 
1.2. Partes: 
 
 Amanda Rios 
 
a) Cedente → quem transfere a posição contratual 
b) Cessionário → quem assume a posição contratual, ao ingressar no negócio jurídico 
c) Cedido → aquele que permanece na relação contratual originária (contrato-base) e que 
dá anuência à transferência. 
Obs.: Se o cedido não der concordância é ineficaz. Não é questão de validade, pois as 
questões básicas estão lá. O problema está na exigibilidade. Deve ser uma concordância 
expressa, é uma exceção ao "quem cala consente". Se o cedido não concordar, ocessionário pode responder perante o cedido, pois houve o NJ entre eles. 
 
1.3. Observações: 
→ É negócio jurídico atípico (art. 425) 
→ Contrato de gaveta no âmbito do SFH (ver Repetitivo REsp 1.150.429 – CE) 
sistema financeiro de habitação - é projetado para fornecer habitação. tem verba oriunda do 
FGTS. trabalhador não tem disponibilidade do FGTS, pois só recebe se for demitido. esses 
valores ficam depositados para gerar um fundo de construção de unidades populares. O 
contrato de gaveta é extremamente perigoso para quem compra, é um documento informal 
de compra e vendas de imóveis sem registro em cartório e isento de interferências externas 
como instituições financeiras ou imobiliárias. 
 
Requisitos: 
→ celebração de negócio jurídico entre cedente e cessionário: ex.: Zilton tem interesse de 
transferir o imóvel, porque se apertou e Vicente se interessa em adquirir. 
→ integralidade da cessão (cessão global): Zilton não transfere apenas o crédito, nem 
apenas o débito, transfere a posição contratual (tudo). 
→ anuência expressa do cedido → efeito na responsabilidade: Caso não haja a sua 
manifestação ou não haja anuência, caso a cessão de posição contratual ocorra, será 
ineficaz em relação ao cedido (plano da eficácia). A relação jurídica se mantém para o cedido 
da mesma forma que era no contrato originário. Ex.: se Zilton não informa à Construtora, ele 
continua responsável. O cedente (Zilton) continua vinculado, pois se o cessionário (Vicente) 
não pagar, a Construtora (cedido) irá cobrar do cedente. 
CLT, Art. 10 - Qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa não afetará os direitos 
adquiridos por seus empregados. 
Ex.: Fusão/Incorporação de empresas – a PJ que incorpora adquire as obrigações 
trabalhistas junto, incluindo as dívidas trabalhistas. 
 
Efeitos: 
→ entre o cedente e o cedido – com ou sem a liberação do cedente (divergência doutrinária 
acerca da natureza da responsabilidade). Com Liberação: Se o cedido (a outra parte do 
contrato original) concorda com a liberação do cedente, este é liberado de todas as 
obrigações contratuais. A responsabilidade passa integralmente para o cessionário. Sem 
Liberação: Se não houver liberação expressa, o cedente pode continuar responsável 
solidariamente com o cessionário pelas obrigações contratuais. Há divergência doutrinária 
sobre a extensão dessa responsabilidade1. 
 
 
 Amanda Rios 
 
→ entre o cedente e o cessionário – o cedente perde os créditos, direitos potestativos e 
eventuais expectativas de direito (a produção de efeitos entre esses sujeitos independe de 
notificação ao cedido); 
→ entre o cessionário e o cedido – O cessionário assume a posição contratual do cedente, 
mantendo todas as cláusulas e condições do contrato original. O cedido pode opor exceções 
pessoais contra o cessionário apenas se essas exceções estiverem expressamente 
previstas no instrumento de cessão contratual3. A regra é que as exceções pessoais não 
são transmitidas ao cessionário. 
 
Distinções 
→ Não se confunde com o subcontrato → neste há formação de novo contrato, estipulado 
por uma das partes do contrato principal com terceira pessoa. O novo contrato é derivado 
do antigo e mantém com esse relação. Não é necessária a autorização do outro 
contratante, salvo se previsto no contrato originário ou na lei (caso o outro contratante 
possa vedar). Principais Diferenças: Na cessão da posição contratual, todas as obrigações e 
direitos são transferidos para o cessionário. No subcontrato, apenas parte das obrigações é delegada 
ao subcontratado, mantendo o subcontratante responsável pelo contrato principal3. Relação Jurídica: 
Na cessão da posição contratual, o cessionário substitui o cedente na relação contratual. No 
subcontrato, o subcontratado não substitui o subcontratante, mas sim auxilia na execução do contrato. 
 
→ Não se confunde com a cessão de crédito, nem com a de débito. 
 
Obs.: Na cessão da posição contratual, os termos pro soluto e pro solvendo referem-se 
às responsabilidades do cedente (quem cede o crédito) em relação ao crédito cedido: 
Pro Soluto: O cedente garante apenas a existência e a legalidade do crédito, mas não a 
solvência do devedor. Ou seja, se o devedor não pagar, o cessionário (quem recebe o 
crédito) não pode exigir o pagamento do cedente. 
Pro Solvendo: Além de garantir a existência e a legalidade do crédito, o cedente também 
garante a solvência do devedor. Isso significa que, se o devedor não pagar, o cessionário 
pode exigir o pagamento do cedente1. 
 
ANÁLISE ECONÔMICA DO DIREITO 
1– Noções gerais: Caracteriza-se pela aplicação da teoria econômica na explicação do 
direito (na atividade contratual, mas não somente nesta). 
 
1.1 - Premissas da AED 
1.1.1 - A racionalidade (maximização da riqueza): Em virtude da escassez, as condutas 
individuais são orientadas de acordo com uma ponderação racional entre benefícios e 
prejuízos atrelados à determinada ação ou omissão. Para Paula Forgioni, “um dos 
postulados da análise econômica é que as normas jurídicas consubstanciam incentivos ou 
 
 Amanda Rios 
 
desestímulos, sendo as sanções normativas simples preços que influenciam a relação custo-
benefício de seus comportamentos”. 
1.1.2 - A eficiência econômica: É uma das preocupações principais da Economia e consiste, 
de uma maneira geral, em alocar e dispor dos recursos escassos de modo a maximizar a 
satisfação das necessidades. 
1.1.3 – As externalidades: É o custo ou benefício de um agente na realização de uma 
atividade econômica, impõe um terceiro, para o sistema (Vasco Rodrigues). 
1.1.4 - Os custos de transação: Custos para intercâmbio e se dividem em espécies – custos 
de busca; de arranjo ou acordo; e de execução. 
1.1.5 – A assimetria informacional: Fenômeno econômico caracterizado pelo fato de uma 
das partes de uma transação comercial possuir mais informações do que a outra, 
relativamente ao produto ou serviço que está sendo negociado. Essa diferença de 
informação gera um desequilíbrio entre as partes. Em uma transação é normal que uma 
parte saiba mais que a outra e tal assimetria é reconhecida como mecanismo de 
vulnerabilidade. Logo, deve-se buscar a paridade de armas. 
 
CONTRATOS EMPRESARIAIS 
1 - Noções Gerais 
• CC/02 revogou a primeira parte do Código Comercial de 1850, que continha regramento 
especial para os contratos mercantis (compra e venda mercantil, a locação mercantil, o 
mútuo mercantil, o depósito mercantil, o mandato mercantil, etc.). 
• O CC, embora contenha livro próprio tratando do Direito de Empresa, não disciplina de 
maneira específica os contratos empresariais. 
• Presença de leis especiais: Lei 4.886/1965 (representação comercial), a Lei 6.729/1979 
(Concessão Comercial), a Lei 8.245/1991 e a Lei 13.966/2019 (franquia). 
• Ex.: alienação fiduciária em garantia, promessa de compra e venda, transporte, mandato 
mercantil, representação comercial, gestão de negócio, comissão, mútuo mercantil, seguro, 
fiança mercantil, penhor mercantil, know-how, franchising, os relacionados ao depósito e 
contratos bancários, contrato de compra e venda mercantil etc. 
• Ex.: de contratos atípicos: publicidade, hospedagem, mediação, cessão de clientela, 
factoring (LC n° 123/06 estabelece um conceito para as operações no art. 17), a joint venture. 
 
2 - Vetores de funcionamento (Paula Forgioni): 
a) Escopo de lucro: Os contratos empresariais são firmados com o objetivo principal de 
gerar lucro. 
b) Limitação da autonomia: Embora as partes tenham liberdade para negociar os termos 
do contrato, essa autonomia é limitada por normas legais e regulatórias, além de princípios 
como a boa-fé e a função social do contrato. Isso garante que os contratos não sejam 
abusivos ou prejudiciais a terceiros. 
c) Segurança e previsibilidade: Os contratos empresariais devem proporcionar segurança 
jurídica e previsibilidade para as partes. Isso significa que os termos do contratodevem ser 
claros e estáveis, permitindo que as partes planejem suas atividades com base nas 
obrigações e direitos estabelecidos. 
d) A condição do agente econômico probo e ativo (Enunciado 28): Este vetor enfatiza a 
importância de os agentes econômicos agirem de maneira ética e diligente. A probidade e a 
 
 Amanda Rios 
 
atividade dos agentes são essenciais para a confiança mútua e o bom funcionamento das 
relações contratuais. 
e) A questão da boa-fé x egoísmo do agente econômico (concorrência): equilíbrio entre 
a boa-fé e o interesse próprio dos agentes econômicos. Enquanto a boa-fé exige 
honestidade e lealdade nas negociações, o egoísmo econômico reflete a busca por 
vantagens competitivas. O desafio é encontrar um equilíbrio que permita a concorrência 
saudável sem comprometer a ética. 
f) Os custos de transação: incluem todas as despesas associadas à negociação, execução 
e cumprimento do contrato. Minimizar esses custos é crucial para aumentar a eficiência e a 
viabilidade econômica dos contratos empresariais. 
g) Incompletude contratual – pode-se completar no futuro: Os contratos empresariais 
muitas vezes não conseguem prever todas as contingências futuras, resultando em 
incompletude contratual. No entanto, as partes podem incluir cláusulas que permitam ajustes 
e complementações futuras, adaptando o contrato às novas circunstâncias. 
h) O contrato como instrumento de alocação de riscos e a questão dos erros na 
negociação dos contratos empresariais: Os contratos empresariais são ferramentas para 
alocar riscos entre as partes. Para mitigar os riscos de inadimplemento e outros erros, é 
comum incluir garantias, cláusulas penais e outras medidas que protejam as partes e 
assegurem o cumprimento das obrigações. 
 
1.3 A interpretação dos contratos empresariais (I Jornada de Direito Comercial): 
• Enunciado 20: Não se aplica o Código de Defesa do Consumidor aos contratos celebrados 
entre empresários em que um dos contratantes tenha por objetivo suprir-se de insumos para 
sua atividade de produção, comércio ou prestação de serviço. 
• Enunciado 23: Em contratos empresariais, é lícito às partes contratantes estabelecer 
parâmetros objetivos para a interpretação dos requisitos de revisão e/ou resolução do pacto 
contratual. 
• Enunciado 25. A revisão do contrato por onerosidade excessiva fundada no Código Civil 
deve levar em conta a natureza do objeto do contrato. Nas relações empresariais, deve-se 
presumir a sofisticação dos contratantes e observar a alocação de riscos por eles acordada 
• Enunciado 28: Em razão do profissionalismo com que os empresários devem exercer sua 
atividade, os contratos empresariais não podem ser anulados pelo vício da lesão fundada 
na inexperiência. 
• Inaplicabilidade do CDC em contrato celebrado por empresário (STJ): 
• a) serviço de telefonia contratado por loja de veículo (REsp. 1.195.642/RJ); 
• b) compra de maquinário (retroescavadeira adquirida por empresa de construção civil – 
REsp. 863.895/PR) 
• c) contrato de fornecimento de gás, como insumo dos produtos manufaturados (REsp. 
932.557/SP); 
• d) compra de adubo por grande produtor rural (REsp. 914.384/MT); 
• e) aquisição de insumos agrícolas: 100 toneladas de adubo (REsp 1.016.458/RS); 
• f) contrato de concessão de crédito destinado a capital de giro (AI n. 900.653/PR); 
 
Porém, em situações de descompasso de poder negocial (hipossuficiência de uma das 
partes – análise in concreto), foi aplicado o CDC: 
 
 Amanda Rios 
 
a) Caminhoneiro adquirente de caminhão para exercício de profissão de transportador 
autônomo (REsp 716.877/SP); 
b) Taxista adquirente de veículo que celebra financiamento bancário (REsp 23.208); 
c) Sociedade que celebrou contrato de prestação de serviços de treinamento, implantação 
e manutenção de software (AgRG no AREsp 837.871/SP); 
d) Transportadora que contrata seguro para sua frota de veículos (REsp 1.176.019/RS); 
 
RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. LOCAÇÃO DE ESPAÇO 
EM SHOPPING CENTER. AÇÃO DE DESPEJO POR FALTA DE PAGAMENTO. 
APLICAÇÃO DO ART. 54 DA LEI DE LOCAÇÕES. COBRANÇA EM DOBRO DO ALUGUEL 
NO MÊS DE DEZEMBRO. CONCREÇÃO DO PRINCÍPIO DA AUTONOMIA PRIVADA. 
NECESSIDADE DE RESPEITO AOS PRINCÍPIOS DA OBRIGATORIEDADE (“PACTA 
SUNT SERVANDA”) E DA RELATIVIDADE DOS CONTRATOS (“INTER ALIOS ACTA”). 
MANUTENÇÃO DAS CLÁUSULAS CONTRATUAIS LIVREMENTE PACTUADAS. 
RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 1. Afastamento pelo acórdão recorrido de cláusula 
livremente pactuada entre as partes, costumeiramente praticada no mercado imobiliário, 
prevendo, no contrato de locação de espaço em shopping center, o pagamento em dobro do 
aluguel no mês de dezembro. 2. O controle judicial sobre eventuais cláusulas abusivas em 
contratos empresariais é mais restrito do que em outros setores do Direito Privado, pois as 
negociações são entabuladas entre profissionais da área empresarial, observando regras 
costumeiramente seguidas pelos integrantes desse setor da economia. 3. Concreção do 
princípio da autonomia privada no plano do Direito Empresarial, com maior força do que em 
outros setores do Direito Privado, em face da necessidade de prevalência dos princípios da 
livre iniciativa, da livre concorrência e da função social da empresa. 4. RECURSO ESPECIAL 
PROVIDO” (REsp 1409849/PR. Relator: Min. Paulo De Tarso Sanseverino. 3ª Turma. 
Julgado em: 26 abr. 2016. DJe: 5 maio 2016). 
 
 
Explicação: Um shopping locou uma área para que uma loja de venda de roupas se 
estabelecesse. O shopping cobrou, na 13ª parcela (dezembro), um valor duplicado do 
habitual. A loja alegou a abusividade inerente a tal cobrança. O tribunal de origem afastou a 
cobrança do aluguel em dobro (deu razão à loja), sustentando a sua argumentação na 
necessidade de se afastar uma cobrança manifestamente abusiva e de conciliar a autonomia 
privada com a função social do contrato. O shopping recorreu da decisão. A discussão da 
validade dessa cláusula contratual gira em torno dos princípios da autonomia privada e da 
função social do contrato, bem como da possibilidade de revisão contratual. O tribunal 
superior deu provimento ao recurso especial, argumentando com base nos arts. 421, CC e 
54, Lei de Locações. Compreendeu pela legalidade e ausência de abusividade da cláusula 
em questão, a qual é tradicional nesses tipos de contrato e comum viger na época de fim de 
ano, tendo em vista o aumento da despesa nesse período. Portanto, a decisão do tribunal 
de origem foi reformada. 
 
Características contemporâneas dos Contratos: 
Contratos simples, complexos, incompletos, mistos e coligados. 
A) - Quanto à complexidade 
 
 Amanda Rios 
 
a.1) contratos simples: Contratos simples são aqueles que possuem termos e condições claros e 
diretos, com poucas ou nenhuma contingência ou incerteza. Eles geralmente envolvem um número 
limitado de partes e são fáceis de entender e executar. Exemplos comuns incluem contratos de venda de 
bens ou serviços com termos padrão. 
a.2) Contratos complexos → ocorrem quando: 
1) houver elevado grau de incertezas, ou elevado número de contingências, quanto a seu 
cumprimento ou fruição das utilidades nele previstas: Esses contratos envolvem muitas incertezas 
ou contingências sobre seu cumprimento ou a fruição das utilidades previstas. Isso significa que há 
muitos fatores imprevisíveis que podem afetar a execução do contrato; 
2) dispersão ou variabilidade entre a magnitude das prestações e contraprestações na 
dinâmica ou fluxo de seu cumprimento (caso típico dos contratos cuja consecução do objeto 
contratual se desenvolva em ambiente de risco, ou aleatoriedade); e 
3) o entendimento do conteúdo contratual demande conhecimento amplo ou profundo 
 
Quanto maior a complexidade, maiores cautelas devem existir quando de sua celebração, 
concreção e monitoramento. Exemplos: shopping center, built to suit (BTS), franquia, 
distribuição, agência, societários empor exemplo, os casos de 
supressio e surrectio, bem como venire contra factum propium abordados em IED Privado 
II. 
Ex.: A assumiu a obrigação de entregar, mensalmente, um produto na residência de B 
situada em Salvador. Só que A entrega durante um ano a mercadoria na residência de B 
situada em Lauro de Freitas. B, de repente, resolve alegar que A está descumprindo o 
contrato. Isso configura abuso de direito – mais especificamente da categoria supressio e 
surrectio (inação + ação) – por parte de B, uma vez que as partes modificaram, tacitamente, 
o contrato. Nesse contexto, faz-se de suma importância resgatar o art. 330 do Código Civil. 
Art. 330 – CC: O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do credor 
relativamente ao previsto no contrato. 
É aconselhável que os efeitos sejam escritos em prol da segurança jurídica. 
 
b) Possibilidade de criação de contratos atípicos 
 Ex.: Contrato de hospedagem. 
Art. 425. É ilícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas 
neste Código. 
Não se pode ter objeto ilícito, indeterminado ou indeterminável. Não se pode ter incapaz 
celebrando contrato. Há limites impostos pelo próprio código. Hoje se fala em autonomia 
privada e não autonomia da vontade. Não são sinônimos. Autonomia privada trata-se do 
poder que o particular tem de criar, nos limites legais, normas jurídicas. Há, aqui, uma maior 
participação estatal. 
Modificação estrutural -> da autonomia da vontade à autonomia privada. 
 
2. Princípio da obrigatoriedade (força obrigatória - "pacta sunt servanda") 
-"O contrato tem força de lei entre as partes". devendo ser cumprido caso não haja nenhum 
evento patológico. 
-Obrigatoriedade do contrato e a possibilidade de sanção no caso de descumprimento; 
Faculta-se ao credor prejudicado exigir o cumprimento da obrigação juntamente com 
perdas e danos ou, eventualmente, não havendo mais sentido ou não mais sendo 
possível o cumprimento (inadimplemento absoluto), substitui-se a obrigação por uma 
indenização em dinheiro. 
O contrato promove segurança jurídica e confiança às partes envolvidas. 
 
 Amanda Rios 
 
As partes não podem alterar o conteúdo do contrato sem a concordância do outro 
contratante, a qual pode se dar de forma expressa ou tácita. Podem ocorrer, contudo, 
alterações implícitas provenientes de um padrão reiterado de condutas devido ao 
consentimento tácito da outra parte (vide os casos de supressio e surrectio). 
Autonomia e força obrigatória estão interligadas, de forma que ambas não são absolutas. A 
autonomia deliberada geraria insegurança jurídica. Por outro lado, em muitas ocasiões as 
partes não estão em paridade de armas, o que poderá impactar no cumprimento do contrato. 
Os contratos de adesão não permitem flexibilização ou negociação acerca de suas 
disposições: ou a pessoa aceita, ou não (ex.: contrato de fornecimento de internet, plano de 
saúde etc.). 
Há uma exceção pautada na Teoria da imprevisão – permissão da revisão do contrato 
em virtude de eventos novos e/ou imprevisíveis às partes, sem que estas tenham 
contribuído para a situação. 
 
3. Princípio da Relatividade dos efeitos dos contratos (res inter alios acta) 
Os efeitos do contrato se produzem apenas em relação às partes que manifestam a sua 
vontade, não afetando terceiros, estranhos ao negócio jurídico. 
Obs.: efeitos fora da regra normal. 
 
a) O contrato pode afetar um terceiro, mesmo que ele não faça parte do contrato. Ex.: 
Negócio jurídico que beneficie terceiros (vide a figura do fideicomisso* no Direito de Família); 
 
b) As relações contratuais são protegidas contra interferência nociva de terceiros (tutela 
externa do crédito – Teoria do terceiro ofensor ou terceiro cúmplice). 
Ex.: Assédio a empregado/contratado por parte de terceiro, o que interfere de forma negativa 
na relação entre patrão e empregado. Pode-se ingressar com uma ação contra o terceiro, 
para que este pare de interferir negativamente no contrato; 
 
Fideicomisso: Entrega-se um bem a uma pessoa (A) e caso outra (B) nasça ou haja 
determinado fato, ocorrerá a transferência da posse ao terceiro (B). 
Ex.: C entrega um relógio a A, o qual deve ser entregue a B (filho de C) após o seu 
nascimento; 
Ex.: C entrega um livro jurídico a A, o qual deve ser entregue a B após A finalizar o curso de 
direito; 
 
No que tange à coação, quando o terceiro pratica o ato, como regra geral, ele responde (o 
coator responde pela coação praticada contra o coacto). Se o beneficiado tiver ou devesse 
ter conhecimento do ato praticado, ele responde solidariamente por perdas e danos. Neste 
caso, o negócio jurídico é viciado e não subsiste. 
 
Art. 154 – CC: Vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro, se dela tivesse ou devesse ter 
conhecimento a parte a que aproveite, e esta responderá solidariamente com aquele por perdas e 
danos. 
 
 
 Amanda Rios 
 
Art. 155 – CC: Subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem que a parte a que 
aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o autor da coação responderá por todas 
as perdas e danos que houver causado ao coacto. 
 
Caso: suponha que a distribuidora de combustível firma contrato de exclusividade com um 
posto de combustível. Empresa C começa a vender combustível para este posto, 
consequentemente, este diminui as compras com a distribuidora. Certamente tinha cláusula 
de compra mínima. 
 
Diante disso, a distribuidora deve mover ação contra a Empresa C, pois é beneficiária e 
deveria saber do contrato de exclusividade (?) - art. 154, CC. 
 
#Princípios liberais modernos 
O dirigismo contratual e a ordem social do Estado. 
 
1. Princípio da boa-fé objetiva: padrão médio de conduta em uma relação contratual 
(obrigatório). 
Art. 422 – Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato como 
em sua execução, os princípios da probidade e boa-fé. 
 
A boa-fé se vincula aos deveres anexos – transparência, informação, cuidado, assistência, 
lealdade e proteção. Tais deveres decorrem da perspectiva da obrigação como processo. 
A boa-fé não é um princípio, e, sim, um estado psicológico em que a pessoa possui a crença 
de ser titular de um direito que, em verdade, só existe na aparência. A boa-fé que norteia o 
Direito Civil trata-se da boa-fé objetiva. É possível que a boa-fé objetiva seja violada sem 
que a boa-fé subjetiva seja. 
A boa-fé objetiva é um princípio defendido por Miguel Reale como um dos norteadores do 
Código Civil. Existe um modo que se espera que as partes ajam conforme. A boa-fé só é 
atendida se esse padrão ideal (se essa exigência) for atendido. 
A boa-fé objetiva "se traduz de forma mais perceptível como uma regra de conduta, um dever 
de agir de acordo com determinados padrões sociais estabelecidos reconhecidos" (Silvio 
Venosa) 
"Com a boa-fé... suprime-se a máscara abstratizante da "pessoa", que a todos iguais, 
entrando em cena a categoria em que o sujeito está inserido (inquilino, consumidor, 
segurado, turista) e as práticas negociais aplicáveis àqueles que executam esta posição 
econômica". (Judith Martins Costa) 
Portanto, o sujeito vai ser interpretado de acordo com o contexto (lugar, condição financeira 
etc.). 
É necessário analisar no caso concreto se a postura da parte gerou uma expectativa legítima 
na parte contrária. Tem comportamentos que são esperados de forma legítima, mas não 
necessariamente expressos no contrato. Daí o papel exercido pela boa-fé objetiva na análise 
do cumprimento contratual. Cada situação concreta é examinada isoladamente – e não em 
abstrato – a fim de se compreender as suas peculiaridades. Ex.: A prestação de um serviço 
associada à publicidade gera a expectativa legítima da propaganda atingir o maior número 
de pessoas. Afinal, para que se realizar campanhas senão para atingir pessoas? 
 
 Amanda Rios 
 
 
Funções: 
a)geral, edificação de obras, parcerias industriais, 
transferência de tecnologia, intermediação, colaboração empresarial, dentre os quais, joint 
ventures, contratuais e societárias, contratos atípicos, os acordos sociais e parassociais, os 
convênios, os acordos operacionais, de gestão, de participação e renda, de cessão e 
licenciamento de marcas, patentes. 
Prevenção de litígios: comitê para resolução de conflitos (Dispute boards), cláusulas de 
incentivo ao adimplemento (cláusulas penais, por exemplo), cláusulas criadoras de negócios 
jurídicos processuais. 
 
Aula dia 29/10: 
Contratos Completos e Incompletos 
B) Quanto ao grau de preenchimento do conteúdo contratual: 
B.1) Completos: São os capazes de especificar todas as características físicas de uma 
transação, como data, localização, preço e quantidade. Todas as informações necessárias 
já estão presentes; 
 
B.2) Incompletos: 
a) Conceito: No contrato incompleto, as partes, deliberadamente, optam por deixar em 
branco determinados elementos da relação contratual, como forma de gestão do risco 
econômico superveniente, os quais serão determinados, em momento futuro, pela atuação 
de uma ou ambas as partes, de terceiro ou mediante fatores externos, segundo o 
procedimento contratualmente previsto para a integração da lacuna (Paula Greco). Não 
regula aquela matéria, não por esquecimento, mas por vontade de preferir resolver o 
problema no futuro. 
 
Quando há a contratação, as partes devem se preocupar com o não adimplemento do 
contrato (risco). Ex.: Vicente contrata com amanda e ela não entrega dentro do prazo/ não 
entrega. Vicente pode também não pagar/ pagar apenas uma parte. Todos os riscos 
envolvidos estarão regulados no contrato. Consequências: multa moratória (atraso/ 
 
 Amanda Rios 
 
cumprimento imperfeito da obrigação). Em contratos mais complexos, Vicente pode 
combinar com Pedro que determinados riscos contratuais podem ser resolvidos no futuro – 
se ocorrerem e quando ocorrerem. Estabelece-se apenas um critério de resolução do 
problema futuro. É possível estabelecer como um problema emergente será resolvido, caso 
se concretize no futuro (deliberar sobre uma eventual falha geológica que venha a impactar 
na construção, por exemplo). 
 
b) o risco econômico (contratual) → possibilidade de variação econômica positiva ou 
negativa no patrimônio de uma pessoa - ao risco econômico está associada à álea normal e 
a extraordinária dos contratos comutativos. Não é lesão, mas o risco natural de uma das 
partes se dar bem e a outra, se dar mal. O risco econômico (risco contratual) compreende 
o: 
i) risco de inadimplemento (do devedor, de terceiro, caso fortuito etc.); 
ii) risco de diminuição da satisfação econômica do contrato. Pode ser considerado como a 
álea normal do contrato. (ex.: combina-se um produto e a contraparte entrega um produto 
inferior) 
 
c) o risco jurídico (álea jurídica) → contratos aleatórios: em casos de inadimplemento 
contratual, pode-se exigir o cumprimento. Nos contratos aleatórios, a parte pode não 
entregar o combinado e não ser considerado inadimplemento contratual. ex.: A comprou 
safra de soja e a plantação não gerou colheita (sem culpa/ dolo do produtor). A terá que 
pagar. 
 
Contratos Incompletos: estabelece-se o critério de resolução, não se estabelece a solução. 
d) Incidência dos contratos incompletos → incide sobre as relações paritárias, sem 
assimetria informacional. Logo, por consequência, não se pode aplicar em contrato de 
consumo, pois o consumidor assume uma posição de desconhecimento, uma vez que as 
partes estão em evidência assimetria de informações, já que tudo é deliberado pelo 
fornecedor, sendo o consumidor o vulnerável dessa relação jurídica. Não cabível nos 
contratos de natureza existencial, e naqueles em que haja um vulnerável. 
 
e) A alocação de riscos através da gestão positiva (riscos previsíveis) e gestão negativa da 
álea normal (riscos previsíveis não regulados previamente). Risco contratual → Repartição 
dos riscos como forma de definir o equilíbrio do negócio (possibilidade de maior risco para 
um, ou da cláusula de exclusão de responsabilidade). 
 
• De uma gestão positiva da álea normal: De antemão são estabelecidos 
procedimentos para a gestão dos riscos (ex.: uma multa de R$ 200.000,00 no caso 
de inadimplemento contratual); 
• De uma gestão negativa da álea normal: Presente quando é custosa a tarefa de 
prever, antecipadamente, a gestão de riscos detalhadamente. Nesse sentido, há 
lacunas no contrato, as quais serão preenchidas posteriormente (seja por uma das 
partes, por ambas, por um terceiro ou por um procedimento específico); 
Nos contratos incompletos vige, portanto, a gestão negativa da álea normal. No contrato 
incompleto vige o “decidir não decidir”, isto é, não alocação voluntária do risco econômico. 
 
 Amanda Rios 
 
Os contratos incompletos exigem, de forma mais acentuada, o agir ético (boa-fé) e a 
cooperação entre as partes. Os contratos incompletos tendem, desse modo, a funcionar 
melhor quando os contratantes já se conhecem e apresentam um bom relacionamento. A 
incompletude contratual traz como grande benefício a redução da onerosidade (de tempo e 
de dinheiro) da gestão dos riscos. 
 
f) A rigidez dos parâmetros ajustados → natureza empresarial: o critério uma vez ajustado, 
não pode ser modificado, em prol da segurança jurídica. 
 
g) Vantagens propiciadas pela incompletude contratual → maior flexibilidade contratual em 
contextos de incerteza; redução dos custos de transação. Muitas vezes, são elevados os 
custos para prever todos os riscos dos contratos, sobretudo os que apresentam conotação 
punitiva. Daí, é mais vantajoso às partes inserir cláusulas abertas no contrato para que, em 
um momento oportuno do futuro, preenchê-las através da atuação de uma das partes, de 
ambas as partes, de um terceiro ou a partir de um procedimento objetivo. 
 
Obs.1: Os contratos incompletos incidem, geralmente, em contratos empresariais de longo 
prazo, de alto valor e de alta complexidade. Podem ser citados, nesse cenário, os contratos 
de execução continuada ou diferida. É uma regra que comporta exceções. 
 
Obs.2: No caso do plano de saúde, ele é considerado um contrato aleatório porque a prestação do 
serviço (cobertura de despesas médicas) depende de eventos futuros e incertos (necessidade de 
tratamento médico). No entanto, ele não é incompleto porque as condições e os serviços cobertos estão 
claramente definidos no contrato. 
 
h) Modalidades de preenchimento dos contratos incompletos 
h.1) Preenchimento de lacuna por terceiro: 
Art. 485. A fixação do preço pode ser deixada ao arbítrio de terceiro, que os contratantes 
logo designarem ou prometerem designar. Se o terceiro não aceitar a incumbência, ficará 
sem efeito o contrato, salvo quando acordarem os contratantes designar outra pessoa 
Art. 596 - Não se tendo estipulado, nem chegado a acordo as partes, fixar-se-á por 
arbitramento a retribuição, segundo o costume do lugar, o tempo de serviço e sua qualidade. 
(no contrato de prestação de serviços). 
Ex.: Você contrata alguém para realizar um serviço e combinam que o valor será decidido 
posteriormente. Se não houver acordo sobre o valor, pode-se nomear um árbitro para determinar a 
remuneração, considerando todas as variáveis mencionadas. 
Art. 628 - O contrato de depósito é gratuito, exceto se houver convenção em contrário, se 
resultante de atividade negocial ou se o depositário o praticar por profissão. 
Parágrafo único. Se o depósito for oneroso e a retribuição do depositário não constar de lei, 
nem resultar de ajuste, será determinada pelos usos do lugar, e, na falta destes, por 
arbitramento. 
Ex.: Em contratos com cláusula de arbitragem, pode-se considerar que o contrato é incompleto, pois a 
solução de possíveis problemas é delegada a um terceiro (o árbitro). 
 
 
 Amanda Riosh.2) Preenchimento de lacuna por determinação unilateral → obrigações alternativas 
Art. 695. O comissário é obrigado a agir de conformidade com as ordens e instruções do 
comitente, devendo, na falta destas, não podendo pedi-las a tempo, proceder segundo os 
usos em casos semelhantes. 
Parágrafo único. Ter-se-ão por justificados os atos do comissário, se deles houver resultado 
vantagem para o comitente, e ainda no caso em que, não admitindo demora a realização do 
negócio, o comissário agiu de acordo com os usos. 
Art. 699. Presume-se o comissário autorizado a conceder dilação do prazo para pagamento, 
na conformidade dos usos do lugar onde se realizar o negócio, se não houver instruções 
diversas do comitente. 
Exemplo: Se um comissário está vendendo mercadorias e o comprador pede mais tempo para 
pagar, o comissário pode conceder essa prorrogação se isso for comum na região e se o comitente não 
tiver instruído o contrário. 
Preocupação básica em um preenchimento unilateral é quem preencher se beneficiar mais 
do que a contraparte. 
 
h.3) Preenchimento da lacuna por ambas as partes: As partes, em comum acordo, 
preenchem a lacuna. 
 
h.4) Preenchimento da lacuna por fatores externos: Trata-se de um fator não subjetivo, tais 
como os índices de mercado. ex.: pagar-se-á conforme a IBOVESPA. 
Art. 486. Também se poderá deixar a fixação do preço à taxa de mercado ou de bolsa, em 
certo e determinado dia e lugar. 
i) Distinção do contrato incompleto de figuras afins 
i.1) Em relação ao contrato aleatório → Nos contratos aleatórios, a incerteza recai, na 
existência da prestação e/ou na sua consistência física (peso, número e medida – quantum). 
Nada impede, porém, que exista negócio jurídico incompleto aleatório. 
i.2) Em relação ao contrato preliminar → O contrato incompleto é ajuste definitivo desejado 
pelas partes, que deverão apenas colmatar as lacunas em momento futuro, mediante o 
procedimento previsto no contrato e segundo os critérios predeterminados. Contrato 
preliminar já estabelecido que vai impulsionar o contrato do futuro. O que vai mudar do 
contrato do futuro é a forma. 
 
OBS: O contrato incompleto não se confunde com o contrato preliminar. O contrato 
preliminar, com exceção da forma (livre), deve conter todas as cláusulas do contrato 
definitivo. Caso o contrato preliminar fosse incompleto, seria impossível impor o 
cumprimento da obrigação. 
 
Modelos de cláusulas em contratos incompletos: 
A) COM PREENCHIMENTO PELAS PARTES E POR TERCEIROS, AO MESMO TEMPO • 
1. Estrutura da Transação. A Transação será implementada em três etapas. 
• 1.1. Na primeira etapa, a Compradora deverá subscrever e integralizar as Ações Ordinárias 
representativas de 20% do total de ações de emissão da companhia detidas pelo Vendedor, 
pelo preço certo e ajustado de R$ XXXXXX 
 
 Amanda Rios 
 
• 1.2. Na segunda etapa, a Compradora deverá tornar-se titular de Ações Ordinárias 
representativas, à época de tal aquisição, de 50% do total de ações de emissão da 
Companhia então detidas pelo Vendedor, por meio de operação a ser definida de comum 
acordo entre as partes. 
• 1.3. Na terceira etapa, a Compradora deverá tornar-se titular de Ações Ordinárias 
representativas, à época da aquisição, do total de ações de emissão da Companhia então 
detidas pelo Vendedor. 
1.4. A estrutura de aquisição aplicável à segunda e terceira etapas será definida de comum 
acordo entre as Partes no prazo de 15 (quinze) dias da data em que a Compradora fizer a 
opção pela forma de pagamento naquela etapa, conforme as cláusulas X e Y. Caso as partes 
não cheguem a um acordo nesse prazo, prevalecerá uma estrutura de aquisição similar 
àquela adotada para a aquisição, pela Compradora, das ações ordinárias na primeira etapa. 
2. Segunda e terceira etapas. Na segunda etapa da Transação, a se real izar após o terceiro 
aniversário da Data de Fechamento, a Compradora compromete-se a adquirir e o Vendedor 
compromete-se a alienar 50% (cinquenta por cento) da Participação Remanescente na 
Companhia. Na terceira e última etapa da Transação, a se realizar após o quinto aniversário 
da Data de Fechamento, a Compradora compromete-se a adquirir e o Vendedor 
compromete-se a alienar a totalidade da Participação Remanescente na Companhia. Os 
preços da segunda e terceira etapas serão calculados com base nos respectivos resultados 
de avaliações da Companhia. 
2.1. O valor a ser atribuído à Parcela Remanescente será determinado através de avaliação 
econômico-financeira da Companhia, a ser realizada após o terceiro e quinto aniversários 
da Data de Fechamento, com base (i) nos balanços patrimoniais consolidados da 
Companhia, preparados e auditados por auditores independentes desta, datados 
respectivamente de 30 de setembro de 2010 e 30 de setembro de 2012, e (ii) na metodologia 
de fluxo de caixa descontado de longo prazo, incluindo o valor terminal (Avaliação da 
Companhia). As Avaliações da Companhia deverão ser realizadas por um Banco de 
Investimentos independente escolhido a partir da seguinte lista: JP Morgan, Itaú BBA, Credit 
Suisse, Goldman Sachs e UBS (Banco de Investimentos). Cada um dos Bancos de 
Investimentos contratados terá até 30 (trinta) dias contados do respectivo recebimento dos 
balanços patrimoniais consolidados da Companhia para concluir as Avaliações da 
Companhia e notificar as Partes dos respectivos resultados. 
 
COM PREENCHIMENTO DA LACUNA POR FATORES EXTERNOS X obriga-se a 
assegurar a compra da energia elétrica gerada pela Usina Y nos montantes e pelo valor em 
cada momento aprovado e/ou homologado pela ANEEL para fins de repasse do preço de 
compra de energia elétrica para as tarifas das distribuidoras * O preço da energia é lacunoso, 
e será determinado a partir de fator externo → aprovação pela ANEEL do montante e do 
valor da energia que pode ser repassado para as tarifas cobradas, pelas distribuidoras, aos 
consumidores. O valor do preço da energia sujeita-se à variação de mercado e ao controle 
da agência de reguladora. 
CLÁUSULA EM CONTRATO PRELIMINAR INCOMPLETO (Preenchimento da lacuna por 
fatores externos) X e Y concordam em celebrar contrato de fornecimento de gás natural, 
pelo prazo de 20 (vinte) anos, contados da data de início da operação comercial da Usina, 
para suprir Y com 100% do volume necessário para a produção pela Usina, em sua plena 
 
 Amanda Rios 
 
capacidade operacional, de energia elétrica e vapor. O preço do gás será aquele definido 
pelo Programa Prioritário de Termeletricidade (PPT), desde que a Usina permaneça no PPT. 
As partes se obrigam a firmar contrato definitivo no futuro, mas deixam cláusu las em aberto, 
ajustando apenas prazo, volume do gás e preço, com cláusula condicional de que a Usina 
permaneça no PPT 
 
Contratos mistos, coligados e redes contratuais 
1 - Contratos mistos: “É o que resulta da combinação de elementos de diferentes contratos, 
formando nova espécie contratual não esquematizada na lei” (Orlando Gomes). O contrato 
misto trata-se de um contrato atípico e representa uma figura diferente das partes que o 
compõe. 
 
2 - Contratos coligados 
2.1. Conceito: a coligação contratual é “uma pluralidade de contratos e de relações jurídicas 
contratuais estruturalmente distintos, porém vinculados, ligados, que compõem uma única e 
mesma operação econômica, com potenciais consequências no plano da validade (mediante 
a eventual contagiação de invalidades) e no plano da eficácia (em temas como o 
inadimplemento, o poder de resolução, a oposição da exceção do contrato não cumprido, a 
abrangência da cláusula compromissória, entre outros)” (Rodrigo Xavier Leon ardo). 
CONTRATO MISTO CONTRATO COLIGADO 
Contrato único, o qual apresenta 
disposições de diferentes contratos. 
Engloba, portanto, características de mais 
de um tipo de contrato em um documento 
único. 
Junção de contratos distintos para o 
mesmo fim. Não há, portanto, unidade 
contratual.2.2. Elementos do contrato coligado: 
a) pluralidade de contratos, não necessariamente celebrados entre as mesmas partes: 
b) vínculo de dependência unilateral ou recíproca 
 
A coligação contratual retrata o gênero das situações em que duas ou mais diferentes 
relações contratuais se encontram vinculadas, ligadas, promovendo alguma eficácia para 
contratual (Rodrigo Xavier Leonardo) 
 
2.3. A interpretação (causa comum de cada contrato e causa sistemática da coligação) 
• Enunciado 420 da V Jornada: “Os contratos coligados devem ser interpretados segundo 
os critérios hermenêuticos do Código Civil, em especial os dos arts. 112 e 113, considerada 
a sua conexão funcional” 
• Enunciado 621 da VIII Jornada: Os contratos coligados devem ser interpretados a partir 
do exame do conjunto das cláusulas contratuais, de forma a privilegiar a finalidade negocial 
que lhes é comum 
“Os contratos coligados são aqueles que, apesar de sua autonomia, se reúnem por nexo 
econômico funcional, em que as vicissitudes de um podem influir no outro, dentro da malha 
contratual na qual estão inseridos. Nesse passo e em uma perspectiva funcional dos 
contratos, deve-se ter em conta que a invalidade da obrigação principal não apenas 
 
 Amanda Rios 
 
contamina o contrato acessório (CC, art. 184), estendendo-se, também, aos contratos 
coligados, intermediário entre os contratos principais e acessórios, pelos quais a resolução 
de um influenciará diretamente na existência do outro” (REsp 1141985/PR, Rel. Min. Luís 
Felipe Salomão, 4ª T., DJe 7.4.2014). 
Contratos Coligados. O Tribunal de origem, com base no exame das cláusulas contratuais, 
consignou que o contrato de financiamento se destinou, exclusivamente, à aquisição de 
produtos da Companhia de Petróleo, havendo sido firmado com o propósito de incrementar 
a comercialização dos produtos de sua marca no posto de serviço, obrigando-se o posto 
revendedor a aplicar o financiamento recebido na movimentação do posto. O acórdão 
recorrido extraiu a conclusão de que as prestações assumidas pelas partes nos contratos 
de financiamento e de fornecimento de produtos são interdependentes, considerando 
evidenciada a conexão entre os contratos. Considerando que a finalidade das partes ao 
celebrar o contrato de financiamento, no caso concreto, era, em última análise, fomentar a 
atividade principal de distribuição e revenda de combustíveis, mostra-se evidente a relação 
de interdependência entre os contratos, a ensejar a possibilidade da arguição da exceção 
de contrato não cumprido, independentemente da existência de cláusu la expressa. 
Efetivamente, é justamente a existência de obrigações recíprocas e interdependentes que 
dá azo à arguição da exceção de contrato não cumprido” (REsp 985.531-SP, 3ª T., Rel. Min. 
Vasco Della Giustina (Desembargador convocado do TJ-RS), j. em 1º.9.2009) 
 
2.4 - A questão das invalidades 
CDC. Art 54-F. São conexos, coligados ou interdependentes, entre outros, o contrato 
principal de fornecimento de produto ou serviço e os contratos acessórios de crédito que lhe 
garantam o financiamento quando o fornecedor de crédito: 
I - recorrer aos serviços do fornecedor de produto ou serviço para a preparação ou a 
conclusão do contrato de crédito; 
II - oferecer o crédito no local da atividade empresarial do fornecedor de produto ou serviço 
financiado ou onde o contrato principal for celebrado. 
§ 1º O exercício do direito de arrependimento nas hipóteses previstas neste Código, no 
contrato principal ou no contrato de crédito, implica a resolução de pleno direito do contrato 
que lhe seja conexo. 
§ 2º Nos casos dos incisos I e II do caput deste artigo, se houver inexecução de qualquer 
das obrigações e deveres do fornecedor de produto ou serviço, o consumidor poderá 
requerer a rescisão do contrato não cumprido contra o fornecedor do crédito. 
 
3. Redes contratuais: “Configuram-se redes de contratos quando cada contrato tem 
sucessivamente por objeto a mesma coisa, o mesmo serviço, o mesmo objeto da prestação” 
(Lais Bergstein) 
• Pressupõem dois ou mais contratos interligados por um articulado e estável nexo 
econômico, funcional e sistemático que se destina à oferta de produtos e serviços ao 
mercado para consumo. 
 
4. Contratos cativos de longa duração: aqueles cujas prestações se alongam no tempo, com 
uma fase de execução contratual com obrigações duradouras. A satisfação total das 
partes depende da continuação desta relação jurídica, pois o contrato desenvolve 
 
 Amanda Rios 
 
seus efeitos justamente através da passagem do tempo. São geralmente formados a 
partir de fortes campanhas de propaganda na busca da captação de clientes, daí, o termo 
“catividade”. Envolve, portanto, métodos de contratação em massa. Contratos que 
apresentam um valor/ necessidade para o contratante. Ex.: contratos de planos de saúde. 
 
EXTINÇÃO DOS CONTRATOS 
• Extinção normal do contrato pelo cumprimento → adimplemento. As duas partes realizam 
as suas respectivas prestações e a obrigação é quitada. 
 
• Extinção do contrato sem cumprimento 
1. Extinção por causas anteriores ou concomitantes à formação do contrato: Todo defeito 
invalidade é sempre anterior ou concomitante ao momento da contratação, ainda que se 
manifeste em momento futuro, na execução contratual. 
1.1 – Nulidade absoluta e relativa; 
a) nulidade absoluta → arts. 166 e 167. 
Art. 166, VII - a lei taxativamente o declarar nulo (nulidade textual), ou proibir-lhe a prática, 
sem cominar sanção (nulidade virtual). 
Destarte, quando não há sanção cominada, entende-se, implicitamente, que essa é a 
nulidade. É nulo, por exemplo, o contrato celebrado com absolutamente incapaz. 
b) nulidade relativa (anulabilidade) → Além do conhecido 171 (que trata dos vícios de 
vontade e vício social), podemos citar os arts. 119 (negócio concluído pelo representante em 
conflito de interesses com o representado), 496 (venda de ascendente para descendente 
não havendo autorização dos demais descendentes e do cônjuge do alienante), 1.649 
(compra e venda de imóvel, doação e fiança sem que ocorra a outorga conjugal), etc. 
 
1.2 - Direito de arrependimento. → Art. 420. Se no contrato for estipulado o direito de 
arrependimento para qualquer das partes, as arras ou sinal terão função unicamente 
indenizatória. Neste caso, quem as deu perdê-las-á em benefício da outra parte; e quem as 
recebeu devolvê-las-á, mais o equivalente. Em ambos os casos não haverá direito a 
indenização suplementar 
Não se confunde com o direito de arrependimento de origem legal previsto no art. 49 do 
CDC 
Como o exercício da cláusula de arrependimento não acarreta descumprimento no contrato, 
a compensação eventualmente prevista para o exercício desse direito (a multa penitencial) 
não terá a função de cláusula penal. É o preço pelo exercício desse direito de 
arrependimento. 
 
2 - Extinção por causas supervenientes à formação do contrato: Aqui, o contrato atende ao 
plano da validade, porém, fatos supervenientes à sua celebração, geram sua na ineficácia, 
pela resolução ou pela resilição, ou sejam por impedimento de ordem extrínseca 
A Rescisão (que é o gênero) possui as seguintes espécies: 
a) Resolução (extinção do contrato por descumprimento) 
b) Resilição (dissolução por vontade bilateral ou unilateral, quando admissível por lei, de 
forma expressa ou implícita, pelo reconhecimento de um direito potestativo). 
 
 
 Amanda Rios 
 
2.1 – inexecução involuntária (caso fortuito ou força maior) → art. 393 * Ausência de 
responsabilidade pela quebra do nexo causal * Possibilidade, contudo, de 
responsabilização: a) se expressamente previsto, com renúncia ao direito de invocar as 
causas excludentes; b) Se o devedor estiver em mora, a não ser que prove ausência de 
culpa ou que a perda da coisa objeto da obrigação ocorreria mesmo não havendo o atraso 
(art. 399) c) Em casos previstos em lei, v.g. se, em caso de risco,o comodatário salvar seus 
bens, e não salvar os do comodante, mesmo que o fato tenha ocorrido por caso fortuito ou 
força maior (art. 583) 
 
2.2 – Inexecução voluntária 
A resolução produz efeitos ex-tunc; extingue o contrato e obriga a restituições recíprocas, 
salvo nos contratos de trato sucessivo, cujos efeitos são ex-nunc, porque não se apagarão 
os efeitos pretéritos, não havendo devolução do que já foi cumprido. 
Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não 
preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas 
e danos. 
Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e 
atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de 
advogado. 
Art. 390. Nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente desde o dia em que 
executou o ato de que se devia abster. 
Assim, a inexecução voluntária conduz a várias alternativas: 
a) Extinção do vínculo obrigacional (mais perdas e danos) 
b) Cumprimento forçado da obrigação (mais perdas e danos) 
c) Manutenção do contrato com direito ao abatimento do valor do bem ou serviço 
inadequadamente prestado 
c) Assegura ao devedor o ressarcimento pelo credor (mora creditoris) 
Enunciado 31 da 1ª Jornada de Direito Civil: As perdas e danos mencionados no art. 475 do 
novo Código Civil dependem da imputabilidade da causa da possível resolução A 
responsabilidade contratual é, em regra, subjetiva → art. 392 do CC Art. 392: Nos contra tos 
benéficos, responde por simples culpa o contratante, a quem o contrato aproveite, e por dolo 
aquele a quem não favoreça. Nos contratos onerosos, responde cada uma das partes por 
culpa, salvo as exceções previstas em lei. O ônus da prova cabe ao contratante que foi 
apontado como violador do contrato Enunciado nº 548 da VI Jornada: Caracterizada a 
violação de dever contratual, incumbe ao devedor o ônus de demonstrar que o fato causador 
do dano não lhe pode ser imputado. 
 
2.2.1 – Cláusula resolutiva (arts. 474/475) 
Art. 474. A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende de 
interpelação judicial. 
a) Cláusula resolutiva tácita → existente em todo contrato sinalagmático, mesmo na omissão 
do contrato, o contratante pode promover ação visando a obter a decretação da resolução. 
b) Cláusula resolutiva expressa (pacto comissório) Prevista pelas partes que estabelece o 
evento que, ocorrendo, ensejará a resolução contratual. É necessária a exata indicação das 
 
 Amanda Rios 
 
cláusulas que, eventualmente violadas, poderão gerar a resolução. A inexecução prevista 
pelas partes deve ser suficientemente grave para gerar a extinção contratual. 
 
Logo, a cláusula não pode ser genérica, senão, será mera cláusula de estilo. 
Apesar do texto legal, o entendimento jurisprudencial majoritário, inclusive do STJ, é (ou 
era*) no sentido de exigir a propositura de ação, em certos contratos, a propositura de ação 
de resolução contratual. Algumas justificativas geram a necessidade da constituição em 
mora, mesmo com pacto comissório: 
a) Previsão legal - promessa de compra e venda de imóvel não loteado (Decreto-Lei n. 
745/69)*. Contudo, esse artigo foi substancialmente modificado em seu art. 1º, parágrafo 
único: 
Art. 1 o Nos contratos a que se refere o art. 22 do Decreto-Lei no 58, de 10 de dezembro de 
1937, ainda que não tenham sido registrados junto ao Cartório de Registro de Imóveis 
competente, o inadimplemento absoluto do promissário comprador só se caracterizará se, 
interpelado por via judicial ou por intermédio de cartório de Registro de Títulos e 
Documentos, deixar de purgar a mora, no prazo de 15 (quinze) dias contados do recebimento 
da interpelação. 
Parágrafo único. Nos contratos nos quais conste cláusula resolutiva expressa, a resolução 
por inadimplemento do promissário comprador se operará de pleno direito (art. 474 do 
Código Civil), desde que decorrido o prazo previsto na interpelação referida no caput, sem 
purga da mora 
 
Obs. – Essa hipótese não transforma a mora ex re em mora ex persona, pois a mora ocorrerá 
desde o vencimento da obrigação (art. 397), porém, a notificação se torna pressuposto 
essencial para a eficácia da resolução contratual. 
b) jurisprudência → Súmula n. 369, STJ: No contrato de arrendamento mercantil (leasing), 
ainda que haja cláusula resolutiva expressa, é necessária a notificação prévia do 
arrendatário para constituí-lo em mora. c) Para o Judiciário analisar se, de fato, houve o 
inadimplemento do devedor, a validade da própria cláusula, pois a mesma não afasta a 
discussão sobre a boa-fé e os princípios que regem os contratos. Mudança do 
posicionamento do STJ: REsp 1.789.863 – MS: overulling? 
 
Rescisão. Compromisso. Compra e venda. Esbulho. A questão está em saber se. diante de 
compromisso de compra e venda de bem imóvel com cláusula resolutória expressa, pode 
haver ação direta de reintegração de posse após notificação da mora, com deferimento de 
liminar, ou se há necessidade de prévia resolução judicial do pré-contrato. O Min. Relator 
destacou que este Superior Tribunal preconiza ser imprescindível a prévia manifestação 
judicial na hipótese de rescisão de compromisso de compra e venda de imóvel, para que 
seja consumada a resolução do contrato, ainda que existente cláusula resolutória expressa, 
diante da necessidade de observância do princípio da boa-fé objetiva a nortear os contratos. 
Por conseguinte, não há falar em antecipação de tutela reintegratória de posse antes de 
resolvido o contrato de compromisso de compra e venda, pois, somente após a resolução é 
que poderá haver posse injusta e será avaliado o alegado esbulho possessório. Diante disso, 
a Turma conheceu em parte do recurso e, nessa parte, deu-lhe provimento para afastar a 
 
 Amanda Rios 
 
concessão da tutela antecipada. (STJ, REsp n. 620.787/SP, rei. Min. luis Felipe Salomão, j. 
14.04.2009) 
 
RECURSO ESPECIAL – AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE – COMPROMISSO DE 
COMPRA E VENDA DE IMÓVEL RURAL COM CLÁUSULA DE RESOLUÇÃO EXPRESSA 
– INADIMPLEMENTO DO COMPROMISSÁRIO COMPRADOR QUE NÃO EFETUOU O 
PAGAMENTO DAS PRESTAÇÕES AJUSTADAS – MORA COMPROVADA POR 
NOTIFICAÇÃO EXTRAJUDICIAL E DECURSO DO PRAZO PARA A PURGAÇÃO – 
INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS QUE JULGARAM PROCEDENTE O PEDIDO 
REINTEGRATÓRIO REPUTANDO DESNECESSÁRIO O PRÉVIO AJUIZAMENTO DE 
DEMANDA JUDICIAL PARA A RESOLUÇÃO CONTRATUAL - INSURGÊNCIA DO 
DEVEDOR – RECLAMO DESPROVIDO. Controvérsia: possibilidade de manejo de ação 
possessória fundada em cláusula resolutiva expressa decorrente de inadimplemento de 
contrato de compromisso de compra e venda imobiliária, sem que tenha sido ajuizada, de 
modo prévio ou concomitante, demanda judicial objetivando rescindir o ajuste firmado. III. 
Inexiste óbice para a aplicação de cláusula resolutiva expressa em contratos de 
compromisso de compra e venda, porquanto, após notificado/interpelado o compromissário 
comprador inadimplente (devedor) e decorrido o prazo sem a purgação da mora, abre-se ao 
compromissário vendedor a faculdade de exercer o direito potestativo concedido pela 
cláusula resolutiva expressa para a resolução da relação jurídica extrajudicialmente. IV. 
Impor à parte prejudicada o ajuizamento de demanda judicial para obter a resolução do 
contrato quando esse estabelece em seu favor a garantia de cláusula resolutória expressa, 
é impingir-lhe ônus demasiado e obrigação contrária ao texto expresso da lei, 
desprestigiando o princípio da autonomia da vontade, da não intervenção do Estado nas 
relações negociais, criando obrigação que refoge o texto da lei e a verdadeira intenção 
legislativa. VI. Recurso especial conhecido em parte e, na extensão, desprovido (REsp 
1.789.863 – MS, 4ª Turma, Rel. Min. Marco Buzzi. Publ 04/10/2021) 
2.2.2 – Resolução por onerosidade excessiva (art. 478 a 480) 
2.2.3 - Exceção do contratonão cumprido (exceptio non adimpleti contractus) 
Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua 
obrigação, pode exigir o implemento da do outro. A prestação a ser retida se torna exigível 
juntamente ou após aquela inadimplida 
OBS - Exceptio non rite adimpleti contractus. Aqui, a realização da prestação faz presumir a 
regularidade do pagamento, logo, cabe ao excipiente o ônus de provar a inadequação do 
adimplemento realizado. 
2.2.4 - Exceção de inseguridade (Garantia de execução da obrigação a prazo) Art. 477. Se, 
depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes contratantes diminuição em seu 
patrimônio capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestação pela qual se obrigou, pode 
a outra recusar-se à prestação que lhe incumbe, até que aquela satisfaça a que lhe compete 
ou dê garantia bastante de satisfazê-la Enunciado nº. 437 da V Jornada de Direito Civil: “A 
exceção de inseguridade, prevista no art. 477, também pode ser oposta à parte cuja conduta 
põe manifestamente em risco a execução do programa contratual” 
2.2.5 – Resolução por frustração do objeto do contrato Enunciado nº 166 da III Jornada de 
Direito Civil: “A frustração do fim do contrato, como hipótese que não se confunde com a 
impossibilidade da prestação ou com a excessiva onerosidade, tem guarida no Direito 
 
 Amanda Rios 
 
brasileiro pela aplicação do art. 421 do Código Civil”. a) as prestações são perfeitamente 
exequíveis; b) o preço não se alterou; c) Mas, o contrato não tem mais utilidade. 
2.2.6 - Quebra antecipada do contrato (antecipatory breach of contract) Enunciado nº 436 
da V Jornada: “A resolução da relação jurídica contratual também pode decorrer do 
inadimplemento antecipado” Requisitos (Judith Martins Costa): a) tratar-se de uma violação 
grave do contrato → “justa causa” à resolução; b) haver plena certeza de que o cumprimento 
não se dará até o vencimento; c) o devedor agir culposamente, declarando que não cumprirá, 
ou ao se omitir quanto à execução do contrato, permanecendo inerte de modo que nada, em 
seu comportamento, revele a disposição para a prática dos atos de execução 
 
2.3 – Resilição → não decorre de inadimplemento contratual, mas da manifestação de 
vontade de um ou de ambos os contratantes em desfazer o contrato. 
a) bilateral (distrato) 
b) unilateral Art. 472. O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato 
(paralelismo de forma) 
* Se o negócio jurídico não for necessariamente solene por determinação legal, o distrato 
seja efetuado de outra forma 
Art. 473. A resilição unilateral, nos casos em que a lei expressa ou implicitamente o permita, 
opera mediante denúncia notificada à outra parte. 
• A resilição unilateral é possível de ser exercida: 
• a) nos contratos por prazo indeterminado; 
• b) de execução continuada ou periódica; 
• c) nos contratos de atividade 
• Não depende de pronunciamento judicial e produz efeitos ex-nunc → quando chega ao 
conhecimento do outro contratante. 
A lei a admite nos contatos baseados em uma especial relação de confiança entre as partes 
(mandato, deposito, comodato). Ex: Art. 682. Cessa o mandato: I - pela revogação ou pela 
renúncia A notificação pode ser judicial ou extrajudicial (Cartórios de Títulos e Documentos 
ou por carta com aviso de recebimento). Parágrafo único. Se, porém, dada a natureza do 
contrato, uma das partes houver feito investimentos consideráveis para a sua execução, a 
denúncia unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido prazo compatível com a 
natureza e o vulto dos investimentos. 
Exemplos de resilição unilateral: 
• a) Denúncia vazia e cheia 
• b) Revogação e renúncia : espécies de resilição unilateral cabível quando há quebra de 
confiança em contratos onde ela é elemento essencial 
• c) Exoneração por ato unilateral – art. 835 CC e art. 40, X da Lei 8.245/1991 
• Art. 835. O fiador poderá exonerar-se da fiança que tiver assinado sem limitação de tempo, 
sempre que lhe convier, ficando obrigado por todos os efeitos da fiança, durante sessenta 
dias após a notificação do credor. 
 
2.4 - Morte de um dos contratantes → só extingue o contrato se for intuito personae, pois as 
obrigações contratuais transferem-se aos herdeiros do contratante falecido (respondem 
pelas “forças da herança”). Ex.: Pedro contratou uma artista para produzir um quadro. Artista 
morre. Não passa para o espólio, pois é intuito personae. 
 
 Amanda Rios 
 
Assim, se o falecido era fiador, a dívida que ele se responsabilizou em vida e existente ao 
tempo de sua morte, será assumida pelo patrimônio do espólio, mas a condição de fiador 
não será transmitida aos herdeiros. Passa apenas a dívida e não a condição de fiador. 
Art. 836. A obrigação do fiador passa aos herdeiros; mas a responsabilidade da fiança se 
limita ao tempo decorrido até a morte do fiador, e não pode ultrapassar as forças da herança. 
 
Contratos e negócios jurídicos processuais 
Conceito - é o fato jurídico voluntário, em cujo suporte fático (fato que é estabelecido pela 
norma) se confere ao sujeito o poder de regular, dentro dos limites fixados no próprio 
ordenamento jurídico, certas situações jurídicas processuais ou altera o procedimento 
(Fredie Didier) CPC/2015 - 
Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes 
plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades 
da causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, 
antes ou durante o processo. 
Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz controlará a validade das convenções 
previstas neste artigo, recusando-lhes aplicação somente nos casos de nulidade ou de 
inserção abusiva em contrato de adesão ou em que alguma parte se encontre em manifesta 
situação de vulnerabilidade 
 
Cláusula geral de negociação sobre o processo → estabelece o princípio da atipicidade da 
negociação sobre o processo. Concretiza o princípio de respeito ao autorregramento da 
vontade. Sempre que houver vulnerabilidade, haverá anulabilidade do contrato jurídico 
processual. Cláusulas relativas: * à escolha do foro competente * à provas: responsabilidade 
pela guarda de documentos, impossibilidade de inversão jurisdicional do ônus da prova e 
limitação do meio de prova de determinado fato * à impossibilidade de execução provisória 
e à impenhorabilidade de certos bens * à renúncia ao direito de interposição de recurso * à 
limitação ao exercício do direito de ação Enunciado 616 da VIII Jornada – Art. 166: Os 
requisitos de validade previstos no Código Civil são aplicáveis aos negócios jurídicos 
processuais, observadas as regras processuais pertinentesNorma Hermenêutica (função interpretativa): Critério de interpretação, tendo como nortes 
o adimplemento e as expectativas que ele gera nas partes. 
 
Art. 113, CC - Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar 
de sua celebração. 
 
Ex.: Construtora – se você compra um imóvel baixa renda, não se pode imaginar que os 
revestimentos sejam de mármore. 
 
B) Função integrativa -> criação de deveres gerais de conduta (nebenpflichten) 
Os deveres principais (primários) da prestação e os respectivos direitos constituem o núcleo 
dominante do contrato, definem o tipo contratual. 
Os deveres de conduta não dependem da vontade das partes e se destinam a resguardar o 
fiel processamento da relação obrigacional em que a prestação se integra. 
 
C) Limitação da autonomia (função de controle) 
A violação da boa-fé gera a possibilidade de alteração do contrato. 
Teoria do adimplemento substancial, venire contra factum proprium, responsabilidade pós-
contratual, "duty to mitigate the loss" etc. 
"Duty to mitigate the loss" -> Trata do dever de cooperação das partes. Exemplo: Você está 
com o nome no SCPC ou SERASA. Você vai ficar quieto esperando no que vai dar? Não. 
Você vai ligar pra parte e pedir para que resolva. Ou seja, a parte que a perda aproveita não 
pode permanecer deliberadamente inerte diante do dano. Os contratantes devem tomar as 
medidas necessárias e possíveis para que o dano não seja agravado. 
Se você age de certa forma, não pode retroagir e mudar a postura. 
 
Os deveres de conduta: 
a) Proteção: proteção da contraparte contra os riscos de danos à sua pessoa e ao seu 
patrimônio. 
 
b) Cooperação → impõem às partes a abstenção sobre qualquer conduta capaz de 
falsear o objetivo do negócio ou desequilibrar o jogo das prestações por elas ajustado. 
O dever de cooperar não se limita a uma atuação omissiva. Pode haver necessidade 
de conduta ativa, para que as partes facilitem, mutuamente, a entrega de documentos 
e a execução de serviços que sejam relevantes para o adimplemento da obrigação 
principal. 
 
c) Informação (esclarecimento) → são correlatos à relação obrigacional desde a sua 
origem até o fim, envolvendo as fases pré e pós-contratual. Nasce da assimetria 
informacional entre os contratantes. Sugestão de leitura: Texto de Paulo Luiz Netto 
Lobo: Deveres gerais nas obrigações civis. 
 
4.2. Princípio da função social do contrato 
 
 Amanda Rios 
 
Art. 421. A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do contrato (redação atual 
– Lei 13.874/2019). 
Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerão o princípio da intervenção mínima 
e a excepcionalidade da revisão contratual. 
 
Para que se modifique um contrato, isso deve acontecer excepcionalmente. Qualquer norma 
que violar a função social do contrato será nula. 
Art. 2.035 parágrafo único: Nenhuma convenção prevalecerá, se contrair preceitos de ordem pública, 
tais como os estabelecidos por este código para assegurar a função social da propriedade e 
contratos. 
 
Flávio Tartuce → regramento contratual de ordem pública (2.035, parágrafo único), pelo qual 
o contrato deve ser, necessariamente, analisado e interpretado de acordo com o contexto 
da sociedade. Tem fundamento constitucional, pois está intimamente ligado à dignidade da 
pessoa humana. 
 
Enunciado 23 da I Jornada: 
Art. 421: a função social do contrato, prevista no artigo 421 do novo Código Civil, não elimina o 
princípio da autonomia contratual, mas atenua ou reduz o alcance desse princípio quando presentes 
interesses metaindividuais ou interesse individual relativo à dignidade da pessoa humana. 
 
Em suma, a autonomia contratual não é absoluta, devendo atender a uma finalidade 
social e respeitar a dignidade da pessoa humana. 
 
Divergências sobre extensão e interpretação do princípio: Há uma divergência no que 
tange à interpretação da função social. De um lado, se tem um direito dualista e pensando 
no capital; do outro, a solidariedade social prevista inclusive na Constituição e em diversos 
códigos – como o CC e o CDC. Há na doutrina dois pensamentos opostos: 
Ideais de mínima interferência e segurança jurídica contra a intervenção do Estado na 
dinâmica do contrato X conteúdo original de matriz solidarista e intervencionista (busca por 
equidade nas relações contratuais). 
• Adepto da 1a corrente: Gerson Branco “a solidariedade é valor constitucionalmente 
tutelado, mas o contrato não é o instrumento jurídico adequado à sua realização. A 
função social deve ser realizada na ‘dimensão singular’ do contrato. A sociedade não 
é parte da relação contratual, e o ‘interesse social’ presente em todos os contratos 
não pode ser confundido com o ‘interesse público’.” 
 
• Adepto da 2a corrente: Teresa Negreiros “a função social faz com que o intérprete 
seja convidado a deixar a leitura individualista do direito civil para migrar para os 
valores sociais presentes no ordenamento jurídico, como a solidariedade, a justiça, a 
igualdade, e outros valores essenciais à dignidade humana no âmbito da ordem 
econômica”. 
 
FUNÇÃO SOCIAL 
INTERNA 
FUNÇÃO SOCIAL EXTERNA 
 
 Amanda Rios 
 
Limitar os 
contratos através 
das trocas de 
informações entre 
as partes – e uma 
função social. 
Cláudio Luiz 
Bueno de Godoy: 
“ela atua “primeiro 
entre as partes, de 
maneira a 
assegurar 
contratos mais 
equilibrados e, 
assim, 
envolventes de 
partes 
substancialmente 
mais iguais, com o 
que se garanta 
uma igual 
dignidade social 
aos indivíduos”. 
Logo, quando a 
prestação de uma 
das partes for 
exagerada, 
desproporcional, 
ou gerar 
vantagens 
exageradas para 
uma das partes, 
haverá o 
desrespeito à 
função social do 
contrato. 
Exemplos da 
função social 
interna: I) Na 
revisão do 
contrato por 
onerosidade 
excessiva (arts. 
317 e 478, CC); II) 
Nas situações de 
Jorge Cesa Ferreira da Silva: “ela enseja a inclusão de 
preocupações com terceiros não membros da relação”. Exemplos: I) 
Contrato empresarial que ameace a criação de oligopólio requer 
atuação do CADE; II) Negócio jurídico interempresarial envolvendo a 
edificação de empreendimento em área de preservação ambiental 
requer atuação do MP. 
 
 Amanda Rios 
 
adimplemento 
substancial; III) Na 
frustração do fim 
(finalidade) do 
contrato. 
Bipartição da função social (Maria Helena Diniz, Paulo Lobo, Paulo Nalin e Nelson Nery Jr) 
Neste sentido: Enunciado 360 da IV Jornada: O princípio da função social dos contratos 
também pode ter eficácia interna entre as partes contratantes. 
Neste sentido: Enunciado 21 da 1ª Jornada – Art. 421: A função social do contrato, prevista 
no art. 421 do novo Código Civil, constitui cláusula geral a impor a revisão do princípio da 
relatividade dos efeitos do contrato em relação a terceiros, implicando a tutela externa do 
crédito. 
4.3. Princípio do equilíbrio econômico e da justiça contratual. 
Vinculação bilateral - Não se pode rescindir o contrato sem consentimento da outra parte. 
A justiça contratual constitui expressão do princípio consagrado no art. 3o, III, CF: o princípio 
da igualdade substancial. 
Preocupação da teoria contratual atual com o contratante vulnerável , em virtude da 
disparidade de poder negocial, recorrente na sociedade de massas. Há uma assimetria 
informacional entre o consumidor e aquele que é contratado. 
Comparação entre os benefícios e os sacrifícios das partes, das vantagens e encargos a 
eles impostos. Os contratos geralmente são sinalagmáticos (relação recíproca - prestação e 
contraprestação) e, na ordem econômica, busca-se o equilíbrio. 
Busca-se a função social interna (as trocas equilibradas entre os contratantes). Almeja-se à 
equivalência das prestações contratuais (objetivo pretendido pelo princípio do equilíbrio 
econômico). 
 
Art. 170 – CF: A ordem econômica, fundadana valorização do trabalho humano e na livre 
iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça 
social, observados os seguintes princípios: 
O art. 170 da CF contém limites à autonomia contratual, tais como a justiça social, a função 
social da propriedade e a dignidade da pessoa humana. 
 
A revisão judicial do contrato: 
Noções introdutórias: 
A ideia de revisão do contrato sempre será uma excepcionalidade. 
Em virtude da obrigatoriedade do contrato, as partes devem adimplir suas obrigações e o 
contrato não pode ser modificado unilateralmente (pacta sunt servanda). 
A mudança do paradigma acerca da autonomia da vontade permitiu a alteração judicial no 
contrato para adequá-lo aos ditames legais. 
A intervenção judicial tem sido permitida em situações excepcionais, em que o contrato 
tenha sofrido abalo em sua estrutura, gerando a excessiva onerosidade para uma ou ambas 
as partes, mesmo que não cause excessivo benefício em prol do credor. 
Para Pietro Perlingieri, o princípio da proporcionalidade não objetiva impor uma equivalência 
entre as prestações, mas impedir uma desproporção injustificada entre elas. 
 
 Amanda Rios 
 
O sistema capitalista é pautado na obtenção do lucro, todavia, esse lucro não pode ser 
abusivo. 
 
O contrato mal feito não pode ser usado como justificativa par usar esse princípio. Ex.: Não 
se calculou direito o lucro de uma das partes e ele nota que está tomando prejuízo. 
 
A cláusula rebus sic stantibus (permanecendo as coisas no estado em que se encontram) 
Ao contratar eu pressuponho que ao longo do Contrato... Ex.: Vicente comprou meu 
computador com base no valor do dólar no dia da celebração - R$ 4,00 – e o dólar explode 
para R$ 8,00. Amanda pode pedir a revisão contratual, pois houve um desequilíbrio 
econômico na execução do contrato. 
Código de Hamurabi (2700 a.C.) → calamidades liberavam o devedor do pagamento dos 
juros. Valorizado na Idade Média com o Direito Canônico (ética, boa-fé, moral) Relegado 
durante o período do liberalismo (força obrigatória, não intervenção), ressurge após a 1ª 
Guerra Mundial (1914-1918), pelos problemas de cumprimento dos contratos de longo prazo 
→ na França, Itália e Inglaterra, as leis de locação atuaram congelando aluguéis e 
prorrogando coercitivamente contratos de locação. 
 
Lei Failliot (1918) → possibilidade de resolução contratual para contratos de trato sucessivo, 
em que os prejuízos fossem maiores que os que poderiam ser razoavelmente previstos. A 
ideia inicial da lei era extinguir o contrato para estancar o prejuízo que o contratante tinha. 
 
Teorias: 
A) De caráter subjetivo (Windescheid): Quando alguém manifesta sua vontade em um 
contrato, o faz sob um determinado conjunto de pressuposições que, se mantidas, 
conservam a vontade, e, se alteradas, exoneram o contratante. Essa teoria, contudo, 
gera uma insegurança muito grande. No dia-dia, não é necessário manifestar os 
motivos que levaram uma parte a participar da relação contratual (algo muito 
interno/íntimo/subjetivo), salvo se tratar de uma razão determinante para o contrato 
(lógica do Direito das Obrigações); 
B) De caráter objetivo: Complementou a teoria de caráter subjetivo. Reciprocidade ou 
equivalência das condições nos contratos bilaterais onerosos a justificar a sua revisão 
quando a comutatividade for comprometida substancialmente, quanto na função 
social e econômica do contrato, como ocorre no abuso de direito; 
Contribuição de Karl Larenz – teoria da base do negócio jurídico: 
a) Como base subjetiva, ligada à vontade das partes, consubstanciada na representação 
mental existente ao se concluir o negócio que tenha influenciado na formação dos motivos; 
b) Como base objetiva, conjunto de circunstâncias cuja existência ou persistência pressupõe 
o contrato para que possa ser alcançado seu fim; 
 
4.3. A teoria da imprevisão. 
Art. 317. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor 
da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da 
parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação. 
 
 Amanda Rios 
 
Ex.: do computador (pág. 9). Ex.: situação inflacionária. Prevalecem para dívidas de caráter 
pecuniário. trata de revisão. Devem ser situações extraordinárias ou imprevisíveis. 
 
Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida (contrato de execução 
continuada. Ex.: fornecimento de minérios.), se a prestação de uma das partes se tornar 
excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de 
acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do 
contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação. 
-> não fala de revisão. Devem ser situações extraordinárias ou imprevisíveis. 
 
Análise do art. 478, CC: 
Crítica da doutrina: A exigência da imprevisibilidade torna praticamente impossível rever um 
contrato por fato superveniente. Imprecisão dos conceitos de “imprevisível” e 
“extraordinário”. Hoje, para Vicente Passos, só pandemias, que tendem a ser, cada vez mais, 
recorrentes à medida que o homem expande seu objetivo explorador. Levando a rigor o 
dispositivo acima, ele nunca será aplicado. 
Flávio Tartuce: “Se o desequilíbrio do contrato é exorbitante, isso por si só deve fazer 
presumir a imprevisibilidade e extraordinariedade dos antecedentes causais que conduziram 
ao desequilíbrio”. 
Visão mais tradicional no que tange à revisão contratual. Se hoje o contrato está 
desequilibrado é porque presume-se que foi um desequilíbrio extraordinário. 
 
Anderson Schreiber: “O foco da análise deve se deslocar da questão da imprevisibilidade e 
extraordinariedade (do acontecimento apontado como ‘causa’) para o desequilíbrio 
contratual em concreto”. Trata-se de uma posição mais relutante à revisão contratual. Deve-
se pensar menos para o imprevisível/extraordinário e mais no equilíbrio contratual. 
 
4.3.2. Teoria adotada pelo CC (divergências) 
a) Teoria da imprevisão (Maria Helena Diniz, Álvaro Villaça Azevedo, Renan Lotufo, Paulo 
Lôbo) 
b) Teoria da onerosidade excessiva (Judith Martins Costa e Antônio Junqueira de Azevedo) 
c) Híbrida: imprevisibilidade SOMADA à onerosidade excessiva (Flávio Tartuce) 
 
Critérios para a revisão 
a) Incidência apenas para os contratos de execução diferida e de execução continuada. 
O futuro só impacta nos contratos de execução diferida e de execução continuada. 
 Contratos de execução diferida: Contratos cujo momento da realização da prestação (ou 
início da prestação, se fracionada) é adiada no tempo, havendo um intervalo entre o 
momento da constituição do contrato e o momento do efetivo adimplemento da prestação; 
 Contratos de execução continuada: São os que se cumprem por meio de atos reiterados, 
ou seja, há uma pluralidade de prestações; 
 
Súmula 286 STJ: A renegociação de contrato bancário ou a confissão da dívida não impede 
a possibilidade de discussão sobre eventuais ilegalidades dos contratos anteriores. 
 
 
 Amanda Rios 
 
É prática dos bancos a novação – criar uma nova obrigação (com o animus de novar), 
extinguindo a anterior. Os bancos tendem a buscar a unificação dos contratos para clientes 
endividados. Começa-se o novo contrato com uma confissão de dívida. 
O STJ adota a ideia de que a renegociação não impede a discussão sobre ilegalidades dos 
contratos anteriores. O contrato atual estaria defeituoso em virtude dos defeitos contidos nos 
contratos que o ensejaram. 
 
Só poderá aplicar a teoria da quebra contratual quando tiver prestação e 
contraprestação. 
 
b) Apenas para os contratos bilaterais ou sinalagmáticos (em regra) OBS – o art. 480 
possibilita a revisão dos contratos unilaterais (que geram deveres a uma só parte), desde 
que onerosos. 
Art. 480. Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes,poderá ela pleitear que 
a sua prestação seja reduzida, ou alterado o modo de executá-la, a fim de evitar a onerosidade 
excessiva. 
Assim, aplicável tanto aos unilaterais onerosos (mútuo feneratício) quanto aos unilaterais 
gratuitos (doação e comodato). Ex.: contrato de banco. Empréstimos. Oneroso, tendo em 
vista que o atraso acarreta juros. 
 
c) Apenas para os contratos comutativos - a revisão por imprevisibilidade e onerosidade 
excessiva não poderá ocorrer caso o contrato seja aleatório, em regra. 
OBS - excepcionalidade para os aleatórios (arts. 458 a 461). Os contratos aleatórios não 
são objeto de revisão. Ex.: contratos com planos de saúde, seguro de carro, tendo em vista 
que não quer dizer, necessariamente, que você vai utilizar do produto, é uma garantia. Se 
não utilizar não vai poder pedir devolução das prestações que pagou. 
Os planos coletivos devem sofrer o reajuste parecido aos planos individuais, segundo 
jurisprudência, a fim de que evite o abuso de direito. O reajuste não é de natureza 
aleatória. Essa é a exceção para revisão contratual, rever o aumento das prestações (que 
é a parte comutativa do contrato). 
Há um equilíbrio entre prestação e contraprestação. 
Em regra, não se aplica a revisão contratual para contratos aleatórios (contratos que há um 
risco). Em um contrato de plano de saúde, não é admissível a devolução do dinheiro caso 
os exames anuais não apontem irregularidades de saúde. O que admite a revisão contratual 
é o aumento repentino do valor sem fundamento. 
 
Enunciado 440 da V Jornada: É possível a revisão ou resolução por excessiva onerosidade 
em contratos aleatórios, desde que o evento superveniente, extraordinário e imprevisível 
não se relacione com a álea assumida no contrato. 
 
4.3.4. Outras considerações sobre o tema 
a) Não há necessidade de provar que uma das partes auferiu vantagens, bastando a prova 
do prejuízo e do desequilíbrio negocial 
Enunciado 365 da IV Jornada: “a extrema vantagem do art. 478 deve ser interpretada como 
elemento acidental da alteração de circunstâncias, que comporta a incidência da resolução 
 
 Amanda Rios 
 
ou revisão do negócio por onerosidade excessiva, independentemente de sua demonstração 
plena”. 
 
b) Se a onerosidade excessiva decorre da álea normal e não de acontecimento imprevisível, 
bem como nos contratos aleatórios, em regra, incabível a revisão contratual. (o caso de não 
utilizar do plano de saúde (parte aleatória)) 
 
Neste caso, o indivíduo assumiu o risco e foi prejudicado, nada podendo fazer. Contratar e 
desenvolver atividade econômica é risco. 
 
Enunciado 366 da IV Jornada: O fato extraordinário e imprevisível causador de onerosidade 
excessiva é aquele que não está coberto objetivamente pelos riscos próprios da contratação. 
 
OBS: Crítica da doutrina sobre este enunciado: necessidade de análise casuística, pois uma 
pequena oscilação de preço pode trazer extrema onerosidade a uma parte que seja 
vulnerável. 
 
Enunciado 439 da V Jornada: A revisão do contrato por onerosidade excessiva fundada no 
Código Civil deve levar em conta a natureza do objeto do contrato. Nas relações 
empresariais, observar-se-á a sofisticação dos contratantes e a alocação de riscos por eles 
assumidas com o contrato. 
Distingue-se contratos cíveis e empresariais. Nos contratos cíveis, tem-se maior chance de 
aplicação da teoria; já no mundo empresarial tem-se a assimetria entre os contratantes. 
 
c) Possibilidade de revisão judicial: 
Enunciado 176 da III Jornada: Em atenção ao princípio da conservação dos negócios 
jurídicos, o art. 478 do Código Civil de 2002 deverá conduzir, sempre que possível, à 
revisão judicial dos contratos e não à resolução contratual. 
O art. 478 do Código Civil foi mal elaborado e uma interpretação literal culmina na 
possibilidade de resolução do contrato (extinção). A revisão pautada no art. 478 trata-se de 
uma criação doutrinária. O enunciado acima busca “salvar” o artigo mencionado. 
O art. 479 do referido diploma foi ainda pior redigido. Os enunciados têm sido aplicados 
jurisprudencialmente a fim de esclarecer os artigos envolvidos. 
Art. 479 – CC: A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar equitativamente as 
condições do contrato. 
 
d) Enunciados importantes para uma solução plausível para a questão da imprevisibilidade. 
Enunciado 17 da I Jornada: A interpretação da expressão ‘motivos imprevisíveis’, constante 
do art. 317 do Código Civil, deve abarcar tanto causas de desproporção não previsíveis 
como também causas previsíveis, mas de resultado imprevisíveis. Ex.: aumento do dólar - 
consequente aumento do custo de determinado objeto do contrato - prejuízo. 
 
Enunciado 175 da III Jornada: A menção à imprevisibilidade e à extraordinariedade, insertas 
no art. 478 do Código Civil, deve ser interpretada não somente em relação ao fato que gere 
o desequilíbrio, mas também em relação às consequências que ele produz. 
 
 Amanda Rios 
 
 
4.3.5. A revisão do contrato de locação (art. 19 da Lei 8.245/1991) - imóveis. 
Art. 19. Não havendo acordo, o locador ou locatário, após três anos de vigência do contrato ou do 
acordo anteriormente realizado, poderão pedir revisão judicial do aluguel, a fim de ajustá-lo ao preço 
de mercado. 
 
Ausência de atrelamento à extraordinariedade ou imprevisibilidade. A revisão pode gerar 
tanto a elevação quanto a redução do valor do aluguel, diante do valor de mercado do imóvel 
locado. Requisito temporal: 3 anos. Não fala em extinção, mas em modificação das cláusulas 
contratuais. 
 
4.3.6. Aplicação no CDC. 
Necessidade apenas da existência de prestações desproporcionais e/ou da excessiva 
onerosidade nele existente: 
Art. 6º. São direitos básicos do consumidor: 
V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua 
revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas. 
 
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento 
de produtos e serviços que: 
IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em 
desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade; 
§ 1º Presume-se exagerada, entre outros casos, a vantagem que: 
III - se mostra excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se a natureza e conteúdo 
do contrato, o interesse das partes e outras circunstâncias peculiares ao caso. 
§ 2° A nulidade de uma cláusula contratual abusiva não invalida o contrato, exceto quando de sua 
ausência, apesar dos esforços de integração, decorrer ônus excessivo a qualquer das partes. 
 
4.3.7. A cláusula de “hardship”. 
Paula Greco Bandeira: “As cláusulas de hardship consistem em previsões apostas nos 
contratos que determinam a renegociação, pelos contratantes, dos termos contratuais 
originários, em razão da configuração do que se convencionou denominar hardship, com 
vistas à manutenção do negócio em novas bases”. 
Usada habitualmente nos contratos internacionais, mas pode ser aplicada nos de direito 
interno. 
Permite que os contratantes estabeleçam quais os eventos que caracterizariam sua 
incidência, podendo, inclusive, excluir expressamente alguns. Possibilita, ainda, estabelecer 
a constatação do evento e os procedimentos para a revisão do contrato. 
A cláusula de hardship é um mecanismo utilizado em contratos para permitir a revisão ou 
renegociação das condições contratuais quando ocorrem mudanças significativas e 
imprevistas nas circunstâncias que afetam o equilíbrio do contrato. O objetivo é evitar que 
uma das partes sofra prejuízos excessivos devido a essas mudanças12. 
Por exemplo, se um contrato foi firmado com base em determinadas condições econômicas, 
e essas condições mudam drasticamente (como uma crise econômica ou uma mudança 
 
 Amanda Rios 
 
significativa na legislação),a cláusula de hardship pode ser acionada para ajustar os termos 
do contrato, mantendo a equidade entre as partes23. 
REsp 936741 GO 2007/0065852-6: O STJ entendeu pela não aplicação da teoria da 
imprevisibilidade pelas seguintes razões: Os contratos em discussão não eram de execução 
continuada ou diferida; A alta do preço da soja não tornou a prestação excessivamente 
onerosa, mas apenas reduziu o lucro; Ambas as partes contratantes conhecem o mercado 
em que atuam e sabem que flutuações cambiais são possíveis. A posição de 2011, hoje, se 
mantém. Recurso especial conhecido e provido. (STJ - REsp: 936741 GO 2007/0065852-6, 
Relator: Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, Data de Julgamento: 03/11/2011, T4 - 
QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 08/03/2012) 
 
A diferença entre um contrato de execução diferida e um contrato de compra e venda de 
coisa futura está principalmente no momento da execução e na natureza do objeto do 
contrato: 
1. Contrato de Execução Diferida: 
Execução no Futuro: A prestação ou cumprimento das obrigações é adiada para um 
momento futuro específico. Por exemplo, uma compra com pagamento por cheque pré-
datado1. 
Natureza da Prestação: Pode envolver bens ou serviços que já existem no momento da 
celebração do contrato, mas cuja entrega ou pagamento é postergado2. 
2. Contrato de Compra e Venda de Coisa Futura: 
Objeto Futuro: O objeto do contrato é algo que ainda não existe no momento da celebração, 
mas que será produzido ou adquirido no futuro. Por exemplo, a venda de uma safra agrícola 
que ainda será colhida3. 
Execução Condicionada: A execução do contrato depende da existência futura do objeto. 
Se a coisa futura não vier a existir, o contrato pode ser resolvido sem penalidades para as 
partes3. 
 
4.3.8 - Revisão dos contratos empresariais Enunciado 21 da I Jornada de Direito Comercial: 
Nos contratos empresariais, o dirigismo contratual deve ser mitigado, tendo em vista a 
simetria natural das relações interempresariais. 
Obs.: não há revisão contratual em contrato empresarial. 
Enunciado nº 25 da I Jornada de Direito Comercial: A revisão do contrato por onerosidade 
excessiva fundada no Código Civil deve levar em conta a natureza do objeto do contrato. 
Nas relações empresariais, deve-se presumir a sofisticação dos contratantes e observar a 
alocação de riscos por eles acordada. 
Enunciado 35 da I Jornada de Direito Comercial: Não haverá revisão ou resolução dos 
contratos de derivativos por imprevisibilidade e onerosidade excessiva (arts. 317 e 478 a 
480 do Código Civil). 
 
 Amanda Rios 
 
 
#Classificação dos contratos 
 
Quanto à declaração de vontades para produção de efeitos: bilaterais e unilaterais 
a) Bilaterais: quando os contratantes são simultânea e reciprocamente credores e devedores 
uns dos outros, produzindo o negócio direitos e deveres para ambas partes. É também 
chamado de sinalagmático. O sinalagma (ideia de reciprocidade entre prestação e 
contraprestação) é a proporcionalidade das prestações, eis que as partes têm direitos e 
deveres entre si (relação obrigacional complexa). 
No que tange à obrigação de dar coisa certa, se por acaso, a coisa se perder sem culpa do 
devedor, antes de efetuada a tradição, resolve-se a obrigação sem pagamento de perdas e 
danos. A coisa, antes da tradição, pertence ao devedor. 
 
b) Unilaterais: Aqueles que geram exigibilidade apenas para uma das partes (doação pura, 
depósito, mútuo, comodato, mandato, fiança). Apesar da presença de duas vontades, 
apenas uma delas será devedora, não havendo contraprestação. 
 
OBS1: Segundo Karl Larenz, existe contrato bilateral quando ambas as partes contraem 
obrigações em que, ao menos, alguns dos deveres recíprocos de prestação estão vinculados 
entre si, de modo que a prestação de um representa a contraprestação, a compensação pela 
outra. Contudo, não há necessidade de que todas as prestações tenham esse nexo de 
equivalência e reciprocidade, pois há obrigações acessórias (devolver coisas ao fim do 
contrato) e deveres de conduta (informação) que existem apenas para uma das partes. 
 
OBS2: O contrato bilateral imperfeito é originalmente unilateral, e, posteriormente, na sua 
execução, gera uma obrigação para aquele contratante que não a tinha (ressarcir a 
contraparte por alguma despesa efetuada). Todavia, este tipo de contrato não deixa de ser 
unilateral, porque o problema surge na execução e não na sua origem. Ex.: se a locatária de 
um depósito faz uma benfeitoria, tendo em vista que deixa de ter só deveres para ter o direito 
ao ressarcimento. 
 
c) Plurilaterais – são aqueles em que há várias partes, todas elas na busca da mesma 
finalidade, trazendo direitos e deveres para todos os envolvidos, na mesma proporção 
(seguro de vida em grupo, o contrato de consórcio e o contrato de sociedade). Alguns 
doutrinadores rechaçam a ideia de ser um contrato, mas, sim, um ato coletivo, como ocorre 
na constituição de sociedade ou condomínio. 
Ex.: em uma sociedade vence a maioria dos sócios para a celebração do contrato. 
A doutrina menciona os negócios jurídicos plurilaterais como figura diferenciada dos 
contratos e os trata como acordos, em razão de se destinarem à adoção de decisões comuns 
em assuntos de interesses coletivos, pois tratam da regulamentação da esfera jurídica de 
algo ou de alguém. 
As deliberações nesses casos não decorrem de um intercâmbio de declarações 
convergentes, de unanimidade de manifestações, mas, de decisões da maioria, como 
sucede nas deliberações societárias. 
 
 
 Amanda Rios 
 
Efeitos. 
a) só nos contratos bilaterais é possível a exceção do contrato não cumprido (exceptio non 
adimpleti contractus), em razão do sinalagma (art. 476, CC). 
Art. 476 – CC: Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua 
obrigação, pode exigir o implemento da do outro. 
Não se admite cobrar do outro sem fazer a própria parte, sob pena de configurar abuso de 
direito. "Não vou fazer a minha parte, se a contraparte não fizer a parte dela." 
Ex.: A não entrega material a Construtora para executar a obra. Dessa forma, não tem como 
A cobrar da Construtora a execução da obra. 
 
b) só nos contratos bilaterais é possível aplicar-se a teoria da condição resolutiva tácita, 
posto que, se uma obrigação está vinculada à outra, o não cumprimento de uma delas faz 
com que perca o sentido do cumprimento da outra parte. 
Ex.: doação com encargo do recebedor construir uma estrutura para crianças carentes. Ele 
só receberá a doação após a execução da obra. 
 
c) só nos contratos bilaterais (e comutativos) é possível a aplicação da sistemática dos vícios 
redibitórios (art. 441). 
Art. 441 – CC: A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou 
defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor. 
Parágrafo único - É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas. 
Ex.: Em uma doação pura de coisa usada, aquele que se beneficiou da doação não pode 
contestar o estado da prestação. A doação pura consiste em um contrato unilateral. Não há 
vício redibitório. 
Ex.: A doa, sem cobrar nada, um carro usado para B. B após usar, percebe que o carro não 
está funcionando bem e resolve reclamar com A. Nada poderá ser feito. Não há vício 
redibitório. 
Ex.: A compra um produto e posteriormente contata que este não serve para utilização. Há, 
neste caso, a possibilidade de redibir (devolver o bem e receber a quantia) ou pedir o 
abatimento do preço. Há vício redibitório. 
 
Discussão acerca do REsp 936.741 (inaplicabilidade da onerosidade excessiva). 
 
4.2. Quanto às vantagens patrimoniais 
a) Gratuitos – aqueles que oneram somente uma das partes, proporcionando a outra uma 
vantagem sem qualquer contraprestação (doação pura, comodato, mútuo sem pagamento 
de juros, o depósito e o mandato gratuito). 
 
B) Onerosos – aqueles quetrazem vantagens para ambos os contratantes, pois ambos 
sofrem o mencionado sacrifício patrimonial (ideia de proveito alcançado). 
 
c) Bifrontes – podem ser onerosos ou gratuitos, a depender da vontade das partes (depósito, 
mandato). É importante se atentar a essa classificação devido aos efeitos resultantes – como 
a possibilidade de modificação contratual. Ex.: Calil celebra um contrato em Recife por 
 
 Amanda Rios 
 
Vicente gratuitamente, por meio de procuração. O mandato pago é em caso de relação 
advogado e cliente. 
 
Obs.: antes de celebrar o contrato, ele pode ser gratuito ou oneroso. Se há pagamento é 
oneroso. 
 
Obs.: o mandato com o advogado pode ser verbal. Se por acaso o advogado falar que vai 
advogar em pro bono, não tiver no mandato especificando isso e, no futu ro, o advogado 
dizer que vai cobrar (ação de arbitramento de honorários - juiz fixa a porcentagem de acordo 
com a tabela da OAB), quem vai ter que provar que o advogado disse que ia ser pro bono é 
o cliente, tendo em vista que se trata de atividade profissional. 
 
Ex.: A pede para estacionar o seu veículo na garagem de B. B nada cobra. >> Contrato de 
depósito gratuito; 
Ex.: B cobra um valor para que A estacione o seu veículo na garagem >> Contrato de 
depósito oneroso; 
Ex.: A vai viajar e pede para que B o represente em uma negociação. B não cobra nada >> 
Contrato de mandato gratuito; 
Ex.: A vai viajar e pede para que B o represente em uma negociação. B cobra uma quantia 
a A em virtude do deslocamento e da alta no preço dos combustíveis >> Contrato de 
mandato oneroso; 
A imposição de alguns deveres no contrato gratuito não modifica a sua natureza. Não há 
estrita correlação entre contratos onerosos e bilaterais, bem como unilaterais e gratuitos. 
Podem existir contratos onerosos e unilaterais, assim como bilaterais e gratu itos. Entretanto, 
na prática, é o mais comum. O único contrato unilateral e oneroso é o mútuo redibitório – 
empresta-se algo, recebendo-o mais outro bem. Ex.: Banco empresta e recebe o equivalente 
+ juros. 
 
4.2.1 – Observações: 
- A inclusão de alguns deveres não desnatura a natureza gratuita do contrato, desde que 
não tenha caráter de contraprestação. Ex.: Vicente empresta o apartamento dele a Camila, 
mas fala para ela pagar as despesas mensais do imóvel: condomínio, IPTU, energia, água. 
Não deixa de ser um contrato gratuito. 
- Não há estrita correlação entre contratos onerosos e bilaterais e unilaterais e gratuitos 
(mútuo feneratício). Contrato unilateral, em regra é gratuito. Ex.: Vicen te faz doação para 
Badaró - a única obrigação é do doador de entregar o bem. Mas, nem todo unilateral é 
gratuito. Ex.: empréstimo com cobrança de juros, tendo em vista que só o mutuário (o que 
recebe) tem obrigações = unilateral oneroso. O banco não tem a obrigação de entregar o 
crédito, visto que é o crédito é elemento essencial do contrato (inerente). 
 
4.2.2 - Reflexos: 
I) na interpretação - os gratuitos são interpretados estritamente, para não prejudicar aquele 
que fez a liberalidade (art. 114). Quando se celebra qualquer contrato benéfico, não abrange 
os acessórios. Ex.: Vicente doa um computador, mas não é obrigado a doar mouse, teclado, 
monitor. 
 
 Amanda Rios 
 
 
Art. 114. Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente. 
 
II) A questão da responsabilidade 
Art. 392. Nos contratos benéficos, responde por simples culpa o contratante, a quem o contrato 
aproveite, e por dolo aquele a quem não favoreça. Nos contratos onerosos, responde cada uma das 
partes por culpa, salvo as exceções previstas em lei. 
 
O art. 392 mitiga o art. 186 do Código Civil (este fala em culpa em sentido lato – culpa em 
sentido estrito e dolo). O contrato benéfico aproveita quem usufrui do bem de forma gratuita 
(este responde por culpa e, a outra parte, por dolo). 
Quando se tem ideia de culpa, não aplica a responsabilidade objetiva. Ex.: relação de 
consumo. 
Obs. – Ressalva referente às situações específicas de responsabilidade objetiva (não se 
analisa dolo/culpa). 
 
III) A questão da evicção - perda total ou parcial da posse/ propriedade de um bem em virtude 
de decisão judicial ou administrativa que reconheça que a posse/propriedade pertence a um 
terceiro que não transferiu o bem. Os riscos da evicção só são suportados por aquele que 
adquire bens em contratos onerosos. 
Art. 1.228 – CC: O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-
la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. 
 
Art. 373. O ônus da prova incumbe: 
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; 
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. 
 
IV) Os vícios redibitórios - a sistemática dos vícios redibitórios só é aplicada nos contratos 
onerosos. São defeitos na coisa. Ex.: compra de computador quebrado. comprador pode 
devolver ou pedir um abatimento do valor que pagou. Se quem vendeu sabia do defeito 
(dolo) e vende mesmo assim, responde por perdas e danos. 
 
Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos 
ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor. 
Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas. 
 
V) as situações de fraude contra credores são analisadas mais severamente nos contratos 
benéficos. 
Quanto aos riscos envolvidos: comutativos e aleatórios → são divisões dos onerosos. 
 
a) Comutativos - Maria Helena Diniz: “contrato comutativo é, pois, o oneroso e bilateral, em 
que cada contraente, além de receber do outro prestação relativamente equivalente à sua, 
pode verificar, de imediato, essa equivalência.” Não existe o fator risco em relação às 
prestações, pois serão certas e determinadas. 
 
 
 Amanda Rios 
 
b) Aleatórios – Carlos Roberto Gonçalves: “é aquele bilateral e oneroso em que pelo 
menos, um dos contraentes não pode antever a vantagem que receberá, em troca da 
prestação fornecida”. Regulados nos artigos 458 a 461, CC. Há uma assunção do risco de 
não receber a contraprestação. Ex.: aposta; megasena; e o contrato de plano de saúde (o 
qual pode ser utilizado ou não). Os contratos aleatórios se subdividem em: 
Aleatórios pela própria natureza: Seguro, jogo e aposta, etc. 
Acidentalmente aleatórios: São comutativos, mas viram aleatórios por vontade das partes. 
 
4.3.1 Os contratos aleatórios por sua própria natureza 
I) aleatórios pela própria natureza (seguro, jogo e aposta etc.). Para ser aleatório sempre há 
assunção de riscos e estar expresso em contrato. 
II) acidentalmente aleatórios – são comutativos, mas viram aleatórios, por vontade das 
partes. 
 
4.3.2 – Espécies de contratos aleatórios 
I) Contrato de compra de coisa futura, com assunção de risco pela existência (emptio spei) 
– o contratante assume o risco de nada vir a receber (art. 458). Para que haja essa 
possibilidade, precisa estar explícito no contrato a assunção de riscos. 
 
Art. 458. Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de não 
virem a existir um dos contratantes assuma, terá o outro direito de receber integralmente o que lhe 
foi prometido, desde que de sua parte não tenha havido dolo ou culpa, ainda que nada do avençado 
venha a existir. 
O art. 458 discorre sobre a possibilidade de contrato aleatório voltado para o futuro e o 
contratante assume o risco de nada receber. A parte que prometeu o valor tem que pagá-lo, 
mesmo que não se concretize a condição. Ex.: Vicente compra safra da minha fazenda, mas 
em virtude da geada não teve cacaus. Vicente teve que pagar, pois assumiu o risco. 
 
II) Contrato de compra de coisa futura, sem assunção de risco pela existência (emptio rei 
speratae) – Aqui o alienante se compromete a entregar algo, aindaque, em quantidade 
inferior à pretendida. Se nada vier a existir, a alienação não haverá e o valor será restituído 
(art. 459, parágrafo único). 
 
Art. 459. Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o adquirente a si o 
risco de virem a existir em qualquer quantidade, terá também direito o alienante a todo o 
preço, desde que de sua parte não tiver concorrido culpa, ainda que a coisa venha a existir 
em quantidade inferior à esperada. 
Parágrafo único. Mas, se da coisa nada vier a existir, alienação não haverá, e o alienante 
restituirá o preço recebido. 
 
III) Contrato de compra de coisa presente, mas exposta a risco assumido pelo contratante – 
art. 460 – neste caso, o bem já existe, mas pode sofrer algum tipo de risco no seu transporte. 
Se o contratante vendedor souber da consumação do risco, o contrato pode ser anulado em 
virtude do dolo (art. 461). 
 
 Amanda Rios 
 
Ex.: Vicente importa uma mercadoria (coisa existente) que já está em trânsito marítimo 
(exposta a risco e assumido pelo adquirente) e ela foi roubada. Vicente terá direito a ser 
restituído. 
Art. 460. Se for aleatório o contrato, por se referir a coisas existentes, mas expostas a risco, 
assumido pelo adquirente, terá igualmente direito o alienante a todo o preço, posto que a 
coisa já não existisse, em parte, ou de todo, no dia do contrato. 
Art. 461. A alienação aleatória a que se refere o artigo antecedente poderá ser anulada como 
dolosa pelo prejudicado, se provar que o outro contratante não ignorava a consumação do 
risco, a que no contrato se considerava exposta a coisa. 
Ex.: Um brasileiro comprou o produto X que vem da China e não há informações durante o 
seu deslocamento. Antes da entrega o navio de transporte foi saqueado. Em regra, a China 
tem que pagar ao brasileiro. 
OBS1: Para saber se o contrato é sem ou com risco deve-se analisar o conteúdo contratual. 
Na dúvida, deve-se aplicar a ideia de que o adquirente firmou o contrato sem assumir o risco 
(presunção da putatividade). 
OBS2: Doutrina majoritária entende que não há possibilidade de se falar em lesão em 
contratos aleatórios, salvo pequena divergência (Venosa). OBS3: em regra, não é possível 
rever judicialmente um contrato aleatório, salvo na parte comutativa (a qual admite lesão, 
como o reajuste de valores em um plano de saúde). 
OBS4: A evicção e os vícios redibitórios só existem nos contratos comutativos. 
 
4.4 Quanto à forma – Informais e formais (solenes) 
Informais: Um contrato informal, também conhecido como contrato de forma livre, é aquele 
que não exige formalidades específicas para sua validade. Regra – vide o princípio da 
liberdade de forma. Ele pode ser celebrado de maneira verbal ou escrita, sem a necessidade 
de registro ou formalização em cartório12. 
Por exemplo, um acordo verbal entre amigos para a venda de um objeto é um contrato 
informal. Esses contratos são válidos e executáveis, desde que haja consenso entre as 
partes e o objeto do contrato seja lícito23. 
Formais (solenes): exigem determinadas formalidades legais para serem válidos, como a 
necessidade de escritura pública em alguns casos (deve ser por escrito e efetuado de forma 
pública). Ex.: doação (art. 541, CC), fiança (art. 819, CC) e contratos de adesão (art. 54, § 
3º, CDC); 
Art. 541. A doação far-se-á por escritura pública ou instrumento particular. 
Parágrafo único. A doação verbal será válida, se, versando sobre bens móveis e de pequeno 
valor, se lhe seguir incontinenti a tradição. 
Art. 819. A fiança dar-se-á por escrito, e não admite interpretação extensiva 
Art. 54, CDC: 
§ 3º Os contratos de adesão escritos serão redigidos em termos claros e com caracteres 
ostensivos e legíveis, cujo tamanho da fonte não será inferior ao corpo doze, de modo a 
facilitar sua compreensão pelo consumidor. 
 
 Amanda Rios 
 
§ 4° As cláusulas que implicarem limitação de direito do consumidor deverão ser redigidas 
com destaque, permitindo sua imediata e fácil compreensão. 
Deve-se chamar a atenção (dever anexo de informação combinado com o princípio da 
transparência) do consumidor. 
 
4.5. Quanto ao momento de execução: instantâneo, diferido e de trato sucessivo 
a) instantâneos, de execução única ou imediata - que se consumam em um só ato, 
cumpridos após a conclusão do negócio jurídico. Ex.: A vende um notebook a B à vista e B 
leva o notebook logo no momento da efetuação do pagamento. 
b) De execução diferida - que se cumprem em um só ato, mas em momento futuro (a termo). 
Ex.: A e B pactuam a compra e venda de um notebook para a semana seguinte. Na semana 
seguinte, A vende o notebook a B e B leva o notebook; 
c) De execução continuada ou trato sucessivo - que são cumpridos por meio de atos 
reiterados (a obrigação se sustenta ao longo do tempo). Ex.: Contratos de empreitada, 
contratos de distribuição, contratos de locação, etc. 
 
Efeitos: 
a) a teoria da imprevisão que enseja a resolução por onerosidade excessiva pode ser 
aplicada nos contratos de duração e nos instantâneos de execução diferida. Obs.: O futuro 
não afeta os contratos instantâneos. 
b) nos contratos de execução instantânea (compra e venda) a nulidade ou a resolução por 
inadimplemento leva as partes ao status quo ante, já nos contratos de execução continuada 
respeitam-se os efeitos passados (locação, prestação de serviços). 
Não se admite retornar ao estado inicial pré-contrato nos contratos de execução continuada, 
o que é admissível nos contratos de execução instantânea (constatar um defeito na 
prestação e resolver o contrato, devolvendo a mercadoria). 
c) a prescrição da pretensão para exigir o cumprimento das prestações começa a fluir a partir 
do vencimento de cada prestação inadimplida (trato sucessivo/ contrato de execução 
continuada). Se o contrato é continuativo, a prescrição se opera parcela por parcela. Em 
casos de datas diferentes de pagamento, existirá prazos prescricionais (matéria de ordem 
pública) diferentes. 
Art. 189 – CC: Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela 
prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206. 
 
FORMAÇÃO DOS CONTRATOS 
4.6 – Quanto à existência em si mesmo: principais e acessórios 
a) Principais ou independentes: que existem por si só, não havendo qualquer relação de 
dependência em relação ao outro pacto. Ex.: se por acaso o fiador foi coagido para assumir 
essa obrigação e depois comprova-se isso, o contrato de fiança vai deixar de existir, mas 
não a locação (obrigação principal). 
 
b) Acessórios: cuja validade depende de um outro negócio, o contrato principal (penhor, 
hipoteca convencional, franquia), do qual dependem juridicamente (princípio da gravitação 
jurídica). 
 
 
 Amanda Rios 
 
Efeitos: 
a) A sorte do contrato acessório segue a do principal; porém o contrário não ocorre, 
Art. 184 Respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial de um negócio jurídico não 
o prejudicará na parte válida, se esta for separável; a invalidade da obrigação principal 
implica a das obrigações acessórias, mas a destas não induz a da obrigação principal. 
Se conseguir destacar a “parte podre” do contrato e este possa ser mantido, o contrato pode 
se manter, retirado o que não pode ser aproveitado. 
 
b) A prescrição da pretensão do contrato acessório é idêntica à do principal. 
 
4.7. Quanto à pessoalidade: 
Pessoais (intuito personae, personalíssimos): Firmados em razão de uma qualidade de uma 
pessoa. Ex.: Contrato de fiança, pois a condição de fiador não se transmite aos herdeiros, 
mas somente as obrigações vencidas e não pagas, enquanto era vivo o fiador e até os limites 
da herança (art. 836 – CC). Ex.: contratar os serviços de um advogado em específico. Ex.: 
contratar o serviço de um médico. Não pode ser delegado a terceiros. 
 
Impessoais: aqueles em que a pessoa do contratante não é juridicamente relevante para a 
conclusão donegócio. Não se tem a restrição a apenas uma pessoa. 
 
4.8 - Quanto à duração: por prazo determinado e por prazo indeterminado 
a) Por prazo determinado: data de início e fim da relação contratual. 
b) Por prazo indeterminado: não existe data pré-estabelecida para o término da relação 
contratual. São contratos que se perpetuam ao longo do tempo, uma vez que a relação é 
continuativa e essencial (contratos que envolvam serviços essenciais: planos de saúde, 
banco, energia, água, etc.). Via de regra, precisa-se de uma motivação (uma causa) para 
extinguir e o dever de informar a parte contrária. 
Ex.: A presta serviços para B. A deve comunicar previamente que se aposentará a B. B deve 
comunicar caso não queira mais os serviços prestados por A. 
OBS: Nos contratos por prazo indeterminado há necessidade de informar ao outro 
contratante o interesse de findar o contrato (art. 473). 
 
Art. 473. A resilição unilateral, nos casos em que a lei expressa ou implicitamente o permita, 
opera mediante denúncia notificada à outra parte. 
Parágrafo único. Se, porém, dada a natureza do contrato, uma das partes houver feito 
investimentos consideráveis para a sua execução, a denúncia unilateral só produzirá efeito 
depois de transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto dos investimentos. 
O poder de extinguir o contrato por prazo determinado ou indeterminado está vinculado a 
determinadas situações. 
 
4.9. Quanto ao momento do aperfeiçoamento do contrato - consensuais e reais 
a) consensuais: aqueles que se aperfeiçoam com o mero consentimento. Ex.: contrato de 
compra e venda. 
 
 Amanda Rios 
 
b) reais: só se aperfeiçoam com a entrega da coisa (tradição). A entrega da coisa é o motivo 
do negócio. Para que o contrato exista precisa ter a entrega da coisa (não é elemento de 
cumprimento, é elemento de existência). Unilaterais são reais. 
 
4.10. Quanto à previsão legal: Típicos e atípicos Típicos: Apresentam previsão legal; 
Atípicos (art. 425 CC): Não apresentam previsão legal. Podem as partes, contudo, estipular 
contratos atípicos, desde que respeitem as normas do Código Civil. 
 
Art. 425 – CC: É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais 
fixadas neste Código. 
 
4.11. Quanto à natureza do objeto: 
A relação será civil, empresarial ou de consumo conforme a sua função, consoante a 
característica finalística da relação obrigacional. 
 
Empresariais: Aqueles em que o intuito dos contratantes ou de pelo menos um deles é o 
lucro. Serão contratos B2B. Neles, há o privilégio da autonomia das partes, sendo possível 
cláusula de não indenizar (o que seria nulo em um contrato de consumo). Há maior liberdade, 
ocorrendo menor tutela do Estado. Ex.: Contratos de compra e venda mercantil, 
representação comercial, distribuição, trepasse de estabelecimento, integração, venda de 
ações, acordo de sócios, faturização, know how, dentre outros; 
 
Civis: Aqueles tidos por exclusão aos empresariais e os de consumo. Presumem a paridade 
e simetria entre as partes, mas que não se enquadram nos empresariais; 
 
De consumo: Aqueles em que, de um lado, há um consumidor e do outro, existe um 
fornecedor; 
 
O conceito de consumidor é interpretado de forma distinta por duas correntes. Para a teoria 
finalista/minimalista (subjetiva), consumidor é o destinatário fático e econômico do produto. 
Para a teoria maximalista (objetiva), o consumidor é o destinatário fático, pouco importando 
o que fará com o produto (basta apenas retirá-lo daquela cadeia produtiva/retira de 
circulação). Hoje prevalece um finalismo mitigado. 
* Teoria finalista (subjetiva): o consumidor é o destinatário fático e econômico do produto ou 
serviço. O que distingue o consumidor do não consumidor é o elemento da profissionalidade. 
O CDC destina-se, portanto, somente ao consumidor não profissional. 
* Teoria maximalista (objetiva): consumidor como destinatário fático do bem, mesmo não 
sendo destinatário econômico. Aquele que retira o bem jurídico de circulação, sendo 
irrelevante o elemento subjetivo da finalidade profissional da aquisição. 
 
FORMAÇÃO DOS CONTRATOS 
Caio Mário da Silva Pereira: o contrato “não o nasce, entretanto, todo pronto. É, ao revés, o 
resultado de uma série de momentos ou fases, que às vezes se interpenetram, mas que em 
detida análise perfeitamente se destacam: negociações preliminares; proposta, aceitação”. 
A “formação progressiva do contrato” é típica do modelo clássico de contratação (maior 
 
 Amanda Rios 
 
espaço para o indivíduo concluir ou não o contrato ou estabelecer seu conteúdo). Aplicável 
aos contratos paritários nas relações entre contratantes privados. O período pré-contratual 
é marcado pela fase de tratativas (puntuação), as quais se dividem em dois momentos: a) 
negociações; b) preliminares; c) proposta; d) aceitação. 
O período pré-contratual: 
A doutrina chama de puntuação, tratativas que se dividem em dois momentos: 
 Negociações: Há maior maleabilidade, flexibilidade, discricionariedade; 
 Proposta: Elemento mais vinculativo, geralmente discorrendo sobre valores; 
O fim destas tratativas levará a um destes caminhos: 
a) negativa de contratação 
b) celebração de um contrato preliminar para (eventual) contrato definitivo, 
c) celebração de um contrato definitivo (pelo consenso ou pela entrega da coisa) 
 
Fase de negociação: 
As negociações preliminares (fase de puntuação). Fase de análise acerca da conveniência 
de celebrar o contrato. 
OBS1: Tratativa ≠ oferta -> Na tratativa não há vontade definitiva e nem a imposição de 
critérios vinculativos. Não se confunde com oferta – aqui já está certo o acordo, ocorrendo a 
proposta e a contraproposta do preço. A oferta gera a exigibilidade, é um passo além da 
negociação, gerando impactos. 
 
Tratativa ≠ contrato preliminar → embora ambas sejam antecedentes ao contrato definitivo, 
aquelas não vinculam necessariamente, pois não se sabe se as partes irão concluir o 
negócio jurídico. 
Memorando de entendimentos. Carta de intenções: o MOU funciona como uma cláusula 
pétrea do futuro contrato, ou seja, imutável. Mas, não há obrigatoriedade de contratação. 
Ex. De contrato preliminar: Contrato de Promessa de Compra e Venda. 
* Possibilidade de existência de acordos provisórios (minutas, esboços ou cartas de 
intenção), através dos quais já se vinculam a determinados pontos do negócio, mas sem a 
obrigação de celebração do contrato principal, pois não se ajustaram os demais aspectos. 
Pode-se elaborar uma carta de intenções, que garante o estabelecimento de certas 
premissas a que chegaram. Não é um documento vinculante. Embora estes documentos 
não sejam vinculantes, isso não enseja necessariamente garantia absoluta de exclusão de 
responsabilidade dos envolvidos. Admite-se a possibilidade de as partes serem compelidas 
a indenizar a contraparte (tutela reparatória) ou, até mesmo, a concluir a operação (tutela 
jurídica específica). 
* Possibilidade de assinatura de documentos garantidores do estabelecimento de certas 
premissas a que chegaram: carta de intenções (letter of intentions - LOI), memorando de 
entendimentos (memorandum of understandings - MOU), etc. 
 
* Possibilidade do interesse das partes em incluir estipulações vinculantes na carta de 
intenções (obrigações de confidencialidade ou de negociar exclusivamente com o investidor 
designado, por um determinado período), cuja violação gera o dever de indenizar. Podem 
também ser firmados, durante o processo de diligência prévia*, cláusulas de 
 
 Amanda Rios 
 
confidencialidade. Assim, o vendedor tem o dever de revelar ao potencial comprador, mas 
não ao público em geral, todos os riscos envolvidos no seu negócio. 
* Embora estes documentos não sejam vinculantes, isso não enseja necessariamente 
garantia absoluta de exclusão de responsabilidade dos envolvidos → possibilidade de as 
partes serem compelidas

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