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CRIMES E INFRAÇÕES CONTRA A CRIANÇA E O 
ADOLESCENTE 
 
 
 
 
 
 
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Faculdade de Minas 
Sumário 
 
FACUMINAS.................................................................................................... 3 
......................................................................................................................... 4 
1 –CRIMES DEFINIDOS NO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO 
ADOLESCENTE ..................................................................................................... 4 
2 – DOS CRIMES EM ESPÉCIE.................................................................. 7 
3 – REFERÊNCIAS .................................................................................... 42 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Faculdade de Minas 
 
FACUMINAS 
 
A história do Instituto Facuminas, inicia com a realização do sonho de um 
grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a Facuminas, como entidade 
oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A Facuminas tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação 
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. 
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos 
que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, 
de publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Faculdade de Minas 
 
 
 
1 –CRIMES DEFINIDOS NO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO 
ADOLESCENTE 
 
A extensa lei nº 8069/90 também se dedicou a incriminar condutas criminosas 
praticadas em desfavor de criança e de adolescente. Esse assunto foi tratado no 
Título VII (Dos crimes e das infrações administrativas) com os arts. 225 a 244-B do 
ECA. 
Art. 225 da Lei nº 8069/90: 
Este Capítulo dispõe sobre crimes praticados contra a criança e o 
adolescente, por ação ou omissão, sem prejuízo do disposto na 
legislação penal. 
Inicialmente, repare que esse artigo reforça o princípio da especialidade, ou seja, 
aplica-se o Estatuto da Criança e do Adolescente quando o delito for praticado em 
 
 
 
 
 
 
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Faculdade de Minas 
face da criança e do adolescente e tiver previsão na Lei 8069/90. O elemento 
especializante é justamente a vítima do delito (criança e adolescente). 
Exemplo: É crime de abuso de autoridade se o agente atentar contra a liberdade de 
locomoção de alguém (art. 3º, “a”, da Lei 4898/65). Entretanto, se a vítima for 
criança ou adolescente, o crime será do 230 do ECA (Privar a criança ou o 
adolescente de sua liberdade, procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante 
de ato infracional ou inexistindo ordem escrita da autoridade judiciária competente. 
Pena: detenção de 6 meses a 2 anos). 
Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade, 
procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante de ato infracional 
ou inexistindo ordem escrita da autoridade judiciária competente: 
Pena - detenção de seis meses a dois anos. 
Insta ainda destacar que os crimes previstos no ECA podem ser comissivos (Ex: 
230 do ECA: acima mencionado ou omissivos (Ex: art. 229 do ECA: Deixar o 
médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante 
de identificar corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião do parto, bem 
como deixar de proceder aos exames referidos no art. 10 desta Lei). 
E se o crime não tiver previsão no ECA? 
Nessa situação aplica-se o Código Penal, conforme ressalva expressamente feita 
contida no art. 225 do Estatuto da Criança e do Adolescente, em sua parte final. 
Em resumo, se determinado fato não tiver previsão no ECA, aplica-se as regras da 
legislação penal, conforme previsto no art. 12 do CP. Exemplo: O ECA não tratou do 
tema prescrição nas medidas socioeducativas. Assim, terá incidência as regras 
prescricionais previstas no Código Penal, conforme entendimento consagrado na 
súmula 338 do STJ: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Faculdade de Minas 
 
Art. 226 da Lei nº 8069/90: 
Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei as normas da Parte Geral do 
Código Penal e, quanto ao processo, as pertinentes ao Código de 
Processo Penal. 
Como se vê, o artigo em questão determina a aplicação subsidiária do Código Penal 
e do Código de Processo Penal aos crimes preconizados no Estatuto da Criança e 
do Adolescente. 
Art. 227 da Lei nº 8069/90: 
Os crimes definidos nesta Lei são de ação pública incondicionada. 
Segundo artigo 227 da Lei nº 8069/90, a ação penal nos crimes definidos no 
Estatuto da Criança e do Adolescente é sempre pública e incondicionada. Vale 
dizer, a legitimidade para intentar a ação penal é do Ministério Público e 
independente de qualquer condicionante. 
Chamo ainda a atenção de vocês para ressaltar que esse dispositivo legal era 
desnecessário, porquanto na ausência de qualquer previsão expressa em lei aplica-
se a regra geral do art. 100 do Código Penal, ou seja, a ação penal é pública, salvo 
quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2 – DOS CRIMES EM ESPÉCIE 
 
Art. 228 da Lei nº 8069/90: 
Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente de estabelecimento de 
atenção à saúde de gestante de manter registro das atividades 
desenvolvidas, na forma e prazo referidos no art. 10 desta Lei, bem 
como de fornecer à parturiente ou a seu responsável, por ocasião da 
alta médica, declaração de nascimento, onde constem as 
intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato: 
Pena - detenção de seis meses a dois anos. 
Parágrafo único. Se o crime é culposo: 
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa. 
Sujeito ativo: Cuida-se de crime próprio, pois o tipo penal exige uma qualidade 
especial do sujeito ativo, qual seja, ser encarregado de serviço ou dirigente de 
estabelecimento de atenção à saúde da gestante, com o dever de cumprir as 
obrigações descritas no art. 10 do ECA. 
Sujeito passivo: É a criança. 
Elemento objetivo: Deixar de cumprir com as obrigações estabelecidas no art. 10 
do Estatuto da Criança e do Adolescente. Cuida-se de um crime omissivo próprio (a 
omissão consta no tipo penal). Assim, o crime consuma-se com a simples omissão 
do agente. 
Elemento subjetivo: O tipo penal contempla as modalidades dolosa e culposa. A 
pena será de 2 a 6 meses, ou multa, se o delito for culposo. 
Pena: Detenção, de 6 a 2 anos (crime doloso). É compatível com os institutos 
despenalizadores da transação penal e da suspensão condicional do processo. 
Art. 229 da Lei nº 8069/90: 
Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento 
de atenção à saúde de gestante de identificar corretamente o neonato 
 
 
 
 
 
 
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e a parturiente, por ocasião do parto, bem como deixar de proceder 
aos exames referidos no art. 10 desta Lei: 
Pena - detenção de seis meses a dois anos. 
Parágrafo único. Se o crime é culposo: Pena - detenção de dois a seis 
meses, ou multa. 
Sujeito ativo: Cuida-se de crime próprio, pois o tipo penal exige uma qualidade 
Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, ou seja, pode ser cometido por qualquer 
pessoa. Sujeito passivo: É a criança e o adolescente. Elemento objetivo: Privar a 
liberdade é suprimir o direito de locomoção sem estar amparado em ordem escrita e 
fundamentada da autoridade judiciária competente ou em situação de apreensão
3. ed. Rio de Janeiro: 
Nau, 2011. 
AZAMBUJA, M. R. F. de. Inquirição da criança vítima de violência sexual: proteção 
ou violação de direitos? Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2011. BONAZZI, T. 
Conservadorismo. In: BOBBIO, N. et al. Dicionário de política. 11. ed. Brasília: Ed. 
UnB, 1998. v. 1. 
BORDALLO, G. A. C. Adoção. In: MACIEL, K. R. F. L. A. (Coord.). Curso de direito 
da criança e do adolescente: aspectos teóricos e práticos. 9. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2016. 
CONSELHO NACIONAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO 
ADOLESCENTE/CONSELHO NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. Plano 
Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à 
Convivência Familiar e Comunitária. Brasília: Conanda/CNAS, 2006. 
LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990, PLANALTO.
em flagrante de ato infracional, tudo em conformidade com o art. 5º, LXI, da 
Constituição Federal. 
No mesmo sentido é a redação do art. 106 do ECA: “nenhum adolescente será 
privado de sua liberdade senão em flagrante de ato infracional ou por ordem escrita 
e fundamentada da autoridade judiciária competente. 
Parágrafo único. O adolescente tem direito à identificação dos responsáveis pela 
sua apreensão, devendo ser informado acerca de seus direitos.” 
Resumindo, o adolescente somente pode ser privado da liberdade em 2 hipóteses: 
a) flagrante de ato infracional; b) ordem escrita da autoridade judiciária competente. 
A autoridade judiciária competente é o Juízo da Vara da Infância e Juventude. 
especial do sujeito ativo, qual seja, ser médico, enfermeiro ou dirigente de atenção à 
saúde de gestante, com o dever de identificar corretamente o neonato e a 
parturiente, por ocasião do parto ou o dever de proceder aos exames descritos no 
art. 10 do ECA. 
Sujeito passivo: É a parturiente e a criança. 
Elemento objetivo: Deixar de identificar corretamente o neonato e a parturiente, 
por ocasião do parto ou o dever de proceder aos exames descritos no art. 10 do 
ECA. Cuida-se de um crime omissivo próprio (a omissão consta no tipo penal). 
 
 
 
 
 
 
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Assim, o crime consuma-se com a simples omissão do agente. A mens legis é evitar 
a troca de recém-nascidos. 
Elemento subjetivo: O tipo penal contempla as modalidades dolosa e culposa. A 
pena será de 2 a 6 meses, ou multa, se o delito for culposo. 
Pena: Detenção, de 6 a 2 anos (crime doloso). É compatível com os institutos 
despenalizadores da transação penal e da suspensão condicional do processo. 
Art. 230 da Lei nº 8069/90: 
Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade, procedendo à sua 
apreensão sem estar em flagrante de ato infracional ou inexistindo 
ordem escrita da autoridade judiciária competente: 
Pena - detenção de seis meses a dois anos. 
Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que procede à 
apreensão sem observância das formalidades legais. 
Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, ou seja, pode ser cometido por qualquer 
pessoa. 
Sujeito passivo: É a criança e o adolescente. 
Elemento objetivo: Privar a liberdade é suprimir o direito de locomoção sem estar 
amparado em ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente ou 
em situação de apreensão em flagrante de ato infracional, tudo em conformidade 
com o art. 5º, LXI, da Constituição Federal. No mesmo sentido é a redação do art. 
106 do ECA: “nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão em 
flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade 
judiciária competente. Parágrafo único. O adolescente tem direito à identificação dos 
responsáveis pela sua apreensão, devendo ser informado acerca de seus direitos.” 
Resumindo, o adolescente somente pode ser privado da liberdade em 2 hipóteses: 
a) flagrante de ato infracional; b) ordem escrita da autoridade judiciária competente. 
A autoridade judiciária competente é o Juízo da Vara da Infância e Juventude. 
 
 
 
 
 
 
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Como já mencionado, o crime em estudo é especial em relação ao crime do art. 
3º, ”a”, da Lei nº 4898/65), que preconiza ser abuso de autoridade qualquer 
atentado à liberdade de locomoção. Logo, se a vítima for criança ou adolescente, a 
conduta típica é aquela prevista no art. 230 do ECA. 
Elemento subjetivo: O tipo penal contempla apenas a modalidade dolosa. 
Pena: Detenção, de 6 a 2 anos. É compatível com os institutos despenalizadores da 
transação penal e da suspensão condicional do processo. 
Figura equiparada: Também é responsabilizado criminalmente quem procede à 
apreensão sem observância das formalidades legais. Nessa situação a privação da 
liberdade é lícita (em flagrante de ato infracional ou com ordem judicial da 
autoridade judicial competente), porém não há observância de outras regras legais 
(exemplos: arts. 107, 108 e 109 do ECA). Essa figura típica é especial em relação 
ao crime de abuso de autoridade descrito no art. 4º, “a”, da Lei 4868/65 (constitui 
também abuso de autoridade: a) ordenar ou executar medida privativa de liberdade 
individual, sem as formalidades legais ou com abuso de poder). 
Art. 231 da Lei nº 8069/90: 
Deixar a autoridade policial responsável pela apreensão de criança ou 
adolescente de fazer imediata comunicação à autoridade judiciária 
competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada: 
Pena - detenção de seis meses a dois anos. 
 
Sujeito ativo: Cuida-se de crime próprio, pois o tipo penal exige uma qualidade 
especial do sujeito ativo, qual seja, ser a autoridade policial responsável pela 
apreensão da criança ou do adolescente. 
Sujeito passivo: É o adolescente e a criança. 
Elemento objetivo: Deixar de comunicar imediatamente à autoridade judiciária 
competente, à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada. Cuida-se de um 
crime omissivo próprio (a omissão consta no tipo penal). Assim, o crime consuma-se 
com a simples omissão do agente. A mens legis é garantir a observância dos 
 
 
 
 
 
 
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direitos do menor infrator de comunicação imediata do ato infracional ao Juiz Natural 
e a alguém de sua família ou à pessoa por ele indicada, nos exatos termos do art. 
107 do ECA (A apreensão de qualquer adolescente e o local onde se encontra 
recolhido serão incontinenti comunicados à autoridade judiciária competente e à 
família do apreendido ou à pessoa por ele indicada. Parágrafo único. Examinar-se-
á, desde logo e sob pena de responsabilidade, a possibilidade de liberação 
imediata) e do art. 5º, LXII, da Constituição Federal (a prisão de qualquer pessoa e 
o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à 
família do preso ou à pessoa por ele indicada). 
O Delegado de Polícia responde por esse delito se realizar apenas a 
comunicação à autoridade judiciária? 
A resposta é positiva, porquanto o tipo penal exige a dupla comunicação (o fato 
deve ser noticiado ao juiz e também a algum familiar do infrator ou pessoa por ele 
indicada) 
Esse delito consuma-se com a simples omissão do agente. 
O crime em estudo é especial em relação ao crime do art. 4º, ”c”, da Lei nº 
4898/65), que preconiza ser abuso de autoridade deixar de comunicar, 
imediatamente, ao juiz competente a prisão ou detenção de qualquer pessoa. Logo, 
se a vítima for criança ou adolescente, a conduta típica é aquela prevista no art. 231 
do ECA. 
Elemento subjetivo: O tipo penal contempla apenas a modalidade dolosa. 
Pena: Detenção, de 6 a 2 anos. É compatível com os institutos despenalizadores da 
transação penal e da suspensão condicional do processo. 
Art. 232 da Lei nº 8069/90: 
Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou 
vigilância a vexame ou a constrangimento: 
Pena - detenção de seis meses a dois anos. 
 
 
 
 
 
 
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Sujeito ativo: Cuida-se de crime próprio, pois o tipo penal exige uma qualidade 
especial do sujeito ativo, qual seja, o agente deve ter a autoridade, a guarda ou a 
vigilância sobre a criança ou o adolescente. 
Sujeito passivo: É o adolescente e a criança. 
Elemento objetivo: Submeter a vexame ou a constrangimento significa colocar a 
criança ou o adolescente em situação humilhante, de forma a ferir sua dignidade ou 
honra. Exemplo: Diretor de escola que expulsa o aluno da sala de aula em virtude 
de seus pais estar em débito com o colégio. 
Autoridade diz respeito às relações privadas (ex: relação entre tutor e tutelado; entre 
pais e filhos). Guarda quer dizer vigilância permanente. Vigilância significa proteger 
alguém. 
Esse delito consuma-se com a mera prática de qualquer ato que coloque a criança 
ou adolescente em situação de vexame ou constrangimento. É crime 
plurissubsistente, isto é, aquele em que a
conduta pode ser fracionada em dois ou 
mais atos executórios. Logo, a tentativa é perfeitamente admissível. 
O crime em estudo é especial em relação ao crime do art. 4º, ”b”, da Lei nº 
4898/65), que preconiza ser abuso de autoridade submeter pessoa sob sua guarda 
ou custódia a vexame ou a constrangimento não autorizado em lei. Logo, se a 
vítima for criança ou adolescente, a conduta típica é aquela prevista no art. 232 do 
ECA. 
Elemento subjetivo: O tipo penal contempla apenas a modalidade dolosa. 
Pena: Detenção, de 6 a 2 anos. É compatível com os institutos despenalizadores da 
transação penal e da suspensão condicional do processo. 
Art. 234 da Lei nº 8069/90: 
Deixar a autoridade competente, sem justa causa, de ordenar a 
imediata liberação de criança ou adolescente, tão logo tenha 
conhecimento da ilegalidade da apreensão: 
Pena - detenção de seis meses a dois anos. 
 
 
 
 
 
 
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Faculdade de Minas 
Sujeito ativo: Cuida-se de crime próprio, pois o tipo penal exige uma qualidade 
especial do sujeito ativo, qual seja, o agente deve ser magistrado do Juízo da 
Infância e da Juventude ou autoridade policial, porquanto o tipo penal exige que seja 
a autoridade competente para ordenar a imediata liberação de criança ou 
adolescente. 
Sujeito passivo: É o adolescente e a criança. 
Elemento normativo do tipo: Corresponde a expressão “sem justa causa”, ou seja, 
quando não há motivo legal para não ordenar a imediata liberação da criança ou do 
adolescente ante a manifesta ilegalidade da apreensão. 
Elemento objetivo: Deixar a autoridade competente de determinar a imediata 
liberação da criança ou adolescente diante de uma ilegal apreensão tão logo tome 
conhecimento. Cuida-se de um crime omissivo próprio (a omissão consta no tipo 
penal). Assim, o crime consuma-se com a simples omissão do agente. A mens legis 
é evitar que criança ou adolescente sejam apreendidos e mantidos diante de 
manifesta ilegalidade. 
O crime em estudo é especial em relação ao crime do art. 4º, ”d”, da Lei nº 
4898/65), que preconiza ser abuso de autoridade deixar o Juiz de ordenar o 
relaxamento de prisão ou detenção ilegal que lhe seja comunicada. 
Elemento subjetivo: O tipo penal contempla apenas a modalidade dolosa. 
Pena: Detenção, de 6 a 2 anos. É compatível com os institutos despenalizadores da 
transação penal e da suspensão condicional do processo. 
 
Art. 235 da Lei nº 8069/90. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado 
nessa Lei em benefício de adolescente privado de liberdade: 
Pena - detenção de seis meses a dois anos. 
 
 
 
 
 
 
 
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Sujeito ativo: Cuida-se de crime próprio, pois o tipo penal exige uma qualidade 
especial do sujeito ativo, qual seja, o agente deve ter a obrigação de cumprir prazo 
estabelecido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. 
Exemplos: Art. 108 do ECA: A internação, antes da sentença, pode ser determinada 
pelo prazo máximo de 45 dias; 
Art. 121, §2º, do ECA: A internação constitui medida privativa de liberdade, sujeita 
aos princípios da brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de 
pessoa em desenvolvimento. 
§2. A medida não comporta prazo determinado, devendo sua manutenção ser 
reavaliada, mediante decisão fundamentada, no máximo a cada seis meses. 
Sujeito passivo: É o adolescente. 
Elemento normativo do tipo: Corresponde a expressão “injustificadamente”, ou 
seja, quando não há razão plausível para o descumprimento do prazo descrito na 
Lei nº 8069/90. 
Elemento objetivo: Descumprir prazo fixado no Estatuto da Criança e do 
Adolescente em benefício de adolescente privado de liberdade. Cuida-se de um 
crime omissivo próprio (a omissão consta no tipo penal). Assim, o crime consuma-se 
com a simples omissão do agente. A mens legis é evitar que adolescente privado da 
liberdade não tenha um direito assegurado no prazo legal. Por ser um crime 
unissubsistente (a conduta não pode ser fracionada em vários atos executórios), 
não há que se falar em tentativa. 
Elemento subjetivo: O tipo penal contempla apenas a modalidade dolosa. 
Pena: Detenção, de 6 a 2 anos. É compatível com os institutos despenalizadores da 
transação penal e da suspensão condicional do processo. 
Art. 236 da Lei nº 8069/90: 
Impedir ou embaraçar a ação de autoridade judiciária, membro do 
Conselho Tutelar ou representante do Ministério Público no exercício 
de função prevista nesta lei: 
 
 
 
 
 
 
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Pena – detenção de seis meses a dois anos. 
Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por qualquer 
pessoa. 
Sujeito passivo: É o Estado que tem um de seus agentes impedidos de exercer 
função descrita no ECA. 
Elemento objetivo: Impedir é obstar, não permitir a prática do ato. Embaraçar é 
criar dificuldade. É um tipo penal misto alternativo (crimes de ação múltipla ou de 
conteúdo variado). Assim, se o agente praticar mais de uma conduta descrita no tipo 
penal, no mesmo contexto fático, em homenagem ao princípio da alternatividade, 
incorrerá num único delito. 
Elemento subjetivo: O tipo penal contempla apenas a modalidade dolosa. 
Pena: Detenção, de 6 a 2 anos. É compatível com os institutos despenalizadores da 
transação penal e da suspensão condicional do processo. 
Art. 237 da Lei nº 8069/90: 
Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem tem sob sua guarda 
em virtude de lei ou ordem judicial, com o fim de colocação em lar 
substituto: 
Pena – reclusão de dois a seis anos, e multa. 
 
Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por qualquer 
pessoa. Sujeito passivo: É o adolescente e a criança. 
Elemento objetivo: Subtrair é pegar, retirar, remover criança ou adolescente de 
quem tem a guarda mediante lei ou ordem judicial. 
Elemento subjetivo: O tipo penal contempla apenas a modalidade dolosa. Exige-
se ainda o especial fim de agir, qual seja, de colocar essa criança ou adolescente 
em um lar substituto. 
O crime em estudo é especial em relação ao crime do art. 249 do Código 
Penal. Em resumo, se o agente pratica sem o dolo específico de colocar essa 
 
 
 
 
 
 
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criança ou adolescente em lar substituto o crime será do art. 237 do ECA. Caso não 
exista esse especial fim de agir, o crime será o do art. 249 do Código Penal. 
Pena: Reclusão, de 2 a 6 anos. É inadmissível a concessão de sursis processual 
(art. 89 da Lei nº 9099/95), pois a pena mínima é superior a 1 ano. 
Art. 238 da Lei nº 8069/90: 
Promoter ou efetivar a entrega de filho ou pupilo a terceiro, mediante 
paga ou recompensa: 
Pena – reclusão de um a quatro anos, e multa. Parágrafo único. Incide 
nas mesmas penas quem oferece ou efetiva a paga ou recompensa. 
 
Sujeito ativo: Cuida-se de crime próprio, pois o tipo penal exige uma qualidade 
especial do sujeito ativo, qual seja, o agente deve ser o pai, o tutor ou o guardião. 
Sujeito passivo: É o adolescente e a criança. 
Elemento objetivo: Prometer é assumir o compromisso de fazer algo no futuro. 
Efetivar a entrega é praticar de fato a entrega da criança ou adolescente. É um tipo 
penal misto alternativo (crimes de ação múltipla ou de conteúdo variado). Assim, 
se o agente praticar mais de uma conduta descrita no tipo penal, no mesmo 
contexto fático, em homenagem ao princípio da alternatividade, incorrerá num único 
delito. A mens legis é impedir a indevida prática do tráfico de crianças, em que 
criança e adolescente são retirados de sua família biológica para viver em outro 
núcleo familiar. 
O crime é efetuado mediante paga quando há o efetivo pagamento no instante da 
entrega do filho ou do pupilo. Já no crime praticado mediante recompensa há uma 
promessa de posterior pagamento após entrega da criança/adolescente. 
Elemento subjetivo: O tipo penal contempla apenas a modalidade dolosa. 
O crime em estudo é especial em relação ao crime do art. 245 do Código 
Penal. Assim,
incorrerá no crime do art. 238 do ECA se a “venda da 
criança/adolescente” ocorrer de forma definitiva. De outro lado, se essa entrega for 
 
 
 
 
 
 
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desse menor for de caráter transitório (efêmero), o crime será do art. 245 do Código 
Penal (entrega de filho menor à pessoa inidônea). 
Pena: Reclusão, de 1 a 4 anos. É admissível a concessão de sursis processual (art. 
89 da Lei nº 9099/95), pois a pena mínima não é superior a 1 ano. 
Figura equiparada. Também responderá com a mesma pena quem oferece ou 
efetiva a paga ou recompensa. 
Art. 239 da Lei nº 8069/90: 
Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao envio de criança 
ou adolescente para o exterior com inobservância das formalidades 
legais ou com o fito de obter lucro: 
Pena – reclusão de quatro a seis anos, e multa. 
Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave ameaça ou fraude: 
Pena – reclusão, de seis a oito anos, além da pena correspondente à 
violência. 
 
Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por qualquer 
pessoa. 
Sujeito passivo: É o adolescente e a criança. 
Elemento objetivo: Promover significa encaminhar de fato o menor ao exterior, ou 
seja, conseguir transpor as fronteiras nacionais para inserir a criança ou 
adolescente em outro país. Auxiliar é prestar auxílio com a prática de algum ato 
material que coopere para o menor seja encaminhado ao exterior. É um tipo penal 
misto alternativo (crimes de ação múltipla ou de conteúdo variado). Assim, se o 
agente praticar mais de uma conduta descrita no tipo penal, no mesmo contexto 
fático, em homenagem ao princípio da alternatividade, incorrerá num único delito. A 
mens legis é impedir a indevida prática de tráfico internacional de crianças. 
 
 
 
 
 
 
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Faculdade de Minas 
Elemento normativo: Corresponde a expressão “inobservância das formalidades 
legais”, ou seja, somente haverá o crime do art. 239 do ECA se o envio do menor 
não tiver amparo legal. 
OBS: O crime em estudo revogou tacitamente o art. 245, §2º, do Código Penal 
(incorre, também, na pena do parágrafo anterior que, embora excluído o perigo 
moral ou material, auxilia a efetivação de ato destinado ao envio de menor para o 
exterior, com o fito de obter lucro), pois cuida-se de lei posterior que regulou 
inteiramente a matéria tratada no CP. 
Elemento subjetivo: O tipo penal contempla apenas a modalidade dolosa. Exige-se 
ainda o especial fim de agir, qual seja, de visar a obtenção de lucro com a prática 
das condutas descritas no caput. 
Qual é o órgão jurisdicional competente para apreciar essa conduta criminosa? 
Esse crime deve ser processado e julgado na Justiça Federal, nos exatos termos do 
art. 109, V, da Constituição Federal. Esse, aliás, é o entendimento do STF: 
Habeas corpus. Tráfico internacional de crianças. Artigo 239 da Lei nº 
8.069/90. Nulidade do processo. Reconhecimento pretendido. Alegada 
incompetência funcional do juiz estadual que declinou da competência 
para a Justiça Federal. Questão não analisada pelo Superior Tribunal 
de Justiça. Apreciação per saltum. Impossibilidade. Supressão de 
instância configurada. Precedentes. Inexistência de flagrante 
ilegalidade ou teratologia que justifique a superação do apontado 
óbice processual. Hipótese de nulidade relativa, que não gerou 
prejuízo algum nem foi arguida em tempo oportuno, operando-se a 
preclusão. Questão, ademais, irrelevante e superada, diante da 
remessa do processo à Justiça Federal, competente para processar e 
julgar o delito (art. 109, V, Constituição Federal). Habeas corpus 
extinto. 
1. Como o Superior Tribunal de Justiça não se pronunciou sobre a alegada 
nulidade do processo, sua apreciação, de forma originária, pelo Supremo 
Tribunal Federal, configura inadmissível supressão de instância. Com efeito, 
 
 
 
 
 
 
19 
Faculdade de Minas 
não pode esta Suprema Corte, em exame per saltum, analisar questão não 
apreciada pelas instâncias antecedentes. 
2. A suposta incompetência funcional do juiz estadual que, despachando 
processo de outra vara, determinou sua redistribuição à Justiça Federal, 
constitui nulidade relativa, a qual não gerou prejuízo algum ao paciente nem 
foi arguida em tempo oportuno, tornando-se preclusa. Questão, ademais, 
irrelevante e superada, diante da remessa do processo à Justiça Federal, 
competente para processar e julgar o crime descrito no art. 239 do Estatuto 
da Criança e do Adolescente (art. 109, V, Constituição Federal). Inexistência 
de flagrante ilegalidade ou teratologia que justifique a superação do óbice 
processual ao conhecimento da impetração. 3. Habeas corpus extinto. (HC 
121472, Relator: Min. DIAS TOFFOLI, Primeira Turma, julgado em 
19/08/2014). 
Pena: Reclusão, de 4 a 6 anos. É inadmissível a concessão de sursis processual 
(art. 89 da Lei nº 9099/95), pois a pena mínima é superior a 1 ano. 
Qualificadora. A pena será de 6 a 8 anos de reclusão, além da correspondente à 
violência, se existir emprego de violência, grave ameaça ou fraude. 
Art. 240 da Lei nº 8069/90: 
Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer 
meio, cena de sexo explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou 
adolescente: (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008) 
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação dada 
pela Lei nº 11.829, de 2008) 
§ 1o Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita, recruta, coage, 
ou de qualquer modo intermedeia a participação de criança ou 
adolescente nas cenas referidas no caput deste artigo, ou ainda quem 
com esses contracena. (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008) 
§ 2o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente comete o crime: 
(Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008) 
 
 
 
 
 
 
20 
Faculdade de Minas 
I – no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de exercê-la; 
(Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008) 
II – prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de 
hospitalidade; ou (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008) 
III – prevalecendo-se de relações de parentesco consangüíneo ou afim 
até o terceiro grau, ou por adoção, de tutor, curador, preceptor, 
empregador da vítima ou de quem, a qualquer outro título, tenha 
autoridade sobre ela, ou com seu consentimento. (Incluído pela Lei nº 
11.829, de 2008) 
Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por qualquer 
pessoa. 
Sujeito passivo: É o adolescente e a criança. 
Elemento objetivo: O tipo penal contempla 6 condutas relacionadas à pedofilia 
(Produzir, Reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, cena 
de sexo explícito ou pornográfico, envolvendo criança ou adolescente). É um tipo 
penal misto alternativo (crimes de ação múltipla ou de conteúdo variado). Assim, se 
o agente praticar mais de uma conduta descrita no tipo penal, no mesmo contexto 
fático, em homenagem ao princípio da alternatividade, incorrerá num único delito. A 
mens legis é impedir pedofilia (desejo de um adulto de realizar atos sexuais com 
criança e adolescente). Para a caracterização desse delito o tipo penal não fez 
exigência de qualquer contato físico entre o adulto e a criança/adolescente. 
O que deve ser entendido como cena de sexo explícito ou pornográfica? 
A expressão cena de sexo explícito ou pornográfica compreende qualquer 
situação que envolva criança ou adolescente em atividades sexuais explícitas, 
reais ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma criança ou 
adolescente para fins primordialmente sexuais (art. 241-E do ECA). 
Elemento subjetivo: O tipo penal contempla apenas a modalidade dolosa. 
Pena: Reclusão, de 4 a 8 anos, e multa. É inadmissível a concessão de sursis 
processual (art. 89 da Lei nº 9099/95), pois a pena mínima é superior a 1 ano. 
 
 
 
 
 
 
21 
Faculdade de Minas 
Figura equiparada. A pena também será de 4 a 8 anos de reclusão, e
multa, para 
quem agencia, facilita ou recruta, coage, ou de qualquer modo intermedeia a 
participação de criança ou adolescente nas cenas referidas no caput deste artigo, 
ou ainda quem com esses contracena. 
Causa de aumento. Incide a fração de 1/3 se o agente comete o crime nas 3 
seguintes situações: 
 no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de exercê-la; 
 prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade. 
Relação doméstica é aquele que ocorre entre pessoas da mesma família ou 
entre empregados e patrões. Coabitação é a morada duradoura sob o 
mesmo teto. Hospitalidade é a recepção eventual (ex: receber uma visita 
para almoçar em casa); 
 prevalecendo-se de relações de parentesco consangüíneo ou afim até o 
terceiro grau, ou por adoção, de tutor, curador, preceptor, empregador da 
vítima ou de quem, a qualquer outro título, tenha autoridade sobre ela, ou 
com seu consentimento. 
Art. 241 da Lei nº 8069/90: 
Vender, expor à venda, fotografia, vídeo ou outro registro que 
contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança 
ou adolescente: 
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação dada 
pela Lei nº 11.829, de 2008) 
 
Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por qualquer 
pessoa. 
Sujeito passivo: É o adolescente e a criança. 
Elemento objetivo: O tipo penal contempla 2 condutas relacionadas à pedofilia 
(Vender e expor à venda material com conteúdo de pedofilia). É um tipo penal 
misto alternativo (crimes de ação múltipla ou de conteúdo variado). Assim, se o 
 
 
 
 
 
 
22 
Faculdade de Minas 
agente praticar mais de uma conduta descrita no tipo penal, no mesmo contexto 
fático, em homenagem ao princípio da alternatividade, incorrerá num único delito. A 
mens legis é impedir o indevido comércio de produtos com teor de pedofilia. 
A expressão cena de sexo explícito ou pornográfica compreende qualquer 
situação que envolva criança ou adolescente em atividades sexuais explícitas, reais 
ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma criança ou adolescente para 
fins primordialmente sexuais (art. 241-E do ECA). 
Qual é o órgão jurisdicional competente para julgar esse tipo de delito? 
Em regra, esse delito será processado e julgado pela Justiça Estadual. Contudo, se 
o fato ultrapassar as fronteiras do território nacional estaremos diante de um crime 
de competência da Justiça Federal, nos exatos termos do art. 109 da Constituição 
Federal. Exemplo: Quando a venda ou exposição à venda de fotografia, vídeo ou 
outro registro de material com conteúdo de pedofilia for praticada pela rede mundial 
de computadores. Esse é o entendimento do STF: 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL 
RECONHECIDA. PENAL. PROCESSO PENAL. CRIME PREVISTO NO 
ARTIGO 241-A DA LEI 8.069/90 (ESTATUTO DA CRIANÇA E DO 
ADOLESCENTE). COMPETÊNCIA. DIVULGAÇÃO E PUBLICAÇÃO DE 
IMAGENS COM CONTEÚDO PORNOGRÁFICO ENVOLVENDO CRIANÇA 
OU ADOLESCENTE. CONVENÇÃO SOBRE DIREITOS DA CRIANÇA. 
DELITO COMETIDO POR MEIO DA REDE MUNDIAL DE 
COMPUTADORES (INTERNET). INTERNACIONALIDADE. ARTIGO 109, 
V, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA 
FEDERAL RECONHECIDA. RECURSO DESPROVIDO. 
1. À luz do preconizado no art. 109, V, da CF, a competência para 
processamento e julgamento de crime será da Justiça Federal quando 
preenchidos 03 (três) requisitos essenciais e cumulativos, quais sejam, que: 
a) o fato esteja previsto como crime no Brasil e no estrangeiro; b) o Brasil 
seja signatário de convenção ou tratado internacional por meio do qual 
assume o compromisso de reprimir criminalmente aquela espécie delitiva; e 
 
 
 
 
 
 
23 
Faculdade de Minas 
c) a conduta tenha ao menos se iniciado no Brasil e o resultado tenha 
ocorrido, ou devesse ter ocorrido no exterior, ou reciprocamente. 
2. O Brasil pune a prática de divulgação e publicação de conteúdo 
pedófilopornográfico, conforme art. 241-A do Estatuto da Criança e do 
Adolescente. 
3. Além de signatário da Convenção sobre Direitos da Criança, o Estado 
Brasileiro ratificou o respectivo Protocolo Facultativo. Em tais acordos 
internacionais se assentou a proteção à infância e se estabeleceu o 
compromisso de tipificação penal das condutas relacionadas à pornografia 
infantil. 
4. Para fins de preenchimento do terceiro requisito, é necessário que, do 
exame entre a conduta praticada e o resultado produzido, ou que deveria 
ser produzido, se extraia o atributo de internacionalidade dessa relação. 
5. Quando a publicação de material contendo pornografia infanto-juvenil 
ocorre na ambiência virtual de sítios de amplo e fácil acesso a qualquer 
sujeito, em qualquer parte do planeta, que esteja conectado à internet, a 
constatação da internacionalidade se infere não apenas do fato de que a 
postagem se opera em cenário propício ao livre acesso, como também que, 
ao fazê-lo, o agente comete o delito justamente com o objetivo de atingir o 
maior número possível de pessoas, inclusive assumindo o risco de que 
indivíduos localizados no estrangeiro sejam, igualmente, destinatários do 
material. A potencialidade do dano não se extrai somente do resultado 
efetivamente produzido, mas também daquele que poderia ocorrer, 
conforme própria previsão constitucional. 
6. Basta à configuração da competência da Justiça Federal que o material 
pornográfico envolvendo crianças ou adolescentes tenha estado acessível 
por alguém no estrangeiro, ainda que não haja evidências de que esse 
acesso realmente ocorreu. 
7. A extração da potencial internacionalidade do resultado advém do nível 
de abrangência próprio de sítios virtuais de amplo acesso, bem como da 
 
 
 
 
 
 
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Faculdade de Minas 
reconhecida dispersão mundial preconizada no art. 2º, I, da Lei 12.965/14, 
que instituiu o Marco Civil da Internet no Brasil. 
8. Não se constata o caráter de internacionalidade, ainda que potencial, 
quando o panorama fático envolve apenas a comunicação eletrônica havida 
entre particulares em canal de comunicação fechado, tal como ocorre na 
troca de e mails ou conversas privadas entre pessoas situadas no Brasil. 
Evidenciado que o conteúdo permaneceu enclausurado entre os 
participantes da conversa virtual, bem como que os envolvidos se 
conectaram por meio de computadores instalados em território nacional, não 
há que se cogitar na internacionalidade do resultado. 
9. Tese fixada: “Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes 
consistentes em disponibilizar ou adquirir material pornográfico envolvendo 
criança ou adolescente (arts. 241, 241-A e 241-B da Lei nº 8.069/1990) 
quando praticados por meio da rede mundial de computadores”. 
10. Recurso extraordinário desprovido. (RE 628624, Relator: Min. MARCO 
AURÉLIO, Relator p/ Acórdão: Min. EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, 
julgado em 29/10/2015). 
Elemento subjetivo: O tipo penal contempla apenas a modalidade dolosa. 
Pena: Reclusão, de 4 a 8 anos, e multa. É inadmissível a concessão de sursis 
processual (art. 89 da Lei nº 9099/95), pois a pena mínima é superior a 1 ano. 
Art. 241-A da Lei nº 8069/90: 
Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou 
divulgar por qualquer meio, inclusive por meio de sistema de 
informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que 
contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança 
ou adolescente: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) 
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído pela Lei 
nº 11.829, de 2008) 
 
 
 
 
 
 
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Faculdade de Minas 
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 
2008) 
I – assegura os meios ou serviços para o armazenamento das 
fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste artigo; 
(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) 
II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de computadores 
às fotografias, cenas ou
imagens de que trata o caput deste artigo. 
(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) 
§ 2o As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1o deste artigo são 
puníveis quando o responsável legal pela prestação do serviço, 
oficialmente notificado, deixa de desabilitar o acesso ao conteúdo 
ilícito de que trata o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 
2008) 
Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por qualquer 
pessoa. 
Sujeito passivo: É o adolescente e a criança. 
Elemento objetivo: O tipo penal contempla 7 condutas relacionadas à pedofilia 
(Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por 
qualquer meio material com conteúdo de pedofilia). É um tipo penal misto alternativo 
(crimes de ação múltipla ou de conteúdo variado). Assim, se o agente praticar mais 
de uma conduta descrita no tipo penal, no mesmo contexto fático, em homenagem 
ao princípio da alternatividade, incorrerá num único delito. A mens legis é impedir a 
indevida circulação de produtos com teor de pedofilia. 
A circulação de material com conteúdo de pedofilia não se dá tão somente por 
vídeos, fotografias, mas sim por qualquer outro meio que contenha esse teor. 
A expressão cena de sexo explícito ou pornográfica compreende qualquer 
situação que envolva criança ou adolescente em atividades sexuais explícitas, 
reais ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma criança ou 
adolescente para fins primordialmente sexuais (art. 241-E do ECA). 
 
 
 
 
 
 
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Faculdade de Minas 
Qual é o órgão jurisdicional competente para julgar esse tipo de delito? 
Em regra, esse delito será processado e julgado pela Justiça Estadual. Contudo, 
se o fato ultrapassar as fronteiras do território nacional estaremos diante de um 
crime de competência da Justiça Federal, nos exatos termos do art. 109 da 
Constituição Federal. Exemplo: Quando a circulação de fotografia, vídeo ou outro 
registro de material com conteúdo de pedofilia for praticada pela rede mundial de 
computadores. Esse é o entendimento do STF: 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL 
RECONHECIDA. PENAL. PROCESSO PENAL. CRIME PREVISTO NO 
ARTIGO 241-A DA LEI 8.069/90 (ESTATUTO DA CRIANÇA E DO 
ADOLESCENTE). COMPETÊNCIA. DIVULGAÇÃO E PUBLICAÇÃO DE 
IMAGENS COM CONTEÚDO PORNOGRÁFICO ENVOLVENDO CRIANÇA 
OU ADOLESCENTE. CONVENÇÃO SOBRE DIREITOS DA CRIANÇA. 
DELITO COMETIDO POR MEIO DA REDE MUNDIAL DE 
COMPUTADORES (INTERNET). INTERNACIONALIDADE. ARTIGO 109, 
V, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA 
FEDERAL RECONHECIDA. RECURSO DESPROVIDO. 
1. À luz do preconizado no art. 109, V, da CF, a competência para 
processamento e julgamento de crime será da Justiça Federal quando 
preenchidos 03 (três) requisitos essenciais e cumulativos, quais sejam, que: 
a) o fato esteja previsto como crime no Brasil e no estrangeiro; b) o Brasil 
seja signatário de convenção ou tratado internacional por meio do qual 
assume o compromisso de reprimir criminalmente aquela espécie delitiva; e 
c) a conduta tenha ao menos se iniciado no Brasil e o resultado tenha 
ocorrido, ou devesse ter ocorrido no exterior, ou reciprocamente. 
2. O Brasil pune a prática de divulgação e publicação de conteúdo 
pedófilopornográfico, conforme art. 241-A do Estatuto da Criança e do 
Adolescente. 
3. Além de signatário da Convenção sobre Direitos da Criança, o Estado 
Brasileiro ratificou o respectivo Protocolo Facultativo. Em tais acordos 
internacionais se assentou a proteção à infância e se estabeleceu o 
 
 
 
 
 
 
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compromisso de tipificação penal das condutas relacionadas à pornografia 
infantil. 
4. Para fins de preenchimento do terceiro requisito, é necessário que, do 
exame entre a conduta praticada e o resultado produzido, ou que deveria 
ser produzido, se extraia o atributo de internacionalidade dessa relação. 
5. Quando a publicação de material contendo pornografia infanto-juvenil 
ocorre na ambiência virtual de sítios de amplo e fácil acesso a qualquer 
sujeito, em qualquer parte do planeta, que esteja conectado à internet, a 
constatação da internacionalidade se infere não apenas do fato de que a 
postagem se opera em cenário propício ao livre acesso, como também que, 
ao fazê-lo, o agente comete o delito justamente com o objetivo de atingir o 
maior número possível de pessoas, inclusive assumindo o risco de que 
indivíduos localizados no estrangeiro sejam, igualmente, destinatários do 
material. A potencialidade do dano não se extrai somente do resultado 
efetivamente produzido, mas também daquele que poderia ocorrer, 
conforme própria previsão constitucional. 
6. Basta à configuração da competência da Justiça Federal que o material 
pornográfico envolvendo crianças ou adolescentes tenha estado acessível 
por alguém no estrangeiro, ainda que não haja evidências de que esse 
acesso realmente ocorreu. 
7. A extração da potencial internacionalidade do resultado advém do nível 
de abrangência próprio de sítios virtuais de amplo acesso, bem como da 
reconhecida dispersão mundial preconizada no art. 2º, I, da Lei 12.965/14, 
que instituiu o Marco Civil da Internet no Brasil. 
8. Não se constata o caráter de internacionalidade, ainda que potencial, 
quando o panorama fático envolve apenas a comunicação eletrônica havida 
entre particulares em canal de comunicação fechado, tal como ocorre na 
troca de emails ou conversas privadas entre pessoas situadas no Brasil. 
Evidenciado que o conteúdo permaneceu enclausurado entre os 
participantes da conversa virtual, bem como que os envolvidos se 
 
 
 
 
 
 
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Faculdade de Minas 
conectaram por meio de computadores instalados em território nacional, não 
há que se cogitar na internacionalidade do resultado. 
9. Tese fixada: “Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes 
consistentes em disponibilizar ou adquirir material pornográfico envolvendo 
criança ou adolescente (arts. 241, 241-A e 241-B da Lei nº 8.069/1990) 
quando praticados por meio da rede mundial de computadores”. 
10. Recurso extraordinário desprovido. (RE 628624, Relator: Min. MARCO 
AURÉLIO, Relator p/ Acórdão: Min. EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, 
julgado em 29/10/2015) 
Por oportuno, vejamos um julgado do STJ que solucionou um conflito de 
competência entre a Justiça Estadual e a Justiça Federal acerca da divulgação de 
imagem pornográfica de adolescentes via whatsapp e em chat no facebook. 
CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. JUSTIÇA FEDERAL X 
JUSTIÇA ESTADUAL. INQUÉRITO POLICIAL. DIVULGAÇÃO DE 
IMAGEM PORNOGRÁFICA DE ADOLESCENTE VIA WHATSAPP E EM 
CHAT NO FACEBOOK. ART. 241-1 DA LEI 8.069/90. INEXISTÊNCIA DE 
EVIDÊNCIAS DE DIVULGAÇÃO DAS IMAGENS EM SÍTIOS VIRTUAIS DE 
AMPLO E FÁCIL ACESSO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. 
1. A Justiça Federal é competente, conforme disposição do inciso V do art. 
109 da Constituição da República, quando se tratar de infrações previstas 
em tratados ou convenções internacionais, como é caso do racismo, 
previsto na Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas as 
Formas de Discriminação Racial, da qual o Brasil é signatário, assim como 
nos crimes de guarda de moeda falsa, de tráfico internacional de 
entorpecentes, de tráfico de mulheres, de envio ilegal e tráfico de menores, 
de tortura, de pornografia infantil e pedofilia e corrupção ativa e tráfico de 
influência nas transações comerciais internacionais. 
2. Deliberando sobre o tema, o Plenário do Supremo Tribunal Federal, no 
julgamento do Recurso Extraordinário n. 628.624/MG, em sede de 
repercussão geral, assentou que a fixação da competência da Justiça 
 
 
 
 
 
 
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Faculdade de Minas 
Federal para o julgamento do delito do art. 241-A do Estatuto da Criança e 
do Adolescente (divulgação e publicação de conteúdo pedófilo-pornográfico) 
pressupõe a possibilidade de identificação do atributo da internacionalidade 
do resultado obtido
ou que se pretendia obter. Por sua vez, a constatação 
da internacionalidade do delito demandaria apenas que a publicação do 
material pornográfico tivesse sido feita em "ambiência virtual de sítios de 
amplo e fácil acesso a qualquer sujeito, em qualquer parte do planeta, que 
esteja conectado à internet" e que "o material pornográfico envolvendo 
crianças ou adolescentes tenha estado acessível por alguém no estrangeiro, 
ainda que não haja evidências de que esse acesso realmente ocorreu." (RE 
628.624, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. 
EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, julgado em 29/10/2015, ACÓRDÃO 
ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-062 DIVULG 05-
04-2016 PUBLIC 06-04-2016) 
3. Situação em que os indícios coletados até o momento revelam que as 
imagens da vítima foram trocadas por particulares via Whatsapp e por meio 
de chat na rede social Facebook. 
4. Tanto no aplicativo WhatsApp quanto nos diálogos (chat) estabelecido na 
rede social Facebook, a comunicação se dá entre destinatários escolhidos 
pelo emissor da mensagem. Trata-se de troca de informação privada que 
não está acessível a qualquer pessoa. 
5. Diante de tal contexto, no caso concreto, não foi preenchido o requisito 
estabelecido pela Corte Suprema de que a postagem de conteúdo 
pedófilopornográfico tenha sido feita em cenário propício ao livre acesso. 
6. A possibilidade de descoberta de outras provas e/ou evidências, no 
decorrer das investigações, levando a conclusões diferentes, demonstra não 
ser possível firmar peremptoriamente a competência definitiva para 
julgamento do presente inquérito policial. Isso não obstante, tendo em conta 
que a definição do Juízo competente em tais hipóteses se dá em razão dos 
indícios coletados até então, revela-se a competência do Juízo Estadual. 
 
 
 
 
 
 
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7. Conflito conhecido, para declarar a competência do Juízo de Direito da 
Vara Criminal e Execução Penal de São Sebastião do Paraíso/MG, o 
Suscitado. (CC 150.564/MG, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA 
FONSECA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 26/04/2017, DJe 02/05/2017). 
Elemento subjetivo: O tipo penal contempla apenas a modalidade dolosa. 
Pena: Reclusão, de 3 a 6 anos, e multa. É inadmissível a concessão de sursis 
processual (art. 89 da Lei nº 9099/95), pois a pena mínima é superior a 1 ano. 
Figuras equiparadas. A pena também será de 3 a 6 anos de reclusão, e multa, 
para: a) quem assegura os meios ou serviços para o armazenamento das 
fotografias, cenas ou imagens de pedofilia. 
Em resumo, cuida-se do armazenamento do material contendo pedofilia. É um crime 
permanente; b) quem assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de 
computadores às fotografias, cenas ou imagens de pedofilia. 
Em resumo, trata-se do garantidor do acesso ao material de pedofilia pela rede 
mundial de computadores. É um delito permanente. 
OBS: Essas condutas equiparadas são puníveis quando o responsável legal pela 
prestação do serviço, oficialmente notificado, deixa de desabilitar o acesso ao 
conteúdo ilícito de pedofilia. Cuida-se de uma condição objetiva de punibilidade, ou 
seja, apenas depois dessa notificação é que se pode deflagrar a persecução 
criminal. 
Art. 241-B da Lei nº 8069/90: 
Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, 
fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de sexo 
explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente: (Incluído 
pela Lei nº 11.829, de 2008) 
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído pela Lei 
nº 11.829, de 2008) 
 
 
 
 
 
 
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Faculdade de Minas 
§ 1o A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se de pequena 
quantidade o material a que se refere o caput deste artigo. (Incluído 
pela Lei nº 11.829, de 2008) 
§ 2o Não há crime se a posse ou o armazenamento tem a finalidade de 
comunicar às autoridades competentes a ocorrência das condutas 
descritas nos arts. 240, 241, 241-A e 241-C desta Lei, quando a 
comunicação for feita por: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) 
I – agente público no exercício de suas funções; (Incluído pela Lei nº 
11.829, de 2008) 
II – membro de entidade, legalmente constituída, que inclua, entre suas 
finalidades institucionais, o recebimento, o processamento e o 
encaminhamento de notícia dos crimes referidos neste parágrafo; 
(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) 
III – representante legal e funcionários responsáveis de provedor de 
acesso ou serviço prestado por meio de rede de computadores, até o 
recebimento do material relativo à notícia feita à autoridade policial, ao 
Ministério Público ou ao Poder Judiciário. (Incluído pela Lei nº 11.829, 
de 2008) 
Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por qualquer 
pessoa. 
Sujeito passivo: É o adolescente e a criança. 
Elemento objetivo: O tipo penal contempla 3 condutas relacionadas à pedofilia 
(Adquirir, possuir e armazenar). Adquirir é obter o material com conteúdo de 
pedofilia. Possuir é ter a posse de material com conteúdo de pedofilia. Armazenar é 
guardar material com conteúdo de pedofilia. É um tipo penal misto alternativo 
(crimes de ação múltipla ou de conteúdo variado). Assim, se o agente praticar mais 
de uma conduta descrita no tipo penal, no mesmo contexto fático, em homenagem 
ao princípio da alternatividade, incorrerá num único delito. A mens legis é impedir a 
indevida manutenção de material com teor de pedofilia. Esse armazenamento de 
produto com teor de pedofilia pode se dar de maneira física ou virtual. 
 
 
 
 
 
 
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Faculdade de Minas 
A expressão cena de sexo explícito ou pornográfica compreende qualquer 
situação que envolva criança ou adolescente em atividades sexuais explícitas, reais 
ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma criança ou adolescente para 
fins primordialmente sexuais (art. 241-E do ECA). 
Qual é o órgão jurisdicional competente para julgar esse tipo de delito? 
Em regra, esse delito será processado e julgado pela Justiça Estadual. Contudo, 
se o fato ultrapassar as fronteiras do território nacional estaremos diante de um 
crime de competência da Justiça Federal, nos exatos termos do art. 109 da 
Constituição Federal. 
Elemento subjetivo: O tipo penal contempla apenas a modalidade dolosa. 
Pena: Reclusão, de 1 a 4 anos, e multa. É admissível a concessão de sursis 
processual (art. 89 da Lei nº 9099/95), pois a pena mínima não é superior a 1 ano. 
Causa de diminuição da pena: A pena é reduzida de 1/3 a 2/3 se o material com 
conteúdo de pedofilia for de pequena quantidade. Considerando que a lei não 
estabeleceu o que seria material com conteúdo de pedofilia de pequena quantidade, 
restou ao magistrado decidir isso diante do caso concreto. 
Causa de exclusão da tipicidade: O fato é atípico, ou seja, não há crime se a 
posse ou armazenamento tem a finalidade de comunicar às autoridades 
competentes a ocorrência das condutas descritas nos arts. 240, 241, 241-A e 241-C 
do ECA, quando a comunicação for feita em uma das seguintes situações: 
a) agente público no exercício de suas funções; b) membro de entidade, legalmente 
constituída, que inclua, entre suas finalidades institucionais, o recebimento, o 
processamento e o encaminhamento de notícia dos crimes referidos; c) 
representante legal e funcionários responsáveis de provedor de acesso ou serviço 
prestado por meio de rede de computadores, até o recebimento do material relativo 
à notícia feita à autoridade policial, ao Ministério Público ou ao Poder Judiciário. 
Contudo, essas pessoas têm o dever de manter sigilo sobre esse material ilícito de 
pedofilia, sob pena de cometer o art. 241-A do ECA se ocorrer circulação ou 
movimentação indevida desse material. 
 
 
 
 
 
 
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Faculdade de Minas 
Art. 241-C da Lei nº 8069/90: 
Simular a participação de criança ou adolescente em cena de sexo 
explícito ou pornográfica por
meio de adulteração, montagem ou 
modificação de fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de 
representação visual: 
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa (incluído pela Lei 
11.829, de 2008). 
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à 
venda, disponibiliza, distribui, publica, divulga por qualquer meio, 
adquire, possui ou armazena o material produzido na forma do caput 
deste artigo (incluído pela Lei 11.829, de 2008). 
Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por qualquer 
pessoa. 
Sujeito passivo: É o adolescente e a criança. 
Elemento objetivo: Simular é fingir, encenar, imitar. De fato, a criança ou o 
adolescente não participa de cena de sexo explícito ou pornográfica, porém o 
agente simula (imita) essa participação por meio de adulteração, montagem ou 
modificação de fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de representação visual. 
A expressão cena de sexo explícito ou pornográfica compreende qualquer 
situação que envolva criança ou adolescente em atividades sexuais explícitas, reais 
ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma criança ou adolescente para 
fins primordialmente sexuais (art. 241-E do ECA). 
Elemento subjetivo: O tipo penal contempla apenas a modalidade dolosa. Pena: 
Reclusão, de 1 a 3 anos, e multa. É admissível a concessão de sursis processual 
(art. 89 da Lei nº 9099/95), pois a pena mínima não é superior a 1 ano. Figura 
equiparada. A pena também será de reclusão de 1 a 3 anos, e multa para quem 
vende, expõe à venda, disponibiliza, distribui, publica ou divulga por qualquer meio, 
adquire, possui ou armazena o material produzido com teor de pedofilia. 
Elemento subjetivo: O tipo penal contempla apenas a modalidade dolosa. 
 
 
 
 
 
 
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Faculdade de Minas 
Pena: Reclusão, de 1 a 3 anos, e multa. É admissível a concessão de sursis 
processual (art. 89 da Lei nº 9099/95), pois a pena mínima não é superior a 1 ano. 
Figura equiparada. A pena também será de reclusão de 1 a 3 anos, e multa para 
quem vende, expõe à venda, disponibiliza, distribui, publica ou divulga por qualquer 
meio, adquire, possui ou armazena o material produzido com teor de pedofilia. 
Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio 
de comunicação, criança, com o fim de com ela praticar ato libidinoso: 
(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) 
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 
11.829, de 2008) 
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei 
nº 11.829, de 2008) 
I – facilita ou induz o acesso à criança de material contendo cena de 
sexo explícito ou pornográfica com o fim de com ela praticar ato 
libidinoso; (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) 
II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo com o fim de 
induzir criança a se exibir de forma pornográfica ou sexualmente 
explícita. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008). 
Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por qualquer 
pessoa. 
Sujeito passivo: É a criança. Repare que esse tipo penal não incluiu o adolescente 
como vítima. 
Elemento objetivo: Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio de 
comunicação. São condutas ilícitas que representam meios empregados pelo 
agente para conseguir a prática de atos libidinosos com a criança. É um tipo penal 
misto alternativo (crimes de ação múltipla ou de conteúdo variado). Assim, se o 
agente praticar mais de uma conduta descrita no tipo penal, no mesmo contexto 
fático, em homenagem ao princípio da alternatividade, incorrerá num único delito. A 
 
 
 
 
 
 
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mens legis é incriminar quem seduz, atrai criança a fim de que com ele pratique ato 
libidinoso. 
Elemento subjetivo: O tipo penal contempla apenas a modalidade dolosa. Exige-se 
ainda o especial fim de agir, qual seja, o agente deve visar a prática de ato 
libidinoso com criança. 
Pena: Reclusão, de 1 a 3 anos, e multa. É admissível a concessão de sursis 
processual (art. 89 da Lei nº 9099/95), pois a pena mínima não é superior a 1 ano. 
Figura equiparada. A pena também será de reclusão de 1 a 3 anos, e multa para: 
a) quem facilitar ou induzir o acesso à criança de material contendo cena de sexo 
explícito ou pornográfica com o fim de com ela praticar ato libidinoso; b) quem 
praticar as condutas de aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio, 
com o fim de induzi-la a exibir-se de forma pornográfica ou sexualmente explícita. 
Art. 242 da Lei nº 8069/90: 
Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer 
forma, a criança ou adolescente arma, munição ou explosivo: 
Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa. 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos. (Redação dada pela Lei nº 
10.764, de 12.11.2003) 
OBS: Esse tipo penal representa a incriminação da violação ao previsto no art. 
81, I, do ECA. 
Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por qualquer 
pessoa. 
Sujeito passivo: É a criança ou o adolescente. 
Elemento objetivo: Vender significa trocar arma, munição ou explosivo por dinheiro 
ou algo de valor econômico. Fornecer é abastecer. Entregar é passar às mãos. É 
um tipo penal misto alternativo (crimes de ação múltipla ou de conteúdo variado). 
Assim, se o agente praticar mais de uma conduta descrita no tipo penal, no mesmo 
contexto fático, em homenagem ao princípio da alternatividade, incorrerá num único 
 
 
 
 
 
 
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delito. A mens legis é impedir que criança ou adolescente tenham acesso a arma, 
munição ou explosivo. 
Conflito aparente de norma com o crime descrito no art. 16, § único, do 
Estatuto do Desarmamento: 
Dispõe o art. 16, § único, da Lei 10826/03: 
Nas mesmas penas incorre quem: 
V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, 
munição ou explosivo a criança ou adolescente. 
Inicialmente, vale destacar que o crime do Estatuto do Desarmamento, por ser 
posterior, derrogou o art. 242 do Estatuto da Criança e do Adolescente, que 
continua aplicável a arma de outra natureza, que não seja de fogo. Exemplo: Armas 
brancas (espada, punhal, faca, martelo, etc.). 
Em resumo, o delito do art. 242 do ECA continua em vigor apenas para a 
hipótese de o agente vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de 
qualquer forma, a criança ou adolescente arma branca. 
Elemento subjetivo: O tipo penal contempla apenas a modalidade dolosa. 
Pena: Reclusão, de 3 a 6 anos. É inadmissível a concessão de sursis processual 
(art. 89 da Lei nº 9099/95), pois a pena mínima é superior a 1 ano. 
Art. 243 da Lei nº 8069/90: 
Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ainda que 
gratuitamente, de qualquer forma, a criança ou a adolescente, bebida 
alcoólica ou, sem justa causa, outros produtos cujos componentes 
possam causar dependência física ou psíquica: (Redação dada pela 
Lei nº 13.106, de 2015) 
Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato não 
constitui crime mais grave. (Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015). 
Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por qualquer 
pessoa. Sujeito passivo: É a criança ou o adolescente. 
 
 
 
 
 
 
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Elemento objetivo: Vender significa trocar bebida alcoólica ou outros produtos que 
possam causar dependência física ou psíquica por dinheiro ou algo de valor 
econômico. Fornecer é abastecer. Servir é acolher o pedido. Ministrar é introduzir tal 
substância em organismo de outrem. Entregar é passar às mãos. É um tipo penal 
misto alternativo (crimes de ação múltipla ou de conteúdo variado). Assim, se o 
agente praticar mais de uma conduta descrita no tipo penal, no mesmo contexto 
fático, em homenagem ao princípio da alternatividade, incorrerá num único delito. A 
mens legis é impedir que criança ou
adolescente tenham acesso a bebidas 
alcoólicas ou outros produtos que possam causar dependência física ou psíquica. 
Conflito aparente de norma com o crime de tráfico de drogas (art. 33 da Lei 
11343/06): Se o objeto material for substância entorpecente descrita na Portaria nº 
344/98 da ANVISA, o crime será o de tráfico de drogas, nos termos do art. 33 da Lei 
de Drogas. 
OBS: Esse tipo penal revogou expressamente a contravenção penal de servir 
bebidas alcoólicas a menor de 18 anos (art. 63, I, da Lei de Contravenções 
Penais). 
 Por qual delito responde o agente que forneceu bebida alcoólica a criança 
que ingeriu tal líquido e morreu? 
O agente responderá apenas pelo delito de homicídio (art. 121 do CP). Reparem 
que o crime em estudo adotou em seu preceito secundário o princípio da 
subsidiariedade expressa. 
Elemento subjetivo: O tipo penal contempla apenas a modalidade dolosa. 
Pena: Reclusão, de 2 a 4 anos. É inadmissível a concessão de sursis processual 
(art. 89 da Lei nº 9099/95), pois a pena mínima é superior a 1 ano. 
Art. 244 da Lei nº 8069/90: 
Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer 
forma, a criança ou a adolescente fogos de estampido ou de artifício, 
exceto aqueles que, pelo seu reduzido potencial, sejam incapazes de 
provocar qualquer dano físico em caso de utilização indevida. 
 
 
 
 
 
 
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Pena - detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
 
OBS: Esse tipo penal representa a incriminação da violação ao previsto no art. 
81, IV, do ECA. 
Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por qualquer 
pessoa. 
Sujeito passivo: É a criança ou o adolescente. 
Elemento objetivo: Vender significa trocar fogos de estampido ou de artifício por 
dinheiro ou algo de valor econômico. Fornecer é abastecer. Entregar é passar às 
mãos. É um tipo penal misto alternativo (crimes de ação múltipla ou de conteúdo 
variado). Assim, se o agente praticar mais de uma conduta descrita no tipo penal, no 
mesmo contexto fático, em homenagem ao princípio da alternatividade, incorrerá 
num único delito. A mens legis é impedir que criança ou adolescente tenham acesso 
a fogos de estampido ou de artifício (exemplos: foguetes, rojões, bombinhas, etc.). 
Não há que se falar nesse delito se o objeto material (fogos de estampido ou 
de artifício) for de reduzido potencial ofensivo, ou seja, se o objeto material for 
incapaz de provocar danos físicos em caso de utilização indevida. 
Elemento subjetivo: O tipo penal contempla apenas a modalidade dolosa. Pena: 
Detenção, de 6 meses a 2 anos. É compatível com os institutos despenalizadores 
da transação penal e do sursis processual. 
Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais definidos no 
caput do art. 2o desta Lei, à prostituição ou à exploração sexual: 
(Incluído pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000) 
Pena – reclusão de quatro a dez anos e multa, além da perda de bens e 
valores utilizados na prática criminosa em favor do Fundo dos Direitos 
da Criança e do Adolescente da unidade da Federação (Estado ou 
Distrito Federal) em que foi cometido o crime, ressalvado o direito de 
terceiro de boa-fé. (Redação dada pela Lei nº 13.440, de 2017) 
 
 
 
 
 
 
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§ 1o Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o gerente ou o 
responsável pelo local em que se verifique a submissão de criança ou 
adolescente às práticas referidas no caput deste artigo. (Incluído pela 
Lei nº 9.975, de 23.6.2000). 
§ 2o Constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença 
de localização e de funcionamento do estabelecimento. (Incluído pela Lei nº 
9.975, de 23.6.2000) 
Esse tipo penal do ECA foi revogado tacitamente pela lei 12.015/09, que introduziu 
o art. 218-A no Código Penal, com conteúdo idêntico à do art. 244-A do ECA. 
Art. 244-B do ECA. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 
(dezoito) anos, com ele praticando infração penal ou induzindo-o a 
praticá-la: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei nº 
12.015, de 2009) 
§ 1o Incorre nas penas previstas no caput deste artigo quem pratica as 
condutas ali tipificadas utilizando-se de quaisquer meios eletrônicos, 
inclusive salas de bate-papo da internet. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 
2009) 
§ 2o As penas previstas no caput deste artigo são aumentadas de um 
terço no caso de a infração cometida ou induzida estar incluída no rol 
do art. 1o da Lei n o 8.072, de 25 de julho de 1990. (Incluído pela Lei nº 
12.015, de 2009) 
OBS: Esse tipo penal, que foi inserido pela Lei nº 12015/2009, revogou 
expressamente o delito de corrupção de menores descrito no art. 1º da Lei nº 
2252/54, que possuía a mesma redação. 
Os crimes cometidos sob a vigência da Lei nº 2252/54 deixaram de ser 
criminosos? 
 
 
 
 
 
 
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A resposta é negativa. No caso, não houve a ocorrência do abolitio criminis, mas 
sim o fenômeno da continuidade normativa típica, ou seja, o fato permaneceu 
como criminoso, porém em outro dispositivo legal. 
Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por qualquer 
pessoa. 
Sujeito passivo: É a criança ou o adolescente. 
Elemento objetivo: Corromper é alterar, perverter. Nessa situação, o agente 
comete a infração penal em concurso com o menor de 18 anos. Já facilitar a 
corrupção significa prestar auxílio de forma a favorecer a corrupção de menor de 18 
anos de idade. Nesse caso, o agente induz o menor a praticar a infração penal. 
Estamos diante de um tipo penal misto alternativo (crimes de ação múltipla ou de 
conteúdo variado). Assim, se o agente praticar mais de uma conduta descrita no tipo 
penal, no mesmo contexto fático, em homenagem ao princípio da alternatividade, 
incorrerá num único delito. A mens legis é preservar a moralidade dos menores de 
18 anos de idade. 
O agente comete o delito de furto juntamente com um adolescente de 14 anos 
de idade. Por quantos delitos responderá esse agente? 
O agente responderá por 2 delitos (furto e corrupção de menores), em concurso de 
crimes. 
Para a caracterização desse delito é indispensável a efetiva corrupção da 
moral social do menor? 
A resposta é negativa. Trata-se de um crime formal. Assim, tal delito está 
consumado independentemente da efetiva corrupção moral do menor de 18 anos. 
Aliás, nesse sentido é a súmula 500 do STJ: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Elemento subjetivo: O tipo penal contempla apenas a modalidade dolosa. Pena: 
Reclusão, de 1 a 4 anos. É admissível a concessão de sursis processual (art. 89 da 
Lei nº 9099/95), pois a pena mínima não é superior a 1 ano. 
Figura equiparada. A pena também será de reclusão de 1 a 4 anos para quem 
praticar a corrupção de menores valendo-se de quaisquer meios eletrônicos, 
inclusive sala de bate-papo da internet. 
Causa de aumento de pena. A pena será aumentada em 1/3 no caso de infração 
penal cometida ou induzida estiver incluída no rol dos crimes hediondos (art. 1º da 
Lei 8072/90). 
 
 
 
 
 
“Toda criança ou adolescente tem direitos legais e proteção plena. A garantia está na lei, 
mas a aplicação e a efetividade depende de nós adultos que: criamos, participamos ou 
executamos as políticas públicas.” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Faculdade de Minas 
 
3 – REFERÊNCIAS 
 
AMIN, A. R. Doutrina da proteção integral. In: MACIEL, K. R. F. L. A. (Coord.). Curso 
de direito da criança e do adolescente: aspectos teóricos e práticos. 9. ed. São 
Paulo: Saraiva, 2016a. 
______. Dos direitos fundamentais. In: MACIEL, K. R. F. L. A. (Coord.). Curso de 
direito da criança e do adolescente: aspectos teóricos e práticos. 9. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2016b. 
ARANTES, E. M. de M. Pensando a psicologia aplicada à justiça. In: GONÇALVES, 
H. S.; BRANDÃO, E. P. (Orgs.). Psicologia jurídica no Brasil.

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