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Caderno de Doutrina (7)

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SEMANA 23 
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA 
DELEGADO DE POLÍCIA
SEMANA 23/48 
Sumário 
META 1 ............................................................................................................................................................ 8 
DIREITO PENAL: CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL (PARTE I) ................................................................ 8 
1. DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL ............................................................................................... 9 
1.1 Estupro (Art. 213, CP) .............................................................................................................................................. 9 
1.1.1 Análise Do Caput ............................................................................................................................................... 9 
1.1.2 Qualificadoras ................................................................................................................................................. 15 
1.2 Violação Sexual Mediante Fraude (Art. 215) ......................................................................................................... 16 
1.3 Importunação Sexual (Art. 215-A) ......................................................................................................................... 17 
1.4 Assédio Sexual (Art. 216-A) ................................................................................................................................... 20 
1.5 Da Exposição da Intimidade Sexual ....................................................................................................................... 22 
2. DOS CRIMES SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEIS .......................................................................................... 28 
2.1 Estupro de Vulnerável (Art. 217-A) ....................................................................................................................... 28 
META 2 .......................................................................................................................................................... 41 
DIREITO PENAL: CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL (PARTE II) ............................................................. 41 
2.2 Mediação de Menor Vulnerável para Satisfazer a Lascívia de Outrem (Corrupção de Menores) (Art. 218) ........ 41 
2.3 Satisfação de Lascívia Mediante Presença de Criança ou Adolescente (Art. 218-A) ............................................. 42 
2.4 Favorecimento da Prostituição ou de Outra Forma de Exploração Sexual de Criança ou Adolescente ou de 
Vulnerável (Art. 218-B) ............................................................................................................................................... 44 
2.5 Divulgação de Cena de Estupro ou de Cena de Estupro de Vulnerável, de Cena de Sexo ou de Pornografia (Art. 
218-C). (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018) ........................................................................................................... 49 
2.5.1 Considerações importantes: ........................................................................................................................... 52 
2.5.2 Aumento de pena ........................................................................................................................................... 53 
2.5.3 Exclusão de ilicitude ........................................................................................................................................ 53 
3. DISPOSIÇÕES GERAIS ................................................................................................................................. 54 
3.1 Ação Penal nos Crimes Sexuais (Art. 225) ............................................................................................................. 54 
3.2 Causas de Aumento de Pena (Art. 226) ................................................................................................................. 56 
4. OUTROS TIPOS PENAIS .............................................................................................................................. 58 
4.1 Mediação para Servir a Lascívia de Outrem (Art. 227) .......................................................................................... 58 
4.2 Favorecimento da Prostituição ou Outra Forma de Exploração Sexual (Art. 228) ................................................ 59 
4.3 Casa de Prostituição (Art. 229) .............................................................................................................................. 60 
4.4 Rufianismo (Art. 230) ............................................................................................................................................ 62 
4.5 Promoção de Migração Ilegal (Art. 232-A) ............................................................................................................ 63 
4.6 Do Ultraje Público ao Pudor - Ato Obsceno (Art. 233) .......................................................................................... 64 
4.7 Escrito ou Objeto Obsceno (Art. 234) .................................................................................................................... 65 
5. DISPOSIÇÕES GERAIS ................................................................................................................................. 66 
META 3 .......................................................................................................................................................... 73 
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL: CRIMES NO ECA (PARTE I) ............................................................................ 73 
1. FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL ............................................................................................................. 73 
2. PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE ................................................................................................................... 74 
2.1 Inaplicabilidade da Lei 9.099/95 ............................................................................................................................ 74 
2.2 Conceito de Criança e Adolescente ....................................................................................................................... 74 
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA 
DELEGADO DE POLÍCIA 
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3. ATO INFRACIONAL E MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS .................................................................................. 75 
3.1 Procedimento e Apuração do Ato Infracional ....................................................................................................... 76 
3.2 Medidas socioeducativas do ECA .......................................................................................................................... 82 
4. DOS CRIMES PREVISTOS NO ECA ............................................................................................................... 89 
5. AÇÃO PENAL .............................................................................................................................................. 89 
6. DA INFILTRAÇÃO DE AGENTES DA POLÍCIA NA INTERNET ........................................................................ 89 
7. CRIMES EM ESPÉCIE ................................................................................................................................... 94 
7.2 Crime Quando há o Descumprimento do Art. 10 do ECA ..................................................................................... 95 
7.3 Crime do Artigo 230 .............................................................................................................................................. 96 
7.4 Crimeaudiovisual que
contenha cena de estupro ou de
estupro de vulnerável ou que faça
apologia ou induza a sua prática, ou, 
Produzir,
reproduzir, dirigir,
fotografar, filmar
ou registrar, por
qualquer meio,
cena de sexo
explícito ou
pornográfica,
envolvendo
criança ou
adolescente 
Vender ou expor à
venda fotografia,
vídeo ou outro
registro que
contenha cena de
sexo explícito ou
pornográfica
envolvendo criança
ou adolescente 
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA 
DELEGADO DE POLÍCIA 
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sem o consentimento da vítima, cena 
de sexo, nudez ou pornografia.
Pena - detenção, de 
6 (seis) meses a 1 
(um) ano, e multa.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco)
anos, se o fato não constitui crime mais 
grave. 
Pena – reclusão,
de 4 (quatro) a 8
(oito) anos, e 
multa.
Pena – reclusão, de 4
(quatro) a 8 (oito) 
anos, e multa. 
2. DOS CRIMES SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEIS 
De início, importante lembrar que é muito comum a configuração de erro de tipo quanto aos crimes 
deste capítulo, como em situações em que as supostas vítimas não aparentam ser menores de 14 ou de 18 
anos, a depender do caso, nem revelam suas idades, até mesmo frequentando locais proibidos para menores, 
de modo que, em sendo o conhecimento da idade elementar do tipo e havendo erro razoável, a conduta será 
atípica, já que os tipos penais não contemplam a modalidade culposa, nem pode haver responsabilidade 
penal objetiva. 
2.1 Estupro de Vulnerável (Art. 217-A) 
Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) 
anos: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) 
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. 
§1º - Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém 
que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento 
para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer
resistência. 
§2º - (VETADO) 
§3º - Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos. 
§4º - Se da conduta resulta morte: 
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. 
§5º - As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e 4º deste artigo aplicam-se 
independentemente do consentimento da vítima ou do fato de ela ter mantido 
relações sexuais anteriormente ao crime. (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018) 
a) Classificação: Crime hediondo, de elevado potencial ofensivo, comum, material, de forma livre, comissivo, 
instantâneo, de dano, unissubjetivo e plurissubsistente. 
b) Sujeitos do delito: 
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● Sujeito passivo: Pessoa vulnerável. 
∘ Vítima menor de 14 anos – trata-se de vulnerabilidade absoluta, presumida na Lei. Assim, não 
importa se houve consentimento, pois este consentimento é tido como viciado. 
Súmula 593-STJ: O crime de estupro de vulnerável configura-se com a conjunção
carnal ou prática de ato libidinoso com menor de 14 anos, sendo irrelevante o 
eventual consentimento da vítima para a prática do ato, experiência sexual anterior 
ou existência de relacionamento amoroso com o agente
Nos crimes sexuais contra vulnerável, quando inexiste certidão de nascimento
atestando ser a vítima menor de 14 anos na data do fato criminoso, o STJ tem 
admitido a verificação etária a partir de outros elementos de prova presentes nos 
autos. Em suma, a certidão de nascimento não é o único meio idôneo para se
comprovar a idade da vítima, podendo o juiz valer-se de outros elementos. No caso 
concreto, mesmo não havendo certidão de nascimento da vítima, o STJ considerou 
que esta poderia ser provada por meio das informações presentes no laudo pericial, 
das declarações das testemunhas, da compleição física da vítima e das declarações 
do próprio acusado. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 12700-AC, voto vencedor Rel.
Min. Walter de Almeida Guilherme (Desembargador convocado do TJ/SP), Rel. para 
acórdão Min. Gurgel de Faria, julgado em 10/3/2015 (Info 563).
∘ Aquele que, por enfermidade ou doença mental, não tem o necessário discernimento para a 
prática do ato ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência: 
▪ Pessoa que não pode oferecer resistência: trata-se de vítima que, embora não padeça 
de nenhuma anomalia mental, embriaga-se até a inconsciência e é submetida ao ato 
sexual sem poder consentir. 
▪ No caso do deficiente mental: não se pune a relação sexual pelo simples fato de ter 
sido praticado com alguém nessa condição (aqui a vulnerabilidade não é absoluta 
como ocorre com os menores de 14 anos), de modo que só é crime se o agente praticar 
relação sexual ou outro ato libidinoso com alguém que NÃO TEM O NECESSÁRIO 
DISCERNIMENTO PARA A PRÁTICA DO ATO SEXUAL. Assim, nessa hipótese, é 
imprescindível apurar se a pessoa portadora de enfermidade ou doença mental tinha 
ou não discernimento para a prática do ato. 
▪ O delito de estupro de vulnerável, previsto no artigo 217-A, independe da ocorrência 
de quaisquer lesões na vítima, uma vez que a violência é presumida. 
● Sujeito ativo: Qualquer pessoa. (Inclusive mentor intelectual**). Admite coautoria e participação. 
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** O mentor intelectual dos atos libidinosos responde pelo crime de estupro de 
vulnerável. O estupro de vulnerável se consuma com a prática de qualquer ato de 
libidinagem ofensivo à dignidade sexual da vítima. Para que se configure ato 
libidinoso, não se exige contato físico entre ofensor e vítima. Assim, doutrina e 
jurisprudência sustentam a prescindibilidade do contato físico direto do réu com a 
vítima, a fim de priorizar o nexo causal entre o ato praticado pelo acusado, 
destinado à satisfação da sua lascívia, e o efetivo dano à dignidade sexual sofrido 
pela ofendida. STJ. 6ª Turma. HC 478310, Rel. Min. Rogério Schietti, julgado em 
09/02/2021 (Info 685). 
Caso concreto: “A”, adulto do sexo masculino, mantinha relacionamento com “O”, 
mulher maior de idade. “O” era mãe de “H”, criança com poucos meses de vida. 
“O” fazia tudo o que “A” exigia para satisfazer sua lascívia. Determinado dia, “A”, 
em conversa com “O”, por meio de aplicativo de mensagens, solicita que “O” tire 
fotos da genitália de “H”. “O” faz isso e envia as fotos para “A” pelo aplicativo. “A” 
exige que “O” toque na genitália e faça sexo oral na criança. “O” obedece e faz o 
que “A” pediu. 
Nas exatas palavras da denúncia oferecida pelo Ministério Público: “Durante vários 
momentos do diálogo mantido entre [O.] e [A], são enviadas fotos, pela mãe da 
menor para o denunciado, nas quais o órgão genital da criança [H.] é exibido. Não 
obstante, a pedido de [A.], [O.] chega a fazer sexo oral na própria filha, filmando e 
enviando o arquivo a ele. (...)” 
Na situação concreta, ficou devidamente comprovado que o paciente agiu 
mediante nítido poder de controle psicológico sobre a mãe da vítima, dado o 
vínculo afetivo entre eles estabelecido. Assim, a incitou à prática dos atos de 
estupro contra a infante, com o envio das respectivas imagens via aplicativo virtual, 
as quais permitiram a referida contemplação lasciva e a consequente adequação 
da conduta ao tipo do art. 217-A do Código Penal. 
Em se tratando de vítima menor de 14 anos, como no caso concreto, a proteção 
integral à criança e ao adolescente, em especial no que se refere às agressões 
sexuais, é preocupação constante de nosso Estado (art. 227, caput e § 4º, da CF/88) 
e de instrumentos internacionais. 
Importante registrar, por fim, que o STJ reconhece que o agente que concorre para 
a prática do estupro na qualidade de partícipe também responde pelo crime: STJ. 
5ª Turma. RHC n. 110.301/PR, Rel. Min. Ribeiro Dantas, DJe 11/6/2019.c) Objeto material: Pessoa vulnerável 
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d) Objeto jurídico: Liberdade sexual 
e) Elemento subjetivo: Dolo + especial finalidade de agir. 
ATENÇÃO! A qualidade vulnerável da vítima deve ser conhecida pelo agente. 
● Se desconhece a qualidade do sujeito passivo e o crime foi cometido com violência ou grave ameaça 
– art. 213, CP 
● Se desconhece a qualidade do sujeito passivo e o crime foi cometido com fraude – Art. 215, CP. 
● Se desconhece a qualidade do sujeito passivo e o crime foi cometido mediante qualquer outro meio 
(inclusive com consentimento) - fato atípico por se tratar de erro de tipo. 
f) Conduta: A conduta é simplesmente “ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com vulnerável: 
● Crime de execução livre: Pode ser utilizado qualquer meio executório, não se encontrando restrito 
à violência, grave ameaça e fraude. 
● Há uma presunção absoluta de violência, de acordo com o STJ. Basta a simples prática de ato sexual 
com pessoa vulnerável. 
g) Consumação e tentativa: 
● Crime material - O delito consuma-se com a prática do ato de libidinagem. 
● Doutrina majoritária – é um tipo misto alternativo 
● Admite-se a tentativa. 
h) Resultados qualificadores: devem ser preterdolosos. 
 Obs.: Exceção de Romeu e Julieta: Teoria criada nos estados unidos, segundo a qual não se deve 
considerar estupro de vulnerável quando a relação sexual for consentida e ocorrer com uma pessoa com 
diferença etária de até cinco anos, tendo em vista que ambas as partes se encontram na mesma etapa de 
desenvolvimento sexual. Assim, não caracterizaria estupro, por exemplo, a relação sexual consentida entre 
uma menina de 13 anos e seu namorado de 18. No entanto, trata-se de teoria não aceita no Brasil. 
Nesse sentido, é a súmula 593 do STJ, que diz que “o crime de estupro de vulnerável se configura 
com a conjunção carnal ou prática de ato libidinoso com menor de 14 anos, sendo irrelevante eventual 
consentimento da vítima para a prática do ato, sua experiência sexual anterior ou existência de 
relacionamento amoroso com o agente”. 
E para sanar de vez a divergência, o próprio código penal foi alterado pela Lei nº 13.718, de 2018, 
com a inclusão do §5º no art. 217-A, que diz expressamente que §5º as penas previstas no caput e nos §§1º, 
3º e 4º do mencionado artigo aplicam-se independentemente do consentimento da vítima ou do fato de 
ela ter mantido relações sexuais anteriormente ao crime. 
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Ressalta-se que o tema foi um dos tópicos exigidos na dissertação da 2ª fase do concurso de 
Delegado de São Paulo. Segue a parte referente no espelho: 
Não obstante, o STJ possui precedente relativizando a previsão legal e entendimento jurisprudencial, 
a depender de circunstâncias muito específicas do caso. Vejamos: 
Admite-se o distinguishing quanto ao Tema 918/STJ (REsp 1.480.881/PI), na 
hipótese em que a diferença de idade entre o acusado e a vítima não se mostrou 
tão distante quanto do acórdão paradigma (o réu possuía 19 anos de idade, ao 
passo que a vítima contava com 12 anos de idade), bem como há concordância 
dos pais da menor somado a vontade da vítima de conviver com o réu e o 
nascimento do filho do casal, o qual foi registrado pelo genitor. Processo em 
segredo de justiça, Rel. Ministro Olindo Menezes (Desembargador convocado do 
TRF1), Rel. para acórdão Ministro Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, por maioria, 
julgado em 16/5/2023, DJe 25/5/2023 (Info 777 STJ). 
Questão de prova – Vunesp - Delegado RR 2022 (não aplicada). Caio, de 40 anos, ao manter relação sexual 
consentida com Tícia, de 13 anos, incorre no crime de estupro de vulnerável. (gab DD: correto) 
Fique atento à jurisprudência sobre o tema: 
Nos casos de estupro de vulnerável praticado em continuidade delitiva em que 
não é possível precisar o número de infrações cometidas, tendo os crimes 
ocorrido durante longo período de tempo, deve-se aplicar a causa de aumento de 
pena no patamar máximo de 2/3. Processo em segredo de justiça, Rel. Ministro 
Jesuíno Rissato (Desembargador convocado do TJDFT), Sexta Turma, por 
unanimidade, julgado em 8/8/2023. (INFO 782 STJ) 
Nos casos de estupro de vulnerável praticado em continuidade delitiva, a 
aplicação das agravantes e majorante específicas em situações distintas não 
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configura bis in idem, e, na dosimetria da pena, deve-se considerar o aumento de 
pena no patamar máximo de 2/3, levando-se em conta os inúmeros abusos 
sofridos pela vítima. Quanto ao aumento de pena, tem-se que, nos termos da 
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, "não configura bis in idem a 
utilização da agravante genérica do art. 61, II, f, do Código Penal e da majorante 
específica do art. 226, II, do CP quando a circunstância utilizada pelas instâncias 
ordinárias para agravar a pena é a prevalência da relação doméstica de confiança e 
de hospitalidade para o cometimento do delito, enquanto que, para aumentá-la na 
terceira fase, a condição de tio da vítima, situações distintas, portanto" (AgRg no 
HC 690.214/SC, relator Ministro João Otávio de Noronha, Quinta Turma, julgado 
em 27/9/2022, DJe de 30/9/2022).Por sua vez, quanto ao aumento na fração 
máxima, em razão da continuidade delitiva, este justifica-se, em razão dos 
inúmeros abusos sofridos pela vítima. Isso porque "nos casos de estupro de 
vulnerável praticado em continuidade delitiva em que não é possível precisar o 
número de infrações cometidas, tendo os crimes ocorrido durante longo período 
de tempo, deve-se aplicar a causa de aumento de pena no patamar máximo de 2/3" 
(AgRg no HC 609.595/SP, relator Ministro João Otávio de Noronha, Quinta Turma, 
julgado em 27/9/2022, DJe de 30/9/2022). Processo em segredo de justiça, Rel. 
Ministro Antonio Saldanha Palheiro, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 
23/5/2023, DJe 26/5/2023 
Homem que beijou criança de 5 anos de idade, colocando a língua no interior da 
boca (beijo lascivo) praticou estupro de vulnerável (art. 217-A do CP), não sendo 
possível a desclassificação para a contravenção penal de molestamento (art. 65 do 
DL 3.668/41) 
O STJ firmou entendimento que configura o crime de estupro de vulnerável a 
prática de ato libidinoso diverso da conjunção carnal, como a conduta de acariciar 
“os seios e a barriga de adolescente de 12 anos de idade, durante a noite, enquanto 
estava dormindo ou sonolenta. 
(STJ) decidiu que o estado de sono, que diminua a capacidade da vítima de oferecer 
resistência, caracteriza a vulnerabilidade prevista no art. 217-A, § 1º, do Código 
Penal ( AgRg no HC 489684/ES). A vulnerabilidade não se restringe à idade da 
vítima, sendo certo que o § 1º. do artigo 217-A, discorre sobre as outras formas de 
vulnerabilidade, como o caso de enfermidade ou doença mental. De acordo com o 
STJ, o estado de sono, quando tiver a capacidade de diminuir a possibilidade da 
vítima de oferecer resistência, caracterizará a vulnerabilidade prevista no Código 
Penal. (art.217-A). A embriaguez também pode ser causa de diminuição ou 
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https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/d582ac40970f9885836a61d7b2c662e4?categoria=11&subcategoria=108
https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/d582ac40970f9885836a61d7b2c662e4?categoria=11&subcategoria=108
https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/d582ac40970f9885836a61d7b2c662e4?categoria=11&subcategoria=108
https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/d582ac40970f9885836a61d7b2c662e4?categoria=11&subcategoria=108PREPARAÇÃO EXTENSIVA 
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exclusão da capacidade de resistência da vítima. Para isso, a embriaguez precisa ser 
completa e de tal grau que impossibilite a vítima de lutar ou reagir com o agressor, 
havendo capacidade de resistência, o fato de a vítima estar embriagada não 
configurará o delito descrito no § 1º. do artigo 217-A, ou seja, o 
estupro de vulnerável, podendo vir a ser o crime de estupro do art. 213 CP, a 
depender do caso concreto. 
Em caso de estupro de vulnerável com violência presumida praticado contra 
vítimas diferentes, a continuidade delitiva é simples (e não específica) isso porque 
a violência que trata a continuidade delitiva específica é real e não abarca a 
violência presumida. A violência de que trata a continuidade delitiva especial (art. 
71, § único, CP) é real (para aumentar a pena até o triplo, deve ocorrer no caso 
concreto a violência ou a grave ameaça), sendo inviável aplicar limites mais 
gravosos do benefício penal da continuidade delitiva com base, exclusivamente, na 
ficção jurídica de violência do legislador utilizada para criar o tipo penal de estupro 
de vulnerável (pois neste crime a violência é absolutamente presumida, não se 
exigindo a violência real), se efetivamente a conjunção carnal ou ato libidinoso 
executado contra vulnerável foi desprovido (se não ocorreu) de qualquer violência 
real. Em caso de estupro de vulnerável praticado contra duas ou mais vítimas, 
mediante violência presumida, não há continuidade delitiva específica (art. 71, 
parágrafo único, do CP). Isso porque a violência de que trata a continuidade delitiva 
especial é a real, não abarcando a violência presumida. STJ. 5ª Turma. HC 
232709/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 25/10/2016. 
 Poderá ser aplicada a regra do concurso material, então? Aplica-se o concurso 
material em caso de estupro de vulnerável com violência presumida praticado 
contra vítimas diferentes? Também não. A jurisprudência do STJ entende que, nas 
hipóteses de estupro praticado com violência presumida, não incide a regra do 
concurso material nem da continuidade delitiva específica. Neste caso, deverá ser 
aplicada a continuidade delitiva simples (art. 71, caput, do CP), desde que estejam 
preenchidos, cumulativamente, os requisitos de ordem objetiva (pluralidade de 
ações, mesmas condições de tempo, lugar e modo de execução) e o de ordem 
subjetiva, assim entendido como a unidade de desígnios ou o vínculo subjetivo 
havido entre os eventos delituosos. STJ. 6ª Turma. REsp 1602771/MG, Rel. Min. 
Rogerio Schietti Cruz, julgado em 17/10/2017. 
Nas hipóteses em que há imprecisão acerca do número exato de eventos abusivos 
à dignidade sexual da vítima, praticados em um longo período de tempo, é 
adequado o aumento de pena pela continuidade delitiva (art. 71 do CP) em patamar 
superior ao mínimo legal. “5. A jurisprudência desta Corte Superior de Justiça é no 
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https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/d324a0cc02881779dcda44a675fdcaaa?categoria=11&subcategoria=108
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sentido que, nas hipóteses em que há imprecisão acerca do número exato de 
eventos delituosos, esta Corte tem considerado adequada a fixação da fração de 
aumento, referente à continuidade delitiva, em patamar superior ao mínimo legal, 
com base na longa duração dos sucessivos eventos delituosos (STJ, AgRg no AREsp 
n. 455.218/MG, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 
16/12/2014, DJe 05/02/2015)” (AgRg nos EDcl no AgRg no AREsp 1.629.001/SP, j. 
19/05/2020). 
O agente que passa as mãos nas coxas e seios da vítima menor de 14 anos, por 
dentro de sua roupa, pratica, em tese, o crime de estupro de vulnerável (art. 217-
A do CP). Não importa que não tenha havido penetração vaginal (conjunção carnal). 
STF. 1ª Turma. RHC 133121/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/o acórdão Min. 
Edson Fachin julgado em 30/8/2016 (Info 837). 
A conduta de contemplar lascivamente, sem contato físico, mediante pagamento, 
menor de 14 anos desnuda em motel pode permitir a deflagração da ação penal 
para a apuração do delito de estupro de vulnerável. Segundo a posição majoritária 
na doutrina, a simples contemplação lasciva já configura o “ato libidinoso” descrito 
nos arts. 213 e 217-A do Código Penal, sendo irrelevante, para a consumação dos 
delitos, que haja contato físico entre ofensor e ofendido. STJ. 5ª Turma. RHC 
70976-MS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 2/8/2016 (Info 587). 
O agente levou a vítima (menina de 12 anos de idade) para o quarto, despiu-se e, 
enquanto retirava as roupas da adolescente, passou as mãos em seu corpo. Ato 
contínuo, deitou-se na cama, momento em que a garota vestiu-se rapidamente e 
fugiu do local. O crime se consumou. Assim, se o réu praticou esse fato antes da Lei 
12.015/2009, responderá por atentado violento ao pudor com violência presumida 
(art. 214 c/c art. 224, “a”do CP) ou, se depois da Lei, por estupro de vulnerável (art. 
217-A), ambos na modalidade CONSUMADO. Para que o crime seja considerado 
consumado, não é indispensável que o ato libidinoso praticado seja invasivo 
(introdução do membro viril nas cavidades da vítima). Logo, toques íntimos podem 
servir para consumar o delito. STJ. 6ª Turma. REsp 1309394-RS, Rel. Min. Rogerio 
Schietti Cruz, julgado em 05/02/2015 (Info 555). 
A irmã de vítima do crime de estupro de vulnerável responde por conduta 
omissiva imprópria se assume o papel de garantidora. STJ. 5ª Turma. HC 603.195-
PR, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 06/10/2020 (Info 681). 
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É justificável a antecipação de prova no caso de depoimento especial de 
adolescente vítima de possível crime sexual - na forma da Lei n. 13.431/2017 - 
pela relevância da palavra da vítima em crimes dessa natureza e na sua urgência 
pela falibilidade da memória de crianças e adolescentes. STJ. 5ª Turma. AgRg no 
RHC 160.012/SC, Rel. Min. Messod Azulay Neto, julgado em 6/3/2023 (Info 767). 
Atenção!!! Art. 217-A - Distinguishing (distinção entendimento firmado no Recurso Repetitivo nº 1.480.881 
e da Súmula 593 do STJ (estupro de vulnerável) 
☞ É possível a distinção do entendimento firmado no Recurso Repetitivo nº 1.480.881 e da Súmula 
593 do STJ para reconhecer a atipicidade material do crime de estupro de vulnerável, conforme 
particularidades do caso concreto 
 É possível a distinção do entendimento firmado no Recurso Repetitivo nº 
1.480.881 e da Súmula 593 do STJ para reconhecer a atipicidade material do crime 
do art. 217-A do Código Penal, no caso em que o réu iniciou namoro com menor 
de 14 anos e dessa relação sobreveio um filho com formação de núcleo familiar. 
Não se mostra coerente impor à vítima uma vitimização secundária pelo aparato 
estatal sancionador pois a fixação da pena privativa de liberdade ao autor, em 
processo no qual a pretensão do órgão acusador se revela contrária aos anseios 
da própria vítima, acabaria por deixar a jovem e o filho de ambos desamparados 
não apenas materialmente, mas também emocionalmente, desestruturando 
entidade familiar constitucionalmente protegida. STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp n. 
2.019.664/CE, Rel. Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 13/12/2022, 
DJe de 19/12/2022 
A caracterização do crime de estupro de vulnerável previsto no art. 217-A, caput, do Código Penal, 
satisfaz que o agente tenha conjunção carnal ou pratique qualquer ato libidinoso com pessoa menor de 14 
anos. O consentimento da vítima, sua eventual experiência sexual anterior ou a existência de relacionamentoamoroso entre o agente e a vítima não interfere na ocorrência do crime. 
 Não obstante a necessidade de uniformização da jurisprudência pátria, por meio da fixação de teses 
em recursos repetitivos, em incidentes de assunção de competência bem como por meio da edição de 
súmulas, não se pode negligenciar o caso concreto, com as suas particularidades próprias, sob pena de a 
almejada uniformização acarretar injustiças irreparáveis. 
 O legislador não consegue prever todas as variáveis possíveis da conduta incriminada, igualmente as 
teses firmadas em repetitivos nem sempre albergam as peculiaridades do caso concreto. O caso deve ser 
sopesado de acordo com sua gravidade concreta e com sua relevância social, e não apenas pela mera 
subsunção ao tipo penal. É nesse ponto que reside o instituto da distinguishing ou distinção, que autoriza a 
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não aplicação de uma tese firmada, quando verificadas particularidades que impedem o julgamento 
uniforme no caso concreto. 
Após esse julgado, o informativo 769 STJ trouxe um novo caso , não admitindo a aplicação dessa
tese, por se tratar de um relacionamento em que não houve consentimentos dos pais, somado a excessiva
diferença de idade entre o acusado e a vítima: 
Não se admite o distinguishing realizado no julgamento do AgRg no REsp 
1.919.722/SP - caso de dois jovens namorados, cujo relacionamento foi aprovado 
pelos pais da vítima, sobrevindo um filho e a efetiva constituição de núcleo 
familiar - nas hipóteses em que não há consentimento dos responsáveis legais 
somado ao fato do acusado possuir gritante diferença de idade da vítima - o que 
invalida qualquer relativização da presunção de vulnerabilidade do menor de 14 
anos no crime de estupro de vulnerável. De início, reitera-se que, nos termos da 
Súmula n. 593/STJ, o consentimento da vítima menor de 14 anos e o seu namoro 
com o acusado não afastam a existência do delito de estupro de vulnerável. Nessa 
linha de intelecção, a jurisprudência deste Tribunal Superior tem sistematicamente 
rejeitado a tese de que a presunção de violência - termo que nem é mais utilizado 
na atual redação do CP - no estupro de vulnerável pode ser relativizada à luz do 
caso concreto (AgRg no REsp 1.934.812-TO, relator Ministro Ribeiro Dantas, Quinta 
Turma, julgado em 14/9/2021, DJe de 20/9/2021). Na hipótese, conforme 
fundamentadamente apontado pela Corte local, o caso não se amolda ao 
distinguishing realizado no julgamento do AgRg no REsp 1.919.722-SP, de minha 
relatoria - caso de dois jovens namorados, cujo relacionamento foi aprovado pelos 
pais da vítima, sobrevindo um filho e a efetiva constituição de núcleo familiar - 
tendo em vista que a relação amorosa não foi consentida pela genitora da vítima, 
tanto que, ao tomar conhecimento de que sua filha estava se relacionando com o 
paciente, acionou o Conselho Tutelar e registrou os fatos na Delegacia de Polícia. 
Ademais, a genitora da menor relatou que sua filha, após se relacionar com o 
acusado, apresentou comportamento agressivo, além de reprovar de ano na 
escola, tendo de ser submetida a tratamento psicológico. Somado a isso, conforme 
foi consignado pelo magistrado de primeiro grau, que se encontra mais próximo 
dos fatos, a vítima e o acusado tinham a gritante diferença de 36 (trinta e seis) anos. 
Apontou que a própria vítima e a sua genitora mencionaram espontaneamente que 
as relações aconteciam na chácara do acusado, localizada em área rural. Assim, 
mesmo ciente da tenra idade da vítima e do não consentimento de sua responsável 
legal, o acusado manteve relação sexual com a menor. São, portanto, plenamente 
válidas a Súmula n. 593 do Superior Tribunal de Justiça e a tese do REsp repetitivo 
1.480.881/PI (Tema 1121) sobre a impossibilidade de relativização da presunção de 
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vulnerabilidade da vítima. Processo em segredo de justiça, Rel. Ministro Reynaldo 
Soares da Fonseca, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 14/3/2023, DJe 
17/3/2023 
ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR MEDIANTE VIOLÊNCIA PRESUMIDA PRATICADO ANTES DA LEI 12.015/09 
e NOVATIO LEGIS IN MELLIUS
É importante saber que, em situações em que há um conflito de leis penais no tempo, estas devem 
ser analisadas em concreto, para que se possa definir qual é a mais benéfica, devendo ser levado em 
consideração até mesmo os requisitos para a concessão de benefícios penais durante a execução penal. 
Sendo assim, a pena fixada em abstrato é um dos elementos que devem ser considerados. 
A Lei 12.015/09 instituiu, em um único tipo – o atual art. 213 do Código Penal – o estupro, agora 
alcançando o constrangimento da vítima, mediante emprego de violência ou grave ameaça, à conjunção 
carnal ou qualquer outro ato libidinoso, e cominou a esta infração penal a sanção abstrata de 6 (seis) a 10 
(anos) de reclusão. 
A mesma lei criou, por outro lado, novo tipo penal para o crime de estupro de vulnerável - art. 217-
A, caput - quando a vítima é menor de 14 (quatorze) anos, ou quando, por enfermidade ou doença mental, 
não dispõe do necessário discernimento para a prática do ato, ou ainda nas hipóteses em que, por qualquer 
outra causa, não pode o ofendido oferecer resistência (art. 217-A, § 1º). A esse delito foi cominada, em 
abstrato, a pena de 8 (oito) a 15 (quinze) anos de reclusão. 
Pois bem, caso o agente pratique o atentado violento ao pudor mediante violência presumida, antes 
da lei 12015/09, sua conduta deverá ser adequada ao tipo de injusto previsto no Art. 217 – A do CP. 
Não se trata, contudo, de novatio legis in pejus. Isto porque, segundo o quadro normativo anterior à 
Lei 12.015/2009, a pena cominada ao atentado violento ao pudor do então art. 214, caput, do Código Penal, 
cometido mediante violência presumida do art. 224, c, à época vigente – e hoje revogado – era acrescida de 
metade (causa especial de aumento) exatamente nos casos em que a violência se presumia pela 
impossibilidade de a vítima oferecer resistência, conforme preconizava o art. 9º da Lei 8.072/90. Isto impõe 
reconhecer que, nessas situações, a pena mínima prevista para o atentado violento ao pudor era de 9 (nove) 
anos de reclusão – 6 (seis) da figura típica fundamental, aumentada em metade – e não de apenas 6 (seis). 
Portanto, o conflito intertemporal de normas penais deve ser resolvido, na situação em exame, pelo 
princípio da retroatividade da lei penal mais benéfica, nos termos do art. 5°, XL, da CF/1988, já que ao crime 
previsto no atual art. 217-A, § 1º, do Código Penal, aplica-se a pena (mínima) de 8 (oito) a 15 (quinze) anos 
de reclusão, sem acréscimos relativos à presunção de violência. 
Essa é, aliás, a interpretação que vem sendo adotada pelo Superior Tribunal de Justiça, conforme se 
depreende dos julgados indicados abaixo: 
PENAL E PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL. 
NÃO CONHECIMENTO DO WRIT. ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR (ANTIGA 
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REDAÇÃO) SUPERVENIÊNCIA DA LEI N. 12.015/2009. NOVA CAPITULAÇÃO 
JURÍDICA. ESTUPRO DE VULNERÁVEL. ART. 217-A DO CÓDIGO PENAL. LEI MAIS 
BENÉFICA. APLICAÇÃO RETROATIVA. COMBINAÇÃO DE LEIS. IMPOSSIBILIDADE. 
AFASTAMENTO DA CONTINUIDADE DELITIVA. 
1. Ressalvada pessoal compreensão diversa, uniformizou o Superior Tribunal de 
Justiça ser inadequado o writ em substituição a recursos especial e ordinário, 
ou de revisão criminal, admitindo-se, de ofício, a concessão da ordem ante a 
constatação de ilegalidade flagrante, abuso de poder ou teratologia. 
2. Não obstante a Lei n. 12.015/2009, ao tipificar o delito de atentando 
violento ao pudor contravítima menor de 14 anos, previsto 
no art. 214 do Código Penal, como "estupro de vulnerável" (art. 217-A do Código 
Penal), tenha determinado o recrudescimento da pena, deve ela retroagir, por ser 
mais benéfica, uma vez que referida lei também determinou a 
revogação da causa de aumento prevista no art. 9º da Lei 8.072/90. 
3.É vedada a combinação de leis, em face do princípio da 
retroatividade da lei penal mais benéfica, devendo o magistrado 
analisar o caso sob o enfoque de ambas as leis, a anterior e a posterior, 
aplicando-se, na sua integralidade, aquela mais favorável ao réu. 
4. Descabe esta Corte apreciar matéria não enfrentada pelo Tribunal a quo -
, in casu, a alegada imprecisão da denúncia em 
indicar a quantidade de vezes em que a vítima sofreu abusos, a 
caraterizar, portanto, a continuidade delitiva - sob pena de supressão de 
instância. 
5. Não se verifica a prescrição da pretensão punitiva estatal, no delito de 
estupro de vulnerável, cuja pena é de 8 anos de reclusão, tendo em vista que não 
verificado o transcurso do prazo de 12 anos, nos termos do art. 109, III, do Código 
Penal. 
6. Habeas corpus não conhecido. (HC 337.740/SP, Rel. Ministro NEFI 
CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 06/09/2016, DJe 16/09/2016) 
PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO 
ESPECIAL. NÃO CONHECIMENTO DO WRIT. CRIMES DE ESTUPRO E DE ATENTADO 
VIOLENTO AO PUDOR CONTRA VÍTIMA DEFICIENTE MENTAL, PRATICADOS EM 
CONCURSO MATERIAL. VIOLÊNCIA REAL. CAUSA DE AUMENTO DE PENA. 
INCIDÊNCIA DO ART. 9º DA LEI N. 8.072/90. SUPERVENIÊNCIA DA LEI N. 
12.015/2009. ESTUPRO DE VULNERÁVEL. ART. 217-A, § 1º, DO CP. LEI MAIS 
BENÉFICA. APLICAÇÃO RETROATIVA. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. ORDEM 
CONCEDIDA DE OFÍCIO. 
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3. Com o advento da Lei n. 12.015/2009, restou revogada a majorante 
prevista no art. 9º da Lei dos Crimes Hediondos, não sendo mais admissível a sua 
aplicação para fatos posteriores a sua edição. Esta inovação legislativa, contudo, 
mostra-se mais benéfica ao paciente, razão pela qual deve retroagir para alcançar 
fatos pretéritos. 
4. Habeas corpus não conhecido, mas ordem concedida de ofício para 
determinar que o juízo das execuções proceda à nova dosimetria da pena quanto 
aos delitos de estupro e de atentado violento ao pudor, conforme os parâmetros 
da Lei n. 12.015/2009, bem como em razão da revogação da causa de aumento de 
pena, prevista no art. 9º da Lei 8.072/90, facultando-lhe a valoração da pluralidade 
de condutas na análise da culpabilidade do sentenciado, na fixação da pena-base, 
em razão do reconhecimento de crime único entre as condutas. (HC 160.491/MS, 
Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 17/12/2015, DJe 
05/02/2016). 
Caiu na prova de Delegado Amazonas (2022) Na hipótese de um agente ter praticado um crime de estupro 
e um crime de atentado violento ao pudor, contra a mesma vítima e no mesmo contexto fático, a partir do 
advento da Lei nº 12.015/2009, deverá responder por crime único. (item correto). 
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META 2 
DIREITO PENAL: CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL (PARTE II) 
2.2 Mediação de Menor Vulnerável para Satisfazer a Lascívia de Outrem (Corrupção de Menores) (Art. 218) 
☞ Também chamado de lenocínio (art.227, caput - CP) contra vítima menor de 14 anos. 
* Não se confunde com a corrupção de menores do 244-B do ECA, que é para a prática de delitos. 
Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a lascívia de outrem: 
(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. 
a) Classificação: Comum, material, de forma livre, comissivo, instantâneo, de dano, unissubjetivo e 
plurissubsistente. 
b) Conduta: Induzir é criar ideia que não existia. Instigar, reforçar ideia já existente (atípico). A conduta se 
volta a quem é menor de 14 anos – sujeito passivo do delito. 
Para alguns doutrinadores, a exemplo de Nucci, trata-se de uma exceção pluralista à teoria monista, vez que, 
de acordo com o artigo 29 do CP, a participação moral, induzindo o menor à pratica do ato libidinoso 
configuraria participação no estupro de vulnerável (crime pelo qual responderá o terceiro que tiver satisfeita 
a sua lascívia pelo menor de 14 anos). Porém, aqui essa conduta seria punida de forma mais branda. 
Para este doutrinador, trata-se de crime material, exigindo atitude por parte do menor para que se consume, 
embora haja bastante divergência. 
Além disso, entende ainda que prestar auxílio material, como analogia in bonam partem, também poderia 
ser incluído aqui (ao invés do tipo do 217-A). 
Contudo, a indução não pode ser com violência ou grave ameaça, sob pena de configurar o 217-A. 
No entanto, para Sanches, a exceção pluralista à teoria monista não pode ter uma diferença tão grande entre 
as penas, em atenção ao princípio da proporcionalidade, de modo que, aqui o ato deve ser diverso de ato de 
libidinagem ou conjunção carnal, a exemplo de voyeurismo, satisfação de lascívia contemplativa, pois, caso 
constitua em conjunção carnal ou ato libidinoso diverso o agente deve, de fato, responder por participação 
em estupro de vulnerável. 
c) Sujeitos do delito: 
● Sujeito ativo: Qualquer pessoa 
● Sujeito passivo: Pessoa menor de 14 anos 
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Sujeito passivo maior de 18 anos - crime de lenocínio simples – art. 227, caput, do CP 
Sujeito passivo maior de 14 anos e menor de 18 anos → crime de lenocínio qualificado – art. 227, §1º do CP 
Obs.: Quando se trata da corrupção sexual de maior de 14 anos de idade, o entendimento do STJ é que 
houve abolitio criminis: Segundo a jurisprudência deste Corte Superior, a corrupção sexual de maiores de 14 
(quatorze) anos e menores de 18 (dezoito) deixou de ser tipificada no Código Penal, ensejando abolitio 
criminis (STJ, RHC 37606/MT). 
d) Objeto jurídico: Liberdade sexual 
e) Elemento subjetivo: Dolo - vontade livre e consciente de induzir alguém menor de 14 anos a satisfazer a 
lascívia de outrem. 
● Sem elemento subjetivo especial do tipo 
● O agente deve ter ciência da idade da vítima. 
● Caso o intuito do autor seja satisfazer a sua própria lascívia, haverá estupro de vulnerável (art. 217-
A do CP). 
f) Consumação e tentativa: há divergência na doutrina: 
● 1ª posição – Bittencourt: O crime de corrupção de menores consuma-se com o efetivo induzimento, 
ou seja, no momento em que a vítima é convencida pelo sujeito ativo a satisfazer a lascívia de outrem 
● 2ª posição – Greco, Noronha, Mirabete: Para a consumação do delito de corrupção de menores não 
basta o simples convencimento da vítima, sendo ainda necessária, por parte desta, a prática de ao 
menos algum ato tendente à satisfação da lascívia de outrem. 
● Tentativa: Admite. 
g) Distinção com os crimes do ECA: 
● Art. 244-B do ECA - corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (dezoito) anos, com ele 
praticando infração penal ou induzindo-o a praticá-la 
● Art. 241-C do ECA - Simular a participação de criança ou adolescente em cena de sexo explícito ou 
pornográfica por meio de adulteração, montagem ou modificação de fotografia, vídeo ou qualquer 
outra forma de representação visual: 
● Art. 241-D do ECA - Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio de comunicação, 
criança, com o fim de com ela praticar ato libidinoso. 
2.3 Satisfação de Lascívia Mediante Presença de Criança ou Adolescente (Art. 218-A) 
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Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-
lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia 
própria ou de outrem: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. 
a) Classificação: Crime de elevado potencial ofensivo, comum, formal, de forma livre, comissivo, instantâneo, 
dano, unissubjetivo, plurissubsistente. 
b) Sujeitos do delito: 
● Sujeito ativo: Qualquer pessoa. 
● Sujeito passivo: Menor de 14 anos. 
c) Objeto jurídico: Liberdade sexual, em especial no âmbito moral. 
d) Elemento subjetivo: Dolo + especial finalidade de agir: satisfazer lascívia própria ou de outrem. 
e) Tipo Objetivo: O crime consiste em praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-
lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem. 
Condutas típicas: 
✔ Praticar: O sujeito ativo pratica, na presença do menor, conjunção carnal ou atos libidinosos diversos 
dela; 
✔ Induzir a presenciar: O autor faz nascer, na mente do menor, a ideia de testemunhar atos libidinosos. 
f) Consumação: 
● Nucci – Efetiva prática do ato libidinoso. 
● Sanches e Bittencourt – “Praticar”: efetiva prática do ato. “Induzir”: com a indução, 
independentemente da prática ou da satisfação da lascívia. 
g) Tentativa: Admite. 
Obs.: Não há qualquer contato físico do agente com o menor neste tipo. Ademais, conforme a doutrina 
majoritária, não se exige a presença física do menor, pode ser por exemplo, virtual. Há controvérsia. 
Bitencourt exige a presença "in loco, e não, indiretamente, via qualquer mecanismo tecnológico, físico ou 
virtual, como permitiria o mundo tecnológico". 
Em sentido contrário está Guilherme Nucci sustentando que "a evolução tecnológica já propicia a presença - 
estar em determinado lugar ao mesmo tempo em que algo ocorre - por meio de aparelhos apropriados. 
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A dúvida surge é se a prática do delito por meio de webcam, facetime etc configura o elemento constitutivo 
do tipo "presença”. Isso porque, embora haja entendimentos distintos, parte considerável da doutrina 
considera que o crime se verifica mesmo que o menor presencie o ato libidinoso à distância, por meio de 
dispositivos eletrônicos ligados à internet. Nesse sentido, a doutrina de Rogério Greco: "O tipo penal em 
exame não exige a presença física do menor que foi, por exemplo, induzido a presenciar a conjunção carnal 
ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer a lascívia própria ou de outrem. Com o avanço da tecnologia, 
principalmente a da internet, nada impede que alguém induza um menor a assistir, via webcam, um casal 
que se relaciona sexualmente. O casal, a seu turno, também pratica o ato sexual visualizando o menor 
através de seu computador. Assim, embora à distância, o delito poderia ser perfeitamente praticado".
(GRECO, Rogério - Curso de Direito Penal, Volume 3, editado pela Impetus). 
2.4 Favorecimento da Prostituição ou de Outra Forma de Exploração Sexual de Criança ou Adolescente ou 
de Vulnerável (Art. 218-B) 
Art. 218-B - Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração 
sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência 
mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-la, 
impedir ou dificultar que a abandone: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) 
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos. 
§1º - Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se 
também multa. 
§2º - Incorre nas mesmas penas: 
I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18 
(dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na situação descrita no caput deste artigo; 
II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as 
práticas referidas no caput deste artigo. 
§3º Na hipótese do inciso II do §2º, constitui efeito obrigatório da condenação a 
cassação da licença de localização e de funcionamento do estabelecimento. 
a) Introdução: 
Esta figura não se confunde com a do art. 218 (mediação para servir a lascívia de outrem): 
No art. 218, o agente induz a vítima a satisfazer a lascívia de pessoa(s) certa(s) e determinada(s) 
No favorecimento (art. 218-B), o agente leva, atrai, propicia ou retém a vítima, visando desta o 
exercício da prostituição, consistente em satisfazer a lascívia do premier passant, de maneira geral, pessoa 
indeterminada. 
b) Classificação:Crime comum (exceto na hipótese do § 2o, II), Por exigir resultado naturalístico para
consumação, é tido como delito material, de forma livre, instantâneo (“submeter”, “induzir”, “atrair” e 
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“facilitar”) ou permanente (“impedir” e “dificultar”), comissivo (excepcionalmente, omissivo impróprio),
unissubjetivo e plurissubsistente * Trata-se de crime hediondo em todas as suas modalidades. 
c) Nomenclatura: 
● Lenocínio principal – conduta em que o sujeito ativo toma a iniciativa pela corrupção ou prostituição 
da vítima 
● Lenocínio acessório – o sujeito ativo facilita ou explora a corrupção ou prostituição que já existe 
d) Objeto jurídico: Liberdade sexual 
e) Tipo objetivo: Há 6 núcleos verbais: 
✔ Submeter 
✔ Induzir 
✔ Atrair 
✔ Facilitar 
✔ Impedir que abandone 
✔ Dificultar que abandone 
● À prostituição 
● Ou qualquer forma de exploração sexual: A doutrina admite 4 modalidades de exploração sexual: 
1. Prostituição: atividade na qual atos sexuais são negociados em troca de pagamento, não 
apenas monetário; 
2. Turismo sexual: é o comércio sexual, bem articulado, em cidades turísticas, envolvendo 
turistas nacionais e estrangeiros e principalmente mulheres jovens, de setores excluídos de 
Países de Terceiro Mundo; 
3. Pornografia: produção, exibição, distribuição, venda, compra, posse e utilização de material 
pornográfico, presente também na literatura, cinema, propaganda etc.; e 
4. Tráfico para fim sexuais: movimento clandestino e ilícito de pessoas através de fronteiras 
nacionais, com o objetivo de forçar mulheres e adolescentes a entrar em situações 
sexualmente opressoras e exploradoras, para lucro dos aliciadores, traficantes. 
Obs.: A conduta pode ser por ação ou omissão imprópria. Ex.: O agente, revestido do dever jurídico de 
impedir que o agente ingresse na prostituição, nada faz, aderindo subjetivamente à sua conduta. 
Fique atento à jurisprudência pertinente sobre o tema: 
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Cliente pode ser punido sozinho pelo art. 218-B do CP; a vulnerabilidade é 
relativa; o tipo penal não exige habitualidade, comportando a aplicação da 
continuidade delitiva 
O “cliente” pode ser punido sozinho, ou seja, mesmo que não haja um proxeneta. 
Assim, ainda que o próprio cliente tenha negociado o programa sem 
intermediários, haverá o crime Nos termos do art. 218-B do Código Penal, são 
punidos tanto aquele que capta a vítima, inserindo-a na prostituição ou outra forma 
de exploração sexual (caput), como também o cliente do menor prostituído ou 
sexualmente explorado (§ 1º). STJ. 5ª Turma. HC 371633/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, 
julgado em 19/03/2019 (Info 645). A vulnerabilidade no caso do art. 218-B do CP 
é relativa No art. 218-B do Código Penal não basta aferir a idade da vítima, 
devendo-se averiguar se o menor de 18 (dezoito) anos ou a pessoa enferma ou 
doente mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou por 
outra causa não pode oferecer resistência, o que ocorre, na maioria das vezes, 
mediantea comprovação de que se entrega à prostituição devido ás suas más 
condições financeiras. STJ. 5ª Turma. HC 371633/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado 
em 19/03/2019 (Info 645). O tipo penal não exige habitualidade. Basta um único 
contato consciente com a adolescente submetida à prostituição para que se 
configure o crime. O crime previsto no inciso I do § 2º do art. 218 do Código Penal 
se consuma independentemente da manutenção de relacionamento sexual 
habitual entre o ofendido e o agente. Em outras palavras, é possível que haja o 
referido delito ainda que tenha sido um único ato sexual. Logo, como não se exige 
a habitualidade para a sua consumação, é possível a incidência da continuidade 
delitiva, com a aplicação da causa de aumento prevista no art. 71 do Código Penal.
STJ. 5ª Turma. HC 371633/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 19/03/2019 (Info 
645). 
O delito previsto no art. 218-B, § 2º, inciso I, do Código Penal, na situação de 
exploração sexual, não exige a figura do terceiro intermediador.STJ. 3ª Seção. 
EREsp 1.530.637/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 24/03/2021 (Info 690). 
Sobre esta jurisprudência, tenha cuidado! Isso porque, a doutrina majoritária amplamente 
dominante entende que, quando o cliente contrata diretamente com o profissional do sexo, sem que haja 
alguém intermediando, não estará incurso no tipo penal, justamente pelo fato de que a vítima “não estaria
na condição descrita no caput”. No entanto, o STJ entendeu de forma diversa. Portanto, fique sempre atento 
ao comando da questão: 
● Em uma prova objetiva – observe se a questão pede “de acordo com a jurisprudência do STJ ou com 
a doutrina majoritária” 
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https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/dca49d1a5928cb1c1ac064e9137c8b0f?categoria=11&subcategoria=108
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● Em uma prova discursiva/oral – o candidato deve apresentar as duas correntes sobre o tema. 
O delito de favorecimento à exploração sexual de adolescente não exige 
habitualidade. Trata-se de crime instantâneo, que se consuma no momento em 
que o agente obtém a anuência para práticas sexuais com a vítima menor de 
idade, mediante artifícios como a oferta de dinheiro ou outra vantagem, ainda 
que o ato libidinoso não seja efetivamente praticado. Processo sob segredo de 
justiça, Rel. Min. Laurita Vaz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 
20/09/2022, DJe 29/09/2022. 
Conforme a compreensão já consagrada pela Terceira Seção desta Corte Superior, "Quem, se aproveitando 
da idade da vítima, oferece-lhe dinheiro em troca de favores sexuais está a explorá-la sexualmente, pois 
se utiliza da sexualidade de pessoa ainda em formação como mercancia." (EREsp 1.530.637/SP, relator 
Ministro Ribeiro Dantas, Terceira Seção, DJe 17/09/2021). Por essa razão, enquadra-se na situação de 
exploração sexual qualquer tipo de oferta econômica a criança ou adolescente em troca da prática de atos 
sexuais, mesmo que objetivando a obtenção de um único ato libidinoso ou que não haja intermediação de 
terceiros. 
Caiu na Prova Delegado PC-RR (2022) Tício e Mévio são amigos, desde a infância. Enquanto Tício tem 
facilidade para se relacionar, Mévio é tímido, nunca tendo se relacionado. No aniversário de Mévio, Tício 
decide contratar uma profissional do sexo. Contudo, ele pede para a moça não contar nada ao amigo e, 
simula um encontro fortuito, dos dois, em um bar. O plano de Tício dá certo. Mévio e a moça contratada 
passam a noite juntos, no quarto de um flat, onde ela disse residir. Pela manhã, contudo, Mévio é acordado, 
por policiais, em uma operação de combate à exploração sexual de criança e adolescente, sendo acusado de 
manter relação sexual com menor de 18 anos, em situação de prostituição (art. 218, B, parágrafo 2o, inciso 
I, do CP), já que a moça conta com apenas 17 anos de idade. Diante da situação hipotética e considerando 
que Ticio também não sabia da menoridade da pessoa contratada, assinale a alternativa correta: A conduta 
de Mévio é atípica, vez que ele desconhecia a condição de prostituição e, sobretudo, menoridade da vítima. 
(item correto) 
e) Sujeitos do delito 
● Sujeito ativo: Qualquer pessoa – normalmente chamado de PROXENETA. 
● Sujeito passivo: Menor de 18 anos e maior de 14 ou a pessoa enferma ou deficiente mental. 
∘ Se houver pluralidade de vítimas – haverá concurso material, pois o bem jurídico tutelado é 
de natureza individual. 
∘ A prostituta pode ser sujeito passivo deste crime quando impedida de deixar a prostituição. 
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Configura o crime do art. 218-B do CP ainda que a vítima seja prostituta e que a 
relação tenha sido eventual. O cliente que conscientemente se serve da 
prostituição de adolescente, com ele praticando conjunção carnal ou outro ato 
libidinoso, incorre no tipo previsto no inciso I do § 2º do art. 218-B do CP 
(favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança 
ou adolescente ou de vulnerável), ainda que a vítima seja atuante na prostituição e 
que a relação sexual tenha sido eventual, sem habitualidade. STJ. 6ª Turma. HC 
288374-AM, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 5/6/2014 (Info 543). 
Obs.1: Este tipo penal revogou o artigo 244-A do ECA. 
Obs.2: Enquanto a exploração da prostituição de adolescentes (não menor de 14 anos) está prevista como 
crime no art. 218-B do CP (revogando, nesse tanto, o art. 244-A do ECA), a exploração da prostituição de 
adultos está tipificada no art. 228 do CP. 
Obs.3: Para o STJ, a vulnerabilidade, nesse caso, deve ser analisada no caso concreto. 
Obs.4: O tipo penal não exige habitualidade, comportando continuidade delitiva. 
A vulnerabilidade no caso do art. 218-B do CP é relativa. No art. 218-B do Código 
Penal não basta aferir a idade da vítima, devendo-se averiguar se o menor de 18 
(dezoito) anos ou a pessoa enferma ou doente mental, não tem o necessário 
discernimento para a prática do ato, ou por outra causa não pode oferecer 
resistência. STJ. 5ª Turma. HC 371633/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 
19/03/2019 (Info 645). 
f) Elemento subjetivo: Dolo (só exigindo elemento subjetivo específico na forma do §1°). 
É imprescindível que o participante do ato sexual saiba que a vítima é menor de 18 anos e maior que 
14 anos, sexualmente explorada. 
O proprietário, gerente ou responsável pelo local, por sua vez, deve saber que ali se realiza, as 
práticas referidas no caput, de modo a evitar a responsabilidade objetiva. 
STJ: O cliente que conscientemente se serve de prostituição de adolescente, com 
ele praticando conjunção carnal ou outro ato libidinoso, incorre no tipo previsto no 
inc. I do §2º do art. 218-B do CP (favorecimento da prostituição ou de oura forma 
de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável), ainda que a 
vítima seja atuante na prostituição e que a relação sexual tenha sido eventual, sem 
habitualidade. STJ. 6a turma. HC 288.375-AM, Rel. Min. Nefi Cordeiro, j. em 
5/6/2014 – Info 543. 
g) Efeito da condenação (§3º) 
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https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/db6ebd0566994d14a1767f14eb6fba81?categoria=11&subcategoria=108
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Constitui efeito obrigatório a cassação da licença de localização e funcionamento do estabelecimento. 
Aplica somente ao §2º!!! (CUIDADO COM PEGADINHA DE PROVA!) 
Trata-se de EFEITO SECUNDÁRIO (EXTRAPENAL) da sentença condenatório, semelhante aos artigos 
91 e 92, CP. 
2.5 Divulgação de Cena de Estupro ou de Cena de Estupro de Vulnerável, de Cena de Sexo ou de Pornografia 
(Art. 218-C). (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018) 
Divulgação de cena de estupro ou de cena de estupro de vulnerável, de cena de 
sexo ou de pornografia (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018) 
Art. 218-C. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou expor à venda, 
distribuir, publicar ou divulgar, por qualquer meio - inclusive por meio de 
comunicação de massa ou sistema de informática ou telemática -, fotografia, vídeo 
ou outro registro audiovisual que contenha cena de estupro ou de estupro de 
vulnerável ou que faça apologia ou induza a sua prática, ou, sem o consentimento 
da vítima, cena de sexo, nudez ou pornografia: (Incluído pela Lei nº 13.718, de
2018) 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato não constitui crime mais 
grave. (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018) 
Aumento de pena (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018) 
§ 1º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) se o crime é 
praticado por agente que mantém ou tenha mantido relação íntima de afeto com 
a vítima ou com o fim de vingança ou humilhação. (Incluído pela Lei nº 13.718, de
2018) 
Exclusão de ilicitude (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018) 
§ 2º Não há crime quando o agente pratica as condutas descritas no caput deste 
artigo em publicação de natureza jornalística, científica, cultural ou acadêmica com 
a adoção de recurso que impossibilite a identificação da vítima, ressalvada sua 
prévia autorização, caso seja maior de 18 (dezoito) anos. (Incluído pela Lei nº 
13.718, de 2018) 
a) Introdução 
Considerações iniciais realizadas por Sanches: 
Têm sido comuns, já há alguns anos, situações em que pessoas são surpreendidas pela divulgação de 
imagens de sua intimidade na rede mundial de computadores. Seja em decorrência de colaboração
involuntária da própria pessoa, que se deixa fotografar ou filmar, ou ainda envia imagens íntimas a alguém 
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13718.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13718.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13718.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13718.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13718.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13718.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13718.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13718.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13718.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13718.htm#art1
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próximo, em caráter confidencial, e acaba surpreendida pela deslealdade, seja por violação da intimidade
sem o conhecimento do interessado (...). Há ainda os casos de estupros registrados pelos próprios autores e 
depois divulgados, o que certamente acentua a já gravíssima ofensa à dignidade sexual da vítima. 
Um dos casos compreendendo uma personalidade de destaque inspirou a aprovação da Lei 
12.737/12, que inseriu no Código Penal o art. 154-A para punir a invasão de dispositivo informático. 
Denominado informalmente “Lei Carolina Dieckmann”, o diploma veio na esteira de uma conduta que 
vitimara a conhecida atriz, que teve seu computador pessoal violado para a subtração e posterior divulgação 
de fotos íntimas. 
Ocorre, porém, que a variedade de condutas do mesmo gênero começou a demonstrar a 
insuficiência do tipo penal que se restringe a punir a invasão de dispositivos eletrônicos, sem considerar 
outras situações em que a intimidade é violada por outros meios tão ou mais eficazes. 
No que concerne a crimes na esfera da dignidade sexual, não havia nada que pudesse indicar uma 
conduta típica. Não obstante a divulgação ilícita de fotos de uma pessoa nua possa caracterizar ofensa à 
dignidade sexual em sentido amplo, o certo é que, na situação anterior à Lei 13.718/18, não havia amparo 
adequado a quem fosse vitimado por esta espécie de conduta (a maioria subsumia o comportamento apenas 
ao tipo da injúria majorada na forma do art. 141, inc. III, do CP – em razão de ter sido cometida por meio 
facilitador da divulgação da ofensa). 
Pois o art. 218-C do Código Penal introduz a punição de quem promove a divulgação de cena de sexo, 
nudez ou pornografia sem o consentimento dos envolvidos, bem como de quem possibilita a publicação de
cenas reais de estupro ou de estupro de vulnerável. 
b) Classificação: Trata-se de crime de médio potencial ofensivo, bicomum, formal, de forma livre, comissivo, 
misto alternativo (mais de um núcleo no mesmo contexto fático é crime único), instantâneo (na maioria dos 
núcleos) ou permanente (transmitir, disponibilizar e expor à venda), de dano, unissubjetivo e 
plurissubsistente. É também um tipo que traz subsidiariedade expressa. 
c) Sujeitos do delito 
● Sujeito ativo: Qualquer pessoa. 
● Sujeito passivo: é a pessoa que tem a sua intimidade, privacidade ou liberdade sexual atingida, 
independentemente de qualidades especiais. 
∘ Se for criança ou adolescente – art. 241 e 241-A do ECA (princípio da especialidade) 
∘ Se a vítima é portadora de enfermidade ou deficiência mental, ou se sua imagem foi 
registrada em um momento em que não poderia oferecer resistência, a divulgação 
determina subsunção da conduta ao Código Penal – art. 218-C do CP. 
CESPE/2019 (Adaptada): Divulgar na Internet fotografias de conteúdo pornográfico envolvendo adolescente, 
como meio de vingança pelo término de relacionamento, configura crime específico previsto no ECA, o que 
afasta a incidência do novo tipo penal previsto no art. 218-C do Código Penal. (Item correto). 
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d) Objeto jurídico: Dignidade sexual. 
e) Elemento subjetivo: Dolo. Só exige finalidade específica na causa de aumento. 
f) Conduta: 
● Princípio da subsidiariedade expressa – o crime só vai subsistir se não houver crime mais grave. 
Assim, se houver um estupro ou estupro de vulnerável com posterior divulgação do registro, o 
estupro vai absorver o art. 218-C por expressa previsão legal. 
● Tipo penal misto alternativo 
● Núcleos verbais: 
✔ Oferecer 
✔ Trocar 
✔ Disponibilizar 
✔ Transmitir 
✔ Vender 
✔ Expor à venda 
✔ Distribuir 
✔ Publicar 
✔ Divulgar 
● Por onde? Por qualquer meio - inclusive por meio de comunicação de massa ou sistema de 
informática ou telemática – é conceituado pela doutrina como crime de execução livre. 
● O que? (Objeto material): Fotografia, vídeo ou outro registro audiovisual que contenha o que? 
✔ Cena de estupro ou de estupro de vulnerável, 
✔ Ou que faça apologia ou induza a sua prática, 
✔ Ou, sem o consentimento da vítima, cena de sexo, nudez ou pornografia: 
Obs: O consentimento da vítima, se houver, exclui a tipicidade do delito, observa-se, a relevância do 
consentimento da vítima se aplica apenas neste caso específico (cena de sexo, nudez ou pornografia), não 
incluindo a cena de prática de crime nem apologia ao crime de estupro ou de estupro de vulnerável. 
g) Consumação e tentativa: 
● O crime se consuma no momento em que praticada uma das ações típicas, lembrando que algumas 
delas podem ser permanentes. 
● Tentativa: Admite. 
∘ No entanto, para Nucci, não será admitida na condutade “oferecer”. 
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2.5.1 Considerações importantes: 
⋅ Menor de 18 anos: pode caracterizar 241 ou 241-A do ECA, a depender das circunstâncias. 
⋅ Termo “Estupro de vulnerável” mencionado no artigo: trata só dos vulneráveis em razão de 
enfermidade ou deficiência mental. Se for o vulnerável menor de 14 anos o crime será um dos tipos 
do ECA, acima mencionados (241 ou 241-A), em razão do princípio da especialidade. 
⋅ Também consiste tipo especial em relação ao delito de apologia ao crime – e aqui não há restrição 
de lugar ou de tempo. 
⋅ O receptor das fotos ou vídeos também incorre neste delito? Não. O verbo “receber” não está nos 
núcleos do tipo, é atípico. Aqui, o crime não se caracteriza nem mesmo se quem recebeu “salvar” a 
foto (mas neste caso de armazenamento, pode consistir no tipo do art. 241-B se for de criança ou 
adolescente). Para incorrer neste crime o agente deve praticar um dos verbos nele descritos. 
⋅ Invasão de dispositivo informático (154-A) X Divulgação (218-C): Caso as imagens tenham sido 
obtidas mediante invasão de dispositivo informático e depois tenham sido divulgadas em um grupo 
de WhatsApp, por exemplo, o agente responderá pelos dois delitos em concurso material. 
⋅ Registro x Divulgação: Ademais, como já vimos, se o agente faz o registro indevido e posteriormente 
divulga a cena, deve responder pelos crimes dos arts. 216-B e 218-C em concurso material: 
LINK COM PROCESSO PENAL! 
- Competência para julgar o delito do art. 241-A do ECA praticado por meio de Whatsapp ou chat do 
Facebook: Justiça Estadual 
O STF fixou a seguinte tese: Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes consistentes em 
disponibilizar ou adquirir material pornográfico envolvendo criança ou adolescente (arts. 241, 241-A e 241-
B do ECA), quando praticados por meio da rede mundial de computadores (internet). STF. Plenário. RE 
628624/MG, Rel. orig. Min. Marco Aurélio, Red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 28 e 29/10/2015 
(repercussão geral) (Info 805). O STJ, interpretando a decisão do STF, afirmou que, quando se fala em 
“praticados por meio da rede mundial de computadores (internet)”, o que o STF quer dizer é que a postagem 
de conteúdo pedófilo-pornográfico deve ter sido feita em um ambiente virtual propício ao livre acesso. Por 
outro lado, se a troca de material pedófilo ocorreu entre destinatários certos no Brasil, não há relação de 
internacionalidade e, portanto, a competência é da Justiça Estadual. Assim, o STJ afirmou que a definição da 
competência para julgar o delito do art. 241-A do ECA passa pela seguinte análise: • Se ficar constatada a 
internacionalidade da conduta: Justiça FEDERAL. Ex: publicação do material feita em sites que possam ser 
acessados por qualquer sujeito, em qualquer parte do planeta, desde que esteja conectado à internet. • Nos 
casos em que o crime é praticado por meio de troca de informações privadas, como nas conversas via 
Whatsapp ou por meio de chat na rede social Facebook: Justiça ESTADUAL. Isso porque tanto no aplicativo 
WhatsApp quanto nos diálogos (chat) estabelecido na rede social Facebook, a comunicação se dá entre 
destinatários escolhidos pelo emissor da mensagem. Trata-se de troca de informação privada que não está 
acessível a qualquer pessoa. Desse modo, como em tais situações o conteúdo pornográfico não foi 
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https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/79a3308b13cd31f096d8a4a34f96b66b?categoria=12&subcategoria=127&assunto=292
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disponibilizado em um ambiente de livre acesso, não se faz presente a competência da Justiça Federal. STJ. 
3ª Seção. CC 150564-MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 26/4/2017 (Info 603). Obs: essa 
interpretação feita pelo STJ foi acertada. O próprio STF, no julgamento de embargos de declaração, decidiu 
alterar a tese para deixar isso mais claro: Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes consistentes 
em disponibilizar ou adquirir material pornográfico, acessível transnacionalmente, envolvendo criança ou 
adolescente, quando praticados por meio da rede mundial de computadores (arts. 241, 241-A e 241-B da Lei 
nº 8.069/1990). STF. Plenário. RE 628624 ED, Rel. Edson Fachin, julgado em 18/08/2020 (Repercussão Geral 
– Tema 393) (Info 990 – clipping). 
Compete à Justiça Federal julgar os crimes dos arts. 241, 241-A e 241-B do ECA, se a conduta de 
disponibilizar ou adquirir material pornográfico envolvendo criança ou adolescente tiver sido praticada 
pela internet e for acessível transnacionalmente 
: Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes consistentes em disponibilizar ou adquirir material 
pornográfico, acessível transnacionalmente, envolvendo criança ou adolescente, quando praticados por 
meio da rede mundial de computadores (arts. 241, 241-A e 241-B da Lei nº 8.069/1990). STF. Plenário. RE 
628624 ED, Rel. Edson Fachin, julgado em 18/08/2020 (Repercussão Geral – Tema 393) (Info 990 – clipping). 
2.5.2 Aumento de pena 
§1º - A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) se o crime é 
praticado por agente que mantém ou tenha mantido relação íntima de afeto com 
a vítima ou com o fim de vingança ou humilhação. 
Trata-se da chamada “revenge porn” ou “pornografia de vingança”, já que se tornou cada vez mais 
comum a situação em que ex namorados, por exemplo, divulgam imagens das antigas parceiras nuas ou em 
cenas de sexo no intuito de delas se vingarem pelo fim da relação e, como já dito, a conduta não encontrava 
tipo penal correspondente no ordenamento pátrio, no intuito de proteger sua dignidade sexual, cabendo a 
ela buscar indenização cível. 
Note que mesmo que o agente que mantém ou tenha mantido relação íntima de afeto com a vítima 
divulgue as imagens SEM o intuito de vingança ou humilhação a majorante restará configurada, já que o 
termo “OU” denota situações autônomas, não exigindo da primeira especial finalidade. 
Jurisprudência sobre o tema: 
“É desnecessário que o rosto da vítima esteja evidenciado para a 
configuração de pornografia de vingança (revenge porn) e o consequente 
reconhecimento de dano moral indenizável”. STJ REsp 1735712 
 
2.5.3 Exclusão de ilicitude 
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§2º - Não há crime quando o agente pratica as condutas descritas no caput deste 
artigo em publicação de natureza jornalística, científica, cultural ou acadêmica com 
a adoção de recurso que impossibilite a identificação da vítima, ressalvada sua
prévia autorização, caso seja maior de 18 (dezoito) anos. 
Veja que o parágrafo traz duas situações: a divulgação com a adoção de recurso que impossibilite a 
identificação da vítima e a divulgação com prévia autorização da vítima caso seja maior de 18 anos. 
Em se tratando de menor de 18 anos, em nenhuma hipótese poderá ser identificada, sendo o 
consentimento de seus representantes legais considerado nulo nesta situação. 
Não se esqueça que a leitura dos demais artigos é imprescindível! 
3. DISPOSIÇÕES GERAIS 
3.1 Ação Penal nos Crimes Sexuais (Art. 225) 
A ação penal nos crimes sexuais sofreu uma série de mudançasno decorrer dos anos. Para facilitar a 
sistematização e compreensão, segue a tabela retirada do site Dizer o Direito - salvador dos concurseiros 
perdidos com informativos e alterações legislativas: 
*AÇÃO PENAL NOS CRIMES SEXUAIS 
Redação 
originária
do CP 
Regra: ação penal privada. 
Exceções: 
a) se a vítima ou seus pais não tivessem dinheiro para o processo: ação pública 
condicionada à representação. 
b) se o crime era cometido com abuso do poder familiar, ou da qualidade de padrasto,
tutor ou curador: ação pública incondicionada. 
c) se da violência resultasse lesão grave ou morte da vítima: ação pública 
incondicionada. 
d) se o crime de estupro fosse praticado mediante o emprego de violência real: ação 
pública incondicionada. 
Redação da 
Lei 12.015/09
Regra: ação penal pública condicionada à representação.
Exceções: 
a) Vítima menor de 18 anos: incondicionada. 
b) Vítima vulnerável: incondicionada. 
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c) Se foi praticado mediante violência real: incondicionada (Súm. 608-STF). 
d) Se resultou lesão corporal grave ou morte: polêmica, mas prevalecia que deveria ser 
aplicado o mesmo raciocínio da Súmula 608-STF. 
Redação da 
Lei 13.718/18 
(quadro atual) 
Ação pública incondicionada (SEMPRE).
Todos os crimes contra a dignidade sexual são de ação penal pública 
INCONDICIONADA. Não há exceções! 
Obs.: ATENÇÃO À SITUAÇÕES PRETÉRITAS! – Inf.675/STJ 
O art. 225 do CP, na época da Lei 12.015/2009, tinha a seguinte redação: 
Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante 
ação penal pública condicionada à representação. Parágrafo único. Procede-se, 
entretanto, mediante ação penal pública incondicionada se a vítima é menor de 18 
(dezoito) anos ou pessoa vulnerável. 
Segundo tese defensiva, o estupro de vulnerável do art. 217-A, § 1º, do CP somente é de ação penal 
pública incondicionada quando a vulnerabilidade for permanente (ex: doente mental). Se a vulnerabilidade 
for temporária (ex: decorrente de embriaguez), a ação penal seria condicionada à representação. Assim, 
quando o art. 225, parágrafo único do CP (com redação dada pela Lei nº 12.015/2009) fala em “pessoa 
vulnerável”, ele está se referindo à pessoa que é vulnerável (vulnerabilidade permanente) e não à pessoa 
que está vulnerável (vulnerabilidade temporária). 
Essa tese defensiva acima exposta era acolhida pelo STJ? 
● 5ª Turma do STJ: NÃO! Em casos de vulnerabilidade da ofendida, a ação penal é pública 
incondicionada, nos moldes do parágrafo único do art. 225 do CP. Esse dispositivo não fez 
qualquer distinção entre a vulnerabilidade temporária ou permanente, haja vista que a 
condição de vulnerável é aferível no momento do cometimento do crime, ocasião em que há 
a prática dos atos executórios com vistas à consumação do delito. Em outras palavras, seja a 
vulnerabilidade permanente ou temporária, no caso de estupro de vulnerável a ação penal é 
sempre incondicionada. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1103678/PR, Rel. Min. Ribeiro Dantas, 
julgado em 26/02/2019. 
Destaca-se a jurisprudência de lavra da 5ªT em relação a vítimas crianças: 
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Antes das alterações introduzidas pela Lei n. 12.015/2009, o Ministério Público já 
era parte legítima para propor a ação penal pública incondicionada destinada a 
verificar a prática de crimes sexuais contra crianças. Processo em segredo de 
justiça, Rel. Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, por unanimidade, 
julgado em 28/11/2022, DJe 1º/12/2022 (Info 764). 
● 6ª Turma do STJ: SIM A “pessoa vulnerável” de que trata o parágrafo único do art. 225 do CP 
é somente aquela que possui uma incapacidade permanente de oferecer resistência à prática 
dos atos libidinosos. Se a pessoa é incapaz de oferecer resistência apenas na ocasião da 
ocorrência dos atos libidinosos, ela não pode ser considerada vulnerável para os fins do 
parágrafo único do art. 225, de forma que a ação penal permanece sendo condicionada à 
representação da vítima. No crime sexual cometido durante vulnerabilidade temporária da 
vítima, sob a égide do art. 225 do Código Penal com a redação dada pela Lei nº 12.015/2009, 
a ação penal pública é condicionada à representação. STJ. 6ª Turma. REsp 1.814.770-SP, Rel. 
Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 05/05/2020 (Info 675). 
ATENÇÃO: A discussão acima exposta existia antes da Lei nº 13.718/2018. Atualmente não interessa mais, 
salvo para definir situações pretéritas. Isso porque a Lei 13.718/2018 alterou a redação do art. 225 do CP e 
passou a prever que TODOS os crimes contra a dignidade sexual são de ação pública incondicionada (sempre). 
Não há exceções! 
Vale dizer que, por se tratar de lei mais gravosa, não retroage, de modo que permanece a exigência 
de representação ou queixa para os delitos ocorridos sob a vigência das leis anteriores. 
Essa regra de irretroatividade vale, inclusive, para as ações penais. Assim, por exemplo, se, em 
24/09/2018, o agente praticou conjunção carnal ou ato libidinoso contra uma pessoa “temporariamente 
vulnerável”, a discussão acima ainda permanece porque a Lei nº 13.718/2018 não poderá retroagir. 
3.2 Causas de Aumento de Pena (Art. 226) 
Este artigo traz causas de aumento, sendo que os incisos I e II se aplicam a todos os delitos anteriores 
(capítulos I, I-A e II do título VI) e o inciso IV, às formas coletivas ou corretivas de estupro. 
A pena é aumentada: (Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005) 
I – De quarta parte, se o crime é cometido com o concurso de 2 (duas) ou mais pessoas; 
∘ ATENÇAO! Essa causa não se aplica ao estupro e nem do estupro de vulnerável (art. 213 ou 217-A), 
pois eles têm uma causa de aumento específica do estupro coletivo. 
II - De metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, 
curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tiver autoridade sobre ela; 
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Pegadinha de prova objetiva! 
∘ Ascendentes – engloba todos os parentescos em linha reta para a cima, independentemente do grau. 
Info 866/STF 
∘ Descendentes – Não estão incluídos na causa de aumento, sob pena de caracterizar analogia in 
malam partem. 
∘ Colaterais – engloba somente TIOS E IRMÃOS, não prevendo outros parentes colaterais. 
Bisavô é considerado ascendente para os fins da causa de aumento do art. 226, II, 
do CP No caso de crimes contra a liberdade sexual (arts. 213 a 216-A) e crimes 
sexuais contra vulnerável (arts. 217-A a 218-B), se o autor do delito for ascendente 
da vítima, a pena deverá ser aumentada de metade (art. 226, II, do CP). O bisavô 
está incluído dentro dessa expressão “ascendente”. O bisavô está no terceiro grau 
da linha reta e não há nenhuma regra de limitação quanto ao número de gerações. 
Assim, se o bisavô pratica estupro de vulnerável contra sua bisneta, deverá incidir 
a causa de aumento de pena prevista no art. 226, II, do CP. STF. 2ª Turma. RHC 
138717/PR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 23/5/2017 (Info 866). 
III – Revogado 
IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado: (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018) 
Estupro coletivo (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018) 
a) mediante concurso de 2 (dois) ou mais agentes; (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018) 
Tendo em vista a previsão do inciso I, a do inciso IV, “a”, seria desnecessária? Não. A do inciso I não se 
restringe ao estupro, sendo aplicável a todos os crimes dos capítulos I e II. Já a do inciso IV se direciona ao 
estupro e tem fração de aumento maior, já que atinge de formado Artigo 231 .............................................................................................................................................. 98 
7.5 Crime do Artigo 232 .............................................................................................................................................. 99 
7.6 Crime do Artigo 234 .............................................................................................................................................. 99 
7.7 Crime do Artigo 235 ............................................................................................................................................ 100 
7.8 Crime do Artigo 236 ............................................................................................................................................ 101 
7.9 Crime Do Artigo 237 ............................................................................................................................................ 101 
7.10 Crime do Artigo 238 .......................................................................................................................................... 102 
7.11 Crime do Artigo 239 .......................................................................................................................................... 103 
7.12 Crime do Artigo 240 .......................................................................................................................................... 105 
META 4 ........................................................................................................................................................ 109 
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL: CRIMES NO ECA (PARTE II) ......................................................................... 109 
7.13 Crime do Artigo 241 .......................................................................................................................................... 109 
7.14 Crime do Artigo 242 .......................................................................................................................................... 117 
7.15 Crime do Artigo 243 .......................................................................................................................................... 118 
7.16 Crime do Art. 244 .............................................................................................................................................. 118 
7.17 Crime do Artigo 244-A ....................................................................................................................................... 119 
7.18 Crime do Art. 244-B - Corrupção de Menores ................................................................................................... 120 
8. EFEITOS DA CONDENAÇÃO NOS CRIMES PREVISTOS NOS ECA ............................................................... 123 
9. LEI 14.344/22 – LEI HENRY BOREL ........................................................................................................... 125 
9.1 Publicação e Vigência .......................................................................................................................................... 125 
9.2 Violência doméstica e familiar contra a criança e o adolescente ....................................................................... 125 
9.3 Medidas Protetivas de Urgência ......................................................................................................................... 127 
9.4 Crimes .................................................................................................................................................................. 128 
9.5 Código Penal ........................................................................................................................................................ 128 
9.6 Lei de Execução Penal ......................................................................................................................................... 131 
9.7 Estatuto da Criança e do Adolescente ................................................................................................................. 131 
DIREITOS HUMANOS: DIREITO DAS CRIANÇAS, PESSOAS COM DEFICIÊCIA, IDOSAS, LGBTQIA+ E RECLUSOS
....................................................................................................................................................................... 133 
1. DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE ........................................................................................... 134 
1.1. Sistema Global De Proteção Dos Direitos Humanos .......................................................................................... 135 
1.1.1 Convenção Sobre Os Direitos Da Criança ..................................................................................................... 135 
1.2. Sistema Interamericano De Proteção Dos Direitos Humanos ............................................................................ 138 
1.3. Proteção Nacional .............................................................................................................................................. 138 
1.3.1 Estatuto Da Criança E Do Adolescente (Lei N° 8.069/1990) ......................................................................... 138 
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2. DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA ............................................................................................. 139 
2.1. Sistema Global De Proteção Dos Direitos Humanos .......................................................................................... 139 
2.1.1 Convenção Internacional Sobre Os Direitos Das Pessoas Com Deficiência .................................................. 139 
2.1.2 Tratado De Marraqueche Para Facilitar O Acesso A Obras Publicadas Às Pessoas Cegas, Com Deficiência 
Visual Ou Com Outras Dificuldades Para Ter Acesso Ao Texto Impresso ............................................................ 142 
2.2. Sistema Interamericano De Proteção Dos Direitos Humanos ............................................................................ 144 
2.2.1 Convenção Interamericana Para A Eliminação De Todas As Formas De Discriminação Contra As Pessoas 
Portadoras De Deficiência .................................................................................................................................... 144 
2.3. Proteção Nacional .............................................................................................................................................. 145 
2.3.1 Estatuto Da Pessoa Com Deficiência (Lei N° 13.146/2015) .......................................................................... 145 
3. DIREITOS DAS PESSOAS IDOSAS .............................................................................................................. 146 
3.1. Sistema Global De Proteção Dos Direitos Humanos .......................................................................................... 146 
3.2. Sistema Interamericano De Proteção Dos Direitos Humanos ............................................................................ 146 
3.2.1 Convenção Interamericana Sobre A Proteção Dos Direitos Humanos Das Pessoas Idosas .......................... 146 
3.3. Proteção Nacional .............................................................................................................................................. 147 
3.3.1 Estatuto Do Idoso (Lei N° 10.741/03) ........................................................................................................... 147 
4. DIREITO À ORIENTAÇÃO SEXUAL E À IDENTIDADE DE GÊNERO .............................................................. 148 
4.1 Direito à igualdade e à não discriminação ..........................................................................................................mais grave a dignidade sexual da vítima, 
tanto fisicamente como emocionalmente. 
Estupro corretivo (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018) 
b) para controlar o comportamento social ou sexual da vítima. (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018) 
Por sua vez, a do inciso IV, “b”, direciona-se principalmente aos diversos casos em que o abusador, 
muitas vezes até pais, irmãos ou familiares, estupra a vítima, geralmente lésbica, bissexual ou transexual, 
para “corrigir” sua orientação sexual ou gênero (mas apesar do exemplo, é crime comum, que homens ou 
mulheres podem ser autores ou vítimas). A pena mais grave se justifica na motivação do agressor para 
violentar a vítima, que torna o ato ainda mais cruel. 
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https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/1fd09c5f59a8ff35d499c0ee25a1d47e?categoria=11&subcategoria=108
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4. OUTROS TIPOS PENAIS 
4.1 Mediação para Servir a Lascívia de Outrem (Art. 227) 
Induzir alguém a satisfazer a lascívia de outrem: 
Pena - reclusão, de um a três anos. 
§1º - Se a vítima é maior de 14 (catorze) e menor de 18 (dezoito) anos, ou se o 
agente é seu ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro, irmão, tutor ou 
curador ou pessoa a quem esteja confiada para fins de educação, de tratamento ou
de guarda: 
Pena - reclusão, de dois a cinco anos. (Qualificadora) 
§2º - Se o crime é cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude: 
Pena - reclusão, de dois a oito anos, além da pena correspondente à violência. 
(Qualificadora + Cúmulo material) 
§3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa. (crime 
mercenário) 
a) Classificação: Trata-se de crime de médio potencial ofensivo na modalidade do caput e elevado nas 
demais, comum, material, de forma livre, comissivo, instantâneo, unissubjetivo e plurissubsistente. O núcleo 
do tipo é de induzir, ou seja, encorajar. 
Segundo a doutrina é denominado como lenocínio ou lenocínio principal, uma forma de mediação para que 
se satisfaça o desejo sexual de outrem. 
b) Sujeitos: 
● Sujeito ativo: qualquer pessoa 
● Sujeito passivo: qualquer pessoa; sociedade 
Lembrando que se for menor de 14 o delito é do art.218 CP, com todas as implicações já elencadas na 
explicação referente a ele. 
c) Objeto material: pessoa induzida 
d) Objeto jurídico: regramento e a moralidade na vida sexual 
e) Elemento subjetivo: dolo + elemento subjetivo específico. 
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f) Consumação: O crime se consuma com a prática do ato que importa satisfação da lascívia da outra pessoa, 
independentemente dessa pessoa se considerar satisfeita com o ato ou não. 
g) Tentativa: Admite. 
4.2 Favorecimento da Prostituição ou Outra Forma de Exploração Sexual (Art. 228) 
Induzir ou atrair alguém à prostituição ou outra forma de exploração sexual, 
facilitá-la, impedir ou dificultar que alguém a abandone: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. 
§1º - Se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, 
companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, 
por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos (qualificadora). 
§2º - Se o crime, é cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude: 
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, além da pena correspondente à violência. 
(Qualificadora + cúmulo material) 
§3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa. 
a) Sujeitos: Crime comum. 
* No entanto, se a vítima for pessoa menor de 18 anos, o crime será o do 218-B, que já foi explicado. 
b) Consumação: 
● Nas modalidades “induzir, atrair ou facilitar”, o crime se consuma no momento em que a vítima passa
a se dedicar à prostituição ou a outra forma de exploração sexual, ainda que não tenha efetivamente 
se prostituído. 
● Por sua vez, na modalidade impedir ou dificultar o abandono, a consumação ocorre no momento em
que a vítima quer sair e o autor dificulta a sua saída. 
Obs.: Note que o ato de se prostituir não é crime. O que se pune é o aproveitamento desta conduta por 
terceiros. 
E quanto ao tratamento que o Estado confere à prostituição, há 3 sistemas: 
1) Sistema da regulamentação: O Estado regulamenta a atividade profissional de prostituição; 
2) Sistema da proibição: a conduta de se prostituir é criminalizada; 
3) Sistema abolicionista: embora seja considerado imoral, o exercício da prostituição não é punido. 
Apenas é penalizada a conduta daquele que se aproveita da prostituição. É este o sistema adotado 
pelo Brasil. 
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4.3 Casa de Prostituição (Art. 229) 
Manter, por conta própria ou de terceiro, estabelecimento em que ocorra 
exploração sexual, haja, ou não, intuito de lucro ou mediação direta do proprietário 
ou gerente: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) 
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. 
a) Classificação: 
Crime comum, formal, de forma livre, comissivo, habitual, unissubjetivo e plurissubsistente. 
Trata-se de crime habitual, haja vista que o verbo é “manter”. 
Segundo doutrina majoritária, é também crime permanente, cuja consumação se prolonga no tempo 
enquanto o estabelecimento é mantido. Salienta-se que, neste ponto, há quem entenda que as duas 
classificações são incompatíveis. 
Crime habitual e prisão em flagrante: 
1ªC – Entende não ser possível prisão em flagrante no crime habitual, tendo em 
vista que este ocorre quando a conduta típica se integra com a prática de várias 
ações que, isoladamente, são indiferentes legais. Assim, segundo esta corrente, 
quando a polícia efetua a prisão em flagrante, na hipótese de crime habitual, está 
surpreendendo o agente na prática de um só ato, o auto de prisão vai apenas e tão-
somente retratar aquele ato insulado, de modo que aquele ato isolado constitui um 
indiferente legal - Tourinho Filho, Guilherme Nucci, dentre outros. 
2ªC – Entende ser cabível a prisão em flagrante em crimes habituais caso seja 
possível, no ato, comprovar a habitualidade. Ex.: prisão de responsável por bordel 
onde se encontram inúmeros casais para fim libidinosos; ou de pessoa que exerce 
ilegalmente a medicina quando se encontra atendendo vários pacientes” –
Mirabete e Renato Brasileiro. 
STF e STJ entendem não haver incompatibilidade entre o crime habitual e prisão 
em flagrante. 
b) Tentativa: Não admite, por ser habitual. (Há divergências) 
c) Sujeitos 
● Sujeito ativo: Qualquer pessoa 
● Sujeito passivo: Coletividade 
d) Objeto material: Estabelecimento em que ocorre exploração sexual 
e) Objeto jurídico: Moralidade sexual e os bons costumes 
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f) Elemento subjetivo: Dolo + especial finalidade de agir. 
Casas de massagem, motéis, hotéis de alta rotatividade, saunas, bares ou cafés, drive-in, boates, 
casas de relaxamento: Embora seja de conhecimento geral que muitos desses locais consistem em 
verdadeiras casas de prostituição disfarçadas, prevalece que não configuram o tipo penal, segundo 
jurisprudência e doutrina majoritárias, tendo em vista que não são lugares específicos para a exploração 
sexual, de onde se destaca a prostituição, pois têm outra finalidade, como a hospedagem, o serviço de 
massagem ou relaxamento, a sauna, o serviço de bar etc. Além disso, os donos não possuem total controle 
sobre quem são e o que fazem os hóspedes,de modo que os punir sem justa causa configuraria ainda 
responsabilidade penal objetiva. 
STJ: Não se tratando de estabelecimento voltado exclusivamente para a prática de 
mercancia sexual, tampouco havendo notícia de envolvimento de menores de
idade, nem comprovação de que o réu tirava proveito, auferindo lucros da 
atividade sexual alheia mediante ameaça, coerção, violência ou qualquer outra
forma de violação ou tolhimento à liberdade das pessoas, não há falar em fato 
típico a ser punido na seara penal. Não se trata do crime do art. 229 do CP. Mesmo 
após as alterações legislativas introduzidas pela Lei nº 12.015/2009, a conduta 
consistente em manter “Casa de Prostituição” segue sendo crime tipificado no art. 
229 do Código Penal. Todavia, com a novel legislação, passou-se a exigir a 
“exploração sexual” como elemento normativo do tipo, de modo que a conduta 
consistente em manter casa para fins libidinosos, por si só, não mais caracteriza 
crime, sendo necessário, para a configuração do delito, que haja exploração sexual, 
assim entendida como a violação à liberdade das pessoas que ali exercem a 
mercancia carnal. STJ. 6ª Turma. REsp 1.683.375-SP, Rel. Min. Maria Thereza de 
Assis Moura, julgado em 14/08/2018 (Info 631) – Via Dizer o Direito. 
O STJ tem entendimento que não se aplica o princípio da adequação social aos crimes de favorecimento da 
prostituição ou manutenção de casa de prostituição. (STJ, AgRg no REsp 1508423/MG) 
Caiu na Prova Cespe Delegado/ES (2022) A dignidade sexual é tema que tem sido socialmente debatido com 
maior seriedade nas últimas décadas e que merece atenção da sociedade. A discussão em torno do assunto 
tem gerado reação legislativa positiva e atenção dos tribunais. Acerca desse tema, considerando os 
dispositivos do Código Penal e a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, assinale a opção correta: A 
exploração sexual constitui elemento normativo do crime de casa de prostituição, não bastando a conduta 
consistente na manutenção de casa para fins libidinosos. (item correto). 
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4.4 Rufianismo (Art. 230) 
Tirar proveito da prostituição alheia, participando diretamente de seus lucros ou 
fazendo-se sustentar, no todo ou em parte, por quem a exerça: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
§1º - Se a vítima é menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos ou se o 
crime é cometido por ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, 
companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou por quem 
assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância: 
(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 
12.015, de 2009) 
§2º Se o crime é cometido mediante violência, grave ameaça, fraude ou outro meio
que impeça ou dificulte a livre manifestação da vontade da vítima: (Redação dada 
pela Lei nº 12.015, de 2009) 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, sem prejuízo da pena correspondente 
à violência. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) 
Na modalidade do caput é infração de médio potencial ofensivo, cabendo suspensão condicional do 
processo. 
Veja, a conduta exige que o sujeito: 1. participe diretamente dos lucros da vítima, Trata-se de 
rufianismo direto, como por exemplo o rufião que recebe uma porcentagem do valor cobrado pela 
prostituta. 2. Ou seja sustentado, no todo ou em parte, por quem a exerça. Denomina-se rufianismo indireto. 
Trata-se de crime habitual, segundo doutrina majoritária, não se admitindo tentativa. 
4. Diferença entre mediação para satisfazer a lascívia de outrem com o fim de lucro e rufianismo: 
Enquanto no rufianismo a pessoa explorada exerce a prostituição, cuja configuração reclama 
habitualidade, no caso da mediação para servir a lascívia de outrem a pessoa explorada não se 
prostitui e o delito é instantâneo, ou seja, para sua consumação basta um único ato de induzir alguém 
a satisfazer a lascívia alheia. 
5. Diferença entre o delito de casa de prostituição para rufianismo: No primeiro delito o sujeito ativo 
é o chamado proxeneta – aquele que pratica o lenocínio, mantendo locais destinados a encontros 
libidinosos, ou serve de mediador para a satisfação do prazer sexual alheio, auferindo ou não lucro; 
já no segundo, temos a figura do rufião, que é a pessoa de pessoa que vive da prostituição alheia, 
fazendo-se sustentar pela(o) prostituta(o), com ou sem o emprego de violência. 
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Na verdade, a doutrina menciona que o rufianismo pode ser ativo/direto (que é o caso do cafetão, 
que participa dos lucros) ou passivo/indireto (que é o caso do gigolô, que se sustenta pela prática alheia de 
prostituição). 
O primeiro parágrafo trata-se de forma qualificada do crime, com reclusão de 3 a 6 anos. O parágrafo 
segundo do mesmo artigo prevê outra forma qualificada do delito, caso haja emprego de violência, grave 
ameaça, fraude ou qualquer outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação da vítima (fórmula que 
permite a interpretação analógica), com pena de reclusão de 2 a 8 anos. 
4.5 Promoção de Migração Ilegal (Art. 232-A) 
Promover, por qualquer meio, com o fim de obter vantagem econômica, a entrada 
ilegal de estrangeiro em território nacional ou de brasileiro em país estrangeiro: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. 
§ 1° Na mesma pena incorre quem promover, por qualquer meio, com o fim de
obter vantagem econômica, a saída de estrangeiro do território nacional para 
ingressar ilegalmente em país estrangeiro. 
§ 2° A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço) se: 
I – o crime é cometido com violência; ou 
II – a vítima é submetida a condição desumana ou degradante. 
§ 3° A pena prevista para o crime será aplicada sem prejuízo das correspondentes
às infrações conexas. 
a) Introdução: 
Embora tenha sido inserido no título dos crimes contra a dignidade sexual, pela Lei 13.445/2017, 
denominada Lei de Migração, o crime de migração ilegal não se vincula aos crimes sexuais, tendo sido 
inserido neste local por ter o legislador encontrado ponto vago razão da revogação dos arts. 231, 231-A e 
232, segundo Nucci. 
Para o doutrinador, no entanto, deveria ter sido inserido entre os crimes contra a administração 
pública, entendendo ele ser este o bem jurídico afetado, já que viola, na verdade, o interesse do Estado em 
regulamentar a presença de estrangeiro no Brasil e o encaminhamento de brasileiros ao exterior. 
Trata-se ainda de norma penal em branco, pois a interpretação do termo “ilegal” depende da análise 
das regras contidas na Lei de Migração. 
b) Classificação: Crime de elevado potencial ofensivo, comum, formal (não exige o efetivo ganho econômico 
para a consumação), de forma livre, comissivo, instantâneo, unissubjetivo e plurissubsistente. Tem-se a 
consumação com a efetiva promoção da entrada de estrangeiro em território nacional ou com o ingresso de 
brasileiro no território de outro país. 
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c) Sujeitos: 
● Sujeito ativo: Qualquer pessoa 
● Sujeito passivo: O Estado e a pessoa transferida de um lugar a outro 
d) Objeto material: Entrada de estrangeiro em território nacional ou de brasileiro no estrangeiro, bem como 
a saída de estrangeiro do território nacional para país estrangeiro 
e) Objeto jurídico: interesse estatal em regular a entrada e saída de estrangeiros e brasileiros no território 
nacional ou no país estrangeiro 
f) Elemento subjetivo: Dolo + elemento subjetivo específico, que é a finalidade de obter vantagem 
econômica.É imprescindível que haja o elemento subjetivo especial do tipo, consistente na finalidade de obtenção da 
vantagem econômica, tratando-se de crime mercenário. Porém, essa obtenção de vantagem econômica é 
dispensável para consumação do delito. 
g) Tentativa: Admite. 
4.6 Do Ultraje Público ao Pudor - Ato Obsceno (Art. 233) 
Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. 
a) Conceito: Ato obsceno”: elemento normativo do tipo. Algo que fere o pudor. É um conceito relativo, sendo 
modificado conforme a alteração de valores que a sociedade considera, a depender, inclusive, do local. 
Antigamente, até mesmo o beijo lascivo, “de língua”, dotado de sensualidade, chocaria as pessoas. 
Hoje em dia, coisas muito mais profundas são divulgadas diariamente até mesmo pela mídia, de modo que 
o beijo lascivo hoje, via de regra, gera indiferença, sendo que, mesmo que alguém, eventualmente, venha a 
se sentir ofendido, é necessário que o sentimento comum dos homens venha a ser atingido para que se 
configure o delito 
Ex. dado por Nucci do que hoje poderia ser considerado como tal: a pessoa que mostra o seu órgão 
sexual em público para chocar e ferir o decoro de quem presencia a cena. 
Perceba que aqui o costume não revogou a lei, mas o que se considera obsceno é que mudou. 
b) Classificação: Crime de menor potencial ofensivo, comum, formal, de mera conduta, de forma livre, 
comissivo, instantâneo, unissubjetivo e pode ser unissubsistente (único ato) ou plurissubsistente (vários 
atos). 
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c) Sujeitos: 
● Sujeito ativo: Qualquer pessoa. 
● Sujeito passivo: Coletividade. 
d) Objeto material: Pessoa que presencia o ato. 
e) Objeto jurídico: Moralidade pública. 
f) Elemento subjetivo: Dolo + elemento subjetivo específico, que é a vontade de praticar atos obscenos 
nestes locais. 
g) Consumação: com a prática do ato obsceno, tratando-se de crime de mera conduta. 
h) Tentativa: Admite, na forma plurissubsistente. 
i) Diferenciações: 
● Lugar público: acessível por qualquer pessoa. Ex.: rua, praça pública. 
● Lugar aberto ao público: embora tenha entrada controlada, o público pode frequentar. Ex.: cinema, 
restaurante, teatro, hotel, etc. 
● Lugar exposto ao público: embora o público não possa adentrar, é possível que visualize o que 
acontece neste local. Ex.: interior de veículo estacionado na rua, o quintal de uma residência cujos 
muros não sejam altos o suficiente para impedir acesso visual de terceiros, entre outros. 
● Se o lugar for privado e sem vistas ao público em geral, não será caracterizado o crime. 
Nucci argumenta ainda que, mesmo que o agente pratique o ato em local público, porém, sem 
qualquer pessoa presente, incidiria na hipótese de crime impossível, sendo atípica a conduta, vez que a 
moralidade pública não restaria violada e tendo em vista não se tratar de delito de perigo abstrato. No 
entanto, NÃO É O QUE PREVALECE, de modo que basta que haja a possibilidade de alguém passar ou 
visualizar aquele local para que o delito se configure. Segundo Hungria, basta que seja potencialmente 
escandaloso. 
4.7 Escrito ou Objeto Obsceno (Art. 234) 
Fazer, importar, exportar, adquirir ou ter sob sua guarda, para fim de comércio, de 
distribuição ou de exposição pública, escrito, desenho, pintura, estampa ou 
qualquer objeto obsceno: 
Pena – detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. 
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Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem: 
I – vende, distribui ou expõe à venda ou ao público qualquer dos objetos referidos 
neste artigo; 
II – realiza, em lugar público ou acessível ao público, representação teatral, ou
exibição cinematográfica de caráter obsceno, ou qualquer outro espetáculo, que 
tenha o mesmo caráter; 
III – realiza, em lugar público ou acessível ao público, ou pelo rádio, audição ou
recitação de caráter obsceno. 
a) Introdução: Para a doutrina majoritária, o tipo tem pouca aplicabilidade prática, já que é preciso que haja 
ofensa à moralidade pública – conceito que mudou muito no decorrer dos anos. 
Alguns doutrinadores, como Nucci, sustentam ainda que este tipo seria inconstitucional, haja vista a 
ausência de conceito de “obsceno”, bem como, por entender ele que a tipificação dessas condutas viola uma 
série de garantias constitucionais, como a liberdade de expressão, liberdade de comunicação e de atividades 
artísticas sem censura, dentre outras. O autor cita ainda RENATO MARCÃO e PLÍNIO GENTIL, que destacam 
tratar-se de: “comportamentos que no passado se apresentavam aos olhos de muitos como justificadores de 
persecução penal, hoje constituem indiferente penal e revelam simples opção ou estilo de vida”. 
b) Classificação: Crime de menor potencial ofensivo, comum, formal, de forma livre, comissivo, instantâneo 
(via de regra) ou permanente (“ter sob sua guarda” ou “expor à venda” ou ao público), unissubjetivo e 
plurissubsistente. 
c) Sujeito ativo: Qualquer pessoa 
d) Sujeito passivo: Coletividade 
e) Objeto material: Escrito, desenho, pintura, estampa ou qualquer objeto obsceno; audição ou recitação 
obscena. 
f) Objeto jurídico: Moralidade pública no contexto sexual. 
g) Elemento subjetivo: Dolo + elemento subjetivo específico, que é a vontade de ofender a moralidade 
pública. 
h) Tentativa: Admite. 
5. DISPOSIÇÕES GERAIS 
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Causas de aumento de pena (art. 234-A) 
De novo, mas agora aplicáveis a todos os crimes do Título. Há modificações recentes. 
Art. 234-A. Nos crimes previstos neste Título a pena é aumentada: 
I e II - Vetados. 
III - De metade a 2/3 (dois terços), se do crime resulta gravidez (Redação dada pela 
Lei nº 13.718, de 2018: antes era só de metade) 
IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o agente transmite à vítima doença 
sexualmente transmissível de que sabe ou deveria saber ser portador, ou se a
vítima é idosa ou pessoa com deficiência. 
(Redação dada pela Lei nº 13.718, de 2018 – antes era de 1/6 até a metade e não 
tinha a parte final sobre vítima idosa ou com deficiência). 
Art. 234-B. Os processos em que se apuram crimes definidos neste Título correrão 
em segredo de justiça. 
● APLICABILIDADE - Aplica-se a todos os crimes contra a dignidade sexual 
● INCISO III - de metade até 2/3, se do crime resultar gravidez; 
∘ Temos uma lex gravior pois, antes da Lei de 2018, a causa de aumento era de apenas metade. 
Agora pode aumentar até 2/3 – lei irretroativa 
 
● INCISO IV - de 1/3 a 2/3, se o agente transmite à vitima doença sexualmente transmissível de que sabe 
ou deveria saber ser portador ou se a vítima é idosa ou pessoa com deficiência 
∘ Temos uma lex gravior, pois antes da Lei de 2018, a causa de aumento era de 1/6 à metade. Agora 
pode aumentar até 2/3 – lei irretroativa 
∘ Antes da Lei 2018, também não previa a hipótese de vítima idosa ou pessoa com deficiência 
∘ Critério para dosar o quantum de aumento – Nucci afirma que o critério vai variar de acordo com 
a tipologia da enfermidade (ex. enfermidade curável ou incurável). Pode variar também de acordo 
com a atuação com dolo direto ou eventual. 
JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ: 
PARTE I 
1) É facultado aos Tribunais de Justiça atribuir às Varas da Infância e da Juventude 
competência para processar e julgar crimes de natureza sexual praticados contra 
crianças e adolescentes. 
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2) Em delitos sexuais, comumente praticadosàs ocultas, a palavra da vítima possui 
especial relevância, desde que esteja em consonância com as demais provas 
acostadas aos autos. 
3) Os crimes de estupro e atentado violento ao pudor praticados antes da edição 
da Lei n. 12.015/2009, ainda que em sua forma simples, configuram modalidades 
de crime hediondo. (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/1973 - TEMA 581) 
4) Os crimes de estupro e de atentado violento ao pudor foram reunidos em um 
único dispositivo após a edição da Lei n. 12.015/2009, não ocorrendo abolitio 
criminis do delito do art. 214 do Código Penal - CP, diante do princípio da 
continuidade normativa. 
5) Por força da aplicação do princípio da retroatividade da lei penal mais benéfica, 
a Lei n. 12.015/2009 deve alcançar os delitos previstos nos arts. 213 e 214 do 
Código Penal, cometidos antes de sua vigência. 
6) Após o advento da Lei n. 12.015/2009, que tipificou no mesmo dispositivo penal 
(art. 213 do CP) os crimes de estupro e de atentado violento ao pudor, é possível o 
reconhecimento de crime único entre as condutas, desde que tenham sido 
praticadas contra a mesma vítima e no mesmo contexto-fático. 
7) Sob a normativa anterior à Lei n. 12.015/2009, na antiga redação do art. 224, a, 
do CP, já era absoluta a presunção de violência nos crimes de estupro e de atentado 
violento ao pudor quando a vítima não fosse maior de 14 anos de idade, ainda que 
esta anuísse voluntariamente ao ato sexual. 
8) O crime de estupro de vulnerável se configura com a conjunção carnal ou prática 
de ato libidinoso com menor de 14 anos, sendo irrelevante eventual consentimento 
da vítima para a prática do ato, sua experiência sexual anterior ou existência de 
relacionamento amoroso com o agente. (Súmula n. 593/STJ) (Tese julgada sob o 
rito do art. 543-C do CPC/1973 - TEMA 918) 
9) O estado de sono, que diminua a capacidade da vítima de oferecer resistência, 
caracteriza a vulnerabilidade prevista no art. 217-A, § 1º, do Código Penal - CP. 
10) No crime de estupro em que a vulnerabilidade é decorrente de enfermidade ou 
deficiência mental (art. 217-A, § 1º, do CP), o magistrado não está vinculado à 
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existência de laudo pericial para aferir a existência de discernimento ou a 
possibilidade de oferecer resistência à prática sexual, desde que a decisão esteja 
devidamente fundamentada, em virtude do princípio do livre convencimento 
motivado. 
11) O beijo lascivo integra o rol de atos libidinosos e configura o crime de estupro 
se obtido mediante emprego de força física do agressor contra vítima maior de 14 
anos. 
PARTE II 
1) É incabível a desclassificação do crime de atentado violento ao pudor para 
quaisquer das contravenções penais dos arts. 61 ou 65 do Decreto-Lei n. 3. 
688/1941, pois aquele se caracteriza pela prática de atos libidinosos ofensivos à 
dignidade sexual da vítima, praticados mediante violência ou grave ameaça, com 
finalidade lasciva, sucedâneo ou não da conjunção carnal, evidenciando-se com o 
contato físico entre agressor e ofendido. 
2) Em razão do princípio da especialidade, é descabida a desclassificação do crime 
de estupro de vulnerável (art. 217-A do Código Penal - CP) para o crime de 
importunação sexual (art. 215-A do CP), uma vez que este é praticado sem violência 
ou grave ameaça, e aquele traz ínsito ao seu tipo penal a presunção absoluta de 
violência ou de grave ameaça. 
3) O delito de estupro de vulnerável (art. 217-A do CP) se consuma com a prática 
de qualquer ato de libidinagem ofensivo à dignidade sexual da vítima. 
4) A contemplação lasciva configura o ato libidinoso constitutivo dos tipos dos art. 
213 e art. 217-A do CP, sendo irrelevante, para a consumação dos delitos, que haja 
contato físico entre ofensor e vítima. 
5) É possível a configuração do crime de assédio sexual (art. 216-A do CP) na relação 
entre professor e aluno. 
6) A prática de crime contra a dignidade sexual por professor faz incidir a causa de 
aumento de pena prevista no art. 226, II, do Código Penal, por sua evidente posição 
de autoridade e ascendência sobre os alunos. 
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7) Não há bis in idem na incidência da agravante genérica do art. 61, II, f, 
concomitantemente com a causa de aumento de pena do art. 226, II, ambas do CP, 
no crime de estupro. 
8) No estupro de vulnerável (art. 217-A, caput, do CP), a condição de a vítima ser 
criança é elemento ínsito ao tipo penal, tornando impossível a aplicação da 
agravante genérica prevista no art. 61, II, h, do Código Penal Brasileiro, sob pena 
de bis in idem. 
9) O fato de o ofensor valer-se de relações domésticas para a prática do crime de 
estupro não pode, ao mesmo tempo, ser usado como circunstância judicial 
desfavorável (art. 59 do CP) e como agravante genérica (art. 61, II, f, do CP), sob 
pena de bis in idem. 
10) No estupro de vulnerável, o trauma psicológico que justifica a valoração 
negativa das consequências do crime (art. 59 do CP) é aquele cuja intensidade for 
superior à inerente ao tipo penal. (JÁ CAIU EM PROVA CESPE) 
11) No estupro de vulnerável, a tenra idade da vítima pode ser utilizada como 
circunstância judicial do art. 59 do CP e, portanto, incidir sobre a pena-base do réu. 
PARTE III 
1) Aquele que adere à determinação do comparsa e contribui para a consumação 
crime de estupro, ainda que não tenha praticado a conduta descrita no tipo penal, 
incide nas penas a ele cominadas, nos exatos termos do art. 29 do Código Penal. 
2) Nas hipóteses em que há imprecisão acerca do número exato de eventos 
abusivos à dignidade sexual da vítima, praticados em um longo período de tempo, 
é adequado o aumento de pena pela continuidade delitiva (art. 71 do CP) em 
patamar superior ao mínimo legal. 
3) Nos crimes de estupro ou de atentado violento ao pudor praticados com 
violência presumida, não incide a regra da continuidade delitiva específica (art. 71, 
parágrafo único, do CP), que condiciona a sua incidência às situações de emprego 
de violência real. 
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4) A orientação da Súmula n. 593/STJ não importa na retroatividade de lei penal 
mais gravosa (novatio legis in pejus) e apresenta adequada interpretação 
jurisprudencial das modificações introduzidas pela Lei n. 12.015/2009. 
5) A prática de conjunção carnal ou de atos libidinosos diversos contra vítima 
imobilizada configura o crime de estupro de vulnerável do art.217-A, § 1º, do CP, 
ante a impossibilidade de oferecer resistência ao emprego de violência sexual. 
6) O avançado estado de embriaguez da vítima, que lhe retire a capacidade de 
oferecer resistência, é circunstância apta a revelar sua vulnerabilidade e, assim, 
configurar a prática do crime de estupro previsto no § 1º do art. 217-A do Código 
Penal. 
7) Com o advento da Lei n. 12.015/2009, o crime de corrupção sexual de maiores 
de 14 e menores de 18 anos, previsto na redação anterior do art. 218 do CP, deixou 
de ser tipificado, ensejando abolitio criminis. 
8) No crime de favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual 
(art. 218-B do CP), a vulnerabilidade relativa do menor de 18 anos deve ser aferida 
pela inexistência do necessário discernimento para a prática do ato ou pela 
impossibilidade de oferecer resistência, inclusive por más condições financeiras. 
9) A conduta daquele que pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com 
menor de 18 anos e maior de 14 anos em situação de prostituição ou de exploração 
sexual somente foi tipificada com a entrada em vigor da Lei n. 12.015/2009, que 
incluiu o art. 218-B, § 2º, I, no CP, não podendo a lei retroagir para incriminar atos 
praticados antes de sua entrada em vigor. 
10) O segredo de justiça previsto no art. 234-B do Código Penal abrange o autor e 
a vítima de crimes sexuais, devendo constar da autuação apenas as iniciais de seus 
nomes. 
11) O Juizado Especial de Violência Doméstica é competente para julgar e processar 
o delito de estupro de vulnerável (art. 217-A do CP) quando estiver presente a 
motivação de gênero ou quando a vulnerabilidade da vítima for decorrente da sua 
condição de mulher. 
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12) Reconhecida a existência de crime único entre as condutas descritas nos art. 
213 e art. 214 do CP, unificadas pela Lei n. 12.015/2009 na redação do novo art. 
213, compete ao Juízo das Execuções o redimensionamento de pena imposta ao 
condenado, conforme a Súmula n. 611 do Supremo Tribunal Federal. 
13) Nos crimes sexuais praticados contra criança e adolescente, admite-se a oitiva 
da vítima por profissional preparado e em ambiente diferenciado na modalidade 
do "depoimento sem dano", prevista na Lei n. 13.431/2017, medida excepcional 
que respeita sua condição especial de pessoa em desenvolvimento. 
14) Na apuração de suposta prática de crime sexual, é lícita a utilização de prova 
extraída de gravação telefônica efetivada pelo ofendido, ou por terceiro com a sua 
anuência, sem o conhecimento do agressor. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 
- Direito Penal – Parte Especial – Volume 2 – 12ª edição – Cleber Masson; 
- Manual de Direito Penal – Parte especial – 11ª edição – Rogério Sanches Cunha. 
- Curso de Direito Penal – Parte especial – Vol. 3 – Arts. 213 a 361 do Código Penal – 3ª edição – Guilherme 
de Souza Nucci. 
- Site Dizer o Direito – www.dizerodireito.com.br 
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META 3 
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL: CRIMES NO ECA (PARTE I) 
SÚMULAS RELACIONADAS AO TEMA 
Súmula 500-STJ: A configuração do crime previsto no artigo 244-B do Estatuto da Criança e do Adolescente 
independe da prova da efetiva corrupção do menor, por se tratar de delito formal.
Súmula 605-STJ: A superveniência da maioridade penal não interfere na apuração de ato infracional nem
na aplicabilidade de medida socioeducativa em curso, inclusive na liberdade assistida, enquanto não 
atingida a idade de 21 anos.
Súmula 594-STJ: O Ministério Público tem legitimidade ativa para ajuizar ação de alimentos em proveito
de criança ou adolescente independentemente do exercício do poder familiar dos pais, ou do fato de o
menor se encontrar nas situações de risco descritas no art. 98 do Estatuto da Criança e do Adolescente, 
ou de quaisquer outros 
Súmula 492-STJ: O ato infracional análogo ao tráfico de drogas, por si só, não conduz obrigatoriamente à 
imposição de medida socioeducativa de internação do adolescente.
Súmula 383-STJ: A competência para processar e julgar as ações conexas de interesse de menor é, em 
princípio, do foro do domicílio do detentor de sua guarda.
Súmula 342-STJ: No procedimento para aplicação de medida socioeducativa, é nula a desistência de outras 
provas em face da confissão do adolescente.
Súmula 338-STJ: A prescrição penal é aplicável nas medidas socioeducativas.
Súmula 265-STJ: É necessária a oitiva do menor infrator antes de decretar-se a regressão da medida 
socioeducativa.
Súmula 108-STJ: A aplicação de medidas socioeducativas ao adolescente, pela prática de ato infracional, 
é da competência exclusiva do juiz.
1. FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL 
Art. 227, § 4º A lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual 
da criança e do adolescente. 
Trata-se de mandado de criminalização, exigindo a punição severa dos crimes contra criança e 
adolescente. 
Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às 
normas da legislação especial. 
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Em razão dessa inimputabilidade, percebe-se que estarão sujeitos à legislação diferenciada e 
especializada, qual seja, o Estatuto da Criança e do Adolescente. 
2. PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE 
Conforme explicita o professor Gabriel Habib, o artigo 225 do ECA positiva expressamente o princípio 
da especialidade ao dispor que os delitos previstos no ECA estarão configurados quando forem praticados 
contra criança ou adolescente. Assim, o elemento especializante, nesse caso, é a vítima do delito, criança ou 
adolescente. 
Nesse contexto, diante de um conflito aparente de normas, os tipos do ECA deverão prevalecer sobre 
outros tipos penais, como ocorre com o art. 3°, alínea a, da Lei de Abuso de Autoridade que dispõe "constitui 
abuso de autoridade qualquer atentado à liberdade de locomoção". Logo, a autoridade pública que atentar 
contra a liberdade de locomoção de qualquer pessoa pratica o delito do art. 3º, alínea a, da Lei de Abuso de 
Autoridade. Entretanto, caso a vítima do atentado seja criança ou adolescente, o delito praticado será o do 
art. 230 da Lei 8069/90, Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o qual tipifica a conduta de “privar a 
criança ou o adolescente de sua liberdade, procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante de ato 
infracional ou inexistindo ordem escrita da autoridade judiciária competente.” 
Ressalta-se que o Código Penal e o Código de Processo Penal são aplicados subsidiariamente. 
Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre crimes praticados contra a criança e o 
adolescente, por ação ou omissão, sem prejuízo do disposto na legislação penal.
Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei as normas da Parte Geral do 
Código Penal e, quanto ao processo, as pertinentes ao Código de Processo Penal. 
2.1 Inaplicabilidade da Lei 9.099/95 
Com o advento da Lei 14.344/22, que será tratada com mais detalhes adiante, visando criar 
mecanismos para a prevenção e o enfrentamento da violência doméstica e familiar contra a criança e o 
adolescente, foi afastada a incidência da Lei 9.099/95e, consequentemente, dos institutos 
despenalizadores, aos crimes cometidos contra crianças ou adolescentes. 
Art. 226. § 1º Aos crimes cometidos contra a criança e o adolescente, 
independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei nº 9.099, de 26 de 
setembro de 1995. (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência 
2.2 Conceito de Criança e Adolescente 
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Tem previsão no art. 2º, caput do ECA: 
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de 
idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade. 
● Criança: é a pessoa que tem até 12 anos de idade incompletos. 
● Adolescente: é a pessoa que tem entre 12 e 18 anos de idade. 
Pergunta-se: É possível a aplicação das disposições do ECA ao maior de 18 anos? R.: Sim, em caráter 
excepcional, conforme preconiza o art. 2, §único. 
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este 
Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade. 
Nesse sentido, a possibilidade do cumprimento de medida socioeducativa até os 21 anos, conforme 
a legislação e entendimento sumulado do STJ: 
Art. 121. A internação constitui medida privativa da liberdade, sujeita aos princípios 
de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em 
desenvolvimento. 
(...) 
§ 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos de idade. 
SUM 605: A superveniência da maioridade penal não interfere na apuração de ato 
infracional nem na aplicabilidade de medida socioeducativa em curso, inclusive na 
liberdade assistida, enquanto não atingida a idade de 21 anos. 
Atente-se que a idade da pessoa é considerada na data do fato, diante da adoção da Teoria da 
Atividade, e não na data da consumação do fato, nos termos do art. 104, §único do ECA. 
Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às 
medidas previstas nesta Lei. 
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser considerada a idade do 
adolescente à data do fato 
3. ATO INFRACIONAL E MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS 
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Quando uma criança ou adolescente praticam um fato previsto em lei como crime ou contravenção 
penal, esta conduta é chamada de “ato infracional”. Assim, juridicamente, não se deve dizer que a criança 
ou adolescente cometeu um crime ou contravenção penal, mas sim que cometeu ato infracional. A definição 
de ato infracional se encontra no art. 103 do ECA: 
Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou 
contravenção penal 
Observe que o ato infracional deve corresponder a uma contravenção ou a um crime. Se não 
corresponder, não é considerado ato infracional. 
Ademais, é irrelevante se a correspondência diz respeito a crime de ação penal pública 
incondicionada, condicionada ou privada. Isso porque, nesse caso, o MP age sempre de ofício, não havendo 
necessidade de representação da vítima ou de queixa crime. 
Às crianças e adolescentes não são impostas penas, diante da prática de ato infracional, mas medidas 
protetivas e socioeducativas, que são medidas de cunho protetivo, responsabilizante e socializadoras. 
A criança que pratica ato infracional recebe medidas de proteção. (art. 105 CC, c/c. 101 do ECA). Já 
o adolescente que comete ato infracional é responsabilizado por tal ato, podendo ser submetido a medidas 
socioeducativas, inclusive restritivas e privativas da liberdade, sem prejuízo das medidas de proteção. 
Assim, tanto a criança quanto o adolescente praticam ato infracional, mas apenas o adolescente responde a 
processo (do qual poderá resultar uma medida socioeducativa). A criança recebe apenas medidas protetivas. 
As medidas socioeducativas do ECA podem, conforme pontuado anteriormente, excepcionalmente, 
ser aplicadas às pessoas entre 18 e 21 anos, que é na hipótese em que o ato infracional foi praticado antes 
da pessoa ter completado 18 anos. 
Ex.: A tem 17 anos e desfere tiros em face de B, que é internado e falece quando A já possui 18 anos. 
Nessa hipótese, o ECA será aplicado ao agente, pela prática de ato infracional análogo ao crime de homicídio, 
considerando que é aplicada a data da conduta. (teoria da atividade). 
Atenção: Os tipos penais previstos no ECA são crimes atribuíveis à sujeitos IMPUTÁVEIS. O adolescente, em 
razão da menoridade, é inimputável, podendo ser atribuído a ele apenas atos infracionais análogos a crimes 
(art. 103 e 104). Reconhecida a prática de ato infracional, ao adolescente não será imposta pena, mas sim 
medida socioeducativa, com finalidade eminentemente pedagógica. 
3.1 Procedimento e Apuração do Ato Infracional 
a) Ato infracional praticado por criança: 
Como vimos, criança não responde a processo, não se aplica medida socioeducativa à criança. Ela 
recebe apenas medidas protetivas. O procedimento se dará da seguinte forma: 
● A criança deverá ser encaminhada ao Conselho Tutelar (art. 136, I, do ECA). 
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● É aconselhável que o Conselho Tutelar registre a ocorrência do ato infracional na Delegacia de Polícia, 
sem a presença da criança. 
● O Conselho Tutelar poderá aplicar à criança as medidas protetivas previstas no art. 101, I a VII, do 
ECA (não estão submetidas às medidas socioeducativas, ainda que tenham praticado ato infracional). 
● Para a aplicação das medidas protetivas previstas no art. 101, I a VII do ECA, em regra, o Conselho 
Tutelar NÃO precisa da intervenção do Poder Judiciário, salvo nas hipóteses de “inclusão em 
programa de acolhimento familiar” (inciso VIII) e “colocação em família substituta” (inciso IX), em 
que a lei estabelece a necessidade de decisão judicial. 
Obs.: O Conselho Tutelar é um órgão permanente, autônomo e não jurisdicional. 
Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, 
encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do 
adolescente, definidos nesta Lei. 
b) Ato infracional praticado por adolescente: 
Em contrapartida, o adolescente responde a processo quando pratica ato infracional. A ele podem 
ser aplicadas medidas socioeducativas, além das medidas protetivas. O procedimento será dividido em 2 
fases: 
I - FASE POLICIAL:
O Procedimento da fase policial será diferente dependendo se houver flagrante ou não de ato 
infracional. Veja: 
A) Quando há flagrante de ato infracional: Se houver flagrante de ato infracional, a fase policial segue a 
sequência dos artigos 172 a 176 do ECA: 
1 - O adolescente é apresentado à autoridade policial competente (art. 172) 
2 - Formalização do flagrante de ato infracional (art. 173): 
a) Ato infracional mediante violência ou grave ameaça: a autoridade policial necessariamente lavra 
auto de apreensão, ouvindo as testemunhas e o adolescente (similar ao procedimento do auto de 
prisão em flagrante); apreende o produto e os instrumentos da infração; requisita os exames ou 
perícias necessários à comprovação da materialidade e autoria da infração; 
b) Ato infracional sem violência ou grave ameaça: lavra o auto de apreensão OU substitui por BOC 
(Boletim de Ocorrência Circunstanciado). 
3 - Encerrada a formalização, o delegado tem duas opções: 
1) Liberar o adolescente de pronto: 
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● Devendo, no entanto, o pai, a mãe ou outro responsável pelo menor assinar um termo de 
compromisso e responsabilidade no qual fica estabelecido que o adolescente irá se 
apresentar ao representante do Ministério Público,naquele mesmo dia ou, sendo 
impossível, no primeiro dia útil imediato (art. 174). 
● Sendo o adolescente liberado, a autoridade policial encaminhará imediatamente ao 
representante do Ministério Público cópia do auto de apreensão ou boletim de ocorrência
(art. 176). 
2) Não liberar o adolescente: 
● O menor será mantido apreendido se ocorrer a hipótese do art. 154, 2ª parte, ou seja, se 
pela gravidade do ato infracional e sua repercussão social, deva o adolescente permanecer 
internado para sua segurança e garantia da ordem pública. 
● Nessa situação, aplica-se o art. 175 do ECA, ou seja, a autoridade encaminha o adolescente 
ao MP junto com cópia do auto de apreensão e B.O., sendo impossível a apresentação 
imediata, é encaminhado a entidade de atendimento. 
∘ Encaminhar desde logo, o adolescente ao representante do Ministério Público, 
juntamente com cópia do auto de apreensão ou boletim de ocorrência (art. 175). 
∘ Sendo impossível a apresentação imediata, a autoridade policial encaminhará o 
adolescente à entidade de atendimento, que fará a apresentação ao representante do 
Ministério Público no prazo de 24 horas. 
∘ Nas localidades onde não houver entidade de atendimento, a apresentação far-se-á 
pela autoridade policial. À falta de repartição policial especializada, o adolescente 
aguardará a apresentação em dependência separada da destinada a maiores, não 
podendo, em qualquer hipótese, exceder o prazo de 24 horas 
 
B) Quando não há flagrante de ato infracional: 
Não havendo flagrante, nos termos do art. 177, a autoridade investiga o ato infracional, faz um 
relatório de investigações e encaminha ao Ministério Público (o relatório de investigação é análogo ao 
relatório do IP - também chamado peças de informação). No entanto, o delegado NÃO instaura Inquérito 
Policial, NÃO lavra flagrante e NÃO promove o indiciamento de adolescente. 
Em outras palavras: na apuração de ato infracional, o procedimento de investigação feito na polícia 
com a colheita dos depoimentos e juntada de outras provas NÃO recebe a denominação de “inquérito 
policial”, sendo chamado de “peças de informação”, que deverão ser encaminhadas pelo Delegado ao MP. 
 Chegando no MP (as peças de informação, o BOC ou o auto de apreensão), este fará uma oitiva 
informal do adolescente e, se possível, seus pais, responsáveis, vítima, testemunha. 
Cuidado: Pode parecer estranho, inclusive gerando dúvidas nos candidatos quando aparece nas provas de 
concurso, mas o art. 179 do ECA afirma que essa oitiva do adolescente, feita pelo MP, é INFORMAL. Por isso, 
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alguns autores defendem que não é necessário que esse ato seja reduzido a escrito, podendo o Promotor de 
Justiça ouvir o menor sem registro formal. 
O STJ entende que a oitiva informal tem natureza de procedimento administrativo, que antecede a fase 
judicial, ou seja, é um procedimento extrajudicial. Em face disso, nessa oitiva informal não são aplicados os 
princípios do contraditório e ampla defesa, não sendo necessário que o adolescente esteja acompanhado de 
advogado. Nesse sentido: HC 109.402. 
Obs.: O MP pode representar (equivale ao oferecimento da denúncia) contra o menor mesmo sem ter 
realizado a oitiva informal, desde que tenha elementos probatórios suficientes. 
Realizada oitiva informal, MP tem 3 opções (art.180): 
1) Promover o arquivamento: Isso se dará quando não houver elementos suficientes para 
responsabilizar o menor pelo ato infracional. Ex.: prescrição. 
Obs.: Se o Juiz discordar da promoção de arquivamento, ele remete os autos ao Procurador Geral de Justiça 
que tem três opções (art. 181). 
(1) Concordar com o Juiz e oferecer representação; 
(2) Concordar com o Juiz e designar outro membro do MP para oferecer representação; 
(3) Concordar com o membro do MP e insistir no pedido de arquivamento. 
Essa é a solução dada também pelo art. 28 do CPP (atualmente em vigor, diante da suspensão da 
eficácia da nova disciplina conferida pelo art. 28-A, decorrente da Lei 13.964/19, a partir de liminar do STF). 
2) Conceder remissão: A remissão concedida pelo MP é a remissão perdão, pura e simples, sem 
qualquer aplicação de medidas socioeducativas. Essa remissão é aplicada considerando-se as circunstâncias 
do art. 127 do ECA. 
Se as consequências do fato, contexto social, personalidade do adolescente recomendarem a 
remissão pura e simples, o promotor pode concedê-la. Ex.: adolescente sem antecedentes cujo pai está 
desempregado, pratica um furto. 
Encontra-se regulamentada nos arts. 126 e 127 do ECA: 
Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para apuração de ato 
infracional, o representante do Ministério Público poderá conceder a remissão, 
como forma de exclusão do processo, atendendo às circunstâncias e consequências 
do fato, ao contexto social, bem como à personalidade do adolescente e sua maior 
ou menor participação no ato infracional. 
Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão da remissão pela autoridade 
judiciária importará na suspensão ou extinção do processo. 
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Art. 127. A remissão não implica necessariamente o reconhecimento ou 
comprovação da responsabilidade, nem prevalece para efeito de antecedentes, 
podendo incluir eventualmente a aplicação de qualquer das medidas previstas em 
lei, exceto a colocação em regime de semi-liberdade e a internação. 
Observações importantes: 
✔ Essa remissão é forma de exclusão do processo, ou seja, uma forma de se evitar o processo; 
✔ Essa remissão não acarreta o reconhecimento da responsabilidade pelo ato infracional; 
✔ Essa remissão não pode ser considerada como maus antecedentes, nem mesmo em outro processo 
por ato infracional; 
✔ De acordo com o art. 126 do ECA, após início do processo, a concessão da remissão pela autoridade 
judiciária importa em extinção ou suspensão do processo; 
✔ A remissão pode ser pelo perdão ou transação: 
(a) Perdão: Desacompanhada de medida socioeducativa, atendendo o grau de participação, 
contexto social, personalidade, consequências do ato. O juiz, ao homologar, pode cumular 
medida socioeducativa. 
(b) Transação: É a remissão com a aplicação de uma medida socioeducativa. Essa remissão 
admite a aplicação de qualquer medida socioeducativa, exceto o regime de semiliberdade e 
a internação (que são restritivas da liberdade). Precisa de homologação do juiz, pois só juiz 
aplica medida socioeducativa. Além disso, exige aceitação do menor. 
SUM 108: A aplicação de medidas socioeducativas ao adolescente, pela prática de 
ato infracional, é da competência exclusiva do juiz. 
3) Oferecer representação (equivale à denúncia do CPP): 
 O art. 182 do ECA determina que, se o representante do Ministério Público não promover o 
arquivamento ou conceder a remissão, oferecerá representação ao juiz, propondo a instauração de 
procedimento para aplicação da medida socioeducativa que se afigurar mais adequada. 
 A representação será oferecida por petição, que conterá o breve resumo dos fatos e a classificação 
do ato infracional e, quando necessário, o rol de testemunhas, podendo ser deduzida oralmente, em sessão 
diária instalada pela autoridade judiciária (§ 1º do art. 182). 
 A representação independe de prova pré-constituída da autoria e materialidade (§ 2º do art. 182). 
Porém, segundo o STF, deve haver indícios mínimos (ex.: ato infracional correspondente a tráfico sem laudo 
preliminar deve ser rejeitado). 
 O ECA não prevê número máximo de testemunhas para arrolar na representação. A doutrina diz que 
deveria ser observado o máximo de 8, por analogia ao procedimento ordinário. 
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Recebida a representação pelo juiz estará iniciada a ação socioeducativa contra o adolescente. E 
aqui tem início a fase processual. 
II - FASE PROCESSUAL: 
a) Oferecimento da representação; 
b) Recebimento da representação: se o Juiz receber a representação ele designa audiência de 
apresentação do adolescente (art. 184 do ECA); 
c) Audiência de APRESENTAÇÃO: dessa audiência, serão notificados o adolescente e os pais ou 
responsáveis do menor. Essa audiência NÃO se realiza sem a presença do menor, ou seja, se o 
adolescente estiver desaparecido (não for localizado) o juiz expede mandado de busca e apreensão
e suspende o processo até a localização do adolescente. Nessa audiência serão praticados os 
seguintes atos: 
1. Interrogatório do adolescente; 
2. Decisão sobre a decretação, manutenção ou revogação da internação provisória. 
Confissão do adolescente: 
(1) Se o adolescente confessar o ato infracional no interrogatório, é nula a desistência de outras provas. A 
acusação e defesa não podem desistir de outras provas porque o adolescente confessou. Nesse sentido, o 
enunciado da Súmula 342, STJ: “No procedimento para aplicação de medida socioeducativa, é nula a 
desistência de outras provas em face da confissão do adolescente”. 
(2) O STJ já decidiu que não se aplica a atenuante da confissão espontânea ao procedimento do ECA. Nesse 
sentido, STJ, HC 101.739/DF. 
d) Designação de data para audiência de continuação; 
e) Audiência EM CONTINUAÇÃO: nessa audiência serão praticados os seguintes atos: 
1. Oitiva de testemunhas da acusação e defesa; 
2. Debates orais; 
3. Sentença: pode apresentar duas naturezas. 
● Improcedência do pedido (equivale à sentença absolutória no processo penal): Nesse 
caso não será aplicada nenhuma medida socioeducativa vez que o pedido de aplicação 
de medida socioeducativa foi julgado improcedente. (art. 189, I a IV). 
● Procedência do pedido (equivale à sentença condenatória no processo penal): nessa 
hipótese, serão aplicadas as medidas socioeducativas e de proteção previstas nos 
artigos 112 a 123 do ECA. 
Atenção à jurisprudência: 
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A oitiva do representado deve ser o último ato da instrução no procedimento de apuração de ato 
infracional. 
O STF tem aplicado a orientação firmada no HC 127.900/AM (interrogatório como último ato da 
instrução) ao procedimento de apuração de ato infracional, sob o fundamento de que o art. 400 do 
CPP possibilita ao representado exercer de modo mais eficaz a sua defesa. Logo, por essa razão, em 
uma aplicação sistemática do direito, tal dispositivo legal deve suplantar o estatuído no art. 184 do 
ECA. STJ. 6ª Turma.AgRg no HC 772228/SC, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 28/2/2023 (Info 766). 
3.2 Medidas socioeducativas do ECA 
Essas medidas socioeducativas podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente e são fungíveis, ou 
seja, podem ser substituídas umas pelas outras, a qualquer tempo (art. 109 c/c art. 113 do ECA). 
Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá 
aplicar ao adolescente as seguintes medidas: 
I - advertência; 
II - obrigação de reparar o dano; 
III - prestação de serviços à comunidade; 
IV - liberdade assistida; 
V - inserção em regime de semi-liberdade; 
VI - internação em estabelecimento educacional; 
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI. 
a) Advertência (art. 115, ECA): consistirá em admoestação verbal, que será reduzida a termo e 
assinada 
b) Obrigação de reparar o dano (art. 116, ECA): é aplicada para atos infracionais com reflexos 
patrimoniais, ainda que não seja ato infracional correspondente a crime contra o patrimônio 
c) Prestação de serviços à comunidade (art. 117, ECA): limitada ao prazo máximo de 6 meses. 
d) Liberdade assistida (art. 118, ECA): o menor fica em liberdade, sendo assistido por um responsável. 
Tal medida é decretada pelo prazo mínimo de 6 meses, podendo ser prorrogada, revogada ou
substituída. 
A expedição de mandado de busca e apreensão para localizar adolescente que 
descumpriu medida socioeducativa de liberdade assistida não configura 
constrangimento ilegal, nem mesmo contraria o enunciado da Súmula n. 265 do 
STJ. A expedição de mandado de busca e apreensão é feita para que se localize o 
adolescente que descumpriu a medida aplicada em meio aberto a fim de 
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encaminhá-lo ao Juízo e apresentá-lo em audiência, oportunizando-lhe a 
apresentação de justificação. STJ. 6ª Turma. HC 381127/SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, 
julgado em 14/03/2017. 
Caiu na prova delegado PCRO – (2022): Assinale a opção correta, acerca das medidas socioeducativas 
aplicadas a adolescentes e dos procedimentos de sua apuração: A advertência deverá ser aplicada somente 
quando houver comprovação da autoria e da materialidade do ato infracional. (item incorreto). A 
advertência poderá ser aplicada sempre que houver prova da materialidade e indícios suficientes da autoria. 
(L. 8069/90). 
e) Regime de semi-liberdade: medida socioeducativa restritiva de liberdade. 
● O regime de semi-liberdade pode ser aplicado como medida socioeducativa inicial ou como 
progressão para uma medida socioeducativa menos grave. 
● É necessário observar que, o STJ já pacificou que o regime de semi-liberdade somente pode ser 
adotado como medida inicial se a decisão judicial for devidamente fundamentada, ou seja, deve 
ser demonstrada a imperiosa necessidade dessa medida inicial, à luz do princípio da 
excepcionalidade. Assim, não havendo fundamentação sobre a necessidade da semi-liberdade, 
esta não pode ser a medida inicial, sob pena de nulidade da sentença. Nesse sentido: HC 
128.113/SP e HC 111.876, STJ. 
f) Internação em estabelecimento educacional: somente pode ser aplicada se ocorrer uma das três
hipóteses taxativas do art. 122 do ECA. Se a hipótese não for uma das previstas no art. 122 do ECA, 
não é cabível internação, por mais grave que seja o ato infracional. São as hipóteses de aplicação da 
medida de internação: 
i. Ato infracional praticado mediante grave ameaça ou violência à pessoa. Ex.: roubo, 
extorsão. 
ii. Reiteração no cometimento de outras infrações graves. É necessário observar que o ECA 
não estipulou um número mínimo, devendo analisar o caso concreto. 
ECA não estipulou um número mínimo de atos infracionais graves para justificar a 
internação do menor infrator com fulcro no art. 122, II, do ECA (reiteração no 
cometimento de outras infrações graves). Logo, cabe ao magistrado analisar as 
peculiaridades de cada caso e as condições específicas do adolescente a fim de 
aplicar ou não a internação. A depender das particularidades e circunstâncias do 
caso concreto, pode ser aplicada, com fundamento no art. 122, II, do ECA, medida 
de internação ao adolescente infrator que antes tenha cometido apenas uma outra 
infração grave. Está superado o entendimento de que a internação com base nesse 
dispositivo somente seria permitida com a prática de no mínimo 3 infrações. STF. 
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1ª Turma. HC 94447, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 12/04/2011. STJ. 5ª Turma. HC 
457.094/SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 04/10/2018. STJ. 6ª Turma. 
AgInt no AREsp 1283377/MS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 
21/08/2018. 
iii. Por descumprimento reiterado e injustificado da medida anteriormente imposta. Ou seja, 
a internação é cabível quando está havendo reiterado descumprimento de outra medida 
socioeducativa. 
Observações importantes: 
✔ É necessário observar que a internação é medida excepcionale as hipóteses trazidas pelo art. 122 
do ECA são taxativas. Ou seja, deve ser observado o princípio da excepcionalidade na sua aplicação 
(essa é a nomenclatura utilizada pelo STJ nos julgados). Assim, a internação somente pode ser 
aplicada se absolutamente necessária e devidamente fundamentada pelo juiz. 
✔ A medida de internação é regida também pelo princípio da brevidade, ou seja, devendo perdurar 
pelo menor período possível, visando a recuperação do menor infrator. 
✔ A medida de internação não é automática, exigindo a necessária fundamentação da sua necessidade. 
Ex.: ato infracional de lesão corporal leve. Nessa hipótese, de acordo com o STJ, apesar de ser ato 
infracional com violência à pessoa não se justifica a internação (STJ, HC 110.195/ES). 
✔ Nos casos do art. 122, incisos I e II (ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência a 
pessoa e reiteração no cometimento de outras infrações graves), a internação é decretada por prazo 
indeterminado, devendo ser reavaliada a cada 6 meses e não podendo ser superar o limite de 3 
anos. Na hipótese do art. 122, III (descumprimento reiterado e injustificável da medida 
anteriormente imposta), o prazo de internação não pode ser superior a 3 meses. É o que diz o art. 
122, §1º. 
✔ Atingida a idade de 21 anos, a liberação do adolescente é COMPULSÓRIA. 
Súmula 605-STJ: A superveniência da maioridade penal não interfere na apuração 
de ato infracional nem na aplicabilidade de medida socioeducativa em curso, 
inclusive na liberdade assistida, enquanto não atingida a idade de 21 anos. 
Veja: 
Tendo a medida socioeducativa atingido a sua finalidade, é inviável manter a 
execução apenas pela menção genérica à insuficiência do tempo de 
acautelamento do adolescente. A execução da medida socioeducativa, embora 
ostente viés retributivo, está conformada pelos princípios da brevidade e 
excepcionalidade, não havendo tempo pré-estabelecido de sua duração, bastando 
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para sua extinção, que atenda sua finalidade, nos termos do art. 46, II, da Lei n. 
12.594/2012. Considerando os postulados da brevidade e da excepcionalidade, que 
na execução da medida socioeducativa restringem a intervenção do Estado ao 
necessário para atingimento da finalidade da medida, inviável manter a execução 
apenas pela menção genérica à insuficiência do tempo, a despeito, ainda, da 
menção ao histórico infracional do menor. Info. 763, STJ. Processo em segredo de 
justiça, Rel. Ministro Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, por unanimidade, julgado 
em 7/2/2023. 
Pergunta-se: É possível aplicar internação a adolescente que comete tráfico internacional de uma 
tonelada de cocaína? R.: Por si só, NÃO! Uma vez que o tráfico não é ato infracional cometido com violência 
ou grave ameaça a pessoa e nem tampouco pode ser incluído nas demais hipóteses trazidas pelo art. 122 do 
ECA. 
Súmula 492-STJ: O ato infracional análogo ao tráfico de drogas, por si só, não 
conduz obrigatoriamente à imposição de medida socioeducativa de internação do 
adolescente 
Pergunta-se: O crime de ameaça, por si só, pode acarretar medida de internação? R.: NÃO! Nos 
termos do art.122, inciso I, do ECA, a medida de internação pode ser aplicada quando se tratar de ato 
praticado mediante violência ou grave ameaça. No entanto, não se pode confundir grave ameaça com 
ameaça. Sendo assim, se o adolescente pratica um ato infracional análogo ao crime de ameaça, não há que 
se falar em aplicação da medida de internação. 
 Pergunta-se: É possível a internação de adolescente gestante ou com filho em amamentação? R.: 
SIM! Veja a jurisprudência do STJ sobre o tema: 
É legal a internação de adolescente gestante ou com o filho em amamentação, 
desde que assegurada atenção integral à sua saúde, bem como as condições 
necessárias para que permaneça com seu filho durante o período de 
amamentação 
Não há impeditivo legal para a internação de adolescente gestante ou com filho em 
amamentação, desde que seja garantida atenção integral à saúde do adolescente, 
além de asseguradas as condições necessárias para que a adolescente submetida à 
execução de medida socioeducativa de privação de liberdade permaneça com o seu 
filho durante o período de amamentação (arts. 60 e 63, § 2º da Lei nº 12.594/12 - 
SINASE). STJ. 5ª Turma. HC 543279-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, 
julgado em 10/03/2020 (Info 668). 
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https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/1349b36b01e0e804a6c2909a6d0ec72a?categoria=7&subcategoria=62
https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/1349b36b01e0e804a6c2909a6d0ec72a?categoria=7&subcategoria=62
https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/1349b36b01e0e804a6c2909a6d0ec72a?categoria=7&subcategoria=62
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA 
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Pergunta-se: É possível a internação pela prática do art. 28 da Lei de Drogas? R.: NÃO! 
Não é possível aplicar nenhuma medida socioeducativa que prive a liberdade do 
adolescente (internação ou semiliberdade) caso ele tenha praticado um ato 
infracional análogo ao delito do art. 28 da Lei de Drogas. Isso porque o art. 28 da 
Lei nº 11.343/2006 não prevê a possibilidade de penas privativas de liberdade caso 
um adulto cometa esse crime. Ora, se nem mesmo a pessoa maior de idade poderá 
ser presa por conta da prática do art. 28 da LD, com maior razão não se pode impor 
a restrição da liberdade para o adolescente que incidir nessa conduta. STF. 1ª 
Turma. HC 119160/SP, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 09/04/2014 (Info 
742). STF. 2ª Turma. HC 124682/SP, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 
16/12/2014 (Info 772). 
O Estatuto da Criança e do Adolescente não tratou da prescrição das medidas socioeducativas. 
Entretanto, por força do princípio da segurança jurídica, há entendimento sedimentado de que a prescrição 
penal é aplicável às medidas socioeducativas. Nesse sentido, o entendimento sumulado do STJ: 
SUM 338: A prescrição penal é aplicável nas medidas socioeducativas. 
 
Por consequência, aplicam-se os prazos do art. 109 do Código Penal à medida socioeducativa, que 
têm tempo de cumprimento determinado, já nas medidas que não tiverem prazo certo, utiliza-se o prazo de 
três anos, menor lapso previsto no Código Penal para a extinção da punibilidade pela prescrição, sem prejuízo 
do redutor do art.115, por se tratar de pessoa menor de 21 anos. 
Art. 115. São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, 
ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença, maior 
de 70 (setenta) anos. 
Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o 
disposto no § 1o do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa 
de liberdade cominada ao crime, verificando-se: 
CAIU EM PROVA: 
(Delegado do Estado do Rio de Janeiro 2022) 
A advertência deverá ser aplicada somente quando houver comprovação da autoria e da materialidade do 
ato infracional - item considerado incorreto. 
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A liberdade assistida tem prazo máximo de seis meses, não sendo cabível a sua prorrogação - item 
considerado incorreto. 
(Delegado do Estado do Paraná 2021): C.R., na semana anterior ao seu aniversário de 18 anos, decidiu 
organizar uma festa. Convidou todos os seus colegas de condomínio, exceto K.S., por quem nutria profundo 
desafeto. Ao perceber, porém, a presença de K.S. na festa, C.R. a atraiu para a adega da casa e a golpeou por 
repetidas vezes na cabeça, somentenão lhe causando a morte por circunstâncias alheias à sua vontade. 
Diante do exposto, e com embasamento no Estatuto da Criança e do Adolescente, caso o juiz entenda que o 
ato infracional foi praticado mediante violência ou grave ameaça, ele poderá aplicar a medida socioeducativa 
de internação, necessariamente reavaliada a cada seis meses – item considerado correto. 
Jurisprudência em Teses do STJ - EDIÇÃO N. 54: MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS 
1) O ato infracional análogo ao tráfico de drogas, por si só, não conduz 
obrigatoriamente à imposição de medida socioeducativa de internação do 
adolescente. (Súmula n. 492/STJ) 
2) A existência de relatório técnico favorável à progressão ou extinção de medida 
socioeducativa não vincula o juiz. 
3) É possível a incidência do princípio da insignificância nos procedimentos que 
apuram a prática de ato infracional. 
4) A medida socioeducativa de internação está autorizada nas hipóteses 
taxativamente previstas no art. 122 do ECA, sendo vedado ao julgador dar qualquer 
interpretação extensiva do dispositivo. 
5) A aplicação da medida de semiliberdade, a despeito do disposto no art. 120, § 
2º, do ECA, não se vincula à taxatividade estabelecida no art. 122 do mesmo 
estatuto. 
6) A internação provisória prevista no art. 108 do ECA não pode exceder o prazo 
máximo e improrrogável de 45 dias, não havendo que se falar na incidência da 
Súmula n. 52 do STJ. 
7) A internação-sanção, imposta em razão de descumprimento injustificado de 
medida socioeducativa, não pode exceder o prazo de 3 (três) meses. 
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8) A atenuante da confissão espontânea não tem aplicabilidade em sede de 
procedimento relativo à apuração de ato infracional. 
9) A prescrição penal é aplicável nas medidas socioeducativas. (Súmula n. 338/STJ) 
10) A superveniência da maioridade penal ou civil não afasta a possibilidade de 
aplicação de medida socioeducativa, devendo-se levar em consideração a idade do 
menor ao tempo do fato. 
11) A maioridade penal não implica a liberação compulsória do menor infrator, fato 
que somente se dá aos 21 anos nos termos do art. 121, §5°, do ECA. 
12) O cumprimento de medida socioeducativa de internação em estabelecimento 
prisional viola o art. 123 do ECA, ainda que em local separado dos maiores de idade 
condenados. 
13) A gravidade do ato infracional equiparado ao crime de ameaça (art. 147 do CP) 
não se subsume à grave ameaça exigida para a aplicação da medida de internação 
(art. 122, I, do ECA). 
14) O prazo para interpor agravo contra decisão denegatória de recurso especial 
em matéria penal é de cinco dias (art. 28 da Lei n. 8.038/90), aplicando-se às 
hipóteses de apuração de ato infracional. 
15) É necessária a oitiva do menor infrator antes de decretar-se a regressão da 
medida socioeducativa. (Súmula n. 265/STJ) 
16) O Estatuto da Criança e do Adolescente não estipulou um número mínimo de 
atos infracionais graves para justificar a internação com base na reiteração (art. 
122, II, do ECA), não havendo que se falar, portanto, no número mínimo de três 
atos infracionais. 
17) Os atos infracionais compreendidos na remissão não servem para caracterizar 
a reiteração nos moldes do art. 122, II, do ECA. 
18) A reiteração capaz de ensejar a incidência da medida socioeducativa de 
internação (art. 122, II, do ECA) só ocorre quando praticados, no mínimo, dois atos 
infracionais graves anteriores. 
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4. DOS CRIMES PREVISTOS NO ECA 
Trata-se das condutas tipificadas no ECA como crimes. Portanto, cometido por imputáveis, sendo 
que, nesse caso a criança ou adolescente figura como SUJEITO PASSIVO, ou seja, como vítima dos delitos.
Todos os crimes são dolosos, com exceção de DOIS (CAI MUITO EM PROVA): 
Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente de estabelecimento de 
atenção à saúde de gestante de manter registro das atividades desenvolvidas, na 
forma e prazo referidos no art. 10 desta Lei, bem como de fornecer à parturiente 
ou a seu responsável, por ocasião da alta médica, declaração de nascimento, onde 
constem as intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato: 
Pena - detenção de seis meses a dois anos. 
Parágrafo único. Se o crime é culposo: 
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa. 
Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção 
à saúde de gestante de identificar corretamente o neonato e a parturiente, por 
ocasião do parto, bem como deixar de proceder aos exames referidos no art. 10 
desta Lei: 
Pena - detenção de seis meses a dois anos. 
Parágrafo único. Se o crime é culposo: 
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa. 
5. AÇÃO PENAL 
Todos os crimes são de ação penal pública incondicionada, e não poderia ser diferente, uma vez 
que, por regra, o sujeito passivo será penalmente inimputável e civilmente incapaz absoluta ou 
relativamente, de modo que é essencial a tutela dos bens jurídicos por parte do poder público. 
Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são de ação pública incondicionada. 
 
6. DA INFILTRAÇÃO DE AGENTES DA POLÍCIA NA INTERNET 
A Lei 13.441/2017 alterou o ECA para regulamentar a investigação de crimes relacionados à pedofilia 
na internet. Assim, com a inserção dos art.190-A a 190-E, o ECA passou a contar com a previsão da infiltração 
de agentes de polícia na internet com o fim de investigar crimes contra a dignidade sexual de crianças e de 
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adolescentes. A investigação desses crimes é muito complexa porque os criminosos interagem em redes 
sociais fechadas, com pseudônimos e códigos, sendo extremamente difícil que a Polícia consiga descobrir 
onde estão ocorrendo essas comunicações e troca de material de pedofilia. A única forma de descobrir a real 
identidade dos criminosos e coletar provas da materialidade é conseguir fazer com que os policiais consigam 
ingressar e participar por um tempo dessa rede de pedófilos. 
De acordo com essa técnica especial de investigação, o policial pode ingressar nas redes sociais e 
coletar elementos informativos a respeito dos delitos e seus agentes. E como o policial infiltrado terá que 
esconder sua real identidade e, eventualmente, cometer condutas típicas, é necessário que a lei regulamente 
a atuação, estabelecendo o acompanhamento e fiscalização por parte do MP e do Poder Judiciário, a fim 
de que, em uma ponderação de interesses, seja analisada a proporcionalidade de sua adoção no caso 
concreto, evitando-se abusos e o desvirtuamento da medida. 
Art. 190-A. A infiltração de agentes de polícia na internet com o fim de investigar 
os crimes previstos nos arts. 240 , 241 , 241-A , 241-B , 241-C e 241-D desta Lei e 
nos arts. 154-A , 217-A , 218 , 218-A e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 (Código Penal) , obedecerá às seguintes regras: (Incluído pela
Lei nº 13.441, de 2017) 
I – será precedida de autorização judicial devidamente circunstanciada e 
fundamentada, que estabelecerá os limites da infiltração para obtenção de prova, 
ouvido o Ministério Público; (Incluído148 
4.2 Direito à Identidade de Gênero ........................................................................................................................... 149 
4.3 Direito ao Nome .................................................................................................................................................. 150 
4.4 Direito à Orientação Sexual ................................................................................................................................. 150 
4.4.1 Conceitos ...................................................................................................................................................... 151 
4.5 Discriminação Histórica ....................................................................................................................................... 152 
4.6 Soft Law ............................................................................................................................................................... 152 
4.6.1 Princípios De Yogyakarta .............................................................................................................................. 152 
4.6.2 Princípios De Yogyakarta+10 ........................................................................................................................ 154 
5. DIREITOS DAS PESSOAS RECLUSAS .......................................................................................................... 155 
5.1 Soft Law ............................................................................................................................................................... 155 
5.1.1 Regras Mínimas Das Nações Unidas Para O Tratamento De Reclusos ......................................................... 155 
5.1.2 Regras Das Nações Unidas Para O Tratamento De Mulheres Presas E Medidas Não Privativas De Liberdade 
Para Mulheres Infratoras ...................................................................................................................................... 159 
META 5 ........................................................................................................................................................ 163 
DIREITO CIVIL: RESPONSABILIDADE CIVIL .................................................................................................... 163 
1. ATO ILÍCITO x RESPONSABILIDADE CIVIL ................................................................................................. 165 
2. EFEITOS JURÍDICOS DO ILÍCITO CIVIL ....................................................................................................... 166 
3. EXCLUDENTES DE ILICITUDE .................................................................................................................... 166 
4. ESPÉCIES DE ATOS ILÍCITOS ..................................................................................................................... 167 
5. RESPONSABILIDADE CIVIL ........................................................................................................................ 168 
5.1 Responsabilidade Civil Contratual X Extracontratual .......................................................................................... 168 
5.2 Elementos da Responsabilidade Civil (ou pressupostos do dever de indenizar) ................................................ 170 
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5.2.1 Conduta ........................................................................................................................................................ 170 
5.2.2 Culpa genérica .............................................................................................................................................. 170 
5.2.3 Nexo de causalidade ..................................................................................................................................... 172 
5.2.4 Dano ou prejuízo: .......................................................................................................................................... 175 
5.3 Notas sobre algumas espécies de Responsabilidade Civil previstas no CC/02 .................................................... 182 
5.3.1 Responsabilidade Civil do Incapaz ................................................................................................................ 182 
5.3.2 Responsabilidade Civil por Atos de Outrem: ................................................................................................ 187 
5.2.3 Responsabilidade Pelo Fato do Animal ......................................................................................................... 188 
5.3.4 Responsabilidade por ruína de edifício e queda de partes não integrantes ................................................ 189 
5.4 Independência das Instâncias ............................................................................................................................. 190 
META 6 – REVISÃO SEMANAL ...................................................................................................................... 196 
DIREITO PENAL: CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL ........................................................................... 196 
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL: CRIMES NO ECA .......................................................................................... 198 
DIREITOS HUMANOS: DIREITO DAS CRIANÇAS, PESSOAS COM DEFICIÊCIA, IDOSAS, LGBTQIA+ E RECLUSOS
....................................................................................................................................................................... 199 
DIREITO CIVIL: RESPONSABILIDADE CIVIL .................................................................................................... 201 
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA 
DELEGADO DE POLÍCIA 
SEMANA 23/48 
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DA SEMANA 23 
META DIA ASSUNTO 
1 SEG DIREITO PENAL: Crimes Contra a Dignidade Sexual (Parte I) 
2 TER DIREITO PENAL: Crimes Contra a Dignidade Sexual (Parte II) 
3 QUA LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL: Crimes no ECA (Parte I) 
4 QUI 
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL: Crimes no ECA (Parte II) 
DIREITOS HUMANOS: Direito Das Crianças, Pessoas Com Deficiêcia,
Idosas, LGBTQIA+ E Reclusos 
5 SEX DIREITO CIVIL: Responsabilidade Civil 
6 SÁB [REVISÃO SEMANAL] 
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DELEGADO DE POLÍCIA 
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META 1 
DIREITO PENAL: CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL (PARTE I) 
TODOS OS ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA 
CÓDIGO PENAL 
⦁ Art. 213 A 234-A 
OUTROS DISPOSITIVOS: 
⦁ Art. 5º, XL, CF/88 
⦁ Art. 7º, II, Lei Maria da Penha 
⦁ Art. 61, Lei de Contravenções Penais 
⦁ Art. 65, Lei de Contravenções Penais (atualmente revogado) 
⦁ Art. 240, 241 e 244-A, ECA 
⦁ Art. 1º, §1º, Lei 8072/90 
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER! 
CÓDIGO PENAL 
⦁ Art. 213 (análise comparativa com o art. 217-A) 
⦁ Art. 215 e 215-A 
⦁ Art. 216-B 
⦁ Art. 218- e 218-C 
⦁ Art. 226 
⦁ Art. 228 
⦁ Art. 233 
⦁ Art. 234-A 
OUTROS DISPOSITIVOS: 
⦁ Art. 240, ECA 
⦁ Art. 241-A e 241-D, ECA 
⦁ Art. 244-A, ECA 
⦁ Art. 1º, §1º, inc. V, VI e VIII, Lei 8072/90 
SÚMULAS RELACIONADAS AO TEMA 
Súmula 593-STJ: O crime de estupro de vulnerável se configura com a conjunção carnal ou prática de ato
libidinoso com menor de 14 anos, sendo irrelevante eventual consentimento da vítima parapela Lei nº 13.441, de 2017) 
II – dar-se-á mediante requerimento do Ministério Público ou representação de 
delegado de polícia e conterá a demonstração de sua necessidade, o alcance das 
tarefas dos policiais, os nomes ou apelidos das pessoas investigadas e, quando 
possível, os dados de conexão ou cadastrais que permitam a identificação dessas 
pessoas; (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) 
III – não poderá exceder o prazo de 90 (noventa) dias, sem prejuízo de eventuais 
renovações, desde que o total não exceda a 720 (setecentos e vinte) dias e seja 
demonstrada sua efetiva necessidade, a critério da autoridade judicial. (Incluído
pela Lei nº 13.441, de 2017) 
§ 1 º A autoridade judicial e o Ministério Público poderão requisitar relatórios 
parciais da operação de infiltração antes do término do prazo de que trata o inciso 
II do § 1 º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) 
§ 2 º Para efeitos do disposto no inciso I do § 1 º deste artigo, consideram-
se: (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) 
I – Dados de conexão: informações referentes a hora, data, início, término, duração, 
endereço de Protocolo de Internet (IP) utilizado e terminal de origem da 
conexão; (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) 
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm#art240.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm#art241.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm#art241a
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm#art241b
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm#art241c
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm#art241d
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art154a
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art217a
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art218.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art218a
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art218a
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art218a
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13441.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13441.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13441.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13441.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13441.htm
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II – Dados cadastrais: informações referentes a nome e endereço de assinante ou 
de usuário registrado ou autenticado para a conexão a quem endereço de IP, 
identificação de usuário ou código de acesso tenha sido atribuído no momento da 
conexão. 
§ 3 º A infiltração de agentes de polícia na internet não será admitida se a prova 
puder ser obtida por outros meios. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) 
Art. 190-B. As informações da operação de infiltração serão encaminhadas 
diretamente ao juiz responsável pela autorização da medida, que zelará por seu 
sigilo. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) 
Parágrafo único. Antes da conclusão da operação, o acesso aos autos será 
reservado ao juiz, ao Ministério Público e ao delegado de polícia responsável pela 
operação, com o objetivo de garantir o sigilo das investigações. (Incluído pela Lei nº 
13.441, de 2017) 
Art. 190-C. Não comete crime o policial que oculta a sua identidade para, por meio 
da internet, colher indícios de autoria e materialidade dos crimes previstos nos arts.
240 , 241 , 241-A , 241-B , 241-C e 241-D desta Lei e nos arts. 154-A , 217-
A , 218 , 218-A e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código
Penal) . (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) 
Parágrafo único. O agente policial infiltrado que deixar de observar a estrita 
finalidade da investigação responderá pelos excessos praticados. (Incluído pela Lei
nº 13.441, de 2017) 
Art. 190-D. Os órgãos de registro e cadastro público poderão incluir nos bancos de 
dados próprios, mediante procedimento sigiloso e requisição da autoridade 
judicial, as informações necessárias à efetividade da identidade fictícia 
criada. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) 
Parágrafo único. O procedimento sigiloso de que trata esta Seção será numerado e 
tombado em livro específico. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) 
Art. 190-E. Concluída a investigação, todos os atos eletrônicos praticados durante 
a operação deverão ser registrados, gravados, armazenados e encaminhados ao 
juiz e ao Ministério Público, juntamente com relatório circunstanciado. (Incluído
pela Lei nº 13.441, de 2017) 
Parágrafo único. Os atos eletrônicos registrados citados no caput deste artigo serão 
reunidos em autos apartados e apensados ao processo criminal juntamente com o 
inquérito policial, assegurando-se a preservação da identidade do agente policial 
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13441.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13441.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13441.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13441.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm#art240.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm#art240.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm#art241.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm#art241a
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm#art241b
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm#art241c
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm#art241d
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art154a
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art217a
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art217a
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art218.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art218a
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art218a
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art218a
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13441.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13441.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13441.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13441.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13441.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13441.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13441.htm
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infiltrado e a intimidade das crianças e dos adolescentes envolvidos. (Incluído pela
Lei nº 13.441, de 2017) 
a) Crimes que admitem a infiltração de agentes no ECA: 
O art.190-A estabelece o rol de crimes que autorizam a adoção desse meio investigativo, são eles: 
1) Produzir, filmar, registrar etc. cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou 
adolescente (art. 240 do ECA); 
2) Vender vídeo que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou 
adolescente (art. 241 do ECA); 
3) Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir etc. fotografia ou vídeo que contenha cena de sexo 
explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente (art. 241-A do ECA); 
4) Adquirir, possuir ou armazenar fotografia ou vídeo que contenha cena de sexo explícito ou 
pornográfica envolvendo criança ou adolescente (art. 241-B do ECA); 
5) Simular a participação de criança ou adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfica 
por meio de adulteração de fotografia ou vídeo (art. 241-C do ECA); 
6) Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio de comunicação, criança, com o 
fim de com ela praticar ato libidinoso (art. 241-D do ECA); 
7) Invadir dispositivo informático alheio (art. 154-A do CP); 
8)Estupro de vulnerável (art. 217-A do CP); 
9) Corrupção de menores (art. 218 do CP); 
10) Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente (art. 218-A do CP); 
11) Favorecimento da prostituição de criança, adolescente ou vulnerável (art. 218-B do CP). 
b) Requisitos: 
1) Requerimento do Ministério Público ou representação do Delegado de Polícia; 
O requerimento ou a representação pedindo a infiltração deverá demonstrar: 
⋅ a necessidade da medida; 
⋅ o alcance das tarefas dos policiais; 
⋅ os nomes ou apelidos das pessoas investigadas e, quando possível, 
⋅ os dados de conexão ou cadastrais que permitam a identificação dessas pessoas; 
2) Autorização judicial fundamentada; 
● A infiltração somente será permitida se for previamente autorizada por decisão judicial 
devidamente circunstanciada e fundamentada, que estabelecerá os limites da infiltração 
para obtenção de prova. 
● O magistrado não deverá, portanto, deferir pedidos de infiltração feitos de forma genérica e 
sem elementos relacionados com o caso concreto. 
3) Antes de decidir, o juiz deverá ouvir o Ministério Público, caso este não tenha sido o autor do 
pedido. 
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13441.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13441.htm
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Obs.: A infiltração de agentes de polícia na internet não será admitida se a prova puder ser obtida 
por outros meios (art. 190-A, § 3º do ECA). Desse modo, a infiltração policial deverá ser considerada a ultima 
ratio, ou seja, trata-se de meio de obtenção de prova subsidiário. 
c) Prazo: 
A infiltração não poderá exceder o prazo de 90 dias, sendo permitidas renovações, desde que 
demonstrada sua efetiva necessidade. 
Pode haver sucessivas renovações ("várias renovações"), mas o prazo total da infiltração não poderá 
exceder 720 dias. 
A renovação da infiltração, assim como ocorre com o seu deferimento inicial, também depende de 
autorização judicial devidamente fundamentada. 
d) Relatório circunstanciado: 
Concluída a investigação, todos os atos eletrônicos praticados durante a operação deverão ser 
registrados, gravados, armazenados e encaminhados ao juiz e ao Ministério Público, juntamente com 
relatório circunstanciado. 
 Esses atos eletrônicos deverão ser reunidos em autos apartados e apensados ao processo criminal 
juntamente com o inquérito policial. 
 Deverá ser preservada a identidade do agente policial infiltrado e a intimidade das crianças e dos 
adolescentes envolvidos. 
 Além disso, a autoridade judicial e o Ministério Público poderão requisitar relatórios parciais da 
operação de infiltração antes do término do prazo da medida. 
e) Sigilo das informações da operação: 
Antes da conclusão da operação, o acesso aos autos será reservado ao juiz, ao Ministério Público e 
ao Delegado de Polícia responsável pela operação, com o objetivo de garantir o sigilo das investigações. 
Com o fim da operação, a informações serão encaminhadas diretamente ao juiz responsável pela autorização 
da medida, que zelará por seu sigilo. 
 Destaca-se que o contraditório é diferido (postergado) porque, somente após o encerramento da 
diligência, a defesa terá oportunidade de ter acesso ao relatório da infiltração, podendo impugná-lo. O que 
se veda é a publicidade da infiltração durante o período em que ela estiver ocorrendo, sob pena de frustrar 
a medida. 
f) Excludente de responsabilidade penal: 
Art. 190-C. Não comete crime o policial que oculta a sua identidade para, por meio
da internet, colher indícios de autoria e materialidade dos crimes previstos nos arts. 
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm#art240.
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240 , 241 , 241-A , 241-B , 241-C e 241-D desta Lei e nos arts. 154-A , 217-
A , 218 , 218-A e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código
Penal) . 
Parágrafo único. O agente policial infiltrado que deixar de observar a estrita
finalidade da investigação responderá pelos excessos praticados. (Incluído pela Lei 
nº 13.441, de 2017)
A Lei prevê que não comete crime o policial que oculta a sua identidade para, por meio da internet, 
colher indícios de autoria e materialidade dos crimes para os quais é permitida a infiltração (art. 190-C do 
ECA). Ex.: se o agente policial tem que fazer uma carteira de identidade falsa e utilizá-la para não ser 
descoberto pela organização criminosa, não responderá por uso de documento falso (art. 304 do CP). 
 Vale ressaltar que esse art. 190-C do ECA disse menos do que deveria. Além dos delitos relacionados 
com a ocultação de sua identidade, o agente policial também não irá responder por outros crimes que ele 
seja obrigado a cometer para ingressar ou se manter na organização criminosa e coletar informações sobre 
o grupo. Ex.: se o agente for obrigado a retransmitir para outro integrante da organização imagens 
pornográficas de crianças que ele recebeu, não responderá pelo crime do art. 241-A do ECA por 
inexigibilidade de conduta diversa (causa excludente de culpabilidade), podendo ser invocada a regra do art. 
13, parágrafo único, da Lei nº 12.850/2013: 
Art. 13 (...) Parágrafo único. Não é punível, no âmbito da infiltração, a prática de 
crime pelo agente infiltrado no curso da investigação, quando inexigível conduta 
diversa. 
Obs.: O agente infiltrado poderá ser responsabilizado se incorrer em excesso na sua conduta. 
7. CRIMES EM ESPÉCIE 
Antes de analisar os principais crimes previstos no ECA, cabe destacar aspecto relativo a pena
aplicada, sob o prisma da substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos. A 
previsão advém da Lei 14.344/22, que visou criar mecanismos para a prevenção e o enfrentamento da 
violência doméstica e familiar contra a criança e o adolescente. 
Art. 226. § 2º Nos casos de violência doméstica e familiar contra a criança e o 
adolescente, é vedada a aplicação de penas de cesta básica ou de outras de 
prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que implique o 
pagamento isolado de multa. 
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm#art240.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm#art241.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm#art241a
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm#art241b
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm#art241c
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm#art241d
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art154a
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art217a
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art217a
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art218.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art218a
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art218a
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art218a
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13441.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13441.htm
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Trata-se de vedação similar aquela prevista aos crimes envolvendo violência doméstica e familiar 
contra a mulher (art. 17 da Lei 11.340/06), agora aplicável a criança e adolescente. 
7.2 Crime Quando há o Descumprimento do Art. 10 do ECA 
São condutas tipificadas nos art. 228 e art. 229 do ECA e que, por isso, merecem análise conjunta. 
Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente de estabelecimento de 
atenção à saúde de gestante de manter registro das atividades desenvolvidas, na 
forma e prazo referidos no art. 10 destaLei, bem como de fornecer à parturiente 
ou a seu responsável, por ocasião da alta médica, declaração de nascimento, onde 
constem as intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato: 
Pena - detenção de seis meses a dois anos. 
Parágrafo único. Se o crime é culposo:
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa. 
Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção 
à saúde de gestante de identificar corretamente o neonato e a parturiente, por 
ocasião do parto, bem como deixar de proceder aos exames referidos no art. 10 
desta Lei: 
Pena - detenção de seis meses a dois anos. 
Parágrafo único. Se o crime é culposo:
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa. 
a) Conduta: 
O art. 10 do ECA prevê algumas obrigações. O descumprimento das obrigações previstas nos incisos
I e II configuram o crime do art. 228. 
Já o descumprimento das obrigações previstas nos incisos II e III configuram o crime do art. 229. 
Por fim, o descumprimento do inciso V é fato atípico. 
Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde 
de gestantes, públicos e particulares, são obrigados a: 
I - manter registro das atividades desenvolvidas, através de prontuários individuais, 
pelo prazo de dezoito anos; 
II - identificar o recém-nascido mediante o registro de sua impressão plantar e 
digital e da impressão digital da mãe, sem prejuízo de outras formas normatizadas 
pela autoridade administrativa competente; 
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III - proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutica de anormalidades no 
metabolismo do recém-nascido, bem como prestar orientação aos pais; 
IV - fornecer declaração de nascimento onde constem necessariamente as 
intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato; 
V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato a permanência junto à 
mãe. 
O art. 229, além de tipificar o descumprimento do art. 10, ainda tipifica a conduta de deixar de 
identificar corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião do parto. 
b) Sujeito Ativo: os delitos em comento têm como sujeito ativo o indivíduo encarregado do serviço ou 
o dirigente de estabelecimento que tinha a função, mas deixa de cumprir as obrigações previstos no 
art. 10 do Estatuto da Criança e do Adolescente, violando assim o seu dever de agir. 
Obs.: Não é qualquer encarregado, mas aquele que tem o dever de cumprir as obrigações. 
c) Sujeito Passivo: 
⋅ Art. 228: o neonato, a parturiente ou eventual responsável pelo neonato. Ex.: pai do recém-
nascido. 
⋅ Art. 229: na primeira conduta (deixar de identificar corretamente o neonato e a parturiente 
por ocasião do parto), o sujeito passivo é duplo, incluindo tanto o neonato quanto a 
parturiente (dupla subjetividade passiva); já na segunda conduta (deixar de proceder aos 
exames referidos no art. 10), o sujeito passivo é somente o neonato. 
d) Crime omissivo: o agente deixa de fazer uma ação que deveria. 
e) Consumação: consuma-se com a mera omissão do agente, pois se trata de crime omissivo próprio. 
Por serem crimes omissivos, não se admite a tentativa. 
f) Modalidade culposa: em seu parágrafo único, o legislador trouxe a previsão da modalidade culposa 
em ambos os delitos. Nessa situação, a pena é menor em decorrência da menor reprovabilidade da 
conduta. 
7.3 Crime do Artigo 230 
Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade, procedendo à sua
apreensão sem estar em flagrante de ato infracional ou inexistindo ordem escrita 
da autoridade judiciária competente
Pena - detenção de seis meses a dois anos. 
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Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que procede à apreensão sem 
observância das formalidades legais. 
a) Sujeito Ativo: qualquer pessoa. 
b) Sujeito Passivo: a criança ou o adolescente. 
c) Crime omissivo: o agente deixa de fazer uma ação que deveria. 
d) Conduta: o delito pune a conduta de privar a liberdade da criança ou do adolescente sem que exista 
situação de flagrância ou ainda, ordem escrita fundamenta autorizando a medida. O tipo penal em 
comento busca proteger a norma prevista no art. 106 do ECA. Vejamos: 
Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão em flagrante de 
ato infracional ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária 
competente. Parágrafo único. O adolescente tem direito à identificação dos 
responsáveis pela sua apreensão, devendo ser informado acerca de seus direitos. 
e) Consumação: consuma-se com a efetiva privação da liberdade do menor. Trata-se de crime material. 
f) Princípio da especialidade: o tipo penal em comento é especial em relação ao crime previsto na Lei 
de Abuso de Autoridade. Explica Renato Brasileiro: 
“Na hipótese em que a vítima for uma criança ou adolescente, não se aplica o 
disposto no art. 9° da Lei n. 13.869/19, mas sim o art. 230 do Estatuto da Criança e 
do Adolescente ("Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade, procedendo à 
sua apreensão sem estar em flagrante de ato infracional ou inexistindo ordem 
escrita da autoridade judiciária competente"), por se tratar de norma especial.” 
g) Figura equiparada: o tipo penal prevê uma figura equiparada ao teor do parágrafo único, dispondo 
que “incide na mesma pena aquele que procede à apreensão sem observância das formalidades 
legais”. 
Nessa conduta equiparada pode ser que a privação da liberdade da criança ou do adolescente seja 
lícita, isso é, que ele esteja em estado de flagrância ou que haja ordem escrita da autoridade judiciária 
competente, mas nesse caso, há o descumprimento das formalidades contidas, por exemplo, nos art. 106, 
§único, art. 107, art. 108 e art. 109 do ECA. Em síntese, na figura equiparada, a apreensão é lícita, porém 
ilegal por não observar as formalidades exigidas. 
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O delito consuma-se com o descumprimento das formalidades legais, diferente do tipo do caput, 
trata-se de crime formal. 
7.4 Crime do Artigo 231 
Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela apreensão de criança ou 
adolescente de fazer imediata comunicação à autoridade judiciária competente e 
à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada: 
Pena - detenção de seis meses a dois anos. 
a) Sujeito Ativo: trata-se de crime próprio. Assim, o sujeito ativo é a autoridade policial responsável 
pela apreensão da criança ou do adolescente. 
b) Sujeito Passivo: a criança ou o adolescente. 
c) Crime omissivo: a autoridade policial viola o seu dever de comunicar à autoridade judiciária 
competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada. O tipo penal em comento busca 
proteger a regra esculpida ao teor do art. 107 do ECA. Vejamos: 
Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o local onde se encontra recolhido 
serão incontinenti comunicados à autoridade judiciária competente e à família do 
apreendido ou à pessoa por ele indicada. Parágrafo único. Examinar-se-á, desde 
logo e sob pena de responsabilidade, a possibilidade de liberação imediata. 
d) Dupla comunicação: no que tange a esse dever de comunicação, importante destacarmos que ela 
deve ser dupla, ou seja, deve ser feita à autoridade judiciária competente e à família do apreendido, 
de modo que, se for feito apenas a um desses, faltando a outra parte, o tipo penal estará 
caracterizado. 
O tipo penal busca proteger a norma constitucional prevista ao teor do art. 5º, LXII da CF. Vejamos: 
A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados 
imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele 
indicada. 
e) Consumação:consuma-se com a mera omissão do agente em não comunicar, trata-se de crime 
omissivo próprio. 
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f) Princípio da especialidade: o tipo penal em comento é especial em relação ao crime previsto na Lei 
de Abuso de Autoridade. Explica Renato Brasileiro: 
“Noutro giro, se a autoridade policial deixar injustificadamente de comunicar ao 
juiz a apreensão de criança ou adolescente, deverá responder pelo crime do art. 
231 do Estatuto da Criança e do Adolescente ("Deixar a autoridade policial 
responsável pela apreensão de criança ou adolescente de fazer imediata 
comunicação à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à 
pessoa por ele indicada"), e não pelo delito do art. 12, caput, da Lei n. 13.869/19” 
7.5 Crime do Artigo 232 
Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância 
a vexame ou a constrangimento: 
Pena - detenção de seis meses a dois anos. 
a) Sujeito Ativo: será a pessoa que tenha a autoridade, a guarda ou a vigilância sobre a criança ou o 
adolescente, trata-se, pois, de crime próprio. 
b) Sujeito Passivo: a criança ou o adolescente. 
c) Consumação: prática de qualquer ato que coloque a criança ou adolescente em uma situação de 
vexame ou constrangimento. Segundo Gabriel Habib, “vexame ou constrangimento consiste em 
qualquer situação que exponha a criança ou o adolescente à situação de ridículo, ofendendo-lhe a 
honra ou a sua dignidade”. 
d) Princípio da especialidade: o tipo penal em comento é especial em relação ao crime previsto na Lei 
de Abuso de Autoridade. Explica Renato Brasileiro: 
“Especificamente em relação à conduta delituosa do art. 13, inciso II, da Lei n. 
13.869/19, se a vítima for criança ou adolescente, aplica-se o art. 232 do Estatuto 
da Criança e do Adolescente ("Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua 
autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou constrangimento"), haja vista o 
princípio da especialidade.” 
7.6 Crime do Artigo 234 
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Deixar a autoridade competente, sem justa causa, de ordenar a imediata liberação 
de criança ou adolescente, tão logo tenha conhecimento da ilegalidade da 
apreensão: 
Pena - detenção de seis meses a dois anos. 
a) Sujeito Ativo: será a autoridade judiciária ou a autoridade policial. Trata-se de crime próprio. 
b) Sujeito Passivo: a criança ou o adolescente. 
c) Consumação: omissão do agente, trata-se de crime omissivo próprio. No crime em comento, a 
autoridade policial ou judiciária viola o seu dever de agir ao não determinar a imediata liberação do 
menor. 
d) Elemento especializante: a conduta de não liberação será feita sem que tenhamos uma “justa causa” 
para isso. Nesse sentido, sem justa causa é a ausência de motivo previsto em lei. 
Gabriel Habib complementa “a autoridade policial ou judiciária deve verificar a legalidade e a 
formalidade da apreensão da criança ou do adolescente. Caso detecte alguma ilegalidade, deverá determinar 
a sua imediata liberação”. 
7.7 Crime do Artigo 235 
Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado nesta Lei em benefício de 
adolescente privado de liberdade: 
Pena - detenção de seis meses a dois anos. 
a) Sujeito Ativo: será a pessoa que estava encarregada de cumprir aquele prazo fixado em lei. 
b) Sujeito Passivo: o adolescente, mais especificadamente, o adolescente privado de sua liberdade 
injustificadamente (criança não se sujeita a hipótese legal de restrição da liberdade). 
c) Crime omissivo: o agente se omite ao descumprir um prazo a que estava obrigado e observar, 
violando, com isso, o seu dever de agir. 
d) Consumação: mera omissão do agente, pois trata-se de crime omissivo próprio. 
e) Norma penal em branco: o tipo penal faz menção ao descumprimento dos prazos fixados em lei, 
esses prazos estão previstos no próprio Estatuto, devem ser buscados na legislação. Assim, 
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contemplamos ser um tipo penal que depende de complemento, característica das chamadas 
normas penais em branco. 
f) Elemento especializante: deve ser descumprido o prazo “injustificadamente”, o que significa que 
não há nenhum motivo relevante para o descumprimento. 
7.8 Crime do Artigo 236 
Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade judiciária, membro do 
Conselho Tutelar ou representante do Ministério Público no exercício de função 
prevista nesta Lei: 
Pena - detenção de seis meses a dois anos. 
a) Sujeito Ativo: qualquer pessoa. Trata-se de crime comum. 
b) Sujeito Passivo: há uma dupla subjetividade passiva. 
⋅ O sujeito passivo IMEDIATO é o Estado considerando que essa conduta impede o Estado de 
exercer com eficiência o sistema de proteção à criança e ao adolescente. 
⋅ O sujeito passivo MEDIATO (ou secundário) é a autoridade judicial ou o Conselheiro Tutelar, 
ou ainda o membro do MP. Não basta que a vítima seja autoridade judicial, conselheiro 
tutelar ou membro do MP, sendo imprescindível que essas pessoas estejam no exercício de 
alguma função prevista no ECA. 
c) Conduta: trata-se de tipo penal misto alternativo (impedir ou embaraçar). 
⋅ Impedir consiste em obstar, não permitir. Embaraçar, por sua vez, consiste em atrapalhar, 
perturbar. Refere-se, pois, à conduta do agente que quer obstaculizar a ação da autoridade 
judiciária, membro do Conselho Tutelar ou representante do Ministério Público. 
⋅ Na eventual hipótese de o agente praticar mais de uma conduta, responderá por apenas um 
delito. 
d) Consumação: prática das condutas típicas de impedir ou embaraçar. 
e) Princípio da especialidade: trata-se de tipo penal especial em relação ao delito de fraude processual
(art. 347 do CP) e de coação no curso do processo (art. 344 do CP). 
7.9 Crime Do Artigo 237 
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Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem o tem sob sua guarda 
em virtude de lei ou ordem judicial, com o fim de colocação em lar substituto: Pena 
- reclusão de dois a seis anos, e multa. 
a) Sujeito Ativo: qualquer pessoa. Trata-se de crime comum. 
Inclusive o próprio pai ou mãe destituídos do poder familiar, ou o próprio tutor privado da tutela 
podem ser sujeitos ativo do crime. Isso porque esses agentes não têm mais a guarda da vítima. 
b) Sujeito Passivo: há dupla subjetividade passiva. É sujeito passivo a criança ou adolescente subtraído, 
bem como a pessoa que tem a guarda dele. 
c) Especial fim de agir: consiste na finalidade específica de colocar a criança ou adolescente que foi 
subtraído em um lar substituto, ou seja, a finalidade de quem comente o delito é de que um novo 
lar seja criado, estruturado com essa criança ou adolescente. 
Se não houver o elemento subjetivo específico (com o fim de colocar em lar substituto), será o delito 
de subtração de incapazes (art. 249 do CP). 
d) Consumação: efetiva subtração da vítima (crime material), ainda que não chegue a ser efetivamente 
colocada no lar substituto. 
7.10 Crime do Artigo 238 
Prometer ou entregar filho ou pupilo a terceiro 
Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo a terceiro, mediante 
paga ou recompensa: 
Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa. 
Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem oferece ou efetiva a paga ou 
recompensa. 
a) Sujeito Ativo: os pais, tutor ou guardião. 
No caput, o sujeito ativo só pode ser os pais, tutor ou guardião da criança ou adolescente. Aqui se 
tem crime próprio. Já no parágrafo único, o sujeito ativoé qualquer pessoa, visto que é qualquer um que 
“oferece ou efetiva paga a recompensa”, portanto, crime comum. 
b) Sujeito Passivo: a criança ou o adolescente. 
c) Antecipação da tutela penal: o delito em estudo busca evitar o chamado “tráfico de crianças”. 
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No intuito de punir de modo severo isso, o legislador antecipou a punição, incriminando a conduta 
de prometer a entrega da criança ou pupilo a terceiro, ou seja, ainda que não ocorra a efetiva entrega o tipo 
penal já estará caracterizado. 
Corroborando ao exposto, Gabriel Habib “o legislador antecipou-se e incriminou não somente a 
conduta de efetivar a entrega do menor a outrem - o que é gravíssimo -, mas, também, a simples conduta de 
prometer a entrega do menor”. 
d) Delito plurissubjetivo: o tipo penal em estudo exige a presença de duas pessoas. 
De um lado, quem entrega o menor (figura do caput) e, de outro, quem efetiva a paga (conduta do 
parágrafo único). 
O mesmo ocorre com os verbos prometer e oferecer. 
e) Consumação: com a simples promessa e oferecimento ou com a efetiva entrega do menor. Logo, 
pode ser crime formal (“prometer” e “oferecer”) ou crime material (“efetivar”). 
f) Conduta equiparada: em seu parágrafo único o legislador criminalizou a conduta da pessoa que 
oferece ou efetiva a paga ou a recompensa. 
Assim, se de um lado os pais, o tutor ou o guardião prometem ou efetivam a entrega do menor, do 
outro lado, há alguém que oferece ou efetiva a paga ou recompensa, a quem o parágrafo único faz menção. 
Na figura equiparada, o crime estará consumado com a simples oferta de recompensa ou com a 
efetivação do pagamento. 
Cumpre destacarmos ainda que, tanto tipo penal do caput quanto o parágrafo único, são tipos penais 
misto alternativo. Assim, caso o agente pratique mais de uma conduta descrita no tipo penal, responderá 
por um delito apenas, não havendo concurso de crimes, de forma que se o agente oferecer e efetivar a paga 
ou a recompensa, responderá por apenas um delito. 
7.11 Crime do Artigo 239 
Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao envio de criança ou 
adolescente para o exterior com inobservância das formalidades legais ou com o 
fito de obter lucro: Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa. Parágrafo único. 
Se há emprego de violência, grave ameaça ou fraude: (Incluído pela Lei nº 10.764, 
de 12.11.2003). 
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da pena correspondente à violência. 
O delito em comento busca evitar o tráfico internacional de crianças. 
a) Sujeito Ativo: qualquer pessoa. Trata-se de crime comum. 
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b) Sujeito Passivo: a criança ou o adolescente. 
c) Condutas puníveis: promover (organizar) ou auxiliar ato destinado ao envio da vítima. 
O crime ocorre se o envio pretendido ou efetivado ocorrer: 
● Com inobservância das formalidades legais. Ex.: enviar criança para o estrangeiro para 
adoção ilegal para o estrangeiro. Nessa figura, não há necessidade de intenção de lucro do 
agente. 
● Se o envio pretendido ou efetivado ocorrer com o objetivo de lucro, ou seja, com a finalidade 
de lucro, ainda que não seja alcançada. 
d) Especial fim de agir: o tipo penal em estudo possui uma finalidade especial, qual seja, o lucro. 
Nesse sentido, leciona Gabriel Habib “o lucro é a finalidade específica do agente na hipótese de ele 
promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao envio da criança ou do adolescente ao exterior com a 
observância das formalidades legais. Nessa hipótese, caso o agente não tenha essa finalidade lucrativa, não 
haverá a configuração desse delito”. 
e) Competência: Justiça Federal (art. 109, V da CF). 
f) Consumação: o tipo penal em comento é um tipo penal misto alternativo “promover ou auxiliar”. 
A consumação se dá com a simples prática do ato destinado ao envio da vítima para o estrangeiro, 
sendo desnecessário o efetivo envio. Ex.: tirar passaporte, comprar passagens aéreas. I 
A consumação não é levar a criança, mas a prática de ato destinado ao envio já é suficiente para 
consumar o crime. 
A tentativa é possível pois o crime é plurissubsistente. 
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. TRÁFICO 
INTERNACIONAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES. ART. 239, DO ECA. CRIME 
FORMAL. EFETIVO ENVIO DA VÍTIMA AO EXTERIOR. EXAURIMENTO DO CRIME. 
I- O crime de tráfico internacional descrito no art. 239, do ECA, não exige, para a 
sua consumação, a saída da criança ou adolescente para o exterior, contentando-
se com a execução de qualquer ato de promoção ou auxílio da efetivação de ato 
destinado ao envio da vítima ao estrangeiro, sem as formalidades legais, ou com 
o fito de obter lucro. II- Trata-se de crime formal, que se consuma com a simples 
prática de qualquer ato destinado ao envio de criança ou adolescente ao exterior, 
com ou sem obtenção de lucro, nas circunstâncias referidas no tipo penal. 
Precedentes do STJ. III- Agravo improvido. (TRÁFICO INTERNACIONAL DE CRIANÇAS 
- CONSUMAÇÃO). STJ - REsp 1023002-PE, HC 39332-RJ 
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https://scon.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/toc.jsp?i=1&b=ACOR&livre=((%27RESP%27.clas.+e+@num=%271023002%27)+ou+(%27REsp%27+adj+%271023002%27.suce.))&thesaurus=JURIDICO&fr=veja
https://scon.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/toc.jsp?i=1&b=ACOR&livre=((%27HC%27.clap.+e+@num=%2739332%27)+ou+(%27HC%27+adj+%2739332%27.suce.))&thesaurus=JURIDICO&fr=veja
http://www.iceni.com/infix.htm
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g) Qualificadora 
Na hipótese de utilização de determinados meios executórios, o legislador estabeleceu uma 
qualificadora (nesse caso, a pena é ainda maior em razão da maior reprovabilidade da conduta): 
✔ Emprego de violência; 
✔ Grave ameaça; 
✔ Fraude. 
Ex.: levar a criança para o exterior afirmando que ela iria trabalhar com modelo, mas na verdade a 
criança está sendo vendida. Essa é uma hipótese de fraude em que houve indução ao erro da vítima e de 
seus responsáveis. 
 É necessário observar que, se houver emprego de violência, o autor responde pelo crime do art. 239 
além do crime correspondente à violência. Há concurso formal de crimes. 
7.12 Crime do Artigo 240 
Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer 
meio, cena de sexo explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente: 
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. 
§ 1o Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita, recruta, coage, ou de 
qualquer modo intermedeia a participação de criança ou adolescente nas cenas 
referidas no caput deste artigo, ou ainda quem com esses contracena. 
§ 2o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente comete o crime: 
I – no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de exercê-la; 
II – prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade; 
III – prevalecendo-se de relações de parentesco consanguíneo ou afim até o 
terceiro grau, ou por adoção, de tutor, curador, preceptor, empregador da vítima 
ou de quem, a qualquer outro título, tenha autoridade sobre ela, ou com seu 
consentimento. 
a) Sujeito Ativo: qualquer pessoa. Trata-se de crime comum. 
Se o sujeito está na situação do §2º, a pena é aumentada de 1/3. 
b) Sujeito Passivo: a criança ou o adolescente. 
c) Conduta: o legislador inseriu no tipo penal seis condutas de pedofilia relacionadas à cena de sexo 
explícito ou pornográfica envolvendo criança e adolescente. São elas: 
● Produzir; 
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● Reproduzir; 
● Dirigir; 
● Fotografar; 
● Filmar; 
● Registrar. 
Pela redação típica, tais condutas podem ser realizadas por qualquer meio, o que torna esse tipo 
penal um delito ele livre execução. Inclusive, o crime se consuma independentemente de o agente ter 
qualquer contato com a criança ou o adolescente. 
 Trata-se de tipo misto alternativo, ou seja, a prática de várias condutas no mesmo contexto fático 
configura crime único. 
Possibilidade de configuração dos crimes dos arts. 240 e 241-B do ECA mesmo que 
as vítimas estivessem vestidas. 
Fotografar cena e armazenar fotografia de criança ou adolescente em poses 
nitidamente sensuais, com enfoque em seus órgãos genitais, ainda que cobertos 
por peças de roupas, e incontroversa finalidade sexual e libidinosa, adéquam, 
respectivamente, aos tipos do art. 240 e 241-B do ECA. Portanto, configuram os 
crimes dos arts. 240 e 241-B do ECA quando fica clara a finalidade sexual e libidinosa 
de fotografias produzidas e armazenadas pelo agente, com enfoque nos órgãos 
genitais de adolescente — ainda que cobertos por peças de roupas —, e de poses 
nitidamente sensuais, em que explorada sua sexualidade com conotação obscena 
e pornográfica. STJ. 6ª Turma. REsp 1543267-SC, Rel. Min. Maria Thereza de Assis 
Moura, julgado em 3/12/2015 (Info 577). 
d) Elemento subjetivo: é o dolo e o tipo penal não exige a finalidade de lucro. Ex.: pedófilo pode 
fotografar criança sem qualquer finalidade lucrativa. 
e) Objeto material: a cena de sexo explícita ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente. 
O conceito de cena de sexo explícito e cena pornográfica é dado pelo art. 241-E, que traz uma norma 
penal explicativa: 
Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a expressão “cena de sexo 
explícito ou pornográfica” compreende qualquer situação que envolva criança ou 
adolescente em atividades sexuais explícitas, reais ou simuladas, ou exibição dos 
órgãos genitais de uma criança ou adolescente para fins primordialmente sexuais. 
(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) 
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11829.htm#art2
http://www.iceni.com/infix.htm
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f) Consumação e tentativa: mera prática de uma das condutas do tipo, ainda que não ocorra nenhum 
prejuízo à formação moral da vítima. 
A tentativa é possível. 
O delito do art. 240 do ECA é classificado como crime formal, comum, de 
subjetividade passiva própria, consistente em tipo misto alternativo 
Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer 
meio, cena de sexo explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente: 
(...) 
• Crime formal (consumação antecipada): o delito se consuma independentemente 
da ocorrência de um resultado naturalístico. Assim, a ocorrência de efetivo abalo 
psíquico e moral sofrido pela criança ou adolescente é mero exaurimento do crime, 
sendo irrelevante para a sua consumação. De igual forma, se forem filmadas mais 
de uma criança ou adolescente, no mesmo contexto fático, haverá crime único. 
• Crime comum: o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. 
• Crime de subjetividade passiva própria: exige-se uma condição especial da vítima 
(no caso, exige-se que a vítima seja criança ou adolescente). 
 • Tipo misto alternativo: o legislador descreveu duas ou mais condutas (verbos). 
No entanto, se o sujeito praticar mais de um verbo, no mesmo contexto fático e 
contra o mesmo objeto material, responderá por um único crime, não havendo 
concurso de crimes nesse caso. Logo, se o agente fotografou e filmou o ato sexual, 
no mesmo contexto fático, haverá crime único. STJ. 5ª Turma. PExt no HC 438080-
MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 27/08/2019 (Info 655). 
FIGURA EQUIPARADA – Art. 240, §1º 
§ 1o Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita, recruta, coage, ou de 
qualquer modo intermedeia a participação de criança ou adolescente nas cenas 
referidas no caput deste artigo, ou ainda quem com esses contracena. 
Ao teor do parágrafo primeiro, o legislador trouxe uma figura equiparada, incriminando a conduta 
de quem agencia, facilita, recruta, coage, ou de qualquer modo intermedeia a participação de criança ou 
adolescente nas cenas referidas no caput deste artigo, ou ainda quem com esses contracena. 
 Note que na primeira parte do parágrafo tem-se a conduta elo agente que seria, a princípio partícipe 
do delito cometido pelo autor do delito elo caput. Com efeito, as condutas ele agenciar, facilitar, recrutar, 
coagir e intermediar são condutas ligadas ao agente que agencia, arregimenta, proporciona a participação 
de criança ou adolescente nas cenas descritas no caput do artigo. Entretanto, o legislador preferiu inserir tais 
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https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/02ed812220b0705fabb868ddbf17ea20?categoria=11&subcategoria=115
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condutas no contexto da autoria, trazendo-as para um tipo penal autônomo, de forma que o agente que as 
praticar não é considerado partícipe das condutas e, sim, autor dessa infração penal autônoma. 
 Atente-se que aquele que contracena com a criança e o adolescente, responde ainda pelo delito de 
estupro de vulnerável (art. 217-A do CP). Assim, é perfeitamente possível o concurso entre esse crime do 
art. 240 e crimes sexuais previstos no CP. 
CAUSA DE AUMENTO DE PENA – Art. 240, §2º 
§ 2o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente comete o crime: 
I – no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de exercê-la; 
II – prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade; 
III – prevalecendo-se de relações de parentesco consanguíneo ou afim até o 
terceiro grau, ou por adoção, de tutor, curador, preceptor, empregador da vítima 
ou de quem, a qualquer outro título, tenha autoridade sobre ela, ou com seu 
consentimento. 
● Inciso I: no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de exercê-la 
O professor Gabriel Habib explica que, embora o legislador tenha optado por utilizar a expressão 
“cargo ou função pública”, o necessário para a incidência dessa majorante é que o agente tenha um vínculo 
formal com o Estado. 
● Inciso II: prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade 
Por relação doméstica compreendemos ser o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou 
sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas. 
 Por outro lado, coabitação significa moradia conjunta. Relação de hospitalidade está ligada ao ato de 
permanência temporária em lar alheio. 
● Inciso III: prevalecendo-se de relações de parentesco consanguíneo ou afim até o terceiro grau, ou 
por adoção, de tutor, curador, preceptor, empregador da vítima ou de quem, a qualquer outro 
título, tenha autoridade sobre ela, ou com seu consentimento. 
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META 4 
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL: CRIMES NO ECA (PARTE II) 
7.13 Crime do Artigo 241 
Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro registro que contenha 
cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente 
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. 
a) Sujeito Ativo: qualquer pessoa. É crime comum. 
b) Sujeito Passivo: a criança ou o adolescente. 
c) Conduta: vender, bem como expor a venda. 
Na segunda modalidade,para que o crime fique caracterizado é suficiente que o fornecedor oferte 
o produto. Em verdade, podemos verificar que mais uma vez o legislador antecipou a incriminação para o 
momento anterior à realização do contrato de compra e venda. 
Obs.: o adquirente dos produtos responde pelo delito do art. 241-B. 
d) Objeto Material: cena de sexo explícito (lembrando que sua definição se encontra no art. 241-E). 
e) Competência: Em regra, a competência é da Justiça Estadual. Contudo, caso a conduta ultrapasse os 
limites do território nacional, quando praticada por rede mundial de computadores, estando 
configurada a transnacionalidade, como a venda do material para o exterior, a competência será da 
Justiça Federal. 
ART. 241-A 
Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou 
divulgar por qualquer meio, inclusive por meio de sistema de informática ou 
telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito 
ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente: 
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. 
§1o Nas mesmas penas incorre quem: 
I – assegura os meios ou serviços para o armazenamento das fotografias, cenas ou 
imagens de que trata o caput deste artigo; 
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II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de computadores às fotografias, 
cenas ou imagens de que trata o caput deste artigo 
§ 2o As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1o deste artigo são puníveis 
quando o responsável legal pela prestação do serviço, oficialmente notificado, 
deixa de desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito de que trata o caput deste artigo. 
a) Sujeito Ativo: qualquer pessoa. Trata-se de crime comum. 
b) Sujeito Passivo: a criança ou adolescente. 
c) Conduta: ações que possuem conexão com a circulação de material contendo pedofilia. 
O tipo penal prevê sete condutas, todas elas relacionadas à movimentação e à circulação de material 
que contenha cena de sexo explícito. As condutas são: 
⋅ Trocar; 
⋅ Disponibilizar; 
⋅ Transmitir; 
⋅ Distribuir; 
⋅ Publicar; 
⋅ Divulgar. 
Pode ocorrer por qualquer meio, inclusive por meio de sistema de informática ou telemático, 
fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança 
ou adolescente. 
d) Objeto Material: cena de sexo explícito (lembrando que sua definição se encontra no art. 241-E). 
e) Competência: poderá ser da Justiça Estadual ou da Justiça Federal, a depender do caso concreto. 
Veja: 
O STF fixou a seguinte tese: 
Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes consistentes em 
disponibilizar ou adquirir material pornográfico envolvendo criança ou adolescente 
(arts. 241, 241-A e 241-B do ECA), quando praticados por meio da rede mundial 
de computadores (internet). STF. Plenário. RE 628624/MG, Rel. orig. Min. Marco 
Aurélio, Red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 28 e 29/10/2015 
(repercussão geral) (Info 805). 
O STJ, interpretando a decisão do STF, afirmou que, quando se fala em “praticados por meio da rede 
mundial de computadores (internet)”, o que o STF quer dizer é que a postagem de conteúdo pedófilo-
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pornográfico deve ter sido feita em um ambiente virtual propício ao livre acesso. Por outro lado, se a troca 
de material pedófilo ocorreu entre destinatários certos no Brasil, não há relação de internacionalidade e, 
portanto, a competência é da Justiça Estadual. Assim, o STJ afirmou que a definição da competência para 
julgar o delito do art. 241-A do ECA passa pela seguinte análise: 
● Se ficar constatada a internacionalidade da conduta: Justiça FEDERAL. Ex.: publicação do material 
feita em sites que possam ser acessados por qualquer sujeito, em qualquer parte do planeta, desde 
que esteja conectado à internet. 
● Nos casos em que o crime é praticado por meio de troca de informações privadas, como nas 
conversas via Whatsapp ou por meio de chat na rede social Facebook: Justiça ESTADUAL. 
(...) Isso porque tanto no aplicativo WhatsApp quanto nos diálogos (chat) 
estabelecido na rede social Facebook, a comunicação se dá entre destinatários 
escolhidos pelo emissor da mensagem. Trata-se de troca de informação privada 
que não está acessível a qualquer pessoa. Desse modo, como em tais situações o 
conteúdo pornográfico não foi disponibilizado em um ambiente de livre acesso, não 
se faz presente a competência da Justiça Federal. STJ. 3ª Seção. CC 150564-MG, Rel. 
Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 26/4/2017 (Info 603) 
f) Condutas equiparadas: 
● Inciso I: Armazenamento do material contendo pedofilia 
Neste delito o agente garante o meio ou o serviço para o armazenamento do material contendo a 
pedofilia. O agente não produz o material, nem o faz circular. No caso, ele apenas guarda, armazena todo o 
material. O armazenamento pode ser físico ou virtual. 
 Mais uma vez, trata-se de conduta que, a princípio, configura espécie de participação na conduta 
criminosa daquele que promove a circulação do material (conduta do caput), mas que o legislador optou por 
punir de forma autônoma em espécie de autoria. (Gabriel Habib). 
● Inciso II: Asseguramento do acesso ao material contendo pedofilia por rede de computadores 
Aqui o legislador incriminou a conduta do provedor de internet que mantém o material de pedofilia 
em seu site e garante o acesso de várias pessoas a ele. Da mesma forma que se disse em relação ao delito 
anterior, trata-se de conduta que, a princípio, configura espécie de participação na conduta criminosa 
daquele que promove a circulação do material (conduta do caput), mas que o legislador optou por punir de 
forma autônoma em espécie de autoria. (Gabriel Habib). 
g) Condição objetiva de punibilidade: 
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§ 2ºAs condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1º deste artigo são puníveis quando 
o responsável legal pela prestação do serviço, oficialmente notificado, deixa de 
desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito de que trata o caput deste artigo. 
O tipo penal em estudo possui uma condição objetiva de punibilidade, qual seja, para que o sujeito 
seja responsabilizado é necessário que ocorra a notificação do responsável legal pelo serviço prestado dando-
lhe ciência do conteúdo proibido e determinando a sua retirada em determinado prazo. 
Assim, somente após isso é que pode ser dado início a persecução penal. 
Fique atento à recente jurisprudência do STJ sobre o tema: 
Juiz não pode aumentar a pena-base do crime do art. 241-A do ECA alegando que 
a conduta social ou a personalidade são desfavoráveis, sob o argumento de que 
o réu manifestou grande interesse por material pornográfico 
O grande interesse por material que contenha cena de sexo explícito ou 
pornográfica envolvendo criança ou adolescente é ínsito ao crime descrito no art. 
241-A da Lei nº 8.069/90, não sendo justificável a exasperação da pena-base a título 
de conduta social ou personalidade. Caso concreto: na 1ª fase da dosimetria da 
pena (art. 59 do CP), o juiz aumentou a pena-base de 3 para 4 anos afirmando que 
a conduta social e a personalidade do agente eram desfavoráveis: “Com base nos 
elementos constantes dos autos, percebo que a conduta social e a personalidade 
do acusado demonstram certa periculosidade pelo grande interesse em 
pornografia infantil. Fixo a pena-base privativa de liberdade em 4 (quatro) anos de 
reclusão nesta fase.” STJ. 6ª Turma. REsp 1579578-PR,Rel. Min. Rogerio Schietti 
Cruz, julgado em 04/02/2020 (Info 666). 
ART. 241-B 
Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou 
outra forma de registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica 
envolvendo criança ou adolescente: 
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa 
§ 1o A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se de pequena quantidade o 
material a que se refere o caput deste artigo. 
§ 2o Não há crime se a posse ou o armazenamento tem a finalidade de comunicar 
às autoridades competentes a ocorrência das condutas descritas nos arts. 240, 241, 
241-A e 241-C desta Lei, quando a comunicação for feita por: 
I – agente público no exercício de suas funções; 
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https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/62b98e188905060143a433b1363b3266?categoria=11&subcategoria=115
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II – membro de entidade, legalmente constituída, que inclua, entre suas finalidades 
institucionais, o recebimento, o processamento e o encaminhamento de notícia 
dos crimes referidos neste parágrafo; 
III – representante legal e funcionários responsáveis de provedor de acesso ou 
serviço prestado por meio de rede de computadores, até o recebimento do 
material relativo à notícia feita à autoridade policial, ao Ministério Público ou ao 
Poder Judiciário 
§ 3o As pessoas referidas no § 2o deste artigo deverão manter sob sigilo o material 
ilícito referido. 
a) Sujeito Ativo: qualquer pessoa. Trata-se de crime comum. 
b) Sujeito Passivo: a criança ou adolescente. 
c) Conduta: o tipo penal pune a conduta de quem adquire, possui ou armazena, através de qualquer 
meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de sexo explícito ou 
pornografia envolvendo criança ou adolescente. 
É necessário observar que pode ser praticado por qualquer meio, não necessariamente por internet 
ou informática. A pessoa pode armazenar em uma gaveta de sua casa, por exemplo. 
 Ressalta-se ainda que, de acordo com o STJ, não é automática a consunção quando ocorrem 
armazenamento e compartilhamento de material pornográfico infanto-juvenil. Veja a jurisprudência sobre 
o tema: 
Se o sujeito armazena (art. 241-B) arquivos digitais contendo cena de sexo explícito 
e pornográfica envolvendo crianças e adolescentes e depois disponibiliza (art. 241-
A), pela internet, esses arquivos para outra pessoa, esse indivíduo terá praticado 
dois crimes ou haverá consunção e ele responderá por apenas um dos delitos? Em 
regra, não há automática consunção quando ocorrem armazenamento e 
compartilhamento de material pornográfico infanto-juvenil. Isso porque o 
cometimento de um dos crimes não perpassa, necessariamente, pela prática do 
outro. No entanto, é possível a absorção a depender das peculiaridades de cada 
caso, quando as duas condutas guardem, entre si, uma relação de meio e fim 
estreitamente vinculadas. O princípio da consunção exige um nexo de dependência 
entre a sucessão de fatos. Se evidenciado pelo caderno probatório que um dos 
crimes é absolutamente autônomo, sem relação de subordinação com o outro, o 
réu deverá responder por ambos, em concurso material. A distinção se dá em cada 
caso, de acordo com suas especificidades. STJ. 6ª Turma. REsp 1579578-PR, Rel. 
Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 04/02/2020 (Info 666). 
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https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/c9d9edbf9b9e23eb5d4819bbcce9b078?categoria=11&subcategoria=115
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Os tipos penais trazidos nos arts. 241-A e 241-B do Estatuto da Criança e do 
Adolescente são autônomos, com verbos e condutas distintas, sendo que o crime 
do art. 241-B não configura fase normal, tampouco meio de execução para o 
crime do art. 241-A, o que possibilita o reconhecimento de concurso material de 
crimes REsp 1.976.855-MS, Rel. Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, Terceira 
Seção, por maioria, julgado em 3/8/2023, DJe 8/8/2023. (INFO 782 STJ) 
d) Competência: Via de regra, a competência será da Justiça Estadual. Contudo, caso a conduta 
ultrapasse os limites do território nacional, por exemplo, quando praticada por rede mundial de 
computadores, estando configurada a transnacionalidade, a competência será da Justiça Federal. 
● Se ficar constatada a internacionalidade da conduta: Justiça FEDERAL. Ex.: publicação do material 
feita em sites que possam ser acessados por qualquer sujeito, em qualquer parte do planeta, desde 
que esteja conectado à internet. 
● Nos casos em que o crime é praticado por meio de troca de informações privadas, como nas 
conversas via Whatsapp ou por meio de chat na rede social Facebook: Justiça ESTADUAL. 
e) Causa de Diminuição de Pena 
§ 1º A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se de pequena quantidade o 
material a que se refere o caput deste artigo. 
O legislador trouxe uma causa de diminuição de pena de 1 a 2/3 na hipótese de ser de pequena 
quantidade o material, porém não especificou detalhadamente qual seria o parâmetro para definir se é de 
pequena quantidade ou não, cabendo ao juiz analisar de acordo com o caso concreto. 
f) Causa de Exclusão da tipicidade 
§ 2º Não há crime se a posse ou o armazenamento tem a finalidade de comunicar 
às autoridades competentes a ocorrência das condutas descritas nos arts. 240, 241, 
241-A e 241-C desta Lei, quando a comunicação for feita por: 
I – agente público no exercício de suas funções; 
II – membro de entidade, legalmente constituída, que inclua, entre suas finalidades 
institucionais, o recebimento, o processamento e o encaminhamento de notícia 
dos crimes referidos neste parágrafo; 
III – representante legal e funcionários responsáveis de provedor de acesso ou 
serviço prestado por meio de rede de computadores, até o recebimento do 
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material relativo à notícia feita à autoridade policial, ao Ministério Público ou ao 
Poder Judiciário. 
Tal dispositivo afirma a exclusão do crime na hipótese em que o armazenamento se dá com o objetivo 
de se comunicar as autoridades policiais sobre o delito, devendo ser observado que, somente determinadas
pessoas possuem tal prerrogativa. 
Ao mencionar que “não há crime”, denota-se que a conduta sequer chega a ser típica, motivo pelo 
qual tem-se, de acordo com a doutrina majoritária, uma excludente da tipicidade. 
ART. 241-C 
Art. 241-C. Simular a participação de criançaou adolescente em cena de sexo 
explícito ou pornográfica por meio de adulteração, montagem ou modificação de 
fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de representação visual: 
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa 
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à venda, 
disponibiliza, distribui, publica ou divulga por qualquer meio, adquire, possui ou 
armazena o material produzido na forma do caput deste artigo. 
a) Sujeito Ativo: qualquer pessoa. Trata-se de crime comum. 
b) Sujeito Passivo: a criança ou o adolescente. 
c) Consumação: finalização da simulação na fotografia, no vídeo ou em qualquer outra forma de 
representação visual. 
d) Conduta equiparada: o parágrafo único determina que incorrerá nas mesmas penas quem vende, 
expõe à venda, disponibiliza, distribui, publica ou divulga por qualquer meio, adquire, possui ou 
armazena o material produzido na forma do caput deste artigo. 
Nesse sentido, preleciona Gabriel Habib: 
“Incrimina-se qualquer espécie de circulação, movimentação, divulgação, 
publicação ou armazenamento do material simulado. Muitos verbos configuram os 
delitos contidos nos arts. 241, 241-A e 241-B. A diferença é que nesses tipos penais 
o material é verdadeiro, isso é, no material há realmente crianças ou adolescentes 
em cenas de sexo explícito ou pornográfica.” 
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No tipo penal ora comentado, não há realmente crianças ou adolescentes em cenas de sexo 
explícito ou pornográfica no material, mas, sim, somente a simulação disso. 
ART. 241-D 
Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio de 
comunicação, criança, com o fim de com ela praticar ato libidinoso 
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. 
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem 
I – facilita ou induz o acesso à criança de material contendo cena de sexo explícito 
ou pornográfica com o fim de com ela praticar ato libidinoso 
II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo com o fim de induzir criança 
a se exibir de forma pornográfica ou sexualmente explícita. 
a) Sujeito Ativo: qualquer pessoa. Trata-se de crime comum. 
b) Sujeito Passivo: somente a criança. Denota-se que diferentemente dos outros tipos penais, a 
incriminação do tipo penal NÃO abrange o adolescente. 
c) Especial fim de agir: a finalidade de praticar ato libidinoso com a criança. Ausente esse especial fim 
de agir, este delito não estará configurado. 
Cabe destacar que, sobre o crime, o STJ decidiu: 
O art. 241-E do Estatuto da Criança e do Adolescente, ao explicitar o sentido da 
expressão “cena de sexo explícito ou pornográfica” não restringe tal conceito 
apenas às imagens em que a genitália de crianças e adolescentes esteja desnuda. 
STJ. 6ª Turma. REsp 1.899.266/SC, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 15/03/2022 
(Info 729). 
d) Condutas equiparadas: 
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: 
I – facilita ou induz o acesso à criança de material contendo cena de sexo explícito 
ou pornográfica com o fim de com ela praticar ato libidinoso. 
II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo com o fim de induzir criança 
a se exibir de forma pornográfica ou sexualmente explícita. 
CAIU EM PROVA: 
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(Delegado do Estado do Amazonas 2022): Daniel foi flagrado em posse de grande acervo de fotografias e 
vídeos de pornografia infanto-juvenil, acervo este armazenado digitalmente. Ficou comprovando, ainda, que 
em momento anterior, havia compartilhado arquivos do mesmo teor, mediante uso de programa de 
compartilhamento de dados. Nessas circunstâncias, Daniel deverá responder pelos delitos dos artigos 241-A 
e 241-B, ambos do ECA, em concurso material - item considerado correto. 
7.14 Crime do Artigo 242 
Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer 
forma, a criança ou adolescente arma, munição ou explosivo: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos. 
a) Sujeito Ativo: qualquer pessoa. Trata-se de crime comum. 
b) Sujeito Passivo: a criança ou adolescente. 
c) Art. 242 do ECA x Art. 13 do Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826/03): O referido dispositivo foi 
parcialmente revogado pelo art. 16, § 1º, V, do Estatuto do Desarmamento. Isso porque, quando se 
tratar de arma de fogo, munição ou explosivo, aplica-se o Estatuto do Desarmamento. No entanto, 
quando se tratar de arma branca, aplica-se este dispositivo. 
Dispõe o professor Gabriel Habib: 
“O art. l3 do Estatuto do Desarmamento dispõe sobre o delito de omissão de 
cautela e tem a seguinte redação: “Art. 13. Deixar de observar as cautelas 
necessárias para impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa portadora de 
deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que 
seja de sua propriedade: Pena- detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa. 
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou diretor responsável 
ele empresa de segurança e transporte ele valores que deixarem de registrar 
ocorrência policial e ele comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras 
formas ele extravio ele arma de fogo, acessório ou munição que estejam sob sua 
guarda, nas primeiras 24 (vinte quatro) horas depois ele ocorrido o fato." A 
diferença reside no objeto material elo delito. Enquanto o art. l3 elo Estatuto elo 
Desarmamento abrange arma de fogo, o presente tipo penal abrange arma que não 
seja ele fogo, a denominada arma branca.” 
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7.15 Crime do Artigo 243 
Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ainda que gratuitamente, 
de qualquer forma, a criança ou a adolescente, bebida alcoólica ou, sem justa 
causa, outros produtos cujos componentes possam causar dependência física ou 
psíquica: (Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015). 
Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato não constitui crime 
mais grave. 
A Lei 13.106 de 2015 passou a prever, expressamente, que é crime vender, fornecer, servir, ministrar 
ou entregar bebida alcoólica a criança ou a adolescente. Revogou a contravenção penal prevista no art. 63, 
I, do Decreto-lei 3.688/41, considerando que esta conduta agora é punida no art. 243 do ECA. Fixou multa 
administrativa de R$ 3 mil a R$ 10 mil para quem vender bebidas alcoólicas para crianças ou adolescentes 
(essa multa é independente da sanção criminal). 
 Quanto às drogas, esse tipo se aplica somente àquelas que não constam da Portaria da ANVISA, pois, 
nesse caso, aplica-se a Lei de Drogas (art. 33, Lei 11.343/06). Ex.: cola de sapateiro. 
7.16 Crime do Art. 244 
Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer 
forma, a criança ou adolescente fogos de estampido ou de artifício, exceto aqueles 
que, pelo seu reduzido potencial, sejam incapazes de provocar qualquer dano físico 
em caso de utilização indevida: 
Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa. 
a) Sujeitos Ativo: qualquer pessoa pode figurar como sujeito ativo deste crime. 
b) Sujeito Passivo: a criança ou o adolescente e, secundariamente, a coletividade, tendo em vista que 
fogos de artifício em poder de crianças (especialmente) e de adolescentes causam perigo comum. 
c) Conduta: vender (transmitir a outrem mediante pagamento), fornecer (equipar, abastecer) ainda 
que gratuitamente ou entregar (fazer chegar), de qualquer forma, a criança ou adolescente, fogos 
de estampido ou de artifício, exceto aqueles que, pelo seu reduzidopotencial, sejam incapazes de 
provocar qualquer dano físico em caso de utilização indevida. 
 Justifica-se a punição em razão do evidente perigo representado por menores que utilizam fogos de 
artifício sem a supervisão de um responsável, perigo este que não raras vezes culmina na produção de 
resultados catastróficos tanto para quem manuseava o artefato quanto para quem se encontrava nas 
imediações. 
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Ademais, o tipo penal em estudo busca assegurar o previsto ao teor do art. 81, IV do ECA. Vejamos: 
Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adolescente de: 
IV - fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que pelo seu reduzido 
potencial sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de utilização 
indevida; 
d) Consumação: momento em que o agente efetua a venda, o fornecimento ou a entrega do artefato 
explosivo à criança ou ao adolescente. A tentativa é admitida porque se trata de crime 
plurissubsistente. 
e) Competência: Em regra, é da Justiça Estadual, salvo se presente alguma das hipóteses do art. 109 do 
CP, quando, então, a competência será da Justiça Federal. 
7.17 Crime do Artigo 244-A 
Art. 244-A. Sumeter criança ou adolescente, como tais definidos no caput do art. 
2o desta Lei, à prostituição ou à exploração sexual 
Pena – reclusão de quatro a dez anos e multa, além da perda de bens e valores 
utilizados na prática criminosa em favor do Fundo dos Direitos da Criança e do 
Adolescente da unidade da Federação (Estado ou Distrito Federal) em que foi 
cometido o crime, ressalvado o direito de terceiro de boa-fé. 
§ 1o Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o gerente ou o responsável pelo 
local em que se verifique a submissão de criança ou adolescente às práticas 
referidas no caput deste artigo. 
§ 2o Constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de localização 
e de funcionamento do estabelecimento. 
 
De acordo com a orientação majoritária da doutrina, o art. 244-A do Estatuto da Criança e do 
Adolescente foi tacitamente revogado pelo art. 218-B do Código Penal, incluído pela Lei 12.015/2009 e que 
pune a conduta de submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual alguém 
menor de dezoito anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento 
para a prática do ato. Pune-se ainda quem facilitar a prostituição ou impedir ou dificultar que a vítima a 
abandone. 
Não obstante a evidente revogação (tácita) do art. 244-A, a Lei n. 13.441/2017 lhe introduziu uma 
modificação no preceito secundário. A pena de reclusão permanece de quatro a dez anos, mas, de acordo 
com a nova regra, aplica-se também a perda de bens e valores utilizados na prática criminosa em favor do 
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Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente da unidade da Federação (Estado ou Distrito Federal) em 
que foi cometido o crime, ressalvado o direito de terceiro de boa-fé. 
De acordo com Rogerio Sanches Cunha e Paulo Eduardo Lepore (ECA comentado artigo por artigo): 
“Trata-se, a nosso ver, de alteração inócua não somente em virtude da revogação 
do dispositivo, mas também porque a combinação dos arts. 91 e 218-B, § 3.º, do CP 
permite a aplicação de efeitos semelhantes: este último dispositivo determina, 
como efeito obrigatório da condenação, a cassação da licença de localização e de 
funcionamento do estabelecimento. Em decorrência do primeiro, o condenado 
perde, em favor da União, o produto do crime ou qualquer bem ou valor que 
constitua proveito auferido com a prática do fato criminoso. Não obstante o 
dispositivo se refira à União, nada impede que o juiz, fundamentando-se no fato de 
que o crime vitimou uma criança ou um adolescente, determine a perda de bens e 
valores utilizados na prática criminosa em favor do Fundo dos Direitos da Criança e 
do Adolescente da unidade da Federação em que foi cometido o crime.” 
7.18 Crime do Art. 244-B - Corrupção de Menores 
💣 CAI MUITO EM PROVA! 
Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (dezoito) anos, com 
ele praticando infração penal ou induzindo-o a praticá-la: 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. 
§ 1o Incorre nas penas previstas no caput deste artigo quem pratica as condutas ali 
tipificadas utilizando-se de quaisquer meios eletrônicos, inclusive salas de bate-
papo da internet. 
§ 2o As penas previstas no caput deste artigo são aumentadas de um terço no caso 
de a infração cometida ou induzida estar incluída no rol dos crimes hediondos. 
a) Sujeito Ativo: trata-se de crime comum, não se exigindo qualidade ou condição especial do agente. 
b) Sujeito Passivo: qualquer pessoa, menor de dezoito anos, desde que ainda não inteiramente 
corrompida, pois a configuração do delito tem como pressuposto a indeclinável integridade moral 
da vítima. Nesse sentido, explica Nucci: 
“O objetivo do tipo penal é evitar que ocorra a deturpação na formação da 
personalidade do menor de 18 anos. Se este já está corrompido, considera-se 
impossível qualquer atuação do maior, nos termos do art. 17 do Código Penal.” 
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c) Conduta: corromper (perverter) ou facilitar a corrupção (induzir a praticar), de pessoa menor de 
dezoito anos (criança ou adolescente), com ele praticando infração penal ou induzindo-o a praticá-
la. 
Da parte final do dispositivo percebe-se a necessidade de o maior ser coautor da infração, 
executando-a juntamente com o menor, ou ao menos partícipe do ilícito, induzindo, instigando ou prestando 
auxílio material para o menor praticá-lo. 
 Usando, indistintamente, o termo infração penal, para o legislador estará caracterizado o crime de 
corrupção de menores mesmo quando a vítima for orientada pelo agente a praticar contravenção penal. 
Ademais, o §2º majora a pena de um terço no caso de a infração cometida ou induzida estar incluída no rol 
do art. 1º da Lei n. 8.072/1990 (crimes hediondos). 
d) Consumação: 
Pergunta-se: O crime de corrupção de menores (art. 244-B do ECA) é FORMAL ou MATERIAL? Para 
que este delito se consuma, exige-se a prova de que o menor foi corrompido? R.: Trata-se de crime FORMAL. 
Assim, NÃO se exige prova de que o menor tenha sido corrompido (obs.: no crime formal, não é necessária 
a ocorrência de um resultado naturalístico). 
 Desse modo, a simples participação de menor de 18 anos em infração penal cometida por agente 
imputável é suficiente à consumação do crime de corrupção de menores (art. 244-B do ECA), sendo 
dispensada, para sua configuração, prova de que o menor tenha sido efetivamente corrompido. Vale 
ressaltar que este é também o entendimento do STF: 
(...) O crime de corrupção de menores é formal, não havendo necessidade de prova 
efetiva da corrupção ou da idoneidade moral anterior da vítima, bastando 
indicativos do envolvimento de menor na companhia do agente imputável. 
Precedentes. (...) (RHC 111434, Rel. Min. Cármen Lúcia, Primeira Turma, julgado em 
03/04/2012) 
Em 2013 foi editada a Súmula 500 com o objetivo de deixar expresso e mais conhecido esse 
entendimento do STJ. 
SUM 500: A configuração do crime do art. 244-B do ECA independe da prova da 
efetiva corrupção do menor, por se tratar de delito formal. 
Pergunta-se: Na prática, qual é a diferença entre a corrupção de menores ser formal ou material? 
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DELEGADO DE POLÍCIAa prática do 
ato, sua experiência sexual anterior ou existência de relacionamento amoroso com o agente.
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Súmula 608-STF: No crime de estupro, praticado mediante violência real, a ação penal é pública 
incondicionada.
O termo “dignidade sexual” foi utilizado neste título apenas após a Lei 12.015/2009 que, dentre de 
uma série de mudanças, também o modificou. Antes, utilizava-se “Dos crimes contra os costumes”. 
A doutrina criticava a antiga nomenclatura, tendo em vista que dá um sentido de maior ofensa à 
sociedade do que à vítima violentada. 
Sabe-se que costume é a “reiteração de um comportamento em face da crença na sua 
obrigatoriedade”, de modo que buscava-se definir um padrão médio de sexualidade, utilizando expressões 
preconceituosas contra as mulheres como “mulher honesta”. 
A partir daí, reconheceu-se que a tipificação de tais delitos retira seu fundamento da dignidade da 
pessoa humana. 
1. DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL 
1.1 Estupro (Art. 213, CP) 
Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter 
conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato 
libidinoso: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) 
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.015,
de 2009) 
§ 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor 
de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos: (Incluído pela Lei nº 12.015, de
2009) 
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de
2009) 
§ 2o Se da conduta resulta morte: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos (Incluído pela Lei nº 12.015,
de 2009) 
1.1.1 Análise Do Caput 
a) Classificação: Crime de elevado potencial ofensivo, hediondo em todas as modalidades, comum, 
comissivo, de forma livre, material, de dano, instantâneo, unissubjetivo e plurissubsistente. 
b) Evolução legislativa: Antes de 2009 estupro era só conjunção carnal, sendo que os atos libidinosos diversos 
consistiam em tipo penal autônomo, qual seja, atentado violento ao pudor (revogado formalmente, já que 
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12015.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12015.htm#art2
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houve continuidade normativo-típica ou transmudação geográfica do tipo penal, vez que a conduta migrou 
para o estupro e continua sendo penalmente relevante). 
Antes, o agente respondia por dois crimes. Hoje, prevalece tratar-se de tipo penal misto alternativo, 
de modo que, caso o agente pratique mais de uma das condutas do tipo, responderá por crime único. 
É mais uma hipótese em que, no intuito de agravar a situação do criminoso, o legislador, ao contrário, 
acabou beneficiando-o, trazendo, na verdade, uma novatio legis in mellius, o que dá, na verdade, aos 
condenados anteriores o direito de pedirem revisão de pena. 
ANTES DA LEI 12.015/09 DEPOIS DA LEI 12.015/09 
Art. 213 que previa o estupro, o qual consistia na 
punição da conjunção carnal violenta, tendo como 
sujeito ativo o homem e passivo a mulher. 
Art. 214 que previa o atentado violento ao pudor, o 
qual punia atos libidinosos diversos da conjunção 
carnal, tendo como sujeito ativo e passivo qualquer 
pessoa. 
Reuniu os dois dispositivos anteriores à lei no art. 
213, que prevê o crime de estupro, o qual pune a 
conjunção carnal violenta ou a prática de atos 
libidinosos diversos da conjunção carnal. 
OBS.: Não houve abolitio criminis do art. 214, pois os 
atos libidinosos continuam puníveis, apenas com 
outra roupagem (princípio da continuidade 
normativo-típica). 
Após a Lei n° 12.015/2009, quando o agente pratica, além da conjunção carnal (coito vaginal), outro ato 
libidinoso independente (ex: coito anal), no mesmo contexto fático e contra a mesma vítima, realiza mais 
de um crime? 
NÃO. Trata-se de CRIME ÚNICO. O STJ definiu que o art. 213 do CP, com redação dada pela Lei n° 12.015/2009 
é tipo penal misto ALTERNATIVO. 
Logo, se o agente, no mesmo contexto fático, pratica conjunção carnal e outro ato libidinoso contra uma só 
vítima, pratica um só crime do art. 213 do CP. 
STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1262650/RS, Rel. Min. Regina Helena Costa 
STJ. 6ª Turma. HC 212.305/DF, Rel. Min. Marilza Maynard (Des. Conv. TJ/SE) 
O fato de o agente ter praticado coito vaginal e também outro ato libidinoso (exs: coito anal, sexo oral) 
pode ser utilizado pelo juiz para aumentar a pena do réu? 
SIM. O juiz irá reconhecer que se trata de crime único, condenando apenas pelo art. 213 do CP com a nova 
redação dada pela Lei n° 12.015/2009. No entanto, na 1ª fase da dosimetria da pena (análise das 
circunstâncias judiciais do art. 59), o magistrado deverá aumentar a pena-base considerando que a 
culpabilidade do agente é mais intensa e as circunstâncias em que o crime foi praticado são mais reprováveis 
que o normal já que impuseram à vítima um nível de sofrimento ainda maior do que aquele que seria 
necessário para a consumação do delito. Com efeito, a vítima foi obrigada a realizar dois atos sexuais 
diferentes. Isso pode (e deve) ser valorado negativamente pelo julgador. 
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Por fim, uma última observação importante: 
Se o agente pratica conjunção carnal e outros atos libidinosos contra vítimas diferentes ou, então, contra 
uma só vítima, mas em contextos fáticos diferentes (ex: em dois dias seguidos), haverá continuidade delitiva 
ou até concurso material, a depender do caso concreto. (DIZER O DIREITO). 
Obs.: Segundo o STF, os crimes de estupro e atentado violento ao pudor, cometidos antes ou depois da edição 
da Lei nº 12.015/2009, são considerados hediondos, ainda que praticados na forma simples, sendo 
irrelevante que a prática de qualquer deles tenha causado, ou não, lesões corporais de natureza grave ou 
morte (Inf. 835). 
Ainda há a figura do atentado violento ao pudor no ordenamento jurídico? Sim, no Código Penal 
Militar (art. 233, CPM). 
c) Sujeitos do delito: Antes o crime era bipróprio, pois somente homem poderia ser sujeito ativo e apenas 
mulher figurava como sujeito passivo. Hoje é crime bicomum. 
● Sujeito ativo: qualquer pessoa. 
● Sujeito passivo: qualquer pessoa (no entanto, se for menor de 14 o crime será de estupro de 
vulnerável, que será detalhado mais à frente). 
Lembrando que: 
Conjunção carnal (pênis/vagina): sexos opostos. 
Atos libidinosos (sexo oral, anal, toques íntimos, dentre outras práticas): indiferente o sexo dos envolvidos. 
Antes adotava-se a tese de que não configurava o crime caso fosse cometido pelo marido contra a 
esposa. Hoje não só configura, como é ainda causa de aumento de pena (art. 226, II do CP). 
Obs.: Admite coautoria, participação e autoria mediata, inclusive à distância. 
Ex.: Coautoria e Participação: mulher segura a outra para que uma terceira pratique com ela atos 
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Veja o seguinte exemplo hipotético1: João (com 20 anos de idade) e Maikon (com 16 anos), mediante 
grave ameaça, subtraem a carteira da vítima. Vale ressaltar que, antes desse evento, Maikon já respondia a 
cinco ações socioeducativas pela participação em outros atos infracionais equiparados a roubo. João foi 
denunciado pela prática de dois crimes em concurso: roubo circunstanciado (art. 157, § 2º, II, do CP); e 
corrupção de menores (art. 244-B do ECA). A defesa de João pediu a sua absolvição quanto ao delito do art. 
244-B do ECA, argumentando que o tipo penal fala em “corromper” menor de 18 anos. No entanto, no caso 
concreto, o adolescente já estaria “corrompido”, considerando que tinha participado de outros atos 
infracionais equiparados a crime (era infrator contumaz). Logo, disse o advogado, não foi o réu (João) quem 
corrompeu o menor. 
 A tese defensiva poderá ser aceita segundo a jurisprudência? NÃO. A configuração do crime 
previsto no artigo 244-B do Estatuto da Criança e do Adolescente independe da prova da efetiva corrupção 
do menor, por se tratar de delito formal (súmula 500 do STJ). 
 Assim, pouco importa se houve ou não a corrupção efetiva do menor. Basta que o Ministério Público 
comprove a participação do inimputável na prática delituosa em companhia do maior de 18 anos. 
 Qual é a justificativa para esse entendimento? Segundo o Min. Sebastião Reis Júnior, a simples 
participação do menor no ato delitivo é suficiente para a sua consumação, sendo irrelevante seu grau 
prévio de corrupção, “já que cada nova prática criminosa na qual é inserido contribui para aumentar sua 
degradação” (HC 164.359/DF). 
 Dessa feita, a cada nova participação a moralidade do menor (bem jurídico protegido) é novamente 
violada. Em suma, se o art. 244-B ECA fosse material, João seria absolvido; como é formal, será condenado. 
e) Concurso de crimes: se a infração penal envolveu dois adolescentes, o réu deverá ser condenado por 
dois crimes de corrupção de menores. 
Isso porque, considerando que o bem jurídico tutelado pelo art. 244-B do ECA é a formação moral da 
criança e do adolescente a fim de que eles não ingressem ou permaneçam no mundo da criminalidade, caso 
duas crianças/adolescentes tenham seu amadurecimento moral violado, em razão de estímulos a praticar o 
crime ou a permanecer na seara criminosa, dois serão os bens jurídicos violados. 
 Da mesma forma, dois são os sujeitos passivos atingidos, uma vez que a doutrina é unânime em 
reconhecer que o sujeito passivo do crime de corrupção de menores é a criança ou o adolescente submetido 
à corrupção. Ademais, seria desarrazoado atribuir a prática de crime único ao réu que corrompeu dois 
adolescentes, assim como ao que corrompeu apenas um. 
Veja a jurisprudência sobre o tema: 
A prática de crimes em concurso com dois adolescentes dá ensejo à condenação 
por dois crimes de corrupção de menores. 
1 Fonte: CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Súmula 500-STJ. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: . 
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Ex.: João (20 anos de idade), em conjunto com Maikon (16 anos) e Dheyversson (15 
anos), praticaram um roubo.João deverá ser condenado por um crime de roubo 
qualificado e por dois crimes de corrupção de menores, em concurso formal (art. 
70, 1ª parte, do CP). 
STJ. 6ª Turma.REsp 1680114-GO, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 
10/10/2017 (Info 613). 
CAIU EM PROVA: 
(Delegado do Estado do Mato Grosso do Sul 2021): A prática de crimes em concurso com dois adolescentes 
dá ensejo à condenação por dois crimes de corrupção de menores (art. 244-B, Lei nº 8.069/90) - item 
considerado correto. 
Vale chamar a atenção para o fato de que existem DOIS CRIMES chamados de “CORRUPÇÃO DE 
MENORES”, não se podendo confundi-los: 
Art. 244-B do ECA Art. 218 do CP 
Trata-se do crime que analisamos acima. É um crime contra a dignidade sexual do menor 
de 14 anos (considerado vulnerável). 
Ocorre quando o agente corrompe ou facilita a 
corrupção de uma pessoa menor de 18 anos, com 
ele praticando infração penal ou induzindo-o a 
praticá-la. 
Ocorre quando o agente induz uma pessoa menor 
de 14 anos a satisfazer a lascívia de outrem. 
Obs: lascívia significa luxúria (desejo sexual). 
Sujeito passivo: menor de 18 anos. Sujeito passivo: menor de 14 anos. 
Pena de 1 a 4 anos. Pena de 2 a 5 anos. 
Trata-se de crime formal. Trata-se de crime material. 
8. EFEITOS DA CONDENAÇÃO NOS CRIMES PREVISTOS NOS ECA 
Art. 227-A - Os efeitos da condenação prevista no inciso I do caput do art. 92 do 
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), para os crimes 
previstos nesta Lei, praticados por servidores públicos com abuso de autoridade, 
são condicionados à ocorrência de reincidência. (Incluído pela Lei nº 13.869. de 
2019) 
Parágrafo único. A perda do cargo, do mandato ou da função, nesse caso, 
independerá da pena aplicada na reincidência. ” (Incluído pela Lei nº 13.869. de 
2019) 
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O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê pelo menos 4 (quatro) tipos penais que 
obrigatoriamente devem ser praticados por servidores públicos com abuso de autoridade: 
1) Art. 231 – “Deixar a autoridade policial responsável pela apreensão de criança ou adolescente de 
fazer imediata comunicação à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à 
pessoa por ele indicada: Pena - detenção de seis meses a dois anos"; 
2) Art. 232 – “Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou 
a constrangimento: Pena - detenção de seis meses a dois anos"; 
3) Art. 234 - “Deixar a autoridade competente, sem justa causa, de ordenar a imediata liberação de 
criança ou adolescente, tão logo tenha conhecimento da ilegalidade da apreensão: Pena - detenção 
de seis meses a dois anos"; 
4) Art. 235 – “Descumprir, injustificadamente, prazo fixado nesta Lei em benefício do adolescente 
privado de liberdade: Pena - detenção de seis meses a dois anos". 
A Lei nº 13.869 de 2019 acrescentou o art. 227-A do ECA, estabelecendo um requisito a mais para a 
perda do cargo como efeito da condenação para os crimes praticados por servidores públicos com abuso de 
autoridade: a reincidência, independentemente do tipo de pena ou quantum de pena aplicada. 
Ressalta-se que, aqui, ao contrário da reincidência da Lei de abuso de Autoridade, que é uma 
reincidência específica, exige-se apenas a reincidência genérica. Veja a explicação do professor Renato 
Brasileiro sobre o tema: 
“À primeira vista, o art. 227-A do ECA vem ao encontro do 4°, inciso III, e parágrafo 
único, da Lei n. 13.869/19, que também passou a dispor acerca da perda do cargo, 
do mandato ou da função independentemente do tipo de pena ou quantum de 
pena aplicado. Há, todavia, uma importante diferença: enquanto o art. 227-A faz 
menção à "reincidência" em sentido genérico, sem especificar se ambos os delitos 
estariam relacionados a crimes de abuso de autoridade, o parágrafo único do art. 
4° da Lei n. 13.869/19 refere-se textualmente à "reincidência em crime de abuso 
de autoridade." 
Por fim, embora o art. 227-A do ECA fazer menção de maneira genérica, aos "efeitos da condenação 
prevista no inciso I do caput do art. 92 do Código Penal”, a doutrina entende que tal dispositivo funciona 
como regra especial exclusivamente em relação à alínea "a" do inciso I do art. 92 do Código Penal. Explica o 
mencionado autor: 
“O art. 227-A do ECA dispõe expressamente que tal efeito será aplicável para os 
crimes praticados por servidores públicos com abuso de autoridade. Este 
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pressuposto, leia-se, crime praticado com abuso de poder ou violação de dever 
para com a administração pública , funciona como conditio sine qua non no caso 
do art. 92, I, alínea "a", ou seja, quando aplicada pena privativa de liberdade por 
tempo igual ou superior a um ano, mas não se faz necessário quando for aplicada 
pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos (CP, art. 92, I, 
alínea "b").” 
Portanto, na eventualidade de um servidor público ser condenado pela prática de crimes previstos 
no Estatuto da Criança e do Adolescente fora do contexto do abuso de autoridade a pena privativa de 
liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos, impõe-se a perda motivada do cargo, ex vi do art. 92, I, alínea 
"b", do Código Penal, pouco importando se primário ou reincidente. 
9. LEI 14.344/22 – LEI HENRY BOREL 
9.1 Publicação e Vigência 
A Lei 14.344 foi publicada em 24 de maio de 2022, com o intuito de reforçar o sistema de proteção 
de crianças e adolescentes contra a violência, especialmente a doméstica e familiar. 
Nesse contexto, além de criar mecanismos para prevenção e enfrentamento dessa espécie de 
violência, inclusive com a criação do sistema de garantia de direitos da criança ou adolescente que for vítima 
ou testemunha de violência, a nova lei altera o Código Penal, o Estatuto da Criança e do Adolescente, a Lei 
dos Crimes Hediondos e a Lei de Execução Penal. 
A sua denominação decorre do caso envolvendo o menino Henry Borel Medeiros que, com apenas 4 
anos de idade, foi assassinado no dia 8 de março de 2021, na cidade do Rio de Janeiro. O menino foi 
encontrado morto no apartamento onde morava a mãe e o padrasto, médico e vereador na cidade do Rio de 
Janeiro. A grande repercussão do caso levou à aprovação da lei. 
Sobre o início de vigência da Lei 14.344/2022, o seu artigo 34 previu um período de vacatio legis de 
45 dias. Conforme dito, sua publicação ocorreu em 24 de maio de 2022, razão pela qual entrou em vigor no 
dia 8 de julho de 2022. 
9.2 Violência doméstica e familiar contra a criança e o adolescente 
No art. 2º, a lei define a violência doméstica e familiar contra a criança e o adolescente como 
qualquer ação ou omissão que lhe causa morte, lesão, sofrimento físico, sexual, psicológico ou dano 
patrimonial, nos seguintes casos: 
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I – no âmbito do domicílio ou da residência da criança e do adolescente, 
compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem 
vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; 
II – no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por 
indivíduos que compõem a família natural, ampliada ou substituta, por laços 
naturais, por afinidade ou por vontade expressa; 
III – em qualquer relação doméstica e familiar na qual o agressor conviva ou tenha 
convivido com a vítima, independentemente de coabitação. 
A definição de violência é aquela descrita na Lei 13.431, de 4 de abril de 2017, que em seu artigo 4º 
menciona como suas formas: a física, a psicológica, a sexual, a institucional e, após a alteração da Lei 
14.344/2022, também a patrimonial: 
I – violência física, entendida como a ação infligida à criança ou ao adolescente que 
ofenda sua integridade ou saúde corporal ou que lhe cause sofrimento físico; 
II – violência psicológica: 
a) qualquer conduta de discriminação, depreciação ou desrespeito em relação à 
criança ou ao adolescente mediante ameaça, constrangimento, humilhação, 
manipulação, isolamento, agressão verbal e xingamento, ridicularização, 
indiferença, exploração ou intimidação sistemática (bullying) que possa 
comprometer seu desenvolvimento psíquico ou emocional; 
b) o ato de alienação parental, assim entendido como a interferência na formação 
psicológica da criança ou do adolescente, promovida ou induzida por um dos 
genitores, pelos avós ou por quem os tenha sob sua autoridade, guarda ou 
vigilância, que leve ao repúdio de genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento 
ou à manutenção de vínculo com este; 
c) qualquer conduta que exponha a criança ou o adolescente, direta ou 
indiretamente, a crime violento contra membro de sua família ou de sua rede de 
apoio, independentemente do ambiente em que cometido, particularmente 
quando isto a torna testemunha; 
III – violência sexual, entendida como qualquer conduta que constranja a criança 
ou o adolescente a praticar ou presenciar conjunção carnal ou qualquer outro ato 
libidinoso, inclusive exposição do corpo em foto ou vídeo por meio eletrônico ou 
não, que compreenda: 
a) abuso sexual, entendido como toda ação que se utiliza da criança ou do 
adolescente para fins sexuais, seja conjunção carnal ou outro ato libidinoso, 
realizado de modo presencial ou por meio eletrônico, para estimulação sexual do 
agente ou de terceiro; 
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b) exploração sexual comercial, entendida como o uso da criança ou do adolescente 
em atividade sexual em troca de remuneração ou qualquer outra forma de 
compensação, de forma independente ou sob patrocínio, apoio ou incentivo de 
terceiro, seja de modo presencial ou por meio eletrônico; 
c) tráfico de pessoas, entendido como o recrutamento, o transporte, a 
transferência, o alojamento ou o acolhimento da criança ou do adolescente, dentro 
do território nacional ou para o estrangeiro, com o fim de exploração sexual, 
mediante ameaça, uso de força ou outra forma de coação, rapto, fraude, engano, 
abuso de autoridade, aproveitamento de situação de vulnerabilidade ou entrega 
ou aceitação de pagamento, entre os casos previstos na legislação; 
IV – violência institucional, entendida como a praticada por instituição pública ou 
conveniada, inclusive quando gerar revitimização. 
V – violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure 
retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus documentos pessoais, 
bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluídos os destinados a satisfazer 
suas necessidades, desde que a medida não se enquadre como educacional. 
9.3 Medidas Protetivas de Urgência 
Entre os mecanismos de proteção conferidos pela lei, destaca-se a possibilidade da decretação de 
medidas protetivas de urgência em benefício de crianças e adolescentes vítimas de violência doméstica ou 
familiar. 
A Lei 14.344/2022 prevê um rol de medidas protetivas similar aquele que estabelecido na Lei 
11.340/06. Logo, as mesmas medidas protetivas aplicáveis a mulher em situação de violência doméstica e 
familiar, agora podem ser conferidas à criança e ao adolescente, conforme disposto no art. 20 da 
mencionada lei. Contudo, diferentemente da Lei Maria da Penha, a Lei Henry Borel prevê, expressamente, 
que as medidas protetivas sejam provocadas pelo MP, pelo Delegado de Polícia, pelo Conselho Tutelar ou 
por qualquer pessoa que atue em favor da criança ou do adolescente. 
Além disso, nos moldes da Lei Maria da Penha, nas hipóteses de risco atual ou iminente à vida ou à 
integridade física da criança e do adolescente, a Lei Henry Borel autoriza que o delegado de polícia decrete 
o afastamento do agressor do lar, domicílio ou local de convivência com a vítima, desde que a violência 
seja perpetrada em município que não seja sede de comarca. Se o delegado de polícia não estiver disponível 
no momento da denúncia, o afastamento pode ser ordenado pelo próprio policial, devendo, em todos os 
casos, ser comunicado o juízo competente no prazo de 24 horas. Uma peculiaridade relativa à proteção do 
menor é a prerrogativa do Conselho Tutelar de representar àsautoridades indicadas pelo afastamento do lar 
do agressor. 
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9.4 Crimes 
Importante mencionar que a Lei 14.344/2022 estabelece duas novas condutas típicas. 
Art. 25. Descumprir decisão judicial que defere medida protetiva de urgência 
prevista nesta Lei: 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos. 
§ 1º A configuração do crime independe da competência civil ou criminal do juiz 
que deferiu a medida. 
§ 2º Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a autoridade judicial poderá 
conceder fiança. 
§ 3º O disposto neste artigo não exclui a aplicação de outras sanções cabíveis. 
Art. 26. Deixar de comunicar à autoridade pública a prática de violência, de 
tratamento cruel ou degradante ou de formas violentas de educação, correção ou 
disciplina contra criança ou adolescente ou o abandono de incapaz: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos. 
§ 1º A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de 
natureza grave, e triplicada, se resulta morte. 
§ 2º Aplica-se a pena em dobro se o crime é praticado por ascendente, parente 
consanguíneo até terceiro grau, responsável legal, tutor, guardião, padrasto ou 
madrasta da vítima. 
Devido a relevância do novo diploma legislativo (Lei 14.344/2022) e relação direta com a disciplina 
da Lei aqui estudada (Lei 8.069/90), passaremos a uma análise não apenas das alterações promovidas no 
ECA, mas em toda a legislação penal. 
9.5 Código Penal 
a) Prescrição da pretensão punitiva propriamente dita ou em abstrato 
O artigo 111 do Código Penal é o que prevê o termo inicial da prescrição da pretensão punitiva 
propriamente dita. Seu inciso V, com o advento da Lei 14.344/2022, passou a ter a seguinte redação: 
Art. 111 – A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a 
correr: 
(...) 
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V – nos crimes contra a dignidade sexual ou que envolvam violência contra a 
criança e o adolescente, previstos neste Código ou em legislação especial, da data 
em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse tempo já houver sido 
proposta a ação penal. 
A regra é que a prescrição tenha seu prazo iniciado com a consumação do crime. A Lei 12.650/2012 
havia acrescido o inciso V ao artigo 111, para trazer uma disciplina específica de prescrição dos crimes contra 
a dignidade sexual de crianças e adolescentes. Já a Lei 14.344/2022 alterou a redação para incluir também 
os casos de violência contra criança ou adolescente. Em todos esses delitos, devido à vulnerabilidade da 
vítima e da grande possibilidade de esses delitos não serem noticiados, especialmente quando praticados 
por seus genitores ou responsáveis, a prescrição não corre até que a vítima complete 18 anos de idade. 
Contudo, a prescrição poderá ser inicia antes se já foi proposta a ação penal. 
b) Homicídio qualificado 
O homicídio qualificado está previsto no § 2º do artigo 121, que teve o inciso IX inserido pela Lei 
14.344/2022: 
§ 2º Se o homicídio é cometido: 
(...) 
Homicídio contra menor de 14 (quatorze) anos 
IX - contra menor de 14 (quatorze) anos: 
Pena – reclusão, de doze a trinta anos. 
O homicídio qualificado é crime hediondo, tanto em sua forma tentada quanto na consumada, 
conforme determina o artigo 1º, inciso I, da Lei 8.072/1990. Nesse sentido, a Lei 14.344/2022 promoveu 
alteração também na Lei de Crimes Hediondos, para incluir o homicídio cometido contra menor de 14 anos. 
Art. 1º São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no 
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, consumados ou 
tentados: 
I – homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de 
extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 
121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII e IX); 
Voltando ao Código Penal, Lei 14.344/2022 modificou as majorantes do crime de feminicídio, 
espécie de homicídio qualificado, que é praticado em virtude da condição do sexo feminino, o que inclui a 
violência doméstica e familiar e o menosprezo ou discriminação à condição de mulher. Essas majorantes, 
previstas no artigo 121, §7º, são específicas para o feminicídio e a Lei 14.344/2022 deu nova redação ao 
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dispositivo, excluindo a expressão “vítima menor de 14 anos”, em razão da inserção do inciso IX ao § 2º, 
que passou a prever uma qualificadora quando a vítima tiver exatamente essa idade. 
Pergunta-se: E a causa de aumento prevista no §4º do Código Penal? Foi tacitamente revogada (já 
que não houve menção expressa como no caso no §7º) pela Lei 14.344/2022? É preciso aguardar a 
manifestação das Cortes Superiores, já sendo apontada divergência na doutrina. 
1ª C: Houve derrogação tácita, sob pena de configuração de bis in idem ao considerar a majorante e 
a qualificadora em razão da idade da vítima. 
2ª C: Não houve a derrogação, uma vez que é possível em caso de incidência de duas ou mais 
qualificadoras, que o magistrado utilize aquela que não se refere a idade da vítima para a maior 
gravidade da sanção imposta na primeira fase, e a idade da vítima seja sopesada na terceira fase, 
como majorante do delito, não ficando configurada situação de bis in idem. 
A Lei 14.344/2022, incluiu majorantes específicas para a qualificadora de vítima menor de 14 anos 
de idade, à semelhança do feminicídio. Trata-se do §2º-B ao artigo 121 que aponta duas novas causas de 
aumento: 
§ 2º-B. A pena do homicídio contra menor de 14 (quatorze) anos é aumentada de: 
I – 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é pessoa com deficiência ou com 
doença que implique o aumento de sua vulnerabilidade; 
II – 2/3 (dois terços) se o autor é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, 
cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por 
qualquer outro título tiver autoridade sobre ela. 
Ressalta-se que somente os homicídios praticados no dia 8 de julho de 2022 em diante, contra 
menores de 14 anos, serão qualificados em razão da idade da vítima, por se tratar de alteração mais gravosa. 
Dado o princípio da irretroatividade da lei penal mais grave, a partir da entrada em vigor que incide a 
qualificadora. 
c) Crimes contra a honra 
A Lei 14.344/2022 alterou as formas majoradas dos crimes contra a honra. Foi conferida maior 
abrangência à majorante, ao se incluir o caso de vítima ser criança ou adolescente, de modo que o artigo 
141, que prevê as majorantes, passou a ter a seguinte redação: 
Art. 141 – As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se 
qualquer dos crimes é cometido: 
(...) 
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IV – contra criança, adolescente, pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou pessoa 
com deficiência, exceto na hipótese prevista no § 3º do art. 140 deste Código. 
Incidindo a majorante, fica afastada a agravante genérica do artigo 61, II, alínea h, que abrange os 
delitos que possuem uma criança como sujeito passivo. 
9.6 Lei de Execução Penal 
a) Pena de limitação de fim de semana 
A Lei de Execução Penal trata da pena de limitação de fim de semana no artigo 152, alterado pela Lei 
14.344/2022 para inserir a previsão de comparecimento obrigatório, durante o cumprimento da limitação 
de fim de semana, a programas de recuperação e reeducação nos casos de violência doméstica e familiar 
contra a criança e oadolescente, tal como já era previsto para os casos de violência doméstica e familiar 
contra a mulher. 
Art. 152. Poderão ser ministrados ao condenado, durante o tempo de permanência, 
cursos e palestras, ou atribuídas atividades educativas. 
Parágrafo único. Nos casos de violência doméstica e familiar contra a criança, o 
adolescente e a mulher e de tratamento cruel ou degradante, ou de uso de formas 
violentas de educação, correção ou disciplina contra a criança e o adolescente, o 
juiz poderá determinar o comparecimento obrigatório do agressor a programas de 
recuperação e reeducação. 
A substituição da pena privativa de liberdade e a violência doméstica e familiar contra crianças e adolescentes 
9.7 Estatuto da Criança e do Adolescente 
Conforme já apontado a Lei 14.344/2022 passou a vedar, nos crimes envolvendo violência 
doméstica e familiar contra a criança e adolescente, a substituição da pena privativa de liberdade por 
prestação pecuniária ou que implique pagamento isolado de pena de multa. Trata-se da previsão do art. 
226, §2º. 
 Além disso, foi afastada a aplicação da Lei 9.099/95 nos crimes envolvendo violência doméstica e 
familiar contra a criança e adolescente. Trata-se da previsão do art. 226, §1º. Assim, fica vedada a 
composição civil dos danos, transação penal e de suspensão condicional do processo quando o delito 
envolver violência doméstica e familiar contra criança e adolescente, independentemente da pena aplicada. 
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Pergunta-se: Esta regra se aplica aos crimes praticados no âmbito doméstico e familiar previstos 
no Código Penal? É preciso aguardar a manifestação da jurisprudência das Cortes Superiores sobre o tema. 
Em uma abordagem doutrinária inicial, já surge duas possíveis correntes. 
1ª C: Em uma interpretação sistemática, a vedação só teria aplicação aos crimes previstos no ECA. 
2ª C: Diante da finalidade declarada da Lei 14.344/22 de prevenir e enfrentar a violência doméstica 
contra menores, cabe uma interpretação das normas que confira maior tutela aos interesses dos 
menores. Logo, pouco importa a legislação que criminaliza a conduta, bastando que envolva violência 
doméstica e familiar contra criança ou adolescente. 
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DIREITOS HUMANOS: DIREITO DAS CRIANÇAS, PESSOAS COM DEFICIÊCIA, IDOSAS, LGBTQIA+ E RECLUSOS 
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES 
DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 
CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DA CRIANÇA: 
. Arts. 1°, 3°, 38, 40, 43 e 44. 
PROTOCOLO FACULTATIVO À CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DA CRIANÇA RELATIVO AO
ENVOLVIMENTO DE CRIANÇAS EM CONFLITOS ARMADOS: 
. Arts. 1°, 2°, 4° e 8°. 
PROTOCOLO FACULTATIVO À CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DA CRIANÇA REFERENTE À VENDA DE
CRIANÇAS, À PROSTITUIÇÃO INFANTIL E À PORNOGRAFIA INFANTIL: 
. Arts. 2° e 12. 
PROTOCOLO FACULTATIVO À CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DAS CRIANÇAS RELATIVO AOS
PROCEDIMENTOS DE COMUNICAÇÃO: 
. Arts. 5°, 6° e 12. 
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES 
DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA 
CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE OS DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA: 
. Arts. 1° ao 5°, 24, 34 e 35. 
PROTOCOLO FACULTATIVO À CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE OS DIREITOS DAS PESSOAS COM
DEFICIÊNCIA: 
. Art. 1° 
TRATADO DE MARRAQUECHE PARA FACILITAR O ACESSO A OBRAS PUBLICADAS ÀS PESSOAS CEGAS,
COM DEFICIÊNCIA VISUAL OU COM OUTRAS DIFICULDADES PARA TER ACESSO AO TEXTO IMPRESSO: 
. Arts. 2° ao 5°. 
CONVENÇÃO INTERAMERICANA PARA A ELIMINAÇÃO DE TODAS AS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO
CONTRA AS PESSOAS PORTADORAS DE DEFICIÊNCIA: 
. Arts. 1° ao 6°. 
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ARTIGOS MAIS IMPORTANTES 
DIREITOS DAS PESSOAS IDOSAS 
CONVENÇÃO INTERAMERICANA SOBRE A PROTEÇÃO DOS DIREITOS DOS IDOSOS: 
. Preâmbulo, Arts. 1° ao 3°, e 6°. 
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES 
DIREITOS DAS PESSOAS RECLUSAS 
REGRAS MÍNIMAS DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O TRATAMENTO DOS PRESOS: 
. Regras 1, 2, 11, 12, 28, 29, 43, 47, 51, 109 e 111. 
REGRAS DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O TRATAMENTO DE MULHERES PRESAS E MEDIDAS NÃO
PRIVATIVAS DE LIBERDADE PARA MULHERES INFRATORAS: 
. Regras 1, 4, 5, 19, 20, 22, 40, 41, 42, 49, 50, 52 e 59. 
1. DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 
Em relação aos Direitos da Criança e do Adolescente, é importante o estudo acerca do: 
• Sistema Global de Proteção dos Direitos Humanos: 
- Convenção sobre os Direitos da Criança (1989). 
- Protocolo Facultativo à Convenção sobre os Direitos da Criança relativo ao Desenvolvimento de
Crianças em Conflitos Armados (2000). 
- Protocolo Facultativo à Convenção sobre os Direitos da Criança referente à Venda de Crianças, à
Prostituição Infantil e à Pornografia Infantil (2000). 
- Protocolo Facultativo à Convenção sobre os Direitos da Criança relativo aos Procedimentos de
Comunicação (2001). 
• Sistema Interamericano de Proteção dos Direitos Humanos: 
- Não há um Tratado específico na matéria de proteção dos direitos da criança e do adolescente. 
• Proteção Nacional: 
- Lei n° 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente). 
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1.1. Sistema Global De Proteção Dos Direitos Humanos 
1.1.1 Convenção Sobre Os Direitos Da Criança 
A Convenção sobre os Direitos da Criança foi adotada pela Assembleia Geral da ONU em 20 de 
novembro de 1989 e sistematizou direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais das crianças e 
adolescentes. O Brasil aprovou por meio do Decreto Legislativo n° 28, de 14 de setembro de 1990 e 
promulgada por meio do Decreto n° 99.710, de 21 de novembro de 1990. 
 De acordo com o seu art. 1°, são consideradas crianças todo ser humano com menos de dezoito anos 
de idade, a não ser que, em conformidade com a lei aplicável à criança, a maioridade seja alcançada antes.
Observação: Em âmbito nacional, o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n° 8.069/90) 
considera como criança a pessoa até 12 anos de idade incompletos e adolescente aquela 
entre 12 e 18 anos (art. 2°). 
A Convenção prevê o princípio do melhor interesse da criança em seu art. 3°, ao enunciar que: Todas
as ações relativas às crianças, levadas a efeito por instituições públicas ou privadas de bem estar social, 
tribunais, autoridades administrativas ou órgãos legislativos, devem considerar, primordialmente, o interesse 
maior da criança.
Em relação à participação de crianças em conflitos armados e hostilidades, os Estados-Partes 
adotarão todas as medidas possíveis a fim de assegurar que todas as pessoas que ainda não tenham
completado quinze anos de idade não participem diretamente de hostilidades (art. 38.2).
 Ademais, Os Estados-Partes buscarão promover o estabelecimento de leis, procedimentos, 
autoridades e instituições específicas para as crianças de quem se alegue ter infringido as leis penais ou que 
sejam acusadas ou declaradas culpadas de tê-las infringido, e em particular estabelecimento de uma idade
mínima antes da qual se presumirá que a criança não tem capacidade para infringir as leis penais (art. 40.3,
alínea “a”). Em âmbito nacional, a CRFB/88 estabeleceu em seu art. 228 que: São penalmente inimputáveis
os menores de 18 anos, sujeitos às normas da legislação especial. 
 Os principais direitos enunciados na Convenção são: 
• Direito à vida; 
• Direito de que seja registrada imediatamente após seu nascimento; 
• Direito de ter, desde o momento de seu nascimento, um nome, uma nacionalidade e, na medida do 
possível, de conhecer seus pais e a ser cuidadapor eles; 
• Direito de preservar sua identidade; 
• Direito de que não seja separada dos pais contra a vontade destes, salvo se a separação atender ao 
melhor interesse da criança; 
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• Direito de manter regularmente relações pessoais e contato direto com ambos os pais, a menos que 
isso seja contrário ao melhor interesse da criança; 
• Direito de expressar suas opiniões livremente sobre todos os assuntos com ela relacionados; 
• Direito à liberdade de expressão; 
• Direito à liberdade de pensamento, de consciência e de crença; 
• Direitos à liberdade de associação e à liberdade de realizar reuniões pacificas; 
• Direito à proteção da lei contra interferências arbitrárias ou ilegais em sua vida particular, sua família, 
seu domicílio e sua correspondência, e contra atentados ilegais a sua honra e a sua reputação; 
• Direito de acesso à informação; 
• Direito à proteção e assistência especiais do Estado para crianças privadas temporária e 
permanentemente do seu seio familiar, ou cujo melhor interesse exija que não permaneçam nesse 
meio; 
• Direito à proteção e à assistência humanitária adequadas para crianças refugiadas; 
• Direitos específicos da criança com deficiência física ou mental; 
• Direito de gozar do melhor padrão possível de saúde e dos serviços destinados ao tratamento das 
doenças e à recuperação da saúde; 
• Direito a um exame periódico de avaliação do tratamento e de todos os demais aspectos relativos à 
sua internação; 
• Direito de usufruir da previdência social; 
• Direito a um nível de vida adequado ao desenvolvimento físico, mental, espiritual, moral e social; 
• Direito à educação; 
• Direito de, em comunidade com os demais membros de seu grupo, ter sua própria cultura, professar 
e praticar sua própria religião ou utilizar seu próprio idioma; 
• Direito ao descanso e ao lazer, ao divertimento e às atividades recreativas próprias da idade, bem 
como à livre participação na vida cultural e artística; 
• Direito de estar protegida contra a exploração econômica e contra o desempenho de qualquer 
trabalho que possa ser perigoso ou interferir em sua educação, ou que seja nocivo para sua saúde 
ou para seu desenvolvimento físico, mental, espiritual, moral ou social; 
• Direito à proteção contra todas as formas de exploração e abuso sexual; 
• Direito de não ser submetida a tortura ou a outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou 
degradantes, nem à pena de morte ou à prisão perpétua sem possibilidade de livramento por delitos 
cometidos por menores de 18 ano de idade; 
• Direito de não ser privada de sua liberdade de forma ilegal ou arbitrária; 
• Direito da criança privada da liberdade ser tratada com humanidade e respeito; 
• Direitos processuais. 
Em relação aos mecanismos de monitoramento, a Convenção estabelece: 
1) Criação do Comitê para os Direitos da Criança (art. 43); e 
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2) Relatórios Periódicos ao Comitê, por intermédio do Secretário-Geral da ONU, sobre as medidas que 
tenham adotado com vistas a tornar efetivos os direitos reconhecidos na Convenção e sobre os 
progressos alcançados no desempenho desses direitos, a cada 5 anos (art. 44).
1.1.1.1 Protocolo Facultativo À Convenção Sobre Os Direitos Da Criança Relativo Ao Envolvimento De 
Crianças Em Conflitos Armados 
O Protocolo Facultativo à Convenção sobre os Direitos da Criança relativo ao Envolvimento de 
Crianças em Conflitos Armados foi adotado em Nova Iorque, em 25 de maio de 2000. Foi aprovado pelo 
Brasil a partir do Decreto Legislativo n° 230, de 29 de maio de 2003 e promulgada pelo Decreto n° 5.006, de 
8 de março de 2004. 
 O Protocolo tem como objetivo aumentar a idade para possível recrutamento de pessoas pelas 
forças armadas, reconhecendo as necessidades especiais das crianças particularmente vulneráveis, em 
decorrência de situação econômica, social ou de sexo. 
 Dessa forma, os Estados Partes adotarão todas as medidas possíveis para assegurar que membros 
de suas forças armadas menores de 18 anos não participem diretamente de hostilidades (art. 1°).
 Ademais, os Estados Partes assegurarão que menores de 18 anos não serão recrutados de maneira 
compulsória em suas forças armadas (art. 2°). 
 Por fim, os grupos armados distintos das forças armadas de um Estado não deverão, em qualquer 
circunstância, recrutar ou utilizar menores de 18 anos em hostilidades (art. 4.1). 
 Em relação ao mecanismo de monitoramento, os Estados Partes devem submeter Relatórios 
Periódicos ao Comitê sobre os Direitos da Criança, a cada 5 anos (art. 8°). 
1.1.1.2 Protocolo Facultativo À Convenção Sobre Os Direitos Da Criança Referente À Venda De Crianças, À 
Prostituição Infantil E À Pornografia Infantil 
O Protocolo Facultativo à Convenção sobre os Direitos da Criança referente à Venda de Crianças, à 
Prostituição Infantil e à Pornografia Infantil foi adotado em Nova Iorque, em 25 de maio de 2000. No Brasil 
foi aprovado por meio do Decreto Legislativo n° 230, de 29 de maio de 2003 e promulgado por meio do 
Decreto n° 5.007, de 8 de março de 2004. 
 Tem como principal finalidade garantir a proteção das crianças contra a venda de crianças, a 
prostituição infantil e a pornografia infantil, ante a preocupação com o crescente tráfico internacional de 
crianças para tais fins, com a prática disseminada de turismo sexual e com a crescente disponibilidade de 
pornografia infantil na internet. 
 O Protocolo apresenta os seguintes conceitos em seu art. 2°: 
• Venda de Crianças: Significa qualquer ato ou transação pela qual uma criança é transferida por 
qualquer pessoa ou grupo de pessoas a outra pessoa ou grupo de pessoas, em troca de remuneração 
ou qualquer outra forma de compensação; 
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• Prostituição Infantil: Significa o uso de uma criança em atividades sexuais em troca de remuneração 
ou qualquer outra forma de compensação; 
• Pornografia Infantil: Significa qualquer representação, por qualquer meio, de uma criança 
envolvida em atividades sexuais explícitas reais ou simuladas, ou qualquer representação dos 
órgãos sexuais de uma criança para fins primordialmente sexuais. 
Tem como mecanismo de monitoramento a apresentação de Relatórios Periódicos ao Comitê sobre os 
Direitos da Criança, a cada 5 anos (art. 12). 
1.1.1.3 Protocolo Facultativo À Convenção Sobre Os Direitos Das Crianças Relativo Aos Procedimentos De 
Comunicação 
O Protocolo Facultativo à Convenção sobre os Direitos das Crianças relativo aos Procedimentos de 
Comunicação foi adotado em Nova Iorque em 19 de dezembro de 2001. Foi adotado pelo Brasil a partir do 
Decreto Legislativo n° 85, de 8 de junho de 2007, mas ainda não foi promulgado pelo Presidente da República. 
 O Protocolo adotou novos mecanismos de monitoramento: 
• Petições Individuais: Podem ser apresentadas por pessoas ou grupo de pessoas (não podendo ser 
anônimas) em nome de pessoas ou grupo de pessoas vítimas de violações (art. 5°); 
• Medidas Provisórias: O Comitê poderá transmitir ao Estado parte interessado, para sua consideração
urgente, uma solicitação para que adote as medidas provisórias que sejam necessárias em
circunstâncias excepcionais para evitar possíveis danos irreparáveis à vítima ou às vítimas das 
alegadas violações (art. 6°).
• Comunicação Interestatal: Os Estados podem declarar que reconhecem a competência do Comitê 
para receber e examinar comunicações nas quais um Estado alegue que outro Estado não cumpriu 
com as obrigações decorrentes da Convenção sobre os Direitosda Criança (art. 12). 
1.2. Sistema Interamericano De Proteção Dos Direitos Humanos 
Em relação aos Direitos da Criança e do Adolescente, não há um Tratado do Sistema Interamericano 
de Proteção especificamente sobre esse tema. 
1.3. Proteção Nacional 
1.3.1 Estatuto Da Criança E Do Adolescente (Lei N° 8.069/1990) 
O Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei n° 8.069 de 13 de julho de 1990, dispõe sobre a proteção 
integral à criança e ao adolescente. Conforme o seu art. 3°: A criança e o adolescente gozam de todos os
direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, 
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assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar
o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade. 
Ainda de acordo com o art. 7° do ECA: A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à 
saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento 
sadio e harmonioso, em condições dignas de existência.
Por fim, são considerados:
• Criança: Pessoa até 12 anos incompletos. 
• Adolescente: Pessoa entre 12 e 18 anos. 
2. DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA 
Em relação aos Direitos das Pessoas com Deficiência, é importante o estudo acerca do: 
• Sistema Global de Proteção dos Direitos Humanos: 
- Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (2007). 
- Protocolo Facultativo à Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência
(2007). 
- Tratado De Marraqueche Para Facilitar O Acesso A Obras Publicadas Às Pessoas Cegas, Com
Deficiência Visual Ou Com Outras Dificuldades Para Ter Acesso Ao Texto Impresso (2013). 
• Sistema Interamericano de Proteção dos Direitos Humanos: 
- Convenção Interamericana Para A Eliminação De Todas As Formas De Discriminação Contra As
Pessoas Portadoras De Deficiência (1999). 
• Proteção Nacional: 
- Lei N° 13.146/2015 (Estatuto Da Pessoa Com Deficiência). 
2.1. Sistema Global De Proteção Dos Direitos Humanos 
2.1.1 Convenção Internacional Sobre Os Direitos Das Pessoas Com Deficiência 
A Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência foi assinada em Nova 
Iorque em 30 de março de 2007. No Brasil, foi adotada a partir do Decreto Legislativo n° 186, de 9 de julho 
de 2008 e promulgada pelo Decreto n° 6.949, de 25 de agosto de 2009. 
Observação: A Convenção tem status de Emenda Constitucional, pois foi aprovada conforme 
o procedimento do §3° do art. 5° da CRFB/88. 
De acordo com o art. 1°, o propósito da presente Convenção é promover, proteger e assegurar o 
exercício pleno e equitativo de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por todas as pessoas 
com deficiência e promover o respeito pela sua dignidade inerente. 
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Ainda, apresenta definições em seu art. 2°, como: 
• Pessoas com Deficiência: Aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, 
intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua 
participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas; 
• Comunicação: Abrange as línguas, a visualização de textos, o braille, a comunicação tátil, os 
caracteres ampliados, os dispositivos de multimídia acessível, assim como a linguagem simples, 
escrita e oral, os sistemas auditivos e os meios de voz digitalizada e os modos, meios e formatos 
aumentativos e alternativos de comunicação, inclusive a tecnologia da informação e comunicação 
acessíveis; 
• Língua: Abrange as línguas faladas e de sinais e outras formas de comunicação não-falada; 
• Discriminação por Motivo de Deficiência: Significa qualquer diferenciação, exclusão ou restrição 
baseada em deficiência, com o propósito ou efeito de impedir ou impossibilitar o reconhecimento, 
o desfrute ou o exercício, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, de todos os 
direitos humanos e liberdades fundamentais nos âmbitos político, econômico, social, cultural, civil 
ou qualquer outro. Abrange todas as formas de discriminação, inclusive a recusa de adaptação 
razoável; 
• Adaptação Razoável: Significa as modificações e os ajustes necessários e adequados que não 
acarretem ônus desproporcional ou indevido, quando requeridos em cada caso, a fim de assegurar 
que as pessoas com deficiência possam gozar ou exercer, em igualdade de oportunidades com as 
demais pessoas, todos os direitos humanos e liberdades fundamentais; 
• Desenho Universal: Significa a concepção de produtos, ambientes, programas e serviços a serem 
usados, na maior medida possível, por todas as pessoas, sem necessidade de adaptação ou projeto 
específico. O “desenho universal” não excluirá as ajudas técnicas para grupos específicos de pessoas 
com deficiência, quando necessárias. 
A Convenção apresenta em seu art. 4° como princípios gerais: 
• O respeito pela dignidade inerente, a autonomia individual, inclusive a liberdade de fazer as 
próprias escolhas, e a independência das pessoas; 
• A não-discriminação; 
• A plena e efetiva participação e inclusão na sociedade; 
• O respeito pela diferença e pela aceitação das pessoas com deficiência como parte da 
diversidade humana e da humanidade; 
• A igualdade de oportunidades; 
• A acessibilidade; 
• A igualdade entre o homem e a mulher; e 
• O respeito pelo desenvolvimento das capacidades das crianças com deficiência e pelo direito 
das crianças com deficiência de preservar sua identidade. 
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A fim de promover a igualdade e eliminar a discriminação, os Estados-Partes adotarão todas as 
medidas apropriadas para garantir que a adaptação razoável seja oferecida. Nos termos da presente 
Convenção, as medidas específicas que forem necessárias para acelerar ou alcançar a efetiva igualdade das 
pessoas com deficiência não serão consideradas discriminatórias. Dessa forma, reconhece-se a possibilidade 
de adoção de ações afirmativas. 
Em relação à educação das pessoas com deficiência, os Estados-Partes reconhecem que para efetivar 
esse direito sem discriminação e com base na igualdade de oportunidades, assegurarão sistema educacional 
inclusivo em todos os níveis, bem como o aprendizado ao longo de toda a vida, com os seguintes objetivos: 
a) O pleno desenvolvimento do potencial humano e do senso de dignidade e autoestima, além do 
fortalecimento do respeito pelos direitos humanos, pelas liberdades fundamentais e pela diversidade 
humana; 
b) O máximo desenvolvimento possível da personalidade e dos talentos e da criatividade das pessoas 
com deficiência, assim como de suas habilidades físicas e intelectuais; 
c) A participação efetiva das pessoas com deficiência em uma sociedade livre. 
Para a realização desse direito, os Estados Partes assegurarão que: 
a) As pessoas com deficiência não sejam excluídas do sistema educacional geral sob alegação de 
deficiência e que as crianças com deficiência não sejam excluídas do ensino primário gratuito e 
compulsório ou do ensino secundário, sob alegação de deficiência; 
b) As pessoas com deficiência possam ter acesso ao ensino primário inclusivo, de qualidade e gratuito, 
e ao ensino secundário, em igualdade de condições com as demais pessoas na comunidade em que 
vivem; 
c) Adaptações razoáveis de acordo com as necessidades individuais sejam providenciadas; 
d) As pessoas com deficiência recebam o apoio necessário,no âmbito do sistema educacional geral, 
com vistas a facilitar sua efetiva educação; 
e) Medidas de apoio individualizadas e efetivas sejam adotadas em ambientes que maximizem o 
desenvolvimento acadêmico e social, de acordo com a meta de inclusão plena. 
Em relação aos mecanismos de monitoramento, apresenta: 
• Criação do Comitê sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência; e 
• Relatórios Periódicos ao Comitê: A cada 4 anos. 
2.1.1.1 Protocolo Facultativo À Convenção Internacional Sobre Os Direitos Das Pessoas Com Deficiência 
O Protocolo Facultativo à Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência
foi assinado em Nova Iorque, em 30 de março de 2007. No Brasil, foi adotado a partir do Decreto Legislativo 
n° 186, de 9 de julho de 2008 e promulgado pelo Decreto n° 6.949, de 25 de agosto de 2009. 
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Observação: O Protocolo Facultativo tem status de Emenda Constitucional, pois foi aprovado 
conforme o procedimento do §3° do art. 5° da CRFB/88. 
O presente Protocolo Facultativo tem como principal objetivo instituir o mecanismo de 
monitoramento de Petições Individuais, podendo o Comitê sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência 
receber e considerar comunicações submetidas por pessoas ou grupo de pessoas, ou em nome deles, sujeitos 
à sua jurisdição, alegando serem vítimas de violação das disposições da Convenção pelo referido Estado. 
2.1.2 Tratado De Marraqueche Para Facilitar O Acesso A Obras Publicadas Às Pessoas Cegas, Com 
Deficiência Visual Ou Com Outras Dificuldades Para Ter Acesso Ao Texto Impresso 
O Tratado de Marraqueche sobre Acesso Facilitado a Obras Públicas foi celebrado em Marraqueche, 
em 27 de junho de 2013. No Brasil, foi aprovado pelo Decreto Legislativo n° 261, de 25 de novembro de 2015 
e promulgado pelo Decreto n° 9.522, de 8 de outubro de 2018. 
Observação: O Tratado de Marraqueche tem status de Emenda Constitucional, pois foi 
aprovado conforme o procedimento do §3° do art. 5° da CRFB/88. 
Tem como objetivo principal a criação de instrumentos normativos e administrativos internos 
voltados a assegurar o acesso facilitado à reprodução e distribuição de obras em formato acessível aos cegos 
e deficientes visuais, superando limitações. 
Apresenta importantes definições em seu art. 2°: 
• Obras: Significa as obras literárias e artísticas em formato de áudio, em forma de texto, 
notação e/ou ilustrações conexas, que tenham sido publicadas ou tornadas disponíveis 
publicamente por qualquer meio; 
• Exemplar em Formato Acessível: Significa a reprodução de uma obra de uma maneira ou 
forma alternativa que dê aos beneficiários acesso à obra, inclusive para permitir que a pessoa 
tenha acesso de maneira tão prática e cômoda como uma pessoa sem deficiência visual ou 
sem outras dificuldades para ter acesso ao texto impresso. O exemplar em formato acessível 
é utilizado exclusivamente por beneficiários e deve respeitar a integridade da obra original, 
levando em devida consideração as alterações necessárias para tornar a obra acessível no 
formato alternativo e as necessidades de acessibilidade dos beneficiários; e 
• Entidade Autorizada: Significa uma entidade que é autorizada ou reconhecida pelo governo 
para prover aos beneficiários, sem intuito de lucro, educação, formação pedagógica, leitura 
adaptada ou acesso à informação. Inclui, também, instituição governamental ou organização 
sem fins lucrativos que preste os mesmos serviços aos beneficiários como uma de suas 
atividades principais ou obrigações institucionais. 
Ademais, a Convenção estabelece, em seu art. 3°, como beneficiários toda pessoa: 
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• Cega; 
• Que tenha deficiência visual ou outra deficiência de percepção ou de leitura que não possa 
ser corrigida para se obter uma acuidade visual substancialmente equivalente à de uma 
pessoa que não tenha esse tipo de deficiência ou dificuldade, e para quem é impossível ler 
material impresso de uma forma substancialmente equivalente à de uma pessoa sem 
deficiência ou dificuldade; ou 
• Que esteja impossibilitada, de qualquer outra maneira, devido a uma deficiência física, de 
sustentar ou manipular um livro ou focar ou mover os olhos da forma que normalmente seria 
apropriado para a leitura; 
independentemente de quaisquer outras deficiências. 
A base do Tratado é o estabelecimento de 2 exceções aos direitos autorais que permitem: 
• A livre produção e distribuição de obras em formato acessível no território dos Estados-
Partes; e 
• O intercâmbio transfronteiriço desimpedido de exemplares em formato acessível. 
Assim, os Estados-Partes deverão estabelecer em sua legislação nacional de direito de autor uma 
limitação ou exceção aos direitos de reprodução, de distribuição, bem como de colocação à disposição do 
público para facilitar a disponibilidade de obras em formatos acessíveis aos beneficiários. A limitação ou 
exceção prevista na legislação nacional deve permitir as alterações necessárias para tornar a obra acessível 
em formato alternativo. 
 De acordo com André de Carvalho Ramos, o Tratado concretiza as chamadas regras do teste dos três 
passos (three step test) para limitação da reprodução de obras por terceiros previstas no artigo 9.2 da 
Convenção de Berna sobre a Proteção de Obras Literárias e Artísticas, sendo admissível a limitação do direito 
do autor (i) em certos casos especiais; (ii) que não prejudiquem a exploração comercial normal da obra; e (iii) 
não causem prejuízo injustificado aos legítimos interesses do autor, com o objetivo de permitir a reprodução 
das obras com limitações aos direitos autorais caso isso seja feito excepcionalmente e sem que tais 
reproduções entrem em competição com a obra comercializada com o consentimento do titular de seus 
direitos autorais, o que é justamente a situação de obras acessíveis abarcadas pelo Tratado de Marraqueche.2 
CAIU EM PROVA! 
(FUMARC/2021/PC-MG/DELEGADO DE POLÍCIA) A respeito do Tratado de Marraqueche sobre acesso 
facilitado a obras publicadas, NÃO é correto afirmar: 
a) Estabelece que a permissão de acesso a obras em formato alternativo às pessoas com dificuldade para 
leitura de material impresso é exceção ou limitação aos direitos de reprodução. 
b) Nos termos do Tratado de Marraqueche, para que a obra seja convertida para um exemplar em formato 
acessível, é imprescindível a autorização do titular do direito autoral. 
2 (RAMOS, ANDRÉ DE CARVALHO, 2018) 
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c) O Tratado de Marraqueche foi negociado no seio da Organização Mundial da Propriedade Intelectual 
(OMPI), tendo sido fruto de proposta apresentada por Brasil, Equador e Paraguai, em maio de 2009, para 
pagar dívida histórica com as pessoas com deficiência visual. 
d) Prevê o Intercâmbio Transfronteiriço de Exemplares em Formato Acessível. 
Comentários: 
a) Correta. De acordo com o art. 4° do Tratado. 
b) Incorreta. De acordo com o art. 4.2 do Tratado. 
c) Correta. São dados históricos corretos. 
d) Correta. De acordo com o art. 5° do Tratado. 
Gabarito: Alternativa b. 
2.2. Sistema Interamericano De Proteção Dos Direitos Humanos 
2.2.1 Convenção Interamericana Para A Eliminação De Todas As Formas De Discriminação Contra As 
Pessoas Portadoras De Deficiência 
A Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as 
Pessoas Portadoras de Deficiência foi adotada na Cidade de Guatemala, na Guatemala, pela Assembleia 
Geral da OEA em 7 de junho de 1999. No Brasil, foi aprovada a partirdo Decreto Legislativo n° 198, de 13 de 
junho de 2001 e promulgada pelo Decreto n° 3.956, de 8 de outubro de 2001. 
 A Convenção tem como objetivo prevenir e eliminar todas as formas de discriminação contra as 
pessoas com deficiência e propiciar sua plena integração à sociedade. 
 O art. 1° define a deficiência como: uma restrição física, mental ou sensorial, de natureza
permanente ou transitória, que limita a capacidade de exercer uma ou mais atividades essenciais da vida 
diária, causada ou agravada pelo ambiente econômico e social.
Ademais, define discriminação contra as pessoas portadoras de deficiência como: toda 
diferenciação, exclusão ou restrição baseada em deficiência, antecedente de deficiência, consequência de
deficiência anterior ou percepção de deficiência presente ou passada, que tenha o efeito ou propósito de
impedir ou anular o reconhecimento, gozo ou exercício por parte das pessoas portadoras de deficiência de 
seus direitos humanos e suas liberdades fundamentais.
Salienta que não constitui discriminação a diferenciação ou preferência adotada pelo Estado Parte 
para promover a integração social ou o desenvolvimento pessoal dos portadores de deficiência, desde que a 
diferenciação ou preferência não limite em si mesma o direito à igualdade dessas pessoas e que elas não
sejam obrigadas a aceitar tal diferenciação ou preferência. Nos casos em que a legislação interna preveja a
declaração de interdição, quando for necessária e apropriada para o seu bem-estar, esta não constituirá 
discriminação, consistindo-se nas ações afirmativas.
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Por consequência, os Estados-Partes tomarão medidas de caráter legislativo, social, educacional, 
trabalhista, ou de qualquer outra natureza, que sejam necessárias para eliminar a discriminação contra as 
pessoas portadoras de deficiência e proporcionar a sua plena integração à sociedade, entre as quais as 
medidas abaixo enumeradas, que não devem ser consideradas exclusivas medidas das autoridades 
governamentais e/ou entidades privadas para eliminar progressivamente a discriminação e promover a 
integração na prestação ou fornecimento de bens, serviços, instalações, programas e atividades, tais como o 
emprego, o transporte, as comunicações, a habitação, o lazer, a educação, o esporte, o acesso à justiça e aos 
serviços policiais e as atividades políticas e de administração. 
Ademais, os Estados-Partes devem trabalhar prioritariamente nas seguintes áreas: 
 a) prevenção de todas as formas de deficiência preveníveis; 
b) detecção e intervenção precoce, tratamento, reabilitação, educação, formação ocupacional e 
prestação de serviços completos para garantir o melhor nível de independência e qualidade de vida para 
as pessoas portadoras de deficiência; e 
c) sensibilização da população, por meio de campanhas de educação, destinadas a eliminar 
preconceitos, estereótipos e outras atitudes que atentam contra o direito das pessoas a serem iguais, 
permitindo desta forma o respeito e a convivência com as pessoas portadoras de deficiência. 
Em relação aos mecanismos de monitoramento, a Convenção apresenta: 
• Relatórios Periódicos ao Secretário-Geral da OEA; e 
• Criação da Comissão para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra 
Pessoas Portadoras de Deficiência: Encarregada de examinar o progresso registrado na 
aplicação da Convenção e de trocar experiências entre os Estados, produzindo relatórios. 
2.3. Proteção Nacional 
2.3.1 Estatuto Da Pessoa Com Deficiência (Lei N° 13.146/2015) 
Em âmbito nacional, há a Lei n° 13.146, de 6 de julho de 2015, instituiu a Lei Brasileira de Inclusão da 
Pessoa com Deficiência (Estatuto com Deficiência), destinada a assegurar e a promover, em condições de 
igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua 
inclusão social e cidadania. 
De acordo com a Lei, considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo 
prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, 
pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais 
pessoas. 
A avaliação da deficiência, quando necessária, será biopsicossocial, realizada por equipe 
multiprofissional e interdisciplinar e considerará: 
(i) os impedimentos nas funções e nas estruturas do corpo; 
(ii) os fatores socioambientais, psicológicos e pessoais; 
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(iii) a limitação no desempenho de atividades; e 
(iv) a restrição de participação. 
2.3.1.1 Jurisprudência Nacional 
O STF, na ADI 5.357, decidiu pela constitucionalidade do art. 28, §1°, da Lei n° 13.146/15, que veda 
cobranças de valores adicionais de qualquer natureza nas mensalidades, anuidades e matrículas ao adotar 
as medidas necessárias para acolher alunos com deficiência. 
3. DIREITOS DAS PESSOAS IDOSAS 
Em relação aos Direitos das Pessoas Idosas, é importante o estudo acerca do: 
• Sistema Global de Proteção dos Direitos Humanos: 
- Não há um Tratado específico que verse sobre os direitos das pessoas idosas. 
• Sistema Interamericano de Proteção dos Direitos Humanos: 
- Convenção Interamericana sobre a Proteção dos Direitos Humanos das Pessoas Idosas (2015). 
• Proteção Nacional: 
- Lei n° 10.741/2003. 
3.1. Sistema Global De Proteção Dos Direitos Humanos 
Não há um Tratado no Sistema Global de Proteção dos Direitos Humanos específico que verse sobre 
os direitos das pessoas idosas. 
3.2. Sistema Interamericano De Proteção Dos Direitos Humanos 
3.2.1 Convenção Interamericana Sobre A Proteção Dos Direitos Humanos Das Pessoas Idosas 
A Convenção Interamericana sobre a Proteção dos Direitos Humanos das Pessoas Idosas foi 
adotada em Washington, D.C., em 15 de junho de 2015, mas ainda não foi aprovada ou promulgada pelo 
Brasil. 
 O objetivo da Convenção é promover, proteger e assegurar o reconhecimento e o pleno gozo e 
exercício, em condições de igualdade, de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais do idoso, a 
fim de contribuir para sua plena inclusão, integração e participação na sociedade. 
O art. 2° da Convenção apresenta diversas definições, das quais são as mais importantes: 
• Idoso: Pessoa com 60 anos ou mais, exceto se a lei interna determinar uma idade base menor 
ou maior, desde que esta não seja superior a 65 anos. Este conceito inclui, entre outros, o de 
pessoa idosa. 
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• Velhice: Construção social da última etapa do curso de vida. 
• Discriminação por idade na velhice: Qualquer distinção, exclusão ou restrição baseada na 
idade que tenha como objetivo ou efeito anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou 
exercício em igualdade de condições dos direitos humanos e liberdades fundamentais na 
esfera política, econômica, social e cultural ou em qualquer outra esfera da vida pública e 
privada. 
• Envelhecimento: Processo gradual que se desenvolve durante o curso de vida e que implica 
alterações biológicas, fisiológicas, psicossociais e funcionais de várias consequências, as quais 
se associam com interações dinâmicas e permanentes entre o sujeito e seu meio. 
• Envelhecimento ativo e saudável: Processo pelo qual se otimizam as oportunidades de bem-
estar físico, mental e social; de participar em atividades sociais, econômicas, culturais, 
espirituais e cívicas; e de contar com proteção, segurança e atenção, com o objetivo de 
ampliar a esperança de vida saudável e a qualidade de vida de todos os indivíduos navelhice 
e permitir-lhes assim seguir contribuindo ativamente para suas famílias, amigos, 
comunidades e nações. O conceito de envelhecimento ativo e saudável se aplica tanto a 
indivíduos como a grupos de população. 
O principal vetor da Convenção é a promoção de direitos da pessoa idosa pautada na dignidade, 
independência, protagonismo e autonomia. 
Os principais direitos assegurados são: 
• Direito à vida digna na velhice; 
• Direito à independência e à autonomia; 
• Direito à participação e integração comunitária; 
• Direito à saúde e consentimento libre e informado; 
• Direitos à seguridade social; 
• Direito ao trabalho; e 
• Direito ao cuidado. 
 
3.3. Proteção Nacional 
3.3.1 Estatuto Do Idoso (Lei N° 10.741/03) 
A Lei n° 10.741, de 1° de outubro de 2003, dispõe sobre o Estatuto da Pessoa Idosa, com atualização 
dada pela Lei n° 14.423, de 22 de julho de 2022. Destina-se a regular os direitos assegurados às pessoas com
idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. 
 A Lei ainda traz a figura qualificada do idoso, uma vez que dentre as pessoas idosas, é assegurada
prioridade especial aos maiores de 80 (oitenta) anos, atendendo-se suas necessidades sempre
preferencialmente em relação às demais pessoas idosas. 
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De acordo com a nova redação dada pela Lei n° 14.423/22, a pessoa idosa goza de todos os direitos 
fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei,
assegurando-se-lhe, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, para preservação de
sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de 
liberdade e dignidade. 
Ademais, é obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do poder público assegurar à pessoa 
idosa, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, 
ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e
comunitária. 
4. DIREITO À ORIENTAÇÃO SEXUAL E À IDENTIDADE DE GÊNERO 
Primeiramente, insta salientar que não há nenhum Tratado Internacional de proteção à orientação 
sexual e à identidade de gênero, havendo apenas documentos de soft law, como os Princípios de Yogyakarta
e os Princípios de Yogyakarta+10, que têm apenas caráter de recomendação. 
4.1 Direito à igualdade e à não discriminação 
A noção de igualdade depreende-se diretamente da natureza de gênero humano e é inseparável da 
dignidade essencial da pessoa, de modo que é incompatível toda situação que, por considerar um grupo 
superior, o trate com privilégio ou, por considerá-lo inferior, o trate com hostilidade ou de qualquer forma o 
discrimine de gozar direitos reconhecidos a quem não está na mesma situação. 
Os Estados devem abster-se de realizar ações que de qualquer maneira sejam dirigidas, direta ou 
indiretamente, a criar situações de discriminação de direito ou de fato. 
O princípio da igualdade e da não discriminação ingressou no domínio de jus cogens, sendo 
apresentado no art. 1.1 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos: 
Art. 1.1, CADH: Os Estados Partes nesta Convenção comprometem-se a respeitar os direitos 
e liberdades nela reconhecidos e a garantir seu livre e pleno exercício a toda pessoa que esteja 
sujeita à sua jurisdição, sem discriminação alguma por motivo de raça, cor, sexo, idioma, 
religião, opiniões políticas ou de qualquer outra natureza, origem nacional ou social, posição 
econômica, nascimento ou qualquer outra condição social. 
Os tratados internacionais de direitos humanos são instrumentos vivos, cuja intepretação deve 
acompanhar a evolução do tempo e as condições de vida atuais. Nesse sentido, ao interpretar a expressão 
qualquer outra condição social é necessário eleger a alternativa mais favorável para a tutela dos direitos 
protegidos pelo tratado, à luz do princípio do pro homine. 
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Os critérios trazidos pelo art. 1.1 da CADH não constituem um rol taxativo, mas meramente 
exemplificativo, de modo que a expressão final incorpora outras categorias não explicitamente indicadas. 
Assim, a expressão deve ser interpretada na perspectiva de opção mais favorável à pessoa e da 
evolução dos direitos fundamentais no direito internacional contemporâneo. 
De igual modo, o Comitê de Direitos Humanos qualificou a orientação sexual e a identidade de gênero 
como categorias de discriminação proibida no art. 2.1 do PIDCP. O Comitê de Direitos Econômicos, Sociais e 
Culturais pronunciou-se no mesmo sentido em relação ao art. 2.2 do PIDESC. 
A Corte IDH, na Opinião Consultiva n° 24, deixou estabelecido que a orientação sexual e a identidade 
de gênero são categorias protegidas pela CADH, estando proscrita qualquer norma, ato ou prática 
discriminatória baseada na orientação sexual, identidade de gênero ou expressão de gênero da pessoa. 
4.2 Direito à Identidade de Gênero 
A identidade de gênero é manifestação da própria personalidade da pessoa humana e, como tal, 
cabe ao Estado apenas o papel de reconhecê-la, nunca de constituí-la. 
A CADH protege um dos valores mais fundamentais da pessoa humana, que é o reconhecimento de 
sua dignidade, sendo certo que um aspecto central do reconhecimento da dignidade é a possibilidade de 
todo ser humano de se autodeterminar e escolher livremente as opções e circunstâncias que dão sentido à 
sua existência, conforme suas próprias convicções. 
O papel fundamental da autonomia é vedar a atuação estatal que procure a instrumentalização da 
pessoa, convertendo-a em um meio para fins estranhos às suas próprias escolhas dentro dos limites que 
impõe sua própria convicção. 
A falta de reconhecimento da identidade de gênero pode resultar em uma censura indireta às 
expressões de gênero que se distanciem do padrão cisnormativo e heteronormativo, enviando uma 
mensagem generalizada de que as pessoas que se afastam do referido padrão não contam com proteção 
legal e reconhecimento de seus direitos em igualdade de condições e respeito. 
A identidade de gênero é um elemento constitutivo e constituinte da identidade das pessoas, o que 
faz com que seu reconhecimento seja de vital importância para garantir o pleno gozo dos direitos humanos 
da pessoa transgênero, incluindo a proteção contra a violência, tortura, maus tratos, direito à saúde, à 
educação, ao emprego etc. 
O direito de as pessoas definirem de maneira autônoma sua própria identidade sexual e de gênero é 
efetivada quando as definições concordam com os dados de identificação consignados nos registros de 
identidade. 
Deve ser assegurado o direito de cada pessoa de que os atributos de personalidade anotados nos 
registros de identificação coincidam com as definições de identidade que as pessoas têm de si mesmo e, caso 
não exista tal correspondência, deve ser assegurado o direito de se modificar. 
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4.3 Direito ao Nome 
O nome é o direito da personalidade que funciona como elemento designativo da pessoa, com a 
finalidade de afirmar a identidade da pessoa diante da sociedade. 
A mudança de nome, a adequação da imagem, assim como a retificação à menção do sexo ou gênero 
nos registros e nos documentos de identidade para que estejam de acordo com a identidade de gênero auto 
percebida é direito protegido pela CADH, nos arts. 18, 3º, 7.1, 11.2. 
Os Estados devem respeitar a integridade física e psíquica das pessoas, reconhecendo a identidade 
de gêneroauto percebida sem que existam obstáculos ou requisitos abusivos que possam constituir violações 
a direitos humanos. 
Por certo, as pessoas transgênero são submetidas a obstáculos para alcançar o respeito e 
reconhecimento de sua identidade de gênero que as pessoas cisgênero não devem enfrentar. 
No cenário judicial brasileiro, a pretensão de alteração da identidade civil recebe um tratamento 
patologizante, não sendo rara a imposição de cirurgia como condição para o acesso à identidade civil 
compatível com a auto percepção de gênero. 
Fato é que submeter o reconhecimento à identidade de gênero de uma pessoa transgênero a uma 
cirurgia ou a um tratamento de esterilização que não deseja implicaria condicionar o pleno exercício da vida 
privada, entre eles o da vida privada (art. 11.2, CADH), a escolher livremente as opções que dão sentido à 
sua existência (art. 7º, CADH) e implicaria na renúncia ao pleno gozo de seu direito à integridade pessoal. 
4.4 Direito à Orientação Sexual 
Na atualidade, existem diversas formas de se materializarem vínculos familiares que não se limitam 
às relações fundadas no matrimônio. 
Apesar de o art. 17.2 da CADH tratar literalmente do direito do homem e da mulher contraírem 
matrimônio e fundar uma família, a Corte IDH entende que esta não seria a única forma de constituição de 
uma família, mas apenas uma das opções protegidas pela própria CADH, devendo os tratados de direitos 
humanos serem interpretados como instrumentos vivos que devem acompanhar a evolução dos tempos e 
das condições de vida atuais. 
Nesse passo, uma interpretação que exclui a proteção interamericana do vínculo afetivo de pessoas 
do mesmo sexo frustraria o objeto e a finalidade da Convenção, que são os direitos fundamentais dos seres 
humanos sem distinção alguma. 
A Corte IDH e a Corte Europeia coincidem ao tratar da impossibilidade de interpretar que um casal 
do mesmo sexo não pode gozar de um vínculo familiar como poderia fazer um casal heterossexual. 
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4.4.1 Conceitos 
a. Sexo: Refere-se às diferenças biológicas entre homem e mulher, às suas características fisiológicas, à 
soma de características que definem o espectro de pessoas como homens e mulheres ou à construção 
biológica que se refere às características genéticas, hormonais, anatômicas e fisiológicas sobre como 
uma pessoa é classificada como macho ou fêmea. 
b. Sexo atribuído ao nascer: Esta ideia transcende o conceito de sexo como feminino e masculino e está 
associado à determinação de sexo como uma construção social, com base na percepção que outros têm 
sobre a genitália. 
c. Sistema binário de sexo/gênero: Modelo social e cultural dominante na cultura ocidental, considerando 
que o gênero e o sexo abarcam apenas duas categorias rígidas: homem/masculino e mulher/feminino. 
d. Intersexualidade: Situações em que a anatomia sexual de uma pessoa não se ajusta fisicamente aos 
padrões culturalmente definidos para o corpo masculino e feminino. A pessoa intersexual nasce com 
uma anatomia sexual, órgãos reprodutivos ou padrões cromossômicos que não se ajustam à definição 
típica de homem ou de mulher. 
e. Gênero: Refere-se às identidades, às funções e aos atributos construídos socialmente de mulher e 
homem e ao significado social e cultural que se atribui a estas diferenças biológicas. 
f. Identidade de gênero: Experiência interna, individual e profundamente sentida que cada pessoa tem 
em relação ao gênero, que pode, ou não, corresponder ao sexo atribuído no nascimento, incluindo-se 
aí o sentimento pessoal do corpo (que pode envolver, por livre escolha, modificação da aparência ou 
função corporal por meios médicos, cirúrgicos ou outros) e outras expressões de gênero, inclusive o 
modo de vestir-se, o modo de falar e maneirismos. 
g. Transgênero: Ocorre quando a identidade ou expressão de gênero de uma pessoa é diferente daquele 
que tipicamente é associado ao sexo designado no nascimento. 
h. Pessoa transexual: Sentem-se e concebem-se como pertencentes ao gênero oposto ao que social e 
culturalmente designa-se ao seu sexo biológico, adequando sua aparência física/biológica à sua 
realidade psíquica, espiritual e social. 
i. Pessoa travesti: Manifesta uma expressão de gênero, seja de maneira transitória, seja de maneira 
permanente, mediante a utilização de roupas e atitudes do gênero oposto que social e culturalmente 
são associados ao sexo. 
j. Pessoa cisgênero: A identidade de gênero da pessoa corresponde com o sexo designado ao nascer. 
k. Orientação sexual: Capacidade de cada pessoa de experimentar uma profunda atração emocional, 
afetiva ou sexual por indivíduos de gênero diferente, do mesmo gênero ou de mais de um gênero, assim 
como de ter relações íntimas e sexuais com essas pessoas; 
l. Homofobia: Temor, ódio, aversão irracional contra pessoas gays, lésbicas e bissexuais. 
m. Transfobia: Temor, ódio, aversão irracional contra pessoas transexuais. 
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n. Cisnormatividade: Ideia ou expectativa de que todas as pessoas são cisgênero e que aquelas que são 
designadas como sexo masculino ao nascer sempre crescem para ser homens e aquelas designadas com 
o sexo feminino crescem sempre para serem mulheres. 
o. Heteronormatividade: Viés cultural a favor das relações heterossexuais, consideradas normais, naturais 
e ideais, preferidas em relação às relações do mesmo sexo ou gênero. 
p. LGBTQIAPN+: Lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, queers, intersexuais, assexuais, pansexuais, não 
binários e outros, não se tratando de um rol taxativo, finito em si. 
4.5 Discriminação Histórica 
O grupo de pessoas LGBTQIAPN+ historicamente são vítimas de discriminação estrutural, 
estigmatização e diversas formas de violência e de violação aos seus direitos fundamentais, encontrando-
se particularmente expostos ao risco de violência física, psicológica e sexual no âmbito familiar e 
comunitário. 
Fato é que o grupo de pessoas LGBTQIAPN+ também sofrem discriminações oficiais, na forma de 
lei e políticas públicas que tipificam penalmente a homossexualidade, proíbem certas formas de emprego, 
negam acesso a benefícios públicos e discriminações extraoficiais, na forma de estigma social, exclusão e 
preconceito, inclusive no trabalho, na escola, em casa e nos estabelecimentos de saúde. 
Atualização: Sigla LGBTQIAPN+ abrange as lésbicas, os gays, os bissexuais, os transexuais, 
os queers, os intersexuais, os assexuais, os pansexuais, os não binários e mais (ou seja, não 
se trata de um rol taxativo, finito em si). 
4.6 Soft Law 
4.6.1 Princípios De Yogyakarta 
Conforme já dito não existe, até o presente momento, um tratado internacional de direitos 
humanos que trate sobre os direitos das pessoas LGBTQIAPN+, aplicando-se a estes grupos as normativas 
gerais – CADH, PIDCP, PIDESC – que trazem obrigações gerais dos Estados de não discriminação. 
Trata-se de Princípios sobre a aplicação da legislação internacional de direitos humanos em relação 
à orientação sexual e identidade de gênero, derivados de uma reunião de especialistas estudiosos da 
orientação sexual, sendo uma declaração feita por especialistas sem força cogente sobre os Estados. 
O caráter é de soft law, servindo como um vetor de interpretação dos direitos humanos para lidar 
com os conflitos envolvendo direitos das pessoas LGBTQIAPN+. Foram extraídos direitos civis, políticos, 
econômicos e sociais e realizado um recorte para os direitos de orientação sexual e identidade de gênero. 
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DELEGADO DEdiversos da conjunção carnal. A que segurou é coautora da que praticou os atos, sendo esta 
autora. Caso alguém a tivesse instigado, até mesmo via WhatsApp, por exemplo, seria partícipe. 
Autoria mediata: garoto convence irmão doente mental a estuprar uma mulher. Ele é autor mediato 
do estupro, tendo se valido de inimputável para a prática do crime. 
Caiu na prova Delegado PC-MS (2021) É possível a responsabilização criminal por estupro de vulnerável (art. 
217-A, CP) daquele que incita terceiro a praticar atos libidinosos, em face de vítima infante, mediante envio 
de imagens via aplicativo virtual, a fim de satisfazer a própria lascívia. (item correto). O mentor 
intelectual dos atos libidinosos responde pelo crime de estupro de vulnerável. O estupro de vulnerável se 
consuma com a prática de qualquer ato de libidinagem ofensivo à dignidade sexual da vítima. Para que se 
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configure ato libidinoso, não se exige contato físico entre ofensor e vítima. Assim, doutrina e jurisprudência 
sustentam a prescindibilidade do contato físico direto do réu com a vítima, a fim de priorizar o nexo causal 
entre o ato praticado pelo acusado, destinado à satisfação da sua lascívia, e o efetivo dano à dignidade sexual 
sofrido pela ofendida. STJ. 6ª Turma. HC 478.310, Rel. Min. Rogério Schietti, julgado em 09/02/2021 (Info 
685). 
Caiu na prova Delegado - PCPB (2022) A contemplação lasciva configura ato libidinoso constitutivo de 
estupro e de estupro de vulnerável, sendo irrelevante, para a consumação dos delitos, que haja contato físico 
entre ofensor e vítima. (item correto). 
d) Objeto jurídico: Crime pluriofensivo: 
✔ Liberdade sexual 
✔ Integridade física (se praticado com violência) 
✔ Liberdade individual (se praticado com grave ameaça). 
e) Objeto material: Pessoa que sofre o constrangimento. 
f) Tipo objetivo: Pune os atos de libidinagem com violência ou grave ameaça. A conduta incriminada no atual 
tipo penal é constranger, ou seja, tolher a liberdade. O constrangimento de forma isolada configura o crime 
de constrangimento ilegal, é o meio para a prática de conjunção carnal ou outro ato libidinoso, sem o 
consentimento da vítima. 
● Os atos de libidinagem é o gênero que tem como espécies a conjunção carnal e outros atos 
libidinosos diversos (sexo oral, sexo anal etc.). 
Quando a lei diz “ou outro ato libidinoso diverso”, está autorizando interpretação analógica, ou seja, o 
intérprete vai analisar se o ato praticado viola o bem jurídico do mesmo modo que a conjunção carnal. 
● Para ser estupro, o meio de execução tem que ser violência ou grave ameaça! Ausentes tais meios 
executórios, poderá caracterizar outro crime contra a dignidade sexual, mas não estupro. 
● O constrangimento pode ocorrer de duas formas: violência (vis absoluta) violência real, o emprego 
de força física, ou grave ameaça (vis relativa) sendo esta a violência moral, consistente em promessa 
de mal grave, capaz de aterrorizar a vítima, de modo a tolher sua liberdade sexual. 
● A jurisprudência e doutrina majoritária entendem que o crime de estupro DISPENSA o contato físico 
entre o sujeito ativo e passivo. Ex.: Comete crime o agente que, para satisfazer sua lascívia, obriga a 
vítima a se masturbar enquanto a contempla. 
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Atenção na juris sobre o tema grave ameaça: 
A simulação de arma de fogo pode sim configurar a “grave ameaça”, para os fins 
do tipo do art. 213 do Código Penal. STJ. 6ª Turma. REsp 1.916.611-RJ, Rel. Min. 
Olindo Menezes (Desembargador convocado do TRF 1ª Região), julgado em 
21/09/2021 (Info 711). Segundo o STJ, a simulação de arma de fogo pode sim 
configurar a “grave ameaça”. Isso porque a “grave ameaça” deve ser analisada com 
base no sentimento unilateral que é provocado no espírito da vítima subjugada. A 
existência de grave ameaça não depende do risco objetivo e concreto a que a vítima 
foi efetivamente submetida. 
Atenção! Stealthing (dissimulação) ocorre quando alguém retira o preservativo durante a relação sexual 
sem o consentimento do parceiro. 
Na Suíça há precedente capitulando como crime de estupro, tendo em vista que a retirada do preservativo 
durante o ato sexual, sem que a outra pessoa percebesse, caracterizou um vício de consentimento tornando 
a conduta criminosa. 
No Brasil, é necessário analisar o caso concreto: 
1) se o ato sexual é consentido e, durante o ato, o agente retira o preservativo e, mesmo diante da negativa 
reiterada do parceiro, continua a prática sexual usando violência ou grave ameaça - estupro 
2) se o ato sexual é consentido, desde que mediante o uso de preservativo, mas o agente sorrateiramente 
retira a proteção e continua até a sua finalização, sem que o parceiro perceba, não há crime de estupro pois 
ausente a V/GA, podendo caracterizar o art. 215, CP, em razão da fraude. (Estelionato sexual) 
Análise, ainda, a jurisprudência pertinente sobre o tema: 
O crime de estupro é tipo misto alternativo 
O estupro (art. 213 do CP), com redação dada pela Lei 12.015/2009, é tipo penal 
misto alternativo. Logo, se o agente, no mesmo contexto fático, pratica conjunção 
carnal e outro ato libidinoso contra uma só vítima, pratica um só crime do art. 213 
do CP. (Des. Conv. TJ/SE), julgado em 24/04/2014 (Info 543). 
Beijo roubado em contexto de violência física pode caracterizar estupro 
O agente abordou de forma violenta e sorrateira a vítima com a intenção de 
satisfazer sua lascívia, o que ficou demonstrado por sua declarada intenção de 
"ficar" com a jovem – adolescente de 15 anos – e pela ação de impingir-lhe, à força, 
um beijo, após ela ser derrubada ao solo e mantida subjugada pelo agressor, que a 
imobilizou pressionando o joelho sobre seu abdômen. Tal conduta configura o 
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https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/411ae1bf081d1674ca6091f8c59a266f?categoria=11&subcategoria=108
https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/205c3608ecb984c1f5f5d2f52c934428?categoria=11&subcategoria=108
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delito do art. 213, § 1º do CP. STJ. 6ª Turma. REsp 1611910-MT, Rel. Min. Rogerio 
Schietti Cruz, julgado em 11/10/2016 (Info 592). 
g) Elemento subjetivo: Dolo + finalidade específica de agir (que é o que difere do delito de constrangimento 
ilegal). 
h) Consumação e tentativa: 
● Crime material - O crime se consuma com a prática da conjunção carnal ou dos atos libidinosos. 
● Tentativa: admite. 
Questões controversas: 
Beijo lascivo (dotado de conotação sexual) pode ser considerado ato libidinoso? Embora seja um tema 
controverso, prevalece que sim. Inclusive, o STJ tem decisões no sentido de que a simples contemplação 
lasciva já configura o “ato libidinoso” descrito nos arts. 213 e 217-A do Código Penal, sendo irrelevante, para
a consumação dos delitos, que haja contato físico entre ofensor e ofendido. 
STJ: A conduta de contemplar lascivamente, sem contato físico, mediante 
pagamento, menor de 14 anos desnuda em motel pode permitir a deflagração da 
ação penal para a apuração do delito de estupro de vulnerável. Segundo a posição 
majoritária na doutrina, a simples contemplação lasciva já configura o “ato 
libidinoso” descrito nos arts. 213 e 217-A do Código Penal, sendo irrelevante, para 
a consumação dos delitos, que haja contato físico entre ofensor e ofendido. STJ. 5ª 
Turma. RHC 70.976-MS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 2/8/2016 (Info 
587). 
INFO STJ 742: Presente o dolo específico de satisfazer à lascívia, própria ou de 
terceiros, a prática de ato libidinoso com menor de 14 anos configura o crime de 
estupro de vulnerávelPOLÍCIA 
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O foco dos princípios é reconhecer a identidade de gênero e a orientação sexual como elementos 
necessários à dignidade da pessoa humana, bem como combater a discriminação. 
Os princípios trazem a obrigação dos Estados de adotarem medidas legislativas, administrativas e de 
qualquer outra espécie que sejam necessárias para respeitar plenamente e reconhecer legalmente o direito 
de cada pessoa à identidade de gênero que ela defina para si. 
Os fundamentos da edição dos Princípios são a preocupação com a violência, assédio, discriminação, 
exclusão, estigmatização e preconceito dirigidos contra pessoas em todas as partes do mundo por causa de 
sua orientação sexual ou identidade de gênero. 
Além disto, estipulam que ninguém será obrigado a se submeter a procedimentos médicos, incluindo 
esterilização, cirurgia de redesignação de sexo e terapia hormonal como requisito para o reconhecimento 
legal de sua identidade de gênero. 
São direitos tutelados neste documento internacional, no corpo dos seus 29 artigos: 
PRINCÍPIO 1. Direito ao Gozo Universal dos Direitos Humanos; 
PRINCÍPIO 2. Direito à Igualdade e a Não-Discriminação; 
PRINCÍPIO 3. Direito ao Reconhecimento Perante a Lei; 
PRINCÍPIO 4. Direito à Vida; 
PRINCÍPIO 5. Direito à Segurança Pessoal; 
PRINCÍPIO 6. Direito à Privacidade; 
PRINCÍPIO 7. Direito de Não Sofrer Privação Arbitrária da Liberdade; 
PRINCÍPIO 8. Direito a um Julgamento Justo; 
PRINCÍPIO 9. Direito a Tratamento Humano durante a Detenção 
PRINCÍPIO 10. Direito de Não Sofrer Tortura e Tratamento ou Castigo Cruel, Desumano e Degradante; 
PRINCÍPIO 11. Direito à Proteção Contra todas as Formas de Exploração, Venda ou Tráfico de Seres 
Humanos; 
 PRINCÍPIO 12. Direito ao Trabalho; 
PRINCÍPIO 13. Direito à Seguridade Social e outras Medidas de Proteção Social; 
PRINCÍPIO 14. Direito a um Padrão de Vida Adequado; 
PRINCÍPIO 15. Direito à Habitação Adequada; 
PRINCÍPIO 16. Direito à Educação; 
PRINCÍPIO 17. Direito ao Padrão mais Alto Alcançável de Saúde; 
PRINCÍPIO 18. Proteção contra Abusos Médicos; 
PRINCÍPIO 19. Direito à Liberdade de Opinião e Expressão; 
PRINCÍPIO 20. Direito à Liberdade de Reunião e Associação Pacíficas; 
PRINCÍPIO 21. Direito à Liberdade de Pensamento, Consciência e Religião; 
PRINCÍPIO 22. Direito à Liberdade de Ir e Vir; 
PRINCÍPIO 23. Direito de Buscar Asilo; 
PRINCÍPIO 24. Direito de Constituir uma Família; 
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PRINCÍPIO 25. Direito de Participar da Vida Pública; 
PRINCÍPIO 26. Direito de Participar da Vida Cultural; 
PRINCÍPIO 27. Direito de Promover os Direitos Humanos; 
PRINCÍPIO 28. Direito a Recursos Jurídicos e Medidas Corretivas Eficazes; e 
PRNCÍPIO 29. Responsabilização (“Accountability”). 
CAIU EM PROVA: 
→ (VUNESP/2022/PC-SP/Delegado de Polícia) Um grupo eminente de especialistas em direitos humanos 
preparou um documento preliminar, desenvolveu, discutiu e refinou. Depois de uma reunião de 
especialistas, realizada na Universidade Gadjah Mada, entre 6 e 9 de novembro de 2006, 29 eminentes 
especialistas de 25 países, com experiências diversas e conhecimento relevante das questões da legislação 
de direitos humanos, adotaram por unanimidade regras sobre a Aplicação da Legislação Internacional de 
Direitos Humanos em relação à Orientação Sexual e Identidade de Gênero. O relator da reunião, professor 
Michael O’Flaherty, deu uma contribuição imensa. Tais regras possuem um amplo espectro de normas de 
direitos humanos e de sua aplicação a questões de orientação sexual e identidade de gênero. É correto 
afirmar que o enunciado se refere
a) aos Princípios de Yogyakarta.
b) às Regras de Bangkok.
c) ao Estatuto de Roma.
d) às Regras de Tóquio.
e) à Convenção Americana de Direitos Humanos. 
Comentários:
a) Correta. Trata-se dos Princípios Sobre A Aplicação Da Legislação Internacional De Direitos Humanos Em 
Relação À Orientação Sexual E Identidade De Gênero. 
b) Incorreta. Trata-se das Regras Das Nações Unidas Para O Tratamento De Mulheres Presas E Medidas Não 
Privativas De Liberdade Para Mulheres Infratoras. 
c) Incorreta. O Estatuto de Roma tutela o Tribunal Penal Internacional. 
d) Trata-se de Regras Mínimas Padrão Das Nações Unidas Para A Elaboração De Medidas Não Privativas De 
Liberdade. 
e) Incorreta. Trata-se da principal Convenção do Sistema Interamericano de Proteção dos Direitos Humanos. 
Gabarito: Alternativa a. 
4.6.2 Princípios De Yogyakarta+10 
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Em 10 de novembro de 2017 foram aprovados, em Genebra, os Princípios de Yogyakarta + 10, que 
se tratam de 10 Princípios e Obrigações Estatais Adicionais aos Princípios de Yogyakarta originais, que se 
consubstanciam em: 
PRINCÍPIO 30: Direito à Proteção do Estado; 
PRINCÍPIO 31: Direito ao Reconhecimento Legal; 
PRINCÍPIO 32: Direito à Integridade Corporal e Mental; 
PRINCÍPIO 33: Direito de Viver Livre de Qualquer Forma de Criminalização ou Sanção baseadas na 
orientação sexual, na identidade de gênero, na expressão de gênero e nas características sexuais; 
PRINCÍPIO 34: Direito à Proteção contra a Pobreza; 
PRINCÍPIO 35: Direito ao Saneamento; 
PRINCÍPIO 36: Direito de Desfrutar dos Direitos Humanos em relação às Tecnologias da Informação 
e da Comunicação; 
PRINCÍPIO 37: Direito à Verdade; e 
PRINCÍPIO 38: Direito de Praticar, Proteger, Preservar e Viver a Diversidade Cultural. 
5. DIREITOS DAS PESSOAS RECLUSAS 
Em relação aos Direitos dos Reclusos, não existem Tratados Internacionais que os tutelem 
especificamente. Entretanto, há documentos de soft law, que são consideradas meras recomendações e não 
têm força vinculante. 
5.1 Soft Law 
5.1.1 Regras Mínimas Das Nações Unidas Para O Tratamento De Reclusos 
As Regras Mínimas das Nações Unidas para o Tratamento de Reclusos (Regras de Mandela) foram 
adotadas pelo I Congresso das Nações Unidas para a Prevenção do Crime e para o Tratamento de 
Delinquentes, realizada em Genebra, em 31 de agosto de 1955. Em maio de 2015, foram atualizadas pela 
Comissão das Nações Unidas sobre Prevenção do Crime e Justiça Criminal, tendo tais atualizações sido 
aprovadas pela Assembleia Geral da ONU. 
As Regras Mínimas possuem natureza de soft law, que consiste no conjunto de normas não 
vinculantes de Direito Internacional, mas que podem ser transformadas em normas vinculantes 
posteriormente. Dessa forma, servem como meras recomendações aos Estados, não possuindo caráter 
vinculante. 
São compostas por 122 artigos, que estão divididos em 3 seções: observações preliminares, regras 
de aplicação (Parte I, Regras 1 a 85) e regras aplicáveis a categorias especiais (Parte II, Regras 86 a 122). 
Em relação às observações preliminares, afirma-se que as regras não pretendem descrever em 
pormenor um modelo de sistema prisional. Procuram unicamente, com base no consenso geral do 
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pensamento atual e nos elementos essenciais dos sistemas contemporâneos mais adequados, estabelecer o 
que geralmente se aceita como sendo bons princípios e práticas no tratamento dos reclusos e na gestão dos 
estabelecimentos prisionais. 
Em relação às regras de aplicação, a primeira parte trata de matérias relativas à administração geral 
dos estabelecimentos prisionais e é aplicável a todas as categorias de reclusos, dos foros criminal ou civil, em 
regime de prisão preventiva ou já condenados, incluindo os que estejam detidos por aplicação de “medidas 
de segurança” ou que sejam objeto de medidas de reeducação ordenadas por um juiz. 
Já(art. 217-A do CP), independentemente da ligeireza ou da
superficialidade da conduta, não sendo possível a desclassificação para o delito de
importunação sexual (art. 215-A do CP).REsp 1.959.697-SC, Rel. Min. Ribeiro 
Dantas, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 08/06/2022. (Tema 1121) 
STF: Um homem beijou uma criança de 5 anos de idade, colocando a língua no 
interior da boca. O STF entendeu que essa conduta caracteriza o chamado “beijo 
lascivo”, havendo, portanto, a prática do crime de estupro de vulnerável, previsto 
no art. 217-A do Código Penal. Não é possível desclassificar essa conduta para a 
contravenção penal de molestamento (art. 65 do Decreto-Lei nº 3.668/41). Para 
determinadas idades, a conotação sexual é uma questão de poder, mais 
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https://processo.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/toc.jsp?livre=%28RESP.clas.+e+%40num%3D%221959697%22%29+ou+%28RESP+adj+%221959697%22%29.suce.
http://www.stj.jus.br/repetitivos/temas_repetitivos/pesquisa.jsp?novaConsulta=true&tipo_pesquisa=T&cod_tema_inicial=1121&cod_tema_final=1121
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precisamente de abuso de poder e confiança. No caso concreto, estão presentes a 
conotação sexual e o abuso de confiança para a prática de ato sexual. Logo, não há 
como desclassificar a conduta do agente para a contravenção de molestamento 
(que não detém essa conotação sexual). O art. 227, § 4º, da CF/88 exige que a lei 
imponha punição severa à violação da dignidade sexual da criança e do 
adolescente. Além do mais, a prática de qualquer ato libidinoso diverso ou a 
conduta de manter conjunção carnal com menor de 14 anos se subsome, em regra, 
ao tipo penal de estupro de vulnerável, restando indiferente o consentimento da 
vítima. STF. 1ª Turma. HC 134591/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. 
Min. Alexandre de Moraes, julgado em 1/10/2019 (Info 954). 
Inseminação artificial forçada: caso não haja prática sequer de ato libidinoso, não há estupro. 
Restará configurado mero constrangimento ilegal, vez que o estupro exige conjunção carnal ou ato 
libidinoso diverso. Assim, caso o ato resulte em gravidez, a situação não estaria inclusa na hipótese 
em que não se pune o aborto. 
Estupro X Impotência sexual: é possível a ocorrência do estupro mesmo que o sujeito ativo tenha 
disfunção erétil, já que hoje atos libidinosos diversos da conjunção carnal também configuram 
estupro. 
A violência ou grave ameaça podem ser exercidas contra terceira pessoa, para obrigar a vítima a 
ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso? A 
doutrina majoritária entende que sim, por ser uma terrível forma de constrangimento. 
Caso o agente obrigue a vítima a presenciar/assistir ato sexual seu com terceira pessoa será 
caracterizado estupro? NÃO. Caso a vítima seja maior de 14 anos, o crime será de importunação 
sexual (art. 215-A, CP), ou constrangimento ilegal (art. 146) se houver o emprego de violência ou 
grave ameaça. Caso seja menor de 14, o crime será o do art. 218-A do CP: satisfazer a lascívia 
mediante a presença de criança ou adolescente. 
Dissenso da vítima: Caso o ato sexual se inicie contra a vontade da vítima, mas durante a vítima 
concorde e termine consentido, resta desconfigurado o estupro. Por outro lado, caso o ato sexual se 
inicie com o consentimento das duas partes, mas durante o ato, por uma razão qualquer um dos 
envolvidos não queira continuar, exige-se da outra parte que seja cessada a sua atuação, sob pena 
de caracterizar o tipo penal aqui estudado. 
1.1.2 Qualificadoras 
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§1º - Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor
de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) 
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) 
§2º - Se da conduta resulta morte: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) 
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) 
a) Estupro qualificado pela idade da vítima: Aqui o artigo refere-se à vítima maior de 14 anos e menor de 18 
anos. Isso porque, se a vítima for menor de 14 anos, o crime praticado será estupro de vulnerável. Quanto a 
idade da vítima, para a caracterização qualificada do delito, é necessário que o agente tenha ciência da idade, 
sob pena de não incidir a qualificadora, pois veda-se a responsabilidade objetiva. 
b) Estupro qualificado pela lesão corporal grave ou morte: Em ambos os casos o resultado gravoso deve ser 
preterdoloso. Se o agente teve dolo de realmente matar, por exemplo, responderá por estupro + homicídio 
em concurso. 
1.2 Violação Sexual Mediante Fraude (Art. 215) 
Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude
ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima: 
(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 
2009) 
Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, 
aplica-se também multa. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) 
a) Classificação: Crime de elevado potencial ofensivo, bicomum, material, de forma livre, comissivo, 
instantâneo de dano, unissubjetivo e plurissubsistente. 
b) Nomenclatura: Também chamado pela doutrina de “estelionato sexual”, justamente porque há o 
emprego da FRAUDE. 
● Ou seja: Aqui não há violência ou grave ameaça, mas apenas fraude ou outro meio que impeça ou
dificulte a livre manifestação de vontade da vítima. 
● Mediante fraude: ardil, engodo, artifício: é o caso do sujeito que se passe por seu irmão gêmeo 
univitelino para ter relação sexual com a namorada deste, a mantendo em erro. 
● Por outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação da vontade da vítima: trata-se de uma 
fórmula que permite a interpretação analógica, a partir do paradigma fraude. 
● Quais seriam esses “outros meios” além da fraude? 
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Conforme a doutrina, pode ser a embriaguez moderada e o temor reverencial – que embora não 
constitua ameaça, gere sensação de medo. 
💣 Cuidado: A fraude utilizada não pode anular completamente a capacidade de resistência da vítima, 
pois, caso assim ocorra, o delito será de estupro de vulnerável. 
Violação sexual mediante fraude (art. 215) Estupro de Vulnerável (art. 217-A) 
Vítima consciente, com capacidade de discernir, 
porém, com falsa percepção da realidade. 
Ausência de capacidade de discernimento para a 
prática do ato. 
Há capacidade de resistência, que pode ser 
manifestada quando compreendida a fraude. 
Não há capacidade de resistência. 
Presumidamente capaz, porém, com consentimento 
falho. 
Presumidamente incapaz de consentir. 
Consentimento inválido. 
c) Objeto jurídico: liberdade sexual. 
d) Elemento subjetivo: dolo + elemento subjetivo específico. 
Ex.: irmão gêmeo que se faz passar pelo outro irmão para ter relação sexual com a namorada dele. 
e) Consumação e tentativa: 
● Crime material - O delito consuma-se com a prática do ato de libidinagem. 
● Doutrina majoritária – é um tipo misto alternativo 
● Admite-se a tentativa. 
Obs.: Caso o agente busque com o ato auferir alguma vantagem econômica, aplica-se também a pena de 
multa. Ex. dado por Nucci: mulher que deseje engravidar de um milionário, motivo pelo qual, embriagando-
o, não completamente, termina por manter a relação sexual, sem preservativo, buscando, sem dúvida, 
vantagem econômica, ainda que por meio da criança (pensão alimentícia ou herança). 
1.3 Importunação Sexual (Art. 215-A) 
Praticarcontra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de 
satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro: (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018) 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato não constitui crime mais grave. 
(Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018) 
a) Introdução 
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Trata-se de tipo penal introduzido no CP em 2018, como forma de resposta mais grave que a antiga 
contravenção penal de importunação ofensiva ao pudor e menos grave que o estupro. 
Abrange condutas intermediárias como os casos de homens que se masturbavam e ejaculavam em 
mulheres em metrôs, por exemplo, que ganharam notoriedade nos veículos de comunicação recentemente. 
Note que não há violência ou grave ameaça. 
b) Classificação: Trata-se de crime de médio potencial ofensivo, bicomum, material, comissivo, de forma 
livre, de dano, instantâneo, unissubjetivo e plurissubsistente. Não é hediondo. 
c) Sujeitos do crime: trata-se de crime comum. 
Cuidado: só pode anuir quem tem idade igual ou maior que 14 anos. Caso a vítima seja menor de 14, 
o crime é de estupro de vulnerável. 
Atenção para a majoração de pena prevista no art. 226, II, CP. 
d) Conduta – Núcleo verbal é praticar ato libidinoso, contra alguém e sem sua anuência. 
● O tipo penal contém subsidiariedade expressa: aplicam-se as penas da importunação sexual se a 
conduta não caracteriza crime mais grave. 
● O tipo exige que o ato libidinoso seja praticado contra alguém. Ou seja: pressupõe pessoa específica 
a quem se dirige o ato de autossatisfação. 
Nesse sentido a doutrina de Victor Eduardo Rio Gonçalves: "o ato seja praticado contra alguém e não com 
alguém, de modo que o contato físico não é imprescindível. É necessário, porém, que a conduta seja 
direcionada especificamente a uma ou algumas pessoas” 
● É essa pessoa determinada que diferencia o crime de importunação sexual do crime de ato obsceno: 
Importunação sexual x Ato obsceno 
O crime de ato obsceno que, no caso concreto, poderia ser confundido com a importunação sexual. Vamos 
comparar os dois crimes: 
IMPORTUNAÇÃO SEXUAL ATO OBSCENO 
Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a sua 
anuência ato libidinoso com o objetivo de 
satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro: 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o 
ato não constitui crime mais grave. 
Art. 233. Praticar ato obsceno em lugar público, 
ou aberto ou exposto ao público: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou 
multa. 
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O sujeito passivo é determinado (uma pessoa 
determinada ou um grupo de pessoas 
determinado). 
Sujeito passivo é a coletividade (crime vago). 
Exige-se um elemento subjetivo especial. O 
agente pratica a conduta “com o objetivo de 
satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro”. 
O elemento subjetivo é o dolo, não se exigindo 
do sujeito nenhuma finalidade específica. 
A conduta não precisa ter sido praticada em 
lugar público, ou aberto ou exposto a público. Ex: 
pode ser praticado no interior de uma casa. 
Para que o crime se configure, é indispensável 
que o ato obsceno tenha sido praticado em lugar 
público, ou aberto ou exposto ao público. 
Para que o crime se configure, é indispensável 
que o ato libidinoso tenha sido praticado contra 
alguém que não concordou com isso. A análise 
da anuência ou não da pessoa atingida é 
fundamental. 
Não importa se houve ou não anuência das 
pessoas que estavam presentes. Se o ato 
obsceno foi praticado em lugar público, ou 
aberto ou exposto ao público, haverá o crime. 
Infração de médio potencial ofensivo. Infração de menor potencial ofensivo. 
● Com sua introdução, foi revogado o artigo 61 da Lei de Contravenções Penais (continuidade 
normativo-típica, mediante lei penal mais gravosa, que não retroage). 
CAIU NA DISCURSIVA – DELEGADO DE POLÍCIA – GOIÁS (2023) 
Determinado sujeito desconhecido foi preso em flagrante após ter apalpado os seios de uma mulher dentro 
de um ônibus-lotação. Ambos estavam de pé no veículo que se movia em direção ao centro da cidade. Sem 
que a vítima pudesse antever sua conduta nem pudesse defender-se do ato, o agente aproximou-se por trás 
e, por alguns segundos, abraçou-a pelas costas, pressionando suas mãos contra o busto da mulher. Dois 
homens ouviram os reclamos da vítima e intercederam em sua proteção, imobilizando o autor do fato e 
acionando a Polícia Militar, que interceptou o veículo logo em seguida. Na ocasião, foi dada voz de prisão em 
flagrante pelo crime de "assédio sexual". Após audiência de custódia, o agente foi solto pelo juízo 
competente, que homologou a prisão e instituiu sobre ele monitoração eletrônica como medida cautelar. 
Sobre esses fatos, responda: 
a) A classificação do fato como crime de assédio sexual foi correta? Fundamente; 
b) Diferencie a tipicidade objetiva entre os delitos de estupro simples e importunação sexual. 
RESPOSTA: A prisão em flagrante incorreu em erro de classificação, pois o delito praticado pelo autor não foi 
o de assédio sexual, mas de importunação sexual. O assédio sexual é uma espécie de extorsão sexual 
praticada prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao 
exercício de emprego, cargo ou função. No caso, o agente não era superior ou ascendente da vítima, mas 
desconhecido dela. 
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No estupro simples, o ato libidinoso é cometido com violência ou grave ameaça, visando a realização do ato 
sexual, devendo ser feita em momento anterior ou simultâneo ao ato, enquanto na importunação sexual tais 
elementos normativos estão ausentes, bastando que o sujeito ativo pratique contra a vontade da vítima ato 
libidinoso visando a satisfação de sua lascívia. Ou seja, no estupro simples, a discordância da vítima é 
superada pelo emprego de violência ou grave ameaça, e na importunação sexual basta o seu dissenso, seu 
não consentimento. 
CESPE/2019 (Adaptada): Praticar ato obsceno em praça pública, ainda que sem a intenção de ultrajar alguém 
específico, configura crime de importunação sexual, que, por equiparação, é considerado hediondo. Item 
incorreto 
e) Elemento subjetivo: dolo genérico + dolo específico (o crime exige a finalidade específica de satisfazer a 
própria lascívia ou de terceiro). 
Fique atento à jurisprudência pertinente: 
Não é possível desclassificar crime de estupro de vulnerável para o delito de 
importunação sexual Não é possível a desclassificação da figura do estupro de 
vulnerável (art. 217-A do CP) para o crime do art. 215-A do CP (importunação 
sexual). Isso porque o tipo penal do art. 215-A é praticado sem violência ou grave 
ameaça e o delito do art. 217-A inclui a presunção absoluta de violência ou grave 
ameaça, por se tratar de menor de 14 anos. STJ. 3ª Seção. AgRg na RvCr 4.969/DF, 
Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 26/06/2019. O STJ afirma que 
não é possível a desclassificação da figura do estupro de vulnerável para o art. 215-
A do Código Penal, uma vez que referido tipo penal é praticado sem violência ou 
grave ameaça, e o tipo penal do art. 217-A do Código Penal inclui a presunção 
absoluta de violência ou grave ameaça, por se tratar de menor de 14 anos. 
1.4 Assédio Sexual (Art. 216-A) 
Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, 
prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência 
inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função. 
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos. 
§2º- A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos. 
a) Classificação: Crime demenor potencial ofensivo na modalidade simples. Crime de forma livre, comissivo, 
instantâneo, de dano, unissubjetivo e pode ser unissubsistente ou plurissubsistente. 
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https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/f752582986d70327ae2e8dd9aea7f976?categoria=11&subcategoria=108
https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/f752582986d70327ae2e8dd9aea7f976?categoria=11&subcategoria=108
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b) Bem jurídico tutelado: A liberdade sexual, bem como a intimidade e dignidade das pessoas que estão em 
situação de desigualdade em face de inferioridade hierárquica ou descendência inerente ao exercício de 
emprego, cargo ou função. 
c) Tipo subjetivo: Tipo doloso, sem previsão de modalidade culposa. 
● Dolo 
● Elemento subjetivo especial do tipo -"com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual". 
d) Sujeitos: crime bipróprio 
● Sujeito ativo: superior hierárquico ou ascendente em relação profissional 
● Sujeito passivo - subordinado ou empregado de menor escalão. 
Obs.: Tanto o sujeito ativo como o passivo pode ser homem ou mulher 
e) Tipo objetivo: O tipo penal consiste em constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou 
favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência 
inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função. Para o autor Rogério Sanches entende que o significado 
de constrangimento aqui é a insistência inoportuna. 
1. O autor Guilherme Nucci diferencia superioridade hierárquica e ascendência: 
- Superioridade hierárquica: relação funcional, ou seja, de trabalho no âmbito da Administração pública. 
- Ascendência: relação de trabalho no âmbito privado. 
2. Para os autores Bitencourt e Luiz Regis Prado conceituam os elementos da seguinte forma: 
- Superioridade hierárquica: envolve relação laboral, tanto no âmbito do direito público quanto da 
iniciativa privada, em que há um escalonamento da carreira em graus, com subordinação de uns aos 
outros. 
- Ascendência: relação de domínio respeitoso, de situação de influência ou mesmo de temor reverencial. 
Adotada a segunda posição, enquadra-se na relação de ascendência a relação entre professor e aluno e a 
de membro de organização religiosa e seu sacerdote. 
1. Relação líder espiritual x fiel 
É pacífico na doutrina e jurisprudência que se trata de Fato atípico, não configurando crime de 
assédio sexual. Apesar da relação de superioridade na esfera de liderança espiritual, não há assédio sexual 
na relação entre líder espiritual (padre, pastor etc.). Para o autor Masson os líderes religiosos gozam do
respeito e até mesmo da subserviência irrestrita dos seus seguidores, proporcionados sobretudo pela fé.
Todavia, não há relação entre eles relação inerente a cargo, emprego ou função. Consequentemente o 
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constrangimento do líder religioso dirigido a um fiel, com intuito de obter vantagens ou favorecimento
sexual, não acarreta o crime tipificado no art. 216-A do CP, sem prejuízo do delito de estupro a ser avaliado 
no caso concreto.
2. Professor x Aluno? 
É possível a configuração de delito de assédio sexual na relação entre professor e aluno (Resp. 
1.759.135/SP, 6a Turma, julgado em 01/10/2019). "Por ocasião do julgamento do REsp n. 1.759.135/SP, que 
manteve a condenação de um professor por assédio sexual contra uma aluna, concluiu-se ser "patente a 
aludida ascendência, em virtude da função desempenhada pelo agente devido à atribuição que tem o 
professor de interferir diretamente na avaliação e no desempenho acadêmico do discente, contexto que lhe 
gera, inclusive, o receio da reprovação; [...] a ascendência constante do tipo penal objeto deste recurso não 
deve se limitar à ideia de relação empregatícia entre as partes" (STJ, REsp 1730287/SC, Rel. Min. Rogerio 
Schietti Cruz, Sexta Turma, DJe 19/12/2019) 
Caiu em prova! Delegado PC-PB (2022) Pelo princípio da legalidade, não é possível a configuração do crime 
de assédio sexual na relação entre professor e aluno bem como entre líder religioso e fiel, por ser elemento 
do tipo penal a subordinação laboral. (item incorreto) Como visto acima, é possível a configuração de 
assédio sexual na relação professor e aluno. Líder religioso e fiel ainda é divergente na doutrina, 
prevalecendo que não se configura tal tipo penal. 
f) Consumação: Ocorre a consumação do crime com a prática do ato constrangedor, independentemente da 
obtenção de favor sexual.
Obs.: Doutrina minoritária entende ser crime habitual, que exige insistência para se consumar, mas não 
prevalece. 
Tentativa: admissível na forma plurissubsistente. 
1.5 Da Exposição da Intimidade Sexual 
REGISTRO NÃO AUTORIZADO DA INTIMIDADE SEXUAL (ART. 216-B) 
Produzir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, conteúdo com cena de 
nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado sem autorização dos 
participantes: (Incluído pela Lei nº 13.772, de 2018) 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e multa. 
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem realiza montagem em fotografia, 
vídeo, áudio ou qualquer outro registro com o fim de incluir pessoa em cena de 
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nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo. (Incluído pela Lei nº 13.772, de 
2018) 
Em que consiste o crime? 
O agente 
✔ produz (cria, financia) 
✔ ou registra (fotografa, filma, grava etc.) 
✔ cena de nudez 
✔ ou ato sexual ou libidinoso 
✔ de caráter íntimo e privado 
✔ sem autorização dos participantes. 
Preenche uma lacuna 
Conforme explica o grande penalista Rogério Sanches ao comentar o novo crime: 
“O tipo preenche a lacuna que existia em relação à punição da conduta de 
indivíduos que registravam a prática de atos sexuais entre terceiros. Foi grande a 
repercussão quando, em janeiro de 2018, um casal alugou um apartamento para 
passar alguns dias no litoral de São Paulo e, depois de se instalar, percebeu uma 
pequena luz atrás de um espelho que guarnecia o quarto. O inusitado sinal faz com 
que um deles vistoriasse o espelho e, espantado, descobrisse que ali havia uma 
câmera instalada. O equipamento foi imediatamente desligado e, logo em seguida, 
o casal recebeu uma ligação do proprietário do imóvel, que indagou se havia 
ocorrido algum problema, o que indicava que as imagens estavam sendo 
transmitidas em tempo real. 
Embora se tratasse de conduta violadora da intimidade e que inequivocamente 
dava ensejo a indenização por danos morais, o ato – não tão incomum – de quem
instalava um equipamento de gravação nas dependências de um imóvel para captar
imagens íntimas sem o consentimento dos ocupantes não se subsumia a nenhum
tipo penal. A partir de agora, é classificado como crime contra a dignidade 
sexual.”(Disponível em 
https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2018/12/20/brevescomentarios
-leis-13-76918-prisao-domiciliar-13-77118-feminicidio-e-13-77218-registro-nao-
autorizado-de-nudez-ou-ato-sexual/) 
a) Bem jurídico protegido 
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Tutela-se a dignidade sexual da vítima, especificamente no que concerne ao seu aspecto da intimidade 
sexual, compreendendo o recato sobre a prática de atos sexuais e sobre a própria nudez. 
Na figura do parágrafo único, a honra da vítima também é protegida. 
b) Sujeitos 
● Tanto o sujeito ativo como o sujeito passivo podem ser qualquer pessoa 
● Pode, inclusive, ser praticado por uma das pessoas que teve sua imagem registrada 
● Na hipótese de divulgaçãopornografia que envolva criança ou adolescente, haverá o crime do art. 
240 do ECA (princípio da especialidade) 
● Se houver pluralidade de vítimas registradas na mesma oportunidade – concurso formal perfeito de 
crimes 
c) Elemento subjetivo 
É o dolo. Não se exige especial fim de agir. 
Não admite modalidade culposa. 
d) Tipo objetivo 
● Núcleos do tipo: tipo misto alternativo 
✔ Produzir – levar a efeito, dar origem, criar 
✔ Fotografar – obter imagem pela fotografia 
✔ Filmar – registrar em um filme, gravar 
✔ Registrar – gravar 
3. CUIDADO - (NÃO ABRANGE AS CONDUTAS DE DIRIGIR E REPRODUZIR) 
● Crime instantâneo e de forma livre 
● Objeto material: cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado. 
∘ A nudez pode ser total ou parcial 
∘ Não há nudez em cenas meramente sensuais 
Considerações importantes sobre o tipo objetivo: 
1) Caráter íntimo e privado - A cena registrada deve ter sido praticada em caráter íntimo e privado. Se 
o agente filma um casal mantendo relações sexuais em uma praça, por exemplo, não configura o 
crime. 
2) Sem autorização dos participantes - Se há autorização, o fato é atípico, salvo em se tratando de 
criança ou adolescente, situação na qual configura o crime do art. 240 do ECA. 
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Vale ressaltar que, para não ser crime a autorização deve ter sido dada por todos os participantes. Se 
faltar a autorização de um dos participantes do ato, haverá crime. Imagine que Rodrigo irá manter 
relações sexuais com uma garota que conheceu na festa. Ele autoriza que seu irmão Ricardo, 
escondido, filme a cena. Ocorre que a garota não autorizou o registro. Obviamente, haverá crime. 
3) Art. 216-B x Art. 218-C – Divergência - Se o indivíduo, além de filmar, fotografar ou registrar sem 
autorização, também DIVULGAR o conteúdo: 
∘ 1ª posição – haverá concurso material, pois há bens jurídicos diversos. 
∘ 2ª posição – haverá aplicação do princípio da consunção, se praticadas pelo mesmo agente e 
sobre o mesmo objeto! 
O autor Rogério Sanches explica: De fato, não é possível afirmar a priori que o registro indevido é 
essencialmente um meio para a divulgação, nem tampouco que se trata necessariamente de condutas 
distintas. Imaginemos que alguém instale câmeras de vídeo em quartos de motel para captar imagens de 
encontros sexuais que ocorrem naquelas dependências. Em seguida, a mesma pessoa divulga na internet as 
imagens gravadas. Só com estes dados não é possível estabelecer se é o caso de aplicar a regra do concurso 
de crimes ou a da absorção. É preciso analisar maiores detalhes não somente sobre o lapso temporal entre 
uma conduta e outra como também sobre a intenção do agente no momento em que decide registrar a 
intimidade alheia. Em resumo, podemos estabelecer o seguinte: 
a) se a intenção do agente é efetuar o registro para sua própria satisfação e, em momento distinto, decide 
divulgar o conteúdo, é possível sustentar a diversidade de contextos fáticos que dá ensejo ao concurso de 
delitos; 
b) se, por outro lado, efetua o registro já com o intento de divulgar as imagens, a conduta relativa ao art. 
216-B pode ser considerada apenas um meio de obtenção de conteúdo para posterior compartilhamento 
por sistema de comunicação de massa, de informática ou de telemática, aplicando-se, portanto, a 
consunção; 
c) dá-se também a absorção se a divulgação é simultânea ao registro, isto é, se o agente capta as imagens e 
as transmite em forma de streaming, possibilitando o acesso em tempo real pelos usuários de sistemas de 
informática ou telemática. 
e) Consumação e Tentativa 
Trata-se de crime formal, consumação antecipada ou resultado cortado (Autor Masson) 
Crime plurissubsistente – cabe tentativa 
∘ Exemplo: equipamento esteja instalado e, antes de ser fotografada, a vítima perceba e evite o 
constrangimento. 
∘ Lembre-se: Crime plurissubsistente é aquele no qual a execução pode ser fracionada em vários atos. 
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f) Princípio da especialidade 
Rogério Sanches explica que, se o agente faz o registro indevido e posteriormente divulga a cena, deve 
responder pelos crimes dos arts. 216-B e 218-C em concurso material. 
g) Ação penal 
Trata-se de crime de ação pública INCONDICIONADA. 
Atenção ao INFO 772 DO STJ: 
O delito de registro não autorizado da intimidade sexual (art. 216-B do CP) possui a 
natureza de ação penal pública incondicionada. Processo em segredo de justiça, 
Rel. Ministro Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 
25/4/2023. 
h) Infração de menor potencial ofensivo 
Trata-se de infração de menor potencial ofensiva, de forma que o rito é sumaríssimo (Lei nº 9.099/95), 
cabendo transação penal e suspensão condicional do processo. 
i) Figura equiparada 
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem realiza montagem em fotografia, 
vídeo, áudio ou qualquer outro registro com o fim de incluir pessoa em cena de 
nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo. 
No caput, a cena registrada é verdadeira. 
Neste parágrafo único, por outro lado, a fotografia, vídeo ou áudio não é verdadeiro. Foi feita uma 
montagem, ou seja, foram acrescentados elementos que não ocorreram na realidade. 
Ex: o agente pega imagem de uma modelo nua e, por meio do programa de computador Adobe 
Photoshop troca o rosto da modelo pelo da vítima. 
Divulgar cena do sósia de uma pessoa famosa (pessoa muito parecida), importa no crime tipificado 
no § único? 
R.: A doutrina entende que NÃO! Pois essa divulgação é de uma cena verdadeira, e o §único exige 
que haja, necessariamente, uma alteração ou falsificação na imagem divulgada. 
Sujeitos 
Tanto o sujeito ativo como o sujeito passivo podem ser qualquer pessoa. 
Trata-se, portanto, de crime bicomum. 
Elemento subjetivo 
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É o dolo. Não se exige especial fim de agir. Não se exige o agente tenha feito isso para se vingar da 
vítima ou alguma outra motivação especial. 
Não admite modalidade culposa. 
Intuito de brincadeira 
O crime se consuma ainda que o agente tenha feito a montagem com o intuito apenas de diversão, 
ou seja, com a intenção de “brincar” com a vítima. 
Vigência 
A Lei nº 13.772/2018 entrou em vigor na data de sua publicação (20/12/2018). 
Por ser uma lei mais gravosa, ela não se aplica para fatos ocorridos antes de sua vigência. 
Assim, os fatos praticados antes de 20/12/2018 não poderão ser punidos com base no art. 216-B do 
CP. 
ALTERAÇÃO NA LEI MARIA DA PENHA 
A Lei nº 13.772/2018 ainda promoveu uma pequena mudança na Lei nº 11.340/2006 ((Lei Maria da Penha), 
em seu artigo 7º, inciso II, para deixar expresso que a violação da intimidade da mulher é uma forma de 
violência doméstica, classificada como violência psicológica. 
Atenção! Código Penal x ECA 
Não se tipifica a conduta prevista no artigo 216-B do CP a conduta de filmar, fotografar ou registrar por outro 
meio de cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso, se um dos envolvidos for criança ou adolescente, nesse 
caso, será o crime previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente, e não o do Código Penal. 
ART. 216-B CP ART. 218-C CP ART. 240 DO ECA ART. 241 DO ECA 
Produzir,
fotografar, filmar
ou registrar, por
qualquer meio,
conteúdo com cena
de nudez ou ato
sexual ou libidinoso
de caráter íntimo e
privado sem
autorização dos
participantes: 
Oferecer, trocar, disponibilizar,
transmitir, vender ou expor à venda,
distribuir, publicar ou divulgar, por
qualquer meio - inclusive por meio de
comunicação de massa ou sistema de
informática ou telemática -, fotografia,
vídeo ou outro registro

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