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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO 54 XXVII - na contratação da coleta, processamento e comercia- lização de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou reutilizáveis, em áreas com sistema de coleta seletiva de lixo, efetuados por associa- ções ou cooperativas formadas exclusivamente por pessoas físicas de baixa renda reconhecidas pelo poder público como catadores de materiais recicláveis, com o uso de equipamentos compatíveis com as normas técnicas, ambientais e de saúde pública. XXVIII – para o fornecimento de bens e serviços, produzidos ou prestados no País, que envolvam, cumulativamente, alta complexi- dade tecnológica e defesa nacional, mediante parecer de comissão especialmente designada pela autoridade máxima do órgão. XXIX – na aquisição de bens e contratação de serviços para atender aos contingentes militares das Forças Singulares brasileiras empregadas em operações de paz no exterior, necessariamente jus- tificadas quanto ao preço e à escolha do fornecedor ou executante e ratificadas pelo Comandante da Força. XXX - na contratação de instituição ou organização, pública ou privada, com ou sem fins lucrativos, para a prestação de serviços de assistência técnica e extensão rural no âmbito do Programa Nacio- nal de Assistência Técnica e Extensão Rural na Agricultura Familiar e na Reforma Agrária, instituído por lei federal. XXXI - nas contratações visando ao cumprimento do disposto nos arts. 3º, 4º, 5º e 20 da Lei no 10.973, de 2 de dezembro de 2004, observados os princípios gerais de contratação dela constantes. XXXII - na contratação em que houver transferência de tecnolo- gia de produtos estratégicos para o Sistema Único de Saúde - SUS, no âmbito da Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, conforme elencados em ato da direção nacional do SUS, inclusive por ocasião da aquisição destes produtos durante as etapas de absorção tecno- lógica. XXXIII - na contratação de entidades privadas sem fins lucra- tivos, para a implementação de cisternas ou outras tecnologias sociais de acesso à água para consumo humano e produção de ali- mentos, para beneficiar as famílias rurais de baixa renda atingidas pela seca ou falta regular de água. XXXIV - para a aquisição por pessoa jurídica de direito público interno de insumos estratégicos para a saúde produzidos ou distri- buídos por fundação que, regimental ou estatutariamente, tenha por finalidade apoiar órgão da administração pública direta, sua autarquia ou fundação em projetos de ensino, pesquisa, extensão, desenvolvimento institucional, científico e tecnológico e estímulo à inovação, inclusive na gestão administrativa e financeira necessária à execução desses projetos, ou em parcerias que envolvam transfe- rência de tecnologia de produtos estratégicos para o Sistema Único de Saúde – SUS, nos termos do inciso XXXII deste artigo, e que tenha sido criada para esse fim específico em data anterior à vigência des- ta Lei, desde que o preço contratado seja compatível com o pratica- do no mercado. XXXV - para a construção, a ampliação, a reforma e o aprimora- mento de estabelecimentos penais, desde que configurada situação de grave e iminente risco à segurança pública. § 1o Os percentuais referidos nos incisos I e II do caput deste artigo serão 20% (vinte por cento) para compras, obras e serviços contratados por consórcios públicos, sociedade de economia mista, empresa pública e por autarquia ou fundação qualificadas, na for- ma da lei, como Agências Executivas. § 2o O limite temporal de criação do órgão ou entidade que integre a administração pública estabelecido no inciso VIII do caput deste artigo não se aplica aos órgãos ou entidades que produzem produtos estratégicos para o SUS, no âmbito da Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, conforme elencados em ato da direção nacional do SUS. § 3o A hipótese de dispensa prevista no inciso XXI do caput, quando aplicada a obras e serviços de engenharia, seguirá procedi- mentos especiais instituídos em regulamentação específica. § 4o Não se aplica a vedação prevista no inciso I do caput do art. 9o à hipótese prevista no inciso XXI do caput. Da inexigibilidade de Licitação: Há inexigibilidade quando a lici- tação é juridicamente impossível. A impossibilidade jurídica de rea- lização de licitação decorre da inviabilização de competição, pelo motivo de não existir a pluralidade de potenciais proponentes, e assim inviáveis a disputa entre licitantes. A lei 8.666/93 dispõe sobre o rol taxativo das situações em que é juridicamente impossível a realização da licitação, constituindo então a inexigibilidade da licitação, devidamente elencado no arti- go 25 da referida lei. “Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição, em especial: I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou representan- te comercial exclusivo, vedada a preferência de marca, devendo a comprovação de exclusividade ser feita através de atestado forneci- do pelo órgão de registro do comércio do local em que se realizaria a licitação ou a obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou Con- federação Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes; II - para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 desta Lei, de natureza singular, com profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação; III - para contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou através de empresário exclusivo, desde que consa- grado pela crítica especializada ou pela opinião pública. § 1o Considera-se de notória especialização o profissional ou empre- sa cujo conceito no campo de sua especialidade, decorrente de desem- penho anterior, estudos, experiências, publicações, organização, apare- lhamento, equipe técnica, ou de outros requisitos relacionados com suas atividades, permita inferir que o seu trabalho é essencial e indiscutivel- mente o mais adequado à plena satisfação do objeto do contrato. § 2o Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos de dispensa, se comprovado superfaturamento, respondem solida- riamente pelo dano causado à Fazenda Pública o fornecedor ou o prestador de serviços e o agente público responsável, sem prejuízo de outras sanções legais cabíveis. Tipos de Licitação: menor preço, melhor técnica e técnica e preço Os tipos de licitação, são em verdade os distintos critérios ob- jetivos utilizados para o julgamento das propostas apresentadas pelos licitantes. São os tipos de licitação previstos na Lei 8.666/93: a) Menor preço; b) Melhor técnica; c) Tecnica e preço e d) Maior lance ou oferta. O artigo 45 da Lei Geral de Licitações assim estabelece quanto aos tipos de licitação: Art. 45. O julgamento das propostas será objetivo, devendo a Comissão de licitação ou o responsável pelo convite realizá-lo em conformidade com os tipos de licitação, os critérios previamente es- tabelecidos no ato convocatório e de acordo com os fatores exclusi- vamente nele referidos, de maneira a possibilitar sua aferição pelos licitantes e pelos órgãos de controle. NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO 55 § 1o Para os efeitos deste artigo, constituem tipos de licitação, exceto na modalidade concurso: I - a de menor preço - quando o critério de seleção da proposta mais vantajosa para a Administração determinar que será vencedor o licitante que apresentar a proposta de acordo com as especifica- ções do edital ou convite e ofertar o menor preço; II - a de melhor técnica; III - a de técnica e preço. IV - a de maior lance ou oferta - nos casos de alienação de bens ou concessão de direito real de uso. § 2o No caso de empate entre duas ou mais propostas, e após obedecido o disposto no § 2o do art. 3o desta Lei, a classificação se fará, obrigatoriamente, por sorteio, em ato público, para o qual todos os licitantes serão convocados, vedado qualquer outro pro- cesso. § 3o No caso da licitaçãodo tipo «menor preço», entre os lici- tantes considerados qualificados a classificação se dará pela ordem crescente dos preços propostos, prevalecendo, no caso de empate, exclusivamente o critério previsto no parágrafo anterior. § 4o Para contratação de bens e serviços de informática, a ad- ministração observará o disposto no art. 3o da Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991, levando em conta os fatores especificados em seu parágrafo 2o e adotando obrigatoriamente o tipo de licitação «técnica e preço», permitido o emprego de outro tipo de licitação nos casos indicados em decreto do Poder Executivo. § 5o É vedada a utilização de outros tipos de licitação não pre- vistos neste artigo. § 6o Na hipótese prevista no art. 23, § 7º, serão selecionadas tantas propostas quantas necessárias até que se atinja a quantidade demandada na licitação. Modalidades: concorrência, tomada de preços, convite, con- curso, leilão, pregão presencial e eletrônico Modalidade de Licitação é forma específica de conduzir o pro- cedimento licitatório, a partir de critérios pré definidos em lei. O valor estimado para a contratação é o principal fator de escolha da modalidade a ser adotada pelo administrador público, exceto quan- do se tratar de pregão, que não está limitado a valores. São modalidades de licitação: Concorrência: De todas as modalidades de licitação existentes no ordenamento jurídico brasileiro, esta se revela a mais complexa, e uma das diferenças entre as demais modalidades é possuir a fase da habilitação preliminar, logo após a abertura do procedimento. Modalidade da qual podem participar quaisquer interessados que na fase de habilitação preliminar comprovem possuir os requi- sitos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução do objeto da licitação. É a modalidade exigida por lei, com regra, para a compra de imóveis e para a alienação de imóveis públicos, para a concessão de direito real de uso, para licitações internacionais, para a celebração de contrato administrativo de concessão de serviços públicos e para a contratação de parcerias públicos-privadas. O decreto nº 9.412/18 atualiza os valores da modalidade de licitação para a concorrência: a) para obras e serviços de engenharia: acima de R$ 3.300.000,00 (três milhões e trezentos mil reais) b) para compras e serviços: acima de R$ 1.430.000,00 (um mi- lhão, quatrocentos e trinta mil reais) Tomada de Preço: Modalidade realizada entre interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas, observada a necessária qualificação. Na modalidade de tomada de preços, a fase da habilitação corresponde ao próprio cadastramento exigido em lei, é prévia a abertura do procedimento licitatório, e assim, objetivando dar cum- primento ao princípio da competitividade entre os licitantes, os in- teressados em participar do certame não cadastrados previamente têm a possibilidade de se inscreverem até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas, desde que satisfaçam as condi- ções de qualificações exigidas. Ressalta-se que a modalidade de tomada de preços será ado- tada para a celebração de contratos relativos às obras, serviços e compras de produtos de menor vulto do que é exigido para partici- par da modalidade de concorrência. O decreto nº 9.412/18 atualiza os valores da modalidade de licitação para a Tomada de Preço: a) para obras e serviços de engenharia: até R$ 3.300.000,00 (três milhões e trezentos mil reais) b) para compras e serviços: até R$ 1.430.000,00 (um milhão, quatrocentos e trinta mil reais) Convite: Modalidade realizada entre interessados do ramo de que trata o objeto da licitação, escolhidos e convidados em número mínimo de três pela Administração. O convite é a modalidade de licitação mais simples, sendo que a Administração escolhe quem quer convidar, entre os possíveis interessados, cadastrados ou não. A divulgação deve ser feita me- diante afixação de cópia do convite em quadro de avisos do órgão ou entidade, localizado em lugar de ampla divulgação. Na modalidade de convite, com vistas ao princípio da competi- tividade, é possível a participação de interessados que não tenham sido formalmente convidados, mas que sejam do ramo do objeto licitado, desde que cadastrados no órgão ou entidade licitadora. Es- ses interessados devem solicitar o convite com antecedência de até 24 horas da apresentação das propostas. Na modalidade de Convite, para que a contratação seja possí- vel, são necessárias pelo menos três propostas válidas, isto é, que aten- dam a todas as exigências do ato convocatório. Não é suficiente a ob- tenção de três propostas, é preciso para tanto que as três sejam válidas. Caso isso não ocorra, a Administração deve repetir o convite e convidar mais um interessado, no mínimo, enquanto existirem cadastrados não convidados nas últimas licitações, ressalvadas as hipóteses de limitação de mercado ou manifesto desinteresse dos convidados, circunstâncias estas que devem ser justifica das no processo de licitação. O decreto nº 9.412/18 atualiza os valores da modalidade de licitação para o Convite: a) para obras e serviços de engenharia: até R$ 330.000,00 (tre- zentos e trinta mil reais) b) para compras e serviços: até R$ 176.000,00 (cento e setenta e seis mil reais) Concurso: É a modalidade de licitação entre quaisquer inte- ressados para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos vencedo- res, conforme critérios constantes do edital publicado na imprensa oficial com antecedência mínima de 45 dias. Dessa forma, o que determina a necessidade de escolha da mo- dalidade de licitação de Concurso, é a natureza do seu objeto, e não o seu valor contratado. Leilão: É a modalidade de licitação, entre quaisquer interessa- dos, para a venda, a quem oferecer o maio lance, igual ou superior ao valor da avaliação de bens móveis e imóveis. Pregão: Muito embora não esteja presente no rol da Lei 8.666/93, o pregão é considerada uma das modalidades de licitação prevista na Lei Federal 10.520/2002. NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO 56 É a modalidade adequada para aquisição de bens e serviços comuns, assim considerados aqueles cujos padrões de desempe- nho e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais no mercado. Seu processamento quanto às fases e lances poderá ocorrer na modalidade presencial ou então por meio da utilização de recursos de tecnologia da informação, chamado de pregão eletrônico. Nesta hipótese a licitação é procedida a distância em sessão pública, por meio de sistema que promova a comunicação pela internet. Habilitação, julgamento, recursos. Adjudicação e homologa- ção São fases da licitação o edital, a habilitação, a classificação, a homologação e a adjudicação. Edital: O edital é o instrumento por meio do qual a administra- ção torna pública a realização de licitação, sendo o meio utilizado por todas as modalidades de licitação, exceto na modalidade con- vite. Além de ser o instrumento de divulgação do edital, é ainda a lei interna da licitação, pois nele devem estar previstas todas as regras que regerão o procedimento licitatório, e uma vez publicadas de- vem ser seguidas, tanto pela administração quanto pelos licitantes. Assim, o edital deve descrever com detalhes o objeto a ser lici- tado, os documentos a serem trazidos no momento da habilitação, o critério objetivo de julgamento das propostas, entre outras nor- mas que forem pertinentes. A publicação do edital deve observar um prazo mínimo de an- tecedência para o recebimento das propostas ou então da realiza- ção da licitação, sendo que qualquer modificação que se faça neces- sário no edital exige a divulgação pela mesma forma que se deu seu texto inicial e original, tornando a abrir o prazo antes estabelecido para a apresentação das propostas,exceto quando a alteração não afetar a formulação das propostas. Habilitação: É a fase em que a Administração Pública procura averiguar as condições pessoais de cada licitante, efetuando análise com o objetivo de averiguar a documentação e requisitos pessoais dos licitantes, tendo em vista futura contratação, e verificando ain- da as condições que o licitante tem de cumprir o objeto da futura contratação. A habilitação tem a finalidade de garantir que o licitante, fu- turo vencedor do certame, tenha condições técnicas, financeiras e de idoneidade para cumprirem o objeto contratado por meio de licitação. É possível a dispensa da fase de habilitação, em seu todo ou em parte, nos casos da modalidade de convite, concurso, fornecimento de bens para pronta entrega e ainda leilão. Cumpre ressaltar que, encerrada a fase de habilitação, o lici- tante aprovado para participar do certame não poderá mais desistir da proposta já apresentada, exceto quando houver motivo justo decorrente de fato superveniente, desde que aceito pela comissão da licitação. Classificação: É a fase em que o Poder Público analisa as pro- postas comerciais dos licitantes que já foram habilitados, e poste- riormente escolhe a melhor proposta que atendem aos interesses da administração. Trata-se do julgamento das propostas apresentadas pelos li- citantes, que deverá sempre obediência aos critérios objetivos de julgamento constante no edital, sendo que a responsabilidade de efetuar o julgamento, via de regra, fica a cargo da comissão de li- citação. A etapa do julgamento, ou classificação, pode ser subdividida em duas fases: - Desclassificação: A desclassificação ocorre assim que a admi- nistração verifica a conformidade de cada proposta com os requi- sitos do edital, especificações técnicas e compatibilidade com os preços aplicáveis no mercado. Assim, as propostas que estiverem em desconformidade serão eliminadas, ou então, desclassificadas. - Ordem de Classificação: as propostas já classificadas, ou seja, que estão de acordo com os critérios estabelecidos no edital, será estabelecida a ordem de classificação das propostas, de acordo com o julgamento objetivo previsto em edital e da proposta que melhor atenda aos interesses da coletividade. Cumpre ao final esclarecer que, no caso de todos os licitantes forem inabilitados ou então todas as propostas desclassificadas, a administração pública poderá fixar prazo de 08 (oito) dias aos li- citantes para a apresentação de nova documentação, ou então a correção das propostas desclassificadas, objetivando sanar as irre- gularidades. No caso da modalidade de convite, o prazo reduz para 03 (três) dias úteis. Homologação: A homologação é a fase da licitação na qual to- dos os seus atos e procedimentos são levados ao conhecimento e avaliação da autoridade que conduziu a licitação, para a confirma- ção ou não de todas as decisões tomadas. É a confirmação ou não de todos os atos praticados no procedimento licitatório, conferindo a validade do certame licitatório. Nesta etapa é feito o controle de legalidade do procedimento licitatório, sendo que verificado irregularidades nas fases da licita- ção, a autoridade competente não homologará o procedimento, remetendo o processo à comissão de licitação, para a correção das etapas com falhas, e a repetição dos atos com vícios. Adjudicação: É a ultima fase que temos no procedimento da licitação, que nada mais é do que a entrega do objeto da licitação ao vencedor. A adjudicação é o ato pelo qual a administração pública atri- bui ao vencedor da melhor proposta o objeto ora licitado, sendo que esta etapa tem a finalidade única de garantir ao vencedor que, quando a administração for celebrar o contrato referente ao objeto licitado, assim o fará com o vencedor. Com a adjudicação há a efetiva liberação dos demais licitantes perdedores de cumprimento de suas propostas, e ao contrário, vin- cula o vencedor a obrigatoriedade de manter os termos propostos. Registro de Preços O Sistema de Registro de Preços não se confunde com uma das modalidades de licitação, pois se trata de um procedimento licitató- rio, que se efetiva por meio das modalidades de pregão ou concor- rência, para fins de registro formal de preços relativos a serviços ou bens, concedendo à Administração Pública, no momento em que entender oportuno, a possibilidade de futura contratação nos mol- des do melhor preço registrado. Segundo os ensinamentos de Maria Sylvia Zanella Di Pietro1, ¨o registro de preços foi previsto no art. 15, II, da Lei 8.666/93, como procedimento a ser utilizado preferencialmente para as compras efetuadas pela Administração Pública¨. O Decreto nº 7.892/2013, em seu artigo 2º, I define o Sistema de Registro de Preços como o conjunto de procedimentos para re- gistro formal de preços relativos à prestação de serviços e aquisição de bens, para contratações futuras. O principal objetivo desse procedimento de registrar os preços é facilitar e agilizar as contratações futuras, sem que seja necessário a realização de novo procedimento licitatório. Vejamos o que determina o artigo 15 da Lei 8.666/93: Art. 15. As compras, sempre que possível, deverão: NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO 57 I - atender ao princípio da padronização, que imponha compa- tibilidade de especificações técnicas e de desempenho, observadas, quando for o caso, as condições de manutenção, assistência técnica e garantia oferecidas; II - ser processadas através de sistema de registro de preços; III - submeter-se às condições de aquisição e pagamento seme- lhantes às do setor privado; IV - ser subdivididas em tantas parcelas quantas necessárias para aproveitar as peculiaridades do mercado, visando economici- dade; V - balizar-se pelos preços praticados no âmbito dos órgãos e entidades da Administração Pública. § 1º O registro de preços será precedido de ampla pesquisa de mercado. § 2º Os preços registrados serão publicados trimestralmente para orientação da Administração, na imprensa oficial. § 3º O sistema de registro de preços será regulamentado por decreto, atendidas as peculiaridades regionais, observadas as se- guintes condições: I - seleção feita mediante concorrência; II - estipulação prévia do sistema de controle e atualização dos preços registrados; III - validade do registro não superior a um ano. § 4º A existência de preços registrados não obriga a Adminis- tração a firmar as contratações que deles poderão advir, ficando- -lhe facultada a utilização de outros meios, respeitada a legislação relativa às licitações, sendo assegurado ao beneficiário do registro preferência em igualdade de condições. § 5º O sistema de controle originado no quadro geral de preços, quando possível, deverá ser informatizado. § 6º Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar preço constante do quadro geral em razão de incompatibilidade desse com o preço vigente no mercado. § 7º Nas compras deverão ser observadas, ainda: I - a especificação completa do bem a ser adquirido sem indi- cação de marca; II - a definição das unidades e das quantidades a serem adqui- ridas em função do consumo e utilização prováveis, cuja estimati- va será obtida, sempre que possível, mediante adequadas técnicas quantitativas de estimação; III - as condições de guarda e armazenamento que não permi- tam a deterioração do material. § 8º O recebimento de material de valor superior ao limite esta- belecido no art. 23 desta Lei, para a modalidade de convite, deverá ser confiado a uma comissão de, no mínimo, 3 (três) membros. O Sistema de Registro de Preços poderá ser adotado pela Admi- nistração Pública nas seguintes hipóteses: a) quando, pelas características do bem ou serviço, houver ne- cessidade de contratações frequentes; b) quando for conveniente a aquisição de bens com previsão de entregas parceladas ou contratação de serviços remunerados por unidade de medida ou em regime de tarefa; c) quando for conveniente a aquisição de bens ou a contrata- çãode serviços para atendimento a mais de um órgão ou entidade, ou a programas de governo; ou d) quando, pela natureza do objeto, não for possível definir previamente o quantitativo a ser demandado pela Administração. Revogação e anulação da licitação Caso ocorra motivo superveniente suficientes e motivado pela Administração Pública com justificatívas de interesse público rele- vante para que não se proceda a contratação, poderá, mediante ato fundamentado revogar a licitação, por meio de procedimento que possibilite ao contratado vendedor do certame licitatório a ampla defesa e o contraditório. No entanto, a autoridade competente deverá anular a licitaçã de oficio ou por provocação de terceiros quando identificada ilega- lidade dos atos licitatórios. Esta decisão de anulação deve, obrigatoriamente ser precedida de parecer escrito e fundamentado, assegurando aos interessados na manutenção da licitação o contraditório e a ampla defesa. A possibilidade jurídica da Administração Pública revogar e anular o procedimento licitatório está previsto no artigo 49 da Lei 8.666/93: Art. 49. A autoridade competente para a aprovação do proce- dimento somente poderá revogar a licitação por razões de interesse público decorrente de fato superveniente devidamente compro- vado, pertinente e suficiente para justificar tal conduta, devendo anulá-la por ilegalidade, de ofício ou por provocação de terceiros, mediante parecer escrito e devidamente fundamentado. § 1o A anulação do procedimento licitatório por motivo de ile- galidade não gera obrigação de indenizar, ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 59 desta Lei. § 2o A nulidade do procedimento licitatório induz à do contrato, ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 59 desta Lei. § 3o No caso de desfazimento do processo licitatório, fica asse- gurado o contraditório e a ampla defesa. § 4o O disposto neste artigo e seus parágrafos aplica-se aos atos do procedimento de dispensa e de inexigibilidade de licitação. LEI Nº 10.520/2002 E DEMAIS DISPOSIÇÕES NORMATIVAS RELATIVAS AO PREGÃO LEI Nº 10.520, DE 17 DE JULHO DE 2002 Institui, no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e Municí- pios, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, mo- dalidade de licitação denominada pregão, para aquisição de bens e serviços comuns, e dá outras providências. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1º Para aquisição de bens e serviços comuns, poderá ser adotada a licitação na modalidade de pregão, que será regida por esta Lei. Parágrafo único. Consideram-se bens e serviços comuns, para os fins e efeitos deste artigo, aqueles cujos padrões de desempe- nho e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais no mercado. Art. 2º (VETADO) § 1º Poderá ser realizado o pregão por meio da utilização de recursos de tecnologia da informação, nos termos de regulamen- tação específica. § 2º Será facultado, nos termos de regulamentos próprios da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, a participação de bolsas de mercadorias no apoio técnico e operacional aos órgãos e entidades promotores da modalidade de pregão, utilizando-se de recursos de tecnologia da informação. § 3º As bolsas a que se referem o § 2o deverão estar organi- zadas sob a forma de sociedades civis sem fins lucrativos e com a participação plural de corretoras que operem sistemas eletrônicos unificados de pregões. NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO 58 Art. 3º A fase preparatória do pregão observará o seguinte: I - a autoridade competente justificará a necessidade de contra- tação e definirá o objeto do certame, as exigências de habilitação, os critérios de aceitação das propostas, as sanções por inadimple- mento e as cláusulas do contrato, inclusive com fixação dos prazos para fornecimento; II - a definição do objeto deverá ser precisa, suficiente e clara, vedadas especificações que, por excessivas, irrelevantes ou desne- cessárias, limitem a competição; III - dos autos do procedimento constarão a justificativa das definições referidas no inciso I deste artigo e os indispensáveis ele- mentos técnicos sobre os quais estiverem apoiados, bem como o orçamento, elaborado pelo órgão ou entidade promotora da licita- ção, dos bens ou serviços a serem licitados; e IV - a autoridade competente designará, dentre os servidores do órgão ou entidade promotora da licitação, o pregoeiro e respec- tiva equipe de apoio, cuja atribuição inclui, dentre outras, o recebi- mento das propostas e lances, a análise de sua aceitabilidade e sua classificação, bem como a habilitação e a adjudicação do objeto do certame ao licitante vencedor. § 1º A equipe de apoio deverá ser integrada em sua maioria por servidores ocupantes de cargo efetivo ou emprego da adminis- tração, preferencialmente pertencentes ao quadro permanente do órgão ou entidade promotora do evento. § 2º No âmbito do Ministério da Defesa, as funções de pregoei- ro e de membro da equipe de apoio poderão ser desempenhadas por militares Art. 4º A fase externa do pregão será iniciada com a convoca- ção dos interessados e observará as seguintes regras: I - a convocação dos interessados será efetuada por meio de publicação de aviso em diário oficial do respectivo ente federado ou, não existindo, em jornal de circulação local, e facultativamente, por meios eletrônicos e conforme o vulto da licitação, em jornal de grande circulação, nos termos do regulamento de que trata o art. 2º; II - do aviso constarão a definição do objeto da licitação, a indi- cação do local, dias e horários em que poderá ser lida ou obtida a íntegra do edital; III - do edital constarão todos os elementos definidos na forma do inciso I do art. 3º, as normas que disciplinarem o procedimento e a minuta do contrato, quando for o caso; IV - cópias do edital e do respectivo aviso serão colocadas à disposição de qualquer pessoa para consulta e divulgadas na forma da Lei no 9.755, de 16 de dezembro de 1998; V - o prazo fixado para a apresentação das propostas, contado a partir da publicação do aviso, não será inferior a 8 (oito) dias úteis; VI - no dia, hora e local designados, será realizada sessão públi- ca para recebimento das propostas, devendo o interessado, ou seu representante, identificar-se e, se for o caso, comprovar a existência dos necessários poderes para formulação de propostas e para a prá- tica de todos os demais atos inerentes ao certame; VII - aberta a sessão, os interessados ou seus representantes, apresentarão declaração dando ciência de que cumprem plena- mente os requisitos de habilitação e entregarão os envelopes con- tendo a indicação do objeto e do preço oferecidos, procedendo-se à sua imediata abertura e à verificação da conformidade das propos- tas com os requisitos estabelecidos no instrumento convocatório; VIII - no curso da sessão, o autor da oferta de valor mais bai- xo e os das ofertas com preços até 10% (dez por cento) superiores àquela poderão fazer novos lances verbais e sucessivos, até a pro- clamação do vencedor; IX - não havendo pelo menos 3 (três) ofertas nas condições definidas no inciso anterior, poderão os autores das melhores pro- postas, até o máximo de 3 (três), oferecer novos lances verbais e sucessivos, quaisquer que sejam os preços oferecidos; X - para julgamento e classificação das propostas, será adota- do o critério de menor preço, observados os prazos máximos para fornecimento, as especificações técnicas e parâmetros mínimos de desempenho e qualidade definidos no edital; XI - examinada a proposta classificada em primeiro lugar, quan- to ao objeto e valor, caberá ao pregoeiro decidir motivadamente a respeito da sua aceitabilidade; XII - encerrada a etapa competitiva e ordenadas as ofertas, o pregoeiro procederá à abertura do invólucro contendo os docu- mentos de habilitação do licitante que apresentou a melhor propos- ta, para verificação doatendimento das condições fixadas no edital; XIII - a habilitação far-se-á com a verificação de que o licitante está em situação regular perante a Fazenda Nacional, a Seguridade Social e o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS, e as Fa- zendas Estaduais e Municipais, quando for o caso, com a compro- vação de que atende às exigências do edital quanto à habilitação jurídica e qualificações técnica e econômico-financeira; XIV - os licitantes poderão deixar de apresentar os documentos de habilitação que já constem do Sistema de Cadastramento Uni- ficado de Fornecedores – Sicaf e sistemas semelhantes mantidos por Estados, Distrito Federal ou Municípios, assegurado aos demais licitantes o direito de acesso aos dados nele constantes; XV - verificado o atendimento das exigências fixadas no edital, o licitante será declarado vencedor; XVI - se a oferta não for aceitável ou se o licitante desatender às exigências habilitatórias, o pregoeiro examinará as ofertas subse- qüentes e a qualificação dos licitantes, na ordem de classificação, e assim sucessivamente, até a apuração de uma que atenda ao edital, sendo o respectivo licitante declarado vencedor; XVII - nas situações previstas nos incisos XI e XVI, o pregoeiro poderá negociar diretamente com o proponente para que seja ob- tido preço melhor; XVIII - declarado o vencedor, qualquer licitante poderá mani- festar imediata e motivadamente a intenção de recorrer, quando lhe será concedido o prazo de 3 (três) dias para apresentação das razões do recurso, ficando os demais licitantes desde logo intima- dos para apresentar contra-razões em igual número de dias, que começarão a correr do término do prazo do recorrente, sendo-lhes assegurada vista imediata dos autos; XIX - o acolhimento de recurso importará a invalidação apenas dos atos insuscetíveis de aproveitamento; XX - a falta de manifestação imediata e motivada do licitante importará a decadência do direito de recurso e a adjudicação do objeto da licitação pelo pregoeiro ao vencedor; XXI - decididos os recursos, a autoridade competente fará a ad- judicação do objeto da licitação ao licitante vencedor; XXII - homologada a licitação pela autoridade competente, o adjudicatário será convocado para assinar o contrato no prazo de- finido em edital; e XXIII - se o licitante vencedor, convocado dentro do prazo de validade da sua proposta, não celebrar o contrato, aplicar-se-á o disposto no inciso XVI. Art. 5º É vedada a exigência de: I - garantia de proposta; II - aquisição do edital pelos licitantes, como condição para par- ticipação no certame; e III - pagamento de taxas e emolumentos, salvo os referentes a fornecimento do edital, que não serão superiores ao custo de sua reprodução gráfica, e aos custos de utilização de recursos de tecno- logia da informação, quando for o caso. Art. 6º O prazo de validade das propostas será de 60 (sessenta) dias, se outro não estiver fixado no edital.