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Anemias Introdução HEMATOPOISE - A formação das células sanguíneas começam na medula ós- sea vermelha, que com o passar do tempo, com infiltração de células gordurosas, vira uma medula óssea mais amarelada, e perde a capacidade de produção de células vermelhas. - Na medula óssea vermelha, a célula tronco pode-se diferenci- ar em linhagem linfoide (origina linfocitos B - amadurece na me- dula; e o T - que amadurece no timo) e linhagem mieloide. A li- nhagem mieloide tem dois percussores, os que são origem aos monócitos (nos tecidos são chamado de macrofagos - células de defesa) e aos granulócitos (neutrófilo, eosinófilo, basófilo). E tem os percussores que dão origem as plaquetas e ás hemá- cias. Se diminui hemácias, a medula tenta compensar produzin- do mais o percussor que produz hemácias e plaquetas. ERITROPOIESE - Para a formação de hemácias é necessário estímulo, ou seja, a eritropoetina, hormônio produzido no rim; e matéria-prima, ou seja, ferro, ácido fólico e vitamina B12 (dois últimos na formação de DNA). - A síntese começa como um pró-eritroblasto (células jovem), que se diferencia em reticulócito, que é liberado na circulação e após um tempo na circulação, ele amadurece e se transforma em hemácias - De forma natural, as hemácias são destruidas através do baço. (É fácil das hemácias entrarem no baço, mas para sair é mais difícil, sendo necessário maleabilidade, o que hemácias mais ve- lhas não conseguem e assim, ficam presa no baço com conse- quente destruição (hemocaterese) HEMÁCIAS - Dentro tem a hemoglobina, que transporta o O2 - A hemoglobina tem dois componentes (Heme, que é forma- do pela ligação do ferro com a protoporfirina e o componente globina, que é formado 2 cadeias alfas e duas cadeias beta) Abordagem da anemia HEMOGRAMA - Hemácias: quantidade de hemácia na circulção; que fica entre 3 e 6 milhões Indíces hematimétricos - VCM (volume corpuscular médio) - tamanho da hemácia, que fica entre 80 e 100, podendo ser microcítica e macro- cítica - HCM e CHCM: (indica cor da hemácia) fica entre 28 e 32, podendo ser hipocrômica e hipercrômica/ - RDW (controle de qualidade, indica índice de anisocitose), fica entre 10 e 14%. A médiula tenta produzir todas as he- mácias de um mesmo tamanho, mas é impossível, assim, o RDW mede esse padrão, (uma diferença de tamanho é to- lerada) - Hemoglobina: fica entre 12 a 17g/dl - Hematócrito: é quantidade hemácia por volume plasmático, fi- ca entre 36 e 50% - Leucócitos: serie branca, fica entre 5000 e 11000 - Plaquetas: 150000 e 400000 DOSAGEM DE RETICULÓCITOS *Se a medula estiver boa, ela gera reticulócitos - Normal entre 0,5% e 2% - Anemia hiperproliferativa: quando tá mais que 2% Carenciais (ferro, folato, b12) Anemia de doença crônica Anemia sideroblástica - Anemia hipoproliferativa: quando tá abaixo de 2% *A médula produz, tá funcionando, mas pode ser que as hemá- cias sejam perdidas (sangramento) ou estão sendo destruídas precocemente Anemias hemolíticas Sangramento agudo ANÁLISE MORFOLÓGICA *Pouca hemoglobina: célula pequena e não fica corada - Anemia hipocrômicica e microcítica Ferropriva Doença crônica Talassemia Anemia sideroblástica - Anemia normocítica e normocrônica Ferropriva Doença crônica DRC *Vai evoluindo para micro e hipo - Anemia Macrocítica Megaloblástica Álcooll Hemólise - Anemia hipercrômica Esferocitose hereditária ANEMIAS MICROCÍTICAS E HIPOCRÔMICAS - O evento fisiopatológico básico que une todas as microcitoses é a incapacidade de produção de hemoglobina: por ser o prin- cipal componente das hemácias, a síntese comprometida de hemoglobina prejudica crescimento e maturação eritrocitários, gerando, assim, microcitose e hipocromia. É como se as hemá- cias “esperassem” ter níveis adequados de hemoglobina para crescer e, como não há fabricação adequada de hemoglobina, acabam ficando menores. Anemia ferropriva CICLO DO FERRO - O ferro é um nutriente essencial do organismo, que participa da formação do grupo heme da hemoglobina, estando então, envolvido no transporte de oxigênio, no metabolismo energéti- co das células e em outras várias funções. - Naturalmente adquirimos o ferro pela alimentação, e quando ele chega no tratao gastrointestinal é absorvido no duodeno e jejuno e posteriormente, quando chega no sangue ele se liga à uma proteina transportadora, a transferrina, a qual leva o ferro até a médula óssea, outra parte do ferro não utilizado pelos te- cidos, é armazenado em reservas corporais, o que é represen- tado pela ferritina. * O ferro é ingerido de duas formas: Forma heme: átomo de ferro ferroso (Fe2+), presente princi- palmente nas carnes vermelhas sob a forma de hemoglobina. Forma não heme: heme: átomo de ferro férrico (Fe3+), pre- sente em vegetais e grãos. Precisa ser convertida na forma fer- rosa para ser adequadamente absorvida pelos enterócitos, con- versão que é facilitada pelo ambiente ácido do estômago. *É por essa necessidade de conversão do ferro férrico para o ferro ferroso pelo ambiente ácido do estômago que a ingestão de vitamina C (ácido ascórbico) facilita a absorção do ferro e que estados de hi- pocloridria (diminuição do ácido clorídrico gástrico), como gastrecto- mias, prejudicam a absorção desse mineral. FASE 1: DEPLEÇÃO DOS ESTOQUES DE FERRO - Está faltando ferro/perdendo o organismo começa pegar do estoque (ferritina) - Redução da ferritina (menos que 30)Redução da ferritina (menos que 30)Redução da ferritina (menos que 30) * A dosagem da ferritina se relaciona com a quantidade de re- servas do ferro no organismo * É o melhor instrumento para avaliar os níveis de ferro * Em situações de ferropenia, a primeira alteração a ocorrer é o consumo de estoques de ferro, ou seja, a ferritina * Condições inflamatórias como infecções e neoplasias podem cursar com a elevação nos níveis de ferritina, mesmo se estoque de ferro diminuídos. As- sim, ferritina normal ou elevada não exclui totalmente o diagnósticode ferro- penia. FASE 2: ERITROPOIESE DEFICIENTE EM FERRO - O estoque tá acabando - O organismo pensa como se estivesse faltando o transporta- dor de ferro, induzindo o fígado a aumentar a produção da transferrina - O ferro sérico começa a diminuirferro sérico começa a diminuirferro sérico começa a diminuir (menos que 30) * A dosagem de ferro avalia quanto desse mineral temos circu- lante no sangue * É um marcador pouco fidedigno, sofrendo variações com o ritmo circadiano e com a dieta, não sendo possível afastar fer- ropenia apenas com o ferro normal * Sua alteração é tardia, ou seja, só diminui quando os estoques de ferro são totalmente consumidos - E a saturação de tranferrina também diminuisaturação de tranferrina também diminuisaturação de tranferrina também diminui (menos que 10%) * A saturação de transferrina mede quantos sítios de ligação de ferro dessa molécula estão ocupados, ou seja, é a ocupação da transferrina. Assim, é outra forma de medir o ferro circulante: se houver muito ferro sérico, estará ligado à transferrina, aumentan- do sua saturação. E se houver pouco ferro disponível, haverá menos ferro ligado à transferrina e, consequentemente, menor saturação dessa molécula. * A capacidade total de ligação de ferro (CTLF) ou total iron binding capacity (TIBC) é uma medida de todos os sítios de liga- ção de ferro presentes no sangue do paciente, ocupados ou não. Dessa forma, a CTLF é que uma medida indireta da trans- ferrina: se tivermos muita transferrina, teremos mais sítios de li- gação de ferro e, assim, maior CTLF. A transferrina é uma proteina negativa de fase aguda, ou seja, tem sua produção inibida por estados inflamatórios. Isso explica porque é possível ter redução da CTLF em pacientes porta- dores de anemia inflamatória da doença crônica. - Nesse momento começa a surgir uma anemia leve, a médula ainda consegue manter a produção de hemácias (normo-nor- mo) FASE 3: ANEMIA FERROPRIVA “CLÁSSICA” - RDW (anisocitose) - Anemia hipo e micro - Trombocitose (devido a falta de ferro, a médula aumenta os precurssosres das hemácias, que também são percussores daplaquetas) * RECEPTORES SOLÚVEIS DE TRANSFERRINA: Os receptores de transferrina são os responsáveis pela entrada do complexo transferri- na-ferro nas células. Em situações de deficiência de ferro, o organis- mo aumenta a secreção desses receptores para tentar ampliar o aporte de ferro à medula óssea, o que permite usar sua dosagem sérica para servir de instrumento no diagnóstico de ferropenia. * PROTOPORFIRINA ERITROCITÁRIA LIVRE: Lembre-se que a proto- porfirina se combina com o ferro para formar o grupo heme da he- moglobina. Se houver um estado de deficiência de ferro, portanto, ocorrerá excesso de protoporfirina não utilizada, que pode ser dosa- da e, assim, nos auxiliar em firmar o diagnóstico de ferropenia. EpidemiologiaEpidemiologiaEpidemiologia - A ferropenia é a deficiência nutricional mais comum no mun- do, tornando a anemia ferropriva, também, a forma mais co- mum de anemia em todo o planeta. - Acomete todas as faixas etárias e todas as populações em países desenvolvidos e em desenvolvimento. Mas é mais preva- lente em crianças e gestantes (que possuem uma demanda metabólica aumentada), especialmente se forem moradoras de países de piores condições socioeconômicas. Causas de ferropeniaCausas de ferropeniaCausas de ferropenia - É importante conhecer as causas para investigá-las e trata-lás adequadamente - Toda deficiência de ferro decorre de seu balanço negativo no organismo, isto é, quando há menor absorção ou maior perda do mineral. CARÊNCIA ALIMENTARCARÊNCIA ALIMENTARCARÊNCIA ALIMENTAR - É a causa mais comum de anemia ferropriva nas crianças e gestantes, populações que possuem uma demanda de ferro aumentada e que estão mais sujeitas à insegurança alimentar - No entanto, em adultos, a carência nutricional é uma causa menos frequente de ferropenia, mesmo em pacientes vegeta- rianos. DISTÚRBIOS DE ABSORÇÃO DE FERRODISTÚRBIOS DE ABSORÇÃO DE FERRODISTÚRBIOS DE ABSORÇÃO DE FERRO - Qualquer condição que diminua a absorção do ferro pode levar à deficiência no organismo. Alguns exemplos são: Doença celíaca: pode acometer o duodeno, principal sítio de absorção de ferro. Situações de hipocloridria (redução do ácido clorídrico gás- trico), já que o ferro em forma férrica precisa do ambiente ácido do estômago para ser convertido na forma ferrosa, melhor absorvida. PERDA CRÔNICA DE FERROPERDA CRÔNICA DE FERROPERDA CRÔNICA DE FERRO - É a etiologia mais comum é a perda de ferro por sangramen- to crônico - Qualquer paciente que possua um sangramento crônico, seja por menorragia, úlcera gástrica, neoplasia colônica ou qualquer outra condição, terá uma perda constante de hemoglobina e, consequentemente, de ferro, levando a consumo dos estoques corporais desse nutriente e, em última instância, anemia ferro- priva. *Sempre que estivermos diante de um paciente adulto com anemia ferropriva, devemos investigar a perda crônica de san- gue, especialmente via trato gastrointestinal, não é incomum descobrir uma neiplaisa colônica oculta como causa da deficiên- cia de ferro Quando clínicoQuando clínicoQuando clínico - Seu desenvolvimento é insidioso, instala se em meses - Inicialmente é sem sintomas - Síndrome anêmica Palidez, astenia, cefaleia, palpitações, intolerância aos esfor- ços - Carência nutricional Carências no geralCarências no geralCarências no geral (ferro, b12, ácido fólico) Glossite Quelite angular Carência de ferroCarência de ferroCarência de ferro Pervessão do apetite (pica) - compulsçao alimentar em in- gerir alimentos como gelo, terra e arroz cru Coiloníquia (unha igual colher) - depressão central no leito das unhas Disfagia (síndrome de plummer vinson) - uma rara compli- cação da anemia ferroprova, a qual tem uma atrofia da mucosa esofágica e formação de membranas no esôfago, que gera a dificuldade para engolir. Síndrome das penas inquietas - é um estado de compulsão em movimentar os membros e a presençça de sensações desagradáveis como parestesia, desconforto e dores, caso não seja feita a movimentação DiagnósticoDiagnósticoDiagnóstico TratamentoTratamentoTratamento TRATAR CAUSA BASETRATAR CAUSA BASETRATAR CAUSA BASE - EM CRIANÇA: Prematuridade (nasceu antes, não consegiu formar muitas hemácias e nem reserva), Desmame Parasitose (mais comum é a ancilostomiase) - EM ADULTO: Gravidez Hipermenorreia Má-absorção Sangramento crônico (mais comum) *Mais de 50 anos, tem anemia e nunca fez uma colonosco- pia solicita a colonoscopia REPOR SULFATO FERROSOREPOR SULFATO FERROSOREPOR SULFATO FERROSO *Nunca devemos tratar a deficiência de ferro apenas com ori- entação alimentar, é preciso realizar a reposição do ferro. A mudança de hábitos alimentares não é o suficiente para repor os estoques de ferro depletados. - A reposição de ferro é preferencialmente feita via oral - Assim, a reposição endovenosa de ferro é reservada apenas àqueles pacientes intolerantes ou refratários à reposição oral de ferro. - O mais comum de usar é o sulfato ferro, que tem sua apre- sentação em comprimidos, xarope e solução oral.. - A dose recomendada para o tratamento da anemia ferropri- va pelo Ministério da Saúde é de 120 mg de ferro elementar120 mg de ferro elementar120 mg de ferro elementar em adultos e 15 mg/dia em idososem adultos e 15 mg/dia em idososem adultos e 15 mg/dia em idosos. Doses Doses acima de 200 mg/dia não são recomendadas porque atrapalham a absorção do mineral. - O sulfato ferroso tem 20% de ferro elementar, ou seja, cada comprimido de 300 mg possui 60 mg de ferro elementar, sen- do recomendada a posologia de 2 a 3 compimidos divididos ao longo do dia. A ingestão de suco de laranja, em conjunto do sulfato ferroso auxilia sua absorção, ao proporcionar um ambi- ente ácido. * EM CRIANÇA: faz entre 3 e 6 mg/kg/dia de ferro elementar - Diversas substâncias atrapalham a absorção do ferro: fosfatos, fitatos, chá, leite, café. É por isso que se recomenda que a r posição oral de ferro seja realizada de estômago vazio, longe das refeições. No entanto, efeitos adversos de trato gastrointes- tinal ocorrem em 50 a 70% dos pacientes, fazendo com que muitas vezes seja permitida a administração com as refeições para melhorar a aderência. Esses sintomas adversos são dose- dependente e englobam diarreia, constipação, desconforto ab- dominal e náuseas. - O recomendado é manter o ferro por 6 a 12 meses após a correção da anemia / normalização dos níveis de hemoglobina, com o objetivo do organismo forma uma reserva de ferro, OU se ferritina maior que 50 (em criança acima de 15) AVALIAÇÃO DA RESPOSTA AO TRATAMENTO *Quando temos uma anemia ferropriva, a eritropoiese está compro- metida: a produção de hemoglobina e, consequentemente, de hemá- cias, está paralisada por falta de ferro disponível à conjugação com a protoporfirina para a formação do grupo heme. Assim, quando a re- posição de ferro começa, todo o mineral ofertado é rapidamente captado pela medula óssea, que então retoma a síntese de hemoglo- bina e a eritropoiese normal. Conforme novas hemácias são liberadas da medula óssea, os níveis de hemoglobina começam a subir e a anemia é progressivamente corrigida. - Mas a correção completa da anemia demora cerca de 6 a 8 semanas. - A forma de avaliar a resposta do paciente à reposição de fer- ro e a forma de comprovar que o organismo do pacinte retor- nou a atividade de produção de hemácias é por meio dos reti-por meio dos reti-por meio dos reti- culocitosculocitosculocitos. Os reticulócitos são as hemácias jovens recém-saídas da medula óssea. Portanto, quando o aporte de ferro inicia-se e há a retomada da eritropoiese, uma grande quantidade de reti- culócitos é liberada na circulação. Isso tipicamente ocorre a par- tir do terceiro dia de reposição de ferro (4 a 7 dias), com pico reticulocitário no décimo dia de terapia. - O último marcador a se normalizar é a ferritina REFRATARIEDADE À REPOSIÇÃO DE FERRO - Se a reposição de ferro é feita de forma adequada, a respos- ta ao tratamento costuma ser satisfatória. Entretanto, caso a te- rapia oral de ferro não corrija o quadro de anemia, deve-sequestionar sobre alguns pontos: O diagnóstico está correto? - Nem toda anemia é por deficiência de ferro, então, nem toda anemia responderá à reposição desse nutriente. As- sim, sempre que estiver diante de um paciente com ane- mia dita ferropriva que não responde à reposição de ferro, confirme se esse é o diagnóstico adequado. É comum que que pacientes com traço talassêmico sejam confundidos com o diagnóstico da anemia ferropriva. Há distúrbio de absorção de ferro? - Se o paciente com anemia ferropriva for refratário à re- posição oral de ferro, é possível que ele não absorva ade- quadamente esse nutriente. Os principais distúrbios de ab- sorção de ferro são a doença celíaca e os estados de hi- pocloridria como a gastrite atrófica por H. pylori. A investiga- ção adequada dessas condições pode esclarecer o motivo da ineficácia da terapia oral e indicar o uso de ferro endo- venoso. A causa da ferropenia foi controlada? - É possível que a causa de sua ferropenia ainda não tenha sido controlada: não adianta oferecer mais ferro se o paci- ente continua sangrando e perdendo ferro, por exemplo. Assim, é necessário sempre investigar e tratar a causa da defi- ciência de ferro adequadamente, além de oferecer sua reposi- ção. Anemia de Doença Cronica - Ou anemia inflamatória - Ocorre em pacientes portadores de condições inflamatórias crônicas, como infecções e denças reumatológicas - É a segunda causa mais comum de anemia, - As citocinas inflamatórias atuam no fígado e o induz a produ- zir uma enzima, a hepcidina. A hepcidina impede a mobilização dos estoque de ferro (tem o estoque de ferro, mas ele ta “preso”) e diminui a quantidade de transferrina (proteina que carrega o ferro). Ou seja o problema da anemia de doença crônica o paciente tem ferro, mas não consegue usar.. LaboratórioLaboratórioLaboratório CINÉTICA DE FERRO - A hepcidina não permite a ultilização dos estoques de ferro, assim, a ferritina aumentada ou normalferritina aumentada ou normalferritina aumentada ou normal - Tem diminuição da transferrinadiminuição da transferrinadiminuição da transferrina - Se não tá circulando ferro, tem uma diminuição do ferro séri-diminuição do ferro séri-diminuição do ferro séri- cococo e também uma diminuição ou normalização da saturaçãodiminuição ou normalização da saturaçãodiminuição ou normalização da saturação de transferrinade transferrinade transferrina. HEMOGRAMA - Inicialmente tem um padrão normo-normonormo-normonormo-normo (maioria), mas com a evolução progressiva, pode se tornar hipo e microhipo e microhipo e micro - - - A anemia não costuma ser acentuada, raramente apresentan- do hemoglobina abaixo de 9 g/dL. - O leucograma e a plaquetograma não costumam estar altera- dos, a não ser por características próprias da condição de base. *Os achados clínicos são semelhantes ao da anemia ferropriva, mas o paciente pode ter achados clínicos relacionados à doeça de base. TratamentoTratamentoTratamento - Tratar a doença de base * Assim como em outras anemias, a transfusão sanguínea só está in- dicada em caso de repercussão clínica importante para o paciente, especialmente alterações hemodinâmicas. ANEMIAS MACROCÍTICAS - Anemias macrocíticas são caracterizadas pela presença de hemácias de tamanho aumentado, o que pode ser aferido pela elevação do volume corpuscular médio (VCM > 100fL). - É o caso da anemia megaloblástica, da anemia do hipotireoi- dismo (a falta de hormônios tireoidianos compromete o desen- volvimento normal dos precursores hematopoiéticos) e do etilis- mo (já que o álcool é capaz de lesar diretamente as células tronco). Além disso, anemias hemolíticas também podem cursar com macrocitose. Anemia megaloblástica - É caracterizada pela deficiência de vitamina B12 (cianocobala- mina) e/ou ácido fólico - A vitamina b12 e o ácido fólico funcionam como co-fatores para síntese de DNA - Ingerimos ácido fólico na sua forma inativa, mas precisamos da sua forma ativa (tetraidrofolato - THF) para participar da síntese do DNA. E essa conversão é feita através da B12, que também faz a transformação da homocisteína em metionina *A conversão da forma inativa em forma ativa do folato se dá por duas etapas: o folato (F) da dieta é convertido em diidrofolato (DHF) e o DHF é então convertido em THF, sendo ambas as reações me- diadas pela diidrofolato-redutase. Após convertido em THF, o folato é usado então para a transferência de carbono. No caso da síntese de bases nitrogenadas, o THF deve estar na forma de 5,10-metileno- THF, em que participa transferindo carbono para formar pirimidinas do DNA, sendo oxidado em 5-metil-THF. Para que retorne a sua for- ma ativa e possa novamente ser utilizado na síntese do DNA, o 5- metil-THF deve ser demetilado em uma reação que converte a ho- mocisteína em metionina, utilizando a vitamina B12 como cofator. - A deficiência de ácido fólico e vitamina b12 interfere na divisão celular, impedindo uma a formação de reticulocitos. Com a defi- ciência de b12 e ác fólico, tem a formação de uma célula enor- me que estava pronta para se dividir, mas não consegue (VCM maior que 110) * Toda anemia megaloblástica vai ser macrocítica, mas nem to- da macrcitose é anemia megaloblástica.. O alcóol também pode dar macrocitose (VCM maior que 100) CICLO DO ÁCIDO FÓLICOCICLO DO ÁCIDO FÓLICOCICLO DO ÁCIDO FÓLICO - O ácido fólico ou folato é um grupo de substâncias com função or- gânica de fazer transferências de carbono entre diversas moléculas, sendo utilizadas em inúmeras reações em nosso organismo, como na síntese de bases nitrogenadas do DNA, na conversão de homocisteí- na em metionina (aminoácidos). na conversão de serina em glicina (também aminoácidos), - Deriva da alimentação (principalmente folhas/vegestais). Ingeri- mos, vai para a parte mais incial do intestino delgado - o duode- no e jejuno, onde é absorvido e vai para o sangue - Algumas causas da deficiência de ácido fólico são: Má nutrição (como no caso do alcoolismo crônico, em ido- sos, dietas restritivas e lactantes em uso exclusivo de leite de cabra) Aumento da necessidade (gestante, hemólise crônica) Redução da absorção (doença celíaca) Uso de medicamentos (metotrexate) - interere no metabo- lismo de ácido fólico, inibindo a enzima diidrofolato-redutase (ou seja, enzima que converte a forma inativa em ativa) CICLO DA VITAMINA B12CICLO DA VITAMINA B12CICLO DA VITAMINA B12 *A vitamina B12 é um nutriente essencial envolvido no reaproveita- mento do 5-metil-THF em 5,10-metileno-THF, a forma ativa de folato usada na síntese de DNA. Assim, a deficiência de B12 também culmina em incapacidade de produção de ácidos nucleicos, por “aprisiona- mento” do folato na forma de 5-metil-THF, incapaz de participar da fabricação de DNA. Nessa reação também participa a homocisteína, convertida em meti- onina. Assim, a deficiência de B12, e a carência de folato, precipita um estado de hiper-homocisteinemia, ao impossibilitar essa conversão. A vitamina b12 também está envolvida no no metabolismo dos ácidos graxos, principalmente na conversão de ácido metilmalônico em suc- cinil-CoA. Isso explica por que na deficiência de vitamina B12 também teremos um aumento do ácido metilmalônico, que pode auxiliar-nos no diagnóstico dessa condição. É por sua participação no metabolismo dos ácidos graxos que a B12 também participa da síntese de mielina, _______________________________________________ Na deficiência de vitamina B12, teremos aumento dos níveis de homocisteína e metilmalonato, já que a B12 participa da metabolização dessas substâncias. Já a carência de folato causa apenas hiperhomocisteinemia, com níveis de ácido metilmalôni- co normais, o que nos permite diferenciar as duas condições. _______________________________________________ - Sua principal fonte é alimentos de origem animal. - Ingerimos e quando chega no estômago, o seu ambiente áci- do (proporcionado principalmente pelas células parietais) pro- porciona a disociação da b12 do alimento, assim a b12 fica livre para se ligar ao ligante R, o qual vem da saliva. As células parien- taistambém produzem o fator intrínseco - Quando o bolo alimentar chega no duodeno, com as enzimas pacreáticas vai ter uma dissociação na b12 do ligante R e assim a b12 se liga ao fator intrínseco, o que é necessário para absor- ção da b12 no íleo distal, ou seja, a absorção da b12 ocorre com a b12 ligada ao fator intrínseco - Algumas causas relacionadas com a deficiência de b12 são Anemia perniciosa (doença autoimune) é a causa mais im- portante Vegetarianismo Gastrectomia (cirurgia bariátrica) Pancreatite crônica Doença ileal (doença de crohn) Metformina *Anemia perniciosa é um termo específico para designar a anemia megaloblástica por carência de vitamina B12 decorrente de uma gastrite atrófica autoimune. Compreende cerca de 85% de todas as deficiências de B12, acometendo principalmen- te mulheres com mais de 60 anos, sobretudo com histórico prévio de autoimunidade (tireoidite de Hashimoto, doença de Graves, doença de Addison)., o qual tem anticorpo contra célula parietal e contra o fator intrínseco Quadro clínicoQuadro clínicoQuadro clínico - É um quadro insidioso, de instalação lenta SÍNDROME ANÊMICA - Palidez, astenia, cefaleia, palpitação CARÊNCIA NUTRICIONAL - Glossite atrófica (lingua careca) - Queilite angular (inflamação das comissuras labiais) - A falta de b12 e de folato interefre na síntese de DNA e tam- bém na replicação celular, o que interfere em células que tem uma renovação mais rápida, como as células mucosa gastrica e um problema nessa renovação pode causar diarreia e dispepsiadiarreia e dispepsiadiarreia e dispepsia. DEFICIÊNCIA DE B12 OU FOLATO? - A b12 participa da síntese de mielina, uma substância lipídica que reveste axônios de diversos neurônios do sistema nervoso central e periférico.. Assim, a desmielinização é um achado ca- racterístico da deficiência de vitamina B12, causando defeitos de condução nervosa e, desse modo, SINTOMAS NEUROLÓGI- COS, que pode acontecer mesmo com hemograma normal. - Também tem sintomas neurológicos pelo fato da deficiência de b12 corroborar com o acumulo do ácido metilmalônico (que naturalmente é concertido em succinil coa), uma substância neurotóxica: - O paciente pode ter a degeneração combinada da medula, ou seja, acomete o cordão posterior (responsável pela sensibilida- de profunda, sensibilidade vibratória e propriocepção) e o feixe piramidal (síndrome piramidal - sintomas motores) - O paciente com deficiência de b12 pode ter também demên- cia e neuropatia periférica com perda de sensibilidade vibratória, formigamento, perda de sensibilidade. Alterações cognitivas co- mo perda de memória e depressão também podem acontecer. LaboratórioLaboratórioLaboratório - Anemia macrocítica e neutrólifos hipersegmentadosmacrocítica e neutrólifos hipersegmentadosmacrocítica e neutrólifos hipersegmentados (é consi- derado patgnomônico), por que a célula tentou se dividir - O RDW também costuma estar aumentado - Paciente pode ter pancitopenia levepancitopenia levepancitopenia leve, ou seja, redução da he- moglobina, leucócitos e plaquetas (nem sempre) - A medula sabe que ta fazendo células “ruins” (quase uma he- mácia) e ao invés de mandar para o sangue, ela destroi e a li- beração do seu conteúdo intracelelular faz com que estejam elevado os níveis da desidrogenase lática (LDH) (enzima cito- plasmática) e a bilirrubaina indireta (produto de degradação da hemoglobina bilirrubina indireta e LDHbilirrubina indireta e LDHbilirrubina indireta e LDH - hiperhomocisteinahiperhomocisteinahiperhomocisteina (b12 e folato - por que a homocisteina é consumida na ativação do ác fólico, um processo que precisa da b12 - acumula homocisteína) - Aumento do ácido metilmalônicoAumento do ácido metilmalônicoAumento do ácido metilmalônico, que é exclusivo da deficiên- cia de b12 - Na na maioria das vezes, o diagnóstico será firmado pela do- sagem específica de B12 e folato. TratamentoTratamentoTratamento DEFICIÊNCIA DE VITAMINA B12 - Em anemia perniciosa (por conta do comprometimento da absorção) o tratamento é a reposição de vitamina b12 1000 mcg IM. Pode começar diariamente por 1 semana. Depois dose sema- nam por 4 semanas e 1x ao mês para sempre DEFICIÊNCIA DE ÁCIDO FÓLICO - Ácido fólico 1 0 5mg VO. - A retomada da síntese de DNA e o restabelecimento da ma- turação normal dos recursores hematopoiéticos levam à produ- ção de novas hemácias, anifestando-se com reticulocitose em sangue periférico. A orreção da anemia ocorre em cerca de 2 meses. - Um efeito adverso do tratamento deve ser observado: com a retomada da produção de DNA e das divisões celulares, há in- tensa ormação de novas hemácias. Como as células megalo- blásticas ssuem grande citoplasma, há intensa captação de po- tássio elas novas hemácias, já que esse é o íon mais comum do meio ntracelular. Assim, o tratamento da anemia megalo- blástica pode esencadear quadro de hipocalemia, ANEMIAS HEMOLITICAS INTRODUÇÃO - A hémacia dura em média 120 dias. E na maioria das vezes ela se degrada no baço. - A destruição das hémacias é um processo fisiológico, o que chamamos de hemocaterese * Em torno dos 120 dias, as hémacias perdem deformabilidade de membrana, o que faz que seja fagocitada e destruída pelos macrófagos do sistema reticuloendotelial, espalhados pelo baço, fígado e medula óssea. - HemóliseHemóliseHemólise é a destruição prematuradestruição prematuradestruição prematura de hemácias. E pode acontecer no leito vascular (intravascular) ou no baço (extravas- cular) COMO SUSPEITAR DE ANEMIA HEMOLÍTICA? - ReticulocitoseReticulocitoseReticulocitose (pré-hémacia): aumenta reticulocitos, isso por que a medula tenta compensar a hémolise, e produz mais pré- hémacias - VCM aumentado (não é como na megaloblástica): acontece por que os reticulocitos são um pouco maior que as hémacias, e não tem como dife- renciar direito o que é reticulocitos ou hémacias na hora da contagem do hemograma, - Aumento do LDHAumento do LDHAumento do LDH: acontece por que quando tem a destrui- ção da hémacia, ela libera seu conteúdo intracelular e uma das enzimas abundantes no citoplasma é a desidrogenase lática (LDH) - Aumento da bilirrubina indiretaAumento da bilirrubina indiretaAumento da bilirrubina indireta: acontece por que a hemoglo- bina é composta por 4 cadeias de globina + 4 heme. E cada heme é formado por ferro e protoporfirina, que é de onde vem a bilirrubina. E essa bilirrubina indireta pode causar uma ic- terícia leve. - Diminuição da haptoglobina:Diminuição da haptoglobina:Diminuição da haptoglobina: quando a hemoglobina é destrui- da, ela perde as cadeias de globina, os quais são tóxicas, assim, a enzima haptoglobina é um mecanismo de proteção que cap- ta essas globinas. Mas quando tem muita cadeia de globina e essa ensima capta essas células, essa enzima diminui. - Paciente também pode queixar-se de urina escura pelo pro- cesso de filtração da bilirrubina, o paciente pode ter entâo he- moglbinúria e hemossiderinúria (principalmente na intravascular) - Quando a destruiçõ é mais no baço, o paciente pode cursar com esplenomegalia. ESFEROCITOSE HEREDITÁRIA - É uma condição congênita caracterizada por deficiência de proteínas do citoesqueleto, levando à formação de hemácias esféricas com resistência osmótica diminuída. - Para hémacia se manter com formato bicôncavo e maleáveis, existe uma relação entre proteínas do citoesqueleto e da membrana das hémacias, que fixam o formato habitual dos eri- trocitos. Mas na esferocitose hereditária, há deficiência congêni-há deficiência congêni-há deficiência congêni- ta autossômica dominante dessas proteínasta autossômica dominante dessas proteínasta autossômica dominante dessas proteínas, habitualmente espectrina e anquirina, levando justamente a um comprometi- mento das interações verticais e, consequentemente, perda de fragmentos (microvesículas) da membrana das hemácias. E isso faz com que os eritrócitos percam surpeficie de membrana em relação ao seu volume, e altera seu formato habitual. Assim, tem-se os esferócitos esferócitos esferócitos (hémacias de tamanho esféricos),com teor de hemoglobina aumentado (hipercrômicashipercrômicashipercrômicas). Ou seja, é uma hémacia pequena e esferica - Além disso, os esferócitos possuem uma deformabilidade dimi- nuida em relação às hemácias normais (“passa devagar pelo baço”), e isso faz com que elas fiquem aprisionadas no baço e sofrem o chamado condicionamento esplênico: os macrófagos retiram mais e mais fragmentos da membrana eritrocitária, le- vando finalmente à hemólise. Clínica e tratamentoClínica e tratamentoClínica e tratamento - Por ser uma condição autossômica dominante, a história famili- ar será habitualmente positiva, com parentes de primeiro grau também sendo portadores da doença. - Alterações típicas de hemólise crônica são esperadas, como icterícia por hiperbilirrubinemia indireta, consumo de haptoglobi- na e reticulocitose. Litíase biliar é muito comum. - A presença de hipercromia é especialmente característica: por terem perdido superfície, mas mantendo a mesma quanti- dade de hemoglobina, os esferócitos apresentam elevação de hemoglobina corpuscular média (HCM > 32) e concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM > 36). - O quadro clínico é, entretanto, bastante variável. Há pacientes completamente assintomáticos, com anemias hemolíticas crôni- cas compensadas, enquanto alguns casos cursam com quadros hemolíticos graves. RESUMINDO: Criança Micro/normocítica Hipercrômica Esplenomegalia - O principal exame diagnóstico para confirmar a suspeita nes- ses casos é a curva de fragilidade osmótica, um teste que mede a resistência osmótica das hemácias diante de soluções progressivamente hipotônicas. - Muitos pacientes com esferocitose hereditária não precisarão de tratamento específico. Esse só será indicado em quadros hemolíticos graves, com repercussão clínica sintomática. A tera- pia de primeira linha nesses casos é a esplenectomia: como é justamente o baço que ocasiona a destruição precoce das he- mácias, a retirada cirúrgica do órgão corrige totalmente a ane- mia hemolítica. - Pode dar tratamento de suporte (ácido fólico, transfusão...) ANEMIA HEMOLÍTICA AUTOIMUNE - É uma condição o qual a sobrevida das hemácias é reduzida por ação de autoanticorpos dirigidos a antígenos de sua mem- brana. - Por motivos desconhecidos, certos indivíduos desenvolvem esses autoanticorpos, que se ligam à superfície eritrocitária, le- vando à destruição precoce das hemácias via sistema comple- mento ou macrófagos do sistema reticuloendotelial. - Um teste capaz de identificar esses elementos na superficie das hémacias é o teste de coombs direto, o qual consegue ver se tem anticopo, complemento ligados a hemoglobina. - O tipo de autoanticorpo produzido possui implicações fisiopatológicas e clínicas marcantes, separando as AHAI em dois grandes grupos: as AHAI por anticorpos quentes e as AHAI por anticorpos frios.. A AHAI por anticorpo quente é a mais comum, na maioria das vezes, idiopática, mas podendo ser secundária a LLC, lúpus, neoplasias e uso de medicações (alfametildopa, cefalosporinas, quinidina). E a AHAI por anticorpo frio é casos, causada por autoanticorpos IgM, com reatividade máxima abai- xo de 30°C, causando hemólise intravascular. Na maioria das ve- zes, idiopática, ANEMIA FALCIFORME - A hemoglobina é composta por 4 cadeias de globina e 4 gru- pamentos heme (ferro+protoporfirina). - Podemos ter diferentes tipos de hemoglobina, e o que define o tipo são as globinas. Quando se tem 2 alfa e 2 beta é a mais comum (predominante) - HbA. Mas pode ter a hemoglobina a2 com 2 alfa e 2 delta (HbA2) e a hemoglobina fetal 2 alfa e 2 gama. (HbF) (Rara no adulto) - Em indivíduos saudáveis seria necessário o pai e a mãe se- rem alfa alfa + beta beta, e então a criança herda o mesmo ti- po (mais comum). Mas na anemia falciforme ocorre uma muta- ção e um dos genes beta fica defeituoso (beta s - “s de foice”). Assim, para a criança ter anemia falciforme, ela herda os genes alfa da mâe e do pai e um gene beta s da mãe e do pai. E indi- cíduos com traço de anemia falciforme, somente a mãe OU o pai vai ter o beta s - Na anemia falciforme, uma mutação pontual substitui o ácido glutâmico pela valina como sexto aminoácido na beta-globina, alterando a HbA e gerando a HbS, hemoglobina anômala que, quando não ligada ao oxigênio, perde solubilidade e forma lon- gas fibras no interior das hemácias. - Assim, a HbS é mais sucetivel ao processo de polimerização. E essa capacidade de se polimerizar quando desoxigenada faz com que a HbS altere o formato bicôncavo habitual da mem- brana eritrocitária, dando-lhe uma característica aparência de foice ou de meia-lua. E por serem menos deformáveis que as hemácias normais, as hémacias em forma de foice sofrem des- truição precoce (hemólise) e obstruem a microcirculação de órgãos e de tecidos por onde passam, acarretando episódios repetidos de vaso-oclusões. .*Os priocesso mais comuns que servem como gatilho para a hémacia de afoiçar são a desoxigenação, desidratação e acido- se. - As hémacias com formato diferente são mais sucetíveis à so- frerem ruptura, devido ao formato diferente podem se “acasa- lar” uma as outras e ocluir, e além disso, elas tem moléculas de adesão, ou seja, são “grudentas” (o que pode levar a vaso oclu- são). E todos esses processos podem turbilhonar o fluxo e po- de levar a lesão endotelial (devido as “pancadas”. E lesão endo- telial pode levar a hipercoagulabilidade (trombose). - Doenças resultantes de anormalidades da estrutura ou síntese das cadeias de globina da molécula de hemoglobina são chama- das de hemoglobinopatias. A anormalidade nas globinas pode ser quantitativa, como no caso das talassemias, ou qualitativa, como na anemia falciforme e hemoglobinopatia SC. - A anemia falciforme é uma das doenças genéticas mais co- muns no Brasil e no mundo. Em nosso país, os transtornos falci- formes foram trazidos por movimentos migratórios de origem africana, fazendo com que, atualmente, cerca de 3.000 a 3.500 crianças nasçam com anemia falciforme todos os anos, enquan- to portadores de traço falcêmico podem ser 180.000 a 200.000 de todos os nascidos vivos, segundo o Programa Nacional de Triagem Neonatal. A incidência é maior em estados com maio- res concentrações de afrodescendentes, como a Bahia, em que nasce 1 criança falcêmica a cada 650 nascidos vivos. TRIAGEM NEONATAL DA ANEMIA FALCIFORME - Do ponto de vista da Hematologia, a maior importância do teste do pezinhoteste do pezinhoteste do pezinho é a identificação precoce dos pacientes com anemia falciforme, para que, dessa forma, sejam instituídas me- didas que diminuam a mortalidade dessa população. Entretanto, outras hemoglobinopatias, como as talassemias e a hemoglobi- nopatia C, D e E, podem ser diagnosticadas. Quadro clínicoQuadro clínicoQuadro clínico - Enquanto a maioria das manifestações clínicas de pacientes falcêmicos decorrem de complicações agudas e crônicas, secundárias às vaso-oclusões a que estão sujeitos, as alterações laboratoriais esperadas estão primariamente relacionadas à he- mólise. Cursa, portanto, com anemia normo/normo, elevação de DHL e bilirrubina indireta, além de consumo de haptoglobina. Li- tíase biliar é frequente, muitas vezes com necessidade de cole- cistectomia. - Até os 6 meses de vida, predomina a hemoglibina fetal (HbF). Desse modo, a clínica é mais comum a partir dos 6 meses de vida., por que a HbS ainda é pouca e quem predomina é a HbF, que não é afetada pela HbS CRISES ÁLGICASCRISES ÁLGICASCRISES ÁLGICAS - As vaso-oclusões levam a dor de intensidade variável, com duração média de 4 a 6 dias, mas podendo estender-se por semanas. Alguns fatores são desencadeantes conhecidos, como hipóxia, desidratação, infecções, exposição ao frio e estresse físico ou emocional. SÍNDROME MÃO-PÉ - Aparece entre 6 meses a 2 ou 3 anos - Na periféria o aporte de oxigênio é menor e também por que quando a hémacia se desidrata quando passa pela perféria, ou seja, ocorre uma polimerização na medula óssea (que na criança acontece principalmente nos ossos da periféria. Nesse caso a criança sofreuma oclussão da medula óssea (caimbra dentro da medula) - Como tá tendo uma oclusão na medula óssea, pode ter uma isquemia, o que gera um processo inflamatório (dor, rubor, calor e eritema), o que na criança está acontecendo dentro de um ósso poroso, o que permite que o liquído da inflamação extra- vasse e os dedos e mãos ficam inchados. Que é conhecido co- mo dactilite. E é importante dizer que no Rx não mostra nada, já que o mesmo não mostra isquemia óssea. CRISE ÓSSEA - Maior que 3 anos - Acontece uma polimerização na médula óssea, só que dessa vez em ossos longos (caimbra no femur, costela) - Dor sem dactilite *Nesse caso também tem inflamação, só que o osso de pesso- as com mais de 3 anos são menos porososos, e não extrava li- quído ____________________________________________ Diante de um paciente falcêmico em quadro doloroso agudo, nossas principais medidas devem ser: Afastamento de desencadeantes: evitar fatores precipitan- tes de falcização, como hipóxia, frio, estresse físico e emo- cional, desidratação, infecções, dentre outros; Hidratação vigorosa: realizar hidratação por via oral em cri- ses leves e por via endovenosa em eventos moderados a graves. Analgesia imediata e adequada à dor do paciente: usar combinações de analgésicos e adjuvantes em doses de ho- rário fixo, até controle da dor. Indica-se o uso da escala de analgesia da Organização Mundial de Saúde, começando sempre pelo degrau mais adequado à dor do paciente: ____________________________________________ SEQUESTRO ESPLÊNICO - Um dos órgãos mais afetados pelas crises de vaso-oclusão típicas da anemia falciforme é o baço. Ao longo da vida do paci- ente falcêmico, o parênquima esplênico sofre inúmeros microinfartos, levando à fibrose progressiva do órgão e à perda de sua função. - Acontece uma polimerização no sistema venoso so baço. Vai ter um bloqueio venoso no sistema esplenico. O sangue chega, mas não sai, e com a capacidade de complascência do baço, ele vai se distentendo devido ao acumulo de sangue e além de ter uma congestão, também tem hémolise. - Tem queda súbita da hemoglobina e a medula tenta compen- sar, aumentando os reticulócitos - Quadro clássico do sequestro esplênico: HB, reticulocitos + esplenomegalia - Acontece em crianças de até 5 anos, devido a complascência aumentada do baço até os 5 anos. E ao mesmo tempo tem hémacias polimerizadas e “grudentas” vindo do pulmão que vão para o baco, ou seja, fecha a entrada do baco e também a saí- da e evolui com o isquemia do baço, que pode gerar necrose e evoluir para fibrose.. E depois do 5 anos, é como se tivesse uma autoesplenectomia. - A perda de atividade do baço leva uma proteção inadequada contra bactéria encapsuladas, que normalmente sofrem fagoci- tose pelos macrófagos esplênicos. *Identificados os portadores de anemia falciforme, o cuidado in- feccioso deve ser redobrado. Além do calendário vacinal nor- mal, que já inclui vacina antimeningocócica e anti-hemófilo, a va- cina contra o Streptococcus pneumoniae deve ser a polissaca- rídica 23-valente, com uma dose após os 2 anos de idade e um reforço após 5 anos da primeira dose. *O uso de antibióticos profiláticos também está indicado: todo paciente falcêmico deve receber antibioticoterapia contínua dos 3 meses aos 5 anos de idade, com penicilina V oral ou eritromi- cina (para os alérgicos à penicilina). INFECÇÕES - Algumas infecções mais comuns de acometer são: Osteomielite (no paciente com anemia falciforma o agente mais comum é o Salmonella, ao contrário do S aureus que é o mais comum na osteomielite em pessoas num geral. Infecções por germes encapsulados: devido a autoesple- nectomia) * Se o paciente tem febre, interna. * Crianças falcêmicas com febre devem ser prontamente internadas e submetidas à anti- bioticoterapia empírica endovenosa, porque há elevado risco de evolução para sepse e morte! SÍNDROME TORÁCICA AGUDA - Principal causa de morte - Trata-se de uma síndrome clínica marcada pela presença de sintomas respiratórios e opacidade pulmonar nova à radiografia de tórax. Frequentemente é precedida por uma crise álgica. - É definida como um infiltrado pulmonar + 1 achado pneumôni- co (febre, tosse, dor torácica, purulência, dispneia) - Sempre devemos suspeitar de síndrome torácica aguda dian- te de um paciente falcêmico com sintomas respiratórios, como tosse, dispneia e dor torácica. Nesses casos, é preciso solicitar uma gasometria arterial, a fim de verificar a presença de hipo- xemia, a alteração mais precoce e marcante desse quadro. Além disso, a radiografia de tórax será essencial para confirmar o quadro, já que seu diagnóstico é feito clinicamente pelo acha- do de opacidade pulmonar em conjunção à sintomatologia res- piratória. ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO ISQUÊMICO - Estima-se que 11% dos pacientes falcêmicos terão um episódio de AVEi até os 20 anos de idade, enquanto esse é um evento raro na população pediátrica normal. Entre adultos jovens, na segunda e terceira década de vida, predomina o AVE hemor- rágico, enquanto o AVEi volta a ser mais comum após os trinta anos. - Decorrente da obstrução das artérias cerebrais com conse- quente isquemia e infarto, TratamentoTratamentoTratamento TRATAMENTO AGUDOTRATAMENTO AGUDOTRATAMENTO AGUDO - Na maioria das vezes interna o paciente - É importante manter a hidratação, uma vez que a desidrata- ção aumenta o risco de polimerização - mas não pode hiperhi- dratar - Manter a oxigenação entre 92 e 95% - Analgesia: incluir opioide, analgesico comum não resolve - Antibiótico (se suspeita de infecção: beta-lactâmico + macrolí- deo - Pode considerar a transfusão (principalmente na síndrome to- racica aguda TRATAMENTO CRÔNICOTRATAMENTO CRÔNICOTRATAMENTO CRÔNICO - Vacinação - Penicillina V0, até os 5 anos - Dá o ácido fólico *Ferro é reaproveitado da hémacia destruida *E b12 tem estoque duradouros - Hidroxiureina: aumenta a HbF (não usa em mulheres que tem chance de engravidar) - Em casos muito grave, pode considerar o transplante de célu- las ósseas. TALASSEMIAS - São um grupo de anemias hereditárias em que há distúrbios quantitativos de produção das cadeias de globina que compõem a molécula de hemoglobina. - Se enquadra nas anemias microcíticas - Como existem seis tipos de globina, há seis apresentações possíveis de talassemia, de acordo com a cadeia afetada. No en- tanto, como a hemoglobina predominante após a vida fetal é, com folga, a HbA, formada por duas cadeias alfa e duas cadeias beta, temos apenas duas formas clássicas de apresentações das talassemias: as alfatalassemias, em que há distúrbio de pro- dução de cadeias alfa, e as betatalassemias, em que está com- prometida a síntese de betaglobina. - Normalmente, as cadeias alfa e beta são produzidas em quan- tidades equivalentes,. Nas talassemias, contudo, a síntese de uma dessas cadeias é afetada por mutações genéticas, causan- do um desbalanço: falta de uma cadeia e excesso da outra. Isso prejudica a produção normal de hemoglobina e compromete o desenvolvimento das hemácias, que se tornan microcítica. - A constante destruição das hemácias do paciente talassêmico no baço faz com que a medula óssea esteja muito ativada em sua produção de hemácias, gerando uma situação paradoxal: é típico encontrar um número de hemácias normal ou mesmo elevado, ainda que haja anemia acentuada, com importante re- dução dos níveis de hemoglobina. - Por serem quadros de hemólise, algumas alterações laboratori- ais em qualquer quadro hemolítico estão presentes também nas talassemias.: Como a hemólise ocorre no baço, cujos macrófagos reco- nhecem as hemácias com depósitos de globina não utiliza- da, é frequente o achado de esplenomegalia. Por liberação do conteúdo citoplasmático das hemácias destruídas, espera-se o aumento de DHL (desidrogenase lática, uma enzima intracelular) e de bilirrubina indireta (um produto de degradação da hemoglobina). *A liberação de hemoglobina e consequente metabolização em bilirrubina indireta faz com que haja maior eliminação de bilirrubina direta pelas vias biliares. Como consequência,esse metabolismo aumentado das bilirrubinas leva frequentemen- te à formação de cálculos biliares. Assim, os pacientes po- dem sofrer de litíase biliar. - Como a medula óssea está constantemente liberando novas hemácias na circulação, esperamos aumento da contagem reti- culocitária, já que os reticulócitos são justamente as formas eri- trocitárias jovens que deixam a medula. - É preciso lembrar ainda que o paciente com talassemia possui uma absorção de ferro aumentada: como a medula óssea está em constante atividade, o organismo “entende” que precisa de mais ferro para a produção de hemácias, diminuindo a produ- ção de hepcidina e aumentando a expressão da ferroportina, o que facilita a entrada do ferro pelos enterócitos. Em conjunto com as transfusões que recebem ao longo da vida, é essa ab- sorção aumentada que faz com que portadores de talassemia sofram com sobrecarga de ferro (hemocromatose secundária) e frequentemente necessitem usar medicações que façam a quelação desse mineral.