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Questões resolvidas

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Colocação Pronominal
GR0121 - (Enem)
A colocação pronominal é a posição que os pronomes
pessoais oblíquos átonos ocupam na frase em relação ao
verbo a que se referem. São pronomes oblíquos átonos:
me, te, se, o, os, a, as, lhe, lhes, nos e vos. Esses
pronomes podem assumir três posições na oração em
relação ao verbo. Próclise, quando o pronome é colocado
antes do verbo, devido a par�culas atra�vas, como o
pronome rela�vo. Ênclise, quando o pronome é colocado
depois do verbo, o que acontece quando este es�ver no
impera�vo afirma�vo ou no infini�vo impessoal regido
da preposição “a” ou quando o verbo es�ver no
gerúndio. Mesóclise, usada quando o verbo es�ver
flexionado no futuro do presente ou no futuro do
pretérito.
 
A mesóclise é um �po de colocação pronominal raro no
uso coloquial da língua portuguesa. No entanto, ainda é
encontrada em contextos mais formais, como se observa
em: 
a) Não lhe negou que era um improviso. 
b) Faz muito tempo que lhe falei essas coisas. 
c) Nunca um homem se achou em mais apertado lance. 
d) Referia-se à D. Evarista ou tê-la-ia encontrado em
algum outro autor? 
e) Acabou de chegar dizendo-lhe que precisava retornar
ao serviço imediatamente.
GR0269 - (Unesp)
 
Cons�tuem exemplos de linguagem formal e de
linguagem coloquial, respec�vamente, as seguintes falas:
a) “Ah, estou morrendo de pena...” e “Ainda vou
trabalhar a noite inteira no Iraque, meu rapaz.”
b) “Me adianta essa, vai...” e “É cedo para mim.”
c) “O importante é trabalhar com o que a gente gosta.” e
“Posso lhe dar um emprego bem melhor...”
d) “É cedo para mim.” e “Posso lhe dar um emprego bem
melhor...”
e) “Posso lhe dar um emprego bem melhor...” e “Me
adianta essa, vai...”
GR0542 - (Esc. Naval)
Laivos de memória
“... e quando �verem chegado, vitoriosamente,
ao fim dessa primeira etapa,
mais ainda se convencerão de que
1@professorferretto @prof_ferretto
abraçaram uma carreira di�cil,
árdua, cheia de sacri�cios,
mas ú�l, nobre e, sobretudo bela.”
(NOSSA VOGA, Escola Naval, Ilha de Villegagnon, 1964)
 
Há quase 50 anos, experimentei um misto de
angús�a, tristeza e ansiedade que meu jovem coração de
adolescente soube suportar com bravura.
Naquela ocasião, despedia-me dos amigos de
infância e da família e deixava para trás bucólica
cidadezinha da região serrana fluminense. A mo�vação
que me levava a abandonar gentes e coisas tão caras era,
naquele momento, suficientemente forte para respaldar
a decisão tomada de dar novos rumos à minha vida. Meu
mundo de então se tornara pequeno demais para as
minhas aspirações. Meus desejos e sonhos projetavam
horizontes que iam muito além das montanhas que
circundam minha terra natal.
Como resis�r à sedução e ao fascínio que a vida no
mar desperta nos corações dos jovens? Havia, portanto,
uma convicção: aquelas despedidas, ainda que dolorosas
– e despedidas são sempre dolorosas – não seriam
certamente em vão. Não �nha dúvidas de que os sonhos
que acalentavam meu coração pouco a pouco iriam se
converter em realidade.
(...)
Inúmeros foram também os portos e cidades
visitadas, não só no Brasil como no exterior, o que
sempre nos proporciona ines�máveis e valiosos
conhecimentos, principalmente graças ao contato com
povos diferentes e até mesmo de culturas exó�cas e
hábitos às vezes totalmente diversos dos nossos, como os
ribeirinhos amazonenses ou os criadores de serpentes da
an�ga Taprobana, ex-Ceilão e hoje Sri Lanka.
Como foi fascinante e delicioso navegar por todos
esses cantos. Cada novo mar percorrido, cada nova
enseada, estreito ou porto visitado �nha sempre um
gosto especial de descoberta... Sim, pois, como dizia
Câmara Cascudo, “o mar não guarda os ves�gios das
quilhas que o atravessam. Cada marinheiro tem a ilusão
cordial do descobrimento”.
(CÉSAR, CMG (RM1) William Carmo. Laivos de memória.
In: Revista de Villegagnon, Ano IV, nº 4, 2009. p. 42-50.
Texto adaptado)
 
Assinale a opção em que o uso da ênclise se dá pelo
mesmo mo�vo observado em: “Naquela ocasião,
despedia-me dos amigos de infância e da família (...)” (2º
parágrafo)
a) Os Aspirantes sen�am-se orgulhosos de suas
conquistas acadêmicas. 
b) Aqui, instalaram-se comodamente os atletas
brasileiros, durante os Jogos Olímpicos. 
c) A mãe da jovem Aspirante �nha-lhe observado a
importância da escolha profissional. 
d) Relatou-nos, com detalhes, as aventuras e desventuras
de sua úl�ma viagem de barco. 
e) Os alunos não estavam gostando do livro, mas
con�nuavam a lê-lo.
GR0386 - (Enem)
Papos
– Me disseram...
– Disseram-me.
– Hein?
– O correto é “disseram-me”. Não “me disseram”.
– Eu falo como quero. E te digo mais... Ou é “digo-te”?
– O quê?
– Digo-te que você...
– O “te” e o “você” não combinam.
– Lhe digo?
– Também não. O que você ia me dizer?
– Que você está sendo grosseiro, pedante e chato. [...]
– Dispenso as suas correções. Vê se esquece-me. Falo
como bem entender. Mais uma correção e eu...
– O quê?
– O mato.
– Que mato?
– Mato-o. Mato-lhe. Mato você. Matar-lhe-ei-te. Ouviu
bem? Pois esqueça-o e para-te. Pronome no lugar certo é
eli�smo!
– Se você prefere falar errado...
– Falo como todo mundo fala. O importante é me
entenderem. Ou entenderem-me?
VERISSIMO, L. F. Comédias para se ler na escola. Rio de
Janeiro: Obje�va, 2001 (adaptado).
 
Nesse texto, o uso da norma-padrão defendido por um
dos personagens torna-se inadequado em razão do(a)
a) falta de compreensão causada pelo choque entre
gerações. 
b) contexto de comunicação em que a conversa se dá. 
c) grau de polidez dis�nto entre os interlocutores. 
d) diferença de escolaridade entre os falantes. 
e) nível social dos par�cipantes da situação. 
GR0402 - (Unesp)
Leia a crônica “Seu ‘Afredo’”, de Vinicius de Moraes
(1913-1980).
2@professorferretto @prof_ferretto
Seu Afredo (ele sempre subtraía o “l” do nome, ao
se apresentar com uma ligeira curvatura: “Afredo Paiva,
um seu criado...”) tornou-se inesquecível à minha
infância porque tratava-se muito mais de um linguista
que de um encerador. Como encerador, não ia muito lá
das pernas. Lembro-me que, sempre depois de seu
trabalho, minha mãe ficava passeando pela sala com uma
flanelinha debaixo de cada pé, para melhorar o lustro.
Mas, como linguista, cultor do vernáculo1 e aplicador de
su�lezas grama�cais, seu Afredo estava sozinho.
Tratava-se de um mulato quarentão,
ultrarrespeitador, mas em quem a preocupação
linguís�ca perturbava às vezes a colocação pronominal.
Um dia, numa fila de ônibus, minha mãe ficou
ligeiramente ressabiada2 quando seu Afredo,
casualmente de passagem, parou junto a ela e
perguntou-lhe à queima-roupa, na segunda do singular:
– Onde vais assim tão elegante?
Nós lhe dávamos uma bruta corda. Ele falava horas a
fio, no ritmo do trabalho, fazendo os mais deliciosos
pedan�smos que já me foi dado ouvir. Uma vez, minha
mãe, em meio à lide3 caseira, queixou-se do fa�gante
ramerrão4 do trabalho domés�co. Seu Afredo virou-se
para ela e disse:
– Dona Lídia, o que a senhora precisa fazer é ir a um
médico e tomar a sua quilometragem. Diz que é muito
bão.
De outra feita, minha �a Graziela, recém-chegada de
fora, cantarolava ao piano enquanto seu Afredo,
acocorado perto dela, esfregava cera no soalho. Seu
Afredo nunca �nha visto minha �a mais gorda. Pois bem:
chegou-se a ela e perguntou-lhe:
– Cantas?
Minha �a, meio surpresa, respondeu com um riso
amarelo:
– É, canto às vezes, de brincadeira...
Mas, um tanto formalizada, foi queixar-se a minha
mãe, que lhe explicou o temperamento do nosso
encerador:
– Não, ele é assim mesmo. Isso não é falta de
respeito, não. É excesso de... gramá�ca.
Conta ela que seu Afredo, mal viu minha �a sair,
chegou-se a ela com ar disfarçado e falou:
– Olhe aqui, dona Lídia, não leve a mal, mas essa
menina, sua irmã, se ela pensa que pode cantar no rádio
com essa voz, ‘tá redondamente enganada. Nem em
programa de calouro!
E, a seguir, ponderou:
– Agora, piano é diferente. Pianista ela é!
E acrescentou:
– Eximinista pianista!
(Para uma menina com uma flor, 2009.)
 
1 vernáculo: a língua própria de um país; língua nacional.2 ressabiado: desconfiado.
3 lide: trabalho penoso, labuta.
4 ramerrão: ro�na.
 
Observa-se no texto um desvio quanto às normas
grama�cais referentes à colocação pronominal em:
a) “Lembro-me que, sempre depois de seu trabalho,
minha mãe ficava passeando pela sala com uma
flanelinha debaixo de cada pé, para melhorar o lustro.”
(1º parágrafo)
b) “Seu Afredo [...] tornou-se inesquecível à minha
infância porque tratava-se muito mais de um linguista
que de um encerador.” (1º parágrafo)
c) “Tratava-se de um mulato quarentão,
ultrarrespeitador, mas em quem a preocupação
linguís�ca perturbava às vezes a colocação
pronominal.” (2º parágrafo)
d) “[...] seu Afredo, casualmente de passagem, parou
junto a ela e perguntou-lhe à queima-roupa, na
segunda do singular [...].” (2º parágrafo)
e) “Seu Afredo virou-se para ela e disse: [...].” (4º
parágrafo)
GR0125 - (Eear)
Em qual alterna�va o pronome oblíquo átono está
corretamente colocado?
a) Me indicaram ao cargo, mas não sou o melhor
candidato.
b) Nós havíamos indicado-lhe vários candidatos
merecedores do cargo.
c) Não lhe dariam o cargo se não fosse competente para
exercer tal função.
d) Em tratando-se de eficiência, ele deu provas
suficientes para merecer o cargo.
GR0122 - (Fgvsp)
O sertanejo, assoberbado de reveses, dobra-se,
afinal.
Passa, certo dia, à sua porta, a primeira turma de
“re�rantes”. Vê-a, assombrado, atravessar o terreiro,
miseranda, desaparecendo adiante numa nuvem de
poeira, na curva do caminho... No outro dia, outra. E
outras. É o sertão que se esvazia.
Não resiste mais. Amatula-se num daqueles
bandos, que lá se vão caminho em fora, debruando de
ossadas as veredas, e lá se vai ele no êxodo penosíssimo
para a costa, para as serras distantes, para quaisquer
lugares onde o não mate o elemento primordial da vida.
A�nge-os. Salva-se.
Passam-se meses. Acaba-se o flagelo. Ei-lo de
volta. Vence-o saudade do sertão. Remigra. E torna feliz,
revigorado, cantando; esquecido de infortúnios,
3@professorferretto @prof_ferretto
buscando as mesmas horas passageiras da ventura
perdidiça e instável, os mesmos dias longos de transes e
provações demoradas.
(Euclides da Cunha. Os Sertões)
 
Assinale a alterna�va que atende à norma-padrão de
colocação pronominal.
a) Vai-se o sertanejo no êxodo para a costa, para as
serras distantes – esvazia-se o sertão, ainda que a
saudade acompanhe o re�rante. 
b) Quando acaba-se o flagelo, é como se todos os
problemas fossem esquecidos, e tudo se
reestabelecesse como antes. 
c) Por fim, o sertanejo se dobra e, depois de tantos
re�rantes à sua porta, rapidamente amatula-se em um
daqueles bandos. 
d) Ainda que o flagelo tenha ameaçado-o, o sertanejo
volta ao sertão, movido pela saudade por estar meses
longe de sua casa. 
e) Se vê, com assombro, a primeira turma de re�rantes
atravessar o terreiro, e depois outras seguem-se nos
dias posteriores.
GR0126 - (Fuvest)
U�lize o conteúdo a seguir para responder à questão.
No enunciado “Mesmo porque onde colocam, ninguém
�ra.”, os complementos dos verbos “colocam” e “�ra”
não são expressos lexicalmente. Se expressos por
pronomes e seguindo a norma padrão da língua
portuguesa, o resultado seria:
a) “... onde colocam-no, ninguém o �ra.”
b) “... onde o colocam, ninguém �ra-o.”
c) “... onde lhe colocam, ninguém lhe �ra.”
d) “... onde o colocam, ninguém o �ra.”
e) “... onde colocam-lhe, ninguém �ra-lhe.”
GR0543 - (Esc. Naval)
Minha amiga me pergunta: por que você fala
sempre nas coisas que acontecem a primeira vez e,
sobretudo, as comparar com a primeira vez que você viu
o mar? Me lembro dessa cena: um adolescente chegando
ao Rio e o irmão lhe prevenindo: “Amanhã vou te
apresentar o mar.” Isto soava assim: amanhã vou te levar
ao outro lado do mundo, amanhã te ofereço a Lua.
Amanhã você já não será o mesmo homem.
E a cena con�nuou: resguardado pelo irmão mais
velho, que se assentou no banco do calçadão, o
adolescente, ousado e indefeso, caminha na areia para o
primeiro encontro com o mar. Ele não pisava na areia. Era
um oásis a caminhar. Ele não estava mais em Minas, mas
andava num campo de tulipas na Holanda. O mar a
primeira vez não é um rito que deixe um homem impune.
Algo nele vai-se aprofundar.
E o irmão lá atrás, respeitoso, era a sen�nela, o
sacerdote que deixa o iniciante no limiar do sagrado,
sabendo que dali para a frente o outro terá que, sozinho,
enfrentar o dragão. E o dragão lá vinha soltando pelas
narinas as ondas verdes de verão. E o pequeno cavaleiro,
destemido e in�midado, tomou de uma espada ou
pedaço de pau qualquer para enfrentar a hidra que
ondeava mil cabeças, e convertendo a arma em caneta
ou lápis começou a escrever na areia um texto que não
terminará jamais. Que é assim o ato de escrever: mais
que um modo de se postar diante do mar, é uma forma
de domar as vagas do presente convertendo-o num
cristal passado.
Não, não enchi a garrafinha de água salgada para
mostrar aos vizinhos �midos re�dos nas montanhas, e fiz
mal, porque muitos morreram sem jamais terem visto o
mar que eu lhes trazia. Mas levei as conchas, é verdade,
que na mesa interior marulhavam lembranças de um
luminoso encontro de amor com o mar.
Certa vez, adolescente ainda nas montanhas, li urna
crônica onde um leitor de Goiás pedia à cronista que lhe
explicasse, enfim, o que era o mar. Fiquei perplexo. Não
sabia que o mar fosse algo que se explicasse. Nem me
lembro da descrição. Me lembro apenas da pergunta.
Evidentemente eu não estava pronto para a resposta. A
resposta era o mar. E o mar eu conheci, quando pela
primeira vez aprendi que a vida não é a arte de
responder, mas a possibilidade de perguntar.
Os cariocas vão achar estranho, mas eu devo lhes
revelar: o carioca, com esse modo natural de ir à praia,
desvaloriza o mar. Ele vai ao mar com a sem-cerimônia
4@professorferretto @prof_ferretto
que o mineiro vai ao quintal. E o mar é mais que horta e
quintal. É quando atrás do verde-azul do instante o
desejo se alucina num cardume de flores no jardim. O
mar é isso: é quando os vagalhões da noite se
arrebentam na aurora do sim.
Ver o mar a primeira vez, lhes digo, é quando
Guimarães Rosa pela vez primeira, por nós, viu o sertão.
Ver o mar a primeira vez é quase abrir o primeiro
consultório, fazer a primeira operação. Ver o mar a
primeira vez é comprar pela primeira vez uma casa nas
montanhas: que surpresas ondearão entre a lareira e a
mesa de vinhos e queijos!
O mar é o mestre da primeira vez e não para de
ondear suas lições. Nenhuma onda é a mesma onda.
Nenhum peixe o mesmo peixe. Nenhuma tarde a mesma
tarde. O mar é um morrer sucessivo e um viver
permanente. Ele se desfolha em ondas e não para de
brotar. A contemplá-lo ao mesmo tempo sou jovem e
envelheço.
O mar é recomeço.
(SANT’ANNA, Affonso Romano de. O mar, a primeira vez.
In:_____. Fizemos bem em resis�r: crônicas selecionadas.
Rio de Janeiro: Rocco,1994, p.50-52. Texto adaptado)
 
Em que opção o verbo destacado permite apenas o uso
da próclise, de acordo com a norma-padrão?
a) “Me lembro dessa cena: um adolescente [...].” (1º
parágrafo). 
b) “[...], que se assentou no banco do calçadão, [...].” (2º
parágrafo). 
c) “[...], mas eu devo lhes revelar: [...].” (6º parágrafo). 
d) “Ver o mar a primeira vez, lhes digo, [...].” (7º
parágrafo). 
e) “Ele se desfolha em ondas e não para de brotar.” (8º
parágrafo).
GR0128 - (Fgvsp)
U�lize o conteúdo a seguir para responder à questão.
Pela tarde apareceu o Capitão Vitorino. Vinha
numa burra velha, de chapéu de palha muito alvo, com a
fita verde-amarela na lapela do paletó. O mestre José
Amaro estava sentado na tenda, sem trabalhar. E quando
viu o compadre alegrou-se. Agora as visitas de Vitorino
faziam-lhe bem. Desde aquele dia em que vira o
compadre sair com a filha para o Recife, fazendo tudo
com tão boa vontade, que Vitorino não lhe era mais o
homem infeliz, o pobre bobo, o sem-vergonha, o
vagabundo que tanto lhe desagradava. Vitorino apeou-se
para falar do ataque ao Pilar. Não era amigo de Quinca
Napoleão, achava que aquele bicho vivia de roubar o
povo, masnão aprovava o que o capitão fizera com a D.
Inês.
— Meu compadre, uma mulher como a D. Inês é
para ser respeitada.
— E o capitão desrespeitou a velha, compadre?
— Eu não estava lá. Mas me disseram que botou
o rifle em cima dela, para fazer medo, para ver se D. Inês
lhe dava a chave do cofre. Ela não deu. José Medeiros,
que é homem, borrou-se todo quando lhe entrou um
cangaceiro no estabelecimento.
Me disseram que o safado chorava como bezerro
desmamado. Este cachorro anda agora com o fogo da
força da polícia fazendo o diabo com o povo.
(José Lins do Rego, Fogo Morto)
 
A colocação do pronome está adequada à situação
comunica�va da narra�va literária, mas está em
desacordo com a norma-padrão, na seguinte passagem
do texto:
a) E quando viu o compadre alegrou-se.
b) Agora as visitas de Vitorino faziam-lhe bem.
c) ... Vitorino não lhe era mais o homem infeliz, o pobre
bobo...
d) ... para ver se D. Inês lhe dava a chave do cofre.
e) Me disseram que o safado chorava como bezerro
desmamado.
GR0130 - (Efomm)
O médico e o monstro
Paulo Mendes Campos
 Avental branco, pincenê vermelho, bigodes azuis,
ei-lo, grave, aplicando sobre o peito descoberto duma
criancinha um estetoscópio, e depois a injeção que a
enfermeira lhe passa.
O avental na verdade é uma camisa de homem
adulto a bater-lhe pelos joelhos; os bigodes foram
pintados por sua irmã, a enfermeira; a criancinha é uma
boneca de olhos cerúleos, mas já meio careca, que
atende pelo nome de Rosinha; os instrumentos para
exame e cirurgia saem duma caixinha de brinquedos.
Ela, seis anos e meio; o doutor tem cinco.
Enquanto trabalham, a enfermeira presta informações:
— Esta menina é boba mesmo, não gosta de
injeção, nem de vitamina, mas a irmãzinha dela adora.
O médico segura o microscópio, focaliza-o dentro
da boca de Rosinha, pede uma colher, manda a paciente
dizer aaá. Rosinha diz aaá pelos lábios da enfermeira. O
médico apanha o pincenê, que escorreu de seu nariz,
rabisca uma receita, enquanto a enfermeira con�nua:
— O senhor pode dar injeção que eu faço ela
tomar de qualquer jeito, porque é claro que se ela não
quiser, né, vai ficar muito magrinha que até o vento
carrega.
O médico, no entanto, prefere enrolar uma gaze
em torno do pescoço da boneca, diagnos�cando:
5@professorferretto @prof_ferretto
— Mordida de leão.
— Mordida de leão? — pergunta, desapontada, a
enfermeira, para logo aceitar este faz de conta dentro do
outro faz de conta; eu já disse tanto, meu Deus, para essa
garota não ir na floresta brincar com Chapeuzinho
Vermelho...
Novos clientes desfilam pela clínica: uma baiana
de acarajé, um urso muito resfriado, porque só gostava
de neve, um cachorro atropelado por lotação, outras
bonecas de vários tamanhos, um Papai Noel, uma bola
de borracha e até mesmo o pai e a mãe do médico e da
enfermeira.
De repente, o médico diz que está com sede e
corre para a cozinha, apertando o pincenê contra o rosto.
A mãe se aproveita disso para dar um beijo violento no
seu amor de filho e também para preparar-lhe um
copázio de vitaminas: tomate, cenoura, maçã, banana,
limão, laranja e aveia. O famoso pediatra, com um esgar
colérico, recusa a formidável droga.
— Tem de tomar, senão quem acaba no médico é
você mesmo, doutor.
Ele implora em vão por uma bebida mais inócua.
O copo é levado com energia aos seus lábios, a
beberagem é provada com uma careta. Em seguida,
propõe um trato:
— Só se você depois me der um sorvete.
A terrível mistura é sorvida com dificuldade e
repugnância, seus olhos se alteram nas órbitas, um
engasgo devolve o res�nho. A operação durou um quarto
de hora. A mãe recolhe o copo vazio com a alegria da
vitória e aplica no menino uma palmadinha carinhosa,
revidada com a ameaça dum chute. Já estamos a essa
altura, como não podia deixar de ser, presenciado a
metamorfose do médico em monstro.
Ao passar zunindo pela sala, o pincenê e o
avental são a�rados sobre o tapete com um gesto
desabrido. Do an�go médico resta um lindo bigode azul.
De máscara preta e espada, Mr. Hyde penetra no quarto,
onde a doce enfermeira con�nua a brincar, e desfaz com
uma espadeirada todo o consultório: microscópio,
estetoscópio, remédios, seringa, termômetro, tesoura,
gaze, esparadrapo, bonecas, tudo se derrama pelo chão.
A enfermeira dá um grito de horror e começa a chorar
nervosamente. O monstro, exultante, espeta-lhe a
espada na barriga e brada:
— Eu sou o Demônio do Deserto!
Ainda sob o efeito das vitaminas, preso na
solidão escura do mal, desatento a qualquer autoridade
materna ou paterna, com o diabo no corpo, o monstro
vai espalhando o terror a seu redor: é a televisão ligada
ao máximo, é o divã massacrado sob os seus pés, é um
cometa indo �nir no ouvido da cozinheira, um vaso
quebrado, uma cor�na que se despenca, um grito, um
uivo, um rugido animal, é o doce derramado, a torneira
inundando o banheiro, a revista nova dilacerada, é,
enfim, o flagelo à solta no sexto andar dum apartamento
carioca.
Subitamente, o monstro se acalma. Suado e
ofegante, senta-se sobre os joelhos do pai, pedindo com
doçura que conte uma história ou lhe compre um
carneirinho de verdade.
E a paz e a ternura de novo abrem suas asas num
lar ameaçado pelas forças do mal.
 OBS.: O texto foi adaptado às regras no Novo Acordo
Ortográfico.
 Paulo Mendes Campos. O médico e o monstro. In:
Fernando Sabino e outros. Crônicas 2. 19. ed. São Paulo:
Á�ca, 2003. p. 20-22.
 
É possível o deslocamento do pronome átono na opção:
a) (...) e depois a injeção que a enfermeira lhe passa.
b) (...) gaze, esparadrapo, bonecas, tudo se derrama pelo
chão.
c) O médico segura o microscópio, focaliza-o dentro da
boca (...).
d) Suado e ofegante, senta-se sobre os joelhos do pai,
pedindo (...).
e) A mãe se aproveita disso para dar um beijo violento
(...).
GR0127 - (Fgvsp)
U�lize o conteúdo a seguir para responder à questão.
O velho Lima
O velho Lima, que era empregado — empregado
an�go — numa das nossas repar�ções públicas, e morava
no Engenho de Dentro, caiu de cama, seriamente
enfermo, no dia 14 de novembro de 1889, isto é, na
véspera da Proclamação da República dos Estados Unidos
do Brasil.
O doente não considerou a molés�a coisa de
cuidado, e tanto assim foi que não quis médico.
Entretanto, o velho Lima esteve de molho oito dias.
O nosso homem �nha o hábito de não ler jornais
e, como em casa nada lhe dissessem (porque nada
sabiam), ele ignorava completamente que o Império se
transformara em República.
No dia 23, restabelecido e pronto para outra,
comprou um bilhete, segundo o seu costume, e tomou
lugar no trem, ao lado do comendador Vidal, que o
recebeu com estas palavras:
— Bom dia, cidadão.
O velho Lima estranhou o cidadão, mas de si
para si pensou que o comendador dissera aquilo como
poderia ter dito ilustre, e não deu maior importância ao
cumprimento, limitando-se a responder:
— Bom dia, comendador.
— Qual comendador! Chama-me Vidal! Já não há
mais comendadores!
6@professorferretto @prof_ferretto
— Ora essa! Então por quê?
— A República deu cabo de todas as comendas!
Acabaram-se!
O velho Lima encarou o comendador e calou-se,
receoso de não ter compreendido a pilhéria.
Ao entrar na sua seção, o velho Lima sentou-se e
viu que �nham �rado da parede uma velha litografia
representando D. Pedro de Alcântara. Como na ocasião
passasse um con�nuo, perguntou-lhe:
— Por que �raram da parede o retrato de Sua
Majestade?
O con�nuo respondeu num tom lentamente
desdenhoso:
— Ora, cidadão, que fazia ali a figura do Pedro
Banana?
— Pedro Banana! — repe�u raivoso o velho
Lima.
— Não dou três anos para que isso seja
República!
(Arthur Azevedo. Seleção de contos, 2014)
 
Assinale a alterna�va em que a passagem está reescrita,
de acordo os sen�dos do original e com a norma-padrão
de emprego e colocação de pronomes.
a) O nosso homem �nha o hábito de não ler jornais e,
como em casa nada lhe dissessem... (3° parágrafo) = O
nosso homem desconhecia o hábito de não ler jornais
e, como em casa nada falou-se a ele...
b) ... ele ignorava completamente que o Império se
transformaraem República. (3° parágrafo) = ... ele
ignorava completamente que o Império �nha
transformado-se em República.
c) ... e tomou lugar no trem, ao lado do comendador
Vidal, que o recebeu com estas palavras... (4°
parágrafo) = ... e tomou lugar no trem, ao lado do
comendador Vidal, que acolheu-lhe com estas
palavras...
d) O velho Lima estranhou o cidadão, mas de si para si
pensou que o comendador dissera aquilo como
poderia ter dito ilustre... (6° parágrafo) = Espantou-se
o velho Lima com o cidadão, mas pensou com seus
botões que lhe dissera aquilo o comendador como
poderia ter dito ilustre...
e) — Qual comendador! Chama-me Vidal! Já não há mais
comendadores! (8° parágrafo) = — Qual comendador!
Me chama de Vidal! Agora não tem-se mais
comendadores!
GR0123 - (Uems)
Infinito Par�cular
1 - Eis o melhor e o pior de mim
O meu termômetro, o meu quilate
Vem, cara, me retrate
Não é impossível
5 - Eu não sou di�cil de ler
Faça sua parte
Eu sou daqui e não sou de Marte
Vem, cara, me repara
Não vê, tá na cara, sou porta-bandeira de mim
10 - Só não se perca ao entrar
No meu infinito par�cular
Em alguns instantes
Sou pequenina e também gigante
Vem, cara, se declara
15 - O mundo é portá�l
Pra quem não tem nada a esconder
Olha minha cara
É só mistério, não tem segredo
Vem cá, não tenha medo
20 - A água é potável
Daqui você pode beber
Só não se perca ao entrar
No meu infinito par�cular
 
Assinale a alterna�va em que ocorrem simultaneamente
uma colocação pronominal e um vocábulo inaceitáveis do
ponto de vista do padrão grama�cal culto:
a) Eis o melhor e o pior de mim.
b) Faça sua parte.
c) Só não se perca ao entrar.
d) Eu sou daqui e não sou de Marte.
e) Vem, cara, me retrate.
GR0131 - (Fgvsp)
Sua excelência
[O ministro] vinha absorvido e tangido por uma
chusma de sen�mentos a�nentes a si mesmo que quase
lhe falavam a um tempo na consciência: orgulho, força,
valor, sa�sfação própria etc. etc.
Não havia um nega�vo, não havia nele uma
dúvida; todo ele estava embriagado de certeza de seu
valor intrínseco, das suas qualidades extraordinárias e
excepcionais de condutor dos povos. A respeitosa a�tude
de todos e a deferência universal que o cercavam,
reafirmadas tão eloquentemente naquele banquete,
eram nada mais, nada menos que o sinal da convicção
dos povos de ser ele o resumo do país, vendo nele o
solucionador das suas dificuldades presentes e o agente
eficaz do seu futuro e constante progresso.
Na sua ação repousavam as pequenas
esperanças dos humildes e as desmarcadas ambições dos
ricos.
Era tal o seu inebriamento que chegou a
esquecer as coisas feias do seu o�cio... Ele se julgava, e
só o que lhe parecia grande entrava nesse julgamento.
7@professorferretto @prof_ferretto
As obscuras determinações das coisas,
acertadamente, haviam-no erguido até ali, e mais alto
levá-lo-iam, visto que, só ele, ele só e unicamente, seria
capaz de fazer o país chegar ao des�no que os
antecedentes dele impunham.
(Lima Barreto. Os bruzundangas. Porto Alegre: L&PM,
1998, pp. 15-6)
 
Assinale a alterna�va em que a nova posição dos
pronomes átonos, na frase reescrita, está de acordo com
a norma-padrão do português escrito.
a) A respeitosa a�tude de todos e a deferência universal
que cercavam-no.
b) As obscuras determinações das coisas acertadamente
o haviam erguido até ali.
c) Ele julgava-se e só o que parecia-lhe grande entrava
nesse julgamento.
d) ... uma chusma de sen�mentos a�nentes a si mesmo
que quase falavam-lhe.
e) As obscuras determinações das coisas,
acertadamente, mais alto levariam-no.
GR0133 - (Epcar)
O ídolo
Em um belo dia, a deusa dos ventos beija o pé do
homem, o maltratado, desprezado pé, e, desse beijo,
nasce o ídolo do futebol. Nasce em berço de palha e
barraco de lata e vem ao mundo abraçado a uma bola.
Desde que aprende a andar, sabe jogar. Quando
criança, alegra os descampados e os baldios, joga e joga e
joga nos ermos dos subúrbios até que a noite cai e
ninguém mais consegue ver a bola, e, quando jovem, voa
e faz voar nos estádios. Suas artes de malabarista
convocam mul�dões, domingo após domingo, de vitória
em vitória, de ovação em ovação.
A bola o procura, o reconhece, precisa dele. No
peito de seu pé, ela descansa e se embala. Ele lhe dá
brilho e a faz falar, e neste diálogo entre os dois, milhões
de mudos conversam. Os Zé Ninguém, os condenados a
serem para sempre ninguém, podem sen�r-se alguém
por um momento, por obra e graça desses passes
devolvidos num toque, essas fintas que desenham os zês
na grama, esses golaços de calcanhar ou de bicicleta:
quando ele joga o �me tem doze jogadores.
– Doze? Tem quinze! Vinte!
A bola ri, radiante, no ar. Ele a amortece, a
adormece, diz galanteios, dança com ela, e vendo essas
coisas nunca vistas, seus adoradores sentem piedade por
seus netos ainda não nascidos, que não estão vendo o
que acontece.
Mas o ídolo é ídolo apenas por um momento,
humana eternidade, coisa de nada; e quando chega a
hora do azar para o pé de ouro, a estrela conclui sua
viagem do resplendor à escuridão. Esse corpo está com
mais remendos que roupa de palhaço, o acrobata virou
paralí�co, o ar�sta é uma besta:
– Com a ferradura, não!
A fonte da felicidade pública se transforma no
para-raios do rancor público:
– Múmia!
Às vezes, o ídolo não cai inteiro. E, às vezes,
quando se quebra, a mul�dão o devora aos pedaços.
(Eduardo Galeano. Futebol, ao sol e à sombra.)
 
Leia o trecho abaixo.
“Os Zé Ninguém, os condenados a serem para sempre
ninguém, podem sen�r-se alguém por um momento, por
obra e graça desses passes devolvidos num toque, essas
fintas que desenham os zês na grama...” (9)
 
De acordo com a análise morfossintá�ca dos termos
destacados abaixo, pode-se concluir que está INCORRETA
a afirma�va:
a) Em Zé Ninguém, há uma derivação imprópria, já que
foi u�lizado um pronome indefinido como substan�vo
próprio.
b) Em “A fonte da felicidade pública se transforma no
para-raios do rancor público”, (7), a expressão
destacada qualifica o sujeito.
c) O substan�vo destacado em “...esses golaços de
calcanhar ou de bicicleta...” foi formado a par�r de
sufixação.
d) Caso antes da locução “... podem sen�r-se alguém...”,
houvesse uma palavra nega�va, o pronome se teria
que, obrigatoriamente, vir antes do verbo poder.
GR0134 - (Efomm)
A úl�ma crônica
A caminho de casa, entro num botequim da
Gávea para tomar um café junto ao balcão. Na realidade
estou adiando o momento de escrever. A perspec�va me
assusta. Gostaria de estar inspirado, de coroar com êxito
mais um ano nesta busca do pitoresco ou do irrisório no
co�diano de cada um. Eu pretendia apenas recolher da
vida diária algo de seu disperso conteúdo humano, fruto
da convivência, que a faz mais digna de ser vivida. Visava
ao circunstancial, ao episódico. Nesta perseguição do
acidental, quer num flagrante de esquina, quer nas
palavras de uma criança ou num acidente domés�co,
torno-me simples espectador e perco a noção do
essencial. Sem mais nada contar, curvo a cabeça e tomo
meu café, enquanto o verso do poeta se repete na
lembrança: “assim eu quereria o meu úl�mo poema”.
Não sou poeta e estou sem assunto. Lanço então um
úl�mo olhar fora de mim, onde vivem os assuntos que
merecem uma crônica.
8@professorferretto @prof_ferretto
Ao fundo do botequim um casal de pretos acaba
de sentar-se, numa das úl�mas mesas de mármore ao
longo da parede de espelhos. A compostura da
humildade, na contenção de gestos e palavras, deixa-se
acentuar pela presença de uma negrinha de seus três
anos, laço na cabeça, toda arrumadinha no ves�do
pobre, que se instalou também à mesa: mal ousa
balançar as perninhas curtas ou correr os olhos grandes
de curiosidade ao redor. Três seres esquivos que
compõem em torno à mesa a ins�tuição tradicional da
família, célula da sociedade. Vejo, porém, que se
preparam para algo mais que matar a fome.
Passo a observá-los. O pai, depois de contar o
dinheiro que discretamente re�rou do bolso, aborda o
garçom, inclinando- se para trás na cadeira, e aponta no
balcão um pedaço de bolo sob a redoma. A mãe limita-se
a ficar olhandoimóvel, vagamente ansiosa, como se
aguardasse a aprovação do garçom. Este ouve,
concentrado, o pedido do homem e depois se afasta para
atendê-lo. A mulher suspira, olhando para os lados, a
reassegurar-se da naturalidade de sua presença ali. Ao
meu lado o garçom encaminha a ordem do freguês. O
homem atrás do balcão apanha a porção do bolo com a
mão, larga-o no pra�nho — um bolo simples, amarelo-
escuro, apenas uma pequena fa�a triangular.
A negrinha, con�da na sua expecta�va, olha a
garrafa de Coca-Cola e o pra�nho que o garçom deixou à
sua frente. Por que não começa a comer? Vejo que os
três, pai, mãe e filha, obedecem em torno à mesa a um
discreto ritual. A mãe remexe na bolsa de plás�co preto e
brilhante, re�ra qualquer coisa. O pai se mune de uma
caixa de fósforos, e espera. A filha aguarda também,
atenta como um animalzinho. Ninguém mais os observa
além de mim.
São três velinhas brancas, minúsculas, que a mãe
espeta caprichosamente na fa�a do bolo. E enquanto ela
serve a Coca-Cola, o pai risca o fósforo e acende as velas.
Como a um gesto ensaiado, a menininha repousa o
queixo no mármore e sopra com força, apagando as
chamas. Imediatamente põe-se a bater palmas, muito
compenetrada, cantando num balbucio, a que os pais se
juntam, discretos: “parabéns pra você, parabéns pra
você. . .“ Depois a mãe recolhe as velas, torna a guardá-
las na bolsa. A negrinha agarra finalmente o bolo com as
duas mãos sôfregas e põe-se a comê-lo. A mulher está
olhando para ela com ternura — ajeita-lhe a fi�nha no
cabelo crespo, limpa o farelo de bolo que lhe cai ao colo,
O pai corre os olhos pelo botequim, sa�sfeito, como a se
convencer in�mamente do sucesso da celebração. De
súbito, dá comigo a observá-lo, nossos olhos se
encontram, ele se perturba, constrangido — vacila,
ameaça abaixar a cabeça, mas acaba sustentando o olhar
e enfim se abre num sorriso.
Assim eu quereria a minha úl�ma crônica: que
fosse pura como esse sorriso.
SABINO, Fernando. A companheira de viagem. Rio de
Janeiro: Record, 1972.
 
Considerando-se a colocação pronominal, assinale a
opção que apresenta a possibilidade de deslocamento do
pronome átono.
a) “O homem atrás do balcão apanha a porção de bolo
com a mão, larga-o no pra�nho (...)”.
b) “O pai se mune de uma caixa de fósforos (...)”.
c) “(...) Quer nas palavras de uma criança ou num
acidente domés�co, torno-me simples espectador
(...)”.
d) “Vejo, porém, que se preparam para algo mais (...)”.
e) “Ninguém os observa além de mim”.
GR0392 - (Fuvest)
O OPERÁRIO NO MAR
Na rua passa um operário. Como vai firme! Não tem
blusa. No conto, no drama, no discurso polí�co, a dor do
operário está na blusa azul, de pano grosso, nas mãos
grossas, nos pés enormes, nos desconfortos enormes.
Esse é um homem comum, apenas mais escuro que os
outros, e com uma significação estranha no corpo, que
carrega desígnios e segredos. Para onde vai ele, pisando
assim tão firme? Não sei. A fábrica ficou lá atrás. Adiante
é só o campo, com algumas árvores, o grande anúncio de
gasolina americana e os fios, os fios, os fios. O operário
não lhe sobra tempo de perceber que eles levam e
trazem mensagens, que contam da Rússia, do Araguaia,
dos Estados Unidos. Não ouve, na Câmara dos
Deputados, o líder oposicionista vociferando. Caminha no
campo e apenas repara que ali corre água, que mais
adiante faz calor. Para onde vai o operário? Teria
vergonha de chamá-lo meu irmão. Ele sabe que não é,
nunca foi meu irmão, que não nos entenderemos nunca.
E me despreza... Ou talvez seja eu próprio que me
despreze a seus olhos. Tenho vergonha e vontade de
encará-lo: uma fascinação quase me obriga a pular a
janela, a cair em frente dele, sustar-lhe a marcha, pelo
menos implorar-lhe que suste a marcha. Agora está
caminhando no mar. Eu pensava que isso fosse privilégio
e alguns santos e de navios. Mas não há nenhuma
san�dade no operário, e não vejo rodas nem hélices no
seu corpo, aparentemente banal. Sinto que o mar se
acovardou e deixou-o passar. Onde estão nossos
exércitos que não impediram o milagre? Mas agora vejo
que o operário está cansado e que se molhou, não muito,
mas se molhou, e peixes escorrem de suas mãos. Vejo-o
que se volta e me dirige um sorriso úmido. A palidez e
confusão do seu rosto são a própria tarde que se
decompõe. Daqui a um minuto será noite e estaremos
irremediavelmente separados pelas circunstâncias
atmosféricas, eu em terra firme, ele no meio do mar.
9@professorferretto @prof_ferretto
Único e precário agente de ligação entre nós, seu sorriso
cada vez mais frio atravessa as grandes massas líquidas,
choca-se contra as formações salinas, as fortalezas da
costa, as medusas, atravessa tudo e vem beijar-me o
rosto, trazer-me uma
esperança de compreensão. Sim, quem sabe se um dia o
compreenderei?
(Carlos Drummond de Andrade, Sen�mento do Mundo.)
 
Dentre estas propostas de subs�tuição para diferentes
trechos do texto, a única que NÃO está correta do ponto
de vista da norma-padrão é:
a) “Para onde vai ele, (…)?” = Aonde vai ele, (…)?
b) “O operário não lhe sobra tempo de perceber” = Ao
operário não lhe sobra tempo de perceber.
c) “Teria vergonha de chamá-lo meu irmão” = Teria
vergonha de chamá-lo de meu irmão.
d) “Tenho vergonha e vontade de encará-lo” = Tenho
vergonha e vontade de o encarar.
e) “Quem sabe se um dia o compreenderei” = quem sabe
um dia compreenderei-o.
GR0129 - (Efomm)
Um quarto de rapaz
Elsie Lessa
Abro as venezianas na alegria do sol desta
manhã e só não ponho a mão na cabeça porque, afinal
das contas, o correr dos anos nos dá uma certa filosofia.
Essa rapaziada parece que é mesmo toda assim.
Quem sai para uma prova de matemá�ca não há
mesmo de ter deixado a cama feita, tanto mais quando
ficou lendo Carlos Drummond de Andrade até às tantas,
como prova este Poesia até agora, rubro de vergonha de
ter sido largado no chão junto a este cinzeiro
transbordante e às meias azuis de náilon. E dizer que
desde que esse menino nasceu tento provar-lhe que já
não estamos — hélas! — no tempo da escravidão e que
somos nós mesmos, brancos, pretos ou amarelos,
intelectuais ou estudantes em provas, que devemos
encaminhar ao des�no conveniente as roupas da
véspera. Qual, ele não se convence. Também uma manta
escocesa, de suaves lãs macias, que a mãe da gente
trouxe embaixo do braço da Inglaterra até aqui, para que
nos aqueça nas noites de inverno, não devia ser largada
no chão, nem mesmo na companhia de um livro de
versos. E quem é que está ligando para tudo isso?
Ó mocidade inquieta, só mesmo o que está em
ordem dentro deste quarto são os montes de discos. E
estes livros, meu Deus? Como é que gente que gosta de
ler pode deixar os próprios livros numa bagunça dessas?
Coitado do Pablo Neruda, olha onde foi parar! E o Dom
Quixote de la Mancha, Virgem San�ssima! Há três
gerações que os antepassados desse menino não fazem
outra coisa senão escrever livros, e ele os trata assim!
— Livro é pra ler! Não é para enfeitar estante!
— Está certo! Que não enfeite, mas também não
precisam ser empurrados desse jeito, lá para o fundo,
com esse monte de revistas de jazz em cima! E custava,
criatura, custava você pendurar essas calças nesse
guarda-roupa que é para você, sozinho, que é provido de
cabides, que não têm outro des�no senão abrigar as suas
calças?
— Mania de ordem é complexo de culpa, já te
avisei! Meu quarto está ó�mo, está formidável. E não
gosto que mexa, hein, senão depois não acho as minhas
coisas!
E pensar que esse menino um dia casa e vai levar
essas noções de arrumação para a infeliz da esposa, e
que juízo, que juízo vai fazer essa moça de mim, meu
Deus do céu! Há bem uns quinze anos que esse problema
me atormenta, tenho trocado confidências com amigas e
há várias opiniões a respeito. Umas acham que um dia dá
um estalo de Padre Vieira na cabeça desses moleques e
passam a pendurar a roupa, �rar pó de livro, desamarrar
o sapato antes de �rar do pé.
Pode ser. Deus permita! Mas que agonia,
enquanto isso não acontece.
Dizer que peregrinei por an�quários para
descobrir nobres jacarandás, de boa es�rpe,que o
rodeassem em todas as suas horas, que lhe infundissem
o gosto das coisas belas. Qual! Pendurei a balada do
“If” (^1) em cima de todos esses discos de jazz, e sobre a
vitrola, já nem sei por quê, esse belo retrato de
Napoleão, em esmalte, vindo das margens do Sena! E ele
está se importando? O violão está sem cordas, e em cima
do meu retrato, radioso retrato da minha juventude, ele
já pôs o Billy Ecks�ne, a Sarah Vaughan, a Ava Gardner de
biquíni e duas namoradas ora descartadas! E não �ra um,
antes de colocar o outro! Vai empurrando por cima e já a
moldura estoura com essa variedade de predileções! São
Sebas�ão, na sua peanha dourada, está de olhos
erguidos para o alto e, felizmente, não vê a desordem
que anda cá por baixo.
Vejo eu, olho em roda para saber por onde
começar. Custava ele despejar esses cinzeiros? Onde já se
viu fumar na cama e fazer furos nos meus lençóis? E, em
tempos de provas, é hora de ficar folheando livros de
versos, até tarde da noite, desse jeito? O caderno de
�sica está assim de poesias e letras de fox e caricaturas
de colegas, não sei também se de algum professor! E
para que seis caixas de fósforo em cima dessa vitrola? E
onde já se viu misturar na mesma mesa esse nunca assaz
manuseado Manuel Bandeira, e El son entero, de Nicolás
Guillén, e os poemas de Mário de Andrade, e os Pássaros
Perdidos de Tagore, e Fernando Pessoa, e esse pocket
book policial? Quer ler Graham Greene, e fazer versos, e
fumar feito um desesperado, e não perder praia no
Arpoador, nem broto na vizinhança, nem filme na
10@professorferretto @prof_ferretto
semana e passar nas provas. E em que mundo isso é
possível?
Guardo os chinelos, que ficam sempre
emborcados. Já lhe disse que isso é atraso de vida. E ele
morre de rir. E ponho as cobertas em cima da cama. E
abro as janelas, para sair esse cheiro de fumo. E deixo só
uma caixa de fósforos. Mas não faço mais nada, porque
abri um caderno, de letra muito ruim, até a metade com
os seus versos.
(^1)Poema célebre do escritor indiano Rudyard Kipling
(18651936), Prêmio Nobel de Literatura de 1907.
OBS.: O texto foi adaptado às regras do novo acordo
ortográfico.
 
Assinale a opção em que, quanto à sintaxe de colocação
dos pronomes átonos, é INDIFERENTE a sua posição no
período.
a) (...) Afinal das contas, o correr dos anos nos dá uma
certa filosofia.
b) Já lhe disse que isso é atraso de vida.
c) Qual, ele não se convence.
d) Mania de ordem é complexo de culpa, já te avisei!
e) (...) Da Inglaterra até aqui, para que nos aqueça nas
noites de inverno (...)
GR0120 - (Pucmg)
A importância do ato de ler
Con�nuando neste esforço de “re-ler”
momentos fundamentais de experiências de minha
infância, de minha adolescência, de minha mocidade, em
que a compreensão crí�ca da importância do ato de ler
se veio em mim cons�tuindo através de sua prá�ca,
retomo o tempo em que, como aluno do chamado curso
ginasial, me experimentei na percepção crí�ca dos textos
que lia em classe, com a colaboração, até hoje recordada,
do meu então professor de língua portuguesa. Não eram,
porém, aqueles momentos puros exercícios de que
resultasse um simples dar-nos conta de uma página
escrita diante de nós que devesse ser cadenciada,
mecânica e enfadonhamente “soletrada” e realmente
lida. Não eram aqueles momentos “lições de leitura”, no
sen�do tradicional desta expressão. Eram momentos em
que os textos se ofereciam à nossa inquieta procura,
incluindo a do então jovem professor José Pessoa.
Algum tempo depois, como professor também
de português, nos meus vinte anos, vivi intensamente a
importância de ler e de escrever, no fundo
indicotomizáveis, com os alunos das primeiras séries do
então chamado curso ginasial. A regência verbal, a
sintaxe de concordância, o problema da crase, o
sincli�smo pronominal, nada disso era reduzido por mim
a tabletes de conhecimentos que devessem ser engolidos
pelos estudantes. Tudo isso, pelo contrário, era proposto
à curiosidade dos alunos de maneira dinâmica e viva, no
corpo mesmo de textos, ora de autores que
estudávamos, ora deles próprios, como objetos a serem
desvelados e não como algo parado, cujo perfil eu
descrevesse. Os alunos não �nham que memorizar
mecanicamente a descrição do objeto, mas apreender a
sua significação profunda. Só apreendendo-a seriam
capazes de saber, por isso, de memorizá-la, de fixá-la. A
memorização mecânica da descrição do elo não se
cons�tui em conhecimento do objeto. Por isso, é que a
leitura de um texto, tomado como pura descrição de um
objeto é feita no sen�do de memorizá-la, nem é real
leitura, nem dela portanto resulta o conhecimento do
objeto de que o texto fala.
Creio que muito de nossa insistência, enquanto
professoras e professores, em que os estudantes “leiam”,
num semestre, um sem-número de capítulos de livros,
reside na compreensão errônea que às vezes temos do
ato de ler. Em minha andarilhagem pelo mundo, não
foram poucas as vezes em que jovens estudantes me
falaram de sua luta às voltas com extensas bibliografias a
serem muito mais “devoradas" do que realmente lidas ou
estudadas. [...]
A insistência na quan�dade de leituras sem o
devido adentramento nos textos a serem
compreendidos, e não mecanicamente memorizados,
revela uma visão mágica da palavra escrita. Visão que
urge ser superada. A mesma, ainda que encarnada desde
outro ângulo, que se encontra, por exemplo, em quem
escreve, quando iden�fica a possível qualidade de seu
trabalho, ou não, com a quan�dade de páginas escritas.
No entanto, um dos documentos filosóficos mais
importantes de que dispomos, As teses sobre Feuerbach,
de Marx, tem apenas duas páginas e meia.
Parece importante, contudo, para evitar uma
compreensão errônea do que estou afirmando, sublinhar
que a minha crí�ca à magicização da palavra não
significa, de maneira alguma, uma posição pouco
responsável de minha parte com relação à necessidade
que temos, educadores e educandos, de ler, sempre e
seriamente, os clássicos neste ou naquele campo do
saber, de nos adentrarmos nos textos, de criar uma
disciplina intelectual, sem a qual inviabilizamos a nossa
prá�ca enquanto professores e estudantes.
Paulo Freire
 
Atente para o excerto dado:
Só apreendendo-a seriam capazes de saber, por
isso, de memorizá-la, de fixá-la. A memorização mecânica
da descrição do elo não se cons�tui em conhecimento do
objeto. Por isso, é que a leitura de um texto, tomado
como pura descrição de um objeto é feita no sen�do de
memorizá-la, nem é real leitura, nem dela portanto
resulta o conhecimento do objeto de que o texto fala.
 
11@professorferretto @prof_ferretto
Se observarmos as prescrições da gramá�ca norma�va, é
CORRETO afirmar:
a) Em “não se cons�tui” há uma faculta�vidade na
colocação pronominal – estaria igualmente correta a
forma “não cons�tui-se”.
b) Em “objeto de que o texto fala”, o item lexical “que” é
um pronome demonstra�vo e retoma,
anaforicamente, o sintagma “o objeto”. 
c) Em “por isso, de memorizá-la” há um desvio, pois a
preposição “de” atrai o oblíquo e demanda próclise –
deveria ser “de a memorizar”. 
d) Em “Só apreendendo-a” deveria haver próclise, pois o
advérbio (palavra que denota exclusão) atrai o
oblíquo.
GR0132 - (Fuvest)
Há uma língua sendo gestada no Brasil que não
se pretende correta, autên�ca ou mesmo eficiente. É
apenas novidadeira - ”trendy" ou ”fashion", como ela
própria se definiria.
Nessa nova língua, não se diz mais que tal ou
qual coisa é an�ga, vinda do passado. Diz-se que é
”vintage" - embora “vintage” (ao pé da letra, “vindima”)
se aplique, em inglês, ao que pertence a uma dada safra,
ao que vem auten�camente de uma época. Mas é
sempre assim, não? Por leveza ou ligeireza dos usuários,
certas palavras, ao serem transplantadas à força de uma
língua para outra, podem ter o seu sen�do original
alterado.
Daí que, na nova língua que se pra�ca aqui, e
mais ainda no mundo da moda, algo corriqueiro, vulgar,
normal, que não se afasta dos padrões estabelecidos, é
agora chamado de “mainstream”. Em inglês,
“mainstream" é o curso d’água ou corrente principal e se
referea um rio, mas pode se aplicar também a um es�lo
dominante na literatura, na música, no cinema. Entre
nós, meio que vem subs�tuir o que, até há pouco,
costumava se chamar de - como era mesmo? - ”básico".
A secretária de um médico acaba de me
telefonar marcando um “apontamento” para a semana.
Isso era algo que, no passado, dizíamos de farra: “Vou te
dar um anel para marcar um apontamento”. Quis rir, mas
me con�ve a tempo. A moça estava falando a sério.
(Ruy Castro, Folha de S.Paulo, 09/10/2010. Adaptado)
 
O trecho em que a opção pela próclise tornou-se
obrigatória a despeito do tempo do verbo com que o
pronome se ar�cula, é:
a) “como ela própria se definiria”. (L. 3 e 4)
b) “Diz-se que é ‘vintage’”. (L. 6)
c) “costumava se chamar”. (L. 22)
d) “Vou te dar um anel”. (L. 26 e 27)
e) “mas me con�ve a tempo”. (L. 27 e 28)
GR0608 - (Enem PPL)
Proclamação do amor an�gramá�ca
“Dá-me um beijo”, ela me disse,
E eu nunca mais voltei lá.
Quem fala “dá-me” não ama,
Quem ama fala “me dá”
“Dá-me um beijo” é que é correto,
É linguagem de doutor,
Mas “me dá” tem mais afeto,
Beijo me-dado é melhor.
A gramá�ca foi feita
Por um velho professor,
Por isso é tão má receita
Pra dizer coisas de amor.
O mestre pune com zero
Quem não diz “amo-te”. Aposto
Que em casa ele é mais sincero
E diz pra mulher: “te gosto”
Delírio dos olhos meus,
Estás ficando an�pá�ca.
Pelo diabo ou por deus
Manda às favas a gramá�ca.
Fala, meu cheiro de rosa,
Do jeito que estou pedindo:
“Hoje estou menas formosa,
Com licença, vou se indo”.
Comete miles de erros,
Mistura tu com você,
E eu proclamarei aos berros:
“Vós és o meu bem querer”.
LAGO,
M.
Disponível
em:
www.mariolago.com.br.
Acesso
em:
30
out.
2021.
 
Nesse poema, o eu lírico defende o uso de algumas
estruturas consideradas inadequadas na norma-padrão
da língua. Esse uso, exemplificado por “me dá” e “te
gosto”, é legi�mado
12@professorferretto @prof_ferretto
a) pelo contexto de situação discu�do ao longo do
poema.
b) pelas caracterís�cas enuncia�vas requeridas pelo
gênero poema.
c) pela interlocução construída entre o eu lírico e os
leitores do poema.
d) pela mobilização da função poé�ca da linguagem na
composição do texto.
e) pelo reconhecimento do valor social da variedade de
pres�gio em textos escritos.
GR0615 - (Uff)
TEXTO I
Trechos da carta de Pero Vaz de Caminha
Muitos deles ou quase a maior parte dos que
andavam ali traziam aqueles bicos de osso nos beiços (7).
E alguns, que andavam sem eles, �nham os beiços
furados (12) e nos buracos uns espelhos de pau, que
pareciam espelhos de borracha (8); outros traziam três
daqueles bicos, a saber, um no meio e os dois nos cabos
(13). Aí andavam outros, quartejados de cores, a saber,
metade deles da sua própria cor, e metade de �ntura
preta, a modos de azulada; e outros quartejados de
escaques. Ali andavam entre eles três ou quatro moças,
bem moças e bem gen�s, com cabelos muito pretos,
compridos pelas espáduas, e suas vergonhas tão altas,
tão cerradinhas e tão limpas das cabeleiras que, de as
muito bem olharmos, não �nhamos nenhuma vergonha.
Esta terra, Senhor, me parece que da ponta que mais
contra o sul vimos (2) até a outra ponta que contra o
norte vem (3), de que nós deste porto houvemos vista,
será tamanha que haverá nela bem vinte ou vinte e cinco
léguas por costa (4). Tem, ao longo do mar, nalgumas
partes, grandes barreiras (6), delas vermelhas, delas
brancas; e a terra por cima toda chã e muito cheia de
grandes arvoredos (5). De ponta a ponta, é toda praia
parma, muito chã e muito formosa.
Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande
(1), porque, a estender olhos, não podíamos ver senão
terra com arvoredos, que nos parecia muito longa (9).
Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem
prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem lho
vimos (10). Porém a terra em si é de muito bons ares,
assim frios e temperados, como os de Entre Douro e
Minho (14), porque neste tempo de agora os achávamos
como os de lá (15).
Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é
graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo,
por bem das águas que tem (11).
Carta de Pero Vaz de Caminha in: PEREIRA, Paulo Roberto
(org.) Os três únicos testemunhos do descobrimento do
Brasil. Rio de Janeiro: Lacerda, 1999, p. 39-40.
 
Vocabulário:
1 “espelhos de pau, que pareciam espelhos de borracha”:
associação de imagem com a tampa de um vasilhame de
couro, para transportar água ou vinho, que recebia o
nome de “espelho” por ser feita de madeira polida.
2 “�ntura preta, a modos de azulada”: é uma �ntura feita
com o sumo do fruto jenipapo.
3 “escaques”: quadrados de cores alternadas como os do
tabuleiro de xadrez.
4 “parma”: lisa como a palma da mão.
5 “chã”: terreno plano, planície.
 
Assinale a opção em que a reformulação da frase abaixo
apresenta um emprego de pronome não compa�vel com
o uso formal da língua: “E em tal maneira é graciosa que,
querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das
águas que tem.” (11)
a) E em tal maneira é graciosa que, se a quisermos
aproveitar, dar-se-á nela tudo por causa das águas que
tem.
b) E em tal maneira é graciosa que, querendo aproveitá-
la, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem.
c) E em tal maneira é graciosa que, querendo-a
aproveitar, tudo nela se dará, por causa das águas que
tem.
d) E em tal maneira é graciosa que, ao querer-se
aproveitá-la, tudo se dará nela, por bem das águas
que tem.
e) E em tal maneira é graciosa que, querendo aproveitar
ela, tudo dar-se-á por bem das águas que tem.
GR0950 - (Unifesp)
13@professorferretto @prof_ferretto
 
Explicitando-se os complementos dos verbos em “Eu
cuido, eu respeito.”, obtém-se, em conformidade com a
norma-padrão da língua portuguesa:
a) Eu a cuido, eu respeito-lhe.
b) Eu cuido dela, eu lhe respeito.
c) Eu cuido dela, eu a respeito.
d) Eu lhe cuido e respeito.
e) Eu cuido e respeito-a.
GR0951 - (Ufal)
 
A respeito da colocação do pronome pessoal oblíquo que
se encontra no 1º quadrinho, infere-se que
a) obedece à variedade padrão por se tratar de uma
forma mais agradável de dizer e ouvir, já que o
princípio da eufonia é o principal critério para a
colocação dos pronomes.
b) obedece à variedade padrão, porque a exclamação
situada antes do verbo é fator de próclise.
c) a forma verbal que está no impera�vo exige o
pronome oblíquo proclí�co.
d) o voca�vo que aparece antes da exclamação exerce
função de sujeito, por isso que o pronome oblíquo
encontra-se proclí�co.
e) está em desacordo com a variedade padrão, uma vez
que antes do verbo não há palavras que exerçam
atração sobre o pronome.
GR0952 - (Pucpr)
14@professorferretto @prof_ferretto
 
A fala da garota na �rinha explica-se porque o
a) menino não usou a colocação pronominal prescrita
pela norma culta em “Nunca deixe-me”.
b) pronome “me” não poderia estar depois das formas
verbais “Abrace” e “Beije”, de acordo com as normas
da gramá�ca tradicional.
c) uso de “me” em “Beije-me” fere a prescrição
grama�cal, que recomenda o uso de “eu” nesse caso.
d) menino ora usa o pronome “me” depois do verbo, ora
antes dele, o que não mantém a uniformidade
pronominal.
e) emprego do pronome de primeira pessoa “me” não
pode ocorrer junto de uma forma verbal no
impera�vo.
GR0953 - (Ifsp)
Bene�cio para a carreira
Enfrentar as dificuldades do dia a dia e solucionar os
grandes problemas da companhia não são funções
descritas em nenhum cargo, mas são importantes para
quem deseja prosperar na carreira. O profissional que
resolve problemas e ajuda as empresas a a�ngir
resultados destaca-se, ganha reconhecimento e larga em
vantagem na disputa por uma promoção. [...]
Não adianta ser um profissional com superpoderes
que quer resolver tudo. Quem faz isso acaba
sobrecarregado e entrega resultados inferiores ao
desejado. Numa empresa, essa sobrecarga de tarefas
poderia fazer com que clientes, uma hora, parassem de
comprar os produtos. Na vida profissional, poderia
resultar em uma demissão.
Assim como as organizações buscam soluções
inovadoras, o profissional também pode encontrarcaminhos para resolver problemas com maior facilidade.
Não é um processo fácil. Muitas vezes é dolorido. Exige
empenho por meio das conversas, a fim de entender os
diferentes pontos de vista e enfrentamentos que
acontecem. No entanto, sem esse embate, sem a
disposição para a comunicação, é impossível resolver um
problema.
(Lucas Rossi. Você S/A, adição 179, abril/2013. Adaptado)
 
Subs�tuindo-se a informação destacada no trecho “... as
organizações buscam soluções inovadoras...” por um
pronome correspondente, o resultado grama�calmente
correto é o seguinte:
a) buscam-lhas.
b) buscam-lhe.
c) buscam-nas.
d) buscam-las.
e) buscam-as.
GR0954 - (Ufrgs)
André Devinne procura cul�var a ingenuidade — uma
defesa contra tudo o que entende. Pressente: há alguma
coisa irresolvida que está em parte alguma, mas os
nervos sentem-_____1. Quem sabe seja uma espécie de
vergonha. Quem sabe o medo enigmá�co dos quarenta
anos. Certamente não é a angús�a de se ver lavando o
carro numa tarde de sábado, um homem de sua posição.
É até com delicadeza que se entrega ao sol das três da
tarde, agachado, sem camisa, esfregando o pano sujo no
pneu, num ritual disfarçado em que evita formular seu
tranquilo desespero. Assim: ele está numa guerra, mas
por acaso; de onde está, submerso na ingenuidade, à
qual se agarra sem saber, não consegue ver o inimigo.
Talvez não haja nenhum.
— Filha, não fique aí no sol sem camisa.
A menina recuou até a sombra. Agachou-se, olhos
negros no pai.
— Você vai pra praia hoje?
André Devinne contemplou o pneu lavado: um bom
trabalho.
— Não sei. Falou com a mãe?
— Ela está pintando.
A filha tem o mesmo olhar da mãe, quando Laura, da
janela do ateliê, observa o mar da Barra, transformando
aquela estreita faixa de azul acima da Lagoa, numa outra
faixa, de outra cor, mas igualmente suave, na tela em
branco. Um olhar que inves�ga sem ferir — que parece,
de fato, ver o que está lá.
Devinne — espreguiçou-se es�cando as pernas.
Largou o pano imundo no balde, Sentou-se e olhou o céu,
o horizonte, as duas faixas de mar, o azul da Lagoa,
vivendo momentaneamente o prazer de proprietário.
Lembrou-se da lição de inglês — It's a nice day, isn't it? —
e tentou _____2 de imediato, mas era tarde: o corpo
15@professorferretto @prof_ferretto
inteiro se povoou de lembrança e ansiedade, exigindo
explicações. Estava indo bem, a professora era uma
mulher competente, agradável, independente. Talvez
justo por isso, ele tenha come�do aquela estupidez. Sem
pensar, voltou a cabeça e acenou para Laura, que do
janelão do ateliê respondeu-_____3 com um gesto. A
filha insis�u:
— Pai, você vai pra praia?
Mudar todos os assuntos.
— Julinha, o que é, o que é? Vive casando e está
sempre solteiro?
Ela riu.
— Ah, pai. Essa é fácil. O padre!
TEZZA, C. O fantasma da infância. Rio de Janeiro: Ed.
Record, 2007. p. 9-10.
 
Assinale a alterna�va que preenche corretamente as
lacunas das referências 1, 2 e 3, nessa ordem.
a) lhe – esquecê-la – lhe
b) na – esquecer-lhe – lhe
c) na – esquecê-la – o
d) lhe – esquecer-lhe – o
e) na – esquecê-la – lhe
GR0955 - (Ufc)
Na frase: “Me delegam responsabilidades que deveriam
ser da escola” ocorre:
a) ênclise indevida, de acordo com a norma culta.
b) próclise indevida, de acordo com a norma culta.
c) próclise obrigatória.
d) ênclise obrigatória.
e) mesóclise.
GR0956 - (Ufc)
Assinale a alterna�va que completa corretamente a frase:
Os inconsequentes não ............................... com o que
venha acontecer ............................... mesmos.
a) se importarão, conosco.
b) se importarão, com nós.
c) importa-se-ão, com nós.
d) importa-se-ão, conosco.
e) importarão-se, conosco.
GR0957 - (Pucmg)
A importância do ato de ler
Paulo Freire
Con�nuando neste esforço de “re-ler” momentos
fundamentais de experiências de minha infância, de
minha adolescência, de minha mocidade, em que a
compreensão crí�ca da importância do ato de ler se veio
em mim cons�tuindo através de sua prá�ca, retomo o
tempo em que, como aluno do chamado curso ginasial,
me experimentei na percepção crí�ca dos textos que lia
em classe, com a colaboração, até hoje recordada, do
meu então professor de língua portuguesa. Não eram,
porém, aqueles momentos puros exercícios de que
resultasse um simples dar-nos conta de uma página
escrita diante de nós que devesse ser cadenciada,
mecânica e enfadonhamente “soletrada” e realmente
lida. Não eram aqueles momentos “lições de leitura”, no
sen�do tradicional desta expressão. Eram momentos em
que os textos se ofereciam à nossa inquieta procura,
incluindo a do então jovem professor José Pessoa.
Algum tempo depois, como professor também de
português, nos meus vinte anos, vivi intensamente a
importância de ler e de escrever, no fundo
indicotomizáveis, com os alunos das primeiras séries do
então chamado curso ginasial. A regência verbal, a
sintaxe de concordância, o problema da crase, o
sincli�smo pronominal, nada disso era reduzido por mim
a tabletes de conhecimentos que devessem ser engolidos
pelos estudantes. Tudo isso, pelo contrário, era proposto
à curiosidade dos alunos de maneira dinâmica e viva, no
corpo mesmo de textos, ora de autores que
estudávamos, ora deles próprios, como objetos a serem
desvelados e não como algo parado, cujo perfil eu
descrevesse. Os alunos não �nham que memorizar
mecanicamente a descrição do objeto, mas apreender a
sua significação profunda. Só apreendendo-a seriam
capazes de saber, por isso, de memorizá-la, de fixá-la. A
memorização mecânica da descrição do elo não se
cons�tui em conhecimento do objeto. Por isso, é que a
leitura de um texto, tomado como pura descrição de um
objeto é feita no sen�do de memorizá-la, nem é real
leitura, nem dela portanto resulta o conhecimento do
objeto de que o texto fala.
Creio que muito de nossa insistência, enquanto
professoras e professores, em que os estudantes “leiam”,
num semestre, um sem-número de capítulos de livros,
reside na compreensão errônea que às vezes temos do
ato de ler. Em minha andarilhagem pelo mundo, não
foram poucas as vezes em que jovens estudantes me
falaram de sua luta às voltas com extensas bibliografias a
serem muito mais “devoradas" do que realmente lidas ou
estudadas. [...]
A insistência na quan�dade de leituras sem o devido
adentramento nos textos a serem compreendidos, e não
mecanicamente memorizados, revela uma visão mágica
da palavra escrita. Visão que urge ser superada. A
mesma, ainda que encarnada desde outro ângulo, que se
encontra, por exemplo, em quem escreve, quando
iden�fica a possível qualidade de seu trabalho, ou não,
com a quan�dade de páginas escritas. No entanto, um
dos documentos filosóficos mais importantes de que
16@professorferretto @prof_ferretto
dispomos, As teses sobre Feuerbach, de Marx, tem
apenas duas páginas e meia...
Parece importante, contudo, para evitar uma
compreensão errônea do que estou afirmando, sublinhar
que a minha crí�ca à magicização da palavra não
significa, de maneira alguma, uma posição pouco
responsável de minha parte com relação à necessidade
que temos, educadores e educandos, de ler, sempre e
seriamente, os clássicos neste ou naquele campo do
saber, de nos adentrarmos nos textos, de criar uma
disciplina intelectual, sem a qual inviabilizamos a nossa
prá�ca enquanto professores e estudantes.
 
Atente para o excerto dado:
“Só apreendendo-a seriam capazes de saber, por isso, de
memorizá-la, de fixá-la. A memorização mecânica da
descrição do elo não se cons�tui em conhecimento do
objeto. Por isso, é que a leitura de um texto, tomado
como pura descrição de um objeto é feita no sen�do de
memorizá-la, nem é real leitura, nem dela portanto
resulta o conhecimento do objeto de que o texto fala.”
 
Se observarmos as prescrições da gramá�ca norma�va, é
CORRETO afirmar:
a) Em “não se cons�tui” há uma faculta�vidade na
colocação pronominal – estaria igualmente correta a
forma “não cons�tui-se”.
b) Em “objeto de que o texto fala”, o item lexical “que” é
um pronome demonstra�vo e retoma,
anaforicamente, o sintagma “o objeto”.
c) Em “por isso, de memorizá-la”há um desvio, pois a
preposição “de” atrai o oblíquo e demanda próclise –
deveria ser “de a memorizar”.
d) Em “Só apreendendo-a” deveria haver próclise, pois o
advérbio (palavra que denota exclusão) atrai o
oblíquo.
17@professorferretto @prof_ferretto

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