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Tipos e Gêneros Textuais IT0080 - (Enem) Caminhando contra o vento, Sem lenço e sem documento No sol de quase dezembro Eu vou O sol se reparte em crimes Espaçonaves, guerrilhas Em cardinales bonitas Eu vou Em caras de presidentes Em grandes beijos de amor Em dentes, pernas, bandeiras Bombas e Brigi�e Bardot O sol nas bancas de revista Me enche de alegria e preguiça Quem lê tanta no�cia Eu vou VELOSO, C. Alegria, alegria. In: Caetano Veloso. São Paulo: Phillips, 1967 (fragmento). É comum coexis�rem sequências �pológicas em um mesmo gênero textual. Nesse fragmento, os �pos textuais que se destacam na organização temá�ca são a) descri�vo e argumenta�vo, pois o enunciador detalha cada lugar por onde passa, argumentando contra a violência urbana. b) disserta�vo e argumenta�vo, pois o enunciador apresenta seu ponto de vista sobre as no�cias rela�vas à cidade. c) exposi�vo e injun�vo, pois o enunciador fala de seus estados �sicos e psicológicos e interage com a mulher amada. d) narra�vo e descri�vo, pois o enunciador conta sobre suas andanças pelas ruas da cidade ao mesmo tempo que a descreve. e) narra�vo e injun�vo, pois o enunciador ensina o interlocutor como andar pelas ruas da cidade contando sobre sua própria experiência. IT0091 - (Enem) Embalagens usadas e resíduos devem ser descartados adequadamente Todos os meses são recolhidas das rodovias brasileiras centenas de milhares de toneladas de lixo. Só nos 22,9 mil quilômetros das rodovias paulistas são 41,5 mil toneladas. O hábito de descartar embalagens, garrafas, papéis e bitucas de cigarro pelas rodovias persiste e tem aumentado nos úl�mos anos. O problema é que o lixo acumulado na rodovia, além de prejudicar o meio ambiente, pode impedir o escoamento da água, contribuir para as enchentes, provocar incêndios, atrapalhar o trânsito e até causar acidentes. Além dos perigos que o lixo representa para os motoristas, o material descartado poderia ser devolvido para a cadeia produ�va. Ou seja, o papel que está sobrando nas rodovias poderia ter melhor des�no. Isso também vale para os plás�cos inservíveis, que poderiam se transformar em sacos de lixo, baldes, cabides e até acessórios para os carros. Disponível em: www.girodasestradas.com.br. Acesso em: 31 jul. 2012. Os gêneros textuais correspondem a certos padrões de composição de texto, determinados pelo contexto em que são produzidos, pelo público a que eles se des�nam, por sua finalidade. Pela leitura do texto apresentado, reconhece-se que sua função é a) apresentar dados esta�s�cos sobre a reciclagem no país. b) alertar sobre os riscos da falta de sustentabilidade do mercado de recicláveis. c) divulgar a quan�dade de produtos reciclados re�rados das rodovias brasileiras. d) revelar os altos índices de acidentes nas rodovias brasileiras poluídas nos úl�mos anos. e) conscien�zar sobre a necessidade de preservação ambiental e de segurança nas rodovias. IT0081 - (Enem) Ed Mort só vai Mort. Ed Mort. Dete�ve par�cular.Está na plaqueta. Tenho um escritório numa galeria de Copacabana entre um fliperama e uma loja de carimbos. Dá só para o essencial, um telefone mudo e um cinzeiro. Mas insisto numa mesa e numa cadeira. Apesar do protesto das baratas. Elas não vencerão. Comprei um jogo de máscaras. No meu trabalho o disfarce é essencial. Para escapar dos credores. Outro dia entrei na sala e vi a cara do King Kong andando pelo chão. As baratas estavam roubando as máscaras. Espisoteei meia dúzia. As outras atacaram a mesa. Consegui salvar a minha Bic e o jornal. O jornal era novo, �nha só uma semana. Mas elas levaram a agenda. Saí ganhando. A agenda estava em branco. Meu úl�mo caso fora com a funcionária do Eró�ca, a primeira ó�ca da cidade com balconista topless. Acabara mal. Mort. Ed Mort. Está na plaqueta. VERISSIMO, L. F. Ed Mort: todas as histórias. Porto Alegre: L&PM, 1997 (adaptado). 1@professorferretto @prof_ferretto Nessa crônica, o efeito de humor é basicamente construído por uma a) segmentação de enunciados baseada na descrição dos hábitos do personagem. b) ordenação dos cons�tuintes oracionais na qual se destaca o núcleo verbal. c) estrutura composicional caracterizada pelo arranjo singular dos períodos. d) sequenciação narra�va na qual se ar�culam eventos absurdos. e) seleção lexical na qual predominam informações redundantes. IT0089 - (Enem) Querido diário Hoje topei com alguns conhecidos meus Me dão bom-dia, cheios de carinho Dizem para eu ter muita luz, ficar com Deus Eles têm pena de eu viver sozinho [...] Hoje o inimigo veio me espreitar Armou tocaia lá na curva do rio Trouxe um porrete a mó de me quebrar Mas eu não quebro porque sou macio, viu HOLANDA, C. B. Chico. Rio de Janeiro: Biscoito Fino, 2013 (fragmento). Uma caracterís�ca do gênero diário que aparece na letra da canção de Chico Buarque é o(a) a) diálogo com interlocutores próximos. b) recorrência de verbos no infini�vo. c) predominância de tom poé�co. d) uso de rimas na composição. e) narra�va autorreflexiva. IT0083 - (Enem) Blues da piedade Vamos pedir piedade Senhor, piedade Pra essa gente careta e covarde Vamos pedir piedade Senhor, piedade Lhes dê grandeza e um pouco de coragem CAZUZA. Cazuza: O poeta não morreu. Rio de Janeiro: Universal Music, 2000 (fragmento). Todo gênero apresenta elementos cons�tu�vos que condicionam seu uso em sociedade. À letra de canção iden�fica-se com o gênero ladainha, essencialmente, pela u�lização da sequência textual a) exposi�va, por discorrer sobre um dado tema. b) narra�va, por apresentar uma cadeia de ações. c) injun�va, por chamar o interlocutor à par�cipação. d) descri�va, por enumerar caracterís�cas de um personagem. e) argumenta�va, por incitar o leitor a uma tomada de a�tude. IT0079 - (Enem) Mulher tem coração clinicamente par�do após morte de cachorro Como explica o The New England Journal of Medicine, a paciente, chamada Joanie Simpson, �nha sinais de infarto, como dores no peito e pressão alta, e apresentava problemas nas artérias coronárias. Ao fazerem um ecocardiograma, os médicos encontraram o problema: cardiomiopa�a de Takotsubo, conhecida como síndrome do coração par�do. Essa condição médica �picamente acontece com mulheres em fase pós-menstrual e pode ser precedida por um evento muito estressante ou emo�vo. Nesses casos, o coração apresenta um movimento disciné�co transitório da parede anterior do ventrículo esquerdo, com acentuação da ciné�ca da base ventricular, de acordo com um ar�go médico brasileiro que relata um caso semelhante. Simpson foi encaminhada para casa após dois dias e passou a tomar medicamentos regulares. Ao Washington Post, ela contou que estava quase inconsolável após a perda do seu animal de es�mação, um cão da raça yorkshire terrier. Recuperada após cerca de um ano, ela diz que não abrirá mão de ter um animal de es�mação porque aprecia a companhia e o amor que os cachorros dão aos humanos. O caso aconteceu em Houston, nos Estados Unidos. Disponível em: h�ps://exameabril.com.br. Acesso em: 1 dez. 2017. Pelas caracterís�cas do texto lido, que trata das consequências da perda de um animal de es�mação, considera-se que ele se enquadra no gênero a) conto, pois exibe a história de vida de Joanie Simpson. b) depoimento, pois expõe o sofrimento da dona do animal. c) reportagem, pois discute cien�ficamente a cardiomiopa�a. d) relato, pois narra um fato estressante vivido pela paciente. e) no�cia, pois divulga fatos sobre a síndrome do coração par�do. IT0093 - (Enem) Carta ao Tom 74 Rua Nascimento Silva, cento e sete Você ensinando pra Elizete As canções de canção do amor demais Lembra que tempo feliz Ah, que saudade, Ipanema era só felicidade Era como se o amor doesse em paz Nossa famosa garota nem sabia A que ponto a cidade turvaria 2@professorferretto @prof_ferretto Esse Rio de amor que se perdeu Mesmo a tristeza da gente era mais bela E além disso se via da janelade Mona Lisa e de serem destacadas as diferenças entre elas, o valor informa�vo do texto está centrado na a) afirmação de que a Gioconda genuína estava na fase da meia-idade. b) revelação da iden�dade da mulher pintada por Da Vinci, a floren�na Lisa Gherardini. c) consideração de que as produções ar�s�cas de Da Vinci datam do período renascen�sta. d) descrição do fato de que a tela original mostra um manto sobre o ombro esquerdo da personagem. e) confirmação da hipótese de que Da Vinci teve assistentes que o auxiliaram em algumas de suas obras. IT0687 - (Enem PPL) Futebol de rua. Pelada é o futebol de campinho, de terreno baldio. Mas existe um �po de futebol ainda mais rudimentar do que a pelada. É o futebol de rua. Perto do futebol de rua qualquer pelada é luxo e qualquer terreno baldio é o Maracanã em jogo noturno. Se você é brasileiro e criado em cidade, sabe do que eu estou falando. Futebol de rua é tão humilde que chama pelada de senhora. Não sei se alguém, algum dia, por farra ou nostalgia, botou num papel as regras do futebol de rua. Elas seriam mais ou menos assim: DO CAMPO — O campo pode ser só até o fio da calçada, calçada e rua, rua e a calçada do outro lado e — nos clássicos — o quarteirão inteiro. O mais comum é jogar-se só no meio da rua. DA DURAÇÃO DO JOGO — Até a mãe chamar ou escurecer, o que vier primeiro. Nos jogos noturnos, até alguém da vizinhança ameaçar chamar a polícia. DA FORMAÇÃO DOS TIMES — O número de jogadores em cada equipe varia, de um a setenta para cada lado. DO JUIZ — Não tem juiz. DO INTERVALO PARA DESCANSO — Você deve estar brincando. VERISSIMO, L. F. In: Para gostar de ler: crônicas 6. São Paulo: Á�ca, 2002 (fragmento). Nesse trecho de crônica, o autor estabelece a seguinte relação entre o futebol de rua e o futebol oficial: a) As regras do futebol de rua descaracterizam o futebol de campo, uma vez que entre as duas prá�cas não há similaridades. b) As condições materiais do futebol de rua impedem o envolvimento das pessoas e o caráter prazeroso desta prá�ca. c) O futebol de rua expressa a possibilidade de autoria das pessoas para a prá�ca de esporte e de lazer. d) O futebol de rua é necessariamente um futebol de menor valor e importância em relação ao futebol oficial. e) A ausência de regras formalizadas no futebol de rua faz com que o jogo seja desonesto em comparação com o futebol oficial. 16@professorferretto @prof_ferretto IT0689 - (Enem PPL) O Jornal do Commércio deu um brado esta semana contra as casas que vendem drogas para curar a gente, acusando-as de as vender para outros fins menos humanos. Citou os envenenamentos que tem havido na cidade, mas esqueceu de dizer, ou não acentuou bem, que são produzidos por engano das pessoas que manipulam os remédios. Um pouco mais de cuidado, um pouco menos de distração ou de ignorância, evitarão males futuros. Mas todo o�cio tem uma aprendizagem, e não há bene�cio humano que não custe mais ou menos duras agonias. Cães, coelhos e outros animais são ví�mas de estudos que lhes não aproveitam, e sim aos homens; por que não serão alguns destes, ví�mas do que há de aproveitar aos contemporâneos e vindouros? Há um argumento que desfaz em parte todos esses ataques às bo�cas; é que o homem é em si mesmo um laboratório. Que fundamento jurídico haverá para impedir que eu manipule e venda duas drogas perigosas? Se elas matarem, o prejudicado que exija de mim a indenização que entender; se não matarem, nem curarem, é um acidente e um bom acidente, porque a vida fica. ASSIS, M. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1967 (fragmento). No gênero crônica, Machado de Assis legou ines�mável contribuição para o conhecimento do contexto social de seu tempo e seus hábitos culturais. O fragmento destacado comprova que o escritor avalia o(a) a) manipulação inconsequente dos remédios pela população. b) uso de animais em testes com remédios desconhecidos. c) fato de as drogas manipuladas não terem eficácia garan�da. d) hábito cole�vo de experimentar drogas com obje�vos terapêu�cos. e) ausência de normas jurídicas para regulamentar a venda nas bo�cas. IT0699 - (Enem PPL) A escrita é uma tecnologia intelectual que vem auxiliar o trabalho biológico. É como uma nova memória, situada fora do sujeito, e ilimitada. Com ela não é mais necessário reter todos os relatos – este auxiliar cogni�vo vem, portanto, rela�vizar a memória para que a mente humana possa desviar sua atenção consciente para outros recursos e faculdades. Se é arriscado associar diretamente o surgimento da ciência ao da escrita, podemos, de qualquer forma, afirmar que a escrita deu impulso e desempenhou um papel fundamental na construção do discurso cien�fico. O distanciamento possibilitado pela grafia no papel traz o registro das experiências e das hipóteses, o conhecimento especula�vo, o documentário de comprovações, a compilação de teorias e de paradigmas em torno dos quais as comunidades cien�ficas vão se agrupar. AMAL, A. C. Educação na cibercultura: hipertextualidade, leitura, escrita e aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2002. O advento da escrita como tecnologia intelectual está diretamente ligado a uma série de mudanças na forma de pensar e de construir o conhecimento nas sociedades. A par�r do texto, constata-se que, na elaboração do discurso cien�fico, a escrita a) determinou de que modo a sociedade cien�fica deveria se organizar para avançar. b) possibilitou que os pesquisadores se distanciassem de informações presentes na memória. c) permi�u que fossem documentados conceitos e saberes advindos de experiências realizadas. d) facilitou que as informações ficassem armazenadas igualmente na memória e no papel. e) consen�u que a atenção dos homens se desviasse para os saberes an�gamente inalcançáveis. IT0707 - (Enem PPL) História de assombração Ah! Eu alembro uma história que aconteceu com meu �i. Era dia de Sexta-Feira da Paixão, diz que eles falava pra meu �i não num vai pescá não. Ele foi assim mesmo, aí chegô lá, ele tá pescano... tá pescano... e nada de pexe. Aí saiu um mundo véi de cobra em cima dele, aí ele foi embora... Aí até ele memo contava isso e falava É... nunca mais eu vou pescar no dia de Sexta-Feira da Paixão... COSTA, S. A. S. Narra�vas tradicionais tapuias. Goiânia: UFG, 2011 (adaptado). Quanto ao gênero do discurso e à finalidade social do texto História de assombração, a organização textual e as escolhas lexicais do locutor indicam que se trata de um(a) a) criação literária em prosa, que provoca reflexão acerca de problemas co�dianos. b) texto acadêmico, que valoriza o estudo da linguagem regional e de suas variantes. c) relato oral, que obje�va a preservação da herança cultural da comunidade. d) conversa par�cular, que favorece o compar�lhar de informações e experiências pessoais. e) anedota regional, que evidencia a fala e o vocabulário exclusivo de um grupo social. IT0654 - (Enem PPL) 17@professorferretto @prof_ferretto Disponível em: www.revistaepoca.globo.com. Acesso em: 27 fev. 2012. Ao interagirmos socialmente, é comum deixarmos claro nosso posicionamento a respeito do assunto discu�do. Para isso, muitas vezes, recorremos a determinadas estratégias argumenta�vas, dentre as quais se encontra o argumento de autoridade Considerando o texto em suas cinco partes, constata-se que há o emprego de argumento de autoridade no trecho: a) “Seja curioso, saboreie os momentos da vida e tome consciência de como se sente. Refle�r sobre suas experiências ajuda a descobrir o que realmente importa”. b) “As pesquisas mostram que quem tem menos de três pessoas em sua rede de contatos próxima [...] tem mais chances de desenvolver uma doença mental.” c) “Caminhe ou corra, ande de bicicleta, pra�que um esporte, dance. Os exercícios fazem as pessoas se sen�rem bem”. d) “Tente algo novo, matricule-se em um curso [...] Escolha um desafio que você vai gostar de perseguir.” e) “Fazer parte de uma comunidade traz bene�cios — entre eles relações sociais mais significa�vas.” IT0665 - (Enem PPL)Além da Revolução da Informação O impacto da Revolução da Informação está apenas começando. Mas a força motriz desse impacto não é a informá�ca, a inteligência ar�ficial, o efeito dos computadores sobre a tomada de decisões ou a elaboração de polí�cas ou de estratégias. É algo que pra�camente ninguém previu, nem mesmo se falava há 10 ou 15 anos: o comércio eletrônico — o aparecimento explosivo da internet como um canal importante, talvez principal, de distribuição mundial de produtos, serviços e, surpreendentemente, de empregos de nível gerencial. Essa nova realidade está modificando profundamente economias, mercados e estruturas setoriais, os produtos e serviços e seu fluxo, a segmentação, os valores e o comportamento dos consumidores, o mercado de trabalho. O impacto, porém, pode ser ainda maior nas sociedades e nas polí�cas empresariais e, acima de tudo, na maneira como encaramos o mundo e nós mesmos dentro dele. O impacto psicológico da Revolução da Informação, como o da Revolução Industrial, foi enorme. Talvez tenha sido mais forte na maneira como as crianças aprendem. Já aos 4 anos (e às vezes até antes), as crianças desenvolvem habilidades de computação, logo ultrapassando seus pais. Os computadores são seus brinquedos e suas ferramentas de aprendizado. Daqui a 50 anos, talvez concluamos que não houve nenhuma crise educacional no mundo — apenas ocorreu uma incongruência crescente entre a maneira como as escolas do século XX ensinavam e a maneira como as crianças do fim do século XX aprendiam. DRUCKER, P. O melhor de Peter Drucker: obra completa. São Paulo: Nobel, 2002. O ar�go apresenta uma reflexão sobre a Revolução da Informação, que, assim como a Revolução Industrial, provocou impactos significa�vos nas sociedades contemporâneas. Ao tratar da Revolução da Informação, o autor enfa�za que 18@professorferretto @prof_ferretto a) o comércio eletrônico é um dos canais mais importantes dessa revolução. b) o computador desenvolve na criança uma inteligência maior que a dos pais. c) o aumento no número de empregos via internet é uma realidade atualmente. d) o colapso educacional é fruto de uma incongruência no ensino do século XX. e) o advento da Revolução da Informação causará impactos nos próximos 50 anos. IT0668 - (Enem PPL) An�bio com formato de cobra é descoberto no Rio Madeira (RO) Animal raro foi encontrado por biólogos em canteiro de obras de usina. Exemplares estão no Museu Emilio Goeldi, no Pará O trabalho de um grupo de biólogos no canteiro de obras da Usina Hidrelétrica Santo Antônio, no Rio Madeira, em Porto Velho, resultou na descoberta de um an�bio de formato parecido com uma cobra. Atretochoana eisel� é o nome cien�fico do animal raro descoberto em Rondônia. Até então, só havia registro do an�bio no Museu de História Natural de Viena e na Universidade de Brasília. Nenhum deles tem a descrição exata de localidade, apenas “América do Sul”. A descoberta ocorreu em dezembro do ano passado, mas apenas agora foi divulgada. XIMENES, M. Disponível em: h�p://g1.globo.com. Acesso em: 1 ago. 2012. A no�cia é um gênero textual em que predomina a função referencial da linguagem. No texto, essa predominância evidencia-se pelo(a) a) recorrência de verbos no presente para convencer o leitor. b) uso da impessoalidade para assegurar a obje�vidade da informação. c) ques�onamento do código linguís�co na construção da no�cia. d) u�lização de expressões úteis que mantêm aberto o canal de comunicação com o leitor. e) emprego dos sinais de pontuação para expressar as emoções do autor. IT0674 - (Enem PPL) Manter as contas sob controle e as finanças saudáveis parece um obje�vo ina�ngível para você? Tenha certeza de que você não está sozinho. A bagunça na vida financeira compromete os sonhos de muita gente no Brasil. É por isso que nós lançamos, pelo terceiro ano consecu�vo, este especial com informações que ajudam a encarar a situação de forma prá�ca. Sem malabarismos — mas com boa dose de disciplina! — é possível quitar as dívidas, organizar os gastos, fazer planos de consumo que caibam em seus rendimentos mensais e estruturar os inves�mentos para fazer o dinheiro que sobra render mais. Ter dinheiro para viver melhor está diretamente relacionado a sua capacidade de se organizar e de eleger prioridades na hora de gastar. Aceite o desafio e boa leitura! Você S/A, n. 16, 2011 (adaptado). No trecho apresentado, são u�lizados vários argumentos que demonstram que o obje�vo principal do produtor do texto, em relação ao público-alvo da revista, é a) conscien�zar o leitor de que ele é capaz de economizar. b) levar o leitor a envolver-se com questões de ordem econômica. c) ajudar o leitor a quitar suas dívidas e organizar sua vida financeira. d) persuadir o leitor de que ele não é o único com problemas financeiros. e) convencer o leitor da importância de ler essa edição especial da revista. IT0711 - (Fuvest) Leia o texto a seguir: Uma vida inteira pela frente. O �ro velo por trás. Cín�a Moscovich, Os cem menores contos brasileiros do século (organização: Marcelino Freire). Embora seja um texto composto por apenas duas linhas, é possível caracterizá-lo como uma narra�va. Nesse texto, essa caracterização deve-se ao fato de que ele apresenta a) adje�vação de tempos. b) diálogo entre narradores. c) referenciação de espaços. d) descrição de personagens. e) sequência de ações. IT0712 - (Fuvest) "Mas quantas vezes a insônia é um dom. De repente acordar no melo da noite e ter essa cosa rara: solidão. Quase nenhum ruido. Só o das ondas do mar batendo na praia. E tomo café com gosto, toda sozinha no mundo. Ninguém me interrompe o nada. É um nada a um tempo vazio e rico. E o telefone mudo sem aquele toque súbito que sobressalta. Depois vai amanhecendo. As nuvens se clareando sob um sol às vezes pálido como uma lua, às vezes de fogo puro. Vou ao terraço e sou talvez a primeira do dia a ver a espuma branca do mar. O mar é meu, o sol é meu, a terra é minha. E sinto-me feliz por nada, por tudo. Até que, como o sol subindo, a casa vai acordando e há a reencontro com meus filhos sonolentos." Clarice Lispector. “Insônia infeliz e feliz”. In: A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 2009. Considerando as caracterís�cas do trecho apresentado, pode- se afirmar que ele pertence a uma crônica, pois 19@professorferretto @prof_ferretto a) representa uma história paralela ligada a uma história principal. b) há apenas um conflito que se resolve em pouco tempo. c) possui estrutura simples e apresenta um cunho pedagógico. d) é uma narra�va breve que comenta um evento do co�diano. e) compõe uma crí�ca indireta a alguém ou a algum fato. IT0737 - (Fuvest) Sarapalha – Ô calorão, Primo!... E que dor de cabeça excomungada! – É um instan�nho e passa... É só ter paciência.... – É... passa... passa... passa... Passam umas mulheres ves�das de cor de água, sem olhos na cara, para não terem de olhar a gente... Só ela é que não passa, Primo Argemiro!... E eu já estou cansado de procurar, no meio das outras... Não vem!... Foi, rio abaixo, com o outro... Foram p’r’os infernos!... – Não foi, Primo Ribeiro. Não foram pelo rio... Foi trem de ferro que levou... – Não foi no rio, eu sei... No rio ninguém não anda... Só a maleita é quem sobe e desce, olhando seus mosqui�nhos e pondo neles a benção... Mas, na estória... Como é mesmo a estória, Primo? Como é?... – O senhor bem que sabe, Primo... Tem paciência, que não é bom variar... – Mas, a estória, Primo!... Como é?... Conta outra vez... – O senhor já sabe as palavras todas de cabeça... “Foi o moço bonito que apareceu, ves�do com roupa de dia de domingo e com a viola enfeitada de fitas... E chamou a moça p’ra ir se fugir com ele”... – Espera, Primo, elas estão passando... Vão umas atrás das outras... Cada qual mais bonita... Mas eu não quero, nenhuma!... Quero só ela... Luísa... – Prima Luísa... – Espera um pouco, deixa ver se eu vejo... Me ajuda, Primo! Me ajuda a ver... – Não é nada, Primo Ribeiro... Deixadisso! – Não é mesmo não... – Pois então?! – Conta o resto da estória!... – ...“Então, a moça, que não sabia que o moço bonito era o capeta, ajuntou suas roupinhas melhores numa trouxa, e foi com ele na canoa, descendo o rio...” Guimarães Rosa, Sagarana. A novela Sarapalha apresenta uma estória dentro de outra, por meio da qual a personagem masculina da narra�va principal (Primo Argemiro) alude a uma mulher da narra�va secundária (a moça levada pelo capeta). O mesmo procedimento ocorre em a) Duelo, com Cassiano e Silivana. b) Minha gente, com Ramiro e a filha de Emílio. c) A volta do marido pródigo, com Lalino e Maria Rita. d) O burrinho pedrês, com Raymundão e a namorada de Silvino. e) A hora e vez de Augusto Matraga, com Ovídio e Dionóra. IT0776 - (Unesp) Leia o seguinte verbete do Dicionário de comunicação de Carlos Alberto Rabaça e Gustavo Barbosa: Crônica Texto jornalís�co desenvolvido de forma livre e pessoal, a par�r de fatos e acontecimentos da atualidade, com teor literário, polí�co, espor�vo, ar�s�co, de amenidades etc. Segundo Muniz Sodré e Maria Helena Ferrari, a crônica é um meio-termo entre o jornalismo e a literatura: “do primeiro, aproveita o interesse pela atualidade informa�va, da segunda imita o projeto de ultrapassar os simples fatos”. O ponto comum entre a crônica e a no�cia ou a reportagem é que o cronista, assim como o repórter, não prescinde do acontecimento. Mas, ao contrário deste, ele “paira” sobre os fatos, “fazendo com que se destaque no texto o enfoque pessoal (onde entram juízos implícitos e explícitos) do autor”. Por outro lado, o editorial difere da crônica, pelo fato de que, nesta, o juízo de valor se confunde com os próprios fatos expostos, sem o dogma�smo do editorial, no qual a opinião do autor (representando a opinião da empresa jornalís�ca) cons�tui o eixo do texto. (Dicionário de comunicação, 1978.) Segundo o verbete, uma caracterís�ca comum à crônica e à reportagem é a) a relação direta com o acontecimento. b) a interpretação do acontecimento. c) a necessidade de no�ciar de acordo com a filosofia do jornal. d) o desejo de informar realis�camente sobre o ocorrido. e) o obje�vo de ques�onar as causas sociais dos fatos. IT0777 - (Unesp) Leia o seguinte verbete do Dicionário de comunicação de Carlos Alberto Rabaça e Gustavo Barbosa: Crônica Texto jornalís�co desenvolvido de forma livre e pessoal, a par�r de fatos e acontecimentos da atualidade, com teor literário, polí�co, espor�vo, ar�s�co, de amenidades etc. Segundo Muniz Sodré e Maria Helena Ferrari, a crônica é um meio-termo entre o jornalismo e a literatura: “do primeiro, aproveita o interesse pela atualidade informa�va, da segunda imita o projeto de ultrapassar os simples fatos”. O ponto comum entre a crônica e a no�cia ou a reportagem é que o cronista, assim como o repórter, não prescinde do acontecimento. Mas, ao contrário deste, ele “paira” sobre os fatos, “fazendo com que se destaque no texto o enfoque pessoal (onde entram juízos implícitos e explícitos) do autor”. 20@professorferretto @prof_ferretto Por outro lado, o editorial difere da crônica, pelo fato de que, nesta, o juízo de valor se confunde com os próprios fatos expostos, sem o dogma�smo do editorial, no qual a opinião do autor (representando a opinião da empresa jornalís�ca) cons�tui o eixo do texto. (Dicionário de comunicação, 1978.) De acordo com o verbete, o editorial representa sempre a) o julgamento dos leitores. b) a opinião do repórter. c) a crí�ca a um fato polí�co. d) a resposta a outros veículos de comunicação. e) o ponto de vista da empresa jornalís�ca. IT0779 - (Unesp) Leia o seguinte verbete do Dicionário de comunicação de Carlos Alberto Rabaça e Gustavo Barbosa: Crônica Texto jornalís�co desenvolvido de forma livre e pessoal, a par�r de fatos e acontecimentos da atualidade, com teor literário, polí�co, espor�vo, ar�s�co, de amenidades etc. Segundo Muniz Sodré e Maria Helena Ferrari, a crônica é um meio-termo entre o jornalismo e a literatura: “do primeiro, aproveita o interesse pela atualidade informa�va, da segunda imita o projeto de ultrapassar os simples fatos”. O ponto comum entre a crônica e a no�cia ou a reportagem é que o cronista, assim como o repórter, não prescinde do acontecimento. Mas, ao contrário deste, ele “paira” sobre os fatos, “fazendo com que se destaque no texto o enfoque pessoal (onde entram juízos implícitos e explícitos) do autor”. Por outro lado, o editorial difere da crônica, pelo fato de que, nesta, o juízo de valor se confunde com os próprios fatos expostos, sem o dogma�smo do editorial, no qual a opinião do autor (representando a opinião da empresa jornalís�ca) cons�tui o eixo do texto. (Dicionário de comunicação, 1978.) De acordo com o verbete, o tema de uma crônica se baseia em a) juízos de valor. b) anedotário popular. c) fatos pessoais. d) eventos do co�diano. e) eventos cien�ficos. IT0782 - (Unesp) Leia a crônica “Anúncio de João Alves”, de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), publicada originalmente em 1954. Figura o anúncio em um jornal que o amigo me mandou, e está assim redigido: À procura de uma besta. — A par�r de 6 de outubro do ano cadente, sumiu-me uma besta vermelho-escura com os seguintes caracterís�cos: calçada e ferrada de todos os membros locomotores, um pequeno quisto na base da orelha direita e crina dividida em duas seções em consequência de um golpe, cuja extensão pode alcançar de quatro a seis cen�metros, produzido por jumento. Essa besta, muito domiciliada nas cercanias deste comércio, é muito mansa e boa de sela, e tudo me induz ao cálculo de que foi roubada, assim que hão sido falhas todas as indagações. Quem, pois, apreendê-la em qualquer parte e a fizer entregue aqui ou pelo menos no�cia exata ministrar, será razoavelmente remunerado. Itambé do Mato Dentro, 19 de novembro de 1899. (a) João Alves Júnior. Cinquenta e cinco anos depois, prezado João Alves Júnior, tua besta vermelho-escura, mesmo que tenha aparecido, já é pó no pó. E tu mesmo, se não estou enganado, repousas suavemente no pequeno cemitério de Itambé. Mas teu anúncio con�nua um modelo no gênero, se não para ser imitado, ao menos como objeto de admiração literária. Reparo antes de tudo na limpeza de tua linguagem. Não escreveste apressada e toscamente, como seria de esperar de tua condição rural. Pressa, não a �veste, pois o animal desapareceu a 6 de outubro, e só a 19 de novembro recorreste à Cidade de Itabira. Antes, procedeste a indagações. Falharam. Formulaste depois um raciocínio: houve roubo. Só então pegaste da pena, e traçaste um belo e ní�do retrato da besta. Não disseste que todos os seus cascos estavam ferrados; preferiste dizê-lo “de todos os seus membros locomotores”. Nem esqueceste esse pequeno quisto na orelha e essa divisão da crina em duas seções, que teu zelo naturalista e histórico atribuiu com segurança a um jumento. Por ser “muito domiciliada nas cercanias deste comércio”, isto é, do povoado e sua feirinha semanal, inferiste que não teria fugido, mas antes foi roubada. Contudo, não o afirmas em tom peremptório: “tudo me induz a esse cálculo”. Revelas aí a prudência mineira, que não avança (ou não avançava) aquilo que não seja a evidência mesma. É cálculo, raciocínio, operação mental e desapaixonada como qualquer outra, e não denúncia formal. Finalmente - deixando de lado outras excelências de tua prosa ú�l - a declaração final: quem a apreender ou pelo menos “no�cia exata ministrar”, será “razoavelmente remunerado”. Não prometes recompensa tentadora; não fazes praça de generosidade ou largueza; acenas com o razoável, com a justa medida das coisas, que deve prevalecer mesmo no caso de bestas perdidas e entregues. Já é muito tarde para sairmos à procura de tua besta, meu caro João Alves do Itambé; entretanto essa criação volta a exis�r, porque soubeste descrevê-la com decoro e propriedade, num dia remoto, e o jornal a guardou e alguém hoje a descobre, e muitos outros são informados da ocorrência. Se lesses os anúncios de objetos eanimais perdidos, na imprensa de hoje, ficarias triste. Já não há essa precisão de termos e essa graça no dizer, nem essa moderação nem essa a�tude crí�ca. Não há, sobretudo, esse amor à tarefa bem-feita, que se pode manifestar até mesmo num anúncio de besta sumida. (Fala, amendoeira, 2012.) Na crônica, João Alves é descrito como 21@professorferretto @prof_ferretto a) rús�co e mesquinho. b) calculista e interesseiro. c) generoso e precipitado. d) sensato e me�culoso. e) ingênuo e conformado. IT0790 - (Unesp) Leia o excerto do livro Violência urbana, de Paulo Sérgio Pinheiro e Guilherme Assis de Almeida. De dia, ande na rua com cuidado, olhos bem abertos. Evite falar com estranhos. À noite, não saia para caminhar, principalmente se es�ver sozinho e seu bairro for deserto. Quando estacionar, tranque bem as portas do carro [..]. De madrugada, não pare em sinal vermelho. Se for assaltado, não reaja — entregue tudo. É provável que você já esteja exausto de ler e ouvir várias dessas recomendações. Faz tempo que a ideia de integrar uma comunidade e sen�r-se confiante e seguro por ser parte de um cole�vo deixou de ser um sen�mento comum aos habitantes das grandes cidades brasileiras. As noções de segurança e de vida comunitária foram subs�tuídas pelo sen�mento de insegurança e pelo isolamento que o medo impõe. O outro deixa de ser visto como parceiro ou parceira em potencial; o desconhecido é encarado como ameaça. O sen�mento de insegurança transforma e desfigura a vida em nossas cidades. De lugares de encontro, troca, comunidade, par�cipação cole�va, as moradias e os espaços públicos transformam-se em palco do horror, do pânico e do medo. A violência urbana subverte e desvirtua a função das cidades, drena recursos públicos já escassos, ceifa vidas — especialmente as dos jovens e dos mais pobres –, dilacera famílias, modificando nossas existências drama�camente para pior. De potenciais cidadãos, passamos a ser consumidores do medo. O que fazer diante desse quadro de insegurança e pânico, denunciado diariamente pelos jornais e alardeado pela mídia eletrônica? Qual tarefa impõe-se aos cidadãos, na democracia e no Estado de direito? (Violência urbana, 2003.) O modo de organização do discurso predominante no excerto é a) a dissertação argumenta�va. b) a narração. c) a descrição obje�va. d) a descrição subje�va. e) a dissertação exposi�va. IT0809 - (Unesp) Leia o texto extraído da primeira parte, in�tulada “A terra”, da obra Os sertões, de Euclides da Cunha. À obra resultou da cobertura jornalís�ca da Guerra de Canudos, realizada por Euclides da Cunha para o jornal O Estado de S.Paulo de agosto a outubro de 1897, e foi publicada apenas em 1902. Percorrendo certa vez, nos fins de setembro [de 1897], as cercanias de Canudos, fugindo à monotonia de um canhoneio1 frouxo de �ros espaçados e soturnos, encontramos, no descer de uma encosta, anfiteatro irregular, onde as colinas se dispunham circulando um vale único. Pequenos arbustos, icozeiros2 virentes viçando em tufos intermeados de palmatórias3 de flores ru�lantes, davam ao lugar a aparência exata de algum velho jardim em abandono. Ao lado uma árvore única, uma quixabeira alta, sobranceando a vegetação franzina. O sol poente desatava, longa, a sua sombra pelo chão e protegido por ela — braços largamente abertos, face volvida para os céus — um soldado descansava. Descansava... havia três meses. Morrera no assalto de 18 de julho [de 1897]. A coronha da Mannlicher4 estrondada, o cinturão e o boné jogados a uma banda, e a farda em �ras, diziam que sucumbira em luta corpo a corpo com adversário possante. Caíra, certo, derreando-se à violenta pancada que lhe sulcara a fronte, manchada de uma escara preta. E ao enterrarem-se, dias depois, os mortos, não fora percebido. Não compar�ra, por isto, a vala comum de menos de um côvado de fundo em que eram jogados, formando pela úl�ma vez juntos, os companheiros aba�dos na batalha. O des�no que o removera do lar desprotegido fizera- lhe afinal uma concessão: livrara-o da promiscuidade lúgubre de um fosso repugnante; e deixara-o ali há três meses – braços largamente abertos, rosto voltado para os céus, para os sóis ardentes, para os luares claros, para as estrelas fulgurantes... E estava intacto. Murchara apenas. Mumificara conservando os traços fisionômicos, de modo a incu�r a ilusão exata de um lutador cansado, retemperando-se em tranquilo sono, à sombra daquela árvore benfazeja. Nem um verme – o mais vulgar dos trágicos analistas da matéria – lhe maculara os tecidos. Volvia ao turbilhão da vida sem decomposição repugnante, numa exaustão impercep�vel. Era um aparelho revelando de modo absoluto, mas suges�vo, a secura extrema dos ares. (Os sertões, 2016) 1 canhoneio: descarga de canhões. 2 icozeiro: arbusto de folhas coriáceas, fores de tom verde- pálido e frutos bacáceos. 3 palmatória: planta da família das cactáceas, de fores amarelo- esverdeadas, com a parte inferior vermelha, ou róseas, e bagas vermelhas. 4 Mannlicher: rifle projetado por Ferdinand Ri�er von Mannlicher. Além da primeira parte in�tulada “A terra”, outras duas partes, in�tuladas “O homem” e “A luta”, compõem Os sertões. Verifica-se assim, na própria estrutura da obra, uma ní�da influência do a) Determinismo. b) Idealismo. c) Iluminismo. d) Socialismo. e) Liberalismo. IT0817 - (Unesp) 22@professorferretto @prof_ferretto Leia o trecho do romance Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa. Sei que estou contando errado, pelos altos. Desemendo. Mas não é por disfarçar, não pense. De grave, na lei do comum, disse ao senhor quase tudo. Não crio receio. O senhor é homem de pensar o dos outros como sendo o seu, não é criatura de pôr denúncia. E meus feitos já revogaram, prescrição dita. Tenho meu respeito firmado. Agora, sou anta empoçada, ninguém me caça. Da vida pouco me resta – só o deo-gra�as; e o troco. Bobeia. Na feira de São João Branco, um homem andava falando: – “A pátria não pode nada com a velhice.” Discordo. A pátria é dos velhos, mais. Era um homem maluco, os dedos cheios de anéis velhos sem valor, as pedras re�radas – ele dizia: aqueles todos anéis davam até choque elétrico... Não. Eu estou contando assim, porque é o meu jeito de contar. Guerras e batalhas? Isso é como jogo de baralho, verte, reverte. Os revoltosos depois passaram por aqui, soldados de Prestes, vinham de Goiás, reclamavam posse de todos os animais de sela. Sei que deram fogo, na barra do Urucuia, em São Romão, aonde aportou um vapor do Governo, cheio de tropas da Bahia. Muitos anos adiante, um roceiro vai lavrar um pau, encontra balas cravadas. O que vale, são outras coisas. A lembrança da vida da gente se guarda em trechos diversos, cada um com seu signo e sen�mento, uns com os outros acho que nem não misturam. Contar seguido, alinhavado, só mesmo sendo as coisas de rasa importância. De cada vivimento que eu real �ve, de alegria forte ou pesar, cada vez daquela hoje vejo que eu era como se fosse diferente pessoa. Sucedido desgovernado. Assim eu acho, assim é que eu conto. [...] Tem horas an�gas que ficaram muito mais perto da gente do que outras, de recente data. O senhor mesmo sabe. (Grande sertão: veredas, 2015.) No texto, o narrador a) sugere que a narração de eventos significa�vos não permite uma visão abrangente da vida. b) admite que sua narra�va sinuosa visa confundir e enganar o seu interlocutor. c) sugere que a narração de eventos significa�vos não cabe em uma narra�va linear. d) alega que sua narra�va linear busca conferir coerência e sen�do a uma vida de desacertos. e) alega que uma narra�va sinuosa conduz a uma compreensão limitada da existência. IT0825 - (Unesp) Leia o ar�go “Pó de pirlimpimpim”, do neurocien�sta brasileiro Sidarta Ribeiro. Alcançar o aprendizado instantâneo é um desejo poderoso, pois o cérebro sem informação é pouco mais que estofo de macela1. Emília, a sabida boneca de Monteiro Lobato, aprendeu a falar copiosamente após engolir uma pílula, adquirindo de supetão todo o vocabulário dos seres humanos aoseu redor. No filme Matrix (1999), a ingestão de uma pílula colorida faz o personagem Neo descobrir que todo o mundo em que sempre viveu não passa de uma simulação chamada Matriz, dentro da qual é possível programar qualquer coisa. Poucos instantes depois de se conectar a um computador, Neo desperta e profere estupefato: “I know kung fu”. Entretanto, na matriz cerebral das pessoas de came e osso, vale o dito popular: “Urubu, pra cantar, demora.” O aprendizado de comportamentos complexos é di�cil e demorado, pois requer a alteração massiva de conexões neuronais. Há consenso hoje em dia de que o conteúdo dos nossos pensamentos deriva dos padrões de a�vação de vastas redes neuronais, impossibilitando a aquisição instantânea de memórias intrincadas. Mas nem sempre foi assim. Há meio século, experimentos realizados na Universidade de Michigan pareciam indicar que as planárias, vermes aquá�cos passíveis de condicionamento clássico, eram capazes de adquirir, mesmo sem treinamento, associações es�mulo-resposta por ingestão de um extrato de planárias já condicionadas. O resultado, aparentemente revolucionário, sugeria que os substratos materiais da memória são moléculas. Contudo, estudos posteriores demonstraram que a ingestão de planárias não condicionadas também acelerava o aprendizado, revelando um efeito hormonal genérico, independente do conteúdo das memórias presentes nas planárias ingeridas. A ingestão de memórias é impossível porque elas são estados complexos de redes neuronais, não um quantum de significado como a pílula da Emília. Por outro lado, é sim possível acelerar a consolidação das memórias por meio da o�mização de variáveis fisiológicas envolvidas no processo. Uma linha de pesquisa importante diz respeito ao sono, cujo bene�cio à consolidação de memórias já foi comprovado. Em 2006, pesquisadores alemães publicaram um estudo sobre Os efeitos mnemônicos da es�mulação cerebral com ondas lentas (0,75 Hz) aplicadas durante o sono por meio de um es�mulador elétrico. Os resultados mostraram que a es�mulação de baixa frequência é suficiente para melhorar o aprendizado de diferentes tarefas. Ao que parece, as oscilações lentas do sono são puro pó de pirlimpimpim. (Sidarta Ribeiro, Limiar: ciência e vida contemporânea, 2020) 1macela: planta herbácea cujas fores costumam ser usadas pela população como estofo de travesseiros. Por se tratar de um ar�go de divulgação cien�fica (e não um ar�go cien�fico propriamente), predomina no texto uma linguagem a) técnica. b) acessível. c) informal. d) figurada. e) hermé�ca. IT0847 - (Unesp) Leia o trecho do drama Macário, de Álvares de Azevedo. MACÁRIO (chega à janela): Ó mulher da casa! olá! ó de casa! UMA VOZ (de fora): Senhor! MACÁRIO: Desate a mala de meu burro e tragam-ma aqui... A VOZ: O burro? 23@professorferretto @prof_ferretto MACÁRIO: A mala, burro! A VOZ: A mala com o burro? MACÁRIO: Amarra a mala nas tuas costas e amarra o burro na cerca. A VOZ: O senhor é o moço que chegou primeiro? MACÁRIO: Sim. Mas vai ver o burro. A VOZ: Um moço que parece estudante? MACÁRIO: Sim. Mas anda com a mala. A VOZ: Mas como hei de ir buscar a mala? Quer que vá a pé? MACÁRIO: Esse diabo é doido! Vai a pé, ou monta numa vassoura como tua mãe! A VOZ: Descanse, moço. O burro há de aparecer. Quando madrugar iremos procurar. OUTRA VOZ: Havia de ir pelo caminho do Nhô Quito. Eu conheço o burro... MACÁRIO: E minha mala? A VOZ: Não vê? Está chovendo a potes!... MACÁRIO (fecha a janela): Malditos! (a�ra com uma cadeira no chão) O DESCONHECIDO: Que tendes, companheiro? MACÁRIO: Não vedes? O burro fugiu... O DESCONHECIDO: Não será quebrando cadeiras que o chamareis... MACÁRIO: Porém a raiva... [...] O DESCONHECIDO: A mala não pareceu-me muito cheia. Sen� alguma coisa sacolejar dentro. Alguma garrafa de vinho? MACÁRIO: Não! não! mil vezes não! Não concebeis, uma perda imensa, irreparável... era o meu cachimbo... O DESCONHECIDO: Fumais? MACÁRIO: Perguntai de que serve o �nteiro sem �nta, a viola sem cordas, o copo sem vinho, a noite sem mulher – não me pergunteis se fumo! O DESCONHECIDO (dá-lhe um cachimbo): Eis aí um cachimbo primoroso. [...] MACÁRIO: E vós? O DESCONHECIDO: Não vos importeis comigo. (�ra outro cachimbo e fuma) MACÁRIO: Sois um perfeito companheiro de viagem. Vosso nome? O DESCONHECIDO: Perguntei-vos o vosso? MACÁRIO: O caso é que é preciso que eu pergunte primeiro. Pois eu sou um estudante. Vadio ou estudioso, talentoso ou estúpido, pouco importa. Duas palavras só: amo o fumo e odeio o Direito Romano. Amo as mulheres e odeio o roman�smo. O DESCONHECIDO: Tocai! Sois um digno rapaz. (apertam a mão) MACÁRIO: Gosto mais de uma garrafa de vinho que de um poema, mais de um beijo que do soneto mais harmonioso. Quanto ao canto dos passarinhos, ao luar sonolento, às noites límpidas, acho isso sumamente insípido. Os passarinhos sabem só uma can�ga. O luar é sempre o mesmo. Esse mundo é monótono a fazer morrer de sono. O DESCONHECIDO: E a poesia? MACÁRIO: Enquanto era a moeda de ouro que corria só pela mão do rico, ia muito bem. Hoje trocou-se em moeda de cobre; não há mendigo, nem caixeiro de taverna que não tenha esse vintém azinhavrado¹. Entendeis-me? O DESCONHECIDO: Entendo. A poesia, de popular tornou-se vulgar e comum. An�gamente faziam-na para o povo; hoje o povo fá-la... para ninguém... (Álvares de Azevedo. Macário/Noite na taverna, 2002.) 1 azinhavrado: coberto de azinhavre (camada de cor verde que se forma na super�cie dos objetos de cobre ou latão, resultante da corrosão destes quando expostos ao ar úmido). Para Macário, a poesia deveria ser a) eli�sta. b) hermé�ca. c) despojada. d) engajada. e) sen�mental. IT0848 - (Unesp) Leia o trecho do drama Macário, de Álvares de Azevedo. MACÁRIO (chega à janela): Ó mulher da casa! olá! ó de casa! UMA VOZ (de fora): Senhor! MACÁRIO: Desate a mala de meu burro e tragam-ma aqui... A VOZ: O burro? MACÁRIO: A mala, burro! A VOZ: A mala com o burro? MACÁRIO: Amarra a mala nas tuas costas e amarra o burro na cerca. A VOZ: O senhor é o moço que chegou primeiro? MACÁRIO: Sim. Mas vai ver o burro. A VOZ: Um moço que parece estudante? MACÁRIO: Sim. Mas anda com a mala. A VOZ: Mas como hei de ir buscar a mala? Quer que vá a pé? MACÁRIO: Esse diabo é doido! Vai a pé, ou monta numa vassoura como tua mãe! A VOZ: Descanse, moço. O burro há de aparecer. Quando madrugar iremos procurar. OUTRA VOZ: Havia de ir pelo caminho do Nhô Quito. Eu conheço o burro... MACÁRIO: E minha mala? A VOZ: Não vê? Está chovendo a potes!... MACÁRIO (fecha a janela): Malditos! (a�ra com uma cadeira no chão) O DESCONHECIDO: Que tendes, companheiro? MACÁRIO: Não vedes? O burro fugiu... O DESCONHECIDO: Não será quebrando cadeiras que o chamareis... MACÁRIO: Porém a raiva... [...] O DESCONHECIDO: A mala não pareceu-me muito cheia. Sen� alguma coisa sacolejar dentro. Alguma garrafa de vinho? MACÁRIO: Não! não! mil vezes não! Não concebeis, uma perda imensa, irreparável... era o meu cachimbo... O DESCONHECIDO: Fumais? MACÁRIO: Perguntai de que serve o �nteiro sem �nta, a viola sem cordas, o copo sem vinho, a noite sem mulher – não me pergunteis se fumo! O DESCONHECIDO (dá-lhe um cachimbo): Eis aí um cachimbo primoroso. [...] 24@professorferretto @prof_ferretto MACÁRIO: E vós? O DESCONHECIDO: Não vos importeis comigo. (�ra outro cachimbo e fuma) MACÁRIO: Sois um perfeito companheiro de viagem. Vosso nome? O DESCONHECIDO: Perguntei-vos o vosso? MACÁRIO: O caso é que é preciso que eu pergunte primeiro. Pois eu sou um estudante. Vadio ou estudioso, talentoso ou estúpido, pouco importa. Duas palavras só: amo o fumo e odeio o Direito Romano. Amo as mulheres e odeio o roman�smo. O DESCONHECIDO: Tocai! Sois um digno rapaz. (apertam a mão) MACÁRIO: Gosto mais de uma garrafa de vinho que de um poema, mais de um beijo que do soneto mais harmonioso. Quanto ao canto dos passarinhos, ao luar sonolento, às noites límpidas, acho isso sumamente insípido. Os passarinhos sabem só uma can�ga. O luar é sempre o mesmo. Esse mundo é monótono a fazer morrer desono. O DESCONHECIDO: E a poesia? MACÁRIO: Enquanto era a moeda de ouro que corria só pela mão do rico, ia muito bem. Hoje trocou-se em moeda de cobre; não há mendigo, nem caixeiro de taverna que não tenha esse vintém azinhavrado¹. Entendeis-me? O DESCONHECIDO: Entendo. A poesia, de popular tornou-se vulgar e comum. An�gamente faziam-na para o povo; hoje o povo fá-la... para ninguém... (Álvares de Azevedo. Macário/Noite na taverna, 2002.) 1 azinhavrado: coberto de azinhavre (camada de cor verde que se forma na super�cie dos objetos de cobre ou latão, resultante da corrosão destes quando expostos ao ar úmido). “O DESCONHECIDO: Fumais? MACÁRIO: Perguntai de que serve o �nteiro sem �nta, a viola sem cordas, o copo sem vinho, a noite sem mulher – não me pergunteis se fumo!” À pergunta do Desconhecido, Macário a) responde afirma�vamente, e sua resposta carrega um tom espirituoso. b) acaba por não responder, já que devolve a pergunta com um insulto. c) evita dar uma resposta clara, em uma evidente tenta�va de confundir seu interlocutor. d) responde nega�vamente, e sua resposta carrega um tom espirituoso. e) acaba por não responder, já que devolve a pergunta com outra pergunta. IT0849 - (Unesp) Leia o trecho do drama Macário, de Álvares de Azevedo. MACÁRIO (chega à janela): Ó mulher da casa! olá! ó de casa! UMA VOZ (de fora): Senhor! MACÁRIO: Desate a mala de meu burro e tragam-ma aqui... A VOZ: O burro? MACÁRIO: A mala, burro! A VOZ: A mala com o burro? MACÁRIO: Amarra a mala nas tuas costas e amarra o burro na cerca. A VOZ: O senhor é o moço que chegou primeiro? MACÁRIO: Sim. Mas vai ver o burro. A VOZ: Um moço que parece estudante? MACÁRIO: Sim. Mas anda com a mala. A VOZ: Mas como hei de ir buscar a mala? Quer que vá a pé? MACÁRIO: Esse diabo é doido! Vai a pé, ou monta numa vassoura como tua mãe! A VOZ: Descanse, moço. O burro há de aparecer. Quando madrugar iremos procurar. OUTRA VOZ: Havia de ir pelo caminho do Nhô Quito. Eu conheço o burro... MACÁRIO: E minha mala? A VOZ: Não vê? Está chovendo a potes!... MACÁRIO (fecha a janela): Malditos! (a�ra com uma cadeira no chão) O DESCONHECIDO: Que tendes, companheiro? MACÁRIO: Não vedes? O burro fugiu... O DESCONHECIDO: Não será quebrando cadeiras que o chamareis... MACÁRIO: Porém a raiva... [...] O DESCONHECIDO: A mala não pareceu-me muito cheia. Sen� alguma coisa sacolejar dentro. Alguma garrafa de vinho? MACÁRIO: Não! não! mil vezes não! Não concebeis, uma perda imensa, irreparável... era o meu cachimbo... O DESCONHECIDO: Fumais? MACÁRIO: Perguntai de que serve o �nteiro sem �nta, a viola sem cordas, o copo sem vinho, a noite sem mulher – não me pergunteis se fumo! O DESCONHECIDO (dá-lhe um cachimbo): Eis aí um cachimbo primoroso. [...] MACÁRIO: E vós? O DESCONHECIDO: Não vos importeis comigo. (�ra outro cachimbo e fuma) MACÁRIO: Sois um perfeito companheiro de viagem. Vosso nome? O DESCONHECIDO: Perguntei-vos o vosso? MACÁRIO: O caso é que é preciso que eu pergunte primeiro. Pois eu sou um estudante. Vadio ou estudioso, talentoso ou estúpido, pouco importa. Duas palavras só: amo o fumo e odeio o Direito Romano. Amo as mulheres e odeio o roman�smo. O DESCONHECIDO: Tocai! Sois um digno rapaz. (apertam a mão) MACÁRIO: Gosto mais de uma garrafa de vinho que de um poema, mais de um beijo que do soneto mais harmonioso. Quanto ao canto dos passarinhos, ao luar sonolento, às noites límpidas, acho isso sumamente insípido. Os passarinhos sabem só uma can�ga. O luar é sempre o mesmo. Esse mundo é monótono a fazer morrer de sono. O DESCONHECIDO: E a poesia? MACÁRIO: Enquanto era a moeda de ouro que corria só pela mão do rico, ia muito bem. Hoje trocou-se em moeda de cobre; não há mendigo, nem caixeiro de taverna que não tenha esse vintém azinhavrado¹. Entendeis-me? O DESCONHECIDO: Entendo. A poesia, de popular tornou-se vulgar e comum. An�gamente faziam-na para o povo; hoje o 25@professorferretto @prof_ferretto povo fá-la... para ninguém... (Álvares de Azevedo. Macário/Noite na taverna, 2002.) 1 azinhavrado: coberto de azinhavre (camada de cor verde que se forma na super�cie dos objetos de cobre ou latão, resultante da corrosão destes quando expostos ao ar úmido). “MACÁRIO: Desate a mala de meu burro e tragam-ma aqui... A VOZ: O burro? MACÁRIO: A mala, burro! A VOZ: A mala com o burro? MACÁRIO: Amarra a mala nas tuas costas e amarra o burro na cerca.” Para produzir o efeito cômico desse diálogo, o autor lança mão do recurso expressivo denominado a) an�tese: a oposição, numa mesma expressão ou frase, de duas palavras ou de dois pensamentos de sen�dos contrários. b) eufemismo: o emprego de palavra ou expressão no lugar de outra palavra ou expressão considerada desagradável. c) hipérbole: a ênfase resultante do exagero na expressão ou na comunicação de uma ideia. d) ambiguidade: a presença, num texto, de unidades linguís�cas que podem significar coisas diferentes. e) personificação: a atribuição de caracterís�cas humanas a seres inanimados ou irracionais. IT0854 - (Unesp) Leia o trecho inicial da crônica “Está aberta a sessão do júri”, de Graciliano Ramos, publicada originalmente em 1943. O Dr. França, Juiz de Direito numa cidadezinha sertaneja, andava em meio século, �nha gravidade imensa, verbo escasso, bigodes, colarinhos, sapatos e ideias de pontas muito finas. Ves�a-se ordinariamente de preto, exigia que todos na jus�ça procedessem da mesma forma – e chegou a mandar re�rar-se do Tribunal um jurado inconveniente, de roupa clara, ordenar- lhe que voltasse razoável e fúnebre, para não prejudicar a decência do veredicto. Não via, não sorria. Quando parava numa esquina, as cavaqueiras dos vadios gelavam. Ao afastar-se, mexia as pernas matema�camente, os passos mediam setenta cen�metros, exatos, apesar de barrocas1 e degraus. À espinha não se curvava, embora descesse ladeiras, as mãos e os braços executavam os movimentos indispensáveis, as duas rugas horizontais da testa não se aprofundavam nem se desfaziam. Na sua biblioteca digna e sábia, volumes bojudos, tratados majestosos, severos na encadernação negra semelhante à do proprietário, emper�gavam-se – e nenhum ousava deitar-se, inclinar-se, quebrar o alinhamento rigoroso. Dr. França levantava-se às sete horas e recolhia-se à meia- noite, fizesse frio ou calor, almoçava ao meio-dia e jantava às cinco, ouvia missa aos domingos, comungava de seis em seis meses, pagava o aluguel da casa no dia 30 ou no dia 31, entendia-se com a mulher, parcimonioso, na linguagem usada nas sentenças, linguagem arrevesada e arcaica das ordenações. Nunca julgou oportuno modificar esses hábitos salutares. Não amou nem odiou. Contudo exaltou a virtude, emanação das existências calmas, e condenou o crime, infeliz consequência da paixão. Se atentássemos nas palavras emi�das por via oral, poderíamos afirmar que o Dr. França não pensava. Vistos os autos, etc., perceberíamos entretanto que ele pensava com alguma frequência. Apenas o pensamento de Dr. França não seguia a marcha dos pensamentos comuns. Operava, se não nos enganamos, deste modo: “considerando isto, considerando isso, considerando aquilo, considerando ainda mais isto, considerando porém aquilo, concluo.” Tudo se formulava em obediência às regras – e era impossível qualquer desvio. Dr. França possuía um espírito, sem dúvida, espírito redigido com circunlóquios, dividido em capítulos, �tulos, ar�gos e parágrafos. E o que se distanciava desses parágrafos, ar�gos, �tulos e capítulos não o comovia, porque Dr. França está livre dos tormentos da imaginação. (Graciliano Ramos. Viventes das Alagoas, 1976.) 1 barroca: monte de terra ou de barro. Na crônica, o Dr. França é caracterizado como a) irônico e arrogante. b) arrogante e dissimulado. c) introver�do e sarcás�co. d) pedante e displicente. e) taciturno e metódico. IT0857 - (Unesp) Leia o trecho do conto “A menina, as aves e o sangue”, do escritor moçambicano Mia Couto (1955– ). Aconteceu, certa vez, uma menina a quem o coração ba�a só de quando em enquantos. A mãe sabia que o sangueestava parado pelo roxo dos lábios, palidez nas unhas. Se o coração estancava por demasia de tempo a menina começava a esfriar e se cansava muito. A mãe, então, se afligia: roía o dedo e deixava a unha intacta. Até que o peito da filha voltava a dar sinal: – Mãe, venha ouvir: está a bater! A mãe acorria, debruçando a orelha sobre o peito estreito que soletrava pulsação. E pareciam, as duas, presenciando pingo de água em pleno deserto. Depois, o sangue dela voltava a calar, resina empurrando a arrastosa vida. Até que, certa noite, a mulher ganhou para o susto. Foi quando ela escutou os pássaros. Sentou na cama: não eram só piares, chilreinações. Eram rumores de asas, brancos drapejos de plumas. A mãe se ergueu, pé descalço pelo corredor. Foi ao quarto da menina e joelhou-se junto ao leito. Sen�u a transpiração, reconheceu o seu próprio cheiro. Quando lhe ia tocar na fronte a menina despertou: – Mãe, que bom, me acordou! Eu estava sonhar pássaros. A mãe sor�u-se de medo, aconchegou o lençol como se protegesse a filha de uma maldição. Ao tocar no lençol uma pena se desprendeu e subiu, levinha, volteando pelo ar. A menina suspirou e a pluma, algodão em asa, de novo se ergueu, rodopiando por alturas do tecto. A mãe tentou apanhar a errante plumagem. Em vão, a pena saiu voando pela 26@professorferretto @prof_ferretto janela. A senhora ficou espreitando a noite, na ilusão de escutar a voz de um pássaro. Depois, re�rou-se, adentrando-se na solidão do seu quarto. Dos pássaros selou-se o segredo, só entre as duas.[...] Com o tempo, porém, cada vez menos o coração se fazia frequente. Quase deixou de dar sinais à vida. Até que essa imobilidade se prolongou por consecu�vas demoras. A menina falecera? Não se vislumbravam sinais dessa derradeiragem. Pois ela seguia pra�cando vivências, brincando, sempre cansadinha, resfriorenta. Uma só diferença se contava. Já à noite a mãe não escutava os piares. – Agora não sonha, filha? – Ai mãe, está tão escuro no meu sonho! Só então a mãe arrepiou decisão e foi à cidade: – Doutor, lhe respeito a permissão: queria saber a saúde de minha única. É seu peito... nunca mais deu sinal. O médico corrigiu os óculos como se entendesse rec�ficar a própria visão. Clareou a voz, para melhor se autorizar. E disse: – Senhora, vou dizer: a sua menina já morreu. – Morta, a minha menina? Mas, assim...? – Esta é a sua maneira de estar morta. A senhora escutou, mãos juntas, na educação do colo. Anuindo com o queixo, ia esbugolhando o médico. Todo seu corpo dizia sim, mas ela, dentro do seu centro, duvidava. Pode- se morrer assim com tanta leveza, que nem se nota a re�rada da vida? E o médico, lhe amparando, já na porta: – Não se entristonhe, a morte é o fim sem finalidade. A mãe regressou à casa e encontrou a filha entoando danças, cantarolando canções que nem existem. Se chegou a ela, tocou-lhe como se a miúda inexis�sse. A sua pele não desprendia calor. – Então, minha querida não escutou nada? Ela negou. A mãe percorreu o quarto, vasculhou recantos. Buscava uma pena, o sinal de um pássaro. Mas nada não encontrou. E assim, ficou sendo, então e adiante. Cada vez mais fria, a moça brinca, se aquece na torreira do sol. Quando acorda, manhã alta, encontra flores que a mãe depositou ao pé da cama. Ao fim da tarde, as duas, mãe e filha, passeiam pela praça e os velhos descobrem a cabeça em sinal de respeito. E o caso se vai seguindo, estória sem história. Uma única, silenciosa, sombra se instalou: de noite, a mãe deixou de dormir. Horas a fio a sua cabeça anda em serviço de escutar, a ver se regressam as vozearias das aves. (Mia Couto. A menina sem palavra, 2013.) Além da variedade de discursos diretos e indiretos, a narra�va de ficção, a par�r das úl�mas décadas do século XIX, u�liza um �po de discurso que consiste na combinação dos já existentes, misturando valores es�lís�cos de um e de outro: é o discurso indireto livre. O discurso indireto livre não deixa claro quem está com a palavra, se o narrador ou a personagem. (Nilce Sant’Anna Mar�ns. Introdução à es�lís�ca, 1989. Adaptado.) Cons�tui exemplo de discurso indireto livre o seguinte trecho: a) “– Ai mãe, está tão escuro no meu sonho!” (9º parágrafo) b) “A mãe, então, se afligia: roía o dedo e deixava a unha intacta.” (1º parágrafo) c) “A senhora ficou espreitando a noite, na ilusão de escutar a voz de um pássaro.” (6º parágrafo) d) “Pode-se morrer assim com tanta leveza, que nem se nota a re�rada da vida?” (16º parágrafo) e) “– Morta, a minha menina? Mas, assim...?” (14º parágrafo). IT0875 - (Unesp) Leia a fábula árabe “Um cachorro e um abutre”, cuja autoria é desconhecida. Certa feita, um cachorro roubou um naco de carne de um abatedouro e correu em direção ao rio, em cujas águas viu o reflexo do naco de carne, bem maior do que o naco que carregava. Largou-o então, e um abutre desceu e agarrou a carne, enquanto o cachorro corria atrás do naco maior, mas nada encontrou. Retornou para pegar a carne que antes carregava, mas também não a encontrou. Pensou então: “A ilusão me fez perder o bom senso, e acabei sem aquilo que eu já �nha por ir atrás daquilo que eu não alcançaria.” (Mamede Jarouche (org.). Fábulas árabes: do período pré- islâmico ao século XVII, 2021.) Implícito à fábula está um elogio a) ao altruísmo. b) ao devaneio. c) à resiliência. d) à temperança. e) à ambição. IT0876 - (Unesp) Leia a fábula árabe “Um cachorro e um abutre”, cuja autoria é desconhecida. Certa feita, um cachorro roubou um naco de carne de um abatedouro e correu em direção ao rio, em cujas águas viu o reflexo do naco de carne, bem maior do que o naco que carregava. Largou-o então, e um abutre desceu e agarrou a carne, enquanto o cachorro corria atrás do naco maior, mas nada encontrou. Retornou para pegar a carne que antes carregava, mas também não a encontrou. Pensou então: “A ilusão me fez perder o bom senso, e acabei sem aquilo que eu já �nha por ir atrás daquilo que eu não alcançaria.” (Mamede Jarouche (org.). Fábulas árabes: do período pré- islâmico ao século XVII, 2021.) “Pensou então: ‘A ilusão me fez perder o bom senso [...]’.” Ao se transpor esse trecho para o discurso indireto, os termos sublinhados assumem, respec�vamente, as seguintes formas: 27@professorferretto @prof_ferretto a) “o” e “faria”. b) “o” e “fizera”. c) “lhe” e “fizesse”. d) “te” e “faz”. e) “lhe” e “fazia”. IT0882 - (Unesp) Leia a crônica de Luis Fernando Verissimo. Esta ideia para um conto de terror é tão terrível que, logo depois de tê-la, me arrependi. Mas já estava �da, não adiantava mais. Você, leitor, no entanto, tem uma escolha. Pode parar aqui, e se poupar, ou ler até o fim e provavelmente nunca mais dormir. Vejo que decidiu con�nuar. Muito bem, vamos em frente. Talvez, posta no papel, a ideia perca um pouco do seu poder de susto. Mas não posso garan�r nada. É assim: Um casal de velhos mora sozinho numa casa. Já criaram os filhos, os netos já estão grandes, só lhes resta implicar um com o outro. Retomam com novo fervor uma discussão an�ga. Ela diz que ele ronca quando dorme, ele diz que é men�ra. – Ronca. – Não ronco. – Ele diz que não ronca – comenta ela, impaciente, como se falasse com uma terceira pessoa. Mas não existe outra pessoa na casa. Os filhos raramente visitam. Os netos, nunca. A empregada vem de manhã, faz o almoço, deixa o jantar feito e sai cedo. Ficam os dois sozinhos. – Eu devia gravar os seus roncos, pra você se convencer – diz ela. E em seguida tem a ideia infeliz. – É o que eu vou fazer! Esta noite, quando você dormir, vou ligar o gravador e gravar os seus roncos. – Humrfm – diz o velho. Você, leitor, já deve estar sen�ndo o que vai acontecer. Pare de ler, leitor. Eu não posso parar de escrever. As ideias não podem ser desperdiçadas, mesmo que nos custem amigos, a vida ou o sono. Imagine se Shakespeare �vesse se horrorizado com suas próprias ideias e deixado de escrevê-las, por puro comedimento. Não que eu queira me comparar a Shakespeare. Shakespeare era bem mais magro. Tenho que exercer esteo�cio, esta danação. Você, no entanto, não é obrigado a me acompanhar, leitor. Vá passear, vá tomar sol. Uma das maneiras de controlar a demência solta no mundo é deixar os escritores falando sozinhos, exercendo sozinhos a sua profissão malsã, o seu vício solitário. Você ainda está lendo. Você é pior do que eu, leitor. Você �nha escolha. Sozinhos. Os velhos sozinhos na casa. Os dois vão para a cama. Quando o velho dorme, a velha liga o gravador. Mas em poucos minutos a velha também dorme. O gravador fica ligado, gravando. Pouco depois a fita acaba. Na manhã seguinte, certa do seu triunfo, a velha roda a fita. Ouvem-se alguns minutos de silêncio. Depois, alguém roncando. – Rará! – diz a velha, feliz. Pouco depois ouve-se o ronco de outra pessoa. A velha também ronca! – Rará! – diz o velho, vinga�vo. E em seguida, por cima do contraponto de roncos, ouve-se um sussurro. Uma voz sussurrando, leitor. Uma voz indefinida. Pode ser de homem, de mulher ou de criança. À princípio – por causa dos roncos – não se dis�ngue o que ela diz. Mas aos poucos as palavras vão ficando claras. São duas vozes. É um diálogo sussurrado. “Estão prontos?” “Não, acho que ainda não...” “Então vamos voltar amanhã...” (Luis Fernando Verissimo. O suícida e o computador, 1992.) Em sua crônica, o autor caracteriza o o�cio de escrever como a) prescindível. b) es�mulante. c) fortuito. d) insondável. e) irresis�vel. IT0883 - (Unesp) Leia a crônica de Luis Fernando Verissimo. Esta ideia para um conto de terror é tão terrível que, logo depois de tê-la, me arrependi. Mas já estava �da, não adiantava mais. Você, leitor, no entanto, tem uma escolha. Pode parar aqui, e se poupar, ou ler até o fim e provavelmente nunca mais dormir. Vejo que decidiu con�nuar. Muito bem, vamos em frente. Talvez, posta no papel, a ideia perca um pouco do seu poder de susto. Mas não posso garan�r nada. É assim: Um casal de velhos mora sozinho numa casa. Já criaram os filhos, os netos já estão grandes, só lhes resta implicar um com o outro. Retomam com novo fervor uma discussão an�ga. Ela diz que ele ronca quando dorme, ele diz que é men�ra. – Ronca. – Não ronco. – Ele diz que não ronca – comenta ela, impaciente, como se falasse com uma terceira pessoa. Mas não existe outra pessoa na casa. Os filhos raramente visitam. Os netos, nunca. A empregada vem de manhã, faz o almoço, deixa o jantar feito e sai cedo. Ficam os dois sozinhos. – Eu devia gravar os seus roncos, pra você se convencer – diz ela. E em seguida tem a ideia infeliz. – É o que eu vou fazer! Esta noite, quando você dormir, vou ligar o gravador e gravar os seus roncos. – Humrfm – diz o velho. Você, leitor, já deve estar sen�ndo o que vai acontecer. Pare de ler, leitor. Eu não posso parar de escrever. As ideias não podem ser desperdiçadas, mesmo que nos custem amigos, a vida ou o sono. Imagine se Shakespeare �vesse se horrorizado com suas próprias ideias e deixado de escrevê-las, por puro comedimento. Não que eu queira me comparar a Shakespeare. Shakespeare era bem mais magro. Tenho que exercer este o�cio, esta danação. Você, no entanto, não é obrigado a me acompanhar, leitor. Vá passear, vá tomar sol. Uma das maneiras de controlar a demência solta no mundo é deixar os escritores falando sozinhos, exercendo sozinhos a sua profissão malsã, o 28@professorferretto @prof_ferretto seu vício solitário. Você ainda está lendo. Você é pior do que eu, leitor. Você �nha escolha. Sozinhos. Os velhos sozinhos na casa. Os dois vão para a cama. Quando o velho dorme, a velha liga o gravador. Mas em poucos minutos a velha também dorme. O gravador fica ligado, gravando. Pouco depois a fita acaba. Na manhã seguinte, certa do seu triunfo, a velha roda a fita. Ouvem-se alguns minutos de silêncio. Depois, alguém roncando. – Rará! – diz a velha, feliz. Pouco depois ouve-se o ronco de outra pessoa. A velha também ronca! – Rará! – diz o velho, vinga�vo. E em seguida, por cima do contraponto de roncos, ouve-se um sussurro. Uma voz sussurrando, leitor. Uma voz indefinida. Pode ser de homem, de mulher ou de criança. À princípio – por causa dos roncos – não se dis�ngue o que ela diz. Mas aos poucos as palavras vão ficando claras. São duas vozes. É um diálogo sussurrado. “Estão prontos?” “Não, acho que ainda não...” “Então vamos voltar amanhã...” (Luis Fernando Verissimo. O suícida e o computador, 1992.) Na composição de sua crônica, Luis Fernando Verissimo lança mão dos seguintes procedimentos es�lís�cos que caracterizam a prosa madura do escritor Machado de Assis: a) inclusão do leitor na narra�va e recurso à metalinguagem. b) es�lo digressivo e discurso apoiado em argumentos cien�ficos. c) discurso socialmente engajado e recurso à intertextualidade. d) argumentação de teor moralizante e interlocução explícita com o leitor. e) discurso de caráter mís�co e recurso ao sobrenatural. IT0889 - (Unicamp) ‘Robó�ca não é filme de Hollywood', diz Nicolelis sobre o exoesqueleto. Robô comandado por paraplégico foi mostrado na abertura da Copa. Equipamento transforma força do pensamento em movimentos mecânicos. Em entrevista ao G1, o neurocien�sta brasileiro Miguel Nicolelis comentou que inicialmente estava previsto um jovem paraplégico se levantar da cadeira de rodas, andar alguns passos e dar um chute na bola, que seria o “pontapé inicial” do Mundial do Brasil. Mas a estratégia foi revista após a Fifa informar que o grupo teria 29 segundos para realizar a demonstração cien�fica. Na úl�ma quinta-feira, o voluntário Juliano Pinto, de 29 anos, deu um chute simbólico na bola da Copa usando o exoesqueleto. Na transmissão oficial, exibida por emissoras em todo o mundo, a cena durou apenas sete segundos. O neurocien�sta minimizou as crí�cas recebidas após a rápida apresentação na Arena Corinthians: “Tenham calma, não olhem para isso como se fosse um jogo de futebol. Tem que conhecer tecnicamente e saber o esforço. Robó�ca não é filme de Hollywood, tem limitações que nós conhecemos. O limite desse trabalho foi alcançado. Os oito pacientes a�ngiram um grau de proficiência e controle mental muito altos, e tudo isso será publicado”, garante. (Adaptado de Eduardo Carvalho, ‘Robó�ca não é filme de Hollywood', diz Nicolelis sobre o exoesqueleto. Disponível em h�p://g1.globo.com/ciencia-e- saude/no�cia/2014/06/robo�ca-nao-e-fil me-de-hollywood- diz-nicolelis-sobre- o-exoesqueleto.html. Acessado em 18/06/2014.) Considerando a no�cia transcrita acima, pode-se dizer que a afirmação reproduzida no �tulo (“Robó�ca não é filme de Hollywood”). Na canção, o eu lírico a) reitera a baixa qualidade técnica das imagens da demonstração com o exoesqueleto, depreciando a própria realização do experimento com voluntários. b) destaca a grande recep�vidade da demonstração com o exoesqueleto junto ao público da Copa, superior à dos filmes produzidos em Hollywood. c) aponta a necessidade de maiores inves�mentos financeiros na geração de imagens que possam valorizar a importância de conquistas cien�ficas na mídia. d) sugere que os resultados desse feito cien�fico são muito mais complexos do que as imagens veiculadas pela televisão permi�ram ver. IT0898 - (Unicamp) A publicidade acima foi divulgada no site da agência FAMIGLIA no dia 24 de janeiro de 2007, véspera do aniversário de São Paulo, no período em que foi proposta a campanha “Cidade Limpa”. Na base da foto, em letras bem pequenas, está escrito: Tomara, mas tomara mesmo, que nos próximos aniversários o paulistano comemore uma cidade nova de verdade. Considerando os sen�dos produzidos por esse anúncio, é correto afirmar: 29@professorferretto @prof_ferretto a) As duas perguntas e as duas respostas que configuram o texto do outdoor na publicidade acima pressupõem que os paulistanos estão discu�ndo o número de outdoors e também o abandono de muitos dos moradores da cidade. b) O texto escrito em letras pequenas tem a função de exortar os paulistanos a refle�r sobre as próximas eleições e sobre como fazer para que seja estabelecido um conjunto de prioridades socialmenterelevantes para toda a sociedade. c) A publicidade pretende levar os leitores a perceber que as prioridades estabelecidas pela gestão municipal da cidade não permitem que os paulistanos enxerguem os verdadeiros problemas que estão nas ruas de São Paulo. d) A publicidade, composta de texto verbal e imagem, tem como obje�vo principal encampar o projeto “Cidade Limpa” elaborado pela gestão municipal e também propor a discussão de outras prioridades para a cidade. IT0909 - (Unicamp) “Uma peripécia, uma reviravolta nas circunstâncias, de uma hora para outra transforma uma sequência ro�neira de acontecimentos numa história.” (Jerome Bruner, Fabricando histórias. Direito, literatura, vida. São Paulo: Letra e Voz, 2014, p.15.) Levando-se em conta a noção acima proposta por Jerome Bruner, qual é a peripécia que ocorre no terceiro ato da peça Lisbela e o prisioneiro? a) O disparo de arma de fogo em direção a Frederico Evandro, realizado por Lisbela, e a descoberta posterior de que as balas do revólver eram de fes�m. b) O encontro fur�vo de Lisbela e Leléu na prisão, que torna possível a fuga do casal de amantes e produz o desenlace do drama. c) A fuga de Leléu da prisão, que somente foi possível devido às ar�manhas de Lisbela ao pedir que seu pai desse uma corda para o prisioneiro. d) O retorno heroico de Frederico Evandro à prisão, com o intuito de salvar Leléu e assassinar o Tenente Guedes. IT0913 - (Unicamp) Numa entrevista ao jornal El País em 26 de agosto de 2016, o jornalista Caco Barcellos comenta uma afirmação sua anterior, feita em um congresso de jornalistas inves�ga�vos, de que novos profissionais não deveriam “atuar como porta-vozes de autoridades”. “Tenho o maior encanto e admiração e respeito pelo jornalismo de opinião. O que cri�quei lá é quando isso vai para a reportagem. Não acho legí�mo. O repórter tem o dever de ser preciso. Pode ser até analí�co, mas não emi�r juízo. Na reportagem de rua, fico imbuído, inclusive, de melhor informar o meu colega de opinião. Se eu não fizer isso de modo preciso e correto, ele vai emi�r um juízo errado sobre aquele universo que estou retratando. E não só ele, mas também o advogado, o sociólogo, o antropólogo e mais para frente o historiador (...) Por exemplo, essa matança que a polícia militar provoca no co�diano das grandes cidades brasileiras – isso é muito mal reportado pela mídia no seu conjunto. Quem sabe, lá no futuro, o historiador não passe em branco por esse momento da história. Não vai poder dizer ‘olha, os negros pobres do estado mais rico da federação estão sendo eliminados com a frequência de três por dia, um a cada oito horas’. Se o repórter não fizer esse registro preciso e contundente, a cadeia toda pode falhar, a começar pelo jornalista de opinião.” (“Caco Barcelos: ‘Erros históricos nascem da imprecisão jornalís�ca’ ”. El País. 26/08/2016. Entrevista concedida a Camila Moraes. Disponível em h�ps://brasil.elpais.com/brasil/2016/07/19/cultura/1468956578_924541 Acessado em 13/07/2017.) De acordo com a posição defendida por Caco Barcellos com relação a seus leitores, uma reportagem exige do jornalista a) conhecimento preciso do assunto, uma vez que seu obje�vo é convencer o leitor a concordar com o que escreve para evitar que ele cometa erros. b) inves�gação e precisão no tratamento do assunto, porque ela vai servir de base a outros ar�gos, permi�ndo que o leitor �re suas próprias conclusões. c) inves�gação e precisão na abordagem dos fatos, já que ele também emite seu juízo sobre o assunto, conduzindo o leitor a aceitar a história que narra. d) conhecimento preciso dos fatos tratados, para que, no futuro, o leitor seja levado a crer que o repórter registrou sua opinião de forma equilibrada. IT0821 - (Unesp) Leia o trecho da peça A mais-valia vai acabar, seu Edgar, de Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha. A peça foi encenada em 1960 na arena da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Brasil e promoveu um amplo debate. A mobilização resultante desse debate desencadeou a criação do Centro Popular de Cultura (CPC). CORO DOS DESGRAÇADOS: Trabalhamos noite e dia, dia e noite sem parar! Então de nada precisamos, se só precisamos trabalhar! Há mil anos sem parar! Fizemos as correntes que nos botaram nos pés, fizemos a Bas�lha onde fomos morar, fizemos os canhões que vão nos apontar. Há mil anos sem parar! Não mandamos, não fugimos, não cheiramos, não matamos, não fingimos, não coçamos, não corremos, não deitamos, não sentamos: trabalhamos. Há mil anos sem parar! Ninguém sabe nosso nome, não conhecemos a espuma do mar, somos tristes e cansados. Há mil anos sem parar! Eu nunca ri – eu nunca ri – sempre trabalhei. Eu faço charutos e fumo bitucas, eu faço tecidos e ando pelado, eu faço ves�do pra mulher, e nunca vi mulher desves�da. Há mil anos sem parar! Maria esqueceu de mim e foi morar com seu Joaquim. Há mil anos sem parar! (Apito longo. Um cartaz aparece: “Dois minutos de descanso e lamba as unhas.” Todos vão tentar sentar. Menos o Desgraçado 4 que fica de pé furioso.) 30@professorferretto @prof_ferretto DESGRAÇADO 1: Ajuda-me aqui, Dois. Eu quero me dá uma sentadinha. (Desgraçado 2 ri de tudo.) DESGRAÇADO 3: Senta. (Desgraçado 1 vai pôr a cabeça no chão.) De assim, não. Acho que não é com a cabeça não. DESGRAÇADO 1: Eu esqueci. DESGRAÇADO 3: A bunda, põe ela no chão. A perna é que eu não sei. DESGRAÇADO 2: A pera �ra. (Desgraçado 3 e Desgraçado 2 desistem de descobrir. Se a�ram no chão.) DESGRAÇADO 1: A perna dobra! (Senta. Sa�sfeito.) DESGRAÇADO 2: Quero ver levantar. (Todos olham para Desgraçado 4, fazem sinais para que ele se sente.) DESGRAÇADO 4: Não! Chega pra mim! Eu só trabalho, trabalho, trabalho... (Perde o fôlego.) DESGRAÇADO 3: Eu te ajudo: trabalho, trabalho, trabalho... DESGRAÇADO 4: E tenho dois minutos de descanso? Nunca vi o sol, não tomei leite condensado, não canto na rua, esqueci do sentar, quando chega a hora de descansar, fico pensando na hora de trabalhar! Chega! SLIDE: Quem canta seus males espanta. DESGRAÇADO 1: (cantando) A paga vem depois que a gente morre! Você vira um anjo todo branco, rindo sempre da brancura, bebe leite em teta de nuvem, não tem mais fome, não tem saudade, pinta o céu de cor de felicidade! (Peças do CPC, 2016. Adaptado.) O �tulo da peça refere-se a importante conceito da teoria de a) Jean-Jacques Rousseau. b) Friedrich Nietzsche. c) Karl Marx. d) Max Weber. e) Jean-Paul Sartre. IT0926 - (Enem) O Brasil somou cerca de 60 mil novos casos de câncer de mama até o final de 2019, número que corresponde a 25% de todos os diagnós�cos da condição registrados no país, segundo dados do Ins�tuto Nacional do Câncer (Inca). Apesar de o Outubro Rosa ser o mês de conscien�zação sobre a questão voltada para as mulheres, é muito importante lembrar que um dos grandes mitos da medicina é o de que o câncer de mama não afeta o sexo masculino. Fatores importantes para detectar o câncer de mama masculino: 1. Gené�ca: se houver casos na família, as chances são um pouco mais elevadas. 2. Hormônios: homens podem desenvolver tecido real das glândulas mamárias por tomarem certos medicamentos ou apresentarem níveis hormonais anormais. 3. Caroços: é necessário que os médicos se atentem a alguns sintomas suspeitos, como um caroço na área do tórax. 4. Retração na pele: em situações mais graves do câncer de mama masculino, é possível também ocorrer uma retração do mamilo. Disponível em: h�ps://pebmed.com.br. Acesso em: 24 nov. 2021 (adaptado). As informações dessa reportagem auxiliam no combate ao câncer de mama masculino por apresentarem um alerta sobre o(s) a) sinais indicadores da doença. b) índice de crescimento de casos. c) exames para diagnós�co do tumor. d) mitos a respeito da herança gené�ca. e) período de campanhas de conscien�zação. IT0928 - (Enem) Conheça histórias de atletas paralímpicas que trocaram de modalidade durante a carreira espor�va Jane Karla: a goiana de 45 anos teve poliomielite aos três anos, o que prejudicou seus movimentos das pernas.Em 2003, iniciou no tênis de mesa e conseguiu conquistar �tulos nacionais e internacionais. Mas conheceu o �ro com arco e, em 2015, optou por se dedicar somente à nova modalidade. Em seu ano de estreia no �ro, já faturou a medalha de ouro nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto 2015. Elizabeth Gomes: a san�sta de 55 anos era jogadora de vôlei quando foi diagnos�cada com esclerose múl�pla em 1993. Ingressou no Movimento Paralímpico pelo basquete em cadeira de rodas até experimentar o atle�smo. Chegou a pra�car as duas modalidades simultaneamente até optar pelas provas de campo em 2010. No Campeonato Mundial de Atle�smo, realizado em Dubai, em 2019, Beth se sagrou campeã do lançamento de disco e estabeleceu um novo recorde mundial da classe F52. Silvana Fernandes: a paraibana de 21 anos é natural de São Bento e nasceu com malformação no braço direito. Aos 15 anos, começou a pra�car atle�smo no lançamento de dardo. Em 2018, enquanto compe�a na regional Norte-Nordeste, foi convidada para conhecer o paratae kwon do. No ano seguinte, migrou para a modalidade e já faturou o ouro na categoria até 58 kg nos Jogos Parapan-Americanos de Lima 2019. Disponível em: h�ps://cpb.org.br. Acesso em: 15 jan. 2024 (adaptado). Esse conjunto de minibiografias tem como propósito 31@professorferretto @prof_ferretto a) descrever as ro�nas de treinamento das atletas. b) comparar os desempenhos de atletas de alto rendimento. c) destacar a trajetória profissional de atletas paralímpicas brasileiras. d) indicar as categorias mais adequadas a adaptações paralímpicas. e) es�mular a par�cipação de mulheres em campeonatos internacionais. IT0957 - (Unesp) Leia o fragmento de um texto publicado em 1867 no semanário Cabrião. São Paulo, 10 de março de 1867. Estamos em plena quaresma. A população paulista azafama-se a preparar-se para a lavagem geral das consciências nas águas lustrais do confessionário e do jejum. A cambuquira* e o bacalhau afidalgam-se no mercado. A carne, mísera condenada pelos santos concílios, fica reduzida aos pouquíssimos dentes acatólicos da população, e desce quase a zero na pauta dos preços. O que não sobe nem desce na escala dos fatos normais é a vilania, a usura, o egoísmo, a esta�s�ca dos crimes e o montão de fatos vergonhosos, perversos, ruins e feios que precedem todas as contrições oficiais do confessionário, e que depois delas con�nuam com imperturbável regularidade. É o caso de desejar-se mais obras e menos palavras. E se não, de que é que serve o jejum, as macerações, o arrependimento, a contrição e quejandas religiosidades? O que é a religião sem o aperfeiçoamento moral da consciência? O que vale a perturbação das funções gastronômicas do estômago sem consciência livre, ilustrada, honesta e virtuosa? Seja como for, o fato é que a quaresma toma as rédeas do governo social, e tudo entristece, e tudo esfria com o exercício de seus mís�cos preceitos de silêncio e meditação. De que é que vale a meditação por o�cio, a meditação hipócrita e obrigada, que consiste unicamente na aparência? Pois o que é que cons�tui a virtude? É a forma ou é o fundo? É a intenção do ato, ou sua feição ostensiva? Neste sen�do, aconselhamos aos bons leitores que comutem sem o menor escrúpulo os jejuns, as confissões e rezas em boas e santas ações, em esmolas aos pobres. (Ângelo Agos�ni, Américo de Campos e Antônio Manoel dos Reis. Cabrião, 10.03.1867. Adaptado.) * Iguaria cons�tuída de brotos de abóbora guiados, geralmente servida como acompanhamento de assados. Pelo seu tema e desenvolvimento argumenta�vo, o texto pode ser classificado como a) crí�co. b) lírico. c) narra�vo. d) histórico. e) épico. IT0966 - (Unicamp) Quanto ao conto Negrinha, de Monteiro Lobato, é correto afirmar que: a) O narrador adere à perspec�va de dona Inácia, fazendo com que o leitor enxergue a história guiado pela ó�ca dessa personagem e se torne cúmplice dos valores é�cos apresentados no conto. b) O modo como o narrador caracteriza o contexto histórico no conto permite concluir que Negrinha é escrava de dona Inácia e, portanto, está fadada a uma vida de humilhações. c) A maneira como o narrador comenta as caracterís�cas atribuídas às personagens contrasta com as falas e as ações realizadas por elas, o que caracteriza um modo irônico de apresentação. d) O narrador apresenta as falas e pensamentos das personagens de modo obje�vo; assim, o leitor fica dispensado de elaborar um juízo crí�co sobre as relações de poder entre as personagens. IT0970 - (Unicamp) Em maio deste ano, uma festa do 3º ano do Ensino Médio de uma escola do Rio Grande do Sul propôs aos alunos que se preparavam para o ves�bular uma a�vidade chamada “Se nada der certo”. O obje�vo era “trabalhar o cenário de não aprovação no ves�bular, e como “lidar melhor com essa fase”. Os alunos compareceram à festa “fantasiados” de faxineiros, garis, domés�cas, agricultores, entre outras profissões consideradas de pessoas “fracassadas”. O evento teve repercussão nacional e acimou o debate sobre a meritocracia. Para Luis Felipe Miguel, professor de ciência polí�ca, “o tom de chacota da festa-recreio era óbvio”, e teria sido mais interessante “discu�r como se constrói a hierarquia que define algumas ocupações como subaltemas e outras como superiores; discu�r como alguns podem desprezar os saberes incorporados nas prá�cas dessas profissões (subalternas apenas porque contam com quem as faça por eles); discu�r como o que realmente ‘deu certo’ para eles foi a loteria do nascimento, que, na nossa sociedade, determina a parte do leão das trajetórias individuais”. (Adaptado de Fernanda Valente, Dia do ‘se nada der certo’ acende debate sobre meritocracia e privilégio Carta Capital 06/06/2017. Disponível em h�p://jus�icando.cartacapital.com.br/2017/06/06/dia-do-se- nada-der-certo-acende-debate-sobre-meritocracia-e- privilegio/. Acessado em 08/06/2017). As alterna�vas a seguir reproduzem trechos de uma entrevista do professor Sidney Chalhoub (Unicamp e Harvard) sobre o mito da meritocracia. 32@professorferretto @prof_ferretto (Manuel Alves Filho, A meritocracia é um mito que alimenta as desigualdades, diz Sidney Chalhoub. Jornal da Unicamp, 07/06/2017.) Assinale aquela que dialoga diretamente com a no�cia acima. a) É preciso promover a inclusão “e fazer com que o conhecimento que essas pessoas trarão à Universidade seja reconhecido e disseminado”. b) Com a adesão da Unicamp ao sistema de cotas, um “novo con�ngente de alunos colocará em cheque vários hábitos da universidade”. c) “As melhores universidades do mundo (que servem de referência) adotam a diversidade no ingresso dos estudantes há bastante tempo”. d) “O ideal seria que todos aqueles que �vessem condições intelectuais e interesse em entrar na universidade ob�vessem uma vaga”. IT0975 - (Unicamp) “Para inaugurar é preciso ter um defunto. Mas, por desgraça, nenhum turista se afoga, nenhuma calamidade se abate sobre a cidade e os moribundos têm o desplante de ressuscitarem. Na ordem estabelecida por Odorico, o bem vira mal e o mal, bem.” (Anatol Rosenteia, “A obra de Dias Gomes”, em Teatro de Dias Gomes. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1672. p. xxvii) A comicidade de O Bem-amado, de Dias Gomes, deriva em grande medida da inversão de valores que a peça encena. Considerando os propósitos sa�ricos da obra, assinale a alterna�va que evidencia tal inversão. a) A des�nação de recursos para a construção de um cemitério público confere dignidade aos mortos. b) A hospitalidade dada aos doentes ilustra o uso do orçamento em prol do sistema público de saúde. c) A promoção do pistoleiro a delegado de polícia visa à reinserção social do criminoso. d) A inauguração do cemitério dá oportunidade a que se reverencie a memória do benfeitor da cidade. IT0983 - (Unicamp) Dizer que Caetano falou “X” porque “é um leonino vaidoso” quer dizer que: a) todo leonino é vaidoso (se leonino, vaidoso), ou b) que ele pertence a um subconjunto de leoninos, os vaidosos? (o que dá, no primeiro caso, “leonino, queUm can�nho de céu e o Redentor É, meu amigo, só resta uma certeza, É preciso acabar com essa tristeza É preciso inventar de novo o amor MORAES, V.; TOQUINHO. Bossa Nova, sua história, sua gente.São Paulo: Universal: Philips, 1975 (fragmento). O trecho da canção de Toquinho e Vinícius de Moraes apresenta marcas do gênero textual carta, possibilitando que o eu poé�co e o interlocutor a) compar�lhem uma visão realista sobre o amor em sintonia com o meio urbano. b) troquem no�cias em tom nostálgico sobre as mudanças ocorridas na cidade. c) façam confidências, uma vez que não se encontram mais no Rio de Janeiro. d) tratem pragma�camente sobre os des�nos do amor e da vida citadina. e) aceitem as transformações ocorridas em pontos turís�cos específicos. IT0090 - (Enem) Primeira lição Os gêneros de poesia são: lírico, sa�rico, didá�co, épico, ligeiro. O gênero lírico compreende o lirismo. Lirismo é a tradução de um sen�mento subje�vo, sincero e pessoal. É a linguagem do coração, do amor. O lirismo é assim denominado porque em outros tempos os versos sen�mentais eram declamados ao som da lira. O lirismo pode ser: a) Elegíaco, quando trata de assuntos tristes, quase sempre a morte. b) Bucólico, quando versa sobre assuntos campestres. c) Eró�co, quando versa sobre o amor. O lirismo elegíaco compreende a elegia, a nênia, a endecha, o epitáfio e o epicédio. Elegia é uma poesia que trata de assuntos tristes. Nênia é uma poesia em homenagem a uma pessoa morta. Era declamada junto à fogueira onde o cadáver era incinerado. Endecha é uma poesia que revela as dores do coração. Epitáfio é um pequeno verso gravado em pedras tumulares. Epicédio é uma poesia onde o poeta relata a vida de uma pessoa morta. CESAR, A. C. Poé�ca, São Paulo: Companhia das Letras, 2013. No poema de Ana Cris�na Cesar, a relação entre as definições apresentadas e o processo de construção do texto indica que o(a) a) caráter descri�vo dos versos assinala uma concepção irônica de lirismo. b) tom explica�vo e con�do cons�tui uma forma peculiar de expressão poé�ca. c) seleção e o recorte do tema revelam uma visão pessimista da criação ar�s�ca. d) enumeração de dis�ntas manifestações líricas produz um efeito de impessoalidade. e) referência a gêneros poé�cos clássicos expressa a adesão do eu lírico às tradições literárias. IT0092 - (Enem) João Antônio de Barros (Jota Barros) nasceu aos 24 de junho de 1935, em Glória de Goitá (PE). Marceneiro, entalhador, xilógrafo, poeta repen�sta e escritor de literatura de cordel, já publicou 33 folhetos e ainda tem vários inéditos. Reside em São Paulo desde 1973, vivendo exclusivamente da venda de livretos de cordel e das can�gas de improviso, ao som da viola. Grande divulgador da poesia popular nordes�na no Sul, tem dado frequentemente entrevistas à imprensa paulista sobre o assunto. EVARISTO, M. C. O cordel em sala de aula. In: BRANDÃO. H. N. (Coord.). Gêneros do discurso na escola:mito, conto, cordel, discurso polí�co, divulgação cien�fica. São Paulo: Cortez, 2000. A biografia é um gênero textual que descreve a trajetória de determinado indivíduo, evidenciando sua singularidade. No caso específico de uma biografia como a de João Antônio de Barros, um dos principais elementos que a cons�tui é a) a es�lização dos eventos reais de sua vida, para que o relato biográfico surta os efeitos desejados. b) o relato de eventos de sua vida em perspec�va histórica, que valorize seu percurso ar�s�co. c) a narração de eventos de sua vida que demonstrem a qualidade de sua obra. d) uma retórica que enfa�ze alguns eventos da vida exemplar da pessoa biografada. e) uma exposição de eventos de sua vida que mescle obje�vidade e construção ficcional. IT0096 - (Enem) Novas tecnologias Atualmente, prevalece na mídia um discurso de exaltação das novas tecnologias, principalmente aquelas ligadas às a�vidades de telecomunicações. Expressões frequentes como “o futuro já chegou”, “maravilhas tecnológicas” e “conexão total com o mundo” “fe�chizam” novos produtos, transformando-os em objetos do desejo, de consumo obrigatório. Por esse mo�vo carregamos hoje nos bolsos, bolsas e mochilas o “futuro” tão festejado. Todavia, não podemos reduzir-nos a meras ví�mas de um aparelho midiá�co perverso, ou de um aparelho capitalista controlador. Há perversão, certamente, e controle, sem sombra de dúvida. Entretanto, desenvolvemos uma relação simbió�ca de dependência mútua com os veículos de comunicação, que 3@professorferretto @prof_ferretto se estreita a cada imagem compar�lhada e a cada dossiê pessoal transformado em objeto público de entretenimento. Não mais como aqueles acorrentados na caverna de Platão, somos livres para nos aprisionar, por espontânea vontade, a esta relação sadomasoquista com as estruturas midiá�cas, na qual tanto controlamos quanto somos controlados. SAMPAIO, A. S. “A micro�sica do espetáculo”. Disponível em: h�p://observatoriodaimprensa.com.br. Acesso em: 1 mar. 2013 (adaptado). Ao escrever um ar�go de opinião, o produtor precisa criar uma base de orientação linguís�ca que permita alcançar os leitores e convencê-los com relação ao ponto de vista defendido. Diante disso, nesse texto, a escolha das formas verbais em destaque obje�va a) criar relação de subordinação entre leitor e autor, já que ambos usam as novas tecnologias. b) enfa�zar a probabilidade de que toda população brasileira esteja aprisionada às novas tecnologias. c) indicar, de forma clara, o ponto de vista de que hoje as pessoas são controladas pelas novas tecnologias. d) tornar o leitor copar�cipe do ponto de vista de que ele manipula as novas tecnologias e por elas é manipulado. e) demonstrar ao leitor sua parcela de responsabilidade por deixar que as novas tecnologias controlem as pessoas. IT0084 - (Enem) A trajetória de Liesel Meminger é contada por uma narradora mórbida, surpreendentemente simpá�ca. Ao perceber que a pequena ladra de livros lhe escapa, a Morte afeiçoa-se à menina e rastreia suas pegadas de 1939 a 1943. Traços de uma sobrevivente: a mãe comunista, perseguida pelo nazismo, envia Liesel e o irmão para o subúrbio pobre de uma cidade alemã, onde um casal se dispõe a adotá-los por dinheiro. O garoto morre no trajeto e é enterrado por um coveiro que deixa cair um livro na neve. É o primeiro de uma série que a menina vai surrupiar ao longo dos anos. O único vínculo com a família é esta obra, que ela ainda não sabe ler. A vida ao redor é a pseudorrealidade criada em torno do culto a Hitler na Segunda Guerra. Ela assiste à eufórica celebração do aniversário do Führer pela vizinhança. A Morte, perplexa diante da violência humana, dá um tom leve e diver�do à narra�va deste duro confronto entre a infância perdida e a crueldade do mundo adulto, um sucesso absoluto – e raro – de crí�ca e público. Disponível em: www.odevoradordelivros.com. Acesso em: 24 jun. 2014. Os gêneros textuais podem ser caracterizados, dentre outros fatores, por seus obje�vos. Esse fragmento é um(a) a) reportagem, pois busca convencer o interlocutor da tese defendida ao longo do texto. b) resumo, pois promove o contato rápido do leitor com uma informação desconhecida. c) sinopse, pois sinte�za as informações relevantes de uma obra de modo impessoal. d) instrução, pois ensina algo por meio de explicações sobre uma obra específica. e) resenha, pois apresenta uma produção intelectual de forma crí�ca. IT0082 - (Enem) Com o enredo que homenageou o centenário do Rei do Baião, Luiz Gonzaga, a Unidos da Tijuca foi coroada no Carnaval 2012. À penúl�ma escola a entrar na Sapucaí, na segunda noite de desfiles, mergulhou no universo do cantor e compositor brasileiro e trouxe a cultura nordes�na com cria�vidade para a Avenida, com o enredo O dia em que toda a realeza desembarcou na Avenida para coroar o Rei Luiz do Sertão. Disponível em: www.cultura.rj.gov.br. Acesso em: 15 maio 2012 (adaptado). A no�cia relata um evento cultural que marca a a) primazia do sambaé vaidoso” e no segundo, “leonino que é vaidoso”). (Sírio Possen�, postagem na rede social Facebook 8 de agosto de 2020.) Entre os comentários à postagem, qual deles responde corretamente à pergunta do autor? a) “Em um determinado universo de crenças, leoninos são vaidosos. Isso é um clichê, um senso comum.” b) “‘É um leonino vaidoso’ = é como qualquer leonino, no caso, vaidoso. É vaidoso porque é vaidoso. Alterna�va a.” c) “Entendo como a opção 2. Para que eu entendesse como opção 1, deveria ser: ‘como todo leonino, é vaidoso’, ou algo do �po.” d) “Fico com a restri�va ‘leonino que é vaidoso’. Entendo que, ao trazer vaidoso a leonino, acentua o vaidoso já implicado em leonino.” IT1006 - (Fuvest) “Madala pensou que devia dizer qualquer coisa ao Djimo, mas não se lembrou de repe�r a pergunta para si mesmo e por isso não soube o que dizer. O capataz fazia sinais à Maria, mas esta parecia não entender. A planta que Madala segurava na mão oferecia ao seu esforço uma resistência exagerada. Por isso, o punho de Madala tremia. (...) O tom da voz de Djimo revelava certo nervosismo: – Madala... Mas o nervosismo desapareceu logo. Djimo deu uma ordem: – Madala, não olhes para lá! Dentro de Madala, qualquer coisa se crispou. Mas não eram os fios da sua doença.” Luís Bernardo Honwana. “Dina”. In: Nós matamos o cão �nhoso!. Considerando o papel da antologia Nós matamos o cão �nhoso! na literatura moçambicana e como a sociedade de Moçambique dos anos 1950 e 1960 se configura literariamente no conto “Dina”, é correto afirmar: 33@professorferretto @prof_ferretto a) O conto apresenta, de modo documental e obje�vo, a condição econômico-social de uma família, mediante a enumeração de objetos que conotam a vida di�cil dos moçambicanos em busca de um lugar na hierarquia preestabelecida pelo colonizador europeu. b) O conto demonstra como Luís Bernardo Honwana recria consistentemente a estrutura do português do colonizador a par�r das línguas originárias de Moçambique, fazendo da linguagem um instrumento de luta an�colonial. c) O conto retrata as primeiras reações dos trabalhadores do campo, como Madala e Djimbo, que se levantam em armas contra os aparelhos repressivos do Estado português e a violência nas relações de trabalho, representados no texto pelo capataz. d) No conto, a sociedade moçambicana vai sendo apresentada sob o ponto de vista do colonizador, de modo a comprovar o ideal civilizatório da colonização portuguesa na África e a convivência equilibrada entre colonizadores e colonizados. e) No conto, embora perceba ter ultrapassado um limite moral ao descobrir o parentesco entre Maria e Madala, o capataz personifica a imposição da violência e do patriarcalismo metropolitanos aos homens e mulheres de Moçambique. 34@professorferretto @prof_ferrettosobre a música nordes�na. b) inter-relação entre dois gêneros musicais brasileiros. c) valorização das origens oligárquicas da cultura nordes�na. d) proposta de resgate de an�gos gêneros musicais brasileiros. e) cria�vidade em compor um samba-enredo em homenagem a uma pessoa. IT0085 - (Enem) Aí pelas três da tarde Nesta sala atulhada de mesas, máquinas e papéis, onde invejáveis escreventes dividiram entre si o bom senso do mundo, aplicando-se em ideias claras apesar do ruído e do mormaço, seguros ao se pronunciarem sobre problemas que afligem o homem moderno (espécie da qual você, milenarmente cansado, talvez se sinta um tanto excluído), largue tudo de repente sob os olhares a sua volta, componha uma cara de louco quieto e perigoso, faça os gestos mais calmos quanto os tais escribas mais severos, dê um largo “ciao” ao trabalho do dia, assim como quem se despede da vida, e surpreenda pouco mais tarde, com sua presença em hora tão insólita, os que es�veram em casa ocupados na limpeza dos armários, que você não sabia antes como era conduzida. Convém não responder aos olhares interroga�vos, deixando crescer, por instantes, a intensa expecta�va que se instala. Mas não exagere na medida e suba sem demora ao quarto, libertando aí os pés das meias e dos sapatos, �rando a roupa do corpo como e re�rasse a importância das coisas, pondo-se enfim em vestes mínimas, quem sabe até em pelo, mas sem ferir o decoro (o seu decoro, está claro), e aceitando ao mesmo tempo, como boa verdade provisória, toda mudança de comportamento. 4@professorferretto @prof_ferretto NASSAR, R. Menina a caminho. São Paulo: Cia. das Letras. 1997. Em textos de diferentes gêneros, algumas estratégias argumenta�vas referem-se a recursos linguís�co-discursivos mobilizados para envolver o leitor. No texto, caracteriza-se como estratégia de envolvimento a a) prescrição de comportamentos, como em: “[...] largue tudo de repente sob os olhares a sua volta [...]”. b) apresentação de contraposição, como em: “Mas não exagere na medida e suba sem demora ao quarto [...]”. c) explicitação do interlocutor, como em: “[...] (espécie da qual você, milenarmente cansado, talvez se sinta um tanto excluído) [...]”. d) descrição do espaço, como em: “Nesta sala atulhada de mesas, máquinas e papéis, onde invejáveis escreventes dividiram entre si o bom-senso do mundo [...]”. e) construção de comparações, como em: “[...] libertando aí os pés das meias e dos sapatos, �rando a roupa do corpo como se re�rasse a importância das coisas [...]”. IT0078 - (Enem) Devagar, devagarinho Desacelerar é preciso. Acelerar não é preciso. Afobados e voltados para o próprio umbigo, operamos, automa�zados, falas robó�cas e silêncios glaciais. Ilustra bem esse estado de espírito a música Sinal fechado (1969), de Paulinho da Viola. Trata-se da história de dois sujeitos que se encontram inesperadamente em um sinal de trânsito. A conversa entre ambos, porém, se deu rápida e rasteira. Logo, os personagens se despedem, com a promessa de se verem em outra oportunidade. Percebe-se um registro de comunicação vazia e superficial, cuja tônica foi o contato ligeiro e superficial construído pelos interlocutores: “Olá, como vai? / Eu vou indo, e você, tudo bem? / Tudo bem, eu vou indo correndo, / pegar meu lugar no futuro. E você? / Tudo bem, eu vou indo em busca de um sono / tranquilo, quem sabe? / Quanto tempo... / Pois é, quanto tempo... / Me perdoe a pressa / é a alma dos nossos negócios... / Oh! Não tem de quê. / Eu também só ando a cem”. O culto à velocidade, no contexto apresentado, se coloca como fruto de um imedia�smo processual que celebra o alcance dos fins sem dimensionar a qualidade dos meios necessários para a�ngir determinado propósito. Tal conjuntura favorece a lei do menor esforço – a comodidade – e prejudica a lei do maior esforço – a dignidade. Como modelo alterna�vo à cultura fast, temos o movimento slow life, cujo propósito, resumidamente, é conscien�zar as pessoas de que a pressa é inimiga da perfeição e do prazer, buscando assim reeducar seus sen�dos para desfrutar melhor os sabores da vida. SILVA, M. F. L. Bole�m UFMG, n. 1749, set. 2011 (adaptado). Nesse ar�go de opinião, a apresentação da letra da canção Sinal fechado é uma estratégia argumenta�va que visa sensibilizar o leitor porque a) adverte sobre os riscos que o ritmo acelerado da vida oferece. b) exemplifica o fato cri�cado no texto com uma situação concreta. c) contrapõe situações de aceleração e de serenidade na vida das pessoas. d) ques�ona o clichê sobre a rapidez e a aceleração da vida moderna. e) apresenta soluções para a cultura da correria que as pessoas vivenciam hoje. IT0088 - (Enem) O humor e a língua Há algum tempo, venho estudando as piadas, com ênfase em sua cons�tuição linguís�ca. Por isso, embora a afirmação a seguir possa parecer surpreendente, creio que posso garan�r que se trata de uma verdade quase banal: as piadas fornecem simultaneamente um dos melhores retratos dos valores e problemas de uma sociedade, por um lado, e uma coleção de fatos e dados impressionantes para quem quer saber o que é e como funciona uma língua, por outro. Se se quiser descobrir os problemas com os quais uma sociedade se debate, uma coleção de piadas fornecerá excelente pista: sexualidade, etnia/raça e outras diferenças, ins�tuições (igreja, escola, casamento, polí�ca), morte, tudo isso está sempre presente nas piadas que circulam anonimamente e que são ouvidas e contadas por todo mundo em todo o mundo. Os antropólogos ainda não prestaram a devida atenção a esse material, que poderia subs�tuir com vantagem muitas entrevistas e pesquisas par�cipantes. Saberemos mais a quantas andam o machismo e o racismo, por exemplo, se pesquisarmos uma coleção de piadas do que qualquer outro corpus. POSSENTI. S. Ciência Hoje, n. 176, out. 2001 (adaptado). A piada é um gênero textual que figura entre os mais recorrentes na cultura brasileira, sobretudo na tradição oral. Nessa reflexão, a piada é enfa�zada por a) sua função humorís�ca. b) sua ocorrência universal. c) sua diversidade temá�ca. d) seu papel como veículo de preconceitos. e) seu potencial como objeto de inves�gação. IT0095 - (Enem) A diva Vamos ao teatro, Maria José? Quem me dera, desmanchei em rosca quinze kilos de farinha, tou podre. Outro dia a gente vamos. Falou meio triste, culpada, e um pouco alegre por recusar com orgulho. TEATRO! Disse no espelho. TEATRO! Mais alto, desgrenhada. TEATRO! E os cacos voaram 5@professorferretto @prof_ferretto sem nenhum aplauso. Perfeita. PRADO, A. Oráculos de maio. São Paulo: Siciliano, 1999. Os diferentes gêneros textuais desempenham funções sociais diversas, reconhecidas pelo leitor com base em suas caracterís�cas específicas, bem como na situação comunica�va em que ele é produzido. Assim, o texto “A diva” a) narra um fato real vivido por Maria José. b) surpreende o leitor pelo seu efeito poé�co. c) relata uma experiência teatral profissional. d) descreve uma ação �pica de uma mulher sonhadora. e) defende um ponto de vista rela�vo ao exercício teatral. IT0094 - (Enem) A úl�ma edição deste periódico apresenta mais uma vez tema relacionado ao tratamento dado ao lixo caseiro, aquele que produzimos no dia a dia. A informação agora passa pelo problema do material jogado na estrada vicinal que liga o município de Rio Claro ao distrito de Ajapi. Infelizmente, no local em questão, a reportagem encontrou mais uma forma errada de des�nação do lixo: material a�rado ao lado da pista como se isso fosse o ideal. Muitos moradores, por exemplo, re�ram o lixo de suas residências e, em vez de um des�no correto, procuram dispensá-lo em outras regiões. Uma situação no mínimo incômoda. Se você sai de casa para jogar o lixo em outra localidade, por que não o fazer no local ideal? É muita falta de educação achar que aquilo que não é correto para sua região possa ser para outra. A reciclagem do lixo domés�co é um passo inteligente e de consciência.Olha o exemplo que passamos aos mais jovens! Quem aprende errado coloca em prá�ca o errado. Um perigo! Disponível em: h�p://jornaldacidade.uol.com.br. Acesso em: 10 ago. 2012 (adaptado). Esse editorial faz uma leitura diferenciada de uma no�cia veiculada no jornal. Tal diferença traz à tona uma das funções sociais desse gênero textual, que é a) apresentar fatos que tenham sido no�ciados pelo próprio veículo. b) chamar a atenção do leitor para temas raramente abordados no jornal. c) provocar a indignação dos cidadãos por força dos argumentos apresentados. d) interpretar cri�camente fatos no�ciados e considerados relevantes para a opinião pública. e) trabalhar uma informação previamente apresentada com base no ponto de vista do autor da no�cia. IT0087 - (Enem) Receita Tome-se um poeta não cansado, Uma nuvem de sonho e uma flor, Três gotas de tristeza, um tom dourado, Uma veia sangrando de pavor. Quando a massa já ferve e se retorce Deita-se a luz dum corpo de mulher, Duma pitada de morte se reforce, Que um amor de poeta assim requer. SARAMAGO, J. Os poemas possíveis. Alfragide: Caminho, 1997. Os gêneros textuais caracterizam-se por serem rela�vamente estáveis e podem reconfigurar-se em função do propósito comunica�vo. Esse texto cons�tui uma mescla de gêneros, pois a) introduz procedimentos prescri�vos na composição do poema. b) explicita as etapas essenciais à preparação de uma receita. c) explora elementos temá�cos presentes em uma receita. d) apresenta organização estrutural �pica de um poema. e) u�liza linguagem figurada na construção do poema. IT0077 - (Enem) Montaigne deu o nome para um novo gênero literário; foi dos primeiros a ins�tuir na literatura moderna um espaço privado, o espaço do “eu”, do texto ín�mo. Ele cria um novo processo de escrita filosófica, no qual hesitações, autocrí�cas, correções entram no próprio texto. COELHO, M. Montaigne. São Paulo: Publifolha, 2001 (adaptado). O novo gênero de escrita aludido no texto é o(a) a) confissão, que relata experiências de transformação. b) ensaio, que expõe concepções subje�vas de um tema. c) carta, que comunica informações para um conhecido. d) meditação, que propõe preparações para o conhecimento. e) diálogo, que discute assuntos com diferentes interlocutores. IT0086 - (Enem) João/Zero (Wagner Moura) é um cien�sta genial, mas infeliz porque há 20 anos atrás foi humilhado publicamente durante uma festa e perdeu Helena (Alinne Moraes), uma an�ga e eterna paixão. Certo dia, uma experiência com um de seus inventos permite que ele faça uma viagem no tempo, retornando para aquela época e podendo interferir no seu des�no. Mas quando ele retorna, descobre que sua vida mudou totalmente e agora precisa encontrar um jeito de mudar essa história, nem que para isso tenha que voltar novamente ao passado. Será que ele conseguirá acertar as coisas? Disponível em: h�p://adorocinema.com. Acesso em: 4 out. 2011. Qual aspecto da organização grama�cal atualiza os eventos apresentados na resenha, contribuindo para despertar o interesse do leitor pelo filme? 6@professorferretto @prof_ferretto a) O emprego do verbo haver, em vez de ter, em “há 20 anos atrás foi humilhado”. b) A descrição dos fatos com verbos no presente do indica�vo, como “retorna” e “descobre”. c) A repe�ção do emprego da conjunção “mas” para contrapor ideias. d) A finalização do texto com a frase de efeito “Será que ele conseguirá acertar as coisas?”. e) O uso do pronome de terceira pessoa “ele” ao longo do texto para fazer referência ao protagonista “João/Zero”. IT0416 - (Enem PPL) Nesse texto, ao combinar os gêneros anúncio e manchete de no�cia, o autor pretende a) destacar a variedade de informações divulgadas na mídia. b) aproximar o leitor da realidade vivenciada pelas celebridades. c) cri�car a superficialidade de no�cias em veículos de comunicação. d) ilustrar a inclusão da população carente em campanhas publicitárias. e) conscien�zar o leitor acerca da responsabilidade social nos anúncios. IT0417 - (Enem PPL) A animação Vida Maria Produzido em computação gráfica 3D e finalizado em 35 mm, o curta-metragem mostra personagens e cenários modelados com texturas e cores pesquisadas e capturadas no sertão cearense, no Nordeste do Brasil, criando uma atmosfera realista e humanizada. O filme nos mostra a história da ro�na da personagem Maria José, uma menina de cinco anos de idade que se diverte aprendendo a escrever o nome, mas que é obrigada pela mãe a abandonar os estudos e começar a cuidar dos afazeres domés�cos e trabalhar na roça. Enquanto trabalha, ela cresce, casa e tem filhos e depois envelhece, e o ciclo con�nua a se reproduzir nas outras Marias suas filhas, netas e bisnetas. Disponível em: www.revistaprosaversoearte.com. Acesso em: 1 nov. 2021). Esse fragmento é caracterizado como gênero sinopse, pois apresenta a) posicionamento da revista sobre a produção da animação. b) relato da história abordada no curta-metragem. c) acontecimentos do co�diano de uma família. d) história sucinta com poucos personagens. e) fatos da vida de uma menina e seus familiares. IT0482 - (Enem PPL) A invenção de Hugo Cabret O livro conta a jornada de Hugo Cabret, um menino órfão que mora em uma estação de trem parisiense, nos anos 1930. Seu trabalho é a manutenção do relógio da estação, porém a tarefa que lhe tem uma importância maior é completar a construção de um autômato — espécie de robô — deixado a ele pelo pai. Junto de sua mais nova amiga, Isabelle, sobrinha do amargo mercador de brinquedos, Hugo embarca em uma enorme aventura em busca de respostas para suas inúmeras perguntas. O que chama atenção antes mesmo do início da leitura é o visual do livro. Muito bonito, colorido e simbólico. Brian, além de escrever, ilustrou toda a sua obra. E são essas mesmas ilustrações que constroem o grande clímax ao redor da leitura. O autor simula a experiência do cinema em suas páginas, colocando, por exemplo, páginas pretas no início, representando a escuridão das salas de cinema. Os desenhos, que estão presentes na maioria das páginas, não são apenas ilustrações. São parte complementar da história, pois subs�tuem as palavras em vários trechos. Leitura rápida, experimental e muito interessante — ainda mais se você é amante da história do cinema. Disponível em: www.cantodosclassicos.com. Acesso em: 1 dez. 2017 (adaptado). Nesse texto, os elementos cons�tu�vos do gênero são u�lizados para atender à função social de a) explicar para o leitor os acontecimentos da narra�va. b) informar o leitor sobre o conteúdo do livro de modo impessoal. c) convencer o leitor sobre a tese defendida ao longo da descrição da obra. d) oferecer ao leitor uma avaliação do livro por meio de uma síntese crí�ca. e) divulgar para o leitor a obra cuja temá�ca interessa a um grande público. IT0483 - (Enem PPL) E.C.T. Tava com um cara que carimba postais E por descuido abriu uma carta que voltou Tomou um susto que lhe abriu a boca Esse recado veio pra mim, não pro senhor Recebo craque colante, dinheiro parco embrulhado Em papel carbono e barbante e até cabelo cortado 7@professorferretto @prof_ferretto Retrato de 3 X 4 Pra ba�zado distante Mas, isso aqui, meu senhor, é uma carta de amor [...] Mas esse cara tem a língua solta A minha carta ele musicou [...] Ouvi no rádio a minha carta de amor. DIAS, A. M. Disponível em: www.uol.com.br. Acesso em: 5 nov. 2021 (adaptado). Considerando-se as caracterís�cas do gênero carta de amor, o conflito gerador do fato relatado na letra da canção deve-se à a) adequação dos interlocutores à situação de comunicação na carta e na letra da canção. b) apropriação das formas de expressão da carta pela letra da canção. c) manutenção do propósito comunica�vo da carta na letra da canção. d) alteração da esfera de circulação específica do gênero carta. e) transposição da temá�ca do amor para a linguagem musical. IT0498 - (Enem PPL) O Brasil (descrição �sica e polí�ca)O Brasil é um país maior do que os menores e menor do que os maiores. É um país grande, porque, medida sua extensão, verifica-se que não é pequeno. Divide-se em três zonas climatéricas absolutamente dis�ntas: a primeira, a segunda e a terceira. Sendo que a segunda fica entre a primeira e a terceira. Há muitas diferenças entre as várias regiões geográficas do país, mas a mais importante é a principal. Na agricultura faz-se exclusivamente o cul�vo de produtos vegetais, enquanto a pecuária especializa-se na criação de gado. A população é toda baseada no elemento humano, sendo que as pessoas não nascidas no país são, sem exceção, estrangeiras. Tão privilegiada é hoje, enfim, a situação do país que os cien�stas procuram apenas descobrir o que não está descoberto, deixando para a indústria tudo o que já foi aprovado como industrializável e para o comércio tudo o que é vendável. É, enfim, o país do futuro, e este se aproxima a cada dia que passa. FERNANDES, M. In: ANTUNES, I. Língua, texto e ensino: outra escola possível. São Paulo: Parábola, 2009 (adaptado). Em relação ao propósito comunica�vo anunciado no �tulo do texto, esse gênero promove uma quebra de expecta�va ao a) abordar aspectos �sicos e polí�cos do país de maneira impessoal. b) apresentar argumentos plausíveis sobre a estrutura geopolí�ca do Brasil. c) tratar aspectos �sicos e polí�cos do país por meio de abordagem cômica. d) trazer informações relevantes sobre os aspectos �sicos e polí�cos do Brasil. e) propor uma descrição sucinta sobre a organização �sica e polí�ca do Brasil. IT0501 - (Enem PPL) Mais de um terço da comida produzida no mundo perde-se no caminho entre o produtor e o mercado, ou em casa. Empresas e governos podem mudar essa situação, com melhorias nos sistemas de distribuição e oferta dos alimentos. Em casa, o consumidor pode ajudar planejando as refeições, comprando só o necessário e armazenando tudo corretamente. Ao evitar o desperdício, você ainda economiza dinheiro. Revista Quatro Rodas, maio 2013. O texto aborda a necessidade de se promoverem, cole�vamente, mudanças de hábitos relacionados ao consumo de alimentos. Uma estratégia para es�mular a adesão a essa ideia consiste em a) fazer referência a ações governamentais, em andamento, de combate ao desperdício de alimentos. b) quan�ficar o desperdício ocorrido no campo como superior a um terço da produção mundial de alimentos. c) u�lizar a expressão figurada “perde-se no caminho” como referência ao desperdício de alimentos. d) apontar uma vantagem financeira para o consumidor engajar-se em prá�cas de combate ao desperdício de alimentos. e) recomendar medidas de distribuição mais eficazes com vistas à diminuição do desperdício de alimentos. IT0502 - (Enem PPL) Roberto Segre. Arquiteto do mundo. Nascido em Milão, em 1934, o arquiteto Roberto Segre emigrou para a Argen�na aos cinco anos, fugindo do fascismo italiano. Ainda jovem, aos 29 anos, mudou-se para Cuba, onde permaneceu dando aulas de história da arquitetura e urbanismo na Universidade de Havana até 1994. Segre se mudaria defini�vamente para o Brasil, em 1994, a convite da UFRJ. Em 2007, recebeu o �tulo de doutor honoris causa pelo Ins�tuto Superior Politécnico de Havana. Roberto Segre morreu, na manhã de anteontem, aos 78 anos, atropelado por um motociclista, quando caminhava na Praia de Icaraí, em Niterói, onde morava. Ele chegou a ser hospitalizado, mas não resis�u aos ferimentos. O corpo será velado amanhã, das 9 h às 17 h, no Palácio Universitário da UFRJ, Avenida Pasteur, 250, na Praia Vermelha, Urca. Disponível em: www.iabrj.org.br. Acesso em: 9 dez. 2017 (adaptado). 8@professorferretto @prof_ferretto Na organização desse texto, observam-se traços comumente caracterís�cos de biografias, entretanto, trata-se de um(a) a) aviso, pois sua função é adver�r o leitor sobre o perigo de se caminhar nas orlas. b) relato, pois descreve o acidente envolvendo um motociclista e seus desdobramentos. c) obituário, pois tem o propósito de levar ao leitor informações sobre o velório do professor. d) anúncio, pois divulga o recebimento do �tulo de doutor honoris causa pelo professor morto. e) no�cia, pois seu obje�vo é informar o leitor sobre o acidente, seguido da morte do professor. IT0508 - (Enem PPL) A carta da Terra PREÂMBULO Estamos diante de um momento crí�co na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio de uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um des�no comum. Para chegar a este propósito, é impera�vo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns com os outros, com a grande comunidade da vida e com as futuras gerações. PRINCÍPIOS I. Respeitar e cuidar da comunidade da vida. II. Proteger e restaurar a integridade ecológica. III. Promover a jus�ça social e econômica. IV. Fortalecer a democracia, a não violência e a paz. O CAMINHO ADIANTE Que o nosso tempo seja lembrado pelo despertar de uma nova reverência face à vida e pelo compromisso firme de alcançar a sustentabilidade, a intensificação da luta pela jus�ça e pela paz e a alegre celebração da vida. Disponível em: www.mma.gov.br. Acesso em: 3 dez. 2017 (adaptado). Analisando a estrutura composicional do texto, percebe-se que ele se insere na esfera a) ins�tucional, pois propõe regras de conduta para alcançar a sustentabilidade da vida na Terra. b) pessoal, pois manifesta subje�vidade diante da injus�ça social e econômica dos povos da Terra. c) publicitária, porque conclama a sociedade para par�cipar de ações relacionadas à preservação ambiental. d) cien�fica, pois relata fatos concretos sobre a real situação do meio ambiente em diferentes pontos do planeta. e) jornalís�ca, pois apresenta �tulos e sub�tulos para organizar as informações sobre a relação do homem com o planeta. IT0512 - (Enem PPL) Isaac Newton nasceu em 4 de janeiro de 1643, no condado de Lincolnshire, Inglaterra. Filho de fazendeiros, o cien�sta, �sico e matemá�co nunca conheceu seu pai, morto três meses antes de o filho nascer. Estudou na escola King’s School, onde era um aluno mediano. Entretanto, depois de uma briga com um colega de classe, começou a se esforçar mais nos estudos. Passou então a ser um dos melhores alunos da escola. O sucesso nos estudos levou Newton a entrar na Faculdade Trinity, em Cambridge, onde auxiliava outros alunos em troca de uma bolsa de estudos paga pela faculdade. Newton se interessava pelos pioneiros da ciência, como o filósofo Descartes e os astrônomos Copérnico, Galileu e Kepler. Depois de formado, fez estudos em matemá�ca e foi eleito professor da matéria em 1669. Em 1670, começou a dar aulas de ó�ca. Nessa época, demonstrou como, através de um prisma, é possível separar a luz branca nas cores do arco-íris. Em 1679, o cien�sta inglês voltou-se para mecânica e os efeitos da gravitação sobre as órbitas dos planetas. Em 1687, publicou o livro Principia mathema�ca, em que demonstrou as três leis universais do movimento. Com esse livro, Newton ganhou reconhecimento mundial. Disponível em: www.invivo.fiocruz.br. Acesso em: 1 dez. 2017 (adaptado). A análise dos elementos cons�tu�vos desse texto, como forma de composição, tema e es�lo de linguagem, permite iden�ficá- lo como: a) didá�co, já que explica a importância das contribuições de Isaac Newton. b) jornalís�co, pois dá a conhecer fatos relacionados a Isaac Newton. c) cien�fico, pois inves�ga informações sobre Isaac Newton. d) ensaís�co, já que discute fatos da vida de Isaac Newton. e) biográfico, pois narra a trajetória de vida de Isaac Newton. IT0517 - (Enem PPL) Como a solidão pode comprometer a sua saúde Segundo estudo, solitários têm risco 39% maior de apresentar sintomas mais intensos de um resfriado. Ter muitos amigos nas redes sociais não diminui o risco. Você se sente sozinho? Uma nova pesquisa, publicada na revista Health Psychology, sugere que seu nível de solidão pode impactardiretamente na gravidade e na resposta do organismo a uma doença. Para o atual estudo, os pesquisadores avaliaram níveis de solidão de 159 pessoas, entre 18 e 55 anos, além da quan�dade de amigos que elas �nham nas redes sociais. Depois, os voluntários receberam, por via nasal, doses iguais de vírus de resfriado comum. Eles, então, ficaram isolados por cinco dias em um hotel para que os sintomas manifestados fossem avaliados pelos especialistas. Todas as pessoas que par�ciparam do estudo �veram a mesma chance de ficar doentes, mas aquelas que relataram sen�r-se mais solitárias manifestaram sintomas de resfriado, como dor de garganta, espirro e coriza, mais graves do que as que não se sen�am sozinhas. Segundo os resultados, os par�cipantes solitários apresentaram uma probabilidade 39% maior para os sintomas mais agudos. Disponível em: h�p://veja.abril.com.br. Acesso em: 1 dez. 2017 (adaptado). 9@professorferretto @prof_ferretto Nessa reportagem, a referência à pesquisa é acionada como uma estratégia argumenta�va para a) promover o estudo sobre as consequências da solidão. b) ques�onar o número de par�cipantes envolvidos no estudo. c) demonstrar a opinião de cien�stas sobre as reações ao vírus. d) comparar os impactos da solidão entre solitários e não solitários. e) embasar o debate sobre os riscos da solidão para a saúde humana. IT0532 - (Enem PPL) TEXTO I A introdução de transgênicos na natureza expõe nossa biodiversidade a sérios riscos, como a perda ou alteração do patrimônio gené�co de nossas plantas e sementes e o aumento dramá�co no uso de agrotóxicos. Além disso, ela torna a agricultura e os agricultores reféns de poucas empresas que detêm a tecnologia e põe em risco a saúde de agricultores e consumidores. O Greenpeace defende um modelo de agricultura baseado na biodiversidade agrícola e que não se u�lize de produtos tóxicos, por entender que só assim teremos agricultura para sempre. Disponível em: www.greenpeace.org. Acesso em: 20 maio 2013. TEXTO II Os alimentos gene�camente modificados disponíveis no mercado internacional não representam um risco à saúde maior do que o apresentado por alimentos ob�dos através de técnicas tradicionais de cruzamento agrícola. Essa é a posição de en�dades como a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Organização das Nações Unidas para Alimentação e para Agricultura (FAO), o Comissariado Europeu para Pesquisa, Inovação e Ciência e várias das principais academias de ciência do mundo. A OMS diz que até hoje não foi encontrado nenhum caso de efeito sobre a saúde, resultante do consumo de alimento gene�camente modificado (GM) “entre a população dos países em que eles foram aprovados”. Disponível em: www.bbc.co.uk. Acesso em: 20 maio 2013. Os textos tratam de uma temá�ca bastante discu�da na atualidade. No que se refere às posições defendidas, os dois textos. a) revelam preocupações quanto ao cul�vo de alimentos gene�camente modificados. b) destacam os riscos à saúde causados por alimentos gene�camente modificados. c) divergem sobre a segurança do consumo de alimentos gene�camente modificados. d) alertam para a necessidade de mais estudos sobre sementes modificadas gene�camente. e) discordam quanto à validade de pesquisas sobre a produção de alimentos gene�camente modificados. IT0534 - (Enem PPL) A par�r de 2018, a Resolução n. 518 do Contran obriga todo novo projeto de automóvel, SUV e picape dupla a ter pontos de ancoragem para cadeirinhas infan�s. Em 2020, a regra passa a valer para todos os modelos à venda no Brasil. Esse �po de fixação possui travas na cadeirinha no formato de garras que são encaixadas em um ponto fixo na estrutura do veículo. O Isofix reduz o deslocamento do pescoço, ombros e coluna cervical. Desde 2008, a Lei da Cadeirinha estabelece que bebês e crianças só podem ser transportados em assentos infan�s indicados segundo a faixa etária e o peso. Como reflexo, as mortes de menores de 10 anos caíram 23% no Brasil. A cadeirinha do �po Isofix não é presa no cinto, mas em dois pontos de apoio soldados à estrutura do carro. Há ainda um terceiro ponto, que pode ser de fixação superior (top tether), atrás do encosto. Cada garra de engate se encaixa num ponto de fixação. Depois, é só apertar o botão para soltá-lo. CARVALHO, C. Disponível em: h�p://quatrorodas.abril.com.br. Acesso em: 22 ago. 2017 (adaptado). Segundo o texto, a cadeira infan�l do �po Isofix tem por caracterís�ca a) apresentar um esquema de fixação superior ao top tether presente em projetos de carros no Brasil. b) ficar presa no cinto e em mais dois pontos da estrutura de automóveis fabricados no Brasil. c) ser mais segura e mais simples de usar que outros modelos disponíveis no Brasil. d) estar presente em todos os modelos de carros à venda no Brasil. e) ser capaz de reduzir os acidentes em 23% no Brasil. IT0538 - (Enem PPL) Um ponto interessante do marco civil da internet, segundo Marília Maciel, pesquisadora do Centro de Tecnologia e Sociedade da Fundação Getúlio Vargas (CTS/FGV), é o que trata da garan�a do princípio da neutralidade de rede. “Isso quer dizer que, se eu compro um pacote de um mega ou de cinco megas de internet, o uso que eu vou fazer desses meus megas de velocidade depende das minhas escolhas. Não é o operador que vai dizer o que eu posso acessar. Eu comprei tantos megas e posso acessar texto, vídeo ou fazer um curso de ensino a distância on-line”. O novo texto assegura que o usuário vai poder con�nuar a contratar pacotes de velocidades diferentes, 10@professorferretto @prof_ferretto mas, dentro daquela velocidade escolhida, ele poderá acessar qualquer �po de aplica�vo na internet. GANDRA, A. Disponível em: www.ebc.com.br. Acesso em: 20 nov. 2013 (adaptado). Com o aprimoramento dos recursos tecnológicos, a circulação de informações e seus usos têm reconfigurado os mais diversos setores da sociedade. O texto trata da legislação que regulamenta o uso da internet, criando a seguinte expecta�va para o usuário brasileiro: a) Proibição do corte do acesso pelo uso excessivo. b) Aumento da capacidade da rede. c) Mudança no perfil do internauta. d) Promoção do acesso irrestrito. e) Garan�a de conexão a baixo custo. IT0542 - (Enem PPL) Frenagens geram calor. O sistema de freios transforma a energia ciné�ca do movimento em energia térmica por meio do atrito entre as pas�lhas de freio e os discos. Em duas linhas, esse é o princípio de funcionamento do freio. Mas há um efeito colateral. Esse calor gerado provoca fadiga dos discos e pas�lhas e compromete a eficiência do conjunto de freios. O disco de freio sólido é uma peça só, feita de ferro maciço. A vantagem está em custar mais barato que os outros. Contudo, tem baixo rendimento em situações extremas de frenagem (em descidas de serras, por exemplo) por não ter estruturas que favoreçam seu resfriamento. Por isso, discos sólidos são usados em aplicações mais leves, comuns no eixo dianteiro dos compactos 1.0 e no eixo traseiro de carros maiores, como sedãs e SUVs médios. O modelo ven�lado, por sua vez, é formado por dois discos mais finos unidos por uma câmara interna que tem a função de proporcionar uma passagem do ar entre eles, resfriando com mais rapidez o conjunto. Eles estão nos eixos dianteiros dos compactos mais potentes. Mas também aparecem nos eixos traseiros de carros espor�vos. Mas espor�vos com motores de alto desempenho e carros de luxo têm discos perfurados. Há pequenos furos no disco com o obje�vo de aumentar o atrito e dispersar o calor. RODRIGUEZ, H. Disponível em: h�p://quatrorodas.abril.com.br. Acesso em: 22 ago. 2017 (adaptado). O texto mostra diferentes �pos de discos de freio e defende a eficácia de um modelo sobre o outro. Para convencer o leitor disso, o autor u�liza o recurso de a) definir em duas linhas o princípio de funcionamento do freio de espor�vos de alto desempenho com discos perfurados. b) divulgar os modelos de carros que adotam os melhores sistemas de frenagem e resfriamento dos componentes. c) apresentar cada �po de disco, cri�candoa forma como eles geram calor nas frenagens. d) evidenciar os riscos do baixo desempenho dos diferentes modelos de discos de freio. e) comparar o custo, a eficiência e a forma como os discos dissipam o calor da frenagem. IT0545 - (Enem PPL) Menino de cidade — Papai, você deixa eu ter um cachorro no meu sí�o? — Deixo. — E um porquinho- da-índia? E ariranha? E macaco e quatro cabritos? E duzentos e vinte pombas? E um boi? E vaca? E rinoceronte? — Rinoceronte não pode. — Tá bem, mas cavalo pode, não pode? O sí�o é apenas um terreno no estado do Rio sem maiores perspec�vas imediatas. Mas o garoto precisa acreditar no sí�o como outras pessoas precisam acreditar no céu. O céu dele é exatamente o da festa folclórica, a bicharada toda e ele, que nasceu no Rio e vive nesta cidade sem animais. CAMPOS, P. M. Balé do pato e outras crônicas. São Paulo: Á�ca, 1988. Nessa crônica, a repe�ção de estruturas sintá�cas, além de fazer o texto progredir, ainda contribui para a construção de seu sen�do, a) demarcando o diálogo desenvolvido entre o pai e o menino criado na cidade. b) opondo a cidade sem animais a um sí�o habitado por várias espécies diferentes. c) revelando a ansiedade do menino em relação aos bichos que poderia ter em seu sí�o. d) pondo em foco os animais como temá�ca central da história narrada nessa prosa ficcional. e) indicando a falta de ânimo do pai, sem maiores perspec�vas futuras em relação ao terreno. IT0547 - (Enem PPL) Há casais que jogam com os sonhos como se jogassem tênis. Ficam à espera do momento certo para a cortada. O jogo de tênis é assim: recebe-se o sonho do outro para destruí-lo, arrebentá-lo como bolha de sabão. O que se busca é ter razão e o que se ganha é o distanciamento. Aqui, quem ganha, sempre perde. Já no frescobol é diferente. O sonho do outro é um brinquedo que deve ser preservado, pois sabe-se que, se é sonho, é coisa delicada, do coração. Assim cresce o amor. Ninguém ganha para que os dois ganhem. E se deseja então que o outro viva sempre, eternamente, para que o jogo nunca tenha fim. ALVES, R. Tênis X Frescobol. As melhores crônicas de Rubem Alves. Campinas: Papirus, 2012. 11@professorferretto @prof_ferretto O texto de Rubem Alves faz uma analogia entre dois jogos que u�lizam raquetes e as diferentes formas de as pessoas se relacionarem afe�vamente, de modo que a) o tênis indica um jogo em que a cooperação predomina, o que representa o distanciamento na relação entre as pessoas. b) o tênis indica um jogo em que a compe�ção é predominante, o que representa um sonho comum no relacionamento entre pessoas. c) o frescobol indica um jogo em que a cooperação prevalece, o que simboliza o compar�lhamento de sonhos entre as pessoas no relacionamento. d) o frescobol indica um jogo em que a compe�ção prevalece, o que simboliza um relacionamento em que uma pessoa busca destruir o sonho da outra. e) o frescobol e o tênis indicam, respec�vamente, situações de compe�ção e cooperação, o que ilustra os diferentes sonhos das pessoas no relacionamento. IT0549 - (Enem PPL) Prezada senhorita, Tenho a honra de comunicar a V. S. que resolvi, de acordo com o que foi conversado com seu ilustre progenitor, o tabelião juramentado Francisco Guedes, estabelecido à Rua da Praia, número 632, dar por encerrados nossos entendimentos de noivado. Como passei a ser o contabilista-chefe dos Armazéns Penalva, conceituada firma desta praça, não me restará, em face dos novos e pesados encargos, tempo ú�l para os deveres conjugais. Outrossim, par�cipo que vou con�nuar trabalhando no varejo da mancebia, como vinha fazendo desde que me formei em contabilidade em 17 de maio de 1932, em solenidade presidida pelo Exmo. Sr. Presidente do Estado e outras autoridades civis e militares, bem assim como representantes da Associação dos Varejistas e da Sociedade Cultural e Recrea�va José de Alencar. Sem mais, creia-me de V. S. patrício e admirador, Sabugosa de Castro. CARVALHO, J. C. Amor de contabilista. In: Porque Lulu Berga�m não atravessou o Rubicon. Rio de Janeiro: José Olympio, 1971. A exploração da variação linguís�ca é um elemento que pode provocar situações cômicas. Nesse texto, o tom de humor decorre da incompa�bilidade entre a) o obje�vo de informar e a escolha do gênero textual. b) a linguagem empregada e os papéis sociais dos interlocutores. c) o emprego de expressões an�gas e a temá�ca desenvolvida no texto. d) as formas de tratamento u�lizadas e as exigências estruturais da carta. e) o rigor quanto aos aspectos formais do texto e a profissão do remetente. IT0558 - (Enem PPL) Deserto de sal O silêncio ajuda a compor a trilha que se ouve na caminhada pelo Salar de Atacama Com 100 quilômetros de extensão, o Salar de Atacama é o terceiro maior deserto de sal do mundo. De acordo com estudo publicado pela Universidade do Chile, o Salar de Atacama é uma depressão de 3 500 quilômetros quadrados entre a Cordilheira dos Andes e a Cordilheira de Domeiko. Sua origem está no movimento das placas tectônicas. Mais tarde, a água evaporou-se e, desta forma, surgiram os desertos de sal do Atacama. Além da crosta de sal que recobre a super�cie, há lagoas formadas pelo degelo de neve acumulada nas montanhas. FORNER, V. Terra da Gente, n. 96, abr. 2012. Os gêneros textuais são textos materializados que circulam socialmente. O texto Deserto de sal foi veiculado em uma revista de circulação mensal. Pelas estratégias linguís�cas exploradas, conclui-se que o fragmento apresentado pertence ao gênero a) relato, pela apresentação de acontecimentos ocorridos durante uma viagem ao Salar de Atacama. b) verbete, pela apresentação de uma definição e de exemplos sobre o termo Salar de Atacama. c) ar�go de opinião, pela apresentação de uma tese e de argumentos sobre o Salar de Atacama. d) reportagem, pela apresentação de informações e de dados sobre o Salar de Atacama. e) resenha, pela apresentação, descrição e avaliação do Salar de Atacama. IT0559 - (Enem PPL) bom... o... eu tenho impressão que o rádio provocou uma revolução... no país na medida que:... ahn principalmente o rádio de pilha né? quer dizer o rádio de pilha representou a quebra de um isolamento do homem do campo principalmente quer dizer então o homem do campo que nunca teria condição de ouvir... falar... de outras coisas... de outros lugares... de outras pessoas, entende? através do rádio de pilha... ele pôde se ligar ao resto do mundo saber que existem outros lugares outras pessoas, que existe um governo, que existem atos do governo... de modo que... o rádio, eu acho que tem um papel até... numa certa medida... ele provocou pelo alcance que tem uma revolução até maior do que a televisão... o que significou a quebra do isolamento... entende? de certas pessoas... a gente vê hoje o operário de obra com o rádio de pilha debaixo do braço durante todo o tempo que ele está trabalhando... quer dizer... se esse canal que é o rádio fosse usado da mesma forma como eu mencionei a televisão... num sen�do cultural educa�vo de boas músicas e de... numa linha realmente de crescimento do homem [...] Esses veículos... de telecomunicações se colocassem a serviço da cultura e da educação seria uma beleza, né? CASTILHO, A. T.; PRETTI, D. (Org.). A linguagem falada na cidade de São Paulo: materiais para seu estudo. São Paulo: T. A. Queiroz; Fapesp, 1987. A palavra comunicação origina-se do la�m communicare e significa “tornar comum”, “repar�r”. Nessa transcrição de 12@professorferretto @prof_ferretto entrevista, reafirma-se esse papel dos meios de comunicação de massa porque o rádio poderia a) oferecer diversão para as massas, possibilitando um melhor ambiente de trabalho. b) atender as demandas de mercado, servindo de instrumento à indústria do consumo. c) difundir uma cultura homogênea, abolindo as marcas iden�tárias de toda uma cole�vidade. d) trazer oportunidades de aprimoramento intelectual, permi�ndo ao homem o acesso a informações e a bens culturais. e) inserir o indivíduo em sua classe social, fornecendo entretenimentode pouco aprofundamento crí�co. IT0570 - (Enem PPL) Qualquer que �vesse sido o seu trabalho anterior, ele o abandonara, mudara de profissão e passara pesadamente a ensinar no curso primário: era tudo o que sabíamos dele. O professor era gordo, grande e silencioso, de ombros contraídos. Em vez de nó na garganta, �nha ombros contraídos. Usava paletó curto demais, óculos sem aro, com um fio de ouro encimando o nariz grosso e romano. E eu era atraída por ele. Não amor, mas atraída pelo seu silêncio e pela controlada impaciência que ele �nha em nos ensinar e que, ofendida, eu adivinhara. Passei a me comportar mal na sala. Falava muito alto, mexia com os colegas, interrompia a lição com piadinhas, até que ele dizia, vermelho: — Cale-se ou expulso a senhora da sala. Ferida, triunfante, eu respondia em desafio: pode me mandar! Ele não mandava, senão estaria me obedecendo. Mas eu o exasperava tanto que se tornara doloroso para mim ser objeto do ódio daquele homem que de certo modo eu amava. Não o amava como a mulher que eu seria um dia, amava-o como uma criança que tenta desastradamente proteger um adulto, com a cólera de quem ainda não foi covarde e vê um homem forte de ombros tão curvos. LISPECTOR, C. Os desastres de Sofia. In: A legião estrangeira. São Paulo: Á�ca, 1997. Entre os elementos cons�tu�vos dos gêneros está a sua própria estrutura composicional, que pode apresentar um ou mais �pos textuais, considerando-se o obje�vo do autor. Nesse fragmento, a sequência textual que caracteriza o gênero conto é a a) exposi�va, em que se apresentam as razões da a�tude provoca�va da aluna. b) injun�va, em que se busca demonstrar uma ordem dada pelo professor à aluna. c) descri�va, em que se constrói a imagem do professor com base nos sen�dos da narradora. d) argumenta�va, em que se defende a opinião da enunciadora sobre o personagem-professor. e) narra�va, em que se contam fatos ocorridos com o professor e a aluna em certo tempo e lugar. IT0578 - (Enem PPL) Olhando o gavião no telhado, Hélio fala: — Esta noite eu sonhei um sonho engraçado. — Como é que foi? — pergunta o pai. — Quer dizer, não é bem engraçado não. É sobre uma casa de joão-de-barro que a gente descobriu ali no jacarandá. — A gente, quem? — Eu mais o Timinho. — O que �nha dentro? — Um ninho. — Vazio? — Não. — Tinha ovo? — Tinha. — Quantos? — pergunta a mãe. Hélio fica na dúvida. Não consegue lembrar direito. Todos esperam, interessados. Na maior aflição, ele pergunta ao irmão mais novo: — Quantos ovos �nha mesmo, Timinho? Ocê lembra? ROMANO, O. O ninho. In: Casos de Minas. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982. Esse texto pertence ao gênero textual caso ou “causo”, narra�va popular que tem o intuito de a) contar histórias do universo infan�l. b) relatar fatos do co�diano de maneira cômica. c) retratar personagens �picos de uma região. d) registrar hábitos de uma vida simples. e) valorizar diálogos em família. IT0583 - (Enem PPL) Vez por outra, indo devolver um filme na locadora ou almoçar no árabe da rua de baixo, dobro uma esquina e tomo um susto. Ué, cadê o quarteirão que estava aqui? Onde na véspera havia casinhas geminadas, roseiras cuidadas por velhotas e janelas de adolescentes, cheias de adesivos, há apenas uma imensa cratera, cercada de tapumes. [...] Em breve, do buraco brotará um prédio, com grandes garagens e minúsculas varandas, e será ba�zado de Arizona Hills, ou Maison Lacroix, ou Plaza de Marbella, e isso me entristece. Não só porque ficará mais feio meu caminho até a locadora, ou até o árabe na rua de baixo, mas porque é meu bairro que morre, devagarinho. Os bairros, como os homens, também têm um espírito. [...] Às vezes, no fim da tarde, quando ouço o sino da igreja da Caiubi badalar seis vezes, quase acredito que estou numa cidade do interior. Aí saio para devolver os vídeos, olho para o lado, percebo que o quarteirão desapareceu e me dou conta de que estou em São Paulo, e que eu mesmo tenho minha cota de responsabilidade: moro no segundo andar de um prédio. [...] Ali embaixo, onde agora fica a garagem, já houve uma cratera, e antes dela o jardim de uma velhota e a janela de um adolescente, cheia de adesivos. PRATA, A. Perdizes. In: Meio intelectual, meio de esquerda. São Paulo: Editora 34, 2010. Na crônica, a incidência do contexto social sobre a voz narra�va manifesta-se no(a) 13@professorferretto @prof_ferretto a) decepção com o progresso da cidade de São Paulo. b) sen�mento de nostalgia causado pela demolição das casas an�gas. c) percepção de uma descaracterização da iden�dade do bairro. d) necessidade de uma autocrí�ca em relação aos próprios hábitos. e) descontentamento com os estrangeirismos da nova geografia urbana. IT0647 - (Enem PPL) Brasil: o país dos 100 milhões de raios Dos 3,15 bilhões de raios que golpeiam a Terra e seus habitantes durante um ano, 100 milhões deles vêm desabar em terras brasileiras. O número, divulgado no ano passado por uma equipe de cien�stas do Ins�tuto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em São José dos Campos, São Paulo, não é superado por nenhum outro país. E ficou bem acima das es�ma�vas que davam conta de 30 milhões ao ano. Agora, sabemos com segurança: em quan�dade de relâmpagos, ninguém segura este país. FON, A. C.; ZANCHETTA, M. I. Disponível em: h�p://super.abril.com.br. Acesso em: 27 jan. 2015. Diversos expedientes argumenta�vos são empregados nos textos para sustentar as ideias apresentadas. Nesse texto, a citação de um ins�tuto especializado é uma estratégia para a) atestar a necessidade de ações de prevenção de danos causados por raios. b) apresentar as es�ma�vas de incidência de raios em terras brasileiras. c) promover discussão sobre as consequências das descargas de raios. d) conferir credibilidade aos resultados de uma inves�gação sobre raios. e) comparar o número de raios incidentes no Brasil e no mundo. IT0648 - (Enem PPL) Há muito se sabe que a Bacia Bauru – depósito de rochas formadas por sedimentos localizado entre os estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul – foi habitada, há milhões de anos, por uma abundante fauna de crocodiliformes, um grupo de répteis em que estão inclusos os crocodilos, jacarés e seus parentes pré-históricos ex�ntos. Entre as famílias que por lá viveram está a Baurusuchidae, que, na região, englobava outras seis espécies de crocodiliformes exclusivamente terrestres e com grande capacidade de deslocamento, crânio alto e comprimido lateralmente e com longos dentes serrilhados. Agora, em um ar�go publicado na versão on-line da revista Cretaceous Research, um grupo de pesquisadores das universidades federais do Rio de Janeiro e do Triângulo Mineiro, em Minas Gerais, iden�ficaram mais um membro dessa an�ga família. Disponível em: h�p://revistapesquisa.fapesp.br. Acesso em: 2 nov. 2013. A circulação do conhecimento cien�fico ocorre de diferentes maneiras. Por meio da leitura do trecho, iden�fica-se que o texto é um ar�go de divulgação cien�fica, pois, entre outras caracterís�cas, a) exige do leitor conhecimentos específicos acerca do tema explorado. b) des�na-se a leitores vinculados a diferentes comunidades cien�ficas. c) faz referência a ar�gos publicados em revistas cien�ficas internacionais. d) trata de descobertas da ciência com linguagem acessível ao público em geral. e) aborda temas que receberam destaque em jornais e revistas não especializados. IT0611 - (Enem PPL) umbigo. Ou melhor, veio de um mal-estar que comecei a sen�r na barriga. Sou meio italiano, pizzaiolo dos bons, herdei de minha avó uma daquelas velhas máquinas de macarrão a manivela. Cresci à base de farinha de trigo. Aí, do nada, comecei a ter alergias respiratórias que também pareciam estar ligadas à minha dieta. Comecei a peregrinar por médicos. Os exames diziam que não �nha nada errado comigo. Mas eu sen�a, pô. Encontrei a resposta numa nutricionista: eu �nha intolerância a glúten e a lactose. Arrivederci, pizza. Tchau, cervejinha. Notei também que as prateleiras dos mercados derepente ficaram cheias de produtos que pareciam ser feitos para mim: leite, queijo e iogurte sem lactose, bolo, biscoito e macarrão sem glúten. E o mais incrível é que esse setor do mercado parece ser o que está mais cheio de gente. E não é só no Brasil. Parece ser em todo Ocidente industrializado. Inclusive na Itália. O tal glúten está na boca do povo, mas não está fácil entender a real. De um lado, a imprensa popular faz um escarcéu, sem no entanto explicar o tema a fundo. De outro, muitos médicos ficam na defensiva, insinuando que isso tudo não passa de modismo, sem fundamento cien�fico. Mas eu sei muito bem que não é só modismo — eu sinto na barriga. O tema é um vespeiro — e por isso julgamos que era hora de meter a colher, para separar o joio do trigo e dar respostas confiáveis às dúvidas que todo mundo tem. BURGIERMAN, D. R. Tem algo grande aí. Superinteressante, n. 335, jul. 2014 (adaptado). O gênero editorial de revista contém estratégias argumenta�vas para convencer o público sobre a relevância da matéria de capa. No texto, considerando a maneira como o autor se dirige aos leitores, cons�tui uma caracterís�ca da argumentação desenvolvida o(a) 14@professorferretto @prof_ferretto a) relato pessoal, que especifica o debate do assunto abordado. b) exemplificação concreta, que desconstrói a generalidade dos fatos. c) referência intertextual, que recorre a termos da gastronomia. d) crí�ca direta, que denuncia o oportunismo das indústrias alimen�cias. e) vocabulário coloquial, que representa o es�lo da revista. IT0613 - (Enem PPL) TEXTO I Frevo: Dança de rua e de salão, é a grande alucinação do Carnaval pernambucano. Trata-se de uma marcha de ritmo frené�co, que é a sua caracterís�ca principal. E a mul�dão ondulando, nos meneios da dança, fica a ferver. E foi dessa ideia de fervura (o povo pronuncia frevura, frever) que se criou o nome frevo. CASCUDO, L. C. Dicionário do folclore brasileiro. São Paulo: Global, 2001 (adaptado). TEXTO II Frevo é Patrimônio Imaterial da Humanidade O frevo, ritmo genuinamente pernambucano, agora é do mundo. A música que hipno�za milhões de foliões e dá o tom do Carnaval no estado foi oficialmente reconhecida como Patrimônio Imaterial da Humanidade. O anúncio foi feito em Paris, nesta quarta-feira, durante cerimônia da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Disponível em: www.diariodepernambuco.com.br. Acesso em: 14 jun. 2015. Apesar de abordarem o mesmo tema, os textos I e II diferenciam-se por pertencerem a gêneros que cumprem, respec�vamente, a função social de a) resumir e avaliar. b) analisar e reportar. c) definir e informar. d) comentar e explanar. e) discu�r e conscien�zar. IT0621 - (Enem PPL) O tapete vermelho na porta é para você se sen�r nas nuvens antes mesmo de �rar os pés do chão. (Campanha publicitária de empresa aérea.) Disponível em: h�p://quasepublicitarios.wordpress.com. Acesso em: 3 dez. 2012. Ao circularem socialmente, os textos realizam-se como prá�cas de linguagem, assumindo configurações de especificidade, de forma e de conteúdo. Para a�ngir seu obje�vo, esse texto publicitário vale-se do procedimento argumenta�vo de a) valorizar o cliente, oferecendo-lhe, além dos serviços de voo, um atendimento que o faça se sen�r especial. b) persuadir o consumidor a escolher companhias aéreas que ofereçam regalias inclusas em seus serviços. c) destacar que a companhia aérea oferece luxo aos consumidores que u�lizam seus serviços. d) enfa�zar a importância de oferecer o melhor ao cliente ao ingressar em suas aeronaves. e) definir parâmetros para um bom atendimento do cliente durante a prestação de serviços. IT0624 - (Enem PPL) Ser pai faz bem para a pressão! Uma pesquisa feita pela Brigham Young University, nos EUA, indica que a paternidade pode ajudar a manter a pressão arterial baixa. Os dados foram medidos em 198 adultos, monitorados por aparelhos anexados ao braço, em intervalos aleatórios, durante 24 horas. Comparada às do grupo de adultos sem filhos, a média dos pais foi inferior em 4,5 pontos para a pressão arterial diastólica. Julianne Holt-Lunstad, autora do estudo, diz que outros fatores (como a�vidades �sicas) também colaboram para reduzir esses níveis e que o obje�vo da pesquisa é comprovar como fatores sociais colaboram para a saúde do corpo. “Isso não significa que quanto mais crianças você �ver, melhor será sua pressão sanguínea. Os resultados estão conectados a essa relação de parentesco, mas sem considerar o número de sucessores ou situação profissional”, pondera Julianne. ALVES, I. Vivasaúde, n. 83, s.d.. O texto apresenta resultados de uma pesquisa cien�fica, obje�vando a) informar o leitor leigo a respeito dos resultados ob�dos, com base em dados monitorados. b) sensibilizar o leitor acadêmico a respeito da paternidade, com apoio nos comentários da pesquisadora. c) persuadir o leitor especializado a se beneficiar do exercício da paternidade, com base nos dados comparados. d) dar ciência ao leitor especializado da validade da inves�gação, com base na reputação da ins�tuição promotora. e) instruir o leitor leigo a respeito da validade rela�va da inves�gação, com base nas declarações da pesquisadora. IT0625 - (Enem PPL) Um conto de palavras que valessem mais por sua modulação que por seu significado. Um conto abstrato e concreto como uma composição tocada por um grupo instrumental; límpido e obscuro, espiral azul num campo de narcisos defronte a uma torre a descor�nar um lago assombrado em que o a�rar uma pedra espraia a água em lentos círculos sob os quais nada um peixe turvo que é visto por ninguém e no entanto existe como algas do oceano. Um conto- rastro de uma lesma também evento do universo qual a luz de um quasar a bilhões de anos-luz; um conto em que os vocábulos são como notas indeterminadas numa pauta; que é 15@professorferretto @prof_ferretto como bater suave e espaçado de um sino propagando-se nos corredores de um mosteiro […]. Um conto noturno com a fulguração de um sonho que, quanto mais se quer, mais se perde; é preciso resis�r à tentação das proparoxítonas e do sen�do, a vida é uma peça pregada cujo maior mistério é o nada. SANT’ANNA, S. Um conto abstrato. In: O voo da madrugada. São Paulo: Cia. das Letras, 2003. U�lizando o recurso da metalinguagem, o narrador busca definir o gênero conto pelo procedimento esté�co que estabelece uma a) confluência de cores, destacando a importância do espaço. b) composição de sons, valorizando a construção musical do texto. c) percepção de sombras, endossando o caráter obscuro da escrita. d) cadeia de imagens, enfa�zando a ideia de sobreposição de sen�dos. e) hierarquia de palavras, fortalecendo o valor unívoco dos significados. IT0681 - (Enem PPL) Giocondas gêmeas A existência de uma segunda pintura da Mona Lisa — a Gioconda, de Leonardo da Vinci — foi confirmada pelo Museu do Prado, em Madri, em fevereiro. O quadro era conhecido desde o século XVIII, mas �do como uma reprodução tardia do original. Um trabalho de restauração revelou que seu fundo de cor negra na verdade recobria a reprodução de uma �pica paisagem da Toscana, como a pintada por Da Vinci. Radiografias mostraram que a tela é irmã gêmea do original, provavelmente pintada por discípulos do mestre, sob supervisão de Da Vinci, no seu ateliê de Florença, entre 1503 e 1506. Os dois quadros serão, agora, expostos no Louvre. Há, entretanto, diferenças: a floren�na Lisa Gherardini (Mona Lisa), aparentemente na meia-idade, parece mais moça na nova tela. O manto sobre o ombro esquerdo do quadro original surge como um véu transparente, e o decote aparece com mais ni�dez. A descoberta reforça a tese de estudiosos, como o inglês Mar�n Kemp, de que assistentes de Da Vinci ajudaram na composição de telas importantes do mestre. Revista Planeta, ano 40, ed. 474, mar. 2012. Para cumprir sua função social, o gênero no�cia precisa divulgar informações novas. No texto Giocondas gêmeas, além de ser confirmada a existência de uma tela gêmea