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INSPEÇÃO ESCOLAR Elaine Antunes Fidelis Maria Stela Alves Timoteo Uniube EAD Elaine Antunes Fidelis Maria Stela Alves Timoteo INSPEÇÃO ESCOLAR Catalogação elaborada pelo Setor de Referência da Biblioteca Central UNIUBE Fidelis, Elaine Antunes. F448i Inspeção escolar / Elaine Antunes Fidelis, Maria Stela Alves Timoteo. – Uberaba (MG): Universidade de Uberaba, 2018. 115 p. : il. color. Programa de Educação a Distância – Universidade de Uberaba. Inclui bibliografia. 1. Inspeção escolar. 2. Escolas – Organização e administração. I. Timoteo, Maria Stela Alves. II. Universidade de Uberaba. Programa de Educação à Distância. III. Título. CDD: 371.2013 © 2018 by Universidade de Uberaba Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Universidade de Uberaba. Universidade de Uberaba Reitor Marcelo Palmério Pró-Reitor de Pesquisa, Pós-graduação e Extensão André Luís Teixeira Fernandes Pró-Reitor de Educação a Distância Fernando César Marra e Silva Coordenação de Pós-Graduação a Distância Renata Maria de Almeida e Borges Editoração e Arte Produção de Materiais Didáticos-Uniube Preparação dos originais Maria Aparecida Reis França dos Santos Revisão ortográfica, gramatical, textual e de estilos Erika Fabiana Mendes Salvador Raul Sérgio Reis Rezende Editoração eletrônica Rafael Jesus do Prado Projeto da capa Roberto Silva Araújo Assis Edição Universidade de Uberaba Av. Nenê Sabino, 1801 – Bairro Universitário Elaine Antunes Fidélis Mestre em Educação Tecnológica pelo Instituto Federal do Triângulo Mineiro- IFTM. Especialista em Inspeção Escolar pela Faculdade do Noroeste de Minas- FINOM. Graduada em Pedagogia pelo Centro de Educação Superior de Uberaba-CESUBE. Inspetora Escolar há onze anos na Superintendência Regional de Ensino de Uberaba, desenvolvendo seu trabalho nas escolas privadas e públicas, e nas Secretarias Municipais de Educação. Possui experiência em trabalhos de averiguações, formação continuada de profissionais da Educação e acompanhamento na elaboração de Planos Municipais de Educação- PME. Maria Stela Alves Timoteo Mestre em Educação pela Universidade de Uberaba (Uniube); especialista em Ciências da Religião pela Universidade Federal de Uberlândia, UFU, Brasil.; Metodologia e Didática do Ensino pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras José Olímpio de Batatais, FBSP, Brasil.; Planejamento Educacional pela Universidade Federal de Uberlândia, UFU, Brasil.; Educação Profissional e PROEJA-Educação de Jovens e Adultos pelo Instituto Federal do Triângulo Mineiro, IFTM, Brasil.; graduada em Pedagogia pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ituverava-SP; efetiva na Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais, atuando como inspetora escolar; tem experiência na produção de material didático-pedagógico para a área de Educação, com ênfase em Administração de Sistemas Educacionais; gestora do Curso de Especialização Lato Sensu em Gestão Educacional e docente na modalidade EAD na Universidade de Uberaba (Uniube). Sobre os autores Sumário Apresentação .......................................................................................IX Capítulo 1 O ontem e o hoje: os avanços da Inspeção Escolar ...... 1 1.1 Inspeção Escolar – etimologia ................................................................................ 3 1.2 Origem da Inspeção Escolar ................................................................................... 4 1.3 Os períodos históricos da Inspeção Escolar ........................................................... 5 1.4 A trajetória da Inspeção Escolar no Brasil ............................................................... 7 1.4.1 Educação Jesuíta: (1.500 - 1.759) ................................................................. 8 1.4.2 Reforma do Marquês de Pombal (1759 - 1808 antes da chegada da Família Real no Brasil e 1808 - 1822 após a sua chegada) ......................... 9 1.4.3 Império – 1822 a 1889 .................................................................................. 12 1.4.4 Primeira república – 1889 a 1930 ................................................................ 14 1.4.5 Era Vargas – 1930 a 1945 ............................................................................ 16 1.4.6 Período Democrático – 1946 a 1964 ........................................................... 18 1.4.7 Período Militar – 1964 a 1984 ...................................................................... 19 1.4.8 Transição democrática 1984 aos dias atuais ............................................... 21 1.4.9 Considerações finais .................................................................................... 26 1.5 Referências ............................................................................................................ 26 Capítulo 2 O arcabouço legal que fundamenta a organização das instituições escolares .............................................. 29 2.1 Considerações iniciais ........................................................................................... 31 2.2 A Constituição Federativa do Brasil ....................................................................... 34 2.3 A Lei de diretrizes e bases da educação ............................................................... 36 2.4 Considerações finais.............................................................................................. 51 2.5 Referências ............................................................................................................ 51 Capítulo 3 A Inspeção Escolar e os documentos básicos que norteiam a organização da instituição escolar ............ 53 3.1 Considerações iniciais ........................................................................................... 55 3.2 Atos legais da instituição escolar ........................................................................... 61 3.3 Proposta Política Pedagógica (PPP) ..................................................................... 64 3.4 Regimento escolar ................................................................................................. 64 3.5 Planos curriculares ................................................................................................ 65 3.6 Calendários escolares ........................................................................................... 66 3.7 Pasta individual de aluno ....................................................................................... 67 3.8 Livro de matrículas ................................................................................................. 67 3.9 Atas de resultados finais ........................................................................................ 68 3.10 Livro de atas......................................................................................................... 68 3.11 Livro de ponto ....................................................................................................... 69 3.12 Diários de classe .................................................................................................. 69 3.13 Autorizações para lecionar, dirigir e secretariar .................................................. 70 3.14 Planejamento anual ............................................................................................. 70 3.15 Certidão de contagem de tempo ......................................................................... 70 3.16 Ordens de serviço ................................................................................................ 71 3.17 Termo de visita .....................................................................................................básicos que norteiam a organização da instituição escolar Elaine Antunes Fidelis Maria Stela Alves Timoteo Uniube 55 Considerações iniciais3.1 As atribuições da Inspeção Escolar estão relacionadas ao funcionamento e à organização das unidades escolares da Educação Básica, em suas variadas modalidades e redes (pública ou privada), às vezes, abrangendo maiores atribuições na pública, conforme o que dispõe cada sistema de ensino em suas regulamentações. É uma função verificadora da conformidade legal das escolas, orientadora e corretiva dos desvios dos atos e procedimentos. Suas atribuições e práticas de trabalho confirmam que se trata não só de uma função de regulação de controle do sistema de ensino como de todo o universo escolar (MINAS GERAIS, 2009). Figura 1 Fonte: Acervo DepositPhotos/ EAD Uniube. A Inspeção Escolar se inicia antes mesmo da criação da escola, onde se orienta sobre todos os procedimentos legais burocráticos e físicos para se obter a autorização de funcionamento da instituição, do curso, da atuação dos professores, entre outros requisitos dispostos na lei. Perpassa por toda a existência, com visitas e orientações regulares, sendo corresponsável na legalidade da atuação da instituição. E para quem pensa que acabou, o Inspetor Escolar ainda acompanha o fechamento da escola, sendo o responsável pelo recolhimento do arquivo e orientação da organização dele para entrega, e deve atestar a legalidade do arquivo e do ensino oferecido (ABREU, 2012). 56 Uniube Para realizar o seu trabalho o Inspetor Escolar faz uso de diversos instrumentos, que ora servem de apoio, como as legislações, propostas pedagógicas e regimentos escolares, ora de registros, como Termo de visitas, atas e relatórios, sejam de verificação in loco ou de situações específicas averiguadas. Outro instrumento de trabalho do Inspetor Escolar é a escrituração da escola, envolvendo alunos ou a vida funcional dos servidores da instituição. Nessa imensidão burocrática, o “olhar” de análise, de verificação, se torna um coaliado da prática do trabalho, sendo em alguns casos o próprio instrumento, como na verificação das condições físicas da escola. Assegurar ao aluno o acesso, a permanência e uma educação de qualidade são outros desafios que compõem as atribuições do Inspetor Escolar. Vamos compreender um pouco mais dessa prática que possui nomenclaturas diversas pelo país, porém as atribuições são em sua essência as mesmas, apresentando a variável em determinados estados, onde algumas atribuições são acopladas a outros setores. Figura 2 Fonte: Acervo DepositPhotos/ EAD Uniube. Uniube 57 Os documentos básicos que norteiam a organização da instituição escolar e o trabalho do Inspetor Escolar são a Proposta Político Pedagógica, o Regimento Escolar, os Planos Curriculares, os Calendários Escolares, os atos legais, entre outros. Na escrituração escolar temos a pasta individual do aluno, o histórico escolar, as atas de resultados finais, o livro de matrículas, os diários de classe, as autorizações para lecionar, dirigir e secretariar. Em relação ao desenvolvimento dos alunos e à qualidade dos estudos oferecidos, destacamos o plano de aula, o planejamento a ser executado durante o ano e o resultado das avaliações externas e internas. No setor de pessoal, verifica-se o livro de ponto, a folha de pagamento, expede-se a certidão de contagem de tempo do trabalho, as publicações referentes às licenças de saúde, luto e demais previstas em lei para os servidores, a organização da pasta dos servidores efetivos e designados para a função pública, garantindo a vida funcional dos mesmos. Figura 3 Fonte: Acervo DepositPhotos/ EAD Uniube. Hora de passar pelas salas de aula, verificar a organização, as condições físicas como luminosidade adequada, a limpeza, a situação incólume geral do prédio, a frequência dos alunos. Na cantina compatibiliza-se o cardápio divulgado com o estoque da despensa e o lanche servido no dia, verifica-se a validade e conservação dos produtos, as normas da vigilância sanitária e a vestimenta adequada. Visitando, também, o ambiente de leitura, na biblioteca, verifica-se o controle de empréstimos, a organização dos livros, o acesso aos variados gêneros, o projeto da bibliotecária, a ventilação e as condições ausentes de poeiras alergênicas. As salas de multimídias, informática, laboratórios e atendimento especializado merecem visitas minuciosas de verificação 58 Uniube da organização, uso, adequações pedagógicas, mobiliários e garantias de bom funcionamento ao fim a que se destinam. Não podemos deixar de olhar a limpeza dos banheiros e as adaptações necessárias aos alunos da educação infantil e aos estudantes com necessidades específicas. O registro das atividades realizadas é feito ao término de cada visita. É claro que a demanda do trabalho exige muito estudo, planejamento e sistematização das ações. Como agente do Estado, o Inspetor Escolar realiza ações nas quais o inspecionar, o avaliar e o orientar às escolas acontecem no seu cotidiano, em visitas regulares. Além de levar orientações e legislações necessárias, o Inspetor Escolar, como um agente político, alimenta os órgãos centrais do Sistema. Esse processo dinâmico converge para a ampliação, a adequação e a melhoria de todo o arcabouço que fundamenta a organização e a execução das demandas das diferentes instituições educacionais. Figura 4 Fonte: Acervo DepositPhotos/ EAD Uniube. O Inspetor Escolar tem como eixo do seu trabalho a organização e a veracidade da escrituração escolar, para resguardar a integridade de todo o arquivo, garantir o bom funcionamento do processo administrativo e assegurar a regularidade da vida escolar do aluno. Está sempre imaginando as possibilidades do futuro, trabalha o hoje com a responsabilidade de garantir no futuro a emissão de documentos. Não se sabe quando alguém que conhece e trabalha na instituição escolar a deixará ou se lembrará das situações, casos ou momentos ocorridos. O Inspetor Escolar, em sua atuação profissional, está sempre preocupado com a veracidade e atualização da escrituração e organização escolar Uniube 59 para proporcionar segurança no processo de arquivos, considerando que a guarda deles é prevista por cem anos para os estados que não possuem tabela de temporalidade documental definida em lei. O arquivo pode ainda servir de acervo para pesquisas históricas, vida escolar e situação funcional dos servidores (MINAS GERAIS, 2009). Diante disso, alguns aspectos na elaboração dos documentos devem ser observados com rigor: • Transcrição exata, sem rasuras, e incorreções dos dados constantes dos documentos originais. • Deverá ser arquivada uma cópia ou a 2ª via do histórico escolar expedido. • Os documentos expedidos deverão ser assinados pelo diretor ou seu substituto legal e pelo secretário ou responsável pela escrituração escolar, assumindo, solidariamente, a responsabilidade dos atos assinados. Seus nomes deverão figurar por extenso, digitados, carimbados ou escritos em letra “caixa alta” abaixo das assinaturas e números dos respectivos registros e autorizações. • Os espaços não preenchidos deverão ser inutilizados com um traço. • Os espaços destinados à observação deverão conter todos os dados peculiares à vida escolar do aluno. • Ao serem apresentados documentos oficiais de identificação, estes deverão ser devolvidos aos seus proprietários por não ser lícita a retenção de qualquer documento de identificação pessoal. • A não existência de rasuras, tais como erros, alterações de digitação ou escrita manual corrigidas com o auxílio de borracha, removedor de tinta ou raspadas. • Um local seguro para a guarda de todos os documentos produzidos, o que constitui o arquivo passivo e ativo de uma instituição educacional. (SOUZA, 2014). Os arquivos escolares são fontes de informações historiográficas imprescindíveispara os estudos não só do cotidiano escolar e das 60 Uniube práticas pedagógicas das diferentes instituições, como também das políticas públicas que marcaram a História da Educação no Brasil. Segundo Paes (2005, p.19): O arquivo é a acumulação ordenada dos documentos, criados por uma instituição ou pessoa no curso de sua atividade e preservados para a consecução de seus objetivos, visando à utilidade que poderão oferecer no futuro. Você já constatou a abrangência e responsabilidade do profissional Inspetor Escolar, com atribuições que ultrapassam uma auditoria, uma mera burocracia, ou seja, vão muito mais além; este profissional lida com relações profissionais, familiares, políticas, sociais e econômicas. É um verdadeiro “balaio de gato”, em que é preciso ter resiliência, conhecimento e muita sabedoria para conduzir o trabalho. Vamos nos aproximar deste universo educacional para averiguação do seu estado de funcionamento e de regularidade das suas funções educativas? Bom dia, boa tarde, boa noite! O Inspetor Escolar, apesar de ser lotado no órgão central, atua na escola e deve seguir o horário dela. O olhar, o ouvido e a percepção estão a seu serviço; observando a limpeza, o fechamento do portão, os diversos ambientes de aprendizagem, a movimentação escolar, a serenidade, nada pode passar despercebido a esse profissional. No exercício de apoio, assessoramento, orientação e monitoramento às Escolas e Entidades Educacionais, o fazer do Inspetor Escolar passa necessariamente pelos documentos que norteiam a prática educativa, desde o processo de elaboração à implementação. Uniube 61 Conhecer bem os espaços escolares que fazem parte da escola é uma das atribuições muito importante do Inspetor Escolar. O olhar do inspetor escolar para esses espaços é o que será apresentado na videoaula a seguir. Figura 5 Fonte: Acervo Depositphotos/ EAD Uniube. Vamos revisitar cada um desses importantes documentos escolares, com um olhar direcionado para o fazer do inspetor escolar. Atos legais da instituição escolar3.2 Toda escola é constituída por atos legais que autorizam o seu funcionamento, bem como cursos que serão oferecidos, mudança de endereço e de denominação. A criação de uma escola pressupõe 62 Uniube o credenciamento de sua entidade mantenedora, sendo este um ato que confere poderes para que ela possa criar ou reorganizar o estabelecimento de ensino, integrando-o ao sistema. As instituições privadas solicitarão o credenciamento, comprovando que possuem idoneidade e condições financeiras para criar e manter a escola. A validade do ato de credenciamento pode variar de Estado para Estado. Posteriormente ao credenciamento tornam-se habilitadas para a criação de escola com a oferta de cursos seja de Educação Infantil, Ensino Fundamental, Médio em qualquer modalidade. Em seguida faz-se necessária a solicitação de autorização de funcionamento da escola com seus respectivos cursos. A autorização de funcionamento é o ato pelo qual o Conselho de Educação, após análise e aprovação de processo específico, permite o funcionamento das atividades educacionais em estabelecimentos integrantes do seu sistema, tendo como princípio norteador a garantia de qualidade do ensino. Ela, no entanto, não é definitiva e pode ser suspensa temporariamente ou anulada, se for identificada alguma irregularidade (ESCOLA LEGAL, 2017). Compete aos sistemas de ensino inspecionar, supervisionar e avaliar as instituições escolares das redes pública e privada, por intermédio do Serviço de Inspeção Escolar que deve orientar, acompanhar e avaliar a execução das políticas educacionais e normas do Sistema de Ensino. Cabe ainda à Inspeção comunicar, por escrito, e às autoridades competentes as irregularidades que comprometam o funcionamento da instituição. Há ainda a possibilidade da entidade mantenedora solicitar a paralisação ou o encerramento parcial e total de suas atividades. A paralisação ou encerramento das atividades escolares devem ser comunicados aos respectivos órgãos e aos alunos ou, se estes forem menores, aos seus responsáveis. Uniube 63 No caso de encerramento total das atividades escolares por iniciativa da entidade mantenedora, compete ao estabelecimento de ensino organizar os arquivos com a documentação escolar, cabendo a ele a responsabilidade de expedir históricos escolares para transferência dos alunos, bem como os diplomas ou certificados de conclusão de curso, sob a orientação da inspeção escolar. Após a verificação da regularidade do arquivo pelo Inspetor Escolar, faz-se o recolhimento dos arquivos e caberá ao órgão responsável expedir os históricos escolares. A manutenção impecável dos documentos que compõem os arquivos de uma instituição escolar é relevante durante a existência da instituição e, também, caso ocorra o encerramento de suas atividades escolares. Isso garantirá a segurança e veracidade na expedição de documentos escolares, por instituições responsáveis para esse fim. Segundo Medeiros: Não podem, por exemplo, gestores de escolas particulares destruírem documentos de transferência, históricos escolares de alunos, atos de colação de grau, etc., pelo interesse público que revestem tais documentos. Extinta que for a escola, documentos do tipo dos antes mencionados serão transferidos para guarda pública. (MEDEIROS, 2003, p. 3). Saiba maiS Você sabia que a instituição que não possui ato legal de autorização de funcionamento não pode funcionar e caso o faça os atos praticados por ela não são válidos? 64 Uniube Proposta Política Pedagógica (PPP)3.3 No processo de construção da PPP, o Inspetor Escolar assessora a Equipe Dirigente no trabalho de incentivo e participação de todos os profissionais da escola, bem como os integrantes da comunidade escolar, na qual a escola está inserida. O caráter de coletividade na elaboração da Proposta Político Pedagógica, almejando a excelência da educação, leva em conta os valores, as concepções, os princípios e as crenças de todos que se fazem presentes nesse contexto e que dizem respeito à formação plena dos educandos. A Proposta Político Pedagógica da escola deve apontar o caminho a ser percorrido para a efetivação da garantia da educação com qualidade. Compete ao Inspetor Escolar analisar a presença dos dispositivos legais e dos princípios democráticos, pedagógicos e administrativos. Cabe ainda o acompanhamento da sua execução, a fim de alcançar os objetivos propostos, visando à aprendizagem dos alunos numa dimensão plena. A Proposta Pedagógica nasce do movimento de ação, reflexão, ação e nunca estará pronta e acabada. É um trabalho pedagógico dinâmico construído e vivenciado em todos os momentos por todos os envolvidos no processo educativo da escola. Regimento escolar 3.4 Na concepção de alguns membros de Conselhos Estaduais de Educação, a Proposta Pedagógica da Escola é parte do Regimento Escolar. Portanto este documento precisa estar alinhado com a PPP e contemplará os dispositivos permanentes da escola, para garantir à instituição a estabilidade necessária à continuidade de seu funcionamento e, ainda, segurança e tranquilidade à comunidade escolar, com dispositivos Uniube 65 relacionados à ação escolar. A aprovação desse documento é da responsabilidade dos profissionais que o elaboraram a fim de garantir a autonomia da escola. Apresentaremos a seguir sugestão de itens para elaboração do Regimento Escolar: perfil da instituição, as suas características mais permanentes, tais como: denominação, instituição legal, localização, entidade mantenedora, organização administrativa, financeira, técnica, estrutura organizacional (colegiados, coordenações e outros), competências e atribuições dos diferentes profissionais da escola e diferentes órgãos, organização disciplinar, enfim, são registros que constituem a identificação da escola. O Inspetor Escolar é responsável poracompanhar o cumprimento e a legalidade do disposto no Regimento Escolar. Planos curriculares 3.5 Em seu artigo 26 a LDB determina que os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio devem ter uma base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos (BRASIL, 1996). Nas unidades educacionais o currículo se materializa por meio do plano curricular, também conhecido como quadro curricular, estrutura curricular e grade curricular. Nesse documento são estabelecidos os componentes curriculares (disciplinas), o número de aulas de cada componente curricular, a carga horária desses, o número de dias letivos, o tempo destinado ao recreio e a carga horária total do período letivo. 66 Uniube Ao tratarmos do plano curricular de cursos técnicos de nível médio, deparamos com uma especificidade, considerando tratar-se de uma modalidade educacional, educação profissional, regulamentada pelo Conselho Nacional de Educação. A escola tem autonomia para escolher o curso a ser oferecido e buscar no Catálogo Nacional de Cursos Técnicos a carga horária do curso conforme sua área, os componentes curriculares estabelecidos e definidos no Plano de Curso. Compete ao Inspetor Escolar verificar a organização curricular e o seu cumprimento legal. Os componentes curriculares e a carga horária definida no Plano Curricular, juntamente com a frequência e aproveitamento, formarão a vida escolar dos alunos. Calendários escolares3.6 A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional determina que o calendário escolar para a Educação Básica seja elaborado pela comunidade escolar. Nele ficam definidas as atividades letivas, recomendado, sempre que possível, o atendimento das conveniências climáticas, econômicas ou outras que se fizerem necessárias, observando com rigor a carga horária mínima de 800 horas e 200 dias letivos. Para a Educação Infantil a lei prevê ainda que é necessário cumprir a carga horária mínima de 4 horas para o período parcial e 7 horas quando o período for integral. A LDBEN atribui às unidades escolares autonomia para elaborar seu calendário escolar, não exigindo a necessidade de homologação desse, pelos órgãos responsáveis, porém alguns sistemas de ensino delegam ao Inspetor Escolar essa atribuição. http://portal.mec.gov.br/index.php%3Foption%3Dcom_docman%26view%3Ddownload%26alias%3D41271-cnct-3-edicao-pdf%26category_slug%3Dmaio-2016-pdf%26Itemid%3D30192 http://portal.mec.gov.br/index.php%3Foption%3Dcom_docman%26view%3Ddownload%26alias%3D41271-cnct-3-edicao-pdf%26category_slug%3Dmaio-2016-pdf%26Itemid%3D30192 Uniube 67 Pasta individual de aluno3.7 É construída ao longo do percurso escolar do estudante e mantém os seus documentos de identidade e de escolaridade. Nela devem ser arquivados: cópia da certidão de nascimento ou de casamento, carteira de identidade para maiores de 16 anos, comprovante de residência, ficha de matrícula/renovação, ficha individual anual/ semestral, histórico escolar quando tratar-se de transferência de outra instituição e os processos dos recursos pedagógicos previstos na LDB, quando utilizados. Ao final do percurso escolar a secretária da instituição expede o histórico escolar de conclusão, devendo deixar arquivada na pasta individual a segunda via. Livro de matrículas3.8 Matrícula é o ato pelo qual é validado o vínculo do aluno com a instituição e será realizada pelo pai ou responsável quando se tratar de criança menor de idade. É necessária a sua renovação para todos os alunos em qualquer nível ou modalidade de ensino, conforme a organização da instituição. Ela é registrada em livro próprio, por ano civil, e é sugerido o seu registro na sequência por ordem da efetivação da matrícula, independentemente do ano de escolaridade. Deve constar a identificação do aluno, o ano de escolaridade e outros dados que a instituição escolar considerar necessário, conforme sua Proposta Político Pedagógica. É imprescindível uma análise com rigor dos documentos de identidade e do histórico escolar apresentados, no ato da matrícula, pelo aluno transferido, para efetivação de adaptações do currículo, se necessário. 68 Uniube Atas de resultados finais3.9 Nesse livro registra-se a situação final dos alunos de cada turma, o fechamento da nota conforme o regime – anual ou semestral – a nomenclatura de cada disciplina, a carga horária conforme plano curricular, a situação final de cada aluno; aprovado, reprovado, transferido, evadido, falecido, aprovado com dependência, em que posteriormente deverá haver o registro do aproveitamento da dependência. Os dados do livro de matrícula devem compatibilizar com o livro de atas de resultados finais. Esse livro possibilita a reconstrução do percurso escolar do aluno na instituição e deve conter em seu fechamento as assinaturas do diretor e do secretário escolar. Livro de atas3.10 Nesse livro registram-se de forma precisa e sistemática as ocorrências e decisões tomadas nas diferentes reuniões, realizadas em assembleias, colegiado escolar, conselhos de classe, administrativas, pedagógicas, financeiras e disciplinares. Para garantir a fidedignidade dos registros, a ata deve ser lavrada sem a utilização de parágrafos e espaços entre as palavras e sem rasuras, impossibilitando modificações posteriores. Havendo rasuras, para ressalvar erro durante a redação, usa-se a palavra “DIGO”. Ao término do registro da ata, procede-se a sua leitura e, ao ser constatada alguma complementação, utiliza-se a expressão “EM TEMPO” e posteriormente ela é assinada por todos os presentes. A Ata deve ser redigida por um secretário efetivo do órgão ou, na falta deste, por um secretário ad hoc, isto é, eventual, designado na ocasião. As partes de uma ata diferem conforme a finalidade das reuniões. Alguns itens são necessários no registro da ata, entre eles: dia, mês, ano, hora e local da reunião (por extenso), nome completo (por extenso) dos Uniube 69 presentes, devidamente qualificados (diretor, pedagogo, professores, alunos, pais), presidente e secretário dos trabalhos, ordem do dia (discussões, votações, deliberações, outras), encerramento. Livro de ponto3.11 Nele registra-se e comprova-se a frequência diária dos servidores e deve constar identificação, cargo e demais especificidades, tais como faltas, afastamentos e também observações funcionais referentes a cada servidor. importante Nos livros citados anteriormente, deve constar termo de abertura a que se destina o livro e de encerramento, devidamente datados, nome da instituição de ensino e as páginas são rubricadas e numeradas. É um instrumento pedagógico e de escrituração escolar, no qual se registra o lançamento e controle da frequência diária, dos tópicos da matéria lecionada diariamente, aproveitamento, nome dos alunos bem como sua movimentação e observações individuais. Sua escrituração é de exclusiva competência e responsabilidade do professor, observadas as disposições legais e específicas da escola. A guarda desse documento é delegada à escola, não devendo o mesmo ser retirado dela. Na organização do nível de ensino na forma de ciclos, sugere-se que o registro do acompanhamento seja de forma descritiva por aluno. Diários de classe3.12 70 Uniube Saiba maiS Você sabia que caso o professor não seja habilitado ou autorizado os atos praticados por ele não têm validade legal? Lembramos que a expedição de qualquer documento escolar é de competência exclusiva dos estabelecimentos de ensino que ministram o curso. Cabe, em caso de solicitação, ao Inspetor Escolar validá-lo. Planejamento anual3.14 Realizado antes do início do ano letivo pelo professor e readequado quando necessário. Nele há a previsão dos objetivos, tópicos de cada conteúdo a ser ensinadodurante o ano letivo, metodologia, estratégia, recursos e instrumentos avaliativos a serem utilizados. Considerando a relação dos diferentes componentes curriculares, sugere-se que o planejamento seja elaborado coletivamente com o apoio da coordenação pedagógica. Certidão de contagem de tempo3.15 Também não é unânime entre as atribuições no país. Em alguns estados o Inspetor Escolar, juntamente com o secretário da escola, após conferirem Autorizações para lecionar, dirigir e secretariar 3.13 No caso de profissional não habilitado cabe ao órgão central expedir essas autorizações e ao Inspetor Escolar verificar a vigência delas e a organização nas pastas. Uniube 71 Ordens de serviço 3.16 Considerando as especificidades das competências do Inspetor Escolar, estabelecidas nos estados brasileiros, a verificação de diferentes situações nas instituições educacionais se dá por meio de Ordens de Figura 6 Fonte: Acervo DepositPhotos/ EAD Uniube. Serviço, expedidas formalmente por instâncias superiores. Em alguns casos é necessária a indicação de outro Inspetor Escolar para a averiguação apontada. As ordens de Serviços são de naturezas múltiplas e podem propor medidas saneadoras a serem cumpridas dentro de um determinado prazo ou podem desencadear uma averiguação mais complexa, como a sindicância ou, ainda, em processos administrativos, cassação da autorização de funcionamento em caso de escolas particulares, ou pode simplesmente se tratar de uma visita in loco para expedição de autorização ou renovação de funcionamento ou curso. Termo de visita 3.17 É o registro de todas as atividades realizadas, das observações feitas e das orientações repassadas, utilizando uma linguagem formal, clara e objetiva. É um instrumento que serve como confirmação do trabalho realizado, das orientações a serem seguidas, dos elogios aos projetos e ações desenvolvidas na escola e dos prazos estipulados para a correção todos os livros de pontos, folhas de pagamentos, contratos, pasta do servidor e, em caso de incompatibilidade ou inexistência, consultam o diário de classe, emitem a certidão de contagem de tempo de trabalho de averbação para fins de aposentadoria. 72 Uniube ou realização do trabalho. É ele que resguarda o trabalho do Inspetor Escolar em situações ímpares de dúvidas. Ele também é um instrumento de pesquisa valioso, considerando que ali estão os registros das políticas públicas a serem desenvolvidas em uma determinada época, bem como da clientela atendida, problemas, soluções, componentes curriculares, afastamentos, situações festivas, enfim descreve a conjuntura educacional, associada à política, aos aspectos sociais, econômicos e organizacionais de um tempo na história brasileira. Como destaca Lombardi (2004, p. 155), as fontes resultam da ação histórica do homem e, mesmo que não tenham sido produzidas com a intencionalidade de registrar a sua vida e o seu mundo, acabam testemunhando o mundo dos homens em suas relações com outros homens e com o mundo circundante. Há a opção de proceder ao registro ao término da visita, porém, devido à abrangência e diversidade do serviço, das situações e do profissional com quem está trabalhando, o ideal é ir relatando no decorrer da visita, ou seja, constatou, orientou, estipulou prazo, registra-se. O Termo de Visita é assinado pelo Inspetor Escolar e pelo responsável pela escola durante a visita. É feito em duas vias, a original fica no livro que é próprio para esse fim e a cópia é arquivada no órgão central, compondo o arquivo do Inspetor Escolar, para fins de consultas, quando necessárias. O Termo de visita do Inspetor Escolar é muito mais do que uma descrição da visita, é um documento que expressa a representação de um modelo de escola vivenciado em um determinado momento histórico. O Inspetor Escolar desenvolve seu trabalho também com outros profissionais das instituições educacionais e, dentro das escolas, ele trabalha diretamente com o Secretário Escolar. Uniube 73 Figura 7 Fonte: Acervo DepositPhotos/ EAD Uniube. Os instrumentos apresentados são os mais usuais, porém a todo instante faz-se necessária a criação de formulários para acompanhamento do funcionamento escolar. As ações que operacionalizam as políticas públicas em educação voltadas para as diferentes instituições educacionais dos entes federativos são acompanhadas na sua implantação, implementação e avaliação, cabendo ao Inspetor Quais serão os documentos elaborados por outros profissionais da escola, com as orientações do Inspetor Escolar? Para tratar desse assunto, acesse a videoaula a seguir. 74 Uniube Escolar assessorar e monitorar esse processo conforme as normas do sistema. Cada estado possui um sistema informatizado de coleta de dados de sua rede de ensino. Alguns mais simples, outros mais sofisticados, por meio das informações geradas no sistema on-line são autorizadas turmas, recursos, contratações, transferências, entre outros alinhamentos. Em Minas Gerais, o acompanhamento dos dados inseridos no sistema é outra atribuição do Inspetor. Mas não só de trabalhos técnicos ocupa-se o Inspetor Escolar. Na sociedade contemporânea, onde as principais crises são de relações interpessoais, os constantes conflitos no convívio escolar causam grande desgaste emocional provocando, entre outras situações, a desmotivação no ambiente escolar. O que se faz indispensável, para o Inspetor Escolar, é abordar o tema motivação, pois ele influencia de forma positiva o comportamento, constituindo uma estratégia poderosa para obter-se a melhoria no desempenho das atividades educacionais, tanto de quem inspeciona quanto de quem ensina e como aquele que aprende (SANTANA; NUNES, s.d.). Considerando a abrangência da atuação do Inspetor Escolar, para além de uma postura fiscalizadora, e sim como aliado dos diferentes segmentos da escola - levando informações e orientações, disseminando as políticas públicas, valorizando momentos de escuta da comunidade escolar, dando feedback para as necessidades apresentadas, compreende-se que essas ações contribuem para o estímulo do processo motivacional (SANTANA; NUNES, s.d.). Em alguns Estados, como em Minas Gerais, nas evidências de má gestão, mau desempenho de profissionais, desvios de verbas, de condutas, é instaurado, após comprovação dos fatos, processo administrativo disciplinar pelas instâncias superiores. Essa comprovação é mais uma das atribuições do Inspetor Escolar. Uniube 75 Havendo necessidade de investigação, é instaurado processo de sindicância na escola. A averiguação dos fatos às vezes acontece por instauração de sindicância. Essa é realizada por uma Comissão geralmente composta por três Inspetores Escolares (presidente, secretário e vogal) e, dependendo da área violada, por exemplo, área financeira, pode se agregar à Comissão Sindicante um profissional específico do setor financeiro. Durante o período de sindicância de trinta dias, que pode ser prorrogado por mais 30 dias, os Inspetores Escolares são afastados das escolas que compõem os seus setores e estes são redistribuídos entre os demais Inspetores Escolares, para que eles possam dedicar-se exclusivamente ao planejamento do trabalho, ao levantamento das legislações específicas, à apuração dos fatos e à elaboração do relatório final com os respectivos anexos comprobatórios. A Constituição Federal de 1988 dispõe que a educação é dever de todos com responsabilidade solidária da família e do estado e, considerando que o Inspetor Escolar depara com situações problemáticas de diversas naturezas, é constante a busca de um trabalho intersetorial com as diferentes instâncias que representam o poder público, tais como Ministério público, Conselho Tutelar, polícia e demais autoridades, para buscar o estreitamento na solução dos melhores encaminhamentos (BRASIL, 1988). O Inspetor Escolar deve semprese atualizar em relaçao aos dispositivos legais que sustentam o seu trabalho, para isso se faz necessária a sua formação continuada. Esse processo faz parte da sua profissionalização estando relacionado com uma sólida formação que contribuirá para sua autonomia individual e coletiva. 76 Uniube Desse modo, a formação continuada colabora para o desenvolvimento profissional, complementando a formação inicial, em que o encontro do conhecimento proveniente de diferentes fontes com a prática cotidiana faz despontar o “saber da experiência”. Segundo Nóvoa (1992, p. 2), concebe-se o desenvolvimento profissional “um processo através do qual os trabalhadores melhoram o seu estatuto, elevam seus rendimentos e aumentam o seu poder/autonomia”. Portanto concebemos que o desenvolvimento profissional se realiza em diferentes momentos, espaços e modalidades, entre eles: congressos, palestras, seminários, eventos, cursos de especialização, rodas de conversas, simpósios, estudos individuais e em grupo. Como vimos, o Inspetor Escolar é um servidor que tem uma atuação abrangente dentro do sistema, assim trata o Parecer CEE/MG n. 627/2002: Figura 8 Fonte: Acervo DepositPhotos/ EAD Uniube. Uniube 77 atenção “A inspeção escolar são os olhos e os ouvidos do Poder Público na escola. Deve garantir os interesses e a promoção do bem-estar da sociedade” (BRASIL, 2002). Além dessa concepção ele tem sobre si os olhares da sociedade, exigindo-lhe uma postura fundamentada em uma conduta ética exemplar, demonstrando por meio de suas atitudes comprometimento com a educação e com a coisa pública. São condutas fundamentais na atuação desse profissional: apresentação física; postura profissional adequada; discrição; prudência; atenção; cordialidade; relacionamento ético; imparcialidade; o cumprimento da legislação e o zelo por uma educação de qualidade para todos. Inspiração Determinação Inovação Imparcialidade Prudência Discrição Sucesso Figura 9 Fonte: Acervo DepositPhotos/ EAD Uniube. 78 Uniube ABREU; H. M. de. E6 PED43 - INSPEÇÃO ESCOLAR: do controle à democratização do ensino. Pós em revista, Belo Horizonte, 19 nov. 2012. Disponível em: . Acesso em: nov. 2017. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília-DF: Senado, 1998. ______. Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais. Parecer nº 627/2002. Belo Horizonte-MG, 1 ago. 2002. ______. Decreto-lei nº 9394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 dez.1996. ESCOLA LEGAL. Conselho Estadual de Educação. Escola Legal. Disponível em: . Acesso em: nov. 2017. LOMBARDI, José Claudinei. História e historiografia da educação: atentando para as fontes. In: LOMBARDI, J. C. e NASCIMENTO, M. I. M. (Org.). Fontes, História e Historiografia da Educação. Campinas: Autores Associados, 2004. MEDEIROS, Ruy Hermann Araújo. Arquivos escolares: breve introdução a seu conhecimento. Palestra proferida no III Colóquio do Museu Pedagógico, em 17 nov. 2013, na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia/UESB. Disponível em: . Acesso em: set. 2017. MINAS GERAIS. Resolução nº 457, de 30 de setembro de 2009. Dispõe sobre a inspeção escolar na educação básica no sistema estadual de ensino de Minas Gerais. Vade-mécum do profissional de educação básica. Belo Horizonte, 2009. NÓVOA, A. (Coord.). Os professores e sua formação. Lisboa: Dom Quixote, 1992. 300 ROMANOWSKI, J. P.; MARTINS, P. L. O. Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 10, n. 30, p. 285-300, maio/ago. 2010. PAES,M.L. Arquivo: teoria e prática. 3. ed. rev.e ampli. Rio de Janeiro: FGV, 2005. Referências3.18 http://blog.newtonpaiva.br/pos/e6-ped43-inspecao-escolar-do-controle-a-democratizacao-do-ensino/ http://blog.newtonpaiva.br/pos/e6-ped43-inspecao-escolar-do-controle-a-democratizacao-do-ensino/ Uniube 79 SANTANA, K. E. S.; NUNES, S. C. Inspeção escolar no processo motivacional suas implicações e importância na educação. Disponível em: . Acesso em: nov. 2017. SOUZA, P. Escrituração Escolar. Disponível em: . Acesso em: nov. 2017. 4 Práticas do serviço de inspeção escolar nas áreas: pedagógica, administrativa, financeira Elaine Antunes Fidelis Maria Stela Alves Timoteo Uniube 83 Considerações iniciais4.1 Você deve ter percebido que os conhecimentos que fundamentam o trabalho do Inspetor Escolar são muito vastos, complexos e dinâmicos. O ideal é que eles permeiem a prática cotidiana de forma que a conjugação entre a teoria e a prática se incorpore viabilizando o sucesso do trabalho. Essa concepção é bem ilustrada por Freire (2002, p. 26) “É fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, de tal maneira, que num dado momento a tua fala seja a tua prática”. Com isso, nesta unidade vamos apresentar sugestões de como realizar diferentes atividades e práticas exitosas inerentes ao Serviço de Inspeção Escolar, as quais estão respaldadas no arcabouço legal e nas teorias educacionais. Ressaltamos que, tendo em vista as especificidades dos entes federativos e dos sistemas educacionais organizados, faz-se necessário adequar as sugestões apresentadas para a sua utilização. Agora é hora de aprendermos o que fazer e como fazer... Termo visita4.2 Orientações para elaboração de termo de visita do Inspetor Escolar. O termo de visita deve ser claro, objetivo, informativo e conter sugestões, análises e, quando necessário, determinar prazos para o cumprimento de medidas sugeridas. Nos termos de visita do Inspetor Escolar devem constar: 84 Uniube A Inspeção Escolar tem na comunicação escrita o seu melhor instrumento de trabalho. COMUNICAÇÃO ESCRITA A comunicação é o “ato ou efeito de comunicar(-se).” (FERREIRA, 2004, p. 251). É “aviso, mensagem, informação, comunicado.” (LAROUSSE, 2009, p.187). Uniube 85 É o “meio de ligação, via de acesso, passagem.” (LAROUSSE, 2009, p.187). “Comunicado é aviso ou informação de caráter oficial.” (DICIONARIO, 2017). “Comunicador é aquele que comunica.” (DICIONARIO, 2017). O criativo, o ousado, o incentivador, o orientador, o prestativo, o autocrítico. Não o fiscalizador, mas aquele que oferece ajuda, assessoramento, consultoria, orientação para as instituições educacionais. Dois são os compromissos do Inspetor Escolar - educador em relação à educação de uma maneira geral e com cada escola em particular: O primeiro: acompanhar, verificar, orientar e assessorar as escolas no cumprimento da legislação em vigor O segundo: contribuir para a melhoria da qualidade da escola, a partir de seus próprios conhecimentos e experiências, mas dentro dos limites definidos pela legislação em vigor, no que diz respeito à autonomia e liberdade das escolas. 86 Uniube Termo de visita Nome do estabelecimento: Data: Atividades realizadas: ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ Município, ____ de_______________ de ______. ___________________ ____________________ Ass. do Inspetor Escolar Ass. do Diretor O conjunto dos registros mensais do trabalho do Inspetor Escolar (termo de visita, certificados de participação em seminários, encontros e palestras, lista de presença de eventos, entre outros) formará a Súmula Mensal de Trabalho a fim de comprovação do seu trabalho. Uniube 87 Súmula Mensalde Trabalho Nome do Inspetor Escolar: Mês: Ano: Dia Estabelecimento Atividades Realizadas Data:___/___/___. Assinatura do Inspetor Escolar:________________________________ Assinatura do Coordenador:__________________________________ Relatórios4.3 Relatório de verificação in loco4.3.1 A sugestão apresentada para a elaboração de relatórios de verificação in loco pode ser utilizada para os seguintes fins: recredenciamento da entidade mantenedora, autorização de funcionamento de curso, reconhecimento ou renovação de cursos, mudança de prédio, paralisação ou encerramento de atividades, reinício das atividades, extensão dos anos iniciais/finais, mudança de denominação de cursos técnicos autorizados ou reconhecidos, autorização de funcionamento de especialização técnica de nível médio e autorização de funcionamento de cursos técnicos na modalidade de educação a distância - EAD. Quando essas solicitações são protocolizadas no órgão regional ou municipal, o setor responsável emite uma Ordem de Serviço para a Comissão de 88 Uniube Inspetores Escolares, para que sejam analisados os documentos do processo e a realização da visita in loco. A verificação in loco das unidades escolares e a elaboração de relatórios circunstanciados são atribuições do Inspetor Escolar, devendo este retratar a veracidade dos fatos, bem como apresentar parecer conclusivo da comissão responsável pelo processo. Para: (Relacionar os Inspetores Escolares responsáveis pela Ordem de Serviço). Ordem de Serviço nº____/20___. Município, ____ de_______________ de _____. Tendo em vista o processo de ________________, da Instituição _________________, localizada na Rua/Av. __ _______________________________ nº _____, no municí- pio de_________________, solicitamos a V.Sas. um relatório de verificação in loco com base ________________(legisla- ção que ampara o relatório). Atenciosamente, ______________________ ______________________ Ass. do responsável pela Ass. do Diretor do Órgão Divisão Brasão Estado ______________________ Secretaria de Estado de Educação Órgão Regional/Municipal Divisão responsável Uniube 89 Com base na Ordem de Serviço recebida, análise dos documentos, as normas que instruem o processo e após a visita in loco, a Comissão composta de Inspetores Escolares elabora o Relatório de Verificação in loco conforme a estrutura sugerida a seguir. Relatório de verificação in loco Nome do Estabelecimento: Endereço: Município: Assunto: 01- Introdução (Histórico): descreve, claramente, os objetivos e as finalidades do relatório de verificação in loco, conforme or- dem de serviço; bem como a identificação, a localização do estabelecimento de ensino e seus respectivos atos oficiais. 02- Desenvolvimento (Mérito): é a parte do relatório que descreve a natureza e os resultados do trabalho de verificação in loco. Deve ser redigido de maneira completa, com a devida aten- ção para as normas fixadas pelos respectivos sistemas, nos aspectos legais, pedagógicos e administrativos determinados. 03- Conclusão: constitui a finalização do relatório e deve ser ba- seada na evidência clara dos fatos observados, apresentan- do as comprovações mais importantes para um exame crítico dos dados e análise da viabilidade técnico-pedagógica. Deve constar parecer favorável ou desfavorável, explicando ou jus- tificando o que precisa ser feito. Município, ____ de_______________ de _____ _____________________ _____________________ Ass. do Inspetor Escolar Ass. do Inspetor Escolar 90 Uniube Relatórios diversos4.3.2 Há também outros tipos de relatórios com situações, tais como apuração de denúncias, processo de regularização de vida escolar, sindicâncias, documentos supostamente falsos, ocorrências emergenciais e averiguações. Nessas situações os relatórios podem se diferenciar na sua elaboração, sendo às vezes um relatório circunstanciado, complexo ou mais simples, não tendo obrigatoriamente uma estrutura rígida. Destacamos que todo o relatório tem em comum uma introdução, um desenvolvimento e uma conclusão. Como instrumento de trabalho, o relatório deve contemplar uma linguagem clara, objetiva e precisa, ter clareza, coerência e lógica na exposição dos fatos em questão, apresentar conclusão e, quando necessário, medidas saneadoras. a) Apuração de denúncias Geralmente, entre as atribuições do Inspetor Escolar, está aquela referente à apuração de denúncias. Elas existem e podem ser de naturezas diversas, podendo ser de apuração individual ou coletiva (comissão) e ainda serem encaminhadas para diferentes órgãos, conforme a organização do sistema. Independentemente da natureza e do tipo da denúncia, alguns procedimentos são básicos: leitura minuciosa; planejamento para a realização da averiguação; metodologia adequada; levantamento da legislação pertinente e estudos sistemáticos; postura de imparcialidade e confidencialidade; observância aos prazos; parecer conclusivo e sugestões de medidas saneadoras, quando necessárias. b) Formulário para registro de denúncias Às vezes, as denúncias podem ocorrer nos órgãos regionais ou municipais, pessoalmente, via telefone, e-mail ou serem anônimas. O registro delas pode guardar um procedimento padronizado, o Uniube 91 que facilita tanto a apuração como as respostas ao denunciante, quando necessário. Para tanto sugerimos a seguir um formulário para os atendimentos. Registro de Atendimento Data:___/___/___ Município: __________________ Atendido(s):___________________________________________ Assunto(s): ___________________________________________ Síntese do assunto tratado: ______________________________ ____________________________________________________ Encaminhamento(s):____________________________________ Responsável pelo atendimento:___________________________ Síntese da resposta ao atendido(s): _______________________ ____________________________________________________ Data: ___/___/___ Assinatura(s):_________________________________________ Estado/Município _______________________ Secretaria de Estado/ Municipal de Educação Órgão Regional/Municipal Divisão responsável Brasão 92 Uniube Atas4.4 Ata é o “registro escrito que contém os fatos, os acontecimentos e as resoluções de uma sessão, de uma assembleia, de uma convenção ou de uma reunião administrativa” (DICIONARIO, 2017). É uma transcrição oficial da situação realizada que permite a consulta dos fatos, participantes ou decisões da reunião. Frequentemente a ata é registrada em livro próprio com páginas numeradas e rubricadas por quem for indicado para responsabilizar-se por ela e deve conter termos de abertura e encerramento. Ela é redigida pelo secretário ou algum membro designado para esse fim, não devendo conter rasuras ou o uso de corretivos. Para a elaboração de uma ata sugerimos os seguintes passos: 4.4.1 a) Registro: Escrever tudo, seguidamente, não deixando espaço em branco em nenhum lugar da ata e sem o uso de parágrafos. Os numerais serão sempre grafados por extenso e repetidos entre parênteses, quando o numeral contiver três ou mais algarismos. O número de alunos que serão beneficiados com a merenda escolar é de quinhentos e cinquenta e seis (556). As correções no decorrer da elaboração da ata, quando percebidas, serão feitas utilizando a palavra “digo”. Serão beneficiados os alunos do ensino fundamental, digo, da educação básica. Uniube 93 E, quando for percebido o erro após o término e a leitura da ata, utiliza-se a expressão “em tempo”. Em tempo: onde se lê “serão beneficiados os alunos do ensino fundamental” leia-se “ serão beneficiados os alunos da educação básica”. Tal expressão é também utilizada após a leitura da ata paraacréscimos que se tornarem necessários. Em tempo: na relação dos presentes, acrescente-se o nome do senhor Pedro Paulo de Aguiar. b) A ata deve conter: Cabeçalho: “Ata n. 4 Ata da quarta reunião do Conselho Escolar da Escola Estadual Sonho Feliz.” Abertura: é a indicação, por extenso, do dia, mês, ano, hora da reunião, local, nome da entidade reunida, nome do presidente e do secretário e a finalidade da reunião. “Aos quinze dias do mês de março, de dois mil e dezesseis, às dezesseis horas, no gabinete da direção da Escola Estadual Sonho Feliz, realizou- se a quarta reunião do Conselho Escolar deste estabelecimento, presidida pela diretora Maria Clara Rezende e secretariada por mim, Katia Azevedo, para tratar dos seguintes assuntos: 1) informar o valor da verba recebida pela Secretaria de Estado de Educação; 2)definir os cardápios conforme a pesquisa de aceitabilidade dos alunos, aprovada em reunião anterior, realizada no dia vinte e dois de fevereiro do corrente ano.” 94 Uniube Legalidade: em prosseguimento, declara-se a legalidade da reunião por existir quórum (quantidade mínima de membros presentes), conforme os estatutos da entidade: dois terços, metade mais um, por exemplo: “ Verificado o número de presentes, a senhora presidente declara haver quórum regimental podendo, dessa forma, ser iniciada a reunião.” Obs.: não havendo quórum, a reunião não pode ser realizada, mas a ata deve ser lavrada para que o fato fique registrado. Relação Nominal: faz-se a indicação dos presentes: “Estão presentes os seguintes representantes: Antônio da Silva, Felipe Pinto, Adriana da Cruz, representantes do segmento de pais; Julia Nascimento, Ana Claudia Gonzaga, Rafael Rego, representantes do segmento de professores, e Matheus Alves e Valter Cardoso, representantes do segmento de alunos.” Aprovação da Ata Anterior: pode acontecer que a ata da reunião anterior não tenha sido lida e aprovada no ato. Caso isso ocorra, faz-se o registro de que foi feita a leitura da ata anterior para aprovação. “Em seguida, a senhora presidente pediu que fosse lida a ata da reunião anterior. Após a leitura, como não houve emendas ou ressalvas, ela foi aprovada por todos os membros presentes. ” Desenvolvimento: narram-se, em seguida, os assuntos tratados e suas decisões, mencionando-se de quem partiram as colocações. Se houve votação, deve ser registrada a forma de votação e o resultado. “Dando início à ordem do dia, a senhora presidente informou que a verba recebida pela escola era de cinquenta e três mil, quarenta e dois reais e Uniube 95 cinquenta centavos (R$ 53.042,50) e pede para que fossem definidos os cardápios conforme a pesquisa de aceitabilidade aprovada e o valor da verba recebida. A senhora presidente apresenta os cardápios conforme o resultado da pesquisa de aceitabilidade, demonstrando o empate entre os cardápios de “arroz doce e canjica”. Matheus Alves disse que, entre os cardápios de doce, o arroz doce tem maior aceitabilidade pelos alunos. Ana Claudia discordou da opinião do arroz doce e disse que, quando é servido arroz doce, há muita sobra nos pratos. Os representantes do segmento de pais não opinaram. A senhora presidente colocou em votação a opção do cardápio de doce. Solicitou que levantassem a mão aqueles que concordassem com o oferecimento do cardápio de arroz doce. Colocada em votação, obteve-se, como resultado, cinco votos a favor, dois contrários e uma abstenção. A senhora presidente informou que o oferecimento será de arroz doce e que a tesoureira fará o levantamento dos preços dos produtos, tendo em vista os cardápios aprovados para a próxima reunião. Nela serão aprovadas as melhores cotações de preços para a realização das compras.” Fechamento: o fechamento das atas é quase sempre o mesmo e ocorre após o registro dos acontecimentos. “Nada mais havendo a tratar, a senhora presidente encerrou a reunião, agradecendo a presença de todos. E, para constar, eu, Katia Azevedo, lavro a presente ata que, após lida e aprovada, será assinada por mim, pela senhora presidente e por todos os presentes.” Quem Assina a Ata: só podem assinar a ata da reunião membros presentes na reunião, porque as pessoas que assinam a ata declaram ser verdadeiro tudo o que nela está escrito. A seguir, aprenda um pouco mais com Mello, lendo as 21 regras de ouro do que não deve ser feito na elaboração de atas. 96 Uniube O que não deve ser feito na elaboração de atas4.4.2 1. Não se deixa espaço em branco em nenhum lugar da ata. Isso é para que não aconteçam acréscimos posteriores que resultem na infidelidade da sua ata. O restante do espaço deve ser preenchido com um traço. 2. Lembre-se de que a ata só tem um parágrafo: o inicial. E que este parágrafo não tem espaço inicial, nem recuo algum. É iniciado na extremidade da margem da página. Lembre-se de que o texto é escrito contínua, sem parágrafos ou lista de itens. É um texto que deve ser percebido como se o texto inteiro fosse um único e longo parágrafo. 3. Se for optar por iniciar a próxima ata na folha seguinte, risque cada linha restante que está vazia com um traço. O ideal é que o espaço entre as atas seja suficiente para somente as assinaturas. 4. Pegue as assinaturas assim que terminar a reunião ou faça deste momento um momento simbólico antes de fechar a reunião. Deixar a assinatura para depois pode resultar em problema. 5. Os números são sempre escritos por extenso. Isso não impede a utilização deles, de forma que sejam repetidos em algarismos. Ex. número um (1). É importante que o número sempre esteja escrito por extenso. Já vi muito sete (7) se parecer com um (1); três (3) com oito (8); cinco (5) com a letra "S". 6. As atas são sempre escritas no tempo verbal presente. É um resumo do que está acontecendo naquele momento. 7. Use somente o digo como ressalva se, no decorrer da redação da ata, acontecer algum erro. Se o erro foi percebido somente após o término da redação e ficar impossível a utilização da partícula digo, faça a ressalva utilizando "em tempo". Uniube 97 8. Se tiver muitos erros, por favor, não dê uma de Incrível Hulk. Não arranque a página, nem destrua o livro. Bola para frente. Erros são comuns e sempre podem ser redigidos. 9. Se deseja participar dos debates de forma expressiva peça licença da função e passe-a para outro enquanto você debate. A mesma regra vale para caso você não esteja a fim de fazer a ata. Não faça a ata por fazer. Não a faça somente porque está no cargo. 10. Mesmo que a reunião não tenha quórum deve-se lavrar a ata, para que esse fato seja registrado. Atenção! Nessas situações, esse é o único fato que deverá constar na ata. Mas tenha bom senso. Não é só escrever não teve quórum. Faça a abertura padrão, proceda até o momento do quórum, verifique o motivo que ocasionou a falta de quórum e lavre a ata. 11. Siga um padrão. Exemplo: nomes com letras maiúsculas. 12. Procure dar uma lida nas atas dos secretários anteriores para ver o que foi usado como padrão e se acostumar com os termos e linguagem utilizados. 13. Somente use siglas se anteriormente tiver definido e elucidado o nome ao qual a referência está sendo feita. Exemplo: se você já escreveu no início da ata “Federação de Mocidade do Presbitério do Rio de Janeiro cuja sigla é FEUMP/PRJN” não precisa repetir isso a toda hora na ata e nem precisa escrever Federação de Mocidade do Presbitério do Rio de Janeiro. Como a sigla já foi definida você pode optar pela utilização somente de FEUMP ou Federação. A ata fica mais dinâmica e não perde o sentido. 14. Verifique qual padrão é utilizado nas atas eletrônicas. Existe muita divergência quanto à utilização de destaques em negrito. Veja qual padrão você adota na sua sociedade. 98 Uniube 15. Anote as ausências da mesa durante os pleitos, mas lembre-se de que para sair de um plenário é necessária a aprovação dos votantes. Não saia anotando só porque alguém resolveu dizer que vaisair. Os votantes podem não concordar e você terá que utilizar uma ressalva para desfazer a anotação. Espere os procedimentos acontecerem antes de colocá-los em ata. 16. Não esqueça que terminamos nossas reuniões com uma oração e aclamação do moto. Se quiser você pode citar isso, mas não precisa transcrever nem o moto nem a oração. Somente fazemos menção, se desejar, que foi dito o moto da mocidade e feita uma oração. Se for o Pai Nosso, é só dizer isso, “feita, em conjunto, a oração do Pai nosso”. 17. Não esqueça que a ata não tem outro parágrafo. Não coloque as decisões/comissões em marcadores. 18. Todos os verbos que descrevem ações devem ser usados no pretérito perfeito do indicativo (disse, declarou, decidiu…). 19. Abuse da modernidade. Se for possível grave a reunião. 20. REGRA DE OURO: faça a ata tão cedo possível. Quanto mais cedo, mais útil e detalhada ela será. E você terá menos chances de esquecer o que aconteceu na reunião. 21. Lembre-se de que se trata de um documento legal e formal. Cuidado com a letra. Uma grande dica para nunca ser secretário de atas escritas é ter uma letra horrível ou ter estudado medicina (não pude me conter...). A ata tem que ser o mais legível possível. Fonte: Adaptado de Jucrist (2017). Uniube 99 Livro de matrículas4.5 A instituição escolar, considerando as diferentes formas de organização da educação básica e sua autonomia, observando a Proposta Político Pedagógica, pode elaborar seus instrumentos de registro. Podemos encontrar diferentes formas de fazer o livro de matrícula, tanto fisicamente como virtualmente. É importante ressaltar que, se a instituição optar por fazê-lo virtualmente, deve observar com rigor as normas de temporalidade. Registro de Matrículas Ano Letivo_____ Nº ordem Nome Data Nasc. Nível Etapa Série Data Ma- trícula Sexo Filia- ção Obs. Falecido em __/__/____ Transfer ido __/__/____ E v a d i d o __/__/____ D e s i s t e n t e __/__/____ Livro de atas de resultados finais4.6 Após o encerramento do ano letivo, a escola registra os resultados finais dos alunos em livro próprio, fisicamente ou virtualmente. E para constar eu, secretário (a), lavrei a presente ata, que vai assinada por mim e pelo(a) diretor(a) do estabelecimento. ____________________ ____________________ Assinatura Secretário (a) Assinatura do Diretor (a) * Seguir a ordem registrada no diário de classe. A – aproveitamento F – frequência 100 Uniube Termo de abertura e fechamento de livros4.7 Os livros utilizados pelas instituições, para os devidos fins, devem ter registrado o Termo de Abertura (primeira página) e o Termo de Encerramento (última página). O diretor da instituição deverá assinar os respectivos termos e todas as páginas deverão ser rubricadas e numeradas. http://www.sga.uniube.br/aulas/ftp/ebook/inspecao_escolar/ata_resultado_final.pdf Uniube 101 TERMO DE ABERTURA Este livro, contendo _____ folhas, numeradas e por mim rubrica- das, com a rubrica _______________ do meu uso, servirá para o registro de _______________. Eu, ______________________, presidente/diretor, assino o presente termo. Município, _____ de ______________ de 20___. ________________________________ Assinatura TERMO DE ENCERRAMENTO Eu,_______________________, diretor da instituição ___________________, declaro encerrado este livro de atas. Município, ___ de ___________ de 20__. ________________________________ Assinatura Dos recursos didáticos e pedagógicos da LDB4.8 A atual LDB traz avanços significativos em relação ao processo de aprendizagem e avaliação. Entre eles podemos destacar os recursos pedagógicos de classificação e reclassificação. 102 Uniube Classificação: significa submeter o aluno a uma avaliação para posicioná-lo na série/etapa/segmento/ fase/ano adequada(o). A classificação poderá ser realizada no momento da matrícula em qualquer série/ etapa/segmento/fase/ano/ciclo exceto no primeiro ano ou correspondente do Ensino Fundamental. São possibilidades de classificação: I. Por Promoção - para alunos que concluíram com aproveitamento a série/etapa/segmento/ fase/ano anterior ou outra forma de organização adotada pela escola; II. Por Transferência - para alunos transferidos de outras escolas, mediante análise do Histórico Escolar em que se comprove o aproveitamento curricular quanto aos componentes da Base Nacional Comum; III. Independente de Escolarização – para os alunos que não tiverem como comprovar a sua escolaridade por meio de registros. Eles serão submetidos a uma avaliação pela escola receptora, para situá-los na série/etapa/ segmento/fase/ano adequada(o). No processo de classificação, pertinente ao item III, serão verificados os componentes curriculares da Base Nacional Comum, contemplando o Projeto Político Pedagógico – PPP e Regimento Escolar. (MATO GROSO, 2017). O processo de classificação por avaliação consiste, observando a idade e os conhecimentos do estudante, em avaliá-lo por diferentes instrumentos, para verificar o seu nível de conhecimento a fim de classificá-lo no ano de escolaridade compatível. Todo o procedimento adotado em relação à classificação deve ser registrado em livro próprio, em Atas Individuais, das quais serão extraídos os dados para a escrituração da Ficha Individual da Classificação, que deverá ser arquivada, juntamente com os instrumentos de avaliação, na pasta do aluno. Reclassificação: significa reposicionar o aluno em série/etapa/segmento/ciclo/fase/ano/ período ou outra forma de organização adotada pela escola, através de instrumentos avaliativos, observando a Proposta Uniube 103 Político Pedagógico – PPP, Regimento Escolar e legislação vigente. O resultado da avaliação do aluno será lavrado em ata, assinada pela Direção, Professor e/ou Conselho de Classe, e arquivado na pasta individual do aluno. Compreende-se por reclassificação o avanço escolar, a aceleração da aprendizagem e a avaliação do aluno que não comprove 75% de frequência e tenha bom desempenho. (MATO GROSO, 2017). I. Avanço (é a forma de propiciar ao aluno que apresente nível de desenvolvimento acima de sua idade a oportunidade de concluir em menor tempo, série, períodos, ciclos ou etapas). II. Aceleração da aprendizagem (para alunos com atraso escolar ou defasagens série/idade). III. Infrequência e bom desempenho (para alunos com desempenho satisfatório e frequência inferior a 75% no final do período letivo) IV. Por transferência (para alunos que demonstrem desempenho satisfatório diferente da escola de origem, podendo, após avaliação, ter alterada a sua posição indicada no documento de transferência). (MINAS GERAIS, 1997). É aconselhável que a decisão da utilização dos recursos previstos na LDB seja advinda da manifestação do pessoal docente, pedagógico e administrativo, sob a coordenação do diretor da escola. Tais recursos deverão estar contemplados na Proposta Político Pedagógica, no Regimento Escolar da instituição e nos documentos escolares do estudante. Aproveitamento de Estudos: conforme as normas regimentais da instituição escolar, os estudos concluídos com êxito em quaisquer cursos ou exames legalmente autorizados, no mesmo nível ou em nível mais elevado de ensino, poderão ser aproveitados mediante a apresentação do documento escolar. Os estudos não formais poderão também ser aproveitados, mediante avaliação realizada pelos respectivos profissionais da própria escola, a fim de classificar o estudante no nível correspondente ao seu desempenho. 104 Uniube Progressão Parcial: permite ao aluno seguir com os estudos independentemente de ter alcançado média para aprovação em todos os conteúdos, no ano/semestre anterior ao que esteja cursando. A instituição escolar que optar por esse recurso deve prevê-lo no Regimento Escolar, resguardandoa sequência do currículo e observando as normas do respectivo sistema de ensino. 4.9 As atividades do Inspetor Escolar frente à organização do início e término do ano letivo A autonomia das instituições educacionais está atrelada à conjugação da aplicação dos princípios normativos, pedagógicos e administrativos, às ações desempenhadas pela instituição, no início, no decorrer e ao final do ano, a fim de oportunizar as condições propícias à aprendizagem dos estudantes, razão de ser da escola. É essencial a relevância do trabalho do Inspetor Escolar nas ações realizadas pelas Instituições Educacionais, na orientação, no acompanhamento e no assessoramento. A seguir, relacionaremos algumas atividades básicas desempenhadas pelo Inspetor Escolar, legitimando as providências tomadas pela Instituição na organização do seu trabalho. Início do ano letivo: Plano curricular: verificar a relação dos componentes curriculares, a carga horária, os indicadores fixos (duração módulo/aula, número de dias letivos semanais, de semanas letivas e de aulas, duração do recreio, carga horária anual, identificação da escola, do nível, do ano letivo e do turno). Calendário escolar: confirmar o oferecimento do mínimo de dias letivos (200), o resguardo dos feriados nacionais e municipais, recessos, férias regulamentares e compromissos pedagógicos e administrativos. Uniube 105 Organização do quadro de pessoal: compatibilizar o quantitativo de profissionais conforme cada categoria, a habilitação mínima exigida, o acúmulo de cargo dos profissionais conforme disposto no artigo 37 da Constituição Federal. Composição de turmas: conferir o número de alunos por turma, observando a especificidade de turmas com alunos incluídos, conforme normas do sistema. Proposta Político Pedagógica e Regimento Escolar: certificar a atualização dos referidos documentos e sua aprovação pelos conselhos escolares. Livro de Atas de Resultados Finais: constatar a escrituração completa do livro quanto a registro do aproveitamento final, à carga horária dos componentes curriculares, à situação final do aluno, verificando o fechamento da ata e as respectivas assinaturas (referente ao ano/ semestre letivo anterior). Livro de Matrículas: (referente ao ano vigente) verificar a escrituração do livro, das matrículas já realizadas, orientar para o registro das matrículas suplementares. Censo Escolar: orientar para alimentação do sistema on-line, acompanhando os respectivos prazos estipulados e observando as necessidades especiais dos alunos, quando necessário. Progressão Parcial: (quando houver) relacionar os alunos em progressão parcial e os encaminhamentos para o seu cumprimento. Históricos Escolares: verificar a expedição dos históricos escolares dos alunos concluintes do ano anterior e transferências solicitadas, com o respectivo amparo legal do curso e as devidas assinaturas. 106 Uniube Pasta Individual: constatar a existência dos documentos de identificação do estudante e o registro da renovação da matrícula. Orientar para que as declarações de transferências sejam substituídas pelo histórico escolar, verificar a inserção da ficha individual do ano anterior devidamente preenchida e assinada, os formulários de dispensa das aulas de Ensino Religioso e Educação Física, quando for o caso. Abrir pasta individual para os alunos novatos e arquivar aquelas dos alunos transferidos ou concluintes no arquivo passivo. Término do ano letivo: Livro de Matrículas: conferir a escrituração do encerramento das matrículas do ano letivo vigente com as devidas assinaturas. Progressão parcial: confirmar a conclusão dos estudos de progressão parcial e sua escrituração (diário de classe, ficha individual, livro de atas de resultados finais). Pasta de Calendários Escolares e Planos Curriculares: verificar a atualização destas pastas, com o arquivo dos Calendários e Planos Curriculares de todos os anos letivos. Atendimento aos órgãos municipais4.10 Respeitando a opção do município em relação a criar um Sistema Próprio ou integrar-se ao Sistema Estadual de Ensino, a parceria entre os diferentes sistemas é imprescindível, uma vez que as Políticas Públicas Educacionais podem ser das três esferas e elas articulam-se entre si, visando à melhoria da educação. O trabalho integrado dos diferentes sistemas é ideal, uma vez que concebemos a educação como um processo sistêmico e contínuo e o educando como um sujeito de direitos, seja ele da rede municipal ou estadual, acima de tudo é um aluno da escola pública. Uniube 107 Para a efetivação dessa parceria, o Inspetor Escolar pode desenvolver as seguintes ações: • Visitar periodicamente Órgão Municipal, divulgando e orientando a implantação e implementação das Políticas Públicas educacionais do Sistema Estadual. • Viabilizar os princípios normativos, pedagógicos e administrativos para os responsáveis do órgão, pela organização nas escolas municipais. • Participar da Comissão Municipal do Cadastramento Escolar. Diante deste universo de ações e documentos importantes que compõem a rotina de orientações do Inspetor Escolar e a rotina de aplicação para as escolas, o novo Inspetor Escolar às vezes fica assustado e com muitas dúvidas. Para minimizar esta angústia, abordaremos na videoaula a seguir tais documentos esclarecendo a sua utilização. 108 Uniube Experiências exitosas4.11 Dicas de quem já fez com sucesso! Figura 1 Fonte: Acervo Depositphotos/EAD Uniube. Como você pode perceber as atribuições do Inspetor Escolar são muito vastas, perpassando pela organização dos órgãos e instituições educacionais em seus diferentes âmbitos administrativo, pedagógico e financeiro. Vamos apresentar uma experiência exitosa na área financeira, realizada por Inspetores Escolares do Estado de Minas Gerais da Superintendência Regional de Ensino de Uberaba/MG. A - Caixa Escolar: da escrita e da formação de seus órgãos ao uso dos recursos, um desafio a ser percorrido Após a realização de uma sindicância instaurada numa Escola Estadual constatou-se a necessidade de um acompanhamento sistemático das Caixas escolares das demais escolas estaduais da nossa circunscrição. Um grupo composto por três Inspetores Escolares desenvolveu a seguinte experiência que foi compartilhada com os demais Inspetores Escolares. O trabalho consistiu nos seguintes passos: Uniube 109 • Organização e estudos da legislação que amparam a atuação da caixa escolar na rede estadual. • Elaboração dos formulários a serem utilizados. • Capacitação dos demais Inspetores Escolares do Órgão Regional. • Organização dos Inspetores Escolares em duplas para a realização do trabalho. • Realização de visitas às escolas, onde foi aplicado o trabalho proposto. Após a realização do trabalho, cada dupla elaborou relatório circunstanciado da situação encontrada. Foi relatado pelos Inspetores Escolares que, durante a realização das ações, nas visitas in loco as lacunas encontradas foram sanadas com as orientações repassadas pelos Inspetores Escolares. Constatou-se que algumas situações específicas foram objeto de análise pelo setor financeiro da SRE de Uberaba, que de maneira particular atendeu os diretores das escolas sanando os problemas. FORMULÁRIO 01 Escola: __________________________________________________ Caixa Escolar: ______________________________________________ Diretor(a): _________________________________________________ ATB - Contábil: _____________________________________________ 110 Uniube Composição do Colegiado Vigência Composição do Conselho Fiscal Vigência Composição da Co- missão de Licitação- Vigência Inspetor(a) Escolar: _________________________________________ Data da verificação: ____________________ FORMULÁRIO 02 Escola: __________________________________________________ Caixa Escolar: ______________________________________________ Diretor(a): _________________________________________________ATB - Contábil : ____________________________________________ Uniube 111 FORMULÁRIO 03 Escola: ____________________________________________________ Caixa Escolar: _____________________________________________ Diretor(a): __________________________________________________ ATB- Contábil: _____________________________________________ http://www.sga.uniube.br/aulas/ftp/ebook/inspecao_escolar/tabela.pdf 112 Uniube Termo de Com- promisso nº e data do recebi- mento Plano de Trabalho/ Objeto Custeio ou Capital Existência do bem Lança- mento no Patrimônio da Escola Inspetor(a) Escolar: __________________________________________ Data da Verificação: _________________________________ FORMULÁRIO 04 Escola: ____________________________________________________ Caixa Escolar: ______________________________________________ Diretor(a): __________________________________________________ ATB- Contábil: _____________________________________________ Uniube 113 Termo de Compro- misso nº e data do re- cebimento Alimentação Escolar (30% da Agricultura Familiar) Re- serva de Valor/ Editais Alimentação Esco- lar Não Pere- cíveis Processos Licitatórios (crite- riosamente) Contratos de Forne- cimentos Entregas Responsá- vel pelos recebimen- tos de mer- cadorias Armaze- nagem Inspetor(a) Escolar: ________________________________________________________ Data da Verificação: _________________________________ Diante do contexto político e econômico do país, utilizar os recursos públicos fundamentais para a manutenção das escolas torna-se cada vez mais um grande desafio e uma responsabilidade enorme. Há uma vasta legislação federal e dos sistemas para o gasto dos recursos públicos que chegam até às escolas. A experiência apresentada foi elaborada por um grupo de inspetores escolares e já foi aplicada em escolas estaduais da Superintendência Regional de Ensino de Uberaba. Para abordar este assunto, convidamos a Analista Educacional e Coordenadora do Setor de Prestação de Contas, da Superintendência Regional de Ensino de Uberaba, a Sra. Gina Mara Stival Gigo, para nos falar sobre sua experiência. 114 Uniube Para enriquecer e viabilizar o trabalho do Inspetor Escolar, sugerimos o Caderno de Boas Práticas da Equipe Regional das SRE de Minas Gerais, no qual podemos pesquisar boas práticas e ações concretas para realizá-las. Esse documento contempla várias experiências exitosas para Analistas Educacionais e Inspetores Escolares na área pedagógica. Basta clicar no título para acessar o Caderno. Considerações finais4.12 Caro(a) aluno(a), chegamos ao final da quarta unidade e você pôde ampliar seus conhecimentos acerca da legislação básica da organização educacional brasileira e também das atribuições e do perfil profissional desejado para o Inspetor Escolar. Esperamos que você tenha aprendido bastante o que é o universo da Inspeção Escolar, bem como a importância e necessidade desta função. Conforme a ideia de Paulo Freire que nos diz “onde há homens e mulheres, há sempre o que ensinar e sempre o que aprender”, acreditamos tê-lo incentivado ainda mais a investir nos seus conhecimentos. Ingresse rapidamente na função de inspetor escolar e tenha muito sucesso. http://slideplayer.com.br/slide/49073/ http://slideplayer.com.br/slide/49073/ Uniube 115 Referências4.13 DICIONARIO Online de Português. Disponível em: . Acesso em: nov. 2017. FERREIRA, A. B. de H. Mini Aurélio: o minidicionário da língua portuguesa. 6. ed. Curitiba: Positivo, 2004. FEUMP. Tira dúvidas. Disponível: . Acesso em: 26 jul. 2016. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2002. JUCRIST. Regras para ata. Disponível em: . Acesso em: nov. 2017. LAROUSSE. Minidicionário da Língua Portuguesa. 3. ed. São Paulo: Larousse do Brasil, 2009. MATO GROSO. Secretaria de Estado de Educação. Legislação vigente. Disponível em: . Acesso em: nov. 2017. MINAS GERAIS. Conselho Estadual de Educação. Parecer nº 1.132/97. Disponível em: . Acesso em: nov. 2017. http://feump.prjn.com.br/paginas/tira_duvidas_atas.htm http://feump.prjn.com.br/paginas/tira_duvidas_atas.htm http://www.trabalhosfeitos.com/ensaios/Regras-Para-Ata/61180240.html http://www.trabalhosfeitos.com/ensaios/Regras-Para-Ata/61180240.html http://www.betim.mg.gov.br/ARQUIVOS_ANEXO/parecer_1132_97;07242613;20070227.pdf http://www.betim.mg.gov.br/ARQUIVOS_ANEXO/parecer_1132_97;07242613;20070227.pdf Pró- Reitoria de Pesquisa, Pós Graduação e Extensão PROPEPE71 3.18 Referências .......................................................................................................... 78 Capítulo 4 Práticas do serviço de inspeção escolar nas áreas: pedagógica, administrativa, financeira ......................... 81 4.1 Considerações iniciais ........................................................................................... 83 4.2 Termo visita ............................................................................................................ 83 4.3 Relatórios ............................................................................................................... 87 4.3.1 Relatório de verificação in loco .................................................................... 87 4.3.2 Relatórios diversos ....................................................................................... 90 4.4 Atas ........................................................................................................................ 92 4.4.1 Para a elaboração de uma ata sugerimos os seguintes passos: ............... 92 4.4.2 O que não deve ser feito na elaboração de atas ......................................... 96 4.5 Livro de matrículas ................................................................................................. 99 4.6 Livro de atas de resultados finais .......................................................................... 99 4.7 Termo de abertura e fechamento de livros .......................................................... 100 4.8 Dos recursos didáticos e pedagógicos da LDB .................................................. 101 4.9 As atividades do Inspetor Escolar frente à organização do início e término do ano letivo ........................................................................................................ 104 4.10 Atendimento aos órgãos municipais.................................................................. 106 4.11 Experiências exitosas ........................................................................................ 108 4.12 Considerações finais ......................................................................................... 114 4.13 Referências ........................................................................................................ 115 Prezado(a) aluno(a), O módulo Inspeção Escolar constitui-se de quatro capítulos e pretende contribuir para a sua formação para a habilitação em Inspeção Escolar, expandindo os seus conhecimentos acerca do arcabouço legal que perpassa pela organização dos Sistemas Educacionais. Almeja, ainda, apresentar o fazer deste profissional na sua prática cotidiana. Para tanto, iniciaremos com uma breve viagem histórica, elucidando o surgimento do cargo, bem como a sua finalidade nos diferentes tempos e contextos sociais, econômicos e políticos. Na primeira unidade, intitulada “O ontem e o hoje: os avanços da inspeção escolar”, versaremos sobre a trajetória do Serviço de Inspeção Escolar, demonstrando, de forma objetiva, a relevância e primordialidade deste serviço. Apresentação Figura 1 Fonte: Acervo Depositphotos/EAD Uniube. Conhecer a legislação é, então, um ato de cidadania e que não pode ficar restrito aos especialistas da área como juristas, bacharéis e advogados (CURY, 2000, p. 16). A segunda unidade, “O Arcabouço legal que fundamenta a organização básica das instituições escolares”, será estudada com o objetivo de conhecer os diferentes sistemas educacionais e como as suas instituições se organizam dentro dele, observando o amparo legal para o seu funcionamento e as normas hierárquicas. Vamos ainda estudar sobre o trabalho, as ações e as orientações do Inspetor Escolar nas instituições escolares. As diferentes instituições educacionais que compõem os sistemas de ensino não são isoladas uma das outras, elas dialogam entre si no ato da sua organização, e os objetivos de uma instituição estão entrelaçados a outra. A Inspeção Escolar deve possibilitar aos gestores, destas instituições as diretrizes e os documentos básicos fundamentados na legislação educacional. Assim, na terceira unidade abordaremos “A Inspeção Escolar e os documentos básicos que norteiam a organização da instituição escolar”. Tão importante como as demais, na quarta unidade, “Práticas do serviço de Inspeção Escolar”, apresentaremos a maneira prática de como desenvolver algumas atividades do inspetor escolar e práticas exitosas que contribuirão para o desempenho de suas atividades como Inspetor Escolar. Como você pode ver, este módulo será valioso para você, uma vez que estudaremos a ação da Inspeção Escolar e a organização dos Sistemas Educacionais fundamentadas não só no arcabouço legal, mas também no universo procedimental do trabalho. Um abraço e que, juntos, possamos alcançar nossos objetivos. Agradecimento Agradecemos a Gina Mara Stival Gigo, Analista Educacional e Coordenadora da Prestação de Contas da S.R.E de Uberaba. 1 O ontem e o hoje: os avanços da Inspeção Escolar Elaine Antunes Fidelis Maria Stela Alves Timoteo Uniube 3 Se o Conhecimento é relativo à história e à sociedade, ele não é neutro; todo conhecimento está úmido de situações histórico-sociais; não há Conhecimento absolutamente puro, sem nódoa. Todo Conhecimento está impregnado de história e sociedade, portanto, de mudança cultural. Mário Sérgio Cortella Inspeção Escolar – etimologia 1.1 Figura 1 Fonte: Acervo Depositphotos/ EAD Uniube. 1. Ato de olhar, vista. 2. Exame minucioso (para se conhecer qualidade ou estado); vistoria; exame. 3. Superintendência; inspetoria. 4. Tribunal, junta ou repartição pública, encarregada de fiscalizar, inspecionar ou dar parecer sobre certos assuntos. 5. Exame médico dos recrutas (DICIO, 2016). No âmbito educacional, Inspeção é o controle, por meio de vigilância, da verificação de funcionamento de todo o sistema escolar. Atribui-se como sinônimos da palavra inspeção: exame, controle, supervisão, inspetoria, observação, vistoria, revista, fiscalização, visita, examinação e inspecionamento. Após apresentar os significados da palavra inspeção, vamos entender como surgiu o inspetor escolar e sua trajetória na história educacional. A palavra Inspeção é um substantivo feminino, etimologicamente deriva do latim, inspectio, - onis, e quer dizer ação de olhar, exame, verificação, inspeção. O dicionário Aurélio define a palavra em cinco categorias: 4 Uniube Origem da Inspeção Escolar1.2 A Inspeção Escolar tem sua origem na idade média, mais especificamente no século XII, na baixa idade média, que se caracteriza pela crise no feudalismo e pela influência do Renascimento, o qual é responsável por um conjunto de transformações culturais, políticas, sociais e econômicas, ocorridas nos povos da Europa Ocidental. Figura 2 Fonte: KRIZ7 DAMIETTE.JPG (2008) Nessa época ocorreram eventos de grandes repercussões como a renovação da vida urbana, o movimento das cruzadas, a restauração do comércio e a emergência de um novo grupo social: os burgueses e, sobretudo, o renascimento cultural com um forte cunho científico, filosófico (RENASCIMENTO DO SÉCULO XII, 2017). Nesse cenário as cruzadas e os comerciantes possibilitaram um contato cultural com o mundo ocidental e árabe, por meio de um forte movimento de traduções de textos gregos, no qual os árabes haviam mantido contato com as obras clássicas gregas como os conceitos de Aristóteles e outros. Essa aproximação com as obras e com os árabes, que já se Uniube 5 encontravam bem avançados em termos intelectuais e científicos, abala os conceitos da soberania católica. As modificações introduzidas nas formas da vida religiosa, de forma a garantir a sua superioridade moral, também chamada de “reforma”, deram uma contribuição notável para o desenvolvimento e difusão do saber, que continuava confinado aos diversos círculos da vida clerical, apesar do aparecimento dos primeirosgrupos de letrados laicos, que cultivavam sobretudo a poesia nas cortes reais e senhoriais; a instituição escolar faz parte das necessidades e da estratégia de afirmação simbólica e religiosa da autoridade dos mosteiros e das canônicas claustrais recentemente fundadas em meio urbano. Por volta de 1150, são fundadas as primeiras universidades medievais – Bolonha (1088), Paris (1150) e Oxford (1167). Os períodos históricos da Inspeção Escolar1.3 Ao reconstituirmos a história da inspeção escolar, encontramos três períodos distintos: confessional, de transição e técnico-pedagógico. Vejamos um pouquinho sobre cada um deles. Período confessional • Até o séc. XII havia somente a escola paroquial, o serviço de Inspeção Escolar era realizado pelo bispo e, nessa época, havia o predomínio das concepções da igreja católica. Essa função foi institucionalizada com a expansão do número de escolas sendo atribuída ao mestre-escola ou escolástico, nomes com os quais os inspetores eram designados na época. Desenvolviam várias atividades, em nome do “bispo”, entre elas a elaboração dos planos de estudo. http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiageral/reforma-protestante.htm 6 Uniube Período de transição • Com o desenvolvimento da indústria e do comércio, a morosa ascensão da burguesia, o início da urbanização e o avanço das administrações municipais originam novas escolas. Neste período há o declínio da influência religiosa e o crescimento do poder civil. Com isso, no séc. XIII, as condições sociais vão se alterando. Em consequência dos movimentos científicos e filosóficos, a relação entre o clero e as municipalidades sofre mudanças. Com o fortalecimento das municipalidades, competências tais como dirigir o ensino, nomear e demitir professores deixam de ser da alçada do bispo e são transferidas para a responsabilidade das municipalidades. Inconformada, a Igreja solicita aos fiéis que assumam a fiscalização das escolas, pois isso acontecia antes da Reforma Protestante. Uma comissão escolar, na qual seus membros eram, na maioria, pessoas ligadas ao bispado, foi criada em 1521 pelo bispo de Estrasburgo, Guilherme de Honstein. O comando escolar passou a ser exercido por uma pessoa nomeada pela comissão, surgindo a figura do Inspetor Escolar público. Período técnico-pedagógico • Inspirado pelas ideias de Froebel, Rousseau, Pestalozzi e outros. Pestalozzi, posteriormente à Revolução Francesa, concebe uma proposta de plano escolar para todos. Neste período, a Inspeção Escolar incorpora uma postura fiscalizadora e centralizadora sob a responsabilidade do Estado. Na maioria dos países a função acaba sendo exercida por um funcionário público, que prioriza o administrativo. • Em 1922, Maria de Montessori foi nomeada Inspetora das Escolas Italianas. Uniube 7 Figura 3 Fonte: Acervo Depositphotos/EAD Uniube. Nesta viagem pelo tempo, é possível perceber que o Serviço de Inspeção Escolar surgiu para fiscalizar e controlar o que deveria e poderia ser ensinado. Em um olhar mais apurado, pode-se notar a forte relação entre poder e autoridade - seja ela da igreja ou do estado - e a importância do Inspetor Escolar para a manutenção da política vigente. Esse ideal de “olhar inspecionador” europeu permanece latente na contemporaneidade; atendendo às normas de suas mantenedoras, aos interesses políticos e a seu arcabouço legal. Vamos atravessar o Oceano Atlântico para compreendermos como, ao final do século XVI, este profissional atua na colônia recém-denominada Terra de Santa Cruz. A trajetória da Inspeção Escolar no Brasil1.4 Figura 4 Fonte: Acervo DepositPhotos/ EAD Uniube. No período de 1500 a 1822, o Brasil foi colônia de Portugal instalando aqui o regime colonial. Neste período, a educação, segundo Ghiraldelli (2006, p. 24), passa por três fases: a de predomínio dos jesuítas, a das reformas do Marquês de Pombal e a do período que D. João VI, então rei de Portugal, trouxe a Corte para o Brasil. 8 Uniube Educação Jesuíta: (1.500 - 1.759)1.4.1 No Brasil, com o fim do regime de capitanias hereditárias, por volta de 1549, com a chegada do primeiro governador geral Tomé de Sousa e dos jesuítas, chefiados por Manuel da Nóbrega, com a missão de catequizar os índios e conquistar adeptos ao catolicismo, é que a educação brasileira teve início. Logo após sua chegada, os jesuítas instalaram uma escola de primeiras letras transferida, em 1554, para o Planalto de Piratininga, na capitania de São Vicente. Em 1570, eram cinco escolas elementares e três colégios. Em cada convento, uma escola. Embora incipiente, essa rede escolar constituiu o nascedouro do sistema escolar brasileiro. Diante disso, a Inspeção Escolar apresenta-se com os objetivos cujo próprio nome já diz: “ação de olhar, vistoriar”. Ela surge no cenário brasileiro como forma de controle, para atender aos interesses da igreja. Considerado o primeiro manual de organização e administração escolar, o Ratío Studiorum - ordem dos estudos - um manual, composto de 30 regras, elaborado pelos Jesuítas, tinha como objetivo principal difundir a fé católica. Conforme o Plano Geral dos Jesuítas passou a vigorar em todos os colégios da Companhia de Jesus, a partir de 1599. Cabia ao Inspetor, denominado “Superiores da Ordem”, a fiscalização de seu cumprimento, de forma direta e indireta: direta pelas visitas realizadas, que verificavam in loco a administração, o planejamento e a execução das aulas. Indireta por relatórios encaminhados ao Superior da Companhia de Jesus pelos responsáveis pela escola, relatando todas as regularidades, irregularidades e medidas adotadas. Esse legado permanece como prática do serviço de Inspeção Escolar até os dias atuais; é o denominado Termo de Visitas do Inspetor Escolar, o qual detalharemos em uma próxima unidade. Aos jesuítas coube o monopólio do ensino público no país por cerca de duzentos anos, que ficou nas mãos da Companhia de Jesus até 1759. http://www.histedbr.fe.unicamp.br/navegando/glossario/verb_c_ratio_studiorum.htm https://pt.wikipedia.org/wiki/Companhia_de_Jesus Uniube 9 Saiba maiS Quando os primeiros jesuítas chegaram ao Brasil em 1549, chefiados pelo Padre Manoel da Nóbrega, eles cumpriam mandato do Rei de Portugal, D. João III, que formulara, nos “Regimentos”, aquilo que poderia ser considerado a nossa primeira política educacional? (SAVIANI, 1997, p. 4). Reforma do Marquês de Pombal (1759 - 1808 antes da chegada da Família Real no Brasil e 1808 - 1822 após a sua chegada) 1.4.2 As Reformas Pombalinas abarcaram os âmbitos econômico, administrativo e educacional, tanto em Portugal como nas suas colônias. É um importante marco na Historiografia da Educação Brasileira, no qual se deu a primeira reforma educacional no país. Saiba maiS Vamos entender um pouco mais? Figura 5 Fonte: LOUIS-MICHEL VAN LOO 003.JPG (2011) http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiadobrasil/reformas-pombalinas.htm 10 Uniube O maior motivo das Reformas Pombalinas era o de transformar Portugal numa metrópole capitalista, industrializada, a exemplo da Inglaterra, sob a influência do movimento iluminista. O Marquês de Pombal expulsa os jesuítas das colônias portuguesas, o qual atribui à Companhia de Jesus todos os males da Educação na metrópole e na colônia brasileira, bem como a decadência cultural e educacional dominante na sociedade portuguesa. Neste cenário, surge uma lacuna na educação brasileira e a necessidade da implantação de um novo modelo educacional no Brasil. Por intermédio do Alvará, de 28 de junho de 1759, foram implantadas as principais medidas educacionais pelo Marquês de Pombal, entre elas destaca-se: fim da organização da educação jesuítica e sua metodologia de ensino, tanto no Brasil quanto em Portugal; instituição de aulas de gramática latina, de grego e de retórica; introdução das aulas régias – aulas isoladas que substituíram o curso secundário de humanidadescriado pelos jesuítas; realização de concurso para escolha de professores para ministrarem as aulas régias; aprovação e instituição das aulas de comércio. Neste mesmo Alvará houve a criação do cargo de “diretor de estudos” – o qual pretendia ser um órgão administrativo de orientação e fiscalização do ensino, atribuindo-lhe as mesmas funções dos então extintos “superiores da Ordem”, porém servindo aos interesses do Estado Português. Com este profissional, o Estado português assume definitivamente o controle da educação colonial. A criação da figura do “Diretor Geral dos Estudos” deixa bem clara, no mesmo “Alvará”, Uniube 11 a intenção da Coroa de uniformizar a educação na Colônia e fiscalizar a ação dos professores e o cumprimento do material didático “recomendado”. Ao Diretor Geral dos Estudos era atribuída a fiscalização rigorosa das orientações emanadas da coroa portuguesa com o objetivo de implantação do novo sistema de ensino. Com isso, pretendia- se garantir a soberania do poder. A concepção da coroa era de que o desenvolvimento da economia portuguesa para a preservação e avivamento do seu regime absolutista estava ligado à modernização da sociedade e isso dependia de uma reforma educacional, uma vez que o sistema jesuítico de ensino, ora vigente, não atendia aos propósitos da coroa. Figura 6 Fonte: Debret-desembarque.jpg (2008) Em 1808, a Família Real desembarca no Brasil e, sem dúvida, a sua chegada impactou repercussões importantes no campo da educação e da cultura, além disso foi o rompimento com o programa escolástico e literário do período colonial. Foram criados cursos na Bahia e no Rio de Janeiro, considerados germes de inúmeras instituições educacionais para a educação superior. 12 Uniube Império – 1822 a 18891.4.3 O período do Império no Brasil inicia-se em sete de setembro de 1822, quando D. Pedro I declara a Independência do Brasil. Esse período é considerado o nascedouro da Inspeção Escolar no país. De 1822 a 1850, foram introduzidas algumas mudanças educacionais, porém, devido às diversidades brasileiras regionais, bem como a amplitude demográfica, esse período foi tumultuado e de qualidade educacional comprometedora. Vamos a uma breve retrospectiva desse período. Em 1823, na tentativa de se suprir a falta de professores, institui-se o Método Lancaster, ou método do ensino mútuo, no qual um aluno treinado (decurião) ensina um grupo de dez alunos (decúria) sob a rígida vigilância de um professor/ inspetor e esse fato justificava-se pela falta de professores. É o que conhecemos como monitoria. Figura 7 Fonte: Independência Brasil 001.jpg (2011) Após a proclamação da Independência, tendo em vista a necessidade da elaboração de uma Constituição, é instalada a Assembleia Constituinte e Legislativa. Na elaboração dessa nova Constituição, foi contemplada https://pt.wikipedia.org/wiki/Método_Lancaster Uniube 13 uma legislação específica para a instrução, visando à organização da educação nacional. Ela teve como referência a Constituição Francesa, de cunho liberal, e em 1824 é outorgada a primeira Constituição brasileira, que, em seu artigo 179, garantia “instrução primária e gratuita para todos os cidadãos”. Em decorrência, a Assembleia Legislativa aprovou a primeira lei sobre a instrução pública nacional do Império do Brasil, estabelecendo: “em todas as cidades, vilas e lugares populosos haverá escolas de primeiras letras que forem necessárias”. O Ensino no império foi estruturado em três níveis: Figura 8 O acesso previsto pela Constituição não aconteceu de forma satisfatória, atribuindo isso à expansão territorial brasileira. Argumentava-se que apesar dos esforços e gastos do Estado no estabelecimento e ampliação do ensino elementar, a responsabilidade pela precariedade do ensino elementar era das municipalidades pela ineficiente administração e fiscalização, bem como culpava os professores por desleixo e os alunos por vadiagem. 14 Uniube Saiba maiS Para conhecer na íntegra o Decreto n. 1331/1854, acesse o endereço: Primeira república – 1889 a 19301.4.4 Em 15 de novembro, de 1889, o General Deodoro da Fonseca proclamou a República. O período Brasil República entre 1889 a 1930 pode ser chamado como “Primeira República” ou “República Velha”, foi a era da política do “café com leite”. No campo educacional é criada a educação infantil para crianças de 4 a 7 anos, o ensino primário obrigatório e gratuito entre os 7 e os 10 anos, as escolas normais, destinadas à formação de professores. Nesta época, o diretor era recrutado entre os professores e o Inspetor entre os diretores, e a exigência da apresentação do diploma e do tempo de experiência no magistério, para acesso a cargos e funções, passou a ser tradição no ensino. Diante disso e da constatação, por uma parte da sociedade elitista, de que o ensino era um importante instrumento de progresso para o país, houve a necessidade da regulamentação da Inspeção Escolar. O Decreto n.1331 de 17 de fevereiro de 1854 dispunha sobre os regimentos internos para as escolas públicas e sobre uma Inspeção “forte e sistemática”, para todos os estabelecimentos tanto públicos quanto privados de instrução primária e secundária. http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1824-1899/decreto-1331-a-17-fevereiro-1854-590146-publicacaooriginal-115292-pe.html http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1824-1899/decreto-1331-a-17-fevereiro-1854-590146-publicacaooriginal-115292-pe.html http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1824-1899/decreto-1331-a-17-fevereiro-1854-590146-publicacaooriginal-115292-pe.html Uniube 15 Em 1892, publicou-se a lei n. 88, de 8 de dezembro de 1892, que foi regulamentada pelos Decretos n. 144-B, de 20 de dezembro de 1892, e 218, de 7 de novembro de 1893, que introduziram modificações na constituição do Conselho Superior e novas exigências para o preenchimento dos cargos de inspetores e, além disso, a função passa a ser remunerada. Em 1897, a Lei n. 520, de 26 de agosto de 1897, extingue as Inspetorias Distritais e o Conselho Superior e é criada uma Inspetoria Geral na capital. A inspeção geral, auxiliada por dez Inspetores Escolares, escolhidos entre os professores diplomados e com experiência docente, tinha como competência acompanhar a direção e inspeção do ensino. A verificação e a declaração da frequência dos professores das escolas municipais ficavam a cargo dos inspetores municipais, caracterizando uma postura administrativa. Segundo Ghiraldelli Junior (2006), durante a “Primeira República”, tivemos dois grandes movimentos: “o entusiasmo pela educação”, que solicitava abertura de escolas, e o “otimismo pedagógico”, que se preocupava com os métodos e conteúdos do ensino. Por volta de 1925, no final da “primeira República”, tentou-se, por meio da reforma Rocha Vaz, organizar um acordo quanto às competências da União e dos Estados, frente à promoção da educação primária e à eliminação dos exames preparatórios e parcelados. O que ressaltava de forma mais efervescente as obrigações do Inspetor Escolar e sua fidelidade ao sistema. 16 Uniube Era Vargas – 1930 a 19451.4.5 Como já fora citado anteriormente, a república é conhecida historicamente por dois momentos, o primeiro chamado por “primeira república” e o segundo por “Era Vargas”. Nessa, podemos identificar três períodos: • Governo provisório (1930 - 1934); • Após promulgação da Constituição (1934 - 1937); • Estado Novo Ditador (1937 - 1945). Figura 9 – Propaganda do Estado Novo, mostrando Getúlio Vargas ao lado de crianças, símbolos do futuro do Brasil. Fonte: Propaganda do Estado Novo (Brasil).jpg (2011). Um fato importante ocorrido durante o governo provisório foi a criação do Ministério da Educação e Saúde Pública. A educação é vista no mesmo patamar que os demais assuntosrelevantes do país. Ocorreu, ainda, a Uniube 17 criação do Conselho Nacional de Educação e a organização do ensino secundário e comercial, reformas propostas pelo então primeiro ministro Francisco Campos. Institucionalmente previa-se a criação de um sistema nacional de Inspeção Escolar por meio do Decreto n. 19.890, de 1931, que definia as atividades a serem exercidas e o perfil do profissional, Inspetor Escolar, ressaltando as ações de cunho administrativo e controle pedagógico. Em continuidade à política educacional de Francisco Campos, regulamentaram-se as ações da Inspeção Escolar e definiram- se as suas atribuições por meio do Decreto n. 21.241, de 1932. Também, nesse ano, foi divulgado o Manifesto dos Pioneiros, que define o papel do Estado perante a educação, sendo gratuita, obrigatória até os dezoito anos, laica e baseada na coeducação dos sexos. Saiba maiS Curiosidade: neste período histórico do “Estado Novo” foi criado o Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos- INEP, o Instituto Nacional do Livro, o Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI e o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - SENAC (CERVI, 2005). Posteriormente a 1932, houve um movimento em prol de novas eleições e de uma nova constituição, liderado pela elite insatisfeita com o governo provisório de Vargas. De novembro de 1933 a julho de 1934, o país viveu sob a égide da Assembleia Nacional Constituinte, encarregada de elaborar a nova Constituição Brasileira que iria substituir a Constituição de 1891, com o objetivo de melhorar as condições de vida da grande maioria dos brasileiros, criando leis sobre educação, trabalho, saúde e cultura. A nova Constituição foi promulgada em 1934, simbolizando uma nova fase do país, porém vigorou por pouco tempo, até o início do Estado Novo em novembro de 1937, e foi substituída pela Constituição de 1937. 18 Uniube Período Democrático – 1946 a 19641.4.6 Com o fim do Estado Novo, em 1946, o Brasil tem uma nova Carta Magna, inspirada na ideologia liberal-democrática. Ela resgata as ideias sobre educação da Constituição de 1934. Desencadeia o processo de discussão e elaboração daquela que se tornou a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação- LDB. A Inspeção é descentralizada e cada Estado passa a instituir suas inspetorias seccionais, tendo em vista a publicação da Portaria Ministerial n.134 e da Portaria n. 318, ambas de 1954, da Diretoria de Ensino Secundário. Em 20 de dezembro, de 1961, foi aprovada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação n. 4024. Ela frustrou as expectativas dos grupos mais progressistas, que esperavam um avanço na legislação educacional, no sentido de ampliar o atendimento das necessidades das classes populares. A Inspeção Escolar nessa LDB é tratada no título VIII - Da Orientação Educativa e da Inspeção, que, em seu artigo 65, estabelece que o Inspetor deve ser concursado com conhecimentos técnicos e pedagógicos demonstrados, de preferência, na função de magistério, na direção escolar ou mesmo de auxiliar de administração escolar (BRASIL, 1961). O cargo de inspetor passa a ser preenchido por concurso de provas e títulos entre os diretores efetivos dos grupos escolares oficiais, com um mínimo de cinco anos de efetivo exercício no cargo. O acesso é da direção à inspeção, em uma perspectiva administrativa. A inspeção se revelou crítica, desarticulada e incapaz de cumprir suas finalidades. O Estado, que antes inspecionava apenas o Ensino primário (Inspetor Regional de Ensino) e o Ensino Normal (Fiscal Permanente), teve sua responsabilidade aumentada com a inspeção das então escolas de nível médio e com a fiscalização dos estabelecimentos estaduais de ensino superior, mas padecia a inspeção da falta de definições que norteassem Uniube 19 sua função. Outro fator que agravava ainda mais a situação era a falta de profissionais devidamente preparados para o desempenho da função, pois o inspetor era um professor afastado da docência, que a título precário, sem direito à remuneração correspondente, exercia a função de fiscalizar os cumprimentos legais das instituições escolares. O trabalho dava-se, portanto, em caráter de improvisação. Período Militar – 1964 a 19841.4.7 Acesse o link a seguir e veja, pela ordem, os 5 presidentes do Brasil ao longo dos 21 anos de Ditadura Militar no Brasil. Todos eles oriundos das Forças Armadas. http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/ nao-informado/97117-ospresidentes-da-ditadura-militar.html Com o golpe em 31 de março de 1964, que depôs o Presidente João Goulart (Jango), a Ditadura Militar inicia um período de 21 anos de repressão. Houve severas modificações no país, inclusive com suspensão parcial dos direitos sociais, e a educação brasileira sofreu inúmeras alterações, um rigoroso controle foi exercido nos espaços escolares em relação até ao conteúdo lecionado pelas escolas e universidades. Nesse contexto desponta uma linha de gestão autoritária e domesticadora – a educação tecnicista – que adaptou o ensino ao sistema empresarial tecnocrata. A maioria das escolas estaduais, do pós-64, eram centros de formação profissional dos filhos da classe operária e trabalhavam na formação desses como instrumentos econômicos do país. Tornam-se, dessa maneira, estabelecimentos educacionais de 2ª classe que teriam de transmitir a “educação tecnicista” – tarefa que não exige conhecimento, apenas habilidades práticas e manuais. (PELLANDA, 1986). http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/nao-informado/97117-ospresidentes-da-ditadura-militar.html http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/nao-informado/97117-ospresidentes-da-ditadura-militar.html 20 Uniube Nesse cenário, a Inspeção Escolar atua de maneira temerosa, seguindo a linha do sistema. Estudantes se rebelaram e para controlá-los o governo edita, em 9 de novembro de 1964, a Lei Suplicy de Lacerda, que previa: Todas as entidades estudantis foram sujeitas ao controle do Estado, atendo a monitoração controladora com os Diretórios Acadêmicos e os Diretórios Centrais de Estudantes, nos estabelecimentos secundaristas como os grêmios livres substituídos pelos centros cívicos, sob o controle da diretoria dos colégios. (NAPOLITANO, 1998). Nesse contexto, são estabelecidas por meio do Parecer CFE n. 252 as normas de ofertas do curso de Pedagogia, que apontava o conjunto de habilitações possíveis, entre as quais estava incluída a habilitação em Inspeção Escolar. Reiterando o Parecer, em 1971, é aprovada a Lei n. 5692, que define a formação mínima para o exercício da Inspeção Escolar e também, em seu artigo 33, determina a criação em cada sistema de Ensino de um estatuto que estruture a carreira do magistério, incluindo o cargo de Inspeção Escolar (BRASIL, 1971). Na década de setenta, a ditadura militar alcançou seu auge e o governo implantou a operação Tarrafa nas universidades, com o objetivo de intimidar, prender e achar opositores ao regime, ocasionando o exílio ou clandestinidade a vários professores. No ensino básico, professores também sofreram as consequências. Competia aos Inspetores Escolares assistirem às aulas, verificarem os cadernos, no intuito de encontrarem os opositores. A Inspeção Escolar foi usada como uma estratégia responsável pela propagação e sustentação das ideias militares e ditatoriais. Apropriou- se da verificação das obrigações legais prescritas, das instituições e pessoas que as integram, assim como das restrições e proibições de ações, em uma postura tirânica e prejudicial, o que a fez ser temida e malquista dentro do espaço educacional. Uniube 21 Transição democrática 1984 aos dias atuais1.4.8 Figura 10 Fonte: Acervo Depositphotos/EAD Uniube. A partir de 1985, ficamos livres da Ditadura Militar, o país conquista uma nova Constituição, em 1988, que garante para todos os direitos sociais. A Educação foi contemplada com um capítuloespecífico, destinado a ela, e em outros títulos ela é assegurada como um direito social. A Constituição determinou ser dever da família, da sociedade e do estado assegurar à criança e ao adolescente o direito à Educação como uma prioridade em relação aos outros direitos, como nos diz Paulo Ghiraldelli Jr o não oferecimento do ensino obrigatório enseja para prefeitos e governadores a responsabilização, podendo até receberem sanções jurídicas. Entre as determinações incluídas na Constituição Federal de 1988, destaca-se a elaboração de um Plano Nacional de Educação – PNE, a realização de Avaliações Institucionais, o estabelecimento de Diretrizes Curriculares Nacionais que viabilizam a implantação de um currículo flexível, concedendo à Instituição educacional a elaboração de sua Proposta Político Pedagógica, o que reflete a postura dos agentes para uma gestão democrática definida na Constituição (BRASIL, 1988). Mas e o Inspetor Escolar que obedecia a padrões rígidos, incumbido de exercer o controle de forma rigorosa e pontual? 22 Uniube Qual a postura a ser adotada por esse profissional para atender aos princípios da organização democrática no país? De feitor, autoridade máxima da escola, à integrante da escola; da função impopular ao parceiro assessor, o Inspetor Escolar depara com essa situação. A participação e o diálogo são fundamentais para propiciar o desenvolvimento de ações para uma gestão democrática, não há democracia sem esses fundamentos. Com esse breve histórico foi possível constatar que o Serviço de Inspeção Escolar acontece durante muitos anos e que ele recebe influências do contexto econômico, político e social, mas também atua na sociedade com suas especificidades no desenvolvimento de suas funções. Na videoaula a seguir vamos apresentar um pouco sobre o histórico da Inspeção Escolar. Uniube 23 O serviço de Inspeção Escolar foi incorporado aos princípios da organização democrática do país, assumindo uma atuação, no cotidiano das escolas, que viesse ao encontro dessa política. Atualmente, o controle que era exercido pelo Inspetor Escolar de forma rígida e fiscalizadora passa a ser responsabilidade de todos os envolvidos no processo, em que o controle é exercido com a participação de toda a comunidade escolar. Das competências do Inspetor Escolar ainda são inerentes àquelas relativas ao acompanhamento do cumprimento das normas, ao assessoramento das escolas nas orientações do sistema e na divulgação e implementação das políticas públicas, ações consideradas de caráter fiscalizador. O processo de formação plena dos estudantes passa por uma prática educativa que se reveste de acentuado caráter pedagógico, solicitando ao Serviço de Inspeção Escolar competências para além do caráter fiscalizador, para um serviço onde o acompanhamento ao processo ensino-aprendizagem faz-se necessário, visando à melhoria da qualidade do ensino. No Brasil, a inspeção está estruturada como uma função integrante dos quadros da educação dos estados e lotada nos órgãos regionais de ensino, porém exerce suas atribuições nas escolas (AUGUSTO, 2010). A nomenclatura é bem diversa: Inspetor Escolar, Professor Técnico, Técnico em Educação, Assessor Educacional, Supervisor Educacional, entre outros, mas a nomenclatura Inspetor Escolar se faz presente em muitos estados, tais como Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo, Pernambuco. Ela também se faz presente em muitos países como França, Bélgica, Portugal, Espanha, Escócia, Inglaterra, além de outros. 24 Uniube O Inspetor Escolar é o elo entre o sistema e a comunidade escolar, atuando nas três redes de ensino: Estadual, Municipal e Privada e ainda, atua como representante do Estado ou do município com sistema próprio, é ele que vai assessorar e acompanhar o funcionamento das instituições educacionais, nos aspectos administrativos, financeiros e pedagógicos. Por ter contato permanente com as comunidades escolares, é visto como um agente sociopolítico capaz de possibilitar condições para a implementação das políticas de democratização da educação, que vislumbram o acesso de todas as camadas da sociedade às instituições de ensino. Segundo Medina (2005, p. 88): O inspetor deve ser capaz de encontrar nos dispositivos legais os caminhos mais apropriados e as alternativas possíveis para alcançar seus objetivos, garantindo assim a qualidade do ensino. Ele deve ter competência suficiente para melhorar as condições de trabalho dos educadores, tornando mais fértil e satisfatória a atuação desses profissionais. Clique no link a seguir e consulte a nova redação da LDB LDB Lei 9.394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional No âmbito da democracia, foi elaborada uma nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação, Lei n. 9394, homologada em 23 de dezembro de 1996. Nela foi contemplado o Inspetor Escolar como um profissional da Educação bem como a formação necessária para a sua atuação, conforme o artigo 64 que assim dispõe: http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/leis/L9394.htm Uniube 25 A formação de profissionais de educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional. (BRASIL, 1996). Saiba maiS Na Espanha, o Inspetor Escolar ocupou o lugar de “agente construtor” das práticas escolares, uma vez que o seu papel o colocava como elemento potencializador da ação educativa. Compreender o papel do inspetor escolar nesta trajetória histórica, delimitar seu perfil, suas atribuições e como ele precisa fazer são temas importantíssimos que vão nortear o seu fazer com mais segurança. Na videoaula a seguir, a Inspetora Elaine Fidélis, que atua há mais de 10 anos, vai abordar esses assuntos para você. 26 Uniube Considerações finais1.4.9 Até aqui... Nesta retrospectiva histórica caminhamos por diferentes cenários da educação brasileira, onde foi possível constatar a influência política no alinhamento educacional e a importância do Serviço de Inspeção Escolar como meio de viabilização da implementação e do controle das políticas públicas. Foi repassado um panorama geral das diversas atribuições e um perfil histórico deste profissional. No próximo capítulo veremos quais os instrumentos de trabalho que compõem suas atividades e salientaremos suas aplicabilidades. Até lá! Referências1.5 AGUSTO, M. H. Inspeção Escolar. Belo Horizonte: UFMG, 2010. Disponível em: . Acesso em: out. 2017. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília-DF: Senado, 1998. ______. Decreto-lei nº 5.692, de 11 de agosto de 1971. Fixa Diretrizes e Bases para o ensino de 1° e 2º graus, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 11 ago. 1971. ______. Decreto-lei nº 9394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 dez.1996. ______. Decreto-lei nº. 4.024, de 20 de dezembro de 1961. Fixa as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 27 dez.1961. Uniube 27 CERVI, R. M. Padrão estrutural do Sistema de Ensino no Brasil. Curitiba: Ibpex, 2005. CORTELLA, Mário Sérgio. A Escola e o Conhecimento: fundamentos epistemológicos e políticos. São Paulo: Cortez, 1998. DEBRET-DESEMBARQUE.JPG. 2008. Altura: 513 pixels. Largura: 700 pixels. 468 KB. Formato JPEG. Disponível em: . Acesso em: ago. 2017. DICIO. Disponível em: . Acesso em: 1 set. 2016. GHIRALDELLI JUNIOR, Paulo. História da Educação Brasileira. 2.ed. São Paulo: Cortez, 2006. INDEPENDENCIA BRASIL 001.JPG. 2011. Altura: 502 pixels. Largura: 800 pixels. 3.92 MB. FormatoJPEG. Disponível em: . Acesso em: ago. 2017. KRIZ7 DAMIETTE.JPG. 2008. Altura: 220 pixels. Largura: 409 pixels. 99 KB. Formato JPEG. Disponível em: . Acesso em: ago. 2017. LOUIS-MICHEL VAN LOO 003.JPG. 2011. Altura: 599 pixels. Largura: 784 pixels. 154 KB. Formato JPEG. Disponível em: . Acesso em: ago. 2017. MEDINA, Antônia da Silva. Supervisão Escolar: da educação exercida à ação repensada. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2005. NAPOLITANO, Marcos. O regime militar brasileiro: 1964-1985. São Paulo: Atual, 1998. PELLANDA, Nize M. Campos. Ideologia, Educação e Repressão no Brasil pós 64. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1986. PROPAGANDA DO ESTADO NOVO (BRASIL).JPG. 2011. Altura: 600. Largura:397. 75 KB. Formato JPEG. Disponível em: . Acesso em: ago. 2017. 28 Uniube RENASCIMENTO DO SÉCULO XII. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2017. Disponível em: . Acesso em: 1 set. 2017. SAVIANI, Dermerval. A Nova Lei da Educação: trajetória, limites e perspectiva. 2. ed. Campinas: Autores Associados, 1997. https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Renascimento_do_s%C3%A9culo_XII&oldid=49743568 https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Renascimento_do_s%C3%A9culo_XII&oldid=49743568 https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Renascimento_do_s%C3%A9culo_XII&oldid=49743568 2 O arcabouço legal que fundamenta a organização das instituições escolares Elaine Antunes Fidelis Maria Stela Alves Timoteo Uniube 31 Considerações iniciais2.1 Nesta unidade, iremos abordar o arcabouço legal que fundamenta a organização básica das instituições escolares, conhecer os diferentes sistemas educacionais e como suas instituições se organizam dentro dele, observando o amparo legal para o seu funcionamento e as normas hierárquicas. Vamos ainda estudar sobre o trabalho, as ações e as orientações do Inspetor Escolar nas instituições escolares. Desde quando o homem se submeteu a viver coletivamente, ele constatou a necessidade da prescrição de regras para o convívio harmônico. Com o avanço dos grupos sociais, as relações tornaram-se mais complexas, originando os entes federativos, necessitando da elaboração de normas formais. No Brasil, um país de regime democrático, é visível a atuação dos três poderes bem definidos e atuantes: o Poder Executivo, o Poder Legislativo e o Poder Judiciário. Figura 1 Fonte: Acervo DepositPhotos/EAD Uniube. 32 Uniube Poder Executivo: é o exercício do comando da nação dentro dos ordenamentos definidos pela Constituição Federal. Poder Judiciário: é dada a incumbência de aplicar a lei em casos concretos, para assegurar a justiça e a realização dos direitos individuais e coletivos no processo das relações sociais, além de zelar pelo respeito e cumprimento do ordenamento constitucional. Poder Legislativo: é atribuída a elaboração e a manutenção do sistema normativo, ou seja, o conjunto de leis que asseguram a soberania da justiça para todos - cidadãos, instituições públicas e empresas privadas. Conforme dispõe o artigo 5º da Constituição Federal, de 1988, Figura 2 Fonte: Acervo DepositPhotos/EAD Uniube Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: I. Homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição. (BRASIL, 1988). Uniube 33 Essa disposição Constitucional determina as condições de igualdade entre homens e mulheres na garantia de seus direitos, porém demarca a conduta das pessoas. Não basta ter a garantia dos direitos nas legislações, faz-se necessário inteirar-se delas, indo além, na sua compreensão e na exigência de seu cumprimento. Outro fator necessário é que cada cidadão atue como fiscalizador na utilização das leis e a partir daí aponte sugestões para a melhoria delas. Para a elaboração da legislação de um país democrático de direito, o Poder Legislativo observa o processo de atos, fatos e decisões políticas, econômicas e sociais para que o conjunto das leis elaboradas atenda aos seus fins, não lesando o direito individual e coletivo da sociedade. O conjunto de Leis que normaliza determinada área, habitualmente chamado de ordem jurídica, é denominado legislação. Na forma de organização do nosso país “regime democrático”, salientamos como norma soberana a Constituição Federal e dela emanam os demais atos normativos, entre eles leis, decretos, portarias e instruções normativas como ilustra a figura a seguir: Figura 3 Fonte: Acervo DepositPhotos/EAD Uniube. LEIS DECRETOS RESOLUÇÕES PORTARIAS 34 Uniube Como dissemos anteriormente, existe um conjunto de leis para as diferentes áreas nas quais o país está organizado. Vamos tratar aqui, de forma hierárquica, da legislação nacional na esfera federal, que organiza a área educacional, cerne do nosso estudo. A partir delas, cada sistema de ensino regulamenta as suas instituições observando as suas competências, conforme o que dispõe os § 1º, 2º e 3º do artigo 211 da Constituição Federal – CF e os artigos 10 e 11 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB. Informamos ainda que existem tratados internacionais dos quais o Brasil é país signatário e que também são respeitados pelo país ao elaborarem as legislações em nível federal. A Constituição Federativa do Brasil2.2 Outorgada em cinco de outubro de 1988, chamada de “Carta Magna”, com princípios democráticos, trazendo em seu bojo a educação como um dos direitos sociais, isto é, para todos os brasileiros, provocando várias ações e reformulação nas políticas públicas educacionais, ora vigentes. Trata-se da Lei máxima do país. Fixa normas de governo Determina os direitos e os deveres Concede competências Delimita a ação soberana e garante ao povo o âmbito da ordem Imprescindível ao desenvolvimento e à harmonia na sociedade Uniube 35 Para conhecermos a organização do sistema educacional, é essencial nos apropriarmos dos documentos fundamentais, entre eles a Constituição Federal e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. A educação é tratada na Constituição Federal em vários artigos: desde o direito à educação como dever do Estado e da família, promovida e incentivada pelo Estado com a colaboração da sociedade, passando pelos princípios que fundamentam a organização do ensino, a valorização dos profissionais, o gozo da autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial (BRASIL,1988). Destacamos o Art. 214 que estabelece a existência de um Plano Nacional de Educação, com o objetivo de articular o Sistema Nacional de Educação para assegurar a manutenção e o desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis, etapas e modalidades por meio de ações integradas dos poderes públicos das diferentes esferas federativas que conduzam a: I - erradicação do analfabetismo; II - universalização do atendimento escolar; III - melhoria da qualidade do ensino; IV - formação para o trabalho; V - promoção humanística, científica e tecnológica do país. (BRASIL,1988). 36 Uniube Saiba maiS Amplie seus conhecimentos sobre os dispositivos constitucionais referentes à educação, acessando o endereço: Figura 4 Fonte: Acervo DepositPhotos/EAD Uniube. A Lei de diretrizes e bases da educação2.3 No cenário em que se apresentava o Brasil, após o término da ditadura militar e com a luta da sociedade pela elaboração dos documentosde base, na organização do país, em especial na organização da educação, fundamentados nos anseios de democracia pela participação popular, fomentou-se uma sólida mobilização em prol da criação de uma nova Lei de Diretrizes e Bases. Em 20 de dezembro de 1996, quase dez anos após a promulgação da CF e fruto de inúmeros debates, realização de fóruns e discussões na Assembleia Constituinte, é aprovada a Lei 9394/96 que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, que serve de patamar para as decisões decorrentes (BRASIL, 1996). http://pactoensinomedio.mec.gov.br/images/pdf/constituicao_educacao.pdf http://pactoensinomedio.mec.gov.br/images/pdf/constituicao_educacao.pdf Uniube 37 Figura 5 Fonte: Acervo DepositPhotos/EAD Uniube. A estrutura educacional no país compreende a existência de diferentes órgãos em suas respectivas esferas. Inicialmente, temos os órgãos federais que simbolizam a União, são eles o Ministério da Educação – ME e o Conselho Nacional de Educação – CNE, que se organizam conforme figura 6. 38 Uniube Figura 6 Fonte: BRASIL (2017) A definição de diretrizes para a educação, a serem seguidas em todo o país, é de competência destes órgãos federais. Na pirâmide da organização estrutural estão as Secretarias Estaduais e Municipais de Educação e os Conselhos Estaduais e Municipais de Educação, conforme a especificidade de cada ente federado. As determinações e as decisões que direcionarão e estruturarão a educação nos estados e nos municípios devem observar o que foi emanado das instâncias federais e serão o corpo de legislação desses entes. As competências atribuídas a esses entes federados estão Uniube 39 determinadas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB n.9394/96, nos artigos 9º e 10. Figura 7 Fonte: Acervo DepositPhotos/EAD Uniube. Na estrutura dos órgãos federais a existência de um Conselho Nacional de Educação já era uma realidade, uma vez que, por meio da Lei 9131, de 1995, este já havia sido criado. Além disso, a LDB atual em seu artigo 9º determinou a existência de um Conselho Nacional de Educação com funções normativas e de supervisão e, ainda, delegou suas competências, aumentando as suas responsabilidades. Destacamos outra inovação da LDB que é a possibilidade da criação de sistemas pelos estados e municípios, com atribuições definidas, limitando a área de abrangência de cada ente federado, quanto aos níveis de atuação. Nessa perspectiva, a questão é a descentralização, com responsabilidades definidas. 40 Uniube A lei que permite aos municípios se organizarem em sistemas de ensino também lhes assegura o direito à opção de permanecerem vinculados aos respectivos sistemas estaduais. Com efeito da autonomia atribuída a cada ente federativo, a CF resguarda o princípio indissociável dos entes federativos e, também, o princípio do regime de colaboração entre os diferentes sistemas, como apresenta o Parecer CEE/MG n.500/1998. A Constituição Federal estabelece, como um de seus princípios fundamentais, a união indissolúvel dos entes federativos, da União, dos Estados e dos Municípios, pressupondo que todos gozarão de autonomia para o exercício de suas responsabilidades. A própria Constituição menciona as competências da União, dos Estados e dos Municípios em matéria de educação, recomendando articulação entre esses níveis e mencionando expressamente o regime de colaboração. (BRASIL, 1988). Conforme o citado Parecer CEE/MG n. 500/98, entende-se como regime de colaboração: Figura 8 Fonte: Acervo DepositPhotos/EAD Uniube. A forma de relacionamento entre sistemas de ensino como estratégia de organização da educação nacional. Portanto, ao lado da autonomia dos entes federados, por meio do regime de colaboração, é possível delimitar com clareza competências e coordenar ações para assegurar a participação de todos os níveis de governo. Uniube 41 O regime de colaboração dá-se por meio de parcerias em que a vontade política de colaborar se manifeste em deliberações compartilhadas e compromisso comum com a qualidade de ensino e com a universalização do acesso à educação fundamental, evitando-se a imposição de decisões e a simples transferência de encargos de uma instância da federação para outra. Por meio do regime de colaboração, as relações de subordinação e dependência, estabelecidas no marco de uma estrutura vertical e hierárquica, são substituídas por relações democráticas entre entes federados e autônomos. O regime de colaboração pressupõe: • negociação entre as partes, em pé de igualdade, em que cada uma delas exponha com clareza suas necessidades, suas propostas e as possibilidades de cumpri-las; • formalização decorrente da negociação de acordos ou contratos de parceria, devidamente registrados, nos termos legais; • deliberação clara da responsabilidade de cada parte envolvida. Fonte: BRASIL (1998) Conforme o parágrafo único, do artigo 11 da LDB, os municípios têm três opções em relação à organização e definição do seu sistema de ensino na educação básica, são elas: 42 Uniube Compor com o Estado um Sistema Único de Educação Básica: o sistema único abarca a adoção de normas educacionais comuns, podendo, inclusive, chegar à manutenção e administração compartilhada da rede pública de escolas, que deixariam de ser apenas estaduais ou municipais e passariam a ser escolas públicas, de responsabilidade simultânea do Estado e Município. Integrar-se ao Sistema Estadual de Ensino: nesta opção o município continuará a observar as normas estabelecidas pelos referidos Conselhos Estaduais de Educação e terá suas escolas credenciadas e supervisionadas e seus cursos autorizados, reconhecidos e avaliados pelo Sistema Estadual de Ensino. Construir seu próprio Sistema Municipal de Ensino: permite ao Município exercer de forma plena e com autonomia o direito de organizar e manter sua rede escolar segundo seus interesses e peculiaridades, para tanto ele precisa manifestar a opção. Na atual organização do sistema educacional brasileiro, destacamos dois níveis de educação, sendo o primeiro Educação Básica e o segundo a Educação Superior. A Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio compõem a Educação Básica, sendo a Educação Infantil e o Ensino Fundamental de responsabilidade do município e o Ensino Fundamental e Ensino Médio dos Estados e do Distrito Federal. A Educação Superior fica sob a responsabilidade da União. A assistência técnica e financeira para a viabilização do oferecimento da educação Uniube 43 básica é de responsabilidade do governo federal que exerce uma função redistributiva e supletiva. Ufa! Quantas informações importantes! Quão vasto é o arcabouço legal que fundamenta a organização das instituições educacionais. O Inspetor Escolar está o tempo todo assessorando, acompanhando e orientando o gestor para que ele possa tornar conhecimento de tudo isto e organizar da melhor forma a instituição. Para tratar deste desafio e traduzir em palavras o cotidiano de uma escola, acesse a videoaula a seguir. 44 Uniube Figura 9 Educação Básica Ensino Superior Níveis da Educação Ensino Fundamental Ensino Médio Educação Infantil O atendimento às crianças de zero a cinco anos acontece na Educação Infantil, podendo ser dividido de zero a três anos em creches e de quatro a cinco anos em pré-escolas. O Ensino Fundamental atende as crianças a partir dos seis anos, com duração mínima de nove anos, e o Ensino Médio, etapa final da Educação Básica, tem a duração de três anos (BRASIL, 2013). Para atender grupos diferenciados de estudantes a LDB prevê várias modalidades de ensino que significam variação da organização da educação regular. Conforme Parecer CEE/MG 1132/1997, as modalidades de ensino pressupõem formas de organização, calendários, currículos, carga horária e metodologias que se ajustem às características de cada grupo diferenciado de alunose aos objetivos de cada modalidade (BRASIL, 1997). Destacamos algumas modalidades da EDUCAÇÃO BÁSICA: Uniube 45 Educação de jovens e adultos Educação especial Educação indígena Educação do campo Educação profissional Outra determinação da LDB em seu Título IV – Da organização da Educação Nacional classifica as instituições de ensino em categorias administrativas, em seus artigos 19 e 20: Art. 19. As instituições de ensino dos diferentes níveis classificam-se nas seguintes categorias administrativas: I - públicas, assim entendidas as criadas ou incorporadas, mantidas e administradas pelo Poder Público; II - privadas, assim entendidas as mantidas e administradas por pessoas físicas ou jurídicas de direito privado (BRASIL, 1996). 46 Uniube Art. 20. As instituições privadas de ensino se enquadrarão nas seguintes categorias: I - particulares em sentido estrito, assim entendidas as que são instituídas e mantidas por uma ou mais pessoas físicas ou jurídicas de direito privado que não apresentem as características dos incisos abaixo; II - comunitárias, assim entendidas as que são instituídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas, inclusive cooperativas de professores e alunos que incluam na sua entidade mantenedora representantes da comunidade; III - confessionais, assim entendidas as que são instituídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas que atendem à orientação confessional e ideologia específica e ao disposto no inciso anterior; IV - filantrópicas, na forma da lei. (BRASIL, 1996). A LDB aborda vários tópicos para a organização da Educação Básica. Entre eles, destacamos: 1- Capítulo II – Seção I- da Educação Básica – Das Disposições Gerais- artigos 22 a 25 (BRASIL, 1996). Uniube 47 Figura 10 Agora há pouco, você leu sobre as modalidades da Educação Básica tratadas na LDB. Vamos saber um pouco mais sobre esse assunto na videoaula a seguir. autonomia na expedição de documentos 200 dias letivos 60% frequência no total C.H 75% frequência no total C.H Reclas- sificação Reclas- sificação 8.00 h. carga horária E.F./E.M C.H. de 4 a 7 para ED. Infantil Finalidades LDB 48 Uniube 2- Capítulo II – Seção I - da Educação Básica – Das Disposições Gerais- artigos 26 a 28 – Do Currículo: Composto de uma base nacional comum que contemple o estudo da Língua Portuguesa, da matemática, conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política, especialmente do Brasil, o ensino da arte, a educação física e o ensino de história do Brasil, levando em conta as diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro; a ser complementada em cada sistema de ensino por uma parte diversificada: a partir do sexto ano o ensino de pelo menos uma Língua Estrangeira Moderna. Para atender às suas competências e contribuir para as instituições educacionais com elaboração do currículo, o CNE definiu Diretrizes Curriculares Nacionais para todos os níveis e modalidades da Educação Básica (BRASIL, 1996). Uniube 49 3 - Capítulo II da Educação Básica – Seção II - artigos 29 a 36 – Da Organização da Educação Infantil, do Ensino Fundamental e do Ensino Médio: No rol destes artigos, a fim de dar o suporte para que os profissionais da escola elaborem sua Proposta Político Pedagógica, encontramos definidas as finalidades, as diretrizes, os objetivos, a forma de avaliação, a carga horária diária e anual, a idade para matrícula, os demais componentes curriculares, os temas transversais, as formas de progressão e organização dos anos de escolaridade (BRASIL, 1996). 4 - Capítulo II - Seções IV – A e V - artigos 36 - A a 38 Capítulo III - artigos 39 a 42 e 58 a 60 - Das Modalidades. As orientações para a organização da Educação Profissional Técnica de Nível Médio, da Educação de Jovens e Adultos, da Educação Profissional e da Educação Especial encontram-se dispostas nos referidos artigos (BRASIL, 1996). 5 - Título III - capítulo IV - artigos 43 a 57 Títulos - VI a IX – artigos 61 a 92 Agrupamos nos artigos citados acima diferentes assuntos, não menos relevantes, que são disposições a serem observadas pelos Sistemas, pelos profissionais da educação e pela comunidade escolar, são eles: Educação Superior; dos Profissionais da Educação; dos Recursos Financeiros; das Disposições Gerais e Transitórias (BRASIL, 1996). 50 Uniube peSquiSando na web Acesse o endereço a seguir para estudar a LDB na íntegra: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm O arcabouço legal a ser observado pelas diferentes instituições de cada Sistema na organização da Educação Básica é muito amplo, entretanto tratamos aqui dos ordenamentos considerados base nacional, CF e LDB. Vale ressaltar que os demais ordenamentos emanados do Conselho Nacional de Educação, Conselho Estadual de Educação, Conselhos Municipais de Educação, Secretarias Estaduais de Educação, Secretarias Municipais de Educação e Regimento Interno de cada instituição devem ser observados e cumpridos com fidedignidade. Você já deve ter percebido quão vasto é o universo que acopla os ordenamentos legais a serem conhecidos, estudados e compreendidos para a devida organização dos Sistemas Educacionais. importante Os Inspetores Escolares são os profissionais que fazem a conexão entre o arcabouço legal e as Políticas Públicas da Educação com os diferentes órgãos do Sistema. Além disso, trazem desde a menor unidade educacional, a escola, informações, sugestões e dados que serão referência para a reelaboração de novos ordenamentos legais e de Políticas Públicas. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm Uniube 51 Diante dessa imensidão, o que faz o Inspetor Escolar? Experimenta um movimento de comunicação bilateral entre as unidades centrais, regionais e escolares. No desempenho de suas atribuições e competências, o Inspetor Escolar exerce as funções de verificação, avaliação, monitoramento, orientação e registros de situações das instituições. Considerações finais2.4 Como podemos constatar o arcabouço legal que permeia a organização dos sistemas educacionais é muito amplo e para que ele esteja a serviço da garantia dos direitos e deveres nele contemplados o profissional da Inspeção Escolar precisa estar atento à sua compreensão, para utilizá-lo a serviço de seus fins. Na próxima unidade vamos abordar os documentos básicos que norteiam o trabalho do Inspetor Escolar. Continue ampliando seus conhecimentos, na próxima unidade, o foco está no fazer da Inspeção Escolar fundamentado nos documentos básicos que norteiam a organização da instituição escolar. Referências2.5 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília-DF: Senado, 1998. ______. Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais. Parecer nº 500/1998. Belo Horizonte-MG, 13 maio 1998. ______. Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais. Parecer nº 1132/97. Belo Horizonte-MG, 12 nov. 1997. 52 Uniube ______. Dúvidas mais frequentes sobre educação infantil. Disponível em: . Acesso em: 26 out. 2017. ______. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 20 dez. 1996. Disponível em: Acesso em: 22 jan. 2013. ______. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Parecer nº 5/97. Proposta de Regulamentação da Lei 9.394/96. Diário Oficial [da] União, Brasília-DF, 7 maio 1997. ______. Ministério da Educação. Estrutura Organizacional. Disponível em: . Acesso em: set. 2017. 3 A Inspeção Escolar e os documentos