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DOENÇAS CEREBROVASCULARES: EPIDEMIOLOGIA: Aumento da incidência devido ao envelhecimento da população. Mais comum em países de baixa e média renda. Segunda causa de morte em todo o mundo e terceira causa de incapacidade funcional. CONCEITOS: • Fenômenos obstrutivos → AVC isquêmico • Fenômenos hemorrágicos → AVC hemorrágico (hemorragias intraparenquimatosas) e hemorragia subaracnóidea (HSA). Acontecem pela rotura de microaneurismas cerebrais ou discrasias sanguíneas. FATORES DE RISCO: • Não modificáveis: Idade, sexo masculino, negros, hereditariedade • Modificáveis: tabagismo, etilismo, HAS, DM, dislipidemia, obesidade, sedentarismo, APÓS, migrânea com aura, anemia facilforme, Chagas, uso de ACO. ANATOMIA: Sistema carotídeo e vertebrobasilar ANTERIOR: • Artéria carótida comum que se bifurca em → interna esquerda e externa esquerda. • Tronco braquiocefálico se bifurca em → artéria subclávia direita → artéria carótida comum direita → interna e externa. POSTERIOR: • Artérias vertebrais direita e esquerda → ascendem até o crânio pelos forames transversos → se unem no forame magno → formam a artéria basilar → repousa no sulco basilar. POLÍGONO DE WILLIS: • Circulação intracraniana • Ramo mais calibroso → artéria cerebral média → irriga maior parte dos hemisférios cerebral e parênquima • Artéria coroidea anterior → irriga parte da cápsula interna (comprometimento motor) • Artéria cerebelar posteroinferior → BAICA causa a síndrome de wallen berg • Artéria cerebelar anteriorinferior → AICA LOCAIS DE ACOMETIMENTO DO AVC: • AVC NA ARTÉRIA CEREBRAL MÉDIA: Extensa área de isquemia → AVC maligno • Artéria cerebral posterior: Pode seguir e comprometer a região do tálamo → alterações sensitivas e visuais • Artéria coroidea anterior → comprometimento motor QUADRO CLÍNICO: • Agudo/ subagudo / intermitente (AIT) • Clínica é variável: vaso acometido, extensão da lesão, circulação colateral e neuroplasticidade o 75% circulação anterior o 25% circulação posterior Lesões de acordo com a área acometida: INFARTO LACUNAR: • AVC de ramos profundos → artérias lenticuloestriadas, ou seja, o território acometido é muito pequeno. • Etiologia: Destruição dos vasos de pequeno calibre pelo acúmulo de matéria hialina → lipo-hialinose, devido a: HAS, tabagismo, DM e enevelhecimento (> 60 anos). • Infartos pequenos • Clínica: síndromes puras → síndromes lacunares → sensitivas puras, motora pura ou unicamente disartria (síndrome da mão desajeitada) pois a área de isquemia é muito pequena. • Melhor prognóstico AVC DA ARTÉRIA CEREBRAL MÉDIA (ACM) ESQUERDA: Prova • Hemiparesia/ hemiplegia à direita. • Hipoestesia/ anestesia á direita • Afasia → motora, sensitiva, global • Hemianopsia homônima à direita → contralateral • Desvio conjugado de olhar para a esquerda → para o lado da lesão • Rebaixamento do nível de consciência • Prognóstico ruim → devido a maior extensão • AVC maligno → acometimento mais de 50% do território da artéria cerebral média ou 2/3. • Comprometimento da linguagem AVC DA ARTÉRIA CEREBRAL MÉDIA (ACM) DIREITA: • Hemiparesia/ hemiplegia à esquerda → contralateral. • Hipoestesia/ anestesia à esquerda. • Heminegligência à esquerda → paciente não responde a estímulos táteis/ visuais • Hemianopsia homônima à esquerda→ contralateral • Desvio conjugado de olhar para a direita→ para o lado da lesão (ipsilateral) • Rebaixamento do nível de consciência • Prognóstico ruim → devido a maior extensão AVC DA ARTÉRIA CEREBRAL ANTERIOR: • Manifestações mais discretas • Alteração motora → geralmente em MMII • Alteração na sensibilidade • Incontinência urinária e fecal • Mutismo e afasia (se lesão à esquerda) • Distúrbios neuropsicológicos → alterações comportamentais AVC DA ARTÉRIA CEREBRAL POSTERIOR (ACP): • Alterações do campo visual (90%) • Cefaleia • Alterações sensitivas → devido ao que pode haver o comprometimento talâmico • Hemiparesia (leve ou transitória) → no tálamo que é perto da cápsula interna AVC DO CEREBELO: • Fala escandida (disartria cerebelar) → fala arrastada • Vertigem • Nistagmo • Instabilidade postural • Ataxia apendicular ipsilateral • Ataxia axial • Hidrocefalia obstrutiva → comprimir o quarto ventrículo AVC DORSOLATERAL DO BULBO → SÍNDROME DE WALLENBERG • Circulação posterior • Artéria cerebelar inferior posterior (ACIP) → geralmente ocorre uma embolia • Vertigem, nistagmo, náusea, vômito • Tendência de queda no lado da lesão • Paresia ipsilateral do palato, faringe e laringe • Termoanestesia ipsilateral na face → sensibilidade • Termoanestesia do hemicorpo contralateral • Síndrome de Horner → pode acontecer • Ataxia e hipotonia ipsilateral AVC ISQUÊMICO AGUDO: O QUE É: É definido com um bloqueio do fluxo sanguíneo podendo ser causado por um coágulo → levando a formação de um tecido infartado, uma penumbra no encéfalo (recuperada por reperfusão tecidual). Ou seja, uma artéria cerebral que está sendo obstruída por um coágulo. ETIOLOGIA: Contraceptivos orais, alteração sanguínea (anemia falciforme, Policitemia, síndrome antifosfolípide...), vasculite, infecciosa (herpes simples, meningite, sífilis), fibrilação atrial, dissecação arterial, enxaqueca ou drogas → causa de espasmo de artéria estreitando elas. - Causas mais comuns: AVC criptogênico (sem causa clara), embólico (formação de coágulos sanguíneos cardíacos → FA, doença cardíaca reumática, ataque cardíaco, endocardite, mixoma atril...), infarto lacunar (pequenos fragmentos gordurosos que foram depositados na artéria) e arterosclerose de grandes vaso (placas arteroscleróticas), - Causas modificáveis: FA, dislipidemia, DAC, HAS, DM, tabagismo, obesidade, sedentarismo, depressão, uso de cocaína, C.O... FISIOLOGIA: • Obstrução de uma artéria → leva sangue para o cérebro → um ramo das artérias carótidas internas → células privadas de sangue → morrem em torno de 4,5 h (delta T). O sangue vai para o cérebro por meio de dois pares arteriais: • Artérias carótidas internas: sangue do coração → frente do pescoço • Artérias vertebrais: sangue do coração → trás do pescoço • Artérias vertebrais → artéria basilar no crânio (posterior). Artérias carótidas internas + basilar se ramificam em artérias cerebrais (polígono de Wills → liga artérias vertebrais e carótidas), levando todo sangue ao cérebro. • Artérias colaterais: podem oferecer proteção contra acidentes vasculares cerebrais → por isso a diferença de gravidade do AVC em cada paciente. Ou pode ocorrer o surgimento de novas artérias evitando um segundo AVC. TEMPO É CERÉBRO!! AVALIAÇÃO CLÍNICA INICIAL: • ANAMNESE: Quando foi o último momento em que o paciente estava assintomático. Nos casos em que o doente desperta pela manhã com déficits (wake-up stroke), é importante não apenas questionar quando ele adormeceu, mas também se ele teve despertares durante a noite. Os acidentes vasculares cerebrais causados por um êmbolo ocorrem frequentemente durante o dia, e a cefaleia pode ser o primeiro sintoma. Os acidentes vasculares cerebrais causados por um coágulo de sangue em uma artéria estreitada ocorrem com frequência à noite e são observados primeiramente quando a pessoa acorda. • ESCALA NIHSS: Vai de 0 a 42 pontos. Trombólise química: Maior ou igual a 6. Escala de Glasgow (consciência), analisa a força de membro → define a terapia do paciente na qual temos que saber a quanto tempo o paciente está com o déficit → delta T (coeficiente do início dos sintomas indicativo para terapias) → trombólise (TEV) → menos de 4 horas e meia dos sintomas. • Exames Laboratoriais (lipidograma, glicemia em jejum e glicada → hipoglicemia entra como diagnóstico diferencial, TSH, creatinina, AST/ALT, biomarcadores cardíacos → troponina, CPK, CK- MB massa; hemograma completo)• Fatores de coagulação PRÉ- REQUISITOS PARA TROMBÓLISE: Com alteplase • Não há limite superior de idade SUSPEITA CLÍNICA DE AVC → Realizar TC de crânio e AngioTC de vasos cervicais e intracranianos. ACHADOS DA TOMOGRAFIA DE CRÂNIO SEM CONTRASTE: • Sinal de artéria cerebral média hiperdensa • Apagamento de sulcos e fissuras • Perda da diferenciação das substâncias brancas e cinzentas PÓS TROMBÓLISE: • Monitorização contínua • Atentar para suspeita de transformação hemorrágica • Não utilizar antiagregantes/ anticoagulantes em 24h • Iniciar profilaxia TEP e TVP após 24 hras • Não realizar acesso venoso profundo, punção arterial e SNE por 24 hras • Repetir TC em 24 hras s enão tiver sintomas se não pode realizar antes TRATAMENTO ENDOVASCULAR: Indicações de trombectomia mecânica • Um tratamento não exclui o outro, pode fazer a trombólise química, mas também a trombectomia mecânica se necessário. • LVO: Oclusão de grande vaso CONTRAINDICAÇÕES TROMBÓLISE: - TC de crânio sem contraste → se o paciente está com hemorragia ou não. Ou realiza-se RM encefálica. - Outros exames importantes que devem ser realizados o quanto antes, mas que não devem atrasar a infusão de trombolíticos, são: troponina (CR I; NE C-LD), eletrocardiograma (CR I; NE B-NR), hemograma, ureia e creatinina, eletrólitos e radiografia simples de tórax (CR IIb, NE B-NR) - TC normalmente vem normal, começa a aparecer normalmente com 48 horas. TRATAMENTO PARA PACIENTES NÃO INDICADOS PARA TROMBÓLISE: • Reduzir a PA se > 220 mmHg X 120 mmHg • Reduzir a PA em emergências hipertensivas → fase aguda • SatO2 > 94% • Controle glicêmico • Antiagregante plaquetário • Medicação: Estatina (atorvastatina), olhar fatores de risco do paciente, clopridogrel e AS e medidas intensivas. Aspirina em baixa dose com dipiridamol. • Anticoagulante → varvafarina. Quando as pessoas estão tomando varfarina, exames de sangue são feitos regularmente para medir quanto tempo leva para o sangue coagular. EXAMES PARA IDENTIFICAR A ETIOLOGIA: • ECG → Fibrilação atrial • Ecocardiograma → coágulo sanguíneo, bombeamento (ejeção), valvulopatia • Testes rápidos → sífilis • Labs → análise sanguíneo • Triagem de urina → drogas como cocaína e anfetaminas Na investigação etiológica temos que especificar qual foi a conclusão da etiologia e como acometeu o vaso: • FOP: Forame oval • CIA: Comunicação interatrial PROFILAXIA DO AVCi - A profilaxia depende da etiologia: • Estenose arterial intracraniana → dupla antiagregação → AAS + clopidogrel + estatina por 3 meses. Após 3 meses suspende clopidogrel e deixa apenas AAS + estatina. • Estenose arterial extracraniana (art. Vertebrais) → AAS + estatina (temp indeterminado). • Estenose arterial extracraniana (art. Carotídeas) → AAS + estatina. Oclusão maior que 70% e sintomático → tto cirúrgico → angioplastia ou endarterctomia da carótida • Cardioembólico → principal causa é a FA → tratar doença cardíaca + anticoagulação (marevan) • AIT ou AVC lacunar → AAS + clopidogrel por 3 semanas. Em seguida, AAS + estatina por tempo indeterminado AVC ISQUÊMICO TRANSITÓRIO (AIT): DEFINIÇÃO: É um episódio transitório de disfunção neurológica. RM sem lesão tecidual → AIT. Sintomas persistem em menos de 24 hras (tipicamente menos de 1 hra). - Com lesão tecidual → AVC. AVALIAÇÃO CLÍNICA: • Classificar pela escala: ABCD2 INTERNAÇÃO: • Valor maior ou igual a 3 • 0-2 com alta suspeita de AIT • Quando paciente não tem condições de fazer acompanhamento ambulatorial. AVC HEMORRÁGICO: HEMORRAGIA INTRAPARENQUIMATOSA: Fatores de risco: • HAS (principal fator de risco) • Idade > 50 anos • Doença renal crônica • Angiopatia amiloide → causa comum de hemorragia cortical lobar (principalmente em idosos) • Malformação arteriovenosa • Alcoolismo • Vasculite • Endocardite • Uso de drogas ilícitas → principalmente cocaína • Uso de anticoagulantes → maior risco de sangramento BAIXO RISCO: 0-3 pontos MÉDIO RISCO: 4-5 pontos ALTO RISCO: 6-7 pontos CLÍNICA: • Cefaleia, náuseas, vômitos, hipertensão e déficit neurológico. LOCALIZAÇÃO: • Putâmen → 40% dos casos (mais comum) • Lobar → angiopatia amiloide • Talâmica • Cerebelar • Pontina CONDUTA: • Internação hospitalar → obrigatório • TC de crânio → sempre realizar • Controle pressórico → manter PAS 140-160 mmHg para perfusão cerebral • Investigação da etiologia • Avaliar conduta cirúrgica → hemorragia extensa e comprimindo outras estruturas • Considerar profilaxia para crise convulsiva → se o pcte apresenta o primeiro episódio (antiepilético) • Prevenção e tto de complicações (ex: hidrocefalia devido a compressão do 4 ventrículo) HEMORRAGIA SUBARACNOIDE: • HSA aneurismática → 85% dos casos → ocorre a rotura de aneurisma • Alta taxa de mortalidade • Mais comum em mulheres de 40-59 anos • Cefaleia em trovoada → cefaleia súbita, pico máx da dor em até um minuto, pior cefaleia da vida. • Sinais neurológicos → rebaixamento do nível de consciência • Pode apresentar também vômitos, vertigens e crises convulsivas AVALIAÇÃO: • Primeiro passo quando chega pcte em cefaleia em trovoada → realizar TC de crânio SEM CONTRASTE → sensibilidade alta • TC de crânio normal, mas alta suspeita de rotura aneurismática → coletar líquor (LCR) • PADRÃO OURO: TC de crânio sem contraste + coleta de líquor → se TC normal (LCR) TOPOGRAFIA: • Local mais comum de HSA aneurismática → Artéria comunicante anterior → aquela que fecha o polígono de Wills (40%); bifurcação da artéria cerebral média (20%). EXAMES COMPLEMENTARES: • AngioTC • Arteriografia cerebral TRATAMENTO: • Cirúrgico/ endovascular CHECKLIST AVCi: 1. Abordagem terapêutico da doença encefalovascular isquêmica => checklist de primeira hora: ▪ Ativar sistema de código de AVCi (se disponível); ▪ Avaliar sinais vitais; ▪ Proceder a oxigênio suplementar para manter a saturação > 94%; ▪ Determinar o tempo de início dos sintomas; ▪ Definir pontuação NIHSS; ▪ Realizar tomografia ou outro estudo de imagem vascular; ▪ Cálculo do ASPECTS: Escore para graduar regiões de hipodensidade definida na TC de crânio, em casos de AVC isquêmico glicemia capilar, hemograma completo com plaquetas, PT/INR, PTT, beta-HCG para mulheres em idade fértil; ▪ Realizar ECG. 2. Suporte clínico: ▪ Trombolítico (se elegível) e cuidados pós-trombólise; ▪ Antiagregação e anticoagulação; ▪ Controle pressórico; ▪ Conduta após fase aguda (> 72 horas); ▪ Evitar fatores que piorem a isquemia: assistência ventilatória, controle glicêmico, hidratação. EVENTO DE INÍCIO HÁ 5 HORAS E 30 MINUTOS => os pacientes dentro de 4,5-6 horas após o início dos sintomas do AVC não devem receber alteplase intravenosa porque os danos podem exceder o benefício, mas devem ser avaliados para determinar se são candidatos à trombectomia mecânica.