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BASES BÍBLICAS 
E WESLEYANAS 
DA ADORAÇÃO 
Programa de Formação Ministerial/Teologia 
Por 
Elizeu Gomes 
 
BASES BÍBLICAS 
E WESLEYANAS 
DA ADORAÇÃO 
Programa de Formação Ministerial/Teologia 
 
STNB 
 
 
PALAVRAS DE BOAS-VINDAS 
 
Olá caro(a) estudante! Você está iniciando uma disciplina que faz parte do eixo 
teológico que o STNB oferece no seu Programa de Formação Ministerial/Teologia. Os 
conteúdos oferecidos nessa apostila apresentam uma linguagem dialógico-reflexiva e 
encontram-se integrados à proposta pedagógica do STNB, contribuindo no processo 
educacional, complementando sua formação acadêmica, desenvolvendo competências e 
habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri- lo(a) 
mais adequadamente no ambiente de serviço cristão (Aplicação das 4C’s). 
Este material tem como principal objetivo viabilizar o desenvolvimento da autonomia 
em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pessoal e ministerial. Portanto, 
utilize os diversos recursos que a Modalidade lhe possibilita acessando regularmente o 
ambiente virtual de aprendizagem Moodle, assista as vídeo-aulas, participe das aulas 
presenciais, contribua com as suas opiniões nas discussões e realize as tarefas propostas 
semanalmente. 
Além disso, lembre-se que existe uma equipe de facilitadores que se encontra disponível 
para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe 
trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica. 
 
 
 
 
 
Dr. Carlos Abejer 
Reitor do STNB 
BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 4 
 
 
SUMÁRIO 
UNIDADE I ______________________________________________________________ 5 
Fundamentos bíblicos da adoração _____________________________________________ 5 
A música _________________________________________________________________ 6 
Mas então por que o termo música não aparece na bíblia? __________________________ 7 
Os diferentes períodos da música ______________________________________________ 8 
O que é adoração?__________________________________________________________ 9 
Adoração como sentido de vida plena _________________________________________ 10 
As dimensões da adoração __________________________________________________ 11 
Princípios de adoração no Antigo Testamento ___________________________________ 13 
UNIDADE II ____________________________________________________________ 19 
Fundamentos teológicos da adoração __________________________________________ 19 
A adoração significativa: uma chamada à adoração _______________________________ 20 
Herança hinologica wesleyana da adoração _____________________________________ 23 
A cultura e suas formas de expressão na adoração ________________________________ 28 
Referências ______________________________________________________________ 31 
UNIDADE III ____________________________________________________________ 32 
A influência da cultura pós-moderna na adoração ________________________________ 32 
Adoração e Culto na América Latina __________________________________________ 43 
As Mutações culturais da música na América Latina______________________________ 45 
A América Latina e sua multiforme praxis na adoração ___________________________ 48 
Referências ______________________________________________________________ 50 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
UNIDADE I 
Fundamentos bíblicos da adoração 
BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 6 
 
Esta disciplina trata sobre a verdadeira adoração à Deus, 
portanto ela é respaldada pela teologia bíblica, contextualizada pela 
história e inserida na cultura. A ênfase desta matéria é a proposta 
wesleyana de adoração, e sua historicidade e espiritualidade é a 
resposta à conduta devocional e congregacional dos crentes. 
Estudaremos alguns termos como básicos, e nos deteremos nos 
conceitos e significados deles. A etimologia da palavra vai nos 
conduzir à uma compreensão exaustiva por uma necessidade lógica. 
Entender estes termos básicos bíblicos será fundamental no 
raciocínio da disciplina, uma vez que o raciocínio e constituído dos 
próprios elementos da realidade física que se apresenta e com os 
significados guardados na memória, eles são reproduzidos a um nível 
excelente de contextualidade dos conceitos. 
Analisar os conceitos e significados nos leva à uma percepção 
limpa, pois ela é a conexão lógica dos termos. Tudo isto para ficar o 
mais perto do raciocínio e longe do imaginário. Quando não há 
transferência do conceito para o significado corre-se um risco. 
Quanto mais transformação há dos elementos presentes, maior o 
perigo do erro, que depois gera dúvida atingindo a incerteza. 
A relevância deste estudo sério vai nos proteger do atomismo 
onde a indiferença é originada pela impossibilidade de atingir a 
compreensão verdadeira. 
O maior risco que um ensino corre em não definir de forma 
ortodoxa um termo, pode levar o aluno à uma má formação do 
conceito e isto pode causar uma acatalepsia, gerando uma disposição 
de renunciar à procura da solução do problema. 
O conceito é amplo, embora não profundo. Já o significado é 
estrito, porém profundo. Os conceitos constroem a base para o 
significado. Assim, entender as bases bíblicas, teológicas, culturais da 
adoração, e neste caso sob uma perspectiva wesleyana, evitara até 
mesmo um diaforismo e nos dará ferramentas para servir ao Reino de 
Deus e a igreja local com mais excelência. 
 
A música 
O título desta parte é FUNDAMENTOS BÍLICOS DA 
ADORAÇÃO, antes, porém, de entrar nestes termos, estudaremos a 
questão da música, porque mesmo sendo ela o assunto nuclear da 
disciplina, pelo fato de tratar-se de adoração, o termo “MÚSICA” não 
aparece na bíblia. Ou seja, a musicalidade é o veículo principal para 
desenvolver esta prática, quer seja no antigo Israel ou na igreja cristão, 
no entanto, o termo jamais fora usado nos textos sagrados. 
Apesar de que, adorar a Deus, implica além de música, pois a 
adoração está também no testemunho cristão, na pureza de coração, no 
bom caráter, na espiritualidade. Sendo assim, a adoração é um estilo 
de vida, cuja presença da música é marcante, mas que reflete em nossa 
vida espiritual, cultural, social e ministerial. 
Os termos bíblicos originais aparecem no AT e no NT, como 
“Adorar”, “Bendizer”, “Enaltecer”, “Louvar”, “júbilo”, “Expressão de 
alegria”, “gratidão”, “Ações de graça”, nunca “música”. 
 
BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 7 
 
Note que a origem da terminologia “Música” é grega, porém, sua 
existência remonta aos tempos antes da criação da terra. Segundo o que 
relata o livro de Jó, Deus pergunta a Jó: 
“...Onde estavas tu, quando eu fundava a terra? Faze-mo saber, se tens 
inteligência. Quem lhe pôs as medidas, se é que o sabes? Ou quem estendeu 
sobre ela o cordel? Sobre que estão fundadas as suas bases, ou quem assentou 
a sua pedra de esquina, Quando as estrelas da alva juntas alegremente 
cantavam, e todos os filhos de Deus jubilavam? (Jó 38:4- 7) 
Portanto, a música aparece na parte final do texto quando Deus 
conta a alegria das estrelas no canto e os filhos de Deus no júbilo. Saber 
quem eram as estrelas e quem são os filhos de Deus, não é objeto desta 
matéria, e sim, identificar a presença musical na pré-história 
(antiguidade). 
 
Mas então por que o termo música não aparece na bíblia? 
Perceba que a palavra “música”, em si, tem origem na expressão 
grega musiké téchne, que significa a arte das musas. A lenda grega 
conta que as moças vinham entreter os deuses do olimpo, elas vinham 
“mousicar”. 
A base da terminologia música está intrinsicamente ligada a 
mitologia grega, portanto, politeísta e nada disso se conecta à santidade 
de Deus e ao monoteísmo tanto hebraico, quanto cristão. 
Veja bem, na mitologia grega, cada evento ou acontecimento é 
comumente ligado às entidades divinas. Assim, tudo era personificado, 
desde uma simples brisa até uma tempestade de raios, tudo era 
responsabilidade dessas entidades.para Celebrar. Editeo. São 
Paulo.2008. p 70 
[2] - Cf. Anuário Litúrgico 2007]. 
[3] - HILDEBRANDT, Franz & BECKERLEGGE, Oliver A. 
(editores). Collection of Hymns for the Use of the People Called 
Methodists, Nashville, TN: Abingdon Press, 1983. (The Works of John 
Wesley, Vol. VII). 
[4] - HEITZENRATER, Richard P. Wesley e o Povo Chamado 
Metodista. São Bernardo do Campo & São Paulo: Editeo & Editora 
Cedro, 2006 (2ª edição). 
[4] - SOUZA, José Carlos. (c.f. - BARBIERI, Sante Uberto. Estranha 
Estirpe de Audazes. São Bernardo do Campo, Imprensa Metodist 
[5] - LOFTHOUSE, W. H. “Charles Wesley”. In: DAVIES, Rupert & 
RUPP, Gordon. A History of the Methodist Church in Great Britain. 
London: Epworth Press, 1965, p. 113-144a, s/d). 
[6] - [Fonte: RACK, Henry D. Reasonable Enthusiast: John Wesley 
and the Rise of Methodism. London: Epworth Press, 
2002.TABRAHAM, Barrie. The Making of Methodism. London: 
Epworth, 1995. 
[7] - (Obras de Wesley editadas por Jackson sob o número 129 (cf. cd-
rom publicado pela Editeo). 
[8] - RACK, Henry D. Reasonable Enthusiast: John Wesley and the 
Rise of Methodism. London: Epworth Press, 2002.TABRAHAM, 
Barrie. The Making of Methodism. London: Epworth, 1995.] 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE III 
A influência da cultura pós-moderna na 
adoração 
BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 33 
 
Na adoração está a nossa declaração de fé. A influência pós-
moderna na adoração bíblica promove a perda da verdade. A força da 
inserção cultural pode fatalmente operar mudança de valores. 
A centralidade bíblica de Deus na adoração mantém o valor da 
intenção hinológica. 
A influência cultural pós-moderna hoje, tem listado para tirar a 
essência da verdade, o problema é que na ausência da verdade, ou na 
falta do absoluto, qualquer coisa é bem-vinda ou aceita, sem 
problemas. Vemos que o que era de valor antes, agora perdeu-se pelas 
concessões de ideias anticristãs. 
Em Efésios 1:3-6 Paulo mostra a centralidade da proposta de 
adoração: “Bendito Deus e pai de nosso SENHOR Jesus que nos tem 
abençoado com toda sorte de benção espiritual nas regiões celestiais 
em Cristo”. Primariamente, a intenção da adoração é louvar a Deus. 
Vemos então o padrão bíblico para a racionalidade da adoração 
O problema é que a influência pós-moderna desafia os valores 
que construíram o direcionamento de adoração e, por isso, o alvo da 
adoração foi disperso, a centralidade de Deus removida, o uso 
frequente da adoração para promover a PNL (Programação Neuro 
linguística, onde a meta consiste em uma maneira de estudar os 
processos e organizações mentais para entender os comportamentos, 
mindset e ações individuais. Segundo a PNL, a mente recebe 
informações, filtra-as, depois as organiza e faz com que a pessoa 
responda aos estímulos externos, também temas políticos, “recados 
ofensivos”, satisfação pessoal, bem-estar romântico etc. 
Vamos definir a questão da pós-modernidade: O pós-
modernismo é um amplo movimento que se desenvolveu em meados 
do século XX através da filosofia, das artes, da arquitetura e da crítica, 
marcando um afastamento do modernismo. O termo tem sido aplicado 
de maneira mais geral para descrever uma era histórica que se segue à 
modernidade e às tendências dessa era. 
O movimento pós-moderno se posiciona contra tudo que é 
absoluto, cria neologismos e destrói valores outrora concordados em 
sociedade. Porém, há uma válvula de falha enorme neste “neo-
thinking”, pois ao extirpar o absoluto, no caso a verdade, o valor moral, 
o próprio núcleo da filosofia, firma-se em um absolutismo próprio, 
portanto incoerente e inadequado, até mesmo contraditório. O que mais 
preocupa é que pseudos-intelectuais compactuam desta dissonância 
cognitiva. 
O pós-modernismo, embora seja algo novo, mas com bases no 
passado e com todas as suas falhas, pautou-se como uma resposta à 
idade média e moderna quando a religião, em nome de Deus cometeu 
vários crimes, chacinas, morticínio e atrocidades. Um período dualista 
entre o Teísmo e o Deísmo. 
 
O Deísmo 
O movimento do deísmo acredita somente no que a ‘razão’ 
humana pode mostrar. É um tipo de razão que exclui a fé. Foi 
notoriamente desenvolvido pela filosofia cultivada entre os franceses 
e ingleses, nos séculos 17 e 18, entre eles estão, Voltaire (1694-1778) 
 
BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 34 
 
e John Locke (1632-1704) e outros. Com o passar do tempo, e 
desenvolvimento dissonante cognitivo destes pensadores, esta corrente 
filosófica, terminou por reforçar o agnosticismo - que se refere a uma 
doutrina filosófica em que, qualquer atribuição de caráter espiritual ou 
conhecimento sobre divindades é considerado como algo inacessível 
de ser atingido pelo espírito humano, vez que algumas destas 
ideologias ou preceitos não podem ser empiricamente comprovadas – 
e, assim, reforçou mais uma corrente, o ATEÍSMO. De fato, no 
agnosticismo, Deus não é nem afirmado nem negado: apenas afirma-
se que não dá para se posicionar se Ele existe ou não. E, no ateísmo, 
chega-se a negar a existência de Deus. 
 
O Teísmo 
Já o ‘Teísmo’, pelo contrário, admite não só a existência de Deus, 
mas a sua ‘revelação’. E, desta forma, além dos cristãos, há outros 
teístas, tais como, os Judeus, os islâmicos, que acreditam numa 
Revelação de Deus aos homens. 
A maioria das palavras da língua portuguesa provém do latim ou 
do grego, inclusive essas duas. ‘Teísmo’ provém do termo grego theós, 
que significa ‘Deus’. E ‘Deísmo’, provem da palavra latina ‘Deus’, que 
também significa ‘Deus’: neste caso, é a mesma palavra no latim e no 
português. Mas, como vimos, estas duas palavras, que 
etimologicamente falam de ‘Deus’, na prática mostram uma ideia 
diferente de Deus. 
Mas o grande berço da cultura pós-moderna, foi sem dúvida o 
movimento do iluminismo. O Iluminismo foi um movimento 
intelectual que se tornou popular no século XVIII, conhecido como 
"Século das Luzes". Surgido na França, a principal característica desta 
corrente de pensamento foi defender o uso da razão sobre o da fé para 
entender e solucionar os problemas da sociedade. 
O Salmo 53 traz a base do iluminismo: “Diz o insensato no seu 
coração não há Deus...” Esta é a base do iluminismo. O iluminismo tira 
Deus do centro e põe o homem, ou seja, há hoje muitas canções 
antropológicas em nosso meio, tal qual a proposta iluminista. 
 
O Relativismo 
Esta linha de pensamento busca entender comportamentos e 
como funciona a dinâmica social da população, ao invés de realizar 
pré-julgamentos sobre determinados grupos sociais. A chave do 
conceito iluminista baseia-se no RELATIVISMO, e daí tirar a ideia de 
que as verdades ou valores citados são para épocas. Infelizmente, de 
igual modo, na teologia liberal nasceram aqui os CESSACIONISTAS 
dizendo que os milagres bíblicos foram só para aqueles momentos e 
não mais hoje. Ou a outra frase “Isto é verdade para você e não para 
mim”. Ou a outra anda: “Eu não entendo assim”, porém o que 
precisamos entender o que a Bíblia diz. 
 
O Subjetivismo 
O Subjetivismo é mais pessoal, pois também dissimula 
desobediência da verdade onde a pessoa só aceita o que ela pensa ser, 
BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 35 
 
ignorando os parâmetros formados pela palavra de Deus. De fato, é a 
propensão para o que é subjetivo. É a tendência para considerar e 
avaliar as coisas de um ponto de vista meramente pessoal. Teoria para 
a qual todo julgamento estético denota apenas gosto individual. 
Doutrina filosófica idealista, segundo a qual a realidade do mundo 
objetivo depende das características, formas e explicações que lhe são 
atribuídas pela subjetividade humana, considerada, desta maneira, 
fator preponderante no processo cognitivo. 
O Pragmatismo 
Onde se aceita que o que é correto é só o que funciona, não 
importa o que a Bíblia diz, se está no contexto ou não, se é ético ou 
não, o importante é o que funciona. O evangelho puro está em baixo, 
o negócio é fazer um movimento que atraia as pessoas e não importaos meios e sim os fins. 
O problema é que o pragmatismo descentraliza Deus também. 
As igrejas tocam o que está no sucesso na rádio não o que está coerente 
na Bíblia. Tudo isto é fruto da força pós-moderna. Pragmatismo é uma 
doutrina filosófica cuja tese fundamental é que a ideia que temos de 
um objeto qualquer nada mais é senão a soma das ideias de todos os 
efeitos imaginários atribuídos por nós a esse objeto, que passou a ter 
um efeito prático qualquer. 
 
O Utilitarismo 
O Utilitarismo é uma teoria filosófica que busca entender os 
fundamentos da ética e da moral a partir das consequências das ações. 
Neste caso, o utilitarismo consiste na ideia de que uma ação só pode 
ser considerada moralmente correta se as suas consequências 
promoverem o bem-estar coletivo. Caso o resultado da ação seja 
negativo para a maioria, esta é classificada como condenável 
moralmente. 
É outra descentralização pós-moderna, pois a igreja se adequa ao 
que foi aceito, e muitas vezes compromete certo grupo de pessoas por 
atender a um outro grupo e estilo que está dando certo. A atitude só é 
correta se satisfazer a igreja. Tipo cantar muito e nada de mensagem. 
Nestes casos, também, padrões corretos são negociados pelo resultado. 
Paulo cobre o poder da mutação cultural nefasta em Romanos 1: 
“Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o 
seu eterno poder, como a sua divindade, se entende, e claramente se 
veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis; 
Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, 
nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o 
seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se 
loucos. E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da 
imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de 
répteis. Por isso também Deus os entregou às concupiscências de seus 
corações, à imundícia, para desonrarem seus corpos entre si; Pois 
mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais 
a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém. 
Romanos 1:20-25 
 
BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 36 
 
O Modismo 
A história já foi taxada de cíclica, ou seja, movimentos, teorias e 
comportamentos sociais vão e vem, eclodem, vivem, morreram, 
ressuscitam, ou se reorganiza, remodela, renomeia enfim, parece que 
muitas coisas se repetem. O Modismo está dentro deste processo 
também. 
A Igreja Primitiva no primeiro século se absteve de instrumentos 
musicais e usavam Cântico à Capela em comportamento contra as 
orgias de Roma e os festivais de Roma. Muitas nações que eram cristãs 
trouxeram para o meio da igreja costumes musicais de suas origens e 
os cultos tornaram-se grandes concertos musicais e a reforma 
protestante quebrou essa simonia ao dizer que aquilo tudo era algo que 
era relevante e agora a reforma reduz a um órgão e canta à capela. Ou 
seja, hoje em dia com o evento da internet, as rádios trouxeram ao seio 
das igrejas o que se toca na rádio, criando um ciclo de modismo no 
seio evangélico. 
 
O Elitismo 
A elite também tomou conta dos meios de adoração. Antes o que 
era simples e adequado, hoje são verdadeiras guerras de arranjos e 
dotes musicais. Não que sejamos contra a arte e a habilidade musical, 
mas vemos claramente alguns casos que a ênfase é mostrar acima de 
todos, o melhor arranjo, uma música melhor ou álbum comercial - o 
que foge totalmente da ideia da centralidade de Deus na Adoração. 
 
O Sugestionismo 
É algo como “a repetição mantra”. É um outro fator que trabalha 
nessa questão pós-moderna quando o púlpito é usado para sugerir um 
comportamento coletivo. Quando na verdade, a adoração é coletiva, 
porém a atuação de Deus é no individuo, não uma manipulação 
humana do púlpito para conduzir as pessoas ao desejo do coração do 
adorador. Temos que ter cuidado com o sugestionismo, porque ele 
pode levar todo um rebanho a perecer 
 
O Determinismo 
Este momento também é conhecido com o pseudo nome de 
“Palavra Profética”, não que o termo Palavra Profética seja de ordem 
determinista, porém, os que usam o determinismo se escondem 
embaixo desta capa de nomenclatura. As pessoas criam palavras de 
ordem baseada nos seus sentimentos do momento - não em uma voz 
do Espírito Santo ou em texto bíblico - e determinam situações como 
se Deus fosse o empregado, como se Espírito Santo fosse obrigado a 
fazer o que ele pensa o que ela pensa. 
 
O Triunfalismo 
O triunfalismo nasceu nos anos 70. Nessa corrente, o crente não 
pode experimentar derrotas, ele tem que ser a cabeça e não é cauda, 
tudo vai dar certo e se não der certo é o diabo trabalhando ou a pessoa 
pode estar em pecado com Deus. 
 
BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 37 
 
O Emocionalismo 
É uma direção cognitiva coletiva na provocação de emoções: 
conduz as pessoas a um momento emotivo fazer apelos financeiros ou 
então apelações de choro para ser filmado e colocado na televisão. O 
emocionalismo não tem lugar no culto onde o Espírito Santo é quem 
toca (não manipula). 
 
MAS QUAL É O CULTO CORRETO, NORMAL? QUAL É O 
ESTILO QUE DEUS SE AGRADA? A BÍBLIA OFERECE 
RECURSOS DE COMO TEM QUE SER A ADORAÇÃO? 
Em Romanos 12 Paulo fala sobre o culto racional, ou seja, 
embora o culto envolva emoção e parte espiritual, mas deve ser um 
culto com pé no chão e cabeça no céu. Culto com equilíbrio, pois o 
transe não é costume da Igreja Cristã. Transe não é para o nosso 
movimento espiritual, pois o texto diz que o “espírito é sujeito ao 
profeta” (I Corintios 14:32). Paulo propõe um culto que tenha 
racionalidade no sentido de saber a quem se adora e como se adora. 
Uma resposta histórica é a carta de Tertuliano no século III contando 
que após a reunião os que fossem tocados pela palavra poderiam entoar 
um louvor. 
Hoje em dia, nós usamos a música para começar o culto, para 
esperar o povo encher o templo, dar mais um tempo para a 
programação. Na Igreja Primitiva, a música só era executada após a 
cerimônia e seria a música que fora provocada pela palavra. Isso muda 
completamente o contexto. Não temos que fazer obrigatoriamente 
igual a Igreja Primitiva, no entanto, são bases para nos espelharmos e 
fazermos um excelente momento de adoração sem a inserção nociva 
do pós-modernismo. 
E ainda o próprio Jesus deixa a maior palavra em João Capítulo 
4:21 “...meu pai busca os que adoram em espírito e em verdade”. Onde 
há verdade, não há manipulação, não há dissensão, não há 
desvirtuação...não há perigos e armadilhas da influência cultural do 
pós-modernismo. 
 
Como adoradores verdadeiros precisamos buscar primeiro o 
equilíbrio bíblico de nossas canções, evitar todo o modismo, seja ele 
de qualquer uma dessas fases que mencionamos. Temos que buscar a 
essência da voz do Espírito Santo. Não existe o estilo melhor ou pior, 
existe o direcionamento e discernimento do Espírito Santo e isto exige 
conhecer a Bíblia, ter intimidade com Deus e conhecer a sociedade, 
bem como suas propostas malignas disfarçadas de arte. 
 
Liturgia e Adoração 
Liturgia e Adoração são palavras próximas pelo desempeno que 
elas servem no contexto do culto. O Culto agrega a liturgia e a 
adoração. Estas palavras não podem ser confundidas, porém, para dar 
uma visibilidade melhor, vamos trabalhar em separado para um melhor 
entendimento. 
 
 
BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 38 
 
Os dois parâmetros 
Enquanto na liturgia o serviço, a responsabilidade, o dever estão 
implícitos, na adoração o amor a Deus é a base da devoção. Ao ler as 
passagens bíblicas, tanto em Deuteronômio 6:5 como Lucas 10:27. o 
amor está totalmente envolvido. Deus ama o adorador e o seu amor é 
inexplicável, já o adorador torna sua adoração legítima ao dedicar-se 
em amor a Deus. O fato de amar nos faz servir e servir faz parte da 
liturgia. 
 
Vamos trabalhar os fundamentos do termo liturgia 
Liturgia. Substantivo. O que é Liturgia: 
Li.tur.gi.a: sf Ordem das seguencias de Cerimoniasde uma 
Igreja. 
O vocábulo "Liturgia", em grego, formado pelas raízes leit- (de 
"laós", povo) e -urgía (trabalho, ofício) significa serviço ou trabalho 
público. Por extensão de sentido, passou a significar também, no 
mundo grego, o ofício religioso, na medida em que a religião no mundo 
antigo tinha um carácter eminentemente público. [1] 
Exemplo de uso da palavra Liturgia: 
1. em uma missa a "liturgia" é a ordem seguencial que o 
sacerdote utiliza no decorrer do oficio. 
2. no culto Evangélico "liturgia" refere-se a ordem 
segueêncial que o sacerdote utiliza no decorrer do culto. 
3. Obs: Lutero e Calvino são considerados os 
reformadores da liturgia no final da Igreja Medieval. o cerne da 
questão era que "Missa medieval foi considerada um officium ao invés 
de um beneficium. 
 
Liturgia 
A palavra que mais justifica o uso da liturgia é CELEBRAÇÂO. 
A igreja celebra a morte e a ressureição de Jesus, o que faz da liturgia 
uma ferramenta para elucidar, relembrar, e manter o memorial desta 
máxima da igreja. Ou seja, o trabalho da liturgia é preservar por 
gerações o movimento do culto, onde o memorial de Cristo torna-se 
presente, através da celebração expressa pela liturgia. 
Podemos classificar também que Liturgia é um "serviço 
realizado pelo povo", ou “serviço para Deus pelo povo”. Jamais a 
liturgia deverá ser confundida como encenação de teatro. A liturgia 
valoriza o rito e o ritual, onde os valores da fé são evidenciados. 
Algumas igrejas, como a católica por exemplo, dão super ênfase a 
iconografia, porém, nós somos, evangélicos, somos iconoclastas, 
sabemos da cruz, mas não a celebramos, ou veneramos, e sim, a 
respeitamos, porém, nossa atenção litúrgica está sobre o que foi morto 
e reviveu na cruz e no sepulcro. 
A Liturgia precisa manter suas raízes como uma ferramenta de 
serviço, ela nunca deve suprimir o espirito de alegria e presença de 
Cristo. Não é a liturgia que faz Cristo presente ao culto e sim a 
adoração que reconhece a presença de Jesus e através da liturgia o 
mesmo é celebrado. Há igrejas em que o peso da liturgia coíbe o mover 
espontâneo do povo ao seu Deus. Liturgia não pode engessar uma 
BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 39 
 
celebração, ela deve ser um canal que ofereça motivações para o crente 
adorar a Deus. 
 
Ritual e Rito 
O que seria Ritual e Rito? São as mesmas coisas? São parecidos 
e derivados, porém, há uma classificação. O Ritual é o tipo de 
cerimonia e o rito são os pequenos passos que são tomados ou menores 
movimentos dentro do ritual. Por exemplo, a Santa Ceia é um Ritual e 
dentro doa realização da anta ceia existem os ritos, que são pequenos 
atos para se iniciar e terminar uma liturgia. 
 
 
A Liturgia em Israel 
A liturgia da primeira fase de Israel era simples, não obstante a 
simbologia e cada detalhe era complexo. Porém, havia sempre 
sacrifícios. Deus instituiu o primeiro modelo de culto quando entregou 
os 10 mandamentos à Moisés. O maior propósito de Deus era tirar o 
povo do Egito para lhe prestar culto. palavra culto aparece como 
"servir", "serviço". Por isto o culto não só se restringe à hora de ir ao 
templo, mas as 24hs enquanto você serve, presta um culto. Leia o que 
diz o texto: "Depois disse o SENHOR a Moisés: Vai a Faraó e dize-
lhe: Assim diz o SENHOR: Deixa ir o meu povo, para que me sirva" 
(Êxodo 8:1). É por esta razão que na maioria dos idiomas, a palavra 
culto é serviço, como no inglês por exemplo, culto é "Service". Quando 
falamos "aqui está um servo de Deus" ou "uma serva de Deus", é como 
se dizendo: "ali está um adorador de Deus" 
 
A liturgia na era davídca 
Davi inaugura um novo momento na adoração em Israel, porém 
Deus não revogou as instruções antigas, tanto é que um esquecimento, 
custou a vida de Uzá. Porém Davi já não fazia lá o sacrifício como o 
sumo sacerdote, mas colocou a adoração nos lábios de todos Israel, 
Com Davi Israel teve o maior período de musicalidade. Os turnos a 
preparação, o ritual, etc. Da era Moisaica onde o culto era um ritual 
didático, com Davi ganha vida e inspiração. Chegou o exílio e depois 
a Sinagoga Em 587 a.C., Judá foi conquistada pelos babilônicos. O 
Judaísmo surge neste período, ainda na Babilônia veio a necessidade 
de se reunir para preservar a memória da religião, então nasceu a 
"Sinagoga" um termo grego para "reunião de assembleia", mas no 
hebraico é "Bet-Kenesset" que quer dizer "Casa de Reunião", alguns 
dizem "de oração", porque na Sinagoga a prioridade é ler a Torah e 
orar. Muitos acreditam que Daniel iniciou o movimento (Dn 6:10). 
 
A liturgia na Sinagoga 
A liturgia da sinagoga centrou-se na oração e leitura da Torah. 
Durante os anos, muitos ritos foram acoplados à liturgia. Não havia um 
sistema litúrgico padronizado, porém, os elementos do culto eram 
inegociáveis, a oração, a leitura da palavra e o ensino. A música 
oscilou, não era uma das prioridades. Era o costume recitar salmos e 
alguns eram entoados, não com alegria, por causa do cativeiro e sim 
BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 40 
 
por devoção. Conforme o prof. Marcos Alexandre Faria (Faculdade 
Teológica Batista de Brasília), estas são algumas influências do exílio 
babilônico: a figura do rei desaparece; o cativeiro se torna um meio de 
purificação e ressurgimento da religião dos judeus; as profecias de 
Jeremias tiveram grande influência; finda a idolatria (estavam no meio 
de uma nação extremamente idólatra);acaba a monarquia (fica na 
esperança do Messias – o descendente de Davi virá!);o sumo sacerdote, 
auxiliado pelos escribas, assume a liderança do povo; Esdras, o 
sacerdote, convida o povo a voltar para a Palavra (Ed 7.10);o povo gira 
em torno da Lei: viver de acordo com a Lei passa a ser um estilo de 
vida; começa o que seria mais tarde a sinagoga – o que se tornou 
modelo para as igrejas no NT.É o início do chamado “Judaísmo”, ou 
seja, o ambiente social, cultural, político e religioso do povo hebreu, 
formado a partir da volta do exílio babilônico (538 a.C.), e no qual se 
formou o cristianismo (Dic. Aurélio). Nesse período, três ênfases 
básicas são: o sábado, a circuncisão e as leis alimentares.[3] 
 
A liturgia da Torah 
Esdras inseriu na liturgia a leitura da Torah. Isto ajudou no ânimo 
para a restauração do templo. Com o templo foi restaurado, os 
sacerdotes voltaram à atividade, os sacrifícios e as ofertas, apenas a 
figura do Rei desfalece e aumenta o desejo de receber o Messias. (Ed 
7.10); É o início do chamado Judaísmo”, ou seja, o ambiente social, 
cultural, político e religioso do povo hebreu, formado a partir da volta 
do exílio babilônico (538 a.C.), e no qual se formou o cristianismo 
(Dic. Aurélio). Nesse período, três ênfases básicas são: o sábado, a 
circuncisão e as leis alimentares. O culto era centralizado em Deus, 
que reivindica e espera isso de Seu povo. Honramos ao Senhor quando 
O adoramos pelo que Ele é. Deus não está limitado a experiências 
humanas, as quais não podem determinar ou governar o tipo de liturgia 
do culto prestado ao Senhor. 
 
A liturgia cristã. 
Um dos momentos mais significantes foi a liturgia da última 
Ceia. O culto ali prestado estava o próprio SENHOR Jesus presente, 
aquele a que a igreja adora. Ele mesmo elaborou a liturgia e conduziu 
os serviços, que momento glorioso. Na última ceia, temos a primeira 
liturgia da igreja. Pegando no pão e no vinho, deu graças, abençoou-os 
e distribuiu-os aos discípulos, dizendo: «Tomai: isto é o meu Corpo. 
(…) Isto é o meu sangue» (Mc 14, 22.24). No fim, pediu-lhes que 
repetissem esse gesto em Sua memória. Como o fez Jesus, os 
discípulos imitaram, e veio através dos patrísticos, porém, com o 
tempo e a expansão da igreja, muita coisa mudou. O cerne da adoração 
ainda é Deus, porém a forma de fazer obteve algumas mudanças. 
Embora, a liturgia mais próxima à ortodoxia possui a mesma estrutura, 
que divide a celebração em dois momentos essenciais: a liturgia da 
palavra e a liturgia da comunhão, ou como diria em termos eruditos, a 
eucarística.Em primeiro plano, os textos bíblicos ocupam um lugar 
especial. 
BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 41 
 
Na época patróloga, segundo os registros históricos, havia 
sempre um presidente da reunião, chamado presbítero, ele conduzia a 
celebração com alguns auxiliares, os diáconos, os quais realizavam o 
serviço. Geralmente era feita uma pequena meditação a respeito da 
leitura das cartas ou do Didachê (conjuntos de ensinos dos apóstolos) 
e partilhava com os presentes. No final, oravam juntos, uma oração que 
por muito tempo foi conhecida como “Oração dos fiéis”. E como o 
costume da santa ceia, o pão e o vinho eram distribuídos para 
“lembrar” o sacrifício e ressureição de Jesus, um hino ou louvores 
eram entoados para encerrar. Culto, Liturgia e Serviço no século II 
Aqui está um documento do século II sobre o culto, liturgia e 
serviço: Justino (c.150), apologia, I. LXV-LXVII LXV. Depois de 
termos lavado desta maneira (batismo) aquele que se converteu e deu 
o seu testemunho, o conduzimos aos irmãos reunidos para em comum 
oferecer orações por nós mesmos, por aquele que foi iluminado e por 
todos os homens do mundo. Isto fazemos com todo o coração 
esperando que, assim como temos aprendido a verdade, também 
sejamos dignos de sermos achados bons cidadãos, cumpridores dos 
mandamentos e, finalmente, sermos salvos com a salvação eterna. Ao 
terminar as orações, mutuamente nos saudamos com o ósculo da paz 
e, logo, traz-se ao presidente o pão e um cálice de vinho com água. Ele 
os recebe oferecendo-os ao Pai de todos as coisas em um tributo de 
louvores e glorificações, em nome do Filho e do Espírito Santo, dando 
graças por sermos considerados dignos de tamanhos favores de sua 
clemência. Terminada as orações e ações de graça, os presentes as 
ratificavam com “amém”, a palavra hebraica que significa “assim 
seja”. Terminada a ação de graças do presidente e ratificada pelo povo, 
os chamados “diáconos” distribuem entre os presentes o pão 
eucarístico e o vinho com água, que levam depois também aos 
ausentes. 
Justino acrescenta à ata: No dia denominado de dia do sol há uma 
reunião de todos aqueles que vivem tanto nas cidades como no campo. 
Ali se dá a leitura das memórias dos apóstolos ou das Escrituras dos 
profetas, até onde o tempo permite. Terminada a oração, do modo 
como foi dito, traz-se pão e vinho com água. O presidente dirige a Deus 
orações e ações de graça. O povo aquiesce com aclamação: amém. E 
se procede à distribuição dos elementos eucarísticos entre todos, 
enviando-se também, mediante os diáconos, os que estão ausentes. Os 
irmãos que estão na abundância e querem dar, dão cada qual conforme 
lhes aprouver. O dinheiro recolhido é entregue ao presidente, que o 
reparte entre órfãos, viúvas, doentes, indigentes, presos e transeuntes, 
de todos aqueles que necessitam de ajuda ele é um protetor. 
Este modelo perdurou por quase mil anos, e houve alterações. 
Durante a primeira parte do ano mil, as cartas apostólicas tornaram-se 
encíclicas papais e o espaço delas foi aumentando dentro da cerimônia, 
entre elas algumas encíclicas políticas. A primeira foi a do papa Sírico 
em 385. Também a inclusão de sacramentos diversos, oração aos 
mortos, devoção às imagens, entre outras e outras práticas, foi tirando 
a simplicidade exemplar deixado pelo SENHOR Jesus e os primeiros 
apóstolos. 
BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 42 
 
Adoração 
Adoração é culto, honra, reverência e homenagem prestados a 
poderes superiores, sejam serem humanos, anjos ou a Deus. Adoração 
somente à Deus. Só Deus é digno de adoração. Deus fez Os Céus e A 
Terra e tudo que neles há, por isso Deus é merecedor de adoração. 
ADORAR à Deus está implicitamente ligado em reconhecer 
quem Ele é e assim prestar-lhe culto. Uma das ações de adorar é 
inclinar-se para baixo e para frente com o corpo em reverência a Deus. 
Para isto a etimologia bíblica shachah, que aparece cerca 168 vezes no 
Antigo Testamento, está para inclinar-se, cair diante de, prostrar-se, 
ajoelhar-se. 
Já o termo Latreia vem do grego. No grego, utilizavam-se os 
termos latreia. Este termo é bem mais carregado is evoca a ideia de 
uma celebração de veneração. Uma adoração de destaque. O termo 
proskyneio é uma alusão à total obediência ao senhor do escravo e a 
ideia é que quando se aceita Jesus tora-se servo dEle nas mais profundo 
palavra. Segundo, a missionária Vera Lúcia: "...O termo grego 
“pro.sky.né.o” indica também ato de adorar, como expresso em Mateus 
4,8-9, onde satanás tenta ser adorado por Jesus. Mas Jesus recusou-se 
dizendo: está escrito: ‘É a Deus, que tens de adorar [forma do gr. 
pro.sky.né.o, ou, no relato de Deuteronômio que Jesus citava, hebraico 
‘a.vádh]’ “(Mateus 4,10; Deuteronômio 5,9; 6,13). 
Existem ainda inúmeras cotações e variações da palavra 
ADORAR e outras semelhantes. Mas não vamos nos deter aqui apenas 
nos significados, mas no ato também. 
 
O Costume de se prostrar. 
Isto era feito, na verdade, quando uma pessoa era abençoada por 
outra então quem recebeu se prostrava em sinal de agradecimento. O 
fato de nos prostrarmos sem antes receber de Deus significa que 
estamos antecipando por fé as honras sem as te-las e isto mexe como 
coração de Deus. 
 
O desafio da ousadia. 
Para uma mulher se inclinar a um homem significava servi-lO, e 
foi isto que a mulher do fluxo de sangue fez. Esse é o princípio descrito 
em Hebreus 11 quando diz que a fé e o firme fundamento das coisas 
que não se veem, mas se esperam. Todos que vinham se prostrando, 
Jesus já dizia: "Que que res que eu te faça". Porque prostrar dá a ideia 
de total entrega. Por ocasião da tentação no deserto o diabo foi direto 
no assunto pedindo a Jesus que se prostrasse e o adorasse". O diabo 
conhece as leis espirituais, ele estava lá no começo. 
 
Interessante o que faz o hebraico como termo 
Se liturgia é serviço, serviço é servir e se adorar é também servir 
em prestar culto, veja que no Hebraico a palavra servo vem de EVED 
e adorar vem de avod. Então temos a prática física de servir e a prática 
abstrata de sentir, por fé, em adorar. 
 
BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 43 
 
Adoração e Culto na América Latina 
Basicamente a entrada de missionários no Brasil e américa latina, 
foi através de 3 portas: 
A) A construção de ferrovias, que era o proeminente progresso 
da época e carecia mão de obra estrangeira e especializada, como eram 
ingleses, com eles vieram os cultos e a adoração anglicana, metodista, 
presbiteriana e batista. 
B) Missionários voluntários. Eles desciam nos portos com a 
única e exclusiva vontade de evangelizar e implantar a igreja e 
C) As pressões econômicas impostas pela Inglaterra e Estados 
Unidos. 
O protestantismo também marcos sua presença. No Brasil em 
três etapas: 
1. Os Huguenotes em 1555, com Villagnon e Capitão Colony. Um envio 
de 14 missionários sob iniciativa de Calvino; 
2. Os Holandeses em 1650 sob o comando de Mauricio de Nassau, se 
estabeleceram, no Nordeste; 
3. Ingleses, americanos outros à partir de 1800. Gardner e Thompson em 
1819 no sul da a Argentina e no Brasil a modesta permissão de culto 
aos estrangeiros em 1823. Mesmo assim o peso do catolicismo 
enraizado no país foi um grande empecilho, em sinceridade, somente 
após 1950 que o evangelho fluiu no Brasil. 
Com uma mensagem diferenciada do catolicismo romano, o 
protestantismo propunha uma “doutrina correta”, geralmente 
diferenciada da católica, podia ser reformada, puritana e valor pessoal 
à comunhão com Deus. A adoração, com hinos tradicionais, escritos 
por Charles Wesley, Isaac Watts. John Newton, Fanny Crosby e tantos 
outros expoentes da música sacra, era o ponto vital de engajamento de 
fé e amor por Deus e missões. A exemplo do clássico de Crosby; 
A Deus demos glória, com grande fervor, 
Seu Filho bendito por nós todos deu 
A graça concede ao mais vil pecador, 
abrindo-lhe a porta de entrada nos céus 
Exultai, exultai, vinde todos louvar 
a Jesus, Salvador, a Jesus redentora Deus demos gloria, porquanto do céu, 
Seu filho bendito, por nós todos deu![1] 
Essa era a alma da hinologia de época, recebida aqui na América 
Latona. 
 
Fatores históricos e o início da Origem do protestantismo na 
América Latina. 
A chegada de missionários no Brasil foi fruto de ardor 
missionário e através de profissionais em algumas áreas crescentes 
neste novo país. Um dos métodos entre os poucos conhecidos, eles 
usavam realizar o serviço de alfabetização através da Bíblia, ou seja, 
ao ensinar ler e escrever os missionários usavam a bíblia como texto 
didático, e o aluno ao aprender o idioma, também recebia a Palavra de 
Deus. 
BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 44 
 
Este método, também foi bem usado pelo casal Kelly, pioneiros 
da ED no Brasil, como da mesma forma, na argentina pelo Rev. 
Thompson. Ele possuía uma forma interessante, que ficou conhecido 
como “Método Lancaster”. Nesta iniciativa Thompson, utilizava dois 
movimentos que o adequava com maestria seu trabalho missionário. 
Em primeiro lugar, fazia uso dos melhores alunos para ensinar os 
principiantes. Segundo, utilizava-se de passagens das escrituras como 
textos para ensinar gramática e alfabetizar. Desta maneira, esse método 
era fácil para ensinar a Bíblia e assim passar à pessoas o conteúdo 
missionário do evangelho. 
Já os missionários Robert e Sara Kelly, utilizavam o mesmo 
método com um adendo. Como eles não conseguiam falar bem alguns 
nomes de animais e objetos no português, criaram a forma de 
flanelógrafos, onde colocavam a figura e solicitavam aos alunos para 
repetirem, e a isto também, aderiam pequenos corinhos, ou cânticos 
curtos com frases fáceis de aprendizado, um sistema criado por Charles 
Wesley no século XVIII, justamente para crianças aprenderem. 
Suzanna Wesley também alfabetizou seus filhos usando a Bíblia como 
texto base de alfabetização. 
 
Os Pioneiros e sua influência. 
As denominações que começaram seu trabalho na América 
Latina foram os Reformados, Anglicanos, Luteranos, Irmãos 
(Plymouth), Congregacionais, Presbiterianos, Metodistas, Batistas, 
Menonitas e Adventistas (Sétimo Dia) e outros. Em primeiro 
movimento e por causa da pressão católica brasileira, os cultos eram 
realizados somente no idioma dos imigrantes e seus templos não 
poderiam ter aparência de Igreja, como uso de torres e cruzes. É por 
isto que até os anos 90 havia resistência de cruzes em igrejas 
evangélicas, não mais pela pressão do governo e sim por uma questão 
cultura adquirida. Em segundo movimento, a o alastramento do 
movimento foi tão intenso que aos poucos os missionários estrangeiros 
iniciaram seus trabalhos em língua português e aí veio a explosão a 
expansão.[2] 
O Catolicismo Romano criou uma resistência porque a presença 
protestante no Brasil ameaçava a hegemonia católica como religião 
primaz, e como o país estava em desenvolvimento embrionário, o 
medo dos imigrantes chegando também provocaram a hostilização 
católica. A exemplo do Padre Anchieta que consentiu na execução dos 
primeiros missionários Huguenotes, e muitos registros de inquisição 
no País e perseguição aos crentes nas casas. Um dos sinais que atraiam 
a perseguição era o momento dos cânticos e adoração nas casas e locais 
de culto. Foi difícil e até envolveu as potencias mundiais, depois a 
mudanças de leis e finalmente após 1940 proliferação do pluralismo 
argiloso no Brasil foi mais eficaz [3] 
Dois impasses de época entre os países, embora não tivesse como 
objeto central a religião, porém, de certa forma, atingiu em cheio o 
problema. A Inglaterra forçou o Brasil a abrir seus portos, inclusive o 
do Rio de Janeiro para o comercio que ela controlava no mundo e a 
designação de Diego Thompson em 1819 como coordenador da 
BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 45 
 
fundamental primária na Argentina. Designação esta realizada pelo 
então governo que recebia fortes induções dos liberais. Com o declínio 
do Império Português em 1808, então ficou fraca a resistência 
brasileira, embora havia. Uma das medidas foi o tratado de Portugal e 
Inglaterra em relação ao Brasil em 1810 quando uma lei permitia a 
livra prática de outras formas de religião, porém se da conotação cristã 
na arquitetura das casas de oração. Assim, na Constituição de 1823 um 
alei foi adicionada dando o direito de liberdade de culto e 
consequentemente a liberação para cemitérios protestantes. 
Mesmo com leis promulgadas, mesmo assim, por toda américa 
latina a adoração e a pregação do evangelho genuíno sofre u duros 
golpes. Como por exemplo, o caso das Malvinas “Adoração com 
massacre”. Em 6 de novembro de 1859, homens Yahgan atacaram e 
mataram Capitão Fell e a maior parte da tripulação de missionários 
enquanto realizavam cultos religiosos na praia. Desembarcaram com 
alegria para iniciar um trabalho missionário entre os nativos e em seu 
primeiro culto, enquanto cantavam hinos ao SENHOR, foram atacados 
cruelmente e mortos, sobrevivendo apenas o cozinheiro da 
embarcação. [4] 
O historiador Palomino se propõe explorar de modo crítico duas 
hipóteses: 
1) O chamado Movimento de Renovação do Louvor contribui 
para o desaparecimento de fronteiras denominacionais, perda de 
identidade e fidelidade à igreja local, e contribui para a “migração 
religiosa”. 
2) A forma do culto evangélico tem recebido o impacto da 
cultura midiática que afetou o sentido e a natureza do culto.[5] 
De acordo com Palomino, houve três correntes evangélicas que 
chegaram à América Latina: 
1) As igrejas de “transplante”, compostas por imigrantes 
europeus do século 19, que trouxeram a liturgia de seus países de 
origem e que paulatinamente foram se isolando. 
2) O movimento de fé, também do século 19, liderado por 
missionários ingleses e norteamericanos, com ênfase pietista, que 
girava em torno da Bíblia e desenvolvia um tipo de culto que incluía 
hinos, pregação e evangelização. 
3) O movimento pentecostal do início do século 20, que 
introduziu inovações no culto e na música. O autor acredita que a 
grande mudança ocorreu com o movimento de renovação do louvor, 
nos anos 80, iniciado com Marcos Witt, Juan Carlos Salinas e outros. 
A partir dali, predominou a uniformidade nos cultos e uma inclinação 
para adoração de entretenimento.[6] 
 
As Mutações culturais da música na América Latina 
1900-1970. Dos hinos aos corinhos. 
Depois do movimento da Santidade que frutificou o Pentecostes de 
Chicago e Rua Azusa, os hinos foram tomando um lugar de destaque, 
hinários foram sendo organizados, o uso era da congregação e hinos 
especiais do coral. Em termos de Brasil e a fase militar, os ritmos 
marciais ganharam relevância, até pela postura conservadora da época 
BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 46 
 
e dos militares, assim nasciam as bandas de música e muitos músicos 
eram da polícia, exército também. Neste mesmo tempo intensificavam 
as Campanhas Evangelísticas ou Cruzadas, em massa, nos auditórios, 
ginásio, estádios, e agora surgiam duas situações, primeiro como ter 
hinário para toda a multidão que se aglomerava? E, segundo, como 
cantar hinos longos com 4 a 5 estrofes em um momento público de 
evangelismo em massa? Assim, nasceram os “corinhos” de 
evangelismo e avivamento. Agora seria de fácil acesso às pessoas a 
serem alcançadas com a mensagem da cruz, era melhor para decorar, 
a mensagem era curta, a música popular e poderia ser acompanhado de 
um simples violão, no mais um órgão ou piano. Os hinos começavam 
a declinar na liturgia e abria-se um caminho para os novos cânticos. As 
mocidades eram incentivadas a cantar em grupo com pastas, 
uniformizadas e a igreja ganha uma nova cara de liturgia. No período 
de 1955 o Brasil é presenteado com o primeiro disco de vinil 
evangélico, com o cantor Luiz de Carvalho. Com este fenômeno 
começava a frutificar um alinha discófila no meio cristão que chegou 
até me nossos dias como uma verdadeira indústria que movimenta as 
mídias sociais. 
 
1970-1980. Do hinário ao retroprojetor. 
Com a ideia decorinhos, ou pequenos coros, geralmente uma estrofe e 
um estribilho repetidos, os hinários não perderam seu valor, mas 
diminuíram sua força, uma nova gente chegava as igrejas oriundas das 
cruzadas, filhos da próxima geração estavam experimentando uma 
“abertura” na modus vivendis da sociedade, então, alguém teve a ideia 
de projetar na parede as letras, pois, a cada semana um corinho novo 
ou uma letra nova eram trazidos à congregação. Desta forma nascia o 
retroprojetor. Era um aparelho com luz em espelho que projetava numa 
parede letra escrita em uma folha de plástico com caneta ploto. Neste 
período também muitos conjuntos gravaram seus LPs, compacto 
duplo, etc. Ainda entre 1970 a 1980, os grandes conjuntos vão dando 
lugar a duas versões de discos e apresentações, os quartetos e as 
bandas, com menos músicos e com mais projeção, agora comercial. 
Assim as gravadoras evangélicas e rádios vão se projetando até atingir 
o ápice da tv. 
 
1990-2000. Do retroprojetor ao Louvor e adoração e mídia em 
geral. 
A adoração nesta fase assume um papel mais antropológico que 
Cristocêntrico. Ao descobrir que gravar musicas evangélicas agora 
“Gospel” era uma fonte financeira, criou-se um tipo de “El dourado” 
do setor musical evangélico (daqui para frente leia-se gospel) e assim, 
por todos os lados cresceram os interesses por estilos, tipo de gravação, 
qualidade musical, arranjos diferenciados e super artísticos, estilos 
musicais, produção fotográfica, arte designer, desta forma ao poucos, 
foi-se comprometendo a sensibilidade, diminui-se o temor, a 
simplicidade foi dando lugar a fama, ao produção artística como ênfase 
comercial, etc. Mesmo sabendo que há muitos adoradores por 
excelência e fazem um trabalho sério, porém, muita gente não 
BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 47 
 
convertida ao SENHOR veio para o meio apenas pela corrida do ouro, 
do metal, do dinheiro, etc. Hoje a música evangélica segue 
comprometida entre os que são realmente sinceros e os oportunistas, 
entre artistas e adoradores, entre altar e palco, entre oferta e cachê, e 
outras coisas mais. 
 
De 2000 à 2021. Do retroprojetor e mídias gerais às mudanças e 
ênfases deste último período. 
Não é objeto desta matéria condenar ou aprovar certos 
comportamentos, e sim mostrar a historicidade e a influência 
sociologia em termos de igreja, bem como buscar a centralidade e o 
equilíbrio necessário para reler, refletir e optar por uma reorientação 
bíblica e sistêmica. Mesmo sabendo que ainda há pessoas realizando 
uma adoração mais próxima ao que a Bíblia nos propõe, todavia, não 
podemos negar que hoje a adoração está bem eletrônica, cultos com 
tonalidades de show, luzes, fumaça e produção. Nem todos estão nesta 
fase, porém uma grande maioria. O fenômeno da mega igreja, que já 
estava vindo desde da década de 60 com os grandes eventos, traz uma 
fria competição midiática entre ministérios e movimentos. Hoje, com 
o fenômeno das lives (e já se fala em “igreja on line” e/ou “igreja 
Híbrida”), dos poderes da informática e mídias sociais, a igreja 
alcançou maior visibilidade em termos de exposição. Temos um grupo 
praticamente cognominado de “desigrejados”, que se trata de crentes, 
não desviados, mas determinados a seguir sem os sistemas de igrejas. 
Todas estas questões são mudanças dignas de observação. 
Por outro lado, dentro do operacional de várias denominações, existe a 
proliferação dos “Ministérios de Louvor”, a linguagem de “Levitas”, 
preletores com maquiadores, art-designers, iluminadores e produtores, 
todo um sistema projetando uma cultura de massa. No seguimento 
vem, as coreografias, uma forma de tirar o nome “dança” para não 
nivelar à uma linguagem tido como “mundana ou profana”, e dar uma 
chance a arte nos altar, o teatro, a linguagem “holder” de palco e outras 
nomenclaturas que precisamos aprender porque a cada 6 meses muita 
coisa nova é comentada. 
Com a ascensão musical muitos ritmos com “levada” romântica 
infestaram a igreja, o tratamento erudito e respeitoso de “Tu” para 
Deus, tornou um vulgar “você”, algo inadmissível nos anos 60. O 
desuso do terno e gravada em troca do Jeans que hoje é benção hoje, 
mas em 1970 era acusado de ser “tecido do inferno”, por que, embora 
oriundo da cultura blues, dos americanos colhedores de algodão, mas 
foi proliferado pelo hippies de Woodstock com sua revolução sexual 
ideológica e da apologia às drogas em um “paz e amor” psicodélico 
toxicômano. A palavra culto, em termos de ser usado sozinha, 
desapareceu e agora nascem os Encontrões, Celebração, “Louvorzão”, 
etc. Desta forma, urge mais do que nunca a igreja repensar letras, 
ritmos, comportamentos inadequados, ideologias não condizentes, 
neologismos e tendências esdruxulas que não trazem segurança quanto 
seu compromisso com a base bíblica. 
 
 
BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 48 
 
Refletindo 
Mediante estes episódios históricos, pontuais, cremos que os limites 
foram rompidos da real essência equilibrada da proposta bíblica de 
adoração e a igreja hodierna precisa urgentemente rever, mais do que 
nunca, sua teologia, biblicidade e espiritualidade. Precisamos ter mais 
fundamentos bíblico-teológicas sólidos para sustentar nossas práticas 
na adoração. A velocidade de se fazer, e a falta de pessoas para liderar, 
acabam por permitir lideres rasos, sem competência teológicas e sem 
base bíblica para compor, liderar ministério em nossos dias. 
Não que haja um estilo perfeito e imutável, porém, uma liturgia de 
adoração plena, bíblica, teologicamente equilibrada parte da seguinte 
construção encontrada na bíblia e na historicidade da igreja primitiva 
e patrística: 
1) Leitura, meditação e pregação da Palavra, 
2) Orações verbalizadas, individuais, coletivas e até cantadas, 
3) Santa Ceia como ponto de comunhão e ofertas como ponto de 
gratidão, 
4) O ensino bíblico como eixo principal, 
5) A pregação expositiva tendo seu lugar. 
Linha puritana a reverência era o principal expoente de responder ao 
culto e mesmo assim de forma responsiva e programada. Já no 
pensamento do evangelicalismo, com base no pietismo, a tendencia era 
mais o individual na devoção e conversão e a pregação sob a ênfase de 
multidões com cultos mais livres de formalidades. Em termos de 
América Latina, o historiador Palomino acredita que existem 
mudanças de paradigmas no culto evangélico da América Latina, ao 
mesmo tempo em que, ao estudar a evolução histórica do culto, vê que 
este se move em círculos: do tradicional para o contemporâneo, e deste 
ao renovado, para logo voltar ao começo. 
Há também uma proposta pós-moderna de espiritualismo e não 
espiritualidade. É o caso dos hinos e cânticos repetitivos como se 
trabalhassem uma certa hipnose, um ciclo mantra ou PNL. São 
ferramentas cognitivas que são usadas para manipulação de massa, e 
isto precisa ser revisto urgentemente em nossos púlpitos. O relativismo 
individualista de alguns temas tende a criar um pluralismo indutivo. O 
culto não pode ser visto com um ópio e os produtos deste culto não 
podem ser um fator de consumo. O culto é adoração vertical, é deixar 
de lado toda antropo centralidade e conduzir a nossa devoção, sem 
subterfúgios ao SENHOR Deus. Onde jamais uma mensagem bíblica 
deve ser transformada em pura manipulação emocional, as 
experiências de sugestões não podem substituírem a operação 
sobrenatural do Espírito Santo, e o objeto da adoração não deve ser 
confundido com o objetivo da mesma em si, pois o objetivo sempre foi 
a pessoa de Jesus. 
 
A América Latina e sua multiforme praxis na adoração 
Regionalismo – “A música latina é quase inteiramente uma síntese dos 
africanos e dos ameríndios, com contribuições menores europeias 
devido a formalização na época Colonial no quesito musical. As 
populações afro e indígenas não possuíam o rigor da "erudição" 
BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 49 
 
europeia e não estariam permitidas a tal”. [7]Mesmo recebendo a 
musicalidade de outros países em volta, como também dosmissionários e suas canções de pátria, o ritmo, a emoção, a ginga, a 
letra, a cultura local sempre esteve presente na adoração da américa 
Latina. A Adoção latina-americana é mais tocante, “chorosa”, e em 
relação a Europa, cultiva mais profundidade de sentimento. 
 
O Regionalismo latino-americano deve ser compreendido à partir da 
herança civilizatória mesoamericanas, de onde provem os Maias, 
Incas, Guaranis, Tupis, Yagham, Astecas, e outros. A presença 
instrumental, a dança, o grito, o som, são latentes nestas civilizações. 
Os instrumentos, por exemplo, em suas modalidades de sopro, 
percussão e cordas, estão presentes. Havia alguns instrumentos 
ancestrais da flauta como o tlapitzalli, também de percussão, o 
teponatzli (próximo ao tambor), chocalhos, guizos, e um instrumento 
por nome huehuetl, o som se parecia com um de um timbal. Os 
registros historiográficos assim mostram que eram músicas de cunho 
religioso e pouca cultura musical se apresentava a para guerra. Neste 
caso os instrumentos eram considerados sagrados. Na cultura latina 
demorou-se um pouco para que instrumentos fossem tocados nas festas 
tradicionais, porque eram como se fosse um chamado aos deuses. 
Também haviam instrumentos de cordas como o charango, uma 
lembrança de bandolin europeu, quem sabe trazido pelos 
colonizadores. A flauta andina, assemelhando-se a flauta pan, ou a 
flauta siringe, da Grécia antiga. Assim o regionalismo veio para a 
música, harmonia de linhas de cânticos, que até hoje persiste em muitas 
partes do interior destes países. [8] 
 
Influência de Adoração midiática. 
Com o advento da internet, a música cruzou os mares e os continentes, 
se misturou, criou “novas caras”, estilos e tendências. Por exemplo, o 
trabalho musical de adoração de grandes movimentos mundiais, tais 
como, a Hillsong da Austrália, a Igreja Batista da Lagoinha no Brasil, 
o Tabernáculo do Brooklin em Nova York, o avivamento de Pensacola, 
e assim por diante. Com tosa essa troca de informações regionais, hoje 
é difícil diferenciar uma forma de adoração entre um país e outro na 
América Latina. Se há diferenças, está por conta do idioma, ou alguns 
expoentes da canção como no Espanhol, Marcos Witt, Danny Berrios, 
e na língua Portuguesa Asaph Borba, Ademar de Campos, etc., porém, 
em questão de música e estilos, embora exógeno, porém axiais. 
Vivemos hoje próximos à uma uniformidade. 
Resta-nos aprender com toda essa diversidade e melhorar a cada dia. 
OU seja, o nosso melhor para Deus em uma contínua ação vertical de 
adoração, a centralidade da palavra, a guarda dos princípios bíblicos 
dentro do equilíbrio teológico, com vistas a transformação da nossa 
comunidade, a pregação contra o pecado, a santidade como um 
processo de conhecer a Deus e a Ele adorar, justamente porque O 
conhecemos. 
BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 50 
 
Referências 
PLENC, Daniel Oscar Plenc. Professor de Teologia e diretor do Centro 
White de Pesquisa, na Universidade Adventista del Plata, Argentina 
Revista Ministério, julho/agosto 2013, pp. 31-32 
[1] Revista Graça, ano 2, n.º 25 – Agosto/2001 (Texto de Marcelo 
Dutra) 
[2] – L. Gonzalez, Justo, Uma História Ilustrada do Cristianismo, 
Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, São Paulo – SP, 1991. 
[3] – E. Cairrns, Earle, O Cristianismo Através dos Séculos, Sociedade 
Religiosa Edições Vida Nova, São Paulo – SP, 1992. 
[4] – WALKER, Williston, História da Igreja Cristã, Juerp/Aste, 3ª 
Edição, 1981. 
[5] - PALOMINO, Miguel Ángel. Que Pasó con el Culto en América 
Latina?“ – Edições Puma - Lima, Peru - 2011. 
[6] PALOMINO, Miguel - Ángel. Que Pasó con el Culto en América 
Latina?“ – Edições Puma - Lima, Peru - 2011. 
[7] Souza Peçanha, João Carlos (3 de dezembro de 2013). «A trindade 
da música popular Afro Brasileira.» (PDF). Universidade de Brasília. 
[8] Benade, Arthur H. Horns, Strings and Harmony. [S.l.: s.n.]Na mitologia grega existem as 9 musas do Olimpo que eram as 
responsáveis por inspirar nas artes e nas expressões. Segundo a 
mitologia, depois que os olimpianos derrotaram os Titãs, foi pedido a 
Zeus que criasse personagens que seriam responsáveis por exaltar para 
sempre essa vitória e assim foram criadas. Os nomes das Musas do 
Olimpo da mitologia grega são: Calíope, Clio, Érato, Euterpe, 
Melpômene, Polímnia, Terpsícore, Talia e Urânia1. 
 Com o passar do tempo as musas se tornaram imagens ligadas 
às artes. Elas viviam em um templo que se chamava Museion, que 
futuramente deu origem a palavra Museu. 
 
Musa Calíope 
Essa é a musa da eloquência e da poesia heroica e ela possuía a 
mais bela voz dentre todas as 9 musas do Olimpo. Ela também é a mais 
velha e mais sábias delas e teve dois filhos com Apolo: Orfeu e Linus. 
 
Musa Clio 
Dentre as 9 musas do Olimpo essa é a responsável pelas 
celebrações e por conferir fama a alguém. Conhecida como a musa da 
história, seu nome significa “proclamadora”. 
 
1 Mitologia Grega Br. Curiosidades sobre Deuses, Monstros e Heróis. Ref: As 9 musas do Olimpo - Mitologia 
Grega Br 
 
BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 8 
 
 
Musa Érato 
Essa é a musa da poesia lírica e amorosa ou erótica, ou seja, 
aquela que desperta o desejo. Seu nome significa “adorável” e ela é 
representada com uma lira. 
 
Musa Euterpe 
Representa a música e a alegria. Essa musa é fruto da união de 
Zeus e Mnemósine, que é a deusa da memória. Seu símbolo é uma 
flauta doce, instrumento que toca muito bem. 
 
De que forma Deus prestaria o serviço de se encurvar à essa 
mitologia e comprometer sua essência de Criador supremo e único 
SENHOR do universo? O problema foi que nas traduções da 
septuaginta, Vulgata Latina e outras ramificações literárias, os 
copistas, amanuenses e tradutores acharam conveniente usar o 
vocábulo “música” porque o texto estava sendo traduzido para o grego, 
sendo assim, lançaram mão de elementos da “língua receptus” sem se 
importar com a etimologia histórica procedente. 
Hoje usam o termo por uma questão de compreensão e 
identificação cultural, porém rejeitamos sua origem com parte de nossa 
devoção à Deus. 
De acordo com os estudiosos, há 4.000 anos os egípcios já 
possuíam um nível de expressão musical elevado pois, nessa época, as 
músicas eram ferramentas para cerimônias religiosas. As harpas já 
existiam, bem como alguns instrumentos de percussão, flautas e, claro, 
o canto. Os rituais sagrados, inclusive, já tinham referências que 
misturavam música e cores, entre outros artifícios visuais. E assim a 
expressão musical humana foi se formando, se solidificando e se 
tornando cada vez mais forte. 
Em 3.000 a.C., na Ásia, as culturas indiana e chinesa 
desenvolviam suas próprias expressões musicais e a música era 
encarada como um espelho do universo. Entre os chineses o 
instrumento mais comum era a cítara, um instrumento de cordas que 
mais tarde deu origem ao violão e à guitarra. Em termos musicais, era 
comum a utilização da escala pentatônica, que é composta por cinco 
notas. Uma bela referência para os guitarristas e blueseiros de plantão! 
Em um próximo passo evolutivo foram os gregos que 
começaram a aperfeiçoar a música. Eles tiveram muito peso no 
desenvolvimento musical de alguns gêneros que são ouvidos até hoje 
como a ópera, a música instrumental e a música erudita. A música 
estava presente em cantos, danças, peças de tragédia e nos cultos 
gregos. 
 
Os diferentes períodos da música 
Assim como a evolução humana e artística são divididas em 
períodos, a evolução musical também é. Como a transição entre cada 
época é longa e complexa, separamos aqui alguns dos principais 
momentos dessa evolução, para referência: 
BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 9 
 
• Idade Média: a Igreja ditava todas as regras culturais, inclusive 
em relação a música. Na época a música “monofônica” (com uma 
única linha melódica) era muito ouvida nas peças. Ainda assim, o 
“canto gregoriano” era o mais comum. É interessante ressaltar que o 
trítono (intervalo de quarta aumentada) era considerado o “som do 
diabo”, e por isso era proibido de ser tocado em qualquer peça. 
• Música Renascentista, no século XIV: artistas passaram a 
buscar uma música mais universal, ampla, e começaram a se distanciar 
da Igreja. Nesse período surgiram as músicas consideradas profanas. 
• Música Barroca, no século XVII: as músicas evoluíram em 
termos de complexidade e o conteúdo apresentado era mais elaborado 
e dramático que o visto anteriormente. Foi nesse período que nasceu a 
ópera musical. 
• Música Clássica: num período musicalmente muito rico 
surgiram as emblemáticas composições de Haydn, Mozart e Beethoven 
e outros lendários compositores. Surgiram também as orquestras e 
houve um boom nas produções instrumentais. 
• Século XX: este século, que presenciou avanços enormes na 
tecnologia, ficou marcado por uma avalanche de novas tendências e 
técnicas musicais, desde o Impressionismo até a Música Eletrônica. 
Localmente, as culturas passaram a desenvolver seus próprios estilos, 
e esses estilos começaram a se misturar por conta da facilidade de 
comunicação e constantes migrações. Além disso, a tecnologia 
também possibilitou maior liberdade técnica e artística, de modo que 
os próprios músicos e artistas deixaram rótulos e regras de lado para 
desenvolver estilos próprios e novos. 
Hoje a música é a forma de arte mais consumida no mundo e é 
conhecida por sua diversidade, quebra de rótulos e formação cultural. 
A inserção da tecnologia tem aberto cada vez mais espaço e 
oportunidade para as criações, contribuindo sempre novas formas 
nessa arte. 
 
O que é adoração? 
A Bíblia é um livro de adoração e pelas suas páginas vemos 
diversas manifestações de expressão. A riqueza do termo em si é 
maravilhosa. Basicamente, definindo o tema para alcançar seu 
significado, adoração é “Declarar quem é Deus, sua natureza” 
A palavra adoração possui uma tendencia de prostrar-se, por isso 
ganhou o vocábulo hebraico Hitawa: “E, imediatamente, curvando-se 
Moisés para a terra, o adorou” (Êx 34.8). Vemos também o convite do 
salmista: “Vinde, adoremos e prostremo-nos; ajoelhemos diante do 
Senhor, que nos criou” (Sl 95.6). Também a impressão de quem Deus 
é conduz automaticamente o povo a adorar: “Todos os filhos de Israel, 
vendo descer o fogo e a glória do Senhor sobre a casa, se encurvaram 
com o rosto em terra sobre o pavimento, e adoraram, e louvaram o 
Senhor, porque é bom, porque a sua misericórdia dura para sempre” (2 
Cr 7.3). Outro exemplo e agora no NT temos o texto; “Os vinte e quatro 
anciãos prostrar-se-ão diante daquele que se encontra sentado no trono, 
adorarão o que vive pelos séculos dos séculos e depositarão as suas 
coroas diante do trono” (Ap 4.10). 
BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 10 
 
A terminologia “encurvar, inclinar”, à priori, na imagem que os 
textos nos passam, parece que é literalmente baixar a cabeça e inclinar 
na terra, mas em uma analogia circunstancial, de nada adianta se 
encurvar “para o povo da igreja ver” se o coração não está inclinado 
ao SENHORIO de Cristo, então uma adição corporal não contribui em 
nada a não ser para satisfazer o seu ego. 
 
Servir 
A primeira vontade que alcança quem realmente adora e declara 
quem é Deus é amá-lo e logo a seguir, é servi-lo. O próprio SENHOR 
Jesus lembrou o diabo a respeito deste paralelo inseparável; “Então, 
disse-lhe Jesus: Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu 
Deus, adorarás e só a ele servirás” (Mt 4:10) (ARC). 
A ideia bíblica do termo nos conduz a adorar por expressão de 
amor e de serviço a Ele. Então você o serve porque o ama e não serve 
por que tem que servir, isto se aplica a tudo na vida em relação ao seu 
relacionamento com Deus 
 
Adoração como sentido de vida plena 
As camadas de adoração são 3: a intelectual; a emocional; e a 
espiritual. A primeira é a adoração racional (inteligência – Rom 12:2). 
A segunda, ada alma, está relacionada com as nossas emoções. E, a 
terceira é sublime, e Jesus falou sobre isto em João 4:21; “Mas a hora 
vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em 
espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. 
João 4:23. 
Outro exemplo das Escrituras encontra-se em Apocalipse 4.10, 
citado anteriormente: “Os vinte e quatro anciãos prostrar-se-ão diante 
daquele que se encontra sentado no trono, adorarão o que vive pelos 
séculos dos séculos e depositarão as suas coroas diante do trono, 
proclamando: Tu és digno, Senhor e Deus nosso”. 
O que significa a atitude dos anciãos depositarem suas coroas 
diante do trono? 
O fato de que eles tinham coroas indica que possuíam alguma 
autoridade pessoal. Ao depositarem suas coroas diante do Senhor 
declaram simbolicamente: “Tu és o Rei dos Reis; toda a nossa 
autoridade submetemos a Ti, pois Tua autoridade é superior”. 
Portanto, a adoração deles, nesta ocasião, pelo menos envolvia 
uma ação que transmitia um significado específico. Um exemplo ainda 
mais significativo encontramos em Maria, a que ungiu os pés de Cristo 
com precioso bálsamo, enxugando-os com seus cabelos. Ela não 
pronunciou qualquer palavra, mas sem dúvida aquele foi um ato de 
adoração. 
 
Atitudes sinceras diante de Deus 
De fato, a adoração que consiste apenas de palavras é algo 
abominável a Deus. Em Isaías 29.13, Ele afirma: “Este povo se 
aproxima de mim e com a sua boca e com os seus lábios me honra, mas 
o seu coração está longe de mim, e o seu temor para comigo consiste 
só em mandamentos de homens”. 
BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 11 
 
O que fazemos nas reuniões de culto, continua em nosso 
cotidiano? É sincera nossa adoração na Ceia do Senhor ao ponto de 
reverberar na semana? Ou Deus é SENHOR apenas no domingo? 
Agradecer ao SENHOR pelo que Ele faz. Declarar os feitos do 
SENHOR. Se por um lado, a adoração é declarar quem Deus é, 
amando-o e o Servindo, o louvor é proclamar os feitos de Deus 
 
Louvor que levanta 
A mesma força que nos faz inclinar diante de Deus na adoração 
nos faz levantar em adoração. A adoração nos impele a contrição e o 
louvor à proclamação. Erguer as vozes é a prática mais tangível dos 
textos 
A ideia da Adoração somada ao louvor, são vistas em Neemias 
8:6 “E todo o povo respondeu: Amém! Amém! E, levantando as mãos, 
inclinaram-se e adoraram o Senhor, com o rosto em terra” (Ne 8.6). 
Você percebeu que primeiro eles louvaram com as mãos 
erguidas respondendo amem? E, em seguida, adoraram inclinando-se 
com o rosto em terra. Já em 2 Crônicas 7.3, encontramos a ordem 
inversa: “Os filhos de Israel… se encurvaram com o rosto em terra 
sobre o pavimento, e adoraram, e louvaram o Senhor, porque é bom, 
porque a sua misericórdia dura para sempre”. 
 
Instrumentos ou vozes 
As duas realizações são latentes nos textos: Veja em I Crônicas 
23:5 “...quatro mil para louvarem o Senhor com os instrumentos que 
Davi fez para esse mister”. Há um registro ainda mais contundente em 
2 Crônicas 30.21: “Os levitas e os sacerdotes louvaram ao Senhor de 
dia em dia, com instrumentos que tocaram fortemente em honra ao 
Senhor”. Duas performances dignas de serem observadas no AT era o 
costume de erguer as mãos e tocar instrumentos, em ambos os casos 
com grande barulho. 
 
No Novo Testamento 
Não há registros de instrumentos no NT, a não ser nas visões de 
João sobre o Apocalipse, no entanto, o costume de “erguer as vozes” 
continuava à exemplo de Israel no AT. Em Atos 4.24, os crentes 
reunidos, “unânimes, levantaram a voz a Deus e disseram: Tu, 
Soberano Senhor, que fizeste o céu, a terra, o mar e tudo o que neles 
há”. E o apóstolo Paulo instruiu os crentes de Colossos a ensinarem e 
aconselharem uns aos outros “com salmos, e hinos, e cânticos 
espirituais, com gratidão, em vosso coração” (Cl 3.16). 
Portanto, em termos bíblicos esta é a ideia central, e com já foi 
mencionado nesta disciplina, há outras palavras variantes, dignas 
também de estudo, porém estas duas resumem todo o sentimento de 
Deus em relação a adoração. 
 
As dimensões da adoração 
As bases da teologia, ou até mesmo as derivações dela, tais 
como, doutrinas, ensinamentos, dependem de afirmativas para se 
estabelecerem. São inseridas por várias investidas. Quer seja pela 
BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 12 
 
pregação, pela escrita, como também pela música ou até mesmo a arte. 
Neste sentido, levar uma congregação a adorar a Deus e não fazer uso 
da teologia como fundamento é perda de tempo. 
 
Na tradição wesleyana, desde os primórdios e com centralidade 
bíblica, Charles Wesley e os primitivos metodistas zelavam por uma 
prática de evidenciar o tema santidade em suas canções. No século 
XVIII ainda respirando o puritanismo, que em questões de 
comportamento eram rígidos em diferenciar de tudo que ostentasse 
outra coisa a não ser um genuíno louvor a Deus, ouvir canções onde 
Deus não é o centro da adoração era confundir o teor da missão com 
coisas banais. 
Os hinos de Charles possuíam uma mensagem fundamentada na piedade 
cristã, própria para as reuniões devocionais e para os grandes agrupamentos 
ao ar livre. Eles destacavam o fervor da fé e tornavam a mensagem 
inesquecível2. 
Quando a dimensão da adoração como música é usada para 
afirmar a nossa teologia, cumpre seu tamanho dever. Em termos de 
"afirmativa Teológica" temos três vertentes: (1) Letra que aponta na 
vertical em direção à Deus; (2) Deus é o centro da adoração; e (3) com 
ênfase à comunhão. 
 
A dimensão da adoração como fixação doutrinária 
Quando observamos a prática da adoração na historicidade de 
Israel, bem como na vida da Igreja, principalmente a primitiva, 
entendemos que os princípios, preceitos, decretos, leis, doutrinas, e 
toda proposta de revelação de Deus, sobre Deus, à respeito de Deus, 
ao homem, à mulher, à um povo ou nação, são amplamente 
conceituados pelos viés da adoração. 
O sentido em adorar é tão forte que provocou idolatria em outros 
povos. O ser humano tende a abrir toda a guarda de resistência quando 
para homenagear alguém que ele entende ser maior que ele. Este tipo 
de situação forma uma cultura onde há base perfeita para uma fixação 
doutrinária. 
 
A dimensão da adoração e a formação sociocultural da 
comunidade 
As verdades de Deus e Sua Palavra, contidas na adoração, vão 
aos poucos moldando a forma das pessoas pensarem a respeito de 
alguns comportamentos. Por este motivo, o que cantamos deve ser bem 
elaborado, pensado, sob forte influência do Espírito Santo, e esta é a 
proposta desta disciplina, tendo como base o comportamento de Israel, 
da Igreja e dos Wesleyanos primitivos. 
A prática de um povo que adora a Deus reflete em suas canções, 
e da mesma forma estas canções impactam a formação sociocultural 
de uma comunidade. Até na música secular acontece este fenômeno, e 
só lamentamos quando esta ferramenta é usada para produzir o mal. 
 
2 Fonte: Revista Graça, Ano 03 nº 35 / Fonte: Arminianismo.com 
BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 13 
 
A dimensão da adoração e a sua importância na comunhão e 
novos talentos 
A adoração é importante na comunhão entre as pessoas. A 
adoração as une, as faz viver em família e ao mesmo tempo, a prática 
da adoração desenvolve novos talentos, tanto na execução de 
instrumentos como na composição de músicas. 
O poder da adoração, é fator indispensável, e este assunto vale o 
esforço de buscar todos os recursos disponíveis. Acima de tudo, a 
nossa cultura espiritual de adoração deve ser pelo que Deus faz e pelo 
que Ele é. A dimensão da oração no conceito wesleyano é impactar a 
comunidade de crentes promovendo a santidade e impacto na cidade 
através do evangelismo, da educação e ação social. 
 
A dimensão da adoração e o compromisso wesleyano 
Em 1786, já com 79 anos, Charles Wesley, que já percorrera 365 
mil quilômetros em seu ministério e havia participado de 46 mil cultos, 
cruzadas e reuniões evangelísticas, assumianovas responsabilidades 
na igreja. Foi ele quem enviou, naquele ano, os primeiros missionários 
metodistas para a Índia. Quase dois anos depois, Charles Wesley 
faleceu. O dia 29 de março de 1788, data de sua morte, tornou-se, 
entretanto, apenas mais um fato dentro de uma história de vitórias e de 
milhares de hinos cantados até hoje. Ele também deixou para todos os 
cristãos uma lição de vida e amor ao Evangelho, além de uma marca 
pessoal indelével. Dizia-se dele: “Se houve um ser humano que 
repugnou o poder, a proeminência e encolhia-se ao elogio, esse foi 
Charles Wesley”. Um verdadeiro herói da fé3. 
A Dualidade da Dimensão da adoração 
Igreja local e mundo missionário 
Igreja local: Devocional pessoal e comunhão unidade 
No mundo: Impacto de esperança, impacto a salvação 
 
Princípios de adoração no Antigo Testamento 
 
VAMOS DEFINIR PRINCÍPIOS 
Princípio (do latim principiu) significa o início, fundamento ou 
essência de algum fenômeno. Também pode ser definido como a causa 
primária, o momento, o local ou trecho em que algo, uma ação ou um 
conhecimento tem origem4. 
A descrição bíblica dos princípios que envolvem a adoração está 
profundamente ligada à uma raiz: A LITURGIA. Embora o objeto 
desta disciplina não seja amplamente liturgia, porém, esta palavra ou 
princípio serve de base para o nosso empenho neste estudo. 
Um dos cuidados de Deus quando inspirou os autores da Bíblia 
foi não aproximar termos que poderiam conotar o mesmo ato em outras 
religiões. O ponto central do princípio de adoração no AT é a palavra 
SERVIÇO, que é uma das variantes para LITURGIA. 
 
3 Charles Wesley | Arminius Hoje. (wordpress.com) 
4 FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 
1 393. 
BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 14 
 
Em muitos dicionários a palavra “Liturgia” significa, 
etimologicamente, “o trabalho que pessoas realizam”. Veja que a 
argumentação do radical é trabalho e não diversão ou entretenimento. 
O que não significa que não se deve trabalhar para Deus sem alegria 
ou satisfação. 
Neste estudo sobre as Bases Bíblicas e Wesleyanas da Adoração, 
cabe-nos uma pergunta. É possível adorar a Deus usando os mesmos 
princípios do Antigo Testamento? De alguma forma o culto e a 
adoração vetero testamentária aponta em alguma direção para 
adoração contemporânea? Com certeza, o único fator de relevância que 
miúda são as práticas de sacríficos de animais, porém, os princípios 
que regiam os atos litúrgicos estão em voga porque que são princípios. 
Pode-se ter uma forma diferente de se aplicar, no entanto, não foge a 
regra de ser princípio estabelecido por Deus. 
Vamos estudar cinco princípios inerentes ao serviço de adoração 
no AT. 
• Sacrifício de Gratidão 
• Expiação pelo pecado 
• Cultura de Ofertas 
• Centralidade da Adoração 
• Centralidade de Deus 
 
1. Sacrifícios de gratidão (Gn 4.1-6; 8.20); 
A adoração inicia-se com uma chave de milagres: A 
GRATIDÃO. Abel trouxe o melhor, a primícia e adorou a Deus. Este 
ato lhe custou a vida, o primeiro culto bíblico registrou um assassinato, 
mas o sacrifico foi recebido. 
 
2. Sacrifícios de expiação de pecados 
Há muitos versículos que tratam deste assunto, que é um dos 
principais na redenção humana (Lv 5.14-6.7). Era uma oferta que 
envolvia sacrifícios de animais e servia para qualquer tipo de pecado 
(voluntário e involuntário) – O primeiro passo deste princípio de 
adoração era o pecador reconhecer o seu erro e depois pagar sua dívida 
com a pessoa que ele ofendeu. E era um pagamento mesmo, sob uma 
cifra de acréscimo de um quinto. Uma vez feito o pagamento, a dívida 
ficava quitada e o ofertante recebia o pleno perdão. Neste sentido, o 
ato aponta para Cristo, que tomou o meu lugar como ofensor e pagou, 
não só um quinto da dívida, mas toda ela “Está consumado” (Is 53.10, 
Jó 1.5; Lv 16.15,16; 1Cr 16.39,40;2Cr 6.21-31; Ed 9.1-3). O pecado 
tinha que ser coberto e os sacrifícios do Antigo Testamento apontavam 
para a obra de Jesus. 
 
3. A Cultura de Ofertas 
A Bíblia mostra uma série de ofertas, na verdade eram onze, 
algumas se sobressaíam, e ainda se fossemos contar com o Talmude 
BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 15 
 
(O tratado do Talmud), a lista chegaria a dezoito tipos de oferta. Vamos 
analisar as mais importantes e bíblicas5: 
1 – Oferta de manjares – conceder, presente, repartir, oferta para 
Deus de cereais – Gn 4.3; Lv 2.1-16; 6.14-23; 
2 – Oferta alçada de cereal (contribuição) 2 Cr 31.3; Ed 8.25; Ez 
45.16 – Para erguer dinheiro (Êx 25.2), tornar mais conhecido alguma 
coisa; 
3 – Oferta de consagração – Presentear com a ideia de garantia, 
entrega e consagração (Êx 28.38); 
4 – Oferta queimada (holocausto) – Oferta feito com fogo (Êx 
29.18). O animal era totalmente queimado e sacrificado; 
5 – Oferta Movida – Pecado que era removido e atirado para longe, 
direto da mão de Deus (Êx 29.26); 
6 – Oferta voluntaria – Sem pressão ou necessidade de algo, 
simplesmente voluntaria a Deus (Êx 35.29); 
7 – Oferta pela culpa – Para limpar da culpa do pecado (Êx 29.36); 
8 – Oferta de libação – Algo derramado, moldando um novo ser 
(Êx 29.41), esse tipo de oferta derramava-se o vinho (Lv 23.13); 
9 – Oferta de perfume agradável – Deus se alegrou com cheiro 
suave e trouxe calma (Êx 29.41); 
10 – Oferta das primícias – Primeiros frutos da colheita (Lv 2.14); 
11 – Oferta pelo pecado – Era para cobrir, purificar, fazer expiação 
– reconciliar o homem a Deus (Lv 5.10). 
 
4. Ato de adorar deve ser a centralidade do Culto 
Você percebeu que a posição do tabernáculo era no centro do 
acampamento (Nm 1.52,53 e 2.1-2), o que seria isto? Um mapa da 
posição da adoração. Este é um princípio fundamental, era a referência 
à centralidade do culto para a nação. Por exatamente 40 capítulos o 
assunto foi elencado e sua descrição foi latente. O que mostra o 
interesse de Deus em não apenas receber o nosso culto, mas centralizar 
Sua Pessoa neste ato. A adoração genuína também deve ser fruto de 
um correto entendimento da lei, justiça e misericórdia de Deus, 
reconhecendo-O assim como Ele Se revela nas Escrituras. Sem a 
Palavra não há adoração e não importa quão emocionantes sejam os 
demais atos do culto. 
 
5. Centralidade de Deus 
Então falou Deus todas estas palavras, dizendo: Eu sou o Senhor 
teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. 
Não terás outros deuses diante de mim. 
Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança 
do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas 
debaixo da terra. Êxodo 20:1-4. 
Esta centralidade possui um só corredor, a Adoração (Gn 8.20; 
35.11, 14; Êx 3.18; 5.1; 2Cr 7.3; Ne 8.6). 
 
5 Estudos De Deus. Os tipos de ofertas na bíblia e como eram os sacrifícios no tempo bíblico 
(estudodedeus.com.br) 
BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 16 
 
O culto era direcionado à Deus, somente a Ele. Quando fazemos 
assim, certamente honramos ao SENHOR e quando O adoramos pelo 
que Ele é, atingimos o coração da adoração. Deus não depende dos 
humanos para ser adorado, nem a sua Glória fixa nisto, no entanto, 
deve partir de nós, através do amor que tempos por Ele e exaltá-lo na 
beleza da sua santidade. 
O que fazemos não aumenta nada em Deus, mas aumenta tudo 
em nós. Não devemos adorá-lo pelo que somos, mas por aquilo que 
Ele tem sido em nós. 
O Salmo 93 diz que Ele está revestido de majestade. Deus é 
glorioso, é sublime, é belo na Sua santidade. Devemos adorá-Lo no 
Seu esplendor e na Sua beleza. PORQUE: 
• A glória do Criador foi revelada (Sl 19). 
• Deus é o Altíssimo (Sl 83.12), 
• Deus é que vê todas as coisas (Gn 16.13), 
• Deus é escudo (Sl 84.11) 
 
Princípios da adoração no Novo Testamento 
Assim como no Antigo Testamento, a adoração segue sua 
historicidade e teologia, reunindo princípios que ainda nos ensinam e 
direcionam o caminho. 
 
Princípios ou primórdios da liturgia cristã 
Um dos momentos mais marcantes paraa aplicação da palavra 
liturgia foi o da última Ceia. O próprio SENHOR Jesus estava presente, 
aquele a que a igreja adora. Ele mesmo elaborou a liturgia e conduziu 
os serviços - que momento glorioso! 
Na última ceia, temos a primeira liturgia da igreja. Pegando o 
pão e o vinho, deu graças, abençoou-os e distribuiu-os aos discípulos, 
dizendo: «Tomai: isto é o meu Corpo. (…) Isto é o meu sangue» (Mc 
14, 22.24). Aqui temos dois princípios implícitos na ceia: A benção do 
Pão e a gratidão do sangue. 
No fim, pediu-lhes que repetissem esse gesto em Sua memória. 
Como o fez Jesus, os discípulos imitaram, e veio através dos 
patrísticos, porém, com o tempo e a expansão da igreja, muita coisa 
mudou. O cerne da adoração ainda é Deus, porém a forma de fazer 
obteve algumas mudanças. A liturgia mais próxima à ortodoxia possui 
a mesma estrutura, que divide a celebração em dois momentos 
essenciais: a liturgia da palavra e a liturgia da comunhão, ou como diria 
em termos eruditos, a eucarística. Em primeiro plano, os textos bíblicos 
ocupam um lugar especial. 
 
Os princípios da adoração na era Patrística 
Na época patróloga (ou patrística – os pais da Igreja), segundo 
os registros históricos, havia sempre um presidente da reunião, 
chamado presbítero, ele conduzia a celebração com alguns auxiliares, 
os diáconos, os quais realizavam o serviço. 
 
Princípios da Adoração no NT 
BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 17 
 
Assim como vimos 5 princípios no AT, vamos estudar 5 também 
no NT 
• Meditação - Geralmente era feita uma pequena meditação a 
respeito da leitura das cartas ou do Didachê (conjuntos de ensinos dos 
apóstolos); 
• Explanação - O presbítero partilhava com os presentes as 
verdades que Deus ministrou ao seu coração; 
• Oração - No final, oravam juntos, uma oração que por muito 
tempo foi conhecida como “Oração dos fiéis” 
• Comunhão - E como o costume da santa ceia, o pão e o vinho 
eram distribuídos para “lembrar” o sacrifício e ressureição de Jesus; e 
• Adoração - Um hino ou louvores eram entoados para encerrar. 
Culto, Liturgia e Serviço no século II. 
 
Prática cristã Patristica 
Aqui está um documento do século II sobre o culto, liturgia e 
serviço6: 
Justino (c.150), apologia, [I. LXV-LXVII LXV] – Justino 
escreve: “...Depois de termos lavado desta maneira (batismo) aquele 
que se converteu e deu o seu testemunho, o conduzimos aos irmãos 
reunidos para em comum oferecer orações por nós mesmos, por aquele 
que foi iluminado e por todos os homens do mundo. Isto fazemos com 
todo o coração esperando que, assim como temos aprendido a verdade, 
também sejamos dignos de sermos achados bons cidadãos, 
cumpridores dos mandamentos e, finalmente, sermos salvos com a 
salvação eterna. Ao terminar as orações, mutuamente nos saudamos 
com o ósculo da paz e, logo, traz-se ao presidente o pão e um cálice de 
vinho com água. Ele os recebe oferecendo-os ao Pai de todos as coisas 
num tributo de louvores e glorificações, em nome do Filho e do 
Espírito Santo, dando graças por sermos considerados dignos de 
tamanhos favores de sua clemência. Terminada as orações e ações de 
graça, os presentes as ratificavam com “amém”, a palavra hebraica que 
significa “assim seja”. Terminada a ação de graças do presidente e 
ratificada pelo povo, os chamados “diáconos” distribuem entre os 
presentes o pão eucarístico e o vinho com água, que levam depois 
também aos ausentes. [1] 
[CLÁUSULA LXVII] Justino acrescenta à ata: No dia 
denominado de dia do sol há uma reunião de todos aqueles que vivem 
tanto nas cidades como no campo. Ali se dá a leitura das memórias dos 
apóstolos ou das Escrituras dos profetas, até onde o tempo permite. 
Terminada a oração, do modo como foi dito, traz-se pão e vinho com 
água. O presidente dirige a Deus orações e ações de graça. O povo 
aquiesce com aclamação: amém. E se procede à distribuição dos 
elementos eucarísticos entre todos, enviando-se também, mediante os 
diáconos, os que estão ausentes. Os irmãos que estão na abundância e 
querem dar, dão cada qual conforme lhes aprouver. O dinheiro 
recolhido é entregue ao presidente, que o reparte entre órfãos, viúvas, 
 
6 [1] – [2] - Justino (c.150), apologia, [I. LXV-LXVII LXV] / Justino_de_Roma_IApologia.pdf (monergismo.com) 
BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 18 
 
doentes, indigentes, presos e transeuntes, de todos aqueles que 
necessitam de ajuda ele é um protetor. [2] 
Este modelo perdurou por quase mil anos, e houve alterações. 
Durante a primeira parte do ano mil, as cartas apostólicas tornaram-se 
encíclicas papais e o espaço delas foi aumentando dentro da cerimônia, 
entre elas algumas encíclicas políticas. A primeira foi a do papa Sírico 
em 385. Também a inclusão de sacramentos diversos, oração aos 
mortos, devoção às imagens - entre outras práticas -, foi-se tirando a 
simplicidade exemplar deixada pelo SENHOR Jesus e os primeiros 
apóstolos. 
O raso conhecimento ou a falta de interesse nos privam de 
receber os benefícios que Deus nos dá através da adoração. Primeiro, 
a aproximação em intimidade com Ele e segundo, poder distribuir na 
comunidade uma vida de partilha, tempo de graça e mensagem de 
esperança. O fator principal do sacrifício de Jesus na cruz foi de trazer 
de volta os filhos para Pai e restabelecer a comunhão que Adão perdeu 
no Éden por causa do pecado. Ora, se era o pecado que nos separava 
de voltar a esta comunhão, então Jesus cumpriu seu papel ao remover 
o peso do pecado de nossas vidas. 
“Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai 
em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem.” 
(João 4:23) 
O que precisamos entender é que a cultura de adoração no NT 
não se restringe apenas em cantar. Havia uma vida envolvida. Para os 
de dentro a partilha, a comunhão e a edificação. Para os de fora, o 
testemunho, as atitudes e a constante ameaça de algum momento serem 
presos, algemados e lançados às feras. Hoje em dia não se vive mais 
esta ameaça em boa parte do globo, porém, o compromisso de servir 
sob perseguições, lutas e tribulações continua nos verdadeiros 
adoradores. 
Adorar é antes de tudo AMAR e SERVIR. Ninguém deve servir 
a Deus porque tem que servir, ou porque o pastor mandou, ou ainda 
porque é o costume de fazer o que todos já faz há décadas. Esse não é 
o princípio. Tal qual a igreja primitiva, devemos fazer porque amamos 
ao SENHOR, resolvemos servir porque amamos a Deus e sua justiça. 
O que nos move ao altar é o amor que temos por ele. Fora disto, será 
algo apenas litúrgico, mecânico, costumeiro, tradicionalismo e 
mórbido. Os princípios de adoração no NT nos levam refletir nesta 
verdade: ADORAÇÃO EM AMOR, SERVIR EM AMOR - e aí está 
implícito: amar e servir a Deus e amar e servir ao próximo, 
consequentemente ao mundo7. 
“Portanto, ofereçamos sempre por ele a Deus sacrifício de 
louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o seu nome.” (Hebreus 
13:15) 
 
 
7 ELIAS, Manoel - Adoração no Novo Testamento - Verbo da Vida 
 
 
 
UNIDADE II 
Fundamentos teológicos da adoração 
BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 20 
 
Definindo ortodoxia 
Ortodoxia é a condição de cumprimento absoluto com todas as 
decisões, preceitos e ideais de certo padrão ou dogma considerado 
tradicional, de modo rigoroso e rígido. 
Para os pensadores ortodoxos, a visão apresentada pela ortodoxia 
é tida como a única correta, pois seria baseada em princípios 
metafísicos e científicos. 
Este termo é normalmente associado à uma doutrina cristã, que 
é caracterizada por seguir rigorosamente todas as normas tradicionais 
da igreja. 
No entanto, a ortodoxia pode ser interpretada a partir de um 
ponto de vista pejorativo, quando passa a ser uma doutrina ou 
comportamento que nega a adaptação as realidades alheias ou ao que 
é novo. 
 A nossa missão de adoração, a missão da igreja no mundo, 
começa com a adoração. E quando nos congregamos diante de Deus 
em adoração, cantando, ouvindo a leitura públicada Bíblia, 
devolvendo os dízimos e ofertando, orando, ouvindo a pregação da 
Palavra, batizando e participando da Santa Ceia – então sabemos mais 
claramente o que significa ser povo de Deus. A adoração é a mais 
elevada expressão do nosso amor a Deus. 
É a adoração centralizada em Deus, honrando Aquele que pela 
Sua graça e misericórdia nos redime. O contexto primário da adoração 
é a igreja local, onde o povo de Deus se reúne, não numa experiência 
egocêntrica ou para a autoglorificação, mas para uma entrega e oferta 
de si mesmo. A adoração é a igreja em serviço amoroso e obediente a 
Deus. 
 
A adoração significativa: uma chamada à adoração 
Salmos 95:1-7. Os discípulos de Jesus viveram na Sua presença 
e ministraram aos outros como resultado desse relacionamento. Jesus 
enviou os Seus discípulos ao mundo para ministrar (Mateus 10). Mais 
tarde, Ele disse-lhes que precisavam ser cheios do Espírito Santo. Eles 
esperaram no cenáculo e o Espírito Santo veio, assim como Jesus tinha 
prometido (Atos 2). 
Assim que os discípulos começaram o seu ministério ao mundo, 
tornaram-se embaixadores de Deus. Eles levaram a mensagem de 
reconciliação, juntamente com a missão de reconciliação (2 Coríntios 
5:11-21). 
A) Paulo disse bem: “Portanto, somos embaixadores de Cristo, 
como se Deus estivesse fazendo o seu apelo por nosso intermédio. Por 
amor a Cristo lhes suplicamos: Reconciliem-se com Deus. Deus tornou 
pecado por nós aquele que não tinha pecado, para que nele nos 
tornássemos justiça de Deus” (2 Coríntios 5:20- 21). 
B) Jesus desafiou os Seus seguidores com a Grande Comissão. 
“Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em 
nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a 
tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim 
dos tempos” (Mateus 28:19-20). A igreja primitiva realmente começou 
 
BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 21 
 
a cumprir esta comissão no mundo depois de um encontro de adoração 
significativa em Antioquia (Atos 13:1-4). 
C. A Adoração significativa ocorre à medida que praticamos as 
disciplinas do Espírito, como o jejum e a oração. O Espírito Santo, 
então, enviou-os para ganhar a outros para a fé. Isso aconteceu no 
contexto da adoração. A adoração inspira-nos e libera o poder de Deus 
nas nossas vidas. A adoração reorienta as nossas vidas à de Cristo. 
Tanto a prática da adoração pessoal como a adoração corporativa 
devem ser consistentes na nossa vida. 
D. A Adoração significativa permite que Deus Se mova entre 
nós, da Sua própria forma, nos cultos corporativos a igreja primitiva 
não conduziu os seus negócios por meio de comitês ou seminários. 
Preferivelmente, eles reuniam-se com frequência nos cultos 
corporativos, permitindo que Deus trabalhasse livremente entre eles. 
Devemos estar dispostos a parar com a nossa agenda e dispor de tempo 
para que Deus complete a Sua agenda entre nós. 
E. A Adoração significativa dá lugar para Deus Se mover 
livremente à medida que esperamos por Ele com expectativa. Devemos 
dispor de tempo para que Deus Se revele e convença, mova, toque, 
salve e santifique as pessoas do Seu modo e no Seu tempo. Devemos 
ir a todas as reuniões de adoração com uma ansiosa antecipação de que 
nos encontraremos com Deus nessa reunião e de que Ele se moverá 
entre nós. Nunca devemos estar satisfeitos com a rotina normal de um 
encontro habitual. 
F. Os filhos de Deus devem reunir-se semanalmente para que 
possam ser fortemente cativados pelo Espírito de Deus. Para que o 
espírito humano seja energizado nada pode substituir o Espírito Divino 
de Deus. Isso acontece de modo mais eficiente em períodos de 
adoração corporativa significativa. O Espírito Santo revela Cristo em 
nós, nos enche, nos santifica e capacita para os desafios de serviço que 
nos estão propostos, tais como oração, meditação, jejum, estudo 
bíblico, comunhão, assim como, para todas as Disciplinas Espirituais 
conhecidas de Wesley como Meios de Graça”. 
 
A ortodoxia bíblica tende zelar pelas palavras originais e 
conceitos primeiros a fim de manter a lisura dos acontecimentos, evitar 
mecanismos que desfigurem a intenção primeira. Neste sentido, a 
proposta mantida pela ortodoxia é abraçada como a certa, porque 
pressupõe estar fundamentada em originalidade, acordo consensual e 
muitas vezes em resoluções de ordem metafísicos com provas 
científicos. 
Como esta terminologia é acoplada à uma doutrina cristã, o caso 
é mais por fé e experiência pessoal do que científica, e foi assim que 
durante estes dois mil anos muitas tradições e raízes teológicas 
permaneceram firmes vencendo os tempos de mudanças social, 
filosófica e cultural. 
Em nosso estudo, vamos fazer uma imersão neste tema para zelar 
pelo objetivo e motivação da matéria, uma vez que ela nos direciona à 
um relacionamento com Deus e com a comunidade. 
 
BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 22 
 
A igreja possui a missão de impactar o mundo através da 
adoração 
Sabemos que adoração é um termo ligado à música literalmente, 
porém, na prática a abrangência é bem mais expressiva, pois envolve 
um “modus vivendi” em relação à comunidade que nos cerca. 
Podemos dizer que o conjunto de adoração não se resume no louvor e, 
sim, na vida em todos os sentidos, vertical ou horizontal. Ir à igreja, 
digo ao templo para adorar é uma coisa, sair do templo e continuar 
adorando, deve ser a mesma coisa. O mundo não espera espetáculos, 
o mundo espera uma vida para seguir. 
Na igreja adoramos ao chegar, saudar os irmãos, quando 
cantamos, ao dizimar e ofertar, recebendo a palavra, orando, na 
comunhão. Engana-se aquela pessoa que apenas mecaniza a adoração 
à uma parte apenas do culto, como no caso o louvor. A adoração tem 
sua ortodoxia fundamentada nos primeiros atos, não só de Israel como 
nação, mas da igreja como organismo vivo da fé. 
A adoração também é ortodoxa para com o povo pois se mantem 
sem olhar para direita e nem para esquerda. Em testemunho no meio 
dos chamados desigrejado (ou sem igreja) a ortodoxa soa como zelo, 
organização, disciplina etc. 
No momento em que você adora, e a igreja adora, vem a força 
primordial, isto é, uma das formas de ortodoxia. É a adoração na raiz, 
no fundamento, no gênesis de nossa existência enquanto servos de 
Deus, enquanto igreja militante. 
 
A ortodooxia como as primeiras coisas 
Sendo a ortodoxia “as primeiras coisas”, a igreja primitiva soube 
dar sentido a adoração como uma primazia para sua vida contextual. 
Por todos os lados a adoração, em forma de vida, ou melhor, como 
estilo de vida, fez da igreja conhecida e o seu testemunho trouxe 
milhares de milhares à Cristo. A forma de viver esta ortodoxia primaz, 
sem adulterar os significados, sem prevalecer conceitos, zelando pela 
unanimidade, aquele povo balançou as estruturas daquela sociedade. 
O zelo da igreja pelas primeiras coisas trás o impacto de Deus à 
comunidade. E o próprio SENHOR nos cobra a ortodoxia: “Tenho, 
porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor. Lembra-te, pois, de 
onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, 
brevemente a ti virei, e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te 
arrependeres. Apocalipse 2:4,5 
Esta alusão de Jesus à igreja era contra justamente quem 
abandonou a ortodoxia da adoração, entre eles estavam os Nicolaitas: 
“Os nicolaítas eram os seguidores de uma heresia que se tinha 
infiltrado na igreja primitiva. No livro de Apocalipse, Jesus condenou 
as práticas dos nicolaítas e avisou seu povo a não seguir nos seus erros. 
A Bíblia não explica quem eram os nicolaítas nem nos diz em que 
acreditavam. Apenas diz que suas práticas eram detestáveis para Deus. 
O problema era tão sério que uma igreja onde seu ensino se tinha 
infiltrado corria o risco de ser destruída! - Apocalipse 2:15-16. O nome 
da maioria dos partidos religiosos, das seitas e das heresias vinha de 
seu fundador ou de alguém que serviu de inspiração para o grupo. Por 
BASESBÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 23 
 
isso, os nicolaítas provavelmente tiraram seu nome de alguém 
chamado Nicolau. 
A ortodoxia da adoração na prática 
A Adoração deve vir de dentro e a mesma se revela nas atitudes 
que desempenhamos. É uma espécie de endoculturação, é algo que 
deve brotar do interior, como “rios de águas vivas”. 
Os atos de adoração que não são sinceros não são adoração, são 
apenas rituais, são mecanismos habituais, só exterior sem valor (João 
4:23). É necessário dizer também que adoração permite a atuação de 
Deus em nós e consequentemente através de nós. 
 
 A tríade fundamental para ortodoxia da adoração 
1. A primeira ação. 
A adoração deve ser a primeira ação. Jesus nasceu sob louvores 
e fez seu último ato na Ceia adorando; 
 
2. A imagem de Deus. 
A igreja deve espelhar o amor de Deus, refletir sua imagem, 
através da adoração na comunidade, sendo justa, fiel, não maldizente, 
promovendo a paz, o amor e sendo um canal de testemunho. 
 
3. A fonte interna. 
A adoração deve fluir de dentro do mais profundo do nosso ser, 
ela nasce em Deus e Deus é o início de tudo. Ao fluirmos de Deus o 
adoramos na beleza da sua santidade. A adoração não pode depender 
de estímulos externos, é o Espírito Santo que provoca em nós. 
Ser ortodoxo na adoração é zelar pelo início, pelo começo, pelo 
primeiro amor, é ficar o mais perto da verdade, dos princípios, dos 
preceitos, dos mandamentos e do que Deus espera de nós. 
Alguém já perguntou: qual é o verdadeiro louvor? Os cânticos 
antigos ou os contemporâneos? Que música não é de Deus? É pecado 
ouvir música mundana? 
Estas perguntas são respondidas pelo apóstolo Tiago e sua 
chamada à ortodoxia: “ Chegai-vos para Deus, e ele se chegará para 
vós. Limpai as mãos, pecadores; e, vós de espírito vacilante, purificai 
os corações” (Tg 4:8) . Quando nos aproximamos de Deus, o próprio 
Espírito Santo nos guia pela verdade e nem precisa dizer, pois o que 
não procede de Deus - o ortodoxo - não terá prazer. Assim, eu não 
preciso julgar ninguém a partir das minhas crenças ou experiências 
com Deus, pois cada um dará conta de si. Então, para prevenir, é 
melhor se aproximar das primeiras coisas e Deus ama tanto a ortodoxia 
que recebe as primícias, os primeiros frutos. 
Deus é tão zeloso em relação a ortodoxia que iniciou a criação 
com ela, porque está escrito em Genesis 1:1: “NO PRINCÍPIO...” e 
isto é ortodoxia. 
 
Herança hinologica wesleyana da adoração 
DEFININDO OS TERMOS. Muitas vezes, no decorrer do nosso 
estudo, nos deparamos com os termos "Hinódia" e "Hinologia". É 
BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 24 
 
importante distanciar os dois para entendermos melhor a proposta da 
aula. 
Em uma explicação mais simples, "Hinódia" refere-se a uma 
coleção ou o conjunto da obra - tipo um acervo de músicas e 
coletâneas. Já o termo "Hinologia", quer dizer a respeito de estudar a 
estrutura da canção, seus propósitos, ideias, intensão e filosofia da 
obra. São termos interligados, mas que possuem ênfases bem distintas. 
Quando mencionamos que tal compositor possui 3 livros de coletâneas 
musicais etc., estamos nos referindo à Hinódia, mas quando dizemos 
que tal compositor usou uma rima para evidenciar um tal assunto, já 
estamos falando de hinologia, em termos de música cristã. [1] 
 
 Charles Wesley e parte do seu legado. 
 Observou bem José Carlos de Souza, ao propor sua “Linha do 
Tempo - Vida de Charles Wesley (1707-1788)”. Lembrou que seria 
“difícil imaginar o desenvolvimento e a expansão do metodismo sem 
a força dos seus cânticos” [1]. 
Charles Wesley nasceu no dia 18 de dezembro de 1707, em 
Epworth, Lincolshire. Ele foi um dos últimos filhos de Samuel e 
Susanna Wesley [Cf. Anuário Litúrgico 2007]. E de acordo como 
historiador Richard Heizenrater, o movimento wesleyano, inicialmente 
pode ter parecido “uma continuação natural da vida devocional e das 
ideias da casa pastoral de Epworth”, porque Susanna, mãe de Charles 
os ensinava com severidade e devoção. Charles Wesley ingressou no 
Christ Church, Universidade de Oxford, em 1727. Conforme a história 
mostra, ele não se destacou pela sua piedade ou seriedade, deixando 
ser levado inclusive pelo ambiente mais liberal da universidade e, por 
isso, chegou a ser desaprovado por John. Contudo, se redimiu após sua 
investida nas diretrizes do Clube Santo e, posteriormente, em sua 
"Experiência do coração" ocorrida em 21 de maio de 1738 [1]1 - 
Anuário Litúrgico, 2007 
 
A herança hinologica wesleyana. 
A busca pela santificação de coração e vida já tomava conta de 
John Wesley, desde que leu Tomas de Kempis [A Imitação de Cristo] 
e Jeremy Taylor [O Viver e o Morrer Santo], em 1725. Por isso, é 
plenamente compreensível o desacordo momentâneo sobre aspectos da 
vida na universidade. No entanto, em pouco tempo Charles mudou de 
postura e, em 1729, inicia o primeiro broto do metodismo. Mais tarde, 
Charles Wesley lembra: “A diligência me conduziu para o pensamento 
sério. Eu participava do Sacramento semanalmente e persuadi dois ou 
três jovens estudantes a me acompanharem, e observarem o método de 
estudo prescrito pelos estatutos da Universidade. Isso me valeu o 
inocente apelido de metodista”. [2] 
 
A influência. 
A produção da "Collection' de John Wesley, de 1738, serviu de 
base para o tamanho desempenho que seu irmão Charles prestou ao 
povo de Deus. Seus hinos tornaram-se patrimônio da igreja em sentido 
amplo, pois várias denominações começaram a entoar suas canções em 
BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 25 
 
seus serviços [3]. John Wesley, além dos ensinos de sua mãe, conheceu 
também a devoção dos morávios na adoração, que era uma tradição 
Luterana. Participava dos cultos dos morávios, e assim traduziu 
diversos hinos deles e os publicou junto com outros hinos de origens 
diversas, sob o título A Collection of Psalms and Hymns (Charleston, 
1738). - [3] 
 
O lugar da teologia na adoração de tradição wesleyana 
"O SERMÃO CANTADO". Em uma rápida explanação, Jose 
Carlos da Souza diz: "Não se pode subestimar a importância de Charles 
Wesley na história do movimento metodista. É certo que havia 
significativas diferenças entre os irmãos John e Charles: de 
temperamento, em relação à avaliação dos pregadores leigos e, 
sobretudo, quanto ao relacionamento com a Igreja da Inglaterra. 
Charles colocava sempre em primeiro lugar, a Igreja estabelecida, e 
John, o metodismo, ainda que ambos se opusessem fortemente à 
separação"[4]. Com todas as diferenças, a unidade dos irmãos Wesley 
e toda comunidade centrava-se no sermão e por isto a homilia era a 
base da harmonia. A Palavra pregada tornava-se mensagem cantada e 
assim se estabelecia o Reino de Deus. Em nossos dias a adoração se 
distancia do sermão e muitas vezes até se contradizem [4]. 
 
A força do se que cantava. 
Charles foi um pregador excelente, tal como seu irmão John. A 
partir de 1756, Charles diminuiu a itinerância e fixou trabalho em 
Bristol, como também em Londres. Foi a época em que mais se 
dedicou a compor. Historiadores estimam entre 6.000, 6.500 até 9.000 
canções. A bem da verdade, estudando sua obra, este montante é 
expressivo, porém, não são todas peças completas, muitos hinos eram 
desdobrados em várias estrofes e então eles assumiam ser outra obra, 
embora fosse a extensão da mesma [5]. Era a força do que se pregava 
derramada nas canções. Impossível ver o avanço do povo wesleyano 
sem esta base de adoração. 
 
A fonte do adorador. 
É fácil pensar que Charles era um músico prático e um poeta 
natural, porém, seu fruto de adoração no movimento (e esse deve ser 
para nosso exemplo) era fruto de algo mais profundo. Para este fato, 
ele mesmo relata: "...A diligência me conduziu para o pensamento 
sério. Eu participava do Sacramento semanalmente e persuadi dois ou 
três jovens estudantes a me acompanharem, e observarem o método de 
estudo prescrito pelos estatutos da Universidade. Isso me valeu o 
inocente apelido de metodista”.[3] - Abase nuclear da adoração cristã 
wesleyana estava neste ato profundo e de vida com Deus. 
 
Cantando a teologia. 
Nos dias atuais, quando a adoração assume, em uma grande parte 
da cristandade, algo comercial e de entretenimento, no século XVIII a 
seriedade era suprema, pois eles cantavam a teologia pura, exaltavam 
a DEUS realizando assim um louvor centrado na pessoa de Deus. 
BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 26 
 
Qualquer membro comum daquelas sociedades e classes possuíam 
uma fé gerada à partir do compromisso de conhecer a Deus. Este foi 
um dos motivos pelo qual o Espírito Santo soprou sobre o movimento 
e em 100 anos o povo wesleyano estava nos 5 continentes da terra, uma 
obra de missões tão profunda quanto o movimento morávio e a 
iniciativa de Wiliam Carey. Os metodistas são para os Estados Unidos, 
o que foram os bandeirantes no Brasil. Embora que n Brasil o esforço 
era geopolítico, porém nos EUA era a força das missões e a visão de 
espalhar santidade. 
 
A historicidade da cronologia hinódica na construção da adoração 
wesleyana 
De 1744 a 1745 - Há uma cronologia interessante que ao longo 
dos anos os wesleyanos desenvolveram e vemos claramente a 
condução do Espírito Santo em cada jornada. 
1744 – Charles Wesley esteve na 1ª conferência wesleyana este 
ano. O ímpeto e o sentido de grupo se fortaleceram nesta conferência. 
Em resposta as perseguições vorazes que os metodistas enfrentavam, 
Charles escreveu: “Muitas águas não poderão apagar esta pequena 
chama que o Senhor acendeu, nem a enxurrada da perseguição a 
afogará”. Com frases da mesma estirpe, Charles levanta o brio do 
movimento e a publicação destas músicas fortaleciam os movimentos. 
1745 – De uma forma modesta são publicados seus Hinos sobre 
a comunhão da Ceia do Senhor e os Hinos para comemorar o 
nascimento do SENHOR Jesus Cristo. 
De 1746 a 1749 
1746 – a partir deste ano Charles inicia suas composições por 
lotes de assuntos, com hinos voltados para os temas: Ressurreição de 
Jesus, Ascensão de Cristo, Petição, Ação de Graças pela Promessa do 
Pai; Trindade; para Funerais; para o Culto de Vigília; canções para 
Crianças cantarem. 
1747- Neste ano Charles dá uma luz mais centrada na santidade 
e escreve músicas “...para aqueles que buscam e aqueles que têm 
redenção...” 
1749 – Surge uma clássica publicação. Dois volumes 
expressivos com 455 novas composições “Hinos e Poemas Sacros”. 
Também, Charles casa-se com Sarah [Sally] Gwynne no dia 08 de 
abril, na Igreja de Llanlleonfel, Brecton, País de Gales, e John Wesley 
presidiu a reunião, em cerimônia presidida por seu irmão. Embora o 
casamento provocou algumas preocupações, ela era 19 anos mais 
jovem, Charles não possuía estabilidade financeira, porém, Deus os 
abençoou. Eles fizeram uma grande dupla musical, Charles solfejava 
as notas e Sara escrevia na pauta musical. Eles deram ao mundo 
Samuel Wesley um dos maiores músicos que a Inglaterra conheceu, 
seu apelido foi “O Mozart Inglês”. 
De 1750 a 1749____________________________ 
1750 – Neste ao Londres sofreu terremoto e Charles não pensou 
duas vezes, compôs hinos em relação à segurança do crente em Deus 
diante dos terremotos da vida. Era uma adoração para sua época atual 
contemporânea. A vida cristã era cantava e centrada em Deus com base 
BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 27 
 
na vida rotineira e no dia a dia. Sua obra foi oriunda do sermão: “A 
causa e a cura dos terremotos”. [7] 
1755 – Já nesta época os metodistas enfrentaram “forças 
internas” cujo a linha do pensamento tendia a uma eminente divisão. 
Charles apressou-se e compôs canções para amenizar a situação: 
“...Quando, no início, fomos enviados para ministrar a palavra, 
Pergunto: pregamos a nós mesmos ou a Cristo, o Senhor? Era nosso 
alvo arranjar discípulos, formar um partido, ou fundar uma seita?”. [6] 
De 1758 a 1763 ____________________________ 
1758 – Mais publicações e desta vez foram obras a respeito da 
Intercessão por toda a humanidade. 
1761 - Publicam-se os Hinos para quem Cristo é tudo em todos. 
1762 - Agora Charles viabiliza publicações de uma vasta 
contribuição. Foram dois volumes, porém nesta obra havia um 
diferencial, pois era uma hinódia de “Breves Hinos sobre Passagens 
Selecionadas das Escrituras”. Diz-se que daí nasce a ideia dos hinos 
curtos, os chamados “corinhos” no Brasil. Nesta edição havia mais de 
2.000 novas composições. 
1763 – Ano em que as crianças recebem também seu hinário. 
Cânticos infantis, de onde originam-se os louvores da escola 
dominical. 
De 1767 a 1780 
1767 – Ano da publicação de peças musicais para o uso de 
reunião familiares e outas composições que enfatizavam trindade 
santa. 
1780 – Este foi um ano promissor, pois para atender ao 
movimento que se agigantava, o próprio John Wesley elaborou um 
hinário especial para uso nas sociedades metodistas. Uma “a Coleção 
de Hinos para o Uso do Povo Chamado Metodista”. Este hinário 
possuía 525 hinos, entre eles composições de John Wesley também, no 
entanto, 480 hinos são de autoria de Charles. E veja o compromisso da 
herança wesleyana na adoração, no prefácio, John escreve: “... esse 
livro é, com efeito, um pequeno corpo de teologia experimental e 
prática”. 
DE 1782 a 1788 ____________________________ 
1782 – Mais publicações e desta feita são publicados os Hinos 
para o Jejum Nacional e Hinos para a Nação (Partes I e II). 1784 – 
Publica-se a Coleção de Salmos e Hinos para o Dia do Senhor. 
1785 – Uma novidade para a época, foi publicado o “Hinário de 
Bolso para o Uso de Cristãos de todas as denominações”. 
1788 - Charles Wesley nos deixa e parte para o tabernáculo do 
Eterno Louvor. Aos 80 anos, Charles falece no dia 29 de março. 
Poucos dias antes, ele havia ditado seu último poema à esposa: “...Na 
velhice e em extrema debilidade, quem redimirá um verme pecador? 
Jesus, Tu és minha única esperança, a força de minha frágil carne e 
coração. Oh! Que eu possa cativar um sorriso teu, e entrar na 
eternidade”. [8] 
 
 
 
BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 28 
 
Compromisso e atualização 
Através desta cronologia histórica, notamos que o movimento 
acompanha a movimentação. Não era uma construção hinológica tipo 
"deixa como está para ver como fica" ou "vamos de acordo com o que 
conseguir" ou ainda, "qual o próximo sucesso da banda tal ou cantor/a 
tal?". Em absoluto, havia uma visão sobre os temas santidade, 
conhecer a Deus, vida cotidiana e todas as canções atrelavam o povo à 
orientações da Palavra e uma vida de testemunho. Hoje vemos que 
recebemos canções de tudo quanto é forma, não se faz um estudo sobre 
a carência daquela comunidade específica ou a necessidade daquela 
igreja local. Na verdade, precisamos refletir até onde o poder da mídia 
dita a hinologia da Igreja. 
 
A cultura e suas formas de expressão na adoração 
A cultura de um povo, nação e sociedade é o resultado de 
informações que agregam tipos de práticas, linguagens corporais e 
verbais, atitudes, valores, leis, comportamentos, crenças, etc. 
Nas pequenas fontes nascem direções que vão se ambientando e 
tomando proporções de influência e convencimento. As três perguntas 
mais frequentes dos seres humanos são: Quem somos? De onde 
viemos? E para onde vamos? Sabemos que a bíblia responde estas 
questões porque seus preceitos são antes de qualquer cultura. Somos 
criados a imagem e semelhança de Deus, viemos do milagre da criação 
de Deus com base na união entre homem e mulher, e vamos para a 
eternidade quando nossa lida aqui findar. 
De certo modo a cultura pode adereçar, algumas maneiras: 
1. A Maneira como respondemos ao que nos cerca, como 
respondemos aos estímulos, que base de fé teremos para filtrar as 
influências. 
2. A Maneira como interagimos na inteligência 
INTERPESSOAL com a família, amigos, irmãos em Cristo. 
3. A Maneira recebemos e transferimos relacionamentos 
com grupos fora do nosso círculo de concordância. 
4. A Maneira como lidamos com o caráter à nível de sexo, 
dinheiro,poder, religião e política. 
5. A Maneira como viabilizamos as decisões, pautamos 
prioridades. 
6. A Maneira como encaramos a vida, a morte, a luta, a 
culpa, o perdão, a mudança. 
7. A Maneira como organizamos o tempo, vemos a arte, 
lidamos com o governo, e o gerenciamento do espaço físico. 
Porque a cultura dita as normas, as formas, as leis, as atitudes, as 
mudanças, as decisões, então grupo de interesses lutam por usá-la a 
fim de implantar suas inclinações. O que funcionou na era antiga foi a 
espada, mas hoje, depois da humanidade aprender sobre direitos e 
deveres humanos, a batalha é cultural, algumas com fundos religiosos, 
outras com ditadura judicial, enfim, a cultura é uma janela para o 
campo das ideias e ideais. 
De acordo com a “cultura histórica”, cristãos, de vários 
seguimentos, tem insistido numa tríade interessante: 
BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 29 
 
1. Os “metanóias” (Metanoein, no contexto das 
discussões teológicas foi traduzido como "arrepender-se"). Pode-se 
compreendê-lo melhor à luz da noção de conversão, uma 
transformação completa do pensamento. Tal conversão não se limita a 
uma mudança de mentalidade, mas também implica mudança de 
comportamento, de atitude, de maneira de ser e de viver) . Este grupo 
acredita que havendo CONVERSÃO, as pessoas, consequentemente, 
a cultura será transformada. 
2. Os “aequistas” (que significa Equidade; em latim: 
Aequitas, era um conceito latino que evocava a noção de justiça, 
igualdade, conformidade, simetria. Na Roma Antiga, pode referir-se 
tanto o conceito legal de equidade ou justiça entre indivíduos) . No 
sentido de se igualar para não chocar, usando como base o amor, tende-
se a negociar valores em nome da acolhida. O problema deste grupo é 
não saber depois separar o que realmente é lícito, ético e conveniente. 
Vários precedentes são abertos em função da inclusão que desvirtua o 
caráter inicial de certos valores concordados pela sociedade. Inclusive 
dizem que os valores cristãos não devem ser ventilados fora do circuito 
da igreja, e assim, aceitam desvios culturais como parte de uma 
sociedade. 
3. O Díscolos, que são os que se separam, segregam, 
distanciam-se de todos, criam sua redoma, não aceitam interferência e 
classificam precocemente qualquer linha contrária ao seu pensamento 
de “seita”. Neste caso cria-se a discriminação, o elitismo religioso, a 
acusação exacerbada, um moralismo parcial e uma indiferença letal, 
chegando ao ponto do ódio em alguns casos, quando não a um 
fanatismo estonteante. Grupos e círculos fechados, sociedades 
exclusivistas etc. 
A adoração ao SENHOR, nosso Deus, único e verdadeiro, nos 
conduz à ideia dos metanóis. Onde a busca pelo perdão, leva-nos a uma 
mudança de pensamento, de vida e atitudes. A adoração enquanto 
música, comportamento, trato, dedicação e serviço torna-se uma 
ferramenta que propõe esta mudança. 
O caso dos aequistas e díscolos, não contempla a vontade de 
Deus, pois, a proposta bíblica não de aceitação em nome de um “amor 
irresponsável” e tão pouco de negação da extensão do verdadeiro amor 
de Deus a todos: 
A adoração é um meio de restaurar o que foi perdido nas eras e 
nas mesclagens da luta do mal para destruir o bem. E não se preocupe 
porque a narrativa aqui não é pelo dualismo do mal e o bem, 
protagonizados pelos mitraístas, zoroastristas, ou qualquer proposta 
mesopotâmica e do Egito tão pouco, da construção demonológica da 
ideia média, é fato, é real e inegável, 
1. A Criação foi perfeitamente boa. A ideia de Deus era 
o seu Reino desde o início, entretanto, por ser justo e não esconder o 
mal, e por ter dado o livre arbítrio, o homem escolheu não adorar e se 
rebelar. 
2. O pecado contaminou a natureza e os “naturis”. A 
fase que o pecado inseriu na história abriu um precedente para uma 
solução. Jesus veio e restaurou a comunhão, abriu o “novo e vivo 
BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 30 
 
caminho” sobre a senda do pecado. O novo e vivo caminho é a 
adoração, a avenida de acesso à presença de Deus. 
3. O céu reagiu através do amor de Deus. Em resposta 
a todos os sacrifícios animais de seres humanos oferecidos pelas 
religiões sem nexo e inóspitas, Deus entregou seu único filho em 
sacrifício vicário, único e eterno, onde por toda a historicidade do 
trajeto soterológico, a adoração foi a linha que entrelaçou as épocas, o 
chamado de profetas e pregadores, e a coesão de um povo, que embora 
suas diferenças, convergiam ao único e supremo Deus. 
4. A transformação. Desta maravilha indelével, que é a 
nova vida operada pelo poder da adoração na cultura, o mundo 
experimenta hoje uma mudança, uma transformação onde a adoração 
ao Eterno torna-se o caminho procedente e aproximado. 
Em termos objetivos, a mensagem de Deus através da Adoração 
é sim, afetar as culturas e suas carcaças de aço pecaminoso, extirpar o 
pecado intravenoso que foi induzido nas veias da humanidade, mostrar 
ao mundo o seu REINO, o único Reino, onde de fato, o Reino garante 
a segurança, a sobrevivência, a saúde e o bem-estar com base na paz. 
E, diga-se de biblicidade, “...a paz que excede a todo entendimento” 
1. A adoração deve ser o eco dos cristãos em uma cidade. 
A hora de parar com escândalos chegou. Sabemos que o escândalo 
vira, mas que não seja por você. A cidade precisa conhecer um povo 
que adora a Deus e traz testemunho de vida. 
2. A adoração deve curar a má cultura da cidade. O que 
fazer com uma cultura propensa ao ódio, ao assassinato, ao adultério, 
as drogas e tudo que não é lícito? Uma adoração poderosa é capaz de 
espalhar a mensagem, da redenção. 
3. A adoração deve servir como um contraponto a todo 
desvio de conduta de uma sociedade perversa. Não pregamos 
santidade? Onde está o poder de nossas canções? Onde está a 
transformação além do barulho, da “roupa adequada”, do que 
pregamos ser correto de acordo com a Santa Palavra de Deus? 
A Bíblia mostra dois episódios interessantes. No primeiro, o 
povo se junta por rebelião e tenta com suas próprias mãos chegar ao 
céu, o que conseguiram foi só confusão e divergência. No segundo 
caso, ao invés da humanidade construir uma torre e ir a Deus, é o céu 
que desce a terra e, ao invés de confusão, ouve-se adoração. O primeiro 
caso é a torre de babel, onde havia divergência e no segundo caso é de 
Pentecostes onde houve convergência. No primeiro, as pessoas 
falavam muitas línguas e não se entendiam, no segundo, todos ouviram 
o evangelho em suas próprias línguas. 
Note que a rebelião é ponto de divergência. Mas adoração é 
ponto de convergência. 
A adoração que fazemos a Deus só é legitima quando refletida 
na vida da sociedade, pois o que toca em cima no céu há de tocar 
também na terra. A tarefa suprema dos adoradores do Deus vivo não é 
se mostrar diferente da sociedade no sentido díscolo e sim, como uma 
ALTERNATIVA de um estilo de vida diferenciado. 
BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 31 
 
Por fim, a adoração é o poder rompente. Lá em Atos 16:23-25 
mostra o episódio de Paulo e Silas, amarrados, acorrentados e presos. 
Não há cultura que possa segurar o poder da adoração. 
O texto diz: “...Por volta da meia-noite, Paulo e Silas estavam orando e 
cantando hinos a Deus; os outros presos os ouviam. De repente, houve um 
terremoto tão violento que os alicerces da prisão foram abalados. 
Imediatamente todas as portas se abriram, e as correntes de todos se soltaram. 
O carcereiro acordou e, vendo abertas as portas da prisão, desembainhou sua 
espada para se matar, porque pensava que os presos tivessem fugido. Mas 
Paulo gritou: "Não faça isso! Estamos todos aqui! " O carcereiro pediu luz, 
entrou correndo e, trêmulo, prostrou-se diante de Paulo e Silas. Então levou-
os para fora e perguntou: "Senhores, que devo fazer para ser salvo?". Eles 
responderam: "Creia no Senhor Jesus, e serão salvos, você e os de sua casa" 
(Atos 16:25-31). 
Referências 
[1] - RAMOS, Luis Carlos. MONTEIRO,Simei. MATTOS, Paulo 
Ayres. ALVES, Carlos A. R. - Mil Vozes

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