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BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO Programa de Formação Ministerial/Teologia Por Elizeu Gomes BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO Programa de Formação Ministerial/Teologia STNB PALAVRAS DE BOAS-VINDAS Olá caro(a) estudante! Você está iniciando uma disciplina que faz parte do eixo teológico que o STNB oferece no seu Programa de Formação Ministerial/Teologia. Os conteúdos oferecidos nessa apostila apresentam uma linguagem dialógico-reflexiva e encontram-se integrados à proposta pedagógica do STNB, contribuindo no processo educacional, complementando sua formação acadêmica, desenvolvendo competências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri- lo(a) mais adequadamente no ambiente de serviço cristão (Aplicação das 4C’s). Este material tem como principal objetivo viabilizar o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pessoal e ministerial. Portanto, utilize os diversos recursos que a Modalidade lhe possibilita acessando regularmente o ambiente virtual de aprendizagem Moodle, assista as vídeo-aulas, participe das aulas presenciais, contribua com as suas opiniões nas discussões e realize as tarefas propostas semanalmente. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de facilitadores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica. Dr. Carlos Abejer Reitor do STNB BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 4 SUMÁRIO UNIDADE I ______________________________________________________________ 5 Fundamentos bíblicos da adoração _____________________________________________ 5 A música _________________________________________________________________ 6 Mas então por que o termo música não aparece na bíblia? __________________________ 7 Os diferentes períodos da música ______________________________________________ 8 O que é adoração?__________________________________________________________ 9 Adoração como sentido de vida plena _________________________________________ 10 As dimensões da adoração __________________________________________________ 11 Princípios de adoração no Antigo Testamento ___________________________________ 13 UNIDADE II ____________________________________________________________ 19 Fundamentos teológicos da adoração __________________________________________ 19 A adoração significativa: uma chamada à adoração _______________________________ 20 Herança hinologica wesleyana da adoração _____________________________________ 23 A cultura e suas formas de expressão na adoração ________________________________ 28 Referências ______________________________________________________________ 31 UNIDADE III ____________________________________________________________ 32 A influência da cultura pós-moderna na adoração ________________________________ 32 Adoração e Culto na América Latina __________________________________________ 43 As Mutações culturais da música na América Latina______________________________ 45 A América Latina e sua multiforme praxis na adoração ___________________________ 48 Referências ______________________________________________________________ 50 SUMÁRIO UNIDADE I Fundamentos bíblicos da adoração BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 6 Esta disciplina trata sobre a verdadeira adoração à Deus, portanto ela é respaldada pela teologia bíblica, contextualizada pela história e inserida na cultura. A ênfase desta matéria é a proposta wesleyana de adoração, e sua historicidade e espiritualidade é a resposta à conduta devocional e congregacional dos crentes. Estudaremos alguns termos como básicos, e nos deteremos nos conceitos e significados deles. A etimologia da palavra vai nos conduzir à uma compreensão exaustiva por uma necessidade lógica. Entender estes termos básicos bíblicos será fundamental no raciocínio da disciplina, uma vez que o raciocínio e constituído dos próprios elementos da realidade física que se apresenta e com os significados guardados na memória, eles são reproduzidos a um nível excelente de contextualidade dos conceitos. Analisar os conceitos e significados nos leva à uma percepção limpa, pois ela é a conexão lógica dos termos. Tudo isto para ficar o mais perto do raciocínio e longe do imaginário. Quando não há transferência do conceito para o significado corre-se um risco. Quanto mais transformação há dos elementos presentes, maior o perigo do erro, que depois gera dúvida atingindo a incerteza. A relevância deste estudo sério vai nos proteger do atomismo onde a indiferença é originada pela impossibilidade de atingir a compreensão verdadeira. O maior risco que um ensino corre em não definir de forma ortodoxa um termo, pode levar o aluno à uma má formação do conceito e isto pode causar uma acatalepsia, gerando uma disposição de renunciar à procura da solução do problema. O conceito é amplo, embora não profundo. Já o significado é estrito, porém profundo. Os conceitos constroem a base para o significado. Assim, entender as bases bíblicas, teológicas, culturais da adoração, e neste caso sob uma perspectiva wesleyana, evitara até mesmo um diaforismo e nos dará ferramentas para servir ao Reino de Deus e a igreja local com mais excelência. A música O título desta parte é FUNDAMENTOS BÍLICOS DA ADORAÇÃO, antes, porém, de entrar nestes termos, estudaremos a questão da música, porque mesmo sendo ela o assunto nuclear da disciplina, pelo fato de tratar-se de adoração, o termo “MÚSICA” não aparece na bíblia. Ou seja, a musicalidade é o veículo principal para desenvolver esta prática, quer seja no antigo Israel ou na igreja cristão, no entanto, o termo jamais fora usado nos textos sagrados. Apesar de que, adorar a Deus, implica além de música, pois a adoração está também no testemunho cristão, na pureza de coração, no bom caráter, na espiritualidade. Sendo assim, a adoração é um estilo de vida, cuja presença da música é marcante, mas que reflete em nossa vida espiritual, cultural, social e ministerial. Os termos bíblicos originais aparecem no AT e no NT, como “Adorar”, “Bendizer”, “Enaltecer”, “Louvar”, “júbilo”, “Expressão de alegria”, “gratidão”, “Ações de graça”, nunca “música”. BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 7 Note que a origem da terminologia “Música” é grega, porém, sua existência remonta aos tempos antes da criação da terra. Segundo o que relata o livro de Jó, Deus pergunta a Jó: “...Onde estavas tu, quando eu fundava a terra? Faze-mo saber, se tens inteligência. Quem lhe pôs as medidas, se é que o sabes? Ou quem estendeu sobre ela o cordel? Sobre que estão fundadas as suas bases, ou quem assentou a sua pedra de esquina, Quando as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e todos os filhos de Deus jubilavam? (Jó 38:4- 7) Portanto, a música aparece na parte final do texto quando Deus conta a alegria das estrelas no canto e os filhos de Deus no júbilo. Saber quem eram as estrelas e quem são os filhos de Deus, não é objeto desta matéria, e sim, identificar a presença musical na pré-história (antiguidade). Mas então por que o termo música não aparece na bíblia? Perceba que a palavra “música”, em si, tem origem na expressão grega musiké téchne, que significa a arte das musas. A lenda grega conta que as moças vinham entreter os deuses do olimpo, elas vinham “mousicar”. A base da terminologia música está intrinsicamente ligada a mitologia grega, portanto, politeísta e nada disso se conecta à santidade de Deus e ao monoteísmo tanto hebraico, quanto cristão. Veja bem, na mitologia grega, cada evento ou acontecimento é comumente ligado às entidades divinas. Assim, tudo era personificado, desde uma simples brisa até uma tempestade de raios, tudo era responsabilidade dessas entidades.para Celebrar. Editeo. São Paulo.2008. p 70 [2] - Cf. Anuário Litúrgico 2007]. [3] - HILDEBRANDT, Franz & BECKERLEGGE, Oliver A. (editores). Collection of Hymns for the Use of the People Called Methodists, Nashville, TN: Abingdon Press, 1983. (The Works of John Wesley, Vol. VII). [4] - HEITZENRATER, Richard P. Wesley e o Povo Chamado Metodista. São Bernardo do Campo & São Paulo: Editeo & Editora Cedro, 2006 (2ª edição). [4] - SOUZA, José Carlos. (c.f. - BARBIERI, Sante Uberto. Estranha Estirpe de Audazes. São Bernardo do Campo, Imprensa Metodist [5] - LOFTHOUSE, W. H. “Charles Wesley”. In: DAVIES, Rupert & RUPP, Gordon. A History of the Methodist Church in Great Britain. London: Epworth Press, 1965, p. 113-144a, s/d). [6] - [Fonte: RACK, Henry D. Reasonable Enthusiast: John Wesley and the Rise of Methodism. London: Epworth Press, 2002.TABRAHAM, Barrie. The Making of Methodism. London: Epworth, 1995. [7] - (Obras de Wesley editadas por Jackson sob o número 129 (cf. cd- rom publicado pela Editeo). [8] - RACK, Henry D. Reasonable Enthusiast: John Wesley and the Rise of Methodism. London: Epworth Press, 2002.TABRAHAM, Barrie. The Making of Methodism. London: Epworth, 1995.] UNIDADE III A influência da cultura pós-moderna na adoração BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 33 Na adoração está a nossa declaração de fé. A influência pós- moderna na adoração bíblica promove a perda da verdade. A força da inserção cultural pode fatalmente operar mudança de valores. A centralidade bíblica de Deus na adoração mantém o valor da intenção hinológica. A influência cultural pós-moderna hoje, tem listado para tirar a essência da verdade, o problema é que na ausência da verdade, ou na falta do absoluto, qualquer coisa é bem-vinda ou aceita, sem problemas. Vemos que o que era de valor antes, agora perdeu-se pelas concessões de ideias anticristãs. Em Efésios 1:3-6 Paulo mostra a centralidade da proposta de adoração: “Bendito Deus e pai de nosso SENHOR Jesus que nos tem abençoado com toda sorte de benção espiritual nas regiões celestiais em Cristo”. Primariamente, a intenção da adoração é louvar a Deus. Vemos então o padrão bíblico para a racionalidade da adoração O problema é que a influência pós-moderna desafia os valores que construíram o direcionamento de adoração e, por isso, o alvo da adoração foi disperso, a centralidade de Deus removida, o uso frequente da adoração para promover a PNL (Programação Neuro linguística, onde a meta consiste em uma maneira de estudar os processos e organizações mentais para entender os comportamentos, mindset e ações individuais. Segundo a PNL, a mente recebe informações, filtra-as, depois as organiza e faz com que a pessoa responda aos estímulos externos, também temas políticos, “recados ofensivos”, satisfação pessoal, bem-estar romântico etc. Vamos definir a questão da pós-modernidade: O pós- modernismo é um amplo movimento que se desenvolveu em meados do século XX através da filosofia, das artes, da arquitetura e da crítica, marcando um afastamento do modernismo. O termo tem sido aplicado de maneira mais geral para descrever uma era histórica que se segue à modernidade e às tendências dessa era. O movimento pós-moderno se posiciona contra tudo que é absoluto, cria neologismos e destrói valores outrora concordados em sociedade. Porém, há uma válvula de falha enorme neste “neo- thinking”, pois ao extirpar o absoluto, no caso a verdade, o valor moral, o próprio núcleo da filosofia, firma-se em um absolutismo próprio, portanto incoerente e inadequado, até mesmo contraditório. O que mais preocupa é que pseudos-intelectuais compactuam desta dissonância cognitiva. O pós-modernismo, embora seja algo novo, mas com bases no passado e com todas as suas falhas, pautou-se como uma resposta à idade média e moderna quando a religião, em nome de Deus cometeu vários crimes, chacinas, morticínio e atrocidades. Um período dualista entre o Teísmo e o Deísmo. O Deísmo O movimento do deísmo acredita somente no que a ‘razão’ humana pode mostrar. É um tipo de razão que exclui a fé. Foi notoriamente desenvolvido pela filosofia cultivada entre os franceses e ingleses, nos séculos 17 e 18, entre eles estão, Voltaire (1694-1778) BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 34 e John Locke (1632-1704) e outros. Com o passar do tempo, e desenvolvimento dissonante cognitivo destes pensadores, esta corrente filosófica, terminou por reforçar o agnosticismo - que se refere a uma doutrina filosófica em que, qualquer atribuição de caráter espiritual ou conhecimento sobre divindades é considerado como algo inacessível de ser atingido pelo espírito humano, vez que algumas destas ideologias ou preceitos não podem ser empiricamente comprovadas – e, assim, reforçou mais uma corrente, o ATEÍSMO. De fato, no agnosticismo, Deus não é nem afirmado nem negado: apenas afirma- se que não dá para se posicionar se Ele existe ou não. E, no ateísmo, chega-se a negar a existência de Deus. O Teísmo Já o ‘Teísmo’, pelo contrário, admite não só a existência de Deus, mas a sua ‘revelação’. E, desta forma, além dos cristãos, há outros teístas, tais como, os Judeus, os islâmicos, que acreditam numa Revelação de Deus aos homens. A maioria das palavras da língua portuguesa provém do latim ou do grego, inclusive essas duas. ‘Teísmo’ provém do termo grego theós, que significa ‘Deus’. E ‘Deísmo’, provem da palavra latina ‘Deus’, que também significa ‘Deus’: neste caso, é a mesma palavra no latim e no português. Mas, como vimos, estas duas palavras, que etimologicamente falam de ‘Deus’, na prática mostram uma ideia diferente de Deus. Mas o grande berço da cultura pós-moderna, foi sem dúvida o movimento do iluminismo. O Iluminismo foi um movimento intelectual que se tornou popular no século XVIII, conhecido como "Século das Luzes". Surgido na França, a principal característica desta corrente de pensamento foi defender o uso da razão sobre o da fé para entender e solucionar os problemas da sociedade. O Salmo 53 traz a base do iluminismo: “Diz o insensato no seu coração não há Deus...” Esta é a base do iluminismo. O iluminismo tira Deus do centro e põe o homem, ou seja, há hoje muitas canções antropológicas em nosso meio, tal qual a proposta iluminista. O Relativismo Esta linha de pensamento busca entender comportamentos e como funciona a dinâmica social da população, ao invés de realizar pré-julgamentos sobre determinados grupos sociais. A chave do conceito iluminista baseia-se no RELATIVISMO, e daí tirar a ideia de que as verdades ou valores citados são para épocas. Infelizmente, de igual modo, na teologia liberal nasceram aqui os CESSACIONISTAS dizendo que os milagres bíblicos foram só para aqueles momentos e não mais hoje. Ou a outra frase “Isto é verdade para você e não para mim”. Ou a outra anda: “Eu não entendo assim”, porém o que precisamos entender o que a Bíblia diz. O Subjetivismo O Subjetivismo é mais pessoal, pois também dissimula desobediência da verdade onde a pessoa só aceita o que ela pensa ser, BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 35 ignorando os parâmetros formados pela palavra de Deus. De fato, é a propensão para o que é subjetivo. É a tendência para considerar e avaliar as coisas de um ponto de vista meramente pessoal. Teoria para a qual todo julgamento estético denota apenas gosto individual. Doutrina filosófica idealista, segundo a qual a realidade do mundo objetivo depende das características, formas e explicações que lhe são atribuídas pela subjetividade humana, considerada, desta maneira, fator preponderante no processo cognitivo. O Pragmatismo Onde se aceita que o que é correto é só o que funciona, não importa o que a Bíblia diz, se está no contexto ou não, se é ético ou não, o importante é o que funciona. O evangelho puro está em baixo, o negócio é fazer um movimento que atraia as pessoas e não importaos meios e sim os fins. O problema é que o pragmatismo descentraliza Deus também. As igrejas tocam o que está no sucesso na rádio não o que está coerente na Bíblia. Tudo isto é fruto da força pós-moderna. Pragmatismo é uma doutrina filosófica cuja tese fundamental é que a ideia que temos de um objeto qualquer nada mais é senão a soma das ideias de todos os efeitos imaginários atribuídos por nós a esse objeto, que passou a ter um efeito prático qualquer. O Utilitarismo O Utilitarismo é uma teoria filosófica que busca entender os fundamentos da ética e da moral a partir das consequências das ações. Neste caso, o utilitarismo consiste na ideia de que uma ação só pode ser considerada moralmente correta se as suas consequências promoverem o bem-estar coletivo. Caso o resultado da ação seja negativo para a maioria, esta é classificada como condenável moralmente. É outra descentralização pós-moderna, pois a igreja se adequa ao que foi aceito, e muitas vezes compromete certo grupo de pessoas por atender a um outro grupo e estilo que está dando certo. A atitude só é correta se satisfazer a igreja. Tipo cantar muito e nada de mensagem. Nestes casos, também, padrões corretos são negociados pelo resultado. Paulo cobre o poder da mutação cultural nefasta em Romanos 1: “Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entende, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis; Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos. E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis. Por isso também Deus os entregou às concupiscências de seus corações, à imundícia, para desonrarem seus corpos entre si; Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém. Romanos 1:20-25 BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 36 O Modismo A história já foi taxada de cíclica, ou seja, movimentos, teorias e comportamentos sociais vão e vem, eclodem, vivem, morreram, ressuscitam, ou se reorganiza, remodela, renomeia enfim, parece que muitas coisas se repetem. O Modismo está dentro deste processo também. A Igreja Primitiva no primeiro século se absteve de instrumentos musicais e usavam Cântico à Capela em comportamento contra as orgias de Roma e os festivais de Roma. Muitas nações que eram cristãs trouxeram para o meio da igreja costumes musicais de suas origens e os cultos tornaram-se grandes concertos musicais e a reforma protestante quebrou essa simonia ao dizer que aquilo tudo era algo que era relevante e agora a reforma reduz a um órgão e canta à capela. Ou seja, hoje em dia com o evento da internet, as rádios trouxeram ao seio das igrejas o que se toca na rádio, criando um ciclo de modismo no seio evangélico. O Elitismo A elite também tomou conta dos meios de adoração. Antes o que era simples e adequado, hoje são verdadeiras guerras de arranjos e dotes musicais. Não que sejamos contra a arte e a habilidade musical, mas vemos claramente alguns casos que a ênfase é mostrar acima de todos, o melhor arranjo, uma música melhor ou álbum comercial - o que foge totalmente da ideia da centralidade de Deus na Adoração. O Sugestionismo É algo como “a repetição mantra”. É um outro fator que trabalha nessa questão pós-moderna quando o púlpito é usado para sugerir um comportamento coletivo. Quando na verdade, a adoração é coletiva, porém a atuação de Deus é no individuo, não uma manipulação humana do púlpito para conduzir as pessoas ao desejo do coração do adorador. Temos que ter cuidado com o sugestionismo, porque ele pode levar todo um rebanho a perecer O Determinismo Este momento também é conhecido com o pseudo nome de “Palavra Profética”, não que o termo Palavra Profética seja de ordem determinista, porém, os que usam o determinismo se escondem embaixo desta capa de nomenclatura. As pessoas criam palavras de ordem baseada nos seus sentimentos do momento - não em uma voz do Espírito Santo ou em texto bíblico - e determinam situações como se Deus fosse o empregado, como se Espírito Santo fosse obrigado a fazer o que ele pensa o que ela pensa. O Triunfalismo O triunfalismo nasceu nos anos 70. Nessa corrente, o crente não pode experimentar derrotas, ele tem que ser a cabeça e não é cauda, tudo vai dar certo e se não der certo é o diabo trabalhando ou a pessoa pode estar em pecado com Deus. BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 37 O Emocionalismo É uma direção cognitiva coletiva na provocação de emoções: conduz as pessoas a um momento emotivo fazer apelos financeiros ou então apelações de choro para ser filmado e colocado na televisão. O emocionalismo não tem lugar no culto onde o Espírito Santo é quem toca (não manipula). MAS QUAL É O CULTO CORRETO, NORMAL? QUAL É O ESTILO QUE DEUS SE AGRADA? A BÍBLIA OFERECE RECURSOS DE COMO TEM QUE SER A ADORAÇÃO? Em Romanos 12 Paulo fala sobre o culto racional, ou seja, embora o culto envolva emoção e parte espiritual, mas deve ser um culto com pé no chão e cabeça no céu. Culto com equilíbrio, pois o transe não é costume da Igreja Cristã. Transe não é para o nosso movimento espiritual, pois o texto diz que o “espírito é sujeito ao profeta” (I Corintios 14:32). Paulo propõe um culto que tenha racionalidade no sentido de saber a quem se adora e como se adora. Uma resposta histórica é a carta de Tertuliano no século III contando que após a reunião os que fossem tocados pela palavra poderiam entoar um louvor. Hoje em dia, nós usamos a música para começar o culto, para esperar o povo encher o templo, dar mais um tempo para a programação. Na Igreja Primitiva, a música só era executada após a cerimônia e seria a música que fora provocada pela palavra. Isso muda completamente o contexto. Não temos que fazer obrigatoriamente igual a Igreja Primitiva, no entanto, são bases para nos espelharmos e fazermos um excelente momento de adoração sem a inserção nociva do pós-modernismo. E ainda o próprio Jesus deixa a maior palavra em João Capítulo 4:21 “...meu pai busca os que adoram em espírito e em verdade”. Onde há verdade, não há manipulação, não há dissensão, não há desvirtuação...não há perigos e armadilhas da influência cultural do pós-modernismo. Como adoradores verdadeiros precisamos buscar primeiro o equilíbrio bíblico de nossas canções, evitar todo o modismo, seja ele de qualquer uma dessas fases que mencionamos. Temos que buscar a essência da voz do Espírito Santo. Não existe o estilo melhor ou pior, existe o direcionamento e discernimento do Espírito Santo e isto exige conhecer a Bíblia, ter intimidade com Deus e conhecer a sociedade, bem como suas propostas malignas disfarçadas de arte. Liturgia e Adoração Liturgia e Adoração são palavras próximas pelo desempeno que elas servem no contexto do culto. O Culto agrega a liturgia e a adoração. Estas palavras não podem ser confundidas, porém, para dar uma visibilidade melhor, vamos trabalhar em separado para um melhor entendimento. BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 38 Os dois parâmetros Enquanto na liturgia o serviço, a responsabilidade, o dever estão implícitos, na adoração o amor a Deus é a base da devoção. Ao ler as passagens bíblicas, tanto em Deuteronômio 6:5 como Lucas 10:27. o amor está totalmente envolvido. Deus ama o adorador e o seu amor é inexplicável, já o adorador torna sua adoração legítima ao dedicar-se em amor a Deus. O fato de amar nos faz servir e servir faz parte da liturgia. Vamos trabalhar os fundamentos do termo liturgia Liturgia. Substantivo. O que é Liturgia: Li.tur.gi.a: sf Ordem das seguencias de Cerimoniasde uma Igreja. O vocábulo "Liturgia", em grego, formado pelas raízes leit- (de "laós", povo) e -urgía (trabalho, ofício) significa serviço ou trabalho público. Por extensão de sentido, passou a significar também, no mundo grego, o ofício religioso, na medida em que a religião no mundo antigo tinha um carácter eminentemente público. [1] Exemplo de uso da palavra Liturgia: 1. em uma missa a "liturgia" é a ordem seguencial que o sacerdote utiliza no decorrer do oficio. 2. no culto Evangélico "liturgia" refere-se a ordem segueêncial que o sacerdote utiliza no decorrer do culto. 3. Obs: Lutero e Calvino são considerados os reformadores da liturgia no final da Igreja Medieval. o cerne da questão era que "Missa medieval foi considerada um officium ao invés de um beneficium. Liturgia A palavra que mais justifica o uso da liturgia é CELEBRAÇÂO. A igreja celebra a morte e a ressureição de Jesus, o que faz da liturgia uma ferramenta para elucidar, relembrar, e manter o memorial desta máxima da igreja. Ou seja, o trabalho da liturgia é preservar por gerações o movimento do culto, onde o memorial de Cristo torna-se presente, através da celebração expressa pela liturgia. Podemos classificar também que Liturgia é um "serviço realizado pelo povo", ou “serviço para Deus pelo povo”. Jamais a liturgia deverá ser confundida como encenação de teatro. A liturgia valoriza o rito e o ritual, onde os valores da fé são evidenciados. Algumas igrejas, como a católica por exemplo, dão super ênfase a iconografia, porém, nós somos, evangélicos, somos iconoclastas, sabemos da cruz, mas não a celebramos, ou veneramos, e sim, a respeitamos, porém, nossa atenção litúrgica está sobre o que foi morto e reviveu na cruz e no sepulcro. A Liturgia precisa manter suas raízes como uma ferramenta de serviço, ela nunca deve suprimir o espirito de alegria e presença de Cristo. Não é a liturgia que faz Cristo presente ao culto e sim a adoração que reconhece a presença de Jesus e através da liturgia o mesmo é celebrado. Há igrejas em que o peso da liturgia coíbe o mover espontâneo do povo ao seu Deus. Liturgia não pode engessar uma BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 39 celebração, ela deve ser um canal que ofereça motivações para o crente adorar a Deus. Ritual e Rito O que seria Ritual e Rito? São as mesmas coisas? São parecidos e derivados, porém, há uma classificação. O Ritual é o tipo de cerimonia e o rito são os pequenos passos que são tomados ou menores movimentos dentro do ritual. Por exemplo, a Santa Ceia é um Ritual e dentro doa realização da anta ceia existem os ritos, que são pequenos atos para se iniciar e terminar uma liturgia. A Liturgia em Israel A liturgia da primeira fase de Israel era simples, não obstante a simbologia e cada detalhe era complexo. Porém, havia sempre sacrifícios. Deus instituiu o primeiro modelo de culto quando entregou os 10 mandamentos à Moisés. O maior propósito de Deus era tirar o povo do Egito para lhe prestar culto. palavra culto aparece como "servir", "serviço". Por isto o culto não só se restringe à hora de ir ao templo, mas as 24hs enquanto você serve, presta um culto. Leia o que diz o texto: "Depois disse o SENHOR a Moisés: Vai a Faraó e dize- lhe: Assim diz o SENHOR: Deixa ir o meu povo, para que me sirva" (Êxodo 8:1). É por esta razão que na maioria dos idiomas, a palavra culto é serviço, como no inglês por exemplo, culto é "Service". Quando falamos "aqui está um servo de Deus" ou "uma serva de Deus", é como se dizendo: "ali está um adorador de Deus" A liturgia na era davídca Davi inaugura um novo momento na adoração em Israel, porém Deus não revogou as instruções antigas, tanto é que um esquecimento, custou a vida de Uzá. Porém Davi já não fazia lá o sacrifício como o sumo sacerdote, mas colocou a adoração nos lábios de todos Israel, Com Davi Israel teve o maior período de musicalidade. Os turnos a preparação, o ritual, etc. Da era Moisaica onde o culto era um ritual didático, com Davi ganha vida e inspiração. Chegou o exílio e depois a Sinagoga Em 587 a.C., Judá foi conquistada pelos babilônicos. O Judaísmo surge neste período, ainda na Babilônia veio a necessidade de se reunir para preservar a memória da religião, então nasceu a "Sinagoga" um termo grego para "reunião de assembleia", mas no hebraico é "Bet-Kenesset" que quer dizer "Casa de Reunião", alguns dizem "de oração", porque na Sinagoga a prioridade é ler a Torah e orar. Muitos acreditam que Daniel iniciou o movimento (Dn 6:10). A liturgia na Sinagoga A liturgia da sinagoga centrou-se na oração e leitura da Torah. Durante os anos, muitos ritos foram acoplados à liturgia. Não havia um sistema litúrgico padronizado, porém, os elementos do culto eram inegociáveis, a oração, a leitura da palavra e o ensino. A música oscilou, não era uma das prioridades. Era o costume recitar salmos e alguns eram entoados, não com alegria, por causa do cativeiro e sim BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 40 por devoção. Conforme o prof. Marcos Alexandre Faria (Faculdade Teológica Batista de Brasília), estas são algumas influências do exílio babilônico: a figura do rei desaparece; o cativeiro se torna um meio de purificação e ressurgimento da religião dos judeus; as profecias de Jeremias tiveram grande influência; finda a idolatria (estavam no meio de uma nação extremamente idólatra);acaba a monarquia (fica na esperança do Messias – o descendente de Davi virá!);o sumo sacerdote, auxiliado pelos escribas, assume a liderança do povo; Esdras, o sacerdote, convida o povo a voltar para a Palavra (Ed 7.10);o povo gira em torno da Lei: viver de acordo com a Lei passa a ser um estilo de vida; começa o que seria mais tarde a sinagoga – o que se tornou modelo para as igrejas no NT.É o início do chamado “Judaísmo”, ou seja, o ambiente social, cultural, político e religioso do povo hebreu, formado a partir da volta do exílio babilônico (538 a.C.), e no qual se formou o cristianismo (Dic. Aurélio). Nesse período, três ênfases básicas são: o sábado, a circuncisão e as leis alimentares.[3] A liturgia da Torah Esdras inseriu na liturgia a leitura da Torah. Isto ajudou no ânimo para a restauração do templo. Com o templo foi restaurado, os sacerdotes voltaram à atividade, os sacrifícios e as ofertas, apenas a figura do Rei desfalece e aumenta o desejo de receber o Messias. (Ed 7.10); É o início do chamado Judaísmo”, ou seja, o ambiente social, cultural, político e religioso do povo hebreu, formado a partir da volta do exílio babilônico (538 a.C.), e no qual se formou o cristianismo (Dic. Aurélio). Nesse período, três ênfases básicas são: o sábado, a circuncisão e as leis alimentares. O culto era centralizado em Deus, que reivindica e espera isso de Seu povo. Honramos ao Senhor quando O adoramos pelo que Ele é. Deus não está limitado a experiências humanas, as quais não podem determinar ou governar o tipo de liturgia do culto prestado ao Senhor. A liturgia cristã. Um dos momentos mais significantes foi a liturgia da última Ceia. O culto ali prestado estava o próprio SENHOR Jesus presente, aquele a que a igreja adora. Ele mesmo elaborou a liturgia e conduziu os serviços, que momento glorioso. Na última ceia, temos a primeira liturgia da igreja. Pegando no pão e no vinho, deu graças, abençoou-os e distribuiu-os aos discípulos, dizendo: «Tomai: isto é o meu Corpo. (…) Isto é o meu sangue» (Mc 14, 22.24). No fim, pediu-lhes que repetissem esse gesto em Sua memória. Como o fez Jesus, os discípulos imitaram, e veio através dos patrísticos, porém, com o tempo e a expansão da igreja, muita coisa mudou. O cerne da adoração ainda é Deus, porém a forma de fazer obteve algumas mudanças. Embora, a liturgia mais próxima à ortodoxia possui a mesma estrutura, que divide a celebração em dois momentos essenciais: a liturgia da palavra e a liturgia da comunhão, ou como diria em termos eruditos, a eucarística.Em primeiro plano, os textos bíblicos ocupam um lugar especial. BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 41 Na época patróloga, segundo os registros históricos, havia sempre um presidente da reunião, chamado presbítero, ele conduzia a celebração com alguns auxiliares, os diáconos, os quais realizavam o serviço. Geralmente era feita uma pequena meditação a respeito da leitura das cartas ou do Didachê (conjuntos de ensinos dos apóstolos) e partilhava com os presentes. No final, oravam juntos, uma oração que por muito tempo foi conhecida como “Oração dos fiéis”. E como o costume da santa ceia, o pão e o vinho eram distribuídos para “lembrar” o sacrifício e ressureição de Jesus, um hino ou louvores eram entoados para encerrar. Culto, Liturgia e Serviço no século II Aqui está um documento do século II sobre o culto, liturgia e serviço: Justino (c.150), apologia, I. LXV-LXVII LXV. Depois de termos lavado desta maneira (batismo) aquele que se converteu e deu o seu testemunho, o conduzimos aos irmãos reunidos para em comum oferecer orações por nós mesmos, por aquele que foi iluminado e por todos os homens do mundo. Isto fazemos com todo o coração esperando que, assim como temos aprendido a verdade, também sejamos dignos de sermos achados bons cidadãos, cumpridores dos mandamentos e, finalmente, sermos salvos com a salvação eterna. Ao terminar as orações, mutuamente nos saudamos com o ósculo da paz e, logo, traz-se ao presidente o pão e um cálice de vinho com água. Ele os recebe oferecendo-os ao Pai de todos as coisas em um tributo de louvores e glorificações, em nome do Filho e do Espírito Santo, dando graças por sermos considerados dignos de tamanhos favores de sua clemência. Terminada as orações e ações de graça, os presentes as ratificavam com “amém”, a palavra hebraica que significa “assim seja”. Terminada a ação de graças do presidente e ratificada pelo povo, os chamados “diáconos” distribuem entre os presentes o pão eucarístico e o vinho com água, que levam depois também aos ausentes. Justino acrescenta à ata: No dia denominado de dia do sol há uma reunião de todos aqueles que vivem tanto nas cidades como no campo. Ali se dá a leitura das memórias dos apóstolos ou das Escrituras dos profetas, até onde o tempo permite. Terminada a oração, do modo como foi dito, traz-se pão e vinho com água. O presidente dirige a Deus orações e ações de graça. O povo aquiesce com aclamação: amém. E se procede à distribuição dos elementos eucarísticos entre todos, enviando-se também, mediante os diáconos, os que estão ausentes. Os irmãos que estão na abundância e querem dar, dão cada qual conforme lhes aprouver. O dinheiro recolhido é entregue ao presidente, que o reparte entre órfãos, viúvas, doentes, indigentes, presos e transeuntes, de todos aqueles que necessitam de ajuda ele é um protetor. Este modelo perdurou por quase mil anos, e houve alterações. Durante a primeira parte do ano mil, as cartas apostólicas tornaram-se encíclicas papais e o espaço delas foi aumentando dentro da cerimônia, entre elas algumas encíclicas políticas. A primeira foi a do papa Sírico em 385. Também a inclusão de sacramentos diversos, oração aos mortos, devoção às imagens, entre outras e outras práticas, foi tirando a simplicidade exemplar deixado pelo SENHOR Jesus e os primeiros apóstolos. BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 42 Adoração Adoração é culto, honra, reverência e homenagem prestados a poderes superiores, sejam serem humanos, anjos ou a Deus. Adoração somente à Deus. Só Deus é digno de adoração. Deus fez Os Céus e A Terra e tudo que neles há, por isso Deus é merecedor de adoração. ADORAR à Deus está implicitamente ligado em reconhecer quem Ele é e assim prestar-lhe culto. Uma das ações de adorar é inclinar-se para baixo e para frente com o corpo em reverência a Deus. Para isto a etimologia bíblica shachah, que aparece cerca 168 vezes no Antigo Testamento, está para inclinar-se, cair diante de, prostrar-se, ajoelhar-se. Já o termo Latreia vem do grego. No grego, utilizavam-se os termos latreia. Este termo é bem mais carregado is evoca a ideia de uma celebração de veneração. Uma adoração de destaque. O termo proskyneio é uma alusão à total obediência ao senhor do escravo e a ideia é que quando se aceita Jesus tora-se servo dEle nas mais profundo palavra. Segundo, a missionária Vera Lúcia: "...O termo grego “pro.sky.né.o” indica também ato de adorar, como expresso em Mateus 4,8-9, onde satanás tenta ser adorado por Jesus. Mas Jesus recusou-se dizendo: está escrito: ‘É a Deus, que tens de adorar [forma do gr. pro.sky.né.o, ou, no relato de Deuteronômio que Jesus citava, hebraico ‘a.vádh]’ “(Mateus 4,10; Deuteronômio 5,9; 6,13). Existem ainda inúmeras cotações e variações da palavra ADORAR e outras semelhantes. Mas não vamos nos deter aqui apenas nos significados, mas no ato também. O Costume de se prostrar. Isto era feito, na verdade, quando uma pessoa era abençoada por outra então quem recebeu se prostrava em sinal de agradecimento. O fato de nos prostrarmos sem antes receber de Deus significa que estamos antecipando por fé as honras sem as te-las e isto mexe como coração de Deus. O desafio da ousadia. Para uma mulher se inclinar a um homem significava servi-lO, e foi isto que a mulher do fluxo de sangue fez. Esse é o princípio descrito em Hebreus 11 quando diz que a fé e o firme fundamento das coisas que não se veem, mas se esperam. Todos que vinham se prostrando, Jesus já dizia: "Que que res que eu te faça". Porque prostrar dá a ideia de total entrega. Por ocasião da tentação no deserto o diabo foi direto no assunto pedindo a Jesus que se prostrasse e o adorasse". O diabo conhece as leis espirituais, ele estava lá no começo. Interessante o que faz o hebraico como termo Se liturgia é serviço, serviço é servir e se adorar é também servir em prestar culto, veja que no Hebraico a palavra servo vem de EVED e adorar vem de avod. Então temos a prática física de servir e a prática abstrata de sentir, por fé, em adorar. BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 43 Adoração e Culto na América Latina Basicamente a entrada de missionários no Brasil e américa latina, foi através de 3 portas: A) A construção de ferrovias, que era o proeminente progresso da época e carecia mão de obra estrangeira e especializada, como eram ingleses, com eles vieram os cultos e a adoração anglicana, metodista, presbiteriana e batista. B) Missionários voluntários. Eles desciam nos portos com a única e exclusiva vontade de evangelizar e implantar a igreja e C) As pressões econômicas impostas pela Inglaterra e Estados Unidos. O protestantismo também marcos sua presença. No Brasil em três etapas: 1. Os Huguenotes em 1555, com Villagnon e Capitão Colony. Um envio de 14 missionários sob iniciativa de Calvino; 2. Os Holandeses em 1650 sob o comando de Mauricio de Nassau, se estabeleceram, no Nordeste; 3. Ingleses, americanos outros à partir de 1800. Gardner e Thompson em 1819 no sul da a Argentina e no Brasil a modesta permissão de culto aos estrangeiros em 1823. Mesmo assim o peso do catolicismo enraizado no país foi um grande empecilho, em sinceridade, somente após 1950 que o evangelho fluiu no Brasil. Com uma mensagem diferenciada do catolicismo romano, o protestantismo propunha uma “doutrina correta”, geralmente diferenciada da católica, podia ser reformada, puritana e valor pessoal à comunhão com Deus. A adoração, com hinos tradicionais, escritos por Charles Wesley, Isaac Watts. John Newton, Fanny Crosby e tantos outros expoentes da música sacra, era o ponto vital de engajamento de fé e amor por Deus e missões. A exemplo do clássico de Crosby; A Deus demos glória, com grande fervor, Seu Filho bendito por nós todos deu A graça concede ao mais vil pecador, abrindo-lhe a porta de entrada nos céus Exultai, exultai, vinde todos louvar a Jesus, Salvador, a Jesus redentora Deus demos gloria, porquanto do céu, Seu filho bendito, por nós todos deu![1] Essa era a alma da hinologia de época, recebida aqui na América Latona. Fatores históricos e o início da Origem do protestantismo na América Latina. A chegada de missionários no Brasil foi fruto de ardor missionário e através de profissionais em algumas áreas crescentes neste novo país. Um dos métodos entre os poucos conhecidos, eles usavam realizar o serviço de alfabetização através da Bíblia, ou seja, ao ensinar ler e escrever os missionários usavam a bíblia como texto didático, e o aluno ao aprender o idioma, também recebia a Palavra de Deus. BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 44 Este método, também foi bem usado pelo casal Kelly, pioneiros da ED no Brasil, como da mesma forma, na argentina pelo Rev. Thompson. Ele possuía uma forma interessante, que ficou conhecido como “Método Lancaster”. Nesta iniciativa Thompson, utilizava dois movimentos que o adequava com maestria seu trabalho missionário. Em primeiro lugar, fazia uso dos melhores alunos para ensinar os principiantes. Segundo, utilizava-se de passagens das escrituras como textos para ensinar gramática e alfabetizar. Desta maneira, esse método era fácil para ensinar a Bíblia e assim passar à pessoas o conteúdo missionário do evangelho. Já os missionários Robert e Sara Kelly, utilizavam o mesmo método com um adendo. Como eles não conseguiam falar bem alguns nomes de animais e objetos no português, criaram a forma de flanelógrafos, onde colocavam a figura e solicitavam aos alunos para repetirem, e a isto também, aderiam pequenos corinhos, ou cânticos curtos com frases fáceis de aprendizado, um sistema criado por Charles Wesley no século XVIII, justamente para crianças aprenderem. Suzanna Wesley também alfabetizou seus filhos usando a Bíblia como texto base de alfabetização. Os Pioneiros e sua influência. As denominações que começaram seu trabalho na América Latina foram os Reformados, Anglicanos, Luteranos, Irmãos (Plymouth), Congregacionais, Presbiterianos, Metodistas, Batistas, Menonitas e Adventistas (Sétimo Dia) e outros. Em primeiro movimento e por causa da pressão católica brasileira, os cultos eram realizados somente no idioma dos imigrantes e seus templos não poderiam ter aparência de Igreja, como uso de torres e cruzes. É por isto que até os anos 90 havia resistência de cruzes em igrejas evangélicas, não mais pela pressão do governo e sim por uma questão cultura adquirida. Em segundo movimento, a o alastramento do movimento foi tão intenso que aos poucos os missionários estrangeiros iniciaram seus trabalhos em língua português e aí veio a explosão a expansão.[2] O Catolicismo Romano criou uma resistência porque a presença protestante no Brasil ameaçava a hegemonia católica como religião primaz, e como o país estava em desenvolvimento embrionário, o medo dos imigrantes chegando também provocaram a hostilização católica. A exemplo do Padre Anchieta que consentiu na execução dos primeiros missionários Huguenotes, e muitos registros de inquisição no País e perseguição aos crentes nas casas. Um dos sinais que atraiam a perseguição era o momento dos cânticos e adoração nas casas e locais de culto. Foi difícil e até envolveu as potencias mundiais, depois a mudanças de leis e finalmente após 1940 proliferação do pluralismo argiloso no Brasil foi mais eficaz [3] Dois impasses de época entre os países, embora não tivesse como objeto central a religião, porém, de certa forma, atingiu em cheio o problema. A Inglaterra forçou o Brasil a abrir seus portos, inclusive o do Rio de Janeiro para o comercio que ela controlava no mundo e a designação de Diego Thompson em 1819 como coordenador da BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 45 fundamental primária na Argentina. Designação esta realizada pelo então governo que recebia fortes induções dos liberais. Com o declínio do Império Português em 1808, então ficou fraca a resistência brasileira, embora havia. Uma das medidas foi o tratado de Portugal e Inglaterra em relação ao Brasil em 1810 quando uma lei permitia a livra prática de outras formas de religião, porém se da conotação cristã na arquitetura das casas de oração. Assim, na Constituição de 1823 um alei foi adicionada dando o direito de liberdade de culto e consequentemente a liberação para cemitérios protestantes. Mesmo com leis promulgadas, mesmo assim, por toda américa latina a adoração e a pregação do evangelho genuíno sofre u duros golpes. Como por exemplo, o caso das Malvinas “Adoração com massacre”. Em 6 de novembro de 1859, homens Yahgan atacaram e mataram Capitão Fell e a maior parte da tripulação de missionários enquanto realizavam cultos religiosos na praia. Desembarcaram com alegria para iniciar um trabalho missionário entre os nativos e em seu primeiro culto, enquanto cantavam hinos ao SENHOR, foram atacados cruelmente e mortos, sobrevivendo apenas o cozinheiro da embarcação. [4] O historiador Palomino se propõe explorar de modo crítico duas hipóteses: 1) O chamado Movimento de Renovação do Louvor contribui para o desaparecimento de fronteiras denominacionais, perda de identidade e fidelidade à igreja local, e contribui para a “migração religiosa”. 2) A forma do culto evangélico tem recebido o impacto da cultura midiática que afetou o sentido e a natureza do culto.[5] De acordo com Palomino, houve três correntes evangélicas que chegaram à América Latina: 1) As igrejas de “transplante”, compostas por imigrantes europeus do século 19, que trouxeram a liturgia de seus países de origem e que paulatinamente foram se isolando. 2) O movimento de fé, também do século 19, liderado por missionários ingleses e norteamericanos, com ênfase pietista, que girava em torno da Bíblia e desenvolvia um tipo de culto que incluía hinos, pregação e evangelização. 3) O movimento pentecostal do início do século 20, que introduziu inovações no culto e na música. O autor acredita que a grande mudança ocorreu com o movimento de renovação do louvor, nos anos 80, iniciado com Marcos Witt, Juan Carlos Salinas e outros. A partir dali, predominou a uniformidade nos cultos e uma inclinação para adoração de entretenimento.[6] As Mutações culturais da música na América Latina 1900-1970. Dos hinos aos corinhos. Depois do movimento da Santidade que frutificou o Pentecostes de Chicago e Rua Azusa, os hinos foram tomando um lugar de destaque, hinários foram sendo organizados, o uso era da congregação e hinos especiais do coral. Em termos de Brasil e a fase militar, os ritmos marciais ganharam relevância, até pela postura conservadora da época BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 46 e dos militares, assim nasciam as bandas de música e muitos músicos eram da polícia, exército também. Neste mesmo tempo intensificavam as Campanhas Evangelísticas ou Cruzadas, em massa, nos auditórios, ginásio, estádios, e agora surgiam duas situações, primeiro como ter hinário para toda a multidão que se aglomerava? E, segundo, como cantar hinos longos com 4 a 5 estrofes em um momento público de evangelismo em massa? Assim, nasceram os “corinhos” de evangelismo e avivamento. Agora seria de fácil acesso às pessoas a serem alcançadas com a mensagem da cruz, era melhor para decorar, a mensagem era curta, a música popular e poderia ser acompanhado de um simples violão, no mais um órgão ou piano. Os hinos começavam a declinar na liturgia e abria-se um caminho para os novos cânticos. As mocidades eram incentivadas a cantar em grupo com pastas, uniformizadas e a igreja ganha uma nova cara de liturgia. No período de 1955 o Brasil é presenteado com o primeiro disco de vinil evangélico, com o cantor Luiz de Carvalho. Com este fenômeno começava a frutificar um alinha discófila no meio cristão que chegou até me nossos dias como uma verdadeira indústria que movimenta as mídias sociais. 1970-1980. Do hinário ao retroprojetor. Com a ideia decorinhos, ou pequenos coros, geralmente uma estrofe e um estribilho repetidos, os hinários não perderam seu valor, mas diminuíram sua força, uma nova gente chegava as igrejas oriundas das cruzadas, filhos da próxima geração estavam experimentando uma “abertura” na modus vivendis da sociedade, então, alguém teve a ideia de projetar na parede as letras, pois, a cada semana um corinho novo ou uma letra nova eram trazidos à congregação. Desta forma nascia o retroprojetor. Era um aparelho com luz em espelho que projetava numa parede letra escrita em uma folha de plástico com caneta ploto. Neste período também muitos conjuntos gravaram seus LPs, compacto duplo, etc. Ainda entre 1970 a 1980, os grandes conjuntos vão dando lugar a duas versões de discos e apresentações, os quartetos e as bandas, com menos músicos e com mais projeção, agora comercial. Assim as gravadoras evangélicas e rádios vão se projetando até atingir o ápice da tv. 1990-2000. Do retroprojetor ao Louvor e adoração e mídia em geral. A adoração nesta fase assume um papel mais antropológico que Cristocêntrico. Ao descobrir que gravar musicas evangélicas agora “Gospel” era uma fonte financeira, criou-se um tipo de “El dourado” do setor musical evangélico (daqui para frente leia-se gospel) e assim, por todos os lados cresceram os interesses por estilos, tipo de gravação, qualidade musical, arranjos diferenciados e super artísticos, estilos musicais, produção fotográfica, arte designer, desta forma ao poucos, foi-se comprometendo a sensibilidade, diminui-se o temor, a simplicidade foi dando lugar a fama, ao produção artística como ênfase comercial, etc. Mesmo sabendo que há muitos adoradores por excelência e fazem um trabalho sério, porém, muita gente não BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 47 convertida ao SENHOR veio para o meio apenas pela corrida do ouro, do metal, do dinheiro, etc. Hoje a música evangélica segue comprometida entre os que são realmente sinceros e os oportunistas, entre artistas e adoradores, entre altar e palco, entre oferta e cachê, e outras coisas mais. De 2000 à 2021. Do retroprojetor e mídias gerais às mudanças e ênfases deste último período. Não é objeto desta matéria condenar ou aprovar certos comportamentos, e sim mostrar a historicidade e a influência sociologia em termos de igreja, bem como buscar a centralidade e o equilíbrio necessário para reler, refletir e optar por uma reorientação bíblica e sistêmica. Mesmo sabendo que ainda há pessoas realizando uma adoração mais próxima ao que a Bíblia nos propõe, todavia, não podemos negar que hoje a adoração está bem eletrônica, cultos com tonalidades de show, luzes, fumaça e produção. Nem todos estão nesta fase, porém uma grande maioria. O fenômeno da mega igreja, que já estava vindo desde da década de 60 com os grandes eventos, traz uma fria competição midiática entre ministérios e movimentos. Hoje, com o fenômeno das lives (e já se fala em “igreja on line” e/ou “igreja Híbrida”), dos poderes da informática e mídias sociais, a igreja alcançou maior visibilidade em termos de exposição. Temos um grupo praticamente cognominado de “desigrejados”, que se trata de crentes, não desviados, mas determinados a seguir sem os sistemas de igrejas. Todas estas questões são mudanças dignas de observação. Por outro lado, dentro do operacional de várias denominações, existe a proliferação dos “Ministérios de Louvor”, a linguagem de “Levitas”, preletores com maquiadores, art-designers, iluminadores e produtores, todo um sistema projetando uma cultura de massa. No seguimento vem, as coreografias, uma forma de tirar o nome “dança” para não nivelar à uma linguagem tido como “mundana ou profana”, e dar uma chance a arte nos altar, o teatro, a linguagem “holder” de palco e outras nomenclaturas que precisamos aprender porque a cada 6 meses muita coisa nova é comentada. Com a ascensão musical muitos ritmos com “levada” romântica infestaram a igreja, o tratamento erudito e respeitoso de “Tu” para Deus, tornou um vulgar “você”, algo inadmissível nos anos 60. O desuso do terno e gravada em troca do Jeans que hoje é benção hoje, mas em 1970 era acusado de ser “tecido do inferno”, por que, embora oriundo da cultura blues, dos americanos colhedores de algodão, mas foi proliferado pelo hippies de Woodstock com sua revolução sexual ideológica e da apologia às drogas em um “paz e amor” psicodélico toxicômano. A palavra culto, em termos de ser usado sozinha, desapareceu e agora nascem os Encontrões, Celebração, “Louvorzão”, etc. Desta forma, urge mais do que nunca a igreja repensar letras, ritmos, comportamentos inadequados, ideologias não condizentes, neologismos e tendências esdruxulas que não trazem segurança quanto seu compromisso com a base bíblica. BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 48 Refletindo Mediante estes episódios históricos, pontuais, cremos que os limites foram rompidos da real essência equilibrada da proposta bíblica de adoração e a igreja hodierna precisa urgentemente rever, mais do que nunca, sua teologia, biblicidade e espiritualidade. Precisamos ter mais fundamentos bíblico-teológicas sólidos para sustentar nossas práticas na adoração. A velocidade de se fazer, e a falta de pessoas para liderar, acabam por permitir lideres rasos, sem competência teológicas e sem base bíblica para compor, liderar ministério em nossos dias. Não que haja um estilo perfeito e imutável, porém, uma liturgia de adoração plena, bíblica, teologicamente equilibrada parte da seguinte construção encontrada na bíblia e na historicidade da igreja primitiva e patrística: 1) Leitura, meditação e pregação da Palavra, 2) Orações verbalizadas, individuais, coletivas e até cantadas, 3) Santa Ceia como ponto de comunhão e ofertas como ponto de gratidão, 4) O ensino bíblico como eixo principal, 5) A pregação expositiva tendo seu lugar. Linha puritana a reverência era o principal expoente de responder ao culto e mesmo assim de forma responsiva e programada. Já no pensamento do evangelicalismo, com base no pietismo, a tendencia era mais o individual na devoção e conversão e a pregação sob a ênfase de multidões com cultos mais livres de formalidades. Em termos de América Latina, o historiador Palomino acredita que existem mudanças de paradigmas no culto evangélico da América Latina, ao mesmo tempo em que, ao estudar a evolução histórica do culto, vê que este se move em círculos: do tradicional para o contemporâneo, e deste ao renovado, para logo voltar ao começo. Há também uma proposta pós-moderna de espiritualismo e não espiritualidade. É o caso dos hinos e cânticos repetitivos como se trabalhassem uma certa hipnose, um ciclo mantra ou PNL. São ferramentas cognitivas que são usadas para manipulação de massa, e isto precisa ser revisto urgentemente em nossos púlpitos. O relativismo individualista de alguns temas tende a criar um pluralismo indutivo. O culto não pode ser visto com um ópio e os produtos deste culto não podem ser um fator de consumo. O culto é adoração vertical, é deixar de lado toda antropo centralidade e conduzir a nossa devoção, sem subterfúgios ao SENHOR Deus. Onde jamais uma mensagem bíblica deve ser transformada em pura manipulação emocional, as experiências de sugestões não podem substituírem a operação sobrenatural do Espírito Santo, e o objeto da adoração não deve ser confundido com o objetivo da mesma em si, pois o objetivo sempre foi a pessoa de Jesus. A América Latina e sua multiforme praxis na adoração Regionalismo – “A música latina é quase inteiramente uma síntese dos africanos e dos ameríndios, com contribuições menores europeias devido a formalização na época Colonial no quesito musical. As populações afro e indígenas não possuíam o rigor da "erudição" BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 49 europeia e não estariam permitidas a tal”. [7]Mesmo recebendo a musicalidade de outros países em volta, como também dosmissionários e suas canções de pátria, o ritmo, a emoção, a ginga, a letra, a cultura local sempre esteve presente na adoração da américa Latina. A Adoção latina-americana é mais tocante, “chorosa”, e em relação a Europa, cultiva mais profundidade de sentimento. O Regionalismo latino-americano deve ser compreendido à partir da herança civilizatória mesoamericanas, de onde provem os Maias, Incas, Guaranis, Tupis, Yagham, Astecas, e outros. A presença instrumental, a dança, o grito, o som, são latentes nestas civilizações. Os instrumentos, por exemplo, em suas modalidades de sopro, percussão e cordas, estão presentes. Havia alguns instrumentos ancestrais da flauta como o tlapitzalli, também de percussão, o teponatzli (próximo ao tambor), chocalhos, guizos, e um instrumento por nome huehuetl, o som se parecia com um de um timbal. Os registros historiográficos assim mostram que eram músicas de cunho religioso e pouca cultura musical se apresentava a para guerra. Neste caso os instrumentos eram considerados sagrados. Na cultura latina demorou-se um pouco para que instrumentos fossem tocados nas festas tradicionais, porque eram como se fosse um chamado aos deuses. Também haviam instrumentos de cordas como o charango, uma lembrança de bandolin europeu, quem sabe trazido pelos colonizadores. A flauta andina, assemelhando-se a flauta pan, ou a flauta siringe, da Grécia antiga. Assim o regionalismo veio para a música, harmonia de linhas de cânticos, que até hoje persiste em muitas partes do interior destes países. [8] Influência de Adoração midiática. Com o advento da internet, a música cruzou os mares e os continentes, se misturou, criou “novas caras”, estilos e tendências. Por exemplo, o trabalho musical de adoração de grandes movimentos mundiais, tais como, a Hillsong da Austrália, a Igreja Batista da Lagoinha no Brasil, o Tabernáculo do Brooklin em Nova York, o avivamento de Pensacola, e assim por diante. Com tosa essa troca de informações regionais, hoje é difícil diferenciar uma forma de adoração entre um país e outro na América Latina. Se há diferenças, está por conta do idioma, ou alguns expoentes da canção como no Espanhol, Marcos Witt, Danny Berrios, e na língua Portuguesa Asaph Borba, Ademar de Campos, etc., porém, em questão de música e estilos, embora exógeno, porém axiais. Vivemos hoje próximos à uma uniformidade. Resta-nos aprender com toda essa diversidade e melhorar a cada dia. OU seja, o nosso melhor para Deus em uma contínua ação vertical de adoração, a centralidade da palavra, a guarda dos princípios bíblicos dentro do equilíbrio teológico, com vistas a transformação da nossa comunidade, a pregação contra o pecado, a santidade como um processo de conhecer a Deus e a Ele adorar, justamente porque O conhecemos. BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 50 Referências PLENC, Daniel Oscar Plenc. Professor de Teologia e diretor do Centro White de Pesquisa, na Universidade Adventista del Plata, Argentina Revista Ministério, julho/agosto 2013, pp. 31-32 [1] Revista Graça, ano 2, n.º 25 – Agosto/2001 (Texto de Marcelo Dutra) [2] – L. Gonzalez, Justo, Uma História Ilustrada do Cristianismo, Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, São Paulo – SP, 1991. [3] – E. Cairrns, Earle, O Cristianismo Através dos Séculos, Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, São Paulo – SP, 1992. [4] – WALKER, Williston, História da Igreja Cristã, Juerp/Aste, 3ª Edição, 1981. [5] - PALOMINO, Miguel Ángel. Que Pasó con el Culto en América Latina?“ – Edições Puma - Lima, Peru - 2011. [6] PALOMINO, Miguel - Ángel. Que Pasó con el Culto en América Latina?“ – Edições Puma - Lima, Peru - 2011. [7] Souza Peçanha, João Carlos (3 de dezembro de 2013). «A trindade da música popular Afro Brasileira.» (PDF). Universidade de Brasília. [8] Benade, Arthur H. Horns, Strings and Harmony. [S.l.: s.n.]Na mitologia grega existem as 9 musas do Olimpo que eram as responsáveis por inspirar nas artes e nas expressões. Segundo a mitologia, depois que os olimpianos derrotaram os Titãs, foi pedido a Zeus que criasse personagens que seriam responsáveis por exaltar para sempre essa vitória e assim foram criadas. Os nomes das Musas do Olimpo da mitologia grega são: Calíope, Clio, Érato, Euterpe, Melpômene, Polímnia, Terpsícore, Talia e Urânia1. Com o passar do tempo as musas se tornaram imagens ligadas às artes. Elas viviam em um templo que se chamava Museion, que futuramente deu origem a palavra Museu. Musa Calíope Essa é a musa da eloquência e da poesia heroica e ela possuía a mais bela voz dentre todas as 9 musas do Olimpo. Ela também é a mais velha e mais sábias delas e teve dois filhos com Apolo: Orfeu e Linus. Musa Clio Dentre as 9 musas do Olimpo essa é a responsável pelas celebrações e por conferir fama a alguém. Conhecida como a musa da história, seu nome significa “proclamadora”. 1 Mitologia Grega Br. Curiosidades sobre Deuses, Monstros e Heróis. Ref: As 9 musas do Olimpo - Mitologia Grega Br BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 8 Musa Érato Essa é a musa da poesia lírica e amorosa ou erótica, ou seja, aquela que desperta o desejo. Seu nome significa “adorável” e ela é representada com uma lira. Musa Euterpe Representa a música e a alegria. Essa musa é fruto da união de Zeus e Mnemósine, que é a deusa da memória. Seu símbolo é uma flauta doce, instrumento que toca muito bem. De que forma Deus prestaria o serviço de se encurvar à essa mitologia e comprometer sua essência de Criador supremo e único SENHOR do universo? O problema foi que nas traduções da septuaginta, Vulgata Latina e outras ramificações literárias, os copistas, amanuenses e tradutores acharam conveniente usar o vocábulo “música” porque o texto estava sendo traduzido para o grego, sendo assim, lançaram mão de elementos da “língua receptus” sem se importar com a etimologia histórica procedente. Hoje usam o termo por uma questão de compreensão e identificação cultural, porém rejeitamos sua origem com parte de nossa devoção à Deus. De acordo com os estudiosos, há 4.000 anos os egípcios já possuíam um nível de expressão musical elevado pois, nessa época, as músicas eram ferramentas para cerimônias religiosas. As harpas já existiam, bem como alguns instrumentos de percussão, flautas e, claro, o canto. Os rituais sagrados, inclusive, já tinham referências que misturavam música e cores, entre outros artifícios visuais. E assim a expressão musical humana foi se formando, se solidificando e se tornando cada vez mais forte. Em 3.000 a.C., na Ásia, as culturas indiana e chinesa desenvolviam suas próprias expressões musicais e a música era encarada como um espelho do universo. Entre os chineses o instrumento mais comum era a cítara, um instrumento de cordas que mais tarde deu origem ao violão e à guitarra. Em termos musicais, era comum a utilização da escala pentatônica, que é composta por cinco notas. Uma bela referência para os guitarristas e blueseiros de plantão! Em um próximo passo evolutivo foram os gregos que começaram a aperfeiçoar a música. Eles tiveram muito peso no desenvolvimento musical de alguns gêneros que são ouvidos até hoje como a ópera, a música instrumental e a música erudita. A música estava presente em cantos, danças, peças de tragédia e nos cultos gregos. Os diferentes períodos da música Assim como a evolução humana e artística são divididas em períodos, a evolução musical também é. Como a transição entre cada época é longa e complexa, separamos aqui alguns dos principais momentos dessa evolução, para referência: BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 9 • Idade Média: a Igreja ditava todas as regras culturais, inclusive em relação a música. Na época a música “monofônica” (com uma única linha melódica) era muito ouvida nas peças. Ainda assim, o “canto gregoriano” era o mais comum. É interessante ressaltar que o trítono (intervalo de quarta aumentada) era considerado o “som do diabo”, e por isso era proibido de ser tocado em qualquer peça. • Música Renascentista, no século XIV: artistas passaram a buscar uma música mais universal, ampla, e começaram a se distanciar da Igreja. Nesse período surgiram as músicas consideradas profanas. • Música Barroca, no século XVII: as músicas evoluíram em termos de complexidade e o conteúdo apresentado era mais elaborado e dramático que o visto anteriormente. Foi nesse período que nasceu a ópera musical. • Música Clássica: num período musicalmente muito rico surgiram as emblemáticas composições de Haydn, Mozart e Beethoven e outros lendários compositores. Surgiram também as orquestras e houve um boom nas produções instrumentais. • Século XX: este século, que presenciou avanços enormes na tecnologia, ficou marcado por uma avalanche de novas tendências e técnicas musicais, desde o Impressionismo até a Música Eletrônica. Localmente, as culturas passaram a desenvolver seus próprios estilos, e esses estilos começaram a se misturar por conta da facilidade de comunicação e constantes migrações. Além disso, a tecnologia também possibilitou maior liberdade técnica e artística, de modo que os próprios músicos e artistas deixaram rótulos e regras de lado para desenvolver estilos próprios e novos. Hoje a música é a forma de arte mais consumida no mundo e é conhecida por sua diversidade, quebra de rótulos e formação cultural. A inserção da tecnologia tem aberto cada vez mais espaço e oportunidade para as criações, contribuindo sempre novas formas nessa arte. O que é adoração? A Bíblia é um livro de adoração e pelas suas páginas vemos diversas manifestações de expressão. A riqueza do termo em si é maravilhosa. Basicamente, definindo o tema para alcançar seu significado, adoração é “Declarar quem é Deus, sua natureza” A palavra adoração possui uma tendencia de prostrar-se, por isso ganhou o vocábulo hebraico Hitawa: “E, imediatamente, curvando-se Moisés para a terra, o adorou” (Êx 34.8). Vemos também o convite do salmista: “Vinde, adoremos e prostremo-nos; ajoelhemos diante do Senhor, que nos criou” (Sl 95.6). Também a impressão de quem Deus é conduz automaticamente o povo a adorar: “Todos os filhos de Israel, vendo descer o fogo e a glória do Senhor sobre a casa, se encurvaram com o rosto em terra sobre o pavimento, e adoraram, e louvaram o Senhor, porque é bom, porque a sua misericórdia dura para sempre” (2 Cr 7.3). Outro exemplo e agora no NT temos o texto; “Os vinte e quatro anciãos prostrar-se-ão diante daquele que se encontra sentado no trono, adorarão o que vive pelos séculos dos séculos e depositarão as suas coroas diante do trono” (Ap 4.10). BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 10 A terminologia “encurvar, inclinar”, à priori, na imagem que os textos nos passam, parece que é literalmente baixar a cabeça e inclinar na terra, mas em uma analogia circunstancial, de nada adianta se encurvar “para o povo da igreja ver” se o coração não está inclinado ao SENHORIO de Cristo, então uma adição corporal não contribui em nada a não ser para satisfazer o seu ego. Servir A primeira vontade que alcança quem realmente adora e declara quem é Deus é amá-lo e logo a seguir, é servi-lo. O próprio SENHOR Jesus lembrou o diabo a respeito deste paralelo inseparável; “Então, disse-lhe Jesus: Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a ele servirás” (Mt 4:10) (ARC). A ideia bíblica do termo nos conduz a adorar por expressão de amor e de serviço a Ele. Então você o serve porque o ama e não serve por que tem que servir, isto se aplica a tudo na vida em relação ao seu relacionamento com Deus Adoração como sentido de vida plena As camadas de adoração são 3: a intelectual; a emocional; e a espiritual. A primeira é a adoração racional (inteligência – Rom 12:2). A segunda, ada alma, está relacionada com as nossas emoções. E, a terceira é sublime, e Jesus falou sobre isto em João 4:21; “Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. João 4:23. Outro exemplo das Escrituras encontra-se em Apocalipse 4.10, citado anteriormente: “Os vinte e quatro anciãos prostrar-se-ão diante daquele que se encontra sentado no trono, adorarão o que vive pelos séculos dos séculos e depositarão as suas coroas diante do trono, proclamando: Tu és digno, Senhor e Deus nosso”. O que significa a atitude dos anciãos depositarem suas coroas diante do trono? O fato de que eles tinham coroas indica que possuíam alguma autoridade pessoal. Ao depositarem suas coroas diante do Senhor declaram simbolicamente: “Tu és o Rei dos Reis; toda a nossa autoridade submetemos a Ti, pois Tua autoridade é superior”. Portanto, a adoração deles, nesta ocasião, pelo menos envolvia uma ação que transmitia um significado específico. Um exemplo ainda mais significativo encontramos em Maria, a que ungiu os pés de Cristo com precioso bálsamo, enxugando-os com seus cabelos. Ela não pronunciou qualquer palavra, mas sem dúvida aquele foi um ato de adoração. Atitudes sinceras diante de Deus De fato, a adoração que consiste apenas de palavras é algo abominável a Deus. Em Isaías 29.13, Ele afirma: “Este povo se aproxima de mim e com a sua boca e com os seus lábios me honra, mas o seu coração está longe de mim, e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens”. BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 11 O que fazemos nas reuniões de culto, continua em nosso cotidiano? É sincera nossa adoração na Ceia do Senhor ao ponto de reverberar na semana? Ou Deus é SENHOR apenas no domingo? Agradecer ao SENHOR pelo que Ele faz. Declarar os feitos do SENHOR. Se por um lado, a adoração é declarar quem Deus é, amando-o e o Servindo, o louvor é proclamar os feitos de Deus Louvor que levanta A mesma força que nos faz inclinar diante de Deus na adoração nos faz levantar em adoração. A adoração nos impele a contrição e o louvor à proclamação. Erguer as vozes é a prática mais tangível dos textos A ideia da Adoração somada ao louvor, são vistas em Neemias 8:6 “E todo o povo respondeu: Amém! Amém! E, levantando as mãos, inclinaram-se e adoraram o Senhor, com o rosto em terra” (Ne 8.6). Você percebeu que primeiro eles louvaram com as mãos erguidas respondendo amem? E, em seguida, adoraram inclinando-se com o rosto em terra. Já em 2 Crônicas 7.3, encontramos a ordem inversa: “Os filhos de Israel… se encurvaram com o rosto em terra sobre o pavimento, e adoraram, e louvaram o Senhor, porque é bom, porque a sua misericórdia dura para sempre”. Instrumentos ou vozes As duas realizações são latentes nos textos: Veja em I Crônicas 23:5 “...quatro mil para louvarem o Senhor com os instrumentos que Davi fez para esse mister”. Há um registro ainda mais contundente em 2 Crônicas 30.21: “Os levitas e os sacerdotes louvaram ao Senhor de dia em dia, com instrumentos que tocaram fortemente em honra ao Senhor”. Duas performances dignas de serem observadas no AT era o costume de erguer as mãos e tocar instrumentos, em ambos os casos com grande barulho. No Novo Testamento Não há registros de instrumentos no NT, a não ser nas visões de João sobre o Apocalipse, no entanto, o costume de “erguer as vozes” continuava à exemplo de Israel no AT. Em Atos 4.24, os crentes reunidos, “unânimes, levantaram a voz a Deus e disseram: Tu, Soberano Senhor, que fizeste o céu, a terra, o mar e tudo o que neles há”. E o apóstolo Paulo instruiu os crentes de Colossos a ensinarem e aconselharem uns aos outros “com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração” (Cl 3.16). Portanto, em termos bíblicos esta é a ideia central, e com já foi mencionado nesta disciplina, há outras palavras variantes, dignas também de estudo, porém estas duas resumem todo o sentimento de Deus em relação a adoração. As dimensões da adoração As bases da teologia, ou até mesmo as derivações dela, tais como, doutrinas, ensinamentos, dependem de afirmativas para se estabelecerem. São inseridas por várias investidas. Quer seja pela BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 12 pregação, pela escrita, como também pela música ou até mesmo a arte. Neste sentido, levar uma congregação a adorar a Deus e não fazer uso da teologia como fundamento é perda de tempo. Na tradição wesleyana, desde os primórdios e com centralidade bíblica, Charles Wesley e os primitivos metodistas zelavam por uma prática de evidenciar o tema santidade em suas canções. No século XVIII ainda respirando o puritanismo, que em questões de comportamento eram rígidos em diferenciar de tudo que ostentasse outra coisa a não ser um genuíno louvor a Deus, ouvir canções onde Deus não é o centro da adoração era confundir o teor da missão com coisas banais. Os hinos de Charles possuíam uma mensagem fundamentada na piedade cristã, própria para as reuniões devocionais e para os grandes agrupamentos ao ar livre. Eles destacavam o fervor da fé e tornavam a mensagem inesquecível2. Quando a dimensão da adoração como música é usada para afirmar a nossa teologia, cumpre seu tamanho dever. Em termos de "afirmativa Teológica" temos três vertentes: (1) Letra que aponta na vertical em direção à Deus; (2) Deus é o centro da adoração; e (3) com ênfase à comunhão. A dimensão da adoração como fixação doutrinária Quando observamos a prática da adoração na historicidade de Israel, bem como na vida da Igreja, principalmente a primitiva, entendemos que os princípios, preceitos, decretos, leis, doutrinas, e toda proposta de revelação de Deus, sobre Deus, à respeito de Deus, ao homem, à mulher, à um povo ou nação, são amplamente conceituados pelos viés da adoração. O sentido em adorar é tão forte que provocou idolatria em outros povos. O ser humano tende a abrir toda a guarda de resistência quando para homenagear alguém que ele entende ser maior que ele. Este tipo de situação forma uma cultura onde há base perfeita para uma fixação doutrinária. A dimensão da adoração e a formação sociocultural da comunidade As verdades de Deus e Sua Palavra, contidas na adoração, vão aos poucos moldando a forma das pessoas pensarem a respeito de alguns comportamentos. Por este motivo, o que cantamos deve ser bem elaborado, pensado, sob forte influência do Espírito Santo, e esta é a proposta desta disciplina, tendo como base o comportamento de Israel, da Igreja e dos Wesleyanos primitivos. A prática de um povo que adora a Deus reflete em suas canções, e da mesma forma estas canções impactam a formação sociocultural de uma comunidade. Até na música secular acontece este fenômeno, e só lamentamos quando esta ferramenta é usada para produzir o mal. 2 Fonte: Revista Graça, Ano 03 nº 35 / Fonte: Arminianismo.com BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 13 A dimensão da adoração e a sua importância na comunhão e novos talentos A adoração é importante na comunhão entre as pessoas. A adoração as une, as faz viver em família e ao mesmo tempo, a prática da adoração desenvolve novos talentos, tanto na execução de instrumentos como na composição de músicas. O poder da adoração, é fator indispensável, e este assunto vale o esforço de buscar todos os recursos disponíveis. Acima de tudo, a nossa cultura espiritual de adoração deve ser pelo que Deus faz e pelo que Ele é. A dimensão da oração no conceito wesleyano é impactar a comunidade de crentes promovendo a santidade e impacto na cidade através do evangelismo, da educação e ação social. A dimensão da adoração e o compromisso wesleyano Em 1786, já com 79 anos, Charles Wesley, que já percorrera 365 mil quilômetros em seu ministério e havia participado de 46 mil cultos, cruzadas e reuniões evangelísticas, assumianovas responsabilidades na igreja. Foi ele quem enviou, naquele ano, os primeiros missionários metodistas para a Índia. Quase dois anos depois, Charles Wesley faleceu. O dia 29 de março de 1788, data de sua morte, tornou-se, entretanto, apenas mais um fato dentro de uma história de vitórias e de milhares de hinos cantados até hoje. Ele também deixou para todos os cristãos uma lição de vida e amor ao Evangelho, além de uma marca pessoal indelével. Dizia-se dele: “Se houve um ser humano que repugnou o poder, a proeminência e encolhia-se ao elogio, esse foi Charles Wesley”. Um verdadeiro herói da fé3. A Dualidade da Dimensão da adoração Igreja local e mundo missionário Igreja local: Devocional pessoal e comunhão unidade No mundo: Impacto de esperança, impacto a salvação Princípios de adoração no Antigo Testamento VAMOS DEFINIR PRINCÍPIOS Princípio (do latim principiu) significa o início, fundamento ou essência de algum fenômeno. Também pode ser definido como a causa primária, o momento, o local ou trecho em que algo, uma ação ou um conhecimento tem origem4. A descrição bíblica dos princípios que envolvem a adoração está profundamente ligada à uma raiz: A LITURGIA. Embora o objeto desta disciplina não seja amplamente liturgia, porém, esta palavra ou princípio serve de base para o nosso empenho neste estudo. Um dos cuidados de Deus quando inspirou os autores da Bíblia foi não aproximar termos que poderiam conotar o mesmo ato em outras religiões. O ponto central do princípio de adoração no AT é a palavra SERVIÇO, que é uma das variantes para LITURGIA. 3 Charles Wesley | Arminius Hoje. (wordpress.com) 4 FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 1 393. BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 14 Em muitos dicionários a palavra “Liturgia” significa, etimologicamente, “o trabalho que pessoas realizam”. Veja que a argumentação do radical é trabalho e não diversão ou entretenimento. O que não significa que não se deve trabalhar para Deus sem alegria ou satisfação. Neste estudo sobre as Bases Bíblicas e Wesleyanas da Adoração, cabe-nos uma pergunta. É possível adorar a Deus usando os mesmos princípios do Antigo Testamento? De alguma forma o culto e a adoração vetero testamentária aponta em alguma direção para adoração contemporânea? Com certeza, o único fator de relevância que miúda são as práticas de sacríficos de animais, porém, os princípios que regiam os atos litúrgicos estão em voga porque que são princípios. Pode-se ter uma forma diferente de se aplicar, no entanto, não foge a regra de ser princípio estabelecido por Deus. Vamos estudar cinco princípios inerentes ao serviço de adoração no AT. • Sacrifício de Gratidão • Expiação pelo pecado • Cultura de Ofertas • Centralidade da Adoração • Centralidade de Deus 1. Sacrifícios de gratidão (Gn 4.1-6; 8.20); A adoração inicia-se com uma chave de milagres: A GRATIDÃO. Abel trouxe o melhor, a primícia e adorou a Deus. Este ato lhe custou a vida, o primeiro culto bíblico registrou um assassinato, mas o sacrifico foi recebido. 2. Sacrifícios de expiação de pecados Há muitos versículos que tratam deste assunto, que é um dos principais na redenção humana (Lv 5.14-6.7). Era uma oferta que envolvia sacrifícios de animais e servia para qualquer tipo de pecado (voluntário e involuntário) – O primeiro passo deste princípio de adoração era o pecador reconhecer o seu erro e depois pagar sua dívida com a pessoa que ele ofendeu. E era um pagamento mesmo, sob uma cifra de acréscimo de um quinto. Uma vez feito o pagamento, a dívida ficava quitada e o ofertante recebia o pleno perdão. Neste sentido, o ato aponta para Cristo, que tomou o meu lugar como ofensor e pagou, não só um quinto da dívida, mas toda ela “Está consumado” (Is 53.10, Jó 1.5; Lv 16.15,16; 1Cr 16.39,40;2Cr 6.21-31; Ed 9.1-3). O pecado tinha que ser coberto e os sacrifícios do Antigo Testamento apontavam para a obra de Jesus. 3. A Cultura de Ofertas A Bíblia mostra uma série de ofertas, na verdade eram onze, algumas se sobressaíam, e ainda se fossemos contar com o Talmude BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 15 (O tratado do Talmud), a lista chegaria a dezoito tipos de oferta. Vamos analisar as mais importantes e bíblicas5: 1 – Oferta de manjares – conceder, presente, repartir, oferta para Deus de cereais – Gn 4.3; Lv 2.1-16; 6.14-23; 2 – Oferta alçada de cereal (contribuição) 2 Cr 31.3; Ed 8.25; Ez 45.16 – Para erguer dinheiro (Êx 25.2), tornar mais conhecido alguma coisa; 3 – Oferta de consagração – Presentear com a ideia de garantia, entrega e consagração (Êx 28.38); 4 – Oferta queimada (holocausto) – Oferta feito com fogo (Êx 29.18). O animal era totalmente queimado e sacrificado; 5 – Oferta Movida – Pecado que era removido e atirado para longe, direto da mão de Deus (Êx 29.26); 6 – Oferta voluntaria – Sem pressão ou necessidade de algo, simplesmente voluntaria a Deus (Êx 35.29); 7 – Oferta pela culpa – Para limpar da culpa do pecado (Êx 29.36); 8 – Oferta de libação – Algo derramado, moldando um novo ser (Êx 29.41), esse tipo de oferta derramava-se o vinho (Lv 23.13); 9 – Oferta de perfume agradável – Deus se alegrou com cheiro suave e trouxe calma (Êx 29.41); 10 – Oferta das primícias – Primeiros frutos da colheita (Lv 2.14); 11 – Oferta pelo pecado – Era para cobrir, purificar, fazer expiação – reconciliar o homem a Deus (Lv 5.10). 4. Ato de adorar deve ser a centralidade do Culto Você percebeu que a posição do tabernáculo era no centro do acampamento (Nm 1.52,53 e 2.1-2), o que seria isto? Um mapa da posição da adoração. Este é um princípio fundamental, era a referência à centralidade do culto para a nação. Por exatamente 40 capítulos o assunto foi elencado e sua descrição foi latente. O que mostra o interesse de Deus em não apenas receber o nosso culto, mas centralizar Sua Pessoa neste ato. A adoração genuína também deve ser fruto de um correto entendimento da lei, justiça e misericórdia de Deus, reconhecendo-O assim como Ele Se revela nas Escrituras. Sem a Palavra não há adoração e não importa quão emocionantes sejam os demais atos do culto. 5. Centralidade de Deus Então falou Deus todas estas palavras, dizendo: Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Êxodo 20:1-4. Esta centralidade possui um só corredor, a Adoração (Gn 8.20; 35.11, 14; Êx 3.18; 5.1; 2Cr 7.3; Ne 8.6). 5 Estudos De Deus. Os tipos de ofertas na bíblia e como eram os sacrifícios no tempo bíblico (estudodedeus.com.br) BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 16 O culto era direcionado à Deus, somente a Ele. Quando fazemos assim, certamente honramos ao SENHOR e quando O adoramos pelo que Ele é, atingimos o coração da adoração. Deus não depende dos humanos para ser adorado, nem a sua Glória fixa nisto, no entanto, deve partir de nós, através do amor que tempos por Ele e exaltá-lo na beleza da sua santidade. O que fazemos não aumenta nada em Deus, mas aumenta tudo em nós. Não devemos adorá-lo pelo que somos, mas por aquilo que Ele tem sido em nós. O Salmo 93 diz que Ele está revestido de majestade. Deus é glorioso, é sublime, é belo na Sua santidade. Devemos adorá-Lo no Seu esplendor e na Sua beleza. PORQUE: • A glória do Criador foi revelada (Sl 19). • Deus é o Altíssimo (Sl 83.12), • Deus é que vê todas as coisas (Gn 16.13), • Deus é escudo (Sl 84.11) Princípios da adoração no Novo Testamento Assim como no Antigo Testamento, a adoração segue sua historicidade e teologia, reunindo princípios que ainda nos ensinam e direcionam o caminho. Princípios ou primórdios da liturgia cristã Um dos momentos mais marcantes paraa aplicação da palavra liturgia foi o da última Ceia. O próprio SENHOR Jesus estava presente, aquele a que a igreja adora. Ele mesmo elaborou a liturgia e conduziu os serviços - que momento glorioso! Na última ceia, temos a primeira liturgia da igreja. Pegando o pão e o vinho, deu graças, abençoou-os e distribuiu-os aos discípulos, dizendo: «Tomai: isto é o meu Corpo. (…) Isto é o meu sangue» (Mc 14, 22.24). Aqui temos dois princípios implícitos na ceia: A benção do Pão e a gratidão do sangue. No fim, pediu-lhes que repetissem esse gesto em Sua memória. Como o fez Jesus, os discípulos imitaram, e veio através dos patrísticos, porém, com o tempo e a expansão da igreja, muita coisa mudou. O cerne da adoração ainda é Deus, porém a forma de fazer obteve algumas mudanças. A liturgia mais próxima à ortodoxia possui a mesma estrutura, que divide a celebração em dois momentos essenciais: a liturgia da palavra e a liturgia da comunhão, ou como diria em termos eruditos, a eucarística. Em primeiro plano, os textos bíblicos ocupam um lugar especial. Os princípios da adoração na era Patrística Na época patróloga (ou patrística – os pais da Igreja), segundo os registros históricos, havia sempre um presidente da reunião, chamado presbítero, ele conduzia a celebração com alguns auxiliares, os diáconos, os quais realizavam o serviço. Princípios da Adoração no NT BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 17 Assim como vimos 5 princípios no AT, vamos estudar 5 também no NT • Meditação - Geralmente era feita uma pequena meditação a respeito da leitura das cartas ou do Didachê (conjuntos de ensinos dos apóstolos); • Explanação - O presbítero partilhava com os presentes as verdades que Deus ministrou ao seu coração; • Oração - No final, oravam juntos, uma oração que por muito tempo foi conhecida como “Oração dos fiéis” • Comunhão - E como o costume da santa ceia, o pão e o vinho eram distribuídos para “lembrar” o sacrifício e ressureição de Jesus; e • Adoração - Um hino ou louvores eram entoados para encerrar. Culto, Liturgia e Serviço no século II. Prática cristã Patristica Aqui está um documento do século II sobre o culto, liturgia e serviço6: Justino (c.150), apologia, [I. LXV-LXVII LXV] – Justino escreve: “...Depois de termos lavado desta maneira (batismo) aquele que se converteu e deu o seu testemunho, o conduzimos aos irmãos reunidos para em comum oferecer orações por nós mesmos, por aquele que foi iluminado e por todos os homens do mundo. Isto fazemos com todo o coração esperando que, assim como temos aprendido a verdade, também sejamos dignos de sermos achados bons cidadãos, cumpridores dos mandamentos e, finalmente, sermos salvos com a salvação eterna. Ao terminar as orações, mutuamente nos saudamos com o ósculo da paz e, logo, traz-se ao presidente o pão e um cálice de vinho com água. Ele os recebe oferecendo-os ao Pai de todos as coisas num tributo de louvores e glorificações, em nome do Filho e do Espírito Santo, dando graças por sermos considerados dignos de tamanhos favores de sua clemência. Terminada as orações e ações de graça, os presentes as ratificavam com “amém”, a palavra hebraica que significa “assim seja”. Terminada a ação de graças do presidente e ratificada pelo povo, os chamados “diáconos” distribuem entre os presentes o pão eucarístico e o vinho com água, que levam depois também aos ausentes. [1] [CLÁUSULA LXVII] Justino acrescenta à ata: No dia denominado de dia do sol há uma reunião de todos aqueles que vivem tanto nas cidades como no campo. Ali se dá a leitura das memórias dos apóstolos ou das Escrituras dos profetas, até onde o tempo permite. Terminada a oração, do modo como foi dito, traz-se pão e vinho com água. O presidente dirige a Deus orações e ações de graça. O povo aquiesce com aclamação: amém. E se procede à distribuição dos elementos eucarísticos entre todos, enviando-se também, mediante os diáconos, os que estão ausentes. Os irmãos que estão na abundância e querem dar, dão cada qual conforme lhes aprouver. O dinheiro recolhido é entregue ao presidente, que o reparte entre órfãos, viúvas, 6 [1] – [2] - Justino (c.150), apologia, [I. LXV-LXVII LXV] / Justino_de_Roma_IApologia.pdf (monergismo.com) BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 18 doentes, indigentes, presos e transeuntes, de todos aqueles que necessitam de ajuda ele é um protetor. [2] Este modelo perdurou por quase mil anos, e houve alterações. Durante a primeira parte do ano mil, as cartas apostólicas tornaram-se encíclicas papais e o espaço delas foi aumentando dentro da cerimônia, entre elas algumas encíclicas políticas. A primeira foi a do papa Sírico em 385. Também a inclusão de sacramentos diversos, oração aos mortos, devoção às imagens - entre outras práticas -, foi-se tirando a simplicidade exemplar deixada pelo SENHOR Jesus e os primeiros apóstolos. O raso conhecimento ou a falta de interesse nos privam de receber os benefícios que Deus nos dá através da adoração. Primeiro, a aproximação em intimidade com Ele e segundo, poder distribuir na comunidade uma vida de partilha, tempo de graça e mensagem de esperança. O fator principal do sacrifício de Jesus na cruz foi de trazer de volta os filhos para Pai e restabelecer a comunhão que Adão perdeu no Éden por causa do pecado. Ora, se era o pecado que nos separava de voltar a esta comunhão, então Jesus cumpriu seu papel ao remover o peso do pecado de nossas vidas. “Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem.” (João 4:23) O que precisamos entender é que a cultura de adoração no NT não se restringe apenas em cantar. Havia uma vida envolvida. Para os de dentro a partilha, a comunhão e a edificação. Para os de fora, o testemunho, as atitudes e a constante ameaça de algum momento serem presos, algemados e lançados às feras. Hoje em dia não se vive mais esta ameaça em boa parte do globo, porém, o compromisso de servir sob perseguições, lutas e tribulações continua nos verdadeiros adoradores. Adorar é antes de tudo AMAR e SERVIR. Ninguém deve servir a Deus porque tem que servir, ou porque o pastor mandou, ou ainda porque é o costume de fazer o que todos já faz há décadas. Esse não é o princípio. Tal qual a igreja primitiva, devemos fazer porque amamos ao SENHOR, resolvemos servir porque amamos a Deus e sua justiça. O que nos move ao altar é o amor que temos por ele. Fora disto, será algo apenas litúrgico, mecânico, costumeiro, tradicionalismo e mórbido. Os princípios de adoração no NT nos levam refletir nesta verdade: ADORAÇÃO EM AMOR, SERVIR EM AMOR - e aí está implícito: amar e servir a Deus e amar e servir ao próximo, consequentemente ao mundo7. “Portanto, ofereçamos sempre por ele a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o seu nome.” (Hebreus 13:15) 7 ELIAS, Manoel - Adoração no Novo Testamento - Verbo da Vida UNIDADE II Fundamentos teológicos da adoração BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 20 Definindo ortodoxia Ortodoxia é a condição de cumprimento absoluto com todas as decisões, preceitos e ideais de certo padrão ou dogma considerado tradicional, de modo rigoroso e rígido. Para os pensadores ortodoxos, a visão apresentada pela ortodoxia é tida como a única correta, pois seria baseada em princípios metafísicos e científicos. Este termo é normalmente associado à uma doutrina cristã, que é caracterizada por seguir rigorosamente todas as normas tradicionais da igreja. No entanto, a ortodoxia pode ser interpretada a partir de um ponto de vista pejorativo, quando passa a ser uma doutrina ou comportamento que nega a adaptação as realidades alheias ou ao que é novo. A nossa missão de adoração, a missão da igreja no mundo, começa com a adoração. E quando nos congregamos diante de Deus em adoração, cantando, ouvindo a leitura públicada Bíblia, devolvendo os dízimos e ofertando, orando, ouvindo a pregação da Palavra, batizando e participando da Santa Ceia – então sabemos mais claramente o que significa ser povo de Deus. A adoração é a mais elevada expressão do nosso amor a Deus. É a adoração centralizada em Deus, honrando Aquele que pela Sua graça e misericórdia nos redime. O contexto primário da adoração é a igreja local, onde o povo de Deus se reúne, não numa experiência egocêntrica ou para a autoglorificação, mas para uma entrega e oferta de si mesmo. A adoração é a igreja em serviço amoroso e obediente a Deus. A adoração significativa: uma chamada à adoração Salmos 95:1-7. Os discípulos de Jesus viveram na Sua presença e ministraram aos outros como resultado desse relacionamento. Jesus enviou os Seus discípulos ao mundo para ministrar (Mateus 10). Mais tarde, Ele disse-lhes que precisavam ser cheios do Espírito Santo. Eles esperaram no cenáculo e o Espírito Santo veio, assim como Jesus tinha prometido (Atos 2). Assim que os discípulos começaram o seu ministério ao mundo, tornaram-se embaixadores de Deus. Eles levaram a mensagem de reconciliação, juntamente com a missão de reconciliação (2 Coríntios 5:11-21). A) Paulo disse bem: “Portanto, somos embaixadores de Cristo, como se Deus estivesse fazendo o seu apelo por nosso intermédio. Por amor a Cristo lhes suplicamos: Reconciliem-se com Deus. Deus tornou pecado por nós aquele que não tinha pecado, para que nele nos tornássemos justiça de Deus” (2 Coríntios 5:20- 21). B) Jesus desafiou os Seus seguidores com a Grande Comissão. “Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos” (Mateus 28:19-20). A igreja primitiva realmente começou BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 21 a cumprir esta comissão no mundo depois de um encontro de adoração significativa em Antioquia (Atos 13:1-4). C. A Adoração significativa ocorre à medida que praticamos as disciplinas do Espírito, como o jejum e a oração. O Espírito Santo, então, enviou-os para ganhar a outros para a fé. Isso aconteceu no contexto da adoração. A adoração inspira-nos e libera o poder de Deus nas nossas vidas. A adoração reorienta as nossas vidas à de Cristo. Tanto a prática da adoração pessoal como a adoração corporativa devem ser consistentes na nossa vida. D. A Adoração significativa permite que Deus Se mova entre nós, da Sua própria forma, nos cultos corporativos a igreja primitiva não conduziu os seus negócios por meio de comitês ou seminários. Preferivelmente, eles reuniam-se com frequência nos cultos corporativos, permitindo que Deus trabalhasse livremente entre eles. Devemos estar dispostos a parar com a nossa agenda e dispor de tempo para que Deus complete a Sua agenda entre nós. E. A Adoração significativa dá lugar para Deus Se mover livremente à medida que esperamos por Ele com expectativa. Devemos dispor de tempo para que Deus Se revele e convença, mova, toque, salve e santifique as pessoas do Seu modo e no Seu tempo. Devemos ir a todas as reuniões de adoração com uma ansiosa antecipação de que nos encontraremos com Deus nessa reunião e de que Ele se moverá entre nós. Nunca devemos estar satisfeitos com a rotina normal de um encontro habitual. F. Os filhos de Deus devem reunir-se semanalmente para que possam ser fortemente cativados pelo Espírito de Deus. Para que o espírito humano seja energizado nada pode substituir o Espírito Divino de Deus. Isso acontece de modo mais eficiente em períodos de adoração corporativa significativa. O Espírito Santo revela Cristo em nós, nos enche, nos santifica e capacita para os desafios de serviço que nos estão propostos, tais como oração, meditação, jejum, estudo bíblico, comunhão, assim como, para todas as Disciplinas Espirituais conhecidas de Wesley como Meios de Graça”. A ortodoxia bíblica tende zelar pelas palavras originais e conceitos primeiros a fim de manter a lisura dos acontecimentos, evitar mecanismos que desfigurem a intenção primeira. Neste sentido, a proposta mantida pela ortodoxia é abraçada como a certa, porque pressupõe estar fundamentada em originalidade, acordo consensual e muitas vezes em resoluções de ordem metafísicos com provas científicos. Como esta terminologia é acoplada à uma doutrina cristã, o caso é mais por fé e experiência pessoal do que científica, e foi assim que durante estes dois mil anos muitas tradições e raízes teológicas permaneceram firmes vencendo os tempos de mudanças social, filosófica e cultural. Em nosso estudo, vamos fazer uma imersão neste tema para zelar pelo objetivo e motivação da matéria, uma vez que ela nos direciona à um relacionamento com Deus e com a comunidade. BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 22 A igreja possui a missão de impactar o mundo através da adoração Sabemos que adoração é um termo ligado à música literalmente, porém, na prática a abrangência é bem mais expressiva, pois envolve um “modus vivendi” em relação à comunidade que nos cerca. Podemos dizer que o conjunto de adoração não se resume no louvor e, sim, na vida em todos os sentidos, vertical ou horizontal. Ir à igreja, digo ao templo para adorar é uma coisa, sair do templo e continuar adorando, deve ser a mesma coisa. O mundo não espera espetáculos, o mundo espera uma vida para seguir. Na igreja adoramos ao chegar, saudar os irmãos, quando cantamos, ao dizimar e ofertar, recebendo a palavra, orando, na comunhão. Engana-se aquela pessoa que apenas mecaniza a adoração à uma parte apenas do culto, como no caso o louvor. A adoração tem sua ortodoxia fundamentada nos primeiros atos, não só de Israel como nação, mas da igreja como organismo vivo da fé. A adoração também é ortodoxa para com o povo pois se mantem sem olhar para direita e nem para esquerda. Em testemunho no meio dos chamados desigrejado (ou sem igreja) a ortodoxa soa como zelo, organização, disciplina etc. No momento em que você adora, e a igreja adora, vem a força primordial, isto é, uma das formas de ortodoxia. É a adoração na raiz, no fundamento, no gênesis de nossa existência enquanto servos de Deus, enquanto igreja militante. A ortodooxia como as primeiras coisas Sendo a ortodoxia “as primeiras coisas”, a igreja primitiva soube dar sentido a adoração como uma primazia para sua vida contextual. Por todos os lados a adoração, em forma de vida, ou melhor, como estilo de vida, fez da igreja conhecida e o seu testemunho trouxe milhares de milhares à Cristo. A forma de viver esta ortodoxia primaz, sem adulterar os significados, sem prevalecer conceitos, zelando pela unanimidade, aquele povo balançou as estruturas daquela sociedade. O zelo da igreja pelas primeiras coisas trás o impacto de Deus à comunidade. E o próprio SENHOR nos cobra a ortodoxia: “Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor. Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei, e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres. Apocalipse 2:4,5 Esta alusão de Jesus à igreja era contra justamente quem abandonou a ortodoxia da adoração, entre eles estavam os Nicolaitas: “Os nicolaítas eram os seguidores de uma heresia que se tinha infiltrado na igreja primitiva. No livro de Apocalipse, Jesus condenou as práticas dos nicolaítas e avisou seu povo a não seguir nos seus erros. A Bíblia não explica quem eram os nicolaítas nem nos diz em que acreditavam. Apenas diz que suas práticas eram detestáveis para Deus. O problema era tão sério que uma igreja onde seu ensino se tinha infiltrado corria o risco de ser destruída! - Apocalipse 2:15-16. O nome da maioria dos partidos religiosos, das seitas e das heresias vinha de seu fundador ou de alguém que serviu de inspiração para o grupo. Por BASESBÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 23 isso, os nicolaítas provavelmente tiraram seu nome de alguém chamado Nicolau. A ortodoxia da adoração na prática A Adoração deve vir de dentro e a mesma se revela nas atitudes que desempenhamos. É uma espécie de endoculturação, é algo que deve brotar do interior, como “rios de águas vivas”. Os atos de adoração que não são sinceros não são adoração, são apenas rituais, são mecanismos habituais, só exterior sem valor (João 4:23). É necessário dizer também que adoração permite a atuação de Deus em nós e consequentemente através de nós. A tríade fundamental para ortodoxia da adoração 1. A primeira ação. A adoração deve ser a primeira ação. Jesus nasceu sob louvores e fez seu último ato na Ceia adorando; 2. A imagem de Deus. A igreja deve espelhar o amor de Deus, refletir sua imagem, através da adoração na comunidade, sendo justa, fiel, não maldizente, promovendo a paz, o amor e sendo um canal de testemunho. 3. A fonte interna. A adoração deve fluir de dentro do mais profundo do nosso ser, ela nasce em Deus e Deus é o início de tudo. Ao fluirmos de Deus o adoramos na beleza da sua santidade. A adoração não pode depender de estímulos externos, é o Espírito Santo que provoca em nós. Ser ortodoxo na adoração é zelar pelo início, pelo começo, pelo primeiro amor, é ficar o mais perto da verdade, dos princípios, dos preceitos, dos mandamentos e do que Deus espera de nós. Alguém já perguntou: qual é o verdadeiro louvor? Os cânticos antigos ou os contemporâneos? Que música não é de Deus? É pecado ouvir música mundana? Estas perguntas são respondidas pelo apóstolo Tiago e sua chamada à ortodoxia: “ Chegai-vos para Deus, e ele se chegará para vós. Limpai as mãos, pecadores; e, vós de espírito vacilante, purificai os corações” (Tg 4:8) . Quando nos aproximamos de Deus, o próprio Espírito Santo nos guia pela verdade e nem precisa dizer, pois o que não procede de Deus - o ortodoxo - não terá prazer. Assim, eu não preciso julgar ninguém a partir das minhas crenças ou experiências com Deus, pois cada um dará conta de si. Então, para prevenir, é melhor se aproximar das primeiras coisas e Deus ama tanto a ortodoxia que recebe as primícias, os primeiros frutos. Deus é tão zeloso em relação a ortodoxia que iniciou a criação com ela, porque está escrito em Genesis 1:1: “NO PRINCÍPIO...” e isto é ortodoxia. Herança hinologica wesleyana da adoração DEFININDO OS TERMOS. Muitas vezes, no decorrer do nosso estudo, nos deparamos com os termos "Hinódia" e "Hinologia". É BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 24 importante distanciar os dois para entendermos melhor a proposta da aula. Em uma explicação mais simples, "Hinódia" refere-se a uma coleção ou o conjunto da obra - tipo um acervo de músicas e coletâneas. Já o termo "Hinologia", quer dizer a respeito de estudar a estrutura da canção, seus propósitos, ideias, intensão e filosofia da obra. São termos interligados, mas que possuem ênfases bem distintas. Quando mencionamos que tal compositor possui 3 livros de coletâneas musicais etc., estamos nos referindo à Hinódia, mas quando dizemos que tal compositor usou uma rima para evidenciar um tal assunto, já estamos falando de hinologia, em termos de música cristã. [1] Charles Wesley e parte do seu legado. Observou bem José Carlos de Souza, ao propor sua “Linha do Tempo - Vida de Charles Wesley (1707-1788)”. Lembrou que seria “difícil imaginar o desenvolvimento e a expansão do metodismo sem a força dos seus cânticos” [1]. Charles Wesley nasceu no dia 18 de dezembro de 1707, em Epworth, Lincolshire. Ele foi um dos últimos filhos de Samuel e Susanna Wesley [Cf. Anuário Litúrgico 2007]. E de acordo como historiador Richard Heizenrater, o movimento wesleyano, inicialmente pode ter parecido “uma continuação natural da vida devocional e das ideias da casa pastoral de Epworth”, porque Susanna, mãe de Charles os ensinava com severidade e devoção. Charles Wesley ingressou no Christ Church, Universidade de Oxford, em 1727. Conforme a história mostra, ele não se destacou pela sua piedade ou seriedade, deixando ser levado inclusive pelo ambiente mais liberal da universidade e, por isso, chegou a ser desaprovado por John. Contudo, se redimiu após sua investida nas diretrizes do Clube Santo e, posteriormente, em sua "Experiência do coração" ocorrida em 21 de maio de 1738 [1]1 - Anuário Litúrgico, 2007 A herança hinologica wesleyana. A busca pela santificação de coração e vida já tomava conta de John Wesley, desde que leu Tomas de Kempis [A Imitação de Cristo] e Jeremy Taylor [O Viver e o Morrer Santo], em 1725. Por isso, é plenamente compreensível o desacordo momentâneo sobre aspectos da vida na universidade. No entanto, em pouco tempo Charles mudou de postura e, em 1729, inicia o primeiro broto do metodismo. Mais tarde, Charles Wesley lembra: “A diligência me conduziu para o pensamento sério. Eu participava do Sacramento semanalmente e persuadi dois ou três jovens estudantes a me acompanharem, e observarem o método de estudo prescrito pelos estatutos da Universidade. Isso me valeu o inocente apelido de metodista”. [2] A influência. A produção da "Collection' de John Wesley, de 1738, serviu de base para o tamanho desempenho que seu irmão Charles prestou ao povo de Deus. Seus hinos tornaram-se patrimônio da igreja em sentido amplo, pois várias denominações começaram a entoar suas canções em BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 25 seus serviços [3]. John Wesley, além dos ensinos de sua mãe, conheceu também a devoção dos morávios na adoração, que era uma tradição Luterana. Participava dos cultos dos morávios, e assim traduziu diversos hinos deles e os publicou junto com outros hinos de origens diversas, sob o título A Collection of Psalms and Hymns (Charleston, 1738). - [3] O lugar da teologia na adoração de tradição wesleyana "O SERMÃO CANTADO". Em uma rápida explanação, Jose Carlos da Souza diz: "Não se pode subestimar a importância de Charles Wesley na história do movimento metodista. É certo que havia significativas diferenças entre os irmãos John e Charles: de temperamento, em relação à avaliação dos pregadores leigos e, sobretudo, quanto ao relacionamento com a Igreja da Inglaterra. Charles colocava sempre em primeiro lugar, a Igreja estabelecida, e John, o metodismo, ainda que ambos se opusessem fortemente à separação"[4]. Com todas as diferenças, a unidade dos irmãos Wesley e toda comunidade centrava-se no sermão e por isto a homilia era a base da harmonia. A Palavra pregada tornava-se mensagem cantada e assim se estabelecia o Reino de Deus. Em nossos dias a adoração se distancia do sermão e muitas vezes até se contradizem [4]. A força do se que cantava. Charles foi um pregador excelente, tal como seu irmão John. A partir de 1756, Charles diminuiu a itinerância e fixou trabalho em Bristol, como também em Londres. Foi a época em que mais se dedicou a compor. Historiadores estimam entre 6.000, 6.500 até 9.000 canções. A bem da verdade, estudando sua obra, este montante é expressivo, porém, não são todas peças completas, muitos hinos eram desdobrados em várias estrofes e então eles assumiam ser outra obra, embora fosse a extensão da mesma [5]. Era a força do que se pregava derramada nas canções. Impossível ver o avanço do povo wesleyano sem esta base de adoração. A fonte do adorador. É fácil pensar que Charles era um músico prático e um poeta natural, porém, seu fruto de adoração no movimento (e esse deve ser para nosso exemplo) era fruto de algo mais profundo. Para este fato, ele mesmo relata: "...A diligência me conduziu para o pensamento sério. Eu participava do Sacramento semanalmente e persuadi dois ou três jovens estudantes a me acompanharem, e observarem o método de estudo prescrito pelos estatutos da Universidade. Isso me valeu o inocente apelido de metodista”.[3] - Abase nuclear da adoração cristã wesleyana estava neste ato profundo e de vida com Deus. Cantando a teologia. Nos dias atuais, quando a adoração assume, em uma grande parte da cristandade, algo comercial e de entretenimento, no século XVIII a seriedade era suprema, pois eles cantavam a teologia pura, exaltavam a DEUS realizando assim um louvor centrado na pessoa de Deus. BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 26 Qualquer membro comum daquelas sociedades e classes possuíam uma fé gerada à partir do compromisso de conhecer a Deus. Este foi um dos motivos pelo qual o Espírito Santo soprou sobre o movimento e em 100 anos o povo wesleyano estava nos 5 continentes da terra, uma obra de missões tão profunda quanto o movimento morávio e a iniciativa de Wiliam Carey. Os metodistas são para os Estados Unidos, o que foram os bandeirantes no Brasil. Embora que n Brasil o esforço era geopolítico, porém nos EUA era a força das missões e a visão de espalhar santidade. A historicidade da cronologia hinódica na construção da adoração wesleyana De 1744 a 1745 - Há uma cronologia interessante que ao longo dos anos os wesleyanos desenvolveram e vemos claramente a condução do Espírito Santo em cada jornada. 1744 – Charles Wesley esteve na 1ª conferência wesleyana este ano. O ímpeto e o sentido de grupo se fortaleceram nesta conferência. Em resposta as perseguições vorazes que os metodistas enfrentavam, Charles escreveu: “Muitas águas não poderão apagar esta pequena chama que o Senhor acendeu, nem a enxurrada da perseguição a afogará”. Com frases da mesma estirpe, Charles levanta o brio do movimento e a publicação destas músicas fortaleciam os movimentos. 1745 – De uma forma modesta são publicados seus Hinos sobre a comunhão da Ceia do Senhor e os Hinos para comemorar o nascimento do SENHOR Jesus Cristo. De 1746 a 1749 1746 – a partir deste ano Charles inicia suas composições por lotes de assuntos, com hinos voltados para os temas: Ressurreição de Jesus, Ascensão de Cristo, Petição, Ação de Graças pela Promessa do Pai; Trindade; para Funerais; para o Culto de Vigília; canções para Crianças cantarem. 1747- Neste ano Charles dá uma luz mais centrada na santidade e escreve músicas “...para aqueles que buscam e aqueles que têm redenção...” 1749 – Surge uma clássica publicação. Dois volumes expressivos com 455 novas composições “Hinos e Poemas Sacros”. Também, Charles casa-se com Sarah [Sally] Gwynne no dia 08 de abril, na Igreja de Llanlleonfel, Brecton, País de Gales, e John Wesley presidiu a reunião, em cerimônia presidida por seu irmão. Embora o casamento provocou algumas preocupações, ela era 19 anos mais jovem, Charles não possuía estabilidade financeira, porém, Deus os abençoou. Eles fizeram uma grande dupla musical, Charles solfejava as notas e Sara escrevia na pauta musical. Eles deram ao mundo Samuel Wesley um dos maiores músicos que a Inglaterra conheceu, seu apelido foi “O Mozart Inglês”. De 1750 a 1749____________________________ 1750 – Neste ao Londres sofreu terremoto e Charles não pensou duas vezes, compôs hinos em relação à segurança do crente em Deus diante dos terremotos da vida. Era uma adoração para sua época atual contemporânea. A vida cristã era cantava e centrada em Deus com base BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 27 na vida rotineira e no dia a dia. Sua obra foi oriunda do sermão: “A causa e a cura dos terremotos”. [7] 1755 – Já nesta época os metodistas enfrentaram “forças internas” cujo a linha do pensamento tendia a uma eminente divisão. Charles apressou-se e compôs canções para amenizar a situação: “...Quando, no início, fomos enviados para ministrar a palavra, Pergunto: pregamos a nós mesmos ou a Cristo, o Senhor? Era nosso alvo arranjar discípulos, formar um partido, ou fundar uma seita?”. [6] De 1758 a 1763 ____________________________ 1758 – Mais publicações e desta vez foram obras a respeito da Intercessão por toda a humanidade. 1761 - Publicam-se os Hinos para quem Cristo é tudo em todos. 1762 - Agora Charles viabiliza publicações de uma vasta contribuição. Foram dois volumes, porém nesta obra havia um diferencial, pois era uma hinódia de “Breves Hinos sobre Passagens Selecionadas das Escrituras”. Diz-se que daí nasce a ideia dos hinos curtos, os chamados “corinhos” no Brasil. Nesta edição havia mais de 2.000 novas composições. 1763 – Ano em que as crianças recebem também seu hinário. Cânticos infantis, de onde originam-se os louvores da escola dominical. De 1767 a 1780 1767 – Ano da publicação de peças musicais para o uso de reunião familiares e outas composições que enfatizavam trindade santa. 1780 – Este foi um ano promissor, pois para atender ao movimento que se agigantava, o próprio John Wesley elaborou um hinário especial para uso nas sociedades metodistas. Uma “a Coleção de Hinos para o Uso do Povo Chamado Metodista”. Este hinário possuía 525 hinos, entre eles composições de John Wesley também, no entanto, 480 hinos são de autoria de Charles. E veja o compromisso da herança wesleyana na adoração, no prefácio, John escreve: “... esse livro é, com efeito, um pequeno corpo de teologia experimental e prática”. DE 1782 a 1788 ____________________________ 1782 – Mais publicações e desta feita são publicados os Hinos para o Jejum Nacional e Hinos para a Nação (Partes I e II). 1784 – Publica-se a Coleção de Salmos e Hinos para o Dia do Senhor. 1785 – Uma novidade para a época, foi publicado o “Hinário de Bolso para o Uso de Cristãos de todas as denominações”. 1788 - Charles Wesley nos deixa e parte para o tabernáculo do Eterno Louvor. Aos 80 anos, Charles falece no dia 29 de março. Poucos dias antes, ele havia ditado seu último poema à esposa: “...Na velhice e em extrema debilidade, quem redimirá um verme pecador? Jesus, Tu és minha única esperança, a força de minha frágil carne e coração. Oh! Que eu possa cativar um sorriso teu, e entrar na eternidade”. [8] BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 28 Compromisso e atualização Através desta cronologia histórica, notamos que o movimento acompanha a movimentação. Não era uma construção hinológica tipo "deixa como está para ver como fica" ou "vamos de acordo com o que conseguir" ou ainda, "qual o próximo sucesso da banda tal ou cantor/a tal?". Em absoluto, havia uma visão sobre os temas santidade, conhecer a Deus, vida cotidiana e todas as canções atrelavam o povo à orientações da Palavra e uma vida de testemunho. Hoje vemos que recebemos canções de tudo quanto é forma, não se faz um estudo sobre a carência daquela comunidade específica ou a necessidade daquela igreja local. Na verdade, precisamos refletir até onde o poder da mídia dita a hinologia da Igreja. A cultura e suas formas de expressão na adoração A cultura de um povo, nação e sociedade é o resultado de informações que agregam tipos de práticas, linguagens corporais e verbais, atitudes, valores, leis, comportamentos, crenças, etc. Nas pequenas fontes nascem direções que vão se ambientando e tomando proporções de influência e convencimento. As três perguntas mais frequentes dos seres humanos são: Quem somos? De onde viemos? E para onde vamos? Sabemos que a bíblia responde estas questões porque seus preceitos são antes de qualquer cultura. Somos criados a imagem e semelhança de Deus, viemos do milagre da criação de Deus com base na união entre homem e mulher, e vamos para a eternidade quando nossa lida aqui findar. De certo modo a cultura pode adereçar, algumas maneiras: 1. A Maneira como respondemos ao que nos cerca, como respondemos aos estímulos, que base de fé teremos para filtrar as influências. 2. A Maneira como interagimos na inteligência INTERPESSOAL com a família, amigos, irmãos em Cristo. 3. A Maneira recebemos e transferimos relacionamentos com grupos fora do nosso círculo de concordância. 4. A Maneira como lidamos com o caráter à nível de sexo, dinheiro,poder, religião e política. 5. A Maneira como viabilizamos as decisões, pautamos prioridades. 6. A Maneira como encaramos a vida, a morte, a luta, a culpa, o perdão, a mudança. 7. A Maneira como organizamos o tempo, vemos a arte, lidamos com o governo, e o gerenciamento do espaço físico. Porque a cultura dita as normas, as formas, as leis, as atitudes, as mudanças, as decisões, então grupo de interesses lutam por usá-la a fim de implantar suas inclinações. O que funcionou na era antiga foi a espada, mas hoje, depois da humanidade aprender sobre direitos e deveres humanos, a batalha é cultural, algumas com fundos religiosos, outras com ditadura judicial, enfim, a cultura é uma janela para o campo das ideias e ideais. De acordo com a “cultura histórica”, cristãos, de vários seguimentos, tem insistido numa tríade interessante: BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 29 1. Os “metanóias” (Metanoein, no contexto das discussões teológicas foi traduzido como "arrepender-se"). Pode-se compreendê-lo melhor à luz da noção de conversão, uma transformação completa do pensamento. Tal conversão não se limita a uma mudança de mentalidade, mas também implica mudança de comportamento, de atitude, de maneira de ser e de viver) . Este grupo acredita que havendo CONVERSÃO, as pessoas, consequentemente, a cultura será transformada. 2. Os “aequistas” (que significa Equidade; em latim: Aequitas, era um conceito latino que evocava a noção de justiça, igualdade, conformidade, simetria. Na Roma Antiga, pode referir-se tanto o conceito legal de equidade ou justiça entre indivíduos) . No sentido de se igualar para não chocar, usando como base o amor, tende- se a negociar valores em nome da acolhida. O problema deste grupo é não saber depois separar o que realmente é lícito, ético e conveniente. Vários precedentes são abertos em função da inclusão que desvirtua o caráter inicial de certos valores concordados pela sociedade. Inclusive dizem que os valores cristãos não devem ser ventilados fora do circuito da igreja, e assim, aceitam desvios culturais como parte de uma sociedade. 3. O Díscolos, que são os que se separam, segregam, distanciam-se de todos, criam sua redoma, não aceitam interferência e classificam precocemente qualquer linha contrária ao seu pensamento de “seita”. Neste caso cria-se a discriminação, o elitismo religioso, a acusação exacerbada, um moralismo parcial e uma indiferença letal, chegando ao ponto do ódio em alguns casos, quando não a um fanatismo estonteante. Grupos e círculos fechados, sociedades exclusivistas etc. A adoração ao SENHOR, nosso Deus, único e verdadeiro, nos conduz à ideia dos metanóis. Onde a busca pelo perdão, leva-nos a uma mudança de pensamento, de vida e atitudes. A adoração enquanto música, comportamento, trato, dedicação e serviço torna-se uma ferramenta que propõe esta mudança. O caso dos aequistas e díscolos, não contempla a vontade de Deus, pois, a proposta bíblica não de aceitação em nome de um “amor irresponsável” e tão pouco de negação da extensão do verdadeiro amor de Deus a todos: A adoração é um meio de restaurar o que foi perdido nas eras e nas mesclagens da luta do mal para destruir o bem. E não se preocupe porque a narrativa aqui não é pelo dualismo do mal e o bem, protagonizados pelos mitraístas, zoroastristas, ou qualquer proposta mesopotâmica e do Egito tão pouco, da construção demonológica da ideia média, é fato, é real e inegável, 1. A Criação foi perfeitamente boa. A ideia de Deus era o seu Reino desde o início, entretanto, por ser justo e não esconder o mal, e por ter dado o livre arbítrio, o homem escolheu não adorar e se rebelar. 2. O pecado contaminou a natureza e os “naturis”. A fase que o pecado inseriu na história abriu um precedente para uma solução. Jesus veio e restaurou a comunhão, abriu o “novo e vivo BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 30 caminho” sobre a senda do pecado. O novo e vivo caminho é a adoração, a avenida de acesso à presença de Deus. 3. O céu reagiu através do amor de Deus. Em resposta a todos os sacrifícios animais de seres humanos oferecidos pelas religiões sem nexo e inóspitas, Deus entregou seu único filho em sacrifício vicário, único e eterno, onde por toda a historicidade do trajeto soterológico, a adoração foi a linha que entrelaçou as épocas, o chamado de profetas e pregadores, e a coesão de um povo, que embora suas diferenças, convergiam ao único e supremo Deus. 4. A transformação. Desta maravilha indelével, que é a nova vida operada pelo poder da adoração na cultura, o mundo experimenta hoje uma mudança, uma transformação onde a adoração ao Eterno torna-se o caminho procedente e aproximado. Em termos objetivos, a mensagem de Deus através da Adoração é sim, afetar as culturas e suas carcaças de aço pecaminoso, extirpar o pecado intravenoso que foi induzido nas veias da humanidade, mostrar ao mundo o seu REINO, o único Reino, onde de fato, o Reino garante a segurança, a sobrevivência, a saúde e o bem-estar com base na paz. E, diga-se de biblicidade, “...a paz que excede a todo entendimento” 1. A adoração deve ser o eco dos cristãos em uma cidade. A hora de parar com escândalos chegou. Sabemos que o escândalo vira, mas que não seja por você. A cidade precisa conhecer um povo que adora a Deus e traz testemunho de vida. 2. A adoração deve curar a má cultura da cidade. O que fazer com uma cultura propensa ao ódio, ao assassinato, ao adultério, as drogas e tudo que não é lícito? Uma adoração poderosa é capaz de espalhar a mensagem, da redenção. 3. A adoração deve servir como um contraponto a todo desvio de conduta de uma sociedade perversa. Não pregamos santidade? Onde está o poder de nossas canções? Onde está a transformação além do barulho, da “roupa adequada”, do que pregamos ser correto de acordo com a Santa Palavra de Deus? A Bíblia mostra dois episódios interessantes. No primeiro, o povo se junta por rebelião e tenta com suas próprias mãos chegar ao céu, o que conseguiram foi só confusão e divergência. No segundo caso, ao invés da humanidade construir uma torre e ir a Deus, é o céu que desce a terra e, ao invés de confusão, ouve-se adoração. O primeiro caso é a torre de babel, onde havia divergência e no segundo caso é de Pentecostes onde houve convergência. No primeiro, as pessoas falavam muitas línguas e não se entendiam, no segundo, todos ouviram o evangelho em suas próprias línguas. Note que a rebelião é ponto de divergência. Mas adoração é ponto de convergência. A adoração que fazemos a Deus só é legitima quando refletida na vida da sociedade, pois o que toca em cima no céu há de tocar também na terra. A tarefa suprema dos adoradores do Deus vivo não é se mostrar diferente da sociedade no sentido díscolo e sim, como uma ALTERNATIVA de um estilo de vida diferenciado. BASES BÍBLICAS E WESLEYANAS DA ADORAÇÃO 31 Por fim, a adoração é o poder rompente. Lá em Atos 16:23-25 mostra o episódio de Paulo e Silas, amarrados, acorrentados e presos. Não há cultura que possa segurar o poder da adoração. O texto diz: “...Por volta da meia-noite, Paulo e Silas estavam orando e cantando hinos a Deus; os outros presos os ouviam. De repente, houve um terremoto tão violento que os alicerces da prisão foram abalados. Imediatamente todas as portas se abriram, e as correntes de todos se soltaram. O carcereiro acordou e, vendo abertas as portas da prisão, desembainhou sua espada para se matar, porque pensava que os presos tivessem fugido. Mas Paulo gritou: "Não faça isso! Estamos todos aqui! " O carcereiro pediu luz, entrou correndo e, trêmulo, prostrou-se diante de Paulo e Silas. Então levou- os para fora e perguntou: "Senhores, que devo fazer para ser salvo?". Eles responderam: "Creia no Senhor Jesus, e serão salvos, você e os de sua casa" (Atos 16:25-31). Referências [1] - RAMOS, Luis Carlos. MONTEIRO,Simei. MATTOS, Paulo Ayres. ALVES, Carlos A. R. - Mil Vozes