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LÍ N G U A P O RT U G U ES A 65 Discriminar/descriminar z Ela se sentiu discriminada por não poder entrar naquele clube. (diferenciar, segregar) z Em muitos países se discute sobre descrimi- nar o uso de algumas drogas. (descriminalizar, inocentar) REFERÊNCIA Fonte: https://www.normaculta.com.br/palavras- -par onimas/. Acessado em 17/10/2020. POLISSEMIA (PLURISSIGNIFICAÇÃO) Multiplicidade de sentidos encontradas em algu- mas palavras, dependendo do contexto. As palavras polissêmicas guardam uma relação de sentido entre si, diferenciando-as das palavras homônimas. A polis- semia é encontrada no exemplo a seguir: Fonte: https://bit.ly/3jynvgs. Acessado em: 17/10/2020. HIPÔNIMO E HIPERÔNIMO Relação estabelecida entre termos que guardam relação de sentido entre si e mantém uma ordem gra- dativa. Exemplo: Hiperônimo – veículo; Hipônimo – carro, automóvel, moto, bicicleta, ônibus... EFEITOS DE SENTIDO DECORRENTES DO USO DE RECURSOS VERBAIS E NÃO VERBAIS EM GÊNEROS DIFERENTES: GRÁFICOS E INFOGRÁFICOS A representação de sentido por meio de tabelas e gráficos está sempre presente em nosso cotidiano, principalmente nos meios de comunicação, ainda mais com as redes sociais. Isso está ligado a facilidade com que podemos analisar e interpretar as informa- ções que estão organizadas de forma clara e objetiva e, além disso, não exigir o uso de cálculos complexos para a sua análise. A análise de gráficos auxilia na resolução de questões não apenas de português, por isso, requer atenção. Gráfico: componentes de um gráfico Título: na maioria dos casos possuem um título que indica a que informação ele se refere. Fonte: a maioria dos gráficos contém uma fonte, ou seja, de onde as informações foram, com o ano de publicação. Números: o mais importante, pois é deles que pre- cisamos para comparar as informações dadas pelos gráficos. Usados para representar quantidade ou tem- po (mês, ano, período). Legendas: ajuda na leitura das informações apre- sentadas. Na maioria dos casos, o uso de cores destaca diferentes informações. CIDADES CIDADES MAIS POPULOSAS DO BRASIL N Ú M ER O S D E H A BI TA N TE S Franceses Espanhóis Outros Total Alemães 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Inglêses Fonte: googleimages.com. Acesso em: 10/01/2021. Infográficos Os infográficos são uma forma moderna de apre- sentar o sentido. Essa palavra une os termos info (informação) e gráfico (desenho, imagem, representação visual), ou seja, um desenho ou imagem que, com o apoio de um texto, informa sobre um assunto que não seria muito bem compreendido somente com um texto, auxilian- do a compreensão do leitor. Para interpretar os dados informativos em um infográfico, é preciso boa leitura e esta requer atenção aos detalhes. As representações neste formato aliam ao texto uma série de atrativos visuais, cabendo ao leitor ser extremamente observador. Ter atenção ao título, ao tema e a fonte das informações é vital para uma boa análise e interpretação. Fonte: https://mundoeducacao.uol.com.br/doencas/covid-19.htm. 66 EXERCÍCIOS COMENTADOS 1. (FUNDATEC – 2019) Assinale a alternativa na qual não haja o emprego de linguagem figurada: a) “ela estava por dentro de tudo”. b) “logo se viu nadando em oportunidades”. c) “a fez embarcar ‘numa viagem bonita e misteriosa’”. d) “ganhava uma quantia realmente impressionante de dinheiro”. e) “O mercado ficou saturado”. A linguagem figurada é também chamada lingua- gem conotativa, e a única alternativa em que encon- tramos o oposto, ou seja, linguagem denotativa, é na alternativa D. Resposta: Letra D. 2. (FUMARC – 2018) As palavras estão utilizadas em sentido conotativo em: a) “Não lhe encostei a faca no peito cobrando algo.” b) “Parecia pronto para morrer, já que sempre estivera pronto para amar.” c) “Se eu fosse rei ou prefeito teria mandado erguer-lhe uma estátua.” d) “Sim, porque sobre o amor há várias frases inquietan- tes por aí...” “Não lhe encostei a faca no peito cobrando algo.” - temos um sentido figurado, “faca no peito” dá sen- tido de cobrança. Resposta: Letra A. 3. (PREFEITURA DE FORTALEZA-CE – 2016) Conside- rando-se o conteúdo semântico dos trechos “o dia nasce da noite escura” (linha 02) e “a esperança de encontrar as saídas e soluções fáceis” (linha 05), as palavras destacadas em cada trecho estabelecem, respectivamente, entre si a relação de: a) sinonímia e antonímia. b) sinonímia e paronímia. c) antonímia e sinonímia. d) antonímia e paronímia. As palavras “dia”, “noite”, “saídas” e “soluções” apresentam, respectivamente, uma relação de opo- sição (antonímia) e uma relação de semelhança (sinonímia). Resposta: Letra C. 4. (FUNRIO – 2014) Para se compreender a mensagem, é preciso reconhe- cer que a placa retratada combina de maneira curiosa: a) denotação e conotação. b) norma culta e norma popular. c) língua padrão e língua viciosa. d) sinonímia e antonímia. e) homonímia e polissemia. A placa alerta aos fumantes sobre o risco de incên- dio, provocado por bitucas de cigarro, ou seja, utiliza-se do sentido denotativo e conotativo da expressão “segure as pontas”, causando o efeito “curioso” na placa. Resposta: Letra A. REFERÊNCIAS ANTUNES, Irandé. Lutar com palavras: coesão e coerência. São Paulo: parábola, 2005. CAVALCANTE, Mônica Magalhães. Os sentidos do texto. São Paulo: contexto, 2013. KLEIMAN, Angela. Texto e leitor: aspectos cogniti- vos da leitura. 16.ed. Campinas: Pontes, 2016. KOCH , Ingedore Grunfed Villaça; EL IAS, Vanda Maria . Ler e compreender: os sentidos do texto. 3. ed . São Paulo: Contexto, 2015. SACCONI, L.A. Nossa Gramática Completa Sac- coni – Teoria e Prática. 30ª. ed. São Paulo: Nova Geração, 2010. SCHLITTLER, J.M.M. Recursos de Estilo em Reda- ção Profissional. Campinas/SP: Servanda, 2008. REDAÇÃO DE CORRESPONDÊNCIAS OFICIAIS (MANUAL DE REDAÇÃO DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA) MANUAL DE REDAÇÃO DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA Sabe-se da importância de se trabalhar o conteú- do de Redação Oficial, já que o tema está presente em muitos dos editais de concursos federais. A fonte de pesquisa básica é a 3ª edição de 29 de dezembro de 2018 revista, atualizada e ampliada do Manual de Redação Oficial da Presidência da República (MRPR). Veremos, a seguir, os pontos mais importantes desse documento. RETROSPECTIVA HISTÓRICA Em 11 de janeiro de 1991, o Presidente da Repú- blica autorizou a criação de uma comissão, presidida pelo Ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Ferreira Mendes, para rever, atualizar, uniformizar e simplificar as normas de redação de atos e comuni- cações oficiais. Depois de 9 meses, foi apresentada a primeira edição do Manual de Redação Oficial da Pre- sidência da República. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 67 Esse Manual foi dividido em duas partes: a primei- ra, elaborada pelo diplomata Nestor Forster Jr., tratava das comunicações oficiais, sistematizava seus aspectos essenciais, padronizava a diagramação dos expedientes, exibia modelos, simplificava os fechos que vinham sen- do utilizados desde 1937, suprimia arcaísmos e apresen- tava uma súmula gramatical aplicada à redação oficial; a segunda parte, a cargo do Ministro Gilmar Mendes, ocupava-se da elaboração e redação dos atos normati- vos no âmbito do Executivo, da conceituação e exempli- ficação desses atos e do procedimento legislativo. Depois de 10 anos do lançamento da 1ª edição, foi necessário fazer uma adequação das formas de comu- nicação usadas na administração aos avanços da infor- mática. Outras alterações decorreram da necessidade de adaptação do texto à evolução legislativa na matéria e às alterações constitucionais ocorridas no período. Segundo o apresentador dessa nova edição, Pedro Parente, Chefe da Casa Civil da Presidência da Repú- blica do Governo de Fernando Henrique Cardoso, esperava-se que esta nova edição do Manual contri- buísse, tal qual a primeira, para a consolidação de uma cultura administrativade profissionalização dos servidores públicos e de respeito aos princípios constitucionais da legalidade, impessoalidade, mora- lidade, publicidade e eficiência, com a consequente melhoria dos serviços prestados à sociedade. Nesta 3ª edição, você perceberá muitas mudanças significativas, tanto na formatação dos documentos oficiais, quanto na formulação dos aspectos da lingua- gem e das normas estruturais E o que é Redação Oficial na concepção dos organi- zadores desse trabalho? Veja a resposta que foi dada por eles a essa pergunta: “Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é a maneira pela qual o Poder Público redige atos normativos e comunicações. Interessa-nos tratá-la do ponto de vista do Poder Executivo.” Agora, para nós que lidamos com o conteúdo para concursos públicos, quais são as principais características normativas cobradas nas provas de concursos públicos? Percebam que os três motivos principais da preo- cupação da elaboração do Manual e de suas revisões são a modernização, a atualização e a eficiência. A passagem do tempo por si só já pediria essas revisões, haja vista a consequente evolução da linguagem e da sociedade por que passamos. É justamente esse o ponto que originou a partici- pação desse assunto nos concursos públicos. Afinal, para quem vai trabalhar no setor público, é realmente importante saber comunicar-se com habilidade e usar os meios adequados para isso, se o que se propõe é um serviço eficiente para a sociedade. Por isso, ao estudar redação oficial, lembrem-se de que vocês têm de saber as características da lin- guagem da redação oficial, a formatação e a estrutura das redações, especialmente a do padrão ofício, quem envia determinadas correspondências, quem as rece- be e qual é a finalidade de cada uma delas. Nosso objetivo é tornar esse assunto em um ponto bem simples e objetivo a ser estudado. z Notas do Prefácio de Gilmar Mendes Prefácio É com grande entusiasmo que recebo a incumbên- cia de prefaciar a terceira edição do Manual de Reda- ção da Presidência da República, vinte e sete anos após presidir a Comissão encarregada da primeira edição desta obra. (...) A primeira revisão ocorreu em 2002, motivada pelas alterações tecnológicas e legislativas da época. (...) A partir de 2003, foram publicadas sessenta emen- das constitucionais, sobre os mais diversos assuntos. (...) Nessa conjuntura, a partir de modificações fáticas e legislativas, bem como de maior fiscalização estatal, instaurou-se um novo método de se fazer administra- ção pública no Brasil. Pretende-se, pois, que a terceira edição do Manual de Redação da Presidência Repúbli- ca possa refletir as evoluções ocorridas nas últimas duas décadas, repetindo o legado de êxito deixado pelas edições anteriores na construção de uma cultu- ra administrativa profissional e obediente às normas da Constituição da República. Gilmar Ferreira Mendes z Panorama da comunicação oficial A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, quer pela escrita. Para que haja comunicação, são necessários: � Alguém que comunique; � Algo a ser comunicado; � Alguém que receba essa comunicação. No caso da redação oficial, quem comunica é sempre o serviço público (este/esta ou aquele/aquela Ministério, Secretaria, Departamento, Divisão, Servi- ço, Seção); o que se comunica é sempre algum assun- to relativo às atribuições do órgão que comunica; e o destinatário dessa comunicação é o público, uma instituição privada ou outro órgão ou entidade públi- ca, do Poder Executivo ou dos outros Poderes. Além disso, deve-se considerar a intenção do emissor e a finalidade do documento, para que o texto esteja adequado à situação comunicativa. A necessidade de empregar determinado nível de linguagem nos atos e nos expedientes oficiais decor- re, de um lado, do próprio caráter público desses atos e comunicações; de outro, de sua finalidade. Os atos oficiais, aqui entendidos como atos de cará- ter normativo, ou estabelecem regras para a condu- ta dos cidadãos, ou regulam o funcionamento dos órgãos e entidades públicos, o que só é alcançado se, em sua elaboração, for empregada a linguagem adequada. O mesmo se dá com os expedientes oficiais, cuja finalidade precípua é a de informar com clareza e objetividade. z O que é redação oficial? Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é a maneira pela qual o Poder Público redige comunica- ções oficiais e atos normativos. Neste Manual, interes- sa-nos tratá-la do ponto de vista do Serviço Público. A redação oficial não é necessariamente árida e contrária à evolução da língua. É que sua finalidade básica – comunicar com objetividade e máxima cla- reza – impõe certos parâmetros ao uso que se faz da língua, de maneira diversa daquele da literatura, do texto jornalístico, da correspondência particular etc. Apresentadas essas características fundamentais da redação oficial, passemos à análise pormenorizada de cada um de seus atributos. 68 A redação oficial deve caracterizar-se por: � Clareza e precisão; � Objetividade; � Concisão; � Coesão e coerência; � Impessoalidade; � Formalidade e padronização; e � Uso da norma padrão da língua portuguesa. CLAREZA E PRECISÃO z Clareza A clareza deve ser a qualidade básica de todo tex- to oficial. Pode-se definir como claro aquele texto que possibilita imediata compreensão pelo leitor. Não se concebe que um documento oficial ou um ato nor- mativo de qualquer natureza seja redigido de forma obscura, que dificulte ou impossibilite sua compreen- são. A transparência é requisito do próprio Estado de Direito: é inaceitável que um texto oficial ou um ato normativo não seja entendido pelos cidadãos. O princípio constitucional da publicidade não se esgota na mera publicação do texto, estendendo-se, ainda, à necessidade de que o texto seja claro. Para a obtenção de clareza, sugere-se: � Utilizar palavras e expressões simples, em seu sentido comum, salvo quando o texto versar sobre assunto técnico, hipótese em que se utili- zará nomenclatura própria da área; � Usar frases curtas, bem estruturadas; apresen- tar as orações na ordem direta e evitar inter- calações excessivas. Em certas ocasiões, para evitar ambiguidade, sugere-se a adoção da ordem inversa da oração; � Buscar a uniformidade do tempo verbal em todo o texto; � Não utilizar regionalismos e neologismos; � Pontuar adequadamente o texto; � Explicitar o significado da sigla na primeira referência a ela; e � Utilizar palavras e expressões em outro idioma apenas quando indispensáveis, em razão de serem designações ou expressões de uso já con- sagrado ou de não terem exata tradução. Nesse caso, grafe-as em itálico, conforme orientações do subitem 10.2 deste Manual. z Precisão O atributo da precisão complementa a clareza e caracteriza-se por: � Articulação da linguagem comum ou técnica para a perfeita compreensão da ideia veiculada no texto; � Manifestação do pensamento ou da ideia com as mesmas palavras, evitando o emprego de sinonímia com propósito meramente estilísti- co; e � Escolha de expressão ou palavra que não confi- ra duplo sentido ao texto. É indispensável, também, a releitura de todo o tex- to redigido. A ocorrência, em textos oficiais, de trechos obscuros provém principalmente da falta da releitu- ra, o que tornaria possível sua correção. Na revisão de um expediente, deve-se avaliar se ele será de fácil compreensão por seu destinatário. O que nos parece óbvio pode ser desconhecido por terceiros. O domínio que adquirimos sobre certos assuntos, em decorrên- cia de nossa experiência profissional, muitas vezes, faz com que os tomemos como de conhecimento geral, o que nem sempre é verdade. Explicite, desenvolva, esclareça, precise os termos técnicos, o significado das siglas e das abreviações e os conceitos específicos que não possam ser dispensados. A revisão atenta exige tempo. A pressa com que são elaboradas certas comunicaçõesquase sempre compro- mete sua clareza. “Não há assuntos urgentes, há assun- tos atrasados”, diz a máxima. Evite, pois, o atraso, com sua indesejável repercussão no texto redigido. A clareza e a precisão não são atributos que se atinjam por si sós: elas dependem estritamente das demais características da redação oficial, apresen- tadas a seguir. OBJETIVIDADE Ser objetivo é ir diretamente ao assunto que se deseja abordar, sem voltas e sem redundâncias. Para conseguir isso, é fundamental que o redator saiba de antemão qual é a ideia principal e quais são as secundárias. Procure perceber certa hierarquia de ideias que existe em todo texto de alguma complexidade: as fundamentais e as secundárias. Essas últimas podem esclarecer o sentido daquelas, detalhá-las, exemplifi- cá-las; mas existem também ideias secundárias que não acrescentam informação alguma ao texto, nem têm maior relação com as fundamentais, podendo, por isso, ser dispensadas, o que também proporciona- rá mais objetividade ao texto. A objetividade conduz o leitor ao contato mais direto com o assunto e com as informações, sem sub- terfúgios, sem excessos de palavras e de ideias. É erra- do supor que a objetividade suprime a delicadeza de expressão ou torna o texto rude e grosseiro. CONCISÃO A concisão é antes uma qualidade do que uma carac- terística do texto oficial. Conciso é o texto que consegue transmitir o máximo de informações com o mínimo de palavras. Não se deve de forma alguma entendê-la como economia de pensamento, isto é, não se deve eliminar passagens substanciais do texto com o único objetivo de reduzi-lo em tamanho. Trata-se, exclusivamente, de excluir palavras inúteis, redundâncias e passagens que nada acrescentem ao que já foi dito. Detalhes irrelevantes são dispensáveis: o texto deve evitar caracterizações e comentários supérfluos, adjetivos e advérbios inúteis, além de uma subordina- ção excessiva. A seguir, um exemplo de período mal construído, prolixo: “Apurado, com impressionante agilidade e preci- são, naquela tarde de 2009, o resultado da consulta à população acriana, verificou-se que a esmagadora e ampla maioria da população daquele distante estado manifestou-se pela efusiva e indubitável rejeição da alteração realizada pela Lei nº 11.662/2008. Não satis- feita, inconformada e indignada, com a nova hora legal vinculada ao terceiro fuso, a maioria da população do Acre demonstrou que a ela seria melhor regressar ao quarto fuso, estando cinco horas a menos que em Greenwich.”