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LÍ N G U A P O RT U G U ES A 25 ADJETIVOS Os adjetivos associam-se aos substantivos garan- tindo a estes um significado mais preciso. Os adjetivos podem indicar: z Qualidade: professor chato. z Estado: aluno triste. z Aspecto, aparência: estrada esburacada. Locuções adjetivas As locuções adjetivas apresentam o mesmo valor dos adjetivos, indicando as mesmas características deles. Elas são formadas por preposição + substantivo, referindo-se a outro substantivo ou expressão subs- tantivada, atribuindo-lhe o mesmo valor adjetivo. A seguir, colocamos algumas locuções adjetivas com valores diferentes ao lado da forma adjetiva, importantes para seu estudo: z Voo de águia / aquilino; z Poder de aluno / discente; z Cor de chumbo / plúmbeo; z Bodas de cobre / cúprico; z Sangue de baço / esplênico; z Nervo do intestino / celíaco ou entérico; z Noite de inverno / hibernal ou invernal. É importante destacar que mais do que “decorar” formas adjetivas e suas respectivas locuções, é fun- damental reconhecer as principais características de uma locução adjetiva: caracterizar o substantivo e apresentar valor de posse. Ex.: Viu o crime pela aber- tura da porta; A abertura de conta pode ser realiza- da on-line. Quando a locução adjetiva é composta pela pre- posição “de”, ela pode ser confundida com a locução adverbial. Nesse caso, para diferenciá-las, é importan- te perceber que a locução adjetiva apresenta valor de posse, pois, nesse caso, o meio usado pelo sujeito para ver “o crime”, indicado na frase, foi pela abertura da porta. Além disso, a locução destacada está caracteri- zando o substantivo “abertura”. Já na segunda frase, a locução destacada é adver- bial, pois quem sofre a “ação” de ser aberta é a “con- ta”, o que indica o valor de passividade da locução, demonstrando seu caráter adverbial. As locuções adjetivas também desempenham fun- ção de adjetivo e modificam substantivos, pronomes, numerais, oração substantiva. Ex.: amor de mãe, café com açúcar. Já as locuções adverbiais desempenham função de advérbio. Modificam advérbios, verbos, adjetivos, orações adjetivas com esses valores. Ex.: morreu de fome; agiu com rapidez. Adjetivo de relação No estudo dos adjetivos, é fundamental estudar o aspecto morfológico designado como “adjetivo de relação”, muito cobrado por bancas de concursos, sobretudo a FGV. Para identificar um adjetivo de relação, observe as seguintes características: z Seu valor é objetivo, não podendo, portanto, apre- sentar meios de subjetividade. Ex.: Menino bonito - o adjetivo é subjetivo, pois a beleza do menino depende dos olhos de quem o descreve. z Posição posterior ao substantivo: os adjetivos de relação sempre são posicionados após o substanti- vo. Ex.: casa paterna. z Derivado do substantivo: derivam-se do substan- tivo por derivação prefixal ou sufixal. z Não admitem variação de grau: os graus compa- rativo e superlativo não são admitidos. Alguns exemplos de adjetivos relativos: Presiden- te americano (não é subjetivo; posicionado após o substantivo; derivado de substantivo; não existe a forma variada em grau “americaníssimo”); platafor- ma petrolífera; economia mundial; vinho francês; roteiro carnavalesco. Variação de grau O adjetivo pode variar em dois graus: Compara- tivo ou Superlativo. Cada um deles apresenta suas respectivas categorias. z Grau comparativo: exprime a característica de um ser, comparando-o com outro da mesma classe nos seguintes sentidos: � Igualdade: igual a, como, tanto quanto, tão quanto; � Superioridade: mais do que; � Inferioridade: menos do que. Ex.: Somos tão complexos quanto simplórios (comparativo de igualdade); O amor é mais suficiente do que o dinheiro (comparativo de superioridade); Homens são menos engajados do que mulhe- res (comparativo de inferioridade). z Grau superlativo: em relação ao grau superlati- vo, é importante considerar que o valor semântico desse grau apresenta variações, podendo indicar: � Característica de um ser elevada ao último grau: Superlativo Absoluto, que pode ser analí- tico (associado ao advérbio) ou sintético (asso- ciação de prefixo ou sufixo ao adjetivo); � Característica de um ser relacionada com outros indivíduos da mesma classe: Superla- tivo Relativo, que pode ser de superioridade (O mais) ou de inferioridade (O menos) Ex.: O candidato é muito humilde (Superlativo absoluto analítico). O candidato é humílimo (Superlativo absoluto sintético). O candidato é o mais humilde dos concorren- tes? (Superlativo relativo de superioridade). O candidato é o menos preparado entre os con- correntes à prefeitura (Superlativo relativo de inferioridade). 26 Ao compararmos duas qualidades de um mesmo ser, devemos empregar a forma analítica (mais alta, mais magra, mais bonito etc.). Ex.: A modelo é mais alta que magra. Porém, se uma mesma característica se referir a seres diferentes, empregamos a forma sintética (melhor, pior, menor etc.). Ex.: Nossa sala é menor que a sala da diretoria. Formação dos adjetivos Os adjetivos podem ser primitivos, derivados, simples ou compostos. z Primitivos: são os adjetivos que não derivam de outras palavras e, a partir deles, é possível formar novos termos. Ex.: útil, forte, bom, triste, mau etc. z Derivados: são formados a partir dos adjetivos pri- mitivos. Ex.: bondade, lealdade, mulherengo etc. z Simples: Os adjetivos simples apresentam um único radical. Ex.: português, escuro, honesto etc. z Compostos: são formados a partir da união de dois ou mais radicais. Ex.: verde-escuro, luso-bra- sileiro, amarelo-ouro etc. Dica O plural dos adjetivos simples é realizado da mesma forma que o plural dos substantivos. Plural dos adjetivos compostos O plural dos adjetivos compostos segue as seguin- tes regras: z Invariável: adjetivos compostos como azul-mari- nho, azul-celeste, azul-ferrete; locuções formadas de cor + de + substantivo, como em cor-de-rosa, cor-de-cáqui; adjetivo + substantivo, como tape- tes azul-turquesa, camisas amarelo-ouro. z Varia o último elemento: 1º elemento é palavra invariável, como em mal-educados, recém-forma- dos; adjetivo + adjetivo, como em lençóis verde- -claros, cabelos castanho-escuros. Adjetivos pátrios Os adjetivos pátrios também são conhecidos como gentílicos e designam a naturalidade ou nacionalida- de dos seres. O sufixo -ense, geralmente, designa a origem de um ser relacionada a um estado brasileiro. Ex.: ama- zonense, fluminense, cearense. Uma outra curiosidade sobre os adjetivos pátrios diz respeito ao adjetivo brasileiro, formado com o sufixo -eiro, costumeiramente usado para designar profissões. O gentílico que designa nossa nacionalidade teve origem com as pessoas que comercializavam o pau- -brasil, esse ofício dava-lhes a alcunha de “brasileiros”, termo que passou a indicar os nascidos em nosso país. EXERCÍCIO COMENTADO 1. (FGV – 2017) Há, em língua portuguesa, um grupo de adjetivos chamados “adjetivos de relação”, que pos- suem marcas diferentes de outros adjetivos, como a de não poder ser empregado antes do substantivo a que se refere, nem receber grau superlativo. Assinale a opção que indica o adjetivo do texto que não está incluído nessa categoria: a) Herói nacional. b) Guerra mundial. c) Diferença social. d) Povo cordial. e) Traço cultural. Como vimos, uma outra característica dos adjeti- vos de relação é a objetividade. Esses adjetivos não denotam questões subjetivas, tal qual o adjetivo “cordial”, na letra D, a única sem adjetivo de rela- ção. Resposta: Letra D ADVÉRBIOS Advérbios são palavras invariáveis que modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio. Em alguns casos, os advérbios também podem modificar uma frase inteira, indicando circunstância. Os grandes cientistas da gramática da língua por- tuguesa apresentam uma lista exaustiva com as fun- ções dos advérbios, porém, decorar as funções dos advérbios, além de desgastante, pode não ter o resul- tadoesperado na resolução de questões de concurso. Dessa forma, sugerimos que você fique atento às principais funções designadas por um advérbio e, a partir delas, consiga interpretar a função exercida nos enunciados das questões que tratem dessa classe de palavras. Ainda assim, julgamos pertinente apresentar algu- mas funções basilares exercidas pelo advérbio: z Dúvida: Talvez, caso, porventura, quiçá etc. z Intensidade: Bastante, bem, mais, pouco etc. z Lugar: Ali, aqui, atrás, lá etc. z Tempo: Jamais, nunca, agora etc. z Modo: Assim, depressa, devagar etc. Novamente, chamamos sua atenção para a função que o advérbio deve exercer na oração. Como disse- mos, essas palavras modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio, por isso, para identificar com mais propriedade a função denotada pelos advérbios, é preciso perguntar: Como? Onde? Como? Por quê? As respostas sempre irão indicar circunstâncias adverbiais expressas por advérbios, locuções adver- biais ou orações adverbiais. Vejamos como podemos identificar a classificação/ função adequada dos advérbios: z O homem morreu... de fome (causa); com sua família (companhia); em casa (lugar); envergonhado (modo). z A criança comeu... demais (intensidade); ontem (tempo); com garfo e faca (instrumento); às cla- ras (modo). Locuções adverbiais As locuções adverbiais, como já mostramos ante- riormente, são bem semelhantes às locuções adjeti- vas. É importante saber que as locuções adverbiais apresentam um valor passivo. Ex.: Ameaça de colapso. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 27 Nesse exemplo, o termo em negrito é uma locução adverbial, pois o valor é de passividade, ou seja, se inverter- mos a ordem e inserirmos um verbo na voz passiva, a frase manterá seu sentido. Vejamos: Colapso foi ameaçado: essa frase faz sentido e apresenta valor passivo, logo, sem o verbo, a locução destaca- da anteriormente é adverbial. Ainda sobre esse assunto, perceba que em locuções como esta: “Característica da nação”, o termo destacado não terá o mesmo valor passivo, pois não aceitará a inserção de um verbo com essa função: Nação foi característica*: essa frase quebra a estrutura gramatical da língua portuguesa, que não admite voz passiva em termos com função de posse, caso das locuções adjetiva, tornando tal estrutura agramatical, por isso, inserimos um asterisco (*) para indicar essa característica. Dica Locuções adverbiais apresentam valor passivo. Locuções adjetivas apresentam valor de posse. Com essa dica, esperamos que você seja capaz de diferenciar essas locuções em questões; ademais, buscamos desenvolver seu aprendizado para que não seja preciso gastar seu valioso tempo decorando listas de locuções adverbiais. Lembre-se: o sentido está no texto. Advérbios interrogativos Os advérbios interrogativos são, muitas vezes, confundidos com pronomes interrogativos. Para evitar essa confusão, devemos saber que os advérbios interrogativos introduzem uma pergunta, exprimindo ideia de tempo, modo ou causa. Exs.: Como foi a prova? Quando será a prova? Onde será realizada a prova? Por que a prova não foi realizada? De maneira geral as palavras como, onde, quando e por que são advérbios interrogativos pois não substi- tuem nenhum nome de ser (vivo), exprimindo ideia de modo, lugar, tempo e causa. Grau do advérbio Assim como os adjetivos, os advérbios podem ser flexionados nos graus comparativo e superlativo. Vejamos as principais mudanças sofridas pelos advérbios quando flexionados em grau: GRAU COMPARATIVO NORMAL SUPERIORIDADE INFERIORIDADE IGUALDADE Bem Melhor (mais bem*) - Tão bem Mal Pior (mais mal*) - Tão mal Muito Mais - - Pouco menos - - Obs.: As formas “mais bem” e “mais mal” são aceitas quando acompanham o particípio verbal. GRAU SUPERLATIVO NORMAL ABSOLUTO SINTÉTICO ABSOLUTO ANALÍTICO RELATIVO Bem Otimamente Muito bem Inferioridade Mal Pessimamente Muito mal Superioridade Muito Muitíssimo - Superioridade: o mais Pouco Pouquíssimo - Superioridade: o menos Advérbios e adjetivos O adjetivo é, como vimos, uma classe de palavras variável, porém, quando se refere a um verbo, ele fica inva- riável, confundindo-se com o advérbio. Nesses casos, para ter certeza qual a classe da palavra, basta tentar colocá-la no feminino ou no plural, caso a palavra aceite uma dessas flexões será adjetivo. 28 Ex.: A cerveja que desce redondo/ As cervejas que descem redondo. Nesse caso, trata-se de um advérbio. Palavras denotativas São termos que apresentam semelhança aos advérbios, em alguns casos são até classificados como tal, mas não exercem função modificadora de verbo, adjetivo ou advérbio. Sobre as palavras denotativas, é fundamental que você saiba identificar o sentido a elas atribuído, pois, geralmente, é isso que as bancas de concurso cobram. z Eis: sentido de designação; z Isto é, por exemplo, ou seja: sentido de explicação; z Ou melhor, aliás, ou antes: sentido de ratificação; z Somente, só, salvo, exceto: sentido de exclusão; z Além disso, inclusive: sentido de inclusão. Além dessas expressões, há, ainda, as partículas expletivas ou de realce, geralmente formadas pela forma ser + que (é que). A principal característica des- sas palavras é que podem ser retiradas sem causar prejuízo sintático ou semântico na frase. Ex.: Eu é que faço as regras / Eu faço as regras. Outras palavras denotativas expletivas são: lá, cá, não, é porque etc. Algumas observações interessantes O adjunto adverbial deve sempre vir posicionado após o verbo ou complemento verbal, caso venha des- locado, em geral, separamos por vírgulas. Em uma sequência de advérbios terminados com o sufixo -mente, apenas o último elemento recebe a terminação destacada. EXERCÍCIOS COMENTADOS 1. (SCT – 2020) Assinale a opção em que as palavras denotativas não foram bem classificadas: a) A palavra SE, por exemplo, pode ter muitas funções (explicação). b) Todos saíram exceto o vigia (exclusão). c) O pároco, isto é, o vigário da nossa paróquia, esteve aqui (de adição). d) Mesmo eu não sabia de nada (exclusão). e) Ele também participou da homenagem (inclusão). A expressão “isto é” designa explicação, portanto, o item incorreto é a corresponde a alternativa c. Res- posta: Letra C. 2. (FCC – 2018) Julgue o item a seguir: O antônimo de “bem-estar” se constrói com o adjetivo mau. ( ) CERTO ( ) ERRADO O contrário de “bem-estar” é “mal-estar”, admitin- do-se apenas a forma adverbial da palavra. Respos- ta: Errado PRONOMES Pronomes são palavras que representam ou acom- panham um termo substantivo. Dessa forma, a função dos pronomes é substituir ou determinar uma pala- vra. Os pronomes indicam: pessoas, relações de pos- se, indefinição, quantidade, localização no tempo, no espaço e no meio textual, entre tantas outras funções. Destacamos, ainda, que os pronomes exercem papel importante na análise sintática e também na interpretação textual, pois colaboram para a comple- mentação de sentido de termos essenciais da oração, além de estruturar a organização textual, contribuin- do para a coesão e também para a coerência de um texto. Pronomes pessoais Os pronomes pessoais designam as pessoas do dis- curso; algumas informações relevantes sobre esses pronomes são: PESSOAS PRONOMES DO CASO RETO PRONOMES DO CASO OBLÍQUO 1º pessoa do singular EU Me, mim, comigo 2º pessoa do singular TU Te, ti, contigo 3º pessoa do singular ELE/ELA Se, si, consigo, o, a, lhe 1ª pessoa do plural NÓS Nos, conosco. 2º pessoa do plural VÓS Vos, convosco 3º pessoa do plural ELES/ELAS Se, si, consigo, os, as, lhes Os pronomes pessoais do caso reto costumam substituir o sujeito. Ex.: Pedro é bonito / Ele é bonito. Já os pronomes pessoais oblíquos costumam funcio- nar como complemento verbal ou adjunto. Ex.: Eu a vi com o namorado; Maura saiu comigo. z Os pronomes que estarão relacionados ao objeto direto são: O, a, os, as, me, te, se, nos, vos. Ex.: Infor- mei-o sobre todas as questões. z Já osque se relacionam com o objeto indireto são: Lhe, lhes, (me, te, se, nos, vos – complementados por preposição). Ex.: Já lhe disse tudo (disse tudo a ele). Devemos lembrar que todos os pronomes pessoais são pronomes substantivos, além disso, é importan- te saber que eu e tu não podem ser regidos por pre- posição e que os pronomes ele(s), ela (s), nós e vós podem ser retos ou oblíquos, dependendo da função que exercem. Os pronomes oblíquos tônicos são pronunciados com força e precedidos de preposição. Costumam ter função de complemento: