Prévia do material em texto
QUESTIONÁRIO - PRIMEIRO MÓDULO Ciência Política e do Estado Aluna: Thainara de Fátima Silva Araújo, 1° período diurno. 1. O que significa afirmar que o conceito de política exprime um paradoxo? Pelo fato de que, ao mesmo tempo, a política pode se referir a algo geral, em que a atividade política exercida pelos políticos abrange a sociedade como um todo, garantindo-a de deveres e direitos, mas também pode ter um segundo sentido, esse predominante no senso comum, que coloca a política como algo corrupto, que beneficia quem a exerce e prejudica o restante da sociedade. Outro paradoxo é que, para combater tal política corrupta, é preciso o uso da própria política, pois qualquer manifestação, até mesmo uma guerra civil ou revolução, os motivos e objetivos são a política, isto é, mudanças na forma e no conteúdo do poder. 2. Quais as circunstâncias do surgimento da política entre os gregos na Antiguidade? Os gregos criaram a política após a transição do poder despótico, aquele que concentrava os poderes e autoridade nas mãos de um rei, que era, ao mesmo tempo: chefe militar, controlando o exército; senhor, por ser proprietário de terras; e autoridade religiosa, sendo ele o representante de um deus na terra, evitando quaisquer revoltas por parte da população que não teria coragem de enfrentar o escolhido por deus. Buscaram com a criação da política incluir a população, com restrições, nas decisões políticas, para quebrar o direito privado e arbitrário que acontecia no despotismo e implantar um direito público que controlaria a sociedade como um todo permitindo a participação dos cidadãos nas esferas de decisões. 3. Quais as implicações da "invenção" da política entre os gregos? As implicações foram: separação da esfera privada da pública, ao separar a autoridade pessoal privada do chefe de família e o poder impessoal público, pertencente à coletividade; separação da autoridade militar e poder civil, subordinando a primeira ao segundo; separação entre autoridade mágico-religiosa e poder temporal laico, impedindo a divinização dos governantes. Também criaram a ideia e a prática da lei como expressão de uma vontade coletiva e pública, que define os direitos e deveres para os cidadãos, com o objetivo de impedir que as leis fossem a vontade pessoal de um governante. E ao criarem a lei e o direito, eles diferenciaram o poder político de todos os outros poderes e autoridades existentes na sociedade, pois conferiram a uma instância impessoal e coletiva o direito exclusivo do uso da força para punir crimes, reprimir revoltas e matar para vingar, em nome da coletividade, retirando dos indivíduos o direito de fazer justiça com as próprias mãos e de vingar por si mesmos uma ofensa ou um crime, concentrando o monopólio da força, da vingança e da violência no Estado, sob a lei e o direito. Eles também criaram os tribunais e os magistrados e espaço político/público – a assembléia grega e o senado romano -, no qual os que possuem direitos iguais de cidadania discutiam suas opiniões, defendiam seus interesses, deliberam em conjunto e decidiam por meio do voto, podendo, também pelo voto, revogar uma decisão tomada. 4. Qual a essência da política? A essência da política é a ideia e a prática da lei como expressão da vontade coletiva e pública, definidora dos direitos e deveres para todos os cidadãos. Também, para harmonizar a sociedade como um todo, ela possui papel de mediadora, já que proporcionará o debate e o diálogo entre partes sobre algum conflito, buscando o consenso e soluções que atendam a todos. 5. Em que consiste o problema da objetividade das ciências sociais e em particular na ciência política? O problema da objetividade nas ciências sociais e políticas é que a relação com o objeto é maior, ao contrário das ciências naturais, em que a relação com o objeto é quase nula, havendo, então, a tendência a contaminar o resultado. Essa relação entre sujeito e objeto inerente às ciências sociais e políticas, portanto, compromete a objetividade, que dita um conhecimento sem a contaminação deste pelas opiniões, preferências, interesses e preconceitos do sujeito que estuda. 6. Disserte acerca das diversas formas que o estudo dos fenômenos políticos foi expresso através dos tempos. O estudo pode ser considerado feito em três períodos diferentes: a pré-história, em que os métodos para se estudar política não eram definidos, além da política ainda não ser definida como objeto de estudo da ciência, sendo ainda analisada sob o aspecto da moral; o século XIX, agindo como um intermediário, em que a política começou a ser estudada de forma científica, sendo moldadas técnicas para possibilitar tal estudo; e, por último, o período do século XX, em que ocorre de fato a ampliação do conceito de ciência política para o mundo. Na pré-história, quatro políticos se destacam. O primeiro, Aristóteles, diferentemente de seu antecessor Platão que utilizava o método dedutivo, introduz o método indutivo para o estudo da política, observando os fatos para, posteriormente, tirar conclusões sobre o que observou. Porém, seu estudo ainda possuía o aspecto moralista, procurando, como Platão, um bom Governo e julgando valores. Depois dele, Maquiavel complementa e melhora o método indutivo com a comparação histórica, e também, ao defender o estudo da política sem ser pelo viés moral, estudando-a como de fato ela é, não como deveria ser, ele prioriza a objetividade. O terceiro é Bodin, que por mais que tenha aperfeiçoado o método da observação ao destacar o estudo de toda a história, volta a analisar a política pela moral. O quarto que fecha a pré-história é Montesquieu, que, além da comparação histórica, também fundamentou seu método de observação nas condições geográficas do lugar estudado. No século XIX, destacam-se Tocqueville, Comte e Marx. Tocqueville aprofunda como a observação dos fatos deveria ser feita, dessa forma ele foi para os Estados Unidos para observar de perto seu objeto de estudo, não se baseando em relatos de livros. Além disso, de forma aprofundada e sistemática, ele destaca a relação que existe entre a ciência política e as condições específicas de uma sociedade. Depois, Comte é o primeiro que impõe a objetividade como necessária para qualquer ciência, incluindo as ciências sociais, que ele compara às ciências da natureza, defendendo que era possível um estudo social no mesmo nível que o estudo realizado sobre a natureza, mas que o último ainda estava à frente do primeiro, mais evoluído. Por último, Marx traz para a ciência política a reinterpretação do papel do Estado, considerando-o resultado de relações de forças, não mais como resultado das relações legais. E no início do século XX, a ciência política passa a ser considerada disciplina científica, saindo dos Estados Unidos para o restante dos países, sendo ensinada em faculdades, inclusive. 7. Qual a importância da obra de Maquiavel para o estudo da política? A importância de sua obra para o estudo da política se deve essencialmente pelo fato dele ter separado a moral religiosa da política, defendendo que não era possível atribuir à política valores absolutos, pois o príncipe, quando necessário, deveria fazer o que deveria ser feito para salvar seu Governo, o que poderia atingir os valores cristãos. Dessa forma, ele separou a moral pública da privada, em que o príncipe, se quisesse, poderia seguir com os valores de sua religião em sua vida privada, mas como governante, deveria adotar as medidas que fossem esperadas de um líder do Governo. Além de desvincular a política da ética, ele também acabou com a versão idealizada da política, em que se acreditava que os governantes agiam puramente para garantir o bem comum de sua nação, o que Maquiavel demonstra em sua obra que não, já que os governantes, assim como outros seres humanos, possuem também suas próprias ambições e egoísmos. Assim, Maquiavel defende a análise da política pelo que ela é de fato, não pelo o que ela deveriaser. 8. Disserte acerca da relação da ciência política com a história. A história influenciou nos estudos dos fenômenos políticos a partir do momento em que Aristóteles, Maquiavel, Bodin, Montesquieu e outros políticos analisam governos de sua época, e até mesmo antes, através da comparação histórica para poder moldar seus pensamentos quanto à política. A história serve para que se a ciência política possa analisar modelos, conjunturas políticas anteriores das quais as sociedades testaram e as utilizaram, podendo construir uma evolução do que era feito para o que é feito hoje, com o que a política aprendeu com os erros e acertos históricos, ou até mesmo a reprodução de conceitos criados há séculos. A abordagem histórica para se entender a política é essencial, pois os eventos políticos ocorrem em contextos históricos. 9. Disserte acerca da relação da ciência política com a economia. A relação entre ciência política e economia é nítida em muitas análises sociais, em que se estuda a história da sociedade com foco no cenário econômico. No aspecto político, as teorias liberais e marxistas são as que estudam, principalmente, as relações entre a economia e o poder político dentro dos Estados. E, como comportamento esperado da política a vontade de exercer o poder, é natural que esse poder tente exercer domínio sobre a esfera econômica. Nesse sentido, a teoria liberal e marxista divergem se o Estado deve ou não intervir, trazendo duas análises políticas diferentes quanto à economia. A visão liberal quanto a intervenção do Estado explicita uma clara ideia de separação entre a política e a economia para essa, tendo em vista que política pode ser representada na atuação do Estado e os liberais pregam a favor da não intervenção estatal. Eles defendem que a política não deve atrapalhar a economia, pois o liberalismo tem, como principais características, a ideia de livre concorrência e oposição a barreiras econômicas. Portanto, essa teoria afasta a economia da política. Já na visão marxista, segundo Karl Marx, a economia política não pode ser neutra e ser indiferente às lutas de classe entre burguesia e proletariado historicamente determinadas. Há sempre uma ótica política nas relações econômicas, tanto porque essa relação entre proprietários e trabalhadores é uma relação de autoridade, mas também porque a subordinação do proletariado se mostra na própria operação da indústria capitalista. Para Marx, a infraestrutura trata-se da base econômica da sociedade, ou seja, a economia, as formas de produção, as relações de produção e as relações de trabalho das suas forças de produção. Já a superestrutura, é a expressão cultural da infraestrutura, fruto de estratégias dos grupos dominantes para a consolidação e perpetuação de seu domínio econômico, político e social, demonstrando-se como o sistema econômico influencia na política. Dessa forma, é imprescindível o conhecimento dos aspectos econômicos em que se baseia a estrutura social, pois dificilmente se poderia chegar à compreensão dos fenômenos políticos e das instituições pelas quais uma sociedade se governa sem esse conhecimento. 10. Disserte acerca da relação da ciência política com o direito constitucional. A ciência política se relaciona com o Direito Constitucional na medida em que este tem relação intrínseca na forma em que as instituições que abordam a esfera de comportamentos e decisões políticas se organizam, ditando-as de seus direitos e deveres quanto à sociedade. Diante disso, pode-se conceber a ciência política como o conhecimento sistemático, racional, objetivo e metódico de uma realidade política, a ser interpretado pelo Direito Constitucional, para que esse possa checar se é possível e de que forma o Estado deve atuar diante da sociedade civil. Além disso, a ciência política deve manter uma relação estreita com o jurídico, que é amparado pelo Direito Constitucional, até para que a formulação de conceitos, novas medidas e atos corram de forma mais fácil e segura, sem extrapolar os limites impostos pela Constituição Federal. E para que reivindicações da sociedade de cunho político possam também transitar com maior facilidade. 11. Quais as principais características e legado para o direito das doutrinas políticas do liberalismo? O liberalismo surgiu durante o iluminismo no século XVIII, vindo de encontro ao desgastado absolutismo, que perdeu suas forças e deu espaço ao Estado liberal. Suas principais características foram: defesa da propriedade privada, liberdade econômica (livre mercado), mínima participação do Estado na economia, valorização das liberdades individuais, o Estado tem como uma das funções principais a defesa e a promoção da liberdade individual e igualdade perante a lei. Seu legado para o direito foi a afirmação de direitos políticos, a necessidade de um governo representativo, conceito de Estado de Direito, ideia de parlamento e de constitucionalismo (que o Estado deveria positivar os direitos do cidadão) e a afirmação dos direitos fundamentais como liberdades individuais e propriedade privada. Muitas contribuições vieram das políticas liberais, a exemplo dos ideais de liberdade e igualdade, o próprio constitucionalismo e estado de direito, a ideia de que quem está no comando deve obedecer a um estatuto, uma constituição, um conjunto de regras, o parlamentarismo e os direitos civis e políticos. 12. Quais as principais características e legado para o direito das doutrinas políticas do socialismo? Com a Revolução Industrial, a sociedade passou a ser dividida em duas classes: proletariado e burguesia. Nesse novo contexto de exploração do proletariado e ascensão do capitalismo industrial, surgem as teorias socialistas, e a de maior impacto foi a do socialismo científico, feita por Karl Marx e Friedrich Engels. Suas principais características eram: economia planificada e centralizada, com elevada influência e controle do Estado, almeja a socialização e a nacionalização dos meios de produção, presença de grande quantidade de empresas estatais, principalmente nos setores de infraestrutura, serviços públicos (educação, saúde, transportes e etc.) geridos pelo governo, eliminação da propriedade privada, da exploração do trabalho, da divisão de classes. Seu legado para o Direito é vasto, já que deu uma nova interpretação a ele, definindo-o como um garantidor que o capitalismo fosse seguramente injusto, uma forma de regulamentação social que impedisse a derrubada da dominação de classes ou conflitos que abalassem a produção, sendo assim um instrumento de manutenção da classe dominante e sua ideologia, mas também fez com que os direitos sociais ganhassem destaque, criando-se os direitos trabalhistas para lidar com a exploração feita nas indústrias. 13. Quais as principais características das doutrinas políticas do anarquismo? O anarquismo defende a ausência do governo ou qualquer outra autoridade, em que a sociedade saberia o que fazer sem tais dirigentes, liberdade e autonomia dos indivíduos, propriedade coletiva, autogestão como forma de governo, educação libertária e harmonia, solidariedade, autodisciplina e responsabilidade por parte dos indivíduos. 14. Quais as principais características das doutrinas políticas chamadas totalitárias? Possuíam como principais características: culto ao líder, censura na imprensa e de seus opositores, supressão dos partidos políticos, permitindo-se apenas o partido do governo, criação de inimigos internos e/ou externos para que a tomada de medidas autoritárias fossem justificadas como combate a esses grupos, ausência de democracia e uso do terrorismo de Estado. 15. Disserte acerca das diferenças entre o poder econômico, poder ideológico e poder político. O poder econômico se fundamenta na detenção de bens escassos de valor econômico. Já o poder político é o conjunto de meios que são apresentados para que não haja o uso imediato da força, mas, se necessário, a possibilidade do uso da força é concedida. E opoder ideológico é aquele que usa a ideologia para ser obedecido, exercendo-se essencialmente sobre o intelecto das pessoas que possuem a ideologia compatível com quem exerce esse poder, ou as que serão convencidas da ideologia. 16. Estabeleça a distinção entre as teorias substancialistas, subjetivistas e relacional do poder. A teoria substantiva diz que o poder seria ter os meios necessários, econômicos e materiais, para impor suas vontades no meio social. Já a teoria subjetiva defende que quem tem poder é quem tem a capacidade, sabe usar os meios, não apenas possuí-los, levando em conta a capacidade individual do sujeito. E a teoria relacional diz que o conceito de poder é um conceito relacional, para definir o poder tem que definir o poder de quem em relação a quem, só podendo definir o poder claramente quando se está em uma relação. 17. O que significa para Max Weber a dominação legítima? Para Max Weber, para que o poder seja instituído, é necessária a aceitação do povo ao qual se dirige, isto se quiser prescindir do uso da força, já que, se precisa do uso da força, há ausência ou declínio da legitimidade. Essa aceitação pelo povo é conquistada através dos três tipos de dominação que Weber descreve: legal, carismática ou tradicional, que quando legitimadas, ou seja, aceitas pela população, o governante terá uma população que obedeça às suas determinações. 18. Em que consiste a dominação legal na tipologia de Max Weber? Essa dominação se baseia na crença da adesão, do respeito a um estatuto, um conjunto de regras, caracterizando o Estado moderno e a empresa capitalista. Com isso, ocorre a burocracia, que consiste em um conjunto de funcionários escolhidos por mérito, organizados em uma hierarquia. O respeito a uma pessoa de cargo maior por essa dominação não é necessariamente pela pessoa, mas sim pelo cargo, como, por exemplo, o respeito a um presidente por parte de uma pessoa subordinada não é necessariamente porque a pessoa gosta dele, mas sim pelo fato dele ocupar um cargo superior. 19. Disserte acerca das características da dominação carismática em Max Weber. É a dominação que ocorre devido ao puro carisma do líder, à admiração pessoal ao dominador, ou seja, suas qualidades. Os tipos mais puros são com o dominador na posição de profeta, herói guerreiro ou demagogo. A origem desse poder é intrínseca às qualidades do líder, seus apoiadores não o obedecem por sua posição ou cargo, ou mesmo pela tradição, mas simplesmente por suas qualidades. Porém Weber considerava esse tipo de dominação instável, pois nada assegura ao líder que seus apoiadores continuarão com ele, continuarão o achando carismático. 20. Em que consiste a legitimidade e qual a sua relação com o conceito de ideologia? Ideologia consiste em um conjunto de ideias de um grupo, enquanto a legitimidade se refere ao grau de aceitação populacional do poder, sendo, dessa forma, o fundamento da obediência política. Assim, a ideologia age de maneira a aumentar a legitimidade, isto é, o grau de aceitação que uma sociedade tem por seu governo, pois quando o indivíduo a ser dominado possui uma ideologia semelhante ou igual ao que vai dominar, ele tem uma maior tendência a aceitar que a pessoa fique no poder. 21. Disserte sobre os conceitos de reforma e revolução. Acontece uma revolução quando ocorre uma completa alteração nas estruturas sociais, ou seja, alteração da ordem política e econômica, sendo, então, uma mudança radical na esfera sociocultural e no sistema do governo que possua impacto o suficiente para perdurar por anos ou décadas. Já a reforma luta pela modificação de aspectos acessórios do sistema, sem mudá-lo de fato, possuindo menos impacto a longo prazo se comparado com a revolução. Como exemplo de reforma, a Reforma Protestante ocorrida no século XVI tinha como objetivo mudar certos aspectos da Igreja, sem mudá-la por completo. Já como exemplo de revolução, há a Revolução Constitucionalista de 1932, que por mais que não tenha dado certo, tinha como objetivo não somente derrubar o Governo de Vargas, mas também de convocar uma Assembleia Nacional Constituinte para que pudessem promulgar uma nova Constituição. 22. O que significa legalidade e qual é sua relação com a legitimidade? A legitimidade é a base do poder em uma sociedade, já que define o grau de aceitação por parte da sociedade de algo que ela deva obedecer sem que seja necessário o uso da força pelo Estado, somente em casos isolados, logo, o que for legítimo para a população significa que ela obedecerá ao que o Estado determinar. Enquanto a legalidade, mais do que a decisão do Governo estar de acordo com a lei, é também uma forma de limitar o arbítrio estatal por um estatuto, além de garantir que suas determinações sejam aceitas. 23. O que significa arbitrariedade e discricionariedade? Arbitrariedade caracteriza um abuso de poder por parte do governante, já que esse descumpre as regras, contrariando a lei, para seguir ambições próprias. Já a discricionariedade ocorre já que a lei permite uma certa margem de liberdade de decisão diante do caso concreto, permitindo que o operador jurídico possa optar por uma dentre as soluções possíveis, contanto que dentro dos limites legais. 24. Disserte acerca da relação entre poder e direito. A primeira pessoa que trouxe a relação explícita entre poder e direito, abordando como deveria ser feito o controle do poder foi Montesquieu ao trazer sua ideia de tripartição do poder: um deles seria responsável pela lei, o Poder Legislativo, outro a executa e zela por sua observância, o Poder Executivo) e um terceiro julgaria e serviria como intermediária nos conflitos que ocorressem, o Poder Judiciário, ou seja, o Direito julga o conflito dos homens pelas leis e, também, julga as próprias leis quando elas se desviam de seu objetivo que é proteger os direitos fundamentais como a vida, a propriedade privada e a liberdade dos cidadãos. O pensamento de Montesquieu fez surgir o constitucionalismo moderno, cuja intenção é a de limitar o poder por meio de sua divisão em funções, bem como pelo respeito às declarações de direitos que surgiram. Já Marx contesta as ideias liberais afirmando que o verdadeiro poder está nas mãos daqueles que têm o domínio das relações econômicas, que utilizam do direito como um instrumento da manutenção da relação de exploração entre a classe dominante burguesa e a subordinada, o proletariado. Outro que fala da relação entre poder e Direito, é Pierre Bourdieu, em que ele fala que o Direito é o poder simbólico por excelência, visto que as normas jurídicas são símbolos com força para controlar a conduta dos seres humanos. No geral, o Direito controla o exercício da força, transformando-a de usurpação em força justificável, racional, ponderável e controlável. Dessa forma, o poder é acessório do Direito.